HOSPITAL GERAL DE FORTALEZA RESIDÊNCIA MÉDICA EM...

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HOSPITAL GERAL DE FORTALEZA RESIDÊNCIA MÉDICA EM ANESTESIOLOGIA ICARO CAMPOS DUARTE POSICIONAMENTO ALTERNATIVO DO BIS FORTALEZA-CE 2019

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HOSPITAL GERAL DE FORTALEZA

RESIDÊNCIA MÉDICA EM ANESTESIOLOGIA

ICARO CAMPOS DUARTE

POSICIONAMENTO ALTERNATIVO DO BIS

FORTALEZA-CE

2019

ICARO CAMPOS DUARTE

POSICIONAMENTO ALTERNATIVO DO BIS

Trabalho de Conclusão de Curso, como requisito parcial para término da Residência Médica em Anestesiologia, no Hospital Geral de Fortaleza. Orientador: Prof. Dr. Rogean Rodrigues Nunes

FORTALEZA

2019

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Hospital Geral de Fortaleza

Biblioteca do HGF

D812p DUARTE, Ícaro Campos. Posicionamento alternativo do bis./ Ícaro Campos Duarte. 2019. 59 f. . Monografia – Escola de Saúde Pública, Hospital Geral de Fortaleza,

Programa de Residência em Anestesiologia. Fortaleza, 2019 Orientação: Orientador: Prof. Dr. Rogean Rodrigues Nunes 1. Índice bispectral. 2. Posicionamento alternativo do BIS. 3

Neuromonitorização intraoperatória. I. Título. CDU 616.089.5

Catalogação na fonte: Maria Sílvia Nascimento Oliveira. Bibliotecária CRB-3/849.

ICARO CAMPOS DUARTE

POSICIONAMENTO ALTERNATIVO DO BIS

Trabalho de Conclusão de Curso, como requisito parcial para término da Residência Médica em Anestesiologia, no Hospital Geral de Fortaleza.

Aprovada em ____/____/______

BANCADA EXAMINADORA

_______________________________________

Prof. Dr. Rogean Rodrigues Nunes (Orientador)

Corresponsável CET Hospital Geral de Fortaleza

______________________________________

Dra. Rachel Santiago Almeida

Corresponsável CET Hospital Geral de Fortaleza

_______________________________________

Dr. Anderson da Silva Costa

Corresponsável CET Hospital Geral de Fortaleza

Á Deus.

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, por todo o apoio concedido e por ser o alicerce da minha

formação e conduta.

A minha esposa Débora pelo apoio em tudo que eu faço, pelo companheirismo

e carinho diário e pela compreensão nos meus períodos de ausência.

Ao Prof. Dr. Rogean Rodrigues Nunes, orientador desta monografia, pelas

orientações profissionais, acadêmicas e pela competência.

A todos os preceptores em anestesiologia dos seis hospitais do Estado (HGF,

HGWA, HGCC, HIAS, HM e ICC) que com paciência e confiança contribuíram

com ensinamentos fundamentais para minha formação.

Aos meus colegas de residência pela amizade, carinho e agradável convívio

nesses três anos.

A todos os pacientes que confiaram suas vidas aos nossos cuidados.

RESUMO

O índice Biespectral (BIS) é um método não invasivo de monitorização cerebral da profundidade anestésica que, através de cálculos matemáticos baseado no eletroencefalograma, mensura o grau de hipnose do paciente. A sua utilização no ato anestésico reduz a incidência de consciência intraoperatória, delirium e disfunção cognitiva pós-operatória, além de um menor consumo de agentes anestésicos, menor tempo para resposta ao comando verbal, abertura ocular, extubação e recuperação anestésica. Para sua captação, utiliza-se como padrão validado um conjunto de eletrodos na região frontal da cabeça do paciente, o qual segue o padrão internacional do eletroencefalograma. Tal posicionamento, no entanto, nem sempre é possível devido ao campo cirúrgico, como em algumas neurocirurgias. Com o objetivo de avaliar os diversos posicionamentos alternativos já descritos e como estes se relacionam com as leituras referenciais do eletroencefalograma foi realizada uma extensa revisão bibliográfica, destacando os principais resultados de cada estudo e sua equivalência com a posição padrão. Palavras-chave: Índice bispectral. Posicionamento alternativo do BIS. Neuromonitorização intraoperatória.

ABSTRACT

The bispectral index (BIS) is a noninvasive method of cerebral monitoration that converts raw electroenphalography (EEG)data from the frontal cortex into a single number to estimate level of consciousness. Intraoperative BIS reduces awareness during surgery, cognitive impairment postoperatively, delirium, anesthetic comsumption time to extubation, orientation in time and place, and discharge from both operating room and post anesthetic care unit. The sensor is an adhesive strip placed across the forehead, on standardized points of International EEG System. That electrode placement is not always possible due surgical site, like neurosurgical procedures. The objective of this review was to describe and analyze alternative positions for BIS sensors, comparing with International EEG System and highlighting main results of each article found. Keywords: Bispectral index. Alternative position for the BIS. Intraoperative neuromonitoring.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................8

