Iane Barroncas Gomes - professoraibg.files.wordpress.com · Fatores que condicionam o surgimento da...

57
Modelos de recuperação de áreas degradadas Iane Barroncas Gomes Engenheira Florestal Professora Assistente CESIT-UEA O que escolher fazer de acordo com a situação da área e o objetivo da recuperação

Transcript of Iane Barroncas Gomes - professoraibg.files.wordpress.com · Fatores que condicionam o surgimento da...

Modelos de recuperação de áreas degradadas

Iane Barroncas GomesEngenheira Florestal

Professora Assistente CESIT-UEA

O que escolher fazer de acordo com a situação da área e

o objetivo da recuperação

Conteúdo

• Modelos de recuperação de áreas degradadas:

• Indução do banco de sementes e condução da regeneração natural

• Adensamento ou enriquecimento da mata em recuperação

• Plantios

• Plantios homogêneos

• Plantios mistos

• Sistemas agroflorestais

Como saber qual modelo de recuperação a ser usado?

SITUAÇÃO DA

ÁREA A SER

RECUPERADA

POSSUI FRAGMENTOS

DE VEGETAÇÃO E

BANCO DE SEMENTES?SIM

O OBJETIVO É

RESTAURAÇÃO?SIM

- Condução da

regeneração natural

- Adensamento e

enriquecimento

NÃO

- Qualquer tipo de plantio pode ser

realizado de acordo com o objetivo da

recuperação

- Não é recomendável desmatar para fazer

plantio homogêneo

Histórico

de uso do

solo

Final de degradação = Corte raso Pastagem

SITUAÇÃO DA

ÁREA A SER

RECUPERADA

POSSUI FRAGMENTOS

DE VEGETAÇÃO E

BANCO DE SEMENTES?NÃO

O OBJETIVO É

RESTAURAÇÃO?SIM

- Empréstimo de

serapilheira e

banco de sementes

de outras

localidades

- Plantios com alta

diversidade

NÃO

- Qualquer tipo de plantio pode ser

realizado de acordo com o objetivo da

recuperação

- Sistemas Agroflorestais ou outros

Como saber qual modelo de recuperação a ser usado?

Bases teóricas: dinâmica das florestas tropicais

•As bases conceituais para a restauração ecológica em

florestas tropicais se concentram em três aspectos

principais:

• A sucessão secundária

• A biodiversidade

• As relações entre plantas e animais

Bases teóricas: dinâmica das florestas tropicais

• A restauração de uma área degradada é fundamentada na

compreensão de processos da dinâmica da floresta, sobretudo

os relacionados à regeneração natural

• O grande objetivo da restauração é na verdade o

restabelecimento desses processos

Revisão – dinâmica de sucessão florestal

• Abertura de clareira pela queda natural ou acidental de uma

árvore

• Recolonização da clareira por meio de sucessão secundária

(ocupação da clareira na floresta primária por uma nova

vegetação – secundária)

• Processo lento e gradual

descontinuidades existentes na estrutura do dossel de uma floresta causadas pela

queda de uma ou várias árvores ou de parte dela(s), cujas condições ambientais

diferem daquelas do dossel fechado e cujos recursos, particularmente luz, deixam de

ser controlados pelos indivíduos do dossel dominante.

Clareiras

Fonte: Longman e Jenik (1974)

Classificação das clareiras

NATURAIS

ARTIFICIAIS

➢ temperatura do solo;

➢ umidade relativa;

➢ umidade de superfície do solo;

➢ decomposição e disponibilidade de nutrientes.

➢ quantidade e mudança da qualidade da luz;

Quais as características predominantes no interior de clareiras??

Tamanho de clareiras x Grupo de espécies (ecológicos)

Pequenas Grandes

• Espécies de estádios mais

iniciais da sucessão

• Espécies típicas dos estádios

tardios da sucessão

• Pioneiras• Clímax

Swaine e Whitmore (1988) e Whitmore (1989, 1991)

Revisão – dinâmica de sucessão florestal

• A composição de espécies muda durante a sucessão

• Estas são divididas em grupos ecológicos ou sucessionais:

• Pioneiras e secundárias iniciais

• Secundárias tardias e clímaxes

Classificação de Budowski (1965)

