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IAVM FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
A MÚSICA AMBIENTE COMBATENDO O ESTRESSE NO
AMBIENTE EMPRESARIAL
Por: Girlan dos Santos França
Orientador
Prof. Dr. Vilson Sérgio de Carvalho
Petrópolis
2010
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IAVM FACULDADE INTEGRADA
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
A MÚSICA AMBIENTE COMBATENDO O ESTRESSE NO
AMBIENTE EMPRESARIAL
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Pedagogia Empresarial
Por: Girlan dos Santos França
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AGRADECIMENTOS
....aos amigos Andréa Rocha de
Cerqueira Torres e Marco Aurélio
Torres, pelo companheirismo.
4
DEDICATÓRIA
.....aos familiares e amigos pelo incentivo
5
RESUMO
Atualmente, o estresse vem a cada dia fazendo parte do ambiente
empresarial. É necessária a busca de meios para amenizá-lo, proporcionando
aos funcionários melhor qualidade de vida e conseqüentemente melhoria na
produção.
A música vem ganhando espaço não somente no campo artístico, mas
também no ambiente empresarial. Com seus diferentes ritmos e sons, é uma
forte aliada, pois o ser humano, por natureza é um “ser musical”.
A música ambiente utilizada durante o expediente ou nos horários de
intervalo, vem sendo utilizada para amenizar o estresse nas empresas,
proporcionando aos funcionários melhor qualidade de vida, e por conseqüência
melhoria na produtividade.
Esta pesquisa está dividida em quatro capítulos distintos. O primeiro
mostra um breve histórico da música através dos tempos, sua importância
cultural e social para a humanidade. O segundo aborda o estresse no
ambiente empresarial e seus malefícios para a saúde e produtividade. No
terceiro capítulo, a importância do pedagogo dentro das empresas, que vem
conquistando seu espaço a cada dia. No quarto e último capítulo, é falado
sobre a utilização da música ambiente amenizando o estresse no ambiente
empresarial e é relatada as visitas feitas a quatro empresas pioneiras de
pequeno e médio porte que já utilizam dos benefícios da música.
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METODOLOGIA
O presente trabalho foi desenvolvido através de pesquisa bibliográfica
em livros, revistas, artigos e sites abrangendo os temas estresse nas empresas
e música.
Foi uma pesquisa exploratória e de campo, pois foram pesquisadas
empresas de pequeno e médio porte que já utilizam a música ambiente
durante o expediente ou nos horários de intervalo, de forma a melhorar a
qualidade de vida dos funcionários, tendo também êxito na produção.
As quatro empresas visitadas são de diferentes setores e com variado
número de funcionários. As visitas a essas empresas foram agendadas com
antecedência, de acordo com a agenda dos gestores e dos pedagogos
empresariais, de forma a não atrapalhar o andamento do trabalho.
Foram feitas observações nos setores de trabalho e conversa informal
com alguns funcionários (colhendo opiniões) sobre a utilização da música no
ambiente de trabalho.
Quanto aos gestores e pedagogos a conversa fluiu também de maneira
informal, pelo fato de serem pessoas conhecidas. Pelos gestores foi
ressaltado apenas a não utilização dos seus respectivos nomes e das
empresas na pesquisa.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I BREVE HISTÓRICO DA MÚSICA 11
CAPÍTULO II - O ESTRESSE NO AMBIENTE EMPRESARIAL 19
CAPÍTULO III – O PEDAGOGO NA EMPRESA 28
CAPÍTULO IV – A MÚSICA NO AMBIENTE EMPRESARIAL 33
CONCLUSÃO 41
BIBLIOGRAFIA 42
ÍNDICE 43
FOLHA DE AVALIAÇÃO 45
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INTRODUÇÃO
É muito difícil definir o que seja música. Inúmeros estudiosos e
pesquisadores têm investigado o significado da arte musical, chegando a
conclusões nem sempre unânimes.
A música seria uma linguagem? Uma manifestação artística que
nos atinge profundamente, numa esfera em que a razão e o raciocínio lógico
talvez não penetrem? Ou simplesmente uma sucessão de sons? Seria uma
manifestação sonora do espírito do universo? Talvez, mas sem sombra de
dúvida podemos dizer que a música, por estar tão estreitamente vinculada às
emoções e ao mundo pré-verbal, constitui uma linguagem privilegiada, através
da qual os seres humanos se comunicam entre si.
Num texto falado, por exemplo ouvimos sons e ritmos articulados,
mas cada palavra representa uma idéia definida e concreta. Segundo Marius
Schneider (apud JEANDOT, 1990, p.186) a música ao contrário “nunca
expressa uma idéia intelectual definida, nem um sentimento determinado, mas
somente aspectos psicológicos absolutamente gerais.”. Schopenhauer (apud
JEANDOT, 1990, p.186), porém afirma que “essa generalidade não é, entanto,
uma abstração vazia, mas uma espécie de expressão e de determinação
diferentes das que correspondem ao pensamento intelectual.”
A música está sempre presente na vida das pessoas e, sem dúvida, é
uma das mais antigas e valiosas formas de expressão da humanidade. Essa é
a razão pela qual ela pode ser compreendida, interpretada e até executada de
maneiras diferentes.
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Durante muitos séculos foi transmitida oralmente. As pessoas a
cantavam ou tocavam e, dessa maneira, ela ia sendo passada de geração em
geração.
Alguns autores ao longo da história “definiram” a música das mais
diversas formas: Para Wagner (apud JEANDOT,1990,p.195) era vista como “a
linguagem do coração humano”, conceito este que nos leva a idéia de ritmo,
que é o elemento básico das manifestações da vida. Darwin, partindo de um
ponto de vista biológico, considerava-a “derivada de gritos de animais”.
Schaeffer (apud JEANDOT, 1990, p.199) vinculava o surgimento da música ao
interesse do homem primitivo pelos movimentos e pelos gestos por eles
produzidos e pelos sons oriundos da natureza. “A satisfação de exercitar seus
músculos, o prazer de gritar, de bater sobre objetos sem dissociar o gesto de
seu efeito, pode ser a origem simultânea da dança, do canto e da música”.
Seria a música a arte do gesto? Seria sim um instrumento indispensável à vida
cotidiana do homem natural, para expressar seu sentimento e sua vontade.
A música é uma linguagem universal, mas com muitos dialetos, que
variam de cultura para cultura, envolvendo a maneira de tocar, de cantar, de
organizar os sons e de definir as notas básicas de seus intervalos.
Durante muitos séculos fomos condicionados a acreditar que a música é
uma combinação de notas dentro de uma escala, e temos dificuldades de
concebê-la em termos diferentes.
“A música não nasceu das reflexões de Pitágoras, nem
do estudo das cordas ou lâminas que vibram. Ela é
resultado de longas e incontáveis vivências individuais
com civilizações musicais diversas. Não podemos,
portanto, nos espantar ao depararmos com novas
experiências que nos revelam as vária faces de que a
música é constituída”. (JEANDOT, 1990, p.209)
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Todas essas questões sobre a essência da música acabam por serem
respondidas a partir das especificidades culturais de cada povo e, em casos
especiais, de alguns indivíduos. É como arte e conhecimento sócio-cultural
que a música deve ser entendida.
