Hoje Macau 7 FEV 2012 #2544

20
TEMPO MUITO NUBLADO MIN 13 MAX 18 HUMIDADE 60-99% • CÂMBIOS EURO 10.4 BAHT 0.2 YUAN 1.2 AGÊNCIA COMERCIAL PICO 28721006 PUB MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ TERÇA-FEIRA 7 DE FEVEREIRO DE 2012 ANO XI Nº 2544 PUB Ter para ler BRAÇO-DE-FERRO Pereira Coutinho quer aumento da função pública nos 7% PÁGINA 3 MEDIDA ANTI-ESPECULAÇÃO Nota especial de 100 patacas só com pedido via internet PÁGINA 4 RAZIA GLOBAL DE EMPRESAS China compra no Canadá, em Espanha, nos EUA... PÁGINA 7 DELEGAÇÃO EM MACAU Observatório da Língua tem dinheiro mas está parado PÁGINA 15 Medidas de apoio a viciados nos casinos são ignoradas Governo fora de jogo O estudo mais recente fala de 14 mil viciados no jogo em Macau. O Sistema de Registo Central, porém, só conseguiu 64 inscritos desde Janeiro do ano passado. Dados recolhidos pelo Hoje Macau e a análise de Davis Fong, autoridade na matéria, traçam um cenário desanimador: viciados não procuram ajuda e as suas famílias também não. PÁGINA 5

description

Edição do Hoje Macau de 7 de Fevereiro de 2012 • Ano X • N.º 2544

Transcript of Hoje Macau 7 FEV 2012 #2544

Page 1: Hoje Macau 7 FEV 2012 #2544

TEMPO MUITO NUBLADO MIN 13 MAX 18 HUMIDADE 60-99% • CÂMBIOS EURO 10.4 BAHT 0.2 YUAN 1.2

AGÊNCIA COMERCIAL PICO • 28721006

PUB

MOP$10 DIRECTOR CARLOS MORAIS JOSÉ • TERÇA-FEIRA 7 DE FEVEREIRO DE 2012 • ANO XI • Nº 2544

PUB

Ter para ler

BRAÇO-DE-FERRO

Pereira Coutinhoquer aumento da função pública nos 7%

PÁGINA 3

MEDIDA ANTI-ESPECULAÇÃO

Nota especialde 100 patacas só com pedido via internet

PÁGINA 4

RAZIA GLOBAL DE EMPRESAS

China compra no Canadá,em Espanha,nos EUA...

PÁGINA 7

DELEGAÇÃO EM MACAU

Observatório da Língua tem dinheiro mas está parado

PÁGINA 15

Medidas de apoio a viciados nos casinos são ignoradas

Governo fora de jogoO estudo mais recente fala de 14 mil viciados no jogo em Macau. O Sistema de Registo Central, porém, só conseguiu 64 inscritos desde Janeiro do ano passado. Dados recolhidos pelo Hoje Macau e a análisede Davis Fong, autoridade na matéria, traçam um cenário desanimador: viciados não procuram ajudae as suas famílias também não. PÁGINA 5

Page 2: Hoje Macau 7 FEV 2012 #2544

2 publicidade terça-feira 7.2.2012www.hojemacau.com.mo

Page 3: Hoje Macau 7 FEV 2012 #2544

3políticaterça-feira 7.2.2012 www.hojemacau.com.mo

Sem pressa pelo salário mínimo O Presidente da Associação de Administração de Propriedades de Macau, Lao Ngai Leong, declarou que os vários sectores da sociedade, e em particular a indústria de administração de propriedades, estão muito preocupados com a questão do salário mínimo, mas sublinhou que não se deve apressar o tema enquanto as várias partes não chegarem a acordo. Lao Ngai Leong sugeriu que a legislação sobre o assunto só deverá ser elaborada depois de recolhidas mais opiniões de ambos os lados e de serem fornecidos mais detalhes sobre as tendências do desenvolvimento económico e o actual momento da sociedade, entre outros aspectos. – V.L.

Virginia [email protected]

TRÊS deputados reu-niram-se ontem, num

almoço com a imprensa, para abordar a política do Governo e o trabalho da Assembleia Legislativa.

Lee Chong Cheng decla-rou que o Governo deveria reforçar a sua política ha-bitacional, implementando

Joana [email protected]

É um slogan comum e José Pereira Coutinho tencio-na voltar a utilizá-lo, caso a proposta de hoje sobre

os aumentos da função pública se mantenha nos 5%. “A luta continua, vamos continuar a lutar.”

José Chu, director dos Serviços da Função Pública (SAFP), volta a encontrar-se com os membros da Comissão de Deliberação das Remunerações dos Trabalhadores da Função Pública, para continuar a analisar as possibilidades do aumento aos salários dos trabalha-dores da Administração.

A proposta de 5% feita pelos SAFP na última reunião foi ime-diatamente recusada por alguns representantes das associações da função pública, integrados na comissão. Pereira Coutinho, presidente da Associação dos Trabalhadores da Função Pública (ATFPM), foi um deles.

A associação dirigida pelo também deputado apresentou an-teriormente uma proposta de 7% para o aumento dos ordenados

função pública. O responsável baseia-se na inflação que se faz sentir anualmente no território e na desvalorização da pataca – in-dexada ao dólar americano -, para avançar com este pedido.

Ontem, e depois de Albano Martins ter alertado para que um aumento de 5% viria apenas a recuperar o poder de compra de 2000, Pereira Coutinho assegurou ao Hoje Macau que não vai aceitar tal proposta.

OS “DEUSES” E O ECONOMISTAOs SAFP, diz Coutinho, ficaram de apresentar a proposta “aos deuses”, ou seja ao Chefe do Executivo, para que esta seja analisada.

Na semana passada, Albano Martins fez no jornal Tribuna de Macau uma análise às possibilida-des do aumento. O economista do território, em retrospectiva, falou de todos os aumentos ocorridos na função pública desde 2000 e as respectivas taxas de inflação anu-ais. “Calculei, depois, as diferenças entre essas duas variáveis em cada ano e fiz uma simples soma.”

Albano Martins conclui que os trabalhadores da função pública

terão perdido 4,6% do seu poder de compra em finais de 2011, quando comparado com os valo-res salariais de 2000. “Tivemos quatro anos de deflação. No final do ano 2011, cem patacas que os trabalhadores da função pública recebiam do início de 2000 valiam apenas 95,20 patacas.” Ou seja, um aumento de 4,77% este ano apenas conseguiria repor o poder de compra dos trabalhadores para o início da década passada, em finais de 1999.

“Albano Martins só vem dar mais força ao nosso pedido”, afirma Coutinho. O presidente da ATFPM diz ainda que, além da inflação e desvalorização da pataca, há ainda outra questão. “Em 2002, não foi contabilizado o imposto profissional.”

A proposta inicial do Governo era de 4,9%, passando para 5% depois de alguma discussão. Mas os representantes das associações da função pública pedem mais. A ATFPM exigia 7%, a Associação dos Trabalhadores da Função Pública de 5,81% e a Associação dos Técnicos da Administração Pública de 6,9%.

Aumentos da Função Pública Pereira Coutinho não cede se proposta se mantiver nos 5%

“A luta continua”

Deputados lançaram críticas e sugestões

Governo em análiseum plano específico que contemplasse a Lei de Ter-ras, a Lei do Planeamento Urbanístico e a lei que regulamenta a pré-venda de habitações. O deputado apelou ainda para ampliação

do imposto de selo especial, em áreas como parques de estacionamento e lojas.

Lam Heong Sang afir-mou que ainda existem grandes dificuldades de execução e cumprimento

no governo. “Se o Execu-tivo não promover o cum-primento das medidas e a responsabilidade perante as mesmas, pode enfrentar alguma desorientação e ver--se perante a falta de eficácia da sua política.”

A deputada Kwan Tsui Hang preferiu sublinhar, mais uma vez, que a de-mora do Governo em apre-sentar novas propostas de lei, depois de terem sido submetidas à Assembleia Legislativa, leva a que haja projectos de lei à espera de deliberação há mais de um ano, o que afecta a quali-dade do trabalho daquela Assembleia.

Quanto à atribuição de terrenos, Kwan Tsui Hang criticou a falta de transpa-rência do Governo e apelou a uma maior consideração pela população local e pelos inúmeros estrangeiros com visto de residência.

ANTÓ

NIO

FALC

ÃO

Lee Chong Cheng Lam Heong Sang Kwan Tsui Hang

Page 4: Hoje Macau 7 FEV 2012 #2544

O Banco da China anunciou ontem uma emissão es-

pecial de 3 milhões de notas de MOP 100 para comemorar o seu centésimo aniversário. Ye Yixin, director-geral da sucursal em Macau do Banco da China, sublinhou que a emissão está reservada aos

Residentes interessadostêm de se inscrever

Notas comemorativas

A SABER

4 sociedade terça-feira 7.2.2012www.hojemacau.com.mo

PUB

Virginia [email protected]

A directora da Capitania dos Portos, Wong Soi Man, declarou que as medidas de cobrança de

água implementadas há cerca de um ano corresponderam às expectativas criadas - mesmo com as alterações, cerca de 60% dos cidadãos manti-veram os seus hábitos de consumo de água. Acrescentou depois que o Governo irá continuar a avaliar nos próximos seis meses o sucesso das medidas tomadas.

Wong Soi Man disse que, em-bora esteja previsto para 2014 o aumento do fornecimento de água a Macau, os custos decorrentes

desse aumento nunca serão cobra-dos antes de o projecto estar em funcionamento, ou seja, em 2014. Até lá os custos devem-se manter nos cerca de 3,5 patacas por metro cúbico, conforme o estipulado no acordo de fornecimento de água Guangdong-Macau.

Uma vez que o Governo imple-mentou uma política de “análise na continuidade”, a observação dos resultados nos próximos tempos será decisiva para os ajustamentos a fazer no futuro.

Quanto à qualidade da água, afirmou que existe um mecanismo de comunicação entre Macau, Guangdong e Zhuhai, a funcio-nar 24 horas por dia. No caso de surgir qualquer problema, as in-

formações seriam imediatamente transmitidas.

MEDIDAS EFECTIVASEntretanto, a corrente salgada

do estuário do rio das Pérolas está, segundo o jornal Ou Mun, a ameaçar a segurança da água em Macau, Zhuhai e o Delta do rio, afectando mais de 15 milhões de pessoas. Ieong Tou Hong, membro da delegação de Macau da Confe-rência Consultiva Política do Povo Chinês (província de Guangdong), sublinhou a necessidade da aplica-ção de medidas efectivas a longo prazo, para que a segurança no fornecimento de água acompanhe o desenvolvimento verificado nestas regiões.

Aeroportoregista recordeO volume de tráfego de passageiros do Aeroporto Internacional de Macau conquistou um recorde mensal em Janeiro, ao atingir os 350 mil, mais 18% do que no período homólogo de 2011. O movimento de aeronaves também alcançou um novo patamar ao chegar a 3.400, valor que representa uma subida anual de 5,5%. O número de passageiros do interior da China e do sudeste asiático continuou a registar um crescimento, segundo um comunicado que recorda ainda que durante o Ano Novo Chinês a frequência dos voos para alguns destinos foi aumentada. Só na primeira semana do novo Ano Lunar - que teve início no dia 23 -, o volume de tráfego de passageiros expandiu-se 14% relativamente a igual período de 2011, enquanto que o movimento de aeronaves no Aeroporto Internacional sofreu um aumento recorde na ordem dos 9%. - Lusa

PERÍODO DE INSCRIÇÃO

Fevereiro 10 – 29

Junho 1 – 10

PERÍODO EM QUE OS RESIDENTES PODEM OBTER AS NOTAS NO BANCO DA CHINA

Março 1 – Agosto 31

possuidores de identidade de residente, que poderão reser-var online o máximo de duas notas, para evitar repetições.

Ye Yixin declarou que, de-pois dos acontecimentos com a “nota dragão”, esta será a única maneira de obter as novas notas. Os períodos de inscrição dos residentes serão entre 10 e 29 de Fevereiro e 1 e 10 de Junho, sendo que a venda das notas decorrerá entre 1 de Março e 31 de Agosto.

O executivo do Banco da China espera um total de 1,1 milhões inscrições, sendo que as receitas reverterão para orga-nizações de caridade. As notas que sobrarem terão o mesmo destino.

Uma dona de casa de nome Cheong, que desconhecia a emissão destas notas, queixou--se do método escolhido para a sua aquisição, declarando que não sabe usar o computador e apelou ao Banco da China para disponibilizar outras formas de ter acesso às notas. - V.L.

Capitania dos Portos satisfeita com medidas de cobrança

Água corre a gosto

Page 5: Hoje Macau 7 FEV 2012 #2544

5sociedadeterça-feira 7.2.2012 www.hojemacau.com.mo

Joana [email protected]

MACAU ultrapassou Las Vegas em 2005, quando dominou as receitas globais dos

casinos. Mas com o lado próspero de o território ser a nova capital mundial do jogo veio também o lado negativo: aqueles que se rendem ao jogo. Não há números actualizados e 100% fiáveis sobre o número de viciados no jogo na RAEM, mas um estudo de 2010 apontava para cerca de 14 mil pessoas. Uma certeza existe: entre viciados e suas famílias, há muito poucos pedidos de ajuda.

