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XXIV Congresso Brasileiro de Biblioteconomia,
Documentação e Ciência da Informação
Sistemas de Informação, Multiculturalidade e Inclusão Social
Maceió, Alagoas, 07 a 10 de Agosto de 2011
Temática 2: Direito à Informação, Acesso à Informação e Inclusão Social
Um Novo Olhar sobre a Humanização no Atendimento em
Bibliotecas Públicas
Andréa Batista de Souza [email protected]
Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco
Hélio Monteiro Junior [email protected]
Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco
Rosecleide da Rocha Gomes
[email protected] Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco
Leonardo Cavalcanti de Oliveira [email protected]
Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco
RESUMO Aborda a humanização como um dos recursos para aprimorar o
atendimento em bibliotecas públicas. Caracteriza a Biblioteca
Pública do Estado de Pernambuco, apresentando suas
características físicas, acervo, serviços e estrutura organizacional.
Enfoca o acolhimento como principal ação para a humanização do
atendimento da Biblioteca Pública. Sugere algumas diretrizes para
o aprimoramento do serviço de atendimento ao público.
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PALAVRAS-CHAVE: Acolhimento. Atendimento. Biblioteca Pública. Humanização.
Usuário.
XXIV Congresso Brasileiro de Biblioteconomia,
Documentação e Ciência da Informação
Sistemas de Informação, Multiculturalidade e Inclusão Social
Maceió, Alagoas, 07 a 10 de Agosto de 2011
1 Introdução
Nas últimas décadas, o surgimento de novas tecnologias na área de informação, claramente,
determinou mudanças nas rotinas dos serviços prestados nas bibliotecas públicas ou privadas,
influenciando diretamente no perfil profissional dos agentes da informação, os Bibliotecários.
O dinamismo do mundo atual aliado a essas novas tecnologias tem sido fatores determinantes
para o aparecimento de uma sociedade cada vez mais exigente e ávida pelo atendimento de
suas necessidades informacionais.
Nessas perspectivas as bibliotecas públicas estaduais que apesar, em sua grande maioria, de
limitados recursos financeiros e humanos, tem buscado ações que exerçam um papel
fundamental e estratégico junto ao seu público. (CUNHA, 2003)
Como caracterização desse ponto de vista, apresentamos a Biblioteca Pública do Estado de
Pernambuco - BPE, que a partir de 2006 iniciou uma nova etapa em sua história, através da
realização do 1º concurso público no Estado, o qual contemplava a nomeação de 30 novos
Bibliotecários para seu quadro funcional. E que, no decorrer destes últimos anos tem
procurado otimizar e atualizar seus acervos, principalmente, adquirindo obras que
contemplem bibliografias de concursos públicos e vestibulares.
Diante desta nova realidade, os profissionais iniciaram um esquema de análise institucional,
para assim adotar uma postura proativa, agindo como verdadeiros agentes de disseminação da
informação e do desenvolvimento dos serviços prestados, bem como questionar se a
Biblioteca em questão estava efetivamente atuante.
Fazendo parte desse quadro funcional e atuando no setor de Referência, o qual é denominado
pelos teóricos da Biblioteconomia como “o cartão de visita da biblioteca”, observamos que:
solicitar novos livros, computadores, mobiliários adequados, adequação de climatização e
iluminação, seria fácil, precisávamos ir além. Ter empatia e interação com o usuário e criar
um ambiente acolhedor.
2 A Instituição
A BPE está instalada em prédio próprio, com estrutura em concreto armado, construído no
início da década de 70 com 4,8 mil metros quadrados, localizada no centro da cidade do
Recife e próxima a uma rede de escolas estaduais de referência. Patrimônio da cultura e da
memória pernambucana, a BPE hoje é um organismo vivo, gestora da informação, prestando
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serviços que disponibilizam aos seus usuários, de forma democrática, um acervo amplo e
diversificado, composto por mais de 280 mil livros. O mesmo é composto ainda de 05
coleções especiais: Braille (acervo com orientação à consultas, empréstimos e transcrição de
documentos para o sistema específico, além de livros e revistas falados, jogos adaptados e
ações culturais), Pernambucana (resgata, preserva e difunde a memória editorial e cultural
de Pernambuco), Obras raras (edições especiais, antigas e preciosas), Infanto-Juvenil
(oferece além do acervo, orientação à pesquisa; empréstimo, gibiteca, atividades culturais e
recreativas - Hora do Conto, palestras, oficinas, jogos, brincadeiras, cineminha e exposições)
e a Coleção de Periódicos (que conta com 310 mil números de periódicos, revistas técnicas,
científicas e informativas; jornais locais e do Sul do país e Diários Oficiais do Estado e da
União. (BIBLIOTECA ..., 2006).