O presente trabalho revela que a receptividade à música é um
fenômeno corporal. Ao nascer, a criança entra em contato com universo
sonoro que a cerca: sons produzidos pelos seres vivos e pelos objetos. Sua
relação com a música é imediatamente, seja através do acalanto da mãe e do
canto de outras pessoas, seja através dos aparelhos sonoros de sua casa.
Antes mesmo de nascer, ainda no útero materno, a criança é sensível
ao ambiente sonoro, já toma contato com um dos elementos fundamentais da
música – o ritmo – através das pulsações do coração de sua mãe.
A música desempenha um papel de grande importância na infância,
adolescência e vida adulta do indivíduo. Tem o poder de relaxar ou agitar
pessoas de acordo com o ambiente em que se encontram.
Atualmente, na correria do dia a dia, as pessoas mostram-se agitadas e
estressadas pelo tipo de vida que levam. Com isso a musicoterapia ganha
espaço no mercado, trazendo uma qualidade de vida melhor as pessoas no
âmbito pessoal, e principalmente profissional.
O presente estudo encontra-se estruturado em quatro capítulos. No
primeiro ressalta-se um breve histórico da música, desde a antiguidade até os
dias atuais; sua importância na vida e no desenvolvimento dos ser humano.
O segundo capítulo trata-se do estresse na vida das pessoas,
principalmente no setor profissional; seus sintomas, causas e conseqüências
para o trabalhador.
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O terceiro capítulo ressalta a importância do pedagogo empresarial e o
quarto capítulo ressalta a utilização da música ambiente como importante
ferramenta no combate ao estresse profissional, proporcionando aos
profissionais melhor qualidade de vida e produtividade.
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CAPÍTULO I
BREVE HISTÓRICO DA MÚSICA
A música tornou-se durante o correr do tempo um instrumento
poderosíssimo, principalmente no que diz respeito à educação e ao
comportamento das pessoas. Já dizia o grande músico Villa Lobos que,
“Nenhuma arte exerce sobre as massas uma influência tão grande quanto a
música”. Por isso, até hoje ela é usada em diferentes ramos da sociedade.
1.1- História da Música na Antiguidade
Muitas vezes nos fazemos a seguinte pergunta: Como nasceu a
música? É praticamente impossível responder a esta pergunta, pois as
primeiras manifestações musicais não deixaram vestígios.
Alguns estudiosos em suas pesquisas tomam como base àquilo que se
sabe sobre a vida humana na pré-história, mas nenhuma hipótese diz com
exatidão o momento em que os primitivos começaram a fazer arte com os
sons. Ao que parece o homem das cavernas dava à sua música um sentido
religioso, “atribuindo-lhe funções mágicas, considerando-a como presente dos
deuses. Associada a dança possuía um caráter ritual pelo qual reverenciavam
e agradeciam aos deuses pela caça e a fertilidade da terra e dos homens”
(LOUREIRO, 2003, p.43) .
Com o ritmo criado (usando partes do corpo como batendo mãos e
pés) eles buscavam também celebrar fatos do seu cotidiano como vitórias e
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descobertas. Porém, “mais tarde, em vez de usar só as mãos e os pés,
passaram a ritmar suas danças com pancadas na madeira, primeiro simples e
depois trabalhadas para soarem de formas diferentes” (LOUREIRO, 2003,
p.47)
Também os sons da natureza deviam fascinar o homem desses
tempos como o sopro do vento, o ruído das águas e o canto dos pássaros,
dando-lhe vontade de imitá-los. Porém para isso o ritmo não bastava e o
artesanato ainda não os permitia a invenção de instrumentos melódicos.
Assim, a música continua desempenhando ao longo da história um importante
papel no desenvolvimento humano, seja no aspecto religioso, moral ou social,
contribuindo para a aquisição de hábitos e valores indispensáveis ao exercício
da cidadania.
Segundo Loureiro (2003,p.54). “a palavra música vem do grego
mousiké e designava juntamente com a poesia e a dança, a arte das musas”.
O ritmo, ponto em comum das três artes fundia-as numa só. Como nas
demais civilizações antigas, os gregos atribuíam aos deuses suas música,
definida como uma criação e expressão integral do espírito, um meio de
alcançar a perfeição.
A paixão dos gregos pela música fez com que ela se tornasse para
eles uma arte, uma maneira de pensar e de ser. Desde cedo aprendiam o
canto como algo capaz de educar e civilizar. O músico era visto por eles como
o guardião de uma ciência de uma técnica, e seu saber e seu talento
precisavam ser desenvolvidos pelo estudo e pelo exercício. O reconhecimento
do valor formativo da música fez com que surgissem, naquele país as
primeiras preocupações com a pedagogia da música, requerendo assim uma
instrução que ultrapassava o caráter puramente estético; tornando-se uma
disciplina escolar, proporcionando a medida dos valores éticos, tornando-se
uma sabedoria.
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“Receber uma educação musical não significava apenas
aprender a tocar simplesmente um instrumento, mas
estudar a fundo todas as artes liberais, a escrita, a
matemática, o desenho, a declamação, a física, a
geometria, saber cantar num coro e tocar perfeitamente
pelo menos um instrumento”. (LOUREIRO, 2003, p.34)
Para os gregos, a educação era concebida como a relação harmoniosa
entre corpo e mente e seu objetivo era preparar cidadãos para participar e
usufruir dos benefícios da sociedade. Na sua visão, a educação possuía uma
visão mais espiritual do que material. Seu principal objetivo era a formação do
caráter do sujeito e não apenas a aquisição de conhecimentos. Por isso
buscavam uma educação plena vinda de dentro do aluno e baseada não
apenas nos livros, mas na experiência de vida de cada pessoa. Nessa
perspectiva, a educação se constituía no estudo da ginástica e da música,
proporcionando assim um equilíbrio entre corpo e mente, buscando assim um
universo equilibrado, caráter fundamental na formação daqueles que seriam os
guardiões do conhecimento.
Acompanhando o desenvolvimento do pensamento grego, a disciplina
música se expandiu e passou a incorporar a poesia e as letras.
“A poesia, o drama, a história, a oratória, as ciências, e a
própria música estavam incluídos na extensão do termo
música. Por ser ensinado com música (o ritmo facilitava a
memória), o ensino era atraente e agradável”. (Apud
BAUAB 1960, pp. 58-59)
O ensino da música se desenvolvia em níveis de acordo com a idade
dos alunos. Numa fase inicial ficava a cargo dos mestres especiais e seu
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conteúdo previa ginástica e música, compreendendo conhecimento de poesia,
história, drama, oratória e ciências. Na segunda fase estudava-se astronomia,
gramática, aritmética e música, sendo o conhecimento musical nesta fase mais
teórico.
