Identificação de Armas de Fogo
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Identificação de Armas de Fogo
Carga horária- 60h
Crédito – Celso Nenevê
Apresentação do curso
Prezado(a) aluno(a),
Você está começando o curso de identificação de armas de fogo.
Este curso, destinado aos profissionais de segurança pública em geral, contempla os
principais aspectos da balística técnica, principalmente, aqueles ligados à identificação
direta das armas de fogo. Nesse intuito, você estudará algumas das definições
propostas pela legislação específica; as principais partes ou conjunto de peças e os
princípios de funcionamento das armas de fogo; o calibre; as munições; o significado
do número de série... Enfim, todas as características que possibilitam, de forma
inequívoca, identificá-las, classificá-las e, sempre que necessário rastreá-las.
Esperamos que o curso atenda a sua expectativa e possa lhe ser útil em sua vida
profissional.
Bom estudo!
Objetivos do curso
Ao final do estudo desse curso, você será capaz de:
Compreender os principais aspectos conceituais, históricos e legais
relacionados à balística e arma de fogo;
Identificar armas de porte, armas portáteis, cartuchos, calibres e munições;
Classificar armas de fogo considerando a alma do cano, carregamento,
inflamação, funcionamento, uso e mobilidade;
Contribuir com a identificação e o rastreamento das armas de fogo;
Reconhecer a importância da identificação da arma de fogo na investigação
criminal.
Atualizar-se sobre arma de fogo, reforçando a importância doconhecimento teórico antes do emprego prático e manuseio.
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Estrutura do curso
Módulo 1- Conceitos básicos sobre arma de fogo
Módulo 2 – Armas de porte
Módulo 3 – Armas portáteis
Módulo 4 - Cartuchos
Módulo 5 – Calibre das armas
Módulo 6 – Rastreamento de armas
Nota
As armas retratadas em algumas imagens deste curso fazem parte do acervo
do Museu de Armas da Academia de Polícia Civil do Distrito Federal. Essas
imagens foram registradas pelo próprio conteudista e pertencem, portanto, ao
arquivo pessoal do mesmo.
Módulo 1 – Conceitos básicos sobre arma de fogo
Apresentação do módulo
Muitos séculos já se passaram desde a aparição e emprego das armas de fogo
e, de lá até hoje, elas sofreram significativas modificações, surgiram novos
modelos e novos sistemas de operações. Evoluíram de uma máquina térmica
simples para artefatos bem mais complexos e precisos. A grande variação de
espécies, modelos, dimensões, sistemas operacionais, “poder lesivo”,
existentes hoje, são variáveis que impactam diretamente na tarefa de
classificação.
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Há ainda que se considerar as armas atípicas - frutos de combinações de
espécies de armas diferentes, de sistemas operacionais distintos - que acabam
por tornar essa tarefa de classificá-las e descrevê-las mais árdua (FIG. 1).
Figura 1 – Revólver de sistema Lefaucheaux.
A arma é um revolver de armação fixa, tambor
fixo e municiamento por meio de janela lateral,
cujo cano raiado forma uma peça única com
uma faca.
Fonte: arquivo do conteudista
As tarefas de classificação e descrição tornam-se mais fáceis com adoção de
alguns critérios que você estudará nesse curso. Mas, para compreendê-los,
faz-se necessário que você estude nesse primeiro módulo os conceitos básicos
relacionados a armas de fogo, à balística1 e aos aspectos legais descritos no
Decreto nº 3665, de 20 de novembro de 2000.
1 Ramo da ciência que estuda essas armas.
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Objetivos do módulo
Ao final do estudo desse módulo, você será capaz de:
Definir balística e arma de fogo;
Analisar os aspectos históricos relacionados à balística e a armas defogo;
Classificar as armas de acordo com as características que imprimem naslesões; Inverter a ordem desses dois objetivos.