Em Janeiro de 2011, o Governo criou o Sistema de Registo Central das Pessoas envolvidas em Jogo Problemático, que registou apenas 64 inscritos até agora. A intenção do mecanismo é perceber a situa-ção real do jogo em Macau, mas o número total de cidadãos com o problema ainda não faz parte dos registos e tudo indica que seja muito superior.

Estudos recentes apontam para a existência de mais de 14 mil viciados no jogo, mas o Registo Central do Governo só tem 64 inscritos. Chamadas para linha de aconselhamento também não reflectem realidade.

Jogo Nem as famílias, nem os próprios

Viciados não pedem auxílioCom a criação do Sistema de

Registo Central, o Instituto de Ac-ção Social (IAS) pretendeu juntar na mesma plataforma instituições e utentes relacionados com o vício do jogo. Até ao primeiro semestre do ano passado, um total de 15 organismos de apoio juntaram-se ao sistema. Estes, segundo Davis Fong, professor da Universidade de Macau e director do Instituto para o Estudo do Jogo, são os res-ponsáveis não só por providenciar tratamento aos jogadores patoló-gicos, como também registá-los no sistema. O problema começa exactamente aqui.

AJUDA REALSegundo dados avançados pelo IAS ao Hoje Macau, a Linha Aberta da Casa da Vontade Firme – linha telefónica de apoio ao problema do jogo -, atendeu 376 pedidos de ajuda via telefone em 2010 e mais 230 no período de Janeiro a Novembro do ano passado.

O IAS assegura que 80% das chamadas telefónicas foram fei-tas pelos próprios viciados, que procuravam auxílio por razões diversas. Davis Fong duvida des-tes dados - não acredita serem os próprios a fazer as chamadas. Além disso, mesmo que assim fosse, os números são incompatíveis com que existem registados. “Se cal-cularmos, dos 606 jogadores que pediram ajuda, 80% significa quase 500. Mas no sistema de registo dos

envolvidos com problemas de jogo aparecem apenas 64.”

O docente admite poder ser um aspecto positivo existir mais cons-ciência da parte dos jogadores – o IAS diz que só 20% dos pedidos de ajuda telefónica são feitos por familiares -, mas ainda assim aler-ta que este tipo de apoio é apenas temporário. “Se pedem ajuda ao telefone e querem realmente ajuda, o mais lógico seria procurarem tratamento e aconselhamento das organizações. Essas saberiam que são jogadores patológicos e iriam querer manter contacto e incluí-los no sistema de registo.”

Davis Fong duvida até que sejam realmente jogadores patoló-gicos – com problemas mais graves relativos ao jogo – e identifica-os como pessoas que precisam de uma ajuda esporádica relacionada com crises do momento.

Os jogadores que contactam a linha do IAS fazem-no por razões diversas. “A maioria dos utentes eram indivíduos não só perturbados pelo problema do jogo, mas também pelas dívidas e complicações daí derivadas”, diz o organismo ao Hoje Macau. “Uma boa parte tinha ainda problemas com a família e no emprego.”

NÚMEROS DE DÚVIDASem uma situação real do número de jogadores patológicos em Macau, tudo o que resta são estudos. Davis Fong liderou uma dessas investiga-

ções, em 2010. Os dados apontavam para a existência de mais de 14 mil pessoas com problemas de jogo. “Do que pudemos concluir, 2,8% da população com idades entre os 15 e os 74 anos eram viciados no jogo.”

O problema é “mais sério”, mas ainda permanece pouco claro, ten-do em conta que o estudo de Davis Fong apontou para mais de 14 mil jogadores viciados e foi feito em 2010 – o que pode significar um acréscimo nos casos -, e em 2012 a amostra do IAS avança com 606 pedidos de ajuda. “Os números dos que pedem ajuda são muito baixos”, salienta Fong.

LÍNGUA CONDICIONANTEDos pedidos de apoio, nem todos são de naturais do território. Ape-sar de ser uma linha telefónica local – onde não é possível ainda ser atendido em português ou in-glês -, a Linha Aberta da Casa da Vontade Firme não recebe apenas chamadas de residentes. O segundo grupo que procura mais ajuda é o de residentes do interior da China, seguido dos de Hong Kong. O IAS não tem os números ao certo, mas estrangeiros, avança o organismo, “são um número muito reduzido”.

O problema da língua será o factor condicionante a este tipo de pedidos de ajuda. O Hoje Macau tentou contactar a linha telefónica, mas não é sequer possível passar das opções. Em cantonês, um aten-dimento automático pede para que

se marque a tecla um para cantonês e dois para mandarim.

Como ajudar os portugueses que vivem no território e que possam ter problemas de jogo ou mesmo outros estrangeiros foi uma questão colocada pelo Hoje Macau ao IAS. “Vão ser introduzidas no sistema instruções para facilitar a comunicação das pessoas ne-cessitadas e melhorar o serviço”, comprometeu-se o organismo.

SALVAR A FACEAtravés da Linha Aberta da Casa da Vontade Firme, o IAS fornece orientações no tratamento e pre-venção do vício do jogo, para os viciados e familiares. Além das eventuais palestras e actividades de prevenção – normalmente realiza-das nos bairros comunitários e nas escolas – o IAS providencia ainda uma equipa de profissionais na área do aconselhamento psicológico e das técnicas de gestão financeira.

Também Davis Fong quer promover este ano mais ajuda não só aos jogadores mas às próprias famílias. “A nossa equipa [do Instituto para o jogo responsável] está a arranjar forma de motivar os familiares de jogadores problemáti-cos a procurar ajuda e a encorajá-los a fazê-lo.” O docente explica que a comunidade chinesa valoriza muito o “salvar a face” e não avança para os pedidos de ajuda. Contar com o apoio da família pode ser, por isso, um aspecto favorável, diz Fong.

Page 6: Hoje Macau 7 FEV 2012 #2544

6 nacional terça-feira 7.2.2012www.hojemacau.com.mo

OS representantes do Médio Oriente critica-ram com veemência a Rússia e a China por

vetarem o projecto de resolução do Conselho de Segurança da ONU, que condenaria a repressão do regime sírio, durante o último dia da Conferência de Segurança

Médio Oriente critica veto da China e Rússia. Outros adoraram

Chavez e Morales satisfeitos

Jiabao querEuropa estávelUma Europa estável é do interesse da China, considerou o chefe do governo chinês, Wen Jiabao, em Guangzhou, última cidade visitada pela chanceler alemã, Angela Merkel, que terminou no sábado a visita de três dias à China. “Em primeiro lugar, o principal mercado para as nossas exportações é a Europa”, sublinhou, afirmando depois que é também a primeira fonte de tecnologia da China. “Ajudar a estabilizar o mercado europeu é, na realidade, ajudarmo-nos a nós próprios”, concluiu. “Temos a obrigação de estabilizar as políticas de importação e de exportação.”

de Munique dedicada este ano à Primavera Árabe. Representantes de Iémen, Catar, Turquia, Tuní-sia e Egipto, pela voz dos seus primeiros-ministros ou ministros dos negócios estrangeiros, con-denaram Moscovo e Pequim por usarem o direito de veto na votação do projecto. Os líderes reunidos em

Munique atribuíram parte da culpa pelos massacres do regime sírio aos governos de Rússia e China.

A jornalista iemenita Tawakel Karman, Prémio Nobel da Paz de 2011, abriu a sessão de domingo ovacionada pelo público, ao acusar russos e chineses pela “res-ponsabilidade moral e humana”

dos “massacres diários” na Síria e de terem “apoiado vergonhosa-mente” o “regime criminoso” de Bashar al-Assad.

O ministro dos Negócios Es-trangeiros da Turquia, Ahmet Da-vutoglu, argumentou que a Rússia e a China não votaram com base nas realidades actuais, mas segundo a lógica da Guerra Fria. Ahmet Da-vutoglu destacou que as mudanças políticas que envolvem o Médio Oriente desde o ano passado se devem em grande parte, ao facto de ainda prevalecerem “regimes arcaicos” na região. “Agora é tempo de mudanças. As estruturas da Guerra Fria serão eliminadas ou transformadas. Não queremos duas frentes na nossa região.”

Já o primeiro-ministro da Tuní-sia, Hammadi Jebali, afirmou que a Rússia e a China fizeram uma má utilização do seu poder de veto no Conselho de Segurança da ONU. Na sua opinião, o órgão deveria passar por reformas para poder exercer as suas funções.

Khalid bin Mohammed Al--Attiyah, ministro dos Negócios Estrangeiros do Catar, juntou-se às vozes críticas à atitude de Moscovo e Pequim, que, após sinalizarem que aceitariam a proposta da Liga Árabe, vetaram o projecto de resolução no Conselho. Segundo este ministro, o texto votado tinha sido modificado para “satisfazer os seus egos” - que não queriam apoiar uma intervenção militar, nem uma queda violenta do regime -, mas não quiseram apoiá-lo. “Foi um dia triste”, declarou Attiyah, após considerar fundamental que a solução para o conflito sírio venha de uma proposta do mundo árabe.

Sobre o programa nuclear ira-niano, todos os participantes ressal-varam que a intervenção militar é a pior opção e defenderam o reforço dos esforços de negociações. At-tiyah afirmou que um ataque do exterior não é solução e que um embargo só pioraria a situação. Por isso, pediu um “diálogo sério” que ponha fim à escalada das tensões.

GRUPO DE FÃSJá o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, gostou da decisão da Rússia e da China de vetarem no Conselho de Segurança da ONU o novo projecto de resolução con-denando a violência na Síria. Disse que ele e o seu homólogo boliviano, Evo Morales, “vêm como muito positivo” o veto destes países. O presidente venezuelano afirmou que Morales propôs que a Alba (Aliança Boliviana para os Povos da Nossa América), que se encontra reunida em Caracas para a sua 11ª cimeira, se solidarize com o veto.

Chavez recordou que uma últi-ma resolução deste tipo, aprovada contra o regime do então ditador líbio Muammar Gaddafi, levou ao bombardeamento do país por parte da Nato, no início de 2011. “Bombardearam, destruíram um país, assassinaram o seu presidente, como se nada se tivesse passado. É a esquizofrenia do imperialismo, não só no plano económico, mas também no plano ético e político. Agora investem contra a Síria, ame-açam o Irão, e ameaçam a Alba.”

Chávez recordou ainda que, após o ataque da coligação inter-nacional à Líbia, as reservas eco-nómicas do país “desapareceram” sem deixar rasto.

CHINA REJEITA ACUSAÇÕESEntretanto, a China rejeitou ontem as acusações dos Estados Unidos contra o veto chinês e russo no Con-selho de Segurança da ONU. “A China não aceita as acusações e não tem interesses egoístas na questão da Síria”, disse um porta-voz do ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Liu Weimin. “Não damos abrigo a ninguém. Defen-demos a justiça na questão síria.”

Segundo o Global Times, entre os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, a China foi o que menos usou o usou o direito de veto, “apenas oito vezes”. “No passado, apesar da forte oposição contra certas reso-luções do Conselho de Segurança, a China, muitas vezes, absteve-se, permitindo acontecer aquilo que condenava. Essa Era acabou.”

Page 7: Hoje Macau 7 FEV 2012 #2544

7nacionalterça-feira 7.2.2012 www.hojemacau.com.mo

UMA delegação da China National Petroleum Corp. fechou acordo para comprar uma gran-

de fatia de uma jazida de gás de xisto no Canadá, da Royal Dutch Shell PLC, o que amplia a presença de Pequim nos recursos energéticos da América do Norte, numa altura em que outras duas empresas chi-nesas também fecharam aquisições no sector da energia, nos Estados Unidos e na Europa.

Depois de entrar discretamente na América do Norte nos últimos anos, as petrolíferas chinesas am-pliaram as aquisições no sector num momento em que fontes exó-ticas, como as areias betuminosas e o gás de xisto, transformam o mer-cado norte-americano de energia.

A PetroChina Co., filial sediada em Hong Kong da CNPC, infor-mou recentemente que adquiriu 20% do projecto de gás natural Groundbirch, controlado pela Shell, na Província de British Columbia, no nordeste do Cana-dá. Num comunicado, a empresa estatal informou que espera ga-nhar com a Shell experiência na extracção de gás de xisto. A Shell informou que a aquisição é parte de um acordo de cooperação a longo

China pode ser o maior mercado da UEA China poderá tornar-se o primeiro mercado da União Europeia já em 2012, ilustrando a “crescente interdependência” entre duas das maiores potências comerciais do mundo, disse ontem o embaixador da UE em Pequim, Markus Ederer. “As exportações europeias para a China estão a crescer mais do que as importações e, segundo alguns indicadores, este ano a China poderá tornar-se o maior mercado para os produtos europeus”, afirmou o diplomata numa conferência de imprensa com Friis Arne Petersen, o homólogo da Dinamarca, país que detém a presidência rotativa da UE durante o primeiro semestre do ano. A União Europeia já é o primeiro parceiro comercial da China, mas até ao ano passado, aquele país era o segundo mercado dos 27, atrás dos Estados Unidos.

População mais carente recebe milhõesO governo chinês distribuiu cerca de MOP 24 mil milhões em subsídios à população carente durante o período do Ano Novo e do Ano Novo Chinês. Pelo menos 87 milhões de habitantes urbanos e rurais foram beneficiados. Esta é a terceira vez, desde 2009, que a China oferece assistência financeira a cidadãos pobres neste período festivo. O valor do subsídio dado este ano foi o dobro das verbas canalizadas anteriormente em 2009 e 2011. Os habitantes carentes das zona rurais receberam cerca de 250 patacas por pessoa enquanto que os das zonas urbanas receberam cerca de MOP 380.

