Homilética - Severino dos Ramos de Sousa
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S E V E R IN O D O S R A M O S D E S O U S A
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Todos os direitos reservados. Copyright © 1999.
Revisao : H.D.Silva
Diagramacao: A.P.s.
lustracao &Capa: A.P.S.
Impressao e acabamento: Ed.Betiinia.
DEDICATORIA
Ao Mestre dos Mestres (Mt. 11.29).
Oados Internacionais de Cataloga<;ao na Publica<;ao (CIP)
A minha familia»
Esposa: Joaquina A. Damasceno Sousa
Filhos: Tiago, Davi e Felipe.
I . Homilerica 2. Oratoria 3. Esbocos de Mensagens
Aos meus incentivadores, conselheiros e doutrinadores:
ProAlvaro Alen Sanches: Presidente da Igreja Assembleia de Deus,
Uberlandia - MG.
Pr. Euripedes Angelo de Menezes: 1 0 Vice-residente da Igreja
Assembleia de Deus, Uberlandia - MG
Pr. Vanderly Gomes Pereira: 20Vice-Presidente da Igreja Assembleia
de Deus, Uberlandia - MG.
Pr. Acacio Soares Martins - DF.
ProNapoleao Falcao - GO.
ProElienai Cabral - DF.ProJales Antonio de Oliveira - Uberlandia - MG.
ProJair Fernandes de Oliveira - Uberlandia - MG.
ProAntonio de Carvalho - Uberlandia - MG.
ProManoel Pedro da Silva - DF.
Rev. Valmir Pereira dos Santos - Uberlandia - MG.
Rev. Argemiro Pacifico da Silva - Uberlandia - MG.
E suas respectivas esposas.
SOUSA, Severino dos Ramos de, 1959-
HOMILETICA, A Eloquencia da Pregacao f Severino dos
Ramos de Souza. - Curi tiba: A.D.SANTOS EDITORA, 1999.
ISBN - 85-7459-002-9
CDD- 250
P Edicao - 3.000 Exemplares - Fev/99.
Edicao e Distribuicao:Meus Agradecimentos:
~i .~
II.AI. Dr. Carlos de Carvalho, 111 Lj. 14 - Centro - Curit iba - PR - 80410-180
CGC 76413.178/0001-26 - SEDE PR6PRIA - FonelFax (041) 223.0801 1223.6743
E-Mail: [email protected]
A Fundacao Cultural e Assistencial Filadelfia - Uberlandia, MG.
Diacono Jose Rivalino de Oliveira.
Ao Conjunto Apocalipse - Uberlandia, MG.
Ao Conjunto Orvalho de Hermon - Uberlandia, MG.
Aos demais Pastores, Evangelistas, Presbiteros Diaconos, companhei-
ros de ministerio, irmaos e amigos em gera1, a minha gratidao.
11 iii
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PREFAcIO
do pregador no coracao do pregador; A oracao coloca
o coracao do pregador no sermao do pregador".
Alem disso, a pessoa que deseja pregar a
mensagem do Livro deve, tambern, ser uma pessoa do
Livro. Tern que estudar as Escrituras nao apenas a tim
de tirar uma mensagem para sua congregacao, mas ha
de viver no Livro. A palavra de Deus deve tomar -sesua comida e bebida. Enquanto viver e necessario
passar muitas horas todas as semanas em estudo
diligente da Biblia, deve saturar-se da palavra de Deus
ate que ela the domine 0 coracao e a alma, ao ponto
de, com Jeremias, poder dizer: "isso me foi no coracao
como fogo ardente, encerrado nos meus ossos; Ja
desfaleco de sofrer, e nao posso mais" (Jeremias
20.9).Que 0 Senhor nos conceda, nestes dias de
necessidade sem precedentes, homens de Deus que
amem a Jesus Cristo acima de tudo e preguem a sua
palavra de tal forma que possam atrair e ganhar outros
para ele.
Este livro foi escrito com a intencao de
colaborar com os alunos e professores de seminariosfaculdades teologicas e institutos biblicos, que s~
preocupam obrigatoriamente com essa materia; com
pastores que estejam ministrando cursos intensivos a
membros de sua igreja; e com pregadores leigos.
D~vo atirmar, e faze-Io enfaticamente, que 0
fator mats importante no preparo de sermoes e a
prepar~9ao do coracao do proprio pregador.
Quantidade alguma de conhecimento, aprendizagem
ou talento natural pode substituir 0 coracao fervoroso
humilde e consagrado, que anseia cada vez mais por
Cristo. Somente a pessoa que anda com Deus eleva
uma vida santa pode inspirar outros a crescerem na
gra?a e no conhecimento de Cristo. Tal pessoa passara
muito tempo em secreto com Jesus, tendo comunhao
diaria, ininterrupta e prolongada com ele e sua
palavra.
o pregador tambem deve ser urn homem de
oracao que, sobre os joelhos, aprendeu a arte do
combate Santo. Como Daniel, ele deve ter 0 habito de
orar e enco~,tr~ 0 tempo, ou melhor, tirar 0 tempo
para orar diaria e regularmente em particular. Seus
~erm5es nao serao, pois, produto de urn mero esforco
intelectual, mas mensagens enviadas do ceu em
resposta a oracao, E.M. Bounds, poderoso homem de
oracao, disse em verdade: "A oracao coloca 0 sermao
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Pagina
EXEGESE ESTRUTURAL 57
EXEGESE GRAMATICO-HISTORICA 57
EXEGESE TEOLOGICA 58UMAruo
PRIMEIRA PARTE
I. A ORIGEM DA HOMILETICA I
I . A origem da palavra I
2. A origem da conversa 3
3. A origeTJ?do discurso 3
~.-_~ ~E~~~~A :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: :
3. - A HOMILETICA 8
II. HOMILETICA E ELOQUENCIA 17
1.0 ASSUNTO 18
Conhecer 0 assunto 18
Ter conviccao 19
2. AS PALAVRAS 20
Propriedade 20
Disposicao 20
Fluencia 21
Elegancia 21
Emocao 21
A ESPIRITUALIDADE 23
III. HOMILETICA E COMUNICA<;Ao 27
1. A mensagem : 32
2. Veiculo 32
3. Destaque 32
4. Intensidade da voz 33
Natural. Intensidade vocal adequada 33
Tecnica-ambiental, Acustica 33
Tecnico-eletronico. Equipamentos de som 33
5. Personalidade 34
VIII. HOMILETICA, TEXTO E CONTEXTO 61
IX. HOMILETICA E TlPOS DE SERMOES 65
I. Doutrinas ou doutrinarios 65
2. Evangelizantes 66
X. HOMILETICA E CUL TURA 69
SEGUNDA PARTEPREP ARA<;Ao DO SERMAo 73
XI. OS ELEMENTOS BAslCOS DO SERMAo 73
1.0 motivo 73
2. A maneira pessoal do orador 73
3. A coisa que vai falar 74
4. A forma de falar 74
I. TiTULO 75
2. TEXTO 75
3. TEMA 75
4. INTRODUC;Ao OU EXORDIO 765. TESE 76
6. ARGUMENTAC;Ao OU ASSUNTO 76
7. CONCLUsAo 78
8. APELO 78
IV. HOMILET!CA E ESTILO 37
CLASSIFICAC;AO DOS ESTILOS 38
V. HOMILETICA E TEOLOGIA 43
VI. HOMILETICA E EVANGELIZA<;Ao 51
VII. HOMILETICA, HERMENEUTICA E EXEGESE 55
I . A Hermeneutica e a ciencia da interpret acao
textual 55
2. A Exegese e a arte de expor uma ideia 57
XII. 0 PREP ARO DO SERMAo 79
1.0 TEXTO 79
2. Coleta de textos 80
EXEMPLOS DE COMO USAR UM TEXTO 85
3.0 TEMA 90
Tipos de temas 91
Posicao do tema 92Pontes de temas 93
4. A TESE 96
COMO FORMULAR A TESE 97
A INTRODUC;Ao 102
o ASSUNTO OU A ARGUMENTAC;Ao 105
EXEMPLOS DE ANALISE DE ASSUNTOS 108
XIII. A ESQUEMATIZA<;Ao DO SERMAo 125
COMO USAR 0 TEXTO 132
COMO EXPOR 0 TiTULO 136
COMO FAZER A INTRODUC;Ao 137
COMO EXPOR A TESE 138
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COMO EXPOR 0 ASSlJNTO OU A }·.RGUMENTACAo 139
COMO EXPOR A CONCLUsAo 14 0
COMO FAZER 0 APELO 14 1
PRIME IRA PARTE
INTRODUCAOXIV. METODOS DE EXPOSI<;AO 143
XV. FORMAS DE EXPOSI<;AO 145
1.A Leitura do Sermao 14 5
2. A memorizacao parcial do esquema 148
3. A Mernorizacao Total do Esquema 14 8
CAPiTULO I
XVI. ORIGINALIDADE, PLAGIO E IMPROVISO 151
I. Originalidade 151
2. Plagio 152
3. Improviso 154
A ORIGEM DA HOMILETICA
XVII. A ILUSTRA<;AO : 155
1. Tipos de Ilustracoes 155
2. Vantagens da Ilustracao 157
3. Cuidados a observar 158
Antes de falarmos sobre a ongem da
Homiletica propriamente dita, vamos pensar urn
pouco (numa rapida incursao pela biologia, psicologia
e sociologia), sobre a origem da palavra.
XVIII. A PERSONALIDADE DO PREGADOR 159
I. Perfeicao Espiritual 159
2. Perfil Moral 160
3. Perfil Intelectual 16 0
4. Perfil Psicologico 160
5. Perfil Fisico 161
6. Perfil Sonoro 162
7. Perfil Social : 163
1. A origem da palavra
TERCECIRA PARTE
MODELOS E INDlCE DE ASSUNTOS 167
A palavra e urn veiculo de comunicacao. Ela
pode ser expressa por sinais corporais (gestos),
sonoros (fala), graficos (escrita), luminosos (luzes) e
outros.
A palavra falada (sonora) e urn fenomeno
bio-psiquico-social. Bio 16gico, porque ela s6 e
possivel a urn ser dotado de urn cerebro capaz de
comandar urn sofisticado sistema nervoso que atue
sobre todo urn sistema fonador, capaz de articular,
detalhadamente, os mais complexos sons da voz.
Psico 16gico, porque esse cerebro tern que produzir
pensamentos concretos e abstratos e atuar sobre
glandulas secretoras dos mais diversos hormonios,
que condicionam as emocoes e os estados mentais. E
socio 16gico, porque esse cerebro tern que reconhecer
QUARTA PARTE
ESBOCOS PARA SERMOES 177
REFERENCIAS BlBLlOGWICAS 183
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2 H o rn ile nc a - A E lo q O em c ia d a Preqacao 3
o valor dos individuos de sua especie e possuir urn
componente racional e emocional que 0 leve ao
sacrificio de desenvolver 0 complicado sistema de
comunicacao fundamentado na palavra.
A palavra possui dois elementos basicos: 0
material (som), que recebe 0 nome especial devocabulo ' e 0 imaterial (ideia), que recebe 0 nome de
termo.Inicialmente, a palavra representava apenas
uma ideia nominativa, isto e, era 0 nome de uma
coisa, de uma acao ou de urn sentimento. A rigor, 0
nome e uma forma de definicao, pois ele identifica e
define 0 objeto, embora de modo parcial e as vezes
imperfeito. Depois a palavra passou a representar uma
ideia elaborada, isto e, urn pensamento completo. Do
fonema, ela passou a oracao e a frase. Da fonetica, foi
para sintaxe.
Sem duvida, foi 0 convivio social que obrigou
o homem a por nomes nas coisas, a organizar as suas
ideias e a desenvolver 0 complicado mecanismo da
comunicacao oral, baseado na palavra. (On 2.l9, 20).
Muito tempo depois de ter vocalizado a
palavra, 0 homem inventou a escrita. A escritacomecou com os pictogramas (desenhos de coisas ou
de figuras simbolicas), passou para os ideogramas
(sinais representativos de ideias), pelos hier6glifos
(desenhos representativos de sons vocais) e
finalmente chegou as letras (sinais represent ativos de
sons vocais).
2. A origem da conversa
o convivio social, que levou 0 homem a
inventar a palavra e a frase, produziu tambem a
conversa' ou conversacao, isto e, a troca de palavras.A conversa e urn dialogo 3 entre duas ou mais pessoas.
Os gregos davam a conversa 0 nome de
homilia (de onde nos veio a palavra homiletic a) e os
romanos a chamavam de sermonis (de onde nos veio
sermao).
Note que homilia e sermonis sao simples
sinonimos que significam apenas conversa.
3. A origem do discurso
o convivio social que produziu a palavra, a
frase e a conversa, tambem produziu 0 discurso.
Enquanto que a conversa e urn dialogo em que
o interlocutor tern uma participacao direta e real, 0
discurso e urn dialogo em que essa participacao e
direta, mas de forma imaginaria, No discurso, a
pessoa que fala, imagina que esta trocando ideias comos seus ouvintes e espectadores.
Ninguem sabe quando surgiu 0 discurso, mas
podemos imaginar como ele apareceu. Foi quando
alguem teve que alterar a intensida de de sua voz para
se comunicar com urn grupo de pes soas, pois 0
1 Com a invencao do a lfabeto, a escrita passou a ser uma
uma forma material da palavra.
2Dolatim conversatio. formada de cum, com+versare, virar.
Trocar ideia com outrem.
3Do grego dia, atraves+logos, palavra. Comunicacao atravesda palavra.
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4H or nl le tic a - A E lo q ue ln cia d a P re ga ga o 5
1- A RETORICA
Na democracia grega, os cidadaos se reuniam
nas pracas para participarem diretamente nas
discussoes e nas deliberacoes sobre os problemas
urbanos comuns. Era a democracia direta.
Logo se percebeu que os cidadaos fidantes, de
facil verbo, se expressavam mais adequadamente,dominavam a situacao, tomavam -se admirados pelas
multi does e galgavam os melhores postos na
comunidade. Nao demorou para que todo 0 mundo
desejasse conquistar os segredos dessa nova arte 6 e
nem demorou para que surgissem mestres
improvisados, que se espalharam por todo 0 pais.
Assim, a democracia grega nao so influenciava
o comportamento politico de seu povo, mas passava a
influir tambem na educacao, deteminando -lhe uma
nova filosofia educacional. Voltada para a politica, a
educacao adquiria uma nova finalidade: preparar os
cidadaos para a vida publica, a fim de que tivessem
maior participacao nos destinos da sociedade.
Falar em publico, tomou-se a coqueluche
grega. Era a coisa de que todos precisavam e que
deviam aprender. Entao surgiu a RETORICA.
A palavra reterica e grega e deriva de retos,palavra falada. 0 retor, entre os gregos, era 0 orador
de uma assembleia. Entre nos, entretanto, a palavra
retor veio a ter 0 significado pomposo de "mestre de
oratoria". 0 primeiro homem a tracar as normas de
discurso tern essas duas marcas de identidade: a
pessoa fala a urn grupo, a uma coletividade; e por
causa disso, a pessoa tern que falar alto, isto e , ternque aumentar a intensidade ou tonalidade de sua voz.
Assim, urn pai que tivesse que aumentar 0 volume de
sua voz para orientar ou dar ordens a seus filhos, teriafeito urn discurso. Urn general, que tivesse que se
dirigir a seus comandados para orienta-los sobre a
batalha, estaria fazendo urn discurso. Urn rei, que
precisasse gritar para se comunicar com seus suditos,
tambem estaria fazendo urn discurso. 0 discurso,
pois, estaria onde alguem estivesse falando alto a urn
grupo de pessoas. A altura da voz, evi dentemente,
teria que ser proporcional a distancia entre 0 orador e
o seu ultimo ouvinte.
Embora nao possamos determinar quando
nasceu 0 discurso," podemos dizer quando ele
comecou a ser estudado como instrumento de
comunicacao social e quando surgiram as primeiras
regras para sua composicao.Desse ponto de vista, podemos dizer que 0
discurso nasceu na Grecia. Os gregos, que inventaram
a democracia," foram os primeiros a estudar as
tecnicas do discurso.
4Do latim discursos. Composto de dis, contra+cursare,
correr. Tern a ideia de correr de urn lado para outro, como a roca do
tecelao. Por isso ao conteudo de urn discurso se da 0 nome de texto.
(tecido).5Do grego demos, povo+kratos, poder. Sistema politico
cujo poder emana do povo. 0 nome primitivo desse sistema era
demagogia. Veja item 9 do rodape. RIENECKER, Fritz!
ROGERS,- Cleon. Chave Linguistica do Novo Testamento Grego,Vida Nova, 1987, p. 639.
6Veja conceito sobre arte.
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6 H orn ue nc a - A E lo qO e nc ia d a P re qa ca o 7
urn discurso foi Corax, urn sofista," da cidade de
Siracusa, na Grecia, ha 500 anos antes de Cristo.8
Corax ensinava que 0 discurso deveria ter a seguinte
disposicao: Proemio (introducao), narracao,
argumento, observacoes adicionais e peroracao
(conclusao ).Socrates se opos a retorica dos sofistas por
causa do utilitarismo deles e de sua falta de etica , mas
reconheceu que ela poderia se revestir de significado,
na medida em que se subordinasse a Filosofia . Ele viuo perigo de uma retorica sem etica, de politicos e
causidicos imorais, que poderiam usa -la para fins
escusos. Ele tinha tanta razao que a palavra
demagogo," que significa "guia do povo" ou "lider
popular", logo passou a significar, pejorativamente,
aquele que ilude, que engana 0 povo, que tr apaceia
com 0 povo.
Em sua autodefesa perante os que 0
condenaram a morte, Socrates aceitou 0 elogio de que
era urn "formidavel orador", mas taxou de
"aleivosias" todas as acusacoes sofistas e de falsa a
sua retorica, Na introducao, ele disse: "Nao ireis ouvir
um discurso como 0 deles, aprimorados em verbos e
adjetivos e em estilo florido, mas um de expressoes
expontaneas, nos termos em que me ocorrem, porque
deposito confianca na justica do que digo". E,finalizou: "0merito de um juiz esta em saber se 0 que
o orador diz e a verdade". 10
Plantae, que escreveu sobre a autodefesa de
Socrates, tambem deu sua opiniao sobre a retorica
sofista quando, por Fedro, lamenta 0 seu descaso
pelos deuses"." E, Aristoteles, que escreveu um
tratado com 0 titulo "Retorica", segue 0 pensamento
socratico, deixando claro que essa arte deve estar a
servico da verdade. 12
o maior orador grego foi Demostenes , Dizemque ele tinha dificuldades de falar, que era gago, mas
que a poder de muito esforco e intenso treinamento
venceu.
A retorica grega estava dividida em politica,
forense e epiditica, (demonstrativa). Nada havia
entre eles que se assemelhasse a uma retorica sacra,
pois simplesmente esta ainda nao existia.
7Sabido. Pejorativo de sophos, sabio. Mestre popular de
filosofia que, por falta de profundidade e de etica , fazia do ensino urncomercio, Suas ideias'' iam do relativismo ao ceticismo. As palavras
sofisma (raciocinio falso) e sofisticacao (afetacao) derivam de suas
praticas. GINGRICH, F. Wilbur I DANKER, Frederick Lexica do
Novo Testamento Grego Portugues, Vida Nova, 1984, p. 228.
RA Grecia alcancou seu apogeu no seculo 5 A. C. Essa epoca
foi chamada de "0 prodo de Pericles", pois foi quando ele consolidou a
democracia grega.GINGRICH,1 F; Wilburl DANKER, Frederick.
Lexica do Novo Testamento Grego-Portugues, Vida Nova, 1984, p.
228.
9Do grego demos, povo+ago, conduzir. Condutor ou guia do
povo. So mais tarde essa palavra adquiriu 0 sentido pejorativo, quehoje conhecemos. 9 RIENECKER, Fritzi ROGERS, Cleon. Chave
linguistica do Novo Testamento Grego, Vida Nova, 1987, p. 639.
JODefesa de Socrates, nos "Dialogos de Platdo ".
GRNGRICH, F. Wilburl DANKER, Frederick. Lexica do Novo
Testamento Grego /Portugues, Vida Nova, 1989, p. 228.
IIVm Banquete, nos "Dialogos de Platao ". GINGRICH, F.
Wilburl DANKER, Frederick. Lexica do Novo Testamento Grego I
Portugues, Vida Nova, 1989, p. 228.
12Aristoteles considerava Empedocles de Agrigento
(490-430 A. C.) como 0 fundador da Retorica, GINGRICH, F.Wilbur I DANKER, Frederick. Lexica do Novo Testamento Grego I
Portugues, Vida Nova, 1989, p. 228.
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8 Horni letica - A Eloqusncla da Preqacao 9
2. A ORATORIA
tempo (0 que e comum hoje), as divisoes entre vida
social, civil, militar, politica, religiosa, etc. Tudo se
confundia numa so identidade. Por isso, os atos
politicos tinham carater religioso e vice-versa. os
cultos eram rituais e a liturgia, essencialmente cenica.
A educacao religiosa era domestica (assistematica) etradicional. Tudo era feito em familia e ninguem se
preocupava em comunicar sua religiao a pessoas de
outras racas. Os deuses eram nacionais, tribais ou
familiares. A supremacia de urn povo sobre outro, no
caso de urn conflito militar, era sempre interpretada
como prova da superioridade de sua raca e de seus
deuses. Por isso, nas religioes nao havia lugar para a
pregacao.Os proprios gregos, que inventaram a Retorica,
e os romanos que a aperfcicoaram com 0 nome de
Oratoria, nada sabiam sobre sua aplicacao a religiao .lsto porque os antigos nao sentiam a necessidade de
pregar a fe, de divulgar seus conceitos religiosos ou
de fazer da religiao uma materia de comunicacao
social.
Mesmo entre os hebreus, que tinham uma
mensagem universal e que se reconheciam detentoresdas verdades reveladas por lave, nao havia a
preocupacao de comunicar essas verdades a outros
povos. Os profetas hebreus, que falaram, que
pregaram ou que escreveram dirigiram-se sempre ao
(ou) contra 0 seu proprio povo.
Embora bern mais tarde surgisse, entre os
judeus, uma seita proselitista (a seita dos fariseus),
que chegou ate a ser nussionana, coube aocristianismo, por ser uma religiao universal e
Os romanos, que sofreram grande influencia
cultural dos gregos, nao podiam deixar de se
empolgar tambem com a Retorica, que logo aabsorveram com 0 nome de Oratoria (de oris, boca).
Cicero foi 0 maior orador romano. Ele se tomou
celebre nao so pelas causas que defendeu como
advogado e politico, mas tambem pelas teorias que
expos sobre a Oratoria. Como teorico, entretanto,
ninguem superou Quintiliao. A melhor e mais
completa obra de oratoria, da antiguidade e a
"Instituicao Oratoria" de sua autoria.Os romanos tambem nada sabiam a respeito da
"retorica sacra" ou como eles a denominariam:
"oratoria sacra", pois esta ainda nao exi stia.
3. A HOMILETICA
o cristianismo foi, na verdade, a prime ira
religiao universal que 0 mundo conheceu. Antes dele,
as religioes eram nacionais, tribais ou apenasfamiliares. 0 proprio judaismo, que foi 0 berco do
cristianismo, foi assim. Comecon como uma religiao
familiar (de Adao a Abraao), tomou-se tribal (de
Abraao a Moises) e chegou a ser nacional (de Moises
a destruicao de Jerusalem, no ano 70 A. D.).Na antigiiidade, as religioes faziam parte da
vida das pessoas de maneira natural e integral
(totalitaria), 0 individuo se identificava com 0 grupopela raca, religiao e politica. Nao havia, naquele
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10 H o m ile tic a - A E lo q O en cia d a P re ga <; iio 11
eminentemente mi ssionaria, a tarefa de criar a
Ret6rica Sacra ou a Orat6ria Sacra que, no seculo
xvn" chamou-se HOMILETICA.
A palavra homiletica, como ja vimos, vern de
homilia, que significa conversa ou conversacao. Com
o decorrer do tempo, essa pala vra, como a latinasermonis, sofreram uma alteracao semantica e vie ram
a significar discurso. No inicio do cristianismo,
seguindo 0 exemplo da sinagoga, os cristaos se
limitavam a ler as Escrituras no culto e a exortar 0
povo segundo as licoes que podiam tirar do texto (At
13.14,15; 15.21). Jesus introduziu uma novidade:
aplicou 0 texto a sua vida (Lc 4.16 -22). Os sermoes
de Pedro, de Estevao e de Paulo consistiam em narraros fatos biblicos e aplica-los a vida de Jesus, paraprovar que ele realmente era 0 Messias prometido.
(At 2.14-42; 7.1-53; 13.16-48 etc).
A Homiletica nasceu quando os pregadores
cristaos comecaram a estruturar suas mensagens,
seguindo as tecnicas da retorica grega e da orat6ria
romana. Somente conhecendo a hist6ria podemos hoje
admitir que a Homiletica (que deveria ser a arte da
conversacao) seja sinonimo de Ret6rica (ou Oratoria),aplicada a religiao.
Se Retorica e Oratoria sao sinonimos usados
para identificar 0 discurso profano, a Homiletica
identifica 0 discurso sacro, religioso, cristae Como
tal, ela se despontou no seculo IV, com os preg adores
gregos Basilio e Crisostomo (boca de ouro) e com os
latinos Ambrosio e Agostinho.A partir da Reforma, quando a Biblia passou a
ser 0 centro da pregacao e quando os sermoes
deixaram de ser apenas discursos eticos ou liturgicospara se transformarem em mensagens
verdadeiramente evangelicas, a Homilerica passou a14
ser a arte de pregar 0Evangelho.
Ela ajuda 0 pregador a descobrir as varias
altemativas do uso de urn texto, tomando mais facil a
sua tare fa, enriquecendo os seus sermoes e
tomando-os mais apreciados. A Homiletica poe 0
conteudo do sermao em ordem. E a arte de ordenar asideias do pregador para que elas sejam entendidas
pelos ouvintes.Tem-se perguntado se a Homiletica e uma arte,
uma tecnica ou uma ciencia. Nossa resposta e que
depende do ponto de vista do observador.
Como vimos, os nomes identificam e definem
as coisas. Mas a definicao nominal e puramente
gramatical, pois ela visa apenas identificar os objetos.
Por isso, a definicao nominal e sempre unilateral e
imperfeita.Ora nos classificamos as atividades human as
conforme a predominancia do usa de nossas
capacidades. Assim, consideramos como ciencia, a
atividade que exige predorninancia do intelecto e
quando a acao intelectual e disciplinada pelas leis dosaber humano; como arte, a atividade que exige
13Nesse tempo tomou-se moda dar nomes gregos as
disciplinas teol6gicas. Na Alemanha , Stier propos 0 nome de
Kerictica derivado de keryx, arauto; e Sikel sugeriu Halieutica,
derivado de halilos, pescador, que nao se formaram. LLOYD, Jones /Martin. Pregacdo e Pregadores, Fiel, 1980, p. 239. 14Vejas as conceitos de evangelho.
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12 H orn ile tic a - A E lo qO e nc ia d a P re ga ga o 13
habilidade fisica como expressao da sensibilidade
estetica; e como tecnica, a atividade que exige
habilidade manual especifica para fazer algo. A
tecnica e 0modo especifico de se fazer uma coisa. Os
ingleses a denominam de "know how" (saber como
fazer).Assim a Homiletica (como a Retorica ou
Oratoria) e uma ciencia, quando considerada sob 0
ponto de vista de seus fundamentos teoricos
(historicos, psicologicos e sociais); e uma arte,
quando considerada em seus aspectos esteticos (a
beleza do conteudo e da forma); e e uma tecnica,quando considerada pelo modo especifico de sua
execucao ou ensino.Quando se conceitua a Homiletica como arte
temos que reconhecer que essa conceituacao enominal e que, portanto, ela se refere apenas a urn
aspecto de sua existencia, a saber: 0 aspecto de sua
manifestacao, quando ela se mostra ao publico,
quando ela e realizada ou concretizada na vida do
pregador, no pulpito. 0 mesmo ocorre quando
conceituamos a Retorica (ou a Oratoria) como arte.
E, quando dizemos que a Homiletica e a arte depregar 0 Evangelho ou que a Retorica (ou a Oratoria)
e a arte de falar em publico, devemos deixar claro que
"pre gar 0 Evangelho" ou "falar em publico" nao
constituem a finalidade dessa arte, senao meios dela
se expressar. A finalidade da Homiletica, como da
Retorica ou Oratoria e levar 0 ouvinte a concordar
com 0 pregador ou orador. E convencer 0 ouvinte, e
persuadi-lo. Veja 0 capitulo sobre a Homiletica e aEloquencia.
A Homiletica incorporou muitos termos gregos
e latino. Alem de boniffia e sermonis, que ja vimos,
vieram enriquecer a nomenclatura homiletica, os
seguintes termos: Pregador, do latim prae (antes de)
dicare (dizer); aquele que prediz 0 futuro. Esta
palavra, por ter a significacao exata de profeta (dogrego pro, antes e phetes, do verbo phemi, dizer),
deveria ser usada como traducao natural dela, mas
ocorreu urn fen6meno linguistico CUrIOSO,
denominado de "invasao cultural": os latinos
transliteraram a palavra grega "prophet a" e relegaram
sua correspondente "praedicator" a outro significado.
Por isso, pregador passou a significar apenas orador
ou arauto. 0 mesmo ocorreu com a palavra pregacao,
que deixou de ser a proclamacao de uma mensagem
profetica, uma predicao, para ser apenas urn discurso.
Assim, 0 pregador tomou-se urn keryx, arauto e a
pregacao urn kerygma, mensagem.
Essa inversao semantica e responsavel,
tambem pelo erro atual de se considerarem os
pregadores como profetas, de que trataremos no
capitulo sobre a Homiletica e a Teologia.
Outra palavra que entrou na nomenclaturahomiletica foi evangelho, (como smonimo de
mensagem - kerygma - de Deus aos homens) e seus
cognatos: evangelismo, que e a teoria sobre 0
Evangelho ou 0 modo de ser seguidos do Evangelho
(conceito estatico); evangelizacao, que e a acao de
comunicar 0 Evangelho (conceito dinamico): e
evangelista, que e a pessoa que fala ou que prega 0
Evangelho.