Para concluir a educação musical, havia um terceiro nível, levando o
aluno ao estudo da dialética. Estudava-se filosofia apenas aqueles que se
revelassem mais capazes para uma educação mais apurada, os demais que
não se encaixassem nesse contexto seriam militares.
Com a invasão do Império Romano no mundo grego, estes tiveram
grande influência sobre Roma no que se diz respeito às artes e as letras. Por
influência da cultura helenística, a educação musical ganhou espaço entre os
romanos, sendo estudada como ciência, como um saber científico,
privilegiando seu aspecto teórico.
1.2 História da Música da Idade Média
Durante a Idade Média, a Igreja Católica demonstrou grande interesse
pela música, incluindo-a nos cultos cristãos, acreditando que ela fosse capaz
de exercer forte influência entre os homens. Os representantes da Igreja
prestaram um valioso apoio à investigação e ao ensino musical. Fundaram
capelas, colégios, academias, bibliotecas, conjuntos polifônicos e instrumentais
estimulando a formação de compositores, cantores, concertistas e
musicólogos. Padres e missionários aprendiam música religiosa católica, que
deveria ser levada a todos os lugares do mundo.
Segundo Andrade (1987, p. 60) “Gregório Magno, papa de 590 a 640
elaborou dois livros que continham os melhores cantos e os novos hinos. Em
sua homenagem, esses cantos, expressando a palavra de Deus, receberam o
nome de canto gregoriano ou cantochão.”
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Para uma educação musical voltada para a prática, era nas escolas –
em mosteiros e catedrais – que se aprendiam salmos, notas, canto e
gramática.
De acordo com Beyer (1999, p.26),
“Isto ocorre em virtude da importante função que a
música desempenha nos cultos cristãos. A Igreja
centraliza todas as relações da vida dos indivíduos da
época, e considera-se que a música seja capaz de influir
fortemente sobre as pessoas. Assim, os cultos apóiam-se
amplamente sobre o recurso musical.Nesta perspectiva, a
música como prática possui muito maior funcionalidade
do que a teórica.”
Durante a Idade Média, a música recupera sua natureza de linguagem
expressiva de sentimentos humanos. Ocorre o renascimento da melodia e
com ela as primeiras tentativas para cantar duas ou mais vozes
simultaneamente, em livre união com o contraponto e a harmonia.
Ao lado dessa polifonia religiosa, desenvolvia-se a música popular,
considerada de caráter modal e profano. Apesar da oposição da Igreja surgem
os trovadores e menestréis, que expressavam sentimentos de amor e
saudade, além de feitos heróicos de guerra.
O humanismo renascentista tenta recuperar os valores da cultura
greco-romana, neles buscando inspiração para o movimento de libertação do
homem e da razão humana. Florescem então, um novo espírito e uma nova
cultura marcados pelo individualismo, abrindo caminho para o cultivo das
ciências, letras e artes.
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A música religiosa ganha um novo impulso com a Reforma
Protestante. Liderada por Martinho Lutero, tem raízes intelectuais no
humanismo. Ele apela para as autoridades públicas, insistindo na necessidade
de criação de escolas. Em virtude de sua importância nos cultos religiosos, a
música ocupa lugar de destaque nas escolas protestantes. Nela as crianças
não aprendiam apenas a cantar, mas também recebiam noção de escrita
musical.
A música foi um dos principais recursos utilizados pelos jesuítas no
processo de escolarização da juventude européia, com vistas à formação do
bom cristão. Além de construir uma disciplina, estava presente no currículo
das escolas. Graças à influência dos protestantes e dos católicos, a educação
musical nas escolas até o final do século XVIII foi praticada com fins religiosos.
A visão da música livre dessa finalidade surge em Pestalozzi e Froebel,
que defendiam a educação baseada no respeito à natureza humana, às suas
necessidades e interesses, enfatizando a importância da sensibilidade no
desenvolvimento da razão.
Como a experiência é vista por eles como pré-requisito para a
aprendizagem eles de fendiam um ensino baseado em métodos intuitivos.
Iniciam um movimento de oposição à tradição secular, dominante no ensino da
música. Autores como Orff, Dalcroze, Kódaly e outros tomam como base as
idéias de Pestalozzi e Froebel e propõem uma nova metodologia para o ensino
da música pela qual o fazer musical, a expressão corporal e a experiência
social propiciam a experiência concreta antes da formação de conceitos
abstratos.
1.3 História da Música no Brasil
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O ensino de música no Brasil vem juntamente com o processo de
colonização, iniciando-se com a vinda dos jesuítas, que elegem a educação
como uma de suas armas de combate à heresia.
A evangelização dos nativos exigiu dos jesuítas uma atuação
diferenciada da que desenvolviam nos colégios europeus. Com isso utilizavam
a música em virtude da forte ligação dos indígenas com essa manifestação
artística. Eles eram músicos natos que, em harmonia com a natureza,
cantavam e dançavam em louvor aos seus deuses e em festas
comemorativas. Juntamente com a palavra, o canto era um dos principais
recursos utilizados pelos jesuítas para cativar seus alunos, fortalecendo-os na
fé.
Apesar de seu caráter eminentemente religioso, ainda no período
colonial, a música brasileira começa a apresentar sinais de secularização,
tendo a presença da corte no Brasil exercido grande influência com a criação
de novas instituições culturais, onde a música continuava sendo cultivada.
No ano de 1841 é fundado o Conservatório Musical do Rio de Janeiro
por Francisco Manuel da Silva, sendo a primeira escola de música do Brasil,
devendo ser organizada com uma sólida base pedagógica.
Mais tarde com a Semana de Arte Moderna, Mário de Andrade
defende a idéia de que a música deveria exercer uma função social e Heitor
Villa-Lobos fundamentado numa prática educacional criada por ele mesmo, a
prática do canto orfeônico em todas as escola públicas do país, tendo com
objetivo musicalizar as massas escolares. Ele cria um projeto que previa
também um curso para a formação de professores especializados nessa
disciplina, facilitando assim o trabalho com os educandos.
Nessa perspectiva, o então presidente Getúlio Vargas assina um
decreto, tornando o canto orfeônico obrigatório nas escolas públicas do Rio de
Janeiro. Esse projeto musical trazia consigo o lado político pedagógico e
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também a prática civil-musical. A intenção era fazer com que todos os alunos
participassem da exacerbação nacionalista que então reinava no país.
Villa-Lobos em um de seus discursos ressalta “Nenhuma arte exerce
sobre as massas uma influência tão grande quanto a música. Ela é capaz de
tocar espíritos menos desenvolvidos, até mesmo os animais. Tantas as belas
composições corais, profanas ou litúrgicas, têm somente esta origem – o
povo.” (Schwartzman et al. 2000, p. 108)
Com o fim do Estado Novo, diminui a prática do canto nas escolas e
conseqüentemente a educação musical. Para evitar que o canto
desaparecesse das escolas e numa tentativa de incentivar a pratica do canto
escolar, criou-se a Comissão Consultiva Musical, cujo objetivo era manter em
bom nível o material pedagógico adotado nas escolas.
