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BREVEHISTÓRIA
DA FOTOGRAFIA
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Ian Haydn Smith
Um guia de bolso para os principais gêneros,
obras, temas e técnicas
www.ggili.com.br
Breve história da fotogra� a é uma introdução nova e criativa ao tema da fotogra� a. Inteligentemente elaborado e ricamente ilustrado, o livro explora 50 fotogra� as-chave da história, desde os primeiros experimentos no início do século xix até a fotogra� a digital contemporânea.
Prático e conciso, o livro explica como, por que e quando certas fotogra� as realmente mudaram o mundo. Inclui muitas imagens icônicas e revela as diferentes técnicas usadas para criá-las. Desmiti� cando o jargão técnico, o autor demonstra seu profundo conhecimento da história da fotogra-� a, oferecendo aos leitores uma plena apreciação dos eventos e das obras mais marcantes.
Ian Haydn Smith é editor das revistas Curzon e BFI Filmmakers. Ele é autor de inúmeros artigos e vídeos sobre � lme e fotogra� a.
Primeira capa: Mergulhadores (detalhe), George Hoyningen-Huene. Condé Nast/Getty Images.
Quarta capa: Afghan Girl (detalhe), Steve McCurry. Steve McCurry/Magnum Photos.
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Título original: The Short Story of Photography. Publicado originalmente por Lawrence King Publishing Ltd em 2017
Projeto gráfico: John Round Design
Tradução: Edson FurmankiewiczPreparação: Maria Luisa Abreu Lima de PazRevisão de texto: Grace Mosquera Clemente
Qualquer forma de reprodução, distribuição, comunicação pública ou transformação desta obra só pode ser realizada com a autorização expressa de seus titulares, salvo exceção prevista pela lei. Caso seja necessário reproduzir algum trecho desta obra, seja por meio de fotocópia, digitalização ou transcrição, entrar em contato com a Editora.
A Editora não se pronuncia, expressa ou implicitamente, a respeito da acuidade das informações contidas neste livro e não assume qualquer responsabilidade legal em caso de erros ou omissões.
Os direitos do autor Ian Haydn Smith para esta obra foram registrados de acordo com o Copyright, Design and Patent Act de 1988.
© Mark Fletcher, 2018© da tradução: Edson Furmankiewicz para a edição em português:© Editorial Gustavo Gili, SL, Barcelona, 2018
Impresso na ChinaISBN: 978-85-8452-113-5Depósito legal: B. 26547-2017
Editorial Gustavo Gili, SLVia Laietana 47, 2º, 08003 Barcelona, Espanha. Tel. (34) 933228161
Editora G. Gili, LtdaAv. José Maria de Faria, 470, Sala 103, Lapa de Baixo, CEP: 05038-190, São Paulo-SP, Brasil. Tel. (+55) (11) 3611-2443
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Smith, Ian Haydn Breve história da fotografia : um guia de bolso dos principais gêneros, obras, temas e técnicas / Ian Haydn Smith ; [tradução Edson Furmankiewicz]. -- São Paulo : Gustavo Gili, 2018.
Título original: The short story of photography. ISBN 978-85-8452-113-5
1. Fotografia 2. Fotografia - História I. Título.
17-09777 CDD-770.9
Índices para catálogo sistemático: 1. Fotografia : História 770.9
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Ian Haydn Smith
BREVEHISTÓRIA
DA FOTOGRAFIA
Um guia de bolso para os principais gêneros,
obras, temas e técnicas
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Sumário 6 Introdução 9 Como usar este livro
GÊNEROS 12 Monocromático 13 Pictorialismo 14 Fotografia pura 15 Retrato 16 Paisagem 17 Fotografia de rua 18 Cor 19 Nu 20 Natureza-morta 21 Autorretrato 22 Abstração 23 Vanguarda 24 Guerra 25 Propaganda 26 Etnografia 27 Fotojornalismo 28 Documentário 29 Humanismo 30 Ciência 31 Arte 32 Glamour 33 Pop 34 Sociedade 35 Topografia 36 Moda 37 Campanha publicitária 38 Paparazzi 39 Conceitual 40 Encenada 41 Performance 42 Arte contemporânea 43 O selfie
AS OBRAS
46 Vista da janela em Le Gras, Nicéphore Niépce
48 Autorretrato, Nadar 50 Natureza-morta com frutas e
decantador, Roger Fenton 52 A colheita da morte, Timothy H.
