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Meio: Imprensa País: Portugal Period.: Semanal Âmbito: Regional Pág: 4 Cores: Cor Área: 25,40 x 30,68 cm² Corte: 1 de 4 ID: 72943837 04-01-2018 Do fundo do mar para a prateleira do supermercado Cetemares Inaugurado em 2015, este centro do IPLeiria tem sido o berço de inúmeras pesquisas que transformam algas, bivalves ou ouriços do mar em pão, gin, cosméticos ou armas contra o cancro Daniela Franco Sousa [email protected] Pão, gin, azeite ou gelado são al- guns dos produtos alimentares inovadores, que têm vindo a ser desenvolvidos com base nos re- cursos marinhos da nossa costa, no edifício Cetemares, em Peniche, e que têm chegado às prateleiras dos supermercados nacionais e in- ternacionais. Mas esta é apenas a ponta do ice- bergue num oceano de oportuni- dades que estão por aproveitar. Existe um número vasto de inves- tigações científicas desenvolvidas naquela casa do Instituto Politéc- nico de Leiria (IPLeiria), apostadas em fazer uso dos recursos mari- nhos nas mais variadas vertentes. Artigos anti-envelhecimento, pro- dutos que aspiram combater o can- cro ou o avanço do Parkinson são outras das potencialidades saídas dos oceanos, que os investigadores do Cetemares estão a estudar. Quando a ciência se transforma em refeição Oficialmente inaugurado em 2015, o Cetemares - Centro de I&D, For- mação e Divulgação do Conheci- mento Marítimo é a sede do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente do IPLeiria. É neste edi- fício localizado no porto de Peni- che que, em estreita articulação com as empresas, com diversos or- ganismos nacionais e internacio- nais, trabalha uma equipa de cer- ca de 40 investigadores. Esta infra-estrutura, exclusivamente dedi- cada à Ciência e Tecnologia do Mar, distingue- se pelos seus la- boratórios, pro- vidos com os mais modernos equipamentos na área da biologia, pescas, aquacultura, biotecnologia, química, microbiologia e tecnologia dos alimentos, bem como vários es- paços dedicados à formação e transferência do conhecimento. E que resultados tem obtido este centro? Diversos, aponta Ma- ria Manuel Gil, coordenadora do MARE – IPLeiria, que identifica tantos produtos desenvolvidos no Cetemares que são já suficientes para se confeccionar uma refeição completa. “O nosso centro tem três linhas de investigação: aquacultura, biologia marinha e sus- tentabilidade; biotec- nologia marinha; e recursos alimenta- res marinhos. Es- tas áreas estão in- terligadas e per- mitem-nos adqui- rir conhecimento para trabalhar de- pois directamente com as empresas no desenvolvimento de pro- dutos para colocar no mercado”, explica a coordenadora. “Os pro- dutos que mais depressa chegam ao mercado, e que têm mais visi- bilidade, são os da área alimen- tar”, prossegue Maria Manuel Gil. “No que há área alimentar diz respeito, também trabalhamos em duas vertentes. Por um lado, no desenvolvimento de novos produtos com base nos recursos marinhos. Por outro, valori- zando espécies que tenham actualmente baixo valor co- mercial”, expõe a professora. Dito isto, existem já vá- rios produtos saídos do centro de investigação para o mercado. Além do pão com algas, cuja utili- zação nos produtos ali- mentares permite reduzir o teor de sal, os cientistas do Cetemares também desenvolveram o pão com farinha de bivalves, com o aproveitamento de bivalves que são produzidos em aquacultura e que, por terem pe- quenas dimensões, de outra for- ma não conseguem ser colocados no mercado. Com as algas foi também criado o azeite que já está a ser comer- cializado. “O azeite com algas foi desenvolvido com uma empresa de Bombarral, que nasceu com este projecto, e que neste mo- mento já exporta praticamente toda a sua produção para o Ja- pão. Trata-se de azeite aromati- zado com algas para pratos de peixe e azeite aromatizado com algas para pratos de car- ne”, especifica Maria Ma- nuel Gil. Com recurso a micro-algas foi também desenvolvido no Cetemares e colocado no mercado o gelado de kéfir. Com a ajuda do centro de investigação, a geladaria Emanha melhorou as técni- cas de produção do gelado ar-

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Do fundo do marpara a prateleira do supermercadoCetemares Inaugurado em 2015, este centro do IPLeiriatem sido o berço de inúmeras pesquisas que transformamalgas, bivalves ou ouriços do mar em pão, gin, cosméticosou armas contra o cancro

Daniela Franco [email protected]

� Pão, gin, azeite ou gelado são al-guns dos produtos alimentaresinovadores, que têm vindo a serdesenvolvidos com base nos re-cursos marinhos da nossa costa, noedifício Cetemares, em Peniche, eque têm chegado às prateleirasdos supermercados nacionais e in-ternacionais.