O país se democratizava e para isso era necessário eliminar tudo
aquilo que pudesse lembrar o regime autoritário. Com isso, embora o canto
orfeônico continuasse presente como disciplina, no currículo das escolas, ele
já não tinha tanta importância.
Com o fim da ditadura Vargas, ressurgem novas idéias, tendo como
base uma nova estética que colocava como palavras de ordem criar e
experimentar. Os professores de musica buscavam o novo, fundindo-o com as
diversas linguagem artísticas num todo.
Nessa nova concepção de arte-educação, foram incorporadas
propostas da Escola Nova, que apoiavam-se na crença e espontaneidade
criativa e expressiva do aluno. A arte deixa o seu rigor técnico, cientifico para
se tornar veiculo de expressão humana. A música, seguindo esse caminho,
cede lugar aos sentimentos, buscando a liberdade.
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O ensino da música no Brasil percorreu um caminho buscando uma
ampliação, deixando de ser elitista, para englobar os menos favorecidos, por
uma democratização, percorrendo o interior do país.
Na década de 60, o movimento artístico representou um despontar de
uma nova estética. Busca-se uma nova saída para o ensino das artes, diluindo
as barreiras ainda existentes, aproximando da educação a musica, o teatro, a
dança, misturando as linguagens artísticas.
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CAPÍTULO II
O ESTRESSE NO AMBIENTE EMPRESARIAL
O estresse não pode ser visto como propriamente uma doença,
porém um estado físico e psíquico que o corpo apresenta quando submetido a
esforços e tensões excessivas. É preocupante quando as situações
estressantes são contínuas e o organismo começa a sofrer com as constantes
reações que acontecem sem que haja tempo para o descanso e recuperação
física e emocional.
2.1 – Definição de estresse
A palavra estresse deriva do latim, significando fadiga, cansaço e
foi empregada popularmente por volta do século XVII. Nos séculos seguintes
o termo aparece relacionado com a força, esforço e tensão. Embora até a
atualidade, a conceituação se apresente como um problema para
pesquisadores, o fenômeno em si não representa novidade. Trata-se de um
mecanismo bioquímico antigo de sobrevivência do homem, aperfeiçoado ao
longo de sua evolução. Estudos comprovam que segundo a teoria darwiniana,
macacos que precederam o homem na escala evolutiva, fugiam de
dinossauros para preservarem a vida, e tinham reações biológicas
denominadas estados de estresse. Milhões de anos após, quando o homem
se organizava para caçar, ocorria-lhe a mesma reação biológica, derivada de
situações como enfrentamento e fuga.
O conceito foi usado na área da saúde pela primeira vez em 1926, por
SELYE, que percebeu que muitas pessoas sofriam de doenças e reclamavam
sintomas em comum. Segundo ele o estresse era caracterizado como
“conjunto de reações que um organismo desenvolve ao ser submetido a uma
situação que exige esforço para a adaptação”.
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Atualmente, o estresse é um tema bastante discutido, pois interfere na
vida dos ser humano no seu âmbito pessoal e principalmente profissional.
Diversos autores pesquisam sobre o tema, buscando melhor qualidade de vida
para as pessoas. Algumas definições são bem claras e atualizadas:
“Estresse é um composto de muitas coisas; é uma
família de experiências, caminhos, respostas e resultados
relacionados, causados por uma gama de diferentes
estressores (circunstâncias ou eventos que causam o
estresse).” (MANKTELOW, 2008, p.14)
Outra definição bem aceita é a descrita por LAZARUS quando diz
que estresse é “estado de saúde ou sentimento experimentado quando uma
pessoa percebe que as exigências excedem os recursos pessoais e sociais
que o indivíduo pode mobilizar”.
Quando um indivíduo possui tempo e recursos para administrar e
manipular uma determinada situação, sente pouco estresse, caso contrário o
nível de estresse vivenciado pode ser bastante considerado. Nesse sentido, o
estresse é, sem dúvida, uma experiência negativa, mas não conseqüência
inevitável de um acontecimento. O nível de estresse que a pessoa pode
experimentar depende da percepção que se tem da situação e da habilidade
real em lidar com ela.
2.2 - Sintomas do estresse
Com o passar dos tempos, o ambiente de trabalho vem se
modificando e acompanhando os avanços das tecnologias, ultrapassando cada
vez mais o nível de capacidade de adaptação dos trabalhadores. Os
profissionais vivem atualmente sob contínua pressão, sendo o tempo todo
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controlado e cobrado, não só no trabalho, como também na vida pessoal e
familiar.
Viver com qualidade e ter uma vida saudável é um assunto que tem
preocupado as pessoas. Conciliar trabalho e vida pessoal ainda é um dos
maiores desafios para o ser humano em uma sociedade que tem um ritmo de
vida cada vez mais corrido, sem tempo para nada.
Na questão exaustão física e emocional, que avalia o nível de
estresse do trabalhador, recentes pesquisas mostram que o Brasil ocupa o
segundo lugar, ficando apenas atrás do Japão, e superando países como a
China, Estados Unidos e Alemanha.
Os números apontados na pesquisa são fortes indicativos das
atuais condições de trabalho no mercado brasileiro. O medo da demissão, as
pressões de chefes e superiores e o exercício de múltiplas funções, podem
gerar um quadro de esgotamento físico e psíquico, comprometendo a saúde
do trabalhador, gerando fadiga e desgaste profissional. Sintomas estes que
alienam o trabalhador do processo produtivo a ponto de gerar danos
psicológicos.
Durante o passar dos anos observa-se que os principais sintomas do
estresse no ambiente empresarial são dores de cabeça, distúrbios do sono,
irritabilidade, cansaço, dificuldades de concentração, tensão muscular,
dificuldades respiratórias, problemas digestivos, cardíacos, pressão alta,
chagando a distúrbios psíquicos como síndrome do pânico, de Burnout e
depressão. Sintomas esses que prejudicam intensamente a qualidade de vida
do ser humano tanto no trabalho quanto no ambiente familiar gerando quebra
de laços afetivos, separações, obstáculos a realizações pessoais, frustrações,
entre outros.
2.2.1 – A Síndrome de Burnout
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O termo é uma composição de burn (queimar) e out (fora), ou
seja, “perda de energia”, fazendo a pessoa adquirir esse tipo de estresse tendo
reações físicas e emocionais, passando a apresentar um tipo de
comportamento agressivo.
Segundo PINES e ARONSON (2001,p.45), burnout é “um estado
de exaustão física, emocional e mental causado por situações emocionalmente
exigentes de envolvimento a longo prazo.” FREUDENBERGER (2000, p.98) o
define como “estado de fadiga ou frustração que surge pela devoção a uma
causa, a um modo de vida ou a relacionamentos que não produziram a
recompensa esperada.”