2 OBJETIVOS.....................................................................................................9

3 METODOLOGIA..............................................................................................9

4 POSICIONAMENTO PADRÃO......................................................................10

4.1 MONTAGEM DO ELETROENCEFALOGRAMA...................................10

4.2 MONTAGEM DO BIS............................................................................12

5 POSICIONAMENTO ALTERNATIVO............................................................13

5.1 FRONTOCENTRAL..............................................................................13

5.2 OCCIPTAL............................................................................................14

5.3 LATERAL...............................................................................................17

5.4 NASAL..................................................................................................18

5.4 RETROAURICULAR.............................................................................20

5.6 MANDIBULAR......................................................................................22

5.7 ZIGOMÁTICO... ..................................................................................24

6 DISCUSSÃO..................................................................................................24

7 CONCLUSÃO................................................................................................28

8 REFERÊNCIAS.............................................................................................29

8

1 INTRODUÇÃO

A perda da consciência forma um dos pilares do conceito de anestesia geral. A

possibilidade de o paciente recordar de situações e estímulos álgicos

intraoperatórios sempre foi uma preocupação dos anestesiologistas. De início, a

mensuração da profundidade anestésica se baseou em parâmetros fisiológicos

como pressão arterial, frequência cardíaca, sudorese, lacrimejamento, atividade

motora, entretanto, a depender dos parâmetros do paciente e das medicações

utilizadas, tais parâmetros são poucos representativos do estado de consciência do

paciente¹.Em busca de parâmetros mais confiáveis foi observado que o

eletroencefalograma (EEG) poderia ser utilizado na avaliação da profundidade

anestésica, e posteriormente foram desenvolvidas tecnologias que faziam um rápido

processamento matemático dos dados do EEG que, após sua validação, se

tornaram ferramentas fundamentais na prática anestésica.

O eletroencefalograma é uma representação da atividade elétrica encefálica,

principalmente cortical, resultado da soma das atividades excitatórias e inibitórias

pós-sinápticas².Diversos modelos de montagem e nomenclatura foram propostos até

a aceitação, por questões de padronização, do modelo proposto por Jasper (1958)

posteriormente modificado por Klem et. al.(1999), denominado Sistema Internacional

10-20³.

Em 1937, Gibbs e Lennox demostraram que mudanças sistemáticas ocorrem no

EEG com o aumento da dose de éter ou pentobarbital e propuseram que tais

mudanças poderiam ser úteis na mensuração da profundidade anestésica⁴. Diversos

estudos posteriores confirmaram tal relação; foram criados bancos de dados

comparando traçados de EEG sem grupos de pacientes submetidos a diferentes

regimes anestésicos.

No entanto devido a sua complexidade, montagem minuciosa e profusa quantidade

de informações o EEG intraoperatório teve pouca aceitação na dinâmica prática

anestésica. Desse modo, no intuito de dar aplicabilidade a esses conceitos, na

década de 90, a análise bispectral, até então usada em geofísica e prospecção de

petróleo, foi utilizada no processamento matemático dos dados do EEG, traduzindo

os mesmos em um valor numérico a partir de um canal frontal do EGG¹.

9

A utilização do BIS mostrou uma significativa redução da incidência de consciência

intraoperatória, disfunção cognitiva pós-operatória e delirium⁵, além de um menor

consumo de anestésicos, menor tempo para resposta ao comando verbal, abertura

ocular, extubação e recuperação anestésica⁶’⁷sendo hoje ferramenta essencial para

a boa prática anestésica.

O BIS utiliza um sistema de eletrodos padronizados na região frontotemporal,

podendo ser unilateral ou bilateral, que amplificam o sinal elétrico encefálico, filtram

artefatos e, através da análise de parâmetros de frequência, voltagem e tempo, o

traduzem em um valor numérico que varia em uma escala de 0-100, sendo os

valores mínimos correspondentes a inatividade elétrica e níveis profundos de

anestesia, já os valores máximos, ao estado de vigília e consciência.

Em algumas situações, porém, o posicionamento clássico padronizado dos eletrodos

não é possível, como em algumas neurocirurgias, cirurgias plásticas ou

otorrinolaringológicas, nas quais o cirurgião precisa de campo operatório na região

frontoparietal. Surgiu então, a necessidade de posições alternativas à padrão para

monitorização intraoperatória.

2 OBJETIVOS

Com o objetivo de analisar os diferentes posicionamentos alternativos dos eletrodos

do BIS foi realizada uma revisão de literatura, buscando posicionamentos

alternativos com resultados equivalentes ao padrão, para eletrodos unilaterais, e

como estes se relacionam com a montagem padronizada do EEG.

3 METODOLOGIA

A pesquisa bibliográfica foi realizada através do PUBmed/Medline com publicações

dos últimos 25 anos, utilizando os seguintes termos de busca: Sensor BIS,

posicionamento alternativo, comparação de índices de BIS, tanto em português,

inglês ou espanhol. Foram encontrados 8 posicionamentos alternativos, os quais

foram descritos neste trabalho.