Mas esta é apenas a ponta do ice-bergue num oceano de oportuni-dades que estão por aproveitar.Existe um número vasto de inves-tigações científicas desenvolvidasnaquela casa do Instituto Politéc-nico de Leiria (IPLeiria), apostadasem fazer uso dos recursos mari-nhos nas mais variadas vertentes.Artigos anti-envelhecimento, pro-dutos que aspiram combater o can-cro ou o avanço do Parkinson sãooutras das potencialidades saídasdos oceanos, que os investigadoresdo Cetemares estão a estudar.

Quando a ciência se transforma em refeiçãoOficialmente inaugurado em 2015,o Cetemares - Centro de I&D, For-mação e Divulgação do Conheci-mento Marítimo é a sede do MARE– Centro de Ciências do Mar e doAmbiente do IPLeiria. É neste edi-fício localizado no porto de Peni-che que, em estreita articulaçãocom as empresas, com diversos or-ganismos nacionais e internacio-nais, trabalha uma equipa de cer-ca de 40 investigadores.

Esta infra-estrutura,exclusivamente dedi-cada à Ciência eTecnologia doMar, distingue-se pelos seus la-boratórios, pro-vidos com osmais modernosequipamentos naárea da biologia,pescas, aquacultura,biotecnologia, química,

microbiologia e tecnologia dosalimentos, bem como vários es-paços dedicados à formação etransferência do conhecimento.

E que resultados tem obtidoeste centro? Diversos, aponta Ma-ria Manuel Gil, coordenadora doMARE – IPLeiria, que identificatantos produtos desenvolvidos noCetemares que são já suficientespara se confeccionar uma refeiçãocompleta.

“O nosso centro tem três linhasde investigação: aquacultura,

biologia marinha e sus-tentabilidade; biotec-

nologia marinha; erecursos alimenta-res marinhos. Es-tas áreas estão in-terligadas e per-mitem-nos adqui-rir conhecimento

para trabalhar de-pois directamente

com as empresas nodesenvolvimento de pro-

dutos para colocar no mercado”,explica a coordenadora. “Os pro-dutos que mais depressa chegamao mercado, e que têm mais visi-bilidade, são os da área alimen-tar”, prossegue Maria Manuel Gil.

“No que há área alimentar dizrespeito, também trabalhamosem duas vertentes. Por um lado,no desenvolvimento de novosprodutos com base nos recursosmarinhos. Por outro, valori-zando espécies que tenhamactualmente baixo valor co-mercial”, expõe a professora.

Dito isto, existem já vá-rios produtos saídos docentro de investigaçãopara o mercado. Além dopão com algas, cuja utili-zação nos produtos ali-mentares permite reduziro teor de sal, os cientistasdo Cetemares tambémdesenvolveram o pãocom farinha de bivalves,com o aproveitamento de

bivalves que são produzidos emaquacultura e que, por terem pe-quenas dimensões, de outra for-ma não conseguem ser colocadosno mercado.

Com as algas foi também criadoo azeite que já está a ser comer-cializado. “O azeite com algas foidesenvolvido com uma empresade Bombarral, que nasceu com

este projecto, e que neste mo-mento já exporta praticamentetoda a sua produção para o Ja-pão. Trata-se de azeite aromati-zado com algas para pratos de

peixe e azeite aromatizadocom algas para pratos de car-ne”, especifica Maria Ma-nuel Gil.

Com recurso a micro-algasfoi também desenvolvido noCetemares e colocado nomercado o gelado de kéfir.Com a ajuda do centro deinvestigação, a geladariaEmanha melhorou as técni-cas de produção do gelado ar-

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tesanal e associou os benefícios dokéfir - como a regulação do fun-cionamento intestinal ou a pro-moção da absorção de cálcio – aosda alga Spirulina - um superali-mento, com elevado teor em pro-teínas, vitaminas e sais minerais.Este produto revelou-se de tal for-ma original, que mereceu o pri-meiro prémio na categoria “lác-teos” do primeiro Concurso Inov-Cluster de Produtos AlimentaresInovadores.

Outra inovação saída do Cete-mares é o gin com algas. Chama-se gin Nautilus, é uma bebidafresca e com cheiro a mar, produ-zida em Peniche em articulaçãocom a Oficina de Espíritos (Évora)e com a Algaplus (Aveiro).

