Iconografia dos Conceitos da Psicologia Ambiental · psicologia ambiental e nos exemplos que são...

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Universidade Estadual de Campinas Faculdade de Engenharia Civil Relatório Final de Atividades BOLSA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – PIBIC/CNPq Iconografia dos Conceitos da Psicologia Ambiental Doris C. C. K. Kowaltowski (orientadora) Marília Rondineli Anderson RA: 003216 (bolsista) Julho 2004

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Universidade Estadual de Campinas

Faculdade de Engenharia Civil

Relatório Final de Atividades BOLSA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – PIBIC/CNPq

Iconografia dos Conceitos da Psicologia Ambiental

Doris C. C. K. Kowaltowski (orientadora) Marília Rondineli Anderson RA: 003216 (bolsista)

Julho 2004

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RESUMO

A psicologia ambiental trata principalmente da percepção humana do

ambiente que envolve o indivíduo e os resultantes sentimentos em relação a este

mesmo ambiente (GIFFORD, 1997). O meio ambiente exerce uma influência

direta no indivíduo, esteja este vivendo em comunidade ou mesmo em um

ambiente isolado. A interação do homem com este meio causa efeitos diretos

naquele e que irão nortear o seu modo de vida.

Este projeto de pesquisa documenta estas relações a fim de ilustrar o

comportamento e a função dos elementos arquitetônicos nas mesmas. O

arquiteto, para se orientar e fundamentar as suas decisões projetuais, dificilmente

encontra iconografias e imagens ilustrativas e didáticas na bibliografia da área.

Principalmente nas obras teóricas de arquitetura, há pouca referência direta à

psicologia ambiental e a sua inserção no processo criativo em projeto. Sabe-se

também que a linguagem do projetista é o desenho, e a iconografia, seja de

imagens, fotografias, diagramas e desenho são o material de maior impacto

didático no processo criativo.

A metodologia, deste projeto, propôs caracterizar em primeiro lugar os

grandes temas da psicologia ambiental, tais como: espaço pessoal,

territorialidade, segurança psicológica, privacidade e densidade territorial. A partir

da pesquisa bibliográfica destes temas, procurou-se caracterizar situações que

representem estes temas e documentá-las. As imagens sobre o tema foram

captadas através de uma câmera fotográfica em locais previamente analisados e

escolhidos da cidade de Campinas. Também foram feitos diagramas e desenhos

de comportamento específico observado.

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INTRODUÇÃO

A pesquisa bibliográfica concentrou-se principalmente nos conceitos da

psicologia ambiental e nos exemplos que são citados na literatura para cada um

destes conceitos.

O meio ambiente exerce uma influência direta no indivíduo, esteja este

vivendo em comunidade ou mesmo em um ambiente isolado. A interação do

homem com este meio causa efeitos diretos naquele e que irão nortear o seu

modo de vida. A psicologia ambiental nasce, então, das relações do homem com

o meio ambiente que o envolve. É este envoltório que irá determinar as

associações físicas com o espaço, irá contextualizar o indivíduo na sociedade, irá

qualificar o seu bem estar no ambiente.

Ao mesmo tempo, o ambiente físico e social é fértil em possibilidades de

transformações, de estímulos, instruindo o homem a ter uma convivência de

constantes trocas de informações, ações e reações, e que vai originar o

comportamento social, pois tanto o homem exerce suas influências sobre o meio,

como este mesmo meio irá exercer fortes influências sobre ele.

Gifford (1976) diz que o homem é o grande modelador do ambiente

natural na busca pelo conforto, mas também é modelado pela sua criação e existe

um perigo no resultado do projeto: os usuários não são consultados durante a

evolução do processo projetual. Os conceitos de “environmental numbness x

environmental awareness” foram criados para demonstrar as possíveis reações

dos usuários com estes ambientes. “Environmental numbness”, ou a apatia

causada pelo ambiente físico, causa uma espécie de paralização no indivíduo,

como em ambientes públicos e semi-públicos onde o usuário raramente exerce

alguma atitude em relação às situações desagradáveis como sons indesejáveis,

arranjo do mobiliário incompatível com o local; mesmo insatisfeito não considera

modificações para o uso adequado e possíveis rearranjos.