10

4 POSICIONAMENTO PADRÃO

4.1 MONTAGEM DO ELETROENCEFALOGRAMA

O sistema 10-20 é internacionalmente aceito para referências na colocação de

eletrodos para eletroencefalograma e baseia-se em pontos anatômicos específicos,

como pontos pré-auriculares, glabela e protuberância occipital, como referência para

a colocação dos eletrodos. A distância entre os eletrodos pode ser de 10% ou 20%

da distância total entre dois pontos de referência, de forma que a distância entre dois

pontos seja proporcionalmente igual, independentemente do tamanho da cabeça do

paciente. A colocação de 21 eletrodos permite cobrir todas as áreas do escalpo,

podendo esse número ser aumentado se houver necessidade³.

Cada eletrodo tem sua nomenclatura padronizada, de forma que os números

ímpares estão sempre à esquerda e os números pares sempre à direita. Os

eletrodos posicionados na linha média recebem a nomenclatura “z”, de “zero”. Já em

relação à área anatômica onde foram alocados, cada eletrodo recebe também, além

de um número, uma letra especificando sua localização, de forma que “F”

corresponde à região frontal, ”FP” frontopolar, “P” à parietal, “T” à região temporal,

“C” de central, “O” corresponde à região occipital e A auricular(Figura 1). O guideline

de 2016 da American Clinical Neurophysiology Society, mantém as modificações de

nomenclatura propostas em 2006, de forma que o sistema 10-20 passa a ser

compatível com o sistema 10-10⁸.

Uma derivação corresponde à combinação de um par de eletrodos ligados a um

único canal do amplificador, representando um traçado em linha no

eletroencefalograma. Representa a diferença de potencial entre esses dois

eletrodos. Já as montagens correspondem às combinações de um determinado

número de derivações. As montagens referenciais comparam cada eletrodo com um

valor comum, ou seja, uma referência, não distorcem a forma da onda, tendo como

maior vantagem a possibilidade de utilizar a amplitude dos potenciais como

parâmetro indicativo da localização máxima de uma descarga. Já as montagens

bipolares registram a diferença de potencial entre dois eletrodos diferentes

conectados a um canal do amplificador, que devem estar dispostos de maneira

sequencial, de forma longitudinal ou transversa. Deste modo, distorcem a forma da

11

onda e a amplitude dos potenciais, cada canal registrando apenas parte do

potencial, que é diferente em cada eletrodo³.

FIGURA 1- SISTEMA INTERNACIONAL 10-20

Fonte: Montenegro et. al. (2018).

O eletroencefalograma apresenta bandas de frequência características classificadas

de acordo com faixas de oscilação em Gamma, Beta, Alpha, Theta, Delta e

Slow(Figura 2). No estado vigil predomina o padrão gamma e beta, com o aumento

da profundida anestésica observa-se aumento de amplitude e redução da

frequência⁹.

FIGURA2- BANDAS DE FREQUÊNCIA NO EEG

Fonte: Nunes et. al. (2015).

12

4.2 MONTAGEM DO BIS

O índice bispectral (BIS) é um índice derivado empiricamente e dependente da

medida da “coerência” entre os componentes do eletroencefalograma. O sinal do

eletroencefalograma para processamento e cálculo do BIS é levado a cabo através

da instalação de quatro eletrodos na pele do paciente, permitindo uma condução

elétrica adequada com baixa impedância¹.

Os eletrodos do BIS utilizam a montagem referencial unilateral. A posição

convencional utiliza o eletrodo explorador na posição FT9 ou FT10 (região

frontotemporal) do sistema internacional 10-20 do EEG e o eletrodo de referência na

posição FPz (frontopolar), na linha media da fronte. Dessa forma, a captação do

sinal do traçado do EEG é unilateral, podendo ser direito ou esquerdo, dependendo

do lado em que o eletrodo frontotemporal foi posicionado. Um outro eletrodo na

posição FT8 também é utilizado para captação de atividade eletromiográfica e um

quarto eletrodo é colocado em posição FP2 como terra virtual, com o objetivo de

aumentar a rejeição de modo comum¹ (Figura 3).

Atualmente, o índice bispectral (BIS), aprovado pelo Food and Drug Admistration

(FDA) em 1996, é o método não invasivo mais utilizado na prática anestésica para

estimar o nível de consciência e profundidade anestésica perioperatória⁵. Ele é o

resultado do processamento de dados do eletroencefalograma que são

transformados em uma escala linear adimensional que vai de 0 a 100,

correspondendo ao estado clínico anestésico e padrão de eletroencefalografia

predominante: enquanto que uma atividade de alta frequência sincronizada significa

um estado de vigília, atividades de baixa frequência refletem um estado moderado

de hipnose, e supressão do EEG correspondem a um estado de hipnose profunda¹⁰.

Todavia, em algumas circunstâncias, não é possível usar a montagem padrão para

monitorização da profundidade anestésica, como por exemplo em neurocirurgias,

em que a aposição dos eletrodos pode interferir no campo cirúrgico ou na colocação

dos fixadores de cabeça. Tendo em vista esses casos, vários estudos foram

desenvolvidos na tentativa de avaliar a confiabilidade de uma montagem de

eletrodos alterativa à montagem convencional.

