HOMENAGEM A MARIA ANGELA

TEXTO APRESENTADO POR MARIA AUXILIADORA ARANTES REPRESENTANDO A DIRETORIA DO INSTITUTO SEDES SAPIENTIAE

Momento de celebração da vida, dizem os católicos

Momento de recordar e lembrar, dizem os psicanalistas Momento de saudades, dizemos todos nós.

Resgato do folheto que a família distribuiu na missa de 7° dia as palavras de B. Brecht: Há pessoas que lutam um dia e são boas, Há outras que lutam um ano, são melhores Há aquelas que lutam por muitos anos e são muito boas Porém há as que lutam toda a vida: estas são as imprescindíveis. (Bertold Brecht - Adaptação) Angela exerceu o compromisso com a vida cidadã, que se materializou, de forma permanente, na dedicação à prática profissional implicada com os que foram afetados pela dor; pelas dores; pelo sofrimento psíquico e emocional. Dedicou-se aos atingidos pela violência de Estado, pela barbárie e exclusão que reverbera sobre gerações.

Acolheu com a mesma competência e paixão os excluídos e matáveis, os jovens pobres e vulnerabilizados pela injustiça social que chegaram em seu consultório, que chegaram na clínica do Instituto Sedes Sapientiae. Exerceu sua prática como psicóloga, psicanalista e analista institucional com a lucidez e coragem seguindo os princípios éticos da profissão que abraçou ao longo de sua trajetória como estudante, colega, amiga e companheira de trabalho. Não negociou princípios, cumprindo à risca a Carta de Princípios do Instituto Sedes Sapientiae e manteve como referência as bandeiras da justiça social, liberdade de expressão e defesa intransigente da dignidade da pessoa. A morte precoce de Angela me faz repetir o que escreveu o pai de José Carlos da Matta Machado, militante político assassinado pela Ditadura Civil Militar: Angela cumpriu um projeto de longa vida, apesar de sua curta existência entre nós. Que seu legado permaneça como lembrança e proposta de coragem e defesa dos melhores princípios que sustentam a dignidade dos seres humanos. Angela: presente agora e sempre.

São Paulo, 20 de maio de 2016