O’Sullivan
56 Beatrice, Julia Margaret Cameron 58 Os catadores de lixo da praia de
Whitby, Frank Meadow Sutcliffe 60 A terceira classe, Alfred Stieglitz 62 A entrada da pirâmide de Miquerinos,
Friedrich Adolf Paneth 64 Mecânico e bomba a vapor, Lewis Hine 66 O violino de Ingres, Man Ray 68 Retrato de mãe, Alexander Rodchenko 70 O garfo, André Kertész 72 Mergulhadores, George Hoyningen-
-Huene 74 Pimentão (nº 30), Edward Weston 76 Amantes em um café parisiense, Brassaï 78 Nova York, vista noturna, Berenice
Abbott 80 Mãe migrante, Nipomo, Califórnia,
Dorothea Lange 82 Lavatório no corredor da casa dos
Burroughs, condado de Hale, Alabama, Walker Evans
84 Fotograma, Lázló Moholy-Nagy 86 Matador de policial, Weegee 90 Linhas de transmissão no deserto de
Mojave, Ansel Adams 92 Soldados americanos desembarcando
na praia de Omaha, Dia D, Normandia, França, 6 de junho de 1944, Robert Capa
94 A libertação de Buchenwald, Margaret Bourke-White
96 O beijo no Hôtel de Ville, Robert Doisneau
98 Desfile, Hoboken, Nova Jersey, Robert Frank
100 Estados Unidos, Califórnia, Elliott Erwitt
102 Os reis de Hollywood, Slim Aarons 104 Che Guevara, Alberto Korda 106 Malcolm X, Eve Arnold 108 Jack Ruby assassinando Lee Harvey
Oswald, Robert H. Jackson 110 Nascer da Terra, William Anders 114 Algiers, Louisiana, William Eggleston 116 Phan Th.i Kim Phúc, Nick Ut
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118 Tarde de domingo ensolarada, Whitby, Inglaterra, Ian Berry
120 Autorretrato travestido, Andy Warhol 122 Sem título nº 96, Cindy Sherman 124 Cookie em Tin Pan Alley, Nan Goldin 126 New Brighton, Inglaterra, Martin Parr 130 Cristo imerso em urina, Andres
Serrano 132 Louvre 1, Paris, 1989, Thomas Struth 134 Lutz & Alex sentados nas árvores,
Wolfgang Tillmans 136 Trabalho pela paz mundial da série
Cartazes que dizem o que você quer que eles digam e não Cartazes que dizem o que alguém quer que você diga, Gillian Wearing
138 Hilton Head Island, SC, EUA, 24 de junho de 1992, Rineke Dijkstra
140 Mar Báltico, Rügen, Hiroshi Sugimoto
142 Rondó de flor, Nobuyoshi Araki 144 O homem caindo, Richard Drew 146 Viaduto, Jeff Wall 148 Por baixo das rosas, Gregory
Crewdson 150 Amazon, Andreas Gursky 152 Deserto de sal nº 13, Edward
Burtynsky
TEMAS156 Clima157 Arquitetura158 Beleza159 Amor160 Religião161 Movimento162 O surreal163 Natureza164 Animais165 Morte166 Iconografia167 Celebridade168 Paisagem urbana169 Consumismo170 Classe171 Pobreza172 Política173 Pessoas
174 O momento decisivo175 Tecnologia176 Modernidade177 Textura178 Gênero179 Idade180 Poder181 Crime182 Família 183 Vernáculo184 Esporte185 Música186 Cultura jovem187 Apropriação
TÉCNICAS 190 Câmera escura 191 Daguerreótipo 192 Calótipo 193 Cianotipia 194 Colódio úmido 195 Papel albuminado 196 Prata coloidal 197 Platinotipia 198 Colorização manual 199 Cor 200 Dupla exposição 201 Fotograma 202 Luz artificial 203 Fotografia aérea 204 Corte 205 Solarização 206 Fotografia de alta velocidade 207 Kodachrome 208 SLR 209 Longa exposição 210 Fotografia com flash 211 Polaroid 212 Fotomontagem 213 Manipulação fotográfica 214 Foco suave 215 Fotografia digital
216 Índice 223 Museus 224 Créditos das imagens
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IntroduçãoHENRI CARTIER-BRESSON: “É UMA ILUSÃO PENSAR QUE AS FOTOS SÃO FEITAS COM A CÂMERA... ELAS SÃO FEITAS COM OS OLHOS, O CORAÇÃO E A MENTE.”
A fotografia pode ser um espelho do mundo ou se aprofundar, explorando a complexidade da psicologia e das emoções huma-nas. Pode capturar um momento fugaz ou marcar a passagem lenta do tempo. Ao longo de sua existência de quase 200 anos, desenvolveu-se mais rápido do que qualquer outra arte visual.As primeiras câmeras apareceram em um momento de grande mudança industrial. Algumas pessoas abraçaram a fotografia como um complemento para as belas-artes, enquanto outras a consideravam uma ferramenta para capturar a realidade da vida cotidiana. Mas os dois grupos a viram como uma disciplina sé-ria que exigia tempo e atenção. Essa fragmentação precoce das abordagens tornou-se múltipla no início do século xx, quando vários movimentos artísticos e de design abraçaram a fotografia, fazendo experiências com a forma e a técnica. O potencial co-mercial do meio também foi reconhecido, primeiro na venda de jornais, depois nos mundos incipientes da moda e publicidade. Essas várias arenas muitas vezes se cruzaram, já que alguns fo-tógrafos financiaram seu trabalho pessoal por meio de projetos comerciais, e fotógrafos comerciais ou fotojornalistas viram sua obra reconhecida como arte.
Este livro apresenta uma breve história da fotografia, des-tacando os gêneros e estilos mais significativos no desenvolvi-mento desse meio. Ele traça os desenvolvimentos tecnológicos que testemunharam a transformação da câmera escura inicial na moderna SLR digital. E destaca 50 obras-chave, desde o pic-torialismo e o fotojornalismo até a abstração e o movimento da straight photography (fotografia pura), que tiveram um impacto indelével sobre o curso que a fotografia tomou. Não é um histó-rico exaustivo, mas destaca a importância da fotografia na com-preensão do mundo que nos rodeia.
GênerosROBERT CAPA: “SE SUAS FOTOS NÃO ESTÃO BOAS O SUFICIEN-TE, É PORQUE VOCÊ AINDA NÃO ESTÁ PERTO O SUFICIENTE.”
Nenhum estilo ou movimento específico dominou completa-mente a história da fotografia. Nos primeiros anos, houve uma divisão significativa entre os interessados em representar com precisão o mundo ao seu redor e os fotógrafos interessados em abraçar os princípios estéticos das belas-artes. Os movimentos subsequentes geralmente enalteciam uma dessas posições ou se
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contrapunham a elas. À medida que os estilos mudaram, muitos fotógrafos associados a um movimento específico mudaram seu foco, como evidenciado pelo trabalho de Alfred Stieglitz, que, como Henry Peach Robinson, foi um dos pioneiros do pictoria-lismo, mas depois se distanciou dele, abraçando a abstração e um modo modernista de representação e expressão fotográfica.
Esse capítulo não se concentra apenas nas abordagens esté-ticas da prática fotográfica, mas também marca o desenvolvi-mento ideológico e comercial do meio –, do fotojornalismo, da fotografia paparazzi e da propaganda à publicidade, moda e po-lítica. Ele acompanha os avanços na ciência e na natureza, bem como a mudança do tema e do estilo na arte do retrato, desde o trabalho pioneiro de Nadar no final do século xix até o apareci-mento do selfie.