No “environmental awareness”, ou a percepção ativa do ambiente físico,

ocorre o oposto. O ambiente possui atrativos e configurações próprias para a sua

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manipulação, evoca a percepção do usuário considerando a importância de sua

participação para o eficiente funcionamento do espaço seja em suas

características de funcionalidade, adequação dos indivíduos no local, conforto

ambiental e potencialidade dos elementos arquitetônicos, gerando um

comprometimento entre usuário e ambiente. O conceito de consciência

(“awareness”) da possibilidade de interferência é precursor da ação ambiental do

indivíduo, solucionando problemas em relação ao ambiente no qual ele insere os

seus conhecimentos, experiências e as próprias emoções, procurando humanizar

o espaço ocupado. Sommer (GIFFORD, 1976) mostra a importância da ação

desta consciência. Propõe em seus estudos o estímulo à interação com o

ambiente desde a infância como forma de apreciação cognitiva e afetiva com o

local vivenciado; a utilização do espaço através de uma ética ambiental de uso; a

aplicação de simulações no ambiente educacional motivando a maior participação

e integração, estimulando a tomada de decisões e questionamentos acerca do

ambiente social.

O histórico da psicologia ambiental é bastante recente. Lee (1977) diz que

o interesse coletivo pela área de pesquisa começou a partir da década de 60 com

a Conferência sobre Psicologia e Psiquiatria Ambiental que aconteceu em Salt

Lake City em 1961. O crescimento deu-se com a criação da Pilkington Building

Research Unit, na Universidade de Liverpool, e da Building Performance Research

Unit, na Universidade de Strathclyde, ambas na Grã-Bretanha. Impulsos

significativos ocorreram com as conferências interdisciplinares patrocinadas pela

EDRA (Environmental Design Research Association) nos Estados Unidos.

Outro fato a salientar é que o psicólogo ambiental é interdisciplinar,

envolvendo a antropologia, sociologia, ergonomia, a engenharia e os meios de

planejamento, e a arquitetura. O estudo destas relações entre o ambiente

construído e o comportamento humano ficou conhecido como RAC (Relação

Ambiente Comportamento), pois elas expressam a relação direta do usuário com o

ambiente utilizado, fazendo com que o auxílio das ciências sociais e das

geociências seja imprescindível, já que as inter-relações ocorrem com o espaço

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físico, com as variáveis climáticas, com as características biológicas dos

indivíduos e com o comportamento humano (SOMMER, 1972).

Existem muitas metodologias de observação e análise do ambiente físico

relacionado ao comportamento humano. Muitos estudos usam a observação

direta, a aplicação de questionários e análises específicas do ambiente. Três

métodos merecem destaque: “Behavior setting”, Mapeamento ambiental e Mapas

cognitivos

A metodologia das “behavior setting”, também conhecidas por cenários

comportamentais, classifica o ambiente em categorias de acordo com o tempo de

ocupação dos usuários; com o envolvimento e o comprometimento dos ocupantes

em relação ao ambiente; com os aspectos comportamentais através da

freqüência, duração e intensidade de ações no local e com a variedade de

comportamentos possíveis neste cenário. (BARKER, 1964).

A metodologia do mapeamento ambiental entende as relações humanas

com o ambiente através de observações das ações do homem neste mesmo

ambiente e de sua interação com os outros indivíduos. Neste caso, a pesquisa

ambiental necessita de um mapeamento do ambiente físico e da maneira como

este vai interferir e/ou estimular o comportamento do homem. Geralmente este

método adota a exploração de recursos gráficos e audiovisuais. São usadas

fotografias do local durante a ocupação, gravações em vídeo, diagramas dos eixos

de circulação mais utilizados, simulação de situações novas para o cotidiano do

usuário, além de sugestões quanto à configuração arquitetônica para melhores

resultados futuros. As entrevistas com vários usuários também têm sua

contribuição, já que deve ocorrer a troca de informações entre o pesquisador, o

usuário, o projetista original, os responsáveis pelo local, enfim, as pessoas

envolvidas com a situação.

De acordo com Sanoff (1991), pontos de referência do meio urbano

também são importantes para um completo mapeamento ambiental. A atenção

para construções vizinhas, arborização local, vias de acesso, presença de grandes

avenidas ou parques são contribuintes para a identificação com o local e o

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reconhecimento visual. Para o homem é importante este posicionamento físico e

temporal na assimilação de todo o ambiente envolvido. Características típicas do

local ajudam o nosso senso de direção, assim como modificações de marcos

essenciais podem nos afetar de forma negativa, como no caso de demolições e

interferências no trânsito de automóveis.