Disponíveis no mercado estãotambém outros produtos alimen-tares desenvolvidos pelos cien-tistas deste centro de investigaçãode Peniche, pensados para valori-zar uma espécie que, até então, ti-nha baixo valor comercial. Trata-

-se das almôndegas de cavala e dohambúrguer de cavala, iguariasconcebidas pela professora da Es-cola Superior de Turismo e Tec-nologia do Mar do IPLeiria, a chefPatrícia Borges. Entretanto foramtambém desenvolvidos os ham-búrgueres de salmão e os ham-búrgueres de paloco, adianta Ma-ria Manuel Gil.

O centro de investigação tra-balha também em projectos quevisam aumentar a durabilidadedos produtos. É o caso do re-vestimento de maçãs fa-tiadas, comercializadasna cadeia de restau-rantes MacDonal-d's, que foi feitocom recurso a al-gas comestíveis eque servem paraminimizar o pro-cesso de oxidaçãoque tem início assimque o fruto é cortado.

E, em fase de desenvol-

vimento, há ainda mais projectosbaseados nas algas, adianta acoordenadora do MARE - IPLeiria.“Praticamente concluído está odesenvolvimento de bebidas al-coólicas inovadoras com base emGinja e Licor de Ginja da região deÓbidos.”

Em parceria com a Lusiaves, ocentro de investigação está tam-bém a estudar a utilização de ex-tratos de algas em filmes termo-pla sticos ultrafinos com carac-

teristicas multifuncionais quepoderao assim contri-

buir para o aumentodo tempo de vida

dos produtosembalados.

Já com a Câ-mara Municipalde Peniche ecom a panifica-

dora Calé, o cen-tro de investiga-

ção está a trabalharna elaboração de bola-

chas alusivas às rendas típicas doconcelho e que têm de inovador ofacto de incorporarem algas nasua confecção.

Patentes e prémios pela originalidadeAs patentes e os prémios obtidoscom os produtos desenvolvidosneste centro de investigação de Pe-niche atestam o reconhecimentodo edifício Cetemares e da equipade cientistas do MARE -IPLeiria,não só entre da comunidade cien-tífica como entre a sociedade civil.Demonstram a capacidade de ino-var e de pensar “fora da caixa”.

Entre as patentes obtidas, refe-re Maria Manuel Gil, está o mel empó, desidratado, que também foiconcebido com base em recursosmarinhos.

Já existia um produto seme-lhante nos mercados asiático enorte-americano, realça a coor-denadora do MARE -IPLeiria, masnesse caso era adicionado açúcar.

“Mas se juntamos açúcar deixamoscair por terra as qualidades domel. Então, nós recorremos a umcomposto extraído de algas, quenão tem valor calórico, e que adi-cionamos ao mel em vez de açúcar.O resultado é um mel em pó mui-to interessante para a distribui-ção pelo canal horeca, que permi-te adoçar e decorar de forma fácile sem ser peganhento”, expõe acoordenadora.

Outras patentes alcançadas porcientistas do Cetemares foram ogelo com algas, que serve para au-mentar o tempo de vida útil dopescado, e o também já referido re-vestimento para maçãs fatiadas,exemplifica a professora.

A comunidade civil tem reco-nhecido também o desempenhodeste centro de investigação, quetem trabalhado com empresas detodo o País, e cooperado com ins-tituições nacionais e internacio-nais. Como? Basta dizer que o azei-te aromatizado com algas já ven-ceu diversos prémios em Itália eem França e que a sua taxa de ex-portação ronda os 90%, com enor-me aceitação no Japão, refere a do-cente. Em congressos nacionais einternacionais, também se têmdestacado os pães com algas e ospães com farinha de bivalves,acrescenta Maria Manuel Gil.

Cientistas do Cetemares na luta contra o cancroÉ certo que os produtos alimenta-res são aqueles que mais rapida-mente chegam ao mercado. Nostrabalhos de investigação realiza-dos com vista à área da saúde, osresultados demoram um poucomais a chegar e carecem de bas-tantes validações até que os me-dicamentos possam chegar ao pú-blico, realça a coordenadora doMARE – IPLeiria.

Mas, ainda que com menos vi-sibilidade, existe um conjunto deprojectos em curso, que envol-vem investigadores, estudantesde doutoramento deste centro deinvestigação, e que têm o objecti-vo de utilizar recursos marinhos notratamento de doenças. “Estamosa pesquisar compostos com capa-cidade anti-inflamatória, anti-bac-teriana e anti-tumoral”, adianta aprofessora.