As obrasEVE ARNOLD: “O QUE TENTEI FAZER FOI ENVOLVER AS PESSOAS QUE ESTAVA FOTOGRAFANDO... SE ESTIVESSEM DISPOSTAS A SE MOSTRAR, EU ESTAVA DISPONÍVEL PARA FOTOGRAFÁ-LAS.”
Entre as trilhões de fotos tiradas desde a fotografia de Nicépho-re Niépce pela janela da casa de sua família em 1826, algumas imagens se destacam como marcos importantes no desenvol-vimento da fotografia e como representantes de movimentos, estilos, épocas ou momentos específicos. Essas imagens variam do inovador ao icônico. Algumas, como o retrato de Che Gue-vara feito por Alberto Korda (1960), Jack Ruby assassinando Lee Harvey Oswald (1963) de Robert H. Jackson e O homem caindo de Richard Drew (2001), foram feitas no calor da hora. Outras, como Natureza-morta com frutas e decantador de Roger Fenton (1860), Pimentão (nº 30) (1930) de Edward Weston e Por baixo das rosas (2014) de Gregory Crewdson foram meticulosamente elaboradas. Esse capítulo traça o desenvolvimento do retrato desde o Autorretrato (c.1855) de Nadar e Beatrice (1866) de Julia Margaret Cameron até o Autorretrato travestido (1981) de Andy Warhol e Hilton Head Island, SC, EUA, 24 de junho de 1992 (1992) de Rineke Dijkstra, e destaca o papel que certas fotografias têm desempenhado em um contexto cultural, social ou político.
A importância estética e cultural dessas fotografias é discu-tida juntamente com as biografias dos fotógrafos, demonstran-do a importância de cada uma na história relativamente curta desse meio.
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TemasNAN GOLDIN: “PARA MIM, FOTOGRAFAR NÃO É ALGO QUE FAÇO COM DISTANCIAMENTO. É UMA MANEIRA DE TOCAR ALGUÉM – UMA CARÍCIA.”Os temas muitas vezes abrangem uma variedade de gêneros ao longo da história da fotografia, destacando as diferentes aborda-gens tomadas pelos fotógrafos, mas atravessando os diversos esti-los de um determinado período. Eles nos ajudam a compreender como a inovação e o desenvolvimento tecnológico ajudaram o meio e como mudaram as atitudes em relação a determinados assuntos. Fornecem um registro da maneira como percebemos a nós mesmos e ao mundo que nos rodeia, tanto ambientes natu-rais como urbanos.
TécnicasALFRED STIEGLITZ: “ONDE QUER QUE HAJA LUZ, PODE-SE FOTOGRAFAR.”
Embora a função de uma câmera permaneça a mesma, existe um vasto oceano entre os primeiros equipamentos fotográficos e a complexidade técnica das câmeras de hoje. Esse capítulo mos-tra o desenvolvimento da câmera, das primeiras encarnações e principais componentes até sua crescente portabilidade e uso sofisticado da luz, e o surgimento da tecnologia que não só gra-va uma imagem, mas também pode manipulá-la a ponto de se tornar irreconhecível. Ele destaca o papel individual dos fotó-grafos e técnicos no desenvolvimento de certos elementos, desde a fotografia em preto e branco e a colorida até os mecanismos do obturador e o aparecimento dos dispositivos de carga acoplada. Cada item remete aos principais gêneros, obras e temas aborda-dos anteriormente, destacando o rico histórico do meio.
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Como usar este livroEste livro está dividido em quatro capítulos: Gêneros, Obras, Temas e Técnicas. Cada ca-pítulo pode ser lido independentemente dos outros. A parte central do livro – Obras – apresenta 50 imagens de destaque feitas por
Fatos marcantes
Referências a temas e técnicas
Informações gerais sobre o artista
Principais artistas
Outras obras importantes do artista
fotógrafos consagrados. As referências no rodapé de cada página direcionam o leitor de um capítulo para outro, enquanto os blo-cos de informações incluem fatos marcantes ou biografias.
Artista, método, dimensões e local Data da obra
Referências a movimentos, temas e técnicas
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GÊNEROSMONOCROMÁTICO 12 • PICTORIALISMO 13 • FOTOGRAFIA PURA 14 • RETRATO 15 •
PAISAGEM 16 • FOTOGRAFIA DE RUA 17 • COR 18 • NU 19 • NATUREZA-MORTA 20 •
AUTORRETRATO 21 • ABSTRAÇÃO 22 • VANGUARDA 23 • GUERRA 24 • PROPAGANDA 25
• ETNOGRAFIA 26 • FOTOJORNALISMO 27 • DOCUMENTÁRIO 28 • HUMANISMO 29 •
CIÊNCIA 30 • ARTE 31 • GLAMOUR 32 • POP 33 • SOCIEDADE 34 • TOPOGRAFIA 35
• MODA 36 • CAMPANHA PUBLICITÁRIA 37 • PAPARAZZI 38 • CONCEITUAL 39 •
ENCENADA 40 • PERFORMANCE 41 • ARTE CONTEMPORÂNEA 42 • O SELFIE 43
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12 GÊNEROS
Caracterizado por tons de uma única cor,
“monocromático” geralmente significa pre-
to e branco, que dominava o uso sério do
meio fotográfico até a cor começar a atrair
atenção crítica nos anos 1970.
O fato de só conseguirem capturar o
mundo em preto e branco não constituiu
um obstáculo para o público fascinado pelas
primeiras fotografias. O tom de uma ima-
gem diferia em cada processo, do daguerreó-
tipo ao calótipo (ver pp.191 e 192), enquanto
a cianotipia apresentava uma tonalidade
azul (p.193), e a platinotipia (p.197), como
esse retrato de Aubrey Beardsley feito por
Frederick H. Evans (1853-1943), adiciona-
va brilho. No início do século xx, o preto e
branco convencional tornou-se a regra, com
a proliferação de jornais estabelecendo-o
como representação confiável da realidade.