Nos mapas cognitivos podemos citar novamente Sanoff (1991), que

propõe para a pesquisa sobre o ambiente construído a extração de informações

através das interpretações cognitivas do indivíduo acerca do ambiente. A cognição

está relacionada com a familiaridade e a lembrança que a pessoa possui de um

dado espaço (OKAMOTO, 1999). A importância dos mapas cognitivos é que eles

mostram o processo de transformação psicológica do indivíduo na assimilação e

decodificação do ambiente, determinando a ação individual no espaço ambiental

utilizado. Para Downs e Stea (SANOFF, 1991) um mapa cognitivo não é

necessariamente um mapa, mas sim uma análise funcional das ações do usuário

em seu ambiente de vivência. A fácil visualização de marcos urbanos em uma

cidade faz com que esta seja legível, trazendo segurança psicológica às pessoas

que por ela transitam. Além disso, os marcos fixam-se na memória das pessoas.

Fig. 1 Catedral Metropolitana de Campinas

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Esta compreensão do ambiente pode ser demonstrada através da

observação e de questionários verbais, ou pelas “auto–análises” sobre o

ambiente, transformado em informações verbal, escrito ou visual. Um cuidado

maior deverá ser despendido nesta segunda forma já que o caráter subjetivo da

observação tenderá a prevalecer. O próprio ambiente pode influenciar o modo de

aplicação dos mapas cognitivos uma vez que fornece aspectos singulares de suas

propriedades espaciais.

A intenção de aliar a psicologia à arquitetura deve propiciar a

transformação do ambiente habitável em um local adequado às necessidades de

conforto e vivência do homem. Por isso, a interação do ambiente com o indivíduo

torna-se tão importante tanto em seus aspectos construtivos, quanto na percepção

destes aspectos.

O estudo da psicologia ambiental entende que o ambiente físico exerce

uma série de influências no homem que serão exteriorizadas através do

comportamento, das emoções, das percepções e do julgamento que o indivíduo

faz acerca do espaço que o envolve. Estes julgamentos aparecem sob a forma de

ações que o próprio indivíduo realiza ou da forma como ele apropria-se do espaço,

demonstrando a sua satisfação, familiaridade, repulsa ou isolamento em relação

ao ambiente.

Segundo Okamoto (1999), “não vemos a realidade absoluta, mas uma

realidade que é percebida através de 15 sentidos que reagem aos estímulos

externos e internos, filtrada por condicionantes físicos, mentais e conceituais”.

A percepção do espaço passa também por um processo de regulação de

distâncias que podem ser pessoais ou sociais, considerando as influências e

regras culturais, a sensação de medo e/ou segurança que o ambiente oferece, a

disposição dos elementos arquitetônicos. Estas influências fazem com que o

indivíduo crie um “entorno próximo” no qual ele sente que tem completo domínio

sobre o que o envolve e no qual ele possui segurança para interagir com o meio.

Quatro conceitos são aplicáveis para a caracterização da qualidade do ambiente e

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a interação do homem com este espaço físico: privacidade; espaço pessoal;

espaço territorial e densidade territorial.

No conceito de privacidade, cada indivíduo percebe, sente e atua em um

ambiente conforme o seu ponto de vista, o que vai originar um espaço ao seu

redor no qual ele está apto a agir com naturalidade e confiança. Para que a noção

de privacidade seja estabelecida, é preciso reconhecer as seguintes etapas que

conformarão o espaço individual: percepção, cognição e comportamento.

Na percepção do espaço físico ocorre o acúmulo de informações acerca

do ambiente e que são adquiridas através dos sentidos: visão, olfato, sensação

táctil e audição. A observação dos objetos e cenas também contribuem para o

acúmulo de informações.

No processo cognitivo, as informações colhidas durante a percepção já

começam a ser processadas e armazenadas. A memória recupera outras

informações e influências anteriores como cultura e aspectos familiares, para que

novas conexões sejam feitas. Neste momento, sensações como satisfação,

conforto, aceitação são apropriadas pelo indivíduo.

