Homilética - Severino dos Ramos de Sousa

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S E V E R IN O D O S R A M O S D E S O U S A

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Todos os direitos reservados. Copyright © 1999.

Revisao : H.D.Silva

Diagramacao: A.P.s.

lustracao &Capa: A.P.S.

Impressao e acabamento: Ed.Betiinia.

DEDICATORIA

Ao Mestre dos Mestres (Mt. 11.29).

Oados Internacionais de Cataloga<;ao na Publica<;ao (CIP)

A minha familia»

Esposa: Joaquina A. Damasceno Sousa

Filhos: Tiago, Davi e Felipe.

I . Homilerica 2. Oratoria 3. Esbocos de Mensagens

Aos meus incentivadores, conselheiros e doutrinadores:

ProAlvaro Alen Sanches: Presidente da Igreja Assembleia de Deus,

Uberlandia - MG.

Pr. Euripedes Angelo de Menezes: 1 0 Vice-residente da Igreja

Assembleia de Deus, Uberlandia - MG

Pr. Vanderly Gomes Pereira: 20Vice-Presidente da Igreja Assembleia

de Deus, Uberlandia - MG.

Pr. Acacio Soares Martins - DF.

ProNapoleao Falcao - GO.

ProElienai Cabral - DF.ProJales Antonio de Oliveira - Uberlandia - MG.

ProJair Fernandes de Oliveira - Uberlandia - MG.

ProAntonio de Carvalho - Uberlandia - MG.

ProManoel Pedro da Silva - DF.

Rev. Valmir Pereira dos Santos - Uberlandia - MG.

Rev. Argemiro Pacifico da Silva - Uberlandia - MG.

E suas respectivas esposas.

SOUSA, Severino dos Ramos de, 1959-

HOMILETICA, A Eloquencia da Pregacao f Severino dos

Ramos de Souza. - Curi tiba: A.D.SANTOS EDITORA, 1999.

ISBN - 85-7459-002-9

CDD- 250

P Edicao - 3.000 Exemplares - Fev/99.

Edicao e Distribuicao:Meus Agradecimentos:

~i .~

II.AI. Dr. Carlos de Carvalho, 111 Lj. 14 - Centro - Curit iba - PR - 80410-180

CGC 76413.178/0001-26 - SEDE PR6PRIA - FonelFax (041) 223.0801 1223.6743

E-Mail: [email protected]

A Fundacao Cultural e Assistencial Filadelfia - Uberlandia, MG.

Diacono Jose Rivalino de Oliveira.

Ao Conjunto Apocalipse - Uberlandia, MG.

Ao Conjunto Orvalho de Hermon - Uberlandia, MG.

Aos demais Pastores, Evangelistas, Presbiteros Diaconos, companhei-

ros de ministerio, irmaos e amigos em gera1, a minha gratidao.

11 iii

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PREFAcIO

do pregador no coracao do pregador; A oracao coloca

o coracao do pregador no sermao do pregador".

Alem disso, a pessoa que deseja pregar a

mensagem do Livro deve, tambern, ser uma pessoa do

Livro. Tern que estudar as Escrituras nao apenas a tim

de tirar uma mensagem para sua congregacao, mas ha

de viver no Livro. A palavra de Deus deve tomar -sesua comida e bebida. Enquanto viver e necessario

passar muitas horas todas as semanas em estudo

diligente da Biblia, deve saturar-se da palavra de Deus

ate que ela the domine 0 coracao e a alma, ao ponto

de, com Jeremias, poder dizer: "isso me foi no coracao

como fogo ardente, encerrado nos meus ossos; Ja

desfaleco de sofrer, e nao posso mais" (Jeremias

20.9).Que 0 Senhor nos conceda, nestes dias de

necessidade sem precedentes, homens de Deus que

amem a Jesus Cristo acima de tudo e preguem a sua

palavra de tal forma que possam atrair e ganhar outros

para ele.

Este livro foi escrito com a intencao de

colaborar com os alunos e professores de seminariosfaculdades teologicas e institutos biblicos, que s~

preocupam obrigatoriamente com essa materia; com

pastores que estejam ministrando cursos intensivos a

membros de sua igreja; e com pregadores leigos.

D~vo atirmar, e faze-Io enfaticamente, que 0

fator mats importante no preparo de sermoes e a

prepar~9ao do coracao do proprio pregador.

Quantidade alguma de conhecimento, aprendizagem

ou talento natural pode substituir 0 coracao fervoroso

humilde e consagrado, que anseia cada vez mais por

Cristo. Somente a pessoa que anda com Deus eleva

uma vida santa pode inspirar outros a crescerem na

gra?a e no conhecimento de Cristo. Tal pessoa passara

muito tempo em secreto com Jesus, tendo comunhao

diaria, ininterrupta e prolongada com ele e sua

palavra.

o pregador tambem deve ser urn homem de

oracao que, sobre os joelhos, aprendeu a arte do

combate Santo. Como Daniel, ele deve ter 0 habito de

orar e enco~,tr~ 0 tempo, ou melhor, tirar 0 tempo

para orar diaria e regularmente em particular. Seus

~erm5es nao serao, pois, produto de urn mero esforco

intelectual, mas mensagens enviadas do ceu em

resposta a oracao, E.M. Bounds, poderoso homem de

oracao, disse em verdade: "A oracao coloca 0 sermao

Severino dos Ramos de Sousa

iv v

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Pagina

EXEGESE ESTRUTURAL 57

EXEGESE GRAMATICO-HISTORICA 57

EXEGESE TEOLOGICA 58UMAruo

PRIMEIRA PARTE

I. A ORIGEM DA HOMILETICA I

I . A origem da palavra I

2. A origem da conversa 3

3. A origeTJ?do discurso 3

~.-_~ ~E~~~~A :::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::: :

3. - A HOMILETICA 8

II. HOMILETICA E ELOQUENCIA 17

1.0 ASSUNTO 18

Conhecer 0 assunto 18

Ter conviccao 19

2. AS PALAVRAS 20

Propriedade 20

Disposicao 20

Fluencia 21

Elegancia 21

Emocao 21

A ESPIRITUALIDADE 23

III. HOMILETICA E COMUNICA<;Ao 27

1. A mensagem : 32

2. Veiculo 32

3. Destaque 32

4. Intensidade da voz 33

Natural. Intensidade vocal adequada 33

Tecnica-ambiental, Acustica 33

Tecnico-eletronico. Equipamentos de som 33

5. Personalidade 34

VIII. HOMILETICA, TEXTO E CONTEXTO 61

IX. HOMILETICA E TlPOS DE SERMOES 65

I. Doutrinas ou doutrinarios 65

2. Evangelizantes 66

X. HOMILETICA E CUL TURA 69

SEGUNDA PARTEPREP ARA<;Ao DO SERMAo 73

XI. OS ELEMENTOS BAslCOS DO SERMAo 73

1.0 motivo 73

2. A maneira pessoal do orador 73

3. A coisa que vai falar 74

4. A forma de falar 74

I. TiTULO 75

2. TEXTO 75

3. TEMA 75

4. INTRODUC;Ao OU EXORDIO 765. TESE 76

6. ARGUMENTAC;Ao OU ASSUNTO 76

7. CONCLUsAo 78

8. APELO 78

IV. HOMILET!CA E ESTILO 37

CLASSIFICAC;AO DOS ESTILOS 38

V. HOMILETICA E TEOLOGIA 43

VI. HOMILETICA E EVANGELIZA<;Ao 51

VII. HOMILETICA, HERMENEUTICA E EXEGESE 55

I . A Hermeneutica e a ciencia da interpret acao

textual 55

2. A Exegese e a arte de expor uma ideia 57

XII. 0 PREP ARO DO SERMAo 79

1.0 TEXTO 79

2. Coleta de textos 80

EXEMPLOS DE COMO USAR UM TEXTO 85

3.0 TEMA 90

Tipos de temas 91

Posicao do tema 92Pontes de temas 93

4. A TESE 96

COMO FORMULAR A TESE 97

A INTRODUC;Ao 102

o ASSUNTO OU A ARGUMENTAC;Ao 105

EXEMPLOS DE ANALISE DE ASSUNTOS 108

XIII. A ESQUEMATIZA<;Ao DO SERMAo 125

COMO USAR 0 TEXTO 132

COMO EXPOR 0 TiTULO 136

COMO FAZER A INTRODUC;Ao 137

COMO EXPOR A TESE 138

vivii

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COMO EXPOR 0 ASSlJNTO OU A }·.RGUMENTACAo 139

COMO EXPOR A CONCLUsAo 14 0

COMO FAZER 0 APELO 14 1

PRIME IRA PARTE

INTRODUCAOXIV. METODOS DE EXPOSI<;AO 143

XV. FORMAS DE EXPOSI<;AO 145

1.A Leitura do Sermao 14 5

2. A memorizacao parcial do esquema 148

3. A Mernorizacao Total do Esquema 14 8

CAPiTULO I

XVI. ORIGINALIDADE, PLAGIO E IMPROVISO 151

I. Originalidade 151

2. Plagio 152

3. Improviso 154

A ORIGEM DA HOMILETICA

XVII. A ILUSTRA<;AO : 155

1. Tipos de Ilustracoes 155

2. Vantagens da Ilustracao 157

3. Cuidados a observar 158

Antes de falarmos sobre a ongem da

Homiletica propriamente dita, vamos pensar urn

pouco (numa rapida incursao pela biologia, psicologia

e sociologia), sobre a origem da palavra.

XVIII. A PERSONALIDADE DO PREGADOR 159

I. Perfeicao Espiritual 159

2. Perfil Moral 160

3. Perfil Intelectual 16 0

4. Perfil Psicologico 160

5. Perfil Fisico 161

6. Perfil Sonoro 162

7. Perfil Social : 163

1. A origem da palavra

TERCECIRA PARTE

MODELOS E INDlCE DE ASSUNTOS 167

A palavra e urn veiculo de comunicacao. Ela

pode ser expressa por sinais corporais (gestos),

sonoros (fala), graficos (escrita), luminosos (luzes) e

outros.

A palavra falada (sonora) e urn fenomeno

bio-psiquico-social. Bio 16gico, porque ela s6 e

possivel a urn ser dotado de urn cerebro capaz de

comandar urn sofisticado sistema nervoso que atue

sobre todo urn sistema fonador, capaz de articular,

detalhadamente, os mais complexos sons da voz.

Psico 16gico, porque esse cerebro tern que produzir

pensamentos concretos e abstratos e atuar sobre

glandulas secretoras dos mais diversos hormonios,

que condicionam as emocoes e os estados mentais. E

socio 16gico, porque esse cerebro tern que reconhecer

QUARTA PARTE

ESBOCOS PARA SERMOES 177

REFERENCIAS BlBLlOGWICAS 183

viii

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2 H o rn ile nc a - A E lo q O em c ia d a Preqacao 3

o valor dos individuos de sua especie e possuir urn

componente racional e emocional que 0 leve ao

sacrificio de desenvolver 0 complicado sistema de

comunicacao fundamentado na palavra.

A palavra possui dois elementos basicos: 0

material (som), que recebe 0 nome especial devocabulo ' e 0 imaterial (ideia), que recebe 0 nome de

termo.Inicialmente, a palavra representava apenas

uma ideia nominativa, isto e, era 0 nome de uma

coisa, de uma acao ou de urn sentimento. A rigor, 0

nome e uma forma de definicao, pois ele identifica e

define 0 objeto, embora de modo parcial e as vezes

imperfeito. Depois a palavra passou a representar uma

ideia elaborada, isto e, urn pensamento completo. Do

fonema, ela passou a oracao e a frase. Da fonetica, foi

para sintaxe.

Sem duvida, foi 0 convivio social que obrigou

o homem a por nomes nas coisas, a organizar as suas

ideias e a desenvolver 0 complicado mecanismo da

comunicacao oral, baseado na palavra. (On 2.l9, 20).

Muito tempo depois de ter vocalizado a

palavra, 0 homem inventou a escrita. A escritacomecou com os pictogramas (desenhos de coisas ou

de figuras simbolicas), passou para os ideogramas

(sinais representativos de ideias), pelos hier6glifos

(desenhos representativos de sons vocais) e

finalmente chegou as letras (sinais represent ativos de

sons vocais).

2. A origem da conversa

o convivio social, que levou 0 homem a

inventar a palavra e a frase, produziu tambem a

conversa' ou conversacao, isto e, a troca de palavras.A conversa e urn dialogo 3 entre duas ou mais pessoas.

Os gregos davam a conversa 0 nome de

homilia (de onde nos veio a palavra homiletic a) e os

romanos a chamavam de sermonis (de onde nos veio

sermao).

Note que homilia e sermonis sao simples

sinonimos que significam apenas conversa.

3. A origem do discurso

o convivio social que produziu a palavra, a

frase e a conversa, tambem produziu 0 discurso.

Enquanto que a conversa e urn dialogo em que

o interlocutor tern uma participacao direta e real, 0

discurso e urn dialogo em que essa participacao e

direta, mas de forma imaginaria, No discurso, a

pessoa que fala, imagina que esta trocando ideias comos seus ouvintes e espectadores.

Ninguem sabe quando surgiu 0 discurso, mas

podemos imaginar como ele apareceu. Foi quando

alguem teve que alterar a intensida de de sua voz para

se comunicar com urn grupo de pes soas, pois 0

1 Com a invencao do a lfabeto, a escrita passou a ser uma

uma forma material da palavra.

2Dolatim conversatio. formada de cum, com+versare, virar.

Trocar ideia com outrem.

3Do grego dia, atraves+logos, palavra. Comunicacao atravesda palavra.

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4H or nl le tic a - A E lo q ue ln cia d a P re ga ga o 5

1- A RETORICA

Na democracia grega, os cidadaos se reuniam

nas pracas para participarem diretamente nas

discussoes e nas deliberacoes sobre os problemas

urbanos comuns. Era a democracia direta.

Logo se percebeu que os cidadaos fidantes, de

facil verbo, se expressavam mais adequadamente,dominavam a situacao, tomavam -se admirados pelas

multi does e galgavam os melhores postos na

comunidade. Nao demorou para que todo 0 mundo

desejasse conquistar os segredos dessa nova arte 6 e

nem demorou para que surgissem mestres

improvisados, que se espalharam por todo 0 pais.

Assim, a democracia grega nao so influenciava

o comportamento politico de seu povo, mas passava a

influir tambem na educacao, deteminando -lhe uma

nova filosofia educacional. Voltada para a politica, a

educacao adquiria uma nova finalidade: preparar os

cidadaos para a vida publica, a fim de que tivessem

maior participacao nos destinos da sociedade.

Falar em publico, tomou-se a coqueluche

grega. Era a coisa de que todos precisavam e que

deviam aprender. Entao surgiu a RETORICA.

A palavra reterica e grega e deriva de retos,palavra falada. 0 retor, entre os gregos, era 0 orador

de uma assembleia. Entre nos, entretanto, a palavra

retor veio a ter 0 significado pomposo de "mestre de

oratoria". 0 primeiro homem a tracar as normas de

discurso tern essas duas marcas de identidade: a

pessoa fala a urn grupo, a uma coletividade; e por

causa disso, a pessoa tern que falar alto, isto e , ternque aumentar a intensidade ou tonalidade de sua voz.

Assim, urn pai que tivesse que aumentar 0 volume de

sua voz para orientar ou dar ordens a seus filhos, teriafeito urn discurso. Urn general, que tivesse que se

dirigir a seus comandados para orienta-los sobre a

batalha, estaria fazendo urn discurso. Urn rei, que

precisasse gritar para se comunicar com seus suditos,

tambem estaria fazendo urn discurso. 0 discurso,

pois, estaria onde alguem estivesse falando alto a urn

grupo de pessoas. A altura da voz, evi dentemente,

teria que ser proporcional a distancia entre 0 orador e

o seu ultimo ouvinte.

Embora nao possamos determinar quando

nasceu 0 discurso," podemos dizer quando ele

comecou a ser estudado como instrumento de

comunicacao social e quando surgiram as primeiras

regras para sua composicao.Desse ponto de vista, podemos dizer que 0

discurso nasceu na Grecia. Os gregos, que inventaram

a democracia," foram os primeiros a estudar as

tecnicas do discurso.

4Do latim discursos. Composto de dis, contra+cursare,

correr. Tern a ideia de correr de urn lado para outro, como a roca do

tecelao. Por isso ao conteudo de urn discurso se da 0 nome de texto.

(tecido).5Do grego demos, povo+kratos, poder. Sistema politico

cujo poder emana do povo. 0 nome primitivo desse sistema era

demagogia. Veja item 9 do rodape. RIENECKER, Fritz!

ROGERS,- Cleon. Chave Linguistica do Novo Testamento Grego,Vida Nova, 1987, p. 639.

6Veja conceito sobre arte.

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6 H orn ue nc a - A E lo qO e nc ia d a P re qa ca o 7

urn discurso foi Corax, urn sofista," da cidade de

Siracusa, na Grecia, ha 500 anos antes de Cristo.8

Corax ensinava que 0 discurso deveria ter a seguinte

disposicao: Proemio (introducao), narracao,

argumento, observacoes adicionais e peroracao

(conclusao ).Socrates se opos a retorica dos sofistas por

causa do utilitarismo deles e de sua falta de etica , mas

reconheceu que ela poderia se revestir de significado,

na medida em que se subordinasse a Filosofia . Ele viuo perigo de uma retorica sem etica, de politicos e

causidicos imorais, que poderiam usa -la para fins

escusos. Ele tinha tanta razao que a palavra

demagogo," que significa "guia do povo" ou "lider

popular", logo passou a significar, pejorativamente,

aquele que ilude, que engana 0 povo, que tr apaceia

com 0 povo.

Em sua autodefesa perante os que 0

condenaram a morte, Socrates aceitou 0 elogio de que

era urn "formidavel orador", mas taxou de

"aleivosias" todas as acusacoes sofistas e de falsa a

sua retorica, Na introducao, ele disse: "Nao ireis ouvir

um discurso como 0 deles, aprimorados em verbos e

adjetivos e em estilo florido, mas um de expressoes

expontaneas, nos termos em que me ocorrem, porque

deposito confianca na justica do que digo". E,finalizou: "0merito de um juiz esta em saber se 0 que

o orador diz e a verdade". 10

Plantae, que escreveu sobre a autodefesa de

Socrates, tambem deu sua opiniao sobre a retorica

sofista quando, por Fedro, lamenta 0 seu descaso

pelos deuses"." E, Aristoteles, que escreveu um

tratado com 0 titulo "Retorica", segue 0 pensamento

socratico, deixando claro que essa arte deve estar a

servico da verdade. 12

o maior orador grego foi Demostenes , Dizemque ele tinha dificuldades de falar, que era gago, mas

que a poder de muito esforco e intenso treinamento

venceu.

A retorica grega estava dividida em politica,

forense e epiditica, (demonstrativa). Nada havia

entre eles que se assemelhasse a uma retorica sacra,

pois simplesmente esta ainda nao existia.

7Sabido. Pejorativo de sophos, sabio. Mestre popular de

filosofia que, por falta de profundidade e de etica , fazia do ensino urncomercio, Suas ideias'' iam do relativismo ao ceticismo. As palavras

sofisma (raciocinio falso) e sofisticacao (afetacao) derivam de suas

praticas. GINGRICH, F. Wilbur I DANKER, Frederick Lexica do

Novo Testamento Grego Portugues, Vida Nova, 1984, p. 228.

RA Grecia alcancou seu apogeu no seculo 5 A. C. Essa epoca

foi chamada de "0 prodo de Pericles", pois foi quando ele consolidou a

democracia grega.GINGRICH,1 F; Wilburl DANKER, Frederick.

Lexica do Novo Testamento Grego-Portugues, Vida Nova, 1984, p.

228.

9Do grego demos, povo+ago, conduzir. Condutor ou guia do

povo. So mais tarde essa palavra adquiriu 0 sentido pejorativo, quehoje conhecemos. 9 RIENECKER, Fritzi ROGERS, Cleon. Chave

linguistica do Novo Testamento Grego, Vida Nova, 1987, p. 639.

JODefesa de Socrates, nos "Dialogos de Platdo ".

GRNGRICH, F. Wilburl DANKER, Frederick. Lexica do Novo

Testamento Grego /Portugues, Vida Nova, 1989, p. 228.

IIVm Banquete, nos "Dialogos de Platao ". GINGRICH, F.

Wilburl DANKER, Frederick. Lexica do Novo Testamento Grego I

Portugues, Vida Nova, 1989, p. 228.

12Aristoteles considerava Empedocles de Agrigento

(490-430 A. C.) como 0 fundador da Retorica, GINGRICH, F.Wilbur I DANKER, Frederick. Lexica do Novo Testamento Grego I

Portugues, Vida Nova, 1989, p. 228.

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8 Horni letica - A Eloqusncla da Preqacao 9

2. A ORATORIA

tempo (0 que e comum hoje), as divisoes entre vida

social, civil, militar, politica, religiosa, etc. Tudo se

confundia numa so identidade. Por isso, os atos

politicos tinham carater religioso e vice-versa. os

cultos eram rituais e a liturgia, essencialmente cenica.

A educacao religiosa era domestica (assistematica) etradicional. Tudo era feito em familia e ninguem se

preocupava em comunicar sua religiao a pessoas de

outras racas. Os deuses eram nacionais, tribais ou

familiares. A supremacia de urn povo sobre outro, no

caso de urn conflito militar, era sempre interpretada

como prova da superioridade de sua raca e de seus

deuses. Por isso, nas religioes nao havia lugar para a

pregacao.Os proprios gregos, que inventaram a Retorica,

e os romanos que a aperfcicoaram com 0 nome de

Oratoria, nada sabiam sobre sua aplicacao a religiao .lsto porque os antigos nao sentiam a necessidade de

pregar a fe, de divulgar seus conceitos religiosos ou

de fazer da religiao uma materia de comunicacao

social.

Mesmo entre os hebreus, que tinham uma

mensagem universal e que se reconheciam detentoresdas verdades reveladas por lave, nao havia a

preocupacao de comunicar essas verdades a outros

povos. Os profetas hebreus, que falaram, que

pregaram ou que escreveram dirigiram-se sempre ao

(ou) contra 0 seu proprio povo.

Embora bern mais tarde surgisse, entre os

judeus, uma seita proselitista (a seita dos fariseus),

que chegou ate a ser nussionana, coube aocristianismo, por ser uma religiao universal e

Os romanos, que sofreram grande influencia

cultural dos gregos, nao podiam deixar de se

empolgar tambem com a Retorica, que logo aabsorveram com 0 nome de Oratoria (de oris, boca).

Cicero foi 0 maior orador romano. Ele se tomou

celebre nao so pelas causas que defendeu como

advogado e politico, mas tambem pelas teorias que

expos sobre a Oratoria. Como teorico, entretanto,

ninguem superou Quintiliao. A melhor e mais

completa obra de oratoria, da antiguidade e a

"Instituicao Oratoria" de sua autoria.Os romanos tambem nada sabiam a respeito da

"retorica sacra" ou como eles a denominariam:

"oratoria sacra", pois esta ainda nao exi stia.

3. A HOMILETICA

o cristianismo foi, na verdade, a prime ira

religiao universal que 0 mundo conheceu. Antes dele,

as religioes eram nacionais, tribais ou apenasfamiliares. 0 proprio judaismo, que foi 0 berco do

cristianismo, foi assim. Comecon como uma religiao

familiar (de Adao a Abraao), tomou-se tribal (de

Abraao a Moises) e chegou a ser nacional (de Moises

a destruicao de Jerusalem, no ano 70 A. D.).Na antigiiidade, as religioes faziam parte da

vida das pessoas de maneira natural e integral

(totalitaria), 0 individuo se identificava com 0 grupopela raca, religiao e politica. Nao havia, naquele

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10 H o m ile tic a - A E lo q O en cia d a P re ga <; iio 11

eminentemente mi ssionaria, a tarefa de criar a

Ret6rica Sacra ou a Orat6ria Sacra que, no seculo

xvn" chamou-se HOMILETICA.

A palavra homiletica, como ja vimos, vern de

homilia, que significa conversa ou conversacao. Com

o decorrer do tempo, essa pala vra, como a latinasermonis, sofreram uma alteracao semantica e vie ram

a significar discurso. No inicio do cristianismo,

seguindo 0 exemplo da sinagoga, os cristaos se

limitavam a ler as Escrituras no culto e a exortar 0

povo segundo as licoes que podiam tirar do texto (At

13.14,15; 15.21). Jesus introduziu uma novidade:

aplicou 0 texto a sua vida (Lc 4.16 -22). Os sermoes

de Pedro, de Estevao e de Paulo consistiam em narraros fatos biblicos e aplica-los a vida de Jesus, paraprovar que ele realmente era 0 Messias prometido.

(At 2.14-42; 7.1-53; 13.16-48 etc).

A Homiletica nasceu quando os pregadores

cristaos comecaram a estruturar suas mensagens,

seguindo as tecnicas da retorica grega e da orat6ria

romana. Somente conhecendo a hist6ria podemos hoje

admitir que a Homiletica (que deveria ser a arte da

conversacao) seja sinonimo de Ret6rica (ou Oratoria),aplicada a religiao.

Se Retorica e Oratoria sao sinonimos usados

para identificar 0 discurso profano, a Homiletica

identifica 0 discurso sacro, religioso, cristae Como

tal, ela se despontou no seculo IV, com os preg adores

gregos Basilio e Crisostomo (boca de ouro) e com os

latinos Ambrosio e Agostinho.A partir da Reforma, quando a Biblia passou a

ser 0 centro da pregacao e quando os sermoes

deixaram de ser apenas discursos eticos ou liturgicospara se transformarem em mensagens

verdadeiramente evangelicas, a Homilerica passou a14

ser a arte de pregar 0Evangelho.

Ela ajuda 0 pregador a descobrir as varias

altemativas do uso de urn texto, tomando mais facil a

sua tare fa, enriquecendo os seus sermoes e

tomando-os mais apreciados. A Homiletica poe 0

conteudo do sermao em ordem. E a arte de ordenar asideias do pregador para que elas sejam entendidas

pelos ouvintes.Tem-se perguntado se a Homiletica e uma arte,

uma tecnica ou uma ciencia. Nossa resposta e que

depende do ponto de vista do observador.

Como vimos, os nomes identificam e definem

as coisas. Mas a definicao nominal e puramente

gramatical, pois ela visa apenas identificar os objetos.

Por isso, a definicao nominal e sempre unilateral e

imperfeita.Ora nos classificamos as atividades human as

conforme a predominancia do usa de nossas

capacidades. Assim, consideramos como ciencia, a

atividade que exige predorninancia do intelecto e

quando a acao intelectual e disciplinada pelas leis dosaber humano; como arte, a atividade que exige

13Nesse tempo tomou-se moda dar nomes gregos as

disciplinas teol6gicas. Na Alemanha , Stier propos 0 nome de

Kerictica derivado de keryx, arauto; e Sikel sugeriu Halieutica,

derivado de halilos, pescador, que nao se formaram. LLOYD, Jones /Martin. Pregacdo e Pregadores, Fiel, 1980, p. 239. 14Vejas as conceitos de evangelho.

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12 H orn ile tic a - A E lo qO e nc ia d a P re ga ga o 13

habilidade fisica como expressao da sensibilidade

estetica; e como tecnica, a atividade que exige

habilidade manual especifica para fazer algo. A

tecnica e 0modo especifico de se fazer uma coisa. Os

ingleses a denominam de "know how" (saber como

fazer).Assim a Homiletica (como a Retorica ou

Oratoria) e uma ciencia, quando considerada sob 0

ponto de vista de seus fundamentos teoricos

(historicos, psicologicos e sociais); e uma arte,

quando considerada em seus aspectos esteticos (a

beleza do conteudo e da forma); e e uma tecnica,quando considerada pelo modo especifico de sua

execucao ou ensino.Quando se conceitua a Homiletica como arte

temos que reconhecer que essa conceituacao enominal e que, portanto, ela se refere apenas a urn

aspecto de sua existencia, a saber: 0 aspecto de sua

manifestacao, quando ela se mostra ao publico,

quando ela e realizada ou concretizada na vida do

pregador, no pulpito. 0 mesmo ocorre quando

conceituamos a Retorica (ou a Oratoria) como arte.

E, quando dizemos que a Homiletica e a arte depregar 0 Evangelho ou que a Retorica (ou a Oratoria)

e a arte de falar em publico, devemos deixar claro que

"pre gar 0 Evangelho" ou "falar em publico" nao

constituem a finalidade dessa arte, senao meios dela

se expressar. A finalidade da Homiletica, como da

Retorica ou Oratoria e levar 0 ouvinte a concordar

com 0 pregador ou orador. E convencer 0 ouvinte, e

persuadi-lo. Veja 0 capitulo sobre a Homiletica e aEloquencia.

A Homiletica incorporou muitos termos gregos

e latino. Alem de boniffia e sermonis, que ja vimos,

vieram enriquecer a nomenclatura homiletica, os

seguintes termos: Pregador, do latim prae (antes de)

dicare (dizer); aquele que prediz 0 futuro. Esta

palavra, por ter a significacao exata de profeta (dogrego pro, antes e phetes, do verbo phemi, dizer),

deveria ser usada como traducao natural dela, mas

ocorreu urn fen6meno linguistico CUrIOSO,

denominado de "invasao cultural": os latinos

transliteraram a palavra grega "prophet a" e relegaram

sua correspondente "praedicator" a outro significado.

Por isso, pregador passou a significar apenas orador

ou arauto. 0 mesmo ocorreu com a palavra pregacao,

que deixou de ser a proclamacao de uma mensagem

profetica, uma predicao, para ser apenas urn discurso.

Assim, 0 pregador tomou-se urn keryx, arauto e a

pregacao urn kerygma, mensagem.

Essa inversao semantica e responsavel,

tambem pelo erro atual de se considerarem os

pregadores como profetas, de que trataremos no

capitulo sobre a Homiletica e a Teologia.

Outra palavra que entrou na nomenclaturahomiletica foi evangelho, (como smonimo de

mensagem - kerygma - de Deus aos homens) e seus

cognatos: evangelismo, que e a teoria sobre 0

Evangelho ou 0 modo de ser seguidos do Evangelho

(conceito estatico); evangelizacao, que e a acao de

comunicar 0 Evangelho (conceito dinamico): e

evangelista, que e a pessoa que fala ou que prega 0

Evangelho.