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14 H o rn it et lc a - A E lo q ue nc ia d a P rs q ac ao 15
o cristianismo nao se limitou a criar e a
incorporar termos homileticos. Ele revolucionou a
arquitetura dos templos, quando levou para dentro
deles os pulpitos. 0 pulpito, entre os romanos, era a
plataforma do teatro onde os atores se apresentavam.
A pregacao exigiu que os pregadores fossemdestacados e construiram -se estrados onde eles
ficavam para pregar.
Os cato l icos levaram nao so 0 pulpito, mas
tambem 0 altar (estilizado) para dentro dos templos.
So que 0 altar foi para 0 centro e 0 pulpito ficou it
margem. A maior revolucao, mesmo, se deu no
protestantismo, quando 0 altar foi abolido e 0 pulp ito
ocupou 0 seu lugar (no centro). A centralizacao do
pulpito revelou que, para os protestantes, a pregacao
era 0 ponto mais alto do culto.
Tal comportamento pode ser explicado como
uma reacao it liturgia catolica, mas por ser extremada,
e passivel de ponderadas criticas. A centralizacao do
pulpito e a exaltacao da-pregacao produziram 0 culto
da cultura, da tecnica e da pessoa do pregador, alem
de criar uma distancia fisica e psicologica entre 0
pregador e 0 seu auditorio. Muitos pulpitos saoendeusados e se tornam verdadeiras "torres de
marfim".
A verdade e que toda a particularizacao conduz
a erros e desvios. E, a preocupacao de exaltar a
pregacao padece do mesmo vicio do sacerdotalismo,
que concentra a comunhao religiosa num homem,
fazendo depender dele todo 0 culto. Com isso,
marginalizamos outras partes liturgicas como a
oracao, a adoracao, 0 louvor, a dedicacao dos bens e
sobretudo, a comunhao fraternal. A centralizacao do
pulpito, tambem tern levado algumas igrejas a urn
conceito falso de evangel izacao por darem a ideia de
que a pregacao e 0 unico metodo de evangelizacao
existente. Tal conceito e responsavel pela frieza e
apatia em muitas igrejas. Ninguem se preocupa emdar testemunho pessoal e individual de Cristo. Os
crentes acham que os incredulos so poderao ser salvos
se conseguirem entrar num templo e ouvirem urn
pregador, no pulpito, E uma evangelizacao
"pulpitocentrica", Por isso, 0 metoda prevalecente de
evangelizacao, entre nos, e 0 do "VINDE" e nao 0 do
"IDE" de Jesus. Preocuparno-nos mais com 0 "fazer
convidadores" do que com 0 "fazer evangeli stas!" .
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H om ile nc a - A E lo qu en cia d a P re ga ga o 17
CAPITULO II
HOMILETICA E
ELOQUENCIA
A palavra eloqiiencia vern do latim
"eloqiientia" e significa 0 ato ou 0 efeito de se falar
bem.Na oratoria romana, era a parte que tratava da
propriedade, disposicao e elegancia das palavras. Na
verdade, a eloquencia e mais do que apenas falar bern
(com palavras certas, bern colocadas e elegantes). Aeloquencia e a capacidade de conve ncer pelas
palavras.
As palavras esclarecem, orientam e movem as
pessoas. 0 orador que consegue mover as pessoas,
persuadindo-as a acatarem as suas _palavras,~
eloquente,. pois a elogiiencia e a capacidade de
_Qersuadirpela palavra ...
Ha quatro maneiras de persuadirmos ou
convencermos alguem a seguir a nossa orient acao:
1. Pela forca fisica (braces e armas): GUERRA
2. Pela forca pessoal (exemplo): PSICOLOGIA
3. Pela forca social (costumes e leis):
DIREITO
4. Pela forca verbal (falada ou escrita):
RETORICA
A eloquencia, pois, pode ser definida como 0
conjunto de qualidades de urn orador, que leva seusouvintes a acatarem as suas palavras.
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18 H om ile tic a - A E lo qu en cla d a P re qa ca o 19
E, para que urn pregador seja eloquente epreciso que ele saiba se comunicar. Ha uma relacao
muito intima entre a eloquencia e a comunicacao,
como veremos no capitulo sobre a Homiletica e a
Cornunicacao.
Pela conceituacao acima, ve -se que aeloquencia e 0meio da Retorica nao so alcancar a sua
finalidade, mas tambem de se firmar como arte, pois
se a finalidade da Retorica (Oratoria e Homiletica) e a
persuasao, entao, e pela eloquencia que ela atinge esseobjetivo. E, se a arte e a capacidade de expressar 0
belo, e pela eloquencia que a Retorica mostra toda asua beleza.
A eloquencia e 0 aferidor, a pedra de toque da
Retorica. Sem eloquencia nao ha Retorica, Oratoria
ou Homiletica. Sem eloquencia nao ha orador ou
pregador. A eloquencia distingue urn orador de urnparlador ou tagarela.
Vejamos, entao, quais os elementos de
comunicacao pessoal, que tomam urn pregadoreloquente:
Ter conviceao
1. oASSUNTO
Conviccao e a certeza de que se esta falando a
verdade absoluta. Pela conviccao, 0 pregador envo lye
o seu intelecto e0
seu carater naquilo que estafalando. 0 pregador eloquente precisa revelar nao so
que esta dizendo as coisas certas e, para isso empenha
a sua palavra, mas que esta sendo movido por motivos
honestos. A conviccao e mais do que apenas
concordancia intelectual com a verdade. Ela diz
respeito ao carater do pregador. 0 pregador eloquente
revela tranquilidade diante da desconfianca e do
ceticismo de seus interlocutores. Vale dizer que 0
pregador precisa crer naquilo que prega. se nao cre noque diz, porque 0 diz? Se e imoral vender -se comoborn urn produto que 0 proprio vendedor duvida da
slla qualidade, como podemos oferecer. Cristo co11)o
Salvador domundo se ainda nao 0 experimentamos
como tal?
Qualquer persuasao baseada na mentira efraude. Urn pregador sem fe, sem conviccao, e urn
falsario, urn vigarista, urn demagogo.
Conhecer 0 assunto
. 9 . _ preg':ldor precisa ~§~!?~~,,,5L_g:ll~_~.§.taa1£lndo_p~_E_2d~!:.£onvencer os outros. A demonstracao de
que ele domina 0 assunto, inspira confianca nos
ouvintes e lhes facilita a aceitacao.
~ara isso:. < :) _])re_gador,precisa ser estudioso,
pesquisador e observ_ador a!ilado.
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20 H om ile tic a - A E lo qO e nc ia d a P re ga <; :a o 21
2. AS PALAVRAS Fluencia
Vamos adotar a divisao estabelecida pela
oratoria romana, a saber:
Facilidade de pronuncia. ~s palavras devem
ser livres, bern pronunciadas e bern c olocadas.
Propriedade Elegancia
A propriedade das palavras consiste no
conhecimento exato de sua forma (morfologia oral e
escrita), origem (etimologia), significado atual
(semantic a ou semiologia) e significado contextual
(sintaxe).
Para isso, 0 pregador tern que ser amigo da
Gramatica e da Lexicografia. Deve ter uma boa
Gramatica da Lingua Portuguesa, urn born Dicionario
Etimologico e urn born Dicionario Terminologico,
atualizado nos verbetes e na ortografia. So
conhecendo bern as palavras, 0 pregador pode evitar
os barbarismos.
Disposlcao
A elegancia no falar depende: 1) do conheci-
mento da lingua (como acima exposto): 2) da
criatividade (habilidade de construir as frases com
inteligencia e sensibilidade, valendo -se de tropos e
figuras de linguagem) e 3) diccao (capacidade de
articular corretamente a voz). A boa diccao depende:
a) da pronuncia correta da palavra; b) do timbre da
voz; e c) da impostacao da voz. 15 A diccao determina
a clareza e a beleza da pronuncia. 0 pregador que
cuida da elegancia de suas palavras, nao comete
cacofatos nem usa giria.
Alem desses elementos, considerados pela
oratoria romana, temos que reconhecer que nao pode
haver eloquencia sem:
As palavras devem ser colocadas na ordemlogica ou psicologica, segundo as regras gramaticais.
A Sintaxe estabelece as regras para a colocacao das
palavras na oracao e a oracao no discurso, visando a
construcao gramatical correta. 0 prega dor deve
aprender as regras gramaticais e ler bons autores para
evitar solecismos.
Emocao
Os psicologos dizem que 60% de nossas
decisoes sao emocionais, isto e , que na maioria das
vezes, nossas escolhas nao obedecem a uma
determinacao racional. Talvez, por isso, as pessoas
nao tenham tanto sucesso em suas decisoes, mas e
15As dificuldades fisicas da fala podem ser corrigidas pelastecnicas da Fonoaudiologia.
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22Hornlletica -- A Eloquencia da Pregagao 23
inegavel que apesar de irracionais, muitas decisoes
emocionais tern levado muita gente ao sucesso.
o pregador, que dispoe de uma mensagem
divina, com 0 objetivo unico de salvar 0 homem,
dotando-o do melhor bern, nao pode deixar de
valer-se da emocao. Ele precisa envolver os seusassistentes numa forte atmosfera de viva emocao para
facilitar-lhes uma sabia decisao ao lado de Cristo. 0
pregador nao pode transmitir apenas ideias abstratas,
verdades teoricas ou conceituais. Suas mensagens
devem comunicar vida e vida abundante.
A emocao distingue 0 orador de urn professor.
o professor se preocupa apenas com 0 conteudo de
sua comunicacao, pois0
mestre convence pela logica,pela verdade em si, que transmite a seus alunos. 0
orador tern que falar it inteligencia, provocar a
imaginacao e despertar os sentimentos .
.:.~_12r.~gaQaoao. pode ser fria, contida apenas
de raz~o e arte. Ela tern que ser uma expressl!Qreal de
vida, uma expressao real de experiencias vividas pelo_
pregador. 0 pregador precisa vibrar 4~~!!!_Q9~O_lli2_
comunicar a sua mensagem.
Muitos pregadores falham nessa parte. Naomanifestam alegria (estao sempre de cenho, tensos e
mal humorados), nao comunicam esperanca, (sao
pessimistas e apocalipticos. Falam mais do pecado, de
Satanas e do inferno, do que da salvacao, de Jesus e
do ceu), nao comunicam vida (sao apaticos, formais e
frios), nao expressam vito ria (sao derrotistas e sem
entusiasmo) .
A retorica sem emocao e como comida semtempero. E como uma pilula de vitamina, que
engolimos por obrigacao, e nao como uma laranja que
sorvemos com prazer.
por outro lado, na~ devemos pensar que a
~loquencia e apenas emOCaQ.Por pensarem assim,
muitos pregadores confundem eloquen cia com
gritarias e berros, com tiradas demagogicas, frases de.efeito, pieguice e bia-bla inconsequent.e... Esse
emocionamento barato condiciona as pessoas e lhes
tira a capacidade de reflexao. 0 Evangelho e razao
com emocao e nao so razao ou so emocao.
Nao devemos confundir tambem eloquencia
com choramingas e lamentaQoes, que provQcam
impacto emocional, arrancam lagrimas e arrastamas
pessoas a decisoes ilusorias. A eloquencia legitima e
incompativel com a demagogia:,
A ESPIRITUALIDADE
Conquanto a Homiletica se confunda com a
Ret6rica ou Orat6ria em suas tecnicas, ha duas coisas
que as distinguem: 0 conteudo (Homiletic a e a
Retorica ou Oratorias sacras) e 0 condicionamento
pessoal (a Homiletica exige uma experiencia pessoaldo pregador com Deus).
Os pregadores sao oradores privilegi ados, pois
alem de todos os reguisitos pessoais exig idos ~C !
Ret6rica ou Orat6ria, eles contam com a a ssistencia
_divina no exercicio de sua missao. Tal a ssistencia e
chamada de "ungao espiritual".
Quando Moises recebeu as instrucoes de Deus
sobre 0 tabernaculo e sobre 0 sacerd6cio, recebeu
tambem a f6rmula de urn perfume oleo so, que
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24 H orn il et lc a - A E lo qO e nc ia d a P re ga c; :a o 25
santificaria todas as coisas onde ele fosse passado. 16 A
uncao era 0 sinal da acao de Deus na vida da pessoa.
Em 0 Novo Testamento, a uncao e 0 sinal da presenca
e do poder do Espirito Santo (At 2.1-21, 33, 37-40;
2Co l.21; 1102.20,27).
o Evangelho precisa ser pregado comconhecimento conviccao, propriedade verbal, boa_ . . ~ .
disposi9ao, elegancllL_L ..JQ11~._.~~ Ocorre,
entretanto, que a resposta a uma pregacao evangelica
nao se circunscreve a acao exclusiva da eloquencia
ret6rica. A Homiletica nao pode ser entendida apenas
como uma tecnica de comunicacao verbal e social.
Ela e 0 instrumento de uma cornunicacao superior,
transcendente, divina. 0pregador do Evangelho e urninstrumento da acao de Deus no mundo. Por isso, a
Homiletica depende fundamentalmente do Espirito
Santo, pois "0 Evangelho ... e 0 poder de Deus para a
salvacao de todo aquele que ere (...)" (Rm l.16).
Por essa razao, nao podemos avaliar os
resultados da Homiletica (persuasao dos ouvintes)
apenas pelos dados da eloquencia.Mais do que eloquencia, 0 pregador precisa da
un9ao santificadora, do 6leo santificador do Espirito
Santo.Jesus disse que quando 0 Espirito viesse,
habitaria nos crentes (seria derramado sobre eles,
como oleo) e lhes ensinaria toda a verdade 11 0 2.20,
25-27). Se a palavra entusiasmo significa "Deus
160 fato desse 6leo ser chamado de "oleo da uncao" (uncao e
o metodo de ser aplicado) tern desvirtuado os in~erpretes dacornpreensao de sua finalidade que e a santiflcacao. (Ex 30.22-31;
40.9-15).
dentro", entao s6 0 pregador ungido possui 0
verdadeiro entusiasmo, pois s6 nele Deus habita (esta
dentro), pelo Espirito San to.
Urn pregador pode corresponder as
llecessidades gerais de seus ouvintes, mas s6 0
Espirito Santo pode aplicar caga palaYm.do pregadQfas necessidad~s intimas de cada urn,;0 pregador pode
convencer o· ouvinte, mas s6 0 Espirito Santo pO(!.~
,converte-Io. A conversao e algo que transcende 0
intelecto. Ela s6 se da quando a mensa gem penetra
fundo na alma, na personalidade total. E ai s6 Deus
chega. A conversao muda 0 pensamento, muda a
vontade, muda toda a vida.
Ha pregadores que sao dotados de urn altopoder de atracao pessoal (bonitos e bern vestidos), de
excepcional inteligencia e cultura. Seus ouvintes sao
pessoas avidas de saber, que se deleitam com todos os
seus recursos pessoais e que nao se cansam de ouvi-
10, mas ... nao se convertem. A resposta e simples: aHomiletica, sem 0 Espirito Santo e apenas Ret6rica ouorat6ria.
E, para que 0 pregador seja usado pelo i..spirito
Santo, ele precisa de uma real experiencia d~conversao (quando 0 Espirito Santo passa a habitar
em sua vida) e da unGao espiritual. (quando 0 Espirito
Santo passa a dominar a sua vida).
Ninguem melhor expressou essa realidade na
vida do pregador do que Paulo, em sua Primeira carta
aos Corintios: "Cristo nao me enviou para batizar,
mas para pregar 0 evangelho; nao em sabedoria de
palavras, para nao se tornar v a a cruz de Cristo"
( I.17); "Eu nao fui ter convosco ... com sublimidade
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26 Horniletica - A Eloqusncia d a P r eg a ga o 27
de palavras ou de sabedoria, pois nada me propus a
saber entre vos, senao a Jesus Cristo, e este
crucificado. A minha palavra e a minha pregacao nao
consistiu em palavras persuasivas de sabedoria, mas
em demonstracao do Espirito e de poder, para que a
vossa fe nao se apoiasse na sabedoria dos homens,mas no poder de Deus" (2.1-5); "Qual dos homens
entende as coisas do homem, senao 0 espirito do
homem que nele esta? Assim tambem as coisas de
Deus, ninguem as compreende, senao 0 Espirito de
Deus. Ora, nos nao temos recebido 0 espirito do
mundo mas sim 0 Espirito que provem de Deus, a fim
de compreendermos as coisas que nos foram dadas
gratuitamente por Deus, as quais tambem falamos,nao com palavras ensinadas pela sabedoria humana,
mas com palavras ensinadas pelo Espirito Santo,
comparando coisas espirituais com espirituais"
(2.11-13); "0 reino de Deus nao consiste em palavras
mas em poder" (4.20).
Mais do que 9.llilliluer outra coisa, 0 pregador
precisa ser urn homem de oras:ao, com nitida
consciencia de seu papel, e cheio do Espirito Santo.
Em seu . .labor homiletico, ele nao pode deixar debuscar a - Q - ~ l : : l § _ sll~te~sleabrir a sua Bibli<!(Sl 119.7),
antes de te-l~ pn;:gi:l:<:!oc-(SlI19.132,136)..
CAPITULO III
HOMILETICA E
-COMUNICA<;AO
Estamos na era da comunicacao, celebrada pelo
maior feito da humanidade: a ida do homem a lua. Agl oria desse feito, entretanto nao, se deveu apenas ao
fato do homem ter ido a lua, mas pelo fato de ter sidoobservado, pelos que ficaram na terra, em toda a sua
caminhada lunar. Essa foi a gloria da comunicacao,A partir de entao, intensificaram -se os estudos
sobre a comunicacao. A palavra comunicacao entrou
para a ordem do dia e comecaram a surgir as escolas,
os institutos e as faculdades de comunicacao.
A palavra comunicacao, que apenas guardava 0
seu significado etimologico.Jato ou efeito de se to mar
comum ou como urn), adquiriu 0 sentido tecnico de
unificacao de ideias, sentimentos e propositos. A
comunicacao e a arte de sensibilizar as pessoaslevando-as a adotarem as mesmas ideias, os mesmos
habitos e a pugnarem pelos mesmos propositos,
A Retorica, a Oratoria ou a Homiletica sao
instrumentos de comunicacao social, por isso, a critica
que Socrates fazia a retorica sofista (falta de etica ) evalida para a Ciencia da Comunicacao de nossos dias.
A comunicacao e uma ciencia perigosa e altamente
subversiva se nao se fundamentar em base moral. A
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28H om ile nc a - A E lo qu em cia d a P re ga c;a o
comunicacao sem etica e a corrosao de todos os
val ores human os.
A Homiletica tern muito a ver com a
Comunicacao, por isso vamos fazer uma breve
incursao pela Teoria da Comunicacao.
A comunicacao e 0 resultado da interacao detres elementos: 1. 0 Emissor; 2.A Mensagem; e 3.0
Receptor.
o emissor e aquele que envia a mensagem ao
receptor.
Quando urn emissor envia uma mensa gem e ela
e recebida pelo receptor, dizemos, entao, que houve
comunicacao.
Para que a comunicacao seja possivel,enecessario que a mensagem possua elementos
comuns, tanto ao emissor como ao receptor. 0
segredo da comunicacao, pois, esta na mensagem. A
mensagem e uma ideia traduzida num c6digo, comum
ao emissor e ao receptor. Veja 0 grafico a seguir:
Mas alem disso, 0 emissor tern que dispor de
urn veiculo (pessoa ou aparelho que transporte a
mensagem) e de urn metodo (caminho que ligue 0
emissor ao receptor). Veja 0 grafico abaixo:
Ideia imagem mentalEMISSOR C6digo = Sinal RECEPTORconvencional
Veiculo =Meio de
transporte
Metodo caminho de
ligacao
Vale dizer que 0 emissor, para enviar uma
mensagem tern que ter uma ideia e codifica-la
(traduzi-Ia numa linguagem comum a emissor ereceptor).
Ao emissor cabe a tarefa de criar a ideia,
codifica-la, escolher 0 veiculo e 0 metodo adequados,
para que a sua mensagem chegue ao receptor. A este,cabe receber a mensagem, decodifica -la e
responde-lao
Ha duas coisas que dificultam a recepcao de
uma mensagem: 1) A inadequacao do codigo; 2) A
interferencia no veiculo.
A inadequacao do codigo se da: 10 pelo
desnivel cultural: urn engenheiro tern urn repertorio
de palavras que the facilita a comunicacao com
pessoas de seu nivel, mas que dificulta a comunicacao
com os operarios de sua obra. Por outro lado, os
operanos possuem em repertorio de palavras
(barbarismos, solecismos e girias) que dificulta a sua
comunicacao com 0 engenheiro; e 20 pela
especificidade tecnica: 0 mesmo engenheiro, apesar
do desnivel cultural, po ssui repertorio de palavras
tecnicas (giria profissi onal), que the facilita a
cornunicacao com os operarios de sua obra, mas que e
MENSAGEM
Ideia Imagem mental.
EMISSOR Sinal RECEPTORCodigo convencional
ou linguagem
comum
(palavras)
30H o rn il et ic a - A E l oq u e nc ia da Preqacao 31
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totalmente inadequado para a comunicacao compessoas de fora.
As interferencias, que na linguagem dos
comunicadores se chamam "ruidos", ocorrem quando
elementos estranhos interferem no veiculo da
comunicacao e dificultam ou impedem a mensagem
de ser captada pelo receptor.
E importante salientarmos 0 fato de que 0
emissor e 0 autor da comunicacao. Ele cria a
mensagem, adapta-a ao nivel do receptor, escolhe 0
veiculo e 0 metodo e controla a emissao durante todo
o processo para ver se 0 receptor a esta recebendo.
Isso, na Horniletica, tern urn significado muito
grande, como veremos no item seguinte sobre a
Mensagem.Devemos notar que a comunicacao atua sempre
sobre os sentidos do receptor, como demonstraremosno grafico abaixo:
para que possa chegar aos sentidos do receptor. Por
isso, os metodos de comunicacao recebem os nomes
relacionados com os sentidos, que sao os orgaos
decodificadores do receptor.
Aplicando isso a Homiletica, veremos que ela
se utiliza dos veiculos "boca-voz" e "corpo-gesto",que correspondem aos metodos "son oro" e "visual",
pois a mensagem do pregador visa sensibilizar 0
receptor atraves de seus ouvidos e olhos, produzindo
assim a comunicacao audiovisual.
Isso vern mostrar que a Homiletica nao e
apenas uma arte de comunicacao verbal. Ela envolve
a expressao corporal, no sentido mais completo. 0
pregador tern que usar a palavra, 0 movimento do
E 2 _ D 2 Q ' _ - - ~ ~expressoes facLi!!se a miIllica. Por isso, osauditorios e templos modemos sao construidos
levando em conta nao so a acustica, mas tambem a
visualizacao do pregador, para que os participantes
nao sejam apenas "ouvintes" ou "espectadores" mas
sobretudo assistentes. Urn assistente nao se
impressiona so com as palavras (ideias e inflexoes
vocais), mas com a mobilidade corporal (andar,
agachar, elevar, contrair), com a expressao facial(seria, alegre, descontraida, duvidosa, preocupada,
espantada, temerosa, encolerizada) e com a mimica
(imagens formadas com as maos).
o pregador capaz e aguele que sabe usar todos...__.--- .. - .__. , ...• .. , __ ---".- ..~--- ,--<--- . __ --"---- ,_
os recursos da comunica<;ao para sensibilizar seus
asslstCIrtes. Alguns desses recursos -podem ser assim
enumerados:
CODIGO VEICULO METODO SENTIDODOE Fala Boc a - voz Sonora Ouvido (aud io) RM Esc ri ta Mao -Ietra Grafico Olho (video) EI Expressao cor- Corpo - gesto Visual Olho (video) CS poral Olfativo Nariz ES Emanacao Gas - cheira Gustativo Boca p
o Gustacao Boca - paladar Tactil Corpo TR Conta to Corpo - tato
0
R
Esse grafico mostra que a mensagem (ideia
codificada) se subordina ao veiculo 17 e ao metodo ,
17Os veiculos de comunicacao de massa, como panfietos,
out-door, jomais, revistas, radio e televisao, sao chamados de midia
(do ingles mass midia, meio de atingir as massas). Evite 0 erro de
chamar 0jomal falado (no radio e na televisao) de "imprensa falada".Imprensa falada ainda nao existe
32H orn ile tic a - A E lo qu en cia d a P re ga ga o 33
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1. A mensagem confortavelmente, todos os movimentos do pregador,
este deve se conter em sua movimentacao na
plataforma. Se 0 assistente estiver fazendo muito
esforco para ver 0 pregador nas frestas de duas
cabecas, facilmente podera perder 0 interesse de
acompanha-lo em toda a entrega de sua mensagem, seo pregador se movimentar muito. A falta de
visibilidade ao veiculo e urn fator de interferencia na
entrega da mensagem.
A mensa_gem d~ve_!er up:1_conteudo que
despert~. e. aliment~ ..)_interesse do receptOr:A··sua
codificacao deve ser adequada (proporcional ao nivel
cultural e it especificidade do auditorio), 0 pregador
deve estar atento, durante 0 processo da comunicacao,
para verificar se esta havendo recepcao. Qualquer
sinal de desinteresse ou de desatencao deve leva -10 a
uma avaliacao de seu comportamento para eliminar,
em tempo, todas as interferencias. A mensagem deve
chegar ao receptor, por isso cabe ao pregador
controlar a sua emissao e se certificar de que
realmente ela esta chegando ao seu destinatario.
4. Intensidade da voz
2. Veiculo
o pregador precisa saber que a intensidade ou
volume de sua voz deve ser proporcional it distancia
que ele se posiciona diante de seus assistentes. b - suavoz devechegar ao seu mais distante ouvint~.
Como a maioria de nossos templos e construidasem a minima consideracao acustica, "0 pregador
deve ter sensibilidade para perceber quando deve
elevar ou abaixar 0 volume de sua voz. E tao errado 0
pregador falar baixo a ponto de seus ouvintes
distantes nao 0 ouvirem, como falar muito alto, num
auditorio pequeno ou de acustica sensivel. Hipregadores que sem necessidade, se desgastam
fisicamente e se tomam irritantes, com seus berros.
Para a ampliacao da voz, 0 pregador dispoe de
recursos naturais tecnicos, a saber:
Na Homiletica, 0 veiculo da mensagem e 0
pregador. Ele nao e so 0 emissor (criador e expedidor
da mensagem), mas 0 seu proprio veiculo. E, como
veiculo de sua propria mensagem 0 pregador deve se
qualificar, cuidando dos seguintes elementos:
3. Destaque
~egador deve ficar num lug_aI_9!1depossa
ser visto por todos os assistentes. Alem do estrado,
plataforma, podio ou pulpito, os templos modemos
sao feitos em declive para facilitar a visibilidade aopregador.
Em auditorios onde a visibilidade ao pregador
nao e boa, isto e , onde 0 assistente nao pode ver,
• Natural- Intensidade vocal adequada
• Tecnica-amblental- Acustica
• Tecnico-eletronlco- Equipamentos de
som
34 Horniletica - A Eloquencia d a P r eg a c ;a o 35
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5. Personalidade
o pregador deve falar impessoalmente. No
pulpito, ele representa uma Trindade Divina e uma
coletividade humana (a Igreja). Embora ele seja 0
autor da mensagem, ao entrega -la e urn veiculo da
graca de Deus e do amor da Igreja. Tern que falar em
nome de Deus e da Igreja ..Por outro lado, 0 pregador se dirige sempre a
uma coletividade de assistentes. Ha urn tratamento
cerimonioso, formal, que os pregadores antigos eram
obrigados a usar (tratamento na 2 a pessoa: tu e vos),
mas que nao se exige na comunicacao verbal
modema. No Brasil 0 plural que mais comunica e 0 da
3apessoa (senhor, senhora, voce e voces). A
comunicacao social verbal, hoje, e menos
cerimoniosa, menos formal, por ser mais pratica emais objetiva. 0 pregador que insistir em tratar 0 seu
auditorio na 2apessoa, em certos lugares e ocasioes,
correra 0 risco de nao ser compreendido ou de se
tomar pedante e antiquado.
o seu egoismo (uso constante do "eu") e 0 seu
pedantismo (uso dos verbos na 2 a pessoa), podem
constituir interferencias no veiculo da pregacao e
comprometer a mensagem.Conclusao: Percebemos, entao, a intima
relacao que ha entre a eloquencia e a comunicacao.
Assim como nao ha comunicacao se 0 receptor nao
recebe e nao responde a mensagem, tambem nao ha
eloquencia sem persuasao. A atencao dos assistentes,
o seu interesse e sua anuencia ao apelo do pregador
sao provas de sua eloquencia, ou em outras palavras,
sao provas de que houve comunicacao,
A falta de acustica dos templos ou sua
proximidade a ruas movimentadas ou a industrias
barulhentas, nos obrigam ao usa dos indesejaveis
recursos tecnicos-eletronicos (amplificadores,
microfones e alto-falantes). E uma infelicidadequando 0 pregador tern que se ater a urn microfone e
escravizar seus assistentes a alto-falantes!
.Contudo, temos que reconhecer que 0 radio e a
televisao sao as mais sensacionais midias oferecidas
pela eletronica de nossos dias. Infelizmente temos
usado muito pouco e muito mal os recursos
tecnicos-eletronicos representados pelo radio e pe la
televisao. A verdade e que sao midias carissimas, que
exigem recursos financeiros e estrutura administrativaque a maioria das igrejas evangelic as nao dispoe. Para
suprir a omissao das igrejas, tern surgido organizacoes
para-cclesiasticas que montam estruturas e arrecadam
fundos adequados a esse empreendimento e que
passam a ser chamadas de "igrejas eletronicas". A
"Igreja Eletronica" ja chegou ao Brasil e, ao inves das
igrejas tradicionais descobrirem estruturas e recursos
financeiros para usarem tais midias, preferem discutira validade do trabalho que se esta fazendo, e nao 0
espaco que estao perdendo para aquelas organizacoes.
Sendo 0 pregador 0 proprio veiculo cl~~mensa gem, e i!pportag!~_ que .ele cuiQ~__ ~ _ . . . . m ; r napa~en~iaQ.~~I.,_g~ ~ ~ ' : l : _ Y _ 2 _ ? :e do modo como ele se
r£laci9l!':l:.oIp.seu§ assistentes.
Horni letica - A Eloquencia da Preqacao 37
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CAPITULO IV
HOMILETICA E ESTILO
A palavra estilo vem do grego stylos (atraves
do latim stilus), que era 0 nome de uma haste, uma
vareta (de madeira ou de ferro), ponteaguda usada na
antiguidade para riscar ou escrever nas placas de cera
ou de barro, que eram 0 material de escrita daquele
tempo.
