Identidades masculinas e femininas compreendendo os espaços ocupados pela dança na escola

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Identidades Masculinas e Femininas: compreendendo os espaços ocupados pela dança na escola Alexandra de Castilhos Moojen (PIBID/UERGS/CAPES) Orientadora: Profª Drª Cristina Rolim Wolffenbüttel (PIBID/CAPES/UERGS) Introdução Esta pesquisa encontra-se em fase inicial, contando com bolsa do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação Docência (PIBID/CAPES/UERGS) e faz parte das investigações empreendidas pelo Grupo de Pesquisa “Arte: Criação, Interdisciplinaridade e Educação”, da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul, na Unidade de Montenegro (CNPq/UERGS). Identificando a escola como espaço de formação cidadã dos/as alunos/as, é que se deseja compreender de que forma a escola contribui para a formação da identidade feminina e masculina destes sujeitos, além de identificar qual o lugar da dança dentro da escola e qual a sua contribuição para o 1º ENCONTRO INTERINSTITUCIONAL DO PIBID-UERGS/2º ENCONTRO INSTITUCIONAL DO PIBID- UERGS/2º SEMINÁRIO ARTE E EDUCAÇÃO NA UERGS 14, 15, 16 de março de 2013 – MONTENEGRO/RS

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Identidades Masculinas e Femininas: compreendendo os

espaços ocupados pela dança na escola

Alexandra de Castilhos Moojen (PIBID/UERGS/CAPES)Orientadora: Profª Drª Cristina Rolim Wolffenbüttel (PIBID/CAPES/UERGS)

Introdução

Esta pesquisa encontra-se em fase inicial, contando com bolsa do

Programa Institucional de Bolsa de Iniciação Docência (PIBID/CAPES/UERGS)

e faz parte das investigações empreendidas pelo Grupo de Pesquisa “Arte:

Criação, Interdisciplinaridade e Educação”, da Universidade Estadual do Rio

Grande do Sul, na Unidade de Montenegro (CNPq/UERGS).

Identificando a escola como espaço de formação cidadã dos/as

alunos/as, é que se deseja compreender de que forma a escola contribui para a

formação da identidade feminina e masculina destes sujeitos, além de

identificar qual o lugar da dança dentro da escola e qual a sua contribuição

para o desenvolvimento não só artístico, mas também social e humano dos/as

estudantes.

Assim, estão sendo observadas turmas da 7ª e 8ª séries nas aulas de

artes e educação física, sendo analisados os comportamentos dos meninos e

meninas individual e coletivamente, bem como as formas como estes se

relacionam e realizam as atividades escolares.

Referencial Teórico

Para compreender o tema central desta pesquisa - a construção das

identidades femininas e masculinas – utilizei-me de conceitos tratados por

teóricas feministas como Goldinho (2004), Faria (2000), Chacham e Maia 1º ENCONTRO INTERINSTITUCIONAL DO PIBID-UERGS/2º ENCONTRO INSTITUCIONAL DO PIBID-

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(2004), Castro e Abramovay (2004), que reconhecem que o gênero é um

produto socialmente construído, e não consequência do sexo anatômico de

homens e mulheres. E que, a partir desta construção, existe na sociedade uma

profunda desigualdade no acesso a direitos e recursos materiais, sendo as

mulheres visivelmente desfavorecidas. Por tanto, compreende-se aqui, que

esta desigualdade estende-se às escolas, identificando-as como integrantes e

reprodutoras da realidade vivida fora de seus muros.

No que tange ao questionamento quando ao lugar da dança dentro da

escola, a estudiosa Isabel Marques (2010) contribui com a análise, tratando do

papel da dança no desenvolvimento integral dos estudantes, embasando o

ensino na dança no tripé arte-ensino-sociedade. Ressaltando as tessituras

múltiplas e abertas aos saberes específicos relacionados aos saberes e

vivências dos atores sociais da escola.

Objetivos

A pesquisa objetiva:

Analisar as relações estabelecidas entre meninos e meninas dentro da

escola, a partir da dança.

Identificar as formas como a escola contribui para a formação da

identidade masculina e feminina.

Identificar os padrões sexistas reproduzidos no ambiente escolar.

Sistematizar as relações estabelecidas entre meninos e meninas com o

próprio corpo e o corpo do outro.

Metodologia

A metodologia que está sendo utilizada para esta investigação

pressupõe a abordagem qualitativa, sendo o método a observação

participativa. A técnica para a coleta dos dados é a organização de um caderno

de campo, no qual estão sendo anotadas informações do cotidiano escolar e, a

partir das quais serão elaboradas as posteriores análises.