O estágio comportamental vem como resposta a tudo o que foi “colhido”

até este momento. A partir da estrutura cognitiva, o indivíduo toma uma série de

ações de controle para converter o esquema existente num esquema ideal (LEE,

1977). Este esquema ideal transforma-se no espaço exclusivamente pessoal,

onde qualquer ameaça desagradável pode transformar-se num sentimento de

invasão, cuja tendência será, então, a repulsa.

O espaço pessoal é um espaço imaginário em torno do indivíduo onde

este impõe limites evitando uma aproximação indesejável por parte de outras

pessoas. O homem está envolvido pelo meio; então, é natural que ele delimite a

sua zona pessoal, ou seja, o seu entorno mais próximo e onde ele tem completo

domínio (SOMMER, 1969).

Para definir melhor os conceitos acerca do espaço pessoal o antropólogo

Edward T. Hall (1977) demonstra em seu livro “A Dimensão Oculta”, como este

espaço é utilizado nas diferentes culturas. Para ele, a percepção do espaço é

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dinâmica, relacionando-se com a ação num dado espaço, em vez de relacionar-se

com apenas a visão através da observação passiva. Com isso, coloca o senso

espacial do homem em diferentes situações, nas quais este demonstra graduadas

reações e personalidades, que abrangem a esfera íntima, pessoal, social e

pública. Estas são as quatro zonas de distância descritas por Hall e são definidas

como “proxêmica”, ou seja, a ciência que estuda os modos como o espaço é

usado enquanto forma de comunicação. É como se existissem fronteiras definindo

o modo de agir do indivíduo conforme ele ultrapassa ou não os limites. É onde o

alcance dos sentidos irá exercer a maior influência assim como o alcance dos

braços na regulação da distância.

No espaço territorial, o indivíduo necessita de uma “demarcação” para que

ele sinta que pertence ao meio ou, que o meio pertence a ele. Neste caso, não é

mais uma relação de proximidade com os outros elementos e sim de

possessividade. O sentimento egocêntrico impera e todo movimento é centrado ou

realizado ao redor do indivíduo. “O território é uma estruturação do espaço

estático (através do qual se movimenta o espaço pessoal) a cujo respeito uma

pessoa experimenta um certo sentimento de posse” (LEE, 1977).

O ambiente físico é o maior envolvido na questão e a demarcação do

território pode ter caráter fixo como a própria residência ou o local de trabalho. A

determinação de um território temporário, tal como que é utilizado por indivíduos

que estão em trânsito, é feita através da colocação objetos pessoais no ambiente

de forma visível. O território temporário pode ter a forma de um acampamento ou

até a demarcação do lugar em uma poltrona em uma sala de espera ou

restaurante.

O espaço físico é um elemento vital para que o indivíduo possa realizar

as suas tarefas cotidianas. A demarcação deste espaço mostra as atitudes e

características de ocupação, que podem ter um sentido de posse, personalização,

defesa ou exclusão de uso.

Ao demonstrar a posse o indivíduo usa marcadores para indicar a sua

presença: bolsas, revistas ou outros objetos pessoais. Para personalizar o

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ambiente, ele utiliza elementos de identidade, como crachás, placas sobre a mesa

de trabalho ou diante da porta da sala ocupada, bem como a exposição de objetos

pessoais como o retrato dos filhos, por exemplo. Nas atitudes de defesa utiliza

faixas de segurança não permitindo a passagem (no caso de museus, quando não

é permitida a aproximação com o objeto exposto), delimitações de garagens com

dizeres ou cores específicas das leis de trânsito. Também na demonstração de

exclusão de uso, para dizer que o local já foi desocupado, o indivíduo utiliza-se de

alguns “códigos” como guardanapos desordenadamente dobrados sobre a mesa

de refeição, por exemplo.

No conceito de densidade territorial os índices populacionais também

estão relacionados com as questões da proximidade e com as experiências

coletivas, influenciando o bem-estar do homem. O comportamento do indivíduo

pode sofrer alterações quando este está inserido em grandes massas populares e

multidões. O impacto da densidade sobre ele pode causar atitudes positivas,

negativas, mudança de caráter e personalidade.

A sensação denominada “crowding” talvez seja o maior problema e

perturbação que o indivíduo pode sofrer quando as condições individuais de

territorialidade e privacidade são violadas. A sensação de sufocamento e fobia

podem tornar-se exacerbadas em uma situação pública e a exteriorização deste

sentimento pode revelar-se sob a forma de um comportamento influenciado pela

multidão ou até a vontade de estar em completo anonimato, o “passar sem ser

visto”.