Economista prevê 10% de crescimento para 2012 Apesar das muitas incertezas sobre a recuperação económica dos países ocidentais e as perspectivas pessimistas para as exportações chinesas, o economista chinês Fan Gang prevê para a economia da China um crescimento de 10% em 2012. Segundo este académico, o período máximo de estagnação da economia ocidental será de cinco a oito anos, e não haverá recessão nesses países. Por outro lado, como o PIB das nações ricas já é inferior a 50% do PIB mundial, as exportações chinesas não serão significativamente influenciadas. A expansão das economias emergentes pode, inclusive, impulsioná-las, afirmou.

Do Canadá à Europa

China vai às comprasprazo com a CNPC. Nenhuma das empresas divulgou os termos do negócio.

SEMPRE ACTIVOSEntretanto, o fundo soberano Chi-na Investment Corp. adquiriu uma participação na administradora de activos energéticos EIG Glo-bal Energy Partners, sediada em Washington. O CIC confirmou o acordo, mas não foram divulgados valores. No entanto, o director da EIG, R. Blair Thomas, disse numa entrevista ao The Wall Street Jour-nal que a fatia adquirida pela CIC é de menos de 10%.

A EIG surgiu nos últimos anos como um importante e astuto investidor no boom americano do gás natural. O CIC estava inte-ressado no know how da EIG para avaliar investimentos no sector petrolífero, disse Thomas. A fatia do CIC não tem direito de voto, acrescentou a EIG, informando também que o CIC já investe nal-guns fundos por ela administrados.

Também em Espanha, uma filial da China Nacional Offshore Oil Corp., outra empresa estatal, fechou acordo com a empresa de capital fechado de equipamentos de energia solar Isofoton SA,

para criar uma joint-venture que desenvolverá projectos de energia solar na China, disse uma porta--voz da Isofoton. O capital inicial do investimento é avaliado em cerca de MOP 2.300 milhões e tem como objectivo para este ano a instalação de 150 megawatts, financiados pela empresa chinesa.

OU VAI OU RACHAAs empresas norte-americanas aperfeiçoaram nos últimos anos uma técnica para rachar forma-ções sólidas de xisto através da injecção de água e químicos que libertam o gás e petróleo contidos nas jazidas. A tecnologia impul-sionou fortemente a oferta de gás e está agora a ser usada no mundo inteiro para explorar jazidas há muito consideradas impossíveis de alcançar.

Estimativas recentes do gover-no indicam que a China pode ter mais gás de xisto do que os EUA. Para os concorrentes chineses do sector energético, a onda recen-te de aquisições e acordos tem mais que ver com obter acesso à tecnologia do que à própria “com-moditie”, disse Mark Gilman, investigador da Benchmark Co. em Nova York.

“Os chineses estão a tentar aprender os fundamentos do negócio, com vista a ficarem no futuro numa posição melhor para avaliar e desenvolver recursos naturais semelhantes na China”, disse Gilman. É como se as em-presas chinesas tivessem adquiri-do bilhetes para a primeira fila do espectáculo do boom energético americano, pagando milhões de dólares por fatias em projectos de petróleo e gás natural por toda a América do Norte.

Ao mesmo tempo, a oferta crescente de gás na América do Norte derrubou a cotação da “commoditie”, o que tornou os activos relativamente baratos para compradores como a Pe-troChina.

CANADÁ DÁA China também investiu forte-mente na exploração de areias betuminosas no Canadá. As em-presas extraem o betume da areia de quartzo, num processo caro e que consome um alto volume de electricidade, mais parecido com o das minas a céu aberto. Até muito recentemente, a China tinha limitado seu interesse no sector energético canadiano a fatias de projectos ou parcerias.

Mas no ano passado, as em-presas chinesas começaram a comprar empresas inteiras, em-bora de pequeno porte. O Canadá, ansioso para atrair investimentos, tem dado, por enquanto, as boas--vindas ao interesse asiático.

Page 8: Hoje Macau 7 FEV 2012 #2544

8 nacional terça-feira 7.2.2012www.hojemacau.com.mo

UM empresário está a causar polémica na China com a publicação de um livro onde defen-

de a agressão física na educação infantil. Xiao Baiyou, que já foi apelidado de pai lobo, publicou um manual de educação para pais, intitulado inicialmente de “Bata nos seus filhos até à Universidade de Pequim”. Talvez por causa da polémica, o livro saiu depois com o título “Então, irmãos e irmãs na Universidade de Pequim”.

“Resolvi escrever o livro depois de muitos dos meus amigos me dizerem que a maneira como educo os meus filhos é inspiradora”, conta Xiao. Três dos seus filhos estudam na Universidade de Pequim - uma das instituições de maior prestígio na China -, o que, segundo Xiao, é a maior prova do sucesso do seu método.

Xiao Baiyou, de 48 anos, é um homem de negócios bem sucedido, que trabalha há mais de 15 anos no mercado imobiliário de Guan-gzhou, no sul da China. Já esteve no Brasil duas vezes, adora futebol e mantém como plano de vida ter 12 netos com pós-graduações. Foi educado para isso e faz do seu mé-todo a bíblia dos melhores pais da China. “Sou o imperador da minha

Livro defende aplicação de castigos físicos às crianças

O método do pai lobocasa. Os meus filhos fazem o que eu digo e não tenho reclamações.”

REGRAS DA CASAAs regras em casa de Xiao (cerca de 100) vão desde como segurar um copo a como se devem tapar com o cobertor, até ao limite de uma única hora semanal de tele-visão. As regras também excluem actividades extra-curriculares e encontros com amigos.

“Se os meus filhos não obedecem, apanham”, diz o pai lobo, que come-çou a bater nos filhos aos três anos e só parou quando tinham 12. Entre estas idades, acredita, as crianças “são como animais, que precisam ser educados, pois o seu entendimento social não está ainda completo”.

LINHA DURACom o seu livro, Xiao engrossa um coro cujo tom foi estabelecido em Janeiro de 2011 pela chamada Mãe Tigre, Amy Chua, com o seu livro “Grito de guerra da mãe tigre”.

A professora de Direito na Uni-versidade de Yale colocou a China e os Estados Unidos numa nova batalha pelo domínio mundial: a da educação. A sua tese é que a China conta com mais filhos-prodígio por manter uma educação menos indulgente.

Descendente de chineses, Amy mora nos Estados Unidos há mais de duas décadas. Para ela, a vantagem da educação de estilo chinês sobre a de estilo americana passa pela luta pelo esforço pessoal e pelo trabalho árduo na conclusão das tarefas.

“Os filhos dos chineses não podem desistir”, diz a descendente de chineses a viver nos EUA. A sua teoria teve tanto impacto que foi considerada pela revista norte--americana Time como a 13ª pessoa mais influente do mundo.

Ainda que a polémica criada em torno das histórias de Amy tenha sido “mais negativa do que positiva em 2011”, conforme diz a escritora, o sucesso do seu

sistema educacional é, para ela, comprovado pela entrada da filha nas grandes universidades.

No final do ano passado, a pri-mogénita de Amy, Sophia, de 17 anos, foi aceite pelas universidades de Harvard e Yale. De igual modo, o pai lobo crê que são os sucessos dos filhos que comprovam as suas teorias. O filho mais velho, Xiao Yao, de 23 anos, foi o que mais tareia levou.

As irmãs mais novas, hoje com

21, 20 e 16 anos, eram obrigadas a ficar ao lado do irmão enquanto este era castigado. “O mais velho tem de ser o exemplo para os mais novos”, explica Xiao. “E os meus filhos acreditam cada vez mais na educação que receberam.”

Xiao atesta que o seu método é o regresso à educação tradicional chinesa, por oposição à educação ocidental que considera permissiva demais, e só poderia funcionar no Ocidente. “As leis são diferentes e as necessidades sociais também. Um país superpopuloso como a China precisa dos seus truques para formar profissionais competentes.”

OCIDENTE X ORIENTENa China, as opiniões dividem--se entre o pai lobo e a mãe tigre quanto aos sistemas de educação do Oriente e do Ocidente em si.

No Weibo, o microblog chinês equivalente ao Twitter, o pai lobo e Amy disputam os fãs. As críticas à educação com disciplina férrea, porém, são muitas. No site Douban, uma espécie de MySpace, a comu-nidade anti-pais, criada em 2008, tem mais de 50 mil seguidores.

Os casos de suicídio entre es-tudantes reportados pela imprensa local elevaram as críticas contra a repressão na educação instituída na China, em que a agressão física não é proibida, dentro e fora das casas.

Só em Dezembro de 2011 o governo municipal de Pequim anunciou a criação de uma lei que proíbe o uso de repressão física pelos professores nas salas de aula.

Embora tanto a mãe tigre como o pai lobo defendam o rigor na educação, ambos diferem bastante entre si. No seu livro, Amy conta como forçou a sua filha de sete anos, Lulu, a praticar uma música no violino até a executar na perfei-ção - sem pausas para jantar, beber água ou idas à casa de banho.

A mãe tigre jamais aceitou que as suas filhas tirassem notas abaixo de 20 (a não ser em educação física e artes), namorassem, dormissem em casa de amigas ou vissem televisão.

“A educação ocidental é muito liberal, mas tende a formar crianças mais criativas, mais interessantes. Procuro esse equilíbrio ao propor um método de educação que une a restrição e o esforço chineses à criatividade”, diz Amy.

Sobre a educação do pai lobo, diz que a considera muito restritiva. “Sou contra a punição por agressão física em qualquer lugar. O pai lobo é muito restritivo, controla todos os aspectos da vida dos seus filhos. Isso jamais aconteceria nos EUA.”

Já o pai lobo considera que os conceitos da educação da mãe tigre, embora claramente oriundos da educação chinesa, foram ameniza-dos pelo sistema legal americano, que controla, através de leis, o tratamento das crianças nas suas casas. “Ela tem bons argumentos, mas só funcionam em comparação à sociedade ocidental.”

Page 9: Hoje Macau 7 FEV 2012 #2544

9regiãoterça-feira 7.2.2012 www.hojemacau.com.mo

TRÊS albergues de Hong Kong podem ser acusados de re-ceber ilegalmente

mulheres grávidas do inte-rior da China, que pretendem dar à luz na antiga colónia britânica, disse o secretário para os Assuntos Internos da Região.

Esta posição insere-se no conjunto coordenado de es-forços, por parte de diversos departamentos do Governo para travar o crescente fluxo de mulheres que atravessam a fronteira para terem os seus filhos na antiga colónia britânica.

“Os serviços de materni-dade” prestados por este tipo de albergues em Hong Kong são especificamente pensa-dos para as mulheres grá-vidas do interior da China, oferecendo-lhes alojamento até à hora de darem à luz e conduzindo-as depois para as urgências dos hospitais situados nas imediações.

Mais de 1600 mulheres do interior da China realiza-ram partos nas emergências

Coreias em encontro de cortesiaUm grupo de deputados sul-coreanos vai deslocar-se esta semana à Coreia do Norte para realizar uma visita ao complexo industrial de Kaesong, que conta com investimento sul-coreano, informou ontem o governo de Seul. A Coreia do Norte autorizou a deslocação de oito deputados sul-coreanos ao seu território, disse Kim Hyung-Suk, porta-voz do Ministério da Unificação de Seul, que tem de autorizar todos os contactos com Pyongyang.

Timor-Leste procura investidoresO ministro da Economia de Timor-Leste, João Gonçalves, disse ontem, na abertura do Fórum sobre o Crescimento Inclusivo, que o país está à procura de investidores estrangeiros com projectos que envolvam as micro e pequenas empresas timorenses. “Será dada uma particular atenção aos projectos que tenham efeitos de estruturação e ‘spill-over’ nas micros e pequenas empresas.” A título de exemplo, João Gonçalves explicou que as autoridades timorenses pretendem um projecto na área alimentar que se “constitua como um dinamizador da procura de produtos nacionais e exija quantidade, qualidade e, sobretudo, gestão, estruturação e capacitação dos agentes económicos timorenses.”

DEPUTADOS de Hong Kong exigem que a polícia inves-

tigue a “imperdoável fraude” de uma empresa, com base em Hong Kong, que vende trabalhos académicos para estudantes universitários em todo o mundo através da internet.

O apelo surge na sequência de um artigo publicado pelo jornal “South China Morning Post”, o qual pôs a descoberto o “Ivythesis”, portal que há dez anos disponibiliza “papers” académicos para estudantes de

todo o mundo, cobrando cerca de MOP 130 por página.

Melodia Lustria, uma mulher de nacionalidade filipina que reside em Hong Kong, estará envolvida na empresa, que se promove na Internet e publica exemplos de trabalhos em redes sociais como o Facebook ou o Twitter.

Um porta-voz da polícia afirmou, no entanto, que o pro-cesso em causa só poderá seguir em frente caso sejam recebidas queixas formais.

SEUL vai propor a Tóquio a resolução, através de ar-

bitragem, da disputa sobre as mulheres coreanas escraviza-das sexualmente pelo Exército imperial japonês durante a II Guerra Mundial, informou on-tem fonte oficial sul-coreana.

A questão das escravas sexuais coreanas é uma das maiores polémicas por re-solver, desde a ocupação da Coreia pelo Japão, que impôs o seu domínio colonial entre 1910 e 1945.

Calcula-se que cerca de 100 mil coreanas tenham sido forçadas durante a II Guerra Mundial a prestar serviços sexuais a soldados japoneses em bordéis militares.