O Burnout surgiu em 1974, sendo o termo aplicado pelo psicólogo
Fregenbauer, que constatou essa síndrome em seus pacientes, que traziam
consigo energias negativas e impotência relacionada ao desgaste profissional.
Qualquer trabalhador pode apresentar essa síndrome, porém ele
aparece mais em profissionais que atuam em atividades onde se tenha
responsabilidade pelo outro, seja por sua vida ou seu desenvolvimento.
Aparece em profissionais que tenham contato interpessoal mais exigente,
como profissionais da área da educação, saúde, funcionários públicos, e
cargos de chefia.
Dentre os sintomas estão: fadiga física, problemas para dormir,
doenças freqüentes, sentimento de frustração, distanciamento dos colegas de
trabalho, depressão, isolamento, entre outros.
O Burnout está associado entre o que o trabalhador investe e o
seu reconhecimento perante supervisores e equipe de trabalho. Muitas vezes
o profissional não é valorizado como gostaria, deixando-o frustrado, com a
sensação de inutilidade para com o trabalho.
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“burnout é uma síndrome do trabalho, que se origina da
discrepância da percepção individual entre esforço e
conseqüência, percepção esta influenciada por fatores
individuais, organizacionais e sociais.” (FARBER, 1991, p.
65)
Com isso é necessário que o trabalhador busque meios para evitar e
lidar com o estresse no ambiente de trabalho, para que seja um profissional de
excelência e não permita que situações profissionais interfiram de forma
negativa em sua vida pessoal e familiar.
2.3 – Causas do estresse no ambiente empresarial
Entre as inúmeras causas emocionais do estresse no ambiente
empresarial, encontram-se alguns principais fatores como alto padrão de
exigência pessoal e dificuldade em lidar com mudanças no ambiente de
trabalho gerando medo e frustração.
O tipo de vida que o ser humano se impõe, pensando ser
primordial obter cada vez mais recursos financeiros, exigem cada vez mais
esforços para cumprir um padrão estabelecido, colocando-se diante de
conflitos na vida profissional, onde há cada vez mais competição e menos
espaço.
Para muitas empresas o bom profissional precisa ter “dons sobre-
humanos” tendo características de um ser perfeito, sendo ao mesmo tempo
criativo, comunicativo, competente, disposto, concentrado, exercendo a
capacidade de mandar e obedecer. Precisa saber ouvir e se colocar, estimular
o crescimento do grupo, ter boa aparência e alto grau de compreensão. Ser
dedicado e colocar a empresa a frente de seus interesses pessoais.
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Com todas essas exigências, comungando muita das vezes com
ambientes de trabalho onde há ruído excessivo, falta de material adequado
para exercer a função e falta de segurança, a tendência é que o profissional
fique cada vez mais estressado.
É necessário que o ser humano sempre avalie sua qualidade de
vida, revendo seus conceitos, não permitindo que o estresse seja algo comum,
que faça parte de sua vida.
2.4 – Conseqüências do estresse no ambiente empresarial
As tensões nos locais de trabalho diminuem a eficiência das
pessoas e conseqüentemente da produtividade, gerando pressa, conflitos inter
pessoais, desmotivação, agressividade, isolamento, ou seja, um ambiente
profissional destrutivo, ocioso e estressante.
Segundo SELIGMANN (1999, p.34), “situações inadequadas de
trabalho podem desencadear crises mentais, agudas, neuróticas e psicóticas”.
Crises essas que comprometem profundamente a saúde e a produtividade do
empregado.
Além dessas crises, o trabalhador pode apresentar alterações e
distúrbios do sono, principalmente para aqueles que trabalham em turnos
alternados. Isso faz com que aumente o desgaste do trabalhador, afetando
seu desempenho, pois a sensação de cansaço e sono é maior quando estão
acordados, provocando reações no corpo. Com isso, criam-se alterações na
vida familiar e social do indivíduo, desgastando sua qualidade de vida.
2.5 – Prevenções contra o estresse
27
O trabalhador deve procurar se ater na busca de uma melhor
qualidade de vida não só no ambiente empresarial, como no pessoal,
procurando ter atitudes preventivas, percebendo o mundo que o cerca de
forma positiva.
Mudanças de atitudes permitem uma melhor forma de lidar com
os fatores estressantes presentes no ambiente de trabalho, principalmente
quando há investimento nas relações humanas saudáveis, baseadas em
situações de valorização, respeito e apreciação das pessoas. É necessário
investir na prevenção primária, tanto para os cargos de chefia, quanto para os
trabalhadores mais humildes.
Terapias alternativas, práticas de hobbies e relaxamento auxiliam
muito no combate ao estresse. A música ambiente vem tornando-se forte
aliada no ambiente empresarial, permitindo que os funcionários tornem-se
mais relaxados e menos estressados, melhorando sua qualidade de vida e
produtividade.
28
CAPÍTULO III
O PEDAGOGO NA EMPRESA
A Pedagogia é uma ciência, que tendo a prática social de educar,
tem como objeto de investigação e de exercício profissional a docência e
outras atividades de educar. Atualmente ultrapassa a docência graças a
reformulações curriculares que vem acontecendo nos últimos anos. Com isso
vem-se apresentando como uma ciência prática e multireferencial.
Com o crescimento do conceito de educação,o pedagogo tem ganhado
espaço onde há tempos atrás não lhe era permitido atuar.
3.1 – A importância do pedagogo no ambiente empresarial
As empresas vivem atualmente em constante competição, devido às
novas tecnologias, a globalização e a valorização da informação. O capital
financeiro vem perdendo espaço, como recurso mais importante, dando lugar
ao conhecimento, valorizando o capital humano.
As empresas vem se preocupando em ganhar um espaço voltado para a
educação e melhor qualidade de vida de seus profissionais.
Dessa forma, a educação tem deixado os espaços restritamente
escolares, passando a abranger novos lugares. Com essa abertura, o
pedagogo começa a atuar como agente de transformação, através da
educação continuada e do conhecimento dentro das empresas. Age como um
mediador e facilitador das informações trazidas com avanços tecnológicos,
buscando melhores resultados por meio do desenvolvimento de competências
profissionais.
29
“Desenvolver pessoas não é apenas dar-lhes informação
para que elas aprendam novos conhecimentos,
habilidades e destrezas e se tornem mais eficientes
naquilo que fazem. É, sobretudo, dar-lhes a formação
básica para que elas aprendam novas atitudes, soluções,
idéias, conceitos e que modifiquem seus hábitos e
comportamentos e se tornem mais eficazes naquilo que
fazem. Formar é muito mais do que simplesmente
informar, pois representa um enriquecimento da
personalidade humana.” ( Carvalho, 1999, p.290)
A atuação do pedagogo no ambiente empresarial ganha espaço
trabalhando a gestão do conhecimento, o comportamento humano, a cultura
organizacional, a gestão do processo da qualidade e da produtividade,
treinamento, relações inter pessoais e outros espaços comuns aos aspectos
humanos. Porém, faz-se necessário que o pedagogo tenha uma visão
estratégica do negócio da empresa, para que seu foco esteja em constante
sintonia com as metas de produção.