Classificar armas de fogo considerando os seguintes critérios: alma do
cano, carregamento, inflamação, funcionamento, uso e mobilidade, com
base no Decreto nº 3665 de 20 de novembro de 2000 (R-105);
Estrutura do módulo
Aula 1 – Balística
Aula 2 – Armas
Aula 3 – Armas de fogo
Aula 1 – Balística
A pólvora2 , elemento principal sem o qual não existiria arma de fogo, é uma
invenção atribuída aos chineses. No entanto, o seu emprego como agente paraimpulsionar um projétil através de um cilindro oco, surgiu muito tempo depois.
Atribui-se aos árabes, que foram os grandes comerciantes da idade média, a
utilização e difusão deste invento.
2 http://www.brasilescola.com/quimica/polvora.htm
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Para alguns autores as primeiras armas de fogo, ainda que de forma precária,
apareceram nas cruzadas e na expansão do Império Otomano utilizada por
algum dos povos mulçumanos.
No estudo da arma de fogo, torna-se fundamental o estudo da balística, em
especial da balística forense, pois são elas que estabelecem parâmetros e
procedimentos para a identificação e classificação das armas de fogo.
1.1. O que é balística e como se divide
Balística, por definição, é parte da física que estuda o impulso, o movimento eimpacto dos projéteis, entendendo-se por projétil qualquer sólido que se move
no espaço, após haver recebido um impulso.
A balística estuda o movimento de corpos lançados ao ar livre, como uma
pedra lançada no ar, mas geralmente está relacionada ao estudo dos disparos
de projéteis de armas de fogo.
Ao se estudar um projétil disparado por uma arma de fogo, divide-se o seu
movimento em três partes distintas: a balística interior, balística exterior e a
balística terminal. Logo, a balística é subdividida em:
(aumentar a fonte dos textos no quadrante. Não colocar número, pois não há
uma ordem. Substitua o número por marcadores)
Balística interior - A balística interior estuda o que ocorre desde o
momento do disparo até o instante em que o projétil abandona a arma. É
a parte da balística relativa a estrutura, mecanismo, funcionamento das
armas, da carga de projeção e dos fenômenos que ocorrem no processo
da propulsão dos projéteis. Compreende, portanto, o estudo das armas
e munições até o momento em que o projétil é expelido através do cano.
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Balística exterior - Estuda o movimento dos projéteis no ar, desde o
momento em que este abandona a boca do cano da arma até o primeiro
impacto. Por conseguinte, estuda a influência do ângulo e da velocidadede saída, da resistência do ar, da força de gravidade, da velocidade e
sentido do vento, entre outros fatores.
Balística terminal - Estuda o movimento do projétil desde o primeiro
impacto até a dissipação total de sua energia cinética, ou seja, até o seu
repouso final. Estuda, por conseguinte, os efeitos dos impactos dos
projéteis com o alvo (ricochetes, as lesões e as características deixadasnos suportes pelos impactos dos projéteis). A balística das lesões é um
ramo da balística terminal que estuda os efeitos dos projéteis em tecidos
vivos.
1.2. Balística forense
Nas investigações vinculadas a armas de fogo sempre surgem perguntas cujasrespostas têm como fundamento os princípios da balística. Estes princípios
permitem responder questões como qual o tipo de arma utilizada, qual a
distância do atirador, dentre outras dúvidas de interesse da justiça. Essa é a
área de atuação da Balística forense 3.
Balística forense é a parte da balística de interesse da justiça. O professor e
Perito Criminal Eraldo Rabello, no livro "Balística Forense", a define como:
"É aquela parte do conhecimento criminalístico e médico legal que tem por
objeto, especial, o estudo das armas de fogo, das munições e dos fenômenos e
efeitos próprios dos tiros destas armas, no interesse da justiça, tanto penal
como civil" . (RABELLO, Eraldo. 1995)
3
A palavra forense advém do adjetivo latino forenses, que significa “relativo aofórum”
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1.3. Aspectos históricos
A balística forense é uma das áreas precursoras da criminalística. Em 1835, na
Inglaterra, Henry Goddard notou um defeito num projétil retirado do cadáver de
uma vítima. Nesta época, as armas eram de antecarga (carregadas pela boca)
e os projéteis eram produzidos artesanalmente em moldes (coquilhas) próprios.
Na casa de um dos suspeitos ele encontrou um molde para projéteis que
produzia defeito semelhante em projétil padrão nele moldado. Esta prova fezcom que este suspeito fosse condenado por homicídio.
