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7 ASSJGNATURA ANNUAL Brazil 5^000 PAGAMENTO ADIANTADO PUBLICA-SE NOS CADA MEZ mm Wm fflÊÊÊlW JA« a»B»l;i>p;i€í» Bívoa.ajuio.^is-r.i ASSIGNATÜRA ANNUAL Extrangeiro 6§000 dÍIÍe 15de 0RGÁ0 DA FEDERAÇÃO SPIRITA BRAZILEIRA1,40AMKNT0 A,"ANT4,W .rpv!i™.ii.-L.iB_n PUBLICA-SE NOS DIAS 1 E 15 DE CADA MEZ Toda correspondência deve ser dirigida a ALFREDO PEREIRA Rua da Alfândega n. 342. Am eu» XIV Hfiraxia mau .lasaei.**» &&ÍM5 Ma.*«•-> 15 i> üi- 31-1 Falsos prophetas E' preciso estar cego par/ não ver que somos chegados aos tempos apoca- lypticos, a. que tantas vezes se referem os evangelistas. E' preciso ser surdo, para não ouvir æos gemidos provocados pela transfor- inação que se opera e que vai fazer do nosso planeta jardim de flores etlie- reas, em vez do que tem sido : deserto povoado de dores, de angustias e de æsoffrimentos. Riam os incrédulos, como riram á Noé os povos malditos que foram sub- mergidos nas águas do dilúvio. Riam os espiritos fortes, como riram á Loth os habitantes das cinco cidades, reduzidas a um mar morto pela chuva de incandescente enxofre. , Piiam todos os (pie nos chamam mys- ticos ; mas sejamos nós, os que cremos nas promessas de N. S. Jesus Christo, nós os espiritos fracos, que temos por que nem uma palavra do divino Mestre passara, quando mesmo passem -céos e terra * sejamos nós vigilantes, como as virgens do Evangelho, que aguardaram, com suas lâmpadas acce- -sas, a chegada do Esposo. Sejamos, como os de Ninive, sensi- veis á voz de Jonas. O spirita deve ter olhos de ver e ou- Tidos de ouvir; e, pois, os abalos de ordem physica e de ordem moral que .se dão por toda parte e a cada ins- tante pela superfície da terra, não po- -dem deixar de ser-lhes o signal dos dias annunciados por Joel nos Actos -'dos Apóstolos e pelo próprio Jesus. Proximus ardei Ucalegon. ! Se os spiritas que, sem receio de --serem qualificados mysticos, conside- ram e proclamam o spiritismo uma revelação religiosa, que traz em si luz para illurainar toda a sciencia, não •querem falhar á sua missão salvadora ; Se preferem ás glorias desta, as illu- minuras da outra vida ; Se são verdadeiros spiritas, devem esperar o appareci mento dos falsos pro- phetas, annunciados para o tempo em que se derem os factos que estamos vendo e ouvindo. Os falsos prophetas não virão mais vestidos de túnica atada por correias e calçados de grosseiras sandálias, para serem conhecidos, como outr'ora. Em nossos dias, elles não procura- grão ser reconhecidos, porque são en- amadores esabem que sara) rénallidoá se forem reconhecidos. Os falsos prophetas, que são com- riosco, vestem e calçam como todo o munido, falam a linguagem do todo o mundo e insinuam-se por entre os tra- balhadores incautos, para melhor pode- rem lançar na eira a semente damni- nha, que tem por obra espalhar. Muitas vezes, elles illudem com suas palavras e com suas obras, que podem parecer de salvação ¦ mas pesai bem cada uma de suas obras, e encontrareis o veneno occulto, que os denuncia como instrumentos da damnação. Ohtras vezes, esses pobres infelizes não têm a intenção de fazer o mal ; mas abrem, por suas fraquezas, a porta de sua alma ao inimigo invisivel da luz e da verdade e fazem-se, de boa fé, instrumentos de falsos prophetas da erraticidacle. . *. .._¦..., Os spiritas, que quizerem cumprir sua missão reparadora e salvadora de seu espirito e do de seus irmãos, não procurem os falsos prophetas fora do seu circulo, porque esses são inimigos francos, que arrastam aos que o de perdição. Se quizerem livrar-se, e livrar o re- banho a que pertencem do veneno subtil da serpe que se colleia pela relva, procurem descobril-a em seu próprio meio, no meio dos que se dizem spiri- tas. Ahi é que está o inimigo occulto e disfarçado, os falsos prophetas, que in- sinuam, sob a forma de pão da vida, o fermento dos phariseus. O materialista ou positivista é ini- migo franco ; o clero catholico é iniini- go franco ; o próprio occultista, com sua doutrina, que repelle a revelação e a communicação dos espiritos, embora acceite a existência de Deus e a es- pinto, é inimigo franco; nenhum d'elles -iludirá o verdadeiro spirita. Aquelle, porem, que se diz spirita, mas ensina que spiritismo é sciencia e somente sciencia, aquelle que procura no spiritismo o maravilhoso, aquelle que deixa de parte os phenómenos mo- raes do spiritismo e se preoecupa com os materiaes, o que procura interpretar os divinos ensinamentos de um modo es- pecioso, que gera na alma dos crentes duvidas e perturbações que, finalmente, não toma por única orientação a com- preliensão, o ensino e a pratica do Evangelho ; são inimigos oceultos, dis- farçados, falsos prophetas, que poderão -Iludir até os mais fervorosos crentes, se antes não estiverem prevenidos. E os que estiverem prevenidos têm á sua disposição o critério para distin- guir o bom do mau ensino, a verdade do erro, na pratica ; é aferirem ensinos e praticas pelo Evangelho. Tudo o que fòr conforme com aquel- les ensinamentos, é bom, é verdade; tu- do o ipae discrepar delles, é mau, é erro. E assim, todo o que ensinar e prati- car coi-as que não sejam conformes com os ensinos evangélicos, seja consi- derado pseudo spirita, falso propheta. Compadecei-vos desses infelizes, que dão a César e negam a Deus, que procu- ram no spiritismo os gosos e distracções mundanos, em vez dos preparos para a felicidade eterna, que sefazein instru- mento inconsciente do espirito das tre- vas. Compadecei-vos e orai por elles e pelos que se deixarem arrastar por suas idéas e exemplos. Spiritismo é religião (revelação da revelação) e todo o que o contestar por palavra» e por obras, não é spirita,' é falso propheta ou instrumento delles. Os tempos são chegados e os falsos prophetas são coninosco. Orar e vigiar. Lavater em causa . Quarta carta Em minha ultima, veneravel Impe- ratriz, prometti enviar-vos a carta de um defunto a um seu amigo, habitante da terra, e essa carta, melhor do que eu, poderá esclarecer minhas idéas sobre o estado de uni christão depois de sua morte. Tomo, pois, a liberdade de vol-a enviar. Julgai-a sob o ponto de vista que vos indiquei e tende a bondade de fixar vossa attenção sobre o objecto * principal, antes que sobre detalhes particulares, embora tenha eu podero- sas razões para suppor que esses deta- lhes encerram em si verdades. Para melhor intelligencia das mate- rias, que me proponho a expor, creio necessário fazer-vos notar que tenho quasi certezda de que, apezár da exis- tencia de uma lei geral, eterna e im- mutável, de castigo e de felicidade, cada espirito, segundo seu caracter individual, não somente moral e reli- gioso, como até pessoal e official, terá de soffrer penas, depois de sua morte terrena, e de gosar felicidades, apro- priadas unicamente a elle. A lei geral se individualizará para cada um em particular ; isto é : produ- zirá em cada um um effeito diferente e pessoal, assim como o mesmo raio de luz, atravessando um vidro de côr, concavo ou couvexo, toma, ao sahir d'elle, sua côr e direcçâo. : Eu desejaria ver acceito como prin- cipiò : que, embora todos os espiritos, quer completamente felizes, quer não' completamente, quer sofredores, este- jani sçb a àõçãp da lei da semelhança ou dissemelliança, é comtudo presumi- yel, que o caracter substancial, pessoal individual, lhes um soffrimento ou um goso essencialmente diferente de um para outro. Cada um soffre de uma maneira es- pe.cial, diiierente do soffrimento dos outros; assim como sente gosos que nenhum outro pode sentir. Em cada um dos mundos, material e immaterial, Deus e o Christo se apre- sentam sob uma forma particular ; cada .um tem um ponto de vista que lhe é próprio e para cada espirito Deus fala uma língua que elle compreliende; a cada um se communica de modo parti- calar e lhe concede gosos que elle está em estado de sentir. Esta idéa que julgo verdadeira, ser- ve de fundamento ás seguintes commu- nicações, dadas por espiritos desencar- nados a seus amigos da terra. Folgaria de ver-vos comprehender, Senhora, como cada homem, pela for- mação de ,seu caracter individual e pelo aperfeiçoamento de sua iudividua- lidade, pode preparar-se gosos particu- lares e uma felicidade particularmente .sua. Como nada se olvida tão prompta- mente, nem se procura com menos cui- dado, do que esta felicidade apropriada a cada individuo, embora todos possuam a possibilidade de alcançal-a e gosal-a, tomo a liberdade, venerada Imperatriz, de rogar-vos com insistência que vos digneis analysar, com attenção, esta idéa, que certamente não julgareís inu- til á vossa edificação e elevação para Deus. JDeus collocou-sc e collocou o univer- so 7io coração de cada. homem. Todo o homem é um espelho parti- cular do universo e do seu Creador. Empreguemos, pois, todo o esforço por conservar este espelho tão puro quanto for possível, para que Deus possa ver nelle reílectidos Elle e sua mil vezes bellissima creação. Zurich, 14 Setembro de 1798. João Gaspar Lavater. Carta de uai defunto A seu amigo, habitante da terra í Sobre o estado dos espiritas desencar- nados. Foi-me, afinal, permittido, querido amigo, satisfazer, ainda que era parte, o meu e o teu desejo de commu- nicar-te alguma coisa do meu estado actual. , .:¦ y.

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ASSJGNATURA ANNUAL

Brazil 5^000PAGAMENTO ADIANTADO

PUBLICA-SE NOSCADA MEZ

mmMÁ Wm

fflÊÊÊlWJA«

a»B»l;i>p;i€í» Bívoa.ajuio.^is-r.i ASSIGNATÜRA ANNUALExtrangeiro 6§000

dÍIÍe 15de 0RGÁ0 DA FEDERAÇÃO SPIRITA BRAZILEIRA 1,40AMKNT0 A,"ANT4,W.rpv i™.ii.-L.iB_n PUBLICA-SE NOS DIAS 1 E 15 DE

CADA MEZ

Toda correspondência deve ser dirigida a ALFREDO PEREIRA — Rua da Alfândega n. 342.

Am eu» XIV Hfiraxia — mau d© .lasaei.**» — &&ÍM5 — Ma.*«•-> 15i> üi- 31-1

Falsos prophetasE' preciso estar cego par/ não ver

que somos chegados aos tempos apoca-lypticos, a. que tantas vezes se referemos evangelistas.

E' preciso ser surdo, para não ouviros gemidos provocados pela transfor-inação que já se opera e que vai fazerdo nosso planeta jardim de flores etlie-reas, em vez do que tem sido : desertopovoado de dores, de angustias e desoffrimentos.

Riam os incrédulos, como riram áNoé os povos malditos que foram sub-mergidos nas águas do dilúvio.

Riam os espiritos fortes, como riramá Loth os habitantes das cinco cidades,reduzidas a um mar morto pela chuvade incandescente enxofre.

, Piiam todos os (pie nos chamam mys-ticos ; mas sejamos nós, os que cremosnas promessas de N. S. Jesus Christo,nós os espiritos fracos, que temos porfé que nem uma palavra do divinoMestre passara, quando mesmo passem-céos e terra * sejamos nós vigilantes,como as virgens do Evangelho, queaguardaram, com suas lâmpadas acce-

-sas, a chegada do Esposo.Sejamos, como os de Ninive, sensi-

veis á voz de Jonas.O spirita deve ter olhos de ver e ou-

Tidos de ouvir; e, pois, os abalos deordem physica e de ordem moral que

.se dão por toda parte e a cada ins-tante pela superfície da terra, não po-

-dem deixar de ser-lhes o signal dosdias annunciados por Joel nos Actos

-'dos Apóstolos e pelo próprio Jesus.Proximus ardei Ucalegon. !Se os spiritas que, sem receio de

--serem qualificados mysticos, conside-ram e proclamam o spiritismo umarevelação religiosa, que traz em si luzpara illurainar toda a sciencia, não

•querem falhar á sua missão salvadora ;Se preferem ás glorias desta, as illu-

minuras da outra vida ;Se são verdadeiros spiritas, devem

esperar o appareci mento dos falsos pro-phetas, annunciados para o tempo emque se derem os factos que estamosvendo e ouvindo.

Os falsos prophetas não virão maisvestidos de túnica atada por correias ecalçados de grosseiras sandálias, paraserem conhecidos, como outr'ora.

Em nossos dias, elles não procura-grão ser reconhecidos, porque são en-amadores esabem que sara) rénallidoá

se forem reconhecidos.Os falsos prophetas, que já são com-

riosco, vestem e calçam como todo omunido, falam a linguagem do todo omundo e insinuam-se por entre os tra-balhadores incautos, para melhor pode-rem lançar na eira a semente damni-nha, que tem por obra espalhar.

Muitas vezes, elles illudem com suaspalavras e com suas obras, que podemparecer de salvação ¦ mas pesai bemcada uma de suas obras, e encontrareiso veneno occulto, que os denuncia comoinstrumentos da damnação.

Ohtras vezes, esses pobres infelizesnão têm a intenção de fazer o mal ;mas abrem, por suas fraquezas, a portade sua alma ao inimigo invisivel daluz e da verdade e fazem-se, de boafé, instrumentos de falsos prophetas daerraticidacle.

. *. .._¦... ,

Os spiritas, que quizerem cumprirsua missão reparadora e salvadora deseu espirito e do de seus irmãos, nãoprocurem os falsos prophetas fora doseu circulo, porque esses são inimigosfrancos, que só arrastam aos que sã ode perdição.

Se quizerem livrar-se, e livrar o re-banho a que pertencem do venenosubtil da serpe que se colleia pela relva,procurem descobril-a em seu própriomeio, no meio dos que se dizem spiri-tas.

Ahi é que está o inimigo occulto edisfarçado, os falsos prophetas, que in-sinuam, sob a forma de pão da vida, ofermento dos phariseus.

O materialista ou positivista é ini-migo franco ; o clero catholico é iniini-go franco ; o próprio occultista, comsua doutrina, que repelle a revelação ea communicação dos espiritos, emboraacceite a existência de Deus e a dó es-pinto, é inimigo franco; nenhum d'elles-iludirá o verdadeiro spirita.

Aquelle, porem, que se diz spirita,mas ensina que spiritismo é sciencia esomente sciencia, aquelle que só procurano spiritismo o maravilhoso, aquelleque deixa de parte os phenómenos mo-raes do spiritismo e só se preoecupa comos materiaes, o que procura interpretaros divinos ensinamentos de um modo es-pecioso, que gera na alma dos crentesduvidas e perturbações que, finalmente,não toma por única orientação a com-preliensão, o ensino e a pratica doEvangelho ; são inimigos oceultos, dis-farçados, falsos prophetas, que poderão

-Iludir até os mais fervorosos crentes,se antes não estiverem prevenidos.

E os que estiverem prevenidos têm ásua disposição o critério para distin-guir o bom do mau ensino, a verdade doerro, na pratica ; é aferirem ensinos epraticas pelo Evangelho.

Tudo o que fòr conforme com aquel-les ensinamentos, é bom, é verdade; tu-do o ipae discrepar delles, é mau, éerro.

E assim, todo o que ensinar e prati-car coi-as que não sejam conformescom os ensinos evangélicos, seja consi-derado pseudo spirita, falso propheta.

Compadecei-vos desses infelizes, quedão a César e negam a Deus, que procu-ram no spiritismo os gosos e distracçõesmundanos, em vez dos preparos para afelicidade eterna, que sefazein instru-mento inconsciente do espirito das tre-vas.

Compadecei-vos e orai por elles epelos que se deixarem arrastar por suasidéas e exemplos.

Spiritismo é religião (revelação darevelação) e todo o que o contestar porpalavra» e por obras, não é spirita,' éfalso propheta ou instrumento delles.

Os tempos são chegados e os falsosprophetas já são coninosco.

Orar e vigiar.

Lavater em causa. Quarta carta

Em minha ultima, veneravel Impe-ratriz, prometti enviar-vos a carta deum defunto a um seu amigo, habitanteda terra, e essa carta, melhor do queeu, poderá esclarecer minhas idéassobre o estado de uni christão depoisde sua morte.

Tomo, pois, a liberdade de vol-aenviar.

Julgai-a sob o ponto de vista quevos indiquei e tende a bondade defixar vossa attenção sobre o objecto *

principal, antes que sobre detalhesparticulares, embora tenha eu podero-sas razões para suppor que esses deta-lhes encerram em si verdades.

Para melhor intelligencia das mate-rias, que me proponho a expor, creionecessário fazer-vos notar que tenhoquasi certezda de que, apezár da exis-tencia de uma lei geral, eterna e im-mutável, de castigo e de felicidade,cada espirito, segundo seu caracterindividual, não somente moral e reli-gioso, como até pessoal e official, teráde soffrer penas, depois de sua morteterrena, e de gosar felicidades, apro-priadas unicamente a elle.

A lei geral se individualizará paracada um em particular ; isto é : produ-

zirá em cada um um effeito diferente epessoal, assim como o mesmo raio deluz, atravessando um vidro de côr,concavo ou couvexo, toma, ao sahird'elle, sua côr e direcçâo.

: Eu desejaria ver acceito como prin-cipiò : que, embora todos os espiritos,quer completamente felizes, quer não'completamente, quer sofredores, este-jani sçb a àõçãp da lei da semelhançaou dissemelliança, é comtudo presumi-yel, que o caracter substancial, pessoalindividual, lhes dá um soffrimento ouum goso essencialmente diferente deum para outro.

Cada um soffre de uma maneira es-pe.cial, diiierente do soffrimento dosoutros; assim como sente gosos quenenhum outro pode sentir.

Em cada um dos mundos, material eimmaterial, Deus e o Christo se apre-sentam sob uma forma particular ; cada

.um tem um ponto de vista que lhe épróprio e para cada espirito Deus falauma língua que só elle compreliende; acada um se communica de modo parti-calar e lhe concede gosos que só elleestá em estado de sentir.

Esta idéa que julgo verdadeira, ser-ve de fundamento ás seguintes commu-nicações, dadas por espiritos desencar-nados a seus amigos da terra.

Folgaria de ver-vos comprehender,Senhora, como cada homem, pela for-mação de ,seu caracter individual epelo aperfeiçoamento de sua iudividua-lidade, pode preparar-se gosos particu-lares e uma felicidade particularmente

.sua.Como nada se olvida tão prompta-

mente, nem se procura com menos cui-dado, do que esta felicidade apropriadaa cada individuo, embora todos possuama possibilidade de alcançal-a e gosal-a,tomo a liberdade, venerada Imperatriz,de rogar-vos com insistência que vosdigneis analysar, com attenção, estaidéa, que certamente não julgareís inu-til á vossa edificação e elevação paraDeus.

JDeus collocou-sc e collocou o univer-so 7io coração de cada. homem.

Todo o homem é um espelho parti-cular do universo e do seu Creador.Empreguemos, pois, todo o esforço porconservar este espelho tão puro quantofor possível, para que Deus possa vernelle reílectidos Elle e sua mil vezesbellissima creação.

Zurich, 14 Setembro de 1798.João Gaspar Lavater.

Carta de uai defunto A seu amigo,habitante da terra

í

Sobre o estado dos espiritas desencar-nados.

Foi-me, afinal, permittido, queridoamigo, satisfazer, ainda que só eraparte, o meu e o teu desejo de commu-nicar-te alguma coisa do meu estadoactual.

, .:¦ y.

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»BüVORil:lllO R— fl $96—«Março .15

D'esta vez, só poderei dar-te alguns¦detalhes, e depois tudo dependera douso que fizeres de minhas communi-^Sefque

mui grande é o desejo quenutres de saber noticias minhas e, em

geral, do estado dos espíritos desencar-nados, e não menor tenho eu de dar-tea conhecer tudo quanto lor possível,neste sentido.

O poder de amar, que possue o seihumano no mundo material, avoluma-se d© um modo indizivel, quando aquelleser passa a viver no mundo immate-liaCom

o amor augmenta proporcio-nalmente o desejo de transmittir aos

que conheceu na terra tudo o que lheêpermittido.

Devo começar por explicar a ti, a

quem amo cada dia mais, por qu* meiome é dado escrever-te, não tendo o

poder de tocar no papel e de conduzira pènna e, assim também, como possofalar-te em uma língua que ahi nao

comprehendia.Só por ahi. farás uma idea aproxima-

da do nosso estado presente.Imagina que meu estado actual, em

relação" ao que eu tinha na terra e

pouco mais ou menos como o da borbo-lota. volteando nos ares, depois de terabandonado o estado de lagarta.

Eu sou, pois, essa lagarta transtor-mada o emancipada, tendo já passadopor duas metamorphoses.

E, assim como a barboleta voa emtorno das flores, assim nós voamos al-

gumas vezes, porem nao sempre, emdeíredor das cabeças dos homens bons.

Uma luz invisível aos mortaes, com-

quanto visível a alguns, bem raros,brilha e irradia-se docemente da cabe-ca de todo o homem bom, amante e reli-

Escreve o que eu desejo escrever, euescrevo por seu intermédio, minhasidéas vêm a ser suas sente-se ditoso es-crevendo, julgando-se mais livre, maisanimado, e mais rico de idéas parece-lhe que vive e voa em um elementomais alegre e mais claro, anda como umamigo pela mão de outro amigo e d'estemodo é que te foi dado receber umacarta minha.

O que a escreve se julga livre, erealmente o é. pois que nenhuma vio-lencia soffre,e o é, como o são doisamigos que, marchando de braço dado,se conduzem reciprocamente.

Tu deves sentir (pie meu espirito seencontra em relação directa com o teu,concebes o que te digo e comprehendesmeus mais íntimos pensamentos.

Basta por esta vez.O dia em que diçtp esta carta se cha-

ma, entre vós,.15 de Setembro de 1798.

NOTICIAS

No nosso próximo numero oferece-remos á atteução dos nossos leitores apublicação do mandado de manutençãoe posse," pelo integro magistrado Dr.Ferrão de Gusmão Lima expedido, emfavor do grupo spirita Antônio de Va-dua, o que não nos tem sido possívelem conseqüência da e^iguidade de es-paço de que temos disposto.

N'esse documento, firmado por ummoço que sabe honrar brilhantemente atoga de juiz e que é a personificação da

justiça incorruptível e inllexivel, en-contrarão os leitores a prova do reco-nhecimento legal da existência juridi-ca dos grupos spiritás cujo funeciona-

A aureola, com que pintais rodeada ment0 ó garantido pela Constituição do...;..n>u.m.>

nosgo paiz

que (bella riram não ha muito, masque curvam-lhe agora a cabeça esma-gados pelo poder absoluto de suasgrandes verdades.

Na Revue Spirite, de Fevereiro ul--tinio, encontramos a minuciosa narra-tiva de mais unia apparição, de quepassamos a dar conta aos nossos lei-tores. Nada tem ella de extraordinário,antes constitue um d'èsses factos, cujonumero é infinito, que constantementesão registrados e vão se tornandomesmo communs, sem distineção dosseus observadores ; mas nem por isso édestituída de interesse.

Eis aqui como o caso se passou :Uma preceptora, joven a esse tempo,

MUe. Vctorine Naltet; pessoa humilde,caridosa, desinteressada e muito valo-rosa fora, em 1875, installar-se emParis, tendo vindo de Dijon a chamadode Mr. César II..., para encarregar-seda educação de uma filha d'este. EmTerrans, próximo de Dijon, havia elladeixado sua velha mãe (pie idolatravae a quem enviava recursos.

No auno seguinte MUe. Naltet re-cebeu uma carta de sua irman, Mme.

Oriundo de Cuba, e tendo conhecidonos Estados Unidos do Norte a nossadoutrina, installara-se ha quartorzeannos n'aquella capital, onde acaba defallecer, legando á causa por (pie tãodenodamente se bateu uma grandesomma de boas obras, que são o apa-nagio do seu grande espirito que hojelibra-se nas alturas luminosas a quefez jus.

Ao nosso collega de La FratemidadTJnivertial, de cujo conselho directorera elle o vice-presidente, offerecemos- -a expressão do nosso sentimento porvel-o privado d'aquelle generoso con-curso. Reste-lhe, entretanto, a conso-ladora certeza, graças á 'excelia dou-trina que professamos, de que esseconcurso ser-lhe agora dispensado deum modo menos directo mas certamentemais efficaz, mitigando-lhe isso a na-tural saudade que lhe produz esseafastamento, temporário embora paranós, da forma visível do nosso irmão.

A este, ao seu bom espirito, seja oCéo generoso em bênçãos de amorosaluz. como prêmio ao cumprimento lio-nesto de sua missão na terra.

Henriot, que de Paris partira paraTerrans com o fim de acudir á sua mãe(pie adoecera gravemente.

Havia já algumas semauas que Mlle.Naltet não recebia noticias de Terrans;e mais inquieta do que nunca, ella sen-tara-se pensativa, preoecupada pelafalta de noticias de sua irman e de suamãe. Estava-se a 23 de Novembro de1876, era á tardinha e as sombras danoite começavam a descer mergulhandoos objectos na indecisa escuridão ore-puscular, não tanto, porem, que se não

gioso.

a cabeça, dos santos, é essencialmenteverdadeira e racional.

Essa luz, sympathizando com a nossatodo ser ditoso não o sendo senão

pela luz, attvahepara si, segundo oo-rau de claridade que corresponde anossa.

Nenhum espirito impuro pode ou ousaapproximar-se dessa santa luz.

Pondo-a sobre a cabeça do homembom e piedoso, podemos ler facilmenteem sua alma.

Vemol-a como ella é na- realidade.Cada raio que delia parte, é para nos

uma palavra e ás vezes um completodiscurso.

Nós respondemos a seus pensamen-tos ; porem ella não sabe que lhe res-

pondemos.Sopramos-lhe idéas que, sem nosso

concurso não poderia conceber, emborasejam innatas nella a disposição e aaptidão para recebel-as.

O homem digno de receber a luz vema ser d'esívarte um órgão útil para oespirito sympathico que deseja comum-nicar-lhe suas. luzes.

Eu encontrei um espirito, ou antes,um homem, accessivel á luz, de que mepude aproximar e é por seu órgão quete falo.

Sem sua mediação, impossível ser-me-hia entender-me comtigo humana-mente, verbalmente, palpavelmente,nem escrever-te uma palavra.

Recebes por este modo uma cartaanonyma, da parte de um homem quenão conheces, mas que alimenta em sigrande tendência para as coisas oceul-tas e espirituaes.

Eu pouso sobre sua cabeça, poucomais ou menos como o mais divino detodos os espíritos pousou sobre a ca-beca do mais divino de todos os ho-mens, no acto de seu baptismo, susci-to-lhe idéas e elle as escreve sob mi-nha inspiração, sob minha direcção, poreffeito de minha irradiação.

Por ligeiros toques, faço vibrar ascordas de sua alma de um modo con-forme com sua individualidade e com anainha.

Sirva essa publicação de um acto damais severa justiça, de exemplo aquaesquer autoridades que se propo-hlíahi exorbitar de suas íuneções, e deapoio aos nossos confrades que se vejamameaçados no exercício de um direitolegalmente reconhecido.

Entre as particularidades mais no-taveis da mediumnidadè pela escriptae fiela mesa, diz V Jhimanitó Integral»,ha uma que merece um logar á parte,sendo das que mais se impõem, e in-dicam, ao que parece, mais imperiosa-mente que quaesquer outras, a interven-ç.ão de uma intelligeneia extranhanascommunicacões recebidas : « em minhapresença, diz William Crookes em suasInvestigações sobre o espirit autismo,pag. 161, muitos phenoraeuos produ-ziram-se ao mesmo tempo sem que omédium os conhecesse todos. Aconte-ceu-me ver Mlle. Fox escrever automa-ticaniente uma communicação para umdos assistentes, emquanto que uma

distinguissem a mesa, as cadeiras, osinoveis do quarto contíguo, cuja portaestava aberta. Este quarto tinha umaoutra porta, que estava fechada áchave.

De repente, Mlle. Naltet viu aalguns passos uma forma humana deestatura media, envolta n'um longovéo negro, as mãos cruzadas ao peito.Para poder distinguir-lhe as feições everificar por onde entrara essa pessoaque via diante de si, visto que a únicaporta estava fechada á chave, levan-tou-se, ao mesmo tempo que um cãosi-ho (Pagua, seu favorito, que estava dei-tado a seus pés, levantou-se também eavançou para a apparição ladrando hor-rivelmente, com os pellos todos erriça-...dos.

Sumiu-se a apparição, e iirimediata-mente chegou Mlle. Appenzeller, outrapreceptora de Luiza, a filha de Mr.César H., que ao ouvir de Mllé Nalteta narrativa da recente apparição tentoudissuadil-a de tal crença e, fervorosacatholica, combateu o que ella chamavasuperstição tentando convencel-a deque o diabo para tentar-nos revestia ásvezes formas visíveis.

Certos de que foi com interesse queos nossos leitores acompanharam asnoticias de factos extraordinários oc-corridos n'esta capital com o Dr. A. B.,cujo verdadeiro nome omittimos, subs-tituindo-o por essas iniciaes, visto nãoestarmos ainda auetorizados a revelal-o,dos quaes demos a resenha em nosso-ultimo numero, aqui lhes offerecemos aleitura do terceiro caso oceorridocom o mesmo doutor, conforme lhes pro-mettemos.

Em um dos dias do mez findo foi esteestimavel clinico visitar a senhora do-Sr. Dr. Eduardo de Macedo Azambiija,á rua Pepe n? 14, em Botafogo, a qualachava-se de cama, e levou em sua com-panhia um distineto cavalheiro de na-cionalidade ingleza, vantajosamente-conhecido da nossa melhor sociedade,,tendo sido iIlustrado professor no an-tigo Collegio Pedro II. Deu-se então oseguinte :

Emquanto o Dr. A. B. dava-se aoexercício da sua profissão, ficara aquelle •cavalheiro só na sala de visitas. Ahirepresentou-se em sua imaginação umamoça, cujos traços physionomicos segravaram em seu espirito. Tendo elle amediumnidadè psychographica, tomoude um lápis e, mechanicamente, escre-veu o nome « Ernestina » em um cartãoque havia tirado de sua carteira.

Ao acharem-se os dois amigos na rua'o referido cavalheiro narrou ao Dr. A.B. o que com elle acabava de passar-se,e mostrando-lhe o cartão com o nomeque havia escripto, o Dr. A. B. disse-lhe ser aquella senhora irmã do Sr. Dr.Azauibuja, e perguntando-lhe, e obten-do resposta affirmativa, se visse a pho-tographia delia, entre outras, areconhe-

t ,, Ficando só, Mlle. Naltet, sob a im- ceria, foi com elle á sua casa, e ahioutra communicação, sobre -atro as- apresentou-lhe oito ou dez retratos...iimntn lho Oro I li) 11!) TUll' lllllíl. OUlTa l . T\'^v, + ..« ™4-r,r, +;„~„ „ An„„l mlnn r\ ríasumpto, lhe era dada por tuna outrapessoa, servindo-se do alphaheto e pormeio de golpes vibrados. E durante todoeste tempo o médium conversava comuma terceira pessoa, sem o menor em-baraço, sobre um assuinptd absoluta-mente diverso dos dois outros. »

Depois disto, dizemos nós, depois dotestemunho insuspeito, da ordem d'essefornecido por um sábio da estatura deWilliam Crookes, acerca da iudepen-dencia dos plienomenos spiritás, pôrem duvida a intervenção das intelli-gencias do espaço, dos espíritos dosnossos mortos, ria producção de taesplienomenos, seria não já uma questãode systematismd cego ou de pyrrho-nismó obstinado, mas pura e simples-menie má fé e falta de senso.

Felizmente já isto se não dá. Anossa doutrina, hoje mais do que nunca,está se propagando com uma força deexpansão extraordinária e recebendoa sancç.ão, já hoje, dos grandes sábios

certa de ter sido sua mãe, permaneceude pé a orar fervorosamente pelo re-pouso de sua alma.

No dia seguinte, pelas 10 horas damanham, recebeu um telegrãmmá deMme. Henriot communicando-lhe amorte de sua mãe na véspera, ás 5horas da tarde, hora justamente daapparição.

Encontramos no nosso collega, LaFratemidad Universal, de .Janeiro re-Conte, a infausta noticia da desencar-nação de um dos nossos mais distinetosirmãos em crença, D. José Agremonte,que se constituíra um dos valentes es-feios da propaganda spirita em Madrid,onde. na sua qualidade de antigo sóciode « La Espiritista Esp&fiôla », pres-toa á nossa doutrina os mais abnegadosserviços, iucançavel no trabalho, queera a sua missão.

D'entre estes, tirou o cavalheiro o dasenhora a que nos referimos, fallecidaha muitos annos. Este facto foi confir-inado a quem escreve estas linhas pelocitado cavalheiro.

Não faremos commentarios sobre tãoimportantes plienomenos, porque ellesse dão, pode-se dizer, quotidianamente,em toda parte ; limitamo-nos tão só-mente a rogar ao Dr. A. B., como-homem da scieucia que é, que investi-gue qual a origem d'elles. Para isto,permitta o illustre Dr. A. B. trazer-lheá lembrança o procedimento do sábioCharcot, quando lhe appareceu em seugabinete de estudo, prasenteira, ri-sonha e agradecendo-lhe a felicidadede que gosava, uma moça que estiverasob seus cuidados no hospital da Sal-petvière, em Paris, fallecida ha algunsannos.

De seu acurado estudo sobre estephenomeno resultou Charcot abandonar ¦

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sarasssaajraass; L3asijmj.:

o materialismo, por absurdo, e abraçaro spiritisrno, do qual é hoje no espaçoum dos nossos consultores sobre moles-tias do systema nervoso.

D'este modo, muito lucrará a sei-encia, e por seu lado dará o illustreDr. A. B. uma prova de reconheci-mento ao presente que do céo lhe temsido enviado.

rum.imrmriiii..-.

Le Christ Anarciiiste.—Que pen-sara o leitor d'este titulo ?—E' o deum jornal que se publica em Toulon(França), órgão—como se declara—anarchista, universalista, «cientifico,político, philopophico, occultista, jus-ticeiro. Foi-nos gentilmente enviado oseu 4? numero, publicado em Janeirorecente, segundo anno.

Poderíamos limitar-nos % consignaraqui apenas o seu recebimento, ajun-tando uma palavra de agradecimentopor essa gentileza, de cuja retribuiçãonos julgaríamos desobrigados pela per-muta de nossa folha.

Assim, porem, não entendemos. Ocollega faz-se o órgão dos opprimidos,em cuja defeza acredita dever des-fraldar a bandeira da destruição ; alliaao seu titulo o nome do Sublime Após-tolo, por cuja doutrina.de amor, de hu-mildado e de perdão, por elle ensinadaao mundo polo seu verbo illtiminado e,mais ainda, pelos seus dolorosos mar-tyrios supportados por amor è legadoscomo exemplos, nos batemos como dou-triiiarios, bem humildes infelizmente ;constitue-se echo de todas as dores queaffligein a humanidade e propõe-se bal-sàinizal-as, supprimindo o mal pelasubversão da ordem social existente,para d'ahi fazer surgir, por uma fio-lenta reaeção, uma nova era de frater-nidade, de egualdade e de justiça. Emsynthese : propõe-se a reforma socialdefeituosa que nos infelicita com osseus abomináveis prejuízos, e pretende

ÜÉl' 83

LAZARO-0 LEPROSOROMANCE SPIRITA

POR

LXXXIIÍNo dia seguinte S. M. partiu, só com o

Conde, para a fazenda cl'este, deixando aImperatriz, paru ir mais tarde com Ma-rietta, que tinha de ir buscar D. Clara eEulalia.

A velha, mal pensando que o passeioseria n'aquelle dia, tinha vindo só ã cida-de, por fazer seu testamento, pelo quallegava toda a sua fortuna á Eulalia;—Foi. minha filha, cabe-lho de direito oque 6 meu.

Marietta encontrou, pois, a moça sósi-nha em casa, e teve do esperar a volta daboa senhora.

E' lei natural o arrastamentó ou o afãs-tamento, que chamamos instinetivos, quesentem duas pessoas ao primeiro encontro.

O arrastamentó dá-se quando os doisespíritos partilham os mesmos sentimentosbons ou maus; o afastamento, quandodivergem de sentimentos.

As pessoas nfto se podem conhecer asimples vista ; mas seus espíritos préscru-¦tam, com a rapidez do raio, à naturezaintima do que se lhes apresenta.

,33, pois, as duas moças, mal se viram,estimaram-se de coração;

Marietta aproveitou a espera por D.Clara, pára geitosameute inquirir dos pre-cedentes de Eulalia, pelo interesse que to-mava em apurar as suspeitas de Lázarode ser ella a sua amada.

Fez-se, porem, o propósito de nao revê-lar, ainda que fosse ella a suspeitada, queconhecia seu amante.

—A senhora o parenta de D. Clara?—Nadíi sou d'esse anjo de bondade, se-nfto protegida por sua iuexgotavel eurida->de.

substituil-a dando-lhe uma organizaçãoconsoante o que se lhe afiguram asnormas do bem e da egualdade. Mere-ce-nos, portanto, mais do que um sim-pies agradecimento pelo visita: merece-nos mais.

Comecemos pelo seu titulo, dado que,na ausência de autoridade que nosfallece, a sua benevolência nos não re-cuse a faculdade de apreçial-o.

Tomado no sentido litteral da praticados attentados violentos a que o qtiali-ficatiyp anarchista está ligado, esse ti-tnlo aligurar-se-hia uma monstruosablaspkemia. Cremos que a escolhad'essa alliançâ de um qualificativo dedestruição ao nome do mais subido mo-delo de mánsuetúdè, de humildade ede doçura que já foi permittido a olhoshumanos contemplarem, deveria escu-dar-se no ponto de vista da destruiçãodo mal que infelicita a terra, mas dadestruição pelo predomínio do bem ;não pelas praticas violentas.

Como o quer, porem, o collega ?—E ahi não se nos afigura que tivesseandado bem na escolha d'aquella alli-anca para seu titulo. Assim, lemos emsua primeira pagina os seguintes san-guinolentos períodos :

« Quando ouvirdes o grito « ás ar-mas ! » as cidades já estarão em fogo,rios de sangue rolarão cheios de cada-veres, e antes que tenhais tido tempode saltar dos leitos, de calçar os sapa-tos, vossas victimas estarão á porta devossos palácios, pedindo-vos conta \leseus longos séculos de soffrimentos."

« Ah ! Como será terrível essa noiteem que, no meio do rugido de todos osanimaes humanos da creação, arderãoos bancos, os ministérios, as egrejas eos templos, os notariados e escripto-rios de hypothecas, as casernas e asprefeituras. » Etc.

Ora, se visa o collega a propagaçãod'esse anarchismo vermelho, então hade permittir-nos que, em nome dochristianismo, a que nos consagramos,em nome da religião que Jesus nosensinou, protestemos contra a adonçãodo seu nome como bandeiraj de taes

—Foi, ontfto, creada por elía; porqueparece amal-a como íilha ; nfto ?

—Nfto, Senhora. Eu estou com ei In ape-nas ha mezes.

Marietta calou-se, por nfto parecer indis-creta ; mas a moça, percebendo sua curió-sidade, disse-lhe :

—Sou da capital, e vim ter aqui por ummilagre.

—Por um milagre ! Acredita em mila-gres?—Sim e nüo. Eu sei que !Deus poz leiseternas c imniutnveis, que em caso algumpoderfto ainda mesmo por Elle ser suspen-sas. Eu sei que o que chamamos milagrenfto passa de facto cuja lei ignoramos, masque outros mais adiantados já conhecem ereconhecem como causa natural; poremha factos que nfto se podem explicar senãopor um decreto especial de^)eus.

—Parece-nos isto em nossa ignorância,acuditi Marietta; mas a verdade 0 queesses factos decorrem de leis ger%es, prees-tabelecidas.

—Estou certa disto ; mas emquanto nftopuder conhecer estas leis, permitia quechame milagre o que d'ellas decorre, comoaconteceu commigo.

—E' segredo esse milagre de que mefala ?

—Será para todo o mundo ; mas eu sintotanto affecto pela senhora, que seria felizde abrir-lhé todo o meu coração.

—E creia que ègual sentiuionto~me do-mina a seu respeito.

—Eu sei, minha senhora, que seu cora-çfto é de anjo, e conheço-lhe as obras admi-níveis

—Conhece ! como conhece ? Sabe quemsou ?

—Sei. Oh! Se iei! Nfto se lembra maisde Lázaro, um desgraçado, que achou emseu seio as únicas consolações que lheatenuaram, na vida, o rigor de sua sorte ?

Marietta reconheceu a íilha do Manoelda Silva, e esteve a rasgar o vco que enco-bria-lhe a verdade ; mas conteve-sc em seupropósito.—Nfto ; nfto me esqueço d'esse bom ami-go; mus, por minha vez, pergunto-lhe :donde o conhece?

—Conheço-o, creio que do infinito ; por-(pie mal o vi, senti que seu era meu cora-çfto, como seu ha de ser para sempre,disse a moça curvando a cabeça e derra-

horrores, a que elle não pode prestar-se._ E' um sonho dantescó o que vali-

cinam aquelles períodos saturados deuma allucinação que assombra.

Pensa acaso o collega (pie • a des-traição physica dos maus, ou a destrui-Ção material dos seus haveres, poriaum termo á lueta de interesses quefazem o tormento d'este mundo ? Acre-dita realmente que os sobreviventesnão seriam tomados da febre de am-bicão que perdera as suas victimas ?Ou imagina que taes horrores teriam aforça de alterar tão profundamente ascondições do nosso planeta, que deuma esphera de soffrimento e de ex-piação, ([tie é, o constituiriam em ummundo de bèmaveritürança ?

Não. O caminho uão é esse da des-traição. E' necessário, é forçoso, maisainda, é urgente supprimir o mal, subs-tituil-o pelo bem ; pôr um termo ásinjustiças. Cumpre que a lei da frater-nidade, da egualdade e da justiça seexecute. Mas para que isso se dê, teráporventura Deus, a infinita miseri-cordia, a mais alta expressão do amor,feito entrar em suas cogitações o pro-cesso violento de uma , hecatombe quenão teria outro resultado senão cons-tituir réos de espantosos crimes tantosde seus filhos, objecto d'esse seu inii-nito amor?.

E para que tudo isso ?—Para gososmateriaes ephemeros n'esta vida tran-sito ria ! E então o que seria das almas?Merece tão pouco então o cultivo de

sem duvida. Mas de que modo ?— Des-traindo os maus ?—Não. Tornando-osbons.

E' preciso pôr termo ás misérias, ás-oppressOes que nos àfíügèm; não porquenos assista direito á partilha de gososd'este mundo ; mas porque os desgra-çados (pie ifelles se engolpliam, esque-cidos de que taes gosos são ephemeros,são outros tantos nossos irmãos queestão compromettendo o futuro do seuespirito, retardando o seu progresso,pela absorpção da matéria em detri-mento do seu desenvolvimento moral.Elles são mais desgraçados do que osmais humildes, porque maiores são assuas responsabi!idades.

Deve-se, pois, começar pela suaregeneração. Dir-se-ha que cerrarãoolhos indifíerentes e rir-se-hão ás pre-dicas de moral. Ai d'elles se assim fize-rem! Mas não o farão decerto, se aclava para a tentativa .de destruiçãodos seus erros fôr construída, não depalavras só, mas de factos.

O que nos fornecerá esta arma ?— Ospifitismo. Sim, o spiritisrno, esse tro-pliéó de injurias, que o têm assaltado,essa coisa que tanto atroz ridículoamesquinhava, e que hoje levanta-semaior e mais forte, fazendo a cogitaçãodos sábios e a preoecupação dos humil-des.

Essa tarefa compete realmente ao-spiritismo. Haverá decerto endurecidosque escarneçam dos princípios, dos en-sinameutos moraes da lei de Jesus.Não haverá um só que não estremeçasuas elevadas faculdades .pie valha a i em presença de um facto experimental-

pena sacrincal-as, afogando-as em cri- i mCnte vcrrlicaão, em que elle encontremes, liara goso do miserável corpo que j analogia de situação com a sua. Que ellea terra decompõe ? j possa assistir aos'horrorosos soífrimen-Nao. O sofrimento, ador, a penúria, j tos no espaço dos que em vida, como

a miséria, a fome, a nudez, não seriam elle, desprezaram a lei do Senhor, ven-tristes espectaculos aos nossos olhos, ' 'se nós, desgraçados que aqui apor-tamos, não viéssemos carregados deerros, de crimes a expiar.

. O mal não é uma resultante exclu-siva da ordem social estabelecida peloshomens. Elle vai buscar suas leis ¦ emcausas mais oceultas. Urge supprimil-e,

mando sentidas lagrimas.—Ama-o, então, muito?—On ! não pergunte. Eu anio-o mais do

que a rnfte uo filho de suas entranhas,mais do que Deus a seus anjos, amo-o lou-camente, peccaniinosamenle !—Mas porque deixou seu pae e veiupara aqui ?

—E'o milagre, de que lhe falei. Meupae queria forçar-me a casar com outro,um desgraçado, que esta entregue á jÜlti-ça.... ig

—E Jfüe jíí foi condemnadó a gales por-petuas, ajuntou Marietta.

—Coitado ! A galés perpétuas ! Tenhopena d'ellc. Pois era com este (pie meupae me queria casar, e foi para não faltar áté jurada a Lázaro, que resolvi antes mor-rer, do (pie dar a outro o seu logar.

E Eulalia referiu, com verdadeira ani-niaçfto, tudo o que lhe suecedeu e deu emresultado sua vinda para a casa de D.Clara.

—Parece realmente um milagre, disseMarietta quando a moça acabou sua nar-ração ; mas eu lhe digo agora, minha ami-ga : maior e o que Deus lhe reserva, paraconforto de sua vida.

—Maior ! Nfto me pode dar maior doque o que já me deu : este deserto e estamãe, Onde e com quem posso em paz espe-rar a hora de ir unir-me ao meu amado.

jVIarietta chorava; mas suas lagrimaseram de alegria, por ver tão próximo omomento em que duas almas, laceradaspela mais pungente dor, iam receber oprêmio de sua perseverança no bem.

N'este ponto da conversa, chegou D.Clara (pie, apesar de fatigada, não pediutregoas para recomeçar a lida.

»\A este tempo, chegava o imperador á

fazenda, onde o esperavam, por ordem doConde, as mais esplendidas festas da roça,detalhadas e dirigidas por Lázaro, atixi-liado pelo Procopio c por seu amigo Ma-noel da Silva, (pie nfto se fartava de gosara companhia do amigo.

—Vocejíi reparou, Sr. Lázaro, como secumpre na terra a justiçado Deus ? Eu,por aqueile nosso sonho, roubei-lhe a íilhado coração ; agora, voee foi causa de meroubarem a minha Eulalia, que, apesar detudo, parece-me (pie cada vez amo mais.

déhdo-se aos gosos passageiros quetransmudam-se em dores para o espi-rito, e elle cahirá em si e renegará oerro em (pie se debatia.

E então o reinado da egualdade, d$fraternidade, da justiça e do bem. quesonhais, vós todos opprimidos, baixara.,ao mundo. Elle virá sem sangue ; e se

—Não, meu amigo, eu nao fui causa delhe roubarem sua filha, nem ella foi rouba-da, pois que, segundo dizem, fugiu de suacasa muito por sou gosto. •—E' verdade ; você não foi causa c af éme parece qüe a causa fui eu mesmo, nãoconsentindo que casasse com você. Sim eufui a causa.

—Não se morrifique com isto, meu ami-go ; porque, ainda que consentisse, o factose dava, uma vez (pie sua filha nem amavaao Paulo, nem a mim, e sim ao desconhe-cidò, com (piem fugiu.

—Homem, eu julgo impossível que aminha Eulalia tenha praticado tal infa-mia....

—E' duro acreditar em tal, mas contra*factos não ba argumentos.

—Sim... mas ás vezes a gente não apre-cia bem os factos, e julga-os erradamente.

—Tudo admitto, Sr., menos a innocen-cia de sua filha, exclamou, como desvai-radp—desvairado pela dor, desvairado pe-Io ciuine—o desgraçado Lázaro, que podiadizer com o Manoel da Silva : apesar detudo, parece-me (pie cada vez a amomais.

O Imperador, a qhem o Conde apresen-íou Lázaro, acolheu-o com particular bene-volenciu, o disse-lhe que precisava çòhver-sar cem elle, a sós, sobre um serio assumptoque estudava e em que sabia ser elle mui-to instruído,

O moço ficou aturdido, mal podendoresponder que estava ús ordens de S. M.

Sob a capa de frondoso bosque, por ondese emaranharam os dois, perdendo-sevo-luntariamentc dos demais, discutiu o Im,perador com o Lázaro sobre os princípiosbásicos da doutrina, qne elle já chamavarevelação.

Do meio para o fim, não era mais omoço, em seu estado normal, quem lherespondia íts questões propostas ; era o me-dium em estado soinnambulico, servindoapenas de transmissor dos pensamentos dealto espirito, que esclareceu todas as duvi-»das do iIlustrado monarcha.

Ahi teve elle a scieneia de que sua depo-siçáo fazia parte da. missão reparadora, queacceitara quando veiu a reencarnar.

Soube, e experimentou prazer, como selhe tivessem tirado grande peso de sobreos hombros. (Contínua

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~**í--

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REF»aMA»»Jl— 18»tt—Março 15aaanwg— nmaBPaBãE

do baptismo precisar, tel-o-ha nas la-

grimas de arrependimento dos novosconvertidos.

Irmãos ! Abandonai as sanguináriasaspirações do uma reivindicação que sófaria victimas ! Conservai limpas e pu-ras as vossas mãos, como a vossa cons-ciência e o vosso coração. Immergi-osDa fonte viva do amor que Deus impozcomo lei a todos os seus filhos, e, sequereis, vinde comnosco trabalhar naseara bemdita, abarrotando-a com aabundância de vossas boas obras. ¦ Abrios olhos á nova luz que ha dois milannos levantou-se nos humildes hori.zohtes de Jerusalém e hoje se ostentano nosso céo em pleno brilho. Só ellavos dará, a paz de espirito, o conforto ea felicidade com que sonhais e que naosão (Veste mundo.

São as palavras que julgamos deverdirigir aos nossos irmãos do ChnstAmarcfdste.

nriai A mm no mi o

SECCÃO OFFICIAL

Luz e Verdade, do Bom Jardim, GrupoAmore Huniildaãe, deÇantágallo, Cru-po Aurora Saufanense, do, SanfAunade Macaca; Grupo Josephina RibeiroAlves do Porto, das Caixas e Grupo Ca-tharina 31 ária Oliveira, do Rio Bonito.

—Realizaram-se conferências publi-cas da Sociedade Acadêmica DeusChristo Claridade, no Bom Jardim,Porto das Caixas, I taborahy, SanfAunaRio Bonito; e todos os domingos ao meiodia na sede do Centro á rua da Allan-dega n'.' 342 1'.' andar.'.—Sn

01 sessão da directoria central,compareceram os directores : José deGouvêa Mendonça, Domingos Monte-regalo, José Maria Parreira, Dr. dosede Maia Barreto, Dr. Júlio César Leal,e professor Torteroli.

—Estiveram exercendo o cargo depresidente de. semana : até 3 de Marçoo director Manoel Joaquim MoreiraMaxiniino, até o dia !) o director Tor-teroli, e está era exercício até o dia 16o director Domingos Monteregalo.

Elo, iô de Março de 1S9<çi 3> 309—A directoria central do

Centro da União Spirita de Propagandano Brazil, na 43? sessão, considerandoque na phase actual de propagandaostensiva é necessário reunir todos osIbons elementos, deliberou conceder aosConselheiros do Centro, nomeados paraas comhiissões directoras e auxiliaresdas agremiações unidas, as mesmas re-galias (pie são conferidas aos delegadostio Centro e também autorizal-os aexercer os direitos do § 3 do art. 1.8,podendo acceitar como agremiação filia-

spirmsmo na antiiguidade

da. ao Centro, as que merecerem, de-pendendo da deliberação, em sessão dadirectoria, quando solicitarem fazer par-te da União para formar a Caixa Cen-irai ou Patrimônio do Spiritismo noBrazil.

Na 44ll sessão nomeou delegados doCentro e reconhece a os representantesdas segtfintes agremiações filiadas :

Sociedade Spirita Esperança e Fé,fundada em. 2 de Fevereiro de 1893 nacidade da Franca—S Paulo ; Antôniode Andrade Lobo Bastos, Alfredo Silvae João Manoel Malheiro.

Grupo Spirita Luz da Verdade, fim-dado em 4 de Setembro de 1889, dis-tricto do Sacramento : João BaptistaSoares da Motta, M:aria Barbosa Soaresda Motta e Manoel Pinto Guimarães ;

Grupo Spirita João Baptista, funda-do em 2 de Agosto de 1386 no Amparo—Estado do Rio de Janeiro : PedroAlberto Gripp, João Lamblet, TitoLaurentino Pontes, Fernando Lamblete Eugênio Gripp ;

Sociedade Spirita Fé Esperança eCaridade, fundada em 4 de Julho de1895, no Estado do Espirito Santo :Alfredo Moreira Gemes, Longo Bap-tista Pereira ;

Grupo Spirita Augusta Alipio d'As-sumpçaó, fundado em 13 de Junho de1895 no districto de SanfÂnna: Sa-"bino Antônio do Nascimento, Bartho-lomeu Octaviano de Almeida e D. Ma-ria izabél da Silva;

Associação Spirita Christo e Gari-dade, fundada em 24 de Dezembro de1893 no Estado de Matto Grosso : Pe-dro-Antônio de Souza Ponce, FlavioCrescendo de Mattos, Evaristo Vir-gimo da Silva.

A Directoria Central

.Realizou-se no mez passado a visitados delegados do Centro e represemtantes da directoria Central ás agre-miações que funecionam no listado do

io de Janeiro, tendo sido recebidos emBssão dos seguintes: Grupo Spiritase

Tenho dito, tenho repetido que osantigos conheciam o spiritismo e opraticavam ; e isto é verdade. Paraconvenceriao-nos basta folhearmos osautores gregos e latinos (pie nos res-tam.

Certos ritos, certas cerimonias parase tornar amigos os espíritos beinía-zejos e afastar os que poderiam incom-modar.

Li nos Pastos, de Ovidio, a descrip-cão de uma cerimonia praticada pelaspessoas piedosas que gostam de honraros deuses. Ella pareceu-me de tal modooriginal e de tal modo curiosa que nãopmíe resistir atMlesejo j|c^a_r(da.tar :fornecerá mais nina, prova de quan-to a crença nos espiritos era forte-mente enraizada nos romanos, comonos outros povos da antigüidade-*

Em certa epocha do anno cçlelfra-vam-se em Roma as Lemüriáós, festacuja instituição fazia-se remontar aRomulo. Durante todo o tempo dè suaduração, o hontem educado no temordos deuses e conservado fiel aos antigosritos, levanta-se á meia noite, quandotudo está mergulhado no silencio e não'ouve-se mesmo latirem os cães.

Com os dedos reunidos ao polegarelle faz ura gesto que afasta as stmibrasligeiras e impede-as de levantarem-sediante d'elle. Lava três vezes as mãosna água de uma fonte, depois retira-se,toma na boca umas favas pretas e lau-ça-as atraz de si, dizendo :

Jliee ego mitto. Ris, inqv.it, redimomeque meos quefabis. Eu lanço estasfavas e as resgato, eu e os meus.

Repete três vezes estas palavras semolhar para traz, e as sombras ( os es-piritos ) ajtintam as favas e seguem ospassos do homem piedoso sem quesejam apercebidas por elle.

De novo este mergulha as mãosn'água, e fazendo resoàr a trombeta deTenesis, çpnjura o espirito para for-çal-p a d&ixar*-casa--f*^^repetido, muitas vezes estas palavras ;

Manes exile jpalcrni ; Manes paternossahi;

llespieil et purê sacra peraota putàti;elle olha para traz e d'esta maneiraexecuta todos os ritos da cerimonia.

O 6? livro da /Eneida em que vê-seEneas apresentando-se a Cumes, di-ante do antro habitado pela sibyllu ;

Ilorrcndm que proeul secreta SibyllwAntram humane petit,

O 6? livro, dizemos, está todo impreg-nado de spiritismo.

Os antigos, como tenho exliibidó0 aprova, acreditavam íimienente naimmortalidade da alma ; mas sua cren-ça não era baseada sobre raciocíniosde escliolá, mais ou menos lógicos, massobre laAftoiíj elles sabiam como era

*/ *m\%Ç\

preciso proceder para entrar em rela-ção com o in lindo invisível, com os es-piritos.

Quando queria-se receber um amigo,uni parente, uma pessoa querida quedeixara seu invólucro terrestre, diri-gia-se a gente ao Psyehagogo, isto é,ao sacerdote que tinha por funeção es-pecial a evocação dos mortos, e quepraticava os ritos indispensáveis.

Era assim, pelo menos, que se pro-cedia no Egypto.

Os gregos tinham uma maneira mui-to simples de communicar com os mor-tos. Ia-se dormir ao pé do túmulo dosantepassados, porque tinha-se a con-vicção de que a alma (Pestes vinha emauxilio dos que os consultavam.

As crenças antigas não desappare-ceram completamente ; ellas subsistemainda, mesmo em França, nos campos,em que têm sido conservados muitoscostumes e cerimonias reputados diabo-licos, por algumas almas tão tímidas(pião piedosas, e os quaes vêm nãosomente dos D ruídas, mas dos diffe-rentes cultos estabelecidos nas Gallias,no tempo dos romanos.

Direi mais: ha certas cerimoniasconsideradas inoltênsivas no tempo dóestabelecimento definitivo do christia-nismo, e que têm-se perpetuado até aosnossos dias, sob a invocação de tal outal santo, notavelmente na Bretanha.

Ora, essas cerimonias, acceitadas econsagradas pela egreja têm uma ori-fera puramente pagang<

Na província da Galiza, empanha, os campónezes gallegos têmpermanecido fieis ás velhas crenças eaos velhos costumes druidicos; ellesacreditam que os espiritos velam pelasua casa, (pie erram-lhe em torno epenetram-lhe no interior; que ellesconversam pelo pensamento com os ha-bitantes, os inspiram, lembram-lhesseus deveres e os' conéolam nas durasprovações da vida.

As almas dos que, no decurso de suaexistência, commetteram graves faltas,erram em torno de sua antiga moradadurante toda a noite, e misturados aoruido da tempestade e ao soprar dosventos desencadeados, fazem ouvir suaslamentações e seus gritos de deses-sespero.

Mr. Otero Acevedo, em seu excel-lente livro Los espiritos entra a essarespeito em detalhes muito interessan-tes. Elle é dos que pensam que ascrenças antigas estão ainda vivacesno povo, entre as nações modernas, eque o spiritismo é contemporâneo detodas as edades.

Partilho completamente da opiniãodo eminente Sr. Otero Acevedo.

"fc HORACE PELLETIEIl.

(La Revue Spirite).

0 SPIRITISMO ANTE A SCIENCIAPOR

Unhriei Melauiie

^B/XEIRAJ>ARTECAPITULO II

j AS THEORIAS DOS INCRÉDULOS E O TES-ii

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TEMUNIIO DOS FACTOS

Continuação\ E' preciso agora passar era revistaj uma segunda cathegoria de observado-

res que não vêem no movimento dasmesas senão effeitos magnéticos exer-cendo-se de uma maneira desconhecida.

Entre estes últimos, M. Thury, pro-fessor da Academia de Genebra, e M.de Gasparin publicaram trabalhos chei-os de curiosas observações, e que põemfora de toda duvida a existência dosphenomenos, independente de todaacção material da parte dos observado-res. Segundo M. Thury, os factos (pie

se verificam são devidos á influenciade uma força que elle chama eclénicafexercendo-se em distancia e podendoproduzir, sob a influencia da vontade,raidos, deslocamentos de objectos, epor conseguinte manifestar intelligen-cia. M. de Gasparin partilha a mesmaopinião.

Deixemos a palavra aos factos. por-que, assim como observa Alfred Walla-ce, «são coisas pertinazes.»

M. Crookes diz em seguimento aoresumo das suas notas sobre as pança-das:

«Uma questão importante impõe-seaqui á nossa attenção : Esses mo vi men-tos c esses nados são governados por umaintelligencia ? Desde o começo das mi-nhas investigações verifiquei que o po-der que produzia esses phenomenos naoera simplesmente uma força eega, e queuma intelligencia o dirigia ou, pelomenos, lhe estava associada ; assim, osruídos de que falei foram repetidos, umnumero de vezes determinado ; torna-ram-se fortes ou fracos, e a meu pedi-do resoaram em diversos logares ; porum vocabulário de signaes convencio-nados de antemão, responderam a per-guntas, e mensagens foram dadas commais ou menos exactulão.*

Até aqui os partidários da força ecté-nica ou psychica, que é o mesmo, po-dem em rigor explicar estes phenome-nos. Lhes é possível dizer (pie quandose quer vivamente alguma coisa, envia-se uma espécie de descarga nervosaque produz os ruidos pedidos. Esta sup-posição não é apenas admissível quan-do se obtém «gorgeios de pássaros»,mas passemos sobre essa improbabili-dade, e vamos verificar, sempre comCrookes, que se produz um outro gane-ro de acção.

«A intelligencia que governa essesphenomenos é alg-umas vezes mauifes-tamente inferior á do médium, e está¦muitas vezes em opposição directa comos seus desejos. Quando uma determina-ção era tomada de fazer qualquer coisaque não podia ser considerada comomuito razoável, eu vi dar urgentescommunicações induzindo a reflectir denovo. Esta intelligencia algumas vezesé de tal caracter que se é forçado acrer qne0não emana dos que estão pre-sentes.»

Esta ultima phrase destroe a theoriade M. Thury, porque se essa força ner-vosa não é dirigida pela vontade dooperador e dos espectadores, é precisoadmittir uma intelligencia extranha,isto é, a intervenção dos espiritos. '

E' incontestável, evidentemente, quese a mesa que se consulta dá respostassobre assumptos desconhecidos dos as-sistentes, ou contrários aos seus pensa-mentos, não é certamente d'elles queparte a resposta ; mas, como é precisoque ella seja feita por alguém nós attri-buimos a uma intelligencia oceulta quevem se manifestar. Esta concepção nãoê uma invenção humana, porque decada vez que uma intelligencia se mani-festou, perguntou-se-lhe quem era, econstantemente reipondeu ser a almade ama pessoa que habitou a terra.

Para bem comprehender como sepassam os phenomenos é urgente fazera narrativa de tuna sessão de evocação.,Pode parecer ridículo collocar-se pe-rante uma mesa e. crer que um dosvossos parentes defuntos vem conver-sar por intermédio d'esse movei; entre-tanto é a verdade exacta, e por entreos milhares de factos contados peloshomens da sciencia os mais honrados,citaremos particularmente a carta se-guinte de M. Alfred Wallace, não sôporque ella é particularmente authen-tica, como também porque o auctorestá acima de qualquer suspeita.

(Continua)

Typographia do Reformai-'*«.

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