Como cada haste produzia uma escrita
caracteristica, stylos passou a ser a forma graficatipica de cada escritor. Logo essa forma material de
identidade literaria (hoje ela so e usada na
Criminalistic a), foi enriquecida com a ideia de que ela
identificava tambem a cultura (nivel de
conhecimento) e a personalidade (forma especifica de
expressao) do escritor. Entao, 0 estilo passou a ser
objeto e estudos da Gramatica,
Da Gramatica passou para a Literatura, mas
nao demorou muito para que se percebesse que, se 0
estilo revelava nao so a cultura (soma de
conhecimentos), mas a personalidade do escritor
(inteligencia, memona, sentimentos, intencoes,
preferencias, motivacoes, senso, estetico e moral),
entao ele transcendia it Grarnatica e it Literatura, pois
ele permeava a Retorica, a Etica , a Estetica, a
Psicologia, as artes, as tecnicas e todas as formas de
expressoes humanas. Surgia, entao, a Estilist ica.
38 Horni letlca - A Eloquancla da Pregagao 39
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A Estilistica e a ciencia da expressao humana ea critic a dessa expressao,
A Estilistica consumou a famosa sintese de
Buffon: "Le style c' est l'homme" (0 estilo e 0
hornem), pois cada homem, na verdade, e urn estilo.
Na Retorica (e por conseguinte na Oratoria ena Homiletica) 0 estilo e a maneira peculiar do oradorou pregador se expressar em publico.
CLASSIFICA<;Ao DOS ESTILOS
o maior perigo da imitacao (mimese) e a perda
da autenticidade. Quando a imitacao se casa com a
personalidade do individuo, nao ha nada a se
condenar. Mas, quando ela se toma postica, arti ficial,
toma 0 pregador ridiculo, pois a imitacao nao flui da
personalidade, mas deixam evidentes a contrafacao, 0
embuste, a mentira.
o estilo flui de oito areas da vida do preg ador:
1.Sonora: 0 estilo determinado pelo timbre de
sua voz, que pode ser: grave, medio, agudo, nasal,
rouco etc. A qualidade da voz de uma pessoa e taomarcante que determina 0 seu estilo sonoro.
2. Gramatical: 0 estilo determinado pelo seu
conhecimento das palavras e das regras da fala:
Rustico (comete erros crassos e sem elegancia);
educado (erros raros e com elegancia); primoroso
(sem erros e com esmerada elegancia); e gongorico
(exagerado ).
3. Literaria
o estilo ligado mais aos generos literarios, em
que 0 pregador revela uma certa preferencia: historia,
biografia, poesia, profecia, doutrina (teologica ou
moral) ou evangelizacao.4. Psicol6gica: 0 estilo determinado pelo seu
modo pessoal e agir: critico, polemico, apologetico,
agressrvo, satirico, jocoso, cornico, ironico,
pessimista, ufanista, faccioso, autoritario,
democratico, liberal etc.
5. Profissional: 0 estilo determinado pela
postura tipica de cada profissao exige de seu
executante. A postura do advogado diferente da do
politico e esta da do pregador. 0 fato da missao do
Urn erro antigo, que se comete na classificacao
dos estilos (no tempo de Cicero ja se fazia isso) e
considerar como tal apenas as qualidades positivas de
urn autor, ignorando-se que, se 0 estilo e a expressaomarc ante da pessoa, esta pode ser boa ou rna, positivaou negativa, certa ou errada.
Nao podemos confundir estilo (certo ou errado)
com estilo-padrao, estilo-modelo. E , a partir de urnconfronto, de uma analise critica, que iremos chegar aurn estilo-modelo, ideal.
Urn estilo born, certo, positivo, pode ser tao
admirado que, por ser marcante, passa a ser imitado,tomando-se modelo. Gracas a isso, podemos dizer que
o estilo pode ser aperfeico ado.
o estilo pode ser natural quando a pessoa
expressa aquilo que ela e , sem nenhuma elaboracao;
intuitivo, quando a propria pessoa percebe seus erros
e procura se modificar; e educado, quando a pessoa e
orientada por terceiros em sua modificacao. Ai entramos rnodelos e as imitacoes.
40 Homiletlca - A Eloquencia d a P re g ag ao 41
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pregador estar ligada a do pastor, diz-se de urn "estilo
pastoral" do pregador no pulpito.
6. Ideologia: 0 estilo determinado pela
identidade doutrinal do pregador. Cada igreja ou
grupo religioso tern a sua ou as suas doutrinas
distintivas e os pregadores se identificam pela ma-neira peculiar de exporem essas doutrinas.
7. Llturgtco: 0 estilo determinado pela postura
Iiturgica do pregador. Cada igreja ou grupo religioso
tern a sua mane ira peculiar de se conduzir
liturgicamente. Uns sao excessivamente formais
(liturgia rigida), outros sao flexiveis (liturgia
maleavel) e outros sao informais (liturgia indefinida).
A postura do pregador, no pulpito, revela muito 0
estilo liturgico de sua igreja.
8. Estrutura mental: 0 estilo determinado
pela predominancia de nossa expressao mental. 0
nosso cerebro tern uma maneira peculiar de
funcionamento. Os estimulos que 0 afetam tern que
seguir urn certo caminho para serem aproveitados. A
isso damos 0 nome de logica. Pensamos com logica.
Ocorre, entretanto, que nos nao pensamos apenas com
o cerebro. Quando pensamos, envolvemos nossasemocoes, nossos sentimentos.
E, quando 0 pregador se expressa mais pela sua
razao (sem se preocupar muito com as suas emocoes),
dizemos que 0 seu estilo irracional, ilogico. E, quando
ele se expressa mais pelas suas emocoes (sem se
preocupar muito com a logica), dizemos que 0 seu
estilo e emocional ou intuitivo.
Analise-se a si mesmo e descubra os trayosmarc antes de sua pessoa como pregador. Analise 0
comportamento dos pregadores e descubra os seus
estilos. Veja 0 que e certo e bonito e procure
incorporar a sua vida. Aprimore 0 seu estilo, mas
busque ser natural e autentico.
H orn lle tic a - A E lo qO e nc ia d a P re ga c; :a o 43
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CAPITULO V
HOMILETICA E TEOLOGIA
o Deus da Biblia e urn Deus que se revela, que
se comunica.
Os profetas eram orgaos receptores (oraculos )
das revelacoes de Deus. Eles nao so eram orgaos
receptores de mensagens significativas, mas tambem,
por vezes, seus comunicadores. Como receptores,
eles eram alvos da revelacao e como comunicadores
eles eram alvos da lnspiracao de Deus. Paracomunicarem, sob inspiracao, as mensagens reveladas
por Deus, os prof etas falavam, pregavam ou
escreviam. Por isso, os profetas as vezes, assumiam a
postura de conselheiro, de me stre, de pregador ou de
escritor.
o profeta nao era necessariamente urn
pregador mas podia se-lo circunstancialmente, por
inspiracao divina. 0 que caracterizava 0 ministerio doprofeta era 0 fato dele receber revelacao de Deus. A
forma dele acomunicar ao povo (falando, pregando
ou escrevendo) nao dependia da revelacao, mas da
inspiracao que imediata ou posteriormente rec ebia.
Essa explicacao e pertinente porque muitos
acham que 0 profeta era obrigatoriamente urn
pregador; que os pregadores atuais sao verdadeiros
profetas; e que os seminaries teologicos sao "casas de
profetas". Temos serias restricoes a essas afirmacoes,
a luz da distincao acima estabelecida.
H o rn lle tic a - A E lo q O en cia d a P re q ac ao 45
44
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A inspiracao ou uncao espiritual, essencial a
urn pregador, capacita-o a comunicar as verdades de
Deus dentro das necessida des dos ouvintes mas isso
nao the confere a funcao nem 0 titulo de profeta.
A rigor, podemos afirmar que foram poucos os
profetas pregadores na Biblia. A maioria, apenasfalava. (2Pe 1.21).
Jesus, 0 maior profeta da Biblia, se notabilizou
como pregador. E, ao chamar os seus discipulos,
prometeu fazer deles "pescadores de homens" isto e. ' ,comunicadores. Ora, os pescadores conhecem duas
midias ou dois metodos de pesca: 1) 0 anzol; e 2) a
:ed~ .(Hc 1.15). 0 pescador de anzol, faz a pesca
individual. 0 pescador de rede, faz a pesca coletiva.Para ter sucesso, ele tern que saber usar os dois
metodos. Assim e com 0 pregador. Contudo ele tern
que se: especialista na pesca com rede, pois a sua
tarefa e a pregacao coletiva.
Na Grande Comissao, dada por Jesus a seus
discipulos, segundo 0 registro de Mateus 28.19-20
t~m~s configurada a funcao de mestre (fazei
discipulos), mas segundo 0 registro de Marcos 16.15,
a configuracao e a de pregador (pregai 0 evangelho).Os apostolos e evangelistas eram autenticos
pregadores, pois eles eram os "ministros da palavra"
colocados por Jesus na Igreja. Devemos destacar que
nem todos os ministros da Igreja primitiva eram
pregadores. Os pastores, por exemplo, tambem
chamados presbiteros ou bispos eram lideres
administrativos que formavam u~ conselho de
ad~inistra<;ao. Entre eles, havia alguns que sededicavam it pregacao e outros ao ensino (1Tm 5.17).
Os ministros," os que tinham responsabilidade
exclusiva da palavra, eram os apostolos e os
evangelistas. Aqueles eram ministros universais da
palavra. Estes, ministros locais ou reg ionais.
Ora, Jesus nao poderia ter dado aos apostolos,
como individuos, uma missao universal (ir a todo 0
mundo), sem prover-Ihes uma organizacao adequada.
Dai a Igreja como agencia de evangelizacao,
A Igreja e a eomunidade dos discipulos que
Ihes propieia 0 eumprimento da Grande Comi ssao. Na
igreja e atraves dela, eada discipulo se habilita para
cumprir a ordem de Jesus Cristo. Por isso, a missao
dos discipulos passa a ser a missao da Igreja.
Equal e a missao da Igreja?
A palavra missao vern do latim missio (doverbo mittere, enviar, mandar, autorizar, delegar, dar
procuracao etc.) e signifiea tarefa, trabalho, acao,
atribuicao, ordem, mandato, procuracao etc. A palavra
grega eorrespondente a missao e apostole (composta
de apo, que da ideia de origem, de procedencia, vindo
da parte de alguem e stole, do verbo sttelo, enviar).
Apostolo signifiea, literalmente, enviado da parte de
alguem para realizar uma tarefa.Ora, temos que admitir que a tarefa (0 que se
faz) pressupoe um objetivo (para que se faz), por isso,
quando falamos de missao, temos que distinguir a
missao-tarefa e a missao-finalidadc.
Inquestionavelmente, baseados em Mt
28.19-20; Me 16.15; Lc 24.47-49 e At 1.1-8, a missao
da igreja e evangelizar. Ora, evangelizar e ganhar
almas! Sera que a missao unica da Igreja no mundo e
18 Em sentido semitico e nao etimologico,
46 l -lomiletica - A E lo q O e nc ia d a Preqacao47
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ganhar almas? Ganhar almas nao seria apenas uma
tarefa, dentre outras, voltada para uma finalidade de
urn objetivo maior? De fato, ha uma missao -objetivo
maior para a Igreja de Jesus Cristo na terra: e a gloria
de Deus. E a evangelizacao s6 e uma missao digna da
Igreja porque ela promove a gl6ria de Deus.
Assim, cultuar a Deus e uma missao da Igreja.
Desenvolver a solidariedade entre os seus membros euma missao da Igreja. Estudar e praticar os ensinos da
Biblia e uma missao da Igreja. Evangelizar e
organizar novas igrejas e missao da Igreja. E, prestar
servicos assistenciais, educativos e culturais a
sociedade em geral, tambem, e missao da Igreja.
Vemos, entao, que ha uma missao teol6gica (a
gl6ria de Deus), uma rnissao liturgica (cultuar aDeus), uma missao social intema (a solidariedade dos
crentes), uma missao biol6gica (0 amadurecimento e a
rnultiplicacao dos crentes e das igrejas), e uma missao
social extema ( a sociedade em geral).Assim, quando dizemos que a missao da Igreja
e evangelizar nao estamos dizendo que e a unica e
nem que e a mais importante. Tambem nao estamos
dizendo que evangelizar e apenas pregar 0 Evan gelho.
A pregacao e urn metodo de Evangelizacao 19 e a
Evangelizacao e urn metodo de glorificacao de Deus.
A ideia muito difundida de que a missao da
Igreja e evangelizar e que evangelizar e apenas pre~ar
ou distribuir folhetos, talvez seja a causa de muita
apatia e conformismo entre os cren tes. . r
As igrejas que imaginam que sua missao umca
e evangelizar e se limitam a pregar, a distribuir
folhetos, a radiofonizar ou televisionar seus cultos,ainda nao descobriram a sua verdadeira missao.
Vejamos como podemos delinear a
metodologia da salvacao:1. Cristo e 0 metodo de Deus para salvar 0
mundo.2. 0 homem e 0 metodo de Deus para levar
Cristo ao Mundo. A Igreja e 0 rnetodo de Deus para
levar 0 homem a levar Cristo ao mundo.4. A evangelizacao e 0 metodo da Igreja para
levar Cristo ao mundo.5. A pregacao e urn metodo de evangelizacao
para levar Cristo ao mundo.Assim, a Homiletica, que trata da pregacao ,
tern muito a ver com a Teologia, pois ela precisa saber
para que existe e qual a sua funcao diante de Deus, de
Cristo, do Espirito Santo, da Igreja e da salvacao do
mundo.Ve-se, entao, que a Homiletica nao entra no
curriculo teol6gico apenas como arte de falar em
publico, como tecnica de comunicacao verbal, como
tecnica de orat6ria, como parte da necessidade
humana de cornunicacao, mas como materia
essencial, que esta na perspectiva da missao da Igreja
no mundo; como parte de sua obra redentora, em
Cristo.
19Por influencia dos missionarios norte-americanos usa -se
"evangelismo" em lugar de Evangelizacao, sem nenhuma
con~iderayao aos nossos dicionarios, Evangelismo e a doutrina, a
teona sobre ° Evangelho (conceito estatico). Evangelizacao e a
tecnica, a pratica, a acao de comunicar ° Evang elho (conceito
dinamico),
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Quando Socrates reivindicou a subordinacao da
Retorica a Filosofia, na verdade ele estava sugerindouma subordinacao a Teologia, pois a sua concepcao-de verdade (pela qual estava pronto a morrer) nao era
apenas logica ou ontologica, mas teologica. 0 seu
filosofar nao era uma imposicao apenas da Etica ou daMetafisica, mas da Teologia. Eis as suas palavras:
"Por determinacao divina, vinda nao so atraves do
oraculo, mas tambem de sonhos e de todas as vias
pelas quais 0 homem recebe ordem dos deuses".20
A Homiletica so tern valor, como retorica
crista, quando subordinada a Teologia Crista. Por
isso, ela deixa de ser apenas urn estudo de tecnicas
para se tomar numa arte objetiva, a servico de uma
filosofia de vida, de uma mensagem cspecifica, de
uma Teologia. A Homiletica nao se preocupa so com
a forma da comunicacao, mas tambem com 0 seu
conteudo. 0 pregador nao e aquele que so sabe
comunicar, mas que tern, em primeiro lugar, 0 que
comunicar. Ele se preocupa nao so com a forma da
comunicacao, mas especialmente com a exatidao e
fidelidade em faze-lao0 pregador e urn comunicador
comprometido com a sua mensagem. Por isso, eleprecisa ter nao so urn so lido conhecimento de
Homiletica, mas especialmente de Teologia e de
cultura geral.
E essa perspectiva teol ogica da pregacao que
faz com que 0 pregador se sinta motivado a pregar.
Ele sabe que foi chamado por Deus para essa missao.
Sabe que Deus esta nele, pelo Espirito Santo, para
usa-lo nessa tarefa. E sabe que sua tare fa e tao
importante e insubstituivel que ele jamais se furtara
ao privilegio de executa-lao "Ai de mim se nao
anunciar 0 Evangelho" (lCo 9.16-27).
2°Defesa de Socrates em "Dialogos"; de Platao.
Homiletica - A Eloqusncia da Preqacao 51
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CAPITULO VI
HOMILETICA E, . . .
EVANGELIZA<;AO
A palavra evangelho pode ser entendida sob
quatro aspectos: 1) Etimologico. E uma composicao
grega formada do eu, bern e angelia, mensagem; boa
mensagem, boa noticia, boa nova; 2) Politico. E a
mensagem anunciada por urn arauto especial do rei
(2Sm 18.19-33, especialmente 0 verso 27). 3)
Teologico, E uma mensagem de paz e salvacaoenviada por Deus, sobre 0 Rei Jesus, aos suditos do
Rei dos Ceus.'" e 4) Literario. E urn livro de
memorias sobre Jesus, que mostra ser ele 0 Cristo, 0
Rei. Neste sentido, ha quatro livros considerados
como tais, em nossa Biblia,
Tomando 0 terceiro sentido (0 teologico),
podemos dizer que a evangclizacao e 0 ato ou efeito
de comunicar 0 Evangelho.v'
E, como nao tern havido muita precisao no usa
da terminologia da evangelizacao, vamos tentar uma
pequena analise:
A evangelizacao pode ser:
1. INDIVIDUAL, quando 0 evangelista fala
particularmente ao individuo.
21Nesse sentido, toda a Biblia se toma "evangelho22Idem, p.46
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2. COLETIVA, quando 0 evangelista prega a
urn grupo de individuos, a uma coletividade. Neste
caso, a Biblia 0 chama de pregador.
A evangelizacao individual ou coletiva podem
ser:
do individuo e que exige tecnicas e habilidades
especiais. A Homiletica esta diretamente ligada aEvangclizacao Coletiva. Sua tarefa e preparar
pregadores para que evangel izem grupos de pessoas e
rnultidoes.
A Evangelizacao Coletiva, entretanto, nao secircunscreve apenas a pregacao , Ela e mais
abrangente e envolve mais do que pregadores. A
Evangelizacao Coletiva compreende recursos
financeiros, tecnicas, equipamentos e materiais
adequados. Ela exige muita gente, organizacao,
esforco concentrado e senso de equipe.
a. PESSOAL, quando 0 evangelista esta
presente (ao vivo) e fala ou prega a seu ou seus
assistentes (Na rua, praca, conducao, templo,
auditorio, estadio, correspondencia etc.).
b. IMPESSOAL, quando 0 evangelista esta
ausente e e substituido por veiculo ou midias que 0
representem. (Filmes, diafilmes, diapositivos {slides},
fitas cassete, discos, jomais, revistas, livros, folhetos,
circulares etc.)
Por outro lado, a evangelizacao individual oucoletiva pode ser tambem:
e) DIRETA, quando 0 evangelista se dirige
pessoal e diretamente a seu ou seus assistentes.
Exemplo: 0 evangelista que aborda uma pessoa na
rua ou 0 pregador que prega na praca ou no pulpito.
f) INDIRETA, quando 0 evangelista se dirige
pessoalmente a seus assistentes ou ouvintes, mas
atraves de veiculos de comunicacao instantanea, comoo radio e a televisao,
APLICA<;AO
1.0 evangelista que aborda uma pessoa na rua,
em casa, discos, fitas e livros.
Diante dessa analise, deduz -se que a
Homiletica, sendo a arte de falar em publico, nada
tern a ver com a Evangelizacao Individual, que cuida
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CAPiTULO VII
r
HOMILETICA,"
HERMENEUTICAEEXEGESE
A Hermeneutica e a Exegese sao duas
disciplinas fundamentais para a Homiletica. A
primeira the oferece as tecnicas de pesquisa. A
segunda, as tecnicas de exposicao. Isto porque:
1. A Hermeneutica e a ciencia da
lnterpretacao textual23
Ela se divide em Hermeneutica Hist6rica, que
estuda as formas de interpretacao, havidas no decorrer
da hist6ria e a Hermeneutica Normativa, que
estabelece as regras da interpretacao, Esta depende da
Filologia, da Gramatica, da Psicologia, da Hist6riaetc.
Ha duas maneiras erradas de se conceituar a
Hermeneutica uma e considera-la apenas como uma
tecnica, isto e, como urn conjunto de regras de
23Do grego exegese, exposicao, Do verboexago, tirar para
fora, conduzir, expor. CONCEI(:AO, A. A. Introduciio ao Estudo da
Exegese Biblica, CPAD, 1990, p. 112.. RM-JECKER,- Fritz IROGERS, Cleon. Chave Linguistica do Novo Testamento Grego, ,
Vida Nova, 1979, p. 639.
56H om tle tic a - A E lo qO e nc ia d a P re ga ga o 57
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interpretacao textual; outra, e confundi-Ia com a
Exegese.
A Hermeneutica nao e apenas uma tecnica de
interpretacao baseada num conjunto de regras. Ela e
uma ciencia que tern fundamentacao racional, que tern
sua mane ira peculiar de acao e que tern seusobjetivos. Ela pode ser considerada como uma ciencia
especulativa, que busca 0 saber pelo saber, e que poe
o seu produto a disposicao de outras ciencias ou artes.A finalidade da Hermeneutica e dar a urn texto a suainterpretacao correta. 0 resultado de uma operacao
hermeneutica, a licao final, nao pode ser desvinculado
de seu processo e de seus principios.
A Homiletica depende da Hermeneutica porque
a pregacao crista se fundamenta num documento
textual: a Biblia Sagrada. A interpretacao correta dos
textos sagrados, pois, e essencial a pregacao. Se a
Homiletica e a arte de pregar 0 Evangelho, entao, e
atraves da Hermeneutica que podemos saber 0 que e 0
Evangelho e se 0 que estamos pregando, realmente e
Evangelho, pela Homiletica ficamos sabendo como
prega-Io.
Homiletica sem Hermeneutica e trombeta desonido incerto (lCo 14:8). Homiletica, tambern,
depende muito da Exegese.
2. A Exegese " e a arte de expor uma Ideia
[Exegese do grego ek + egeomai, penso,
interpreto, arranco para fora do texto.] ,
E a pratica da hermeneutic a sagrada que buscaa real interpretacao dos textos que formam 0 Antigo e
o Novo Testamento. Vale-se, pois, do conhecimento
das linguas originais (hebraico, aramaico e grego), da
confrontacao dos diversos textos biblicos e das
tecnicas aplicadas na linguistica e na filologia.
EXEGESE ESTRUTURAL - [Disposicao
intema de uma construcao]. Doutrina que sustenta
estar 0 significado do texto biblico alem do processode composicao e das intencoes do autor. Neste
metodo e levado em conta as estruturas e padroes do
pensamento humano. Noutras palavras: 0 cerebro e
guiado por determinadas estruturas e padroes, alem
dos quais nao podemos avancar,
Todavia nao podemos nos esquecer deste alerta
consolador de Paulo: "Temos a mente de Cristo". E,
se a temos, 0 Espirito Santo revela-nos 0 que a nossamente e incapaz de entender.
EXEGESE GRAMATICO-HISTORICA -
Principio de interpretacao biblica que leva em conta
apenas a sintaxe e 0 contexto historico no qual foi
composta a Palavra de Deus. Tal metoda acaba por
24Do grego exegese, exposicao. Do verbo exage, tirar para
fora, conduzir, expor.
58 H om ile tlc a - A E io qu en cia d a P re ga 9a o 59
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tirar da Biblia 0 seu significado espiritual. Nao se
pode ignorar as verdades que se acham escondidas
sob os simbolos e enigmas das porcoes escatologicas
e apocalipticas do Livro Santo. Na interpretacao da
Biblia, nao podemos esquecer nenhum detalhe. Todos
sao importantes.
Por isso, precisamos ter urn pouco mais de
cuidado quando vamos nos referir a exegese feita por
alguem, Estamos nos referindo a sua forma expositivaou ao conteudo de sua exposicao? Se for, estamos nos
referindo a urn exegeta mais do que ao conteudo,
precisamos saber quem e0
hermeneuta. Nem sempreo exegeta e 0 hermeneuta, por isso, nem sempre ele e
o responsavel pela interpret acao exposta.
o uso da palavra exegese, so pode ser admitidoem lugar de hermeneutica, quando esta implicita
naquela, isto e, quando ele expoe ideias que ele
mesmo pesquisou; quando ele e 0 veiculador de sua
propria interpretacao.
EXEGESE TEOLOGICA - Principio de
interpretacao biblica que toma por parametro as
doutrinas sistematizadas pelos doutores da Igreja.
Neste caso, a Biblia e submetida a doutrina. Mas
como esta nem sempre encontra -se isenta de
interpretacoes parcimoniosas e tradicoes meramente
humanas, corre-se 0 risco de se valorizar mais a forma
que 0 conteudo. 0 correto e submeter a dogmatic a aocrivo da infalibilidade da Palavra de Deus.
A Homiletica recebe conteudo, quando 0
pregador se esmera no uso da Hermeneutica e ganha
na forma, quando ele se aplica a Exegese .Como podemos observar, a Hermeneutica e a
Exegese tern sentidos opostos de acao. Enquanto que
a Hermeneutica e busca, pesquisa, interpretacao, a
Exegese e doacao, e transmissao, e comunicacao, eexposicao. Urn hermeneuta nao e necessariamente urn
exegeta. E, isso, pode ser demonstrado pela expressao
proverbial: "0 professor e urn cranio, uma sumidade
na materia, mas nao sabe ensinar". Por outro lado, urn
exegeta nao e necessariamente urn hermeneuta. Ele
pode se valer de pesquisas ou de interpretacao de
outrem. Na literatura cientifica, na ficcao e no
jomalismo, grandes exegetas se louvam nos trabalhos
dos grandes hermeneutas (pesquisadores orig inais).
H or nlle tic a - A E lo qO e nc ia d a P re ga ga o 61
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CAPITULO VIII
,
HOMILETICA,
TEXTO E CONTEXTO
A palavra texto vern do latim textus (do verbo
texere, trancar, tecer) e significa aquilo que esta
tecido, trancado, entrelacado, interl igado.
Na literatura, texto e 0 conjunto de palavras
escritas que, relacionadas entre si exprimem uma
ideia, urn pensamento.
Em sentido amplo, texto e tudo 0 que esta
escrito. Em sentido restrito, texto e apenas uma
porcao escrita que se quer considerar. 0 texto pode
ser apenas uma palavra, uma oracao , uma frase ou urn
periodo curto ou longo. Assim, a parte tomada como
texto faz com que tudo 0 mais (que esta escrito, antes
ou depois), the seja contexto.
o contexto pode ser antecedente ou
consequente, proximo ou remoto, conforme suaposicao e distancia do texto.
o contexto pode ser tambem intemo (ao redor
do texto que se esta considerando) ou extemo (fora
dele). Neste ultimo caso 0 contexto pode ser histor ico,
social, psicologico, cultural etc.
Assim, se tomarmos a Biblia como texto, tudo
o mais que a circunda (historia, literatura, linguistica,
arqueologia, geografia etc.) e seu contexto. E neste
sentido que dizemos que" a Biblia e 0 livro -texto do
62 H or ni le fi ca - A E lo q ue nc ia d a P re q ac ao 63
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pregador ". E isso nao quer dizer que 0 pregador seja
"homem de urn livro so" ou que ele deva ignorar 0
universo contextual da Biblia.
Mas a Biblia nao e apenas "urn livro". Ela euma colecao de livros, uma biblioteca, contendo 66
livros. Tornados individualmente, cada livro passa a
ser urn texto, enquanto que os demais pass/ a the ser
contexto. Por outro lado, cada livro esta dividido em
capitulos (unidades de assunto) e versiculos (unidades
gramaticais); e cada versiculo em oracoes e palavras.
Cada unidade textual que for tomada para uma
consideracao particular, passa a ser texto, enquanto
que as demais porcoes textuais (antecedentes,
consequentes, proximas ou remotas) passam a ser
contexto.Os autores de obras homileticas tern se
preocupado em classificar os sermoes segundo a
porcao textual que e considerada. Assim, chamam de
"sermao textual", 0 sermao cujos argumentos estao no
proprio texto; de "Sermao expositivo" 0 sermao que
se propoe a analisar urn fato historico -textual; e de
"sermao de topic os" 0 sermao que so tern 0 tema
tirado do texto e os argumentos sao livres (da
iniciativa do pregador) Ve-se que 0 "sermao de
topicos" e apenas uma variante do "textual".Julgamos essa classificacao ociosa (porque
artificial) confusae prejudicial. Quem prega, sabe que
urn texto pode ter a mais variada forma de utilizacao e
que urn sermao pode ter a mais divers a forma de
disposicao. Qualquer classificacao e restritiva e tira
do pregador (ao menos enquanto estudante de
horniletica) a oportunidade de conhecer as imimeras
outras altemativas de composicao h omiletica.
Dissemos "enquanto estudante" porque logo
que a pessoa comeca a pregar ela descobre 0 imenso
leque de altemativas do uso textual e da disposicao do
sermao. Toda a classificacao aprendida e relegada ao
esquecimento. Dizemos tambem que essa
classificacao e confusa. Isto porque todos os sermoesbiblicos sao textuais, pois sao todos baseados em urn
texto; e sao todos sermoes expositivos, porque cada
sermao e uma exposicao; e sao todos de topicos, pois
toda a argumentacao de urn sermao e feita em topicos.Alguns chamam 0 sermao de topicos de tematico. 0
absurdo e maior porque todo sermao se baseia num
tema. E por isso dizemos que tal classificacao eprejudicial. Perde-se muito tempo para se aprender
uma coisa que e artificial, restritiva, redundante e
inutil, particular. E verda deira perda de tempo que se
tern nesse sentido.
Veja 0 capitulo seguinte sobre Horniletica e
Tipos de Sermoes.
H o rn ile tic a - A E lo q ue nc la d a P re q ac ao 65
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CAPITULO IX
,
HOMILETICA
E TIPOS DE SERMOES
Os autores de homiletica tern dedicado bastante
atencao a variedade de tipos de serrnoes que urn
pregador pode produzir. Entao surgem os sermoes
evangelisticos, doutrinarios, exortativos, confor-
tativos, avivalisticos, inspiracionais, devocionais,
nupciais, natalicios, fiinebres, civicos, etc.