O professor Lacassagne (Lyon - França, 1889), o químico forense Paul
Jeserich (Alemanha 1898), entre outros, foram experts que conseguiram
identificar armas pelos exames de projéteis incriminados, por técnicas
diferentes.
Balthazard, em 1912, publicou dois artigos que demonstravam as bases
científicas do tema, intitulados “Identificação de projéteis de armas de fogo” e
“Identificação de estojos de pistolas automáticas”.
Outros cientistas forenses no mundo inteiro também apresentaram inovações
na balística forense até a invenção do microscópio comparador balístico, por
Gravelle, em 1925. Gravelle, juntamente com Waite, Fisher e Goddard, fazia
parte do “Bureau of Forensic Ballistics” e desenvolveram inúmeros trabalhos e
inventos para a balística forense.
Em 1929, Goddard fundou o “Scientific Crime Detection Laboratory”, que em
quatro anos investigou 1400 casos envolvendo armas de fogo.
As armas de fogo e suas munições continuaram a ser aprimoradas e, com elas,
a área de balística, principalmente, a balística técnica, responsável pelo
desenvolvimento dessas armas e munições, bem como a balística forense.
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Aula 2 – Armas
Desde os primórdios, ainda na pré-história, o homem utilizou-se de
instrumentos que marcaram a evolução das civilizações e das culturas. As
armas, desde a sua aparição, têm sido um desses instrumentos, que exerceu e
continua exercendo um papel de destaque na história da evolução humana.
2.1. O que são armas
De forma geral, é possível entender armas como:
“todo instrumento, máquina ou meio utilizado pelo homem para ofender ou
defender-se”. (BARBERA & TUREGANT, 1998)
Na legislação brasileira, o Decreto Lei N.º 3665, de 20 de novembro de 2000 -
(R105)4, apresenta, em seu Anexo, no inciso IX, do art. 3º, a definição de
armas como sendo:
“artefato que tem por objetivo causar dano, permanente ou não, a seres vivos
e coisas”. (BRASIL. 2000.)
É importante explicar a diferença entre armas próprias e armas impróprias.
Armas próprias são entendidas como aqueles instrumentos criados com a
função específica de ataque e defesa.
4 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3665.htm
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As armas impróprias são aqueles instrumentos que não foram criados com
intenção lesiva, mas que, de forma imprópria podem ser empregados para esse
fim, a exemplo dos tacos de beisebol etc.
2.2. Classificação das armas de acordo com as características que
imprimem nas lesões.
Inúmeros métodos para a classificação de armas têm sido utilizados. Dentre
eles, aquele que apresenta maior interesse para a justiça e a criminalística é a
classificação por força motriz (energias), principalmente, as ocasionadas pelosmeios mecânicos de acordo com as características que imprimem nas lesões.
Esse método classifica as armas, em:
- Perfurantes - a exemplo dos pregos, agulhas, floretes, furadores de gelo.
- Cortantes - como os bisturis, navalhas ou mesmo as facas quando agem
pela pressão ou deslizamento do gume.
- Contundentes - como as mãos e pés quando desferrem socos e chutes,
paus, pedras, bengalas.
- Perfuro-cortantes - quando exercem, ao mesmo tempo, a ação de
perfurar e cortar, como, por exemplo, as facas, quando são utilizadas
com as ações de perfurar e cortar.
- Perfuro-contundentes - como os dentes dos ancinhos, os projéteis de
armas de fogo.
- Corto-contundentes - a exemplo dos machados facões.
No campo da balística forense, os que apresentam interesse são os
instrumentos perfuro-contundentes, ou seja, aqueles instrumentos que
apresentam simultaneamente a ação de perfurar e contundir que é a ação
exercida pelos projéteis das armas de fogo.
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Importante!
As ações de perfurar e contundir não são exclusivas dos projéteis de armas defogo, a exemplo de chaves de fenda, projéteis de carabinas de pressão, entre
outros. No entanto, os projéteis de armas de fogo são os principais
instrumentos perfurocontundentes.