A Coreia do Sul tem pressio-nado o Japão a apresentar um pedido de desculpa às vítimas e a oferecer-lhes uma com-pensação, mas Tóquio recusa, por considerar que o assunto ficou resolvido com o tratado de 1965, que normalizou as relações entre os dois países.

Três albergues de Hong Kong podem ser processados

Acolhimento ilegal de grávidas

Empresa vende trabalhos académicos

Diplomas a la carteCoreia do Sul e Japão discutem

Trauma de guerra

delas prestavam “serviços de maternidade” e, segundo Tsang, está em cima da mesa a possibilidade de serem acusadas pelo Executivo.

A secretaria dos Assun-tos Internos acusou 53 ope-radores de pensões ilegais no ano passado, valor que representa um aumento de 40 por cento face a 2010.

FILHOS RADICADOSAlém de poderem iludir a política do filho único no continente chinês, muitas mulheres do interior da China preferem, mesmo no primeiro bebé, realizar o parto em Hong Kong, onde os seus filhos passam a ter direito de residência e onde podem um dia radicar-se.

Os líderes chineses ex-pressaram, pela primeira vez, em Dezembro, preocu-pações relativamente às mu-lheres do interior da China que recorrem aos hospitais da Região Administrativa Especial para terem os seus filhos.

Um problema que tem vindo a ganhar grande di-mensão e levou mesmo o Executivo de Hong Kong a limitar, este ano, a 34.400 o total de camas destinadas a parturientes não locais nos hospitais públicos e privados do território.

das unidades hospitalares de Hong Kong ao longo do ano passado, mais do dobro face a 2010. Alguns dos albergues, que frequente-mente oferecem serviços sem licença, operam em apartamentos residenciais que são subdivididos.

INSPECTORES EM ACÇÃO“Estes albergues ilegais estão a usar muitos truques para contornar a lei”, afir-mou o Secretário para os Assuntos Internos, Tsang Tak-sing, no seu blogue oficial. “Recebem mulheres que dizem ser parentes dos arrendatários e mentem, afirmando que estas não pagaram para lá permane-cerem”, acrescentou.

Segundo o jornal “South China Morning Post”, há intermediários que promo-vem este tipo de serviços na internet.

Inspectores do Governo conduziram recentemente uma operação que teve como alvo 40 pensões ilegais, tendo constatado que três

Page 10: Hoje Macau 7 FEV 2012 #2544

10 terça-feira 7.2.2012www.hojemacau.com.motradição

A Festa das LanternasAs festividades do Ano Novo terminam no 15º dia do primeiro mês lunar, quando se comemora a Festa das Lanternas, sendo para os tauistas a data de aniversário do Céu

José Simões [email protected]

CELEBROU-SE ontem a Festa das Lanternas, (Tâng-Tchit em can-tonense, Deng jie em

mandarim), que, por coincidir com a primeira Lua Cheia do ano, também se chama a Festividade da Primeira Lua Cheia. É uma festa em que as pessoas vêm para a rua com diferentes tipos de lanternas vermelhas, símbolo das almas dos antepassados que, estando de visita, são depois reconduzidas de novo para o outro mundo. Caiu em desuso talvez porque não há qualquer lugar na China sem ilumi-nação eléctrica, assim como já não é proibido nas cidades as pessoas saírem à noite de suas casas.

O imperador Han Wu Di (140-87 a.C.) neste dia prestava home-nagem à Divindade da Primeira Causa, mas o significado religioso

JOSÉ

SIM

ÕES

MOR

AIS

Page 11: Hoje Macau 7 FEV 2012 #2544

11terça-feira 7.2.2012 www.hojemacau.com.mo tradição

A Festa das Lanternasdessa festa, que estaria ligada ao culto dos Antepassados e ao fogo, perdeu-se.

As lanternas apareceram no reinado do imperador Han de Leste, Ming Di (57-75) e por or-dem deste, na primeira Lua Cheia do Ano, era costume as famílias colocarem-nas acesas nas portas das suas residências, conjunta-mente com ramos de abeto, para atraírem a prosperidade e a lon-gevidade. No entanto, apenas no reinado do imperador Yang (604-617), da dinastia Sui, a Festa das Lanternas foi oficializada para ser celebrada na capital, nessa época em Da Xing (Xian).

IMPERADOR COM O POVOA festa das Lanternas populari-zou-se durante a dinastia Tang, quando era celebrada durante três dias e o imperador Rui Zong (710-712), na noite de 15 da primeira Lua, abria as portas do parque do palácio imperial em Dong Du (Luoyang) para que a população pudesse admirar uma gigantesca árvore iluminada com 50 mil lam-piões. Nessa noite, o imperador saia do palácio e convivia com os súbditos, havendo uma alegria ge-neralizada. Eram as únicas noites do ano que não havia toque para as pessoas recolherem às suas casas e, por isso, as ruas encontravam-se cheias de foliões até à alvorada. Já na dinastia Song, a festividade passou a ser realizada durante cin-

co dias, e no período Ming, entre o oitavo dia ao décimo sétimo dia do primeiro mês lunar, estendendo-se desde então a celebração da capital para o resto do país.

Chegou a ser uma festivida-de exclusivamente destinada às crianças, quando passeavam à noite transportando lanternas acesas com formas de diversos animais e outros seres estranhos e iam representar em espectácu-los infantis. Se em Macau chegou a existir quem construísse essas vistosas lanternas de formato poligonal, revestidas com papéis de seda pintados e decorados com caracteres significando felicidade e longevidade, actualmente esse artesanato é realizado em Foshan, na província de Guangdong.

Nas ruas e praças passou-se a dependurar lanternas como de-coração e nas que eram trazidas pelas pessoas tornou-se costume escreverem-se advinhas, charadas e enigmas.

LAI SI ABERTOSOs lai si, envelopes vermelhos dis-tribuídos às crianças e aos adultos não casados desde o primeiro dia do ano com uma pequena quantia em dinheiro, deixaram de ser en-tregues desde ontem. No entanto, percebe-se pelas notas novíssimas usadas nos pagamentos das despe-sas que muitos foram antecipada-mente abertos, pois só a partir de hoje se deveria usar esse dinheiro.

Page 12: Hoje Macau 7 FEV 2012 #2544

terça-feira 7.2.2012www.hojemacau.com.mo12 vida

O Governo Central proi-biu as companhias aé-reas chinesas de pagar a taxa pelas emissões de

carbono que emitem, uma medida que entrou em vigor a 1 de Janeiro e que abrange todos os voos de e para os países da União Europeia.

“A Administração da Aviação

UMA enfermeira australiana que trabalhou vários anos

numa unidade de cuidados pa-liativos para doentes terminais compilou, no seu blog, as cinco coisas de que as pessoas mais se arrependem de não ter feito antes de morrer.

Segundo o jornal português Sol, Bronnie Ware afirma que as pessoas “crescem” quando confrontadas com a sua mor-talidade e que passam por uma grande variedade de emoções, tal como a fase de negação, medo, raiva, remorso e, eventualmente, aceitação.

Os desejos sobre o que gos-tariam de ter feito de forma diferente em vida, os pacientes repetiam frequentemente os mes-mos temas, que deram origem ao

livro da enfermeira “The Top Five Regrets of the Dying”.

Um dos arrependimentos mais comuns é não terem sido concre-tizados objectivos pessoais, como viver de acordo com as próprias convicções e não de acordo com as expectativas dos outros.

O trabalho em excesso vem de seguida, principalmente nos pacientes masculinos, que se arrependiam de ter perdido a infância dos filhos.

Outro dos arrenpendimentos que mais surge é a falta de ter tido coragem de expressar sentimentos, muitas vezes para se manterem em paz com outras pessoas.

Ter mantido mais contacto com os amigos e ter sido mais feliz são mais dois dos arrepen-dimentos comuns.

A China publicou ontem uma fotografia da totalidade da

lua, captada pelo segundo satélite do país, o Chang’e-2. Em conjunto com as imagens, vem um mapa da lua. São as imagens com maior resolução do mundo – sete metros – e que cobrem a totalidade da lua.

Foram publicadas pelo Departa-mento de Ciência, Tecnologia e Indústria do Estado.

AS IMAGENS FORAM CAPTADAS Se houvesse aeroportos ou portos na lua, as fotografias da primeira

sonda do país – o Chang’e 1 - conseguiam identificá-los. Mas os deste satélite conseguiriam identificar os aviões e barcos ne-les, devido à sua resolução.

Os cientistas conseguiram pro-duzir 746 fotografias que ocuparam um total de 800 GB.

Governo chinês proíbe companhias aéreas de pagar taxa de carbono à UE

Posições contrárias, diz Pequim

China publica fotos com maior resolução do mundo

A lua em grande formato

Enfermeira australiana compila arrependimentos de doentes terminais

O que gostava de fazer, se pudesse?

O embaixador da União Eu-ropeia na China, Markus Ederer, disse em conferência de imprensa que as negociações não estão fe-chadas. “Há várias vias possíveis, bilaterais, multilaterais ou mesmo jurídicas.”

Desde 1 de Janeiro, as emis-sões de dióxido de carbono de todos os voos domésticos e inter-nacionais com partida ou chegada a qualquer aeroporto na União Europeia passaram a estar abran-gidas pelo comércio de emissões europeu. O objectivo é limitar as emissões de gases com efeito de estufa da aviação internacional.

Mas a medida tem gerado críti-cas de 26 dos 36 países membros da Organização Internacional da Aviação Civil, especialmente dos Estados Unidos, China e Rússia. Algumas companhias aéreas norte-americanas protestaram contra a medida no Tribunal de Justiça Europeu mas este enten-deu, em Dezembro de 2011, que o comércio de emissões para a aviação não infringe a soberania de países terceiros.

As companhias aéreas que se recusarem a pagar a taxa poderão incorrer numa coima de 1000 patacas por tonelada de CO2 (dióxido de carbono) ou, em ca-sos extremos, ver recusado o seu direito de aterrar nos 27 países da UE. Mas as companhias têm ainda um prazo para o cumpri-mento e podem comprar as suas licenças de emissão para 2012 até 30 de Abril de 2013. Nenhuma outra sanção será aplicável antes dessa data.

Civil da China publicou, recente-mente, uma notificação que proíbe as companhias aéreas chinesas [como a Air China, China Southern Airlines, China Eastern Airlines e a Hainan Airlines] participarem no comércio europeu de emissões sem autorização das autoridades governamentais”, noticiou ontem

a agência Xinhua. Tudo porque a taxa imposta pela União Europeia “é contrária aos princípios rele-vantes da Convenção Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas e da regulamentação internacional da aviação civil”, explica a administração chinesa.

“A China vai considerar a adop-

ção das medidas necessárias para proteger os interesses dos cidadãos e empresas chinesas”, acrescenta em comunicado.

As autoridades de Pequim acrescentam que a medida poderia sugerir prejuízos para as compa-nhias aéreas chinesas em mais de 900 milhões de patacas anuais.

Page 13: Hoje Macau 7 FEV 2012 #2544

terça-feira 7.2.2012 www.hojemacau.com.mo 13vida

Clickecológico

Sabia que...

A pesquisa cien-tífica do Met Office Hadley Centre, da Grã-

-Bretanha, simulou os impactos, em 24 países, de emissões - no padrão actual - em 21 modelos climáticos diferentes. Cada modelo foi produzido por computadores poderosos que simulam a interacção entre parâmetros de dados da atmosfera, temperaturas e oceanos. Espanha e Bra-sil, em posições opostas são os países que mais sofreram com as mudanças climáticas.

No caso do Brasil, a conclusão a que chegaram é que o risco de aumento de enchentes no país seria 87% mais alta que actualmente. Esse é o valor central entre os dois extremos dos resul-tados apresentados pelos modelos climáticos, tanto de aumento (na maioria) quanto de redução do risco.

Os resultados mais extre-mos dos modelos chegaram a indicar um aumento de 638% no risco de cheias no Brasil. Por outro lado, houve modelos que indicaram até queda neste risco, com o mínimo sendo de -67%.

Sem acções para a redu-

... cinco mil espécies de animais e plantas

são extintas na Terra em cada ano que passa?

ESTURJÃO AO RIO

• Depois de criar artificialmente crias de esturjão, um grupo de voluntários chineses soltam um esturjão adulto no rio Yangtzé. O esturjão é uma espécie rara e em vias de extinção. No ano passado, um total de 141 esturjões foram soltos no rio.

Foto: China Daily

Pesquisa britânica simulou efeitos de mudanças climáticas em 24 países

Uns secam, outros molhamção de emissões, o aumento de temperatura pode ficar entre 3ºC e 5ºC até o fim do século, segundo a pesquisa.

Outra pesquisa divul-gada no início da semana indica que, mesmo com as reduções já prometidas, o aquecimento global até 2100 pode ter um aumento de 3,5ºC.

SINAL DE ALERTAA pesquisa foi encomendada pelo Governo britânico e usada como sinal de alerta para que os negociadores de 194 países reunidos em Durban desenvolvam um empenho maior na busca de um acordo de redução de emissões. “Nós quere-mos um acordo global e legalmente vinculante para manter (o aumento) das tem-peraturas abaixo de 2ºC. Se isso for conseguido, este es-tudo mostra que alguns dos mais significativos impactos das mudanças climáticas poderiam ser evitados sig-

nificativamente”, afirmou o ministro de Energia e Mudança Climática da Grã--Bretanha, Chris Huhne.

