Hortência - Marques de Carvalho Recapção Crítica

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Faculdade Integrada Brasil Amazônia Recepção Crítica da Obra Hortência, de Marques de Carvalho

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Faculdade Integrada Brasil Amazônia

Recepção Crítica da Obra Hortência, de Marques de

Carvalho

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Danielly Gomes Chaves Giordano

Luiza Moreno Carvalho

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É num cenário naturalista que surge Marques de Carvalho com sua obra Hortência,

a qual constitui o objeto de análise deste trabalho, e com diversos contos e poemas.

Todavia, apesar de possuir uma vasta obra, que abrange diversos gêneros, aventurando-se como romancista, contista, poeta e teatrólogo, ainda hoje esse escritor não obteve o devido reconhecimento, principalmente no que diz respeito ao romance naturalista Hortência, sobre o qual nos propomos a esclarecer as considerações de críticos como José Veríssimo, Carmen Rocha e Eidorfe Moreira sobre a obra, buscando entender os pontos em que tais críticos convergem em suas colocações e pontos nos quais divergem.

Introdução

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Considerando-se, principalmente, a importância do escritor paraense

para o mundo das letras em Belém no final do período oitocentista, objetiva-se, com este trabalho, apresentar a recepção do romance naturalista Hortência, de Marques de Carvalho, pela crítica literária, desde o final século XIX até a primeira década do século XXI, para que esses dados possam subsidiar uma discussão acadêmica sobre o panorama da Literatura de Expressão Amazônica, fomentando o conhecimento à cerca da literatura produzida no Pará.

Introdução

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João Marques de Carvalho foi um romancista, poeta,

contista, jornalista e político paraense, nascido em 6 de Novembro de 1866.;

Foi ainda colaborador d’A província do Pará e o criador dos jornais Alfinetadas e Comércio do Pará, e das revistas, em parceria com outros, Arena e A Revista;

Um dos fundadores da Academia Paraense de Letras e da Mina Literária, revista organizada e publicada por um grupo de poetas paraenses de 1870 a 1885.

O autor

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A história se passa entre Hortência, uma mulata de 15 anos, mas que parecia ter vinte, que

mora com a mãe, Maria, lavadeira há mais de 35 anos, e o irmão, Lourenço, mulato alto e forte, amigo da bagunça e das mulheres.

Certo dia, Lourenço convida a mãe e a irmã para irem ao circo. Mais tarde ao dormir tem sonhos libidinosos com uma trapezista americana que vira no circo. Em uma situação inesperada, acaba por ver a irmã em trajes menores e transfere a representação da trapezista para a figura da irmã. Ainda nesta noite ele invade o quarto de Hortência e a subjuga. O que viria a acontecer outra vez, quando Hortência assume ser esta a sua sina e ser este o homem que Deus reservara a ela, aceitando o seu destino como tal.

Os dois passam então a viver maritalmente. A mãe abandona-os ao descobrir. Mais tarde Hortência dá a luz ao filho que esperava do irmão e acaba assassinada por ele, anos depois, ao recusar a continuar sendo sua mulher e dar-lhe dinheiro para pagar as luxúrias.

Enredo

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Quanto a obra e o autor

José Veríssimo “Direi entretanto e já, com toda a franqueza que devo aos que me têm feito

o favor de ler e ao Sr. Marques de Carvalho, que não gosto de Hortência” (VEÍSSIMO, 1978, p. 192)

Eidorfe Moreira “Por ser inferior a Inglês de Souza como romancista, Marques de Carvalho

ficou mais preso as espírito e tendências do movimento naturalista.” (A PROVÍNCIA DO PARÁ, 1984, p. 13)

A recepção da crítica

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Quanto a personagem Hortência

José Veríssimo “A crítica nacional em relação ao naturalista prende-se, em maior relevo, ao

interesse pela ação e seus personagens. A classificação das três personagens femininas destacadas de O Homem, A Carne e Hortência tendo como resumidor a histeria é consequência desta postura.” (ROCHA, 2004, p. 57)

Eidorfe Moreira “[...] a heroína do romance não é histérica, como Magdá de O Homem.” (A

PROVÍNCIA DO PARÁ, 1984, p. 13)

A recepção da crítica

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Quanto a personagem Hortência

Carmen da Rocha “Hortência se opõe à relação sexual que, na adolescência, abomina, apesar de

sua simplicidade cultural.” (ROCHA, 2004, p. 60)

“A simples rapariga tinha horror ao homem, à junção carnal dos corpos [...]. Repugnando-lhe as crapulosas pândegas desonestas de todas as pessoas da sua classe, havia sabido conservar-se pura, inteiramente imaculada de corpo e de

espírito reservando com escrúpulo a sua pessoa para entrega-la um dia ao homem a quem amasse.” (CARVALHO, 1997, p. 48)

A recepção da crítica

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Quanto a ausência de densidade literária

Eidorfe Moreira “O romance de Marques de Carvalho tem força, mas não tem densidade; e a

própria simplicidade do enredo leva-nos a considera-lo antes uma novela do que um romance.” (A PROVÍNCIA DO PARÁ, 1984, p. 13)

A recepção da crítica

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Quanto a estética naturalista“Rolavam numa fúria brutal, pelo soalho nu da peça, porejando viscoso suor morno e excitante,

com as grenhas soltas, eriçadas, os lábios trêmulos na junção dos beijos férvidos, as pupilas dilatadas como se desejassem abranger dum relance todos aqueles abismos de amor que lhes

cavavam nas almas furiosas de excitação e ventura” (CARVALHO, 1997, p. 131)

Eidorfe Moreira “[...] o romancista emprega ao relacionamento dos dois irmãos um caráter tão cru, que

dificilmente outro romance naturalista superará o do autor paraense neste particular.”