Aula 3 - Armas de fogo
3.1. O que são armas de fogo e quando surgiram
Conforme o inciso XIII, do art. 3º do Anexo do Decreto Lei N.º 3665, de 20 de
novembro de 2000 – (R105), armas de fogo são:
“armas que arremessam projéteis empregando a força expansiva dos gases
gerados pela combustão de um propelente confinado em uma câmara que,
normalmente, está solidária a um cano que tem a função de propiciarcontinuidade à combustão do propelente, além de direção e estabilidade ao
projétil.” (BRASIL, 2000 )
Embora a definição acima possa parecer complicada, não é. Acompanhe!
As armas de fogo são aquelas que utilizam a força dos gases, gerada pela
queima da pólvora, para lançar um projétil. As armas de fogo são máquinas
térmicas, como os motores dos carros e as caldeiras, ou seja, utilizam a
transformação em gás da pólvora, do combustível, ou ainda, da água para
realizarem as suas funções. Elas receberam esse nome pelas labaredas que
saiam da boca do cano no momento do disparo.
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Não existe consenso entre os historiadores sobre quando surgiram as armas
de fogo bem como sobre seu emprego. Segundo Barbera & Turegant (1998),existem relatos do emprego de armas de fogo, pelos mouros, na defesa de
Zaragoza, em 1118. Para outros historiadores, o emprego das armas de fogo
começa em 1257, quando os mouros uti lizaram, na defesa de Niebla,
pequenos canhões que empregavam pólvora negra como propelente.
Há inúmeros relatos, entre 1300 e 1400,como as crônicas da cidade de Gant
(Bélgica – 1313) e as Armas de Guerra de
Augusto Demmim (1869), sobre a utilização
de armas de fogo (TRUENOS e TRUENOS
de mão) por países como França, Inglaterra,
Alemanha e Espanha, entre outros. A FIG. 2
mostra um trueno de mão, um dos
primeiros exemplares de armas de fogo,
dotado de gancho de abordagem.
Figura 2 – Truenos de mão.
Fonte: arquivo do conteudista
3.2. Classificação das armas de fogo
A grande variação das armas de
fogo, nos projetos e nas
características, faz com que existam
armas extremamente diferentes,
como a arma dotada de inúmeros
canos vista FIG. 3. O objetivo aqui é
que você conheça os princípios da
classificação geral das armas de
fogo. Figura 3 – Arma dotada de inúmeros canos
Fonte: arquivo do conteudista
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Classificação é o ato ou a ação de organizar os objetos ou seres por classes,de dividi-los em grupos com características comuns. Obviamente, para
classificar faz-se necessário um método e a definição das características a
serem observadas.
O interesse de classificar as armas de fogo reside em identificá-las tomando-
se por base critérios que vão do geral para o particular e que contemple
objetivamente as especificidades de cada uma. Especialmente, para armas defogo, poderiam ser adotados inúmeros critérios. Entretanto, recomenda-se que
esses critérios obedeçam a requisitos técnico-científicos e contemple
características intrínsecas da própria arma. Eraldo Rabello (1995) propôs a
classificação das armas de fogo quanto à alma do cano, conforme você
estudará a seguir.
3.2.1 Classificação quanto à alma do cano
Os canos de armas de fogo são uma das principais peças de todo e qualquer
armamento.
Os canos, assim como as câmaras de combustão, são submetidos a pressões
elevadas.
O processo de produção dos canos de armas de fogo é diferente conforme o
tipo de arma a que se destina (revólveres, espingardas, pistolas, carabinas,
etc). Passa por diversas fases, tais como a perfuração de barras de aço, o
polimento, a confecção do raiamento5 ou do choque6 dentre outras. As etapas
variam com o tipo de arma e o modelo para as quais os canos são produzidos.
5 Raias são sulcos helicoidais e paralelos produzidos por brocas especiais, de forma que com a
passagem forçada do projétil através do cano ele acompanha esses sulcos e adquire omovimento de rotação que lhe garante maior estabilidade, maior precisão e alcance.