A BPE tem como missão atuar como instituição democrática por excelência, possibilitando o
acesso à informação para a comunidade, assumindo o papel de centro de informação e leitura,
bem como apoiar diretamente a formação de leitores, contribuindo para o desenvolvimento da
criticidade, da criatividade e da imaginação dos cidadãos. Atualmente a BPE possui uma
equipe profissional composta por bibliotecários, professores, técnicos/ assistentes
educacionais e prestadores de serviço. O atendimento é realizado de segunda a sexta-feira, das
8h às 21h e aos sábados das 8h30 às 12h.
Tem como parceira a Sociedade dos Amigos da Biblioteca Pública do Estado (Sabepe), criada
em 2002, no intuito de apoiar, divulgar e contribuir nos programas sócio-culturais da BPE.
Com a estrutura apresentada a BPE tem agregado esforços para um melhor desenvolvimento
da sua missão, levando em conta sua estrutura organizacional para a implementação de
projetos. A visualização e compreensão dessa estrutura torna-se imprescindível para a
otimização e validação das ações. A seguir o organograma da BPE em vigor a partir de 2003:
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2.1 Serviços
É através da Unidade de Atendimento ao Usuário e Processos Técnicos que a BPE oferece
diversos serviços ao seu público, tais como: orientação à pesquisa, consultas aos catálogos, à
base de dados; encaminhamento às coleções, salas para estudo em grupo, arquivos de recortes
de jornais; empréstimo de livros mediante inscrição prévia; levantamento bibliográfico;
acesso à internet e bibliotur, acesso livre aos locais de atendimento ao público e as atividades
culturais.
Destacamos ainda a preservação da memória cultural através do Depósito Legal (A Lei do
Depósito Legal – Nº 12.435 de seis de outubro de 2003), o registro dos Direitos Autorais,
onde a BPE é responsável pelos registros nos Estados de Pernambuco, Alagoas e Paraíba, e a
Catalogação na Fonte, serviço executado na Unidade de Processamento Técnico.
É através dos serviços que podemos aferir o grau de satisfação dos usuários e imprimir novas
diretrizes para aprimorar o atendimento.
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3 Aspectos da Humanização: O Acolhimento
Todos os recursos disponíveis para o pronto atendimento do usuário da BPE, na medida do
possível, estão sendo contemplados, porém um fator precisava ser delineado, o papel do
bibliotecário num contexto mais amplo, no qual o atendimento visualizasse o usuário em
todas as suas esferas (bio-psico-social).
Nas bibliotecas públicas, esse olhar mais amplo, faz com que o papel social do bibliotecário
fique mais evidente, pois atende um público heterogêneo, com faixa etária, grau de
escolaridade e emocionalmente diversificados, o profissional deve ficar atento para seu papel
como agente transformador (MORAES; COSTA, 2007). Nesse contexto o bibliotecário
precisa desenvolver novas habilidades.
Valentim (2002) afirma que podemos classificar essas habilidades e competências em:
comunicação e expressão, técnico-científicas, sociais e políticas. Acrescentamos ainda o
espiritual, pois constatamos que alguns usuários precisam de uma escuta atenciosa e
humanizada, caracterizada aqui como um acolhimento.
Assim, podemos intuir que acolher faz parte das relações que implicam no acesso ao usuário,
na humanização dessas relações e na responsabilidade para com o outro. Nesse processo é
possível envolver todos os Bibliotecários, como forma de oferecer um atendimento de melhor
qualidade, diferente daquele modelo que apenas entende a solicitação, identifica e indica a
localização da informação. No novo modelo tentamos transpor barreiras e chegar mais
próximo da história desse usuário.
