I ENCONTRO DE LINGUÍSTICA E LITERATURA DA UPE- … · Elcy Luiz da Cruz (UPE) MONITORES Anderson...
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REVISTA DIÁLOGOS – N.º especial – 2011 – Caderno de resumos
–A Alquimia da Linguagem -
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I ENCONTRO DE LINGUÍSTICA E LITERATURA DA UPE-
FACETEG “A ALQUIMIA DA LINGUAGEM”
DE 16 A 19 DE MAIO 2011
GARANHUNS – PE
HISTÓRICO
O I Encontro de Lingüística e Literatura da Faculdade de Ciências, Educação
e Tecnologia, da Universidade de Pernambuco faz parte de um
amadurecimento no âmbito da pesquisa que a instituição vem alcançando
nos últimos tempos. A Universidade de Pernambuco tem três faculdades de
formação de professores. O Curso de Letras teve início em Garanhuns junto
com a criação da instituição, ou seja, em 1967. Durante sua trajetória
muitos eventos foram realizados na área de letras; no entanto, por estar
distante dos grandes centros e pelo baixo poder aquisitivo de sua
comunidade acadêmica, sempre se restringiu à população local e por isso, a
instituição é quase desconhecida no meio acadêmico. Há alguns anos, com
a entrada de novos professores doutores, a instituição começou a buscar
meios que a promova no meio acadêmico e, para isso, busca parceria
através de colegas de outras instituições na tentativa de promover um
Encontro desse porte. Além disso, o I Encontro de Lingüística e Literatura
representa a oportunidade de promover para os alunos a ampliação do
conhecimento e novas visões sobre o que eles viram apenas em sala de
aula e representa, também, o diálogo entre os pesquisadores da
Universidade de Pernambuco e os pesquisadores de outras instituições,
tornando legítima a pesquisa desenvolvida até o presente. Muitos assuntos
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na área de Lingüística e Literatura serão debatidos durante este Encontro, o
que subdisiará o curso de Letras que começa a dar os seus primeiros passos
para se fortalecer e poder dar a sua contribuição à área. Grande
contribuição esse Encontro trará, não somente para a instituição bem como
para a região do Agreste Meridional. Garanhuns ora se está formando em
pólo educacional, mas falta-lhe evento desse porte para dar-lhe visibilidade.
Grandes pesquisadores foram convidados e aceitaram vir até Garanhuns
para dar a sua contribuição e a expectativa da instituição é que esse
Encontro se repita durante todos os anos que virão.
Coordenação: Prof.ª Dr.ª Silvânia Núbia Chagas
COMISSÃO CIENTÍFICA
Benjamin Abdala Júnior (USP)
José Luiz Fiorin (USP)
Antonio Dimas (USP)
Elisalva Madruga Dantas (UFPB)
Marcelo Machado Martins (UFRPE)
Ana Cristina Marinho (UFPB)
Ângela Paiva Dionísio (UFPE)
Mônica Magalhães Cavalcante (UFC)
Maria do Socorro Silva de Aragão (UFC)
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COMISSÃO EDITORIAL
Silvania Núbia Chagas (UPE)
Benedito Gomes Bezerra (UPE)
Jairo Nogueira Luna (UPE)
Elcy Luiz da Cruz (UPE)
Jeane de Cássia Nascimento Santos (UFSE)
COMISSÃO ORGANIZADORA
Silvania Núbia Chagas (UPE)
Benedito Gomes Bezerra (UPE)
Jairo Nogueira Luna (UPE)
Francisca Núbia Bezerra e Silva (UPE)
Dirce Jaeger (UPE)
Elcy Luiz da Cruz (UPE)
MONITORES
Anderson de Souza Frasão
José Aldo Ribeiro da Silva
WEBMASTER
Erick Camilo da Silva Gouveia
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TEMÁRIO
1. O tema escolhido para o Encontro é “A alquimia da linguagem”.
Embora pareça um tema restrito, na verdade trata-se de uma
temática que abarcará as duas áreas – lingüística e literatura -, uma
vez que pensou-se em congregar estudiosos com pesquisas
abrangentes não somente em cada área mas, também, envolvendo
as duas.
Nesse amplo rol, cabem formas relevantes de tratamento e, para
tanto, foram estabelecidos os seguintes eixos temáticos:
1. Literatura e diversidade cultural.
2. A ambigüidade e o lúdico na linguagem poética.
3. Pós-modernismo ou Neobarroco: aspectos da
contemporaneidade na literatura brasileira.
4. A alquimia da palavra: a prosa poética de João Guimarães Rosa.
5. Tendências contemporâneas na literatura.
6. Hipertexto, gêneros digitais e ensino.
7. Letramento social e letramento escolar.
8. Práticas discursivas e análises de gêneros.
9. Variação e Mudança Linguística.
10. Discurso, ideologia e cognição.
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SUMÁRIO GERAL
RESUMOS DAS CONFERÊNCIAS E MESAS-REDONDAS
1.Literatura, Cidadania e Direitos Humanos: Uma Relação Possível –
Prof. Dr. Alexandre Furtado (UPE) – p.11
2. Literatura e Territorialidade: Moçambique nas Crônicas de
Suleiaman Cassamo – Prof.ª Dr.ª Ana Cristina Marinho Lúcio
(UFPB) – p.12
3.Agrupamentos de Gênero: Discutindo Terminologias e Conceitos –
Prof. Dr. Benedito Gomes Bezerra – p.13
4.Hibridismo e Mestiçagem nas Literaturas de Língua Portuguesa
(Notas Críticas) – Prof. Dr. Benjamin Abdala Jr. (USP) – p.14
5. Pepetela: Ficção, Realidade e Direitos Humanos – Prof.ª Dr.ª
Cristina Botelho (UPE) – p.15
6.Um Olhar Crítico Sobre a Prática do Ensino de Línguas
Estrangeiras Modernas – Prof.ª Me. Dirce Jaeger (UPE/Faceteg) –
p.16
7.Aula de Língua Portuguesa: Reflexões e Perspectivas – Prof.ª Me.
Francisca Núbia Bezerra (UPE/Faceteg) - p. 17
8.A Concepção de Metamodernidade Como Forma de Entendimento
da Dinâmica das Vanguardas Poéticas – Prof. Dr. Jairo Nogueira
Luna (UPE/Faceteg) - p. 18
9. Lei 10.639/03: Escola, Literatura e Identidade – Prof.ª Dr.ª Jeane
de Cássia Nascimento Santos – UFS – p. 19
10.Em Busca do Mistério e da Epifania da Palavra – Prof.Dr. José
Luiz Fiorin (USP) – p. 20
11.Ensino de Análise Linguística: Analisando e Propondo
Alternativas – Prof.ª Dr.ª Lívia Suassuna (UFPE) – p. 21
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12.Referenciação e Intertextualidade em Gêneros do Discurso - Prof.ª
Drª. Mônica Magalhães Cavalcante (UFC) – p. 22
13.Pobreza e Exclusão em Graciliano Ramos – Prof.ª Dr.ª Silvânia Núbia
Chagas (UPE/Faceteg) – p. 23
14.Epistolografia e Marginália Como Auxiliares da Crítica Literária – Prof.
Dr. Antônio Dimas (USP) – p. 24
15.Duplo Enfoque Sobre a Língua Portuguesa Na Formação de
Professores: Entre o Aprender e o Ensinar – Prof. Dr. Marcelo Machado
Martins (UFRPE) – p. 25
16.A Linguagem de José Lins do Rêgo: Variação Regional e Social - Prof.ª
Dr.ª Maria do Socorro Silva de Aragão (UFPB/UFC) – p. 26
17.A Representação do Negro nas Literaturas Brasileira e Africanas de
Língua Portuguesa - Prof.ª Dr.ª Elisalva Madruga Dantas (UFPB)-p.28
18.Guimarães Rosa: Entre Duas Águas - Prof.ª Dr.ª Marli Fantini Scarpelli
(UFMG) – p.29
RESUMOS DAS COMUNICAÇÕES
1. A representação da doença como “metáfora” em a peste, de Albert
Camus - Alberes Santos (UFPE) – p. 30
2. Fóruns de comunidades do orkut: variação linguística na escrita de
homens e mulheres –
Ana Paula Oliveira Soares (UPE) – p. 31
3. Literatura infanto-juvenil afro-brasileira: reconstruindo a
identidade cultural afrodescententes nos alunos da comunidade
remanescente quilombola do Castainho, em Garanhuns – PE. -
Anderson de Souza Frasão (UPE)- p.32
4. A produção de texto em avaliação classificatória - Ângela Valéria
Alves da Silva (UFRPE)- p. 33
5. José Cardoso Pires e sua valsa lenta: convergências médico-
literárias - Anuska Karla Vaz da Silva (UFPE)- p. 34
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6. Sobre a diacronia dos verbos ser e estar no português: uma
abordagem morfológica - Cícero Barboza Nunes (UFRPE)
Prof. Dr. Marcelo Amorim Sibaldo (UFRPE) – p. 35
7. Um desafio nos gêneros digitais: discutindo a genericidade em
weblogs - Cleber Pacheco Guimarães (UFPE)- p. 36
8. A variante linguística da ilha do Massangano x a variante dos textos
escolares - Daiane Batista da Silva (UPE)- p. 37
9. A variação linguística nas redes sociais - Daniele Basilio Nunes
(UFRPE) – p. 38
10. Processos fonológicos naturais: implicaturas para o ensino de
língua materna - Edigar dos Santos Carvalho (UFPE)- p. 39
11. Hipertexto como ferramenta para o ensino de leitura e escrita no
âmbito escolar - Edilaine Trajano de Almeida (UPE)- p.40
12. Os gêneros discursivos na proposta curricular da prefeitura de
recife: há orientações específicas para os professores de EJA? -
Edla Ferraz Correia (UFPE) – p. 41
13. Estudos variacionistas sobre a fala de Pernambuco: inspirações
com vistas a um atlas lingüístico –
- Edmilson José de Sá (UFPB) – p. 42
14. Nas entrelinhas da semiótica: os discursos construídos na moda -
Eduardo Manoel Barros Oracio (UFRPE) – p. 43
15. O caráter (re)criador em O Embondeiro Que Sonhava Pássaros, de
Mia Couto. - Erick Camilo da Silva Gouveia (UPE) -. p.44
16. Frase: caracterização e análise do gênero - Francilene Leite
Cavalcante (UPE) – p. 45
17. O ethos da escrita feminina no livro no Tempo Frágil das Horas,
de Luzilá Gonçalves Ferreira -
- Giovanna de Araújo Leite (UPE) – p. 46
18. Quando Eu Era Pequena, de Adélia Prado: biografia x
autobiografia? - Jocilene Pereira Lima (UFPB) – p. 47
19. Hibridismo identitário e resistência cultural em o Ex-futuro Padre e
sua Pré-viúva, de Mia Couto - José Aldo Ribeiro da Silva (UPE)-
p.48
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20. Ethos, estilo e autoria nos sonetos mediúnicos de Florbela Espanca
- José Antonio Ferreira da Silva (ISEP) – p. 49
21. Práticas discursivas sobre a leitura - Como se lê: a visão docente. -
Keila Gabryelle Leal Aragão (UFPB)- p. 50
22. O ensino de língua inglesa mediado pela tecnologia: sua
contribuição para o ensino médio - Layanne Roberta de Araujo
Silva (UFRPE)- p. 51
23. Aula de português: um tema em três gêneros - Lígia Rocha Silveira
(UFPE)- p. 52
24. Importância da análise de identidades sociais em gêneros
imagéticos inseridos em livros didáticos de língua portuguesa -
Lílian Noemia Torres de Melo (UFPE) – p. 53
25. Possibilidades educativas dos gêneros digitais: construindo
conhecimentos através de blogs - Lindinalva Maria da Silva (UPE)
Perla Daniquelle de Oliveira (UPE)- p. 54
26. Sobre o problema da linguagem e a linguagem do problema: uma
leitura benjaminiana de A Invenção de Morel - Mahely Barros
(UFPE) – p. 55
27. Análise das primeiras histórias em quadrinhos do Brasil - Maria
Clara Catanho Cavalcanti (UFPE)- p. 56
28. Relato de experiência - Márcia Vandineide Cavalcante (UPE)- p.57
29. O canto de Os Lusíadas atravessa o primeiro mar, de Ana Maria
Machado - Maria José C. De Andrade (UPE) – p. 58
30. O estudo da variação linguística na educação de jovens e adultos -
Naila Lins da Silva (UFPE) – p. 59
31. A teoria do déficit linguístico e a teoria variacional: um estudo de
caso em escolas públicas e particulares do Recife - Onilma Freire
dos Santos (UFPE)- p. 60
32. O arquétipo da sombra na imagem de lord voldemort em Harry
Potter e a Pedra Filosofal, de J. K. Rowling - Rafael Francisco Braz
(UEPB)- p. 61
33. A influência do professor na formação do aluno-leitor do texto
literário - Raquel Monteiro da Silva Freitas (UFPB)- p. 62
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34. A crítica literária e o discurso do negro na literatura do século XIX.