A fotografia séria, desde o fotojornalis-
mo e os trabalhos documentais até obras
com inclinações mais artísticas, ignorava
os avanços em filme colorido em sua maior
parte. Com o tempo, as revistas começaram
a usar cor, mas a notícia “real” permane-
ceu em preto e branco. Somente na déca-
da de 1970, com o trabalho de fotógrafos
como William Eggleston e Joel Meyerowitz
(n.1938) é que a crítica estabelecida aceitou
a cor como equivalente ao monocromático.
VISTA DA JANELA EM LE GRAS p.46 A TERCEIRA CLASSE p.60 FOTOGRAMA p.84 MATADOR DE POLICIAL p.86 O MOMENTO DECISIVO p.174 DAGUERREÓTIPO p.191 CALÓTIPO p.192
MonocromáticoPRINCIPAIS FOTÓGRAFOS: NICÉPHORE NIÉPCE • ALFRED STIEGLITZ • EDWARD WESTON DOROTHEA LANGE • WEEGEE • SEBASTIÃO SALGADO
Portrait of Aubrey Beardsley, Frederick H. Evans, 1894, cópia em prata coloidal, 14,9 × 10,8 cm, The J. Paul Getty Museum, Los Angeles
FATOS RELEVANTESUma pequena variação no preto e branco convencional foi obtida no século xx com o processo de colorização, que era comumente produzido por meio do uso de papéis de impressão tingidos. Utilizava-se uma única cor, visível nas áreas claras e nos meios-tons de uma imagem revelada. Papéis albuminados em tons sutis de rosa e azul surgiram a partir da década de 1870, e o malva ou rosa estaria disponível em papéis para cópia em prata coloidal uma década mais tarde.
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GÊNEROS 13
O movimento pictorialista marcou um afas-
tamento do documental em direção a uma
disciplina em que as fotografias visam atin-
gir a qualidade estética da pintura.
O movimento, que abrangeu aproxima-
damente os anos de 1880 a 1910, teve sua
perspectiva teórica delineada no livro Pic-
torial Effect in Photography (1869). O autor,
Henry Peach Robinson (1830-1901), sugeria
que, se um fotógrafo fosse um artista ge-
nuíno, a visão do mundo capturada por ele
possuiria mais verdade que qualquer fac-sí-
mile documental. Robinson tolerava o uso
de efeitos ou truques para alcançar essa vi-
são. Essa rebelião contra o dogma da maio-
ria das sociedades de fotografia resultou em
uma série de secessões por parte desses fotó-
grafos artistas, que incluíam em suas fileiras
Robinson, Frank Meadow Sutcliffe, Alfred
Stieglitz, Fred Holland Day (1864-1933),
Heinrich Kühn (1866-1944), Clarence H.
White (1871-1925) e Edward Steichen (1879-
1973). Uma abordagem artística havia sido
adotada por fotógrafos anteriores, como Ju-
lia Margaret Cameron, mas os grupos pic-
torialistas e secessionistas foram o primeiro
movimento coerente a defender a expressão
pessoal do meio.
PictorialismoPRINCIPAIS FOTÓGRAFOS: HENRY PEACH ROBINSON • FRANK MEADOW SUTCLIFFE ALFRED STIEGLITZ • EDWARD STEICHEN • PAUL STRAND • CLARENCE H. WHITE
BEATRICE p.56 OS CATADORES DE LIXO DA PRAIA DE WHITBY p.58 CLIMA p.156 BELEZA p.158 PLATINOTIPIA p.197
FATOS RELEVANTESAlfred Stieglitz desempenhou um papel significativo no movimento pictorialista dos Estados Unidos. Em 1902, ele supervisionou a criação da Photo-Secession e trabalhou diretamente com Edward Steichen para promovê-la. Entretanto, mais tarde se afastaria do movimento.
Quando o trabalho do dia está feito, Henry Peach Robinson, 1877, cópia em papel albuminado e prata, 56 x 74,5 cm, The J. Paul Getty Museum, Los Angeles
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14 GÊNEROS
A imagem mais antiga existente é um exem-
plo da fotografia pura, termo que assumiu
um significado maior quando foi adotado por
um grupo que reagiu contra o pictorialismo.
Foi o crítico japonês criado por alemães
Sadakichi Hartmann quem inventou o
termo “straight photography”. Embora não
fosse um fotógrafo praticante, ele despre-
zava aqueles que procuravam equiparar o
meio à pintura em vez de aceitá-lo em seus
próprios termos. Essa mudança ocorreu à
medida que o modernismo ganhava impul-
so em todas as formas de arte. Nos Estados
Unidos, Alfred Stieglitz, seguido pelos an-
tigos pictorialistas Edward Steichen e Paul
Strand (1890-1976), avançou em direção a
um estilo documental que também abraçou
a abstração. Depois de alguns anos, essa
nova tendência produziu as obras seminais
A terceira classe (p.60), Wall Street, Nova
York (1921) e, mais tarde, Rodas (1939), de
Charles Sheeler (1883-1965). Na Califórnia,
Edward Weston e outros fundaram o Grupo
f/64, que promovia a aplicação da fotografia
pura, empregando câmeras de grande for-
mato sem qualquer efeito e obtendo cópias
nítidas e focalizadas. Sua série de pimentões
exaltava a beleza e a pureza das formas por
meio da abstração (ver p.22).