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14 H o rn it et lc a - A E lo q ue nc ia d a P rs q ac ao 15

o cristianismo nao se limitou a criar e a

incorporar termos homileticos. Ele revolucionou a

arquitetura dos templos, quando levou para dentro

deles os pulpitos. 0 pulpito, entre os romanos, era a

plataforma do teatro onde os atores se apresentavam.

A pregacao exigiu que os pregadores fossemdestacados e construiram -se estrados onde eles

ficavam para pregar.

Os cato l icos levaram nao so 0 pulpito, mas

tambem 0 altar (estilizado) para dentro dos templos.

So que 0 altar foi para 0 centro e 0 pulpito ficou it

margem. A maior revolucao, mesmo, se deu no

protestantismo, quando 0 altar foi abolido e 0 pulp ito

ocupou 0 seu lugar (no centro). A centralizacao do

pulpito revelou que, para os protestantes, a pregacao

era 0 ponto mais alto do culto.

Tal comportamento pode ser explicado como

uma reacao it liturgia catolica, mas por ser extremada,

e passivel de ponderadas criticas. A centralizacao do

pulpito e a exaltacao da-pregacao produziram 0 culto

da cultura, da tecnica e da pessoa do pregador, alem

de criar uma distancia fisica e psicologica entre 0

pregador e 0 seu auditorio. Muitos pulpitos saoendeusados e se tornam verdadeiras "torres de

marfim".

A verdade e que toda a particularizacao conduz

a erros e desvios. E, a preocupacao de exaltar a

pregacao padece do mesmo vicio do sacerdotalismo,

que concentra a comunhao religiosa num homem,

fazendo depender dele todo 0 culto. Com isso,

marginalizamos outras partes liturgicas como a

oracao, a adoracao, 0 louvor, a dedicacao dos bens e

sobretudo, a comunhao fraternal. A centralizacao do

pulpito, tambem tern levado algumas igrejas a urn

conceito falso de evangel izacao por darem a ideia de

que a pregacao e 0 unico metodo de evangelizacao

existente. Tal conceito e responsavel pela frieza e

apatia em muitas igrejas. Ninguem se preocupa emdar testemunho pessoal e individual de Cristo. Os

crentes acham que os incredulos so poderao ser salvos

se conseguirem entrar num templo e ouvirem urn

pregador, no pulpito, E uma evangelizacao

"pulpitocentrica", Por isso, 0 metoda prevalecente de

evangelizacao, entre nos, e 0 do "VINDE" e nao 0 do

"IDE" de Jesus. Preocuparno-nos mais com 0 "fazer

convidadores" do que com 0 "fazer evangeli stas!" .

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H om ile nc a - A E lo qu en cia d a P re ga ga o 17

CAPITULO II

HOMILETICA E

ELOQUENCIA

A palavra eloqiiencia vern do latim

"eloqiientia" e significa 0 ato ou 0 efeito de se falar

bem.Na oratoria romana, era a parte que tratava da

propriedade, disposicao e elegancia das palavras. Na

verdade, a eloquencia e mais do que apenas falar bern

(com palavras certas, bern colocadas e elegantes). Aeloquencia e a capacidade de conve ncer pelas

palavras.

As palavras esclarecem, orientam e movem as

pessoas. 0 orador que consegue mover as pessoas,

persuadindo-as a acatarem as suas _palavras,~

eloquente,. pois a elogiiencia e a capacidade de

_Qersuadirpela palavra ...

Ha quatro maneiras de persuadirmos ou

convencermos alguem a seguir a nossa orient acao:

1. Pela forca fisica (braces e armas): GUERRA

2. Pela forca pessoal (exemplo): PSICOLOGIA

3. Pela forca social (costumes e leis):

DIREITO

4. Pela forca verbal (falada ou escrita):

RETORICA

A eloquencia, pois, pode ser definida como 0

conjunto de qualidades de urn orador, que leva seusouvintes a acatarem as suas palavras.

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18 H om ile tic a - A E lo qu en cla d a P re qa ca o 19

E, para que urn pregador seja eloquente epreciso que ele saiba se comunicar. Ha uma relacao

muito intima entre a eloquencia e a comunicacao,

como veremos no capitulo sobre a Homiletica e a

Cornunicacao.

Pela conceituacao acima, ve -se que aeloquencia e 0meio da Retorica nao so alcancar a sua

finalidade, mas tambem de se firmar como arte, pois

se a finalidade da Retorica (Oratoria e Homiletica) e a

persuasao, entao, e pela eloquencia que ela atinge esseobjetivo. E, se a arte e a capacidade de expressar 0

belo, e pela eloquencia que a Retorica mostra toda asua beleza.

A eloquencia e 0 aferidor, a pedra de toque da

Retorica. Sem eloquencia nao ha Retorica, Oratoria

ou Homiletica. Sem eloquencia nao ha orador ou

pregador. A eloquencia distingue urn orador de urnparlador ou tagarela.

Vejamos, entao, quais os elementos de

comunicacao pessoal, que tomam urn pregadoreloquente:

Ter conviceao

1. oASSUNTO

Conviccao e a certeza de que se esta falando a

verdade absoluta. Pela conviccao, 0 pregador envo lye

o seu intelecto e0

seu carater naquilo que estafalando. 0 pregador eloquente precisa revelar nao so

que esta dizendo as coisas certas e, para isso empenha

a sua palavra, mas que esta sendo movido por motivos

honestos. A conviccao e mais do que apenas

concordancia intelectual com a verdade. Ela diz

respeito ao carater do pregador. 0 pregador eloquente

revela tranquilidade diante da desconfianca e do

ceticismo de seus interlocutores. Vale dizer que 0

pregador precisa crer naquilo que prega. se nao cre noque diz, porque 0 diz? Se e imoral vender -se comoborn urn produto que 0 proprio vendedor duvida da

slla qualidade, como podemos oferecer. Cristo co11)o

Salvador domundo se ainda nao 0 experimentamos

como tal?

Qualquer persuasao baseada na mentira efraude. Urn pregador sem fe, sem conviccao, e urn

falsario, urn vigarista, urn demagogo.

Conhecer 0 assunto

. 9 . _ preg':ldor precisa ~§~!?~~,,,5L_g:ll~_~.§.taa1£lndo_p~_E_2d~!:.£onvencer os outros. A demonstracao de

que ele domina 0 assunto, inspira confianca nos

ouvintes e lhes facilita a aceitacao.

~ara isso:. < :) _])re_gador,precisa ser estudioso,

pesquisador e observ_ador a!ilado.

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20 H om ile tic a - A E lo qO e nc ia d a P re ga <; :a o 21

2. AS PALAVRAS Fluencia

Vamos adotar a divisao estabelecida pela

oratoria romana, a saber:

Facilidade de pronuncia. ~s palavras devem

ser livres, bern pronunciadas e bern c olocadas.

Propriedade Elegancia

A propriedade das palavras consiste no

conhecimento exato de sua forma (morfologia oral e

escrita), origem (etimologia), significado atual

(semantic a ou semiologia) e significado contextual

(sintaxe).

Para isso, 0 pregador tern que ser amigo da

Gramatica e da Lexicografia. Deve ter uma boa

Gramatica da Lingua Portuguesa, urn born Dicionario

Etimologico e urn born Dicionario Terminologico,

atualizado nos verbetes e na ortografia. So

conhecendo bern as palavras, 0 pregador pode evitar

os barbarismos.

Disposlcao

A elegancia no falar depende: 1) do conheci-

mento da lingua (como acima exposto): 2) da

criatividade (habilidade de construir as frases com

inteligencia e sensibilidade, valendo -se de tropos e

figuras de linguagem) e 3) diccao (capacidade de

articular corretamente a voz). A boa diccao depende:

a) da pronuncia correta da palavra; b) do timbre da

voz; e c) da impostacao da voz. 15 A diccao determina

a clareza e a beleza da pronuncia. 0 pregador que

cuida da elegancia de suas palavras, nao comete

cacofatos nem usa giria.

Alem desses elementos, considerados pela

oratoria romana, temos que reconhecer que nao pode

haver eloquencia sem:

As palavras devem ser colocadas na ordemlogica ou psicologica, segundo as regras gramaticais.

A Sintaxe estabelece as regras para a colocacao das

palavras na oracao e a oracao no discurso, visando a

construcao gramatical correta. 0 prega dor deve

aprender as regras gramaticais e ler bons autores para

evitar solecismos.

Emocao

Os psicologos dizem que 60% de nossas

decisoes sao emocionais, isto e , que na maioria das

vezes, nossas escolhas nao obedecem a uma

determinacao racional. Talvez, por isso, as pessoas

nao tenham tanto sucesso em suas decisoes, mas e

15As dificuldades fisicas da fala podem ser corrigidas pelastecnicas da Fonoaudiologia.

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22Hornlletica -- A Eloquencia da Pregagao 23

inegavel que apesar de irracionais, muitas decisoes

emocionais tern levado muita gente ao sucesso.

o pregador, que dispoe de uma mensagem

divina, com 0 objetivo unico de salvar 0 homem,

dotando-o do melhor bern, nao pode deixar de

valer-se da emocao. Ele precisa envolver os seusassistentes numa forte atmosfera de viva emocao para

facilitar-lhes uma sabia decisao ao lado de Cristo. 0

pregador nao pode transmitir apenas ideias abstratas,

verdades teoricas ou conceituais. Suas mensagens

devem comunicar vida e vida abundante.

A emocao distingue 0 orador de urn professor.

o professor se preocupa apenas com 0 conteudo de

sua comunicacao, pois0

mestre convence pela logica,pela verdade em si, que transmite a seus alunos. 0

orador tern que falar it inteligencia, provocar a

imaginacao e despertar os sentimentos .

.:.~_12r.~gaQaoao. pode ser fria, contida apenas

de raz~o e arte. Ela tern que ser uma expressl!Qreal de

vida, uma expressao real de experiencias vividas pelo_

pregador. 0 pregador precisa vibrar 4~~!!!_Q9~O_lli2_

comunicar a sua mensagem.

Muitos pregadores falham nessa parte. Naomanifestam alegria (estao sempre de cenho, tensos e

mal humorados), nao comunicam esperanca, (sao

pessimistas e apocalipticos. Falam mais do pecado, de

Satanas e do inferno, do que da salvacao, de Jesus e

do ceu), nao comunicam vida (sao apaticos, formais e

frios), nao expressam vito ria (sao derrotistas e sem

entusiasmo) .

A retorica sem emocao e como comida semtempero. E como uma pilula de vitamina, que

engolimos por obrigacao, e nao como uma laranja que

sorvemos com prazer.

por outro lado, na~ devemos pensar que a

~loquencia e apenas emOCaQ.Por pensarem assim,

muitos pregadores confundem eloquen cia com

gritarias e berros, com tiradas demagogicas, frases de.efeito, pieguice e bia-bla inconsequent.e... Esse

emocionamento barato condiciona as pessoas e lhes

tira a capacidade de reflexao. 0 Evangelho e razao

com emocao e nao so razao ou so emocao.

Nao devemos confundir tambem eloquencia

com choramingas e lamentaQoes, que provQcam

impacto emocional, arrancam lagrimas e arrastamas

pessoas a decisoes ilusorias. A eloquencia legitima e

incompativel com a demagogia:,

A ESPIRITUALIDADE

Conquanto a Homiletica se confunda com a

Ret6rica ou Orat6ria em suas tecnicas, ha duas coisas

que as distinguem: 0 conteudo (Homiletic a e a

Retorica ou Oratorias sacras) e 0 condicionamento

pessoal (a Homiletica exige uma experiencia pessoaldo pregador com Deus).

Os pregadores sao oradores privilegi ados, pois

alem de todos os reguisitos pessoais exig idos ~C !

Ret6rica ou Orat6ria, eles contam com a a ssistencia

_divina no exercicio de sua missao. Tal a ssistencia e

chamada de "ungao espiritual".

Quando Moises recebeu as instrucoes de Deus

sobre 0 tabernaculo e sobre 0 sacerd6cio, recebeu

tambem a f6rmula de urn perfume oleo so, que

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24 H orn il et lc a - A E lo qO e nc ia d a P re ga c; :a o 25

santificaria todas as coisas onde ele fosse passado. 16 A

uncao era 0 sinal da acao de Deus na vida da pessoa.

Em 0 Novo Testamento, a uncao e 0 sinal da presenca

e do poder do Espirito Santo (At 2.1-21, 33, 37-40;

2Co l.21; 1102.20,27).

o Evangelho precisa ser pregado comconhecimento conviccao, propriedade verbal, boa_ . . ~ .

disposi9ao, elegancllL_L ..JQ11~._.~~ Ocorre,

entretanto, que a resposta a uma pregacao evangelica

nao se circunscreve a acao exclusiva da eloquencia

ret6rica. A Homiletica nao pode ser entendida apenas

como uma tecnica de comunicacao verbal e social.

Ela e 0 instrumento de uma cornunicacao superior,

transcendente, divina. 0pregador do Evangelho e urninstrumento da acao de Deus no mundo. Por isso, a

Homiletica depende fundamentalmente do Espirito

Santo, pois "0 Evangelho ... e 0 poder de Deus para a

salvacao de todo aquele que ere (...)" (Rm l.16).

Por essa razao, nao podemos avaliar os

resultados da Homiletica (persuasao dos ouvintes)

apenas pelos dados da eloquencia.Mais do que eloquencia, 0 pregador precisa da

un9ao santificadora, do 6leo santificador do Espirito

Santo.Jesus disse que quando 0 Espirito viesse,

habitaria nos crentes (seria derramado sobre eles,

como oleo) e lhes ensinaria toda a verdade 11 0 2.20,

25-27). Se a palavra entusiasmo significa "Deus

160 fato desse 6leo ser chamado de "oleo da uncao" (uncao e

o metodo de ser aplicado) tern desvirtuado os in~erpretes dacornpreensao de sua finalidade que e a santiflcacao. (Ex 30.22-31;

40.9-15).

dentro", entao s6 0 pregador ungido possui 0

verdadeiro entusiasmo, pois s6 nele Deus habita (esta

dentro), pelo Espirito San to.

Urn pregador pode corresponder as

llecessidades gerais de seus ouvintes, mas s6 0

Espirito Santo pode aplicar caga palaYm.do pregadQfas necessidad~s intimas de cada urn,;0 pregador pode

convencer o· ouvinte, mas s6 0 Espirito Santo pO(!.~

,converte-Io. A conversao e algo que transcende 0

intelecto. Ela s6 se da quando a mensa gem penetra

fundo na alma, na personalidade total. E ai s6 Deus

chega. A conversao muda 0 pensamento, muda a

vontade, muda toda a vida.

Ha pregadores que sao dotados de urn altopoder de atracao pessoal (bonitos e bern vestidos), de

excepcional inteligencia e cultura. Seus ouvintes sao

pessoas avidas de saber, que se deleitam com todos os

seus recursos pessoais e que nao se cansam de ouvi-

10, mas ... nao se convertem. A resposta e simples: aHomiletica, sem 0 Espirito Santo e apenas Ret6rica ouorat6ria.

E, para que 0 pregador seja usado pelo i..spirito

Santo, ele precisa de uma real experiencia d~conversao (quando 0 Espirito Santo passa a habitar

em sua vida) e da unGao espiritual. (quando 0 Espirito

Santo passa a dominar a sua vida).

Ninguem melhor expressou essa realidade na

vida do pregador do que Paulo, em sua Primeira carta

aos Corintios: "Cristo nao me enviou para batizar,

mas para pregar 0 evangelho; nao em sabedoria de

palavras, para nao se tornar v a a cruz de Cristo"

( I.17); "Eu nao fui ter convosco ... com sublimidade

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26 Horniletica - A Eloqusncia d a P r eg a ga o 27

de palavras ou de sabedoria, pois nada me propus a

saber entre vos, senao a Jesus Cristo, e este

crucificado. A minha palavra e a minha pregacao nao

consistiu em palavras persuasivas de sabedoria, mas

em demonstracao do Espirito e de poder, para que a

vossa fe nao se apoiasse na sabedoria dos homens,mas no poder de Deus" (2.1-5); "Qual dos homens

entende as coisas do homem, senao 0 espirito do

homem que nele esta? Assim tambem as coisas de

Deus, ninguem as compreende, senao 0 Espirito de

Deus. Ora, nos nao temos recebido 0 espirito do

mundo mas sim 0 Espirito que provem de Deus, a fim

de compreendermos as coisas que nos foram dadas

gratuitamente por Deus, as quais tambem falamos,nao com palavras ensinadas pela sabedoria humana,

mas com palavras ensinadas pelo Espirito Santo,

comparando coisas espirituais com espirituais"

(2.11-13); "0 reino de Deus nao consiste em palavras

mas em poder" (4.20).

Mais do que 9.llilliluer outra coisa, 0 pregador

precisa ser urn homem de oras:ao, com nitida

consciencia de seu papel, e cheio do Espirito Santo.

Em seu . .labor homiletico, ele nao pode deixar debuscar a - Q - ~ l : : l § _ sll~te~sleabrir a sua Bibli<!(Sl 119.7),

antes de te-l~ pn;:gi:l:<:!oc-(SlI19.132,136)..

CAPITULO III

HOMILETICA E

-COMUNICA<;AO

Estamos na era da comunicacao, celebrada pelo

maior feito da humanidade: a ida do homem a lua. Agl oria desse feito, entretanto nao, se deveu apenas ao

fato do homem ter ido a lua, mas pelo fato de ter sidoobservado, pelos que ficaram na terra, em toda a sua

caminhada lunar. Essa foi a gloria da comunicacao,A partir de entao, intensificaram -se os estudos

sobre a comunicacao. A palavra comunicacao entrou

para a ordem do dia e comecaram a surgir as escolas,

os institutos e as faculdades de comunicacao.

A palavra comunicacao, que apenas guardava 0

seu significado etimologico.Jato ou efeito de se to mar

comum ou como urn), adquiriu 0 sentido tecnico de

unificacao de ideias, sentimentos e propositos. A

comunicacao e a arte de sensibilizar as pessoaslevando-as a adotarem as mesmas ideias, os mesmos

habitos e a pugnarem pelos mesmos propositos,

A Retorica, a Oratoria ou a Homiletica sao

instrumentos de comunicacao social, por isso, a critica

que Socrates fazia a retorica sofista (falta de etica ) evalida para a Ciencia da Comunicacao de nossos dias.

A comunicacao e uma ciencia perigosa e altamente

subversiva se nao se fundamentar em base moral. A

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28H om ile nc a - A E lo qu em cia d a P re ga c;a o

comunicacao sem etica e a corrosao de todos os

val ores human os.

A Homiletica tern muito a ver com a

Comunicacao, por isso vamos fazer uma breve

incursao pela Teoria da Comunicacao.

A comunicacao e 0 resultado da interacao detres elementos: 1. 0 Emissor; 2.A Mensagem; e 3.0

Receptor.

o emissor e aquele que envia a mensagem ao

receptor.

Quando urn emissor envia uma mensa gem e ela

e recebida pelo receptor, dizemos, entao, que houve

comunicacao.

Para que a comunicacao seja possivel,enecessario que a mensagem possua elementos

comuns, tanto ao emissor como ao receptor. 0

segredo da comunicacao, pois, esta na mensagem. A

mensagem e uma ideia traduzida num c6digo, comum

ao emissor e ao receptor. Veja 0 grafico a seguir:

Mas alem disso, 0 emissor tern que dispor de

urn veiculo (pessoa ou aparelho que transporte a

mensagem) e de urn metodo (caminho que ligue 0

emissor ao receptor). Veja 0 grafico abaixo:

Ideia imagem mentalEMISSOR C6digo = Sinal RECEPTORconvencional

Veiculo =Meio de

transporte

Metodo caminho de

ligacao

Vale dizer que 0 emissor, para enviar uma

mensagem tern que ter uma ideia e codifica-la

(traduzi-Ia numa linguagem comum a emissor ereceptor).

Ao emissor cabe a tarefa de criar a ideia,

codifica-la, escolher 0 veiculo e 0 metodo adequados,

para que a sua mensagem chegue ao receptor. A este,cabe receber a mensagem, decodifica -la e

responde-lao

Ha duas coisas que dificultam a recepcao de

uma mensagem: 1) A inadequacao do codigo; 2) A

interferencia no veiculo.

A inadequacao do codigo se da: 10 pelo

desnivel cultural: urn engenheiro tern urn repertorio

de palavras que the facilita a comunicacao com

pessoas de seu nivel, mas que dificulta a comunicacao

com os operarios de sua obra. Por outro lado, os

operanos possuem em repertorio de palavras

(barbarismos, solecismos e girias) que dificulta a sua

comunicacao com 0 engenheiro; e 20 pela

especificidade tecnica: 0 mesmo engenheiro, apesar

do desnivel cultural, po ssui repertorio de palavras

tecnicas (giria profissi onal), que the facilita a

cornunicacao com os operarios de sua obra, mas que e

MENSAGEM

Ideia Imagem mental.

EMISSOR Sinal RECEPTORCodigo convencional

ou linguagem

comum

(palavras)

30H o rn il et ic a - A E l oq u e nc ia da Preqacao 31

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totalmente inadequado para a comunicacao compessoas de fora.

As interferencias, que na linguagem dos

comunicadores se chamam "ruidos", ocorrem quando

elementos estranhos interferem no veiculo da

comunicacao e dificultam ou impedem a mensagem

de ser captada pelo receptor.

E importante salientarmos 0 fato de que 0

emissor e 0 autor da comunicacao. Ele cria a

mensagem, adapta-a ao nivel do receptor, escolhe 0

veiculo e 0 metodo e controla a emissao durante todo

o processo para ver se 0 receptor a esta recebendo.

Isso, na Horniletica, tern urn significado muito

grande, como veremos no item seguinte sobre a

Mensagem.Devemos notar que a comunicacao atua sempre

sobre os sentidos do receptor, como demonstraremosno grafico abaixo:

para que possa chegar aos sentidos do receptor. Por

isso, os metodos de comunicacao recebem os nomes

relacionados com os sentidos, que sao os orgaos

decodificadores do receptor.

Aplicando isso a Homiletica, veremos que ela

se utiliza dos veiculos "boca-voz" e "corpo-gesto",que correspondem aos metodos "son oro" e "visual",

pois a mensagem do pregador visa sensibilizar 0

receptor atraves de seus ouvidos e olhos, produzindo

assim a comunicacao audiovisual.

Isso vern mostrar que a Homiletica nao e

apenas uma arte de comunicacao verbal. Ela envolve

a expressao corporal, no sentido mais completo. 0

pregador tern que usar a palavra, 0 movimento do

E 2 _ D 2 Q ' _ - - ~ ~expressoes facLi!!se a miIllica. Por isso, osauditorios e templos modemos sao construidos

levando em conta nao so a acustica, mas tambem a

visualizacao do pregador, para que os participantes

nao sejam apenas "ouvintes" ou "espectadores" mas

sobretudo assistentes. Urn assistente nao se

impressiona so com as palavras (ideias e inflexoes

vocais), mas com a mobilidade corporal (andar,

agachar, elevar, contrair), com a expressao facial(seria, alegre, descontraida, duvidosa, preocupada,

espantada, temerosa, encolerizada) e com a mimica

(imagens formadas com as maos).

o pregador capaz e aguele que sabe usar todos...__.--- .. - .__. , ...• .. , __ ---".- ..~--- ,--<--- . __ --"---- ,_

os recursos da comunica<;ao para sensibilizar seus

asslstCIrtes. Alguns desses recursos -podem ser assim

enumerados:

CODIGO VEICULO METODO SENTIDODOE Fala Boc a - voz Sonora Ouvido (aud io) RM Esc ri ta Mao -Ietra Grafico Olho (video) EI Expressao cor- Corpo - gesto Visual Olho (video) CS poral Olfativo Nariz ES Emanacao Gas - cheira Gustativo Boca p

o Gustacao Boca - paladar Tactil Corpo TR Conta to Corpo - tato

0

R

Esse grafico mostra que a mensagem (ideia

codificada) se subordina ao veiculo 17 e ao metodo ,

17Os veiculos de comunicacao de massa, como panfietos,

out-door, jomais, revistas, radio e televisao, sao chamados de midia

(do ingles mass midia, meio de atingir as massas). Evite 0 erro de

chamar 0jomal falado (no radio e na televisao) de "imprensa falada".Imprensa falada ainda nao existe

32H orn ile tic a - A E lo qu en cia d a P re ga ga o 33

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1. A mensagem confortavelmente, todos os movimentos do pregador,

este deve se conter em sua movimentacao na

plataforma. Se 0 assistente estiver fazendo muito

esforco para ver 0 pregador nas frestas de duas

cabecas, facilmente podera perder 0 interesse de

acompanha-lo em toda a entrega de sua mensagem, seo pregador se movimentar muito. A falta de

visibilidade ao veiculo e urn fator de interferencia na

entrega da mensagem.

A mensa_gem d~ve_!er up:1_conteudo que

despert~. e. aliment~ ..)_interesse do receptOr:A··sua

codificacao deve ser adequada (proporcional ao nivel

cultural e it especificidade do auditorio), 0 pregador

deve estar atento, durante 0 processo da comunicacao,

para verificar se esta havendo recepcao. Qualquer

sinal de desinteresse ou de desatencao deve leva -10 a

uma avaliacao de seu comportamento para eliminar,

em tempo, todas as interferencias. A mensagem deve

chegar ao receptor, por isso cabe ao pregador

controlar a sua emissao e se certificar de que

realmente ela esta chegando ao seu destinatario.

4. Intensidade da voz

2. Veiculo

o pregador precisa saber que a intensidade ou

volume de sua voz deve ser proporcional it distancia

que ele se posiciona diante de seus assistentes. b - suavoz devechegar ao seu mais distante ouvint~.

Como a maioria de nossos templos e construidasem a minima consideracao acustica, "0 pregador

deve ter sensibilidade para perceber quando deve

elevar ou abaixar 0 volume de sua voz. E tao errado 0

pregador falar baixo a ponto de seus ouvintes

distantes nao 0 ouvirem, como falar muito alto, num

auditorio pequeno ou de acustica sensivel. Hipregadores que sem necessidade, se desgastam

fisicamente e se tomam irritantes, com seus berros.

Para a ampliacao da voz, 0 pregador dispoe de

recursos naturais tecnicos, a saber:

Na Homiletica, 0 veiculo da mensagem e 0

pregador. Ele nao e so 0 emissor (criador e expedidor

da mensagem), mas 0 seu proprio veiculo. E, como

veiculo de sua propria mensagem 0 pregador deve se

qualificar, cuidando dos seguintes elementos:

3. Destaque

~egador deve ficar num lug_aI_9!1depossa

ser visto por todos os assistentes. Alem do estrado,

plataforma, podio ou pulpito, os templos modemos

sao feitos em declive para facilitar a visibilidade aopregador.

Em auditorios onde a visibilidade ao pregador

nao e boa, isto e , onde 0 assistente nao pode ver,

• Natural- Intensidade vocal adequada

• Tecnica-amblental- Acustica

• Tecnico-eletronlco- Equipamentos de

som

34 Horniletica - A Eloquencia d a P r eg a c ;a o 35

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5. Personalidade

o pregador deve falar impessoalmente. No

pulpito, ele representa uma Trindade Divina e uma

coletividade humana (a Igreja). Embora ele seja 0

autor da mensagem, ao entrega -la e urn veiculo da

graca de Deus e do amor da Igreja. Tern que falar em

nome de Deus e da Igreja ..Por outro lado, 0 pregador se dirige sempre a

uma coletividade de assistentes. Ha urn tratamento

cerimonioso, formal, que os pregadores antigos eram

obrigados a usar (tratamento na 2 a pessoa: tu e vos),

mas que nao se exige na comunicacao verbal

modema. No Brasil 0 plural que mais comunica e 0 da

3apessoa (senhor, senhora, voce e voces). A

comunicacao social verbal, hoje, e menos

cerimoniosa, menos formal, por ser mais pratica emais objetiva. 0 pregador que insistir em tratar 0 seu

auditorio na 2apessoa, em certos lugares e ocasioes,

correra 0 risco de nao ser compreendido ou de se

tomar pedante e antiquado.

o seu egoismo (uso constante do "eu") e 0 seu

pedantismo (uso dos verbos na 2 a pessoa), podem

constituir interferencias no veiculo da pregacao e

comprometer a mensagem.Conclusao: Percebemos, entao, a intima

relacao que ha entre a eloquencia e a comunicacao.

Assim como nao ha comunicacao se 0 receptor nao

recebe e nao responde a mensagem, tambem nao ha

eloquencia sem persuasao. A atencao dos assistentes,

o seu interesse e sua anuencia ao apelo do pregador

sao provas de sua eloquencia, ou em outras palavras,

sao provas de que houve comunicacao,

A falta de acustica dos templos ou sua

proximidade a ruas movimentadas ou a industrias

barulhentas, nos obrigam ao usa dos indesejaveis

recursos tecnicos-eletronicos (amplificadores,

microfones e alto-falantes). E uma infelicidadequando 0 pregador tern que se ater a urn microfone e

escravizar seus assistentes a alto-falantes!

.Contudo, temos que reconhecer que 0 radio e a

televisao sao as mais sensacionais midias oferecidas

pela eletronica de nossos dias. Infelizmente temos

usado muito pouco e muito mal os recursos

tecnicos-eletronicos representados pelo radio e pe la

televisao. A verdade e que sao midias carissimas, que

exigem recursos financeiros e estrutura administrativaque a maioria das igrejas evangelic as nao dispoe. Para

suprir a omissao das igrejas, tern surgido organizacoes

para-cclesiasticas que montam estruturas e arrecadam

fundos adequados a esse empreendimento e que

passam a ser chamadas de "igrejas eletronicas". A

"Igreja Eletronica" ja chegou ao Brasil e, ao inves das

igrejas tradicionais descobrirem estruturas e recursos

financeiros para usarem tais midias, preferem discutira validade do trabalho que se esta fazendo, e nao 0

espaco que estao perdendo para aquelas organizacoes.

Sendo 0 pregador 0 proprio veiculo cl~~mensa gem, e i!pportag!~_ que .ele cuiQ~__ ~ _ . . . . m ; r napa~en~iaQ.~~I.,_g~ ~ ~ ' : l : _ Y _ 2 _ ? :e do modo como ele se

r£laci9l!':l:.oIp.seu§ assistentes.

Horni letica - A Eloquencia da Preqacao 37

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CAPITULO IV

HOMILETICA E ESTILO

A palavra estilo vem do grego stylos (atraves

do latim stilus), que era 0 nome de uma haste, uma

vareta (de madeira ou de ferro), ponteaguda usada na

antiguidade para riscar ou escrever nas placas de cera

ou de barro, que eram 0 material de escrita daquele

tempo.