- Raul Azevedo de Andrade Ferreira (UFPE)- p. 63
35. Centralidade da leitura e escrita no orkut: percepção de alunos e
professores e possibilidades pedagógicas - Renato Lira Pimentel
(UPE) – p. 64
36. A linguagem proibida na escola - Roberta Pereira de Novaes
Sampaio (UPE)- p. 65
37. Letramento enquanto prática social e letramento escolar - Rosa
Maria de Souza Leal (UFPE) – p. 66
38. A Aquisição da escrita e o desenvolvimento da consciência
metalingüística - Rossana Regina Guimarães Ramos Henz (UPE) –
p.67
39. Autor-personagem: recriação do eu no universo virtual - Ruty Elane
Bezerra de Menezes (FAFICA)- p. 68
40. Brincando de ser feliz: Tony Morrison, Conceição Evaristo e a
reinvenção do mundo -
Sueli Meira Liebig (UEPB)- p. 69
41. Gênero textual no livro didático de língua inglesa - Tiago Lessas
José de Almeida (UFPE)- p. 70
42. No continum fala/escrita, a carta do leitor - Valfrido da Silva Nunes
(UFAL /IFPE)- p. 71
43. A diferença linguística pronunciada pela mulher na reprodução da
desigualdade de gênero -
Vanessa Cavalcanti (UPE) – p. 72
44. MST e noção de reforma agrária: analisando discursos - Vinícius
Nicéas do Nascimento (UFPE)- p. 74
45. Panorama histórico da literatura em Garanhuns: das origens à
década de 50 - Wagner Marques Cordeiro (UPE) – p. 75
46. Considerações sobre a aprendizagem de língua inglesa mediada
pela internet e a formação identitária do estudante de letras -
Wellington Marinho de Lira (UFRPE) – p. 76
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47. Os alunos do ensino médio e sua relação com os livros de literatura
adotados para o vestibular
- Ruth Ellen Rodrigues Dutra (UFPB)
Profa. Dra. Maria Ester Vieira de Sousa (UFPB)- p. 77
48. Riso e sátira social na poesia de Luiz Gama - Herbert Nunes de
Almeida Santos (UFAL) – p. 78
49. O mundo além da aparência: aspectos de uma linguagem
desrealizante nas obras de Guimarães Rosa e Franz Kafka - Igor
Andreas Rodrigues Bandim (UFPE) – p. 79
50. A construção da cultura hispano-americana a partir da literatura -
Jaciara Josefa Gomes (UFPE)- p. 81
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LITERATURA, CIDADANIA E DIREITOS HUMANOS: UMA
RELAÇÃO POSSÍVEL
Prof. Dr. Alexandre Furtado
Práticas de leitura literária, enquanto estratégia problematizadora da realidade social
estreitam a relação entre a criação literária, educação e a construção da Cidadania.
Essa percepção sobre as narrativas promove, ainda, o questionamento sobre a
expressão literária e a discussão a respeito dos Direitos Humanos atualmente,
considerando as desigualdades e diferenças existentes. Amparamos teoricamente
nossa abordagem em aspectos dos Estudos Culturais.
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LITERATURA E TERRITORIALIDADE: MOÇAMBIQUE NAS
CRÔNICAS DE SULEIMAN CASSAMO
Profa. Dra. Ana Cristina Marinho Lúcio (UFPB)
A cidade de Maputo surge nas crônicas do escritor moçambicano, Suleiman
Cassamo, nas vozes dos trabalhadores, dos desempregados, dos refugiados de
guerra, das mulheres que enfrentam filas para conseguir comida para os filhos.
Nessa comunicação, faremos uma análise das crônicas Amor de Baobá, relato de um
preso que todos os anos, no dia dos namorados, rouba um vaso de flores e oferece à
primeira mulher que encontra; O gafanhoto no lençol, que expõe os requintes de
crueldade que o homem pode chegar quando se depara com o diferente e, por
último, O cabrito deslocado de guerra, sobre a experiência de viver no Bairro
Magude, morada dos refugiados de guerra, e de voltar a viver na cidade.
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AGRUPAMENTOS DE GÊNEROS: DISCUTINDO
TERMINOLOGIAS E CONCEITOS Prof. Dr. Benedito Gomes Bezerra (UPE)
Em pesquisas voltadas para a análise de gêneros textuais, os procedimentos em geral preveem
o estudo de gêneros específicos, tomados isoladamente, e abrangendo desde os gêneros da
conversação pessoal e cotidiana até os gêneros do discurso acadêmico ou jurídico. Mais
recentemente, surgiram algumas propostas para abordagem dos gêneros de uma forma mais
realista, em inter-relação dinâmica uns com os outros, como se apresentam no mundo. Tais
propostas se mostram capazes de evidenciar a complexidade das trocas linguísticas e
discursivas mediadas pelos gêneros. Considerando que diversas propostas relacionadas com
agrupamentos de gêneros ainda são relativamente desconhecidas, tornando-se problemáticas
especialmente para pesquisadores em formação, o objetivo deste trabalho é apresentar as
propostas oriundas de diferentes, embora inter-relacionadas, vertentes teóricas, encetando
uma discussão crítico-comparativa com a finalidade de contribuir para um maior
esclarecimento terminológico-conceitual, com consequências para a definição de aparatos
metodológicos na análise de gêneros. Parte-se da abordagem aplicada de Swales (2004),
discutindo-se os termos cadeias, conjuntos e redes, passando pelo enfoque retórico de
Bazerman (2004), que desenvolve os conceitos de conjunto e sistemas de gêneros, e
finalizando com a perspectiva crítica de Bhatia (2004), com a noção de colônia de gêneros.
Conforme Bhatia (2004), é possível pensar em agrupamentos de gêneros que circulam em
domínios profissionais e acadêmicos específicos, mas também será necessário considerar
gêneros que circulam por diferentes contextos acadêmicos ou profissionais e ainda assim
mantêm alguma inter-relação. Os diversos conceitos para agrupamento de gêneros
responderiam a uma dessas situações. Ao descrever a forma como os gêneros se apresentam
em variadas atividades sociais, profissionais ou acadêmicas, Bazerman (2004) discute os
conceitos de conjunto e sistema de gêneros. O conjunto de gêneros designa a totalidade dos
gêneros produzidos por um determinado indivíduo no exercício de suas funções profissionais
ou acadêmicas. O sistema de gêneros abrange diferentes conjuntos de gêneros produzidos por
pessoas no desempenho de atividades similares e inter-relacionadas, além das relações
padronizadas que se desenrolam na produção e circulação dos gêneros em domínios
discursivos específicos. Para dar conta de gêneros que mantêm relações recíprocas mesmo
circulando em domínios discursivos diferentes, Bhatia (2004) propõe a noção de colônia de
gêneros. Numa colônia, os gêneros se mostram inter-relacionados, mas atravessam fronteiras
e domínios disciplinares. Swales (2004) retoma, em parte, as noções propostas por Bhatia
(2004) e Bazerman (2004), mas apresenta uma contribuição própria ao enfocar as relações
hierárquicas verificadas entre os gêneros em diferentes disciplinas e delinear a noção de
cadeia de gêneros como a sequência em que certos gêneros necessariamente se apresentam
em contextos acadêmicos ou profissionais, ressaltando inclusive o papel de gêneros que,
embora importantes, são ―invisíveis‖ (occluded) para a maioria dos atores sociais envolvidos.
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HIBRIDISMO E MESTIÇAGEM NAS LITERATURAS DE
LÍNGUA PORTUGUESA
(NOTAS CRÍTICAS)
Prof. Dr. Benjamin Abdala Junior (USP)
Situamo-nos num momento de repactualizações políticas em escala planetária, o que
torna particularmente relevantes, para quem se situa no Brasil, reconfigurar para
além das inclinações de matiz eurocêntrica, o sentido dos contatos étnicos e culturais
que marcaram nosso processo de colonização. Tais inclinações, que correspondem
ao processo de ocidentalização em escala planetária, procuram estabelecer sua
legitimidade ao apontar para novos critérios de administração da diferença,
preservando bases histórico-culturais hegemônicas. É possível buscar analogias
entre essa nova hegemonia com um processo similar que tem marcado as bases para
a legitimidade das elites brasileiras: o mito da democracia racial. Do ponto de vista
político, torna-se importante relevar articulações comunitárias, em especial, no caso
brasileiro, com os países de língua portuguesa, secundadas pelos países de língua
espanhola. Dois enlaces básicos, que apontam para uma comunidade
iberoafroamericana, sem desconsiderar outras laçadas possíveis, igualmente
supranacionais, diante do processo de mundialização. Para tanto, é importante
descartar perspectivas eurocêntricas, com fluxos culturais assimétricos,
estabelecendo discriminações e hierarquizações, tal como ocorreu com o racismo.
Não se trata de desconsiderar a qualidade e relevância dos saberes de origem
européia, mas a pretensão de que os mesmos tendem a ser sempre universais e
superiores em relação aos saberes criados pelos outros grupos humanos. A nova
repactualização política solicita reciprocidade, tendo em vista legitimidades
efetivamente democráticas: o outro, não como objeto, mas um sujeito em
interações/fricções pautadas pela diferença, descartando sua imagem colonizada, em
que sua legitimidade respalda-se na reprodução especular dos gestos hegemônicos.
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PEPETELA: FICÇÃO, REALIDADE E DIREITOS HUMANOS
Profa. Dra. Cristina Botelho (UPE)
Ficção, realidade e história estão intimamente interligadas na obra do autor angolano
Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos.Denúncias, questionamentos e
problematização da realidade da África Portuguesa, anterior e de após
independência, são temáticas que se associam tanto à ficção quanto à defesa dos
direitos humanos preconizados, implicitamente nos textos do autor em questão.
Entende-se que a participação do ficcionista no Movimento pela Libertação de
Angola, é sem dúvida, também uma defesa dos direitos humanos, extremamente
diminutos, num país, recém governado por colonizadores ex-escravagistas. Por outro
lado, alguns colocam as intervenções políticas do autor, em confronto com os
Direitos Humanos. No entanto, sua ficção revela uma realidade que contradiz a esta
perspectiva, deixando clara a preocupação social reveladora de uma Angola caótica
e de valores humanos decadentes, por exemplo, em O cão e os
Caluandas, produção de pós-Independência.
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UM OLHAR CRÍTICO SOBRE A PRÁTICA DE ENSINO DE
LÍNGUAS ESTRANGEIRAS MODERNAS
Profa. Me. Dirce Jaeger (UPE)
Muito se tem falado das mudanças - e até mesmo crises – enfrentadas pelo/a docente
de língua portuguesa no cotidiano de sua prática. As reflexões, com frequencia,
levantam as implicações do advento das novas tecnologias para o ensino da língua e
aspectos de ordem identitária/pragmática expressas em perguntas do tipo que língua
ensinar? Por que, a quem e para que ensiná-la?. Nosso olhar, por sua vez, tratará de
reconduzir algumas destas questões para o âmbito da docência de língua inglesa e
espanhola, tratando-as dentro de seu contexto específico. Para esta reflexão,
convergem as mudanças ocorridas ao longo das últimas décadas no que concerne à
prática de ensino de língua estrangeira, bem como questões relativas à imagem do
professor de língua estrangeira e os aspectos ideológicos que atravessam sua prática.
O ponto de partida para as reflexões que se levantam encontra-se nos
sentimentos/pensamentos recolhidos junto aos próprios professores da área e
questões relativas às políticas linguísticas subjacentes aos currículos vivenciados no
âmbito escolar.
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AULA DE LÍNGUA PORTUGUESA: REFLEXÕES E
PERSPECTIVAS
Profa. Me. Francisca Núbia Bezerra e Silva (UPE)
Muito se tem debatido sobre as dificuldades de se trabalhar a língua nas aulas de
Português, pois segundo Travaglia (1997), ―o objetivo do ensino da língua materna
nas escolas é desenvolver a competência comunicativa dos usuários da língua‖. Para
isso é necessário que o professor de língua tenha um conhecimento alargado e
esclarecido do fenômeno comunicativo e lingüístico, do processo de aquisição da
linguagem e do seu funcionamento. A compreensão que se tem sobre o que é estudar
a língua e estudar sobre a língua, nos levará a uma melhor percepção do caráter
social que é patrimônio de toda uma coletividade e, de um caráter individual que é a
utilização de uma maneira particular da cada membro de uma comunidade de fala.
Sendo assim, as aulas de Língua Portuguesa visarão o desenvolvimento e a
estruturação de competência comunicativa do aluno que o tornará apto a usar melhor
a sua língua, não só em aquisição de estruturas novas, mas também e sobretudo
adquirir o sucesso na apropriação do ato verbal às situações de comunicação. Isso se
dará quando a escola levar o aluno a usar com habilidade a escrita, a leitura, a
oralidade, a escuta, tornando-se sujeito desse processo. E ainda mais, vivemos numa
época em que a escola não pode ignorar as diferenças sociolinguísticas. O professor
precisa conhecer os novos estudos variacionistas, para adquirir melhores alternativas
que lhe ajudem a trabalhar a fenômeno da variação em sala de aula, respeitando a
fala do aluno e ao mesmo tempo, explorando a expressividade e permitindo que
essas variedades linguísticas sejam aperfeiçoadas para que o aluno as utilize nas suas
diversas interações sociais.
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A CONCEPÇÃO DE METAMODERNIDADE COMO FORMA
DE ENTENDIMENTO DA DINÂMICA DAS POÉTICAS DE
VANGUARDA
Prof. Dr. Jairo Nogueira Luna
A Metamodernidade pode ser entendida como uma concepção poética e estética que
se coloca na condição de constante atividade crítica e teórica com bases na função
metalingüística associada à função poética e referencial. Diferentemente da postura
pós-moderna que se caracteriza pela fragmentação e pela reciclagem, tanto ao nível
das formas, quanto em termos semânticos e paradigmáticos, a Metamodernidade
pode ser identificada em poéticas de vanguarda no momento tanto da construção de
seu arsenal teórico, quanto no momento de aplicação dos mesmos. Assim, o poema
metamoderno não é apenas um metapoema, mas é um poema que se articula num
processo de avaliação crítica da poesia e da poética. Neste trabalho apresentamos
alguns poemas metamodernos identificados na produção de Oswald de Andrade,
João Cabral de Melo Neto, Almada Negreiros, Guillaume Apollinaire, Ezra Pound,
Haroldo de Campos e Sousândrade.
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LEI 10.639/03: ESCOLA, LITERATURA E IDENTIDADE
Profa. Dra. Jeane de Cassia Nascimento Santos – UFS
A Lei 10639/03 que torna obrigatório o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira
e Africana no Ensino Fundamental e Médio mexeu não apenas com a estrutura das
escolas de ensino básico. As universidades também receberam incumbências, na
medida em que se tornam responsáveis por difundir ações para o cumprimento da
lei, no sentido de direcionar o olhar para a diversidade étnica brasileira, até então
pouco debatida na academia. Nesse sentido, cabe à universidade, por meio de seu
currículo, pesquisas e corpo docente preparar professores e/ou comunidade com o
aporte teórico-metodológico necessário para a difusão não só da lei, como também
da valorização da diferença e da diversidade.