Entre os 24 países ana-lisados no estudo, o Brasil, apesar da possibilidade alarmante de aumento de enchentes, aparece como um dos que menos seriam afec-tados pelas mudanças climá-ticas, tanto positivamente quanto negativamente.

A Espanha, por exemplo, pode perder 99% da sua área de cultivo na agricultura, segundo os modelos cli-máticos, além de enfrentar um aumento na escassez de água que afectaria 68% da população.

A falta de água também aparece como problema gra-ve para o Egipto, onde 98% da população seria afectada. O país do norte de África

também perderia mais de 70% da sua área de cultivo.

RICA MAJESTADEA Grã-Bretanha, cujos dados meteorológicos, de temperatura e outros usa-dos nos modelos são mais robustos, poderia até ter motivos para comemorar os impactos das mudanças cli-máticas. Enquanto o estudo indica que o Brasil não deve

perder nem ganhar área de cultivo, a Grã-Bretanha po-deria praticamente dobrar a sua agricultura, com um aumento de 96% na área compatível.

Os impactos devem-se principalmente a previsões de mudança nos padrões de chuvas no planeta. Isso pode levar a grandes riscos de fome, principalmente em África e no Bangladesh.

Page 14: Hoje Macau 7 FEV 2012 #2544

14 cultura terça-feira 7.2.2012www.hojemacau.com.mo

Rita Marques [email protected]

NA cerimónia de encer-ramento da exposição fotográfica “Uma Aven-tura Marítima – Viagens

no Navio-Escola Sagres”, o grande protagonista foi o comandante Eduardo Graça Ribeiro e as suas memórias, vividas a bordo do navio, homenageado pelos seus 50 anos.

Depois do jornalista e fotógrafo Joaquim Magalhães de Castro ter exibido a mostra “videográfica” sobre a sua jornada com a tripula-ção do Sagres em 2010, o coman-dante que a integrou em 1964 é o testemunho vivo das primeiras embarcações do Sagres, depois de ter sido adquirido ao Brasil em Fevereiro de 1962.

Graça Ribeiro relembra que quando o navio integrou a frota portuguesa “estava num estado lastimável, em que o motor e a electricidade falhavam e não era confortável”. No entanto, relembra com nostalgia as suas viagens “por

Património cultural mais protegidoFoi inaugurada este domingo em Pequim uma exposição sobre a protecção do património cultural da China. Na cerimónia de abertura, o ministro chinês da cultura, Cai Wu, indicou que a China completou o estabelecimento de um mecanismo básico de protecção do seu património cultural e classificou a exposição como uma mostra muito frutífera do imenso património cultural de todo o país. A exposição conta com cerca de dois mil peças em exposição, mostra fotos e artigos do que são consideradas as 41 bases fundamentais da protecção do património, além de 188 itens em destaque, como a arte tradicional e medicina chinesas.

Sociedade portuguesa traz marionetasEstão em Alcobaça, mas em Junho chegam a Macau. A encenação “Fado Portugal – História de Faca e Alguidar”, do produtor e marionetista José Gil, quer passar pelo território daqui a poucos meses, depois de visitar a China e a caminho de Hollywood, Dubai e Eslováquia. “A ideia é internacionalizar o espectáculo, aproveitando a ida a festivais lá fora, com as produções ‘T.U.B.I.C.’ e ‘Dom Roberto’”, referiu ao jornal português Correio da Manhã José Gil. “Fado Portugal – História de Faca e Alguidar” tem figuras com mais de um metro de altura, que revelam o lado boémio do fado, com as desgarradas e sem esquecer a Amália.

Histórias a bordo do navio-escola Sagres em digressão fotográfica

As aventuras do comandante

DIRECÇÃO DOS SERVIÇOS DE FINANÇASEDITAL

IMPOSTO COMPLEMENTAR DE RENDIMENTOS

Faz-se saber, face ao disposto no artigo 10.º, n.º 1, alínea a), do Regulamento do Imposto Complementar de Rendi-mentos, aprovado pela Lei n.º 21/78/M, de 9 de Setembro, que, durante os meses de Fevereiro e Março do ano em curso, as pessoas singulares e colectivas não enquadráveis no artigo 4.º, n.º 2, do mesmo regulamento, com as redacções introduzidas pelo artigo 1.º da Lei n.º 6/83/M, de 2 de Julho, e artigo 3.º da Lei n.º 4/90/M, de 4 de Junho, que tenham auferido na Região Administrativa Especial de Macau, em relação ao exercício de 2011, rendimentos abrangidos pelo artigo 3.º do citado regulamento, com as alterações introduzidas pelo n.º 2 do artigo 5.º, da Lei n.º 12/2003, deverão apresentar em duplicado, a declaração de rendimentos, modelo M/1, sob pena de multa prevista no artigo 64.º do referido regulamento. As declarações poderão ser apresentadas no Núcleo do Imposto Complementar de Rendimentos – Grupo B e Contribuição Industrial do Edifício de Finanças, no Centro de Serviços da RAEM e no Centro de Atendimento Taipa. E,paraconstar,sepassouesteeditaleoutrosdeigualteor,quevãoserafixadosnoslugarespúblicosdecostumeepublicadosnosprincipaisjornaischineseseportugueses,sendo,ainda,reproduzidonoBoletimOficialdaRegiãoAdminis-trativa Especial de Macau. Aos 6 de Janeiro de 2012. A Directora dos Serviços Vitória da Conceição

África, pelas Bermudas, pelo Brasil e pelo arquipélago da Madeira e dos Açores”. A primeira viagem ainda demorou dois anos, com regresso em 1966. Fez questão de referir que, por muito impensável que seja hoje, na época “não havia comunicação... havia rádio mas não sempre” e chegou mesmo a avariar-se o radar.

O comandante, que sempre ouvia falar do Sagres em conversa diária na Escola-Naval, relembra o episódio da entrada num porto americano, onde lhes foi exigido içar a bandeira dos Estados-Unidos. “Depois de uma conversa prolon-gada, lá os consegui convencer que se tratava de um navio de guerra e, por isso, não hasteia bandeiras.” Na sua última viagem, em 1973, nave-gou até ao norte da Europa, onde o navio foi nomeado no Tamisa, por ocasião do 6º centenário da aliança luso-britânica. Na mesma altura em que se mobilizava em Londres uma manifestação antifascista contra a visita de Marcelo Caetano. “Saí da Sagres no fim dessa viagem e já não

embarquei na primeira viagem de circum-navegação em 1978.”

“SAGRES É EMBAIXADORA DE PORTUGAL”No encerramento da exposição marcou também presença o cônsul português, Manuel Cansado de Car-valho, que destacou a importância de “contar histórias através da História”, num navio cuja marca é “embaixa-

dora de Portugal”. O cônsul referiu até que a epígrafe nas portas do cerco “Honrai a pátria que a pátria vos contempla” está também “inscrita” na proa do Sagres. Além do mais, segundo Cansado de Carvalho, o navio sempre fomentou a abertura ao contacto com outros povos. E, por essa razão, “o navio parte agora de Macau (através destas fotos e vídeo) e atravessa o Pacífico para chegar

à América”, logo depois de Hong Kong. Locais que, de resto, foram pontos de paragem nesta viagem onde embarcou Magalhães de Castro.

IIM LANÇA A EXPEDIÇÃOO secretário-geral do Instituto internacional de Macau diz que a exposição é uma “mostra de solida-riedade para com Portugal e as co-munidades macaenses espalhadas pelo mundo”. Assinala também o sentimento de patriotismo por Por-tugal, ao recordar também as visitas anteriores do Sagres. “Tanto mais que o Joaquim de Castro já fez uns trabalhos anteriores excentricamen-te interessantes, e reconhecidos, que falam da História dos portugueses, dos jesuítas que tiveram nestas paragens e da História que muita gente desconhece.”

O instituto passa esta pasta a outras entidades, como embaixadas e entidades macaenses difundidas, contribuindo com o software já desenvolvido sobre a exposição, para que possam continuar divulgar este trabalho, sem reservas. Para já sabe-se que a primeira paragem será em Hong Kong, seguida de Toronto, no Consulado Português, e em São Francisco, na Casa Macau. Mas contactos também já foram feitos com os embaixadores do Paraguai e do Uruguai, que se mostraram interessados.

PUB

PUB

Page 15: Hoje Macau 7 FEV 2012 #2544

PUB

15culturaterça-feira 7.2.2012 www.hojemacau.com.mo

Rita Marques [email protected]

O secretário-geral do Instituto Internacional de Macau (IIM), Rufino Ramos, disse ainda não

haver planos sobre as actividades a desenvolver enquanto entidade representativa do Observatório de Língua Portuguesa (OLP) em Macau. O acordo foi firmado em Setembro do ano passado mas a pasta ainda não foi passada pela delegação em Lisboa - responsável pela agenda cultural em Portugal e nos países lusófonos. “Temos dinheiro previsto para fazer ac-tividades mas só saberemos con-

Delegação do Observatório de Língua Portuguesa em espera

Há dinheiro, falta acçãoO Instituto Internacional de Macau já tem suporte financeiro como representante do Observatório da Língua. Para agir, porém, faltam directivas de Lisboa e uma assembleia-geral com o presidente do organismo e respectivo vice.

cretamente o que fazer quando for discutido em assembleia-geral com o presidente e o vice-presidente do IIM”. Sabe-se, no entanto, que há vontade de convencer as pessoas das vantagens de usar a língua portuguesa, por isso, a estratégia é “promover, difundir e desenvolver a língua com actividades de fusão”.

Recorde-se que quando o pro-tocolo de cooperação foi assinado, o OLP projectou o IIM como sua delegação no Oriente, de forma a fazer-se representar em instituições culturais, académicas e outras de natureza intelectual, tal como afir-mou então o presidente do conselho de administração do OLP, Eugénio Anacoreta Correia. Por outro lado, Jorge Rangel, presidente do IIM, relembrava a necessidade de “lan-çar pontes entre as entidades em Macau”, já que isoladamente não se consegue projecção suficiente.

Ontem, Rufino Ramos falou desta urgência em “coordenar sensibilidades” porque há mui-tos organismos que tratam da língua portuguesa e o IIM tem de colaborar com essas institui-ções. Algumas parcerias estão já adiantadas - a Universidade de

Macau, o Instituto Politécnico e o IPOR - resta agora sentarem-se à mesa para desenvolver um plano concreto. “Podem existir outras parcerias, dependendo da natureza das actividades que venham a ser desenvolvidas”, diz o secretário--geral.

Por agora, o instituto realça actividades previstas - que já têm vindo a ser promovidas no Brasil e em Portugal - , sobretudo na par-ticipação de conferências e na pu-blicação de livros. “Este ano vamos editar vários livros em português sobre Macau e Portugal, nomeada-mente um livro sobre as relações de Portugal com a Indonésia. Sairá em Portugal, mas prevê-se o lançamento de exemplares cá.”

ÂNCORA LANÇADAEM MOÇAMBIQUEO instituto criou na semana pas-sada um canal de comunicação entre Macau e Moçambique. Foi assinado um protocolo com a Universidade de São Tomás de Moçambique, um contacto já formalizado, entre outros vários informais que têm sido feitos com universidades e investigadores da

ex-colónia. “Lançámos mais uma âncora, em Moçambique, com a colaboração de instituições no terreno para nos dar algum apoio, já que não existe comunidade macaense.” Rufino Ramos espera assim, em nome do IIM, anunciar para breve algumas actividades desenvolvidas no território, como exposições e seminários conjuntos.

ALIANÇA“SINO-LUSO-BRASILEIRA”A relação com o Brasil parece mais consolidada. Anualmente decorrem seminários sobre o papel de Macau nas relações entre a China e o Brasil, nos três continentes. “O papel de

Macau no intercâmbio Sino-Luso--Brasileiro” voltará a ser debatido este ano, no que será o quarto semi-nário sobre a matéria, que no último ano apresentou as perspectivas política e económica das “vivências no Brasil”, a par da importância do diálogo destas três nações na nova ordem mundial multipolar.

O IIM pretende assim desta-car Macau como plataforma de entendimento entre a China e o mundo lusófono, sem esquecer a necessidade de ampliar o fluxo de intercâmbio entre os países de língua portuguesa e Macau. “Este ano vamos fazer seminários sobre o mesmo tema para a comunidade lu-sófona em Xangai, em cooperação com uma instituição brasileira lá sediada”, afiançou Rufino Ramos.

JOVENS PROMOVEM TRADIÇÃOEste ano o IIM não quis esquecer as camadas jovens. Por essa razão, vai lançar às instituições de ensino secundário e superior um concur-so de vídeo sobre as tradições de Macau. “Há muita coisa que se perdeu, muita coisa ignorada pela camada jovem, por isso, queremos que façam averiguações sobre a cultura macaense”.

O desafio vai ser lançado nas escolas de modo a que os professo-res orientem o trabalho dos alunos, porque “Macau é uma fusão de culturas díspares e os jovens têm de aprender isso, têm de aprender a amar a sua terra”.

Page 16: Hoje Macau 7 FEV 2012 #2544

16 desporto terça-feira 7.2.2012www.hojemacau.com.mo

Judo Telma Monteiro vence em ParisDepois de Moscovo e Rio de Janeiro, Paris. A judoca portuguesa Telma Monteiro, número três mundial, venceu mais uma prova do Grand Slam, desta feita na capital gaulesa, superando na final de -57 kg a vice-líder do ranking, a japonesa Aiko Sato, em apenas nove segundos. A judoca do Benfica esteve irrepreensível em Paris, vencendo por ippon quatro dos cinco combates que disputou este sábado. Antes da final, Telma Monteiro deixou pelo caminho uma adversária espanhola, mongol, francesa e norte-americana, sendo esta última, 11.ª do Mundo, a única que não perdeu por ippon. A vitória no Grand Slam de Paris junta-se às conquistas de Telma Monteiro em Moscovo e no Rio de Janeiro. No currículo da portuguesa fica a faltar o triunfo em Tóquio, prova que a portuguesa ainda não disputou.