Como cada haste produzia uma escrita

caracteristica, stylos passou a ser a forma graficatipica de cada escritor. Logo essa forma material de

identidade literaria (hoje ela so e usada na

Criminalistic a), foi enriquecida com a ideia de que ela

identificava tambem a cultura (nivel de

conhecimento) e a personalidade (forma especifica de

expressao) do escritor. Entao, 0 estilo passou a ser

objeto e estudos da Gramatica,

Da Gramatica passou para a Literatura, mas

nao demorou muito para que se percebesse que, se 0

estilo revelava nao so a cultura (soma de

conhecimentos), mas a personalidade do escritor

(inteligencia, memona, sentimentos, intencoes,

preferencias, motivacoes, senso, estetico e moral),

entao ele transcendia it Grarnatica e it Literatura, pois

ele permeava a Retorica, a Etica , a Estetica, a

Psicologia, as artes, as tecnicas e todas as formas de

expressoes humanas. Surgia, entao, a Estilist ica.

38 Horni letlca - A Eloquancla da Pregagao 39

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A Estilistica e a ciencia da expressao humana ea critic a dessa expressao,

A Estilistica consumou a famosa sintese de

Buffon: "Le style c' est l'homme" (0 estilo e 0

hornem), pois cada homem, na verdade, e urn estilo.

Na Retorica (e por conseguinte na Oratoria ena Homiletica) 0 estilo e a maneira peculiar do oradorou pregador se expressar em publico.

CLASSIFICA<;Ao DOS ESTILOS

o maior perigo da imitacao (mimese) e a perda

da autenticidade. Quando a imitacao se casa com a

personalidade do individuo, nao ha nada a se

condenar. Mas, quando ela se toma postica, arti ficial,

toma 0 pregador ridiculo, pois a imitacao nao flui da

personalidade, mas deixam evidentes a contrafacao, 0

embuste, a mentira.

o estilo flui de oito areas da vida do preg ador:

1.Sonora: 0 estilo determinado pelo timbre de

sua voz, que pode ser: grave, medio, agudo, nasal,

rouco etc. A qualidade da voz de uma pessoa e taomarcante que determina 0 seu estilo sonoro.

2. Gramatical: 0 estilo determinado pelo seu

conhecimento das palavras e das regras da fala:

Rustico (comete erros crassos e sem elegancia);

educado (erros raros e com elegancia); primoroso

(sem erros e com esmerada elegancia); e gongorico

(exagerado ).

3. Literaria

o estilo ligado mais aos generos literarios, em

que 0 pregador revela uma certa preferencia: historia,

biografia, poesia, profecia, doutrina (teologica ou

moral) ou evangelizacao.4. Psicol6gica: 0 estilo determinado pelo seu

modo pessoal e agir: critico, polemico, apologetico,

agressrvo, satirico, jocoso, cornico, ironico,

pessimista, ufanista, faccioso, autoritario,

democratico, liberal etc.

5. Profissional: 0 estilo determinado pela

postura tipica de cada profissao exige de seu

executante. A postura do advogado diferente da do

politico e esta da do pregador. 0 fato da missao do

Urn erro antigo, que se comete na classificacao

dos estilos (no tempo de Cicero ja se fazia isso) e

considerar como tal apenas as qualidades positivas de

urn autor, ignorando-se que, se 0 estilo e a expressaomarc ante da pessoa, esta pode ser boa ou rna, positivaou negativa, certa ou errada.

Nao podemos confundir estilo (certo ou errado)

com estilo-padrao, estilo-modelo. E , a partir de urnconfronto, de uma analise critica, que iremos chegar aurn estilo-modelo, ideal.

Urn estilo born, certo, positivo, pode ser tao

admirado que, por ser marcante, passa a ser imitado,tomando-se modelo. Gracas a isso, podemos dizer que

o estilo pode ser aperfeico ado.

o estilo pode ser natural quando a pessoa

expressa aquilo que ela e , sem nenhuma elaboracao;

intuitivo, quando a propria pessoa percebe seus erros

e procura se modificar; e educado, quando a pessoa e

orientada por terceiros em sua modificacao. Ai entramos rnodelos e as imitacoes.

40 Homiletlca - A Eloquencia d a P re g ag ao 41

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pregador estar ligada a do pastor, diz-se de urn "estilo

pastoral" do pregador no pulpito.

6. Ideologia: 0 estilo determinado pela

identidade doutrinal do pregador. Cada igreja ou

grupo religioso tern a sua ou as suas doutrinas

distintivas e os pregadores se identificam pela ma-neira peculiar de exporem essas doutrinas.

7. Llturgtco: 0 estilo determinado pela postura

Iiturgica do pregador. Cada igreja ou grupo religioso

tern a sua mane ira peculiar de se conduzir

liturgicamente. Uns sao excessivamente formais

(liturgia rigida), outros sao flexiveis (liturgia

maleavel) e outros sao informais (liturgia indefinida).

A postura do pregador, no pulpito, revela muito 0

estilo liturgico de sua igreja.

8. Estrutura mental: 0 estilo determinado

pela predominancia de nossa expressao mental. 0

nosso cerebro tern uma maneira peculiar de

funcionamento. Os estimulos que 0 afetam tern que

seguir urn certo caminho para serem aproveitados. A

isso damos 0 nome de logica. Pensamos com logica.

Ocorre, entretanto, que nos nao pensamos apenas com

o cerebro. Quando pensamos, envolvemos nossasemocoes, nossos sentimentos.

E, quando 0 pregador se expressa mais pela sua

razao (sem se preocupar muito com as suas emocoes),

dizemos que 0 seu estilo irracional, ilogico. E, quando

ele se expressa mais pelas suas emocoes (sem se

preocupar muito com a logica), dizemos que 0 seu

estilo e emocional ou intuitivo.

Analise-se a si mesmo e descubra os trayosmarc antes de sua pessoa como pregador. Analise 0

comportamento dos pregadores e descubra os seus

estilos. Veja 0 que e certo e bonito e procure

incorporar a sua vida. Aprimore 0 seu estilo, mas

busque ser natural e autentico.

H orn lle tic a - A E lo qO e nc ia d a P re ga c; :a o 43

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CAPITULO V

HOMILETICA E TEOLOGIA

o Deus da Biblia e urn Deus que se revela, que

se comunica.

Os profetas eram orgaos receptores (oraculos )

das revelacoes de Deus. Eles nao so eram orgaos

receptores de mensagens significativas, mas tambem,

por vezes, seus comunicadores. Como receptores,

eles eram alvos da revelacao e como comunicadores

eles eram alvos da lnspiracao de Deus. Paracomunicarem, sob inspiracao, as mensagens reveladas

por Deus, os prof etas falavam, pregavam ou

escreviam. Por isso, os profetas as vezes, assumiam a

postura de conselheiro, de me stre, de pregador ou de

escritor.

o profeta nao era necessariamente urn

pregador mas podia se-lo circunstancialmente, por

inspiracao divina. 0 que caracterizava 0 ministerio doprofeta era 0 fato dele receber revelacao de Deus. A

forma dele acomunicar ao povo (falando, pregando

ou escrevendo) nao dependia da revelacao, mas da

inspiracao que imediata ou posteriormente rec ebia.

Essa explicacao e pertinente porque muitos

acham que 0 profeta era obrigatoriamente urn

pregador; que os pregadores atuais sao verdadeiros

profetas; e que os seminaries teologicos sao "casas de

profetas". Temos serias restricoes a essas afirmacoes,

a luz da distincao acima estabelecida.

H o rn lle tic a - A E lo q O en cia d a P re q ac ao 45

44

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A inspiracao ou uncao espiritual, essencial a

urn pregador, capacita-o a comunicar as verdades de

Deus dentro das necessida des dos ouvintes mas isso

nao the confere a funcao nem 0 titulo de profeta.

A rigor, podemos afirmar que foram poucos os

profetas pregadores na Biblia. A maioria, apenasfalava. (2Pe 1.21).

Jesus, 0 maior profeta da Biblia, se notabilizou

como pregador. E, ao chamar os seus discipulos,

prometeu fazer deles "pescadores de homens" isto e. ' ,comunicadores. Ora, os pescadores conhecem duas

midias ou dois metodos de pesca: 1) 0 anzol; e 2) a

:ed~ .(Hc 1.15). 0 pescador de anzol, faz a pesca

individual. 0 pescador de rede, faz a pesca coletiva.Para ter sucesso, ele tern que saber usar os dois

metodos. Assim e com 0 pregador. Contudo ele tern

que se: especialista na pesca com rede, pois a sua

tarefa e a pregacao coletiva.

Na Grande Comissao, dada por Jesus a seus

discipulos, segundo 0 registro de Mateus 28.19-20

t~m~s configurada a funcao de mestre (fazei

discipulos), mas segundo 0 registro de Marcos 16.15,

a configuracao e a de pregador (pregai 0 evangelho).Os apostolos e evangelistas eram autenticos

pregadores, pois eles eram os "ministros da palavra"

colocados por Jesus na Igreja. Devemos destacar que

nem todos os ministros da Igreja primitiva eram

pregadores. Os pastores, por exemplo, tambem

chamados presbiteros ou bispos eram lideres

administrativos que formavam u~ conselho de

ad~inistra<;ao. Entre eles, havia alguns que sededicavam it pregacao e outros ao ensino (1Tm 5.17).

Os ministros," os que tinham responsabilidade

exclusiva da palavra, eram os apostolos e os

evangelistas. Aqueles eram ministros universais da

palavra. Estes, ministros locais ou reg ionais.

Ora, Jesus nao poderia ter dado aos apostolos,

como individuos, uma missao universal (ir a todo 0

mundo), sem prover-Ihes uma organizacao adequada.

Dai a Igreja como agencia de evangelizacao,

A Igreja e a eomunidade dos discipulos que

Ihes propieia 0 eumprimento da Grande Comi ssao. Na

igreja e atraves dela, eada discipulo se habilita para

cumprir a ordem de Jesus Cristo. Por isso, a missao

dos discipulos passa a ser a missao da Igreja.

Equal e a missao da Igreja?

A palavra missao vern do latim missio (doverbo mittere, enviar, mandar, autorizar, delegar, dar

procuracao etc.) e signifiea tarefa, trabalho, acao,

atribuicao, ordem, mandato, procuracao etc. A palavra

grega eorrespondente a missao e apostole (composta

de apo, que da ideia de origem, de procedencia, vindo

da parte de alguem e stole, do verbo sttelo, enviar).

Apostolo signifiea, literalmente, enviado da parte de

alguem para realizar uma tarefa.Ora, temos que admitir que a tarefa (0 que se

faz) pressupoe um objetivo (para que se faz), por isso,

quando falamos de missao, temos que distinguir a

missao-tarefa e a missao-finalidadc.

Inquestionavelmente, baseados em Mt

28.19-20; Me 16.15; Lc 24.47-49 e At 1.1-8, a missao

da igreja e evangelizar. Ora, evangelizar e ganhar

almas! Sera que a missao unica da Igreja no mundo e

18 Em sentido semitico e nao etimologico,

46 l -lomiletica - A E lo q O e nc ia d a Preqacao47

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ganhar almas? Ganhar almas nao seria apenas uma

tarefa, dentre outras, voltada para uma finalidade de

urn objetivo maior? De fato, ha uma missao -objetivo

maior para a Igreja de Jesus Cristo na terra: e a gloria

de Deus. E a evangelizacao s6 e uma missao digna da

Igreja porque ela promove a gl6ria de Deus.

Assim, cultuar a Deus e uma missao da Igreja.

Desenvolver a solidariedade entre os seus membros euma missao da Igreja. Estudar e praticar os ensinos da

Biblia e uma missao da Igreja. Evangelizar e

organizar novas igrejas e missao da Igreja. E, prestar

servicos assistenciais, educativos e culturais a

sociedade em geral, tambem, e missao da Igreja.

Vemos, entao, que ha uma missao teol6gica (a

gl6ria de Deus), uma rnissao liturgica (cultuar aDeus), uma missao social intema (a solidariedade dos

crentes), uma missao biol6gica (0 amadurecimento e a

rnultiplicacao dos crentes e das igrejas), e uma missao

social extema ( a sociedade em geral).Assim, quando dizemos que a missao da Igreja

e evangelizar nao estamos dizendo que e a unica e

nem que e a mais importante. Tambem nao estamos

dizendo que evangelizar e apenas pregar 0 Evan gelho.

A pregacao e urn metodo de Evangelizacao 19 e a

Evangelizacao e urn metodo de glorificacao de Deus.

A ideia muito difundida de que a missao da

Igreja e evangelizar e que evangelizar e apenas pre~ar

ou distribuir folhetos, talvez seja a causa de muita

apatia e conformismo entre os cren tes. . r

As igrejas que imaginam que sua missao umca

e evangelizar e se limitam a pregar, a distribuir

folhetos, a radiofonizar ou televisionar seus cultos,ainda nao descobriram a sua verdadeira missao.

Vejamos como podemos delinear a

metodologia da salvacao:1. Cristo e 0 metodo de Deus para salvar 0

mundo.2. 0 homem e 0 metodo de Deus para levar

Cristo ao Mundo. A Igreja e 0 rnetodo de Deus para

levar 0 homem a levar Cristo ao mundo.4. A evangelizacao e 0 metodo da Igreja para

levar Cristo ao mundo.5. A pregacao e urn metodo de evangelizacao

para levar Cristo ao mundo.Assim, a Homiletica, que trata da pregacao ,

tern muito a ver com a Teologia, pois ela precisa saber

para que existe e qual a sua funcao diante de Deus, de

Cristo, do Espirito Santo, da Igreja e da salvacao do

mundo.Ve-se, entao, que a Homiletica nao entra no

curriculo teol6gico apenas como arte de falar em

publico, como tecnica de comunicacao verbal, como

tecnica de orat6ria, como parte da necessidade

humana de cornunicacao, mas como materia

essencial, que esta na perspectiva da missao da Igreja

no mundo; como parte de sua obra redentora, em

Cristo.

19Por influencia dos missionarios norte-americanos usa -se

"evangelismo" em lugar de Evangelizacao, sem nenhuma

con~iderayao aos nossos dicionarios, Evangelismo e a doutrina, a

teona sobre ° Evangelho (conceito estatico). Evangelizacao e a

tecnica, a pratica, a acao de comunicar ° Evang elho (conceito

dinamico),

4 8 H orn ile tic a - A E lo qO e nc ia d a P re ga ya o 49

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Quando Socrates reivindicou a subordinacao da

Retorica a Filosofia, na verdade ele estava sugerindouma subordinacao a Teologia, pois a sua concepcao-de verdade (pela qual estava pronto a morrer) nao era

apenas logica ou ontologica, mas teologica. 0 seu

filosofar nao era uma imposicao apenas da Etica ou daMetafisica, mas da Teologia. Eis as suas palavras:

"Por determinacao divina, vinda nao so atraves do

oraculo, mas tambem de sonhos e de todas as vias

pelas quais 0 homem recebe ordem dos deuses".20

A Homiletica so tern valor, como retorica

crista, quando subordinada a Teologia Crista. Por

isso, ela deixa de ser apenas urn estudo de tecnicas

para se tomar numa arte objetiva, a servico de uma

filosofia de vida, de uma mensagem cspecifica, de

uma Teologia. A Homiletica nao se preocupa so com

a forma da comunicacao, mas tambem com 0 seu

conteudo. 0 pregador nao e aquele que so sabe

comunicar, mas que tern, em primeiro lugar, 0 que

comunicar. Ele se preocupa nao so com a forma da

comunicacao, mas especialmente com a exatidao e

fidelidade em faze-lao0 pregador e urn comunicador

comprometido com a sua mensagem. Por isso, eleprecisa ter nao so urn so lido conhecimento de

Homiletica, mas especialmente de Teologia e de

cultura geral.

E essa perspectiva teol ogica da pregacao que

faz com que 0 pregador se sinta motivado a pregar.

Ele sabe que foi chamado por Deus para essa missao.

Sabe que Deus esta nele, pelo Espirito Santo, para

usa-lo nessa tarefa. E sabe que sua tare fa e tao

importante e insubstituivel que ele jamais se furtara

ao privilegio de executa-lao "Ai de mim se nao

anunciar 0 Evangelho" (lCo 9.16-27).

2°Defesa de Socrates em "Dialogos"; de Platao.

Homiletica - A Eloqusncia da Preqacao 51

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CAPITULO VI

HOMILETICA E, . . .

EVANGELIZA<;AO

A palavra evangelho pode ser entendida sob

quatro aspectos: 1) Etimologico. E uma composicao

grega formada do eu, bern e angelia, mensagem; boa

mensagem, boa noticia, boa nova; 2) Politico. E a

mensagem anunciada por urn arauto especial do rei

(2Sm 18.19-33, especialmente 0 verso 27). 3)

Teologico, E uma mensagem de paz e salvacaoenviada por Deus, sobre 0 Rei Jesus, aos suditos do

Rei dos Ceus.'" e 4) Literario. E urn livro de

memorias sobre Jesus, que mostra ser ele 0 Cristo, 0

Rei. Neste sentido, ha quatro livros considerados

como tais, em nossa Biblia,

Tomando 0 terceiro sentido (0 teologico),

podemos dizer que a evangclizacao e 0 ato ou efeito

de comunicar 0 Evangelho.v'

E, como nao tern havido muita precisao no usa

da terminologia da evangelizacao, vamos tentar uma

pequena analise:

A evangelizacao pode ser:

1. INDIVIDUAL, quando 0 evangelista fala

particularmente ao individuo.

21Nesse sentido, toda a Biblia se toma "evangelho22Idem, p.46

52H orn ile tic a - A E lo qu en cia d a P re qa ca o 53

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2. COLETIVA, quando 0 evangelista prega a

urn grupo de individuos, a uma coletividade. Neste

caso, a Biblia 0 chama de pregador.

A evangelizacao individual ou coletiva podem

ser:

do individuo e que exige tecnicas e habilidades

especiais. A Homiletica esta diretamente ligada aEvangclizacao Coletiva. Sua tarefa e preparar

pregadores para que evangel izem grupos de pessoas e

rnultidoes.

A Evangelizacao Coletiva, entretanto, nao secircunscreve apenas a pregacao , Ela e mais

abrangente e envolve mais do que pregadores. A

Evangelizacao Coletiva compreende recursos

financeiros, tecnicas, equipamentos e materiais

adequados. Ela exige muita gente, organizacao,

esforco concentrado e senso de equipe.

a. PESSOAL, quando 0 evangelista esta

presente (ao vivo) e fala ou prega a seu ou seus

assistentes (Na rua, praca, conducao, templo,

auditorio, estadio, correspondencia etc.).

b. IMPESSOAL, quando 0 evangelista esta

ausente e e substituido por veiculo ou midias que 0

representem. (Filmes, diafilmes, diapositivos {slides},

fitas cassete, discos, jomais, revistas, livros, folhetos,

circulares etc.)

Por outro lado, a evangelizacao individual oucoletiva pode ser tambem:

e) DIRETA, quando 0 evangelista se dirige

pessoal e diretamente a seu ou seus assistentes.

Exemplo: 0 evangelista que aborda uma pessoa na

rua ou 0 pregador que prega na praca ou no pulpito.

f) INDIRETA, quando 0 evangelista se dirige

pessoalmente a seus assistentes ou ouvintes, mas

atraves de veiculos de comunicacao instantanea, comoo radio e a televisao,

APLICA<;AO

1.0 evangelista que aborda uma pessoa na rua,

em casa, discos, fitas e livros.

Diante dessa analise, deduz -se que a

Homiletica, sendo a arte de falar em publico, nada

tern a ver com a Evangelizacao Individual, que cuida

H om ile tic a - A E lo qu em c ia d a P re ga ga o 55

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CAPiTULO VII

r

HOMILETICA,"

HERMENEUTICAEEXEGESE

A Hermeneutica e a Exegese sao duas

disciplinas fundamentais para a Homiletica. A

primeira the oferece as tecnicas de pesquisa. A

segunda, as tecnicas de exposicao. Isto porque:

1. A Hermeneutica e a ciencia da

lnterpretacao textual23

Ela se divide em Hermeneutica Hist6rica, que

estuda as formas de interpretacao, havidas no decorrer

da hist6ria e a Hermeneutica Normativa, que

estabelece as regras da interpretacao, Esta depende da

Filologia, da Gramatica, da Psicologia, da Hist6riaetc.

Ha duas maneiras erradas de se conceituar a

Hermeneutica uma e considera-la apenas como uma

tecnica, isto e, como urn conjunto de regras de

23Do grego exegese, exposicao, Do verboexago, tirar para

fora, conduzir, expor. CONCEI(:AO, A. A. Introduciio ao Estudo da

Exegese Biblica, CPAD, 1990, p. 112.. RM-JECKER,- Fritz IROGERS, Cleon. Chave Linguistica do Novo Testamento Grego, ,

Vida Nova, 1979, p. 639.

56H om tle tic a - A E lo qO e nc ia d a P re ga ga o 57

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interpretacao textual; outra, e confundi-Ia com a

Exegese.

A Hermeneutica nao e apenas uma tecnica de

interpretacao baseada num conjunto de regras. Ela e

uma ciencia que tern fundamentacao racional, que tern

sua mane ira peculiar de acao e que tern seusobjetivos. Ela pode ser considerada como uma ciencia

especulativa, que busca 0 saber pelo saber, e que poe

o seu produto a disposicao de outras ciencias ou artes.A finalidade da Hermeneutica e dar a urn texto a suainterpretacao correta. 0 resultado de uma operacao

hermeneutica, a licao final, nao pode ser desvinculado

de seu processo e de seus principios.

A Homiletica depende da Hermeneutica porque

a pregacao crista se fundamenta num documento

textual: a Biblia Sagrada. A interpretacao correta dos

textos sagrados, pois, e essencial a pregacao. Se a

Homiletica e a arte de pregar 0 Evangelho, entao, e

atraves da Hermeneutica que podemos saber 0 que e 0

Evangelho e se 0 que estamos pregando, realmente e

Evangelho, pela Homiletica ficamos sabendo como

prega-Io.

Homiletica sem Hermeneutica e trombeta desonido incerto (lCo 14:8). Homiletica, tambern,

depende muito da Exegese.

2. A Exegese " e a arte de expor uma Ideia

[Exegese do grego ek + egeomai, penso,

interpreto, arranco para fora do texto.] ,

E a pratica da hermeneutic a sagrada que buscaa real interpretacao dos textos que formam 0 Antigo e

o Novo Testamento. Vale-se, pois, do conhecimento

das linguas originais (hebraico, aramaico e grego), da

confrontacao dos diversos textos biblicos e das

tecnicas aplicadas na linguistica e na filologia.

EXEGESE ESTRUTURAL - [Disposicao

intema de uma construcao]. Doutrina que sustenta

estar 0 significado do texto biblico alem do processode composicao e das intencoes do autor. Neste

metodo e levado em conta as estruturas e padroes do

pensamento humano. Noutras palavras: 0 cerebro e

guiado por determinadas estruturas e padroes, alem

dos quais nao podemos avancar,

Todavia nao podemos nos esquecer deste alerta

consolador de Paulo: "Temos a mente de Cristo". E,

se a temos, 0 Espirito Santo revela-nos 0 que a nossamente e incapaz de entender.

EXEGESE GRAMATICO-HISTORICA -

Principio de interpretacao biblica que leva em conta

apenas a sintaxe e 0 contexto historico no qual foi

composta a Palavra de Deus. Tal metoda acaba por

24Do grego exegese, exposicao. Do verbo exage, tirar para

fora, conduzir, expor.

58 H om ile tlc a - A E io qu en cia d a P re ga 9a o 59

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tirar da Biblia 0 seu significado espiritual. Nao se

pode ignorar as verdades que se acham escondidas

sob os simbolos e enigmas das porcoes escatologicas

e apocalipticas do Livro Santo. Na interpretacao da

Biblia, nao podemos esquecer nenhum detalhe. Todos

sao importantes.

Por isso, precisamos ter urn pouco mais de

cuidado quando vamos nos referir a exegese feita por

alguem, Estamos nos referindo a sua forma expositivaou ao conteudo de sua exposicao? Se for, estamos nos

referindo a urn exegeta mais do que ao conteudo,

precisamos saber quem e0

hermeneuta. Nem sempreo exegeta e 0 hermeneuta, por isso, nem sempre ele e

o responsavel pela interpret acao exposta.

o uso da palavra exegese, so pode ser admitidoem lugar de hermeneutica, quando esta implicita

naquela, isto e, quando ele expoe ideias que ele

mesmo pesquisou; quando ele e 0 veiculador de sua

propria interpretacao.

EXEGESE TEOLOGICA - Principio de

interpretacao biblica que toma por parametro as

doutrinas sistematizadas pelos doutores da Igreja.

Neste caso, a Biblia e submetida a doutrina. Mas

como esta nem sempre encontra -se isenta de

interpretacoes parcimoniosas e tradicoes meramente

humanas, corre-se 0 risco de se valorizar mais a forma

que 0 conteudo. 0 correto e submeter a dogmatic a aocrivo da infalibilidade da Palavra de Deus.

A Homiletica recebe conteudo, quando 0

pregador se esmera no uso da Hermeneutica e ganha

na forma, quando ele se aplica a Exegese .Como podemos observar, a Hermeneutica e a

Exegese tern sentidos opostos de acao. Enquanto que

a Hermeneutica e busca, pesquisa, interpretacao, a

Exegese e doacao, e transmissao, e comunicacao, eexposicao. Urn hermeneuta nao e necessariamente urn

exegeta. E, isso, pode ser demonstrado pela expressao

proverbial: "0 professor e urn cranio, uma sumidade

na materia, mas nao sabe ensinar". Por outro lado, urn

exegeta nao e necessariamente urn hermeneuta. Ele

pode se valer de pesquisas ou de interpretacao de

outrem. Na literatura cientifica, na ficcao e no

jomalismo, grandes exegetas se louvam nos trabalhos

dos grandes hermeneutas (pesquisadores orig inais).

H or nlle tic a - A E lo qO e nc ia d a P re ga ga o 61

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CAPITULO VIII

,

HOMILETICA,

TEXTO E CONTEXTO

A palavra texto vern do latim textus (do verbo

texere, trancar, tecer) e significa aquilo que esta

tecido, trancado, entrelacado, interl igado.

Na literatura, texto e 0 conjunto de palavras

escritas que, relacionadas entre si exprimem uma

ideia, urn pensamento.

Em sentido amplo, texto e tudo 0 que esta

escrito. Em sentido restrito, texto e apenas uma

porcao escrita que se quer considerar. 0 texto pode

ser apenas uma palavra, uma oracao , uma frase ou urn

periodo curto ou longo. Assim, a parte tomada como

texto faz com que tudo 0 mais (que esta escrito, antes

ou depois), the seja contexto.

o contexto pode ser antecedente ou

consequente, proximo ou remoto, conforme suaposicao e distancia do texto.

o contexto pode ser tambem intemo (ao redor

do texto que se esta considerando) ou extemo (fora

dele). Neste ultimo caso 0 contexto pode ser histor ico,

social, psicologico, cultural etc.

Assim, se tomarmos a Biblia como texto, tudo

o mais que a circunda (historia, literatura, linguistica,

arqueologia, geografia etc.) e seu contexto. E neste

sentido que dizemos que" a Biblia e 0 livro -texto do

62 H or ni le fi ca - A E lo q ue nc ia d a P re q ac ao 63

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pregador ". E isso nao quer dizer que 0 pregador seja

"homem de urn livro so" ou que ele deva ignorar 0

universo contextual da Biblia.

Mas a Biblia nao e apenas "urn livro". Ela euma colecao de livros, uma biblioteca, contendo 66

livros. Tornados individualmente, cada livro passa a

ser urn texto, enquanto que os demais pass/ a the ser

contexto. Por outro lado, cada livro esta dividido em

capitulos (unidades de assunto) e versiculos (unidades

gramaticais); e cada versiculo em oracoes e palavras.

Cada unidade textual que for tomada para uma

consideracao particular, passa a ser texto, enquanto

que as demais porcoes textuais (antecedentes,

consequentes, proximas ou remotas) passam a ser

contexto.Os autores de obras homileticas tern se

preocupado em classificar os sermoes segundo a

porcao textual que e considerada. Assim, chamam de

"sermao textual", 0 sermao cujos argumentos estao no

proprio texto; de "Sermao expositivo" 0 sermao que

se propoe a analisar urn fato historico -textual; e de

"sermao de topic os" 0 sermao que so tern 0 tema

tirado do texto e os argumentos sao livres (da

iniciativa do pregador) Ve-se que 0 "sermao de

topicos" e apenas uma variante do "textual".Julgamos essa classificacao ociosa (porque

artificial) confusae prejudicial. Quem prega, sabe que

urn texto pode ter a mais variada forma de utilizacao e

que urn sermao pode ter a mais divers a forma de

disposicao. Qualquer classificacao e restritiva e tira

do pregador (ao menos enquanto estudante de

horniletica) a oportunidade de conhecer as imimeras

outras altemativas de composicao h omiletica.

Dissemos "enquanto estudante" porque logo

que a pessoa comeca a pregar ela descobre 0 imenso

leque de altemativas do uso textual e da disposicao do

sermao. Toda a classificacao aprendida e relegada ao

esquecimento. Dizemos tambem que essa

classificacao e confusa. Isto porque todos os sermoesbiblicos sao textuais, pois sao todos baseados em urn

texto; e sao todos sermoes expositivos, porque cada

sermao e uma exposicao; e sao todos de topicos, pois

toda a argumentacao de urn sermao e feita em topicos.Alguns chamam 0 sermao de topicos de tematico. 0

absurdo e maior porque todo sermao se baseia num

tema. E por isso dizemos que tal classificacao eprejudicial. Perde-se muito tempo para se aprender

uma coisa que e artificial, restritiva, redundante e

inutil, particular. E verda deira perda de tempo que se

tern nesse sentido.

Veja 0 capitulo seguinte sobre Horniletica e

Tipos de Sermoes.

H o rn ile tic a - A E lo q ue nc la d a P re q ac ao 65

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CAPITULO IX

,

HOMILETICA

E TIPOS DE SERMOES

Os autores de homiletica tern dedicado bastante

atencao a variedade de tipos de serrnoes que urn

pregador pode produzir. Entao surgem os sermoes

evangelisticos, doutrinarios, exortativos, confor-

tativos, avivalisticos, inspiracionais, devocionais,

nupciais, natalicios, fiinebres, civicos, etc.

