Homens, engenharias e rumos sociais..docx
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No prefácio, Freyre diz que “engenhar” remete a “inventar, engendrar,
maquinar”. Fácil conexão com a palavra “Engenharia”. Ele diz que “O engenheiro cuida
do emprego de dispositivos e de processos na conversão de recursos naturais ou
humanos em formas adequadas ao atendimento de necessidades do homem”. Homem
este que pode ser visto como o homem social, que inclui o homem econômico, o
homem político, o homem aprendiz e o homem lúdico. Todos estes estágios ou partes
do homem social têm sua função e suas necessidades ou clamores típicos. O que poderia
ser eventualmente descartado numa discussão em torno de engenharia, o homem lúdico,
na verdade é de suma importância e influencia fortemente nos outros três campos
avaliativos do homem. Tanto no político, quanto no econômico e no aprendiz.
Gilberto fala sobre três tipos de engenharia, e caracteriza-os. São elas a
engenharia física, a engenharia social e a engenharia humana. É traçado um paralelo
demonstrativo interessante com o Brasil Colônia: a divisão do Brasil em capitanias pode
ser considerada uma obra de engenharia social. A construção dos primeiros fortes, uma
obra de engenharia física. A adaptação de formas européias de corpo humano a redes
ameríndias de dormir, uma obra de engenharia humana.
A engenharia física é relacionada ao lado mecânico, operacional. Outro exemplo
importante de engenharia física hidráulica é a reação às secas nordestinas, com o
“engenho de escravizar águas”, por meio de tapagem, inspirada no comportamento do
castor da região, animal hábil em cavar a terra para cativar águas. Percebe-se uma obra
de engenharia física ecológica, mostrando que até a observação de animais pode resultar
em soluções úteis e inteligentes de engenharia física.
Certo pronunciamento de Osvaldo Lamartine dizia: “o problema das secas
estaria resolvido no dia em que as águas caídas das chuvas não chegassem ao mar”.
Nesse simples trecho podem relacionar-se as três vertentes da engenharia num só
propósito: um plano de engenharia física, que realizado por engenharia humana poderia
se transformar em clara obra de engenharia social. A engenharia física é a mais
evidente, a mais perceptível. Ela se manifesta em quase todas as coisas técnicas ou
construções, a serviço imediato dos homens. A engenharia humana cuida das relações
técnicas e ao mesmo tempo antropométricas do homem com essas coisas. Já a
engenharia social lida com as inter-relações de ordem social entre homens.
Vem sendo muito utilizado o nome engenharia para denominar e caracterizar
especialidades restritas, como engenharia médica por exemplo. Entende-se por
engenharia toda técnica de manipulação de coisas através de máquinas. Também pode
ser considerado em caso de órgãos e partes do corpo humano controlados ou mantidos
em funcionamento por alguma atividade mecânica.
A engenharia social lida mais com estruturas do que com funções, preocupando-
se com a criação de novas formas e de novos estilos de convivência social. A
engenharia social seria algo no sentido de “um esforço organizado para modificar as
instituições econômicas e sociais”, segundo o professor Roger M. Baldwin. Esse esforço
é o que a diferencia do serviço social, cujo campo de competência não abrangeria a
realização de mudanças essenciais nas estruturas sociais.
A engenharia humana é definida pelo professor Ernest J. McCormick como
“adaptação ao uso humano do espaço, equipamento e ambiente de trabalho”. Usam
como sinônimo da expressão “engenharia humana” as palavras “biomecânica” ou
“ergonomia”. Usa-se também a expressão “engenharia psicológica”. Percebe-se a
grande discrepância, e nota-se a complexidade da questão. É algo que interessa ao
engenheiro fisco e ao administrador ao mesmo tempo em que interessa ao antropólogo,
ao fisiólogo e ao psicólogo. Ela trata de saber como as atividades motoras do ser
humano interferem e se relacionam com o trabalho que cada um realiza dentro de seu
grupo social, cada diferente situação ou ocupação.
A engenharia humana se volta para a adaptação do homem a tecnologias e das
tecnologias ao homem, com critério de cunho científico. Percebe-se a ligação clara
inclusive com a revelia do homem em relação ao seu lar, sua escola, seu trabalho, sua
academia.
É facilmente notado também a relação da engenharia com a evolução no que diz
respeito ao conforto do homem social. Sendo importante perceber que um país
subdesenvolvido como o Brasil acaba ficando pra trás nesse sentido, uma vez que as
tecnologias acabam sendo desenvolvidas viradas para outros pólos e só são adaptadas à
nossa realidade. Será que os veículos anunciados e comercializados por aqui vêm
atendendo a sugestões ou instruções de engenheiros humanos? Ou será que semelhante
adaptação se refere apenas à adaptação de dispositivos motores e de formas de veículos
de origem européia às más condições das estradas brasileiras?
É plausível analisar a adaptação como sendo apenas física, somente às condições
físicas de espaço, sendo esquecido o homem e suas necessidades e anseios, seja por
conveniência ou conforto, seja por precisar ou apenas querer. Existem situações às quais
o homem pode ser preservado, um desgaste ou um stress. A engenharia, de carona no
desenvolvimento tecnológico, deveria ser cem por cento focada em realizar soluções
para facilitar a vida do homem, de cada homem, específico de cada meio ou sociedade.