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EM BUSCA DO MISTÉRIO E DA EPIFANIA DA PALAVRA
Prof. Dr. Jose Luiz Fiorin (USP)
Depois de analisar detidamente as funções da linguagem e mostrar sua onipresença
na vida dos seres humanos, examina-se a idéia de que conhecer a linguagem é
conhecer o homem. Por isso, ela sempre interessou as pessoas. Desde os primórdios
da marcha do homem sobre a Terra, os mitos tentam explicar as origens da
linguagem e a diversidade das línguas. Ela foi objeto do trabalho de poetas,
pensadores e cientistas. Hoje, a formação especializada na linguagem é feita nos
cursos de Letras. Essa especialidade é necessária? Afinal, para que servem as
Letras? Os estudos linguísticos revelam a experiência humana cristalizada na
linguagem, permitem conhecer as sociedades em que as línguas foram criadas,
possibilitam conhecer o funcionamento da mente humana. A Linguística estuda o
sistema que permite a fala, examina os universais da linguagem e a forma como eles
são parametrizados nas diversas línguas, analisa a organização e o modo de
funcionamento do discurso, pesquisa a aquisição da linguagem e a perda da
capacidade linguística, busca conhecer a variação linguística e sua correlação com
fatores sociais, situacionais ou regionais, interessa-se pelas relações sociais que se
exprimem linguisticamente, debruça-se sobre a evolução das línguas ou sobre as
línguas num dado momento de sua evolução. Enfim, busca compreender o mistério e
a epifania da palavra. Mobilizando todas as funções e dimensões da linguagem, o
texto literário e também os outros objetos artísticos criam outro mundo, convidam a
penetrar a esfera de uma realidade outra, pela fratura da realidade cotidiana. Essa
outra realidade leva-nos a uma vida mais intensa, mobilizando desejos múltiplos,
criando novas percepções, produzindo experiências diversas. Nela, tudo é permitido,
pois abole os limites da realidade cotidiana. A grande função da arte não é dizer o
que sempre existiu, mas iluminar a possibilidade de outras existências, sugerir que
outras ordens da realidade são possíveis. As Letras não formam burocratas da
palavra, aqueles que apenas corrigem a ortografia, a concordância... As Letras
levam-nos a aceder aos tesouros culturais criados pelo homem ao longo de sua
história. Seu papel, usando as palavras de Guimarães Rosa, é tornar o homem
humano. As Letras ajudam a criar e a fortalecer a democracia, pois elas revelam a
linguagem, a literatura, como o lugar de criação da alteridade, e, por conseguinte, de
tolerância, de respeito pela diferença e, portanto, de democracia. Essa é a grande
função das Letras.
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ENSINO DE ANÁLISE LINGUÍSTICA: ANALISANDO E
PROPONDO ALTERNATIVAS
Profa. Dra.Lívia Suassuna (UFPE)
Nesta exposição, faremos uma breve retrospectiva histórica do ensino de português e
de gramática. Em seguida, mostraremos as perspectivas atuais de tratamento
didático da chamada análise linguística, citando exemplos de suas articulações com
a leitura e a produção de textos.
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REFERENCIAÇÃO E INTERTEXTUALIDADE EM GÊNEROS
DO DISCURSO
Profa. Dra. Mônica Magalhães Cavalcante (UFC)
Muitas funções discursivas dos processos referenciais estão intrinsecamente
relacionadas ao gênero, ao plano de texto, à sequência textual e a propósitos
argumentativos vários. A referenciação não se presta, pois, somente a não repetir
formas de expressão referencial em um contexto, mas a organizar o texto, a
argumentar, a resumir, a introduzir novas informações, a definir, a veicular
diferentes vozes ou pontos de vista discursivos, a chamar a atenção do leitor - para
citar apenas algumas. Apresentaremos, em gêneros diversificados, algumas dessas
funções, pondo em evidência certos processos intertextuais.
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POBREZA E EXCLUSÃO EM GRACILIANO RAMOS
Profa. Dra. Silvania Núbia Chagas (UPE)
Na obra de Graciliano Ramos, as temáticas ―pobreza e exclusão‖ são tratadas com
uma certa singularidade, pois estas estão diretamente vinculadas à solidão das
personagens, uma vez que elas não conseguem se relacionar com o meio em que
vivem e, por isso se isolam. Mesmo em São Bernardo, que a personagem Paulo
Honório consegue enriquecer, a solidão continua oprimindo-o e o fazendo sentir-se a
pior das criaturas, o que, de certa forma, provoca a exclusão. Demonstrar como isso
ocorre, através das obras: São Bernardo, Angústia e Vidas secas, é o que se pretende
neste trabalho.
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EPISTOLOGRAFIA E MARGINÁLIA COMO AUXILIARES
DA CRÍTICA LITERÁRIA
Prof. Dr. Antônio Dimas (USP)
O levantamento da marginália e a recuperação da epistolografia funcionam como
poderosos instrumentos auxiliares na contextualização de uma obra literária e no
benefício de sua crítica textual, eventualmente.
Nesta palestra o prof. Antônio Dimas discorre sobre a importância da produção da
escola do Recife de 1870 para o desenvolvimento do pensamento brasileiro, bem
como da importância da obra de Joaquim Nabuco para formação do mesmo
pensamento.
Argumenta ainda sobre os processos de influência e originalidade no âmbito das
relações de Literatura Comparada, demonstrando como o eixo Norte-Sul de
influências pode ser alterado para o âmbito Leste-Oeste, notadamente em se levando
em conta as relações entre a Literatura Brasileira e Sul-Americana e as Africanas,
com especificidade para o caso brasileiro, das Literaturas Africanas de Língua
Portuguesa.
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DUPLO ENFOQUE SOBRE A LÍNGUA PORTUGUESA NA
FORMAÇÃO DE PROFESSORES: ENTRE O APRENDER E O
ENSINAR
Prof. Dr. Marcelo Machado Martins (UFRPE)
Apesar da emergência dos estudos de gênero em sala de aula, são reconhecíveis as
dificuldades que os professores de língua portuguesa encontram com relação ao
ensino dessa disciplina. Diferentes concepções de metodologias do ensino da língua
portuguesa, de seleção de conteúdos e de práticas de ensino acabam se tornando
dificultadores para a adoção de uma postura crítica por parte dos professores, que se
perdem entre as exigências e demandas da sociedade, as necessidades dos alunos e
as próprias concepções de língua que, como usuário e estudante de língua, assumem.
Até mesmo por uma imposição que se construiu historicamente com relação a uma
língua ―castiça‖, muitos professores, em sala de aula, eximem-se da reflexão sobre
as implicações ideológicas de determinadas assunções frente ao ensino-
aprendizagem da língua portuguesa, resguardando às aulas dessa disciplina a
reprodução mecânica de modelos, geralmente metalingüísticos, que contribuem
apenas para a manutenção de uma idéia de pureza e de exclusão linguísticas. A partir
dessas reflexões, vamos apresentar e discutir aspectos referentes a algumas
concepções de gramática e seus efeitos no ensino, além de incursionar por pontos de
vista axiologizantes sobre tais concepções.
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A LINGUAGEM DE JOSÉ LINS DO RÊGO: VARIAÇÃO
REGIONAL E SOCIAL
Profa. Dra. Maria do Socorro Silva de Aragão (UFPB/UFC)
José Lins do Rego como escritor da chamada geração de 30, cujas narrativas
enfatizavam mais a natureza em detrimento do homem, conseguiu ultrapassar esse
estereótipo em sua ficção, mudando o eixo de gravidade da natureza para o homem.
Segundo alguns estudiosos, foi em Fogo Morto que José Lins do Rego sintetizou sua
ficção que, segundo Abdala Júnior, é muito mais inovadora em termos de arte, que
as demais do chamado ciclo da cana-de-açúcar1, publicadas anteriormente: Menino
de Engenho, Doidinho, Bangüê, O Moleque Ricardo e Usina. José Lins em suas
obras de ficção usou a palavra de forma precisa e artística, nos seus níveis e registros
e nas suas variações regionais, a partir do perfeito domínio da norma culta padrão, a
fim de descrever a decadência dos engenhos de açúcar do Nordeste, com a
conseqüente deteriorização da estrutura econômico-social daqueles que neles
viviam. Estudar e analisar lingüisticamente a obra de José Lins do Rego é um
exercício fascinante, que oferece surpresas a cada nova abordagem que dela se faça.
A obra de José Lins é riquíssima para análises do ponto de vista da Sociolingüística,
ciência que estuda as relações entre a língua e a sociedade, suas inter-relações e o
papel que cada uma exerce sobre a outra, determinando os níveis ou registros de
fala, que vão desde o nível mais informal da modalidade falada ao mais formal da
modalidade escrita, que é o literário, correlacionando-os com o nível sócio-cultural
de seus usuários. São as variações sócio-culturais, também chamadas diastráticas,
que determinam as diferenças entre a linguagem erudita e a popular, entre outras. Já
para as análises sob a visão da Dialetologia, que estuda os diversos tipos de variação
que a língua apresenta, correlacionando-a não com o nível sócio-cultural do falante,
mas com a região a que ele pertence, temos exemplos significativos em José Lins do
1 ABDALA JÚNIOR, R. O ritmo do tempo em torno do engenho. In : REGO, J.
Lins do. Fogo morto. São Paulo: Círculo do Livro, 1984.
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Rêgo. As variantes regionais ou diatópicas, caracterizam os aspectos regionais da
sua linguagem. A integração das duas ciências, a Sociolingüística e a Dialetologia é
que nos permite analisar a linguagem do autor vendo-lhe os aspectos erudito,
popular e regional. Neste trabalho mostraremos as variações regionais e socio-
culturais presentes na obra Fogo-Morto, de José Lins do Rego.
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A REPRESENTAÇÃO DO NEGRO NAS LITERATURAS
BRASILEIRA E AFRICANAS DE LÍNGUA PORTUGUESA
Profa. Dra. Elisalva Madruga Dantas (UFPB)
Nesse trabalho, procuraremos mostrar, a partir da leitura crítica de alguns textos
poéticos, como se dá, na Literatura Brasileira e nas Literaturas produzidas em
Angola e Moçambique, a representação do negro, centrando nossa atenção na sua
transposição de objeto a sujeito poético, bem como na trajetória que vai da dor ao
orgulho de ser negro, assinalada por Manuel Ferreira, ao trabalhar essa temática nas
literaturas africanas de língua portuguesa, mas que consideramos pertinentemente
aplicável também à literatura brasileira.
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GUIMARÃES ROSA: ENTRE DUAS ÁGUAS
Profa. Dra. Marli Fantini Scarpelli (UFMG)
Em linhas mais amplas, o propósito do trabalho é abordar, em correspondência com
outras literaturas latinoamericanas, um dos mais importantes fenômenos literários
produzidos no Brasil no século XX. Trata-se da apropriação criativa às vanguardas
européias e seu desdobramento nas técnicas renovadoras do regionalismo
transnacional ou do hiper-regionalismo, cujo aproveitamento na obra de autores
continentais — como José Maria Arguedas, Juan Rulfo, Gabriel Garcia Márquez,
Jorge Luis Borges e Guimarães Rosa — institui um paradigma comum a essas
literaturas. Marcando diferença em relação aos modelos importados ou impostos
pela metrópole, o hiper-regionalismo viria a inaugurar, na América Latina, um novo
espaço discursivo, a se identificar em autores emblemáticos da transculturação, ou
seja, autores que, a exemplo de Guimarães rosa, Rulfo e Borges, transitam entre sua
aldeia e as metrópoles, entre o regionalismo e as vanguardas europeias. Dentre os
romances do modernismo brasileiro, Grande sertão: veredas é certamente o que
provocou maior abalo nos leitores e na crítica literária. Nacional e
internacionalmente consagrada, a obra prima rosiana é arcaica e moderna; caminha,
sempre em mão dupla e sem perder o gosto pelo paradoxo, seu fluxo fica na terceira
margem, ou entre duas águas, entre o regionalismo e as vanguardas européias. Ao
retomar a tradição regionalista (e política de Graciliano) e, concomitantemente,
apropriar-se criativamente do catastrófico contexto da Guerra Civil Espanhola, bem
como sua tradução pictural por parte de Picasso, numa das mais emblemáticas
representações das vanguardas européias, Rosa pôde conferir ao cenário da
―matança dos cavalos‖, no romance Grande sertão: veredas, o foco de antecessores
que dotaram suas respectivas obras primas da capacidade de afirmar o infinito poder
simbólico da arte contra a finitude concreta das ditaduras e das guerras, sempre
absurdas e sem sentido.
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RESUMOS DAS COMUNICAÇÕES
A REPRESENTAÇÃO DA DOENÇA COMO “METÁFORA”
EM A PESTE, DE ALBERT CAMUS
Alberes Santos (UFPE)
Como é de conhecimento geral os diálogos da Literatura com manifestações
artísticas (pintura, teatro, cinema música) e entre outras, atualmente os novos
estudos literários vêm expandindo sua interconexão para áreas científicas; dentre
elas, a Medicina. Dessa forma, a proposta da nossa comunicação é a análise da
metáfora da peste no romance A Peste de Albert Camus, vinculando-se Literatura à
Medicina para a compreensão das várias simbologias daquela doença na diegese
expressa nessa obra literária.