A rigor so ha urn tipo de sermao quanta ao seuconteudo: 0 doutrinal, pois todos os sermoes so tern

urn proposito: enfocar uma doutrina.

o que se observa, entretanto, e que, emborafocalizando uma doutrina, 0 sermao pode ser dirigido

a dois tipos de ouvintes (crentes e nao crentes) e em

circunstancias e situacoes diferentes. Assim, os

sermoes sao essencialmente:

1.Doutrinas ou doutrlnarlos

Doutrinas ou doutrinarios, quando enfocam

uma doutrina e sao dirigidos aos crentes, visando

exclusivamente 0 ensino da Palavra de Deus a fim de

que ela seja conhecida, aceita e obedecida. 0 sermao

doutrinal visa sedimentar os conhecimentos e a fe dos

crentes.

66 H om ile tic a - A E lo qO e nc ia d a P re ga ga o 67

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Quando, porem, ele assume 0 tom de

exortacao, de conforto, para aconselhar, advertir ou

solidarizar, pode se tomar, entao,

doutrinario-exortativo ou confortativo.

E importante nao confundirmos sermao

doutrinario com estudo doutrinario. Eles se

diferenciam pela postura (em pe ou sentado), pela

forma expositiva (literaria ou didatica), pela

linguagem (social ou tecnica) e pelos recursos

visuais (expressao corporal ou equipame ntos).

convertido. E urn sermao evangelizante, feito para os

nao crentes, pode sedimentar as conviccoes dos

crentes. Por isso, 0 pregador deve pensar tambem em

crentes que estao ouvindo urn sermao evangelizante.

Assim os chamados sermoes nupciars,

natalicios, funebres, civicos 26 etc. podem ser tanto

doutrinais como evangelizantes, dependendo somenteda aplicacao (sedimentar a fe ou levar a conversao)dos destinatarios (crentes e nao crentes) e dos

resultados.

2. Evangelizantes"

Evangelizantes quando enfocam uma doutrina

e sao dirigidos aos nao crentes visando suaconversacao a Cristo. A doutrina fundamental dos

sermoes evangelizantes e a Soteriologia, quando se

procura viabilizar 0 Plano de Salvacao para os

pecadores. Qualquer sermao se toma evangelizante

quando resulta em pessoas convertidas a Cristo.

Por isso, os sermoes doutrinais ou

evangelizantes podem ser diretos ou indiretos quanta

a apropriacao pelo ouvinte. Urn sermao doutrinal,

feito exclusivamente para crentes, pode resultar em

conversao, se houver urn ouvinte ainda nao

25Consagrou-se 0 usa do termo evangelistico, sem nenhuma

consideracao a gramatica. Ha que se distingue evangelistico de

evangelizante. 0 termo evangelistico apenas situa uma relacao com 0

Evangelho. Evangelizante, entretanto, indica urn proposito, urn

objetivo, uma intencao deliberada. 0 sermao evangelizante se

caracteriza nao so pela sua relacao com 0 Evangelho, mas pelo seu

empenho em salvar os p ecadores.

26Parenese e 0 nome que se da a urn sermao oficial, feito

para uma ocasiao especial.

H om ile tic s - A E lo qO en cia d a P re ga c;:a o 69

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CAPITULO X

,

HOMILETICA E CULTURA

Cultura e urn modo de ser de urn povo. A

ciencia que se preocupa com a cultura chama -se

Etnologia.

Ha uma relacao muito grande entre a

Homiletica e a Cultura.

Nao devemos nos esquecer que:

1. 0 pregador e uma pessoa oriunda de urn

contexto cultural. Ele vern sempre de urn meio de

cultura.

2. A pregacao e urn elemento de cultura. 0

pregador e urn divulgador de cultura. A pregacao e

urn fator de cultura. Cada pessoa que ouve urn

sermao, enriquece culturalmente.

3. 0 objeto da pregacao e 0 individuo, inserido

nurn rneio cultural. 0 pregador nao pode se dirigir urn

povo ignorando-Ihe a cultura.

A cultura de urn povo e fundamentada em

principios de vida e em costumes. Os principios sao

universais (aplicaveis a todos os individuos e a todas

as culturas), mas os costumes sao particulares

(proporcionais ao est agio cultural do povo).

A falta de uma compreensao desse problema e

a falta de uma definicao sobre 0 conteudo essencial da

mensa gem que 0 pregador tern que transrnitir tern

70 H o rn lle tic a - A E lo q O en cia d a P re ga ga o 71

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produzido choques de cultura e anomalias na obra

nussionana. Muitos missionanos confundem a

mensagem que devem pregar (baseada em principios)

com a sua cultura, levando aos seus destinatarios

costumes de seu povo e nao 0 Evangelho.

1 3claro que os principios universais do

Evangelho, quando aplicados na vida do individuo,

van mudar-lhe os conceitos e os seus padroes

culturais e van afetar a cultura de seu povo, mas isso

tern que ser consequencia natural, como algo que

nasce de dentro e nao como imposicao exterior,

epidermica.

o pregador tern que pregar 0 Evangelho, com

seus valores culturais e nao impor costumes como

expressoes particulares de sua cultura.Nunca devemos nos esquecer que, em certo

sentido, 0 pregador cristae e urn divulgador dos

val ores culturais da cultura hebraica, mas nao

necessariamente da cultura particular dos hebreus. A

incapacidade de distinguir os principios dos costumes

hebraic os tern levado muitos grupos religiosos a

adotarem como doutrina simples costumes particu-

lares dos judeus.Ninguem pode se considerar como pregador

cristae ignorando a cultura hebraica registrada nas

Escrituras. Tanto que a cultura teol6gica do pregador

exige conhecimentos da lingua, da literatura, da

hist6ria, da geografia e de tantos outros setores da

cultura hebraica. Tudo isso faz parte dos curriculos

teol6gicos a que damos 0 nome de cultura tecnica

ou cultura teologica.

Contudo, ao lado des sa cultura tecnica, 0

pregador precisa de uma vasta e s6lida cultura geral.

Quanto mais cultura ele tiver, mais facil e mais

eficiente sera 0 seu ministerio. 0 pregador precisa

conhecer bern 0 homem e a cultura de seu tempo: suas

ideias, seus costumes, seus problemas, seus recursos,

sua personalidade e sua psicologia.

Por isso,_0 pregador nao pode_~ont~ntar-se em

estudar apenas a sua Biblia. ,0 pregador nao pode ser

"homem de urn livro so". Mas ha muita gente que se

ufana disso. Quem afirma que 0 pregador deve

estudar s6 a Biblia revela ignorancia ou preguica

mental. Podemos ate duvidar do seu nivel intelectual e

do conteudo de seus sermoes.

o pregador precisa estar em dia com 0 seutempo, com a cultura de seu povo ou do povo a quem

ele vai ministrar. Se ele esta no Brasil, precisa

conhecer a psicologia do povo brasileiro, 0 grau de

cultura desse povo, suas aspiracoes, suas frustracoes,

o que faz, como 0 faz, 0 que pensa e 0 que pretende.

Se ele dirigir a outro pais, tera que conhecer 0 mesmo

a respeito do povo daquele pais. Precisara nao so

conhecer essa cultura, mas assimila-Ia e integrar-senela.

Para isso, 0 pregador tera que ler muito. (ser

leitor inveterado e insaciavel de informacoes), Ler

jQ.mais, revis.1asLJivrQs; ouvir radio, ver televisaQ.

_cinema,teatro; participar da comun!Q!:ldeem reunioes

s9~ult~lrllj~1 cieptificas, politicas ~g

ver, ouvir e § ~ _ n ! i r . . _ pseu povo.

Os que dizem que s6 a Biblia basta, enfrentam

duras interrogacoes: Como eles interpretam a sua

72 H orn ile tic a - A E lo qu en cia d a P re ga ga o 73

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Biblia? Que autoridade tern ao se dirigirem a urn povo

que nao conhecem?

Eles respondem: A Biblia nao precisa ser

defendida, pois Deus a tern defendido atraves da

historia, De fato, 0 Evangelho e 0 poder de Deus e

como tal e invencivel. Nao precisamos, mesrno,

defender 0 Evangelho, mas isso nao quer dizer que

estejarnos dispensados de defender as teses sobre 0

Evangelho que oferecernos ao mundo como bases de

nossas pregacoes.

o pregador que tern consciencia da relacao

Homiletica-Cultural revela ter plena consciencia de

seu papel na sociedade. Papel invulgar, indispensavel

e insubstituivel, pois 0 pregador nao e so urn

divulgador cultural, mas e tambem urn mestre, urnterapeuta e artifice de uma nova sociedade, de uma

nova cultura.

SEGUNDA PARTE

PREPARO E

EXPOSICAO DO SERMAO

CAPiTULO XI

OS ELEMENTOS BAsICOS-

DOSERMAO

Todo discurso grra em tomo de quatro

elementos principais:

1. 0 motivo

o motivo que leva 0 orador a se por para falar

(saudacao a urn visitante, a urn aniversariante,

inauguracao de uma obra, analise de urn fato social,politico ou religioso). A isso se da 0 nome de tema.

2. A maneira pessoal do orador

A maneira pessoal do orador enfocar esse

motivo se da 0 nome de tese.

74 H or nlt et lc a - A E lo qO e nc ia d a P re ga c; ao 75

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3. A coisa que vai falar

1. TiTULO

o conteudo de sua fala; os seus argumentos;

as suas ideias. A isso se da 0 nome de a ssunto.

4. A forma de falar

A palavra titulo vern do grego titlos (atraves do

latim titulus. (Jo 19.19).

,Na Homiletica, tituloe_Qtl0me do ser.maQ,

posto em destaque, para ele ser identificado como

uma peca literaria completa.disposicao das varias partes que constituem

o discurso.

Desde sua origem, com Corax na Grecia , os

mestres de Oratoria tem-se preocupado mais, com

esta ultima parte do sermao do que 0 porque dessas

partes e suas interrelacoes, tern sido a nota dominante

dos mestres de Homiletica.

Mude-se, desta feita, 0 enfoque da materia. Aanalise que se fara das partes do sermao visa mais

definir a razao de ser de cada uma e sua relacao com

as demais, do que apenas definir sua localizacao no

conjunto do sermao.

Q sermao e uma peca literaria que se compoe,

normalmente, de oito partes: 0 titulo, 0 texto, 0 tema,.a introdu9aq-L._'.lJe~~",_.:_~umenta..£~o ou assunto, a

conclusao e oapelo.

. E necessario conceituar cada uma dessas partes

nao so para que 0 pregador tenha delas conhecimento,

mas para que sabendo 0 seu verdadeiro significado, as

use com precisao e nao caia nas armadilhas da

confusao reinante.

Tal conceituacao e importante , tambem, para

que 0 leitor acompanhe as colocacoes que faremos no

decorrer desta obra.

2. TEXTO

A palavra texto vern do latim textus, tecido (do

verbo texere, trancar, tecer) refere -se a tudo 0 que esta

tecido. Na Literatura, texto e tudo 0 que esta escrito.

E, na Homiletic~_!_~;xtq_~_P_QJ."Y_~Q_Q!Q!i~~_qllese tomac.omobase para urn sermao. 0 Texto pode ser apenas

.uma palavra, uma 2r~a(), uma frase ou urn periodo

(curto ou longo).

3. TEMA

A palavra tema vern do grego thema (do verbo

tithemi, ponho, coloco, guardo, deposito) e significf!,

.algo que esta dentro, guardado, depositadq. A palavra

latina que a corresponde e assunto (assumptus,

tornado, recebido, guardado, depositado).

Embora sinonimas, se estabelece, para fins

exclusivamente didaticos, uma pequena diferenca

entre elas. Para nos, tema vai ser apenas 0 nome do

assunto (sobre 0 qual se fala) ou a sintese do conjunto

deles; enquanto que 0 assunto, propriamente dito, vai

ser a argumentacao (0 que se fala) ou 0 bloco de

76Hornl letica - A Eloquencia da Preqacao 77

nao so os argumentos, mas a razao de ser do proprio

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argumentos que 0 pregador pode reunir em favor de

sua tese.

Encarecemos a atencao do leitor para essa

diferenca para poder nos acompanhar em nossa

exposicao.

sermao, por isso vamos considera-la como 0 assunto

propriamente dito. 0 assunto, pois (para nos) vai ser a

parte do sermao restrita a argumentacao.

7. CONCLUsAo

4. INTRODUC;Ao OU EXORDIOA conclusao e 0 desfecho final do sermao, Nela

o pregador deduz, de sua argumentacao, todas as

verdades praticas, que podem ser aplicadas a snecessidades dos ouvintes. Por isso a conclusao e urnresumo do que se disse e uma aplicacao pratica (em

nivel teorico) das verdades enunciadas.

A introducao e a parte inicial do sermao. Nela,o pregador inicia seu relacionamento com seu

auditorio tendo em vista a apresenta9ao de uma

proposta para a discussao de um tema:_

5. TESE

8. APELOA palavra tese vern do grego thesis (do verbo

these, que tern 0 mesmo significado de tithemi,

explicado no item 3). Por urn processo semantico, tese

passou a ser uma proposicao, isto e , uma declaracaoem forma de proposta para discussao ou analise de urn

tema.

A tese, como uma declaracao, pode ser

afirmativa, negativa ou interrogativa.

o apelo e urn convite do pregador para que

seus ouvintes se manifestem publicamente sobre 0

sermao que ouviram. Enquanto que a conclusao e urnconvite a mente, a inteligencia, para que a pessoa se

decida subjetivamente, 0 apelo e urn convite a

personalidade integral da pessoa, para que se decida

objetiva e publicamente.

6. ARGUMENTAC;Ao OU ASSUNTO

A argumentacao e 0 conjunto de fatos, de

ideias, de provas ou de argumentos arrolados pelo

pregador como resposta a proposta de discussao

contida em sua tese.

Na Homiletica, essa parte e a mais importante

do sermao, pois e ela que the da conteudo, Nela estao,

H or nlle tic a - A E lo qO e nc ia d a P re ga l{ ao 79

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CAPiTULO XII

o PREPARO DO SERMAO

Ha duas fases no preparo de urn sermao. A

primeira, quando se pesguisa e se coleta 0 material a

ser usado. A segunda, quando se disp5e ou s~

esquematiza esse material para a exposicao~

Este capitulo trata da primeira fase. 0

proximo tratara da segunda.

Nenhum pregador pode ter exito em seu labor

homiletico se nao se preparar convenientemente para

com ele. Cada sermao tern que ser 0 produto de urn

cuidadoso preparo. Alem do preparo espiritual, que se

exige de urn mensageiro de Cristo, os seguintes

elementos de seu sermao deve merecer urn preparo

especial.

1.0 TEXTO

o texto, como ja vimos, e tudo 0 que estaescrito, e na Homiletica e a porcao biblica tomada

como base do sermao.

a. Vantagens do texto

Ha dois extremos, quanto ao uso do texto, que

o pregador deve evitar: 0 desprezo pelo texto (sem

base biblica) e 0 usa do texto como pretexto (sermao

com aparente base biblica),

80 Hom usnca - A E lo q ue nc ia d a Preqacao 81

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o uso inteligente do texto sagrado, no sermao,oferece as seguintes vantagens ao pregador:

b. E fonte inesgotavel de temas, teses e de

assuntos.

c. Seus temas sao os que mais atraem os

ouvintes porque tratam especificamente de seu

interesse mais profundo.

d. Da seriedade a pregacao .

e. Garante uma atencao natural dos ouvi ntes.

f. Da autoridade ao pregador.

g. Divulga 0 conteudo das Escrituras, levando

o povo a conhecer a Palavra de Deus.

h. Estimula 0 uso da Biblia no culto.

i. Ensina 0 povo a interpretar a Palavra de

2. COLETA DE TEXTOS

Devocionalmente, quando a lemos para saber 0 que

ela contem particularmente para nos; 3

Homileticamente, quando a lemos para saber 0 que

ela contem para os outros.

QualQll;er pessoa pode ler a Biblia

culturalmente. Os crent_es tW1 que Ie-la cQltural,

devocional e homileticamente.

o pregador e obrigado a conhecer a Biblia Rara

ter autoridade. intelectual _para__alar sobre ela. Eoprigado a se alimentar da Palavra de Deus para ter

autoridade moral e espiritual para falar sabre ela E,_e_

obrigado a descobrir nela, a mensagem que Deus lem

para os outros.

E urn perigo muito grande 0 pregadoJ (por

causa de sua constante necessidade de pregar)restringir-s.e a leitura homiletica___desua Biblia. ,Essatentac;ao tern levado muitos pregadores ao f~~c~

Rois preocupando-se muito em pregar para os outros,

esguecem-se de ouvir 0 Que Deus tern para eles. E,

)lli~_m alim~pta outros, mas nao se alimenta, mOITede

.inanis:ao.

Deus.j. Ensina 0 provo a viver conforme a vontade

de Deus.

k. Ensina 0 povo a valorizar a Palavra de Deus.

Se 0 texto e importante e fundamental para 0

sermao, entao, 0 pregador precisa dispor,

continuamente, de uma quanti dade apreciavel de

texto, que atendam a sua necessidade constante de

pregar.

Tres coisas 0 pre gad or deve fazer para

conseguir textos abundantes para os seus sermoes:

b) ANOTAR TUDO QUE TENHA

INTERESSE HOMILETICO. Ao ler a sua Biblia, 0

pregador deve anotar as ideias, indicar ou mesmo

transcrever 0 texto encontrado.

As vezes, da leitura, 0 pregador tira apenas

uma ideia. As vezes, 0 texto the oferece um tema ou

uma tese ou ate os argument os. Lido 0 que Ihe sugerir

o texto, anote. Anote tarnbem as ilustracoes.) LER CONST ANTEMENTE A BiBLIA.

Ha tres maneiras de ler a Biblia: 1 Culturalmente,

quando a lemos para saber 0 que ela contem; 2

82 H orn ile ti ca - A E lo qO e nc ia d a P re ga c; :a o 83

c) COLECIONAR ANOTA<:OES. Tenha h) Consultar 0 texto original (hebraico ou

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uma pa_sta de cartolina com a seguinte inscricao:

SERMOES EM PREPARO.

. Guarde suas anotacoes nessa pasta e sempre

que trver que pregar de uma olhada nela. Ore antes de

fazer a sua pesquisa. Ao passar por uma folha

incompleta, poderas ter novas ideias e acrescenta -las.Nao fuja a inspiracao do momento. Anote acrescente

.. "COITI]a,complete. Assim voce ira tendo muitas opcoes

para pregar e nunca se sentira vazio de mensagens.

grego). Isso lhe abrira mais a visao e lhe dara maior

seguranca quanto a traducao adotada.

i) Consultar urn born dlcionario da lingua,

nao so para entender texto, mas para expo -10. Urn

dicionario atualizado nos verbetes, na ortografia e quetenha alem do significado atual (semiologia tambem 0

seu sentido original (etimologia).

d) COMO TRABALHAR 0 TEXTO. As

seguintes providencias 0 pregador tern que tomar,

para aproveitar urn texto em seu sermao:

j) Consultar urn dicionario biblico, se 0

termo exigir conhecimentos particulares.

e) Determine a extensao do texto. Qual e a

porcao definida que vai ser usada como base para 0

sermao? 0 texto pode ser uma palavra, uma oracao,

uma frase ou urn periodo curto ou longo.

k) Consultar uma enciclopedia, se 0 termo

exigir conhecimentos historicos ou tecnicosparticulares.

I) Consultar urn comentario biblico, se 0

termo exigir uma explicacao teologica ou textual mais

profunda.

f) Interpreta-lo gramaticalmente. Descubra 0

sujeito (quem esta falando ou agindo), 0 predicado (0

que esta falando ou agindo), os complementos (0 que,

onde, como, quando, que por que, para que, etc.) asfiguras de linguagem e Iiterarias,

m) Interpreta-lo llteralmente. Quem e 0

autor, quando Traducao significa trazer de la para ca,

versao significa virar daqui para lao Quem escreveu,para quem escreveu e com que proposito? Que genero

adotou equal 0 seu estilo? Se 0 todo (a pocao

adotada) nao e completo, busque 0 contexto intemo

(as demais partes do autor nos demais livros da

Biblia).

g) Consultar outras tradueoes, Isto lhe dara

seguranca sobre qual estara mais adequada ao seu

tema ou a sua forma de exposicao,

84 H o m ile tic a - A E lo q O en cia d a P re ga ga o 85

Consulte OS textos paralelos indicados nas EXEMPLOS DE COMO USAR UM TEXTO

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referencias de rodape da Biblia, ou num

versiculario.r"

n) Interpretar culturalmente. As vezes 0

texto se toma mais claro e mais rico com uma busca

ao contexto extemo, isto e, it Historia, it Geografia, it

Arqueologia, it Filosofia, etc.

Texto 1: Gn 12. 1-5. (Abra a sua Biblia. Leia 0

texto indicado e analise-o, segundo 0 roteiro do item

anterior). Veja 0 que descobrimos. Tema: chamada de

Abraao. Tese: por que lave chamou Abraao?

(deduzida do texto). Assunto: l.Para que saisse de

sua terra e fosse para uma nova terra; 2. Para que se

tomasse 0 pai de uma grande nacao; 3. Para que fosse

abencoado e se tomasse uma bencao.

Conclusao: Abraao fez 0 que lave lhe

ordenara.

Note que lave (transliteracao modema da

forma primitiva Yahweh, erradamente transliterada

por Jeova e que as nossas Biblias traduzem porSenhor) e 0 nome pessoal do Deus dos hebreus. Note

tambem que 0 tema e a tese foram deduzidos do texto,

e que os argumentos que constituem 0 assunto do

sermao, e a conclusao encontram -se no texto; e que

todos estao em consonancia com a tese.

0) Destacar 0 tema. Qual e 0 nome geral que

se pode dar a tudo 0 que contem 0 texto? Veja na

frente como identificar os temas de urn texto.

p) Identificar ou elaborar uma tese. Se a tese

nao estiver expressa no texto, 0 pregador tera queelabora-la. Veja mais na frente urn estudo completo

sobre a tese.

q) Identificar ou elaborar os argumentos que

respondam a tese. Veja a explicacao sobre

argumentacao,

r) Destacar a conclusao, Qual e 0 desfecho do

fato narrado; 0 que resultou ou qUaIS as

consequencias?

Texto 2: Ex. 20.l-17. (Leia-o em sua Biblia).

Tema: DezMandamentos. Tese: Quais sao os dez

mandamentos? Assunto: 1) Eu sou 0 Senhor teu Deus

... Nao teras outros deuses ( ...) 2) Nao faras para ti

imagens ... ; 3) Nao tomaras 0 nome do Senhor em

vao ... ; 4) Lembra-te do dia do sabado ... ; 5) Honra

teu pai ... ; 6) Nao mataras; 7) Nao adulteraras; 8) Nao

furtaras; 9) Nao diras falso testemunho; 10) Nao

cobicaras.7Versicuhirio -Neologismo do autor para a colecao de

versiculos, classificados por verbetes, em ordem alfabetica e na

ordem em que se encontram na Biblia, conhecida como Concordancia

(0 que nao e) ou Chave Biblica (metafora que nao diz 0 que e).

86H or nile tic a - A E lo qO e nc ia d a P re ga g8 .o 87

Texto 3: Ex.: 20.1-3. Tema: Primeiro cardeal. 1 Quando for pregar, 0 pregador lera 0 texto

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Mandamento. Tese: Em que consiste 0 primeiro

. mandamento? Assunto: 1) Na identidade pessoal de

Deus (Eu sou lave teu Deus); 2. Na identidade

funcional de Deus (Eu te tirei da terra do Egito); 3. Na

exclusividade existencial de Deus (Nao teras 0utros

deuses).

Note que esse texto e uma cxtensao menor do

indicado no item 2.

todo, mas destacara ° v 21 para fundamentar a sua

tese e 0 seu assunto. Note tambem que 0 primeiro

argumento se baseia na etimologia do nome Jesus

(composto hebraico de lave e Oseias = Josue).

Texto 4: Mt 1.18-25. Tema: Concepcao de

Jesus. Tese: Como foi Jesus concebido? Assunto: 1.

Maria esta casada com Jose; 2. Antes de coabitarem,

Maria se achou gravida; 3. Jose, para nao infamar

Maria, tentou abandona-la; 4. Jose teve urn sonho: aconcepcao era do Espirito Santo e 0 menino seria 0

Salvador do mundo.

Conclusao: Jose recebeu Maria gravida e nao

teve relacoes sexuais com ela ate que nascesse 0

menino, que recebeu 0 nome de JESUS.

Note que esse texto fala mais da concepcao e

da gestacao do que do nascimento.

Texto 6: Mt 2.1-12. Tema: A visita dos magosa Jesus. Tese: 0 que fizeram para visita-lo? Assunto:

1. Foram do oriente para Jerusalem; 2. Perguntaram

aos moradores da cidade; 3. Provocaram 0 interesse

do rei, que convocou os sacerdotes e escribas para

localizarem 0 rei-nascido; 4. Foram chamados ao

palacio e incumbidos de uma missao secreta; 5.

Seguiram a estrela ate Belem; 6. Encontraram 0

menino e the prestaram honras reais; 7. Foramavisados, em revelacao, que nao 0 entregassem a

Herodes. Conclusao: Encontraram 0 Rei dos Judeus e

voltaram para a sua terra por outro caminho.

Texto 5: Mt 1.18-25. Tema: Jesus. Tese: Por

que 0 filho de Maria recebeu 0 nome de Jesus?

Assunto: Porque Jesus significa "Salvacao de lave";

2. Porque a sua missao seria "salvar 0 seu povo dos

seus pecados"; 3. Porque essa missao concretiza 0

predito sobre Emanuel (Deus conosco). Conclusao:

Tudo isso aconteceu.

Note que na indicacao do texto, 0 verso 21 esta

entre parentesis. Isso para mostrar que ele e 0 texto

Texto 7: Mt 2.1-12. "Tema: A Visita dos

magos a Jesus. Tese: Porque os magos visitaram

Jesus? Assunto: 1. Porque viram uma estrela no

oriente; 2. Porque essa estrela indicava 0 nascimento

de urn rei entre os judeus; 3. Porque eles queriam

honra-lo.

Note que 0 mesmo texto, com 0 mesmo tema,

comportou uma tese diferente.

Texto 8: Mt 2.1-12. Tema: Os magos e suas

"revelacoes", Tese: Que revelacoes receberam os

magos? Assunto: 1. De uma estrela no oriente: 2. Das

88 H or nile tic a - A E lo q Oe m cia d a P re ga c; ao 89

Escrituras em Jerusalem; 3. De Deus mesmo, em cabelos). Conclusao: seja 0 seu falar: sim, sim; nao,

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Belem.

Note que 0 mesmo texto, deu outro tema e tese

diferentes.

nao, pois 0 que passa disso vern do maligno.

Texto 9: Mt 5.l-13. Tema: As Bem-aven-

turancas, Tese: Quais sao as bem-aventurancas?

Assunto: 1. A que se refere aos humildes de espirito;

2. A que se refere aos que choram; etc.

Conclusao:

o reino dos ceus e daqueles que estao

dispostos a sofrer tudo neste mundo por causa dele.

Texto 12: Mt 6.5-15. Tema: Oracao. Tese:

Como devemos orar? (deduzida do texto) Assunto: 1.

Nao como os hipocritas que oram para os homens

(por ostentacao), mas como os crentes sinceros, que

oram para Deus (vs. 5-6); 2. Nao como os gentios que

fazem longas oracoes, mas como crentes, que f alam

com objetividade e precisao (v.7 -8); 3. Nao decorando

as palavras (rezas), mas entendendo e sentindo cada

palavra (v 9-13). 4. Sabendo que a oracao e

condicionada ao relacionamento com 0 proximo (v

14-15).exto 10: Mt 5.l-l3. (3). Tema: A Felicidade

dos Pobres de Espirito. Tese: Por que os pobres deespirito sao felizes? Assunto: l. Porque a palavra

"bem-aventurado" quer dizer "feliz"; 2. Porque 0

pobre de espirito e alguem que sofre neste mundo por

causa do reino dos ceus; 3. Porque dos pobres de

espirito e 0 reino dos ceus. Conclusao: 0 pobre de

espirito e feliz porque dele e 0 reino.

Note que a extensao do n" 9 foi limitada aqui

para permitir uma abordagem especifica sobre uma

das bem-aventurancas (a primeira).

Texto 13: Lc 9.57-62. Tema: Dificuldade do

Discipulado Cristae. Tese: Por que era dificil ser

discipulo de Jesus? Assunto: 1. Porque nao havia

estabilidade (vs. 57-58); 2. Porque nao podia ter

compromissos familiares (vs. 59 -60); 3. Porque nao

podia manter relacoes familiares (v 61-62)

Conclusao: Quem se preocupava com 0 lugar onde ia

dormir, com os compromissos com 0 mundo ou nao

queria se desprender dos parentes, nao podia ser

discipulo de Jesus.

Texto 11: Mt 5.33-37. Tema: Juramento a

Deus. Tese: Jesus condena 0 costume judaico de jurar

pelas coisas sagradas. Assunto: 1. Nao jurar pelo ceu ,

porque e 0 trono de Deus; 2. Nao jurar pela terra

porque e 0 estrado de seus pes; 3. Nao jurar pela

propria cabeca (oferecendo -a como fianca), porque

ela nao e sua (nao pode nem mudar a cor dos

Texto 14: Jo l.6-13. Tema: Filhos de Deus.

Tese: Quem sao os verdadeiros filhos de Deus?

Assunto: 1. Nao sao os que nascem do sangue; 2.

Nem os que nascem da vontade da carne; 3.Nem os

que nascem da vontade do homem; 4. mas, os que

nascem de Deus mesmo.

9 0 Homiletica= A EloqOencia da Prega9ao 91

mais complicado pois temos que explicar 0 seu

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Texto 15: Rm 10.13.. Tema: Metodo da

Salvacao. Tese: Como 0 homem se salva? Assunto: 1 .

Pela invocacao (chamada = conversao ); 2. Pela

invocacao do Senhor (0 nome representa a pessoa); 3.

Pela invocacao so do Senhor (unico que salva),

Conclusao: Qualquer pessoa pode ser salva (todos osque invocarem 0 Senhor).

Note que alguns textos ofere cern todos os

elementos necessarios a urn sermao. Quando isso

acontece os mestres dao a esses sermoes 0 nome de

"textuais" porque se fundamentam no texto. Achamos

essa classificacao inadequada, pois: 1. Todos os

sermoes biblicos sao textuais, visto que t odos se

baseiam num texto das Escrituras; 2. Nem t odos ostextos biblicos se prestam a esse tipo de exp osicao; 3.

A maioria dos chamados "sermoes textuais" nao

passam de simples "estudos biblicos".

conteudo, 0 tema e 0 assunto a ser discutido. A tese ea forma como 0 tema vaiser discutido. E, 0 assunto ea discussao do tema como indicado pela tese.

.No presente topico, vamos mostrar como efacil achar temas na Biblia, mas quando quando

tratarmos do assunto iremos ver como as coisas vaomudar de figura.

Tipos de temas

o tema pode ser quanta a sua expressao:1. Simples, quando se refere a urn assunto. Ex.

Deus _ Amor _ Jesus _ Sacrificio _ Pecado _ Perdao _

Zaqueu - Salvacao - etc.

2. Composto, quando se refere a dois ou mais

assuntos. Neste caso a ligacao dos assuntos se faz por:

Texto 16: Jo 4.31-42. Tema: A comida de

Jesus. Tese: Qual era a comida predileta de Jesus?

Assunto: 1 . Fazer a vontade de Deus; 2. Completar a

obra de Deus.

3. Coordenacao, quando os assuntos sao

independentes. Ex.: Deus e Jesus - Amor e Sacriffcio _

Pecado, Sacrificio e Perdao Salvaca« ou

Condenacao - etc.

3. 0 TEMA 4. Subordtnacao, quando os assuntos sao

interdependentes. Ex.: Amor de Deus - Deus e Amor -

Sacrificio de Jesus - Perdao de Pecado - Pecado de

Zaqueu - Salvacao Divina etc. Note como os temas

compostos por subordinacao sao mutuamente

restritivos. Eles fazem com que 0 senti do de urn se

subordine ao do outro. No primeiro exemplo, 0 tema

AMOR perdeu 0 seu senti do geral (todos os tipos de

Se considerar 0 tema como 0 nome do assunto,

isto e , apenas como 0 nome daquilo que se vai

discutir; e 0 assunto, como a discussao em si, entao

pode-se fazer uma distincao entre 0 nome e a coisa

nomeada e perceber a diferenca entre 0 tema e tese

assunto. Ter tema e muito facil. Ter assunto e bern

9 2 H om ile tic a - A E lo qO e nc ia d a P re ga c;a o 93

amor) para se referir apenas a urn aspecto do carater varios temas" 0 tema pode ser objeto de urn livro

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de Deus. 0 mesmo acontecendo com 0 tema DEUS,

que deixou de ser geral (sua existencia, natureza,

pessoa, funcao, carater, etc.), para se limitar apenas a

urn aspecto de seu carater (amor afetivo ou efetivo).

No segundo exemplo 0 mesmo fenomeno ocorre. No

terceiro exemplo, 0 tema SACRIFICIO deixa de serqualquer de suas formas, motivos, objetos, etc., para

se restringir ao sacrificio de Jesus. E 0 tema JESUS,

deixa de ser sua pessoa, divindade, ministerio etc.,

para tratar apenas de seu sacrificio. Assim por diante.

Os temas compostos por subordinacao podem

ser mais extensos, como por exemplo: 0 Perdao dos

Peeados de Zaqueu. Note que perdao restringe

pecado e que pecado restringe Zaqueu. Ainda: JesusPerdoou os Pee ado s de Zaqueu. Assim, Jesus

restringe perdao, perdao restringe pecado e pecado

restringe Zaqueu. E vice-versa.

ou de apenas urn capitulo. 0 sub-tema pode ser urn

capitulo ou as divisoes que ele contenha.

Assim, 0 ante-tema de uma sene de

conferencias e 0 seu tema geral ou a soma do tema de

cada conferencia.

Pontes de temas

Posicao do tema

Se 0 tema e 0 nome do assunto, entao 0

pregador precisa ter muitos temas. Com efeito, 0

pregador, para ter muitos temas, precisa ler muito,

ouvir muito, observar muito e meditar muito.r" Por

isso, as suas fontes de temas serao: Leituras (livros,

revistas, jornais etc.); audicoes (conversa, discurso,

informacoes, etc.); observacoes (coisas, fatos,

pessoas) e meditacoes (reflexao, imaginacao,

criatividade).

Depois das leituras, a maior e melhor fonte de

temas e a Biblia. 0 pregador tern que ser urn

especialista na Biblia. E, para isso, ele tern que

dedicar grande parte de seu tempo em seu estudo.tema recebe nome especial segundo a

posicao que ocupa, a saber:

EXEMPLOS

Tema: quando eo nome do assunto.

Sub-tema: quando se refere a uma parte do

assunto principal. Isto, quando ha divisao do tema.

Veja quantos temas podemos encontrar em urn

versiculo da Biblia:

Ante-tema (tema geral): quando antecede a urn

tema ou a urn conjunto deles. Exemplos: 0 ante -tema

de urn livro e 0 seu tema geral, quando 0 livro aborda

28Nao confundir 0 tema com 0 titulo, conquanto 0 tema,

muitas vezes e elevado a pos icao de titulo.29Usamos a palavra meditar no sentido oriental de

contemplacao, que e parar de pensar.

9 4Homilet ica - A Eloquencia d a P re g ag a o 9 5

1. .Ioao 3.16 - Jesus amou 0 mundo de tal Amor Puro c) Mundo Condenado - Filho Unigenito,

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maneira, que deu 0 seu Filho unigenito para que todo

aquele que nele ere nao pereca, mas tenha a vidaeterna.

Regra: Procure substantivar todas as palavrasdo texto.

unica Solucao - Mundo Perdido - A Fe que Salva -

Posse da Vida Eterna - Amor Eterno - Perdicao Eterna

- Salvacao Eterna - etc.

Note que estamos falando de tema e nao de

titulo. 0 tema refere-se a uma ideia especifica, a urn

conteudo especifico, enquanto que 0 titulo e 0 nomedo sermao que pode variar conforme a tese e 0

proprio conteudo, 0 tema entretanto, pode ser elevado

a posicao de titulo, quando entao ele passa a ser 0

nome de todo 0 sermao.

Temas simples: Deus - Amor - Mundo _

Intensidade - Doa<;ao - Filho - Unigenitura _

Humanidade - Crenca - Perecimento - Posse - Vida _Eternidade.

Note que todas as ideias substantivas sao

nominativas, por isso dizemos que 0 tema e 0 nomeessencial das coisas.

Romanos 3.23 - "Todos pecaram e destruidos

estao da gloria de Deus".

Temas compostos por coordenacao: Deus e 0

Mundo - Deus e 0 seu Filho - Deus e a Humanidade _

Amor e Fe (crenca) - Fe e Vida - Vida e Morte

(perecimento) -Morte e Eternidade - Doa<;aoe Posse _

Fe, Amor e Vida - Deus, 0 Filho e 0Mundo etc.

Temas simples: Iniversalidade - Pecado -

Destituicao - Gloria - Deus.

Temas compostos por subordlnaeao: 0

Amor de Deus - A Intensidade do Amor de Deus

-Amor de Deus para 0 Mundo - 0 Maior Amor - AExtensao do Amor de Deus - 0 Mundo que Deus

Ama - A Universalidade do amor de Deus - A

Universalidade do Pecado (subentendido como a

causa do perecimento) - Amor Afetivo (que sente) _

Amor Efetivo (que da) - Dadiva de Amor - Dadiva

Divina - Exclusividade da Doacao - Pai de Amor _

Amor Paterno - Pai que d a 0 Filho - Filho, Prova de

Amor Maior - Pecado: Causa da Maior Condenacao _

Compostos por coordenacao: Universalidade

e Pecado - Universalidade e Condenacao - Pecado e

Gloria - Deus e Pecado - Deus, Pecado e Gloria - etc.

Compostos por subordinacao: Universa-

lidade do Pecado - Universalidade da Condenacao -Destituicao da Gloria -Gloria de Deus - 0 Deus da

Gloria - etc.

96 H or nile tic a - A E lo qu eln cia d a P re ga c; ao 97

4.A TESE COMO FORMULAR A TESE

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Uma vez detenninado 0 tema 0 pregador ternque fonnular uma tese.

A tese e uma dec1arayao contendo uma

proposta de discussao sobre urn assunto.

.. A tese e sempre expressa na forma de umadeclaracao qu~ pode ser afinnativa, negativa ou

interrogativa. E por isso que dizemos que uma tese

exige sempre demonstracao, defesa, discussao,analise, prova, explicacao, etc.

A tese e a indicacao da maneira como 0 temavai ser tratado.

De posse de urn tema (cap. XI, item 3 e cap.

XII, item II), 0 pregador tern que fonnular a sua tese

para saber como vai se orientar na elaboracao do

assunto. A tese diz como 0 pregador vai analisar 0 seu

tema ou, em outras palavras, como ele vai constituir 0

assunto de seu sermao.

Lamentavelmente, apesar da importancia e do

significado da tese, ela e totalmente ignorada pelos

nossos mestres de Homiletica (e de Oratoria e

Retorica tambem). Basta dar uma olhada nos livros

que estao escritos para se certificar disso.

E muito facil, a partir de urn tema, elaborar

uma tese:

1. Tema: DEUS

Teses: Deus existe. Deus nao existe. Deusexiste? Deus nao existe? Note a afirmacao, a negacao,

a negacao, a interrogacao afinnativa e a interrogacao

negativa.

Sempre que 0 pregador afinna ou nega, ele se

obriga a demonstrar 0 porque de sua posicao. Se

entretanto ele interroga, sugere ignorancia ou duvida.

Neste caso ele se obriga a esc1arecer a ign orancia, ou

a confinnar ou a desfazer as duvidas.

Outras teses, para 0 tema acima, podem ser:

Quem e Deus. Quem nao e Deus. (Esta ultima forma

de argumentar e chamada reversa e consiste na

exclusao dos argumentos contrarios).

2. Tema: DEUS E 0 AMOR

Teses: Deus ama. Deus nao ama. Deus ama?

Deus nao ama? Porque Deus ama (nao ama). Por queDeus ama? (nao ama?). Deus e amor (nao e). Por que

Deus e (ou nao) amor? Como Deus ama (Nao ama).(Ama? Nao ama?)

9 8 H o rn ile ii ca - A E lo q ue nc ia d a P rs q ac ao 99

3. Tema: DEUS, AMOR E HISTORIA

Teses: A hist6ria fala do amor de Deus (naoa seguinte diferenca entre a tese e 0 tema. Enquanto

que a tese e uma ideia verbalizada, 0 terna e uma ideia

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fala. Fala?) (nao fala?) substantivada.

o sermao pode ter uma ou mais teses,

dependendo exatamente da maneira como 0 pregador

vai analisar 0 seu tema.

Assim como ele pode entrar no assunto, a partirde uma tese cardeal, ele pode tambem se valer de

pre-teses (quando tiver que fazer declaracoes

antecedentes para chegar a tese), de sub-teses (quando

as declaracoes sao decorrentes da principal, de

antiteses (quando a declaracao se opoe a anterior) e devarias teses (quando 0 assunto e cornposto de varias

declaracoes). Exemplos:

4. Tema: DEUS, AMOR E PECADOR

Teses: Deus ama 0 pecador (nao ama. Ama?

Nao ama?). 0 pecador precisa do amor de Deus (naoprecisa. Precisa? Nao precisa?).

5. Tema: DEUS, AMOR, PECADO E

PERDAO

Teses: Deus perdoa 0 pecado pelo seu amor (?)

6. Tema: JESUS CRISTO (Note que Jesus e

nome pessoal e Cristo e titulo real).

Teses: Jesus e 0 Cristo (nao e. E? Nao e?).

Porque Jesus e 0 Cristo. Por que Jesus e 0 Cristo?

(Nao e)? Como Jesus provou ser 0 Cristo. (Nao

provou. Provou? Nao provou?).

Texto: Lc 19.1-10. Tema: Encontro de

7. Tema: PECADO E PERDAO

Zaqueu com Jesus. Pre-tese: Quando urn encontro se

toma inesquecivel? Respostas: 1. Quando surgern

barreiras serias; 2. Quando marcam a vida da pe ssoa.

Tese: Por que 0 encontro de Zaqueu com Jesus

se tomou inesquecivel? Assunto: 1. Porque houve

barreiras psico16gicas serias (rico, baixinho, ladrao);

2. Porque houve barreiras fisicas serias (correu, subiu,

desceu, depressa); 3. Porque sua vida foi marc ada porurna seria mudanca (conversao e testemunho publico).

Notar que a pre-tese e uma tese preliminar, istoe , uma tese que lanca as bases para a tese principal. 0titulo desse sermao, poderia ser "Urn Encontro

Inesquecivel.

Teses: Devemos perdoar 0 pecado.(?) Nao

devernos.(?) Como se perdoa 0 pecado.(?) Como naose perdoa 0 pecado.(?) Quem perdoa 0 pecado.(?) nao

perdoa(?). Quais as condicoes para se obter 0 perdao

dos pecados.(?). Ha pecados que nao tern perdao.r").

Quando devemos pedir perdao dos pecados.(?). A

quem pedir perdao dos pecados.(?) etc.

Do exposto, ve-se que a tese, gramaticalmente,

nada mais e do que uma oracao , isto e , uma frase que

tern sujeito e predicado. Assim, podemos estabelecer

Texto: 10 4.24. Tema: Adoracao a Deus.

Pre-tese: Qual e a natureza de Deus? Resposta: Deus

100 H orn lle tic a - A E lo qu en cia d a P re ga ga o 101

e espirito. 10 Tese: Se Deus e espirito, onde devemos

adora-Io; Assunto: l. Nao no monte Gerazim

3. Prontidao para uma acao imediata (hoje e nao

amanha; 4. Prontidao para urn milagre (sob 0 uso de

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(Samaria); 2. Nem no monte Siao (Jerusalem); 3.

Mas, em qualquer lugar. 20 Tese: Se Deus e espirito

como adora-lo? Assunto: l. Espiritualmente (sem

imagem material, objetiva); 2. Sinceramente (em

verdade mais subjetiva).Notar que a pre-tese e uma exigencia do texto

que, primeiro a natureza de Deus, para depois entrar

em, onde e como adora-lo.

Deus). Conclusao: Metafora: Redes somos n6s. E, em

que condicoes nos encontramos?

Texto: Mt 7.24-27. Tema: Dois Construtores.

Pre-tese: Qual foi 0 erro irreparavel de urn dos

construtores? Resposta: Construir sobre uma base

falsa. Tese: Como evitar esse erro? Assunto: 1.Conhecendo bern 0 terreno. 2. Conhecendo bern 0

material que vai ser usado; 3. Conhecendo bern as

tecnicas de construcao; 4. Obedecendo todas as regras

da construcao. Conclusao: Quem assim constr6i nao

teme os temporais.

Notar que 0 texto fala de urn construtor que

cometeu urn erro irreparavel. A pre-tese situa esse

fato, enquanto que a tese orienta sobre como evita -10.

Texto: Mt 11.25-30(28). Tema: Convite de

Jesus. 10

Pre-tese: Ha convites que, por certascaracteristicas, se tomam irrecusaveis. 2

0

Pre-tese:

Arrolamos 5 caracteristicas de urn convite irrecusavel.

Tese: Quais as 5 caracteristicas de urn convite

irrecusavel? Assunto: l.A importancia da pessoa que

convida; 2. A importancia da finalidade do convite; 3.

A facilidade das condicoes para se atender ao convite;

4. As vantagens auferidas em aceitando 0 convite. S.

A disponibilidade de quem e convidado.

Notar que essas caracteristicas podem ser

apresentadas em forma de sub-teses, a saber: 1. De

quem e 0 convite? 2. Para que e 0 convite? 3. Que

condicoes sao exigidas? 4. Quais as vantagens? 5. Ha

disponibilidade do convidado?

Texto: Lc 5. 1- 11 (2). Tema: Lavar Redes.

Tese: Ha uma dupla significacao para 0 ato de lavar

as redes Assunto: l. Sub-tese: PARA OS

PESCADORES: 1. Tarefa finda; 2. Tarefa fracassada;

3. Prontidao para uma acao imediata; 4. Sinal de

perseveranca e de esperanca no dia seguinte: 2.

Sub-tese: PARA JESUS. 1. Redes limpas

(santificadas); 2. Perdao para uma nova oportunidade;

Texto: Jo 5.39. Tema. Judeus e Escrituras.

Pre-tese: por que os judeus examinavam as

Escrituras? Resposta: Para encontrarem nelas a vidaetema. Tese: Qual e a verdadeira funcao das

Escrituras: Assunto: Testemunha de Jesus.

Notar que neste texto tern as ideias mestras,

mas nao tern todos os argumentos para uma

consideracao homiletica. Nestes casos, 0 pregador

tern que usar de sua criatividade, cultura e

espiritualidade.

102 Horniletica - A E l oq O e n ci a d a Prsqacao 103

Texto: Dt 4.23-24(24). Tema: Deus e Fogo.

Tese: Deus e urn fogo. Assunto:

fundamentalmente prepara os ouvintes para a tese

em tomo da qual vai girar todo 0 seu sermao.

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1. Que ilumina (Ex 24.15-18); 2. Que revela

(Ex 3.1-8): Que aquece (Sl19.11-6);

4. Que queima (Ex 24,17).

AINTRODU<;AO

Na introducao, 0 pregador pode justificar 0

titulo do sermao, pode analisar 0 texto lido e destacar

a palavra, a frase ou 0 tema dele tirado; pode ilustrar,

definir termos: desanimo, duvidas etc. A introducao e

comparada a urn vestibulo ou a uma sala de visitaonde ambientamos nosso hospede para entao leva -los

as demais dependencias da casa.

A introducao, como veras mais tarde, pode

anteceder a enunciacao do titulo ou mesmo a leitura

do texto. 0 pregador deve saber qual e a melhor

maneira de faze-lo, na ocasiao.

Alguns sermoes tomam-se totalmente inco m-

preensiveis se nao houver uma introducao. Saoaqueles em que 0 titulo exige uma explicacao, aqueles

em que 0 texto requer uma analise; ou aqueles em que

a tese pressupoe uma realidade nao explicitada no

titulo ou no texto. Eis alguns exemplos:

Texto: Mt 7.13-14. Tema: Duas Porteiras.

Tese: Por que Jesus nos aconselha a entrar pela

porteira estreita? Assunto: 1. Porque a porte ira estreita

da para urn caminho apertado, mas leva a vida etema;

2. Porque a porteira larga da para urn caminhoespacoso, mas que leva a morte etema; 3. Porque a

porteira estreita e dificil de ser encontrada e sao

poucos os que a acham; 4. Porque a porteira larga e

facil de ser encontrada e muitos entram por ela.

Notar que 0 tema indicado fala de duas

porteiras, mas nao diz que uma e estreita e que a outrae larga. A tese, entretanto, fala do conselho de Jesus

para se entrar pela estreita. Antes de chegar a tese,

Texto: Me 10.46-48. Tema: Grito. Tese: Porque gritamos? Assunto: 1. Por dor

(Mc 5.4-5); 2. Por socorro Mcl0.47); 3. Por

revolta (Mt 11.23-24); 4. Por medo

(Jr 49.29); 5. Por derrota (Ap 6.15-16); Por

vit6ria (lCo 15.5 5-58).

Notar que nos exemplos 7 e 8 0 texto ofereceu

o tema e a tese, mas os argumentos foram tirados de

outros textos.

Isso mostra que nem todos os texto oferecern

urn "prato feito" ao pregador. Por isso, ele precisa

usar da imaginacao, de sua inteligencia, cultura e

criatividade.

Ao formular a sua tese, 0 pregador pode sentir

que ela exigira algumas explicacoes iniciais para que

o ouvinte possa acompanhar 0 seu pensamento. A isso

se da 0 nome de introducao.

A introducao e a parte do sermao onde 0

pregador entra pessoal e diretamente em contato com

os seus ouvintes.

A introducao e importante e necessaria porque

nela 0 pregador nao s6 abre 0 dialogo (quebra 0 gelo

de urn relacionamento formal irnaginario), mas

104 Homiletica-A Eloquencla da Preqacao 105

pois 0 pregador tern que explicar os dois tipos de

porteiras, e isso ele faz, na introducao.

onde esse detalhe fosse explicado. 0 autor preferiu 0

tema "Filho Perdido" objeto do texto e nao "Filho

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Notar que 0 autor preferiu 0 termo "porteira",

em lugar de "porta", por julgar que nao existe portaque de para "caminho".

Porta da para edificios. Porteira da para

caminhos.

Prodigo" erradamente aceito.

o ASSUNTO OU A ARGUMENTA<;AO

Texto: Lc 1.29-37. Tema: Caminho da Vida.

Tese: Como e p caminho de nossa vida neste mundo?~ssunto: .1 . E curto (de Jerusalem a Jerico); 2. Emcerto (cam nas maos de salteadores); 3. E ingrato (0sacerdote e 0 levita passaram de largo); 4 . Esurpreendente (mas, urn samaritano, que ia no mesmo

caminho ... ). Conclusao: 0 melhor caminho para anossa vida e 0 do samaritano. Faze isso.

Notar que 0 tema e uma metafora. 0 caminho

real tornou-se figura de urn "caminho"

filosofico-pratico, E, essa transposicao metaforica nao

teria sentido se nao fosse explicada numa introducao,

Tomando 0 assunto como 0 conjunto deargumentos, de ideias ou fatos que comprovam a tese,

podemos perceber que quando entramos no assunto,

entramos no miolo do sermao, pois 0 assunto e tudo 0

que podemos dizer de urn tema ou sobre uma tese.

Essa e a parte mais dificil da Retorica

(Oratoria) e da Homiletica, pois a capacidade de ter

assunto e proporcional a inteligencia e a cultura do

pregador. Qu_anto__1!H!iti_el~_ler, ouvir, ...observar,

pesquisar, ~stuQEr-L-m~Qit~L.l1laisssunto el~tera. Elc

precisa aliar sua cultura tecnica (teologica) a uma boa

cultura geral para ter muitos e bons assuntos.

E facil achar temas e formular temas para 0

sermao. 0 dificil e ter assunto para justifica -los ou

para demonstra-los. Para se ter urn tema, basta ter

uma ideia e identifica-la por urn nome, mas para ter

assunto, e preciso penetrar na ideia, analisa -la,

conhecer-lhe as partes, as relacoes existentes entreelas etc. Para isso, 0 pregador precisa de inteligencia,

imaginacao, criatividade, cultura e inspiracao.

Uma das expressoes mais belas, consagradas

no Novo Testamento sobre 0 pregador, e que ele e

"ministro da palavra" (At 6:4; ITm 5.17). Vale dizer

que ele e urn especialista da palavra. A palavra e a sua

ferramenta de trabalho, 0 seu "ganha pao", por isso

ele tern que maneja-la com perfeicao (lTm 2. 15). No

Texto: Lc 15. 11-24. Tema: Filho Perdido.

Tese: Quem e 0 filho perdido? Assunto: 1. Mais

m090, .(maior no grego huios e urn filho emancipado);2. Maior, mas sem direitos (da-me a parte que me

pertence ... e desperdicou); 3. Maior, mas menor (nao

sou digno de ser teu filho). 4. Menor, mas igual

(trazei ... roupa, sapato, ane1). ,

Note que os argumentos visam fixar os varios

estagios da vida do filho perdido, mas pondo em

destaque os termos mais m090, maior, menor e igual.

Isto nao teria sentido se nao houvesse uma introducao,

106 H o m ile ti ca - A E lo q O en ci a d a P re q ac ao 107

capitulo sobre "A Homiletica e a Eloquencia" vimos

como a palavra e 0 instrumento chave do pr egador.

pelas frases de efeito, pelos gestos dramaticos,

embora vazios de conteudo. Infelizmente foi na

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Para dominar a dificil arte de falar, 0 pregador tem

que gastar tempo, dinheiro e energias.

Qs grandes pregadores nao nasc_emfeitos. Eles,_

dotados ou nao de habilidades naturais, sao formado§_

ilUm pro~~sso longo e penoso. Sao produtos de mui_!Qesfon;o,' muita vigilia e muito des~te. fisico e.

iTIeirtaf. Sao pesso~~~~bneg~gas que oem tudo de si

em seu trabalho, a fim de que seus sermoes sejam

j?e9as. fompJ~tas~ntere_s_§gnies~hcheias'd_econteudo ~.

.dignas de sua mi§§[Q,.Cada sermao e como um filho,

concebido com amor, gestado com sacrificio e dada aluz com alegria para que seja uma bencao para a

familia e para a sociedade.

o assunto, pois, por ser a parte mais dificil e amais importante do sermao, e a que, na verdade, vai

valorizar 0 sermao e 0 pregador. 0 conceito que

temos de um pregador depende da maneira como ele

desenvolve 0 assunto de seu sermao. Assim, um

pregador pode ser mau, mediocre, regular, bom, 6timo

ou excelente, na medida em que ele sabe tratar do

assunto. 0 pregador precisa nao s6 saber como vai

apresentar 0 seu sermao, mas especialmente sobre 0

que vai apresentar.

E claro que 0 conceito publico sobre as

qualidades de um pregador e muito relativo, pois

depende muito da capacidade de julgamento do

ouvinte. Poucos sabem distinguir um sermao d- uma

arenga, e a grande maioria prefere palha a alimento.

Para certas camadas sociais, 0 pregador e 6timo se ele

apela para as emocoes, se impressiona pelos chavoes,

Ret6rica que a palavra demagogo adquiriu 0 sentido

pejorativo de enganador do povo. A Homiletica nao

esta imune, tambem, a demagogia.

1. Tipos de Assuntos

o assunto e a analise que fazemos de um tema.

A analise e 0 metodo de se conhecer urn objeto

atraves de sua divisao, nas partes que 0 constituem e

no exame detalhado de cada parte.

Ao decompor um objeto, iremos descobrir se

ele e constitui do de partes simples, que cstao

diretamente relacionadas com 0 todo, ou sc cIc e

constituido de partes inter-relacionadas para forma-

rem 0 todo. No primeiro caso, dizemos que 0 objeto e

urn sistema simples. No segundo caso, dizemos que e

um sistema composto de sub -sistemas.

Na analise de urn assunto, vamos perceber a

sua independencia ou a sua intima relacao com outros

que constituem 0 seu sistema.

Por isso, podemos analisar os assuntos da

seguinte maneira:

Forma. Como 0 objeto se apresenta; como

parecer ser.

Natureza. 0 que 0 objeto e; qual eo seu modo

de ser; de que substancia e formado; quais os

elementos que 0 compoem.

108H orn lle tlc a - A E io qO € m cia d a P re ga Q ao 109

Estrutura. Como os elementos que 0

compoem estao dispostos; que relacao de ligacao ha Assunto pela natureza

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entre eles.

Qualidade. Qual 0 seu valor (utilidade); qual 0

seu carater,

Tema: Deus

Tese: Qual e a natureza de Deus?Assunto: I. E urn ser espiritual; II. E urn ser

etemo. III. E urn ser pessoal; IV. E urn ser onisciente,onipresente e onipotente

Origem. De onde veto; quem 0 produziu

(causa eficiente).

Funcao. 0 que faz; para que serve.

Assunto pela estrutura

Tema: DEUS

Tese: Quantos deuses ha?

Assunto: I.Ha urn so Deus; II. Deus subsistc

em tres pessoas; III. A Trindade comprecndc 0 Pai, 0

Filho e 0 Espirito Santo.

Finalidade. Para que existe; 0 que produz

(causa fisica.

Relacao. Qual e 0 seu comportamento em

relacao as partes de seu sistema ou em reI acao a

outros objetos.

Analogia. Que semelhanca possui com outros

sistemas ou com outros objetos.

Assunto pela origem

Tema; PECADO

Tese: Qual e a origem do pecado?

Assunto: I.No ceu: uma rebeliao de anjos; II.

Na terra: uma transgressao humana; III. No homem:

urn ato de incredulidade: a) a tentacao; b) a cobica.

EXEMPLOS DE ANALISE DE ASSUNTOS

Assunto pela qualidade

Tema: DEUS

Tese: Qual e 0 carater de Deus?

(3) Ndo confundir tema com titulo

Assunto: I.Deus e Amor; II. Deus e Justica;III. Deus e Santidade.

Assunto pela forma

Tema: DEUS (3)

Tese: Qual e a forma de Deus?Assunto: I. Deus e espirito e de forma

indeterminada; II. Deus ao se revelar, assumiu forma

humana: a) nos sonhos; b) nas visoes. c) teofanias; d)

na encarnacao.

110 Horniletica - A Eloquencia d a P re g ag a o 111

Assunto pela funcao

Note que a palavra "reino" ja e uma metafora,

uma analogia.

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Tema: DEUS

Tese: Qual e a funcao de Deus? (ou 0 que Deus

faz?) Assunto: I. Deus e Criador; n. Deus e Pai; III.Deus Juiz; IV. Deus e Sacerdote; V. Deus e Rei; VI.

Deus e Senhor.

2. Fontes de Assuntos

Assunto pela finalidade

Tema: LEI

Tese: Qual e a finalidade da lei?

Assunto: I. A lei configura 0 crime; II. A lei

denuncia 0 infrator; III. A lei julga 0 reu; IV. A lei

condena 0 culpado; V. A lei absorve 0 inocente; VI. A

lei ensina a justica.

Alem do interesse ern ter assuntos (em que

exigem ler, ouvir e observar; ter inteligencia,

capacidade de analise, sensibilidade, boa memoria,

intuicao e criatividade), 0 pregador precisa ter uma

boa dose de organizacao. Sua capacidade de organizar

o material conseguido vai ajuda-Io nao so a ter

assunto, Mas a saber onde encontra-lo na hora que

precisar. Por isso, ele precisa organizar a sua

biblioteca, ter urn fichario, um arquivo c adotar um

sistema de controle desse material.

Assunto pela relacao

Tema: DEUS E PECADO

Tese: Qual e a relacao que ha entre Deus e 0

pecado? Assunto: I. Deus nao e 0 autor do pecado; II.

o pecado e contrario ao carater de Deus; III. 0

pecado e contrario aos propositos de Deus; IV. Deus

condena 0 pecado.