A TERCEIRA CLASSE p.60 PIMENTÃO (Nº 30) p.74 LINHAS DE TRANSMISSÃO NO DESERTO DE MOJAVE p.90 MODERNIDADE p.176
Fotografia puraPRINCIPAIS FOTÓGRAFOS: ALFRED STIEGLITZ • PAUL STRAND • ANSEL ADAMS EDWARD WESTON • WILLARD VAN DYKE • IMOGEN CUNNINGHAM
FATOS RELEVANTESO Grupo f/64 era mais do que um coletivo de fotógrafos com ideias afins. Formado no apartamento-galeria de Willard Van Dyke (1906-1986) em Oakland, Califórnia, ele assumiu uma posição política para promover uma estética modernista. A primeira exposição do grupo foi realizada em 15 de novembro de 1932 e apresentou o trabalho dos fundadores Ansel Adams, Imogen Cunningham (1883-1976), John Paul Edwards (1884-1968), Sonya Noskowiak (1900-1975), Henry Swift (1891-1962), Edward Weston e Van Dyke.
Olhando para o lago em direção às montanhas, “Fim de tarde, Lago McDonald, Glacier National Park”, Montana, Ansel Adams, 1941-1942, Arquivo Nacional, Washington D.C.
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GÊNEROS 15
Um ano depois que Louis Daguerre (1787-
1851) produzu uma imagem de uma avenida
parisiense, os retratos fotográficos começa-
ram a aparecer, embora exigissem muita
paciência por parte da pessoa fotografada.
Em outubro de 1839, Robert Cornelius
(1809-1893) fez um autorretrato. Logo foi
seguido por John William Draper (1811-
1882), que produziu um retrato de sua irmã.
As duas fotos exigiam que o modelo perma-
necesse absolutamente imóvel por mais de
um minuto. À medida que as objetivas se
tornavam mais sofisticadas e o tempo de ex-
posição diminuía, a qualidade dos retratos
melhorava. Julia Margaret Cameron usava
uma câmera de grande formato para pro-
duzir retratos evocativos que anunciavam
o estilo pictorialista. Contemporâneos criti-
caram suas gafes técnicas, em forte contras-
te com o trabalho de Nadar, que fez avançar
significativamente o potencial do retrato
capturando aspectos da personalidade de
seus modelos e evitando a postura rígida
dos retratos anteriores. A rainha Vitória foi
regularmente fotografada. A fotografia foi
usada por Hollywood para promover as es-
trelas de cinema e suas vidas aparentemente
glamourosas, e se tornou um elemento bá-
sico da indústria da moda; ela é agora uma
prática diária nas mídias sociais.
RetratoPRINCIPAIS FOTÓGRAFOS: NADAR • CECIL BEATON • YOUSUF KARSH • ARNOLD NEWMAN EVE ARNOLD
BEATRICE p.56 RETRATO DE MÃE p.68 MÃE MIGRANTE, NIPOMO, CALIFÓRNIA p.80 MALCOLM X p.106 CELEBRIDADE p.167 PODER p.180
Abraham Lincoln, retrato em três quartos, sentado e segurando seus óculos e um lápis, Alexander Gardner, 1865, Biblioteca do Congresso, Washington D.C.
FATOS RELEVANTESEsse retrato de Abraham Lincoln feito em 1865 por Alexander Gardner (1821-1882) não foi a primeira fotografia de um presidente dos Estados Unidos em exercício, mas continua a ser uma das mais icônicas. Gardner fotografou Lincoln em sete ocasiões, incluindo seu funeral. Também foi o autor dos dois volumes de Gardner’s Photographic Sketch Book of the War (1866; ver p.52).
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16 GÊNEROS
Depois de refletir inicialmente o romantis-
mo da pintura do século xix, a fotografia
de paisagem se diversificou para englobar o
estudo científico das formações terrestres e
o impacto humano sobre o meio ambiente.
Tanto J.M.W. Turner (1775-1851) como
John Constable (1776-1837) estavam vivos
nos primórdios da fotografia, e o modo
como abordaram a paisagem se reflete nas
técnicas pictóricas dos primeiros fotógrafos
que se propuseram a capturar o mundo na-
tural. Se os pictorialistas estavam interessa-
dos em adotar elementos das belas-artes em
seus trabalhos, muitos fotógrafos documen-
tais norte-americanos da década de 1860
procuravam capturar uma visão precisa da
vasta paisagem do país. Em 1861, Carleton
Watkins (1829-1916) fotografou o parque
Yosemite, e assim definiu o padrão. Du-
rante a década seguinte, foi produzido um
extraordinário corpo de trabalho, boa parte
a partir de estudos geológicos que tinham
como destaque as fotografias de William
Henry Jackson e Timothy H. O’Sullivan. A
incorporação da abstração na obra de Alfred
Stieglitz e Edward Weston adicionou ambi-
guidade à forma e ao volume, e junto com os
pioneiros do século xix estabeleceu o padrão
para a fotografia de paisagem.
LINHAS DE TRANSMISSÃO NO DESERTO DE MOJAVE p.90 DESERTO DE SAL Nº 13 p.152 CLIMA p.156 NATUREZA p.163 FOTOGRAFIA AÉREA p.203
PaisagemPRINCIPAIS FOTÓGRAFOS: CARLETON WATKINS • WILLIAM HENRY JACKSON TIMOTHY H. O’SULLIVAN • EDWARD WESTON • ANSEL ADAMS
FATOS RELEVANTESA intenção de William Henry Jackson em suas fotografias de Yellowstone era persuadir o Congresso dos Estados Unidos a preservar a área para as gerações futuras, o que aconteceu em 1872, tornando a área o primeiro parque nacional do país. O trabalho de Jackson foi continuado por uma longa lista de fotógrafos norte-americanos preocupados com o impacto da humanidade sobre o meio ambiente. Em 1861, Carleton Watkins (1829-1916) realizou um vasto estudo do parque Yosemite, empregando uma câmera enorme de placa de vidro para capturar imagens deslumbrantes da paisagem. Os pioneiros posteriores incluem o eternamente popular Ansel Adams, Eliot Porter (1901-1990), Philip Hyde (1921-2006), Robert Glenn Ketchum (n.1949) e Edward Burtynsky.