Para o estudo da metáfora da peste, foi traçado o seguinte percurso: primeiramente,
teceremos comentários sobre os conceitos de doença tanto na literatura quanto na
medicina e discussões sobre as representações do câncer e da tuberculose na
documentação médica e na literatura e da AIDS nas esferas sociais na perspectiva de
Sontag (2003), que estuda as ideologias que foram construídas pelos preconceitos
sobre as pessoas aidéticas; secundariamente, veremos a alegoria da peste e suas
consequências sociais, de forma bastante sucinta, em alguns momentos históricos
recortados- Mundo Antigo e Idade Média- como também nas pinturas e ilustrações
de artistas; por fim analisaremos a metáfora da peste,seguindo a categorização de
doença como desafio, proposta por Herlizch( 2004) na análise do romance A
Peste. Enfim, este trabalho permitirá o estudo da plurissignificação da doença na
obra literária que se apoiará nos conceitos da literatura clínica da medicina como um
recurso indispensável para detectar os símbolos que estão presentes na obra aqui
estudada quanto nos estudos literários.
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FÓRUNS DE COMUNIDADES DO ORKUT: VARIAÇÃO
LINGUÍSTICA NA ESCRITA DE HOMENS E MULHERES
Ana Paula Oliveira Soares (UPE)
O presente trabalho se propõe a analisar se há diferenças na forma como homens e
mulheres usam a linguagem e se o meio virtual acentua as eventuais diferenças,
procurando traçar uma relação entre essas e o gênero (gender) do interactante.
Baseamo-nos, principalmente, nos estudos de Labov (2008), com a teoria
variacionista e em Coulthard (1991), com seus estudos sobre a relação linguagem e
sexo. Para o desenvolvimento do trabalho, escolheu-se o Orkut por ser um dos
softwares sociais mais utilizados pelos brasileiros. Para a coleta dos dados,
escolhemos o gênero textual fórum de comunidades por se tratar de um ambiente
diversificado com relação à interação e à produção e recepção de textos no site.
Foram analisados 21 fóruns, em 3 comunidades do Orkut de temas diferentes:
futebol, moda e política, tendo como critérios para análise a observação da polidez,
competitividade, cooperatividade, internetês e multimodalidade. Com a análise
verificou-se que há diferenças na linguagem de homens e mulheres e que o meio
virtual parece acentuar essas diferenças.
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LITERATURA INFANTO-JUVENIL AFRO-BRASILEIRA:
RECONSTRUINDO A IDENTIDADE CULTURAL
AFRODESCENTENTES NOS ALUNOS DA COMUNIDADE
REMANESCENTE QUILOMBOLA DO CASTAINHO, EM
GARANHUNS – PE.
Anderson de Souza Frasão (UPE)
Profa. Dra. Silvania Núbia Chagas (UPE)
Sendo a literatura portadora de valores culturais, sociais e ideológicos
inevitavelmente possibilita a representação dos povos que a compõe. Mas o fato é
que, alguns povos, como os afro-brasileiros, por estarem há muito tempo à margem
da sociedade, não conseguiram preservar grande parte do acervo cultural que
continha as histórias sobre suas origens, usos, costumes, mitos, ritos, tendo em vista
que os primeiros narradores responsáveis pela preservação destas memórias já não
existem. Preencher essas lacunas deixadas pelo tempo é uma proposta que a
educação voltada à diversidade tenta superar. Assim, por meio da literatura infanto-
juvenil afro-brasileira e pela implementação da Lei 10.639/03 – ampliada para
11.645/08 – um projeto de iniciação científica vem possibilitando que alunos do
ensino fundamental I e II, da Escola Virgília Garcia Bessa, na comunidade
remanescente quilombola do Castainho, em Garanhuns – PE tenham acesso às
narrativas que contam as vivências de seus ancestrais africanos e afro-brasileiros. E,
com isso, possibilitando a consolidação de uma educação voltada à diversidade
cultural, eliminando as ocorrências de estereótipos, ideais de branqueamento e
efetivando a concepção de uma cidadania realmente condizente com os moldes
plurais do nosso país.
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A PRODUÇÃO DE TEXTO EM AVALIAÇÃO
CLASSIFICATÓRIA
Ângela Valéria Alves da Silva (UFRPE)
Nosso objetivo é observar a relação entre a concepção de língua adotada e as
propostas de escrita nas provas de seleção para o 6º. ano do Colégio de Aplicação da
UFPE. Nosso corpus será composto de 05 (cinco) exemplares das provas da referida
seleção, o que nos permitirá mapear as transformações ou a estabilização das
propostas de produção de texto do material em análise. Segundo Koch e Elias
(2006), no século XX, é possível identificar três concepções de línguas, as quais,
acreditamos, entraram numa espécie de disputa para que uma delas passasse a
dominar. Para analisar tal embate em nosso corpus, consideraremos Fairclough
(1997; 2001). Referências: FAIRCLOUGH, N. Discurso e mudança social. Brasília:
UNB, 2001; FAIRCLOUGH, N. Discurso, mudança e hegemonia. In: PEDRO, E. R.
(Org.). Análise Crítica do Discurso: uma perspectiva sociopolítica e funcional.
Lisboa: Editorial Caminho, 1997. KOCH, Ingedore V.; ELIAS, Vanda Maria. Ler e
compreender: os sentidos do texto. São Paulo: Contexto, 2006.
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JOSÉ CARDOSO PIRES E SUA VALSA LENTA:
CONVERGÊNCIAS MÉDICO-LITERÁRIAS
Anuska Karla Vaz da Silva (UFPE)
Uma das tendências mais interessantes sugeridas aos estudos literários atualmente é,
não só, estudá-los com o auxílio de outras vertentes artísticas, mas, também, de
outras áreas do conhecimento. Partindo de um paralelo incomum – a união da
literatura e da medicina – encontramos várias obras passíveis deste tipo de análise e,
dentre estas, concentramos nossa proposta de estudo no livro De Profundis, Valsa
Lenta, do romancista português José Cardoso Pires. Partindo deste corpus, o
trabalho se voltará à forma como o autor descreve o mal que o acometeu – o AVC -
que, na maioria dos casos não tem cura e extingue por inteiro a memória do doente.
Diante disto, nos deparamos com o questionamento da ficcionalidade e da vivência
autobiográfica como motes de escrita, sendo esta registrada pelo autor de acordo –
ou não – com as possíveis lembranças e descrições provenientes do relato de
terceiros.
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SOBRE A DIACRONIA DOS VERBOS SER E ESTAR NO
PORTUGUÊS: UMA ABORDAGEM MORFOLÓGICA
Cícero Barboza Nunes (UFRPE)
Prof. Dr. Marcelo Amorim Sibaldo (UFRPE)
Tomando por base que uma língua é um organismo em constante transformação,
este trabalho tem como objetivo mostrar, numa perspectiva diacrônica, a evolução
dos verbos ser/estar considerando sua morfologia (stare)/(esse/sedere/seer) do latim
ao português. Uma vez que, no latim falado da última época, os verbos da frase
nominal são esse (e sedere) e, para indicar estado, usavam-se stare (SILVA NETO,
1979:253). De fato, a compreensão que envolve a morfologia verbal é muito
complexa, porque umas formas influem noutras (cf. SILVA NETO, 1979:248).
Assim, dada esta complexidade este trabalho pretende mostrar, além da evolução
diacrônica, uma análise dos processos de gramaticalização que estes verbos
passaram no decorrer do tempo, tais como erosão (perda de massa fônica), extensão
(expansão dos contextos de uso), descategorização (perda de categoria ou de um
traço) e dessemantização (perda de sentido lexical e ganho gramatical). Este estudo
terá como possibilidade metodológica o estudo da gramaticalização como processo,
isto é, será feita análise de como estes itens (ser/estar) se tornaram mais gramaticais
no decorrer do tempo. (Cf. GONÇALVES et al,2007:16) Com isso, partindo-se do
pressuposto de que as categorias lingüísticas não constituem realidades estáveis e
que, ao longo de sua história, categorias lexicais podem passar a funcionar como
categorias gramaticais, a relevância deste trabalho reside em demonstrar um estudo
diacrônico do processo de gramaticalização dos verbos ser/estar no português.
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UM DESAFIO NOS GÊNEROS DIGITAIS: DISCUTINDO A
GENERICIDADE EM WEBLOGS
Cleber Pacheco Guimarães (UFPE)
Na medida em que estudos sobre gêneros digitais vão surgindo, vamos percebendo o
quão ―arriscado‖ é tratar deste assunto. Esta é uma área ainda bastante incipiente, e a
velocidade das descobertas é similar à do nascimento de novas tecnologias. Usamos
o termo ―arriscado‖ porque uma apresentação como esta, qual a que faço no I
Encontro de Linguística e Literatura da UPE, pode se tornar obsoleta em questão de
meses. Há cinco anos, blogs eram tratados como diários online. Há pouco, essa
definição foi superada, e hoje vimos a defender que blogs nem sequer são gêneros
textuais. O que se dirá daqui a cinco anos? Por hora, defendemos ser importante não
enxergar blog como um gênero digital, mas como tecnologia. Esta apresentação visa
discutir exatamente o status do blog enquanto gênero textual. Recorreremos à noção
de Configurações Contextuais (advinda da Linguística Sistêmico-Funcional de Mark
Halliday, pois todo gênero se materializa sob determinada configuração de fatores
que norteiam e influenciam a atividade comunicativa), aos postulados sobre gêneros
do discurso, mormente à luz de Mikhail Bakhtin (1992 [1953]) e à noção de
affordances, advinda da psicologia, como tratada por Carolin Miller (2009), para
definir blogs como ― unicamente ― programas de computador. A definição de blog
como gênero atribui à tecnologia alguns traços genéricos (do contrário, não teríamos
um gênero). Destarte, o aplicativo blog passa a ter, por exemplo, conteúdo temático
recorrente, construção composicional, estilo verbal e outras características. Ao
trabalhar com este ―gênero‖ em sala de aula, o professor precisa delimitar tais traços.
Temos um problema: quais são estes traços? Neste debate, intento demonstrar que
tais traços são inexistentes. Tal discussão é relevante por determinar as aplicações
que podem ser realizadas com o aplicativo blog em salas de aula. A visão de blog
enquanto gênero guia trabalhos pedagógicos numa determinada direção, a visão de
não-gênero deve guiar os trabalhos por outro caminho.
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A VARIANTE LINGUÍSTICA DA ILHA DO MASSANGANO X
A VARIANTE DOS TEXTOS ESCOLARES
Daiane Batista da Silva (UPE)
A presente comunicação trata da apresentação de resultados parciais de projeto de
pesquisa cujo objetivo é analisar as variantes linguísticas da Ilha do Massangano em
relação aos textos dos livros didáticos utilizados no processo escolar dessa
localidade. Com base nos campos da Sociolinguística e da Didática observamos a
discrepância entre a linguagem dos livros e o conhecimento linguístico dos alunos
da escola Municipal Santo Antonio – Ilha do Massangano Petrolina-PE. Ao longo da
pesquisa adotamos procedimentos metodológicos que incluíram análises do
vocabulário utilizado pelos livros e a aplicação de oficinas didáticas com os alunos,
a fim de comparar as variantes evidenciadas nos textos e o conhecimento linguístico
do grupo. As análises apontaram para um largo distanciamento entre os dois léxicos:
dos livros e dos alunos. Especificamente, analisamos os livros de Ciências e
Geografia em cujos textos são apresentados elementos naturais como: plantas,
animais, alimentos; e aspectos geográficos referentes a espaços urbanos e rupestres,
sem, contudo, fazer qualquer referência à realidade natural, social, cultural e
linguística do aluno daquela localidade.
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A VARIAÇÃO LINGUÍSTICA NAS REDES SOCIAIS
Daniele Basilio Nunes (UFRPE)
Objetiva-se, neste estudo, investigar como a ocorrência da variação linguística se dá
nas redes sociais na mídia digital. Intenciona-se também refletir como o fenômeno
linguístico é constituído por fatores sócio-interativos, os quais podem ser
reconhecidos nos usos linguísticos dos atores sociais na realização de suas práticas
discursivas. Tomamos como aporte teórico a Sociolinguística Variacionista, no que
se refere à análise dos elementos linguísticos e dos aspectos sociais relevantes em
sua constituição. Dessa maneira, a aplicação teórica da Sociolinguística
Variacionista é relevante para este estudo, pois examina como se dá a presença dos
fatores sociais, históricos e culturais nos usos linguísticos presentes no veículo
digital. Como linguagem e sociedade estão interligadas entre si, essa relação é
facilmente perceptível nos usos dos falantes em atividades interativas e discursivas.
Esta relação é questão central de diversos estudos linguísticos e a Sociolinguística é
uma teoria preocupada em analisar, observar e explicar como os fatores sociais
constituem o fenômeno linguístico. Para a análise do trabalho em questão, tomamos
como corpus os enunciados encontrados nas redes sociais, Orkut e Facebook, no ano
de 2010. A escolha do Orkut e Facebook em detrimento de outras redes sociais
deve-se ao fato destas duas redes selecionadas serem as mais utilizadas pela
sociedade brasileira contemporânea, configurando assim o seu alto grau de
interatividade social. Logo, as redes sociais são exemplos de como a dinamicidade
das práticas sociais na mídia digital contribui para o aparecimento de recentes
formas de comunicação social. O procedimento de análise desta investigação indica
como é constituída a linguagem nas redes sociais, considerando como a variação
linguística compõe as estruturas discursivas veiculadas na mídia digital. O estudo
aponta que as variações semânticas, sintáticas, estilísticas, pragmáticas, bem como
outros fatores sociais, históricos e culturais influenciam e ocasionam modificações
no uso da língua dos falantes envolvidos no processo de interação social nas redes
sociais inseridas na mídia digital.
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PROCESSOS FONOLÓGICOS NATURAIS: IMPLICATURAS
PARA O ENSINO DE LÍNGUA MATERNA
Edigar dos Santos Carvalho (UFPE)
O trabalho objetiva refletir sobre os processos fonológicos naturais na língua
portuguesa brasileira e suas implicações para o ensino de língua materna. Esta
análise se torna pertinente, pois nas literaturas linguísticas atuais é comum o
tratamento da mudança linguística apenas nas perspectivas da Sociolinguística
variacionista, desconsiderando, muitas vezes, os aspectos fonológicos inseridos na
mudança linguística como fenômenos naturais recorrentes na língua e comum a
muitos idiomas.