A rigor so ha urn tipo de sermao quanta ao seuconteudo: 0 doutrinal, pois todos os sermoes so tern
urn proposito: enfocar uma doutrina.
o que se observa, entretanto, e que, emborafocalizando uma doutrina, 0 sermao pode ser dirigido
a dois tipos de ouvintes (crentes e nao crentes) e em
circunstancias e situacoes diferentes. Assim, os
sermoes sao essencialmente:
1.Doutrinas ou doutrlnarlos
Doutrinas ou doutrinarios, quando enfocam
uma doutrina e sao dirigidos aos crentes, visando
exclusivamente 0 ensino da Palavra de Deus a fim de
que ela seja conhecida, aceita e obedecida. 0 sermao
doutrinal visa sedimentar os conhecimentos e a fe dos
crentes.
66 H om ile tic a - A E lo qO e nc ia d a P re ga ga o 67
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Quando, porem, ele assume 0 tom de
exortacao, de conforto, para aconselhar, advertir ou
solidarizar, pode se tomar, entao,
doutrinario-exortativo ou confortativo.
E importante nao confundirmos sermao
doutrinario com estudo doutrinario. Eles se
diferenciam pela postura (em pe ou sentado), pela
forma expositiva (literaria ou didatica), pela
linguagem (social ou tecnica) e pelos recursos
visuais (expressao corporal ou equipame ntos).
convertido. E urn sermao evangelizante, feito para os
nao crentes, pode sedimentar as conviccoes dos
crentes. Por isso, 0 pregador deve pensar tambem em
crentes que estao ouvindo urn sermao evangelizante.
Assim os chamados sermoes nupciars,
natalicios, funebres, civicos 26 etc. podem ser tanto
doutrinais como evangelizantes, dependendo somenteda aplicacao (sedimentar a fe ou levar a conversao)dos destinatarios (crentes e nao crentes) e dos
resultados.
2. Evangelizantes"
Evangelizantes quando enfocam uma doutrina
e sao dirigidos aos nao crentes visando suaconversacao a Cristo. A doutrina fundamental dos
sermoes evangelizantes e a Soteriologia, quando se
procura viabilizar 0 Plano de Salvacao para os
pecadores. Qualquer sermao se toma evangelizante
quando resulta em pessoas convertidas a Cristo.
Por isso, os sermoes doutrinais ou
evangelizantes podem ser diretos ou indiretos quanta
a apropriacao pelo ouvinte. Urn sermao doutrinal,
feito exclusivamente para crentes, pode resultar em
conversao, se houver urn ouvinte ainda nao
25Consagrou-se 0 usa do termo evangelistico, sem nenhuma
consideracao a gramatica. Ha que se distingue evangelistico de
evangelizante. 0 termo evangelistico apenas situa uma relacao com 0
Evangelho. Evangelizante, entretanto, indica urn proposito, urn
objetivo, uma intencao deliberada. 0 sermao evangelizante se
caracteriza nao so pela sua relacao com 0 Evangelho, mas pelo seu
empenho em salvar os p ecadores.
26Parenese e 0 nome que se da a urn sermao oficial, feito
para uma ocasiao especial.
H om ile tic s - A E lo qO en cia d a P re ga c;:a o 69
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CAPITULO X
,
HOMILETICA E CULTURA
Cultura e urn modo de ser de urn povo. A
ciencia que se preocupa com a cultura chama -se
Etnologia.
Ha uma relacao muito grande entre a
Homiletica e a Cultura.
Nao devemos nos esquecer que:
1. 0 pregador e uma pessoa oriunda de urn
contexto cultural. Ele vern sempre de urn meio de
cultura.
2. A pregacao e urn elemento de cultura. 0
pregador e urn divulgador de cultura. A pregacao e
urn fator de cultura. Cada pessoa que ouve urn
sermao, enriquece culturalmente.
3. 0 objeto da pregacao e 0 individuo, inserido
nurn rneio cultural. 0 pregador nao pode se dirigir urn
povo ignorando-Ihe a cultura.
A cultura de urn povo e fundamentada em
principios de vida e em costumes. Os principios sao
universais (aplicaveis a todos os individuos e a todas
as culturas), mas os costumes sao particulares
(proporcionais ao est agio cultural do povo).
A falta de uma compreensao desse problema e
a falta de uma definicao sobre 0 conteudo essencial da
mensa gem que 0 pregador tern que transrnitir tern
70 H o rn lle tic a - A E lo q O en cia d a P re ga ga o 71
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produzido choques de cultura e anomalias na obra
nussionana. Muitos missionanos confundem a
mensagem que devem pregar (baseada em principios)
com a sua cultura, levando aos seus destinatarios
costumes de seu povo e nao 0 Evangelho.
1 3claro que os principios universais do
Evangelho, quando aplicados na vida do individuo,
van mudar-lhe os conceitos e os seus padroes
culturais e van afetar a cultura de seu povo, mas isso
tern que ser consequencia natural, como algo que
nasce de dentro e nao como imposicao exterior,
epidermica.
o pregador tern que pregar 0 Evangelho, com
seus valores culturais e nao impor costumes como
expressoes particulares de sua cultura.Nunca devemos nos esquecer que, em certo
sentido, 0 pregador cristae e urn divulgador dos
val ores culturais da cultura hebraica, mas nao
necessariamente da cultura particular dos hebreus. A
incapacidade de distinguir os principios dos costumes
hebraic os tern levado muitos grupos religiosos a
adotarem como doutrina simples costumes particu-
lares dos judeus.Ninguem pode se considerar como pregador
cristae ignorando a cultura hebraica registrada nas
Escrituras. Tanto que a cultura teol6gica do pregador
exige conhecimentos da lingua, da literatura, da
hist6ria, da geografia e de tantos outros setores da
cultura hebraica. Tudo isso faz parte dos curriculos
teol6gicos a que damos 0 nome de cultura tecnica
ou cultura teologica.
Contudo, ao lado des sa cultura tecnica, 0
pregador precisa de uma vasta e s6lida cultura geral.
Quanto mais cultura ele tiver, mais facil e mais
eficiente sera 0 seu ministerio. 0 pregador precisa
conhecer bern 0 homem e a cultura de seu tempo: suas
ideias, seus costumes, seus problemas, seus recursos,
sua personalidade e sua psicologia.
Por isso,_0 pregador nao pode_~ont~ntar-se em
estudar apenas a sua Biblia. ,0 pregador nao pode ser
"homem de urn livro so". Mas ha muita gente que se
ufana disso. Quem afirma que 0 pregador deve
estudar s6 a Biblia revela ignorancia ou preguica
mental. Podemos ate duvidar do seu nivel intelectual e
do conteudo de seus sermoes.
o pregador precisa estar em dia com 0 seutempo, com a cultura de seu povo ou do povo a quem
ele vai ministrar. Se ele esta no Brasil, precisa
conhecer a psicologia do povo brasileiro, 0 grau de
cultura desse povo, suas aspiracoes, suas frustracoes,
o que faz, como 0 faz, 0 que pensa e 0 que pretende.
Se ele dirigir a outro pais, tera que conhecer 0 mesmo
a respeito do povo daquele pais. Precisara nao so
conhecer essa cultura, mas assimila-Ia e integrar-senela.
Para isso, 0 pregador tera que ler muito. (ser
leitor inveterado e insaciavel de informacoes), Ler
jQ.mais, revis.1asLJivrQs; ouvir radio, ver televisaQ.
_cinema,teatro; participar da comun!Q!:ldeem reunioes
s9~ult~lrllj~1 cieptificas, politicas ~g
ver, ouvir e § ~ _ n ! i r . . _ pseu povo.
Os que dizem que s6 a Biblia basta, enfrentam
duras interrogacoes: Como eles interpretam a sua
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Biblia? Que autoridade tern ao se dirigirem a urn povo
que nao conhecem?
Eles respondem: A Biblia nao precisa ser
defendida, pois Deus a tern defendido atraves da
historia, De fato, 0 Evangelho e 0 poder de Deus e
como tal e invencivel. Nao precisamos, mesrno,
defender 0 Evangelho, mas isso nao quer dizer que
estejarnos dispensados de defender as teses sobre 0
Evangelho que oferecernos ao mundo como bases de
nossas pregacoes.
o pregador que tern consciencia da relacao
Homiletica-Cultural revela ter plena consciencia de
seu papel na sociedade. Papel invulgar, indispensavel
e insubstituivel, pois 0 pregador nao e so urn
divulgador cultural, mas e tambem urn mestre, urnterapeuta e artifice de uma nova sociedade, de uma
nova cultura.
SEGUNDA PARTE
PREPARO E
EXPOSICAO DO SERMAO
CAPiTULO XI
OS ELEMENTOS BAsICOS-
DOSERMAO
Todo discurso grra em tomo de quatro
elementos principais:
1. 0 motivo
o motivo que leva 0 orador a se por para falar
(saudacao a urn visitante, a urn aniversariante,
inauguracao de uma obra, analise de urn fato social,politico ou religioso). A isso se da 0 nome de tema.
2. A maneira pessoal do orador
A maneira pessoal do orador enfocar esse
motivo se da 0 nome de tese.
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3. A coisa que vai falar
1. TiTULO
o conteudo de sua fala; os seus argumentos;
as suas ideias. A isso se da 0 nome de a ssunto.
4. A forma de falar
A palavra titulo vern do grego titlos (atraves do
latim titulus. (Jo 19.19).
,Na Homiletica, tituloe_Qtl0me do ser.maQ,
posto em destaque, para ele ser identificado como
uma peca literaria completa.disposicao das varias partes que constituem
o discurso.
Desde sua origem, com Corax na Grecia , os
mestres de Oratoria tem-se preocupado mais, com
esta ultima parte do sermao do que 0 porque dessas
partes e suas interrelacoes, tern sido a nota dominante
dos mestres de Homiletica.
Mude-se, desta feita, 0 enfoque da materia. Aanalise que se fara das partes do sermao visa mais
definir a razao de ser de cada uma e sua relacao com
as demais, do que apenas definir sua localizacao no
conjunto do sermao.
Q sermao e uma peca literaria que se compoe,
normalmente, de oito partes: 0 titulo, 0 texto, 0 tema,.a introdu9aq-L._'.lJe~~",_.:_~umenta..£~o ou assunto, a
conclusao e oapelo.
. E necessario conceituar cada uma dessas partes
nao so para que 0 pregador tenha delas conhecimento,
mas para que sabendo 0 seu verdadeiro significado, as
use com precisao e nao caia nas armadilhas da
confusao reinante.
Tal conceituacao e importante , tambem, para
que 0 leitor acompanhe as colocacoes que faremos no
decorrer desta obra.
2. TEXTO
A palavra texto vern do latim textus, tecido (do
verbo texere, trancar, tecer) refere -se a tudo 0 que esta
tecido. Na Literatura, texto e tudo 0 que esta escrito.
E, na Homiletic~_!_~;xtq_~_P_QJ."Y_~Q_Q!Q!i~~_qllese tomac.omobase para urn sermao. 0 Texto pode ser apenas
.uma palavra, uma 2r~a(), uma frase ou urn periodo
(curto ou longo).
3. TEMA
A palavra tema vern do grego thema (do verbo
tithemi, ponho, coloco, guardo, deposito) e significf!,
.algo que esta dentro, guardado, depositadq. A palavra
latina que a corresponde e assunto (assumptus,
tornado, recebido, guardado, depositado).
Embora sinonimas, se estabelece, para fins
exclusivamente didaticos, uma pequena diferenca
entre elas. Para nos, tema vai ser apenas 0 nome do
assunto (sobre 0 qual se fala) ou a sintese do conjunto
deles; enquanto que 0 assunto, propriamente dito, vai
ser a argumentacao (0 que se fala) ou 0 bloco de
76Hornl letica - A Eloquencia da Preqacao 77
nao so os argumentos, mas a razao de ser do proprio
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argumentos que 0 pregador pode reunir em favor de
sua tese.
Encarecemos a atencao do leitor para essa
diferenca para poder nos acompanhar em nossa
exposicao.
sermao, por isso vamos considera-la como 0 assunto
propriamente dito. 0 assunto, pois (para nos) vai ser a
parte do sermao restrita a argumentacao.
7. CONCLUsAo
4. INTRODUC;Ao OU EXORDIOA conclusao e 0 desfecho final do sermao, Nela
o pregador deduz, de sua argumentacao, todas as
verdades praticas, que podem ser aplicadas a snecessidades dos ouvintes. Por isso a conclusao e urnresumo do que se disse e uma aplicacao pratica (em
nivel teorico) das verdades enunciadas.
A introducao e a parte inicial do sermao. Nela,o pregador inicia seu relacionamento com seu
auditorio tendo em vista a apresenta9ao de uma
proposta para a discussao de um tema:_
5. TESE
8. APELOA palavra tese vern do grego thesis (do verbo
these, que tern 0 mesmo significado de tithemi,
explicado no item 3). Por urn processo semantico, tese
passou a ser uma proposicao, isto e , uma declaracaoem forma de proposta para discussao ou analise de urn
tema.
A tese, como uma declaracao, pode ser
afirmativa, negativa ou interrogativa.
o apelo e urn convite do pregador para que
seus ouvintes se manifestem publicamente sobre 0
sermao que ouviram. Enquanto que a conclusao e urnconvite a mente, a inteligencia, para que a pessoa se
decida subjetivamente, 0 apelo e urn convite a
personalidade integral da pessoa, para que se decida
objetiva e publicamente.
6. ARGUMENTAC;Ao OU ASSUNTO
A argumentacao e 0 conjunto de fatos, de
ideias, de provas ou de argumentos arrolados pelo
pregador como resposta a proposta de discussao
contida em sua tese.
Na Homiletica, essa parte e a mais importante
do sermao, pois e ela que the da conteudo, Nela estao,
H or nlle tic a - A E lo qO e nc ia d a P re ga l{ ao 79
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CAPiTULO XII
o PREPARO DO SERMAO
Ha duas fases no preparo de urn sermao. A
primeira, quando se pesguisa e se coleta 0 material a
ser usado. A segunda, quando se disp5e ou s~
esquematiza esse material para a exposicao~
Este capitulo trata da primeira fase. 0
proximo tratara da segunda.
Nenhum pregador pode ter exito em seu labor
homiletico se nao se preparar convenientemente para
com ele. Cada sermao tern que ser 0 produto de urn
cuidadoso preparo. Alem do preparo espiritual, que se
exige de urn mensageiro de Cristo, os seguintes
elementos de seu sermao deve merecer urn preparo
especial.
1.0 TEXTO
o texto, como ja vimos, e tudo 0 que estaescrito, e na Homiletica e a porcao biblica tomada
como base do sermao.
a. Vantagens do texto
Ha dois extremos, quanto ao uso do texto, que
o pregador deve evitar: 0 desprezo pelo texto (sem
base biblica) e 0 usa do texto como pretexto (sermao
com aparente base biblica),
80 Hom usnca - A E lo q ue nc ia d a Preqacao 81
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o uso inteligente do texto sagrado, no sermao,oferece as seguintes vantagens ao pregador:
b. E fonte inesgotavel de temas, teses e de
assuntos.
c. Seus temas sao os que mais atraem os
ouvintes porque tratam especificamente de seu
interesse mais profundo.
d. Da seriedade a pregacao .
e. Garante uma atencao natural dos ouvi ntes.
f. Da autoridade ao pregador.
g. Divulga 0 conteudo das Escrituras, levando
o povo a conhecer a Palavra de Deus.
h. Estimula 0 uso da Biblia no culto.
i. Ensina 0 povo a interpretar a Palavra de
2. COLETA DE TEXTOS
Devocionalmente, quando a lemos para saber 0 que
ela contem particularmente para nos; 3
Homileticamente, quando a lemos para saber 0 que
ela contem para os outros.
QualQll;er pessoa pode ler a Biblia
culturalmente. Os crent_es tW1 que Ie-la cQltural,
devocional e homileticamente.
o pregador e obrigado a conhecer a Biblia Rara
ter autoridade. intelectual _para__alar sobre ela. Eoprigado a se alimentar da Palavra de Deus para ter
autoridade moral e espiritual para falar sabre ela E,_e_
obrigado a descobrir nela, a mensagem que Deus lem
para os outros.
E urn perigo muito grande 0 pregadoJ (por
causa de sua constante necessidade de pregar)restringir-s.e a leitura homiletica___desua Biblia. ,Essatentac;ao tern levado muitos pregadores ao f~~c~
Rois preocupando-se muito em pregar para os outros,
esguecem-se de ouvir 0 Que Deus tern para eles. E,
)lli~_m alim~pta outros, mas nao se alimenta, mOITede
.inanis:ao.
Deus.j. Ensina 0 provo a viver conforme a vontade
de Deus.
k. Ensina 0 povo a valorizar a Palavra de Deus.
Se 0 texto e importante e fundamental para 0
sermao, entao, 0 pregador precisa dispor,
continuamente, de uma quanti dade apreciavel de
texto, que atendam a sua necessidade constante de
pregar.
Tres coisas 0 pre gad or deve fazer para
conseguir textos abundantes para os seus sermoes:
b) ANOTAR TUDO QUE TENHA
INTERESSE HOMILETICO. Ao ler a sua Biblia, 0
pregador deve anotar as ideias, indicar ou mesmo
transcrever 0 texto encontrado.
As vezes, da leitura, 0 pregador tira apenas
uma ideia. As vezes, 0 texto the oferece um tema ou
uma tese ou ate os argument os. Lido 0 que Ihe sugerir
o texto, anote. Anote tarnbem as ilustracoes.) LER CONST ANTEMENTE A BiBLIA.
Ha tres maneiras de ler a Biblia: 1 Culturalmente,
quando a lemos para saber 0 que ela contem; 2
82 H orn ile ti ca - A E lo qO e nc ia d a P re ga c; :a o 83
c) COLECIONAR ANOTA<:OES. Tenha h) Consultar 0 texto original (hebraico ou
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uma pa_sta de cartolina com a seguinte inscricao:
SERMOES EM PREPARO.
. Guarde suas anotacoes nessa pasta e sempre
que trver que pregar de uma olhada nela. Ore antes de
fazer a sua pesquisa. Ao passar por uma folha
incompleta, poderas ter novas ideias e acrescenta -las.Nao fuja a inspiracao do momento. Anote acrescente
.. "COITI]a,complete. Assim voce ira tendo muitas opcoes
para pregar e nunca se sentira vazio de mensagens.
grego). Isso lhe abrira mais a visao e lhe dara maior
seguranca quanto a traducao adotada.
i) Consultar urn born dlcionario da lingua,
nao so para entender texto, mas para expo -10. Urn
dicionario atualizado nos verbetes, na ortografia e quetenha alem do significado atual (semiologia tambem 0
seu sentido original (etimologia).
d) COMO TRABALHAR 0 TEXTO. As
seguintes providencias 0 pregador tern que tomar,
para aproveitar urn texto em seu sermao:
j) Consultar urn dicionario biblico, se 0
termo exigir conhecimentos particulares.
e) Determine a extensao do texto. Qual e a
porcao definida que vai ser usada como base para 0
sermao? 0 texto pode ser uma palavra, uma oracao,
uma frase ou urn periodo curto ou longo.
k) Consultar uma enciclopedia, se 0 termo
exigir conhecimentos historicos ou tecnicosparticulares.
I) Consultar urn comentario biblico, se 0
termo exigir uma explicacao teologica ou textual mais
profunda.
f) Interpreta-lo gramaticalmente. Descubra 0
sujeito (quem esta falando ou agindo), 0 predicado (0
que esta falando ou agindo), os complementos (0 que,
onde, como, quando, que por que, para que, etc.) asfiguras de linguagem e Iiterarias,
m) Interpreta-lo llteralmente. Quem e 0
autor, quando Traducao significa trazer de la para ca,
versao significa virar daqui para lao Quem escreveu,para quem escreveu e com que proposito? Que genero
adotou equal 0 seu estilo? Se 0 todo (a pocao
adotada) nao e completo, busque 0 contexto intemo
(as demais partes do autor nos demais livros da
Biblia).
g) Consultar outras tradueoes, Isto lhe dara
seguranca sobre qual estara mais adequada ao seu
tema ou a sua forma de exposicao,
84 H o m ile tic a - A E lo q O en cia d a P re ga ga o 85
Consulte OS textos paralelos indicados nas EXEMPLOS DE COMO USAR UM TEXTO
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referencias de rodape da Biblia, ou num
versiculario.r"
n) Interpretar culturalmente. As vezes 0
texto se toma mais claro e mais rico com uma busca
ao contexto extemo, isto e, it Historia, it Geografia, it
Arqueologia, it Filosofia, etc.
Texto 1: Gn 12. 1-5. (Abra a sua Biblia. Leia 0
texto indicado e analise-o, segundo 0 roteiro do item
anterior). Veja 0 que descobrimos. Tema: chamada de
Abraao. Tese: por que lave chamou Abraao?
(deduzida do texto). Assunto: l.Para que saisse de
sua terra e fosse para uma nova terra; 2. Para que se
tomasse 0 pai de uma grande nacao; 3. Para que fosse
abencoado e se tomasse uma bencao.
Conclusao: Abraao fez 0 que lave lhe
ordenara.
Note que lave (transliteracao modema da
forma primitiva Yahweh, erradamente transliterada
por Jeova e que as nossas Biblias traduzem porSenhor) e 0 nome pessoal do Deus dos hebreus. Note
tambem que 0 tema e a tese foram deduzidos do texto,
e que os argumentos que constituem 0 assunto do
sermao, e a conclusao encontram -se no texto; e que
todos estao em consonancia com a tese.
0) Destacar 0 tema. Qual e 0 nome geral que
se pode dar a tudo 0 que contem 0 texto? Veja na
frente como identificar os temas de urn texto.
p) Identificar ou elaborar uma tese. Se a tese
nao estiver expressa no texto, 0 pregador tera queelabora-la. Veja mais na frente urn estudo completo
sobre a tese.
q) Identificar ou elaborar os argumentos que
respondam a tese. Veja a explicacao sobre
argumentacao,
r) Destacar a conclusao, Qual e 0 desfecho do
fato narrado; 0 que resultou ou qUaIS as
consequencias?
Texto 2: Ex. 20.l-17. (Leia-o em sua Biblia).
Tema: DezMandamentos. Tese: Quais sao os dez
mandamentos? Assunto: 1) Eu sou 0 Senhor teu Deus
... Nao teras outros deuses ( ...) 2) Nao faras para ti
imagens ... ; 3) Nao tomaras 0 nome do Senhor em
vao ... ; 4) Lembra-te do dia do sabado ... ; 5) Honra
teu pai ... ; 6) Nao mataras; 7) Nao adulteraras; 8) Nao
furtaras; 9) Nao diras falso testemunho; 10) Nao
cobicaras.7Versicuhirio -Neologismo do autor para a colecao de
versiculos, classificados por verbetes, em ordem alfabetica e na
ordem em que se encontram na Biblia, conhecida como Concordancia
(0 que nao e) ou Chave Biblica (metafora que nao diz 0 que e).
86H or nile tic a - A E lo qO e nc ia d a P re ga g8 .o 87
Texto 3: Ex.: 20.1-3. Tema: Primeiro cardeal. 1 Quando for pregar, 0 pregador lera 0 texto
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Mandamento. Tese: Em que consiste 0 primeiro
. mandamento? Assunto: 1) Na identidade pessoal de
Deus (Eu sou lave teu Deus); 2. Na identidade
funcional de Deus (Eu te tirei da terra do Egito); 3. Na
exclusividade existencial de Deus (Nao teras 0utros
deuses).
Note que esse texto e uma cxtensao menor do
indicado no item 2.
todo, mas destacara ° v 21 para fundamentar a sua
tese e 0 seu assunto. Note tambem que 0 primeiro
argumento se baseia na etimologia do nome Jesus
(composto hebraico de lave e Oseias = Josue).
Texto 4: Mt 1.18-25. Tema: Concepcao de
Jesus. Tese: Como foi Jesus concebido? Assunto: 1.
Maria esta casada com Jose; 2. Antes de coabitarem,
Maria se achou gravida; 3. Jose, para nao infamar
Maria, tentou abandona-la; 4. Jose teve urn sonho: aconcepcao era do Espirito Santo e 0 menino seria 0
Salvador do mundo.
Conclusao: Jose recebeu Maria gravida e nao
teve relacoes sexuais com ela ate que nascesse 0
menino, que recebeu 0 nome de JESUS.
Note que esse texto fala mais da concepcao e
da gestacao do que do nascimento.
Texto 6: Mt 2.1-12. Tema: A visita dos magosa Jesus. Tese: 0 que fizeram para visita-lo? Assunto:
1. Foram do oriente para Jerusalem; 2. Perguntaram
aos moradores da cidade; 3. Provocaram 0 interesse
do rei, que convocou os sacerdotes e escribas para
localizarem 0 rei-nascido; 4. Foram chamados ao
palacio e incumbidos de uma missao secreta; 5.
Seguiram a estrela ate Belem; 6. Encontraram 0
menino e the prestaram honras reais; 7. Foramavisados, em revelacao, que nao 0 entregassem a
Herodes. Conclusao: Encontraram 0 Rei dos Judeus e
voltaram para a sua terra por outro caminho.
Texto 5: Mt 1.18-25. Tema: Jesus. Tese: Por
que 0 filho de Maria recebeu 0 nome de Jesus?
Assunto: Porque Jesus significa "Salvacao de lave";
2. Porque a sua missao seria "salvar 0 seu povo dos
seus pecados"; 3. Porque essa missao concretiza 0
predito sobre Emanuel (Deus conosco). Conclusao:
Tudo isso aconteceu.
Note que na indicacao do texto, 0 verso 21 esta
entre parentesis. Isso para mostrar que ele e 0 texto
Texto 7: Mt 2.1-12. "Tema: A Visita dos
magos a Jesus. Tese: Porque os magos visitaram
Jesus? Assunto: 1. Porque viram uma estrela no
oriente; 2. Porque essa estrela indicava 0 nascimento
de urn rei entre os judeus; 3. Porque eles queriam
honra-lo.
Note que 0 mesmo texto, com 0 mesmo tema,
comportou uma tese diferente.
Texto 8: Mt 2.1-12. Tema: Os magos e suas
"revelacoes", Tese: Que revelacoes receberam os
magos? Assunto: 1. De uma estrela no oriente: 2. Das
88 H or nile tic a - A E lo q Oe m cia d a P re ga c; ao 89
Escrituras em Jerusalem; 3. De Deus mesmo, em cabelos). Conclusao: seja 0 seu falar: sim, sim; nao,
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Belem.
Note que 0 mesmo texto, deu outro tema e tese
diferentes.
nao, pois 0 que passa disso vern do maligno.
Texto 9: Mt 5.l-13. Tema: As Bem-aven-
turancas, Tese: Quais sao as bem-aventurancas?
Assunto: 1. A que se refere aos humildes de espirito;
2. A que se refere aos que choram; etc.
Conclusao:
o reino dos ceus e daqueles que estao
dispostos a sofrer tudo neste mundo por causa dele.
Texto 12: Mt 6.5-15. Tema: Oracao. Tese:
Como devemos orar? (deduzida do texto) Assunto: 1.
Nao como os hipocritas que oram para os homens
(por ostentacao), mas como os crentes sinceros, que
oram para Deus (vs. 5-6); 2. Nao como os gentios que
fazem longas oracoes, mas como crentes, que f alam
com objetividade e precisao (v.7 -8); 3. Nao decorando
as palavras (rezas), mas entendendo e sentindo cada
palavra (v 9-13). 4. Sabendo que a oracao e
condicionada ao relacionamento com 0 proximo (v
14-15).exto 10: Mt 5.l-l3. (3). Tema: A Felicidade
dos Pobres de Espirito. Tese: Por que os pobres deespirito sao felizes? Assunto: l. Porque a palavra
"bem-aventurado" quer dizer "feliz"; 2. Porque 0
pobre de espirito e alguem que sofre neste mundo por
causa do reino dos ceus; 3. Porque dos pobres de
espirito e 0 reino dos ceus. Conclusao: 0 pobre de
espirito e feliz porque dele e 0 reino.
Note que a extensao do n" 9 foi limitada aqui
para permitir uma abordagem especifica sobre uma
das bem-aventurancas (a primeira).
Texto 13: Lc 9.57-62. Tema: Dificuldade do
Discipulado Cristae. Tese: Por que era dificil ser
discipulo de Jesus? Assunto: 1. Porque nao havia
estabilidade (vs. 57-58); 2. Porque nao podia ter
compromissos familiares (vs. 59 -60); 3. Porque nao
podia manter relacoes familiares (v 61-62)
Conclusao: Quem se preocupava com 0 lugar onde ia
dormir, com os compromissos com 0 mundo ou nao
queria se desprender dos parentes, nao podia ser
discipulo de Jesus.
Texto 11: Mt 5.33-37. Tema: Juramento a
Deus. Tese: Jesus condena 0 costume judaico de jurar
pelas coisas sagradas. Assunto: 1. Nao jurar pelo ceu ,
porque e 0 trono de Deus; 2. Nao jurar pela terra
porque e 0 estrado de seus pes; 3. Nao jurar pela
propria cabeca (oferecendo -a como fianca), porque
ela nao e sua (nao pode nem mudar a cor dos
Texto 14: Jo l.6-13. Tema: Filhos de Deus.
Tese: Quem sao os verdadeiros filhos de Deus?
Assunto: 1. Nao sao os que nascem do sangue; 2.
Nem os que nascem da vontade da carne; 3.Nem os
que nascem da vontade do homem; 4. mas, os que
nascem de Deus mesmo.
9 0 Homiletica= A EloqOencia da Prega9ao 91
mais complicado pois temos que explicar 0 seu
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Texto 15: Rm 10.13.. Tema: Metodo da
Salvacao. Tese: Como 0 homem se salva? Assunto: 1 .
Pela invocacao (chamada = conversao ); 2. Pela
invocacao do Senhor (0 nome representa a pessoa); 3.
Pela invocacao so do Senhor (unico que salva),
Conclusao: Qualquer pessoa pode ser salva (todos osque invocarem 0 Senhor).
Note que alguns textos ofere cern todos os
elementos necessarios a urn sermao. Quando isso
acontece os mestres dao a esses sermoes 0 nome de
"textuais" porque se fundamentam no texto. Achamos
essa classificacao inadequada, pois: 1. Todos os
sermoes biblicos sao textuais, visto que t odos se
baseiam num texto das Escrituras; 2. Nem t odos ostextos biblicos se prestam a esse tipo de exp osicao; 3.