➢ Fase 1 (até 4 anos) – herbáceas e arbustos pioneiros

➢ Fase 2 (4-7 anos) – somente espécies heliófilas, povoamentos homogêneos

(espécies agressivas), dois estratos na floresta

➢ Fase 3 (a partir de 8 anos) – quase desaparecimento das espécies heliófilas,

aumento da competição, aumento das espécies umbrófilas

➢ Floresta de transição (15-20 anos) – espécies umbrófilas e heliófilas, dois

estratos

➢ Floresta madura (60-80 anos) – aumento das espécies umbrófilas, aumento da

diversidade

Fases da sucessão

Banco de sementes

• Em áreas não muito perturbadas após a degradação, ou que

possuem fragmentos de vegetação próximos, existem

sementes “armazenadas” em diferentes camadas do solo,

formando o chamado banco de sementes

➢ banco de sementes

➢ banco de plântulas

➢ rebrota de tecidos vegetais

➢ sementes recém-dispersas

Fatores que condicionam o surgimento da vegetação secundária

5 anos mais tarde

Condução da regeneração natural

• Consiste num conjunto de medidas a serem adotadas no

sentido de minimizar fatores que retardam a regeneração

natural como: incêndios, ataques de formigas, uso

indiscriminado de produtos químicos e outros

• Adota métodos que acelerem a recuperação natural da própria

floresta como plantios de enriquecimento

Indicação de uso do enriquecimento

• Visa aumentar a diversidade vegetal de uma área onde já

existam indícios de regeneração natural, como as capoeiras

• Pode ser feito com o plantio ou semeadura de espécies que

atraiam animais ou que tenham potencial econômico

• O plantio deve usar preferencialmente espécies nativas locais

Enriquecimento de áreas em recuperação

Enriquecimento de áreas em recuperação

Enriquecimento de áreas em recuperação

Moraes et al. 2013

Critérios de seleção das espécies*

• Devem ser nativas da região onde será feita a

recuperação

• Ter crescimento rápido ao ponto de combater as invasoras

• Produzir frutos em grande quantidade que atraiam fauna

• Devem ser promotoras de interações ecológicas

específicas

Produção de mudas*

Aula subsequente

Plantio de espécies arbóreas

• Plantios homogêneos

• Uso de uma única espécie para a composição do reflorestamento

• Normalmente com fins comerciais

• Plantios mistos

• Catalisadores de sucessão ecológica

• Uso de múltiplas espécies

• Pode ter fins comerciais ou não

Preparo da área para o plantioSituação comum a qualquer tipo de plantio

• Abertura de aceiros e instalação de cercas

• Objetivo: prevenção de incêndios

• Os aceiros devem ter pelo menos 5 metros de largura contornando a área de

plantio

• Exigem manutenção para que estejam sempre limpos

• Após certo nível do crescimento das mudas os aceiros também devem ser

revegetados

• As cercas são necessárias quando há risco de invasão de animais

Preparo da área para o plantioSituação comum a qualquer tipo de plantio

• Controle de formigas

• O controle de formigas cortadeiras deve ser feito desde a roçada para

limpeza da área até a formação do plantio, com o uso de iscas,

seguindo suas especificações técnicas

28

4. Controle de formigas:

Implantação de povoamentos florestais

➢ combater os

principais gêneros de

formigas cortadeiras

que atacam plantios

florestais.

• 20 sps e 9 subespécies -

Acromyrmex.

• 10 sps e 3 subespécies –

Atta.

29

4. Controle de formigas:

Amostragem:

Implantação de povoamentos florestais

Preparo da área para o plantioSituação comum a qualquer tipo de plantio

• Locação do plantio

• O sistema de alinhamento

pode ser em esquadria

(quadrado ou retângulo)

para terrenos planos ou em

quincôncio (triângulo) para

áreas em declive

Plantio em declive (castanheira)

Fazenda Aruanã – Itacoatiara, Am

Preparo da área para o plantioSituação comum a qualquer tipo de plantio

• Espaçamento

• Os espaçamentos mais comumente utilizados já são tradicionalmente

conhecidos (Tabela)

• Os aspectos que devem auxiliar na escolha do espaçamento são,

principalmente, o grau de degradação da área e a disponibilidade de

recursos (financeiro, mão-de-obra, etc.)

Outros espaçamentos podem ser adotados para

se adaptar a situações específicas

7. Espaçamento:

✓ características ecofisiológicas da espécie

✓ qualidade do sítio

✓ objetivos do plantio

✓ qualidade e volume esperados de madeira

✓ possibilidades de manutenção

✓ riscos de erosão

✓ número de cortes previstos

Implantação de povoamentos florestais

✓ Propiciar a cada planta área suficiente para o

desenvolvimento do seu sistema radicular e aéreo.

Preparo da área para o plantioSituação comum a qualquer tipo de plantio

• Abertura de covas

• O tamanho da cova varia de acordo com as condições do solo

• O tamanho mínimo recomendado é de 40 cm x 40 cm x40 cm

• Outros tratos devem ser aplicados conforme as características físicas do

solo

Preparo da área para o plantioSituação comum a qualquer tipo de plantio

• Adubação

• Em áreas degradadas é raro encontrar solos com disponibilidade

adequada de nutrientes

• A análise do solo ajuda bastante, mas o desconhecimento sobre as

exigências nutricionais das espécies não permite uma recomendação de

adubação precisa

Preparo da área para o plantioSituação comum a qualquer tipo de plantio

• Adubação

• De forma generalista, recomenda-se:

• 200 g de calcário dolomítico por cova

• Entre 150 g e 200 g de superfosfato simples

• Entre 30 g e 40 g de cloreto de potássio

• A adubação deve ser feita com cerca de 30 dias antes do plantio

• Outra possibilidade é um adubo composto de 4-14-8 na quantia de 150 g

por cova

Preparo da área para o plantioSituação comum a qualquer tipo de plantio

• Adubação

• Se for optado por utilizar adubação orgânica, o recomendável é de 5 a

10 litros de composto bem curtido por cova

• Ou mesmo espalhar o composto entre as linhas

Instalação do plantio

• Deve ser feito preferencialmente no início do período chuvoso

• Especial atenção deve ser dada às mudas produzidas em sacos,

quanto às condições das raízes

• O plantio deve ser feito abrindo uma coveta na cova

anteriormente preparada, ficando o colo da muda ao nível da

superfície do solo

Plantio de ingá

Experimento RAD-Balbina_Pres.Figueiredo

Eng. Roberto Jaquetti

Manutenção do plantio

• Capinas e roçadas

• As capinas de manutenção devem eliminar as plantas daninhas que

podem provocar o abafamento ou a excessiva competição

• A capina ou coroamento com enxada deve ser feita em um raio de 50

cm em torno da muda

• A primeira capina deve ser feita de 30 a 40 dias após o plantio

Monitoramento dos plantios

• O monitoramento visa acompanhar a evolução e medir o

sucesso dos plantios na restauração das áreas degradadas

• Itens passíveis de monitoramento:

• Sobrevivência das mudas – contagens periódicas

• Crescimento das mudas – medidas biométricas

• Controle de plantas invasoras – eliminação gradativa

• Recrutamento de plântulas – surgimento de novas espécies por sucessão

• Presença da fauna – tocas, abrigos, pegadas, etc

Problemas a serem monitorados após o plantio

• Ataques de pragas

• Queimaduras de sol nas folhas das mudas

Ataque de praga

Queimaduras de sol

Plantio homogêneo de Mogno

PIF Amaggi – Itacoatiara, Am

Plantio misto (mogno + laranja)

Fazenda Sakai – Itacoatiara, Am

Aspectos Silviculturais: Plantios mistos

Como escolher as espécies? - critério ecológico

Tolerantes

Inibidoras

Facilitadora

Escolhas de espécies? - critério fisiológico

Capacidade

fotossintéticaEstresse

hídrico

Exigências nutricionais

Critério de escolha de Espécies

Inga edulis

-(Inga-de-metro)

-Família - Mimosaceae

Iryanthera macrophyla

-(Ucuúba-vermelha)

-Família - Myristicaceae

ECOFISIOLÓGICO

ECOLÓGICO

Densidade relativaVISMIA

INGA

Tolerante ao estresse, eficiência

fotossintética, baixa mortalidade

Indutora da sucessão

florestal, competidor

superior, interações

com outras espécies

vegetal e animal

Sistemas Agroflorestais

SISTEMA SILVI-AGRÍCOLA - É a integração simultânea ou sequêncial de árvores e cultivos agrícolas.

Serviços prestados pelas árvores de freijó e ingá:

1 – Absorção de nutrientes do solo pelas raízes profundas;

2 – Proteção do solo contra o impacto direto das chuvas

3 – Formação de liteira na camada superficial pela queda de biomassa fresca;

4 – Forrageamento de abelhas pelo néctar e pólen;

5 – Aproveitamento dos ramos de ingá como lenha;

6 – Extração e venda da madeira de freijó (que é valiosa).

O componente florestal é obrigatório e sem a presença de árvores não se pode designar “sistema

agroflorestal“.

SAF consorciado com ingá (I), bananeira

(B), freijó (F) e cacau (C)

VANTAGENS DOS SAFs

1. Intensifica o uso da área com maior possibilidade de renda e gera produtospara subsistência.

2. Melhora a qualidade do solo e combate a erosão.

3. Maior eficiência na ciclagem de nutrientes.

4. Diversificação da produção, e melhoria na dieta alimentar.

5. Produzem por mais tempo, ou por longos períodos.

6. Melhor distribuição de mão-de-obra.

7. Os consórcios geram produtos diversificados, com menor risco de mercado epragas e doenças.

8. Melhores condições de produção decorrentes do consórcio de espécies.

9. Constituição de capital “ em pé “ (madeira) para emergências.

10. Ajudam a manter a fauna e facilita a caça racional.

11. Uma vez estabelecidos, certos SAF´s produzem sem exigir muita mão-de-obra em tarefas de tratos culturais e manejo.

Resumo

SITUAÇÃO DA

ÁREA A SER

RECUPERADA

POSSUI FRAGMENTOS

DE VEGETAÇÃO E

BANCO DE SEMENTES?SIM

O OBJETIVO É

RESTAURAÇÃO?SIM

- Condução da

regeneração natural

- Adensamento e

enriquecimento

NÃO

- Qualquer tipo de plantio pode ser

realizado de acordo com o objetivo da

recuperação

- Não é recomendável desmatar para fazer

plantio homogêneo

Resumo

SITUAÇÃO DA

ÁREA A SER

RECUPERADA

POSSUI FRAGMENTOS

DE VEGETAÇÃO E

BANCO DE SEMENTES?NÃO

O OBJETIVO É

RESTAURAÇÃO?SIM

- Empréstimo de

serapilheira e

banco de sementes

de outras

localidades

- Plantios com alta

diversidade

NÃO

- Qualquer tipo de plantio pode ser

realizado de acordo com o objetivo da

recuperação

- Sistemas Agroflorestais ou outros