Pedra de Agassiz e Cataratas de Yosemite vistas a partir de Union Point, Carleton Watkins, 1878, 54,4 × 39,2 cm, The J. Paul Getty Museum, Los Angelesw
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GÊNEROS 17
Os fotógrafos levavam suas câmeras cada
vez mais portáteis para as ruas das cidades
e vilarejos do mundo para capturar a vida,
muitas vezes de forma inesperada.
O fluxo de pessoas para áreas metropoli-
tanas no final do século xix e início do sécu-
lo xx deu aos fotógrafos oportunidades ricas
de registrar a ebulição da atividade humana.
Limpadores de chaminés andando (1851) de
Charles Nègre (1820-1880) é um exemplo
inicial, mas sua abordagem prosaica apon-
tava para o trabalho posterior de Jacob Riis
(1849-1914), Eugène Atget (1857-1927), Ali-
ce Austen (1866-1952) e Lewis Hine. Paris
foi capturada de dia e de noite por Brassaï,
depois por Henri Cartier-Bresson (1908-
2004) e Robert Doisneau, cuja fotografia
humanista influenciou as gerações posterio-
res. Em Nova York, Saul Leiter (1923-2013)
empregou a cor sutilmente, muitas vezes
fotografando através de vidro ou com obje-
tos desfocados no primeiro plano. O livro de
Robert Frank The Americans (1958) trans-
formou a fotografia de rua, apresentando
uma visão mais pessoal de um mundo. No
ano seguinte, Shigeichi Nagano (n.1925)
começou a documentar a transformação
social e infraestrutural de Tóquio. Gary Wi-
nogrand (1928-1984), Diane Arbus (1923-
1971) e Martin Parr se seguiram, atenuando
a linha entre fotografia de rua e vernacular.
Fotografia de ruaPRINCIPAIS FOTÓGRAFOS: JACOB RIIS • EUGÈNE ATGET • BRASSAÏ • HENRI CARTIER-BRESSON VIVIAN MAIER • SAUL LEITER • ROBERT FRANK • DIANE ARBUS • MARTIN PARR
O BEIJO NO HÔTEL DE VILLE p.96 DESFILE, HOBOKEN, NOVA JERSEY p.98 NEW BRIGHTON, INGLATERRA p.126 VIADUTO p.146 O MOMENTO DECISIVO p.174 VERNÁCULO p.183 CULTURA JOVEM p.186 SLR p.208
FATOS RELEVANTESAdmirado pelo príncipe Albert, Camille-Léon-Louis Silvy (1834-1910) era fotógrafo de retratos e um dos primeiros fotógrafos de rua. Nascido em Paris, ele aprendeu sua arte com o conde Olympe Aguado (1827-1894), um acólito de Gustave Le Gray (1820-1884). Em 1858, Silvy mudou-se para a Inglaterra e criou uma série de imagens que capturavam a vida nas ruas de Londres.
Crepúsculo, Camille Silvy, cópia em papel albuminado e prata, 27,4 × 22 cm, The J. Paul Getty Museum, Los Angeles
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18 GÊNEROS
Inicialmente, a fotografia em cores enfren-
tou uma luta árdua contra críticos que não
viam nela nenhum valor artístico, até terem
sua opinião alterada por uma nova geração
de fotógrafos.
As primeiras tentativas de fotografia
em cores, como a fita tartã de James Clerk
Maxwell (1831-1879) ou a vista de Agen, na
França, feita por Louis Arthur Ducos du
Hauron (1837-1920) em 1877, foram ex-
perimentos rudimentares. O autocromo e
o Kodachrome perceberam plenamente o
potencial do filme colorido, mas o estab-
lishment crítico e a maioria dos fotógrafos
se recusaram a aceitar a inovação, conside-
rando-a uma distração em relação à com-
posição de uma imagem e ao uso da luz.
Alguns viram nisso pouco mais que um
truque, melhor usado pelos turistas que por
fotógrafos sérios. Ferenc Berko (1916-2000)
discordou e incorporou-o ao seu trabalho.
Saul Leiter usou a cor de forma evocativa
em suas representações de Nova York nos
anos 1950. O surgimento de Marie Cosin-
das (1925-2017), Joel Meyerowitz e William
Eggleston transformou a opinião crítica, e
a fotografia em cores agora está em base de
igualdade com o preto e branco.
A ENTRADA DA PIRÂMIDE DE MIQUERINOS p.62 ALGIERS, LOUISIANA p.114 SEM TÍTULO Nº 96 p.122 CIANOTIPIA p.193 COLORIZAÇÃO MANUAL p.198 COR p.199 KODACHROME p.207
Cor PRINCIPAIS FOTÓGRAFOS: WILLIAM EGGLESTON • MARIE COSINDAS • JOEL MEYEROWITZ STEVE MCCURRY • MARTIN PARR • ANDRES SERRANO • NOBUYOSHI ARAKI
FATOS RELEVANTESEm 1962, Marie Cosindas fez parte do seleto grupo convidado pelo fundador da Polaroid Corporation, Edwin H. Land, para experimentar o novo filme de revelação instantânea da empresa. Anteriormente, a Cosindas tinha utilizado somente preto e branco. Abraçando a nova tecnologia, ela passou a explorar o potencial da cor na fotografia de belas- -artes. Sua exposição individual no MoMA em Nova York, em 1966, foi uma das primeiras exposições de fotografia em cores em um museu.
A entrada da pirâmide de Miquerinos, Friedrich Adolf Paneth, 1913, autocromo, Royal Photographic Society, Reino Unido
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GÊNEROS 19
Inspirado na pintura, o nu fotográfico
englobou o erotismo, a anatomia e a por-
nografia, bem como o estudo da forma e a
identidade de gênero.