13

FIGURA 3- MONTAGEM PADRÃO UNILATERAL DO BIS

Fonte: Nunes et. al. (2012).

5 POSICIONAMENTO ALTERNATIVO

5.1 POSICIONAMENTO FRONTOCENTRAL

O relato mais antigo que encontrado de estudo comparando montagens de eletrodos

do BIS foi de 1998, publicado por Hall e Lockwood¹¹. Nesse estudo, foi usado um

monitor Aspect A-1000™ em 15 pacientes em cirurgias sob anestesia geral e foram

comparadas duas montagens: a montagem convencional, chamada de bifrontal com

eletrodos em Fpz-Fp1, Fpz-Fp2 e uma montagem frontocentral, com eletrodos em

Fp1-C3, Fp2-C4, usando eletrodos de cúpula, em esquemas de anestesia não

padronizados. Os dados foram coletados por um computador a cada 15 segundos e

comparados.

Os resultados revelaram que o BIS bifrontal foi, em média, 13 pontos menor que o

BIS frontocentral. O estudo conclui que, apesar de em alguns casos as duas

montagens mostraram excelente concordância, na maioria das vezes as diferenças

entre o BIS bifrontal e frontocentral foram grandes e imprevisíveis demais para

permitir que a montagem alternativa fosse usada indiscriminadamente na prática

clínica, podendo ser usada apenas para acompanhar tendências.

14

5.2 POSICIONAMENTO OCCIPTAL

Em 2004, Shiraishi¹²comparou valores do BIS em posição frontal, posição

convencional, com uma posição alternativa em região occipital durante

procedimentos neurocirúrgicos. Foram estudados 25 casos de pacientes submetidos

a clipagem de aneurisma não-roto, classificados como ASA I, e usados dois

monitores BIS A-1050™ (Versão 3.3, Aspect Medical Systems, Newton, MA) e dois

sensores padrão de BIS (Aspect Medical Systems, Part 186-0100). Um dos sensores

foi colocado em posição convencional, em fronte, e um segundo sensor foi

posicionado com o Eletrodo 1 no centro da região occipital, acima do processo

occipital, o Eletrodo 2 lateral ao eletrodo 1 a cerca de 1,1cm de distância e o

eletrodo 3 em região posterior-temporal. Foi realizada uma indução com fentanil e

propofol alvo controlado e mantido durante o procedimento. Dados de valores do

BIS e de SEF95 em ambos os sensores foram colhidos antes da indução da

anestesia, após a indução, depois da incisão cirúrgica e a cada 15 minutos até o

término do procedimento. Os resultados do estudo mostraram forte relação entre os

dados obtidos nos sensores frontal e occipital, levando à conclusão de que é válido

usar um posicionamento occipital do sensor, em que a aposição convencional em

região frontal é dificultada, como em procedimentos neurocirúrgicos.

No entanto, Dahaba¹³ (2010) publicou um estudo também comparando o

posicionamento frontal convencional com o posicionamento occipital, desta vez

usando sensores Quatro™ (Aspect Medical Systems, Newton, MA) e monitores BIS-

Vista™ versão 1.4. O posicionamento occipital foi o mesmo proposto por Shiraishi

em 2004(Figura 4). Vinte pacientes que seriam submetidos a neurocirurgia foram

recrutados nesse estudo. Os dois monitores foram sincronizados com o mesmo

horário e através de uma porta USB, os dados foram coletados e armazenados a

cada cinco segundos em três momentos: por dez minutos antes da anestesia com

os pacientes acordados e de olhos fechados, uma hora de manutenção da anestesia

e por 20 minutos durante a emergência anestésica. A indução foi feita com propofol,

remifentanil e rocurônio e mantida com propofol alvo controlado.

15

FIGURA 4- MONTAGEM OCCIPTAL

Fonte: Dahaba et. al. (2010).

Após análise estatística de dados pareados pelo modelo de Bland e Altman, Dahaba

viu que não havia correlação significativa dos valores do Bis entre as duas

montagens antes da indução e na manutenção da anestesia. Houve predominância

de ondas alfa na montagem occipital comparado à frontal antes da indução

anestésica, enquanto que, durante a manutenção da anestesia, o aumento das

ondas de baixa frequência beta e teta eram mais evidentes na região frontal.

A ideia de que a montagem frontal poderia representar uma visão global da atividade

eletroencefalográfica pareceu não ser completamente válida, uma vez que nesse

estudo foi possível ver que a montagem frontal refletia mais um monitoramento do

lobo frontal, enquanto a montagem occipital captava atividades únicas do território

occipital, sendo esse o principal achado do estudo. Ele mostra que o limite de

concordância mensurado foi o dobro do clinicamente aceitável definido previamente,

menor de 10 unidades de BIS, considerado muito amplo para permitir que as duas

montagens sejam usadas de forma equivalente. O autor cita que Bianchi usa análise

espectral e bispectral para mostrar que em condições basais em condições com o

paciente acordado, relaxado e de olhos fechados, ritmos alfa espontâneos são

gerados por dois osciladores em regiões frontais e occipitais¹⁴.