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Os primeiros canos de armas de fogo tinham o seu interior liso e o diâmetro
ligeiramente maior que os projéteis que admitiam. Esses projéteis eram, nasua maioria, confeccionados de ligas de chumbo e, geralmente. apresentavam
o formato esférico.
Como o alcance desses projéteis era reduzido, em face da resistência do ar,
na tentativa de se obter maior velocidade inicial e maior alcance, mudou-se o
seu formato, de maneira que, com a mesma massa, ele passou a ter menor
seção transversal, ou seja, projeteis mais alongados e com menor diâmetro.
Para evitar trajetórias erráticas e irregulares, surgiram as armas de alma
raiada, capazes de imprimir um movimento de rotação ao projétil em torno do
seu eixo.
De acordo com o art. 3º , LXXI, do Anexo do Decreto 3.665, de 20 de
novembro de 2000, (R105), raias são:
“sulcos feitos na parte interna (alma) dos canos ou tubos das armas de fogo,
geralmente de forma helicoidal, que têm a finalidade de propiciar o movimento
de rotação dos projéteis, ou granadas, que lhes garante estabilidade na
trajetória.” ( BRASIL. 2000 )
6 Mecanismo de redução ou afunilamento do cano na direção da câmara para a boca do cano.
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Dessa forma, as armas de fogo são classificadas quanto à alma do cano em:
canos de alma lisacanos de alma raiada.
Importante!
É extremamente importante observar o número de raias e seu sentido de giro,
porque esses dados serão fundamentais para rastrearmos uma arma de fogo,como discutiremos em um próximo módulo.
Você sabia que...
armas mistas ou armas comb inadas são armas que apresentam um ou
mais canos de alma lisa e um cano de alma raiada ou, ao contrário, dois
canos de alma raiada e um ou mais canos de alma lisa.
Um exemplo desse tipo de arma é a espingarda de dois canos sobrepostos da
indústria ROSSI, Apache, que teve o início de produção em 1953, a qual
apresentava o cano superior de calibre .22 L.R. (alma raiada – 6D) e o cano
inferior de calibre 36 ou 40 (alma Lisa). (TOCHETTO & WEINGAERTNER,
1981)
Estude a seguir outros critérios.
3.2.2 Classificação quanto ao sistema de carregamento
Para que as primeiras armas de fogo estivessem em condições de efetuar um
disparo, era necessário introduzir, pela extremidade anterior do cano (boca do
cano), a pólvora e a carga de projeção. Para tanto, era necessário utilizar
ferramentas para socar a pólvora (vareta de soca) e as buchas. Embora
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obsoleto, ainda encontram-se armas de fabricação artesanal que utilizam esse
processo de carregamento. Os exemplos mais conhecidos no Brasil foram as
espingardas Taquari e Lazarina, ambas da indústria Rossi. Nessas armas, ocarregamento é feito pela boca do cano (armas de antecarga ) .
O processo de carregar uma arma de
antecarga é lento. Maior celeridade no
carregamento foi obtida com a
invenção do cartucho por Clement
Pottet e o aperfeiçoamento deste porCasemir Lefaucheux (FIG. 4). O
cartucho é a unidade de munição
completa - contendo, no mesmo
recipiente, a espoleta, a pólvora e o
projétil,- que pode ser introduzido na câmara localizada na parte posterior do
cano. Surgiram, então, as armas de retrocarga, que persistem até os dias de
hoje.
Dessa forma, as armas de fogo são classificadas quanto ao sistema de
carregamento em:
armas de antecarga
armas de retrocarga.
Figura 4 – Cartucho Lefaucheux
Fonte: arquivo do conteudista
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3.2.3 Classificação quanto ao sistema de inflamação
A classificação quanto aos sistemas de inflamação considera o conjunto de
elementos utilizados para dar início à queima da pólvora.
Você perceberá que o estudo dessa classificação oferece uma visão da
evolução histórica das armas de fogo, desde os primórdios até os sistemas
atuais.