A densidade está relacionada com o ambiente físico. Neste aspecto,

alguns fatores são condicionantes para o sentimento de crowding: a escala do

ambiente versus a taxa de ocupação; a intensidade da iluminação; o arranjo do

mobiliário e até a existência de paredes em formas curvas. A verticalização

intensa do espaço urbano causa sensações de insegurança e desconhecimento

do “mapa urbano”. A falta de privacidade e a diminuição da qualidade de

entrosamento com a vizinhança podem causar aumento de “stress” no indivíduo e

distúrbios mentais pela sensação de solidão, mesmo estando em um espaço

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populoso. Estas situações podem levar ao consumo de drogas e aumento da

violência (GIFFORD, 1997).

Os conceitos que foram apresentados (privacidade, espaço pessoal,

territorialidade e densidade) são de grande importância em estudos relacionados

com o comportamento humano no ambiente construído. Eles fornecem os

subsídios para verificar a eficiência destes espaços nos aspectos sociais,

pessoais, de trabalho, produtividade e também no ambiente de aprendizado, a

escola. Através deles podemos estudar como a arquitetura está influenciando e

satisfazendo ou não, a vivência de cada usuário, fornecendo subsídios de futuros

projetos, ou a introdução de melhorias nas edificações existentes.

A teoria arquitetônica trata da relação ambiente físico/comportamento

humano principalmente através de recomendações projetuais. Textos clássicos e

trabalhos em ecologia humana relacionam elementos arquitetônicos com a escala

e proporções do ambiente físico. Configurações espaciais específicas como

nichos, caminhos, acessos; a distribuição de luz no ambiente, através da relação

entre as aberturas e o espaço físico, a intensidade das cores, texturas, e seus

respectivos efeitos sobre o usuário e também a simbologia de cada elemento

presente na obra são discutidas para uma humanização da arquitetura

(KOWALTOWSKI, 1980). Em 1959, Rasmussen dizia em sua obra “Experiencing

Architecture”, que a arquitetura deve ser facilmente compreensível para as

pessoas já que ela está relacionada com a vida cotidiana do homem. O arquiteto

deve buscar formas e elementos que estimulem a relação homem/ambiente. O

espaço projetado pode trazer a sensação de conforto ou segurança, ou imprimir

uma característica de ambiente social e coletivo ou então individual e íntimo.

Através da vivência com os diversos espaços construídos, o homem vai somando

as suas experiências individuais e aprende a conviver com o que a arquitetura lhe

oferece. Segundo o autor, o arquiteto dispõe de diversos elementos para criar o

ambiente apropriado, através da integração de elementos naturais, do emprego

dos materiais na obra e até mesmo de sua própria vivência como projetista e diz

que “para sentir a arquitetura, é preciso estar consciente de todos estes

elementos”.

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Com relação ao conforto do ambiente e ao espaço habitável, podemos

citar Alexander (1977) e seus métodos para o projeto arquitetônico conforme

situações que requerem diferentes resoluções. Como exemplo, os espaços

pequenos muito densos que podem provocar danos psicológicos e sociais como a

falta de privacidade individual ou para casais, a tendência para situações

claustrofóbicas, afetando o conforto das pessoas. São situações que representam

a preocupação com as proporções da edificação e sua configuração espacial em

relação ao bem estar do usuário. A mesma preocupação recai sobre a questão da

iluminação no interior de um ambiente e o excesso de iluminamento artificial que

as edificações modernas utilizam. A necessidade de luz natural é imprescindível

para a manutenção das energias indispensáveis ao corpo humano. Voltando à

Rasmussen (1998), ele cita o caso das moradias holandesas e a escassez de

espaço no solo para o distanciamento entre as construções. Como a grande parte

do território da Holanda deriva de aterros, as casas foram sendo construídas de

forma contígua, restando apenas as fachadas frontais e posteriores para a

iluminação natural. Daí a necessidade de utilizar toda a extensão da fachada para

captar a luz solar. O pé direito próximo dos quatro metros possibilitava o

aproveitamento através de dois dispositivos: a parte inferior com janelas de

madeira que ficariam abertas durante o dia e em dias ensolarados, e a parte

superior com caixilhos de ferro e vidros fixos para iluminar o interior nos dias de

chuva e frios.