“Em termos de carnalidade, Hortência teria sido o romance mais representativo do Naturalismo no Brasil, se tivesse magnitude literária para tal” (A PROVÍNCIA DO PARÁ, 1984, p. 13)

A recepção da crítica

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Quanto a estética naturalista

José Veríssimo “O homem não é somente um animal, como boi ou cavalo, é um produto de uma

maneira de ser especial – civilização humana – que tornando-o tal qual ele emergiu da animalidade, o afeiçoou de várias maneiras, libertando-o, tanto quanto possível fazê-lo, das fatalidades inerentes àquele estado” (VERÍSSIMO, 1978, p. 189)

“O Sr. Marques de Carvalho confundiu na Hortência o naturalismo com Zola, falseou o seu talento, forçou a nota crua, não recuou diante das mais torpes obscenidades, reviveu a tradição simplesmente pornográfica dos livros cujos nomes nem é decente citar [...].” (VERÍSSIMO, 1978, p. 194)

A recepção da crítica

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Quanto a estética naturalista

Carmen da Rocha “Não existe, no decorrer do romance, uma única vez que Hortência mostre-se

interessada pelo sexo” (ROCHA, 2004, p. 60)

A recepção da crítica

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Quanto ao ambiente/espaço

Eidorfe Moreira “A arborização da cidade não tem destaque no romance, sendo escassas as

referências às mangueiras.” Sob o ponto de visto climático, nada interessante e característico, nem sequer

as torrenciais chuvas [...]” (A PROVÍNCIA DO PARÁ, 1984, p. 13)

Carmen da Rocha “Eficiente, verossímil, vivo e simbólico é o trabalho de Marques de Carvalho

em relação ao espaço, em Hortência e em toda a sua produção.” (ROCHA, 2004, p. 94)

A recepção da crítica

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É importante ressaltar a respeito do escritor paraense, que embora tenha sido

autor de uma vasta produção ficcional, não é reconhecido pela crítica literária. Atualmente, pouco se sabe sobre sua produção literária no formato livro e menos ainda sobre aquela que circulou no espaço folhetim.

É imperioso dizer que, de maneira geral, a crítica literária, enfática em seus comentários desfavoráveis em relação ao romance Hortência, contribuiu também para que essa produção ficcional caísse no esquecimento (SALES; SILVA, 2012, p. 212)

A recepção da crítica

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Esse trabalho contribuiu imensamente para o aprofundamento dos

conhecimentos sobre a Literatura de Expressão Amazônica, pois rememorou-se o quão João Marques de Carvalho foi feliz em seu pioneirismo ao fusionar Literatura e História, na "narrativa romântica naturalista Hortência", que descreve minúcias fiéis de Belém;

Embora os críticos da época não tenham dado à obra a devida notoriedade, Hortência é uma fonte literária rica de história, que retrata o processo de segregação de classes sociais decorrentes do ápice do ciclo da borracha, abordando temas contemporâneos como o feminismo e o incesto.

Considerações Finais

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“Claro está que a recepção à Hortência está sedimentada em crítica que

tenta remeter o texto a algum quadro de referência já existente, tendo o texto a obrigação de se encaixar em um contexto de algo que fosse familiar e compreensível ao leitor. O perigo deste caminho é o de ao se tentar uma distinção entre um texto e as várias formas possíveis de sua transformação deixa-lo desintegrar-se na interpretação subjetiva e arbitrária do ‘não gosto de Hortência’ enunciado por Veríssimo”. (ROCHA, 2004, p. 64)

Considerações Finais

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BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix, 2011.

CARVALHO, João Marques de. Hortência. Coleção Lendo o Pará. Belém: Fundação Cultural do Pará Tancredo Neves/Secretaria do Estado de Cultura, 1989.

 

ROCHA, Carmen Dolores Marçal Barreto da. O Olhar Microscópico de Marques de Carvalho sobre o Pará do Século XIX. Belém: Academia Paraense de Letras, 2004.

 

SALES, Germana Maria Araújo; SILVA, Alan Victor Flor da. A Recepção Crítica da Obra Naturalista Hortência de Marques de Carvalho. Revista Virtual de Letras. V. 3. Nº. 2, ago/dez, 2012. Disponível em: <http://www.revlet.com.br/artigos/165.pdf>. Acesso em: 18 Set. 2013.

REFERÊNCIAS