Com o crescimento da conquista de espaço no mercado empresarial,
cresce também as responsabilidades do pedagogo. É preciso conhecer e
buscar soluções práticas para as questões que envolvam a otimização da
produtividade das pessoas, o qual é objetivo de toda empresa. Conduzir com
atividades práticas, as pessoas que trabalham na empresa (dirigentes e
funcionários) na direção dos objetivos humanos, bem como os definidos por
ela.
Cabe ao pedagogo promover condições e atividades práticas
necessárias, tais como, treinamentos, eventos e reuniões ao desenvolvimento
integral das pessoas, influenciando-as positivamente, num processo educativo,
como o objetivo de otimizar a produtividade pessoal. E, principalmente,
conduzir o relacionamento humano na empresa, através de ações
30
pedagógicas, que garantam a manutenção de um ambiente positivo,
agradável e estimulador da produtividade.
“O pedagogo que atua na empresa precisa ter
sensibilidade suficiente para perceber quais estratégias
podem ser usadas em que circunstâncias para que não
se desperdice tempo demais aplicando números métodos
e com isso perca de vista os propósitos tanto da formação
quanto da empresa. Ao planejar um programa de
formação/treinamento a seleção de métodos obedece ao
princípio do desenvolvimento concomitante de
competências técnicas e de relacionamento social.”
(Ribeiro, 2003, p.20)
Com um ambiente de trabalho tranqüilo e organizado, a tendência é que
haja uma carga menor de estresse, gerando melhor entendimento e maior
satisfação entre funcionários e diretores.
3.2 – A atuação do pedagogo no combate ao estresse no ambiente
empresarial
Atualmente, no ambiente empresarial, além da produtividade, há uma
busca pela melhoria da qualidade de vida de seus funcionários. É fato que um
ser produtivo e estando físico e mentalmente saudável, tende a executar suas
tarefas de forma mais prazerosa, melhorando seu rendimento profissional.
A produtividade é uma faculdade inata da pessoa humana, de produzir,
de ser criativa, elaboradora e realizadora em tudo o que sabe fazer. Por isso,
é natural que sejamos produtivos, em tudo o que sabemos fazer, seja em
atividades domésticas, profissionais ou sociais. Com isso, não é necessário
31
aprender a produtividade e sim desenvolvê-la. Um ser satisfeito e alegre torna-
se mais produtivo do que aquele que se apresenta frustrado e triste.
A alegria é uma das energias mais necessárias ao ser humano. Estar
alegre, tranqüilo é um estado natural, que pode ser perfeitamente mantido,
comandado e controlado. Estar triste, estressado e preocupado, só causa ao
homem prejuízos de toda espécie, seja no campo pessoal ou profissional.
De todas as necessidade humanas, a auto-estima é uma das mais
fortes e abrangentes. Se conseguirmos satisfazer a nossa necessidade de
auto-estima, conseguiremos com maior facilidade satisfazer a outras
necessidades, tendo assim, melhor convivência com os outros.
No ambiente empresarial, o pedagogo pode trabalhar o desenvolvimento
da auto-estima, para que os profissionais sintam-se mais valorizados e
motivados a executar suas tarefas. Segundo Lopes (2008, p.53), “é importante
saber que, quando se decide utilizar a Pedagogia Empresarial é necessário
estar ciente da mudança das pessoas”.
A empresa também pode atribuir estímulos aos seus funcionários, onde
se pode criar campeonatos, promoções, gincanas e outros com a finalidade de
promover iniciativas integradas e participativas. Assim cria-se oportunidade e
condições para melhoria dos padrões produtivos e gerenciais da empresa,
entendendo que um operário melhor preparado, produzirá melhor.
Juntamente com essas atividades é necessário um ambiente tranqüilo,
se possível com música ambiente, onde a tendência é desenvolver a calma e a
alegria entre as pessoas.
É importante ressaltar que o homem é um ser criativo que produz,
elabora, questiona, inventa e realiza. Com isso, no ambiente empresarial, faz-
se necessário a mudança de comportamento com o objetivo definido de
32
melhorar a qualidade de vida e produtividade pessoal, sendo um processo
educativo e não somente intuitivo.
O pedagogo empresarial, por trabalhar com o conhecimento, pode
utilizar-se de meios para que todos os que façam parte desse ambiente
empresarial, sintam-se alegres, com auto-estima elevada e produzindo de
maneira prazerosa. Ele pode propiciar um ambiente de trabalho, de forma com
que toda a equipe sinta-se valorizada e motivada a desenvolver suas tarefas.
33
CAPÍTULO IV
A MÚSICA NO AMBIENTE EMPRESARIAL
O uso da música na empresa tem como finalidade desenvolver um
melhor rendimento, produtividade, bem estar e saúde integral, além do
desenvolvimento humano, trazendo uma iniciativa de humanização e
responsabilidade social no trabalho. Segundo Rogers, (2003, p. 41) “a
realidade é um fenômeno subjetivo, pois o ser humano reconstrói em si o
mundo exterior, partindo de sua percepção, recebendo os estímulos, as
expectativas atribuindo-lhe significado
A música ambiente no ambiente empresarial, sendo ouvida durante a
execução das tarefas, ou nos horários de intervalo, tende a desenvolver um
ambiente tranqüilo, construindo um ambiente alegre, contagiante, estimulante
e facilitador para aprendizagem e execução de tarefas. Segundo Mirian
Steinberg “A utilização da música na empresa é uma contribuição que
pretende afinar instrumentos-pessoas numa grande orquestra para a Sinfonia
da Vida.”
4.1 – A utilização da música amenizando o estresse no ambiente
empresarial
A música é um meio para se comunicar que evoca, associa e integra, e
nisso reside seu valor “terapêutico” nas empresas, já que as doenças, dentre
elas o estresse (um dos grandes vilões da sociedade moderna) é uma barreira
na comunicação e na produtividade. Ela tem o poder de exteriorizar as
emoções, restabelecendo o equilíbrio.
A utilização da música nas empresas é uma prática pioneira e inovadora
e aponta uma nova tendência nas organizações que integra de forma geral
34
empresa e música. Promove principalmente comunicação e saúde de forma
integrada. A aplicação da música durante o expediente, ou nos horários de
descanso produz uma condição de bem estar no indivíduo.
“Hoje se reconhece o valor terapêutico da música e ela é
utilizada para aumentar, manter ou restaurar um estado
de bem estar, usando também as experiências musicais e
as relações que se desenvolvem a partir delas de uma
forma sistemática e científica” (Kenneth Bruscia, 2000
p.37)
A música enfatiza a escuta nas organizações, a cultura musical, a arte e
a saúde no trabalho (é fato que trabalhadores saudáveis tende a produzir mais
e melhor). Tem o foco tanto na escuta externa do ambiente de trabalho quanto
na escuta interna, visando favorecer a comunicação intra e inter pessoal, a
promoção da saúde integral enquanto potencial máximo de produtividade.