Nas primeiras armas de fogo, ainda
na Idade Média, para realizar o
disparo, era necessário utilizar uma
haste de ferro incandescente, carvão
em brasa ou outros meios de chama
direta que era introduzida num
orifício na câmara de combustão
(ouvido) (FIG. 5). Como o sistema
por haste de ferro não era prático
para as armas portáteis, ele foi
substituído por uma mecha que
conduzia a chama para a câmara de
combustão e, assim, iniciava-se a
queima da pólvora. (Fig. 6)
Denominado sistema de mecha,
esse sistema, totalmente obsoleto,
apresentava enormes dificuldades
tanto em relação ao controle do
tempo de queima da mecha e,
consequentemente, do disparo,
Figura 5 – Sistema por Haste de Ferro
Fonte: arquivo do conteudista
Figura 6 – Sistema de Mecha
Fonte: arquivo do conteudista
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quanto em relação às condições de
armazenamento das mechas para
protegê-las da umidade, além deoutros fatores de ordem prática e,
ainda, os que ofereciam sérios riscos
aos atiradores.
Esse sistema foi substituído pelo
sistema de feche de roda, que
utilizava o atrito como iniciador da
queima de propelente. O sistema de
roda, originário dos relógios de
Nüremberg (Alemanha), consistia em
uma roda na qual se dava corda e, ao
acionar o gatilho, produzia o atrito de
uma pedra de pirita com o metal
causando chispas que, por sua vez,
incendiava a pólvora, produzindo a
deflagração da pólvora e o disparo da
arma. (FIG. 7)
Variações desse sistema de roda
surgiram em toda a Europa, como o
sistema holandês Snaphause,; o
sistema Flintlock que apareceu no
centro da Europa; e, na Espanha, o
Figura 7 – Sistema de Roda
Fonte: arquivo do conteudista
Figura 8 – Sistema Miguelete
Fonte: arquivo do conteudista
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sistema Miguelete , que utilizava
sílex (mistura mineral a base de
sílica) para obter a fagulha (FIG. 8).
A descoberta da espoleta é atribuída
ao reverendo escocês Alexander
John Forsyth que, em 1807, obteve
a patente de um engenho de
percussão que utilizava uma mistura
detonante (fulminato de mercúrio,descoberto em 1779, por Haward),
que iniciava a queima da pólvora
(propelente).
Em 1815, Joshua Shaw desenhou a
espoleta em cápsula, com fulminato
contido em um pequeno cálice de
metal, geralmente de cobre, em
virtude de sua maleabilidade,
surgindo assim, o sistema de
percussão, que significa choque
violento.
Nesse sistema, uma pequena
quantidade de explosivo é depositada
no fundo de um objeto metálico, de
formato semelhante a um pequeno
copo, o qual é colocado sobre a
extremidade de um pequeno tubo que
se comunica com câmara, por meio
de um pequeno orifício (ouvido). O
impacto do percussor comprime a
Figura 9 – Revólver Colt de percussãoextrínseca
Fonte: arquivo do conteudista
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cápsula de espoletamento contra as
paredes do tubo (chaminé) gerando a
detonação do explosivo e,consequentemente, levando para o
interior da câmara uma quantidade de
gases aquecidos, calor e chama que
geram a deflagração do propelente.
Como essa espoleta é uma peça
isolada, separada do cartucho, as
armas que a utilizam são depercussão extrínseca. (FIG. 9)
Com o aparecimento do cartucho, surgiu também, o sistema de percussão
intrínseca. Mesmo transcorridos muitos anos, esse sistema permanece atual e
é largamente utilizado nos nossos dias. O sistema de percussão intrínseca
admite duas subdivisões:
- 1ª. Subdivisão: armas de percussão radial e armas de percussão
central.
As armas de percussão radial são armas de retrocarga em que os cartuchosapresentam a mistura iniciadora depositada por centrifugação na orla do estojo,
sem a utilização da espoleta propriamente dita.
As armas de percussão central são armas de retrocarga que utilizam
cartuchos em que a espoleta apresenta-se montada no centro da base do
cartucho.
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Nota:
Na realidade, essa classificação é própria para os cartuchos e, por extensão, éempregada também, para as armas que uti lizam esses cartuchos.
- 2ª subdivisão: armas de percussão direta e armas de percussão
indireta
Nas armas de percussão direta o percussor está montado no cão ou opercussor é um prolongamento do cão.