Ciclismo Contador condenado pelo TASO ciclista espanhol Alberto Contador (Saxo Bank) viu ontem o Tribunal Arbitral do Desporto (TAS) condená-lo pelo controlo antidoping positivo por clembuterol na Volta a França de 2010, revela a Agência AFP, citando fonte do TAS. O atleta espanhol enfrenta uma suspensão de toda a atividade desportiva de até dois anos, além de ser desapossado da camisola amarela da Volta a França de 2010 e da camisola rosa da Volta a Itália de 2011. O único corredor em atividade que já ganhou as três grandes corridas velocipédicas (Tour2007, Tour2009 e Tour2010, Giro2008 e Giro2011, Vuelta2008) alegou ter sido vítima de uma contaminação alimentar aquando da sua terceira vitória na “Grande Boucle”.

NFL New York Giants conquistam Super BowlOs New York Giants venceram os New England Patriots, por 21-17, na final da 46.ª edição do Super Bowl disputada no Lucas Oil Stadium, em Indianápolis. Os Giants repetem o triunfo de 2008 sobre o mesmo adversário e sucedem aos Green Bay Packers como detentores da Liga de futebol americano (NFL). Com menos de um minuto para o final do jogo, os Patriots lideravam por 17-15, porém, um touchdown de Ahmad Bradshaw operou a reviravolta no marcador e deu o triunfo à equipa de Nova Iorque, que arrecada o quarto troféu Vince Lombardi do seu historial.

Gonçalo Lobo [email protected]

O avançado William está de volta ao Windsor Arch Ka I e fecha o plantel

às ordens de Josecler Filho. “Com ele o plantel fica fe-chado com chave de ouro”, referiu ao Hoje Macau o treinador brasileiro.

O jogador, que já tinha es-tado no Ka I no ano passado e no Monte Carlo há dois anos, volta assim a Macau depois de uma curta experiência

no futebol da vizinha Hong Kong, onde envergou as cores do Tai Po. “O William já é conhecido em Macau. Jogou no Monte Carlo e fez uma excelente época, o ano passado, no Ka I”, revelou Josecler.

A armada brasileira do Ka I fica assim mais com-posta e o clube com um leque de opções de qualida-de, principalmente para a linha avançada do plantel, onde já figuram o goleador Gustavo, o credenciado Cesinha ou o pendular

Niki Torrão. Trabalho redobrado para William, portanto. “Ele vem para ajudar a equipa”, defendeu o treinador brasileiro. “É uma pessoa de carácter, trabalhador e quando entra em campo quer dar sempre o máximo.”

Em que condição está William? “Eu sei que ele tem jogado em Hong Kong por isso conto com ele para dar sequência à equipa. É um jogador que pode dar o impulso e manter o ritmo durante todo o jogo.”

À quarta jornada da Liga de Elite de Macau em futebol,

e depois da derrota com o Kuan Tai, o FC Porto tem apenas uma vitória o que se reflecte no penúltimo lugar da tabela com apenas três pontos conquistados.

O presidente dos dragões de Macau admite que a situação não é boa, contudo descarta, desde já, qualquer tipo de alarmismos. “Já ouvi dizer que o Porto vai descer de divisão mas não vai. Acredito que não e se descermos não é grave, ninguém morre”, referiu António Aguiar.

Contrariamente aos seus di-rectos concorrentes, o FC Porto de Macau não se reforçou de uma forma sólida e forte. Para António Aguiar tudo passa por uma questão de apoios. “O ano passado queixava-me amarga-mente da falta de apoios. O FC Porto é ajudado por meia dúzia de pessoas, incluindo o nosso treinador que, graciosamente,

Marco [email protected]

MACAU é um dos 17 países e territórios que vão marcar

presença na segunda edição do Cam-peonato do Mundo de Atletismo para Atletas com Síndrome de Down. A prova, que tem a ilha Terceira como palco entre 15 e 21 de Maio, deve atrair mais de uma centena e meia de atletas ao arquipélago dos Açores. A Macau e ao Turquemenistão cabe a responsabilidade de representar o continente asiático na competição.

A selecção dos atletas que vão representar a RAEM no evento está a cargo da Macau Special Olympics, um dos dois organismos do território que chamam a si a incumbência de promover a prática desportiva entre os cidadãos com necessidades especiais. Para a Associação Recreativa dos De-ficientes de Macau, o principal desafio para os próximos meses passa por assegurar que o contingente que vai representar o território nos Jogos Pa-ralímpicos de Londres inclua o maior número de representantes possível. O Comité Paralímpico Internacional já garantiu que nenhuma federação ou comité nacional ficará de fora do evento, mesmo que os seus atletas não consigam atingir resultados mínimos que lhes abram as portas do certame por mérito próprio.

Os responsáveis pela Associação Recreativa dos Deficientes de Macau não querem, no entanto, esgotar o expediente do apuramento directo. O organismo tem enviado delegações a várias certames na Ásia e na Europa

com o objectivo de procurar estabe-lecer marcas que abram as portas das Paraolímpiadas a um maior número de atletas da RAEM. Os atletas do território participaram, na Alemanha e durante o fim-de-semana, num dos principais torneios europeus de ténis-de-mesa em cadeira de rodas. António Fernandes, presidente da Associação Recreativa dos Deficien-tes de Macau, diz que os resultados obtidos em solo germânico não foram suficientes para assegurar um lugar ao sol na maior competição mundial do desporto adaptado, mas garante que as prestações dos atletas do território permitem continuar a alimentar a ambição do organismo de estar re-presentado em Londres por direito próprio: “Falei com os técnicos que acompanharam os atletas à Alemanha e eles ficaram muito satisfeitos com o desempenho dos nossos atletas. Acreditámos que os atletas de Macau podem conseguir os mínimos para os Jogos Paralímpicos de Londres em modalidades como a esgrima adap-tada, o boccia ou o ténis em cadeira de rodas. É com esse objectivo em mente que temos vindo a trabalhar”, sustenta o dirigente.

Mais difícil parece ser o apura-mento para a prova em modalidades como a natação ou o atletismo adapta-do, desportos em que Macau não tem grande tradição. As cores do território tem estado representadas no principal evento mundial do desporto para de-ficientes desde os Jogos Paralímpicos de Seul em 1988. Na última edição do evento, em Pequim, Macau esteve representado por apenas três atletas.

Ka I fecha plantel para 2012 com um regresso

A volta de WilliamDADOS PESSOAIS

Nome completo: William Carlos GomesNacionalidade: BrasilData de Nascimento: 1987-02-07 (24 anos)Naturalidade: Paranaguá (PR) - BRAPosição: Avançado

CLUBES POR ONDE PASSOU2012 Windsor Arch Ka I (MAC)2011/2012 Tai Po FC (HKG)2011 Windsor Arch Ka I (MAC)2010 Monte Carlo (MAC)2009 Campo Mourão (BRA)2008 Rio Branco-PR (BRA)2007 Rio Branco-PR (BRA)

Macau tenta Paralímpicos

Londres continuapor um canudo

António Aguiar garante

“O melhor Porto ainda não apareceu”

continua a ser a alma e o cora-ção desta equipa. Se houvesse mais dinheiro haveriam mais reforços.”

Aguiar assume mesmo que a corrida pelo título é uma mira-gem, apesar de faltar ainda muito campeonato. “Fico satisfeito pelo campeonato estar a ter um nível mais superior do que em outros anos. Os adversários reforçaram-se bem e este ano vamos ter mais dificuldades. É assumido.”

Seja como for, o presidente da agremiação tem fé que o verdadeiro Porto ainda não apareceu e que o campeonato, com melhor ou pior classifi-cação final, vai ser realizado tranquilamente. “Temos que va-lorizar o trabalho do treinador, dos dirigentes e dos jogadores. A equipa tem bons valores e o verdadeiro Porto ainda não apareceu, podem crer.” - G.L.P. com Alfredo Vaz

Page 17: Hoje Macau 7 FEV 2012 #2544

17futilidadesterça-feira 7.2.2012 www.hojemacau.com.mo

[ ] Cinema Cineteatro | PUB

SALA 1I LOVE HONG KONG 2012 [B]FALADO EM CANTONÊSUm filme de: Chin Kwok WaiCom: Stanley Fung, Teresa Mo, Eric Tsang14.15, 19.45, 21.45, 23.45

KOKURIKOZAKA KARA [A]FALADO EM CANTONÊS Um filme de: Gora Miyazaki16.15, 18.00

SALA 2PUSS IN BOOTS [3D] [A]Um filme de: Chris Miller14.30, 18.00

JOURNEY 2: THE MYSTERIOUS ISLAND [3D] [B]Um filme de: Brad PeytonCom: Vanessa Hudgens, Dwayne Johnson14.30, 18.00, 19.45, 21.30

SALA 3THE MUPPETS [A]FALADO EM CANTONÊSUm filme de: James BobinCom: Jason Segel, Amy Adams14.15, 16.15, 20.00

THE DARKEST HOUR [3D] [B]Um filme de: Chirs GorakCom: Emily Hirsch, Olivia Thisrlby18.15, 22.00, 23.45

TDM 13:00 TDM News - Repetição13:30 Jornal das 24h14:30 RTPi DIRECTO18:00 That 70\’s Show (Que Loucura de Família)18:30 TDM Desporto (Repetição)19:30 Amanhecer20:30 Telejornal21:00 TDM Entrevista21:30 Edição Especial - Seguir em Frente22:00 Passione23:00 TDM News23:30 A Verde e as Cores00:00 Telejornal (Repetição)00:30 RTPi DIRECTO

INFORMAÇÃO TDM

RTPi 8214:00 Telejornal Madeira14:30 Alta Pressão15:00 Consigo15:30 Grande Reportagem-SIC16:00 Bom Dia Portugal 17:00 O Elo Mais Fraco17:45 Resistirei18:30 A Hora de Baco19:00 Fausto – No Final da Trilogia20:00 Jornal da Tarde 21:15 O Preço Certo22:00 Ler +, Ler Melhor22:15 Ingrediente Secreto – Grão22:45 Portugal no Coração

ESPN 3012:30 2011 World Cup Of Trick Shots13:30 Beach Soccer Worldwide Mundialito Brazil vs. Mexico14:30 11th Annual Predator Intl’ 10-Ball Championship16:30 2011/12 Australasian Pro Volleyball Tour17:00 Moscow 1980 19:30 (LIVE) Sportscenter Asia 2012 20:00 The Football Review20:30 A Winter’s Tale

21:00 Beach Soccer Worldwide Mundialito France vs. Portugal22:00 Sportscenter Asia 2012 22:30 The Football Review23:00 A Winter’s Tale23:30 Beach Soccer Worldwide Mundialito France vs. Portugal

STAR SPORTS 3113:00 Motorsports@Petronas 2011 13:30 Planet Speed 2011/12 14:00 M7 - Multisport TV 15:00 Len European Short Course Swimming Championships 17:00 2012 FIM X-Trial World Championship 18:00 FA Classics FA Cup 2009/10 Reading vs. Aston Villa19:00 Asean Basketball League 2012 21:00 Motorsports@Petronas 2011 21:30 (LIVE) Score Tonight 2012 22:00 Spirit Of Yachting Series 2011 22:30 Golf Focus 2012 23:00 Dongfeng Nissan Cup - Highlights

HBO 4112:00 Romy And Michele’S High School Reunion13:30 Babe15:00 Shiloh16:35 Iron Jawed Angels18:45 Enid20:15 Half Past Dead22:00 Blue Crush 223:50 I Still Know What You Did Last Summer

CINEMAX 4212:30 The King Of Fighters14:00 Wolf16:00 Frankenstein 197017:20 Funeral In Berlin19:00 Timecop: The Berlin Decision20:20 Gladiator (1992)22:00 25Th Hour00:15 The Evil Dead

[Tele]visão

Aqui há gato

À VENDA NA LIVRARIA PORTUGUESA

RUA DE S. DOMINGOS 16-18 • TEL: +853 28566442 | 28515915 • FAX: +853 28378014 • [email protected]

Su d

oku

[ ] C

ruza

das

REGRAS |Insira algarismos nos quadrados de forma a que cada linha, coluna e caixa de 3X3 contenha os dígitos de 1 a 9 sem repetição

SOLUÇÃO DO PROBLEMADO DIA ANTERIOR

SOLUÇÕES DO PROBLEMA

HORIZONTAIS: 1-Filosófico. 2-Entrar em cabalas. Poeira. 3-Manifesta o riso. Falta (Pref.). Naquelas. 4-Letra grega. Contracção dos pronomes Te e O. Ajunteis. 5-A febre-amarela (Ant.). Nordeste (abrev.). 6-Oferecei, Três (Pref.). Notas, observas. 7-Cidade bíblica. Extraíeis. 8-Zunir (os ouvidos). Funesta. Sozinho. 9-República Árabe Unida (Extinta). Ceda gratuitamente. Tratamento que se dá na China a certas pessoas. 10-Suflixo, o m. q. INO. Feita a sementeira. 11-Avaliásseis o peso.