Já Kochs¹⁵(1994) demonstrou que a representação topográfica das respostas

eletroencefalográficas intraoperatórias à estimulação cirúrgica não é

homogeneamente distribuída e que mudanças no EEG eram dominantes em área

16

frontais durante anestesia sob isoflurano, sendo, portanto, de se esperar que

diferentes montagens topograficamente distintas pudessem mostrar índices de

profundidade anestésica diferentes. Nesse estudo, com baixas doses de isoflurano,

o estímulo cirúrgico resulta em um deslocamento de ondas delta na área frontal. O

autor acredita que o estímulo nociceptivo aferente surge de estruturas do

mesencéfalo e se propagam principalmente para áreas corticais frontais e que as

respostas eletroencefalográficas frontais refletiriam principalmente essas

transmissões de sinais aferentes.

Purdon¹⁶ também descreveu uma heterogeneidade do sinal elétrico no córtex com a

utilização de propofol. Entre as mudanças eletroencefalográficas induzidas pela

anestesia foi observada um anteriorização de ondas alfa, da região occipital em

pacientes acordados para a região frontal em pacientes anestesiados, havendo um

fenômeno de hipersincronização alfa frontal durante tal estágio(Figura5). Além disso,

durante a manutenção da anestesia com propofol, há uma significativa perda de

coerência com considerável desacoplamento de regiões anteriores e posteriores

dentro de cada hemisfério¹⁷. Durante a emergência, as oscilações alfa se dissipam e

são gradativamente substituídas por oscilações beta e gama de maior frequência.

FIGURA 5- ANTERIORIZAÇÃO DE OSCILAÇÕES ALFA

Fonte: Purdon (2015).

Dahaba alega que os dois estudos anteriores, Glass¹⁸ e Shiraishi¹²,que avaliaram

montagens de monitores de BIS de primeira geração falharam em não avaliar

diferentes estágios da anestesia (antes da indução, manutenção da anestesia e

despertar), não mostraram gráfico de dispersão ou tiveram análise de Bland e

Altman, não justificando porque suas montagens seriam topograficamente

17

independentes, a despeito de seus resultados e suas interpretações lógicas estão

em contraste com a literatura que mostra padrões de variações

eletroencefalográficas topograficamente distintas em pacientes anestesiados¹⁷. Ele

salienta a importância de lembrar que o BIS-Vista™ foi desenhado para detectar na

eletroencefalografia alterações frontais induzidas pela anestesia¹⁹, mas não foi

desenhado nem validado para analisar mudanças eletroencefalográficas que

ocorrem na região occipital.

Tais fatos fazem com que a montagem alternativa de eletrodos do BIS em posição

occipital se torne inviável para substituição da montagem convencional, podendo

ser, no entanto, útil apenas para acompanhar tendências em situações em que

montagens frontais não são possíveis devido ao campo cirúrgico.

5.3 POSICIONAMENTO LATERAL

Horiuchi et. al.²⁰ (2004) fez um estudo comparativo com 27 pacientes ASA I-II em

cirurgias abdominais ou ortopédicas utilizando dois monitores BIS(Aspect-2000™) e

2 sensores de BIS de 3 eletrodos (sensor BIS PLUS™), sendo um na posição

convencional e outro na posição lateral, com o eletrodo 1 no processo zigomático do

osso temporal direito, o 2 lateral ao olho e o 3 logo abaixo do eletrodo 2 do sensor

frontal(Figura 6).

FIGURA 6- POSICIONAMENTO LATERAL

Fonte: Houriuchi et. al.(2004).

18

Todos os pacientes foram anestesiados com fentanil e propofol alvo-controlado. Os

valores do BIS eram anotados quando o paciente estava acordado, com perda de

resposta ao comando verbal, concentração alvo controlada de 3,4 e 5 mcg/ml no

sítio efetor, abertura ocular e extubação.

Após análise estatística de Bland e Altman mostrou-se boa correlação somente

quando a profundidade anestésica é estável, ou seja, na fase de manutenção, não

sendo útil durante a indução ou despertar.

5.4POSICIONAMENTO NASAL

Nelson²¹ (2013), propôs um estudo que avaliasse um novo posicionamento de

eletrodos, já que montagens alternativas frontais iriam acabar interferindo no campo

cirúrgico ou no posicionamento do suporte de crânio de Mayfield em neurocirurgias,

e montagens alternativas occipitais mostravam resultados conflitantes quanto a

confiabilidade de valores do BIS. A proposta de Nelson era analisar uma posição

anatomicamente inferior ao posicionamento convencional dos eletrodos. Esse

estudo avaliou 28 pacientes maiores de 18 anos submetidos a anestesia geral não

padronizada em procedimentos que não envolvessem a cabeça e pescoço e

comparou o posicionamento frontal convencional dos eletrodos(Sensor Quatro™)

com uma posição alternativa através da ponte nasal, com o eletrodo 1 na linha

média, sobre a ponte nasal, eletrodo 3 em posição padrão em região temporal e os

eletrodos 2 e 4 passando em região infraorbitária, utilizando o Bis-Vista™(Figura 7).