Levanta-se sociologicamente, por Max Weber, a possibilidade de análise do
“processo de racionalização”, uma característica das sociedades modernas, referindo-se
ao impacto de uma série de transformações e reorientações na sociedade. Weber
compreende esse processo como fruto da maior aplicação das ciências não só naturais
como também sociais e de assuntos sociais. O homem moderno vive no meio de num tal
número inovações tecnológicas como que pós-modernas – novos tipos de avião, de
submarino, de automóvel, de barco, de trator, de máquinas de escrever, de calcular, de
lavar roupa, de secar, de gravar, de varrer, de refrigerar, de registrar, de computar, além
de novos processos de manufatura de ferro, de aço, de têxteis – que não está havendo
tempo para essas manifestações de racionalidade se conciliarem com suas persistentes
tendências no sentido de assegurar da constância de uma não de todo racional condição
humana e da constância do que há de ultra-racional na cultura humana: inclusive na
moderna.
O homem necessita do não-racional para sua segurança, sua estabilidade e,
conseqüentemente, para estimular e ajudar o desenvolvimento de sua criatividade.
Diversos entes conhecidamente importantes do intelecto humano estão intimamente
interligados, e são dependentes da boa condição física e social do homem. Daí a
importância extrema das engenharias, que divididas nesses três ramos – humana, social
e física – interferem positivamente nessa condição criada.
No Brasil, espera-se que ocorra um aumento significativo no número de
engenheiros formados no mercado. Não só no Brasil, mas em todo país em pleno
desenvolvimento e com potencial gerador de matriz e mão-de-obra. Isso foi observado
por exemplo nos Estados Unidos, nos últimos cinqüenta ou sessenta anos. Esse aumento
é relacionado à expansão das chamadas ‘indústrias científicas’. Essa cientificização das
indústrias requer um maior número de engenheiros capacitados, requer desenvolvimento
de laboratórios de pesquisa e requer a união do engenheiro prático ao engenheiro
pesquisador. E foi com a pesquisa científica em torno dos problemas de indústrias
particulares e de obras públicas, dependentes, para a sua solução, da técnica e da
administração de engenheiros, que a figura do engenheiro humano começou a emergir
com o seu moderno contorno.
Percebemos, cada vez mais, que a mobilidade dos capitais internacionais exige a
precisão e a definição do investimento em reciclagem técnica. Acima de tudo, é
fundamental ressaltar que a adoção de políticas descentralizadoras nos obriga à análise
das direções preferenciais no sentido do progresso. Assim mesmo, o acompanhamento
das preferências de consumo promove a alavancagem do orçamento setorial. É claro
que o entendimento das metas propostas estimula a padronização das posturas dos
órgãos dirigentes com relação às suas atribuições. Órgãos estes que devem ser
municiados de noções de engenharia social e humana.
É ponto correto abordado por Freyre o fato de que o pesquisador científico
estatal não deve ser tratado como burocrata qualquer. O apoio governamental dado a
estes campos é prova suficiente de que resultados são colhidos e contém grande valor
agregado. Exemplo claro desse apoio governamental é a conhecida postura norte-
americana e soviética nas missões de viagem à Lua.
Evidentemente, a expansão dos mercados mundiais ainda não demonstrou
convincentemente que vai participar na mudança do levantamento das variáveis
envolvidas. No mundo atual, o desenvolvimento contínuo de distintas formas de atuação
afeta positivamente a correta previsão das novas proposições. A engenharia humana, a
cada dia, prova que a consolidação das estruturas deve passar por modificações
independentemente do sistema de participação geral. As experiências acumuladas
demonstram que o comprometimento entre as classes é uma das consequências do
remanejamento dos quadros funcionais.
O incentivo ao avanço tecnológico, assim como o consenso sobre a necessidade
de qualificação oferece uma interessante oportunidade para verificação dos
conhecimentos estratégicos para atingir a excelência. Ainda assim, existem dúvidas a
respeito de como o julgamento imparcial das eventualidades causa impacto indireto na
reavaliação dos métodos utilizados na avaliação de resultados. Por outro lado, o início
da atividade geral de formação de atitudes agrega valor ao estabelecimento do fluxo de
informações. É importante questionar o quanto a estrutura atual da organização estende
o alcance e a importância de todos os recursos funcionais envolvidos.
Por conseguinte, o comprometimento entre as classes acarretaria um processo de
reformulação e modernização do levantamento das questões envolvidas. Ainda assim,
existem dúvidas a respeito de como o desenvolvimento contínuo de distintas formas de
atuação pode nos levar a considerar a reestruturação do que já vem sendo criado e
adaptado a tanto tempo. Pode-se vislumbrar o modo pelo qual a consulta aos diversos
tipos de cidadãos facilitaria a criação de alternativas às soluções clássicas e
generalizadas. O cuidado em identificar pontos críticos no dia-a-dia estende o alcance e
a importância dos relacionamentos verticais.
O que temos que ter sempre em mente é que a constante divulgação das
informações exige a precisão e a definição das direções preferenciais no sentido do
progresso. É importante questionar o quanto a percepção das dificuldades oferece uma
interessante oportunidade para verificação do sistema de participação geral.
Aproveitando das facilidades que a própria tecnologia oferece hoje, abre-se uma
possibilidade de ir ao encontro das informações que fariam da engenharia uma
ferramenta mais completa e que serve ao homem com mais propriedade e eficácia.
A engenharia humana nos auxilia a lidar com o entendimento das metas
propostas e possibilita uma melhor visão global até da questão social, que poderia ser
regida pela sua própria engenharia. Ainda assim é importante pensar a respeito de como
o comprometimento entre engenharia e as pessoas maximiza as possibilidades do
investimento no conforto. O empenho em analisar a complexidade dos estudos
efetuados prepara-nos para enfrentar situações atípicas decorrentes de casos nada
convencionais. Evidentemente, o início da atividade geral de formação de atitudes
cumpre um papel essencial na formulação dos índices pretendidos.