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HIPERTEXTO COMO FERRAMENTA PARA O ENSINO DE
LEITURA E ESCRITA NO ÂMBITO ESCOLAR
Edilaine Trajano de Almeida (UPE)
Considerando a diversidade das práticas interacionais mediadas pela linguagem, este
trabalho tem como finalidade enfocar a leitura e a escrita em ambientes
hipertextuais, de modo a tratar esse espaço como uma importante ferramenta a ser
abordada em sala de aula. O funcionamento dos recursos linguísticos hipertextuais
no ambiente de hipermídia requer algumas reflexões no que diz respeito às novas
formas de letramento na escola. A metodologia utilizada consistiu na revisão da
literatura existente sobre o hipertexto, incluindo tanto abordagens teóricas como
aplicadas ao ensino. Os resultados constatam uma quantidade irrelevante de
estratégias de leitura, ao lado de uma presença bem reduzida de gêneros digitais.
Pretende-se ainda com o presente trabalho, oportunizar ao aluno uma maior
compreensão sobre o uso de tecnologias digitais na interação e comunicação, de
forma que ele possa cada vez mais apropriar-se delas e utilizá-las com eficiência no
dia a dia.
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OS GÊNEROS DISCURSIVOS NA PROPOSTA CURRICULAR
DA PREFEITURA DE RECIFE: HÁ ORIENTAÇÕES
ESPECÍFICAS PARA OS PROFESSORES DE EJA?
Edla Ferraz Correia (UFPE)
Com o intuito de investigar como os gêneros discursivos são abordados na Proposta
Curricular da Prefeitura de Recife, e se existem orientações para os professores de
EJA, realizamos uma análise minuciosa do referido documento. Observamos que o
trabalho com os gêneros discursivos é abordado ao longo da proposta, tendo maior
ênfase no referencial teórico. No entanto, não há orientações quanto aos princípios
metodológicos para a prática do professor e na apresentação das habilidades
relacionadas ao trabalho com gêneros, há apenas 3 competências explicitadas. Uma
delas é vaga e outra, além de vaga é pouco relevante para o trabalho docente, pois
pressupõe um conhecimento conceitual pouco importante para a aprendizagem da
leitura e produção de textos. Na parte referente a EJA, não há orientações quanto às
especificidades desse segmento do ensino. Assim, percebemos que a proposta possui
limites em relação ao trabalho com gêneros discursivos voltados para EJA.
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ESTUDOS VARIACIONISTAS SOBRE A FALA DE
PERNAMBUCO: INSPIRAÇÕES COM VISTAS A UM ATLAS
LINGUÍSTICO
Edmilson José de Sá (UFPB)
Esta comunicação tem como intuito apresentar o perfil dos estudos variacionistas já
realizados em Pernambuco e, ainda, apresentar a proposta para a criação do Atlas
Linguístico do Estado como tese de Doutorado, cujas pesquisas já estão em
andamento, numa amostra de 22 pontos de inquérito, escolhidos a partir da
influência história e localização geográfica, sustentada pelo seu desenvolvimento
socioeconômico e cultural. Os resultados encontrados apresentam variações
fonéticas, lexicais e morfossintáticas. Espera-se que, ao final da pesquisa, seja
organizado um banco de dados necessários para entender um pouco mais da
heterogeneidade do Português Brasileiro e inspirar novos trabalhos tanto na linha
sociolinguística, quanto à luz da dialetologia.
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NAS ENTRELINHAS DA SEMIÓTICA: OS DISCURSOS
CONSTRUÍDOS NA MODA
Eduardo Manoel Barros Oracio (UFRPE)
Com os avanços das mídias e com a consolidação de novas tecnologias, o século XX
passou por mudanças significativas que influenciaram a alteração de valores sociais.
Inserida nesse novo cenário, a Moda criou novas formas de manifestações
inovadoras que determinaram e afirmaram a sua importância enquanto segmento
cultural e econômico. Ao apropriar-se dos discursos fundadores do mundo moderno,
a Moda passou a instigar o consumo de imagens, modelos diferenciados de corpos e
estilos de vida numa crescente ressemantização do tempo, do espaço e do próprio
sujeito. Seguindo o aparato teórico e metodológico da semiótica greimasiana e de
importantes autores que seguem essa linha, nosso trabalho busca entender os
procedimentos que fizeram com que o corpo fosse utilizado como objeto de
significação da Moda, a exemplo dos editoriais de moda aqui analisados, que
consideram o corpo como um grande gerador e veiculador de significação, por meio,
inclusive, da comunicação com a qual a Moda que o reveste. Para atingir tal intento,
serão analisadas as imagens construídas nos editoriais da Vogue USA, nas fotos
produzidas por Annie Leibovitz, que se inspiram, por meio da intertextualidade, em
alguns clássicos da literatura universal. Reconhecendo a pertinência da dimensão
histórica para a análise do discurso, e também como objeto de significação das
relações entre formações sócio-ideológicas e formações discursivas, propõe-se, neste
trabalho, conciliar as duas áreas, Moda e Literatura, baseando-se em estudos
veiculados à enunciação, respaldados no que se denomina, em semiótica, percurso
gerativo de sentido. Após a determinação dos elementos da oposição semântica em
que se funda o discurso, verificaremos como eles são revestidos nos sujeitos, objetos
e valores que transitam no nível das estruturas narrativas e, por fim, determinaremos
as figuras, os temas e as relações intertextuais estabelecidas no nível discursivo. Por
fim, recorreremos à textualização do visual para identificar traços de reiteração do
discurso no texto.
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O CARÁTER (RE)CRIADOR EM O EMBONDEIRO QUE
SONHAVA PÁSSAROS, DE MIA COUTO.
Erick Camilo da Silva Gouveia (UPE)
O presente trabalho faz uma análise do conto O embondeiro que sonhava pássaros,
de Mia Couto, buscando demonstrar na escritura deste autor o trabalho de
interpretação do passado e (re)criação de mitos e lendas necessários para gerar raízes
que reflitam as peculiaridades de sujeitos responsáveis pela própria história,
contribuindo, assim, para a construção de uma identidade nacional em Moçambique.
Neste texto, percebemos aspectos transculturais que apontam para esta (re)criação
cultural, bem como características das literaturas pós-colonias, as quais trabalham,
principalmente, a interpretação do passado.
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FRASE: CARACTERIZAÇÃO E ANÁLISE DO GÊNERO
Francilene Leite Cavalcante (UPE)
Sabendo-se que os gêneros são eventos textuais resultantes da coletividade social, os
mesmos contribuem para organizar as atividades comunicativas do cotidiano. Nos
dias atuais, não podemos desprezar a influência de modernas descobertas
tecnológicas, que têm levado ao surgimento de novos gêneros. Pesquisas
demonstram a variedade de gêneros textuais no uso na mídia impressa, que vão
desde aos gêneros mais retóricos aos mais informais e divertidos. Recorreremos, no
decorrer deste artigo, a Bakhtin, Marcuschi, Kock, Orlandi, entre outros a fim de
iluminar e embasar teoricamente, o gênero em estudo: ―Frases‖ (encontradas na
revista Veja, citadas por celebridades), que se adequa ao gênero textual de
entretenimento e apresenta, independente do sua extensão, caráter de texto, uma vez
que constitui uma unidade de sentido para a compreensão do leitor. Nessa
perspectiva, pretendemos esclarecer de que forma esse gênero se estabelece como
texto dentro de sua funcionalidade, identificando e caracterizando o gênero textual.
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O ETHOS DA ESCRITA FEMININA NO LIVRO NO TEMPO
FRÁGIL DAS HORAS, DE LUZILÁ GONÇALVES FERREIRA
Giovanna de Araújo Leite (UPE)
Este trabalho tem por objetivo geral relatar a construção da imagem da mulher no
romance "No tempo frágil das horas" da escritora pernambucana Luzilá Gonçalves
Ferreira utilizando os conceitos do Ethos na Análise do Discurso. Os objetivos
específicos são identificar como é o cenário enunciativo, o tom e o caráter abordado
no livro em torno das personagens Antônia Carneiro da Cunha e Maria Amália. A
problemática apontada neste estudo é como estas duas personagens são abordadas no
livro de Luzilá Gonçalves? Utilizou-se como metodologia, a análise de discurso
pragmática de Maingueneau (1993; 2001) para verificar como é o ethos das
personagens presentes na obra.
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QUANDO EU ERA PEQUENA, DE ADÉLIA PRADO:
BIOGRAFIA X AUTOBIOGRAFIA?
Jocilene Pereira Lima (UFPB)
Este trabalho é resultado de discussões da disciplina Gêneros híbridos na
construção da história da literatura: cartas, memórias, biografias, autobiografias,
diários e fotografias ministrada pela Professora Drª. Socorro de Fátima Pacífico
Barbosa. O tópico que escolhemos versa sobre a escrita do ―eu‖ como fronteira entre
a trajetória da vida e da literatura, especificamente elegemos a literatura infantil,
com o livro Quando eu era pequena de Adélia Prado. O livro infantil Quando eu era
pequena relata a história de uma menina chamada Carmela, essa também poderia ser
chamada como ―Melona‖ ou ―Melanita‖ para os familiares. Essa garota conta
histórias que aconteceram no passado, como a casa em que morou com os pais, o
irmão (Alberto) e o avô, os brinquedos feitos de ferro pelo pai, o gostar da poesia,
dentre outros fatos narrados com bastante esmero no livro. O livro encanta leitores
de todas as idades, porque envolve assuntos da vida particular e da vida social. As
ilustrações de Elisabeth Teixeira chamam a atenção do público infantil, porque
mostra a história de Carmela sob o prisma do colorido. Esta escolha deu-se pelos
questionamentos feitos em sala de aula. A categoria de estudo insere-se nos
questionamentos entre biografia e a autobiografia. Para fundamentar as discussões,
escolhemos autores que refletem sobre a história cultural. Portanto, destacamos:
BOURDIEU (2006), CANDIDO (1987), FOUCAULT (1992), LEJEUNE (2008),
como também fizemos pesquisas acerca da vida de Adélia Prado na rede e
encontramos entrevistas relevantes para essa análise. Desta forma, pretendemos
discutir neste trabalho dois campos que se entrecruzam na obra citada – biografia x
autobiografia.
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HIBRIDISMO IDENTITÁRIO E RESISTÊNCIA CULTURAL
EM O EX-FUTURO PADRE E SUA PRÉ-VIÚVA, DE MIA
COUTO
José Aldo Ribeiro da Silva (UPE)
Em O ex-futuro padre e sua pré-viúva (narrativa de Mia Couto publicada no livro
―Cada homem é uma raça‖, editado pela primeira vez em 1990) nos deparamos com
personagens divididas entre as crenças oriundas da tradição oral e os saberes
inerentes à modernidade que aos poucos vêm ganhando espaço em Moçambique.
Tal comportamento das personagens nos permite entrever a pluralidade que assinala
os processos de identificação cultural, pois as identidades não permanecem
imutáveis diante dos múltiplos contatos entre as culturas. Desse modo, buscamos
por intermédio da análise da referida narrativa, refletir sobre o hibridismo que
caracteriza os processos de identificação cultural, tendo em vista a transitoriedade
que faz com que hoje as identidades sejam plurais.
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ETHOS, ESTILO E AUTORIA NOS SONETOS MEDIÚNICOS
DE FLORBELA ESPANCA
José Antonio Ferreira da Silva (ISEP)
Através da abordagem discursiva do fenômeno literário e das concepções sobre
ethos e cena de enunciação de Dominique Maingueneau, pretendemos estudar a
construção do ethos como marca de estilo e de configuração autoral dos sonetos
mediúnicos de Florbela Espanca, comparando-os com sonetos escritos em vida pela
autora, nos quais procuramos verificar a existência ou não de correspondência
estilística entre os mesmos. Para tanto, utilizamo-nos também da abordagem sobre o
estilo nos textos de Norma Discini. Concordando com a autora ao entendermos que,
se o estilo é ethos, isto é, um conjunto de traços psicológicos construído como
simulacro nos textos; e se a voz do sujeito é vista como constitutivamente
responsiva ao outro, podemos prosseguir nas investigações e constatar que um estilo
pode imitar outro, ou assemelha-se a tal ponto, que constitua uma real
correspondência de estilos.
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PRÁTICAS DISCURSIVAS SOBRE A LEITURA -
COMO SE LÊ: A VISÃO DOCENTE.
Keila Gabryelle Leal Aragão (UFPB)
Este artigo se insere no Projeto Práticas Escolares de Leitura e Discursos sobre a
Leitura e pretende investigar a concepção de leitura do professor e como ele
desenvolve as atividades de leitura em sala de aula. Partimos do pressuposto,
seguindo Sousa (2008, p. 4) de que o docente é um leitor que assume o papel de
mediador da leitura. Cabe ressaltar que não pretendemos abarcar, muito menos
esgotar, esse assunto em um artigo, mas buscamos analisar qual a concepção de
leitura e leitor e como os professores trabalham com a leitura em sala de aula. Do
ponto de vista metodológico, o trabalho de campo se caracterizou pela realização de
entrevistas com docentes e pela transcrição dessas entrevistas para a criação de um
banco de dados. Do ponto de vista da análise dos dados, nos amparamos nos estudos
desenvolvidos por Kleiman (1993), Lajolo (1993), Manacorda (2002), Silveira
(1988) e Sousa (2008, 2009). A partir dos dados, percebemos que o professor
mantém uma concepção limitada sobre o aluno-leitor e, contraditoriamente,
permanece desenvolvendo atividades que contribuem para limitar a atividade leitora
do aluno.