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O lócus desta investigação é uma escola pública estadual, cujo nome é

Colégio Estadual A. J. Renner, na qual desenvolvo minhas atividades junto ao

PIBID/CAPES/UERGS.

Resultados Preliminares

O projeto encontra-se na etapa inicial. E, a partir da análise das

primeiras observações, à luz da literatura de gênero, já foi possível identificar

que, em diversas atividades, a escola reproduz a divisão sexual do trabalho

existente na sociedade. Por exemplo, quando as meninas ajudam as

professoras a limpar a sala, enquanto os meninos jogam futebol. Outra

situação observada foi a forma como a escola tende a conduzir questões como

a roupa usada pelos estudantes. Exemplificando, na entrada da escola tem um

cartaz que diz:

Atenção! É proibido usar shorts, miniblusa, tops ou blusas curtas como uniforme escolar. (CADERNO DE CAMPO).

A partir da leitura dos dizeres deste cartaz, é possível fazer algumas

análises, mesmo que preliminares. Esta proibição é direcionada às meninas

estudantes e não aos meninos, pois na escola, em nenhum momento, trata-se

da prática de jogar futebol sem camisa na Educação Física ou sobre o

comprimento da bermuda usada pelos meninos.

Em uma conversa informal com uma professora, a mesma apontou que

as meninas eram muito piores que os meninos e que elas ficavam provocando

os garotos e depois reclamavam quando eles passavam a mão. Sobre o tema,

a Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres (SPM) publicou em seu

livro de conteúdo para formação de professores:

De um modo ou de outro, as características tradicionalmente consagradas como femininas e masculinas são evocadas a construção da noção de disciplina e em sua prática no espaço escolar. (...) Outro argumento que parece ser recorrente quanto a problemas no rendimento de estudos para meninas seria terem um “aguçamento” maior quanto à sua sexualidade. Para alguns/mas professores/as, as meninas despertariam

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sexualmente antes que os meninos, daí elas serem tidas como frequência como bem mais “atiradas” (...) Por outro lado, nenhuma referência é feita aos meninos no que diz respeito à relação direta entre prejuízo nos estudos e envolvimento sexual. (SECRETARIA DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA AS MULHERES, 2009, s/d).

Assim, percebe-se que a questão do despertar da sexualidade das

meninas é tratado diferentemente do despertar da sexualidade dos meninos.

Para as meninas ainda se exige um comportamento passivo e recatado. Aos

meninos é aceita e incentivada uma postura ativa sexualmente, sem

julgamento quanto às roupas usadas e as suas consequências perante os

demais estudantes.

Considerações Finais

Identifica-se que a própria escola é um espaço de enraizamento das

diferenças sexistas, muitas vezes por considerar que as relações estabelecidas

entre meninos e meninas são consequências do cotidiano e o menor problema

existente na escola pública, onde muitas vezes problemas estruturais e outras

questões de violência e exclusão permeiam a realidade escolar

complexificando a ação de todos os seus agentes.

Acredito que, com esta pesquisa, possa conhecer um pouco mais o

assunto e, assim, também aprofundar-me quanto à dança e as questões

sexistas.

Referências

CASTRO, Mary Garcia; ABRAMOVAY, Miriam. Marcas de gênero na Escola: sexualidade, violência e discriminação – representação de alunos e professores. In GODINHO, Tatau; SILVEIRA, Maria Lúcia da. Educar para a igualdade: Gênero e Educação Escolar. São Paulo: Coordenadoria Especial da Mulher. Secretaria Municipal da Mulher, 2004.

CHACHAM, Alessandra S.; MAIA, Mônica B. Corpo e Sexualidade da Mulher Brasileira. In: VENTURI Gustavo; RECAMAN, Marisol; OLIVEIRA, Suely de. (Orgs.). A mulher brasileira nos espaços públicos e privados. São Paulo. Ed. Fundação Perseu Abramo, 2004.

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FARIA (2000), Nalu. Gênero e Políticas Públicas: Uma breve abordagem das relações de gênero. In.: Feminismo e Luta das Mulheres: análise e debates. SOF: São Paulo, 2005.

MARQUES, Isabel A. Linguagem da dança: arte e ensino. São Paulo: Digitexto, 2010.

SECRETARIA DE POLÍTICAS PÚBLICAS PARA AS MULHERES. Gênero e diversidade na escola: formação de professoras/es em Gênero. Orientação sexual e relações Étnico-raciais. Livro de Conteúdo – Rio de Janeiro: CEPESC; Brasília: SPM, 2009.

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