Um desses projectos de investi-gação que envolve cientistas doMARE chama-se POINT4PAC – On-cologia de Precisão através de Te-rapias e Tecnologias Inovadoras.Neste caso, o MARE-IPLeiria é umdos parceiros deste projecto na-cional dedicado à descoberta denovos fármacos anti-tumorais. “OMARE-IPLeiria irá seleccionar no-vas moléculas anti-cancerígenasbiocativas, obtidas a partir de algasvermelhas, plantas e moléculassintéticas com presuntiva activi-dade anti-tumoral”.

“Será realizada uma triagemexaustiva do cobaio de bactériasepífitas de macro-algas, aquáti-cas e de solo existente no MARE-IPLeiria e de colecções de culturamarinhas e ambientais comercial-

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mente disponíveis, seguida doisolamento e elucidação estrutu-ral dos compostos seleccionados.E os mais relevantes serão forne-cidos ao projecto para tratamentode acordo com o fluxo de trabalhopadrão do processo de descober-ta de novos fármacos”.

Trata-se de um projecto de in-vestigação financiado pela Fun-dação para a Ciência e Tecnologia,com a duração de 36 meses (a de-senvolver entre 2017 e 2020, queconta com a coordenação de RuiPedrosa, da parte do IPLeiria, eque tem como parceiros:iMed.ULisboa, Faculdade de Far-mácia, da Universidade de Lis-boa; Centro de Química Estrutural,do Instituto Superior Técnico; oInstituto de Nanociência e Nano-tecnologia do INESC; o CIISA, Fa-culdade de Medicina Veterináriada Universidade de Lisboa, oMARE da Universidade de Coim-bra e o MARE da Universidade deLisboa.

Além desta pesquisa, existe umaestudante, de doutoramento, queestá a avaliar a capacidade de uti-lizar os extractos das algas na pre-venção do Parkinson, adianta aprofessora.

Rações, protectores solares e novas iguarias “picantes”Já ao nível da biotecnologia, pros-segue a coordenadora do MARE -IPLeiria, “também desenvolve-mos extractos de algas, que iden-tificamos e caracterizamos. De-pois, conhecidos esses compostos,aplicamo-los não só na área ali-mentar, mas também em raçõespara animais, para cosmética efarmacologia”.

A identificação de produtos quepossam ser novas fontes de ali-mento está directamente relacio-nada com o aumento da popula-ção mundial e com a dificuldade,que tenderá a crescer, de garantirproteína para todas as pessoas.“É preciso garantir princípios desustentabilidade e nós podemostrabalhar em duas vertentes: namelhoria da aquacultura, por umlado, e na identificação de espéciesque ainda não estão mas que po-dem passar a ser consumidas. Al-gas e não só”, aponta Maria Ma-nuel Gil.

“Nesse sentido, temos em cursoum projecto que consiste no apro-veitamento dos 'pepinos do mar',espécie que não tem valor comer-cial - os pescadores deitam-nosfora – mas que têm um valor nu-tricional muito interessante”, ex-plica a coordenadora do MARE –IPLeiria. “Desidratado e transfor-mado em farinha pode ser umadas formas de ser utilizado na ali-mentação humana”, exemplifica aprofessora. Em estudo está tam-bém a utilização de medusas e de“ouriços” do mar.

Além desta proposta “picante”,fazem-se neste centro de investi-gação avaliações a extractos de al-gas que pode ser incorporados emprotectores solares, cuja compo-sição comum é actualmente bas-

tante nociva para os oceanos,acrescenta Maria Manuel Gil.

Para cosmética, para alimen-tação humana, alimentação ani-mal e biocombustíveis. Eis as vá-rias possibilidades de utilizaçãodas micro-algas produzidas emPataias, num projecto desenvol-vido em articulação com o MARE-IPLeiria, nota ainda a profes-sora.

A Secil quer aproveitar odióxido de carbono (CO2),emitido na fábrica de Pa-taias, para desenvolverprodutos inovadores atra-vés da produção de micro-algas. Foi com esse intuitoque o grupo inaugurou na ci-menteira, em 2016, a unidade deprodução de micro-algas, queestá a ser preparada desde 2007.O objectivo é utilizar 20 a 25% dasemissões totais de C02 da cimen-teira no prazo de uma década.