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O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA MEDIADO PELA
TECNOLOGIA: SUA CONTRIBUIÇÃO PARA O ENSINO
MÉDIO
Layanne Roberta de Araujo Silva (UFRPE)
Propomos neste trabalho, tratar do ensino de língua estrangeira (LE) através do uso
da tecnologia, com o intuito de discutir as contribuições desta prática para a
formação dos estudantes do ensino médio. Para tanto, partimos da idéia que cabe ao
professor promover a mediação da interação aluno-computador (SANTANA, 2007),
e que o aluno deve interagir com falantes nativos para que o contato com a segunda
língua (L2) seja estabelecido. Através da interação, o aluno poderá por em prática o
que aprendeu nas aulas, possibilitando uma maior eficácia no ensino. Assim, a
assimilação se dá de forma rápida no processo de aprendizagem, pois os alunos
demonstram um maior interesse no aprendizado da L2. A aproximação intermediada
pelo computador é defendida por vários teóricos entre eles temos Leffa (2006) que
afirma que o computador não substitui o professor, mas é uma ferramenta auxiliar
em seu trabalho como o quadro, livro didático entre outros. Tomamos como base de
dados, os estudos realizados na escola Dom João da Mata Amaral situada no
município de Garanhuns/PE.
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AULA DE PORTUGUÊS: UM TEMA EM TRÊS GÊNEROS
Lígia Rocha Silveira (UFPE)
Fruto de uma oficina pedagógica realizada na UFPE para professores das redes
pública e privada e demais interessados, o objetivo central do projeto é, partindo da
temática ―aula de Português‖, provocar reflexões sobre as diferentes práticas do
saber docente no ensino de língua portuguesa, a partir de sugestões de novas
metodologias de trabalho com os gêneros tirinha, crônica e poema. Fundamentou-se,
para isso, em Mendonça (2003), Moisés (1997) e Abaurre e Abaurre (2007)
respectivamente. Nas atividades realizadas, a linguagem foi tomada como forma de
interação e a língua como instrumento de ação social (GERALDI, 1997). A fim de
desenvolver as competências de leitura, produção textual e análise linguística,
tomou-se, entre outros, Marcuschi B. e Leal (2008); para o trabalho com os gêneros,
adotou-se, entre outros, Marcuschi (2008), Miller (2009) e Bazerman (2006). Com
este projeto, oportunizou-se transformar as teorias preconizadas em práticas efetivas.
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IMPORTÂNCIA DA ANÁLISE DE IDENTIDADES SOCIAIS
EM GÊNEROS IMAGÉTICOS INSERIDOS EM LIVROS
DIDÁTICOS DE LÍNGUA PORTUGUESA
Lílian Noemia Torres de Melo (UFPE)
Partindo-se das considerações do guia de Livros Didáticos – PNLD 2010, acerca do
trabalho com o livro didático de Língua Portuguesa, no qual ―deve colaborar para a
construção de valores e atitudes compatíveis, quando questões éticas envolvidas em
textos e ilustrações forem pertinentes e oportunas para a discussão e a reflexão dos
alunos‖ (p.173), objetivamos analisar em gêneros imagéticos inseridos em livros
didáticos de Língua Portuguesa se há um trabalho direcionado para as identidades
sociais dos diversos atores que são representados nesses gêneros, como também,
intencionamos discutir sobre a importância desse trabalho em tais obras didáticas.
Como os gêneros textuais charge e tira em quadrinhos ou tirinha tratam de temas do
cotidiano, unem a linguagem verbal e não-verbal e trazem características relevantes
para a construção de identidades sociais, os selecionamos para serem objeto de nossa
análise. Os textos de Coracini (1999) e Souza (1999), em relação a livros didáticos;
Marcuschi (2005)e Miller (2009), no tocante a gêneros textuais; Van Dijk (2008), à
Análise Crítica do discurso; Moita Lopes (2003), Castells (2002), Signori (1998),
dentre outros, no que se refere à noção de identidade; Mendonça (2010), a tirinhas; e
Souza (2008), a charges, serviram de aporte teórico para embasar o trabalho. Para
atingirmos os propósitos elencados, o corpus selecionado para análise delimitou-se à
coleção de livros didáticos do Ensino Fundamental 2: Linguagem: criação e
interação – autoras: Souza & Cavéquia, 2005. Como alguns resultados, certificamos
que os livros didáticos de Língua Portuguesa analisados trazem tirinhas e charges
que, muitas vezes, anunciam identidades sociais presentes em nossa sociedade, mas
não as tomam como objeto de reflexão. Se houvesse nessas obras trabalhos que
despertassem uma discussão sobre essas identidades, haveria, possivelmente, uma
contribuição para a formação de um aluno mais crítico e capaz de agir em sociedade.
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POSSIBILIDADES EDUCATIVAS DOS GÊNEROS DIGITAIS:
CONSTRUINDO CONHECIMENTOS ATRAVÉS DE BLOGS
Lindinalva Maria da Silva (UPE)
Perla Daniquelle de Oliveira (UPE)
A presente pesquisa visa discutir as alterações ocorridas, nos últimos anos, nas
práticas de leitura, compreensão e produção textual decorrentes da utilização dos
gêneros virtuais, tendo o blog como enfoque, vislumbrando suas contribuições nos
processos educativos, visto que esse se configura como instrumento que
potencialmente estimula o indivíduo a ler e escrever com mais assiduidade.
Adicionalmente, constitui nossa análise um corpus de 10 blogs educacionais, nos
quais se observa as contribuições à prática docente, bem como se avalia as
atividades pedagógicas desenvolvidas com a língua portuguesa. Os resultados
mostram que o potencial educativo do blog não está sendo bem esquadrinhado nos
livros didáticos analisados, pois esses fazem apenas uma referência superficial
acerca deste gênero emergente. Diferentemente, os blogs educacionais verificados se
apresentam como instrumentos eficazes ao desenvolvimento do labor com a leitura e
escrita no ambiente escolar.
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SOBRE O PROBLEMA DA LINGUAGEM E A LINGUAGEM
DO PROBLEMA: UMA LEITURA BENJAMINIANA DE A
INVENÇÃO DE MOREL
Mahely Barros (UFPE)
‗A invenção de Morel‘, texto de Adolfo Bioy Casares qualificada por Borges como
uma perfeita obra-prima, traz à luz aspectos da obra de arte na era da reprodução e
da técnica – tema do famoso ensaio de Walter Benjamin. Neste clássico que
apresenta elementos do romance policial, um fugitivo está preso numa ilha em que
imagens produzidas por uma máquina superpõem-se à realidade de modo que o
protagonista não percebe prontamente fazer parte de uma ficção produzida pela
técnica. Apaixonando-se por uma das projeções que vivem neste lugar fantástico, ele
decide reproduzir a si mesmo a fim de adentrar neste sistema de signos. Mas assim
que realiza tal façanha, sua alma passa para a imagem criada e sua existência não
será mais possível. Neste trabalho, teceremos relações entre a perda da ‗alma‘ e da
‗aura‘, a reprodução da obra de arte e a intervenção do espectador que a atualiza em
outros contextos espaciais e temporais. Assim, destacaremos o problema de uma
nova linguagem criada pela técnica, ao mesmo tempo em que esta técnica nos faz
questionar a própria essência do objeto artístico.
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ANÁLISE DAS PRIMEIRAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS
DO BRASIL
Maria Clara Catanho Cavalcanti (UFPE)
Esta pesquisa pretende investigar histórias em quadrinhos, de autoria de Ângelo
Agostini, veiculadas na segunda metade do século XIX, contextualizando-as ao seu
momento sócio-histórico-cultural. Para tanto, a concepção de gênero oriunda dos
escritos bakhtinianos foi fundamental, assim como as considerações da Sócio
Retórica, mais especificamente as ideias de Charles Bazerman (1994; 2006; 2007) e
Carolyn Miller (1984; 1994; 2008). Esses trabalhos, aliados aos de Marcuschi
(2002; 2008), também contribuíram para a reflexão sobre evolução de gêneros.
Consideramos, ainda as teorias multimodais, baseando-nos principalmente em
Norris, 2004, 2005 e 2008; Jones, 2005, 2008; Jewitt, 2008 e Bernhardt, 2004.
Nosso objeto de estudo foram duas histórias de Ângelo Agostini, Nhô-Quim e Zé
Caipora, às quais tivemos acesso através de uma publicação da Editora Senado
comemorativa aos quinhentos anos do Brasil.
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RELATO DE EXPERIÊNCIA
Márcia Vandineide Cavalcante (UPE)
O presente texto relata uma experiência do ensino de Língua Portuguesa em Timor-
Leste, através do lúdico, para isto é importante revermos um pouco da história desse
país e de como transcorreu a importância dessa Língua do decorrer nos três períodos
históricos que marcaram e constituem a história daquele país: o Período da
Colonização Portuguesa, a época do Domínio Indonésio e o tempo atual, pós-
independência. Após análise da presença da Língua Portuguesa ao longo da história
em Timor-Leste, descreveremos o desenvolvimento de uma experiência de ensino
do Português para timorenses, professores de Educação Infantil, na qual a ludicidade
teve um papel fundamental para que o trabalho pudesse ser realizado, constrastando
assim o habitual Ensino de Língua Portuguesa ao longo da história naquele país.
Outro aspecto importante explorado durante esse trabalho foi a utilização de uma
metodologia que abrisse um diálogo entre a Língua Portuguesa e a Língua Tétun,
língua co-oficial no país.
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O CANTO DE OS LUSÍADAS ATRAVESSA O PRIMEIRO
MAR, DE ANA MARIA MACHADO
Maria José C. de Andrade (UPE)
A presente comunicação tem como objetivo associar alguns versos de Os Lusíadas
ao poema ―Primeiro mar‖, de Ana Maria Machado. A proposta aborda elementos
presentes nos dois textos e que mantém relações significativas no campo semântico,
lexical e interpretativo. A imitação do antigo através da inspiração e da imaginação
concede ao poema contemporâneo um resgate a determinadas passagens de Os
Lusíadas, obra criada com engenho e arte por Camões. A presença do clássico na
poesia contemporânea facilita a aprendizagem dos alunos da 1º série do ensino
médio, pois, leva-os a refletirem sobre o diálogo entre os textos, compreendendo que
a literatura tem a função de fazer com que os leitores se apropriem de dados
relevantes à compreensão global, buscando, na própria história, respaldo para a
correlação de expressão verbal através do belo, do fantástico e do verdadeiro.
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O ESTUDO DA VARIAÇÃO LINGUÍSTICA NA EDUCAÇÃO
DE JOVENS E ADULTOS
Naila Lins da Silva (UFPE)
A pesquisa teve como principal objetivo analisar a abordagem utilizada e a
intervenção feita por uma professora que atua na 3º fase do Ensino Fundamental da
Educação de Jovens e Adultos (EJA) de uma escola da rede municipal de ensino da
cidade de Maceió, no que concerne ao trabalho em sala de aula com possíveis casos
de variação linguística. Para tanto, utilizamos na metodologia os instrumentos da
observação sistemática, entrevista semi-estruturada, registro escrito em diário de
bordo, bem como a gravação em áudio MP3. Para fundamentar a pesquisa, tomamos
por base os estudos desenvolvidos, principalmente, por Bortoni-Ricardo (2001,
2004), Bagno (2003, 2004) e Labov (2008). Durante o processo de coleta de dados,
utilizamos a estratégia do plano de aula com uma história em quadrinho de Chico
Bento, que foi desenvolvido pela professora. Na revisão bibliográfica lançamos mão
de estudos realizados na interface sociolingüística/educação. Os resultados apontam
que, durante o trabalho com os casos de variação lingüística em sala de aula como,
por exemplo, o rotacismo e a assimilação, a professora baseou-se muito mais na
gramática normativa do que nas orientações da sociolingüística, propondo atividades
de reescrever os textos (orais e escritos) do ―errado para o certo‖ sem a discussão
dos aspectos sócio-históricos, ideológicos e comunicativos que permeiam a língua
em seus diversos usos contextuais. Em suma, acreditamos que entender os sujeitos e
a si próprio enquanto educador é o primeiro passo para o professor desenvolver sua
prática pedagógica de ensino-aprendizagem, objetivando conscientização e
promoção da cidadania, contribuindo, por um lado, para combater o preconceito que
não é linguístico e sim social e, por outro, para uma melhor prática de ensino em
relação aos fenômenos de variação linguística na EJA.
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A TEORIA DO DÉFICIT LINGUÍSTICO E A TEORIA
VARIACIONAL: UM ESTUDO DE CASO EM ESCOLAS
PÚBLICAS E PARTICULARES DO RECIFE
Onilma Freire dos Santos (UFPE)
Ao observar a língua em uso em suas diferentes modalidades (oral e escrita),
percebemos que uma análise social é urgente para compreender alguns conceitos
teóricos da Linguística. Desse modo, elaboramos um estudo de caso em escolas do
âmbito público e privado para identificar e confrontar paradigmas de duas teorias em
particular: A teoria do déficit linguístico (Bernstein) e a teoria variacional (Labov)
em contextos reais. O objetivo deste estudo é confrontar as duas perspectivas
teóricas, identificando e pontuando seus principais pressupostos, a partir da análise
de textos orais e escritos produzidos por alunos de diferentes contextos sociais.
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O ARQUÉTIPO DA SOMBRA NA IMAGEM DE LORD
VOLDEMORT EM HARRY POTTER E A PEDRA FILOSOFAL,
DE J. K. ROWLING
Rafael Francisco Braz (UEPB)
Harry Potter e a Pedra Filosofal não é um simples conto de fada moderno, embora
conserve o modelo dos contos de fadas tradicionais, como a utilização do
imaginário, através dos seres mitológicos, fantásticos e objetos mágicos. O objetivo
deste artigo é analisar a imagem psicológica da Sombra na personagem de Lord
Voldemort em Harry Potter e a pedra Filosofal, de J. K. Rowling. Para tanto,
fundamentamos nosso trabalho em Grimberg (1997), Jung (2002), Sanford (1988) e
Kronzek (2003). A análise nos mostra que a Sombra corresponde ao lado escuro,
instintual, inferior e primitivo da personalidade do indivíduo e Voldemort para
Harry Potter é a sombra que pode tornar-se um bom inimigo, aquele que desperta em
Harry Potter o seu lado obscuro.