Nas armas de percussão indireta, o percussor é uma peça independente que
recebe o impacto do cão ou do martelo para, após esse impacto, ser projetado
e atingir a espoleta.
Há ainda outros sistemas de inflamação.
O sistema de percussão intrínseca
empregado nos cartuchos Lefauchex
(FIG. 10) é diferente dos
supramencionados, pois pino lateral
é o percussor, fazendo parte do
cartucho e não da arma.
Figura 10 – Cartucho LefauchexFonte: arquivo do conteudista
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De emprego restrito às armas militares, existe também, o sistema de
inflamação elétrico empregado nas bazucas e algumas peças de artilharia.
Dessa forma, as armas de fogo são classificadas quanto ao sistema de
inflamação em:
sistema por haste de ferro
sistema de mecha
sistema de atrito ou feche de roda
sistema de percussão (extrínseca e intrínseca)
O sistema de percussão intrínseca se divide em: o 1ª subdivisão: radial ou central
o 2ª subdivisão: percussão direta ou percussão indireta
3.2.4. Classificação quanto ao funcionamento
Podem-se classificar as armas quanto ao sistema de funcionamento em:
Armas de tiro unitário;
Armas de repetição;
Armas semiautomáticas;
Armas automáticas.
Estude, a seguir, sobre cada um deles.
- Armas de tiro unitário : são armas de carregamento manual e,
conforme o próprio nome diz, dotadas de carga para um único tiro.
Após o disparo, nas armas de retrocarga, é necessário fazer a retirada
manual do estojo deflagrado e a introdução de um novo cartucho para
um próximo tiro e, nas armas de antecarga, um novo carregamento. Os
exemplos mais comuns do nosso dia a dia são as espingardas de um
cano e as pistolas de um cano (Pistolet).
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São também classificadas como armas de tiro unitário as armas
dotadas de dois ou mais canos, com as câmaras respectivas e com
mecanismos de disparos próprios para cada câmara, independente deserem do tipo monogatilho ou não. As armas de tiro unitário múltiplas
como as espingardas de dois canos, paralelos ou sobrepostos,
funcionam como se fossem duas ou mais armas de tiro unitário,
montadas em uma só coronha ou que utilizem uma mesma
empunhadura.
- Armas de repetição: Segundo o Decreto nº 3665, art. 3º, inciso XVI,
anexo, são armas “em que o atirador, após a realização de cada
disparo, decorrente da sua ação sobre o gatilho, necessita empregar
sua força física sobre um componente do mecanismo desta para
concretizar as operações prévias e necessárias ao disparo seguinte,
tornando-a pronta para realizá-lo” (BRASIL, 2000). Os exemplos mais
corriqueiros são os revólveres, alguns tipos de fuzis e carabinas.
- Armas semiautomáticas: Segundo o Decreto nº 3665, art. 3º, inciso
XXIII, anexo, são armas “que realizam, automaticamente, todas as
operações de funcionamento com exceção do disparo, o qual, para
ocorrer, requer, a cada disparo, um novo acionamento do gatilho”
(BRASIL, 2000). Nas armas semi-automáticas, como a maioria das
pistolas, aproveita-se a força de expansão dos gases, gerados com a
queima do propelente para a extração e ejeção do estojo e, com o
retorno do ferrolho, a introdução de um novo cartucho na câmara,
deixando em condições de efetuar um novo disparo.
- Armas automáticas: Segundo o Decreto nº 3665, art. 3º, inciso X, anexo,
são armas “em que o carregamento, o disparo e todas as operações de
funcionamento ocorrem continuamente enquanto o gatilho estiver sendo
acionado (é aquela que dá rajadas)” (BRASIL, 2000). O exemplo mais
comum das armas automáticas são as metralhadoras.
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3.2.5 Classificação quanto ao uso e a mobilidade
Quanto ao uso, as armas podem ser classificadas em:
armas de uso coletivo e
armas de uso individual.
Essa classificação está condicionada à quantidade de pessoas necessárias
para o funcionamento regular da arma.
A arma é de uso coletivo quando requer a participação de duas ou mais
pessoas para a sua utilização, a exemplo de algumas peças de artilharia.