Ao longo da história da arquitetura, vamos conhecendo exemplos que

promovem a integração do homem com o meio envolvente e fornecem soluções

funcionais, estéticas e conceituais que podem ser incorporadas aos novos projetos

desde que contextualizadas com o ambiente em que estará inserido, o entorno

envolvente e as necessidades do novo usuário.

Este projeto de pesquisa visou documentar uma iconografia deficiente na

literatura da Psicologia Ambiental para auxiliar os professores e projetistas no ato

de ensinar e de projetar, respectivamente.

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METODOLOGIA

A metodologia constituiu-se da construção de uma tabela que resume e

organiza o trabalho teórico, caracteriza o comportamento humano e os elementos

arquitetônicos para cada um dos temas e também aborda a pesquisa e a

avaliação feita nos ambientes.

A partir da tabela, os ambientes que acomodam a lista de comportamentos

e elementos arquitetônicos caracterizados foram pesquisados, avaliados e

observados. A metodologia adotada utilizou a observação em campo para que a

próxima etapa pudesse ser iniciada, ou seja, para que pudessem ser agendadas

as observações e registros dos comportamentos em relação aos elementos

arquitetônicos em horários estratégicos.

Os registros das imagens foram feitos através de uma câmera fotográfica

digital em locais públicos da cidade de Campinas como praças, ruas, comércios, e

equipamentos urbanos do centro da cidade e também no Parque Portugal Lagoa

do Taquaral.

Depois de registradas, as imagens foram compiladas e organizadas de

maneira que fossem melhor inseridas nos conceitos da Psicologia Ambiental que

representam.

RESULTADOS

A tabela a seguir apresenta a resultante da pesquisa bibliográfica. Ela está

dividida por conceitos da psicologia ambiental e fornece suas definições. As

iconografias relacionadas às definições estão mais abaixo relacionadas e

explicadas.

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TABELA DAS DEFINIÇÕES DOS CONCEITOS DA PSICOLOGIA AMBIENTAL.

CONCEITO DEFINIÇÕES

PERCEPÇÃO

? Apreensão do estímulo imediato do ambiente (BETCHEL, 1997).

? A percepção é multisensorial. Ainda que de

predominância visual, a percepção tem nos demais sentidos, a confirmação das impressões obtidas pela visão (OKAMOTO, 1999).

COGNIÇÃO

? Compreender, sem precisar, necessariamente, de um estímulo externo. São provindos da Cognição: imaginar, aprender, criar, relembrar, pensar (BETCHEL, 1997).

? A cidade tem que ser legível para uma pessoa

formar um mapa cognitivo do local e encontrar seu caminho ao redor dele (LYNCH, 1997).

? A cognição está muita associada à maneira de

achar o caminho e aos problemas associados a isso, seja utilizando os elementos, estimando distâncias e desenvolvendo estratégias (BETCHEL, 1997).

PRIVACIDADE

? Comportamento a partir de uma estrutura cognitiva. Converte o esquema existente num esquema ideal. Perde-se a privacidade quando o espaço pessoal é invadido e então ocorre a repulsa (LEE, 1977).

ESPAÇO PESSOAL

? Bolha carregada de emoções na qual cada indivíduo é envolvido individualmente (SOMMER, 1972).

? O espaço pessoal demonstra a importância da

distância entre as pessoas, com interação ou não, e como essa distância é influenciada por situações particulares definidas pela cultura, pelo motivo adotado pelo invasor da “bolha” e pela presença ou ausência de outras pessoas (BETCHEL, 1997).

? Diferentes culturas percebem e agem de maneiras

diferentes às diversas distâncias que podem ser da esfera íntima, pessoal, social ou pública (HALL, 1977).

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CONCEITO DEFINIÇÕES

DENSIDADE

? Alta densidade: espaço não habitável, no qual não há conforto ambiental (ALEXANDER, 1977).

? Escala do Ambiente X Taxa de Ocupação

(GIFFORD, 1976).

? Sensação de apinhamento, falta de espaço para iluminação e conforto. Causa insegurança, falta de privacidade e/ou individualidade e qualidade de vida. Nada estimulante para a relação homem/ambiente (RASMUSSEN, 1998).

SEGURANÇA PSICOLÓGICA

? É necessária para uma boa qualidade de vida que o espaço seja facilmente reconhecido e identificado pelo homem (SANOFF, 1991).