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A INFLUÊNCIA DO PROFESSOR NA FORMAÇÃO DO
ALUNO-LEITOR DO TEXTO LITERÁRIO
Raquel Monteiro da Silva Freitas (UFPB)
Esta comunicação, intitulada A influência do professor na formação do aluno-leitor
do texto literário, visa apresentar algumas reflexões acerca das influências que o
professor exerce sobre a formação leitora do aluno, no âmbito escolar. As modernas
teorias acerca da aprendizagem já reconhecem que o aluno chega à escola letrada, no
entanto, é a escola o lugar onde ele terá um contato maior com a leitura,
especificamente, a literária. Acreditamos que o professor, dependendo do modo
como apresenta a leitura, influenciará ou não seu aluno na formação leitora. O
interesse pela execução desse trabalho partiu de um trabalho monográfico e da
participação na pesquisa Práticas Escolares de Leitura e Discursos sobre a Leitura,
coordenado pela prof. Dra. Maria Ester Vieira de Sousa. A partir dessa pesquisa,
selecionamos o corpus a ser analisado. Para o aporte teórico, estudamos autores
como Certeau (1994), Lajolo (2008), Zilberman & Lajolo (1996), Sousa (2002,
2008, 2009, 2010), cujas concepções de leitura são vistas como práticas sociais, que
circulam em espaços diferentes. Sendo assim, seria impossível dizer algo sobre a
leitura que não estivesse contextualizado com a época, os costumes, os hábitos de
uma sociedade. Neste trabalho, traremos alguns depoimentos de professores e alunos
acerca da leitura, analisaremos suas opiniões e concepções sobre a leitura, buscando
investigar as influências na formação leitora do discente. Percebemos que os alunos
são leitores, gostam de ler, no entanto, quando tratamos do texto literário, eles ainda
têm resistências em relação a essas leituras, pois acreditam ser difícil fazê-las. Os
professores, por sua vez, ainda não consideram o aluno como leitor, pois acreditam
na leitura apenas como a do texto literário, não considerando outros tipos existentes.
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A CRÍTICA LITERÁRIA E O DISCURSO DO NEGRO NA
LITERATURA DO SÉCULO XIX.
Raul Azevedo de Andrade Ferreira (UFPE)
Sendo as formações discursivas as instâncias responsáveis pela estruturação daquilo
que passa a ser tomado como possível dentro da realidade, este trabalho analisa
como as elaborações discursivas da crítica literária da chamada geração de 1870 se
utilizou de uma terminologia clínica a fim de formular um conceito de literatura que
interditava a participação de negros e mestiços dentro do domínio das letras e das
artes. Ele analisa também como a literatura de Cruz e Sousa pode ser entendida
como uma resposta à questão do veto artístico colocado por tal crítica; resposta esta
que postula uma afirmativa desestabilizadora da visão de mundo positivista.
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64
CENTRALIDADE DA LEITURA E ESCRITA NO ORKUT:
PERCEPÇÃO DE ALUNOS E PROFESSORES E
POSSIBILIDADES PEDAGÓGICAS
Renato Lira Pimentel (UPE)
O site de relacionamentos Orkut, tanto por sua popularidade como pelo estigma que
sofre, apresenta-se como um excelente objeto de estudo dentro da perspectiva aqui
apontada. Considerando estudos preliminares que dão conta das possibilidades de
uso do Orkut como ferramenta pedagógica, torna-se necessário também perceber
qual a visão dos alunos e professores sobre o assunto. A partir de concepções de
leitura e escrita baseadas principalmente nos estudos de linguística do texto,
buscamos, neste trabalho, investigar como os professores do ensino fundamental e
médio do interior de Pernambuco avaliam as possibilidades didático-pedagógicas de
uso dos gêneros do Orkut, além de procurar descrever a importância dos processos
de leitura e escrita para a interação em ambiente virtual segundo a percepção dos
estudantes do ensino fundamental. A metodologia consistiu na aplicação de
questionários a 55 professores, todos cursando Especialização em Ensino de Língua
Portuguesa, como também aplicação de questionários a 50 alunos da 7ª e 8ª séries de
uma escola no município de Garanhuns. O questionário aplicado foi composto de
questões que trataram desde a experiência dos professores e alunos com a internet
até a opinião deles a respeito das práticas de leitura e escrita no Orkut. Os resultados
apontam para a forte presença dos gêneros virtuais na vida desses jovens, cujo
letramento nas novas tecnologias começa desde cedo. Através do Orkut, os
estudantes têm contato com gêneros diversos, além de utilizar essencialmente a
leitura e a escrita para interação no ambiente virtual. Nota-se também que, embora
professores e pais reclamem que os adolescentes não gostam de ler, eles leem, sim,
mas não o que a escola determina ou gostaria que lessem. Os resultados indicam que
a maioria dos professores classifica entre razoáveis e excelentes as possibilidades de
uso didático dos gêneros do Orkut no que diz respeito a contribuir para o ensino de
Língua Materna e no processo de letramento escolar. Nesse sentido, percebe-se que
aos poucos os professores estão ficando mais inteirados em relação às tecnologias
digitais, e está a cada dia mais abertos à aceitação de sites ―não educativos‖, como o
Orkut, em atividades ligadas ao ensino.
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A LINGUAGEM PROIBIDA NA ESCOLA
Roberta Pereira de Novaes Sampaio (UPE)
A presente comunicação visa à exposição do trabalho de pesquisa realizado como
iniciação científica, intitulado A Linguagem Proibida na Escola. Tomando por base
a Sociolinguística, especificamente os estudos de Dino Preti sobre a linguagem
proibida. Temos por objeto de análise o uso do palavrão (calão) na Escola Municipal
Santo Antônio na Ilha do Massangano, Petrolina – PE. Em se tratando a ilha de um
espaço de certo modo isolado e com características sociológicas e culturais
específicas, evidenciam-se alguns comportamentos sociolinguísticos relevantes a
esse estudo. O objetivo principal da pesquisa é analisar o uso do palavrão na fala dos
alunos bem como o aspecto da aceitabilidade por parte dos professores que, diga-se
de passagem, não são moradores da ilha. Em termos parcialmente conclusivos,
consideramos que tal comportamento por parte das crianças e adolescentes ilhéus
dar-se em virtude do comportamento social relativo à infância e adolescência no
espaço da Ilha do Massangano.
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LETRAMENTO ENQUANTO PRÁTICA SOCIAL E
LETRAMENTO ESCOLAR
Rosa Maria de Souza Leal (UFPE)
Este artigo discute questões referentes ao letramento social e ao letramento escolar
no contexto das concepções de linguagem enquanto código e como prática social e
as implicações no ensino de língua portuguesa de acordo com a concepção de
linguagem que se adota na escola. Essa discussão está embasada em diversos
teóricos que tratam dessa temática e, em especial Ângela Kleiman, Marcuschi e
Magda Soares. O letramento se constituiu em um capítulo da dissertação de
mestrado, que teve como tema ―A abordagem didática da leitura no ensino
fundamental‖, por envolver atividades de ensino de leitura e escrita, atividades estas
que se relacionavam com a temática da dissertação, por isso procurou-se identificar
se esse ensino favorecia ou não uma aprendizagem de leitura que propiciasse aos
alunos um maior acesso às práticas sociais de leitura e de escrita. Buscou-se
verificar também se o processo de ensino-aprendizagem de língua portuguesa
proporcionava o desenvolvimento de habilidades capazes de formar pessoas
letradas. Pois letrar é mais do que aprender a ler e escrever.
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A AQUISIÇÃO DA ESCRITA E O DESENVOLVIMENTO DA
CONSCIÊNCIA METALINGÜÍSTICA
Rossana Regina Guimarães Ramos Henz (UPE)
A presente comunicação visa à apresentação de pesquisa realizada a respeito da
escrita de alunos do 5º ano do Ensino Fundamental I, da Escola Municipal Santo
Antonio na Ilha do Massangano – Petrolina, PE, no que se refere à ativação da
consciência metalingüística como recurso para os avanços no processo de aquisição
do conhecimento da escrita ortográfica. A pesquisa faz parte das ações aplicadas em
projeto de extensão intitulado Alfabetização e Letramento nas águas do São
Francisco que tem como metodologia para as aulas de reforço a aplicação de jogos
de escrita e leitura como os referidos alunos, tendo em vista a defasagem que todos
apresentam em relação à escrita ortográfica, levando em conta o tempo de
escolarização e a prática diária da escrita na escola. Tomamos como base teórica os
princípios da Psicolinguística com KATO (2005), da Psicogênese da Escrita e da
Leitura em FERREIRO & TEBEROSKY (1986), bem como as bases didáticas da
alfabetização discutidas por CAGLIARI (2003) e MALUF (2003). Os resultados
parciais da pesquisa apontam para questões de alfabetização provocadas pelos
métodos sintéticos e analíticos, que se cristalizam e se estabelecem na escrita dos
alunos, evidenciando os erros passivos e os problemas de ortografia. A metodologia
aplicada localiza-se na pesquisa-ação em que os dados são levantados
simultaneamente às intervenções dos extensionistas-pesquisadores.
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AUTOR-PERSONAGEM: RECRIAÇÃO DO EU NO
UNIVERSO VIRTUAL
Ruty Elane Bezerra de Menezes (FAFICA)
Os suportes textuais da web cresceram bastante nas últimas décadas, possibilitando a
inúmeros amadores a publicação do que lhes parece interessante escrever. Muitos
escrevem sobre a própria vida e é desses que nos propomos tratar no presente
trabalho. Tomando por delimitação textos publicados em diários virtuais, mais
especificamente aqueles de caráter pessoal/confessional, em que pessoas costumam
apresentar desde acontecimentos ocasionais até relatos de suas vivências cotidianas,
deparamo-nos com o seguinte questionamento: Tais textos representam algo que
corresponderia à realidade do sujeito ou uma criação ficcional de si? Assim, buscar-
se-á discutir a relação entre o sujeito autor de textos autobiográficos, sua obra, e
quem termina por aparecer publicamente quando as produções tornam-se acessíveis
através do suporte virtual Blog. O presente trabalho pauta-se na importância de
estudos que venham analisar a intersecção do campo das mídias e das linguagens,
sobretudo as usadas pelos sujeitos não apenas numa posição receptiva, mas
interativa, visto que constituem um aspecto ainda novo, mas, pelo que se mostra, de
significativa relevância social e alcance público. Tomar-se-á como referência
trabalhos de autores que dialogam com as diferentes construções de subjetividades,
como os desenvolvidos por Paula Sibilia [2008], Stuart Hall [2006] e outros.
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BRINCANDO DE SER FELIZ: TONY MORRISON,
CONCEIÇÃO EVARISTO E A REINVENÇÃO DO MUNDO
Sueli Meira Liebig (UEPB)
As autoras negras, pela tripla discriminação da sociedade, a saber, de gênero, raça e
classe social, conduzem os seus escritos quase que invariavelmente por duas
vertentes bem distintas. Há as que contestam e criticam o status que através da
criação de personagens que falam e lutam pelos seus direitos civis enquanto cidadãs,
mas também há outras que propositalmente transmutam a sua indignação em
insanidade, onde através da fantasia suas narradoras tornam-se visíveis e aceitas por
se acreditarem brancas, bem sucedidas e, portanto poderosas. Neste jogo de faz-de-
conta inserem-se duas heroínas que chamam a atenção por brincarem, por assim
dizer, de serem felizes: Pecola Breedlove, de Morrison, e Duzu Querença, de
Evaristo. O presente trabalho se propõe a analisar, num enfoque comparatista, o
comportamento dessas personagens em meio à virulência da engrenagem social.
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GÊNERO TEXTUAL NO LIVRO DIDÁTICO DE LÍNGUA
INGLESA
Tiago Lessas José de Almeida (UFPE)
A Linguística Textual nos impulsiona diante de uma nova visão paradigmática de
ensino-aprendizagem de línguas, na qual as situações comunicativas e condições de
produção não sejam artificiais, mas próprias de contextos reais. Seguindo essa
diretriz, os PCN criterizam através de textos uma metodologia pautada nas práticas
discusivas-interacionistas. Este artigo tem como objetivo investigar de que modo os
gêneros textuais são trabalhados no livro didático de língua inglesa Globetrekker –
inglês para o ensino médio, adotado pelas Escolas Estaduais de Pernambuco.
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NO CONTINUM FALA/ESCRITA, A CARTA DO LEITOR
Valfrido da Silva Nunes (PPGLL-UFAL / IFPE - Campus Garanhuns)
O presente artigo discute traços da oralidade no gênero textual Carta do Leitor e tem
por finalidade evidenciar que, embora se trate de um gênero escrito, é possível situá-
lo no continuum tipológico dos gêneros textuais, ratificando o posicionamento de
que fala e escrita, de algum modo, são bastante híbridas. Descartando uma visão
dicotômica dessas modalidades linguísticas, a análise parte de um exemplar
autêntico do gênero, colhido da secção Opinião do Jornal do Commercio de
Pernambuco. O procedimento metodológico é do tipo qualitativo, em que se faz uma
análise interpretativa do gênero, identificando a presença da repetição de frases
feitas, as quais são típicas da conversação espontânea do cotidiano. O referencial
teórico-epistemológico assenta-se na Linguística do Texto e do Discurso e mais
especificamente na Análise de Gêneros, a partir dos estudos de Bakhtin (2003;
2009), Marcuschi (2003; 2007a; 2007b; 2008; 2009), Koch (2009), Melo (1999),
Matias (2009), dentre outros. Assim, partindo de uma concepção dialógica da língua,
espera-se clarificar as relações fala/escrita neste gênero, com o intuito de contribuir
para possíveis aplicações no ensino-aprendizagem da língua portuguesa.
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A DIFERENÇA LINGUÍSTICA PRONUNCIADA PELA MULHER NA
REPRODUÇÃO DA DESIGUALDADE DE GÊNERO
Vanessa Cavalcanti (UPE)
Sabendo-se que existe um processo histórico que alimentou a discriminação,
estimulando diuturnamente a separação e inferiorização da mulher; em todos os
canais de comunicação social, como a mídia falada e escrita, as músicas, piadas,
novelas, filmes, histórias, educação, filosofia, religião, ciência e o mais sutil, porém,
mais eficaz de todos eles: a linguagem, propõe-se a analisar o discurso pronunciado
pelas mulheres acerca da atual situação da presença feminina nos espaços de poder,
investigando o preconceito existente na insistência em chamar Dilma Rousseff de
presidente ao invés de presidenta, e de vários outros vocábulos e formas de falar que
evidenciam a cultura machista incutida na linguagem feminina que aceita o lugar de
ser inferior e não apóia aquelas que alcançaram a tão almejada igualdade,
dificultando sobremaneira, essas conquistas.A gramática não é uma barreira sexista
além da qual o pensamento feminista não pode seguir sem um trabalho de
linguagem, tendo-se em vista que, a utilização genérica de homem tem uma origem
que pode ser correlacionada com o fato histórico da crescente dominação pelos
homens do discurso público e impresso. Nesse diapasão, observa-se que a própria
presidenta da República exigiu ser chamada de PRESIDENTA, demonstrando sua
percepção acerca dessa perspectiva, sendo todavia, deliberadamente chamada pelos
principais jornais e revistas, além das emissoras de rádio e televisão de
PRESIDENTE, inclusive e principalmente pelas mulheres. Evidencia-se dessa
forma, que a gramática não é uma estrutura universal descoberta por gramáticos e
linguístas, e sim uma imposição intencional à linguagem de certo tipo de fala.
Afirma-se, portanto, que uma mudança gramatical não é espontânea, trata-se de
determinadas regras sistemáticas que são impostas a fala, regras estas, que podem ou
não ser seguidas. Entretanto, essa ordem imposta possui uma relação entre os
significados expressos numa linguagem ou família de linguagens de determinadas
instituições, tais como os sistemas de justiça, governo, religião e mídia.A linguagem
nada mais é do que um instrumento de difusão e representação que por muito tempo
propagou a cultura machista e patriarcal presente no discurso reprodutor da
desigualdade de gênero. Assim, tem-se como premissa propor a mudança consciente
desse discurso visando, tão somente, utilizar-se também dessa ferramenta lingüística
para empregar a transformação necessária visando finalmente conseguir o espaço
que já é da mulher por direito.Com essa atitude torna-se possível comprovar que no
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instante em que as fontes intencionais do uso da linguagem no discurso,
principalmente aquele pronunciado pelas próprias mulheres, são consideradas, é
plenamente possível uma lingüística diferente, na qual a igualdade de gênero em
todos os âmbitos imagináveis, é respeitada e utilizada a contento, permitindo, de
uma vez por todas, que a mulher seja aceita nos espaços de poder, sendo
reconhecida como sujeito que possui e utiliza eficazmente suas capacidades
findando absolutamente esse histórico de subjugação, violência e sofrimento.
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MST E NOÇÃO DE REFORMA AGRÁRIA: ANALISANDO
DISCURSOS
Vinícius Nicéas do Nascimento (UFPE)
O objetivo deste trabalho é investigar a conceitualização da noção de reforma
agrária no discurso do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Tomamos como aporte teórico a Análise Crítica do Discurso (ACD), em sua
vertente sociocognitiva (VAN DIJK, 2008) e a proposta de Lakoff (2007) sobre o
processo de mudança conceitual, o reframing. Para este estudo, observamos o
gênero notícia no domínio midiático do movimento social, o Jornal do MST, do ano
2007, no qual a noção de reforma agrária é conceitualizada a partir de referências a
questões de natureza econômica, política, ecológica e social, ocorrendo
modificações conceituais da noção em atenção ao avanço nas discussões. Com esta
análise, observamos como tal noção é construída discursivamente e quais as
implicações que essa construção apresenta para a investigação acerca de uma
(re)conceitualização.
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PANORAMA HISTÓRICO DA LITERATURA EM
GARANHUNS: DAS ORIGENS À DÉCADA DE 50
Wagner Marques Cordeiro (UPE)
Nosso trabalho trata de um resgate sobre as manifestações literárias da cidade de
Garanhuns – desde sua origem até as primeiras 5 décadas do século XX. Fazemos
um levantamento histórico acerca do surgimento da cidade e seus aspectos sócio-
políticos deste período. São postos alguns indicadores de como a arte literária
penetrou nos redutos familiares desta cidade, que até então se mostrava propensa a
um bom intercâmbio comercial. Apresentamos como surgiam os literatos e, com
eles, a imprensa, que acenava para uma sucessão de jornais, revistas, e outros, que
serviam de veículos para a publicação de poetas e escritores. Mostramos as
características gerais da Literatura predominante no tempo de então, onde
destacamos o nome de 4 poetas que consideramos expressarem uma poesia de valor
significativo. Traçamos breve perfil do escritor Luís Jardim. Elencamos uma relação
de suportes literários que revelaram grandes nomes das letras de Garanhuns,
contando com suas agremiações, que levaram esta cidade a se tornar um dos grandes
locus literários durante anos.
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CONSIDERAÇÕES SOBRE A APRENDIZAGEM DE LÍNGUA
INGLESA MEDIADA PELA INTERNET E A FORMAÇÃO
IDENTITÁRIA DO ESTUDANTE DE LETRAS
Wellington Marinho de Lira (UFRPE)
Em decorrência dos efeitos da globalização promovidos pela internet, as escolas,
universidades e docentes estão gradativamente mudando seus modos de transmissão
de conhecimento para se adaptarem a uma nova realidade. Analisando esses fatos,
resolvemos fazer um estudo sobre a influência dos conteúdos interculturais
veiculados pela internet na formação identitária do aluno de Letras. Nesta primeira
fase estamos trabalhando apenas com os alunos de Letras da UFRPE/UAG na cidade
de Garanhuns mas pretendemos expandir este trabalho para outras regiões do estado.
Os resultados parciais nos apontam algumas surpresas nas análises feitas. Outros
dados entretanto, já eram por nós esperados. Pretendemos ao final da pesquisa,
traçar um perfil identitário do estudante de Letras em nosso Estado e verificar até
que ponto os conteúdos interculturais da internet contribuíram para o aprendizado da
língua inglesa e para a formação identitária deste aluno.
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OS ALUNOS DO ENSINO MÉDIO E SUA RELAÇÃO COM OS
LIVROS DE LITERATURA ADOTADOS PARA O
VESTIBULAR
Ruth Ellen Rodrigues Dutra (UFPB)
Profa. Dra. Maria Ester Vieira de Sousa (UFPB)
Esta comunicação tem como objetivo relatar de que maneira os alunos do Ensino
Médio de escolas públicas e privadas de João Pessoa se relacionam com a leitura de
obras indicadas para o vestibular de universidades públicas. Para tanto, coletamos
um corpus, por meio de entrevista gravada, e procuramos discutir as seguintes
questões: se os alunos gostam de ler, se realizam as leituras das obras, como fazem
essas leituras, quais as opiniões a respeito do trabalho desenvolvido pelo professor
com essas obras. Tomamos como base para o desenvolvimento do projeto, os
estudos teóricos de Sousa (2000, 2005, 2009), Marisa Lajolo (2008), Mariza Lajolo
e Regina Zilberman (1996), Manacorda (2000), dentre outros. Constatamos que a
grande maioria dos alunos entrevistados não gosta dos livros de literatura indicados
no vestibular por terem uma linguagem antiga e de difícil compreensão. Esse déficit
de leitura nessa fase pode ser explicado, de acordo com os relatos, pelo pouco
contato com a leitura durante a infância. Procuramos discutir esses aspectos que
regem a prática da leitura, embasados no conceito de que a leitura liga os sujeitos
aos contextos históricos, sociais e culturais de cada época.
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RISO E SÁTIRA SOCIAL NA POESIA DE LUIZ GAMA
Herbert Nunes de Almeida Santos (UFAL)
O trabalho apresentará um estudo minucioso na literatura produzida por Luiz
Gonzaga Pinto da Gama no século XIX. O poeta foi uma das figuras de nossa
história que sempre apareceram, em suas mais diversas épocas, para figurarem os
mais embativos assuntos que envolviam, na maioria das vezes, aspectos que vão das
origens sociais e raciais às posições ideológicas. A publicação de sua Primeiras
trovas burlescas no século XIX, que era uma reunião de poemas líricos e de sátira
social e política, contribui consideravelmente nesse povoar e reconhecimento
literário. Poeta negro que, através do riso, combate na literatura certas posições
ideológicas de uma sociedade branca; marcadas por um posicionamento europeu de
se pensar a literatura e a sociedade. Esse tom satírico de Gama é visto como uma
alternativa popular à margem do cânone erudito para criticar o status. E, mais do que
uma alternativa, é uma reação à situação brasileira que sufocou o diferente, o
reprimido e o contraideológico. Diante disso, o poeta reúne em seu livro, escrito no
século XIX, uma reunião de interessantes sátiras para tentar, através do riso satírico,
deslocar certas posições ditas estáveis nessa sociedade; em uma busca incessante de
trazer reflexão e moralização social.
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O MUNDO ALÉM DA APARÊNCIA: ASPECTOS DE UMA
LINGUAGEM DESREALIZANTE NAS OBRAS DE
GUIMARÃES ROSA E FRANZ KAFKA
Igor Andreas Rodrigues Bandim (UFPE)
Nossa proposta é discutir, através da análise de duas narrativas breves de Franz
Kafka (Sobre os símilies e Na galeria) e de dois prefácios rosianos encontrados em
Tutaméia (Hipotrélico e Nós, os temulentos), como alguns processos descritivos e
narrativos desses autores terminam por redimensionar a experiência do real em sua
relação como fazer literário. A idéia básica da exposição é de que autores como
Rosa e Kafka não se atém às formas representacionais típicas da arte realista do
século XIX. Enquanto os realistas do XIX erigem mundos possíveis, estruturando-os
através de recursos literários convencionais, como o do narrador onisciente e o da
descrição pormenorizada (o Sekundenstil, que imprime um ritmo lento à narrativa);
os mecanismos que Franz Kafka e Guimarães Rosa põem em ação, diversamente,
desestruturam a realidade, que passa a ser transfigurada fragmentariamente em suas
obras – e os meios literários de que fazem uso acompanham uma paralela
desfragmentação da narrativa. A linguagem que cada um funda e utiliza, nesse
sentido, é o que merecerá nossa especial consideração. E mesmo que cada autor
conceba uma maneira específica (uma linguagem própria) de cumprir suas
finalidades estéticas, argumentamos que ambas convergem em alguns aspectos e se
comunicam em outros, sobretudo no que divergem do realismo tradicional. Ortega y
Gasset captou magistralmente a característica central dessa estética desrealizante em
seu ensaio A desumanização da arte. Ele nota muito bem o sentido da modificação
qualitativa que se dá entre a arte e a realidade, na virada entre os séculos XIX e XX,
e discrimina magistralmente os traços fundamentais do realismo, dos quais os textos
por nós analisados, em suas especificidades lingüísticas, discrepam. Na realidade,
muitas pesquisas já apontaram o quanto as obras de Kafka e Guimarães acertam no
alvo quando evidenciam os matizes secretos da realidade. O que esses comentários
querem dizer é que a pretensão de literariedade do Realismo, qual seja, a de dizer
verdades através da descrição pormenorizada da realidade, é levada ao paroxismo,
como indicam vários autores. Com essa descrição, consegue-se, apenas, falseá-la.
Vale a pena lembrar o ensaio de Adorno, ―A posição do narrador no romance
contemporâneo‖, em que ele aponta Kafka, Joyce e Virginia Woolf como atores
centrais desta mudança. Essa ―nova‖ forma de escrever romance parece ter como
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traço distintivo a idéia de que os símbolos literários (os significantes, assim como o
realismo ―objetivo‖) são incapazes de reproduzir a vida real dos seres humanos, a
existência com todas as suas facetas, refrações e possibilidades. De modo geral, essa
alteração foi bastante estudada, e não são poucas as explicações que os estudiosos –
como Jameson, Rosenthal e o próprio Adorno – esboçaram. Também não são poucas
as técnicas literárias que viabilizaram em termos de fatura estética essa alteração.
Tenha-se em mente, para citar apenas um único exemplo, o ―fluxo de consciência‖
concebido por Joyce. Seguindo essa esteira, pretendemos relacionar como alguns
procedimentos estéticos adotados pelos dois autores, sobretudo no que tange às
experiências no campo da linguagem (como o recurso ao neologismo ou a
dessensacionalização da linguagem, tipicamente kafkiana) acabam se aproximando
justo onde divergem dos pressupostos ficcionais realistas. Assumimos que esse
afastamento culmina no que chamamos, genericamente, de desrealização. A ênfase
de nossas reflexões em torno da linguagem sinaliza a sua especial importância na
atualização deste fenômeno.
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A CONSTRUÇÃO DA CULTURA HISPANO-AMERICANA A
PARTIR DA LITERATURA
Jaciara Josefa Gomes (UFPE)
Nesse trabalho, verificamos como se dá a construção da cultura latino-americana a
partir dos textos literários, ou dos projetos de nação, de Andrés Bello, Domingos
Sarmiento y Esteban Echeverría, principalmente. Esses escritos se inscrevem em um
período singular da América espanhola. Época em que era mais importante fomentar
os movimentos revolucionários que se multiplicavam na região do que fazer
literatura. Posto isso, nossa proposta busca também compreender de que forma a
autonomia cultural de cada nação foi respeitada, valorizada. Para tanto, pautamo-nos
na primeira fase do Romantismo na América Latina, período conhecido por
―costumbrismo‖. Fase marcada ainda pela busca por uma identidade nacional não
influenciada pela Espanha, o país colonizador. Logo, a presente análise se insere na
interface entre a literatura e a diversidade cultural.