A maioria dos chamados "sermoes textuais" nao
passam de simples "estudos biblicos".
conteudo, 0 tema e 0 assunto a ser discutido. A tese ea forma como 0 tema vaiser discutido. E, 0 assunto ea discussao do tema como indicado pela tese.
.No presente topico, vamos mostrar como efacil achar temas na Biblia, mas quando quando
tratarmos do assunto iremos ver como as coisas vaomudar de figura.
Tipos de temas
o tema pode ser quanta a sua expressao:1. Simples, quando se refere a urn assunto. Ex.
Deus _ Amor _ Jesus _ Sacrificio _ Pecado _ Perdao _
Zaqueu - Salvacao - etc.
2. Composto, quando se refere a dois ou mais
assuntos. Neste caso a ligacao dos assuntos se faz por:
Texto 16: Jo 4.31-42. Tema: A comida de
Jesus. Tese: Qual era a comida predileta de Jesus?
Assunto: 1 . Fazer a vontade de Deus; 2. Completar a
obra de Deus.
3. Coordenacao, quando os assuntos sao
independentes. Ex.: Deus e Jesus - Amor e Sacriffcio _
Pecado, Sacrificio e Perdao Salvaca« ou
Condenacao - etc.
3. 0 TEMA 4. Subordtnacao, quando os assuntos sao
interdependentes. Ex.: Amor de Deus - Deus e Amor -
Sacrificio de Jesus - Perdao de Pecado - Pecado de
Zaqueu - Salvacao Divina etc. Note como os temas
compostos por subordinacao sao mutuamente
restritivos. Eles fazem com que 0 senti do de urn se
subordine ao do outro. No primeiro exemplo, 0 tema
AMOR perdeu 0 seu senti do geral (todos os tipos de
Se considerar 0 tema como 0 nome do assunto,
isto e , apenas como 0 nome daquilo que se vai
discutir; e 0 assunto, como a discussao em si, entao
pode-se fazer uma distincao entre 0 nome e a coisa
nomeada e perceber a diferenca entre 0 tema e tese
assunto. Ter tema e muito facil. Ter assunto e bern
9 2 H om ile tic a - A E lo qO e nc ia d a P re ga c;a o 93
amor) para se referir apenas a urn aspecto do carater varios temas" 0 tema pode ser objeto de urn livro
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de Deus. 0 mesmo acontecendo com 0 tema DEUS,
que deixou de ser geral (sua existencia, natureza,
pessoa, funcao, carater, etc.), para se limitar apenas a
urn aspecto de seu carater (amor afetivo ou efetivo).
No segundo exemplo 0 mesmo fenomeno ocorre. No
terceiro exemplo, 0 tema SACRIFICIO deixa de serqualquer de suas formas, motivos, objetos, etc., para
se restringir ao sacrificio de Jesus. E 0 tema JESUS,
deixa de ser sua pessoa, divindade, ministerio etc.,
para tratar apenas de seu sacrificio. Assim por diante.
Os temas compostos por subordinacao podem
ser mais extensos, como por exemplo: 0 Perdao dos
Peeados de Zaqueu. Note que perdao restringe
pecado e que pecado restringe Zaqueu. Ainda: JesusPerdoou os Pee ado s de Zaqueu. Assim, Jesus
restringe perdao, perdao restringe pecado e pecado
restringe Zaqueu. E vice-versa.
ou de apenas urn capitulo. 0 sub-tema pode ser urn
capitulo ou as divisoes que ele contenha.
Assim, 0 ante-tema de uma sene de
conferencias e 0 seu tema geral ou a soma do tema de
cada conferencia.
Pontes de temas
Posicao do tema
Se 0 tema e 0 nome do assunto, entao 0
pregador precisa ter muitos temas. Com efeito, 0
pregador, para ter muitos temas, precisa ler muito,
ouvir muito, observar muito e meditar muito.r" Por
isso, as suas fontes de temas serao: Leituras (livros,
revistas, jornais etc.); audicoes (conversa, discurso,
informacoes, etc.); observacoes (coisas, fatos,
pessoas) e meditacoes (reflexao, imaginacao,
criatividade).
Depois das leituras, a maior e melhor fonte de
temas e a Biblia. 0 pregador tern que ser urn
especialista na Biblia. E, para isso, ele tern que
dedicar grande parte de seu tempo em seu estudo.tema recebe nome especial segundo a
posicao que ocupa, a saber:
EXEMPLOS
Tema: quando eo nome do assunto.
Sub-tema: quando se refere a uma parte do
assunto principal. Isto, quando ha divisao do tema.
Veja quantos temas podemos encontrar em urn
versiculo da Biblia:
Ante-tema (tema geral): quando antecede a urn
tema ou a urn conjunto deles. Exemplos: 0 ante -tema
de urn livro e 0 seu tema geral, quando 0 livro aborda
28Nao confundir 0 tema com 0 titulo, conquanto 0 tema,
muitas vezes e elevado a pos icao de titulo.29Usamos a palavra meditar no sentido oriental de
contemplacao, que e parar de pensar.
9 4Homilet ica - A Eloquencia d a P re g ag a o 9 5
1. .Ioao 3.16 - Jesus amou 0 mundo de tal Amor Puro c) Mundo Condenado - Filho Unigenito,
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maneira, que deu 0 seu Filho unigenito para que todo
aquele que nele ere nao pereca, mas tenha a vidaeterna.
Regra: Procure substantivar todas as palavrasdo texto.
unica Solucao - Mundo Perdido - A Fe que Salva -
Posse da Vida Eterna - Amor Eterno - Perdicao Eterna
- Salvacao Eterna - etc.
Note que estamos falando de tema e nao de
titulo. 0 tema refere-se a uma ideia especifica, a urn
conteudo especifico, enquanto que 0 titulo e 0 nomedo sermao que pode variar conforme a tese e 0
proprio conteudo, 0 tema entretanto, pode ser elevado
a posicao de titulo, quando entao ele passa a ser 0
nome de todo 0 sermao.
Temas simples: Deus - Amor - Mundo _
Intensidade - Doa<;ao - Filho - Unigenitura _
Humanidade - Crenca - Perecimento - Posse - Vida _Eternidade.
Note que todas as ideias substantivas sao
nominativas, por isso dizemos que 0 tema e 0 nomeessencial das coisas.
Romanos 3.23 - "Todos pecaram e destruidos
estao da gloria de Deus".
Temas compostos por coordenacao: Deus e 0
Mundo - Deus e 0 seu Filho - Deus e a Humanidade _
Amor e Fe (crenca) - Fe e Vida - Vida e Morte
(perecimento) -Morte e Eternidade - Doa<;aoe Posse _
Fe, Amor e Vida - Deus, 0 Filho e 0Mundo etc.
Temas simples: Iniversalidade - Pecado -
Destituicao - Gloria - Deus.
Temas compostos por subordlnaeao: 0
Amor de Deus - A Intensidade do Amor de Deus
-Amor de Deus para 0 Mundo - 0 Maior Amor - AExtensao do Amor de Deus - 0 Mundo que Deus
Ama - A Universalidade do amor de Deus - A
Universalidade do Pecado (subentendido como a
causa do perecimento) - Amor Afetivo (que sente) _
Amor Efetivo (que da) - Dadiva de Amor - Dadiva
Divina - Exclusividade da Doacao - Pai de Amor _
Amor Paterno - Pai que d a 0 Filho - Filho, Prova de
Amor Maior - Pecado: Causa da Maior Condenacao _
Compostos por coordenacao: Universalidade
e Pecado - Universalidade e Condenacao - Pecado e
Gloria - Deus e Pecado - Deus, Pecado e Gloria - etc.
Compostos por subordinacao: Universa-
lidade do Pecado - Universalidade da Condenacao -Destituicao da Gloria -Gloria de Deus - 0 Deus da
Gloria - etc.
96 H or nile tic a - A E lo qu eln cia d a P re ga c; ao 97
4.A TESE COMO FORMULAR A TESE
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Uma vez detenninado 0 tema 0 pregador ternque fonnular uma tese.
A tese e uma dec1arayao contendo uma
proposta de discussao sobre urn assunto.
.. A tese e sempre expressa na forma de umadeclaracao qu~ pode ser afinnativa, negativa ou
interrogativa. E por isso que dizemos que uma tese
exige sempre demonstracao, defesa, discussao,analise, prova, explicacao, etc.
A tese e a indicacao da maneira como 0 temavai ser tratado.
De posse de urn tema (cap. XI, item 3 e cap.
XII, item II), 0 pregador tern que fonnular a sua tese
para saber como vai se orientar na elaboracao do
assunto. A tese diz como 0 pregador vai analisar 0 seu
tema ou, em outras palavras, como ele vai constituir 0
assunto de seu sermao.
Lamentavelmente, apesar da importancia e do
significado da tese, ela e totalmente ignorada pelos
nossos mestres de Homiletica (e de Oratoria e
Retorica tambem). Basta dar uma olhada nos livros
que estao escritos para se certificar disso.
E muito facil, a partir de urn tema, elaborar
uma tese:
1. Tema: DEUS
Teses: Deus existe. Deus nao existe. Deusexiste? Deus nao existe? Note a afirmacao, a negacao,
a negacao, a interrogacao afinnativa e a interrogacao
negativa.
Sempre que 0 pregador afinna ou nega, ele se
obriga a demonstrar 0 porque de sua posicao. Se
entretanto ele interroga, sugere ignorancia ou duvida.
Neste caso ele se obriga a esc1arecer a ign orancia, ou
a confinnar ou a desfazer as duvidas.
Outras teses, para 0 tema acima, podem ser:
Quem e Deus. Quem nao e Deus. (Esta ultima forma
de argumentar e chamada reversa e consiste na
exclusao dos argumentos contrarios).
2. Tema: DEUS E 0 AMOR
Teses: Deus ama. Deus nao ama. Deus ama?
Deus nao ama? Porque Deus ama (nao ama). Por queDeus ama? (nao ama?). Deus e amor (nao e). Por que
Deus e (ou nao) amor? Como Deus ama (Nao ama).(Ama? Nao ama?)
9 8 H o rn ile ii ca - A E lo q ue nc ia d a P rs q ac ao 99
3. Tema: DEUS, AMOR E HISTORIA
Teses: A hist6ria fala do amor de Deus (naoa seguinte diferenca entre a tese e 0 tema. Enquanto
que a tese e uma ideia verbalizada, 0 terna e uma ideia
5/9/2018 Homil tica - Severino dos Ramos de Sousa - slidepdf.com
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fala. Fala?) (nao fala?) substantivada.
o sermao pode ter uma ou mais teses,
dependendo exatamente da maneira como 0 pregador
vai analisar 0 seu tema.
Assim como ele pode entrar no assunto, a partirde uma tese cardeal, ele pode tambem se valer de
pre-teses (quando tiver que fazer declaracoes
antecedentes para chegar a tese), de sub-teses (quando
as declaracoes sao decorrentes da principal, de
antiteses (quando a declaracao se opoe a anterior) e devarias teses (quando 0 assunto e cornposto de varias
declaracoes). Exemplos:
4. Tema: DEUS, AMOR E PECADOR
Teses: Deus ama 0 pecador (nao ama. Ama?
Nao ama?). 0 pecador precisa do amor de Deus (naoprecisa. Precisa? Nao precisa?).
5. Tema: DEUS, AMOR, PECADO E
PERDAO
Teses: Deus perdoa 0 pecado pelo seu amor (?)
6. Tema: JESUS CRISTO (Note que Jesus e
nome pessoal e Cristo e titulo real).
Teses: Jesus e 0 Cristo (nao e. E? Nao e?).
Porque Jesus e 0 Cristo. Por que Jesus e 0 Cristo?
(Nao e)? Como Jesus provou ser 0 Cristo. (Nao
provou. Provou? Nao provou?).
Texto: Lc 19.1-10. Tema: Encontro de
7. Tema: PECADO E PERDAO
Zaqueu com Jesus. Pre-tese: Quando urn encontro se
toma inesquecivel? Respostas: 1. Quando surgern
barreiras serias; 2. Quando marcam a vida da pe ssoa.
Tese: Por que 0 encontro de Zaqueu com Jesus
se tomou inesquecivel? Assunto: 1. Porque houve
barreiras psico16gicas serias (rico, baixinho, ladrao);
2. Porque houve barreiras fisicas serias (correu, subiu,
desceu, depressa); 3. Porque sua vida foi marc ada porurna seria mudanca (conversao e testemunho publico).
Notar que a pre-tese e uma tese preliminar, istoe , uma tese que lanca as bases para a tese principal. 0titulo desse sermao, poderia ser "Urn Encontro
Inesquecivel.
Teses: Devemos perdoar 0 pecado.(?) Nao
devernos.(?) Como se perdoa 0 pecado.(?) Como naose perdoa 0 pecado.(?) Quem perdoa 0 pecado.(?) nao
perdoa(?). Quais as condicoes para se obter 0 perdao
dos pecados.(?). Ha pecados que nao tern perdao.r").
Quando devemos pedir perdao dos pecados.(?). A
quem pedir perdao dos pecados.(?) etc.
Do exposto, ve-se que a tese, gramaticalmente,
nada mais e do que uma oracao , isto e , uma frase que
tern sujeito e predicado. Assim, podemos estabelecer
Texto: 10 4.24. Tema: Adoracao a Deus.
Pre-tese: Qual e a natureza de Deus? Resposta: Deus
100 H orn lle tic a - A E lo qu en cia d a P re ga ga o 101
e espirito. 10 Tese: Se Deus e espirito, onde devemos
adora-Io; Assunto: l. Nao no monte Gerazim
3. Prontidao para uma acao imediata (hoje e nao
amanha; 4. Prontidao para urn milagre (sob 0 uso de
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(Samaria); 2. Nem no monte Siao (Jerusalem); 3.
Mas, em qualquer lugar. 20 Tese: Se Deus e espirito
como adora-lo? Assunto: l. Espiritualmente (sem
imagem material, objetiva); 2. Sinceramente (em
verdade mais subjetiva).Notar que a pre-tese e uma exigencia do texto
que, primeiro a natureza de Deus, para depois entrar
em, onde e como adora-lo.
Deus). Conclusao: Metafora: Redes somos n6s. E, em
que condicoes nos encontramos?
Texto: Mt 7.24-27. Tema: Dois Construtores.
Pre-tese: Qual foi 0 erro irreparavel de urn dos
construtores? Resposta: Construir sobre uma base
falsa. Tese: Como evitar esse erro? Assunto: 1.Conhecendo bern 0 terreno. 2. Conhecendo bern 0
material que vai ser usado; 3. Conhecendo bern as
tecnicas de construcao; 4. Obedecendo todas as regras
da construcao. Conclusao: Quem assim constr6i nao
teme os temporais.
Notar que 0 texto fala de urn construtor que
cometeu urn erro irreparavel. A pre-tese situa esse
fato, enquanto que a tese orienta sobre como evita -10.
Texto: Mt 11.25-30(28). Tema: Convite de
Jesus. 10
Pre-tese: Ha convites que, por certascaracteristicas, se tomam irrecusaveis. 2
0
Pre-tese:
Arrolamos 5 caracteristicas de urn convite irrecusavel.
Tese: Quais as 5 caracteristicas de urn convite
irrecusavel? Assunto: l.A importancia da pessoa que
convida; 2. A importancia da finalidade do convite; 3.
A facilidade das condicoes para se atender ao convite;
4. As vantagens auferidas em aceitando 0 convite. S.
A disponibilidade de quem e convidado.
Notar que essas caracteristicas podem ser
apresentadas em forma de sub-teses, a saber: 1. De
quem e 0 convite? 2. Para que e 0 convite? 3. Que
condicoes sao exigidas? 4. Quais as vantagens? 5. Ha
disponibilidade do convidado?
Texto: Lc 5. 1- 11 (2). Tema: Lavar Redes.
Tese: Ha uma dupla significacao para 0 ato de lavar
as redes Assunto: l. Sub-tese: PARA OS
PESCADORES: 1. Tarefa finda; 2. Tarefa fracassada;
3. Prontidao para uma acao imediata; 4. Sinal de
perseveranca e de esperanca no dia seguinte: 2.
Sub-tese: PARA JESUS. 1. Redes limpas
(santificadas); 2. Perdao para uma nova oportunidade;
Texto: Jo 5.39. Tema. Judeus e Escrituras.
Pre-tese: por que os judeus examinavam as
Escrituras? Resposta: Para encontrarem nelas a vidaetema. Tese: Qual e a verdadeira funcao das
Escrituras: Assunto: Testemunha de Jesus.
Notar que neste texto tern as ideias mestras,
mas nao tern todos os argumentos para uma
consideracao homiletica. Nestes casos, 0 pregador
tern que usar de sua criatividade, cultura e
espiritualidade.
102 Horniletica - A E l oq O e n ci a d a Prsqacao 103
Texto: Dt 4.23-24(24). Tema: Deus e Fogo.
Tese: Deus e urn fogo. Assunto:
fundamentalmente prepara os ouvintes para a tese
em tomo da qual vai girar todo 0 seu sermao.
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1. Que ilumina (Ex 24.15-18); 2. Que revela
(Ex 3.1-8): Que aquece (Sl19.11-6);
4. Que queima (Ex 24,17).
AINTRODU<;AO
Na introducao, 0 pregador pode justificar 0
titulo do sermao, pode analisar 0 texto lido e destacar
a palavra, a frase ou 0 tema dele tirado; pode ilustrar,
definir termos: desanimo, duvidas etc. A introducao e
comparada a urn vestibulo ou a uma sala de visitaonde ambientamos nosso hospede para entao leva -los
as demais dependencias da casa.
A introducao, como veras mais tarde, pode
anteceder a enunciacao do titulo ou mesmo a leitura
do texto. 0 pregador deve saber qual e a melhor
maneira de faze-lo, na ocasiao.
Alguns sermoes tomam-se totalmente inco m-
preensiveis se nao houver uma introducao. Saoaqueles em que 0 titulo exige uma explicacao, aqueles
em que 0 texto requer uma analise; ou aqueles em que
a tese pressupoe uma realidade nao explicitada no
titulo ou no texto. Eis alguns exemplos:
Texto: Mt 7.13-14. Tema: Duas Porteiras.
Tese: Por que Jesus nos aconselha a entrar pela
porteira estreita? Assunto: 1. Porque a porte ira estreita
da para urn caminho apertado, mas leva a vida etema;
2. Porque a porteira larga da para urn caminhoespacoso, mas que leva a morte etema; 3. Porque a
porteira estreita e dificil de ser encontrada e sao
poucos os que a acham; 4. Porque a porteira larga e
facil de ser encontrada e muitos entram por ela.
Notar que 0 tema indicado fala de duas
porteiras, mas nao diz que uma e estreita e que a outrae larga. A tese, entretanto, fala do conselho de Jesus
para se entrar pela estreita. Antes de chegar a tese,
Texto: Me 10.46-48. Tema: Grito. Tese: Porque gritamos? Assunto: 1. Por dor
(Mc 5.4-5); 2. Por socorro Mcl0.47); 3. Por
revolta (Mt 11.23-24); 4. Por medo
(Jr 49.29); 5. Por derrota (Ap 6.15-16); Por
vit6ria (lCo 15.5 5-58).
Notar que nos exemplos 7 e 8 0 texto ofereceu
o tema e a tese, mas os argumentos foram tirados de
outros textos.
Isso mostra que nem todos os texto oferecern
urn "prato feito" ao pregador. Por isso, ele precisa
usar da imaginacao, de sua inteligencia, cultura e
criatividade.
Ao formular a sua tese, 0 pregador pode sentir
que ela exigira algumas explicacoes iniciais para que
o ouvinte possa acompanhar 0 seu pensamento. A isso
se da 0 nome de introducao.
A introducao e a parte do sermao onde 0
pregador entra pessoal e diretamente em contato com
os seus ouvintes.
A introducao e importante e necessaria porque
nela 0 pregador nao s6 abre 0 dialogo (quebra 0 gelo
de urn relacionamento formal irnaginario), mas
104 Homiletica-A Eloquencla da Preqacao 105
pois 0 pregador tern que explicar os dois tipos de
porteiras, e isso ele faz, na introducao.
onde esse detalhe fosse explicado. 0 autor preferiu 0
tema "Filho Perdido" objeto do texto e nao "Filho
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Notar que 0 autor preferiu 0 termo "porteira",
em lugar de "porta", por julgar que nao existe portaque de para "caminho".
Porta da para edificios. Porteira da para
caminhos.
Prodigo" erradamente aceito.
o ASSUNTO OU A ARGUMENTA<;AO
Texto: Lc 1.29-37. Tema: Caminho da Vida.
Tese: Como e p caminho de nossa vida neste mundo?~ssunto: .1 . E curto (de Jerusalem a Jerico); 2. Emcerto (cam nas maos de salteadores); 3. E ingrato (0sacerdote e 0 levita passaram de largo); 4 . Esurpreendente (mas, urn samaritano, que ia no mesmo
caminho ... ). Conclusao: 0 melhor caminho para anossa vida e 0 do samaritano. Faze isso.
Notar que 0 tema e uma metafora. 0 caminho
real tornou-se figura de urn "caminho"
filosofico-pratico, E, essa transposicao metaforica nao
teria sentido se nao fosse explicada numa introducao,
Tomando 0 assunto como 0 conjunto deargumentos, de ideias ou fatos que comprovam a tese,
podemos perceber que quando entramos no assunto,
entramos no miolo do sermao, pois 0 assunto e tudo 0
que podemos dizer de urn tema ou sobre uma tese.
Essa e a parte mais dificil da Retorica
(Oratoria) e da Homiletica, pois a capacidade de ter
assunto e proporcional a inteligencia e a cultura do
pregador. Qu_anto__1!H!iti_el~_ler, ouvir, ...observar,
pesquisar, ~stuQEr-L-m~Qit~L.l1laisssunto el~tera. Elc
precisa aliar sua cultura tecnica (teologica) a uma boa
cultura geral para ter muitos e bons assuntos.
E facil achar temas e formular temas para 0
sermao. 0 dificil e ter assunto para justifica -los ou
para demonstra-los. Para se ter urn tema, basta ter
uma ideia e identifica-la por urn nome, mas para ter
assunto, e preciso penetrar na ideia, analisa -la,
conhecer-lhe as partes, as relacoes existentes entreelas etc. Para isso, 0 pregador precisa de inteligencia,
imaginacao, criatividade, cultura e inspiracao.
Uma das expressoes mais belas, consagradas
no Novo Testamento sobre 0 pregador, e que ele e
"ministro da palavra" (At 6:4; ITm 5.17). Vale dizer
que ele e urn especialista da palavra. A palavra e a sua
ferramenta de trabalho, 0 seu "ganha pao", por isso
ele tern que maneja-la com perfeicao (lTm 2. 15). No
Texto: Lc 15. 11-24. Tema: Filho Perdido.
Tese: Quem e 0 filho perdido? Assunto: 1. Mais
m090, .(maior no grego huios e urn filho emancipado);2. Maior, mas sem direitos (da-me a parte que me
pertence ... e desperdicou); 3. Maior, mas menor (nao
sou digno de ser teu filho). 4. Menor, mas igual
(trazei ... roupa, sapato, ane1). ,
Note que os argumentos visam fixar os varios
estagios da vida do filho perdido, mas pondo em
destaque os termos mais m090, maior, menor e igual.
Isto nao teria sentido se nao houvesse uma introducao,
106 H o m ile ti ca - A E lo q O en ci a d a P re q ac ao 107
capitulo sobre "A Homiletica e a Eloquencia" vimos
como a palavra e 0 instrumento chave do pr egador.
pelas frases de efeito, pelos gestos dramaticos,
embora vazios de conteudo. Infelizmente foi na
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Para dominar a dificil arte de falar, 0 pregador tem
que gastar tempo, dinheiro e energias.
Qs grandes pregadores nao nasc_emfeitos. Eles,_
dotados ou nao de habilidades naturais, sao formado§_
ilUm pro~~sso longo e penoso. Sao produtos de mui_!Qesfon;o,' muita vigilia e muito des~te. fisico e.
iTIeirtaf. Sao pesso~~~~bneg~gas que oem tudo de si
em seu trabalho, a fim de que seus sermoes sejam
j?e9as. fompJ~tas~ntere_s_§gnies~hcheias'd_econteudo ~.
.dignas de sua mi§§[Q,.Cada sermao e como um filho,
concebido com amor, gestado com sacrificio e dada aluz com alegria para que seja uma bencao para a
familia e para a sociedade.
o assunto, pois, por ser a parte mais dificil e amais importante do sermao, e a que, na verdade, vai
valorizar 0 sermao e 0 pregador. 0 conceito que
temos de um pregador depende da maneira como ele
desenvolve 0 assunto de seu sermao. Assim, um
pregador pode ser mau, mediocre, regular, bom, 6timo
ou excelente, na medida em que ele sabe tratar do
assunto. 0 pregador precisa nao s6 saber como vai
apresentar 0 seu sermao, mas especialmente sobre 0
que vai apresentar.
E claro que 0 conceito publico sobre as
qualidades de um pregador e muito relativo, pois
depende muito da capacidade de julgamento do
ouvinte. Poucos sabem distinguir um sermao d- uma
arenga, e a grande maioria prefere palha a alimento.
Para certas camadas sociais, 0 pregador e 6timo se ele
apela para as emocoes, se impressiona pelos chavoes,
Ret6rica que a palavra demagogo adquiriu 0 sentido
pejorativo de enganador do povo. A Homiletica nao
esta imune, tambem, a demagogia.
1. Tipos de Assuntos
o assunto e a analise que fazemos de um tema.
A analise e 0 metodo de se conhecer urn objeto
atraves de sua divisao, nas partes que 0 constituem e
no exame detalhado de cada parte.
Ao decompor um objeto, iremos descobrir se
ele e constitui do de partes simples, que cstao
diretamente relacionadas com 0 todo, ou sc cIc e
constituido de partes inter-relacionadas para forma-
rem 0 todo. No primeiro caso, dizemos que 0 objeto e
urn sistema simples. No segundo caso, dizemos que e
um sistema composto de sub -sistemas.
Na analise de urn assunto, vamos perceber a
sua independencia ou a sua intima relacao com outros
que constituem 0 seu sistema.
Por isso, podemos analisar os assuntos da
seguinte maneira:
Forma. Como 0 objeto se apresenta; como
parecer ser.
Natureza. 0 que 0 objeto e; qual eo seu modo
de ser; de que substancia e formado; quais os
elementos que 0 compoem.
108H orn lle tlc a - A E io qO € m cia d a P re ga Q ao 109
Estrutura. Como os elementos que 0
compoem estao dispostos; que relacao de ligacao ha Assunto pela natureza
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entre eles.
Qualidade. Qual 0 seu valor (utilidade); qual 0
seu carater,
Tema: Deus
Tese: Qual e a natureza de Deus?Assunto: I. E urn ser espiritual; II. E urn ser
etemo. III. E urn ser pessoal; IV. E urn ser onisciente,onipresente e onipotente
Origem. De onde veto; quem 0 produziu
(causa eficiente).
Funcao. 0 que faz; para que serve.
Assunto pela estrutura
Tema: DEUS
Tese: Quantos deuses ha?
Assunto: I.Ha urn so Deus; II. Deus subsistc
em tres pessoas; III. A Trindade comprecndc 0 Pai, 0
Filho e 0 Espirito Santo.
Finalidade. Para que existe; 0 que produz
(causa fisica.
Relacao. Qual e 0 seu comportamento em
relacao as partes de seu sistema ou em reI acao a
outros objetos.
Analogia. Que semelhanca possui com outros
sistemas ou com outros objetos.
Assunto pela origem
Tema; PECADO
Tese: Qual e a origem do pecado?
Assunto: I.No ceu: uma rebeliao de anjos; II.
Na terra: uma transgressao humana; III. No homem:
urn ato de incredulidade: a) a tentacao; b) a cobica.
EXEMPLOS DE ANALISE DE ASSUNTOS
Assunto pela qualidade
Tema: DEUS
Tese: Qual e 0 carater de Deus?
(3) Ndo confundir tema com titulo
Assunto: I.Deus e Amor; II. Deus e Justica;III. Deus e Santidade.
Assunto pela forma
Tema: DEUS (3)
Tese: Qual e a forma de Deus?Assunto: I. Deus e espirito e de forma
indeterminada; II. Deus ao se revelar, assumiu forma
humana: a) nos sonhos; b) nas visoes. c) teofanias; d)
na encarnacao.
110 Horniletica - A Eloquencia d a P re g ag a o 111
Assunto pela funcao
Note que a palavra "reino" ja e uma metafora,
uma analogia.
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Tema: DEUS
Tese: Qual e a funcao de Deus? (ou 0 que Deus
faz?) Assunto: I. Deus e Criador; n. Deus e Pai; III.Deus Juiz; IV. Deus e Sacerdote; V. Deus e Rei; VI.
Deus e Senhor.
2. Fontes de Assuntos
Assunto pela finalidade
Tema: LEI
Tese: Qual e a finalidade da lei?
Assunto: I. A lei configura 0 crime; II. A lei
denuncia 0 infrator; III. A lei julga 0 reu; IV. A lei
condena 0 culpado; V. A lei absorve 0 inocente; VI. A
lei ensina a justica.
Alem do interesse ern ter assuntos (em que
exigem ler, ouvir e observar; ter inteligencia,
capacidade de analise, sensibilidade, boa memoria,
intuicao e criatividade), 0 pregador precisa ter uma
boa dose de organizacao. Sua capacidade de organizar
o material conseguido vai ajuda-Io nao so a ter
assunto, Mas a saber onde encontra-lo na hora que
precisar. Por isso, ele precisa organizar a sua
biblioteca, ter urn fichario, um arquivo c adotar um
sistema de controle desse material.
Assunto pela relacao
Tema: DEUS E PECADO
Tese: Qual e a relacao que ha entre Deus e 0
pecado? Assunto: I. Deus nao e 0 autor do pecado; II.
o pecado e contrario ao carater de Deus; III. 0
pecado e contrario aos propositos de Deus; IV. Deus
condena 0 pecado.
ALGUMAS SUGESTOES:
Assunto pela analogia
Tema: REINO DO CEU
Tese: A que se compara, na terra, 0 reino do
1.LIVROS
a. Reservar urn tempo para sua leitura de
livros.
b. Leia com bastante atencao, procurando
entender 0 pensamento do autor.
c. Sublinhar as frases significativas.
d. Anotar sua opiniao nas margens.
e. Fazer uma ficha dos assuntos importantes.
f. Fazer uma ficha das ilustracoes.
g. Dividir os livros, na estante, por seccoes
tematicas. Ex.: Teologia, Evangelizacao, Admi-
nistracao, Etica, Biblia, Comentarios, Dicionarios,
Devocional etc.
h. Adotar urn sistema de numeracao.