19

FIGURA 7- POSICIONAMENTO NASAL

Fonte: Nelson et. al. (2013).

Os dados foram colhidos em intervalos de 1 minuto e comparados. Os resultados

mostraram que a posição alternativa mostrava valores de BIS, em média, 2,0 pontos

maiores em relação à posição padrão. A análise estatística demonstrou que apenas

4% dos valores estão fora do intervalo de confiança de 95%, existindo uma

variabilidade ligeiramente maior que o idealmente desejado como definido a priori,

intervalo de 10UI,estatisticamente significante. Em 3,2% dos registros, a montagem

alternativa mostrou valores de BIS acima de 60 quando a montagem convencional

se encontrava com valores abaixo de 60, podendo ocasionar situações em que o

paciente pudesse sofrer intervenções sem necessidade. Em outros 1,9% dos

registros, a montagem alternativa mostrava valores abaixo de 60 quando a

montagem convencional mostrava valores acima de 60, podendo resultar em

pacientes com anestesia superficial que não seriam diagnosticados e tratados com a

montagem alternativa.

O estudo tem como limitações a não padronização do tipo de anestesia, nem o

registro do momento da anestesia (antes da anestesia, após indução, manutenção

ou despertar). No entanto, o estudo ainda conclui que essa montagem pode ser

usada com cuidado para monitorização anestésica em casos em que a montagem

convencional iria interferir na cirurgia.

20

O estudo mais recente sobre o tema é de 2018, de Puente-Barbas²², e avalia uma

outra montagem alternativa infraorbital, com eletrodos posicionados da seguinte

maneira: eletrodo 1 na ponte nasal, eletrodo 3 em região temporal a nível do canto

do olho e os demais eletrodos dispostos abaixo da órbita, semelhante à montagem

proposta por Nelson em 2013. Porém foi realizada uma análise mais exaustiva, já

foram selecionados 48 pacientes programados para cirurgia abdominal

videolaparoscópica, enquanto naquele foram 26, além disse as medições foram com

1-segundo de intervalo, totalizando 6.053 minutos, contra 2.567 de Nelson. Os

eletrodos utilizados foram BIS Quatro™ conectados a monitores BIS

Vista™(Medtronic Corporation, Minneapolis, MN, EUA) e os pacientes foram

submetidos a anestesia geral padronizada com remifentanil, rocurônio e desflurano,

outra diferença com relação a Nelson. Três profundidades anestésicas foram

individualizadas e analisadas: profunda (BIS menor que 45), moderada (BIS de 45 a

60) e leve (BIS acima de 60).

Após análise estatística, o estudo concluiu que a variabilidade entre os dados do

BIS obtidos pelos dois sensores é aceitável para uso clínico. A diferença entre os

dois sensores foi de 2,7U, sendo maior na região nasal. A concordância foi baixa

para hipnose profunda e moderada, apesar de a concordância geral tenha sido alta

(81%). Além disso, para o BIS acima de 60 (usando a montagem frontal como

referência), houve discordância em 11,7% dos valores medidos, porém com

diferença de apenas 0,7U. Conclui-se, portanto, que a variabilidade entre os dois

posicionamentos foi mínima, sendo o sensor infraorbitário uma alternativa válida ao

posicionamento clássico.

5.5 POSICIONAMENTO RETROAURICULAR

Já o estudo de Akavipat²³ (2014), avaliou uma outra montagem, pós-auricular.

Foram analisados dados de 34 pacientes sob anestesia geral submetidos a

neurocirurgia, comparando a posição frontal convencional e pós auricular, com o

eletrodo 1 em região 2,5cm medial à mastoide, próximo à linha de inserção do

cabelo, o eletrodo 3 em região temporal a nível do canto do olho, e os demais

eletrodos alinhados posteriormente ao pavilhão auricular(Figura 8). Eletrodos BIS

21

Quatro Sensors™ foram usados para ambas montagens e monitorizados com

Infinity BISx Smartpod™ conectados ao Infinity Delta XL monitor™. Foram

registrados dados nos seguintes momentos: logo após a instalação dos eletrodos,

antes da indução, após a perda do reflexo palpebral, antes, durante e logo após a

intubação, durante o posicionamento, antes da incisão, no início do ato operatório, a

cada 15 minutos de manutenção da anestesia, no final da cirurgia e no final da

anestesia. A anestesia não foi padronizada, mas foi titulada para manter um BIS

entre 40 e 60.

De acordo com os resultados obtidos após análise estatística, a média dos valores

pós-auriculares foi 1.5 maior que os valores frontais e o limite de concordância foi de

-12.2 a 9.2. Porém se excluídos os valores antes da indução e após despertar, há

uma maior concordância que vai de -9.7 a 7.4UI. Possuindo assim uma boa

correlação quando em níveis anestésicos profundos.

FIGURA 8- POSICIONAMENTO RETROAURICULAR SUPERIOR

Fonte: Akavipat. al. (2014).