A boa comunicação envolve as relações consigo e com o outro e se dá
também através de elementos não verbais, que implicam nas informações
trazidas pelo corpo, pelos gestos, pela voz, pelos sentidos, pela cultura, etc; e
na comunicação verbal que a linguagem é falada. Tecnicamente, estimular a
escuta, os movimentos, e os sentidos favorecem a comunicação verbal e não
verbal, que por sua vez traz a excelência no atendimento aos clientes, no
desenvolvimento de vendas, na produção, habilidades gerenciais, liderança e
qualidade.
“O principal para gerar comportamentos éticos aceitáveis,
não é só adquiri-los por meio de idéias e doutrinas, mas
principalmente por intermédio de modelos pessoais de
vida, cujo valor exemplar serve de guia/modelo para o
conjunto da sociedade”. (Lopes, 2008, p.123)
35
A atuação do pedagogo empresarial utilizando a música no ambiente de
trabalho se dá de forma ativa ou receptiva. De modo receptivo, é utilizada com
diversas estratégias, tais como: música ambiente, previamente selecionada e
comandos sonoros e musicais visando direcionar a escuta para aspectos
relevantes da música, estimulando aspectos cognitivos como concentração,
atenção e memória, além de promover relaxamento e redução das tensões.
A música de forma ativa representa o fazer musical que proporciona um
alívio das tensões conscientes e inconscientes através da eliminação do
estresse, experimentando possibilidades de se relacionar consigo mesmo, com
o trabalho e com o ouro de forma mais harmoniosa.
A música pode ser usada para trabalhar as habilidades motoras
(coordenação, equilíbrio, mobilidade e sincronização), cognitivas (estímulo do
pensamento, interação verbal, atenção, imaginação e percepção sensorial), de
comunicação (verbal e não verbal) e sócio – emocionais (ela ajuda a expressar
e compartilhar sentimentos e promove a interação social). Segundo Isabel
Agudo “ a musica beneficia a todas as pessoas de todas as idades e com todo
tipo de problemas, uma vez que consideramos que a música é uma conduta
humana e todos somos seres musicais.” Normalmente é utilizada na perda da
timidez, na interação entre grupos ou trabalho em equipes. É uma forma das
pessoas se expressarem, cada uma de sua forma, com seu estilo, o que faz
muito bem a saúde.
A música promove a liberação de substâncias químicas que trazem
sensações de prazer, aumentando assim a imunidade, a concentração, a
saúde física e a sensação de prazer, além de trazer espontaneidade,
integração, desinibição e um melhor relacionamento com clientes, melhorando
a produtividade e a motivação em equipes, assim como treinamento de
lideranças, pois relaciona os instrumentos líderes nas dinâmicas
musicoterápicas.
36
Recentes pesquisas mostram que a música ajuda a criar uma certa
atmosfera que influencia o humor e os sentimentos, então crê-se que não é
ignorado o poder da música sobre o comportamento, embora poucas pessoas
reflitam acerca disso. A música na maioria das vezes é tida simplesmente
como diversão, passatempo ou algo inocente, porém é capaz de influenciar em
decisões importantes. Grupos de pessoas ou mesmo grandes parcelas da
humanidade tem sido afetadas por técnicas de mudança de comportamento
que tem a música como principal ferramenta.
A utilização da música no ambiente empresarial está relacionada com
três principais aspectos: ciência, arte e relação. Enquanto ciência visa
intervenções objetivas e resultados práticos como a música ambiente e a
performance realizada com os devidos critérios do pedagogo empresarial,
incluindo reconhecimento da empresa, avaliação e auto-avaliação,
intervenções, monitoramentos e treinamentos. Busca resultados que
favoreçam a auto-reflexão e a liderança participativa, aumento do rendimento e
principalmente a redução do estresse. Visa incentivar a auto-estima e
integração e, conseqüentemente desenvolve novas habilidade e estratégias no
trabalho.
O uso da música no ambiente empresarial enquanto arte promove o
senso estético e sensível, traz bem estar e criatividade para lidar com
situações estressantes do cotidiano com mais eficiência e habilidade. Utilizar
elementos da música como timbres, ritmos, melodias e harmonias é de grande
valia. Traz elementos de percepção auditiva e musical como base para os
treinamentos e para a administração melhor do tempo, porém segundo
Loureiro (2003, p.67), “a arte deixa então de lado o seu rigor técnico e
científico para se tornar veículo de expressão humana. A música seguindo
esse caminho, cede lugar aos sentimentos, buscando liberdade”.
37
A musicalização do ambiente empresarial com ênfase nas relações traz
elementos integradores da música como a cultura musical, a comunicação
verbal e não verbal. Já que a música é uma linguagem universal, tem as
bases integradoras entre colaboradores, fornecedores e clientes, maximizando
resultados e o desenvolvimento humano.
4.2 – Empresas que utilizam a música no ambiente empresarial
Algumas empresas apostaram e tiveram bons resultados permitindo que
o pedagogo empresarial utilizasse a música ambiente em seus locais de
trabalho. “A pedagogia empresarial se ocupa basicamente com os
conhecimentos, as competências, as habilidade e as atitudes diagnosticadas
como indispensáveis à melhoria da produtividade.” (Ribeiro, 2007, p.11)
Foram pesquisadas quatro empresas de pequeno e médio porte, em
áreas diferentes, onde a utilização da música ambiente rendeu ótimos
resultados.
A primeira empresa pesquisada foi uma fábrica de vassouras com uma
média de cento e cinquenta empregados. Foi observado que o ambiente de
trabalho (em alguns setores) é muito barulhento, devido ao maquinário usado
para execução do trabalho. Observou-se também que os operários, apesar do
uso de protetor auricular, saíam para os intervalos (almoço e lanche) agitados
e estressados. Por isso, o pedagogo empresarial atuante nesta empresa,
lançou mão da música calma e suave, em volume baixo, tocada no refeitório e
vestiário dos funcionários.
Com o passar do tempo, foi observado que os funcionários retornavam
a execução de suas funções, mais calmos e descansados, trabalhando com
mais ânimo e menos estresse. Foi relatado pelo gerente de produção, que
com o passar do tempo, houve menos perda de material, menos acidentes,
melhor produtividade e maior satisfação entre funcionários e gestores.
38
A segunda empresa pesquisada foi uma confeitaria de pequeno porte,
onde a filha dos donos é formada em pedagogia e nutrição. A empresa
funciona com doze empregados e fornece pães, doces e tortas para várias
padarias da localidade. Segundo o relato da pedagoga, observava-se uma
grau de estresse elevado entre os funcionários, principalmente entre os
confeiteiros que dão finalização aos produtos, já que todos são feitos de forma
bastante artesanal. Com isso, perdia-se muito tempo e material. Além das
reuniões e trabalhos feitos com as equipe surgiu a idéia de selecionar um
repertório de músicas com ritmos tranqüilos para tocar durante o expediente,
sendo o local de trabalho (uma cozinha industrial e a sala de finalização) um
ambiente com pouco barulho.