VERTICAIS: 1-Produtora. 2-Imposto de Ciruclação (abrev.). Tornariam oco. 3-Casa, pátria (Fig.). Sorri. Desfolhado. 4-Falecimento. Sua pessoa. Hipótese. 5-Sua (Arc.). Escolherdes. 6-Olé!. Imposto sobre o rendimento colectivo (sigla.). Nome de mulher. 7-Roubariam (Gír.). Existes. 8-Expressão do rosto. Concede. Canais de irrigação. 9-Naquela. Distingue, divisa, Caminhai. 10-Retábulos. Nesse lugar. 11-O que possui, possuidor.

HORIZONTAIS: 1-FILOSOFAL. P. 2-CABALAR. PO. 3-P. RI. AN. NAS. 4-RO. TO. ADAIS. 5-OCROPIRA. NE. 6-DAI. TRI. VES. 7-UR. SACAVEIS. 8-TINIR. MA. SO. 9-RAU. DE. LI. R. 10-IM. SEMEADA. 11-Z. PESASSEIS.VERTICAIS: 1-F. PRODUTRIZ. 2-IC. OCARIAM. 3-LAR. RI. NU. P. 4-OBITO. SI SE. 5-SA. OPTARDES. 6-OLA. IRC. EMA. 7-FANARIAM. ES. 8-AR. DA. VALAS. 9-L. NA. VE. IDE. 10-PAINES. AI. 11-POSSESSOR. S.

CONTOS E LENDAS DE MACAU • Alice VieiraPlano Nacional de LeituraLivro recomendado no programa de Português do 4º ano de escolaridade, destinado a leitura orientada na sala de aula - Grau de Dificuldade III.

LES HALLES AS DELICIOSAS RECEITAS, DICASE TÉCNICAS DA COZINHA BISTRÔ • Anthony BourdainAntes de espantar o mundo com os campeões de vendas Cozinha Confidencial e A Cook’s Tour, Anthony Bourdain passou anos a servir da melhor comida de cervejaria francesa em Nova Iorque. Com uma atmosfera descontraída e terra a terra, o Les Halles enquadra-se perfeitamente no estilo de Bourdain: é um restaurante onde nos podemos vestir à nossa vontade, falar alto, beber um copo de vinho a mais e passar um bom bocado com os amigos.

O PSEUDO- -INTELECTUALE O GERVÁSIOHá dias ouvi da boca do Gervásio, que se queixava do excesso de pseudo-intectualismos em Macau, que os portugueses que têm vindo para o território revelam ser profundos conhecedores de literatura ou de música.O Gervásio mostrou-se um pouco triste por ninguém, ou quase ninguém, se mostrar interessado em ciência, em desporto, em colecionismo ou em moda. Aparentemente a diversidade de gostos das novas caras do território é pouco diversa. Só se interessam por literatura, muito dela bem rebuscada ou de moda, por música, quase sempre dos anos 70 ou então a nova vaga alternativa.É pouco chique ouvir Michel Teló, Pólo Norte ou U2. É melhor ouvir The White Stripes, B. Fachada ou The Nationals, dá mais status. É intelectualmente incorrecto ler Maria João Lopo de Carvalho, Richard Zimler ou Nélson Mota. É bem melhor ler Gonçalo M. Tavares, Carlos Ruiz Zafón ou Al Berto.Bom, parece que esta nova geração de emigrantes – o Gervásio também se lamentou dos portugueses de Macau não gostarem de ser chamados de emigras mas, pelo melhor ou pelo pior, são-no, temos pena - apenas demonstra interesse em arte e apenas isso. Pouco mais que isso. Não há ninguém que se dedique à ornitologia e observação de aves, à astronomia, ao colecionismo de notas, moedas ou selos. “Essas coisas são de velho”, ouviu o Gervásio um destes dias no café Caravela.Os interesses são outros. Tal como em Portugal, e em muitas conversas que o Gervásio ouviu no agito nocturno do Bairro Alto, a moda é ouvir bandas que ninguém conhece. “Ah e tal, já ouviste os Kashmir? Grande banda”, dizia alguém a outro alguém nas vielas da zona histórica de Lisboa.Kashmir até nem é mau, confidenciou-me o Gervásio, mas porque não ouvir Madonna, Michael Jackson, U2, Xutos & Pontapés ou Da Weasel? “Ah e tal, não está na moda. Isso é muito comercial”, ouve-se por aí. Mas afinal o que é comercial não é o que é aceite pelas massas? Uma obra não é considerada arte quando aceite pelas massas?O Gervásio está triste com o pseudo-intelectualismo das novas gerações portuguesas de Macau e eu irritado por ele estar triste. É que ele estudou ciências e se licenciou em engenharia electrotécnica, e gosta de observar aves. Faz colecção de notas de Portugal e das ex-colónias, e também de postais antigos. Lê apenas literatura clássica e é fã de Eagles e Simply Red. Malditas modas estas de querer ser diferente, só porque sim.

Pu Yi

Page 18: Hoje Macau 7 FEV 2012 #2544

à f lor da peleHelder Fernando

18 opinião terça-feira 7.2.2012www.hojemacau.com.mo

IDe vez em quando, a MOP, mais conhecida como pataca, vale muito mais do que no dia a dia. Com os selos emitidos em Macau também costuma suceder o mesmo. Basta as emissões coincidirem com uma data mais característica ou inspiradas num tema mais popular, lá surge, “espontaneamente”, a massa popular em longas filas pelas ruas e avenidads da região. Foi o caso da emissão de notas sob inspiração do Ano do Dragão, vejam lá. Não havia sedes e delegações do BNU e do Banco da China que durante dias não tivessem à porta, no seu total, vários milhares de pessoas. Era trocar as notas pelo preço real e vendê-las logo ali por muitas vezes mais. Um negócio rápido e, pelo menos para muitos, lucrativo. Apesar de horas e horas em longas filas de espera.

O sucesso é tão grande que ultrapassa as Portas do Cerco e entra pelo continente chi-nês. Logo ali, no famoso mundo de compras, são muitos os balcões que exibem notas de Macau, novinhas em folha, prontas a serem trocadas por quem der por elas acima de 10 vezes mais o seu valor real. Interessantíssi-mos, estes negócios da China.

IIA avaliar por informação que circula, há um cidadão de nacionalidade portuguesa condenado à morte no continente chinês. Algumas figuras e instituições exteriores a Macau - a Aministia Internacional é um dos exemplos - pedem clemência ou reclamam a propósito dessa penalização que tirará a vida a um português com residência oficial em Macau. De Portugal, chega o apelo da presidente da Assembleia da República. Que dizem algumas instituições macaenses?

III

Belíssima apresentação de Nancy Vieira no Fórum. Nem a profusão de mau-gosto numa completamente desajustada, tipo psicadé-licos anos 60´ para pior, das imagens que faziam a cenografia do palco, atrás da artista, conseguiram perturbar. Ninguém conseguiu dizer ao autor daquilo que, naquela ocasião, deixasse de se divertir com o brinquedo e se limitasse a filmar os melhores ângulos do concerto? Já nas duas anteriores apresenta-ções dos outros músicos, tinha acontecido as mesmíssimas e, portanto, repetitivas brinca-deiras tipo background-repeat, sem critério e capazes de destruir qualquer espectáculo. O público, como habitualmente, foi tolerante, resolvendo concentrar as atenções no palco, por entender, bem, que estava perante um concerto raro entre nós. Portanto, merecedor de todo uma série de cuidados prévios.

Não é frequente recebermos em Macau intérpretes da música cabo-verdiana ao mais alto nível, como foi agora o exemplo inesquecível de Nancy Vieira. Já se sabia dos discos e de um ou outro apontamento na televisão de Portugal: enorme competência

O valor da pataca no continente chinês

“Belíssima apresentação de Nancy Vieira no Fórum. Nem a profusão de mau-gosto numa completamente desajustada, tipo psicadélicos anos 60 ́para pior, das imagens que faziam a cenografia do palco, atrás da artista, conseguiram perturbar. Ninguém conseguiu dizer ao autor daquilo que, naquela ocasião, deixasse de se divertir com o brinquedo e se limitasse a filmar os melhores ângulos do concerto? Já nas duas anteriores apresentações dos outros músicos, tinha acontecido as mesmíssimas e, portanto, repetitivas brincadeiras tipo background-repeat, sem critério e capazes de destruir qualquer espectáculo”

na perfeita interligação com os músicos e também com o público - provavelmente 99,9% falantes de português. Dos 4 músicos, há que mencionar a excelência. Da cantora, saliente-se o seu completo despojamento em relação a truques e a tiques. Nancy foi ela própria, no seu talento também reconheci-do internacionalmente, na viva e generosa simpatia, no profissionalíssimo engenho com que nos ofereceu essa singular e contagiante música de Cabo Verde. Muito feliz ideia da organização (“Rota das Letras”) em trazê-la até Macau.

IVEm Portugal, volta a falar-se tanto na ma-çonaria que até parece uma operação de marketing encomendada pelos maçons. Por pouco não se chegará ao conceito de que quem não é da maçonaria não é bom chefe de família. Sempre é melhor do que quem não é maçon não sobe muito na vida. Circuns-tância efemérica: precisamente há 234 anos Voltaire era iniciado na maçonaria, numa cerimónia, diz-se, de grande envergadura. Voltaire que, com ou sem a sua acentuada sátira, defendeu tantas vezes as liberdades civis e religiosas.

Como o tempo realmente voa rápido (algumas vezes): Completam-se agora 28 anos que pela primeira vez (que se saiba) um homem andava “livre” no espaço, com uma mochila às costas. Seu nome, Bruce McCandless II, norte-americano, hoje com

74 anos. A sua mochila que levava no voo espacial organizado pela NASA, era propul-sora. Chamava-se MMU (Manned Maneu-vering Unit). Ficou mais ou menos célebre o seu comentário depois desse voo em que

saíu da nave, aparentemente de cabeça para baixo, preso a um cordão (há imagens disso), e esteve “voando” perto da nave espacial: “Pode ter sido um grande passo para o Neil (referência às palavras de Neil Armstrong “um grande passo para a humanidade”, quan-do poisou na Lua em 1969), mas podem estar certos de que foi um grande passo para mim”.

VMemórias de Fidel Castro. Reaparecido para o acto político de apresentar um livro de memórias - “Guerrillero del tiempo”. O antigo chefe da revolução cubana, hoje com 85 anos e sem actividade formal há 6, desde a célebre queda em público que o levou aos hospitais até hoje, terá conversado, em fato de treino, durante 6 horas, com os convidados escolhidos a dedo para a “vernissage” em circuito fechado. A autoria do livro, com cerca de 1 000 páginas, pertence a Katiuska Blanco, escritora e jornalista da sua con-fiança, naturalmente. Não é a primeira vez que são publicadas supostas memórias de Fidel. Estas, segundo as notícias, começam com recordações de infância e terminam em Dezembro de 1958, nas vésperas do triunfo do movimento guerrilheiro sobre Fulgêncio Baptista.

Escassos dias atrás, Dilma Rousseff, presidente do Brasil, visitou Fidel Castro em Habana. Não se sabe se houve tempo de o ex-comandante lhe dar, autografado, este livro de memórias.

Page 19: Hoje Macau 7 FEV 2012 #2544

caderno diár ioPedro Correia

19opiniãoterça-feira 7.2.2012 www.hojemacau.com.mo

Propriedade Fábrica de Notícias, Lda Director Carlos Morais José Editores Nuno G. Pereira; Gonçalo Lobo Pinheiro Redacção Andreia Sofia Silva; Joana Freitas; José C. Mendes; Virginia Leung; Rita Marques Ramos (estagiária) Colaboradores António Falcão; António Graça de Abreu; Carlos Picassinos; Hugo Pinto; Marco Carvalho; Maria João Belchior (Pequim); Michel Reis; Rui Cascais; Sérgio Fonseca; Tiago Quadros; Vanessa Amaro Colunistas Arnaldo Gonçalves; Boi Luxo; Carlos M. Cordeiro; Correia Marques; Helder Fernando; Jorge Rodrigues Simão; José I. Duarte, José Pereira Coutinho, Marinho de Bastos; Paul Chan Wai Chi; Pedro Correia; Peng Zhonglian Cartoonista Steph Grafismo Catarina Lau; Paulo Borges Ilustração Rui Rasquinho Agências Lusa; Xinhua Fotografia António Falcão, Gonçalo Lobo Pinheiro; Lusa; GCS; Xinhua Secretária de redacção e Publicidade Madalena da Silva ([email protected]) Assistente de marketing Vincent Vong Impressão Tipografia Welfare Morada Calçada de Santo Agostinho, n.º 19, Centro Comercial Nam Yue, 6.º andar A, Macau Telefone 28752401 Fax 28752405 e-mail [email protected] Sítio www.hojemacau.com.mo

SEGUNDA, 30 Um homem acossado num quarto alugado aguarda com crescente impaciência o desenrolar das horas. Terá um encontro com outro, integrado na mesma rede clandestina, quando a noite se abater sobre a cidade envolta em nevoeiro. Mas afinal aquela noite, aquela névoa densa, são mais que isso, como um leitor atento rapidamente perceberá: são metáforas de um país asfixiado por uma ditadura.

Nisto se resume Nevoeiro sobre a Cidade, o conto inaugural de uma das mais notáveis obras portuguesas do género: O Dia Cinzento e Outros Contos (1944). Bastaria este livro para consagrar o seu autor, Mário Dionísio, entre os melhores prosadores do nosso século XX, tão fértil em efémeros valores literários - à época enaltecidos em função de simpatias ideológicas ou clubismos políticos - que hoje são simplesmente ilegíveis.