Ainda em 2014, Brown²⁴ propôs uma outra posição alternativa, em região auricular,

com o eletrodo 1 em região pós-auricular, eletrodo 3 em região pré-auricular anterior

ao tragus, e demais eletrodos passando inferiormente ao pavilhão auricular, próximo

ao ângulo da mandíbula(Figura 9). Foram selecionados 16 pacientes submetidos a

22

colecistectomia videolaparoscópica, os eletrodos foram posicionados

simultaneamente na posição convencional frontal e na posição alternativa em

estudo. A anestesia foi induzida com fentanil e propofol, e mantida com sevoflurano

ou desflurano. Os dados foram colhidos a cada 3 minutos durante a cirurgia. Houve

uma incidência de 0,8% nos dados de potencial consciência intraoperatória (BIS

maior que 60 na montagem frontal convencional) que não foi flagrado pela

montagem auricular. Após análise estatística, o estudo concluiu que o limite de

concordância é muito amplo para que a posição de eletrodos em região auricular

seja usada em substituição da posição frontal convencional e que usar a montagem

auricular não só pode aumentar o risco de não detectar consciência intraoperatória,

como também subestimar a profundidade anestésica por uma margem maior.

FIGURA 9- POSICIONAMENTO RETROAURICULAR INFERIOR

Fonte: Brown et. al. (2014).

5.6 POSICIONAMENTO MANDIBULAR

Em 2014 um outro estudo feito por Lee e colaboradores²⁵também avaliou uma outra

montagem alternativa, em região mandibular. Esse estudo avaliou 58 pacientes

submetidos a anestesia geral em cirurgias que não envolvessem cabeça e pescoço,

comparando a montagem frontal convencional e a montagem alternativa mandibular,

com eletrodos BIS Quatro Sensors™ e monitores BIS Vista™. A montagem

mandibular foi feita posicionando o eletrodo 1 na linha média da mandíbula, eletrodo

23

3 em região temporal entre o canto do olho e a linha do couro cabeludo, e os demais

eletrodos dispostos sobre a mandíbula, ipsilateral à montagem convencional

frontal(Figura 10). A anestesia foi padronizada com propofol 2mg/kg e rocurônio

0,7mg/kg na indução e sevoflurano ou desflurano com óxido nitroso a 50% na

manutenção. Os dados foram colhidos com o paciente acordado, perda da

consciência, intubação, incisão, a cada 30 minutos da manutenção da anestesia e

na emergência.

Após análise estatística, foi demonstrada correlação significante entre os valores do

BIS frontal e mandibular no estado de manutenção(9 a -12.5UI), porém no momento

da emergência e da perda da consciência esses valores foram mais dispersos. A

análise de Bland-Altman revelou que de maneira geral apenas 4.3% dos valores

estavam fora do limite de concordância durante a manutenção da anestesia, definido

como 10 unidades.

Os registros cervicais têm como limitação os valores alterados por aumento da

atividade eletromiográfica dos músculos do pescoço e masseter, além da atividade

eletrocardiográfica, pela proximidade da artéria carótida, que também pode causar

interferências. A conclusão do estudo é de que, no geral, valores de BIS não

concordam entre a posição convencional frontal e a posição alternativa mandibular,

podendo ser, no entanto, uma alternativa durante a manutenção da anestesia

quando não é possível o uso da posição frontal.

FIGURA 10- POSICIONAMENTO MANDIBULAR

Fonte: Lee et. al. (2014).

24

5.7 POSICIONAMENTO ZIGOMÁTICO

Em 2014, Nunes²⁶ descreve um relato de caso com posicionamento alternativo em

região maxilar como eletrodo 1 no referencial A1 (auricular esquerdo), o eletrodo 2

(terra virtual) no ponto FT11, o eletrodo 4 na posição F11, captando frequências de

atividade eletromiográfica, e o eletrodo 3 no ponto FT9, padrão que segue o sistema

referencial internacional do EEG(Figura 11).

FIGURA 11. POSICIONAMENTO ZIGOMÁTICO

Fonte: Nunes et. al. (2014).

Foram realizadas medidas antes da indução, durante a manutenção e após

despertar com intervalos de 10min, simultaneamente na posição alternativa e

padrão, a indução e manutenção foi realizada com propofol e remifentanil. O

resultado mostrou uma equivalência de valores. Sendo tal posicionamento promissor

para analises futuras de validação.

6 DISCUSSÃO

Analisando os trabalhos observa-se que poucos propõem montagens que usam o

sistema internacional 10-20 do eletroencefalograma como referência para colocação

dos eletrodos do BIS, teoricamente mais fisiológica.

A montagem frontocentral, proposta por Hall e Lockwood (1994), segue como

referência a sistema 10-20 do EEG, porém seus resultados mostraram que as

diferenças de concordância comparando a montagem alternativa com a

25

convencional foram grandes demais para permitir que a montagem proposta fosse

usada na prática clínica com segurança.

Já os estudos que sugerem uma montagem alternativa occipital apresentam

resultados discordantes. Enquanto Shirashi inicialmente mostrou uma equivalência

com o posicionamento convencional, o estudo de Dahaba, posterior, com novos

eletrodos e o desenvolvimento de novos algoritmos no BIS, com análise mais

refinada mostrou que tanto em pacientes acordados quanto em pacientes

anestesiados, a atividade eletroencefalográfica não é homogênea através do

escalpo.