Para uma melhor compreensão desse ato de acolhimento partimos das idéias de Ximenes
(2000) que afirma que acolhimento é “recepção que se faz a alguém, atenção, consideração,
refúgio e proteção”. Embora esse conceito nos conscientize do seu significado, entendemos
que no caso da interação bibliotecário-usuário, seu sentido extrapola essa definição, pois
passa pela escuta qualificada das necessidades e expectativas de quem procura a Biblioteca.
Assim, acolhimento “[...] passa pela subjetividade, pela escuta das necessidades do sujeito. O
acolhimento é a construção de um novo modo de ver o usuário, com responsabilidade social, a
construção de solidariedade, compromisso e construção da cidadania”. (BUENO apud
COSTEIRA, 2001, p. 3) Isso implica na tolerância à diferença, na inclusão social, na escuta
qualificada, responsável e comprometida. “O acolhimento significa, em última instância,
permitir que o usuário se organize como sujeito” (PREFEITURA MUNICIPAL DE CAXIAS
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DO SUL, 2000, p. 27), ficando dessa forma estimulado a recorrer ao setor de referência mais
confiante na resolução dos seus problemas.
Sabemos que o trabalho em bibliotecas caracteriza-se pelo encontro entre pessoas que trazem
uma necessidade de conhecimento e outras que dispõem de habilidades específicas ou
instrumentos que podem solucionar o problema apresentado. Segundo Merhy (2002): nesse
encontro, são colocadas em foco sentimentos, emoções e identificações que podem dificultar
ou facilitar a aplicação dos conhecimentos do profissional na percepção das necessidades ou
interpretação das demandas trazidas pelo usuário.
Assim, vale ressaltar que para desenvolver uma política de inclusão social e educacional do
usuário, o bibliotecário deve estabelecer uma rotina de atendimento na qual seja considerada,
ao receber o usuário, a escuta atenta para análise de suas necessidades, limitações e
características pessoais e educacionais, decidindo qual a melhor estratégia para a recuperação
e disseminação da informação, encaminhando este usuário para o setor específico o qual
disponibilizará a informação solicitada, construindo neste momento vínculos afetivos e
profissionais com o sujeito, como mostra a figura 1.
USUÁRIO
Receber e
Escutar
Informar /
Encaminhar
Construir
vínculos Analisar
Decidir /
Resolver
Figura 1: Representação da rotina cíclica no atendimento humanizado ao usuário de bibliotecas
públicas
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A figura acima exemplifica a sistematização que a equipe de Bibliotecários do Setor de
Referência da BPE entende como modelo para criar um ambiente acolhedor ao usuário.
4 Humanizando o Setor de Referencia da BPE: Processos de Acolhimento
Os usuários têm perfis diferentes, cada um deles procura a biblioteca visando satisfazer
necessidades próprias e diferentes. (ALMEIDA JUNIOR, 1997). Assim, clarifica a
necessidade de um atendimento individualizado e diferenciado, apropriando-se dos padrões e
normas estabelecidas pela Biblioteconomia, para poder construir um novo olhar,
humanizando a relação. As práticas de acolhimento ao paciente na área de saúde são similares
às ações de relacionamento com usuários de bibliotecas (todos precisam de ajuda), assim
podemos fazer uma analogia com os critérios estabelecidos na publicação do Ministério da
Saúde “Acolhimento nas práticas de produção de saúde” (2006), sugerindo:
Levantar e analisar, através dos profissionais do setor de atendimento, uma melhor
organização do serviço e os principais problemas enfrentados. Assim como, identificar
profissionais sensibilizados para a proposta.
Organizar as unidades de informação com os princípios de responsabilidade social,
educacional e humanizada, priorizando o trabalho em equipe.
Possibilitar o aprimoramento técnico dos profissionais em ações e habilidades relacionais
de escuta qualificada, de modo a estabelecer interação humanizada, cidadã e solidária com
usuários.
Adequar a ambientação dos setores da biblioteca, com a finalidade de garantir
confortabilidade, condição adequada e de segurança das informações disseminadas pelos
profissionais do setor.