Ceu?
Assunto: I. A uma semente que cresce; II. A
uma perola de grande valor; III. A urn cesto de peixes
bons.
112 H om ile uc a - A E lo qO e nc ia d a P re qa ca o 113
i. Fazer uma relacao dos livros: pelos titulos,
pelos autores, pelos temas ou apenas pela ordem 4. EVENTOS
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cronologica da aquisicao.
j. Fazer urn fichario tematico, conforme
Modelo 9.
k. Fazer urn fichario hermeneutico, se 0 autor
der a sua interpretacao de urn texto biblico. VejaModelo 10.
Nota: Os seguintes livros sao indispensaveis ao
pregador: a) Biblia (em varias traducoes enos
originais) b) Dicionarios: em portugues, grego e
hebraico c) Dicionario Biblico d) Comentarios
Biblicos e) Versiculario (4)
Ha muitos eventos SOCialS que podem ser
usados como fontes de assuntos, a saber:
a) Calendario Eclesiastico. Cada Igreja tern os
seus dias especiais (historic os, liturgicos e de
atividades).b) Calendario Civil. Cada nacao, estado ou
municipio tern suas datas significativas.
c) Calendario Social. Cada grupo humano ou
categoria profissional tern suas datas s ignificativas.
d) Vida Social. Ha muitos acontecimentos
sociais que se tomam fontes de assuntos (nascimento,
aniversario, casamento, morte, etc.).
Quando ......_ pre gadoL _ reclama PQf_ . falta deassunto, alem.._(le__ua_.neglig~1)dC!:C!Qs_~~tlgjg_S._.~Jl!!tl!
_~~~a~iza9fio_l._pg4~.~s.!ar-lhea ocorrer:.
1 '£E :! ill g~ QIc !~ . Sl 1 19 .18 ..
2J _a11~L.d.eesmdo da Biblia. Sl t2;.JJ9 .9~
. 3 , Ealtade.dQJ1).jniQ_d.aJ:Im:ni1~ti~g_,-~InL~,.l5
4, .EilJ t '!4~_!l)QIQg!1liC!_.g2 ~ ! p - _ Q g _ : I Im4.4 - 1 25. Falta de vivencia com a Palavra de Deus. Mt
_ __~~~ , • r __ " ·~~ __ ~·___ ·__
2. REVISTASa. Colecionar as revistas tecnicas e enc aderna-
las em blocos.
b. Das demais revistas, recorte ou destaque
tudo 0 que julgar de interesse homiletico (noticias,
artigos, reportagens, etc.).
c. Fazer urn album de recortes, com indice
remissivo, na abertura.
3. JORNAISa. Recortar tudo 0 que achar interessante.
Anote 0 nome do jomal e a data da publicacao.
b. Fazer urn album de recortes, com indice
remissivo.
5. A CONCLUSAO
Depois de apresentar 0 seu assunto (toda a
argumentacao que responde a tese), 0 pregador se
obriga a fazer uma sintese de tudo 0 que disse, nao so
para destacar e fazer lembrar as verdades principais,
mas para ajudar os ouvintes a se beneficiarem da
mensagem. Afinal, qual e a vantagem de se dar
114 H om ile tic a - A E lo qO e nc ia d a P re ga ga o 115
atencao a fala de urn pregador e de tentar entender sua
mensagem? Qual e 0 proveito pratico de tudo isso?
pregador que nao faz apelo comete a mesma gafe de
urn anfitriao que anuncia 0 cardapio, mostra -0 na
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Veja-se 0 que aconteceu com Pedro quando ele
acabou de entregar a sua mensagem (At 2.37-40).
A_f_Q11fl1l~a_oe. ~ . .parte do sermao em gue 0
pre~~40!,,_~_~_.Q1Jxig,!aeduzir..JllclO.Q que disse, e_!?)
termos pniticos, para atender a neces§Lq~Q~12anicular
.de cada Q!JYinte._or isso, a conclusao precisa conter
uma recapitulacao sumaria de cada argumento e uma
aplicacao pratica (em nivel teorico) as necessidades
dos ouvintes.
As vezes, 0 pregador vai apresentando os
argumentos, vai concluindo-os e os aplicando. As
vezes, entretanto, ele vai somando muito do tipo do
assunto que se esta tratando.
mesa aos cornencais mas nao os convida a se
assentarem para dele se deliciarem.
o apelo, entretanto, deve ser feito com muito
cuidado, a saber:
a. Na o ser obrlgatorlo. 0 pregador nao deve
se obrigar a fazer apelo em todos os sermoes que
pregar. Isso 0 toma rotineiro e macante.
b. Nao ser insistente. 0 apelo insistente
constrange os visitantes e os proprios crentes.
c. Ser breve. Se 0 apelo insistente constrangc
imaginem urn apelo insistente durante muito tempo!
d. Ser claro. 0 ouvinte nao pode ficar em
duvidas sobre 0 que esta querendo 0 preg ador.e. Ser objetivo. 0 pregador nao deve
generalizar 0 sentido do apelo. Nao devc pedir que
levantem a mao "os que amam a Deus", quando se
quer que as pessoas se entreguem a Jesus.
f. Ser honesto. Nao usar de astucia para
conseguir decisoes.
6.0APELO
o apelo, como urn convite para que 0 ouvinte
se rnanifeste publicamente sobre a mensagem, e uma
parte importante do sermao.
Enquanto que a conclusao e urn apelo a razao,
a inteligencia, para que 0 ouvinte se decida perante
sua consciencia e Deus, 0 apelo e uma chamada para
uma manifestacao publica dessa decisao. E uma
oportunidade que 0 pregador tern para avaliar a
receptividade de sua mensagem, ao mesmo tempo em
que da uma oportunidade para que seus assistentes
participem, efetiva e objetivamente, seu imaginario
dialogo com eles.
o apelo e comparado ao convite que se faz as
pessoas que estao num banquete para que se asse ntem
e comam das iguarias que estao na mesa. Urn
1. Vantagens do apelo
a. Da ao pregador uma oportunidade de avaliar
o seu trabalho. Se foi claro, objetivo e convincente em
sua mensagem.
b. Da ao ouvinte a oportunidade de se
rnanifestar sobre 0 que ouviu. Alem do significado
teologico, que assinala uma decisao para a salvacao , 0
apelo tern 0 significado psicologico de uma decisao
116Hornllet ica - A E l oq O e n ci a d a Preqacao 117
Muitos pregadores acham que 0 apelo nao faz
parte integrante do sermao, mas que, em algumas
ocasioes, podem dele se valer. Concordamos. Ha
pessoal (muitas pessoas sao indecisas e so agem
quando motivadas por alguem). A maioria das nossas
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2. Desvantagens do apelo
ocasioes em que 0 apelo e indispensavel. Por
exemplo, nos casos de sermoes evangelizantes, nas
campanhas de evangelizacao, nos sermoes doutrinais
(em acampamentos, retiros ou mesmo na igreja), esempre que a anuencia pessoal, pratica e publica dos
assistentes se torna significativa.
decisoes sao emocionais, isto e , dependem muito de
influencias externas. Tambem 0 apelo tern urn
significado historlco para a pessoa. Ela sabera
quando e como se tornou crista e jamais se esquecera
desse dia.
A maior desvantagem do apelo, alem dos
aspectos negativos considerados atras, e considera -1 0
como a ultima coisa que se pode de fazer em favor do
pecador.
o apelo e a ultima coisa que 0 pregador podefazer no processo de evangelizacao, mas e a prime ira
no processo de Educacao Religiosa. Sem educacao
religiosa, 0 apelo tern urn valor muito relativo e muito
duvidoso.
No apelo se consegue a demonstracao da
simpatia e do desej0 do pecador de se entregar a
Jesus, mas e atraves do interesse do pregador e dosdemais membros da Igreja, que 0 recem-nascido em
Cristo vai receber 0 "leite racional" e 0 "alimento
solido" para se nutrir, se firmar e crescer na vida
crista.
Se nao pregar e pecado, igualmente nao
doutrinar os decididos para que se firmem no
Evangelho.
Todos os crentes devem ajudar 0 pregador na
conservacao dos resultados visitando e ajudando os
novos convertidos.
7- 0 TiTUL030
o titulo e 0 nome do sermao, como uma peca
literaria completa. Nao confundir com tema, que C 0
nome do assunto a ser discutido, com 0 assunto que e
o tema em discussao.
A _fun<;ao do _t i l 1 ! lQ . .".~,chamar~ a at~J)S~(),
interessar e atrair a~L_?essoas~__~, pois _.uma f\}n<;ag
nitidamente- psicologica.
A importancia do titulo vern se acentuando
cada vez mais, em nossos dias, por causa do
desenvolvimento das tecnicas de comunicacao e de
publicidade. A maioria dos pregadores nao da
importancia ao titulo do sermao. 0 acesso a imprensa,a publicacao de boletins semanais nas igrejas, os
convites e programas de cultos e de conferencia e os
paineis na frente dos templos, tern levado muitos
pregadores a descobrirem 0 valor do titulo.
3~a prime ira fase do preparo do sermao, 0 t itulo pode
antecipar 0 texto ou pode ser a ultima coisa que 0 pregador venha a
fazer, por isso falamos dele agora. SOBRINHO, Munguba. Esboco de
Homiletica, 1981, p. 101.
118H om lle tic a - A E lo qu en cia d a P re qa ca o 119
1.Tipos de titulos
o titulo pode ser: logico, predicativo,
d. Retorica, quando se relaciona indiretamente
com 0 tema: poetica ou metaforicamente. Ex.: ONDE
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descritivo ou ret6rico. ESTA TEU IRMAO? NO CENAcULO, COM
JESUS - A CHA VE DA FELICIDADE - A UM
PASSO DA ETERNIDADE PORTA DA
SALVA<;AO - PERTO DO REINO.a. Logico, quando possui direta relacao com 0
tema. As vezes 0 pr6prio tema elevado it posicao de
titulo. Como 0 tema e apenas 0 nome do assunto, 0
titulo tematico se toma impe ssoal e frio. 2. Posicao do titulo
b. Predicativo. Os titulos predicativos nada
mais sao do que teses elevados it posicao de titulos,
Ex. DEUS E AMOR - JESUS E 0 CRISTO - 0
QUE E A VERDADE - etc. E muito comum
usarem-se os titulos predicativos em forma eliptica.
Ex.: Joao e 0 ap6stolo do amor = JOAO 0
APOSTOLO DO AMOR; Jesus e 0 Salvador do
mundo = JESUS, SALVADOR DO MUNDO; A
Homiletica e a arte de pregar 0 Evangelho =
HOMIILETICA, a arte de pregar 0 Evangelho.
o titulo recebe nomes especiais, conforme a
posicao que ele venha a ocupar no conjunto de uma
obra literaria. Chama-se titulo quando apenas
encabeca urn assunto ou uma obra. Titulo gcral,
quando encabeca outros titulos (particulates). E
sub-titulo, quando e urn titulo de partes subordinadas(divisoes do titulo).
3. Qualidades do titulo
c. Descritivo, quando procura descrever 0
conteudo do sermao em detalhes. Ex.: A
CONVERSAO DE UM CENTURIAO ROMANOCHAMADO CORNELIO; COMO 0 ESPIRITO
SANTO CAPACITOU OS PRIMEIROS
CRISTAOS A SE TORNAREM TESTEMUNHAS
DO CRISTO RESSUCITADO - etc.
A vida modema exige comunicacao rapida, por
isso os titulos descritivos estao em desuso por se
tomarem inconvenientes. Mas nao quer dizer que nao
possamos usa-los.
o titulo, para exercer plenamente a sua funcao,
tern que possuir as seguintes qualidades:
a. Atraente (sugestivo e interessante), pela
atualidade da linguagem e do conteudo, pelo inusitado
da forma e pela sua relacao com 0 contexto extemo.
b. Discreto, pela seriedade que se apresenta.
Nao sensacionalista, nao malicioso, nao
constrang edor.
120 H o rn ile tic a - A E l oq O e n ci a d a Pregagao 121
c. Honesto, pela exatidao que guarda com a
verdade. Nao pretensioso (que promete 0 que naoTENHO EU CONTIGO? (Ano Internacional da
Mulher) - OS VELHOS TAMBEM lRAo
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pode dar).
d. Impactual, pelo inusitado dos contrastes, ou
contradicoes aparentes que sugere. Nem todos os
sermoes podem ter titulos impactuais, mas quandoisso for possivel, 0 pregador deve aproveitar.
CONOSCO (Ano Intemacional do Idoso) - A
VERDADElRA INDEPENDENCIA (Dia da
Independencia) etc.
Discreto: Qualquer titulo que nao sejaindiscreto. Nao ousariamos dar exemplos.
EXEMPLOS DE TiTULOS: Honesto: 0 pregador revela: Ter conhecimento
do assunto; coloca-o em termos adequados; mostra
imparcialidade. Exemplos de sermoes desonestos: A
ARTE DE FAZER 0 IMPOSStVEL, mas 0 prcgador
argumenta com ideias possiveis e nao ensina a artc
prometida. Neste caso,0
ouvinte se sente ludibriado. -A BiBLIA DESACREDITA A CIENCIA, mas 0
pregador mostra nao conhecer nem a Biblia nem a
Ciencia. CRISTO FOI COMUNISTA, mas ouve -se as
conviccoes politicas do pregador. JESUS MANDOU
GUARDAR 0 SABADO, quando e evidente que issonunca aconteceu.
SO 0 AMOR CONSTROI, mas 0 pregador
nao conceitua 0 sentido do verbo "construir" e sabe -se
que 0 odio tambem constr6i.
Atraente (sugestivo e interessante): Pela
atualidade da linguagem: ATEU JA ERA - A
IMPLOSAO DO HOMEM - UM ENCONTRO
ESPECIAL - SALVA<;AO AGORA - QUEM E
JESUS? - QUEM SAO os VERDADEIROS
FILHOS DE DEUS?; pelo inusitado da forma: UMA
GRA<;A DE GRAC;A PESCADORES
PESCADOS -VERBO EM VERBO - A RIQUEZA
DE UMA VlUV A POBRE - COMO SER FILHO
DE ABRAAO SEM SER FILHO DE ABRAo - 0
VALOR DO NADA - LIXO E LUXO - A
CONVERSAO DA MULHER DE LO - VIDA
PELA MORTE; pela atualidade do conteudo: ACONQUISTA DA LUA - VIAGEM AO ESP~<;O -
o DIREITO DE MATAR (Aborto) - 0 CHA DA
MEIA NOlTE (Eutanasia) - 0 DIVORCIO E UMA
SOLU<;AO; pela relacao com 0 contexto social:
PARA ONDE VAO OS MORTOS (em finados - A
CRUZ - A SEPULTURA - A RESSURREI<;Ao (na
semana· DEFICIENTE TAMBEM E GENTE (Ano
Internacional do Deficiente) - MULHER, QUE
Impactual: 0 PECADO DE NAO SER
PECADOR; A VIRTUDE DE SER PECADOR;
JESUS, 0 SUBVERSIVO; DEUS MANDA
MATAR; etc.
o titulo precisa se relacionar sempre com 0
tema, com a tese ou com 0 assunto, direta ou
indiretamente.
122 H om i le tlc a - A E lo q O €m c ia d a P re q ac ao 123
As vezes, 0 titulo e 0 pr6prio tema (nome do
assunto).
As vezes, 0 titulo e deduzido do tema
Outros exemplos de titulos tirados do assunto:
OPECADO
DE NAO SER LADRAO (0 tema e: pecado
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(ret6rico). Ex.: "UM MISTERIO CONSOLADOR"
(Deus) - UMA DOCE ESPERAN<;A (Jesus) - A
CHAVE DA FELICIDADE (0 Amor) - DEUS
ESQUECE (0 perdao como esquecimento) - 0CORA<;AO DE DEUS (Amor como curacao) -
ORNAMENTO DO CARATER (santidade) - NO
ALTAR DE DEUS (0 sacrificio de Jesus) - etc.
As vezes, 0 titulo e a pr6pria tese isto e , a teseelevada a posicao de titulo. Ex.: DEUS EX1STE -
JESUS E DIVINO - 0 AMOR NUNCA FALHA -
PERDOAR E ESQUECER QUAIS AS
CONDI<;OES PARA 0 PERDAO DE DEUS? -
TRES RAZOES PELAS QUAIS JESUS DEVIA
MORRER - HA TRES PROV AS DE QUE DEUS
NOS AMA - etc. '
As vezes, 0 titulo e tirado do assunto, isto e ,uma palavra, uma frase ou uma ideia significativa da
argumentacao. Ex. UMA CAUSA NAO CAUSADA
(0 tema e: A existencia de Deus; a tese e: Nao existe
efeito sem causa; 0 assunto consiste em mostrar que 0
pecado s6 pode eliminado se 0 homem morrer paraele) - 0 mesmo assunto pode suscitar 0 titulo: DEUS
APROV A 0 SUICiDIO?
A interrogacao, neste ultimo exemplo, visa
despistar 0 observador, caso ele nao ouca 0 sermao. Eum perigo 0 pregador fazer afirmacoes impactuais,
que s6 podem ser desfeitas atraves da pregacao , Ebom sempre deixar uma duvida para atrair 0
observador.
e ladrao; a tese e: ha uma circunstancia em que nao
ser ladrao tambern e pecado; 0 assunto, baseado no
exemplo do fariseu (que se orgulhava de nao ser
ladrao), mostra que apesar disso ele foi condenado.Nao ser ladrao, como 0 fariseu, nao e virtude, mas
pecado. Lc 18.9-14.
o titulo mencionado anteriormente, "A ARTE
DE FAZER 0 IMPOssivEL" depende
fundamentalmente do assunto, pois 0 pregador precisa
demonstrar que Deus faz 0 impossivel e que a "artc"
esta em deixar Deus agir no homem e pelo horncm.
o pregador precisa ser habil e claro para
definir os termos e desfazer os paradoxos contidos em
seus titulos, especialmente quando impa ctuais.
Por ter 0 titulo uma funcao psicol6gica, 0
pregador, ao escolher 0 titulo de seu sermao, deve se
colocar no lugar do ouvinte e imagina-lo tomando
conhecimento do mesmo. Sera que 0 titulo do seu
sermao despertaria 0 interesse de alguem para vir
ouvi-lo? Se uma pessoa lesse num jomal ou visse 0
seu sermao anunciado num painel, sera que sairia decasa s6 para ouvi-lo?
Isso e 0 que 0 pregador tem que pensar quando
vai dar nome ao seu sermao.
Homiletica - A Eloquencia d a P re g ag a o 125
CAPITULO XIII
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-A ESQUEMATIZA(:AO-
DOSERMAO
A Exegese, que e a arte da exposicao, esta
muito relacionada com a Homiletica porque e nela
que a Homiletics vai encontrar as varias altemativas
para a disposicao dos elementos do sermao.
Em definido os elementos constitutivos do
sermao e dispondo-os de maneira Iogica c racional,
podemos elaborar urn esquema do que vai scr0
proprio sermao.
o esquema e urn resumo das ideias mais
significativas do sermao (dentre os elementos
constitutivos) em sua disposicao tecnica.r" Veja a
disposicao abaixo:TITULO
INTRODUC;Ao
Tese:
ASSUNTO(S)
1 Argumento
iArgumento
3' Argumento
4' Argumento
CONCLUSA.O
Apelo
31 0 esquema tern sido erradamente chamado de "esboco",
Esboco e algo inacabado, indef'inido, 0 que nao ocorre com 0 esquema
homiletico. Do grego schema, forma exterior mutavel.
126Horni letica - A Eloquencia da Preqacao 127
Essa disposicao e seguida, geralmente, tanto
para 0 sermao falado como para 0 escrito.3. Introducao
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Vejamos, na esquematizacao, como devem
ficar cada urn desses el ementos:
1. Titulo
A introducao deve ser resumida no esquema.
U sam-se frases curtas ou palavras indicativas
(palavras-simbolos de muitas ideias). Deve ser
objetiva e ocupar ate1 /4
do tempo gasto em todo 0sermao.
o titulo deve encabecar 0 esquema e deve ser
escrito com todas as letras maiusculas, 4. Tese
2. Texto A tese deve ser bern destacada a escrita de
maneira clara e completa.
Se houver pre-tese ou sub-tcscs, clas dcvcm
seguir 0 mesmo criterio de destaquc, clarcza c
integridade.
o texto deve ser indicado em forma de codigo,
abaixo do titulo a margem esquerda do esquema.
o codigo textual biblico e formado de treselementos: 1. A abreviatura do livro; 32 2. 0 numero
do capitulo; e 3. 0 numero does) versiculo(s),
separado(s) do capitulo por urn pontn."
Alem desses elementos basicos, 0 pregador
pode acrescentar, em parenteses, o(s) versiculo(s) que
fundamentauaoj especific amente 0 seu sermao.
5. Assunto
o assunto e a analise da tese ou os argumentos
que a respondem.
Os argumentos que constituem os assuntos do
sermao, devem ser dispostos de maneira distinta e
sequencial.
32 A Sociedade Biblica do Brasil adotou urn metodo
inteligente e racional de abreviaturas, que consiste em apenas duas
letras. A inicial e a primeira consoante seguida (quando possivel).
Esse metodo, entretanto, nao foi respeitado em Esdras, que deveria
ser Es, em Proverbios (Pv); em Marcos (Mc); em Filemon (Fm); e em
Pedro (Pe). Nesta obra adotamos esse metodo com as corr ecoessugeridas.
33 Esse e 0 sistema adotado pelas socied ades biblicas
brasileiras e nao 0 de dois pontos, que e urn sistema norte-americano.
Poucas editoras evangelic as brasileiras sabem disso.
6. Distinta, porque cada argumento e uma
parte integrante de toda a argumentacao. Como partes
de urn sistema, os argumentos tern que ser bern
definxios e distintos para que 0 pregador nao seja
redundante, anacronico e confuso.
Para isso, 0 pregador precisa ter boa acuidade
mental e refinada cultura. A falta de urn conhecimento
128 H om ile tc a - A E lo qu E ln cia d a P re qa ca o 129
mais aprofundado da palavra, de seu conteudo tecnico
e de uma sensibilidade para pequeninos detalhes,
levam 0 pregador a ser superficial e redundante. Ele
minha vontade; 5. Para premiar os meus esforcos. A
expressao "Jesus vive em mim" fica subente ndida.
b. Loglca. Os argumentos devem corresponder
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ira arrolar varios argumentos para a sua tese, mas nao
tera nada de novo em cada urn deles, pois nao percebe
que estara dizendo, sempre, a mesma coisa com
outras palavras. Isso se chama tautologia, que 0 vulgo
chama de "chover no molhado".
a tese, tambem, em conteudo. Se a tese e: Jesus
morreu? (uma proposta que exige a investigacao das
causas), nao e l6gico responder: "Ele morreu entre
dois ladroes" (circunstancia). Estas questoes se
relacionam com outras teses, a saber: Onde, Quando
e Como.
c. Pslcologica. Os argumentos devem ser
distribuidos dentro de uma escala de valor, baseada na
forca de persuasao de cada urn. Eles devem se situar
numa ordem de crescimento, indo do mais fraco (que
apenas situam, esclarecem ou somam ideias) para 0
mais forte (que convence, que arrebata, que sublima).
o ultimo argumento deve ser sempre 0 de maior forcade conviccao, de decisao. Na giria da orat6ria forense,
o argumento decisivo e chamado de "bomba" e vern
sempre em ultimo lugar. Na linguagem militar echamado de "0 ultimo cartucho", no jogo de poquer e"a ultima cartada" e no xadrez e 0 "xeque-mate".
7. Sequenclal, porque os argumentos devem
ser dispostos em sequencia gramatical, logica epsicol6gica.
a) Gramatical. Os argumentos devem ser
dispostos de mane ira a seguirem uma relacao verbal
reta. Exemplo: Se a tese e: Por que Jesus vive em
mim, os argumentos devem ser expressos numalinguagem sequencial adequada, a saber: 1. Jesus vive
em mim para comprovara minha salvacao ; 2. Jesus
vive em mim para garantir minha filiacao com Deus;
3. Jesus vive em mim para conservar a minha
santidade; 4. Jesus vive em mim para controlar a
minha vontade; 5. Jesus vive em mim para premiar os
meus esforcos. Note que cada argumento guarda uma
relacao sequencial com a tese, demonstrada pelaforma da linguagem.
No esquema, 0 pregador pode usar frases
indicativas do argumento, reservando -se para dar a
sequencia gramatical no momento da expos icao.
Exemplo: 1. Jesus vive em mim para comprovar
minha salvacao; 2. Para garantir a minha filiacao; 3.
Para conservar a minha santidade ; 4. Para controlar a
8. Conclusao
A conclusao deve constar do esquema, demaneira clara e sumaria. 0 pregador deve dizer 0 que
pretende com a sua mensagem; 0 que ele deseja que
aconteca em seus ouvintes.
9. Apelo
Como 0 apelo e circunstancial (ao tipo de
sermao, ao tipo de auditorio e as condicoes do
ambiente), nao precisa ele constar do esquema. 0
130 Horni letica - A Eloquencia da Preqacao 131
urn sermao. Agora vamos ver como esses elementos
devem ser apresentados ao publico.
Depois de ter escolhido 0 texto, tirado 0 tema,
pregador deve ser livre para fazer ou nao 0 apelo.
Sobretudo, ele deve ser sensivel ao Espirito Santo.
o pregador nao deve ter uma regra fixa sobre
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10. Tema
formulado a tese, estruturado 0 assunto (a
argumentacao) e se decidido sobre 0 titulo do sermao,
o pregador esta preparado teoricamente para a
prega9ao.A pregacao, como qualquer discurso, e urn
monologo, mas 0 pregador tern que imaginar que vai
travar urn dialogo, uma conversa com seus ouvintes.
Nessa conversa, entretanto, toda a iniciativa fica com
o pregador, pois os seus ouvintes nao tern direito apalavra.
Por isso, ao subir ao pulpito, 0 pregador tern
que imaginar urn dialogo com seus ouvintes, e vai ter
uma conversa com eles, em tom de discurso. E, comoso ele e quem vai falar, ele precisa levar todos os
elementos que iniciem alimentem e finalizem a
conversa. Ele tern 0 tema ou titulo, 0 texto ou a
introducao, a tese, 0 assunto ou argumentos, a
conclusao e 0 apelo.Ha duas coisas que 0 pregador nao pode se
esquecer ao pregar: 1. Que a sua linguagem tern que
estar ao nivel do conhecimento de seu auditorio; 2.Nunca pressupor que as pessoas ja sabem.
No primeiro caso, ele deve usar 0 linguajar
mais simples e quando tiver que usar termos elevados
ou tecnicos, traduzi-los a cornpreensao popular. No
segundo caso, partir sempre da ideia de que as
pessoas estao ali para ouvir, porque nao sabem e
querem aprender. Nao se acanhe de esclarecer termos
tecnicos (especialmente teologicos) e de narrar fatos
esse assunto. Ele deve ser maleavel a inspiracao
divina.
Notar que 0 tema, por ser considerado como 0
nome do assunto, nao entra como parte do esquema.
Ele aparece, no preparo do sermao, para que 0
pregador saiba como identifica-lo num texto e como
torna-Io como ponto de partida para a elaboracao do
sermao. Identificando 0 tema, 0 pregador tern que
formular uma tese e descobrir 0 assunto, isto e , asrespostas a essa tese.
o tema so entra no esquema se ele for tornado
como sin6nimo do assunto ou se for usado como
titulo. Em ambos os casos, ele perde a funcao de tema
para ocupar essas outras funcoes.
A exposicao ou alocucao do sermao e 0 que
comumente chamamos de pregacao , A exposicao e a
entrega do sermao.
Na exposicao, 0 pregador mostra 0 que eleentende de Homiletica, de Hermeneutica e de
Exegese. Em outras palavras, ele mostra se realmente
e urn pregador. Mostra se entende da tecnica e da arte
de entregar urn sermao. Mostra se e inteligente,
criativo, sensivel, esp iritual e eloquente.
A pregacao e uma forma exegetica e como tal,
tern sua especificidade de exposicao. No capitulo
anterior, vimos a disposicao dos elementos basicos de
132 H o rn ile tic a - A E lo q ue nc ia d a P re q ac ao 133
biblicos. Nao suponha que as pessoas ja sabem. Sera
que sabem mesmo? E se ja se esqueceram? Ou senunca ouviram?
de Deus. Uma porcao maior das Escrituras podera ser
o alimento, a resposta, 0 desafio e a inspiracao de que
essas pessoas estao esp erando de Deus. Uma porcao
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Nao cometa 0 erro de nao ensinar por supor
que as pessoas ja sabem!
Eis, em detalhes, 0 que 0 pregador tern que
sagrada, bern escolhida e bern lida, podera ter maior
significacao para 0 ouvinte do que 0 proprio sermao.
fazer: 2. Definir a porcao a ler
COMO USAR 0 TEXTO As vezes, 0 pregador anota em seu esquema a
porcao textual que vai ler, mas na hora, percebe que
deve comecar antes, que deve deixar alguma parte ou
mesmo ir adiante, avancando do ponto indicado. Isso
depoe contra 0 pregador, pois sugere improvisacao e
falta de preparo.
Se 0 sermao vai se basear num tema tiradode
urn texto sagrado, nada mais logico do que 0 pregador
comecar 0 seu sermao pela leitura do texto escolhido.
As vezes para causar curiosidade (por r azoes
psicologicas) 0 pregador pode anunciar 0 titulo, fazer
a introducao e, entao, apresentar 0 texto e a re sposta
as varias questoes levantadas durante 0 sermao, 0
tema pode ser ate apresentado no final do se rmao.
Alguns cuidados especiais devem ser tornados
previamente. A saber:
3. Definir a traducao que vai usar
1. Escolher uma porcao suficie nte
As vezes, 0 pregador prepara seu sermao
baseando-se em uma traducao, mas ao pregar, usa
outra. Isso nao so the podera causar embaraco como
podera comprometer todo 0 seu sermao. Imagine se 0
sermao se fundamenta numa palavra e esta nao
aparece ou tern outro sentido noutra traducao. Urn
exemplo disso pode ser Rm 3.23, onde a palavra"destituidos" aparece como "carecem" em traducoes
diferentes.
o pregador deve ter sempre it mao a traducao
sobre a qual preparou 0 seu sermao.