Foram instalados pequenos alto falantes no ambiente e sem aviso
prévio aos funcionários, a música ambiente começou a tocar durante o
expediente. Com o passar dos meses, a pedagoga relatou ter observado mais
tranqüilidade e satisfação entre todos os funcionários. Demonstravam mais
segurança e concentração para desenvolver suas tarefas. Dessa forma, houve
menos desperdiço e melhor qualidade na entrega dos produtos.
A terceira empresa pesquisada foi uma confecção de roupas masculinas
e femininas, onde atuam cinquenta funcionários. Como o ambiente é de
extremo barulho, por conta das máquinas de costura, a música ambiente é
utilizada durante os três intervalos diários (café da manhã, almoço e lanche da
tarde). Por ser um horário de descanso dos funcionários, os gestores dessa
empresa tiveram o cuidado de proporcionar maior conforto e tranqüilidade a
seus funcionários.. A empresa possui um excelente refeitório com todo
mobiliário necessário e alto-falantes onde durante os intervalos é ouvida
música popular brasileira em baixo volume. Conversando com alguns
funcionários, percebeu-se grande satisfação com esse “pequeno detalhe”, pois
relataram que voltam ao trabalho mais relaxados e dispostos a terminar o dia
de tarefas. Os gestores relataram que há um pedagogo contratado pela
39
empresa atuando na seleção de pessoal e treinamento, e partiu dele a idéia da
música ambiente nos horários de intervalos. Os gestores ainda relataram que
houve uma certa resistência da parte deles (por conta dos custos), mas depois
cederam, pois eles valorizam muito o material humano da empresa. Não é a
toa que essa empresa vem crescendo a cada dia na cidade e seus produtos
são de altíssima qualidade no mercado.
A quarta empresa pesquisada foi uma editora de livros com duzentos
funcionários. Esta empresa está dividida em três setores: impressão,
acabamento e empacotamento. Foi observado que no primeiro setor, há muito
barulho devido o maquinário, sendo que todos os funcionários utilizam
proteção auricular. No segundo e terceiro setor, não há barulho excessivo e os
funcionários trabalham com mais tranqüilidade.
Numa pesquisa feita pelo pedagogo da empresa, foi constatado que os
trabalhadores do primeiro setor eram os mais estressados e que possuíam
maior quantidade de licença e atestados médicos. Em reunião com os
gestores da empresa, algumas providências foram tomadas. Dentre elas a
musicalização do ambiente de trabalho. No segundo e terceiro setor, isso foi
viável, por não haver barulho em excesso. Os funcionários ficaram surpresos,
e a aceitação foi muito boa. Quanto ao primeiro setor infelizmente isso não foi
possível, mas como toda a empresa foi “musicalizada” esses funcionários
aproveitam os intervalos para relaxarem ouvindo boa música.
Outro fator que chamou atenção nessa empresa foi o fato dos
funcionários utilizarem os dez primeiros minutos de trabalho, para pequenos
exercícios físicos (alongamento), acompanhados por um profissional
qualificado. Esses exercícios também são acompanhados de música calma e
relaxante. A partir dessas medidas observou-se uma considerável queda no
número de acidentes e doenças e maior concentração e atenção por parte dos
funcionários.
40
As empresas que realmente valorizam seu material humano, procuram
melhorar sua produtividade, buscando meios com pouco custo, para que seus
funcionários tenham mais satisfação, e a música com certeza é uma forte
aliada para esse progresso.
41
CONCLUSÃO
A pesquisa realizada foi de grande valia, pois houve um grande
aprendizado na abordagem histórica da música. Infelizmente poucos
conhecem seu valor através dos tempos, no desenvolvimento da humanidade.
Foi gratificante perceber que em tempos de uma vida tão corrida, dando
prioridades a tantas coisas, onde o estresse impera cada vez mais, podemos
lançar mão de um instrumento tão prazeroso, que é a música, para termos
uma melhor qualidade de vida pessoal e profissional.
Nas visitas feitas as empresas houve uma grande emoção ao perceber
a satisfação dos funcionários ao executarem suas tarefas de forma tranqüila e
prazerosa, colocando o seu melhor na execução de suas funções, mostrando
que um “ambiente musicalizado” faz uma grande diferença no comportamento
e na saúde das pessoas.
Os gestores dessas empresas mostraram-se bastante satisfeitos com a
atuação de seus pedagogos, o que só vem a confirmar a valorização desses
profissionais que estão conquistando seu espaço a cada dia.
42
BIBLIOGRAFIA
CARVALHO, Antônio Vieira. Aprendizagem Organizacional em Tempos de
Mudança São Paulo: Pioneira, 1999.
JEANDOT, Nicole. Explorando o Universo da Música , São Paulo : Scipione,
1990.
LIBÂNEO, José C. Pedagogia e Pedagogos, para quê?. São Paulo: Cortez,
2000.
LOUREIRO, Alicia Maria Almeida. O ensino de música na escola
fundamental. São Paulo: Papirus, 2003.
MANKTELOW, James. Você sabe controlar o estresse? São Paulo: Senac,
2008.
MATOS, Francisco G. Empresa com alma – espiritualidade nas
organizações. São Paulo: Makron Books, 2001.
RIBEIRO, A. E. A. Pedagogia Empresarial: atuação do pedagogo na
empresa. Rio de Janeiro: Wark, 2003.
43
WEBGRAFIA
www.terapiaemusica.com.br
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
BREVE HISTÓRICO DA MÚSICA 11
1.1 – História da música na Antiguidade 11
1.2 – História da música na Idade Média 15
1.3 – História da música no Brasil 17
CAPÍTULO II
O ESTRESSE NO AMBIENTE EMPRESARIAL 21
2.1 – Definição de estresse 21
2.2 – Sintomas do estresse 22
2.2.1 – A Síndrome de Burnout 23
2.3 – Causas do estresse no ambiente empresarial 25
44
2.4 – Conseqüências do estresse no ambiente empresarial 26
2.5 – Prevenções contra o estresse 26
CAPÍTULO III
O PEDAGOGO NA EMPRESA 28
3.1 – A importância do pedagogo no ambiente empresarial 28
3.2 – A atuação do pedagogo no combate ao estresse no
ambiente empresarial 30
CAPÍTULO IV
A MÚSICA NO AMBIENTE EMPRESARIAL 33
4.1 – A utilização da música amenizando o estresse no ambiente
empresarial 33
4.2 – Empresas que utilizam a música no ambiente empresarial 36
CONCLUSÃO 41
BIBLIOGRAFIA 42
ÍNDICE 43
45
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: Instituto A Vez do Mestre
Título da Monografia: A música ambiente combatendo o estresse no
ambiente empresarial
Autor: Girlan dos Santos França
Data da entrega:
Avaliado por: Conceito: