Homo oeconômicos
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Homo oeconomicus - aula 04.04.1979
FOUCAULT, Michel. O nascimento da Biopolítica. São Paulo, 2008
Noção de homo oeconomicus: criada em meados do século XVIII e atravessou todo o pensamento econômico liberal. Espécie de átomo de interesse insubstituível e irredutível.
homo oeconomicus e sujeito de direito não são superponiveis, o primeiro não usa a mesma dialética do segundo
Sujeito de direito se integra ao conjunto do outros sujeitos por uma dialética da renúncia.
Homo oeconomicus: se integra ao conjunto por uma dialética da multiplicação espontânea (não é por renúncia, subtração ou transferência).
A irredutibilidade do HO ao Sujeito de Direito acarreta uma modificação da relação do soberano em relação ao exercício do poder.
Frente ao soberano o HO não se encontra na mesma situação que o sujeito de direito. SD é aquele que limita o poder do soberano, Já OE não se contenta em limitar o poder do soberano, ele o destitui, na medida em que gera no soberano a incapacidade central de dominar o poder econômico
A concepção de soberano da idade média até o séc. XVII: acima do soberano os desígnios de Deus, algo impenetrável
Sec. XVIII: Acima do soberano estão os labirintos e meandros do campo econômico. HO desafio político à concepção tradicional, à concepção jurídica.
2 soluções possíveis: Se a prática econômica, os conjuntos dos processos de produção e
troca escapam ao soberano, vamos limitar geograficamente o poder: ele pode mexer em tudo menos no mercado. (espaço livre da soberania)
Visão fisiocrata: O Soberano perante ao mercado deve ter a postura do geômetra frente as realidades geométricas – evidencia, passividade teórica e vigilância a evidência
Nem uma, nem outra saída, há o rearranjo da razão governamental a partir a existência do HO. A problemática está no aparecimento simultâneo do mercado, dos mecanismos de preço, do homo oeconomicus e da sua irredutibilidade à esfera do direito. Assim, a arte de governar deve se exercer no espaço de soberania (sujeitos de direitos - delegação), que é povoado por sujeitos econômicos. A governabilidade só pode ser garantida por pela emergência de um novo objeto, um novo campo: sociedade civil.
Para manter ao mesmo tempo: 1. a unidade da arte de governar, sua generalidade sobre o
conjunto da esfera da soberania,
2. para que a arte de governar mantenha a sua especificidade
3. para conservar a sua autonomia em relação a ciência econômica
Cria-se a noção de sociedade civil: Conceito de tecnologia governamental cuja medida racional deve
indexar-se juridicamente a uma economia entendida como processo de produção e troca. Uma tecnologia governamental que não infringe as leis do mercado e nem o direito.
O homo oeconomicus e a sociedade civil são elementos indissociáveis do conjunto da tecnologia da governabilidade liberal.
O homo oeconomicus: ponto abstrato ou ideal e puramente econômico que habita a realidade complexa da sociedade civil
A sociedade civil: conjunto concreto na qual deve administrar os homo oeconômicos.
A sociedade civil faz parte da tecnologia governamental moderna, assim como a loucura e a sexualidade, realidades de transação, o jogo das relações do poder, que nascem na interface da relação governantes e governados. È uma tecnologia que tem por objetivo sua própria autolimitação, na medida que é indexada à especificidade dos processos econômicos.
O termo sociedade civil mudou: No século inicio do sec.XVII: Locke SC estrutura
jurídico-política que liga os indivíduos. Segunda metade do séc. XVIII: Visão de Fergusson: 4
características Constante histórico natural A natureza da natureza humana é ser social. Não há natureza humana dissociável do próprio fato da
sociedade. O Estado de natureza da sociedade nunca pode
aparecer em seu aspecto nu e simples. O palácio como a cabana estão afastados da natureza. Assim, o vínculo social não tem pré- história
A sociedade é um constante histórico natural par a humanidade
Princípio da síntese espontânea A sociedade civil assegura a sintese espontânea
dos indivíduos. A sociedade civil realiza efetivamente uma síntese,
é simplesmente por uma soma das satisfações individuais que se realiza o vínculo social
Reciprocidade entre os elementos e o todo; A sociedade civil é o veículo do vinculo econômico Matriz permanente de poder político Pactum subjetionis (pato de sujeição) A formação espontânea do poder se dá pelo vínculo
de fato que vai ligar dois indivíduos entre si concretos e diferentes.
Logo, o homem, sua natureza, seus pés, suas mãos,sua linguagem, os outros, a comunicação, tudo constitui um conjunto solidário (sociedade civil)
Elemento do motor da história A sociedade civil é sintese e subordinação
espontânea