ALGUMAS SUGESTOES:

Assunto pela analogia

Tema: REINO DO CEU

Tese: A que se compara, na terra, 0 reino do

1.LIVROS

a. Reservar urn tempo para sua leitura de

livros.

b. Leia com bastante atencao, procurando

entender 0 pensamento do autor.

c. Sublinhar as frases significativas.

d. Anotar sua opiniao nas margens.

e. Fazer uma ficha dos assuntos importantes.

f. Fazer uma ficha das ilustracoes.

g. Dividir os livros, na estante, por seccoes

tematicas. Ex.: Teologia, Evangelizacao, Admi-

nistracao, Etica, Biblia, Comentarios, Dicionarios,

Devocional etc.

h. Adotar urn sistema de numeracao.

Ceu?

Assunto: I. A uma semente que cresce; II. A

uma perola de grande valor; III. A urn cesto de peixes

bons.

112 H om ile uc a - A E lo qO e nc ia d a P re qa ca o 113

i. Fazer uma relacao dos livros: pelos titulos,

pelos autores, pelos temas ou apenas pela ordem 4. EVENTOS

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cronologica da aquisicao.

j. Fazer urn fichario tematico, conforme

Modelo 9.

k. Fazer urn fichario hermeneutico, se 0 autor

der a sua interpretacao de urn texto biblico. VejaModelo 10.

Nota: Os seguintes livros sao indispensaveis ao

pregador: a) Biblia (em varias traducoes enos

originais) b) Dicionarios: em portugues, grego e

hebraico c) Dicionario Biblico d) Comentarios

Biblicos e) Versiculario (4)

Ha muitos eventos SOCialS que podem ser

usados como fontes de assuntos, a saber:

a) Calendario Eclesiastico. Cada Igreja tern os

seus dias especiais (historic os, liturgicos e de

atividades).b) Calendario Civil. Cada nacao, estado ou

municipio tern suas datas significativas.

c) Calendario Social. Cada grupo humano ou

categoria profissional tern suas datas s ignificativas.

d) Vida Social. Ha muitos acontecimentos

sociais que se tomam fontes de assuntos (nascimento,

aniversario, casamento, morte, etc.).

Quando ......_ pre gadoL _ reclama PQf_ . falta deassunto, alem.._(le__ua_.neglig~1)dC!:C!Qs_~~tlgjg_S._.~Jl!!tl!

_~~~a~iza9fio_l._pg4~.~s.!ar-lhea ocorrer:.

1 '£E :! ill g~ QIc !~ . Sl 1 19 .18 ..

2J _a11~L.d.eesmdo da Biblia. Sl t2;.JJ9 .9~

. 3 , Ealtade.dQJ1).jniQ_d.aJ:Im:ni1~ti~g_,-~InL~,.l5

4, .EilJ t '!4~_!l)QIQg!1liC!_.g2 ~ ! p - _ Q g _ : I Im4.4 - 1 25. Falta de vivencia com a Palavra de Deus. Mt

_ __~~~ , • r __ " ·~~ __ ~·___ ·__

2. REVISTASa. Colecionar as revistas tecnicas e enc aderna-

las em blocos.

b. Das demais revistas, recorte ou destaque

tudo 0 que julgar de interesse homiletico (noticias,

artigos, reportagens, etc.).

c. Fazer urn album de recortes, com indice

remissivo, na abertura.

3. JORNAISa. Recortar tudo 0 que achar interessante.

Anote 0 nome do jomal e a data da publicacao.

b. Fazer urn album de recortes, com indice

remissivo.

5. A CONCLUSAO

Depois de apresentar 0 seu assunto (toda a

argumentacao que responde a tese), 0 pregador se

obriga a fazer uma sintese de tudo 0 que disse, nao so

para destacar e fazer lembrar as verdades principais,

mas para ajudar os ouvintes a se beneficiarem da

mensagem. Afinal, qual e a vantagem de se dar

114 H om ile tic a - A E lo qO e nc ia d a P re ga ga o 115

atencao a fala de urn pregador e de tentar entender sua

mensagem? Qual e 0 proveito pratico de tudo isso?

pregador que nao faz apelo comete a mesma gafe de

urn anfitriao que anuncia 0 cardapio, mostra -0 na

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Veja-se 0 que aconteceu com Pedro quando ele

acabou de entregar a sua mensagem (At 2.37-40).

A_f_Q11fl1l~a_oe. ~ . .parte do sermao em gue 0

pre~~40!,,_~_~_.Q1Jxig,!aeduzir..JllclO.Q que disse, e_!?)

termos pniticos, para atender a neces§Lq~Q~12anicular

.de cada Q!JYinte._or isso, a conclusao precisa conter

uma recapitulacao sumaria de cada argumento e uma

aplicacao pratica (em nivel teorico) as necessidades

dos ouvintes.

As vezes, 0 pregador vai apresentando os

argumentos, vai concluindo-os e os aplicando. As

vezes, entretanto, ele vai somando muito do tipo do

assunto que se esta tratando.

mesa aos cornencais mas nao os convida a se

assentarem para dele se deliciarem.

o apelo, entretanto, deve ser feito com muito

cuidado, a saber:

a. Na o ser obrlgatorlo. 0 pregador nao deve

se obrigar a fazer apelo em todos os sermoes que

pregar. Isso 0 toma rotineiro e macante.

b. Nao ser insistente. 0 apelo insistente

constrange os visitantes e os proprios crentes.

c. Ser breve. Se 0 apelo insistente constrangc

imaginem urn apelo insistente durante muito tempo!

d. Ser claro. 0 ouvinte nao pode ficar em

duvidas sobre 0 que esta querendo 0 preg ador.e. Ser objetivo. 0 pregador nao deve

generalizar 0 sentido do apelo. Nao devc pedir que

levantem a mao "os que amam a Deus", quando se

quer que as pessoas se entreguem a Jesus.

f. Ser honesto. Nao usar de astucia para

conseguir decisoes.

6.0APELO

o apelo, como urn convite para que 0 ouvinte

se rnanifeste publicamente sobre a mensagem, e uma

parte importante do sermao.

Enquanto que a conclusao e urn apelo a razao,

a inteligencia, para que 0 ouvinte se decida perante

sua consciencia e Deus, 0 apelo e uma chamada para

uma manifestacao publica dessa decisao. E uma

oportunidade que 0 pregador tern para avaliar a

receptividade de sua mensagem, ao mesmo tempo em

que da uma oportunidade para que seus assistentes

participem, efetiva e objetivamente, seu imaginario

dialogo com eles.

o apelo e comparado ao convite que se faz as

pessoas que estao num banquete para que se asse ntem

e comam das iguarias que estao na mesa. Urn

1. Vantagens do apelo

a. Da ao pregador uma oportunidade de avaliar

o seu trabalho. Se foi claro, objetivo e convincente em

sua mensagem.

b. Da ao ouvinte a oportunidade de se

rnanifestar sobre 0 que ouviu. Alem do significado

teologico, que assinala uma decisao para a salvacao , 0

apelo tern 0 significado psicologico de uma decisao

116Hornllet ica - A E l oq O e n ci a d a Preqacao 117

Muitos pregadores acham que 0 apelo nao faz

parte integrante do sermao, mas que, em algumas

ocasioes, podem dele se valer. Concordamos. Ha

pessoal (muitas pessoas sao indecisas e so agem

quando motivadas por alguem). A maioria das nossas

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2. Desvantagens do apelo

ocasioes em que 0 apelo e indispensavel. Por

exemplo, nos casos de sermoes evangelizantes, nas

campanhas de evangelizacao, nos sermoes doutrinais

(em acampamentos, retiros ou mesmo na igreja), esempre que a anuencia pessoal, pratica e publica dos

assistentes se torna significativa.

decisoes sao emocionais, isto e , dependem muito de

influencias externas. Tambem 0 apelo tern urn

significado historlco para a pessoa. Ela sabera

quando e como se tornou crista e jamais se esquecera

desse dia.

A maior desvantagem do apelo, alem dos

aspectos negativos considerados atras, e considera -1 0

como a ultima coisa que se pode de fazer em favor do

pecador.

o apelo e a ultima coisa que 0 pregador podefazer no processo de evangelizacao, mas e a prime ira

no processo de Educacao Religiosa. Sem educacao

religiosa, 0 apelo tern urn valor muito relativo e muito

duvidoso.

No apelo se consegue a demonstracao da

simpatia e do desej0 do pecador de se entregar a

Jesus, mas e atraves do interesse do pregador e dosdemais membros da Igreja, que 0 recem-nascido em

Cristo vai receber 0 "leite racional" e 0 "alimento

solido" para se nutrir, se firmar e crescer na vida

crista.

Se nao pregar e pecado, igualmente nao

doutrinar os decididos para que se firmem no

Evangelho.

Todos os crentes devem ajudar 0 pregador na

conservacao dos resultados visitando e ajudando os

novos convertidos.

7- 0 TiTUL030

o titulo e 0 nome do sermao, como uma peca

literaria completa. Nao confundir com tema, que C 0

nome do assunto a ser discutido, com 0 assunto que e

o tema em discussao.

A _fun<;ao do _t i l 1 ! lQ . .".~,chamar~ a at~J)S~(),

interessar e atrair a~L_?essoas~__~, pois _.uma f\}n<;ag

nitidamente- psicologica.

A importancia do titulo vern se acentuando

cada vez mais, em nossos dias, por causa do

desenvolvimento das tecnicas de comunicacao e de

publicidade. A maioria dos pregadores nao da

importancia ao titulo do sermao. 0 acesso a imprensa,a publicacao de boletins semanais nas igrejas, os

convites e programas de cultos e de conferencia e os

paineis na frente dos templos, tern levado muitos

pregadores a descobrirem 0 valor do titulo.

3~a prime ira fase do preparo do sermao, 0 t itulo pode

antecipar 0 texto ou pode ser a ultima coisa que 0 pregador venha a

fazer, por isso falamos dele agora. SOBRINHO, Munguba. Esboco de

Homiletica, 1981, p. 101.

118H om lle tic a - A E lo qu en cia d a P re qa ca o 119

1.Tipos de titulos

o titulo pode ser: logico, predicativo,

d. Retorica, quando se relaciona indiretamente

com 0 tema: poetica ou metaforicamente. Ex.: ONDE

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descritivo ou ret6rico. ESTA TEU IRMAO? NO CENAcULO, COM

JESUS - A CHA VE DA FELICIDADE - A UM

PASSO DA ETERNIDADE PORTA DA

SALVA<;AO - PERTO DO REINO.a. Logico, quando possui direta relacao com 0

tema. As vezes 0 pr6prio tema elevado it posicao de

titulo. Como 0 tema e apenas 0 nome do assunto, 0

titulo tematico se toma impe ssoal e frio. 2. Posicao do titulo

b. Predicativo. Os titulos predicativos nada

mais sao do que teses elevados it posicao de titulos,

Ex. DEUS E AMOR - JESUS E 0 CRISTO - 0

QUE E A VERDADE - etc. E muito comum

usarem-se os titulos predicativos em forma eliptica.

Ex.: Joao e 0 ap6stolo do amor = JOAO 0

APOSTOLO DO AMOR; Jesus e 0 Salvador do

mundo = JESUS, SALVADOR DO MUNDO; A

Homiletica e a arte de pregar 0 Evangelho =

HOMIILETICA, a arte de pregar 0 Evangelho.

o titulo recebe nomes especiais, conforme a

posicao que ele venha a ocupar no conjunto de uma

obra literaria. Chama-se titulo quando apenas

encabeca urn assunto ou uma obra. Titulo gcral,

quando encabeca outros titulos (particulates). E

sub-titulo, quando e urn titulo de partes subordinadas(divisoes do titulo).

3. Qualidades do titulo

c. Descritivo, quando procura descrever 0

conteudo do sermao em detalhes. Ex.: A

CONVERSAO DE UM CENTURIAO ROMANOCHAMADO CORNELIO; COMO 0 ESPIRITO

SANTO CAPACITOU OS PRIMEIROS

CRISTAOS A SE TORNAREM TESTEMUNHAS

DO CRISTO RESSUCITADO - etc.

A vida modema exige comunicacao rapida, por

isso os titulos descritivos estao em desuso por se

tomarem inconvenientes. Mas nao quer dizer que nao

possamos usa-los.

o titulo, para exercer plenamente a sua funcao,

tern que possuir as seguintes qualidades:

a. Atraente (sugestivo e interessante), pela

atualidade da linguagem e do conteudo, pelo inusitado

da forma e pela sua relacao com 0 contexto extemo.

b. Discreto, pela seriedade que se apresenta.

Nao sensacionalista, nao malicioso, nao

constrang edor.

120 H o rn ile tic a - A E l oq O e n ci a d a Pregagao 121

c. Honesto, pela exatidao que guarda com a

verdade. Nao pretensioso (que promete 0 que naoTENHO EU CONTIGO? (Ano Internacional da

Mulher) - OS VELHOS TAMBEM lRAo

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pode dar).

d. Impactual, pelo inusitado dos contrastes, ou

contradicoes aparentes que sugere. Nem todos os

sermoes podem ter titulos impactuais, mas quandoisso for possivel, 0 pregador deve aproveitar.

CONOSCO (Ano Intemacional do Idoso) - A

VERDADElRA INDEPENDENCIA (Dia da

Independencia) etc.

Discreto: Qualquer titulo que nao sejaindiscreto. Nao ousariamos dar exemplos.

EXEMPLOS DE TiTULOS: Honesto: 0 pregador revela: Ter conhecimento

do assunto; coloca-o em termos adequados; mostra

imparcialidade. Exemplos de sermoes desonestos: A

ARTE DE FAZER 0 IMPOSStVEL, mas 0 prcgador

argumenta com ideias possiveis e nao ensina a artc

prometida. Neste caso,0

ouvinte se sente ludibriado. -A BiBLIA DESACREDITA A CIENCIA, mas 0

pregador mostra nao conhecer nem a Biblia nem a

Ciencia. CRISTO FOI COMUNISTA, mas ouve -se as

conviccoes politicas do pregador. JESUS MANDOU

GUARDAR 0 SABADO, quando e evidente que issonunca aconteceu.

SO 0 AMOR CONSTROI, mas 0 pregador

nao conceitua 0 sentido do verbo "construir" e sabe -se

que 0 odio tambem constr6i.

Atraente (sugestivo e interessante): Pela

atualidade da linguagem: ATEU JA ERA - A

IMPLOSAO DO HOMEM - UM ENCONTRO

ESPECIAL - SALVA<;AO AGORA - QUEM E

JESUS? - QUEM SAO os VERDADEIROS

FILHOS DE DEUS?; pelo inusitado da forma: UMA

GRA<;A DE GRAC;A PESCADORES

PESCADOS -VERBO EM VERBO - A RIQUEZA

DE UMA VlUV A POBRE - COMO SER FILHO

DE ABRAAO SEM SER FILHO DE ABRAo - 0

VALOR DO NADA - LIXO E LUXO - A

CONVERSAO DA MULHER DE LO - VIDA

PELA MORTE; pela atualidade do conteudo: ACONQUISTA DA LUA - VIAGEM AO ESP~<;O -

o DIREITO DE MATAR (Aborto) - 0 CHA DA

MEIA NOlTE (Eutanasia) - 0 DIVORCIO E UMA

SOLU<;AO; pela relacao com 0 contexto social:

PARA ONDE VAO OS MORTOS (em finados - A

CRUZ - A SEPULTURA - A RESSURREI<;Ao (na

semana· DEFICIENTE TAMBEM E GENTE (Ano

Internacional do Deficiente) - MULHER, QUE

Impactual: 0 PECADO DE NAO SER

PECADOR; A VIRTUDE DE SER PECADOR;

JESUS, 0 SUBVERSIVO; DEUS MANDA

MATAR; etc.

o titulo precisa se relacionar sempre com 0

tema, com a tese ou com 0 assunto, direta ou

indiretamente.

122 H om i le tlc a - A E lo q O €m c ia d a P re q ac ao 123

As vezes, 0 titulo e 0 pr6prio tema (nome do

assunto).

As vezes, 0 titulo e deduzido do tema

Outros exemplos de titulos tirados do assunto:

OPECADO

DE NAO SER LADRAO (0 tema e: pecado

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(ret6rico). Ex.: "UM MISTERIO CONSOLADOR"

(Deus) - UMA DOCE ESPERAN<;A (Jesus) - A

CHAVE DA FELICIDADE (0 Amor) - DEUS

ESQUECE (0 perdao como esquecimento) - 0CORA<;AO DE DEUS (Amor como curacao) -

ORNAMENTO DO CARATER (santidade) - NO

ALTAR DE DEUS (0 sacrificio de Jesus) - etc.

As vezes, 0 titulo e a pr6pria tese isto e , a teseelevada a posicao de titulo. Ex.: DEUS EX1STE -

JESUS E DIVINO - 0 AMOR NUNCA FALHA -

PERDOAR E ESQUECER QUAIS AS

CONDI<;OES PARA 0 PERDAO DE DEUS? -

TRES RAZOES PELAS QUAIS JESUS DEVIA

MORRER - HA TRES PROV AS DE QUE DEUS

NOS AMA - etc. '

As vezes, 0 titulo e tirado do assunto, isto e ,uma palavra, uma frase ou uma ideia significativa da

argumentacao. Ex. UMA CAUSA NAO CAUSADA

(0 tema e: A existencia de Deus; a tese e: Nao existe

efeito sem causa; 0 assunto consiste em mostrar que 0

pecado s6 pode eliminado se 0 homem morrer paraele) - 0 mesmo assunto pode suscitar 0 titulo: DEUS

APROV A 0 SUICiDIO?

A interrogacao, neste ultimo exemplo, visa

despistar 0 observador, caso ele nao ouca 0 sermao. Eum perigo 0 pregador fazer afirmacoes impactuais,

que s6 podem ser desfeitas atraves da pregacao , Ebom sempre deixar uma duvida para atrair 0

observador.

e ladrao; a tese e: ha uma circunstancia em que nao

ser ladrao tambern e pecado; 0 assunto, baseado no

exemplo do fariseu (que se orgulhava de nao ser

ladrao), mostra que apesar disso ele foi condenado.Nao ser ladrao, como 0 fariseu, nao e virtude, mas

pecado. Lc 18.9-14.

o titulo mencionado anteriormente, "A ARTE

DE FAZER 0 IMPOssivEL" depende

fundamentalmente do assunto, pois 0 pregador precisa

demonstrar que Deus faz 0 impossivel e que a "artc"

esta em deixar Deus agir no homem e pelo horncm.

o pregador precisa ser habil e claro para

definir os termos e desfazer os paradoxos contidos em

seus titulos, especialmente quando impa ctuais.

Por ter 0 titulo uma funcao psicol6gica, 0

pregador, ao escolher 0 titulo de seu sermao, deve se

colocar no lugar do ouvinte e imagina-lo tomando

conhecimento do mesmo. Sera que 0 titulo do seu

sermao despertaria 0 interesse de alguem para vir

ouvi-lo? Se uma pessoa lesse num jomal ou visse 0

seu sermao anunciado num painel, sera que sairia decasa s6 para ouvi-lo?

Isso e 0 que 0 pregador tem que pensar quando

vai dar nome ao seu sermao.

Homiletica - A Eloquencia d a P re g ag a o 125

CAPITULO XIII

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-A ESQUEMATIZA(:AO-

DOSERMAO

A Exegese, que e a arte da exposicao, esta

muito relacionada com a Homiletica porque e nela

que a Homiletics vai encontrar as varias altemativas

para a disposicao dos elementos do sermao.

Em definido os elementos constitutivos do

sermao e dispondo-os de maneira Iogica c racional,

podemos elaborar urn esquema do que vai scr0

proprio sermao.

o esquema e urn resumo das ideias mais

significativas do sermao (dentre os elementos

constitutivos) em sua disposicao tecnica.r" Veja a

disposicao abaixo:TITULO

INTRODUC;Ao

Tese:

ASSUNTO(S)

1 Argumento

iArgumento

3' Argumento

4' Argumento

CONCLUSA.O

Apelo

31 0 esquema tern sido erradamente chamado de "esboco",

Esboco e algo inacabado, indef'inido, 0 que nao ocorre com 0 esquema

homiletico. Do grego schema, forma exterior mutavel.

126Horni letica - A Eloquencia da Preqacao 127

Essa disposicao e seguida, geralmente, tanto

para 0 sermao falado como para 0 escrito.3. Introducao

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Vejamos, na esquematizacao, como devem

ficar cada urn desses el ementos:

1. Titulo

A introducao deve ser resumida no esquema.

U sam-se frases curtas ou palavras indicativas

(palavras-simbolos de muitas ideias). Deve ser

objetiva e ocupar ate1 /4

do tempo gasto em todo 0sermao.

o titulo deve encabecar 0 esquema e deve ser

escrito com todas as letras maiusculas, 4. Tese

2. Texto A tese deve ser bern destacada a escrita de

maneira clara e completa.

Se houver pre-tese ou sub-tcscs, clas dcvcm

seguir 0 mesmo criterio de destaquc, clarcza c

integridade.

o texto deve ser indicado em forma de codigo,

abaixo do titulo a margem esquerda do esquema.

o codigo textual biblico e formado de treselementos: 1. A abreviatura do livro; 32 2. 0 numero

do capitulo; e 3. 0 numero does) versiculo(s),

separado(s) do capitulo por urn pontn."

Alem desses elementos basicos, 0 pregador

pode acrescentar, em parenteses, o(s) versiculo(s) que

fundamentauaoj especific amente 0 seu sermao.

5. Assunto

o assunto e a analise da tese ou os argumentos

que a respondem.

Os argumentos que constituem os assuntos do

sermao, devem ser dispostos de maneira distinta e

sequencial.

32 A Sociedade Biblica do Brasil adotou urn metodo

inteligente e racional de abreviaturas, que consiste em apenas duas

letras. A inicial e a primeira consoante seguida (quando possivel).

Esse metodo, entretanto, nao foi respeitado em Esdras, que deveria

ser Es, em Proverbios (Pv); em Marcos (Mc); em Filemon (Fm); e em

Pedro (Pe). Nesta obra adotamos esse metodo com as corr ecoessugeridas.

33 Esse e 0 sistema adotado pelas socied ades biblicas

brasileiras e nao 0 de dois pontos, que e urn sistema norte-americano.

Poucas editoras evangelic as brasileiras sabem disso.

6. Distinta, porque cada argumento e uma

parte integrante de toda a argumentacao. Como partes

de urn sistema, os argumentos tern que ser bern

definxios e distintos para que 0 pregador nao seja

redundante, anacronico e confuso.

Para isso, 0 pregador precisa ter boa acuidade

mental e refinada cultura. A falta de urn conhecimento

128 H om ile tc a - A E lo qu E ln cia d a P re qa ca o 129

mais aprofundado da palavra, de seu conteudo tecnico

e de uma sensibilidade para pequeninos detalhes,

levam 0 pregador a ser superficial e redundante. Ele

minha vontade; 5. Para premiar os meus esforcos. A

expressao "Jesus vive em mim" fica subente ndida.

b. Loglca. Os argumentos devem corresponder

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ira arrolar varios argumentos para a sua tese, mas nao

tera nada de novo em cada urn deles, pois nao percebe

que estara dizendo, sempre, a mesma coisa com

outras palavras. Isso se chama tautologia, que 0 vulgo

chama de "chover no molhado".

a tese, tambem, em conteudo. Se a tese e: Jesus

morreu? (uma proposta que exige a investigacao das

causas), nao e l6gico responder: "Ele morreu entre

dois ladroes" (circunstancia). Estas questoes se

relacionam com outras teses, a saber: Onde, Quando

e Como.

c. Pslcologica. Os argumentos devem ser

distribuidos dentro de uma escala de valor, baseada na

forca de persuasao de cada urn. Eles devem se situar

numa ordem de crescimento, indo do mais fraco (que

apenas situam, esclarecem ou somam ideias) para 0

mais forte (que convence, que arrebata, que sublima).

o ultimo argumento deve ser sempre 0 de maior forcade conviccao, de decisao. Na giria da orat6ria forense,

o argumento decisivo e chamado de "bomba" e vern

sempre em ultimo lugar. Na linguagem militar echamado de "0 ultimo cartucho", no jogo de poquer e"a ultima cartada" e no xadrez e 0 "xeque-mate".

7. Sequenclal, porque os argumentos devem

ser dispostos em sequencia gramatical, logica epsicol6gica.

a) Gramatical. Os argumentos devem ser

dispostos de mane ira a seguirem uma relacao verbal

reta. Exemplo: Se a tese e: Por que Jesus vive em

mim, os argumentos devem ser expressos numalinguagem sequencial adequada, a saber: 1. Jesus vive

em mim para comprovara minha salvacao ; 2. Jesus

vive em mim para garantir minha filiacao com Deus;

3. Jesus vive em mim para conservar a minha

santidade; 4. Jesus vive em mim para controlar a

minha vontade; 5. Jesus vive em mim para premiar os

meus esforcos. Note que cada argumento guarda uma

relacao sequencial com a tese, demonstrada pelaforma da linguagem.

No esquema, 0 pregador pode usar frases

indicativas do argumento, reservando -se para dar a

sequencia gramatical no momento da expos icao.

Exemplo: 1. Jesus vive em mim para comprovar

minha salvacao; 2. Para garantir a minha filiacao; 3.

Para conservar a minha santidade ; 4. Para controlar a

8. Conclusao

A conclusao deve constar do esquema, demaneira clara e sumaria. 0 pregador deve dizer 0 que

pretende com a sua mensagem; 0 que ele deseja que

aconteca em seus ouvintes.

9. Apelo

Como 0 apelo e circunstancial (ao tipo de

sermao, ao tipo de auditorio e as condicoes do

ambiente), nao precisa ele constar do esquema. 0

130 Horni letica - A Eloquencia da Preqacao 131

urn sermao. Agora vamos ver como esses elementos

devem ser apresentados ao publico.

Depois de ter escolhido 0 texto, tirado 0 tema,

pregador deve ser livre para fazer ou nao 0 apelo.

Sobretudo, ele deve ser sensivel ao Espirito Santo.

o pregador nao deve ter uma regra fixa sobre

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10. Tema

formulado a tese, estruturado 0 assunto (a

argumentacao) e se decidido sobre 0 titulo do sermao,

o pregador esta preparado teoricamente para a

prega9ao.A pregacao, como qualquer discurso, e urn

monologo, mas 0 pregador tern que imaginar que vai

travar urn dialogo, uma conversa com seus ouvintes.

Nessa conversa, entretanto, toda a iniciativa fica com

o pregador, pois os seus ouvintes nao tern direito apalavra.

Por isso, ao subir ao pulpito, 0 pregador tern

que imaginar urn dialogo com seus ouvintes, e vai ter

uma conversa com eles, em tom de discurso. E, comoso ele e quem vai falar, ele precisa levar todos os

elementos que iniciem alimentem e finalizem a

conversa. Ele tern 0 tema ou titulo, 0 texto ou a

introducao, a tese, 0 assunto ou argumentos, a

conclusao e 0 apelo.Ha duas coisas que 0 pregador nao pode se

esquecer ao pregar: 1. Que a sua linguagem tern que

estar ao nivel do conhecimento de seu auditorio; 2.Nunca pressupor que as pessoas ja sabem.

No primeiro caso, ele deve usar 0 linguajar

mais simples e quando tiver que usar termos elevados

ou tecnicos, traduzi-los a cornpreensao popular. No

segundo caso, partir sempre da ideia de que as

pessoas estao ali para ouvir, porque nao sabem e

querem aprender. Nao se acanhe de esclarecer termos

tecnicos (especialmente teologicos) e de narrar fatos

esse assunto. Ele deve ser maleavel a inspiracao

divina.

Notar que 0 tema, por ser considerado como 0

nome do assunto, nao entra como parte do esquema.

Ele aparece, no preparo do sermao, para que 0

pregador saiba como identifica-lo num texto e como

torna-Io como ponto de partida para a elaboracao do

sermao. Identificando 0 tema, 0 pregador tern que

formular uma tese e descobrir 0 assunto, isto e , asrespostas a essa tese.

o tema so entra no esquema se ele for tornado

como sin6nimo do assunto ou se for usado como

titulo. Em ambos os casos, ele perde a funcao de tema

para ocupar essas outras funcoes.

A exposicao ou alocucao do sermao e 0 que

comumente chamamos de pregacao , A exposicao e a

entrega do sermao.

Na exposicao, 0 pregador mostra 0 que eleentende de Homiletica, de Hermeneutica e de

Exegese. Em outras palavras, ele mostra se realmente

e urn pregador. Mostra se entende da tecnica e da arte

de entregar urn sermao. Mostra se e inteligente,

criativo, sensivel, esp iritual e eloquente.

A pregacao e uma forma exegetica e como tal,

tern sua especificidade de exposicao. No capitulo

anterior, vimos a disposicao dos elementos basicos de

132 H o rn ile tic a - A E lo q ue nc ia d a P re q ac ao 133

biblicos. Nao suponha que as pessoas ja sabem. Sera

que sabem mesmo? E se ja se esqueceram? Ou senunca ouviram?

de Deus. Uma porcao maior das Escrituras podera ser

o alimento, a resposta, 0 desafio e a inspiracao de que

essas pessoas estao esp erando de Deus. Uma porcao

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Nao cometa 0 erro de nao ensinar por supor

que as pessoas ja sabem!

Eis, em detalhes, 0 que 0 pregador tern que

sagrada, bern escolhida e bern lida, podera ter maior

significacao para 0 ouvinte do que 0 proprio sermao.

fazer: 2. Definir a porcao a ler

COMO USAR 0 TEXTO As vezes, 0 pregador anota em seu esquema a

porcao textual que vai ler, mas na hora, percebe que

deve comecar antes, que deve deixar alguma parte ou

mesmo ir adiante, avancando do ponto indicado. Isso

depoe contra 0 pregador, pois sugere improvisacao e

falta de preparo.

Se 0 sermao vai se basear num tema tiradode

urn texto sagrado, nada mais logico do que 0 pregador

comecar 0 seu sermao pela leitura do texto escolhido.

As vezes para causar curiosidade (por r azoes

psicologicas) 0 pregador pode anunciar 0 titulo, fazer

a introducao e, entao, apresentar 0 texto e a re sposta

as varias questoes levantadas durante 0 sermao, 0

tema pode ser ate apresentado no final do se rmao.