Promover o debate, o aprofundamento das questões teóricas e a troca de experiências
mediante eventos internos e externos sobre o tema, envolvendo os gestores, equipe
técnica, usuários e instituições parceiras.
Desenvolver campanhas internas de comunicação acerca do significado e da importância
da humanização e do acolhimento como estratégia de melhorias do atendimento e da
convivência na biblioteca, garantindo os direitos e deveres dos usuários e da utilização
adequada e das responsabilidades das equipes profissionais.
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Ainda seguindo as orientações da publicação do Ministério as Saúde (2006), sugerimos
considerar algumas questões para o aprimoramento e compreensão das reais necessidades dos
usuários, criando um ambiente acolhedor:
1. Como se dá o acesso do usuário, em suas necessidades informacionais, ao atendimento em
seu serviço?
2. Como você percebe a relação entre os funcionários do setor de Referência?
3. Como são tomadas as decisões em sua Biblioteca?
4. Como é o ambiente e no que ele interfere nas práticas de acolhimento?
5 Considerações Finais
A valorização do usuário é muito importante no planejamento das ações de uma biblioteca,
por isso devem ser levados em consideração o perfil, o objetivo, a finalidade, o ambiente e as
necessidades informacionais.
As idéias que perpassam um atendimento qualificado vêm ao encontro das ações humanizadas
na biblioteca, que devem se encaminhar por etapas, num ritmo gradual e constante, contudo,
nessa trajetória de acolhimento, vale sublinhar alguns pontos no âmbito da humanização,
sugerimos utilizar todos os sentidos (audição, visão, tato e também a intuição), o que
proporcionará uma recepção eficaz e uma escuta qualificada.
Para escutar é preciso estar atendo aos sinais, muitas vezes não verbalizados, ou ainda,
traduzidos no próprio silêncio do usuário. “Não basta apenas ouvir, é preciso escutar”
(LEITÃO, 1995, p. 46). Sem isso, podem-se comprometer os resultados das ações e qualidade
dos serviços no atendimento ao usuário de uma biblioteca. Esta prática deve incorporar os
valores, as esperanças, os aspectos culturais e as preocupações de cada um, entender as
peculiaridades das diversas situações no processo de acolhimento, bem como aperfeiçoar a
visualização de um programa de humanização, por todos que fazem a biblioteca.
É preciso também destacar a importância do trabalho em equipe, (a constante atualização
profissional e a vontade de oferecer um atendimento cada vez melhor) onde a autonomia e a
responsabilidade de cada profissional são definidas. Se não houver investimento neste campo
de nada vai adiantar bibliotecas com equipamentos digitais, acervos atualizados e
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especializados, se o atendimento humanizado não for bem definido e não estiver satisfazendo
as expectativas dos usuários.
Sabemos que a política de humanização do setor de referência da BPE está em momento de
gestação, porém temos a certeza que é um caminho sem volta e que possibilitará um novo
olhar no atendimento aos usuários e, principalmente a visibilidade do Bibliotecário e da
Instituição.
A New Look on the Humanization Service in Public Libraries
Covers humanization as a resource to improve customer service in public libraries. Features the Public
Library of the State of Pernambuco, with its physical characteristics, collections, services and
organizational structure. Focuses on the host as the primary force for the humane care of the Public
Library. Suggests some guidelines for the improvement of customer service to the public. KEYWORDS: Humanization. Public Library. Reception. Service. User.
REFERÊNCIAS
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BIBLIOTECA Pública do Estado de Pernambuco. Conheça e utilize melhor a Biblioteca
Pública do Estado. Recife, [2006]. Folder informativo.
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Nacional de Humanização. Acolhimento nas práticas de produção de saúde. 2. ed. Brasília:
Ministério da Saúde, 2006.44 p.
CAXIAS DO SUL. Secretaria Municipal da Saúde. Protocolo das Ações Básicas de Saúde:
uma proposta em defesa da vida. Caxias: Solar Editoração & Design, 2000.
COSTEIRA, A. A. M. et al. A organização do serviço da saúde a partir do acolhimento dos
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