Como tantas vezes sucede com obras que acabam por transcender o contexto em que foram escritas, o livro foi acolhido com reservas e frieza pelos próprios cultores do neo-realismo, corrente estética em que Dionísio se integrava. Criticaram-lhe a prosa despojada, a economia de meios, o olhar quase fotográfico, a aparente ausência de estilo - “esse estilo que, para lembrar um dito célebre, rangia em muitas obras como as botas novas de um noivo de aldeia e que era preciso começar por destruir”, anotava o autor em prefácio à quarta edição d’O Dia Cinzento (Publicações Europa-América, 1977). Todos estes críticos foram incapazes de captar o essen-cial: aquilo que contestavam em Dionísio era afinal o mais sólido e perdurável da sua obra.

“Não havia sol há muitos dias. Uma luz fosca velava, por ali abaixo, a massa acidentada dos telhados, tufos de árvores, algumas ruas já com luz. Tudo impreciso e distante. Mesmo os telhados mais próximos, a torre da igreja, se esbatiam na névoa. E, dentro de casa, havia uma outra névoa que encobria as pessoas. As deformava, as isolava.” Neste conto, como acontece em poucos outros, a atmosfera é tão forte e tão sugestiva que acaba por tornar-se o próprio motor da história. Em mais de um senti-do da expressão, pois Nevoeiro na Cidade é um produto exemplar daquilo que noutros tempos se chamou literatura engagée - uma literatura comprometida com a sua época e que faz desse compromisso a sua causa justificativa acima de considerações estéticas. Como Dioníso admite

“Por vezes lembro-me: na adolescência, no ensino secundário, tive um professor tipo Stevie Wonder. Professor de História. Era cego: sempre de óculos escuros e com um sorriso bondoso estampado na face. Meu Deus, que bagunçada reinava naquela sala de aulas enquanto ele discorria sobre a matéria”

no prefácio, o objectivo era contribuir para a transformação do mundo.”Entre escrever um livro e preparar uma manifestação, distribuir a imprensa clandestina e cumprir qualquer outra tarefa de organização ou agitação não havia diferença apreciável.”

Vivia-se o auge da guerra, vivia-se o auge do salazarismo, lutar era um imperativo cívico, escrever sem esse fito era um luxo quase im-perdoável. Para conferir um selo de urgência acrescida à sua escrita e contornar simultane-amente as malhas da censura, Mário Dionísio atribuiu na versão original de Nevoeiro na Cidade nomes franceses às suas personagens: Edmond, Louis, Evelyne, Suzanne. A ideia era ocultar sob os bastidores da Resistência ao regime de Vichy na França ocupada a acção das redes comunistas clandestinas em Portugal. Augusto Abelaira viria a fazer algo semelhante quase década e meia mais tarde no seu romance A Cidade das Flores, ao utilizar Florença como disfarce para a Lisboa de Salazar.

Dionísio desfez o ardil na segunda edição d’O Dia Cinzento - datada de 1967, com alterações e ampliações de diversa ordem -, quando a censura se tornou menos severa. Sem deixar de se surpreender com o facto de alguns dos leitores supostamente mais inteligentes da primeira versão do conto mal tivessem enten-dido que a cidade nunca nomeada no original cenário francês era afinal Lisboa. Uma incom-preensão que entroncava com outra das críticas que na década de 40 lhe fizeram à esquerda: enquanto a esmagadora maioria dos autores da primeira corrente neo-realista optava por temáticas rurais, também para melhor iludir os censores, em O Dia Cinzento não há marcas de ruralidade. Nisto Dionísio é precursor, como o é também na sua linguagem adaptada a um olhar cinematográfico, que viria a influenciar vários autores. Um deles, José Cardoso Pires, reconheceria sem rodeios que este livro contri-buiu para a sua “formação de escritor”.

Os neo-realistas como Mário Dionísio escreviam sobre um mundo a preto e branco que era o da sua geração. Talvez por isso, Nevoeiro na Cidade pode também hoje ser lido quase como um thriller: há nele ambi-ências de filme noir - a tal ponto que admira como é que este conto nunca foi transposto para um guião cinematográfico.

Os tempos alteraram-se, as correntes es-téticas também. Mas confesso que é sempre

com emoção que regresso a este livro, a esta história, a este parágrafo inicial: “Os dedos grossos passaram no trinco, no buraco da chave, na lingueta. Só depois empurraram a porta devagar. O fecho estalou.”

A política muda, a literatura subsiste. Haja nevoeiro ou haja sol.

QUARTA, 1 Passamos demasiado tempo imersos na cultura da vingança, do olho--por-olho, do salve-se quem puder, para atentarmos na virtude do perdão. A própria palavra - perdão - tem hoje ressonâncias obsoletas, como algo irremediavelmente ultrapassado. E o cinema contemporâneo, espelho fiel da mentalidade dominante, traz-nos quase invariavelmene histórias de vingança. De cá-se-fazem-cá-se-pagam.

Pensei nisto enquanto via Os Descendentes (The Descendants), de Alexander Payne, sur-preendente candidato a melhor filme de 2011 por designação da Academia de Hollywood. E surpreendente precisamente por vir contra a cultura dominante: é um filme terno, que sugere e não impõe, que prefere o sussurro ao grito e nos fala em linhas e entrelinhas da importância dos laços humanos num mundo que se vai desumanizando a olhos vistos.

Este era já um traço dominante em filmes anteriores de Payne, como About Schmidt e Sideways: o da revalorização dos pequenos gestos do quotidiano, necessários à cons-trução de uma sociedade mais amena, mais amável, mais tolerante e tolerável.

Não desvendo a trama nem necessito disso para acentuar a notável capacidade de ludíbrio do realizador, que a todo o instante parece encaminhar o filme para um clássico enredo

em torno de um ajuste de contas e afinal opta pelo rumo menos previsível, à margem das convenções de género - ao ponto de nunca sabermos bem se estamos perante um drama ou uma comédia. A indefinição, neste caso, contribui para o inesperado fascínio deste filme sem personagens exemplares nem pirotecnia tecnológica que confirma Payne como excelente director de actores, militante de um cinema onde o indivíduo se sobrepõe ao Estado e o ser humano se sobrepõe à máquina.

É talvez desconcertante para alguns que tudo isto se passe no luxuriante Havai com os seus cenários de bilhete postal. Mas como o próprio narrador (George Clooney, numa notável interpretação que já lhe valeu também uma designação para o Óscar) nos adverte logo de início, ao apresentar-nos a mulher há 23 dias em coma, também neste cenário de paraíso ocorrem tragédias, o que nos deve servir de especial aviso.

Nós, cinéfilos, até já sabíamos, embora talvez andássemos esquecidos: é o Havai que serve de cenário a esse magnífico filme de amor e guerra chamado Até à Eternidade (Fred Zinnemann, 1953). E nenhum paraíso está imune à semente do mal. Pearl Harbor aconteceu precisamente ali.

SEXTA, 3 Por vezes lembro-me: na adoles-cência, no ensino secundário, tive um professor tipo Stevie Wonder. Professor de História. Era cego: sempre de óculos escuros e com um sorriso bondoso estampado na face. Meu Deus, que bagunçada reinava naquela sala de aulas enquanto ele discorria sobre a matéria...

Aprendi alguma coisa naquelas aulas? Julgo que não aprendi coisa nenhuma. Pelo menos relacionada com História. Mas sobrevivemos a isso, sobrevivemos a tudo. Nessa altura com um Estado muito menos paternal, com uma sociedade muito menos maternal, com muito menos correcção política a ditar regras omnipresentes, mas com muito mais saídas profissionais. Ninguém punha sequer a hipó-tese de não ingressar no mercado de trabalho, ninguém receava por dias de desemprego. A escola estava muito mais próxima da vida.

Nada a ver com os dias de hoje.

SÁBADO, 4 A frase da semana: «Interes-sa-me o futuro porque é lá que irei passar o resto dos meus dias.» (Woody Allen)

Page 20: Hoje Macau 7 FEV 2012 #2544

terça-feira 7.2.2012www.hojemacau.com.mo

Ciclone Num mundo de inteligência normal, uma certa discriminação é coisa perfeitamente natural. POR FERNANDO

Portugal Madonna vai actuar em CoimbraSegundo o Jornal de Notícias, a cantora Madonna actua no Estádio Cidade de Coimbra no dia 24 de Junho. Luís Providência, da Câmara Municipal de Coimbra, disse que, caso os bilhetes esgotem, “haverá a possibilidade de ter um segundo concerto”. Contudo, “ainda há pormenores a acertar”.

Facebook Pai empresta e ganha 60 milhões Edward Zuckerberg, um simples dentista da localidade de Dobbs Ferry, nos Estados Unidos, ganhou a sorte grande pelo facto de ser pai de Mark Zuckerberg. Quando o filho criou o Facebook, emprestou-lhe dois mil dólares para o início da rede social. Depois do sucesso mundial da cotação da empresa em bolsa, Edward tem agora acções no valor de 60 milhões de dólares.

Paquistão Fábrica desaba e mata 6O desabamento de uma fábrica que ocorreu ontem em Lahore, no Paquistão, provocou a morte de quatro mulheres e duas crianças, prevendo-se que entre 45 e 50 pessoas ainda estejam desaparecidas nos escombros. A queda do edifício de três andares foi provocada por uma explosão.

Filipinas Sismo causou 14 mortosUm sismo de magnitude de 6,8 na escala de Ritcher ocorreu ontem por volta das 11 horas entre as ilhas de Negros e Cebu, nas Filipinas, seguido de uma réplica com escala de 6,2. Segundo as autoridades, 14 pessoas morreram e 29 continuam desaparecidas. O Serviço Geofísico dos Estados Unidos informou que não foi emitido até ao momento qualquer alerta de tsunami.

Finlândia Sauli Niinistö é o novo presidenteA segunda volta das eleições para as presidenciais na Finlândia deu a vitória ao conservador e pró-europeu Sauli Niinistö, eleito ontem com 62,2% dos votos. O antigo ministro das Finanças finlandês conseguiu assim uma larga maioria sobre o seu adversário, o ecologista e liberal Pekka Havisto, que obteve apenas 37,4% dos votos.

Reino Unido Isabel II é rainha há 60 anosComeçaram ontem as celebrações dos 60 anos de reinado de Isabel II, uma efeméride intitulada jubileu de diamante. Ontem decorreu uma missa em Norfolk, estando previstos mais acontecimentos no Verão. Aos 85 anos, Isabel II é a segunda monarca que mais tempo esteve no trono, a seguir à sua trisavó, a rainha Vitória.

Síria Mais 50 mortos em HomsUma ofensiva dos militares da Síria contra as forças revoltosas do país gerou ontem 50 mortos no bairro de Baba Amro, em Homs. Estes dados foram apontados por um responsável do Conselho Nacional Sírio, depois de um bombardeamento que foi considerado dos mais violentos. Os bairros de Khalidiya, Bayada e Bab Dreib também foram alvo das tropas militares.

Avaria afectou rede de fibra óptica

CTM não sabe causas das falhas móveis

car toon por Steff MAÇÃ PODRE

Andreia Sofia [email protected]

DEPOIS da quebra de comunicação na inter-net e nos telemóveis, ocorrida ontem à tarde,

a CTM ainda não sabe as causas do problema e quantos clientes foram afectados. Thomas Lui, responsá-vel pelos serviços de rede da ope-radora, afirmou que o problema só afectou os clientes que aderiram à rede de transmissão de fibra óptica. Contudo, como existem serviços da CTM adjudicados a esta rede, a falha acabou por se expandir, afectando as comunicações de milhares de pessoas.

Para além da CTM, onde a situação foi “mais grave”, outras

operadoras foram afectadas, como a Smartone ou a China Telecom.

Para já, a empresa de teleco-municações tem um prazo de 24 horas para entregar ao Governo um relatório preliminar de análise à questão.

“Temos de esperar mais tempo para ter o relatório pormeno-rizado, porque é um problema complicado. Não temos técnicos a trabalhar com a CTM. Esta tem de trabalhar com o fornecedor de software, que vai chegar em breve”, disse Lawrence Keong, da Direcção dos Serviços de Regulação em Telecomunicações (DSRT).

“Não é um software específico para a CTM, funciona para os operadores em geral. Temos de

procurar a relação atrás deste pro-blema, porque noutros países não encontramos este problema e em Macau sim. Neste momento não posso dizer qual é o problema, mas a CTM tem de prestar atenção”, adiantou Lawrence Keong.

Em comunicado, a CTM anun-ciou que a situação foi normalizada ontem, por volta das 22h30.

MAIS UMA REDE?Sem uma análise concreta das causas da avaria, o Governo ainda não sabe quais as penalizações que poderão ser aplicadas à operadora de comunicações. “Temos de rece-ber o relatório para saber mais por-menores sobre este problema. Se a CTM for responsável, temos de observar o contrato de concessão bem como as respectivas licenças, para sabermos se há algo a impor”, disse o responsável pela DSRT.

Lawrence Keong não deixou, contudo, de referir a possibilidade da criação de uma nova rede. “No futuro temos de pensar se há neces-sidade de instaurar mais uma rede que funcione em paralelo com a rede activa. Se existirem quaisquer problemas no futuro, a CTM pode utilizar outra rede para restaurar o serviço ao público”.