Outros estudos avaliaram montagens de eletrodos que não seguem o padrão

internacional do EEG.

O esquema proposto por Brown com eletrodo 1 pós-auricular e 3 pré-auricular não

se mostrou útil, com uma ampla variabilidade em relação ao posicionamento padrão.

Já o esquema proposto por Akapivat com o eletrodo 1 em região mastoidea e o 3

lateral ao olho mostrou uma equivalência aceitável quando os valores estão entre 40

e 60, com maior discordância quando fora desses limites.

Resultados semelhantes foram obtidos com o posicionamento mandibular, eletrodo

1 em mento e 3 e região temporal, com boa correlação durante a manutenção da

anestesia, mas divergente na perda de consciência e no despertar.

Já o posicionamento nasal, proposto inicialmente por Nelson e corroborado por

Puentes e Barbas mostrou uma boa correlação com todos os valores do BIS, sendo

aceitável no uso clínico, devendo ter uma maior atenção, porém, quando em valores

limítrofes, próximos a 60.

Este, aliás, é um ponto que se deve levar em consideração em todo posicionamento

alternativo, desde do primeiro estudo sobre o tema, e seguido pelos estudos

posteriores, adotou-se como margem aceitável de correlação com a posição padrão

uma variação de 10 unidades no BIS, assim quando em valores críticos para a

consciência intraoperatoria diminui-se a confiabilidade do método.

26

Outra crítica aos posicionamentos do BIS que não seguem o padrão internacional do

EEG é que tais áreas não estão sobrepostas ao córtex cerebral, recebendo os sinais

elétricos provavelmente por condução, ás vezes de grandes distâncias, estando

mais sujeitas a interferências externas, deve-se portanto analisar em conjunto o

traçado do EEG e identificar possíveis artefatos que alterem o valor do BIS.

Ao se comparar diversos estudos deve-se ter em conta que além dos

posicionamentos dos eletrodos, versões distintas do monitor BIS e dos eletrodos

podem acarretar em resultados díspares, visto que modificações em algoritmos

ocorreram em novas versões, não sendo acessíveis por motivos comerciais o que

impede a validação dos resultados de estudo com modelos mais antigos em relação

aos atuais (Quadro 1).

27

Fonte: Duarte (2019).

QUADRO 1- COMPARATIVO DE POSICIONAMENTO ALTERNATIVO

Estudo Posicionamento BIS/Sensor Tipo de

Anestesia

Correspondência

Hall

1994

Frontocentral Aspect

1000™

Eletrodos de

cupula

Geral; Não

padronizado

Baixa

Hourichi

2004

Lateral Aspect

2000™

BIS PLUS™

Geral Venosa

Total- TIVA

Boa somente na

manutenção

Dahaba

2010

Occiptal BIS VISTA™

SENSOR

QUATRO™

Geral Venosa

Total-TIVA

Baixa

Nelson

2013

Puentes

2018

Nasal BIS VISTA™

SENSOR

QUATRO™

Geral não

padronizada

Geral Venosa

Total-TIVA

Melhor na

manutenção

Akavipat

2014

Retroauricular

Superior

BIS

Smartpod™

SENSOR

QUATRO™

Geral

balanceada-

Sevoflurano

Boa somente na

manutenção

Lee

2014

Mandibular BIS VISTA™

SENSOR

QUATRO™

Geral balanceada

não padronizada

Boa somente na

manutenção

Nunes

2014

Zigomático BIS VISTA™

SENSOR

QUATRO™

Geral Venosa

Total-TIVA

Potencialmente

equivalente ao

padrão

28

7 CONCLUSÃO

Observa-se escassos estudos relacionados ao tema do posicionamento alternativo,

com poucos posicionamentos descritos com alguma validade estatística, em

especial na fase de manutenção anestésica. Vale ressaltar, no entanto, que estudos

mais antigos utilizam modelos de BIS e sensores pouco utilizados hoje e que talvez

não possam ter seus resultados estendidos aos modelos mais novos, além de

alguns estudos não possuírem uma padronização dos agentes anestésicos o que

pode interferir nos resultados.

Apenas dois estudos seguem o posicionamento com referência no sistema

internacional 10-20 do EEG, frontocentral e occiptal, ambos com baixa correlação

com a montagem padrão. Há, no entanto, um relato de caso com posicionamento

alternativo, utilizando o ponto auricular como referência, que mostra resultados

promissores, ainda a ser confirmado com estudos posteriores.

Os demais não seguem o sistema internacional e captam sinais elétricos corticais,

possivelmente, por condução. Dentre eles o que mostrou melhor correlação foi o

posicionamento nasal, em especial nos níveis profundos de anestesia.

Deste modo, a literatura, até o presente momento, mostra, portanto, que montagens

alternativas para a aposição de eletrodos de BIS para monitorização da

profundidade anestésica ainda permanece assunto controverso e os estudos atuais

merecem ser analisados com cautela.

29

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