Alguns cuidados especiais devem ser tornados

previamente. A saber:

3. Definir a traducao que vai usar

1. Escolher uma porcao suficie nte

As vezes, 0 pregador prepara seu sermao

baseando-se em uma traducao, mas ao pregar, usa

outra. Isso nao so the podera causar embaraco como

podera comprometer todo 0 seu sermao. Imagine se 0

sermao se fundamenta numa palavra e esta nao

aparece ou tern outro sentido noutra traducao. Urn

exemplo disso pode ser Rm 3.23, onde a palavra"destituidos" aparece como "carecem" em traducoes

diferentes.

o pregador deve ter sempre it mao a traducao

sobre a qual preparou 0 seu sermao.

Nao ler apenas 0 versiculo que vai usar ou apalavra chave do tema, a menos que 0 contexto seja

inconveniente ou desnecessario. Leia uma porcao

suficiente para que 0 povo desfrute de urn contato

maior com a Palavra de Deus. Lembre-se de que 0

povo nao tern tempo e nem disposicao para ler a

Biblia em casa. Em muitos casos, depois de uma

semana, urn mes ou urn ano, essa vai ser a unica

oportunidade de entrarem em contato com a Palavra

134 H or nlle tic a - A E lo q ue nc ia d a P re ga gE io 135

4. Indicar 0 texto olhos. Mas, ouvir a leitura e acompanha-Ia com os

olhos (mesmo em traducao diferente) e algo que cala

mais fundo, porque feita audio-visualmente. E algoA indicacao deve ser clara, forte e repetida para

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que esta bern proximo, diante dos olhos e falando

diretamente.

A diferenca de traducoes podera despertar a

curiosidade e 0 interesse do assistente e ate leva -10 apesquisas posteriores.

que os assistentes a oucam, tenham tempo para

localiza-la em suas biblias e participarem da leitura.

5. Deixar 0 povo acompanhar a leitura

Hoje temos, gracas a Deus, uma variedade de

traducoes e isso nao permite mais leituras unissonas

ou altemadas (responsivas), mas nao impede que 0

povo acompanhe silenciosamente, em outras

traducoes, a leitura feita pelo pregador.

Eis algumas razoes que tomam validas asleituras feitas pelo povo:

d. Torna 0 sermao mais vivo. 0 ouvinte se

lembrara, com mais facilidade do texto sobre 0 qual 0

pregador falou e da maneira como 0 tratou. Sempre

que ler esse texto em sua Biblia, se lembrara do

sermao, do pregador, e se beneficiara de suas

verdades.

6. Da autenticidade 7. Ler com arte e uncao

o ouvinte nota que ha uma relacao ou perfeita

harmonia entre a sua Biblia e a do preg ador.A leitura deve ser correta, pausada e

flexionada. 0 pregador nao deve se limitar a ler,

mecanicamente, respeitando os sinais de pontuacao do

texto mas dando a inflexao correta e necessaria para

que a leitura seja viva e que 0 ouvinte receba mais do

que ideias frias. Sobretudo, a leitura deve ser feitacom a razao, com 0 coracao e sob 0 poder do Espirito

Santo.

Feita a leitura, 0 pregador deve estar

preparado para iniciar 0 seu dialogo imaginario com 0

seu auditorio. Ele deve imaginar que algumas

perguntas the serao feitas e ele tera que ter respostas.

Inevitavelmente, essas perguntas virao na

seguinte ordem:

a. Incentiva 0 uso da Biblia. 0 assistente

percebe que e util levar a Biblia it Igreja; que ha uma

finalidade; que ha urn valor em porta-lao

h. Treina 0 povo no manejo da Biblia. Abrir

a Biblia, localizar uma passagem e le-la e uma

experiencia didatica positrva, que precisa ser

constantemente incentivada.

c. Fala mais diretamente. Ouvir uma leitura

do pulpito e algo que vern de longe e que esta fora dos

136 H orn lle nc a - A Eloquencia d a P re g ag a o 137

PRIME IRA PERGUNTA:

estruturem as mentes e lhes propiciem acompanhar,

progressivamente, 0 raciocinio do pregador.

Dai a Introducao. Ai esta a importancia e 0

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porque da introducao.Sobre 0 que 0 senhor vai falar?"

A resposta que 0 pregador der a essa perguntavai ser 0 titulo de sermao. COMO FAZER A INTRODU<;Ao

COMO EXPOR 0 TiTULO A introducao, como ja vimos, e 0 vestibulo do

sermao.

Ao se por diante do publico e tendo a

obrigacao de falar, e natural que 0 pregador iniciante

se sinta inibido para comecar 0 seu sermao. Alguns

pregadores gostam de contar uma anedota 34 para se

descontrairem ou mesmo para descontrair 0 proprio

auditorio que esta tenso, indisposto e ate cansado. Os

resultados favoraveis sao imediatos, pois a anedotaexerce a funcao de "quebra-gelo", nas relacoes

humanas.

Ha ocasioes em que 0 pregador pode iniciar 0

sermao com a introducao, depois ler 0 texto sacro e

entao apresentar a sua tese. Mas, neste caso, a tese

passa a ser tambem 0 titulo do sermao. E born que 0

pregador tenha plena consciencia do que esta fazendo

para se tomar claro a seus ouvintes.Feita a introducao, 0 pregador esta em

condicoes de apresentar a sua tese, isto e, de

responder a segunda pergunta que deixamos atras.

Vamos repeti-la:

Se 0 titulo e uma palavra ou uma frase do

texto, 0 pregador deve referir-se ao texto e mostrar de

onde 0 tirou ou como 0 encontrou.

As vezes, basta dizer: 0 titulo de nosso sermao

ou de nossa mensagem e... Ou simplesmente: Vamosfalar sobre ...

Respondida a primeira pergunta, 0 pregador

deve imaginar logo a segunda, como se ela ja

estivesse engatilhada na mente do ouvinte, pois uma

decorre inevitavelmente da 0utra:

SEGUNDA PERGUNTA:

Como 0 senhor vai tratar 0 assunto desse

titulo?A resposta que 0 pregador der a esta pergunta

vai ser a sua tese. Ocorre, entretanto, que 0 pregador

nunca deve anunciar 0 titulo 0 logo entrar na tese. Ele

deve imaginar que 0 seu auditorio nao esta preparado

para acornpanha-lo em sua incursao pelo assunto sem

algumas explicacoes preliminares. Os ouvintes

necessitam de informacoes basicas que lhes34 Anedota e a narracao curta de urn fato jocoso, real ou

imaginario.

138

H o rn tle tic a - A E lo q ue nc ia d a P re ga g ao 139

TERCEIRA PERGUNTA: COMO EXPOR 0 ASSUNTO OU A

ARGUMENTA(:AO.Como 0 senhor vai tratar 0 assunto contido no

seu titulo? resposta, como vimos, e a tese do

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pregador.

COMO EXPOR A TESE

o pregador deve apresentar cada argumento de

maneira clara, firme e bern destacada para que os

ouvintes possam relaciona-los com a tese e

perceberem 0 seu conteudo partie ular e geral.Os argumentos devem ser numerados, postos

em destaque (em forma de topicos) e dispostos em

sequencia gramatical, Iogica e ps icologica.

Essa e a parte mais dificil para 0 pregador.

Ele precisa fazer muito exercicio mental para ordenar

as suas ideias. Se as coisas nao estiverem bern claras e

bern ordenadas em sua mente, como poderao ser

entendidas pelos ouvintes? 0 pregador pode dizcr

muitas coisas certas e boas, mas ele precisa saber

ordenar a sua mente nao so para que tenha facilidade

de apresentar as suas ideias, mas fundamentalmente

para que seja entendido.

Os argumentos, que sao 0 arsenal de fogo do

pregador, podem ser expressos em forma de

declaracao geral ou particular; e podem tambem ser

subdivididos, em forma de sub-argumentos, ou em

forma de ilustracoes.Os argumentos podem ser apresentados em

forma de:

Tese e uma dcclaracao cardeal , que pode ser

afirmativa, negativa ou interrogativa. Como ja vimos,

e uma proposta para a discussao de urn a ssunto.

o pregador deve enunciar a sua tese com

bastante firmeza e clareza, para que ela se destaque e

se tome 0 eixo em tomo do qual todo 0 assunto dosermao venha a girar.

Uma vez dada a tese, 0 pregador deve imaginara quarta pergunta do auditorio:

QUARTA PERGUNTA:

Como 0 senhor vai analisar a sua tese?

Essa pergunta pode ser feita em outros termos:

"Que argumentos 0 senhor tern em abono de sua

tese"? ou "Prove que a sua tese e verdadeira" ou ainda"Defenda a sua tese".

A resposta que 0 pregador tiver para essa

pergunta sera 0 seu ass unto, ou 0 assunto de seusermao.

1. Resposta, quando cada topico e uma

resposta a tese.

140 H or nile tic a - A E lo qu E m cia d a P re q ac ao 141

o pregador pode apresentar a sua conclusao

(com urn destaque da verda de central e uma

aplicacao) logo ap6s cada argumento ou pode somar

2. Questionarnento: a) quando 0 pregador faz

perguntas e as responde ou b) quando ele imagina que

o ouvinte esta perguntando.

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QUINTA PERGUNTA:

os argumentos e, no final, fazer uma recapitulacao

com os destaques e uma aplicacao.

A conclusao, pois e a orientacao (em nivel

te6rico), que 0 pregador da a seus ouvintes sobrecomo apropriarem -se de sua mensagem. E, como essa

orientacao e te6rica, 0 ouvinte pode sair dali, po -la empratica ou nao. E, para que 0 pregador se certifique de

que sua mensagem foi realmente entendida e vai ser

posta em pratica, ele precisa imaginar a quinta e

ultima pergunta de seu audit6rio:

3. Refutacao, quando se corrige ideias erradas.

Esta forma e chamada tambem de reversa.

Uma vez analisada a tese, isto e , desenvolvidoo assunto, 0 pregador deve imaginar a quarta pergunta

de seu audit6rio:

E, 0 que temos com isso? Ou, 0 que temos que

fazer?

A resposta que 0 pregador der a essa

pergunta, vai ser a conclusao,

SEXTA PERGUNTA:

COMO EXPOR A CONCLUSAO

o que temos que fazer ja?A resposta do pregador vai ser 0 seu apelo.

A conclusao e uma forma de avaliar 0

conteudo da mensagem. Nela, 0 pregador vai dizer

aos ouvintes 0 que eles ganharam em te-lo ouvido.

Na conclusao 0 pregador deve destacar a

verdade principal e aplica-la as necessidades dosouvintes. Lembre-se que Pedro, no Dia de Pentecoste,

ao defender a tese de que 0 fenomeno ali verificado

nao era embriaguez dos discipulos, mas 0

cumprimento de profecias, provocou urna

necessidade angustiante nos ouvintes que clamaram:

"Que faremos varoes irmaos?" A resposta do ap6stolo

foi a sua conclusao (At 2.37 -38).

COMO FAZER 0 APELO

Se a conclusao e urn convite te6rico, 0 apelo e

urn convite pratico. Para faze-lo, 0 pregador deve:

1. Definir 0 que quer que os ouvintes facam:que orem, que levantem a mao, que fiquem de pe, que

venham a frente, que preencham urn cartao, que

fiquem ap6s 0 culto etc.

2. Ser claro quanta ao que 0 ouvinte deve crer

para atender ao apelo. Se e para a salvacao , para a

consagracao de vida, para a dedicacao a urn

ministerio, para consagracao financeira, para

participacao maior nas atividades eclesiasticas etc.

142Homilatlca - A Eloquencia da Preqacao 143

3. Ser sincero, dinamico e convicto.

4. Ser breve e educado (nao insistente e

constrangedor).CAPITULO XIV

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METODOS DE EXPOSI<;AO

A exegese literaria possui metodos gerais deexposicao: a descricao, a narracao e a dissertacao.

1. Descricao e a exposicao analitica, detalhada

particular e minuciosa de urn objeto (coisa ou pessoa).

A descricao e a forma de se dizer como uma coisa e ,em detalhes.

A descricao pode ser: 1. Analitica, quando

enfoca urn objeto ou parte dele, em detalhes.Exemplos: A Biblia e urn livro religioso, que esta

dividido em Antigo e Novo Testamento, em capitu los

e versiculos e que se constitui num conjunto de

revelacoes e de fatos significativos, registrados por

inspiracao de Deus; 2. Analogica, quando os objetos

ou suas partes sao enfocados por comparacao ou

analogia. Exemplo: A Biblia e urn tesouro de

sabedoria; e 3. Reversa, quando os objetos ou suas

partes sao enfocados pelas suas antiteses. Exemplo: A

Biblia nao e urn livro de ciencia.

Nota-se que a descricao e 0 metodo do

inventario, da pesquisa.

2. Narracao e a exposicao de fatos do modo

como eles aconteceram. 0 narrador se limita a dizer

as coisas como elas se deram. E 0 metodo tipico do

cronista, do reporter, do historiador, da testemunha.

144Homiletica - A Eloquencia d a P r eg a c; :a o 145

Contar a alguem como urn fato se deu e narrar. Em Lc

1. 1-3 a paIavra narracao e a traducao da palavragrega exegese.

CAPITULO XV

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3. Dissertacao e a exposicao discursiva onde

os fatos sao analisados, interpretados; as ideias

elaboradas e os conceitos estabelecidos segundo a

opiniao do autor. Na dissertacao os fatos sao

analisados visando ,lima conscientizacao e uma

tomada de posicao. E 0 metodo dos comentaristas

dos analistas, dos oradores e pregadores. '

A dissertacao, entretanto, nao prescinde da

descricao e da narracao, Com frequencia eia se vale

delas como suporte ou complementacao de suareflexao.

o sermao nada mais e do que uma dissertacao(oral ou escrita), que se vale, tambem, da descricao e

da narracao, Pode-se ver isso nos sermoes da Biblia.

o "sermao do monte" registrado em Mt 5. 1-12 e urn

exemplo de dissertacao. 0 mesmo se da em Jo 5.

19-47, quando Jesus explica a sua missao, e em

6.22-40, quando ele se identifica como 0 pao da vida.

Em Mt 3.1-6 temos uma dissertacao, com uma

narracao contida de descricao analog ica.

FORMAS DE EXPOSI<;Ao

A Historia da Pregacao registra tres formastipicas de exposicao: a leitura, a memorizacao parcial

do esquema e a memorizacao total do esquema.

1. A Leitura do Sermao

A leitura de uma peca literaria, como urn

discurso (numa assembleia, num parlamento, nos

foruns, em solenidades publicas ou privadas), semprefoi uma forma expositiva valida, na oratoria.

Tambem, na Homiletica, e valida a leitura de sermoes,

No passado (do seculo XVI em diante), quando os

pregadores eram licenciados e tinham que responder

perante as autoridades eclesiasticas e politicas pelo

que diziam nos pulpitos, eles eram obrigados a

escrever os seus sermoes.

Por causa do costume generalizado de se ler os

discursos ou os sermoes, criou -se 0 conceito (a nosso

ver errado) de improviso. Naquele tempo, 0 discurso

ou sermao que nao fosse lido era considerado como

"de improviso". Voltaremos a este assunto no

proximo capitulo.

Hoje, a situacao e inversa. Sao raros os

pregadores que escrevem os seus sermoes e que os

leem nos pulpitos. Contudo, ha vantagens e

desvantagens na leitura do sermao. Vejamos:

146 H om ile tlc a - A E lo q O en c ia d a Preqacao 147

Desvantagens

Vantagens a. Tira a espontaneidade. 0 pregador se priva

do contato pessoal e direto com 0 seu auditorio.

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Amarrando ao texto, 0 seu sermao se toma impessoal

e mecanico.

b. Tira a mobilidade. 0 pregador fica estatico,

preso ao pulpito. Nao pode se afastar e nem se

expressar com 0 rosto ou com as maos.

c. Torna mon6tono. A leitura, por mais bern

feita, nao admite arroubos de expressao, de

empolgacao ou de dramatizacao.

d. Perde a comunicacao visual. Muitas

verdades ficam marcadas no ouvinte quando 0

pregador as transmite pelos seus gestos ou pelo seu

olhar. A leitura impede que isso aconteca,e. Exige muito do ouvinte. Alem da atencao

constante, que a leitura exige do ouvinte, ele e

solicitado a dar mostras de mui ta paciencia e

condescendencia.

f. Tira a liberdade mental. 0 pregador podera

se afastar urn pouco do texto para fazer breves

comentarios, adicionar expli cacoes ou dar

informacoes paralelas, mas corre 0 risco de se per der;"Perder 0 fio da meada" ou "se emb ananar", como se

diz na giria.

g. Perde a sequencia. Cada vez que 0

pregador tiver que virar a pagina, produzira um

vacuo, que comprometera a sequencia da entonacao,

do entusiasmo e do proprio pensamento. Ha uma

ruptura na mensagem.

a. Exige que 0 pregador 0 escreva. Gracas a

isso, os grandes pregadores do passado sao hoje

conhecidos, pois os seus serrnoes escritos foramconservados e posteriormente impressos.

b. Aprimora 0 conhecimento da lingua - 0

pregador pode consultar urn dicionario e conhecer 0

sentido exato de cada pala vra que vai usar. Pode

consultar a Gramatica e construir com pre cisao as

frases. Pode selecionar as palavras que expressem

melhor as ideias e que produzam melhor efeito sonoro

e persuasivo. Poderao ate criar neologismos.

c. Desenvolve 0 estilo. 0 estilo e a maneiraparticular da pessoa expressar suas ideias. Veja 0

capitulo Homiletica e Estilo.

d . Desenvolve a capacidade de expressao,

Descobre novas maneiras de dizer as coisas e tom a -se

melhor compreendido.

e. Da seguranca. 0 pregador nao precisa se

preocupar com 0 que vai dizer e nem como dize -10 ,

pois tudo ja esta pronto e a mao.E aconselhavel que 0 pregador iniciante

escreva, de vez em quando, 0 seu sermao para

usufruir dessas vantagens.

148 H o rn ile tic a - A E lo q O en cia d a P re g ag a o 149

h. Perde 0 credito intelectual. Sugere

incompetencia; que copiou de outrem ou que usou urn

redator-auxiliar (copy desk).

i. Perde prestigio. 0 povo nao da muito valor

da capacidade mnemonica do pregador e nao e umaforma acessivel a todas as pessoas.

Qualquer que seja a forma expositiva que 0

pregador vier a adotar, tera que ser a que corresponda

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ao pregador que demonstre estar lendo 0 seu sermao.

Porque isso sugere inseguranca, falta de habilidade ou

de "dom" como se diz.

Note que as vanta gens da Ieitura surgem para 0

pregador quando ele escreve 0 sermao e que as

desvantagens surgem quando ele vai prega-lo.

melhor a sua personalidade 0 que importa e que elefaca 0 melhor que puder, com 0 metodo que Ihe

convier, mas com amor e uncao espiritual.

2. A memorizacao parcial do esquema

Consiste em 0 pregador memorizar 0 quanta

puder 0 esquema (especialmente os elementos basicos

da disposicao), mas leva-Io ao pulpito, por seguranca,para te-lo a mao, sempre que houver necessidade.

E preferivel 0 pregador ter 0 esquema a maopara uma consulta de sosIaio e apresentar urn sermao

completo (com todas as suas partes), e deixa-lo na

gaveta, confiando na memoria e esta falhar.

3. A Memorizacao Total do Esquema

Consiste no pregador memorizar todo 0

esquema do sermao. Ele vai ao pulpito com as ideias

principais, do sermao, na cabeca. Ele tern uma visao

geral do que vai dizer e de como dize-lo, sem precisar

de nenhum apontamento.

Essa e a forma ideal de exposicao horniletica.

Contudo, devemos reconhecer que eia depende muito

H o rn ile tic a - A E lo q ue nc ia d a P re ga g ao151

CAPITULO XVI

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ORIGINALIDADE,,

PLAGIO E IMPROVISO

Esses sao tres temas muito discutidos em

Oratoria. Tecamos algumas consideracoes sobre e1es.

1. Originalidade

A originalidade e a capacidade de criar ideias

novas; de imaginar e colocar as coisas de mane iradiferente. A originalidade, pois, pode ser de forma ou

de conteudo.

Rei pregadores que, pela sua inteligencia,

cultura, criatividade e espiritualidade, realmente sao

originais. Imaginam formas novas de expor antigas

verdades. Sao como 0 escriba judeu de que falou

Jesus. Quando se converte "tira do seu tesouro coisas

novas e velhas?" (Mt 13.52).Entretanto, a originalidade e sempre muito

relativa, especialmente na Homiletica. Muitos

pregadores se inspiram em trabalhos escritos ou

mesmo em sermoes pregados por outrem. E, ha

tambem aqueles que nao so se inspiram, mas que

pre gam totalmente sermoes alheios.

152 H or nlle tic a - A E lo q ue nc ia d a P re ga <; :8 o 153

2. Pbigio

Nao ha necessidade do repetidor dizer, no

inicio da pregacao, que 0 sermao que vai pregar nao e

de sua autoria. Isto the tiraria toda a autoridade e

diminuiria 0 valor de sua participacao. Afinal, ha urnPlagiar e pegar uma ideia alheia e reproduzir

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merito ern seu trabalho, representado pela sua

disposicao de pregar, sua eapacidade ern reproduzir

corn fidelidade as ideias de outrem,0

seu esforcopessoal de comunicacao e a sua capacidade de

persuasao. Ern ocasioes excepcionalissimas, podera

dizer 0 seguinte, no fim do sermao ou do apelo:

"Agradeco ao pastor fulano de tal a colaboracao que

me prestou na entrega deste sermao". Tal

agradecimento podera ser feito ate na or acao final do

culto.

Uma forma delicada e atenciosa e a de eserever

uma carta ou dizer pessoalmente: "Aquelj- sermao queo irmao pregou ern tal lugar foi usado por mim ern tal

lugar e produziu os seguintes resultados". Ou "tenho

usado 0 seu sermao do livro "Tal" e Deus tern

abencoado grandemente 0 nosso trabalho".

Isso nao s6 dignifiea 0 repetidor, como da

muita alegria ao autor.

Cada pregador deve usar os dons e as

oportunidades que Deus the da, valendo -se dosrecursos de que dispoe. Nao e peeado ser repetidor de

sermoes. 0 pecado esta em fazer isso por preguica

mental, por negligencia ao estudo ou por comodismo.

Pecado tambem e pregar por ostentacao, corn a

preocupacao unica de originalidade ou pelo prazer de

imitar os mais bern sucedidos.

como se fosse sua. 0 Codlgo Penal considera 0

plagio como urn furto literario ou artistico,

Podemos considerar como plagio 0 ato de

alguem reproduzir urn sermao de outrem? Seria isso,

urn ato condenavel?

Do ponto de vista juridico, fundamentado nas

leis que resguardam os direitos autorais, reproduzir

trabalho literario sem permissao do autor e sem

declinar a fonte, e crime passive I de condenacao . Mas,

no cristianismo, ha tres aspectos que tomam 0 plagio

ate recomendavel: 1. 0 objetivo maior do sermao e a

gl6ria de Deus e nao a gl6ria do pregador que 0

concebeu. Milhares de pessoas tern sido salvas corn

sermoes pregados por repetidores. A gl6ria do

pregador esta ern saber que produziu urn trabalho tao

born, que mereceu ser repetido e que produziu frutos

para a vida etema; 2. A seara e grande e poucos sao os

ceifeiros. Se 0 pregador souber que os seus sermoes

estao sendo pregados por outrem, ficara feliz por

estar qualificando ceifeiros para a seara; 3. Hapessoas que tern muita dificuldade em preparar urn

sermao, mas tern facilidade imensa de reproduzi -10 de

outrem. Sao-lhes de imenso valor os sermonarios

(livros de sermoes) e os sermoes ao vivo. E deles se

valem corn frequencia.

Isso, entretanto, nao desobriga 0 repetidor de

ser honesto quando vai pregar e de ser leal para corn 0

seu colaborador (0 autor do sermao).

154 H om ile nc a - A E lo qO e nc ia d a P re qa ca o 155

3. Improviso CAPITULO XVII

Improvisar e , literalmente, fazer sem provisao. -AILUSTRA<:AO

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Na oratoria seria falar sem ter estudado ou sem estar

preparado. Mas historicamente, 0 improviso, na

oratoria, e0

falar sem anotacoes ou sem ter0

discursoescrito.

Isso tudo e muito relativo, pois 0 pregador

pode ser apanhado de surpresa para pregar, mas nao

ser surpresa 0 que ele vai pregar. Geralmente ele fala

de algo que ja pensara, que ja estudara ou mesmo

serrnao que ja pregara. 0 pregador podera, tambem,

nao ter anotacoes, esquemas ou 0 sermao escrito, mas

tera todas as ideias memorizadas. 0 seu treinamento

mental pode ser tao eficiente que, em fracao desegundos, rememorizara tantos sermoes quantos

forem necessarios. Podera nao ser profundo , nem

completo, mas dira sempre algo de que tenha pensado

Ilustrar e iluminar. E fazer com que a luz seenfoque no lugar onde precisamos ver melhor. Ecomo alguem que, desejando ver algo num quarto

escuro, abre a janela ou acende uma luz.

Na imprensa, a ilustracao e urn desenho ou

uma foto introduzida no texto, com 0 proposito der

esclarecer ou justificar uma afirmacao. E neste

senti do que a ilustracao e usada na Oratoria e por

conseguinte, na Homiletica.

1. Tipos de Ilustracoes

antes.Ha cinco tipos de ilustracoes, a saber:

Conceitual, quando se cita 0 pensamento ou a

opiniao de uma pessoa. Ex.: Disse Jesus: "Vai, a tua

fe te salvou, (Me 10.52). Disse Dom Pedro I, as

margens do Ipiranga: "Independencia ou Morte".

Paulo escreveu: "A quem honra, honra" (Rm 13.7).

A verdade e que, qualquer discurso ou sermao

e sempre 0 resultado de uma elaboracao mental

anterior. E, assim, nao ha improviso.

o verdadeiro improviso nao se da quando 0

orador e apanhado de surpresa para discorrer sobre

urn tema que nao tenha estuda do ainda. Entao ele tern

que trabalhar com a memoria, com a inteligencia e

com imaginacao para criar 0 conteudo e the dar a

forma, na hora. Isso e improviso.

A rigor, nao ha improviso na Homiletica.

Tecnica, quando se explica urn principio

cientifico, urn processo tecnico industrial, urn

costume, uma situacao geografica, climatica e~c. ex.:

A lei da gravitacao; como era feito 0 pao azimo, 0

oleo da uncao, 0 vinho etc.; como eram as casas

orientais; como eram os casamentos; como era a

156Homltetlca - A Eloquencia da Preqacao 157

regiao do Sinai; onde ficava Dr dos Caldeus; como

era 0 c1ima na Palestina em determinadas epocas; etc.

2. Vantagens da ilustracao

Historica, quando se narra urn fato passado

A ilustracao nao s6 esclarece e justifica urn

argumento, mas pode ser urn argumento. Por isso, as

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registrado pela imprensa (livros, revistas, jomais),

transmitido pelo radio ou televisao ou ouvido de

testemunhas.

suas vantagens podem ser assim enumeradas:

a. Quebra a monotonia.

Estorica, quando se conta uma lenda, uma

fabula, uma parabola ou anedota imaginaria.

b. Revigora a atencao.

c. Diminui a tensao do ouvinte. Descontrai.

Pessoal, quando se conta fatos testemunhados

pelo pregador ou dos quais ele tenha sido

protagonista. Nestes casos, algumas regras devem ser

observadas:

a) Dizer sempre a verdade. Analisar bern

como os fatos se deram e ser fiel na na rracao.

b) Certificar-se bern dos fates, quando

envolverem outras pessoas. Elas poderao ter outra

versao.

c) Fugir da auto-exaltacao. Evite destacar sua

atencao pessoal, insinuando -se como esperto ou como

exemplo para os outros.

d) Evitar a delacao, Nao use como ilustracaofatos confidenciais, que podem constranger ou

comprometer as pessoas. Mesmo nao identificando as

pessoas pelos nomes, se 0 caso for evidente, a

identificacao sera not6ria.

d. Desperta 0 interesse. Toda ilustracao tern 0

sabor de novidade.

e. Marca 0 sermao. As verdades se tomamvividas quando ilustradas. Urn sermao ilustrado

dificilmente sera esquecido.

f. Enriquece 0 ouvinte. Em cada ilustracao ha

uma verdade, uma licao, urn ensino.

g.Valoriza 0 pregador. E tao agradavel ao

ouvinte, que valoriza mais 0 pregador. A ilustracao

sugere que 0 pregador e inteligente, estudioso,

pesquisador, culto. Nem sempre isso e verdade, mas e

assim que 0 povo pensa.

h. Valoriza 0 sermao. Toma-o mais digestivo,

da conteudo e 0 embeleza.

i. Convence e emociona. A ilustracao nao s6

embeleza 0 sermao, mas tern a finalidade de fortalecer

158

H or nlle tlc a - A E lo q O en ci a d a P re ga 9ao 159

o argumento. Por isso quando adequada, ela

convence, emociona e facilita a decisao. Isto porque 0

ouvinte se identifica com as personagens da ilustracao

e descobre a solucao de seu problema.

CAPITULO XVIII

A PERSONALIDADE

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3. Cuidados a Observar. DOPREGADOR

a. Adequacao. Cada ilustracao tern que ter

uma relacao direta com 0 fato que se quer ilustrar.

Essa relacao nao s6 deve existir no conteudo geral,

mas especificamente no ponto de intercessao entra a

ilustracao e 0 fato a ilustrar. A esse ponto de

intercessao, de conexao, vamos dar 0 nome de

"gancho", pois a ilustracao, como urn pingente do

assunto, se nao tiver urn gancho, nao se firma.

Ha sete fatores da personalidade do pregador

que precisam ser analisados, pois eles sao

fundamentais para 0 seu sucesso na pregacao , Vamos

denomina-los de perfis da personalidade.

1.Perfei~aoEspiritual

b. Objetividade. Evite detalhes que nao estao

diretamente ligados ao assunto, pois podem retratar

outras verdades que ofuscarao os ouvintes do gancho.

J a vimos esse perfil quando tratamos daeloquencia, mas nunca e demais ressaltar que 0

pregador tern que ser urn homem de fe. Ele vai pregar

e ensinar a fe. F e na existencia de Deus, no interessede Deus pelos homens e na relacao do homem com

Deus. F e na oracao, na Biblia como registro inspiradoda revelacao de Deus, no poder salvador de Deus em

Cristo e na presenca real de Deus na vida do crente

pelo Espirito Santo. F e na ressurreicao , na volta de

Cristo, no juizo final, na vida etema.

A vida espiritual e uma vida permeada pela fe .E, como pode urn pregador falar da vida espiritual se

ele nao tern fe?

c. Honestidade. Evite citar conceitos vagos,

"por alto", sem corresponder ao exato pensamento do

autor. Evite "passar" como verdade, fatos duvidosos,

cujas fontes sao indeterminadas.

d. Seriedade. Evite ilustrar verdades serias

com anedotas.

160 Homlletica - A Eioquencia da Pregagao 161

2. Perfil Moral

temperamento (agressivo, submisso, introvertido,

extrovertido etc.) e as motivacoes (conscientes ou

inconscientes ).

Rei pregadores que transmitem mais a sua

personalidade quando pregam, do que ideias, Por isso,

A fe crista nao e apenas uma crenca, uma

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para os assistentes esc1arecidos, 0 pulpito se

transforma, as vezes, mais num diva de psicaneilise

(onde 0 pregador oferece abundantes dados de sua

personalidade doentia), do que numa fonte de

orientacao sadia (onde 0 pregador oferece a luz , a

espiritualidade e a inspiracao de Deus).

Reipregadores que falam mais de si do que das

verdades de Deus que os ouvintes foram buscar.

aceitacao mental; mas tambem e isso, quando

acompanhada de uma mudanca de vida. 0 pregador

deve ser urn exemplo de nova vida. Nao pregue aos

outros 0 que voce nao consegue viver. Lembre -se de

que a sua vida fala mais alto do que as suas palavras.

Pregue a s~ antes de pregar aos outros.

3. Perfil Intelectual

A pessoa que abraca a carreira de pregador

deve estar bern consciente de que escolheu uma

funcao intelectual. Ela ira trabalhar mais com 0

cerebro do que com as maos e os bracos. Por isso,

exige-se que 0 pregador seja inteligente, amante dos

livros, criativo e culto. Tern que ser uma pessoa

atualizada, isto e, em dia com 0 seu tempo.

5. Perfil Fisico

4. Perfil Psicologico

o pulpi to nao e uma passarela por onde

desfilam so os mais bonitos e elegantes, mas temos

que convir que a expressao fisica do pregador 0 ajuda

muito na entrega do sermao. 0 pregador deve ter urn

porte atraente, isto e, altura e peso medios. Deve ser

fisicamente completo, sem nenhum defeito fisico

notavel,

Nao que pessoas altas, baixas, gordas, magras

ou portadoras de defeitos fisicos nao possam ser

pregadoras. Podem e, as vezes, ate sao bern sucedidas.

o que pode acontecer que tais pessoas nao podem

sofrer restricoes em sua aceitacao pelo publico. As

pessoas poderao sofrer bloqueios psicologicos.

Infelizmente ha uma especie de preconceito. Nos

paises onde e forte 0 preconceito racial, ha

indisposicao ate para se ouvir pessoas de outra raca.

o pregador tern que ser uma pessoa equilibradamental e emocionalmente. Ele vai revelar por suas

palavras esse equilibrio. A Psicologia da Linguagern

ensina-nos que as palavras nao sao portadoras apenas

de ideias, mas de emocoes, de ternperamento e

revelam motivacoes ate inconscientes. As ideias

acompanhadas das emocoes (alegria, tristeza, ira,

arnor, coragern, medo, otnmsmo, frustracao,

realizacao, derrota, vitoria etc.), revelam 0

162 Homitetlca - A Eloquencia d a P r eg a <; :a o 163

Nao queremos desestimular as pessoas que

foram chamadas para a pregacao e que sejam vitimas

de preconceitos humanos, mas queremos preveni -las

de que lhes serao exigidos mais esforcos, mais

perseveranca, mais amor e mais conviccao de

(ficando a frente, em evidencia e selldo observado lJor

todo 0 mundo) e inseguranca inte1ectual, decorrente

de sua insipiencia cultural.

Ha tres coisas que ele deve fazer:

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chamada.

Orar. Mas orar em tres dimensoes, a saber:6. Perfil Sonoro

A voz, como veiculo da pregacao , e

essencial para 0 sucesso do pregador. Dois elementos

sao fundamentais:.

Timbre, que e a qualidade distintiva do som,

que se apresenta sempre na mesma altura e

intensidade. 0 timbre ideal para a pregacao e 0medio,

isto e , nao agudo, nem grave, nem rouco e nem nasal(fanhoso).

Diccao, que e a emissao correta dos sons da

voz. A diccao exige, alem da pronuncia correta das

palavras, firmeza e clareza.

Na dimensao bioleglca. 0 nosso corpo deve

estar voltado para a oracao e envolvido nela. A ora~ao

que funciona e aquela que tern 0 nosso corpo a suadisposicao. Inspirar profundamente, reter 0 ar por

alguns instantes, soltar (aos poucos) pela gargallta,

como se fosse bocejar. Relaxar 0 corpo, soltando os

rmisculos e os nervos (faces, bracos, torax, abdomen,

pemas etc.). Sinta-se relaxado.

7. Perfil Social

Na dimensao psicologica. Imaginar que urn

foco de luz branco-azulado desce sobre a sua cabe<;a e

ilumina todo 0 seu cerebro. Irnaginar que esse foco de

luz se espalha pelo auditorio e pollsa sobre a cabeya

de cada ouvinte. Veja, pela imaginayao, urn POnto

luminoso (fosforescente) na cabeca de cada pessoa do

auditorio.inguem gosta de fazer "rna figura" perante a

sociedade, por isso se justifica 0 medo que muitas

pessoas tern de se exporem ao vexame publico. Esse

medo e eufemisticamente chamado de timidez ou

inibicao e e tipico da maioria dos pregadores

incipientes.

Sua causa fundamental e a mseguranca.

Inseguranca emocional decorrente de sua falta de

experiencia em se relacionar com urn auditorio

Na dimensao teologica, erer que Deus esta

presente e que essa luz the da a sensacao de qUe 0

Espirito Santo, que esta no meio das pessoas, quer

estar dentro de cada uma delas. erer que, ilumim\do,

es 0 mais poderoso instrumento de Deus para falar a

essa gente nessa hora. Crer que 0 Espirito Santo, que

esta dentro de voce, vai iluminar sua mente e faze -1 0

164Homiletica - A E l oq O e n ci a d a Preqacao 16 5

lembrar de todos os pontos principais de seu sermao e

que os ouvintes serao ajudados nao so a entenderem a

mensagem, mas a captarem as verdades profundas das

entrelinhas, que suspeitam estar enunciado. Diga a

seu desafio e 0 enfrentamos, mesmo com muitos

sacrificios e riscos.No casu da timidez de falar em publico, fugir

da oportunidade de pregar e eliminar 0melhor recu rso

para se libertar dela. E jogar fora 0 remedio que lhe

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ele: Senhor, agradeco pelas maravilhas que vais

operar neste lugar. Abencoa-me e, por meu

intermedio, abencoa este povo. Eu te peco, em nomede Jesus. Arnem.

vai curar. Nunca deixe passar a oportunidade de

pregar, pois e pregando que venceras a timidez.

Isso e evidente, pois se a pessoa tern a

necessidade de pregar, ela vai ter de se preparar

(adquirir dominio da materia e enfrentar 0 publico

(adquirindo dominio das emocoes).

Aceitar com resolucao e alegria todas as

oportunidades de pregar. Pregue, prcgllc, prcguc ... E

lembre-se de que e fazendo que se erra c e errando

que se aprende.

a. Assumir a grandeza de sua posicao. A

Analise Transacional nos da uma ideia interessante

sobre 0 complcxo de inferioridade. Ela diz que essa

questao de "Complexo" e muito relativa. As vezes

voce esta numa posicao superior (ok) c as vezes voce

nao esta numa posicao inferior (Nao ok). Assim, a

pessoa que vai ouvir urn pregador sendo culto ou nao,fica, naquele momento, inferior (Nao ok); e 0

pregador, naquele momento, fica superior (ok), pois

ele esta em vantagem sobre todos os seus ouvintes.

Ele teve 0 privilegio de cscolher 0 tema, teve tempo

para estudar, pesquisar e tracar a estrategia da

exposicao, Todos os outros aguardam por cle,

dcpendem dele e se subordinam a ele.

Isso deve dar confianca ao pregador para queele tenha 0 dorninio do conteudo e da forma de sua

pregacao.

b. Aproveitar todas as oportunidades. E

natural que 0 medo leve a pessoa a fuga. Fugir do

problema, entretanto, nao e a solucao. E apenas

ignora-lo ou fingir que ele nao existe. A solucao de

todos os problemas so aparece quando aceitamos 0

H om ile tic a - A E lo q O €m c ia d a P re ga ga o 167

TERCEIRA PARTE

MODELOSE

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iNDICE DE ASSUNTOS

MODELO 1 - Sermao para radio ou telefone

(urn minuto e meio).

Esta escrito na l3iblia que, certa vez, as

autoridades judaicas intcrrogararn Joao Batista sobre

quem ele era, pois csiavam preocupados com a

multidao de pessoas que acorrium "aos batismos que

ele realizava, dizendo que clc era urn grande profeta" .

E, quando the pcrguntaram: "Quem es tu?"

Joao Batista respondeu: "ELI sou a voz do que clama

no deserto. Eu batizo as pessoas na agua, mas no meio

de vos esta urn a quem vos nao conheceis".

Evangelho de Joao , capitulo I, Verso26.

Vamos destacar csta ultima frase: "No meio de

vos esta urn a quem vos nao conheceis". E, por que

muitas pessoas nao conheciam a Jesus em seu tempo?

Nao e 0 mesmo que esta acontecendo hoje?

Nao estara acontecendo isso, agora, com voce?Cristo esta no meio de nos; Ele e acessivel a

todos, mas nem todos 0 conhecem. Por que ha tantos

aflitos? Tantos desorientados. Tantos desco nsolados?

Vamos the oferecer trcs razoes para isso:

A primeira e que muitas pessoas nao conhecem

a Cristo porque nao buscam urna relacao pessoal com

Ele. No tempo de Joao Batista tambem foi assim. As

pessoas seguiam uma religiao tradicional, dos pais e

168

Hornl letica - A Eloquencia da Preqacao 169

nao queriam urn relacionamento pessoal com Deus,

porque tal relacionamento exige arrependimento e fe

(conversao: mudanca na vida).

A terceira razao e que muitas pessoas nao

conhecem a Cristo porque nao 0 querem experimentar

Tese: Por que muitas pessoas nao conheciam a

Jesus em seu tempo? E por que nao 0 conhecem

h . ?28 H' A - 29oje. a tres razoes:

1 - Porque tinham uma ideia sobre ele.

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como Salvador. Ha muitos que nao sabem que sao

pecadores e que estao condenados a morte etema por

causa disso. Nao sabem que Jesus e 0 unico Salvador

e que so crendo nc1epodem ter a salvacao etema. Crer

em Jesus ~ao c so accitar que Ele existiu e que morreu

na cruz. E entregar sua vida a ele. E experimentar

uma nova vida com EIc.

Conclusao. Embora Jesus seja acessivel (esta

no meio de vos, como disse Joao Batista), voce jamais

podera ser salvo se nao aceita-lo como Salvador ,

buscando uma experiencia pessoal com Ele.Reconheca que voce e pecador e entregue -se a

Jesus "Ele esta no meio de vos".

MODELO 2- Esquema do sermao anterior.

Esperavam urn Messias politico terreno.

Jesus se disse Rei, mas nao deste mundo .

2 - Porque nao buscavam uma relacaopessoal com ele.

Seguiam uma religiao tradicional.

o conhecimento de Deus cxige relacionamento

pessoal.

3 - Porque nao queriam experimenta-lo

como Salvador.

Ignorancia de sua situacao espiritual: pecadores

condenados.A experiencia pessoal exige conversao .

A experiencia pessoal exige nova vida.

Conclusao: Embora Jesus seja acessivel, 0

homem so podera ser salvo se 0 aceitar como unico

Salvador. Reconheca 0 seu pecado e entregue-se a

Ele.SERMAO N° 5427

Jo 1.26

As autoridades judaicas mandam interrogarJoao Batista: "Quem es tu?"

A resposta: "No meio de vos esta urn a quem

vos nao conheceis".

Apelo'"

(Veja nota de rodape)

28Notar a tese paralela, para haver conexao entre as

respostas daquele tempo e sua aplicacao na vida atual.

29 Essa e uma forma de sintetizarmos a resposta, isto e , aargumentacao. Com eIa, 0 pregador antecipa a argumentacao, isto e ,ele previne 0 ouvinte de que ele esta consciente de sua tese e que

possui urn arsenal determinado de argumentos.

30 0 apelo podera ser urn pedido para que a pessoa escreva

uma carta solicite urn folheto ou copia da mensagem .

27 Notar que esse e urn titulo tecnico, apenas para 0 controle do

pregador, - nos sermoes para radio ou telefone, nao ha titulo

literario, pois isto e dispensavel

170

Hornlletica - A Eloquencia d a P r eg a c; a o 171

MODELO 3 - Sermao para radio (5 minutos) viveu cento e trinta anos e gerou urn filho it sua

imagem e pos-lhe 0 nome de Sete".

E certo que Adao foi criado por Deus, mas ecerto tambem que ele foi criado para ter uma relacao

muito intima com Deus como a que so existe entre pai

Hoje vamos falar sobre a Paternidade de Deus.

o texto que escolhemos encontra -se no livro deAtos dos Apostolos, capitulo 17, verso 29, que diz:

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e filho. E, de fat0, na genealogia de Jesus, Adao nao

aparece apenas como uma criatura de Deus, mas ele e

expressamente dec1arado Filho de Deus. Evangelhode Lucas, capitulo 3, verso 38.

Paulo tambem, concordando com os filosofos

gregos, disse: "nos somos geracao de Deus" (Atos

17.29) e, aos Efesios, escreveu que toda a familia dos

ceus e da terra tern Deus como Pai porque recebem 0

seu nome (Capitulo 3, de 14 a 15).

Essa e uma verdade maravilhosa, edificante e

consoladora. Somos todos filhos de Deus. Deus enosso pai. Ele e pai de todos os homens.Mas a Biblia revel a uma outra verdade, que

nao e muito consoladora. E a verdade de que 0 peeado

cortou as relacoes familiares do homem com Deus.

A Biblia afinna que 0 homem, por causa do

pecado, foi desfiliado de Deus, foi deserdado,

perdendo todos os direitos na familia de Deus. "As

vossas iniqiiidades fazem separacao entre vos e 0

vosso Deus!" Disse 0 profeta Isaias (Capitulo 59,verso 2). Na famosa parabola do "Filho Prodigo",

Jesus mostrou que 0 pecador, embora filho, estava

longe da casa paterna e destituido de todos os direitos.

Perdido (moralmente) e morto (espiritualmente) para

os que 0 amavam, aquele filho preferia viver como se

nao tivesse pai. Assim sao todos os homens.

Afastados da casa do Pai por causa de seus pecados,

"Sendo nos geracao de Deus, nao devemos pe nsar que

a divindade seja semelhante ao ouro, ou it prata ou it

pedra esculpida pela arte e imaginacao do homem" .o apostolo Paulo disse isso perante uma

assembleia de sabios gregos, em Atenas. Suas

palavras denunciam uma contradicao entre a teologia

grega e a sua pratica. Os filosofos gregos ensinavam

que os homens eram filhos de Deus, mas na pratica,

adoravam estatuas de ouro, de prata e de p edra.

A teologia concordava, em teoria, com a

teologia crista, pois a Biblia estabelece uma relacaofamiliar de Deus com os homens. A Biblia diz que

Deus nao e somente 0 Criador do universo e do

homem, mas que ele e tambem Pai.

E, se Deus e Pai, vejamos como sao as relacoesfamiliares que existem entre Deus e os homens. 0

primeiro fato que a Biblia revela, e que 0 homem foi

criado por Deus para ser seu filho.Isso e claramente demonstrado na afirmacao

biblica de que 0 homem foi feito "it imagem e

semelhanca de Deus". "Criou Deus 0 homem it sua

imagem; it imagem de Deus 0 criou: homem e mulher

os criou". Livro de Genesis, capitulo 1, verso 27.

Investigando 0 sentido da frase "irnagcm e

semelhanca", descobrimos, na Biblia, que ela tern urn

sentido genetico, fisico e psiquico que urn filho tern

com 0 seu pai. Em Genesis 5.3 esta escrito: "Adao

172 Horn ilst lca - A Eloquencia da P reqacao 173

nao possuem mais nenhum direito na familia de Deus.

o pior e que a Biblia os chama de "filhos do Diabo".

o Apostolo Joao escreveu em sua primeira carta:

"Quem comete pecado e filho do Diabo". (capitulo 3,verso 8).

filhos. Paulo diz que "somos herdeiros de Deus e

co-herdeiros de Cristo."(Carta aos Romanos, capitulo

8, verso 17).

Conclusao. Embora ao nascerem todos os

homens possam ser considerados como filhos de

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E foi por isso que Jesus veio a este mundo.

Jesus veio reatar os Iacos familiares do homem com

Deus.

Ele veio filiar, novamente, 0 homem com

Deus. E, para isso, ele morreu e ressuscitou.

No Evangelho de Joao , capitulo 3, verso 3,

Jesus afirmou: "Sc alguern nao nascer de novo, nao

pode vcr 0 reino de Deus". No verso 12, Joao disse:

"Ele veio para os seus e os seus nao 0 receberam, mas

a todos os que 0 receberam deu-lhes 0 direito de se

tomarem filhos de Deus".Na parabola do "Filho Prodigo", Jesus mostrou

que 0 novo nascimento comeca quando a pessoa "cai

em si", isto e, quando toma consciencia de seus

pecados e se levanta para voltar a casa pate rna.Na familia hebraic a, os filhos tinham direitos

economicos e politicos. 0 economico, participar nos

bens da familia, e 0 politico, de govemar a casa, a

tribo e a nacao. Esses direitos, entretanto, so poderian;

ser usados pelos filhos maiores (emancipados). E

maravilhoso ouvirmos 0 que a Biblia diz: "Na

plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho ... para

nos dar a emancipacao de filhos". (Carta aos Galatas,

capitulo 4, de 4 a 5).

Uma vez nascido na familia de Deus, por ter

morrido para a familia de Satanas , 0 homem passa a

desfrutar dos bens do Senhor, na heranca de seus

Deus, 0 pecado estabelece uma divisao entre eles. De

urn lado ficam os rebeldes, desobedientes, que

desonram 0 nome do Pai, que envergonham a familia

e que, expulsos e deserdados (sem nenhum direito na

familia), sao considerados como mortos para Deus.

Do outro lado, ficam os filhos obedientes, amorosos e

fieis, que honram 0 Pai, que trazem alegria a familia eque desfrutam de todos os direitos .

Qual e a sua situacao? Que tipo de filho evoce? Lembre-se de que se voce ainda nao aceitou

Jesus como seu Salvador, voce nao faz parte dafamilia de Deus. Voce esta separado de seu Pai, voce

esta perdido, deserdado e morto.

Volte agora mesmo para 0 seu Pai Celestial,

como fez 0 filho prodigo. Somente pela fe em Jesus,

voce podera se tomar urn verdadeiro filho de Deus.

Venha receber 0 beijo de perdao e fazer parte da

universal familia de Deus.

A Biblia diz que "ha alegria no Ceu quando urn

pecador se arrepende"; quando urn filho volta para a

casa do Pai.

Ore a Deus comigo agora: "Querido Pai,

reconheco que tenho estado longe de ti. Eu me

arrependo dos meus pecados. Aceita-me, agora, como

urn de teus filhos, pois eu aceito Jesus como meu

Salvador. E em nome de Jesus que estou te pedindo.

Amem",

174 H orn il et ic a - A E lo qO E m cia d a P re ga c; :a o 175

Se voce fez essa oracao, escreva-nos para que

lhe enviemos 0 livro de instrucoes sobre "Como

Crescer na Vida Crista".

a. Adao e filho de Deus. Lc 3.38.b. A humanidade e "geracao de Deus". At

17.29; Ef4.14-15

MODELO 4 - Esquema do sermao anterior 2. 0 PECADO CORTOU AS RELA(:OES

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FAMILIARES DO HOMEM COM DEUS

a. 0 pecado faz separacao. Is 59.2

b. Parabola do Filho Prodigo: Perdeu osdireitos de filho na sua familia. Lc 15.l3 -14.

c. 0 pecado faz 0 homem filho do diabo.

1103.8. Por isso Jesus veio ao mundo.

3. CRISTO VEIO REATAR AS RELA<;OES

FAMILIARES DO HOMEM COM DEUS

a. 0 pecador precisa morrer para 0 seu passado

de pecados e renascer. Jo 3.3.

b. 0 dire ito familiar se da com a aceitacao deCristo. Jo 1.1-.2.

c. Parabola do Filho Prodigo: "Caiu em si". Lc

15.17.

d. Os direitos dos filhos na familia hebraica:

economicos e politicos. S6 os maiores (emancipados)

usufruiam desses direitos. 014.4-5.

e. Como filhos, somos herdeiros de Deus. Rm

8.17. Conclusao: A diferenca de relacionamento do

filho rebelde e do filho fiel.

Qual e a sua situacao?Apelo,

A PATERNIDADE DE DEUS31

At 17.16-31 (28,29)32 - Hinos: 46, 165 e 231do Cantor Cristae 33

1. Analise contextual. Paulo mostra a

contradicao entre a teoria e a pratica teologica dos

gregos. Paulo mostra a identidade da teologia grega

com a crista no tocante it patemidade universal de

Deus.

2. A Biblia afirma a paternidade de Deus.

Tese: Como sao as relacoes familiares que

existem entre Deus e os homens?

1. 0 HOMEM FOI CRIADO POR DEUS

PARA SER FILHO

A expressao "imagem e semelhanca" On 1.27

tern sentido genetico. On 5.3.

31 No esquema 0 titulo e destacado. No sermao ele e

envolvido na introducao,

32 No esquema 0 texto e indicado por completo e 0 verso

basico entre parenteses. Isso ajudara 0 pregador quando tiver que

prega-lo do pulpito, Veja-se como 0 texto util esta entre parentes is

Isso facilita 0 destaque para a indicacao do tema ou para a analise

introdut6ria.

33 0 espaco, em branco, ap6s 0 texto, serve para anotacao dos

hinos adequados a mensagem.

H o rn ile tic a - A E lo q O en cia d a P re ga g ao 177

QUARTA PARTE

-ESBOC;OS PARA SERMOES

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Terna: NASCE JESUSTexto: Lc 2.1-20

I - Introducao: E natal. Nasce Jesus. Deus se encarna

para habitar entre nos. Que a crianca do ceu possa

nascer em nos, irmanando-nos como filhos de Deus.

II - UM INFANTE REAL - SEM PALAcIO E SEM

BER(:O a) Nao houve lugar em Belem para nascer (v.

7) b) Nasceu entre 0 boi e 0 burrinho (v.7) c) Tera

lugar em rneu coracao? (J0 1. 11)

III - A GLORIA E 0 RESPLENDOR DO CEU NA

TERRA

a) Nos olhos da crianca e das estrelas, reflete -se a

gloria do Senhor. Brilhe a luz do ceu (v.9; Is 9.2)

b) Nao vern trazer ternor (v. 10)

c) Vern trazer novas de grande alegria para todos (v.10)

IV - OS ANJOS CANTAM EM SEU LOUVOR

a) Pessoa na terra urn canto do ceu: Nasceu Jesus

raiou a Luz! Chegou a Vida e a Paz.

b) Ele e a Gloria do Pai conosco (v. 14; Jo l. 14)

c) Ele e a Paz na Terra (v. 14; Is 9:6,7)

178 H o rn ile tic a - A E lo q ue nc ia d a P re q ac ao 179

v - Conclusao:De noite, nasce Jesus em Belem, e ilumina a

escuridao, Ele traz a vida do ceu, 0 amor, a paz. Mas

nao teve urn lugar onde nascer na cidade e nasceu na

IV - CRER NO CRISTO QUE FAZ FELIZ

a) Os que creem para ver (v. 24-29)

b) Os que creem no Cristo dos Sinais (v. 30)

c) Os que creem no Cristo Vivo, Filho de Deus (v. 3.1)

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manjedoura, entre 0 boi e 0 burrinho. Neste Natal, que

Ele nasca em seus coracoes para faze-los felizes, com

a vida, 0 amor, a alegria e a paz do ceu.

Tema: CRERPARA VER

Texto: Joao 20.19-31

V - Conclusao:

Quem quiser ver a gloria de Deus, e so crer. Foi pelo

crer que 0 proprio Jesus operou sinais e maravilhas,

como reviver depois de morto e manifestar -se entre os

crentes.

I - Introducao: Jesus disse a Marta, em Betania: "Se

creres, veras a gloria de Deus!" (1 0 1l.40). Ele nao

ensinou a ver para crer, como fez Tome, mas ensinou

a crer para ver. Aqueles que vivem com fe verao,sentirao, experimentarao e desfrutarao as benesses do

Deus vivo e verdadeiro.

Tema: 0 TRAJE NOVO DOS ELEITOS DE DEUS

Texto: C13: 12-17

I - Introducao: 0 Apostolo Paulo, na riqueza de sua

sabedoria vivenciada pelo Cristo que nele vive, da as

roupagens dos eleitos de Deus santos e amados,

II-CRER NO CRISTO QUE SE MANIFESTA

a) 0Cristo que tira 0 medo (v. 19)

b) 0Cristo que abre as portas (v. 19)

c) 0Cristo que se faz presente (v. 19)

d) 0 Cristo que da tranquilidade e paz (v. 19 -2 1)

II-ROUPAGENS DAS QUALIDADES (v. 12)

a) Compassividade - Qualidade de compassivo,

compaixao, sentimento amoroso que leva a sentir 0

outro em suas carencias (1 Pe 3.8).

b) Benignidade - Qualidade do benigno, bondoso,

benevolo - nao maligno (SlI03. 17-18).

c) Humildade - Qualidade do humilde, simples,

singelo (Mq 6 .8; Mt 5.3).

d) Mansidao - Qualidade do manso, brando, pacifico

(Mt 5.5 ; IPe 3:4)

III - CRER NO CRISTO QUE CHAMA A

CONGREGAR COM ELE

a) 0Cristo que envia ao mundo (v. 21)

b) 0 Cristo que da 0 Espirito Santo (v. 22)

c) 0 Cristo que manda levar 0 perdao (v. 23)

180 H or nile tic a - A E lo qO e nc ia d a P re ga <; :a o 181

III - ROUPAGENS DAS ATITUDES (v. 13-17)

a) Suportando-vos (G16. 1-5)

b) Perdoando-vos (Mt 6.14,15; 18.21-35)

c) Amando-vos no amor de Cristo (Jo 15.12)

d) Vivendo a paz de Cristo (1 0 14.27; 16:33)

IV - 0REINO DE DEUS NOS CORA<;OES (v. 23)

a) Deus conosco (Is 7.10-14 ; Mt 1.23)

b) Deus em nos (S182.6; lCo 3.16)

c) Deus no mundo (S133.12 -22)

V - UM REINO DE VIDA SAUDAvEL (v. 23 -25)

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e) Sendo agradecidos (Ef 5.20,21)

IV - Conclusao:Revestidos das qualidades e atitudes dos eleitos de

Deus, os cristaos serao retratos do proprio Cristo,

onde vivem e por onde vao, ate que Cristo volte.

a) De urn povo unido no Senhor 1Co 1. 10- 17)

b) De uma comunidade instruida S127.4)c) De uma comunidade curada e liberta (Jr 30.17)

Tema: 0EVANGELHO DO REINO DE DEUS

Texto: Mateus 4:12-25

VI - Conclusao:

o Evangelho do Reino de Deus fala de Deus reinando

em nos, de dentro para fora, transformando -nos em

reais filhos de Deus. Fala de Deus rcinando na

comunidade e no mundo.

I - Introducao:A obra que Jesus veio fazer no mundo foi restabelecer

o reino de Deus nos coracoes, interrompido pelo

pecado original. Este e 0 enfoque da expressao

Evangelho do Reino.

Tema: JESUS CRISTO - 0 CAMINHO PARA 0

PAl

Texto: Joao 14.1 -14

II - UM REINO DE LUZ (v. 12-17)

a) Deus e luz (110 1.5-7; 2:7-11)

b) Jesus Cristo e 1uz (Jo 1.4,9, 19)

c) Os filho do Reino sao luz (Mt 5.14-16)

I - Introducao:

Cristo desceu do ceu 11terra e vo1tou da terra ao ceu,

para dar aos homens 0 caminho a Deus, ao Pai

celeste.

III - UM REINO NO PODER DA VERDADE (v. 23)

a) Verdade que ilumina (SlI8.28 ; 34:5)

a) Verdade que vivifica (1 0 6.68)

c) Verda de que liberta (Jo 8.32 ; 14:6)

II - CAMINHO DE PAZ

a) Uma paz que nao se turba (v. 1)

b) Uma paz assentada em Deus e no seu filho (v. 1)

c) Uma paz assentada nas moradas do Pai (v. 2)

d) Uma paz pela presenca do principe da paz (v.3 ; Is

9.6.7)

182 Homiletica - A Eloquencia da Preqacao 183

III - CAMINHO DO FILHO DE DEUS

a) Caminho de Verdade (v. 6)

b) Caminhode Vida (v. 6) c) Caminho para 0 Pai (v.

6-9)

IV - CAMINHO E FE

REFERENCIAS,

BIBLIOGRAFICAS

BLACKWOOD, W. Andrew. La Preparacion de

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a) Fe em Jesus Cristo como filho de Deus, Salvador e

Senhor (v. 13,14; Ef 4.13)b) Fe nas obras de Cristo (v. 12)

c) Fe e Vida de oracao confiante, buscando a estatura

de Cristo (v.13,14;Ef4.13)

Sermones Biblicas, 4 ed. Buenos Aires, Argentina:

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BROADUS, John A. Arte de Pregar, 2 cd. Rio de Janeiro:

Casa Publicadora Batista, 1957. 2ROp.

V - Conclusao:

Os homens tracarn muitos caminhos de salvacao e

vida. Joao aponta urn caminho: Jesus Cristo. E por

Ele que chegamos ao Pai. Ele nos abriu 0 caminho aoceus. Ele e 0 mediador da salvacao e nova vida (1Tm

2.5). Ele e 0 mediador da nova Alianca (Hb 12.24).

Estejamos com Ele e Ele estara conosco. E isso nos

basta.

BROWN, Colin. Dicionario Internacional de Teologia do

Novo Testamento. Sao Paulo: Vida Nova, 1985-

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