? Cenário, cognição, legibilidade. Marco, nó, vias,

limites (LYNCH, 1997).

? Está relacionado com a familiaridade e a lembrança que a pessoa possui de um dado espaço – Cognição (OKAMOTO, 1999).

?

TERRITORIALIDADE

? O território é um espaço geográfico existente e fixo que pode ser defendido quando invadido. Ele é sempre marcado por limites que são facilmente percebidos (BETCHEL, 1997).

? “O território é uma estruturação do espaço

estático (através do qual se movimenta o espaço pessoal) a cujo respeito uma pessoa experimenta um certo sentimento de posse” (LEE, 1977).

? Há sete tipos de demarcações: primário,

secundário, público, interação, do corpo, do objeto, da idéia (HALL, 1977).

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As imagens abaixo relacionadas representam e exemplificam os conceitos

da Psicologia Ambiental

A figura 2, uma praça pública, é percebida pelos transeuntes como um local

de passagem pelo fato de possuir poucos elementos que fixam as pessoas nesses

locais, como bancos e árvores.

Fig. 2 Praça Visconde de Indaiatuba - Largo do Rosário

A grande árvore destacada neste espaço (figura 3) transmite segurança e

acolhimento para a pessoa que se senta no banco abaixo dela. Existe uma

relação entre a árvore e o banco, mas não houve, nesse caso, um bom estudo da

sombra que o elemento natural poderia proporcionar ao elemento construído, o

que transmitiria um maior conforto para a pessoa em dias de calor.

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Fig. 3 Parque Portugal Lagoa do Taquaral

A percepção visual do ambiente registrado na figura 4 faz com que as

pessoas sintam-se calmas e protegidas pelas boas sombras das árvores. O

conjunto árvore, terra e água corrente possuem este potencial.

Fig. 4 Parque Portugal Lagoa do Taquaral

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As grandes árvores agrupadas (figura 5) geram uma agradável sombra para

as pessoas sentadas sob suas copas. Há, nesse caso, uma boa relação entre

elemento natural e elemento construído.

Fig. 5 Parque Portugal Lagoa do Taquaral

As árvores altas e muito próximas umas das outras (figura 6) transmitem a

sensação de proteção, mas ao mesmo tempo, gera insegurança pelo fato de

estarem localizadas em um local afastado do parque público. E a densidade da

vegetação dificulta a visibilidade e o controle da área e, assim, há a sensação de

criar esconderijos para pessoas mal intencionadas.

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Fig. 6 Parque Portugal Lagoa do Taquaral

O teatro de arena, registrado na figura 7, gera na pessoa um estímulo que

faz com que ela imagine ou relembre algo que ali já foi visto ou que possa ainda

ver.

Fig. 7 Parque Portugal Lagoa do Taquaral

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As cadeiras dos engraxates de sapatos da figura 8, munidas de guarda-

sóis, proporcionam uma sensação de privacidade aos clientes em plena praça

central da cidade. Essa atividade fixada nesse local e na memória das pessoas,

pelo fato de ser uma profissão tradicional, também gera segurança psicológica.

Fig. 8 Praça do Fórum

O amplo espaço público munido de uma boa relação entre elemento natural

e elemento construído (figura9) também é capaz de fornecer privacidade ao casal.

Fig.9 Parque Portugal Lagoa do Taquaral

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Nas duas próximas imagens, o espaço ao redor do grande teatro de arena

dá privacidade tanto para o homem lendo jornal sozinho (figura 10) quanto para o

casal que conversa com tranqüilidade (figura 11).

Fig. 10 e 11 Parque Portugal Lagoa do Taquaral

A alta poluição visual do calçadão comercial da figura 12 faz com que os

transeuntes passem mais rápido por ela, pois gera um maior movimento das

pessoas e até uma sensação de anonimato para quem está inserido na multidão

de consumidores.

Fig. 12 Rua 13 de Maio

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A figura 13, registrada em um ponto de ônibus, demonstra uma distância regular entre as pessoas. Já a figura 14, com o casal sentado no banco, demonstra uma aproximação de intimidade.

Fig. 13 Ponto de ônibus no Centro Fig. 14 Largo do Rosário

Na figura 15 é possível visualizar as distâncias entre as pessoas que são

desconhecidas, próximas ou íntimas. Além disso, verifica-se um desvio no

caminho habitual das pessoas, o que faz com que sintam uma falta de segurança

psicológica.