Nao ler apenas 0 versiculo que vai usar ou apalavra chave do tema, a menos que 0 contexto seja
inconveniente ou desnecessario. Leia uma porcao
suficiente para que 0 povo desfrute de urn contato
maior com a Palavra de Deus. Lembre-se de que 0
povo nao tern tempo e nem disposicao para ler a
Biblia em casa. Em muitos casos, depois de uma
semana, urn mes ou urn ano, essa vai ser a unica
oportunidade de entrarem em contato com a Palavra
134 H or nlle tic a - A E lo q ue nc ia d a P re ga gE io 135
4. Indicar 0 texto olhos. Mas, ouvir a leitura e acompanha-Ia com os
olhos (mesmo em traducao diferente) e algo que cala
mais fundo, porque feita audio-visualmente. E algoA indicacao deve ser clara, forte e repetida para
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que esta bern proximo, diante dos olhos e falando
diretamente.
A diferenca de traducoes podera despertar a
curiosidade e 0 interesse do assistente e ate leva -10 apesquisas posteriores.
que os assistentes a oucam, tenham tempo para
localiza-la em suas biblias e participarem da leitura.
5. Deixar 0 povo acompanhar a leitura
Hoje temos, gracas a Deus, uma variedade de
traducoes e isso nao permite mais leituras unissonas
ou altemadas (responsivas), mas nao impede que 0
povo acompanhe silenciosamente, em outras
traducoes, a leitura feita pelo pregador.
Eis algumas razoes que tomam validas asleituras feitas pelo povo:
d. Torna 0 sermao mais vivo. 0 ouvinte se
lembrara, com mais facilidade do texto sobre 0 qual 0
pregador falou e da maneira como 0 tratou. Sempre
que ler esse texto em sua Biblia, se lembrara do
sermao, do pregador, e se beneficiara de suas
verdades.
6. Da autenticidade 7. Ler com arte e uncao
o ouvinte nota que ha uma relacao ou perfeita
harmonia entre a sua Biblia e a do preg ador.A leitura deve ser correta, pausada e
flexionada. 0 pregador nao deve se limitar a ler,
mecanicamente, respeitando os sinais de pontuacao do
texto mas dando a inflexao correta e necessaria para
que a leitura seja viva e que 0 ouvinte receba mais do
que ideias frias. Sobretudo, a leitura deve ser feitacom a razao, com 0 coracao e sob 0 poder do Espirito
Santo.
Feita a leitura, 0 pregador deve estar
preparado para iniciar 0 seu dialogo imaginario com 0
seu auditorio. Ele deve imaginar que algumas
perguntas the serao feitas e ele tera que ter respostas.
Inevitavelmente, essas perguntas virao na
seguinte ordem:
a. Incentiva 0 uso da Biblia. 0 assistente
percebe que e util levar a Biblia it Igreja; que ha uma
finalidade; que ha urn valor em porta-lao
h. Treina 0 povo no manejo da Biblia. Abrir
a Biblia, localizar uma passagem e le-la e uma
experiencia didatica positrva, que precisa ser
constantemente incentivada.
c. Fala mais diretamente. Ouvir uma leitura
do pulpito e algo que vern de longe e que esta fora dos
136 H orn lle nc a - A Eloquencia d a P re g ag a o 137
PRIME IRA PERGUNTA:
estruturem as mentes e lhes propiciem acompanhar,
progressivamente, 0 raciocinio do pregador.
Dai a Introducao. Ai esta a importancia e 0
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porque da introducao.Sobre 0 que 0 senhor vai falar?"
A resposta que 0 pregador der a essa perguntavai ser 0 titulo de sermao. COMO FAZER A INTRODU<;Ao
COMO EXPOR 0 TiTULO A introducao, como ja vimos, e 0 vestibulo do
sermao.
Ao se por diante do publico e tendo a
obrigacao de falar, e natural que 0 pregador iniciante
se sinta inibido para comecar 0 seu sermao. Alguns
pregadores gostam de contar uma anedota 34 para se
descontrairem ou mesmo para descontrair 0 proprio
auditorio que esta tenso, indisposto e ate cansado. Os
resultados favoraveis sao imediatos, pois a anedotaexerce a funcao de "quebra-gelo", nas relacoes
humanas.
Ha ocasioes em que 0 pregador pode iniciar 0
sermao com a introducao, depois ler 0 texto sacro e
entao apresentar a sua tese. Mas, neste caso, a tese
passa a ser tambem 0 titulo do sermao. E born que 0
pregador tenha plena consciencia do que esta fazendo
para se tomar claro a seus ouvintes.Feita a introducao, 0 pregador esta em
condicoes de apresentar a sua tese, isto e, de
responder a segunda pergunta que deixamos atras.
Vamos repeti-la:
Se 0 titulo e uma palavra ou uma frase do
texto, 0 pregador deve referir-se ao texto e mostrar de
onde 0 tirou ou como 0 encontrou.
As vezes, basta dizer: 0 titulo de nosso sermao
ou de nossa mensagem e... Ou simplesmente: Vamosfalar sobre ...
Respondida a primeira pergunta, 0 pregador
deve imaginar logo a segunda, como se ela ja
estivesse engatilhada na mente do ouvinte, pois uma
decorre inevitavelmente da 0utra:
SEGUNDA PERGUNTA:
Como 0 senhor vai tratar 0 assunto desse
titulo?A resposta que 0 pregador der a esta pergunta
vai ser a sua tese. Ocorre, entretanto, que 0 pregador
nunca deve anunciar 0 titulo 0 logo entrar na tese. Ele
deve imaginar que 0 seu auditorio nao esta preparado
para acornpanha-lo em sua incursao pelo assunto sem
algumas explicacoes preliminares. Os ouvintes
necessitam de informacoes basicas que lhes34 Anedota e a narracao curta de urn fato jocoso, real ou
imaginario.
138
H o rn tle tic a - A E lo q ue nc ia d a P re ga g ao 139
TERCEIRA PERGUNTA: COMO EXPOR 0 ASSUNTO OU A
ARGUMENTA(:AO.Como 0 senhor vai tratar 0 assunto contido no
seu titulo? resposta, como vimos, e a tese do
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pregador.
COMO EXPOR A TESE
o pregador deve apresentar cada argumento de
maneira clara, firme e bern destacada para que os
ouvintes possam relaciona-los com a tese e
perceberem 0 seu conteudo partie ular e geral.Os argumentos devem ser numerados, postos
em destaque (em forma de topicos) e dispostos em
sequencia gramatical, Iogica e ps icologica.
Essa e a parte mais dificil para 0 pregador.
Ele precisa fazer muito exercicio mental para ordenar
as suas ideias. Se as coisas nao estiverem bern claras e
bern ordenadas em sua mente, como poderao ser
entendidas pelos ouvintes? 0 pregador pode dizcr
muitas coisas certas e boas, mas ele precisa saber
ordenar a sua mente nao so para que tenha facilidade
de apresentar as suas ideias, mas fundamentalmente
para que seja entendido.
Os argumentos, que sao 0 arsenal de fogo do
pregador, podem ser expressos em forma de
declaracao geral ou particular; e podem tambem ser
subdivididos, em forma de sub-argumentos, ou em
forma de ilustracoes.Os argumentos podem ser apresentados em
forma de:
Tese e uma dcclaracao cardeal , que pode ser
afirmativa, negativa ou interrogativa. Como ja vimos,
e uma proposta para a discussao de urn a ssunto.
o pregador deve enunciar a sua tese com
bastante firmeza e clareza, para que ela se destaque e
se tome 0 eixo em tomo do qual todo 0 assunto dosermao venha a girar.
Uma vez dada a tese, 0 pregador deve imaginara quarta pergunta do auditorio:
QUARTA PERGUNTA:
Como 0 senhor vai analisar a sua tese?
Essa pergunta pode ser feita em outros termos:
"Que argumentos 0 senhor tern em abono de sua
tese"? ou "Prove que a sua tese e verdadeira" ou ainda"Defenda a sua tese".
A resposta que 0 pregador tiver para essa
pergunta sera 0 seu ass unto, ou 0 assunto de seusermao.
1. Resposta, quando cada topico e uma
resposta a tese.
140 H or nile tic a - A E lo qu E m cia d a P re q ac ao 141
o pregador pode apresentar a sua conclusao
(com urn destaque da verda de central e uma
aplicacao) logo ap6s cada argumento ou pode somar
2. Questionarnento: a) quando 0 pregador faz
perguntas e as responde ou b) quando ele imagina que
o ouvinte esta perguntando.
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QUINTA PERGUNTA:
os argumentos e, no final, fazer uma recapitulacao
com os destaques e uma aplicacao.
A conclusao, pois e a orientacao (em nivel
te6rico), que 0 pregador da a seus ouvintes sobrecomo apropriarem -se de sua mensagem. E, como essa
orientacao e te6rica, 0 ouvinte pode sair dali, po -la empratica ou nao. E, para que 0 pregador se certifique de
que sua mensagem foi realmente entendida e vai ser
posta em pratica, ele precisa imaginar a quinta e
ultima pergunta de seu audit6rio:
3. Refutacao, quando se corrige ideias erradas.
Esta forma e chamada tambem de reversa.
Uma vez analisada a tese, isto e , desenvolvidoo assunto, 0 pregador deve imaginar a quarta pergunta
de seu audit6rio:
E, 0 que temos com isso? Ou, 0 que temos que
fazer?
A resposta que 0 pregador der a essa
pergunta, vai ser a conclusao,
SEXTA PERGUNTA:
COMO EXPOR A CONCLUSAO
o que temos que fazer ja?A resposta do pregador vai ser 0 seu apelo.
A conclusao e uma forma de avaliar 0
conteudo da mensagem. Nela, 0 pregador vai dizer
aos ouvintes 0 que eles ganharam em te-lo ouvido.
Na conclusao 0 pregador deve destacar a
verdade principal e aplica-la as necessidades dosouvintes. Lembre-se que Pedro, no Dia de Pentecoste,
ao defender a tese de que 0 fenomeno ali verificado
nao era embriaguez dos discipulos, mas 0
cumprimento de profecias, provocou urna
necessidade angustiante nos ouvintes que clamaram:
"Que faremos varoes irmaos?" A resposta do ap6stolo
foi a sua conclusao (At 2.37 -38).
COMO FAZER 0 APELO
Se a conclusao e urn convite te6rico, 0 apelo e
urn convite pratico. Para faze-lo, 0 pregador deve:
1. Definir 0 que quer que os ouvintes facam:que orem, que levantem a mao, que fiquem de pe, que
venham a frente, que preencham urn cartao, que
fiquem ap6s 0 culto etc.
2. Ser claro quanta ao que 0 ouvinte deve crer
para atender ao apelo. Se e para a salvacao , para a
consagracao de vida, para a dedicacao a urn
ministerio, para consagracao financeira, para
participacao maior nas atividades eclesiasticas etc.
142Homilatlca - A Eloquencia da Preqacao 143
3. Ser sincero, dinamico e convicto.
4. Ser breve e educado (nao insistente e
constrangedor).CAPITULO XIV
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METODOS DE EXPOSI<;AO
A exegese literaria possui metodos gerais deexposicao: a descricao, a narracao e a dissertacao.
1. Descricao e a exposicao analitica, detalhada
particular e minuciosa de urn objeto (coisa ou pessoa).
A descricao e a forma de se dizer como uma coisa e ,em detalhes.
A descricao pode ser: 1. Analitica, quando
enfoca urn objeto ou parte dele, em detalhes.Exemplos: A Biblia e urn livro religioso, que esta
dividido em Antigo e Novo Testamento, em capitu los
e versiculos e que se constitui num conjunto de
revelacoes e de fatos significativos, registrados por
inspiracao de Deus; 2. Analogica, quando os objetos
ou suas partes sao enfocados por comparacao ou
analogia. Exemplo: A Biblia e urn tesouro de
sabedoria; e 3. Reversa, quando os objetos ou suas
partes sao enfocados pelas suas antiteses. Exemplo: A
Biblia nao e urn livro de ciencia.
Nota-se que a descricao e 0 metodo do
inventario, da pesquisa.
2. Narracao e a exposicao de fatos do modo
como eles aconteceram. 0 narrador se limita a dizer
as coisas como elas se deram. E 0 metodo tipico do
cronista, do reporter, do historiador, da testemunha.
144Homiletica - A Eloquencia d a P r eg a c; :a o 145
Contar a alguem como urn fato se deu e narrar. Em Lc
1. 1-3 a paIavra narracao e a traducao da palavragrega exegese.
CAPITULO XV
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3. Dissertacao e a exposicao discursiva onde
os fatos sao analisados, interpretados; as ideias
elaboradas e os conceitos estabelecidos segundo a
opiniao do autor. Na dissertacao os fatos sao
analisados visando ,lima conscientizacao e uma
tomada de posicao. E 0 metodo dos comentaristas
dos analistas, dos oradores e pregadores. '
A dissertacao, entretanto, nao prescinde da
descricao e da narracao, Com frequencia eia se vale
delas como suporte ou complementacao de suareflexao.
o sermao nada mais e do que uma dissertacao(oral ou escrita), que se vale, tambem, da descricao e
da narracao, Pode-se ver isso nos sermoes da Biblia.
o "sermao do monte" registrado em Mt 5. 1-12 e urn
exemplo de dissertacao. 0 mesmo se da em Jo 5.
19-47, quando Jesus explica a sua missao, e em
6.22-40, quando ele se identifica como 0 pao da vida.
Em Mt 3.1-6 temos uma dissertacao, com uma
narracao contida de descricao analog ica.
FORMAS DE EXPOSI<;Ao
A Historia da Pregacao registra tres formastipicas de exposicao: a leitura, a memorizacao parcial
do esquema e a memorizacao total do esquema.
1. A Leitura do Sermao
A leitura de uma peca literaria, como urn
discurso (numa assembleia, num parlamento, nos
foruns, em solenidades publicas ou privadas), semprefoi uma forma expositiva valida, na oratoria.
Tambem, na Homiletica, e valida a leitura de sermoes,
No passado (do seculo XVI em diante), quando os
pregadores eram licenciados e tinham que responder
perante as autoridades eclesiasticas e politicas pelo
que diziam nos pulpitos, eles eram obrigados a
escrever os seus sermoes.
Por causa do costume generalizado de se ler os
discursos ou os sermoes, criou -se 0 conceito (a nosso
ver errado) de improviso. Naquele tempo, 0 discurso
ou sermao que nao fosse lido era considerado como
"de improviso". Voltaremos a este assunto no
proximo capitulo.
Hoje, a situacao e inversa. Sao raros os
pregadores que escrevem os seus sermoes e que os
leem nos pulpitos. Contudo, ha vantagens e
desvantagens na leitura do sermao. Vejamos:
146 H om ile tlc a - A E lo q O en c ia d a Preqacao 147
Desvantagens
Vantagens a. Tira a espontaneidade. 0 pregador se priva
do contato pessoal e direto com 0 seu auditorio.
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Amarrando ao texto, 0 seu sermao se toma impessoal
e mecanico.
b. Tira a mobilidade. 0 pregador fica estatico,
preso ao pulpito. Nao pode se afastar e nem se
expressar com 0 rosto ou com as maos.
c. Torna mon6tono. A leitura, por mais bern
feita, nao admite arroubos de expressao, de
empolgacao ou de dramatizacao.
d. Perde a comunicacao visual. Muitas
verdades ficam marcadas no ouvinte quando 0
pregador as transmite pelos seus gestos ou pelo seu
olhar. A leitura impede que isso aconteca,e. Exige muito do ouvinte. Alem da atencao
constante, que a leitura exige do ouvinte, ele e
solicitado a dar mostras de mui ta paciencia e
condescendencia.
f. Tira a liberdade mental. 0 pregador podera
se afastar urn pouco do texto para fazer breves
comentarios, adicionar expli cacoes ou dar
informacoes paralelas, mas corre 0 risco de se per der;"Perder 0 fio da meada" ou "se emb ananar", como se
diz na giria.
g. Perde a sequencia. Cada vez que 0
pregador tiver que virar a pagina, produzira um
vacuo, que comprometera a sequencia da entonacao,
do entusiasmo e do proprio pensamento. Ha uma
ruptura na mensagem.
a. Exige que 0 pregador 0 escreva. Gracas a
isso, os grandes pregadores do passado sao hoje
conhecidos, pois os seus serrnoes escritos foramconservados e posteriormente impressos.
b. Aprimora 0 conhecimento da lingua - 0
pregador pode consultar urn dicionario e conhecer 0
sentido exato de cada pala vra que vai usar. Pode
consultar a Gramatica e construir com pre cisao as
frases. Pode selecionar as palavras que expressem
melhor as ideias e que produzam melhor efeito sonoro
e persuasivo. Poderao ate criar neologismos.
c. Desenvolve 0 estilo. 0 estilo e a maneiraparticular da pessoa expressar suas ideias. Veja 0
capitulo Homiletica e Estilo.
d . Desenvolve a capacidade de expressao,
Descobre novas maneiras de dizer as coisas e tom a -se
melhor compreendido.
e. Da seguranca. 0 pregador nao precisa se
preocupar com 0 que vai dizer e nem como dize -10 ,
pois tudo ja esta pronto e a mao.E aconselhavel que 0 pregador iniciante
escreva, de vez em quando, 0 seu sermao para
usufruir dessas vantagens.
148 H o rn ile tic a - A E lo q O en cia d a P re g ag a o 149
h. Perde 0 credito intelectual. Sugere
incompetencia; que copiou de outrem ou que usou urn
redator-auxiliar (copy desk).
i. Perde prestigio. 0 povo nao da muito valor
da capacidade mnemonica do pregador e nao e umaforma acessivel a todas as pessoas.
Qualquer que seja a forma expositiva que 0
pregador vier a adotar, tera que ser a que corresponda
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ao pregador que demonstre estar lendo 0 seu sermao.
Porque isso sugere inseguranca, falta de habilidade ou
de "dom" como se diz.
Note que as vanta gens da Ieitura surgem para 0
pregador quando ele escreve 0 sermao e que as
desvantagens surgem quando ele vai prega-lo.
melhor a sua personalidade 0 que importa e que elefaca 0 melhor que puder, com 0 metodo que Ihe
convier, mas com amor e uncao espiritual.
2. A memorizacao parcial do esquema
Consiste em 0 pregador memorizar 0 quanta
puder 0 esquema (especialmente os elementos basicos
da disposicao), mas leva-Io ao pulpito, por seguranca,para te-lo a mao, sempre que houver necessidade.
E preferivel 0 pregador ter 0 esquema a maopara uma consulta de sosIaio e apresentar urn sermao
completo (com todas as suas partes), e deixa-lo na
gaveta, confiando na memoria e esta falhar.
3. A Memorizacao Total do Esquema
Consiste no pregador memorizar todo 0
esquema do sermao. Ele vai ao pulpito com as ideias
principais, do sermao, na cabeca. Ele tern uma visao
geral do que vai dizer e de como dize-lo, sem precisar
de nenhum apontamento.
Essa e a forma ideal de exposicao horniletica.
Contudo, devemos reconhecer que eia depende muito
H o rn ile tic a - A E lo q ue nc ia d a P re ga g ao151
CAPITULO XVI
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ORIGINALIDADE,,
PLAGIO E IMPROVISO
Esses sao tres temas muito discutidos em
Oratoria. Tecamos algumas consideracoes sobre e1es.
1. Originalidade
A originalidade e a capacidade de criar ideias
novas; de imaginar e colocar as coisas de mane iradiferente. A originalidade, pois, pode ser de forma ou
de conteudo.
Rei pregadores que, pela sua inteligencia,
cultura, criatividade e espiritualidade, realmente sao
originais. Imaginam formas novas de expor antigas
verdades. Sao como 0 escriba judeu de que falou
Jesus. Quando se converte "tira do seu tesouro coisas
novas e velhas?" (Mt 13.52).Entretanto, a originalidade e sempre muito
relativa, especialmente na Homiletica. Muitos
pregadores se inspiram em trabalhos escritos ou
mesmo em sermoes pregados por outrem. E, ha
tambem aqueles que nao so se inspiram, mas que
pre gam totalmente sermoes alheios.
152 H or nlle tic a - A E lo q ue nc ia d a P re ga <; :8 o 153
2. Pbigio
Nao ha necessidade do repetidor dizer, no
inicio da pregacao, que 0 sermao que vai pregar nao e
de sua autoria. Isto the tiraria toda a autoridade e
diminuiria 0 valor de sua participacao. Afinal, ha urnPlagiar e pegar uma ideia alheia e reproduzir
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merito ern seu trabalho, representado pela sua
disposicao de pregar, sua eapacidade ern reproduzir
corn fidelidade as ideias de outrem,0
seu esforcopessoal de comunicacao e a sua capacidade de
persuasao. Ern ocasioes excepcionalissimas, podera
dizer 0 seguinte, no fim do sermao ou do apelo:
"Agradeco ao pastor fulano de tal a colaboracao que
me prestou na entrega deste sermao". Tal
agradecimento podera ser feito ate na or acao final do
culto.
Uma forma delicada e atenciosa e a de eserever
uma carta ou dizer pessoalmente: "Aquelj- sermao queo irmao pregou ern tal lugar foi usado por mim ern tal
lugar e produziu os seguintes resultados". Ou "tenho
usado 0 seu sermao do livro "Tal" e Deus tern
abencoado grandemente 0 nosso trabalho".
Isso nao s6 dignifiea 0 repetidor, como da
muita alegria ao autor.
Cada pregador deve usar os dons e as
oportunidades que Deus the da, valendo -se dosrecursos de que dispoe. Nao e peeado ser repetidor de
sermoes. 0 pecado esta em fazer isso por preguica
mental, por negligencia ao estudo ou por comodismo.
Pecado tambem e pregar por ostentacao, corn a
preocupacao unica de originalidade ou pelo prazer de
imitar os mais bern sucedidos.
como se fosse sua. 0 Codlgo Penal considera 0
plagio como urn furto literario ou artistico,
Podemos considerar como plagio 0 ato de
alguem reproduzir urn sermao de outrem? Seria isso,
urn ato condenavel?
Do ponto de vista juridico, fundamentado nas
leis que resguardam os direitos autorais, reproduzir
trabalho literario sem permissao do autor e sem
declinar a fonte, e crime passive I de condenacao . Mas,
no cristianismo, ha tres aspectos que tomam 0 plagio
ate recomendavel: 1. 0 objetivo maior do sermao e a
gl6ria de Deus e nao a gl6ria do pregador que 0
concebeu. Milhares de pessoas tern sido salvas corn
sermoes pregados por repetidores. A gl6ria do
pregador esta ern saber que produziu urn trabalho tao
born, que mereceu ser repetido e que produziu frutos
para a vida etema; 2. A seara e grande e poucos sao os
ceifeiros. Se 0 pregador souber que os seus sermoes
estao sendo pregados por outrem, ficara feliz por
estar qualificando ceifeiros para a seara; 3. Hapessoas que tern muita dificuldade em preparar urn
sermao, mas tern facilidade imensa de reproduzi -10 de
outrem. Sao-lhes de imenso valor os sermonarios
(livros de sermoes) e os sermoes ao vivo. E deles se
valem corn frequencia.
Isso, entretanto, nao desobriga 0 repetidor de
ser honesto quando vai pregar e de ser leal para corn 0
seu colaborador (0 autor do sermao).
154 H om ile nc a - A E lo qO e nc ia d a P re qa ca o 155
3. Improviso CAPITULO XVII
Improvisar e , literalmente, fazer sem provisao. -AILUSTRA<:AO
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Na oratoria seria falar sem ter estudado ou sem estar
preparado. Mas historicamente, 0 improviso, na
oratoria, e0
falar sem anotacoes ou sem ter0
discursoescrito.
Isso tudo e muito relativo, pois 0 pregador
pode ser apanhado de surpresa para pregar, mas nao
ser surpresa 0 que ele vai pregar. Geralmente ele fala
de algo que ja pensara, que ja estudara ou mesmo
serrnao que ja pregara. 0 pregador podera, tambem,
nao ter anotacoes, esquemas ou 0 sermao escrito, mas
tera todas as ideias memorizadas. 0 seu treinamento
mental pode ser tao eficiente que, em fracao desegundos, rememorizara tantos sermoes quantos
forem necessarios. Podera nao ser profundo , nem
completo, mas dira sempre algo de que tenha pensado
Ilustrar e iluminar. E fazer com que a luz seenfoque no lugar onde precisamos ver melhor. Ecomo alguem que, desejando ver algo num quarto
escuro, abre a janela ou acende uma luz.
Na imprensa, a ilustracao e urn desenho ou
uma foto introduzida no texto, com 0 proposito der
esclarecer ou justificar uma afirmacao. E neste
senti do que a ilustracao e usada na Oratoria e por
conseguinte, na Homiletica.
1. Tipos de Ilustracoes
antes.Ha cinco tipos de ilustracoes, a saber:
Conceitual, quando se cita 0 pensamento ou a
opiniao de uma pessoa. Ex.: Disse Jesus: "Vai, a tua
fe te salvou, (Me 10.52). Disse Dom Pedro I, as
margens do Ipiranga: "Independencia ou Morte".
Paulo escreveu: "A quem honra, honra" (Rm 13.7).
A verdade e que, qualquer discurso ou sermao
e sempre 0 resultado de uma elaboracao mental
anterior. E, assim, nao ha improviso.
o verdadeiro improviso nao se da quando 0
orador e apanhado de surpresa para discorrer sobre
urn tema que nao tenha estuda do ainda. Entao ele tern
que trabalhar com a memoria, com a inteligencia e
com imaginacao para criar 0 conteudo e the dar a
forma, na hora. Isso e improviso.
A rigor, nao ha improviso na Homiletica.
Tecnica, quando se explica urn principio
cientifico, urn processo tecnico industrial, urn
costume, uma situacao geografica, climatica e~c. ex.:
A lei da gravitacao; como era feito 0 pao azimo, 0
oleo da uncao, 0 vinho etc.; como eram as casas
orientais; como eram os casamentos; como era a
156Homltetlca - A Eloquencia da Preqacao 157
regiao do Sinai; onde ficava Dr dos Caldeus; como
era 0 c1ima na Palestina em determinadas epocas; etc.
2. Vantagens da ilustracao
Historica, quando se narra urn fato passado
A ilustracao nao s6 esclarece e justifica urn
argumento, mas pode ser urn argumento. Por isso, as
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registrado pela imprensa (livros, revistas, jomais),
transmitido pelo radio ou televisao ou ouvido de
testemunhas.
suas vantagens podem ser assim enumeradas:
a. Quebra a monotonia.
Estorica, quando se conta uma lenda, uma
fabula, uma parabola ou anedota imaginaria.
b. Revigora a atencao.
c. Diminui a tensao do ouvinte. Descontrai.
Pessoal, quando se conta fatos testemunhados
pelo pregador ou dos quais ele tenha sido
protagonista. Nestes casos, algumas regras devem ser
observadas:
a) Dizer sempre a verdade. Analisar bern
como os fatos se deram e ser fiel na na rracao.
b) Certificar-se bern dos fates, quando
envolverem outras pessoas. Elas poderao ter outra
versao.
c) Fugir da auto-exaltacao. Evite destacar sua
atencao pessoal, insinuando -se como esperto ou como
exemplo para os outros.
d) Evitar a delacao, Nao use como ilustracaofatos confidenciais, que podem constranger ou
comprometer as pessoas. Mesmo nao identificando as
pessoas pelos nomes, se 0 caso for evidente, a
identificacao sera not6ria.
d. Desperta 0 interesse. Toda ilustracao tern 0
sabor de novidade.
e. Marca 0 sermao. As verdades se tomamvividas quando ilustradas. Urn sermao ilustrado
dificilmente sera esquecido.
f. Enriquece 0 ouvinte. Em cada ilustracao ha
uma verdade, uma licao, urn ensino.
g.Valoriza 0 pregador. E tao agradavel ao
ouvinte, que valoriza mais 0 pregador. A ilustracao
sugere que 0 pregador e inteligente, estudioso,
pesquisador, culto. Nem sempre isso e verdade, mas e
assim que 0 povo pensa.
h. Valoriza 0 sermao. Toma-o mais digestivo,
da conteudo e 0 embeleza.
i. Convence e emociona. A ilustracao nao s6
embeleza 0 sermao, mas tern a finalidade de fortalecer
158
H or nlle tlc a - A E lo q O en ci a d a P re ga 9ao 159
o argumento. Por isso quando adequada, ela
convence, emociona e facilita a decisao. Isto porque 0
ouvinte se identifica com as personagens da ilustracao
e descobre a solucao de seu problema.
CAPITULO XVIII
A PERSONALIDADE
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3. Cuidados a Observar. DOPREGADOR
a. Adequacao. Cada ilustracao tern que ter
uma relacao direta com 0 fato que se quer ilustrar.
Essa relacao nao s6 deve existir no conteudo geral,
mas especificamente no ponto de intercessao entra a
ilustracao e 0 fato a ilustrar. A esse ponto de
intercessao, de conexao, vamos dar 0 nome de
"gancho", pois a ilustracao, como urn pingente do
assunto, se nao tiver urn gancho, nao se firma.
Ha sete fatores da personalidade do pregador
que precisam ser analisados, pois eles sao
fundamentais para 0 seu sucesso na pregacao , Vamos
denomina-los de perfis da personalidade.
1.Perfei~aoEspiritual
b. Objetividade. Evite detalhes que nao estao
diretamente ligados ao assunto, pois podem retratar
outras verdades que ofuscarao os ouvintes do gancho.
J a vimos esse perfil quando tratamos daeloquencia, mas nunca e demais ressaltar que 0
pregador tern que ser urn homem de fe. Ele vai pregar
e ensinar a fe. F e na existencia de Deus, no interessede Deus pelos homens e na relacao do homem com
Deus. F e na oracao, na Biblia como registro inspiradoda revelacao de Deus, no poder salvador de Deus em
Cristo e na presenca real de Deus na vida do crente
pelo Espirito Santo. F e na ressurreicao , na volta de
Cristo, no juizo final, na vida etema.