A criação desta unidade, quecorrespondeu a um investimentode cerca de 15 milhões de euros,resultou numa área de 1,2 hecta-res, com uma capacidade insta-lada de 1.300 metros cúbicos decultura de micro-algas, 90% dasquais exportadas, maioritaria-mente para a Europa.

A comercialização de micro-al-gas para os diferentes mercadosque as aproveitam como ingre-diente sustentável, natural e ricoem diversos compostos bioquí-micos, é uma actividade de ne-gócio centralizada pela empresaAllmicroalgae – Natural Products,unidade pertencente à Secil, quetrabalha com diferentes marcas.

O projecto de captação de CO2e produção de biomassa, atravésda produção industrial de micro-algas, foi de resto distinguidoem Paris, ainda em 2009,com o prémio Environ-mental Innovation forEurope, tendo alcan-çado o Prémio dePrata entre os váriosprojectos concorren-tes apresentados por17 países europeus.

Do Cetemares para a bibliotecaTal como sucede com os produtosalimentares, os fármacos ou acosmética que é desenvolvida noCetemares, com o objectivo dedisponibilizar as inovações à co-munidade, também existe umavariada produção literária geradaneste centro de investigação quetem por princípios informar, sen-sibilizar e formar a comunidadecivil.

Assim, além de outros traba-lhos, produzidos por cientistas eque são destinados à academia,existem já várias obras acessíveisao público em geral. Um desses li-vros, desenvolvido entre 2013 e2014, chama-se Peixes marinhosde Portugal, tem a coordenação dePaulo Maranhão, do MARE –IPLeiria e tem como principal ob-jectivo dar a conhecer as espécies

de peixes mais comuns da costaportuguesa. É uma edição bilingue(Português e Inglês) onde são apre-sentadas mais de 200 espécies,através de fotografias, a maior par-te delas inéditas, e feitas no habi-tat natural. Do livro faz parte in-formação acerca do nome co-mum, nome científico, tama-nho máximo, intervalo deprofundidades e distribuiçãogeográfica.

Em 2015, foi também pu-blicamente apresentado Pei-xes das Berlengas, livro comcoordenação da professora TeresaMouga, um manual ilustrado, quepermite aos alunos de escolas bá-sicas e secundárias da região, tam-bém aos seus professores, termaior conhecimento acercadas mais de 70 espéciesde peixes que vi-vem nestailha.

Em 2016 era lançado um tercei-ro livro direccionado à comunida-de civil. Chama-se Do Mar ao Pra-to – biologia, ilustração e gastrono-mia. Com coordenação do profes-sor Sérgio Leandro, a obra faz umlevantamento de várias espéciesque compõem a fauna marítima daregião Oeste, 11 peixes, dois crus-táceos (lagosta e percebes) e ummolusco (polvo).

Além da caracterização biológi-ca da espécie (habitat, local ondepode ser capturado, informaçãosobre a longevidade máxima re-gistada ou mínimos legais de ta-manho para captura), cada umdos exemplos está acompanhadopela devida ilustração científica. E,para cada espécie, é ainda traçadoo respectivo perfil nutricional e são

apresentadas duas receitas dife-rentes.

“Aumentar o conhecimento dopúblico sobre os recursos, poten-ciar a consciência ambiental e avalorização da gastronomia daregião”, são os grandes objectivosdeste livro, explicava o professorao JORNAL DE LEIRIA aquandodo seu lançamento.

Ainda em 2016 foi apresentadopublicamente o documentário Aoritmo das marés, desenvolvido noâmbito do projecto GACOeste,uma obra que foca as diferentesformas de vida que ocorrem nosecossistemas costeiros, especifi-camente na zona afectada pelociclo das marés, e que contribuipara informar e aumentar a cons-ciência ambiental da comunidade.

Chama-se Do Mar ao Prato –biologia, ilustração egastronomia. Comcoordenação do professorSérgio Leandro, a obra faz um levantamento de váriasespécies que compõem a fauna marítima da região Oeste

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Cetemares tem sido berço de vários produtos alimentares inovadores

Investigadores do IPLeiria pescamgin, pão, mel e medicamentos no fundo do mar

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� Inês Botas, 28 anos e natural deLeiria, foi morta em Moçambiqueonde trabalhava como directora fi-nanceira da Ferpinta. Foram já de-tidos três suspeitos do crime, que,segundo a polícia, aconteceu na se-quência de um assalto Pág. 10

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Ambiente Enterrado o projecto que ia travar a poluiçãoda bacia do Lis, por incumprimento dos requisitos do contrato, sabe-se agora que os suinicultores também estãoem falta com a empresa Águas do Centro Litoral Pág. 13