Fig. 15 Faixa de pedestres na Avenida Francisco Glicério

Nas duas próximas imagens (figuras 16 e 17), o grande teatro de arena

está sendo utilizado por uma grande multidão em um evento. Houve neste projeto

arquitetônico, uma falta de estudos da insolação e da acústica do formato da

“concha”. O palco está mal posicionado em relação ao sol, o que atrapalha a visão

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da platéia e a sua forma espacial é pouco apropriada para as atividades previstas,

pois não direciona o som para o público.

Fig. 16 e 17 Parque Portugal Lagoa do Taquaral

Os troncos das árvores e os viveiros dos passarinhos da figura 18 protegem

o homem no banco (principalmente as costas) da movimentação principal do

parque, gerando, além de segurança psicológica, privacidade.

Fig. 18 Parque Portugal Lagoa do Taquaral

A utilização dos espaços públicos pelo comércio informal faz com que os

comerciantes criem maneiras de marcar seu próprio território. Na figura 19, por

exemplo, a demarcação foi feita com um guarda-sol. Na figura20, com um

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carrinho. Os comerciantes se aproveitam de vantagens fornecidas por elementos

arquitetônicos com pilares e coberturas.

Fig. 19 e 20 Pontos de ônibus do Centro da cidade de Campinas

A invasão do território público pode ser visualizada nas figuras 21 e 22. A

primeira mostra pessoas acampadas em praça pública. A segunda, um carro da

polícia em cima da calçada em frente ao Fórum, o que demonstra que o marco

tradicional não é suficiente para manter a ordem, a segurança e o respeito em seu

entorno.

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Fig. 21 Largo do Rosário Fig. 22 Praça do Fórum

CONCLUSÕES

O estudo, conduzido para investigar possíveis iconografias representativas

dos conceitos da Psicologia Ambiental mostrou que há muitos exemplos desses

conceitos a serem registrados, compilados e documentados. Os registros

deveriam ser feitos nos mais diversificados espaços físicos do mundo e nas mais

variadas culturas também, para que um estudo científico mais profundo possa ser

feito com essas imagens.

Essa iconografia deveria ser transmitida a arquitetos e urbanistas, além de

psicólogos ambientais, para que possam enriquecer suas pesquisas e, através

delas, possam melhorar os espaços físicos criados. Através dessas imagens, a

compreensão desse assunto torna-se simples e prática.

A humanização da arquitetura deveria ser mais profundamente estudada

pelos profissionais da área para que os espaços físicos interfiram na vida das

pessoas de maneira a melhorar sua qualidade. Conclui-se também que os

elementos naturais são um dos elementos mais importantes para a humanização

da arquitetura

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Ainda há muita discussão a ser feita sobre esse assunto e essa iconografia

pode ajudar nesse aspecto.

CONCLUSÃO DE APRENDIZADO PESSOAL

A segunda parte da pesquisa foi fundamental para a compreensão dos

conceitos da Psicologia Ambiental através das imagens registradas em campo.

Sua análise foi essencial para que eu pudesse observar mais especificamente os

diversos ambientes e elementos arquitetônicos da cidade de Campinas e pudesse

assim, registrar o comportamento das pessoas em relação a esses.

Para mim, ficou claro que, com as iconografias, o entendimento dos

conceitos da Psicologia Ambiental torna-se mais simples e claro.

Acredito que as pesquisas devem continuar a ser complementadas, a partir

de mais registros nas mais diversas cidades e culturas do mundo, pois isso

ajudaria os profissionais da área a terem uma referência iconográfica para

tomarem melhores decisões projetuais.

Pessoalmente, a pesquisa acrescentou muito ao meu aprendizado na área

de projeto de arquitetura e urbanismo, principalmente na de espaços públicos

como praças, ruas e parques. Esse estudo mostrou-me que os arquitetos têm que

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voltar seus projetos para a humanização da arquitetura, pois ela influencia muito

no comportamento dos usuários dos espaços projetados.

Vivenciar e observar esses comportamentos e elementos arquitetônicos me

fez refletir e me levou a pensar em projeto de uma maneira mais humanizada, não

levando em consideração apenas os fatores físicos do espaço, mas os fatores

humanos também.

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