Em nenhuma outra parte a qualidade
pictórica do nu fotográfico é mais evidente
do que na série de estudos realizados por
Eugène Durieu (1800-1874) em 1854 para o
pintor Eugène Delacroix (1798-1863), ou em
Académie (1900) de Robert Demachy (1859-
1936), ao estilo de Degas, em que a expressão
aparentemente desinteressada de sua jovem
modelo se distancia e atrai a curiosidade
do observador ao mesmo tempo. A série
“Orfeu” (1907) de Frederick Holland Day
(1864-1933) foi o epítome do pictorialismo
em sua evocação dos personagens clássicos,
um contraste perfeito com os movimentos
emergentes no início do século xx que deu
uma qualidade totalmente diferente às re-
presentações do nu. Man Ray (ver p.66) e
André Kertész fotografavam seus modelos
através do prisma do surrealismo, e isso teve
continuidade por Bill Brandt (1904-1983)
em sua série “Perspectiva de nus” (1961). Na
América, Alfred Stieglitz e Edward Weston
empregaram a abstração em seus estudos da
forma, enquanto Ruth Bernard (1905-2006)
se destaca como uma das poucas fotógrafas
conhecidas por estudos de nus, explorando
a forma feminina a partir de uma perspec-
tiva menos sexualizada que a da maioria de
seus colegas homens.
NuPRINCIPAIS FOTÓGRAFOS: ROBERT DEMACHY • MAN RAY • ANDRÉ KERTÉSZ ALFRED STIEGLITZ • EDWARD WESTON • RUTH BERNARD • NOBUYOSHI ARAKI
O VIOLINO DE INGRES p.66 LUTZ & ALEX SENTADOS NAS ÁRVORES p.134 BELEZA p.158 O SURREAL p.162 CELEBRIDADE p.167 GÊNERO p.178
Depois do banho, mulher secando as costas, Edgar Degas, 1896, cópia em prata coloidal, 16,5 × 12 cm, The J. Paul Getty Museum, Los Angeles
FATOS RELEVANTESNo fim do século xix, Edgar Degas (1834-1917) tornou-se um defensor apaixonado da fotografia. A maioria de suas imagens foi feita à noite, muitas vezes depois de um jantar de gala, usando a luz de um lampião para criar a atmosfera e enfatizar o psicológico sobre o físico. Sua paixão pelo meio pode ter sido breve, mas facilitou comparações com seu trabalho em outras formas de arte.
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20 GÊNEROS
Nunca uma mera coleção de objetos, uma
natureza-morta podia representar rique-
za ou posição social e, ao mesmo tempo,
destacar inovações tecnológicas e refletir
mudanças de atitude em relação à forma e
à representação.
Derivada da palavra holandesa stilleven,
a natureza-morta é reconhecida como o
estudo visual de objetos cotidianos, sejam
da natureza ou de um ambiente domésti-
co. Roger Fenton, que trabalhava em um
catálogo fotográfico do acervo do Museu
Britânico, mostrou sua habilidade em ilu-
minação e composição na obra Natureza-
-morta com frutas e decantador (p.50). Seu
trabalho foi equiparado ao dos franceses
Charles Aubry (1811-1877), Adolphe Braun
(1812-1877) e Louis Ducos du Hauron. O
barão Adolf de Meyer (1868-1946) adotou
uma abordagem mais pictórica de seus te-
mas, como em Vidro e sombras (1905), que
rapidamente contrastou com o surgimento
de novos movimentos artísticos. No mo-
dernismo, os fotógrafos exploram as for-
mas por meio da abstração. Jaromír Funke
(1896-1945) incorporou essa estética em
obras como A espiral (1924), enquanto O
garfo de André Kertész (p.70) e Pimentão
(nº 30) de Edward Weston (p.74) tornaram
objetos comuns estranhos visualizando-os
de ângulos incomuns.
O GARFO p.70 PIMENTÃO (Nº 30) p.74 AMAZON p.150 O SURREAL p.162 CONSUMISMO p.169 TEXTURA p.177
Natureza-mortaPRINCIPAIS FOTÓGRAFOS: ROGER FENTON • LOUIS DUCOS DU HAURON • JAROMÍR FUNKE ANDRÉ KERTÉSZ • EDWARD WESTON • ROBERT MAPPLETHORPE
Objetos de Morandi, Garrafas brancas, Joel Meyerowitz, 2015
FATOS RELEVANTESUma comparação fascinante entre a pintura e a fotografia de natureza-morta pode ser encontrada nos estudos do ateliê de Giorgio Morandi (1890-1964) em Bolonha, feitos pelo pioneiro da fotografia colorida Joel Meyerowitz. O perfeccionismo de Morandi, que passava meses trabalhando em cada pintura, é correspondido nas imagens de Meyerowitz, cuja composição é produzida com atenção a linhas, texturas e sombras.
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GÊNEROS 21
Os fotógrafos, assim como os pintores antes
deles, criavam autorretratos. Alguns ajuda-
ram a definir o formato, antes que o selfie o
tornasse uma atividade cotidiana.
Os autorretratos variam do convencio-
nal e acidental ao divertido e provocativo.
O primeiro retrato fotográfico, um autor-
retrato de 1839 feito por Robert Cornelius,
é convencional comparado ao trabalho de
fotógrafos posteriores como El Lissitzky
(1890-1941), cujo estudo a partir de 1924 é
uma série complexa de imagens sobrepos-
tas que refletem o etos dos construtivistas
russos. O melhor exemplo do autorretrato
no século xix foi o de Nadar, que se foto-
grafou inúmeras vezes, ostentando a moda
do dia, vestindo uma série de disfarces ou
retratado contra uma variedade de cená-
rios. Sua imensa habilidade é evidente em
todos eles. Claude Cahun (1894-1954),
muitas vezes auxiliado por seu parceiro e
colega artista Marcel Moore (1892-1972),
também adotou vários papéis na fren-
te da câmera. Seu objetivo era explorar
as convenções e a identidade de gênero.
Cindy Sherman adotou uma abordagem
semelhante (ver p.122), enquanto Andy
Warhol explorou seu relacionamento com
celebridades ao longo de duas décadas de
autorretratos.