A vida espiritual e uma vida permeada pela fe .E, como pode urn pregador falar da vida espiritual se
ele nao tern fe?
c. Honestidade. Evite citar conceitos vagos,
"por alto", sem corresponder ao exato pensamento do
autor. Evite "passar" como verdade, fatos duvidosos,
cujas fontes sao indeterminadas.
d. Seriedade. Evite ilustrar verdades serias
com anedotas.
160 Homlletica - A Eioquencia da Pregagao 161
2. Perfil Moral
temperamento (agressivo, submisso, introvertido,
extrovertido etc.) e as motivacoes (conscientes ou
inconscientes ).
Rei pregadores que transmitem mais a sua
personalidade quando pregam, do que ideias, Por isso,
A fe crista nao e apenas uma crenca, uma
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para os assistentes esc1arecidos, 0 pulpito se
transforma, as vezes, mais num diva de psicaneilise
(onde 0 pregador oferece abundantes dados de sua
personalidade doentia), do que numa fonte de
orientacao sadia (onde 0 pregador oferece a luz , a
espiritualidade e a inspiracao de Deus).
Reipregadores que falam mais de si do que das
verdades de Deus que os ouvintes foram buscar.
aceitacao mental; mas tambem e isso, quando
acompanhada de uma mudanca de vida. 0 pregador
deve ser urn exemplo de nova vida. Nao pregue aos
outros 0 que voce nao consegue viver. Lembre -se de
que a sua vida fala mais alto do que as suas palavras.
Pregue a s~ antes de pregar aos outros.
3. Perfil Intelectual
A pessoa que abraca a carreira de pregador
deve estar bern consciente de que escolheu uma
funcao intelectual. Ela ira trabalhar mais com 0
cerebro do que com as maos e os bracos. Por isso,
exige-se que 0 pregador seja inteligente, amante dos
livros, criativo e culto. Tern que ser uma pessoa
atualizada, isto e, em dia com 0 seu tempo.
5. Perfil Fisico
4. Perfil Psicologico
o pulpi to nao e uma passarela por onde
desfilam so os mais bonitos e elegantes, mas temos
que convir que a expressao fisica do pregador 0 ajuda
muito na entrega do sermao. 0 pregador deve ter urn
porte atraente, isto e, altura e peso medios. Deve ser
fisicamente completo, sem nenhum defeito fisico
notavel,
Nao que pessoas altas, baixas, gordas, magras
ou portadoras de defeitos fisicos nao possam ser
pregadoras. Podem e, as vezes, ate sao bern sucedidas.
o que pode acontecer que tais pessoas nao podem
sofrer restricoes em sua aceitacao pelo publico. As
pessoas poderao sofrer bloqueios psicologicos.
Infelizmente ha uma especie de preconceito. Nos
paises onde e forte 0 preconceito racial, ha
indisposicao ate para se ouvir pessoas de outra raca.
o pregador tern que ser uma pessoa equilibradamental e emocionalmente. Ele vai revelar por suas
palavras esse equilibrio. A Psicologia da Linguagern
ensina-nos que as palavras nao sao portadoras apenas
de ideias, mas de emocoes, de ternperamento e
revelam motivacoes ate inconscientes. As ideias
acompanhadas das emocoes (alegria, tristeza, ira,
arnor, coragern, medo, otnmsmo, frustracao,
realizacao, derrota, vitoria etc.), revelam 0
162 Homitetlca - A Eloquencia d a P r eg a <; :a o 163
Nao queremos desestimular as pessoas que
foram chamadas para a pregacao e que sejam vitimas
de preconceitos humanos, mas queremos preveni -las
de que lhes serao exigidos mais esforcos, mais
perseveranca, mais amor e mais conviccao de
(ficando a frente, em evidencia e selldo observado lJor
todo 0 mundo) e inseguranca inte1ectual, decorrente
de sua insipiencia cultural.
Ha tres coisas que ele deve fazer:
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chamada.
Orar. Mas orar em tres dimensoes, a saber:6. Perfil Sonoro
A voz, como veiculo da pregacao , e
essencial para 0 sucesso do pregador. Dois elementos
sao fundamentais:.
Timbre, que e a qualidade distintiva do som,
que se apresenta sempre na mesma altura e
intensidade. 0 timbre ideal para a pregacao e 0medio,
isto e , nao agudo, nem grave, nem rouco e nem nasal(fanhoso).
Diccao, que e a emissao correta dos sons da
voz. A diccao exige, alem da pronuncia correta das
palavras, firmeza e clareza.
Na dimensao bioleglca. 0 nosso corpo deve
estar voltado para a oracao e envolvido nela. A ora~ao
que funciona e aquela que tern 0 nosso corpo a suadisposicao. Inspirar profundamente, reter 0 ar por
alguns instantes, soltar (aos poucos) pela gargallta,
como se fosse bocejar. Relaxar 0 corpo, soltando os
rmisculos e os nervos (faces, bracos, torax, abdomen,
pemas etc.). Sinta-se relaxado.
7. Perfil Social
Na dimensao psicologica. Imaginar que urn
foco de luz branco-azulado desce sobre a sua cabe<;a e
ilumina todo 0 seu cerebro. Irnaginar que esse foco de
luz se espalha pelo auditorio e pollsa sobre a cabeya
de cada ouvinte. Veja, pela imaginayao, urn POnto
luminoso (fosforescente) na cabeca de cada pessoa do
auditorio.inguem gosta de fazer "rna figura" perante a
sociedade, por isso se justifica 0 medo que muitas
pessoas tern de se exporem ao vexame publico. Esse
medo e eufemisticamente chamado de timidez ou
inibicao e e tipico da maioria dos pregadores
incipientes.
Sua causa fundamental e a mseguranca.
Inseguranca emocional decorrente de sua falta de
experiencia em se relacionar com urn auditorio
Na dimensao teologica, erer que Deus esta
presente e que essa luz the da a sensacao de qUe 0
Espirito Santo, que esta no meio das pessoas, quer
estar dentro de cada uma delas. erer que, ilumim\do,
es 0 mais poderoso instrumento de Deus para falar a
essa gente nessa hora. Crer que 0 Espirito Santo, que
esta dentro de voce, vai iluminar sua mente e faze -1 0
164Homiletica - A E l oq O e n ci a d a Preqacao 16 5
lembrar de todos os pontos principais de seu sermao e
que os ouvintes serao ajudados nao so a entenderem a
mensagem, mas a captarem as verdades profundas das
entrelinhas, que suspeitam estar enunciado. Diga a
seu desafio e 0 enfrentamos, mesmo com muitos
sacrificios e riscos.No casu da timidez de falar em publico, fugir
da oportunidade de pregar e eliminar 0melhor recu rso
para se libertar dela. E jogar fora 0 remedio que lhe
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ele: Senhor, agradeco pelas maravilhas que vais
operar neste lugar. Abencoa-me e, por meu
intermedio, abencoa este povo. Eu te peco, em nomede Jesus. Arnem.
vai curar. Nunca deixe passar a oportunidade de
pregar, pois e pregando que venceras a timidez.
Isso e evidente, pois se a pessoa tern a
necessidade de pregar, ela vai ter de se preparar
(adquirir dominio da materia e enfrentar 0 publico
(adquirindo dominio das emocoes).
Aceitar com resolucao e alegria todas as
oportunidades de pregar. Pregue, prcgllc, prcguc ... E
lembre-se de que e fazendo que se erra c e errando
que se aprende.
a. Assumir a grandeza de sua posicao. A
Analise Transacional nos da uma ideia interessante
sobre 0 complcxo de inferioridade. Ela diz que essa
questao de "Complexo" e muito relativa. As vezes
voce esta numa posicao superior (ok) c as vezes voce
nao esta numa posicao inferior (Nao ok). Assim, a
pessoa que vai ouvir urn pregador sendo culto ou nao,fica, naquele momento, inferior (Nao ok); e 0
pregador, naquele momento, fica superior (ok), pois
ele esta em vantagem sobre todos os seus ouvintes.
Ele teve 0 privilegio de cscolher 0 tema, teve tempo
para estudar, pesquisar e tracar a estrategia da
exposicao, Todos os outros aguardam por cle,
dcpendem dele e se subordinam a ele.
Isso deve dar confianca ao pregador para queele tenha 0 dorninio do conteudo e da forma de sua
pregacao.
b. Aproveitar todas as oportunidades. E
natural que 0 medo leve a pessoa a fuga. Fugir do
problema, entretanto, nao e a solucao. E apenas
ignora-lo ou fingir que ele nao existe. A solucao de
todos os problemas so aparece quando aceitamos 0
H om ile tic a - A E lo q O €m c ia d a P re ga ga o 167
TERCEIRA PARTE
MODELOSE
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iNDICE DE ASSUNTOS
MODELO 1 - Sermao para radio ou telefone
(urn minuto e meio).
Esta escrito na l3iblia que, certa vez, as
autoridades judaicas intcrrogararn Joao Batista sobre
quem ele era, pois csiavam preocupados com a
multidao de pessoas que acorrium "aos batismos que
ele realizava, dizendo que clc era urn grande profeta" .
E, quando the pcrguntaram: "Quem es tu?"
Joao Batista respondeu: "ELI sou a voz do que clama
no deserto. Eu batizo as pessoas na agua, mas no meio
de vos esta urn a quem vos nao conheceis".
Evangelho de Joao , capitulo I, Verso26.
Vamos destacar csta ultima frase: "No meio de
vos esta urn a quem vos nao conheceis". E, por que
muitas pessoas nao conheciam a Jesus em seu tempo?
Nao e 0 mesmo que esta acontecendo hoje?
Nao estara acontecendo isso, agora, com voce?Cristo esta no meio de nos; Ele e acessivel a
todos, mas nem todos 0 conhecem. Por que ha tantos
aflitos? Tantos desorientados. Tantos desco nsolados?
Vamos the oferecer trcs razoes para isso:
A primeira e que muitas pessoas nao conhecem
a Cristo porque nao buscam urna relacao pessoal com
Ele. No tempo de Joao Batista tambem foi assim. As
pessoas seguiam uma religiao tradicional, dos pais e
168
Hornl letica - A Eloquencia da Preqacao 169
nao queriam urn relacionamento pessoal com Deus,
porque tal relacionamento exige arrependimento e fe
(conversao: mudanca na vida).
A terceira razao e que muitas pessoas nao
conhecem a Cristo porque nao 0 querem experimentar
Tese: Por que muitas pessoas nao conheciam a
Jesus em seu tempo? E por que nao 0 conhecem
h . ?28 H' A - 29oje. a tres razoes:
1 - Porque tinham uma ideia sobre ele.
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como Salvador. Ha muitos que nao sabem que sao
pecadores e que estao condenados a morte etema por
causa disso. Nao sabem que Jesus e 0 unico Salvador
e que so crendo nc1epodem ter a salvacao etema. Crer
em Jesus ~ao c so accitar que Ele existiu e que morreu
na cruz. E entregar sua vida a ele. E experimentar
uma nova vida com EIc.
Conclusao. Embora Jesus seja acessivel (esta
no meio de vos, como disse Joao Batista), voce jamais
podera ser salvo se nao aceita-lo como Salvador ,
buscando uma experiencia pessoal com Ele.Reconheca que voce e pecador e entregue -se a
Jesus "Ele esta no meio de vos".
MODELO 2- Esquema do sermao anterior.
Esperavam urn Messias politico terreno.
Jesus se disse Rei, mas nao deste mundo .
2 - Porque nao buscavam uma relacaopessoal com ele.
Seguiam uma religiao tradicional.
o conhecimento de Deus cxige relacionamento
pessoal.
3 - Porque nao queriam experimenta-lo
como Salvador.
Ignorancia de sua situacao espiritual: pecadores
condenados.A experiencia pessoal exige conversao .
A experiencia pessoal exige nova vida.
Conclusao: Embora Jesus seja acessivel, 0
homem so podera ser salvo se 0 aceitar como unico
Salvador. Reconheca 0 seu pecado e entregue-se a
Ele.SERMAO N° 5427
Jo 1.26
As autoridades judaicas mandam interrogarJoao Batista: "Quem es tu?"
A resposta: "No meio de vos esta urn a quem
vos nao conheceis".
Apelo'"
(Veja nota de rodape)
28Notar a tese paralela, para haver conexao entre as
respostas daquele tempo e sua aplicacao na vida atual.
29 Essa e uma forma de sintetizarmos a resposta, isto e , aargumentacao. Com eIa, 0 pregador antecipa a argumentacao, isto e ,ele previne 0 ouvinte de que ele esta consciente de sua tese e que
possui urn arsenal determinado de argumentos.
30 0 apelo podera ser urn pedido para que a pessoa escreva
uma carta solicite urn folheto ou copia da mensagem .
27 Notar que esse e urn titulo tecnico, apenas para 0 controle do
pregador, - nos sermoes para radio ou telefone, nao ha titulo
literario, pois isto e dispensavel
170
Hornlletica - A Eloquencia d a P r eg a c; a o 171
MODELO 3 - Sermao para radio (5 minutos) viveu cento e trinta anos e gerou urn filho it sua
imagem e pos-lhe 0 nome de Sete".
E certo que Adao foi criado por Deus, mas ecerto tambem que ele foi criado para ter uma relacao
muito intima com Deus como a que so existe entre pai
Hoje vamos falar sobre a Paternidade de Deus.
o texto que escolhemos encontra -se no livro deAtos dos Apostolos, capitulo 17, verso 29, que diz:
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e filho. E, de fat0, na genealogia de Jesus, Adao nao
aparece apenas como uma criatura de Deus, mas ele e
expressamente dec1arado Filho de Deus. Evangelhode Lucas, capitulo 3, verso 38.
Paulo tambem, concordando com os filosofos
gregos, disse: "nos somos geracao de Deus" (Atos
17.29) e, aos Efesios, escreveu que toda a familia dos
ceus e da terra tern Deus como Pai porque recebem 0
seu nome (Capitulo 3, de 14 a 15).
Essa e uma verdade maravilhosa, edificante e
consoladora. Somos todos filhos de Deus. Deus enosso pai. Ele e pai de todos os homens.Mas a Biblia revel a uma outra verdade, que
nao e muito consoladora. E a verdade de que 0 peeado
cortou as relacoes familiares do homem com Deus.
A Biblia afinna que 0 homem, por causa do
pecado, foi desfiliado de Deus, foi deserdado,
perdendo todos os direitos na familia de Deus. "As
vossas iniqiiidades fazem separacao entre vos e 0
vosso Deus!" Disse 0 profeta Isaias (Capitulo 59,verso 2). Na famosa parabola do "Filho Prodigo",
Jesus mostrou que 0 pecador, embora filho, estava
longe da casa paterna e destituido de todos os direitos.
Perdido (moralmente) e morto (espiritualmente) para
os que 0 amavam, aquele filho preferia viver como se
nao tivesse pai. Assim sao todos os homens.
Afastados da casa do Pai por causa de seus pecados,
"Sendo nos geracao de Deus, nao devemos pe nsar que
a divindade seja semelhante ao ouro, ou it prata ou it
pedra esculpida pela arte e imaginacao do homem" .o apostolo Paulo disse isso perante uma
assembleia de sabios gregos, em Atenas. Suas
palavras denunciam uma contradicao entre a teologia
grega e a sua pratica. Os filosofos gregos ensinavam
que os homens eram filhos de Deus, mas na pratica,
adoravam estatuas de ouro, de prata e de p edra.
A teologia concordava, em teoria, com a
teologia crista, pois a Biblia estabelece uma relacaofamiliar de Deus com os homens. A Biblia diz que
Deus nao e somente 0 Criador do universo e do
homem, mas que ele e tambem Pai.
E, se Deus e Pai, vejamos como sao as relacoesfamiliares que existem entre Deus e os homens. 0
primeiro fato que a Biblia revela, e que 0 homem foi
criado por Deus para ser seu filho.Isso e claramente demonstrado na afirmacao
biblica de que 0 homem foi feito "it imagem e
semelhanca de Deus". "Criou Deus 0 homem it sua
imagem; it imagem de Deus 0 criou: homem e mulher
os criou". Livro de Genesis, capitulo 1, verso 27.
Investigando 0 sentido da frase "irnagcm e
semelhanca", descobrimos, na Biblia, que ela tern urn
sentido genetico, fisico e psiquico que urn filho tern
com 0 seu pai. Em Genesis 5.3 esta escrito: "Adao
172 Horn ilst lca - A Eloquencia da P reqacao 173
nao possuem mais nenhum direito na familia de Deus.
o pior e que a Biblia os chama de "filhos do Diabo".
o Apostolo Joao escreveu em sua primeira carta:
"Quem comete pecado e filho do Diabo". (capitulo 3,verso 8).
filhos. Paulo diz que "somos herdeiros de Deus e
co-herdeiros de Cristo."(Carta aos Romanos, capitulo
8, verso 17).
Conclusao. Embora ao nascerem todos os
homens possam ser considerados como filhos de
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E foi por isso que Jesus veio a este mundo.
Jesus veio reatar os Iacos familiares do homem com
Deus.
Ele veio filiar, novamente, 0 homem com
Deus. E, para isso, ele morreu e ressuscitou.
No Evangelho de Joao , capitulo 3, verso 3,
Jesus afirmou: "Sc alguern nao nascer de novo, nao
pode vcr 0 reino de Deus". No verso 12, Joao disse:
"Ele veio para os seus e os seus nao 0 receberam, mas
a todos os que 0 receberam deu-lhes 0 direito de se
tomarem filhos de Deus".Na parabola do "Filho Prodigo", Jesus mostrou
que 0 novo nascimento comeca quando a pessoa "cai
em si", isto e, quando toma consciencia de seus
pecados e se levanta para voltar a casa pate rna.Na familia hebraic a, os filhos tinham direitos
economicos e politicos. 0 economico, participar nos
bens da familia, e 0 politico, de govemar a casa, a
tribo e a nacao. Esses direitos, entretanto, so poderian;
ser usados pelos filhos maiores (emancipados). E
maravilhoso ouvirmos 0 que a Biblia diz: "Na
plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho ... para
nos dar a emancipacao de filhos". (Carta aos Galatas,
capitulo 4, de 4 a 5).
Uma vez nascido na familia de Deus, por ter
morrido para a familia de Satanas , 0 homem passa a
desfrutar dos bens do Senhor, na heranca de seus
Deus, 0 pecado estabelece uma divisao entre eles. De
urn lado ficam os rebeldes, desobedientes, que
desonram 0 nome do Pai, que envergonham a familia
e que, expulsos e deserdados (sem nenhum direito na
familia), sao considerados como mortos para Deus.
Do outro lado, ficam os filhos obedientes, amorosos e
fieis, que honram 0 Pai, que trazem alegria a familia eque desfrutam de todos os direitos .
Qual e a sua situacao? Que tipo de filho evoce? Lembre-se de que se voce ainda nao aceitou
Jesus como seu Salvador, voce nao faz parte dafamilia de Deus. Voce esta separado de seu Pai, voce
esta perdido, deserdado e morto.
Volte agora mesmo para 0 seu Pai Celestial,
como fez 0 filho prodigo. Somente pela fe em Jesus,
voce podera se tomar urn verdadeiro filho de Deus.
Venha receber 0 beijo de perdao e fazer parte da
universal familia de Deus.
A Biblia diz que "ha alegria no Ceu quando urn
pecador se arrepende"; quando urn filho volta para a
casa do Pai.
Ore a Deus comigo agora: "Querido Pai,
reconheco que tenho estado longe de ti. Eu me
arrependo dos meus pecados. Aceita-me, agora, como
urn de teus filhos, pois eu aceito Jesus como meu
Salvador. E em nome de Jesus que estou te pedindo.
Amem",
174 H orn il et ic a - A E lo qO E m cia d a P re ga c; :a o 175
Se voce fez essa oracao, escreva-nos para que
lhe enviemos 0 livro de instrucoes sobre "Como
Crescer na Vida Crista".
a. Adao e filho de Deus. Lc 3.38.b. A humanidade e "geracao de Deus". At
17.29; Ef4.14-15
MODELO 4 - Esquema do sermao anterior 2. 0 PECADO CORTOU AS RELA(:OES
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FAMILIARES DO HOMEM COM DEUS
a. 0 pecado faz separacao. Is 59.2
b. Parabola do Filho Prodigo: Perdeu osdireitos de filho na sua familia. Lc 15.l3 -14.
c. 0 pecado faz 0 homem filho do diabo.
1103.8. Por isso Jesus veio ao mundo.
3. CRISTO VEIO REATAR AS RELA<;OES
FAMILIARES DO HOMEM COM DEUS
a. 0 pecador precisa morrer para 0 seu passado
de pecados e renascer. Jo 3.3.
b. 0 dire ito familiar se da com a aceitacao deCristo. Jo 1.1-.2.
c. Parabola do Filho Prodigo: "Caiu em si". Lc
15.17.
d. Os direitos dos filhos na familia hebraica:
economicos e politicos. S6 os maiores (emancipados)
usufruiam desses direitos. 014.4-5.
e. Como filhos, somos herdeiros de Deus. Rm
8.17. Conclusao: A diferenca de relacionamento do
filho rebelde e do filho fiel.
Qual e a sua situacao?Apelo,
A PATERNIDADE DE DEUS31
At 17.16-31 (28,29)32 - Hinos: 46, 165 e 231do Cantor Cristae 33
1. Analise contextual. Paulo mostra a
contradicao entre a teoria e a pratica teologica dos
gregos. Paulo mostra a identidade da teologia grega
com a crista no tocante it patemidade universal de
Deus.
2. A Biblia afirma a paternidade de Deus.
Tese: Como sao as relacoes familiares que
existem entre Deus e os homens?
1. 0 HOMEM FOI CRIADO POR DEUS
PARA SER FILHO
A expressao "imagem e semelhanca" On 1.27
tern sentido genetico. On 5.3.
31 No esquema 0 titulo e destacado. No sermao ele e
envolvido na introducao,
32 No esquema 0 texto e indicado por completo e 0 verso
basico entre parenteses. Isso ajudara 0 pregador quando tiver que
prega-lo do pulpito, Veja-se como 0 texto util esta entre parentes is
Isso facilita 0 destaque para a indicacao do tema ou para a analise
introdut6ria.
33 0 espaco, em branco, ap6s 0 texto, serve para anotacao dos
hinos adequados a mensagem.
H o rn ile tic a - A E lo q O en cia d a P re ga g ao 177
QUARTA PARTE
-ESBOC;OS PARA SERMOES
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Terna: NASCE JESUSTexto: Lc 2.1-20
I - Introducao: E natal. Nasce Jesus. Deus se encarna
para habitar entre nos. Que a crianca do ceu possa
nascer em nos, irmanando-nos como filhos de Deus.
II - UM INFANTE REAL - SEM PALAcIO E SEM
BER(:O a) Nao houve lugar em Belem para nascer (v.
7) b) Nasceu entre 0 boi e 0 burrinho (v.7) c) Tera
lugar em rneu coracao? (J0 1. 11)
III - A GLORIA E 0 RESPLENDOR DO CEU NA
TERRA
a) Nos olhos da crianca e das estrelas, reflete -se a
gloria do Senhor. Brilhe a luz do ceu (v.9; Is 9.2)
b) Nao vern trazer ternor (v. 10)
c) Vern trazer novas de grande alegria para todos (v.10)
IV - OS ANJOS CANTAM EM SEU LOUVOR
a) Pessoa na terra urn canto do ceu: Nasceu Jesus
raiou a Luz! Chegou a Vida e a Paz.
b) Ele e a Gloria do Pai conosco (v. 14; Jo l. 14)
c) Ele e a Paz na Terra (v. 14; Is 9:6,7)
178 H o rn ile tic a - A E lo q ue nc ia d a P re q ac ao 179
v - Conclusao:De noite, nasce Jesus em Belem, e ilumina a
escuridao, Ele traz a vida do ceu, 0 amor, a paz. Mas
nao teve urn lugar onde nascer na cidade e nasceu na
IV - CRER NO CRISTO QUE FAZ FELIZ
a) Os que creem para ver (v. 24-29)
b) Os que creem no Cristo dos Sinais (v. 30)
c) Os que creem no Cristo Vivo, Filho de Deus (v. 3.1)
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manjedoura, entre 0 boi e 0 burrinho. Neste Natal, que
Ele nasca em seus coracoes para faze-los felizes, com
a vida, 0 amor, a alegria e a paz do ceu.
Tema: CRERPARA VER
Texto: Joao 20.19-31
V - Conclusao:
Quem quiser ver a gloria de Deus, e so crer. Foi pelo
crer que 0 proprio Jesus operou sinais e maravilhas,
como reviver depois de morto e manifestar -se entre os
crentes.
I - Introducao: Jesus disse a Marta, em Betania: "Se
creres, veras a gloria de Deus!" (1 0 1l.40). Ele nao
ensinou a ver para crer, como fez Tome, mas ensinou
a crer para ver. Aqueles que vivem com fe verao,sentirao, experimentarao e desfrutarao as benesses do
Deus vivo e verdadeiro.
Tema: 0 TRAJE NOVO DOS ELEITOS DE DEUS
Texto: C13: 12-17
I - Introducao: 0 Apostolo Paulo, na riqueza de sua
sabedoria vivenciada pelo Cristo que nele vive, da as
roupagens dos eleitos de Deus santos e amados,
II-CRER NO CRISTO QUE SE MANIFESTA
a) 0Cristo que tira 0 medo (v. 19)
b) 0Cristo que abre as portas (v. 19)
c) 0Cristo que se faz presente (v. 19)
d) 0 Cristo que da tranquilidade e paz (v. 19 -2 1)
II-ROUPAGENS DAS QUALIDADES (v. 12)
a) Compassividade - Qualidade de compassivo,
compaixao, sentimento amoroso que leva a sentir 0
outro em suas carencias (1 Pe 3.8).
b) Benignidade - Qualidade do benigno, bondoso,
benevolo - nao maligno (SlI03. 17-18).
c) Humildade - Qualidade do humilde, simples,
singelo (Mq 6 .8; Mt 5.3).
d) Mansidao - Qualidade do manso, brando, pacifico
(Mt 5.5 ; IPe 3:4)
III - CRER NO CRISTO QUE CHAMA A
CONGREGAR COM ELE
a) 0Cristo que envia ao mundo (v. 21)
b) 0 Cristo que da 0 Espirito Santo (v. 22)
c) 0 Cristo que manda levar 0 perdao (v. 23)
180 H or nile tic a - A E lo qO e nc ia d a P re ga <; :a o 181
III - ROUPAGENS DAS ATITUDES (v. 13-17)
a) Suportando-vos (G16. 1-5)
b) Perdoando-vos (Mt 6.14,15; 18.21-35)
c) Amando-vos no amor de Cristo (Jo 15.12)
d) Vivendo a paz de Cristo (1 0 14.27; 16:33)
IV - 0REINO DE DEUS NOS CORA<;OES (v. 23)
a) Deus conosco (Is 7.10-14 ; Mt 1.23)
b) Deus em nos (S182.6; lCo 3.16)
c) Deus no mundo (S133.12 -22)
V - UM REINO DE VIDA SAUDAvEL (v. 23 -25)
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e) Sendo agradecidos (Ef 5.20,21)
IV - Conclusao:Revestidos das qualidades e atitudes dos eleitos de
Deus, os cristaos serao retratos do proprio Cristo,
onde vivem e por onde vao, ate que Cristo volte.
a) De urn povo unido no Senhor 1Co 1. 10- 17)
b) De uma comunidade instruida S127.4)c) De uma comunidade curada e liberta (Jr 30.17)
Tema: 0EVANGELHO DO REINO DE DEUS
Texto: Mateus 4:12-25
VI - Conclusao:
o Evangelho do Reino de Deus fala de Deus reinando
em nos, de dentro para fora, transformando -nos em
reais filhos de Deus. Fala de Deus rcinando na
comunidade e no mundo.
I - Introducao:A obra que Jesus veio fazer no mundo foi restabelecer
o reino de Deus nos coracoes, interrompido pelo
pecado original. Este e 0 enfoque da expressao
Evangelho do Reino.
Tema: JESUS CRISTO - 0 CAMINHO PARA 0
PAl
Texto: Joao 14.1 -14
II - UM REINO DE LUZ (v. 12-17)
a) Deus e luz (110 1.5-7; 2:7-11)
b) Jesus Cristo e 1uz (Jo 1.4,9, 19)
c) Os filho do Reino sao luz (Mt 5.14-16)
I - Introducao:
Cristo desceu do ceu 11terra e vo1tou da terra ao ceu,
para dar aos homens 0 caminho a Deus, ao Pai
celeste.
III - UM REINO NO PODER DA VERDADE (v. 23)
a) Verdade que ilumina (SlI8.28 ; 34:5)
a) Verdade que vivifica (1 0 6.68)
c) Verda de que liberta (Jo 8.32 ; 14:6)
II - CAMINHO DE PAZ
a) Uma paz que nao se turba (v. 1)
b) Uma paz assentada em Deus e no seu filho (v. 1)
c) Uma paz assentada nas moradas do Pai (v. 2)
d) Uma paz pela presenca do principe da paz (v.3 ; Is
9.6.7)
182 Homiletica - A Eloquencia da Preqacao 183
III - CAMINHO DO FILHO DE DEUS
a) Caminho de Verdade (v. 6)
b) Caminhode Vida (v. 6) c) Caminho para 0 Pai (v.
6-9)
IV - CAMINHO E FE
REFERENCIAS,
BIBLIOGRAFICAS
BLACKWOOD, W. Andrew. La Preparacion de
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a) Fe em Jesus Cristo como filho de Deus, Salvador e
Senhor (v. 13,14; Ef 4.13)b) Fe nas obras de Cristo (v. 12)
c) Fe e Vida de oracao confiante, buscando a estatura
de Cristo (v.13,14;Ef4.13)
Sermones Biblicas, 4 ed. Buenos Aires, Argentina:
Casa Bautista de Publicaciones, 1941. 270 p.
BROADUS, John A. Arte de Pregar, 2 cd. Rio de Janeiro:
Casa Publicadora Batista, 1957. 2ROp.
V - Conclusao:
Os homens tracarn muitos caminhos de salvacao e
vida. Joao aponta urn caminho: Jesus Cristo. E por
Ele que chegamos ao Pai. Ele nos abriu 0 caminho aoceus. Ele e 0 mediador da salvacao e nova vida (1Tm
2.5). Ele e 0 mediador da nova Alianca (Hb 12.24).
Estejamos com Ele e Ele estara conosco. E isso nos
basta.
BROWN, Colin. Dicionario Internacional de Teologia do
Novo Testamento. Sao Paulo: Vida Nova, 1985-
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