AutorretratoPRINCIPAIS FOTÓGRAFOS: NADAR • EL LISSITZKY • CLAUDE CAHUN • ANDY WARHOL CINDY SHERMAN
AUTORRETRATO p.48 AUTORRETRATO TRAVESTIDO p.120 SEM TÍTULO Nº 96 p.122 O SURREAL p.162 CELEBRIDADE p.167 GÊNERO p.178
Autorretrato com entregador de jornal, Lewis W. Hine, 1908, cópia em prata coloidal, 13,8 × 11,8 cm, The J. Paul Getty Museum, Los Angeles
FATOS RELEVANTESAlguns fotógrafos estão presentes em seus trabalhos por meio de um truque de luz ou uso de espelho. Man Ray, Diane Arbus, Nan Goldin, Lee Friedlander (n. 1934), Eve Arnold e Weegee aparecem em autorretratos por meio do uso de espelhos. Sombras também permitem que os fotógrafos estejam presentes em uma foto. Lewis Hine apareceu em sua fotografia de um entregador de jornal em 1908, enquanto Claude Monet (1840-1926) foi registrado somente na parte inferior do quadro em sua obra Sombra no lago de nenúfares (1920).
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22 GÊNEROS
Coincidindo com o surgimento do moder-
nismo, a fotografia abstrata enfatizou as
formas em relação ao figurativo e foi uma
reação contra a tendência pictorialista.
As mudanças rápidas ocorridas na virada
do século xx resultaram em uma reavaliação
da arte e de seu papel na sociedade. Vários
fotógrafos importantes que se afastaram do
realismo em direção à arte no final do século
xx retornaram à fotografia pura para ex-
plorar as formas por meio da abstração. Os
primeiros experimentos com fotomontagem
(ver p.212) brincavam com as formas, mas,
na fotografia convencional, a abstração con-
solidou-se por meio de obras como Padrões
simétricos de formas naturais (1914) de Erwin
Quedenfeldt (1869-1948) e Wall Street, Nova
York de Paul Strand. A última imagem fez
parte da exposição “Paul Strand, por volta
de 1916”, um marco na fotografia moder-
nista. Artistas tão diversos como László
Moholy-Nagy, André Kertész, Curtis Moffat
(1887-1949) e Man Ray seguiram o exemplo,
enquanto nos Estados Unidos Alfred Stie-
glitz examinou formações de nuvens duran-
te uma década e Edward Weston explorou a
angularidade e a textura em seus estudos de
natureza-morta e nus.
PIMENTÃO (Nº 30) p.74 FOTOGRAMA p.84 O SURREAL p.162 MODERNIDADE p.176 CIANOTIPIA p.193 FOTOGRAMA p.201
AbstraçãoPRINCIPAIS FOTÓGRAFOS: ALFRED STIEGLITZ • PAUL STRAND • ANDRÉ KERTÉSZ • MAN RAY • LÁSZLÓ MOHOLY-NAGY • EDWARD WESTON • JAN GROOVER
Árvore com cachorro, Tina Modotti, 1924, cópia em paládio, 8,3 × 11,9 cm, The J. Paul Getty Museum, Los Angeles
FATOS RELEVANTESO segredo do trabalho de muitos fotógrafos que exploraram a abstração foi o uso da justaposição. Os fotogramas eram eficazes quanto à maneira como cada objeto era disposto no papel sensível à luz, enquanto Óculos e cachimbo de Mondrian (1926) de André Kertész tornou-se uma série de linhas contidas na geometria nítida do canto de uma mesa. O trabalho de Jan Groover (1943-2012) foi mais longe, muitas vezes negando o espaço visual para identificar os objetos dentro de um quadro.
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GÊNEROS 23
Nas primeiras décadas do século xx, a foto-
grafia se dividiu em diferentes movimentos,
refletindo as mudanças políticas e culturais
nas artes e na sociedade em geral.
Se a trajetória da fotografia no século
xix esteve sempre a um passo dos principais
movimentos artísticos da época, ela colidiu
com eles a partir do início do século xx. O
envolvimento do cubismo com a forma
mecânica insinuou o papel que a fotogra-
fia logo desempenharia na vanguarda, e os
movimentos dadaísta e surrealista viram o
potencial desse meio vigoroso. Na República
de Weimar, a Staatliches Bauhaus abraçou a
fotografia a pedido de László Moholy-Nagy,
que dominava a paisagem cultural com seus
fotogramas e fotos angulares de paisagens.
Na União Soviética, a fotografia estava na
vanguarda de um movimento que impul-
sionou mudanças radicais na sociedade.
Alexander Rodchenko abandonou a pintura
para desenvolver um estilo fotográfico que,
como o de Moholy-Nagy, abraçou perspecti-
vas oblíquas, muitas vezes de cima. Mas seu
trabalho, juntamente com o de El Lissitzky,
Gustav Klutsis (1895-1938) e Max Penson
(1893-1959), que visava capturar o ímpeto
da vida moderna, foi comprometido pelo
regime brutal de Stálin.
VanguardaPRINCIPAIS FOTÓGRAFOS: MAN RAY • LÁSZLÓ MOHOLY-NAGY • ALBERT RENGER-PATZSCH ALEXANDER RODCHENKO • EL LISSITZKY • GUSTAV KLUTSIS
O VIOLINO DE INGRES p.66 RETRATO DE MÃE p.68 FOTOGRAMA p.84 O SURREAL p.162 MODERNIDADE p.176 FOTOMONTAGEM p.212
Film und Foto (Exposição internacional da Confederação da indústria Alemã em Stuttgart), Willi Ruge, 1929, litografia offset, 84 × 58,5 cm, MoMA, Nova York, EUA
FATOS RELEVANTES“Film und Foto” é considerada a primeira grande exposição de fotografia europeia e americana, cujos curadores foram László Moholy-Nagy e Sigfried Giedion (1888-1968). O icônico cartaz do evento foi desenhado por Jan Tschichold (1902-1974), que se tornou o principal defensor do design modernista. Inspirado por uma exposição de 1923 feita pela Bauhaus de Weimar, seu trabalho teve enorme influência no desenvolvimento da tipografia.
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