É de uso individual quando, para a sua utilização, necessitar de apenas uma
pessoa, como pistolas, fuzis, espingardas, entre muitos outros exemplos.
Quanto à classificação em relação à mobilidade, existem diferenças conforme
a interpretação dos diferentes autores. Entretanto, para os profissionais da
área de segurança pública é importante que se adote as definições contidas
no Decreto Lei N.º 3665, de 20 de novembro de 2000 – (R105), que é a
referência legal para este tema, transcrito a seguir:
- Arma não-portátil: “arma que, devido às suas dimensões ou ao seu
peso, não pode ser transportada por um único homem”. (BRASIL, 2000
– Anexo, art. 3º - inciso XX ) Os exemplos mais comuns são as peças
de artilharia.
- Arma de porte: “arma de fogo de dimensões e peso reduzidos, que
pode ser portada por um indivíduo em um coldre e disparada,
comodamente, com somente uma das mãos pelo atirador; enquadram-
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se, nesta definição, pistolas, revólveres e garruchas ”. (BRASIL, 2000 –
Anexo, art. 3º - inciso XIV)
- Arma portátil: “arma cujo peso e cujas dimensões permitem que seja
transportada por um único homem, mas não conduzida em um coldre,
exigindo, em situações normais, ambas as mãos para a realização
eficiente do disparo” (BRASIL, 2000 – Anexo, art. 3º - inciso XXII ). Nessa
definição, enquadram-se os fuzis, carabinas e espingardas, entre outros.
Dessa forma, as armas de fogo são classificadas quanto à mobilidade em:arma não-portátil
arma de porte
arma portátil
Nota
Em relação ao critério da mobilidade, Eraldo Rabello, as dividem em: fixas,
móveis, semiportáteis e portáteis.
Como você estudou anteriormente, seriam inúmeros os critérios que
permitiriam classificar uma arma de fogo. Além das formas de classificação
apresentadas nesta aula 3 do Módulo I, as armas de fogo podem ser
classificadas pelo seu calibre, pelo tipo de acabamento, entre outros fatores.
Entretanto, os policiais diariamente classificam as armas quanto ao aspecto
legal de seu uso em:
- Arma de uso permitido: “arma cuja utilização é permitida a pessoas
físicas em geral, bem como a pessoas jurídicas, de acordo com a
legislação normativa do Exército” (BRASIL, 2000 – Anexo, art. 3º -
inciso XVII).
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- Arma de uso restrito: “arma que só pode ser utilizada pelas Forças
Armadas, por algumas instituições de segurança e por pessoas físicas
e jurídicas habilitadas, devidamente autorizadas pelo Exército, deacordo com legislação específica”. (BRASIL, 2000 – Anexo, art. 3º -
inciso XVIII)
Esse é o critério proposto pela legislação brasileira que apresenta importância
extrema para a tipificação penal e o agravamento da pena. As características
a serem observadas para essa classificação estão listadas nos artigos 16º e
17º do Decreto Lei N.º 3665, de 20 de novembro de 2000 (R 105).
7
Importante!
É importante você conhecer o Estatuto do Desarmamento, que é uma lei
ordinária no 10 826 de 22 de dezembro de 2003, que regulamenta questões
como o registro, posse e comercialização de armas de fogo e munição, sobre
o Sistema Nacional de Armas (Sinarm), dentre outros aspectos. Sobre ela
estudaremos em módulo futuro.
Finalizando...
Nesse módulo, você estudou que:
Balística é parte da física que estuda o impulso, o movimento e impacto
dos projéteis, entendendo-se por projétil qualquer sólido que se move no
espaço, após haver recebido um impulso.
A balística pode ser dividida em: balística interior, balística exterior e
balística terminal.
Balística forense é a parte da balística de interesse da justiça.
Conforme o anexo do Decreto Lei N.º 3665, de 20 de novembro de
2000 – (R105), armas de fogo são: “armas que arremessam projéteis
empregando a força expansiva dos gases gerados pela combustão de
7 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3665.htm
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um propelente confinado em uma câmara que, normalmente, está
solidária a um cano que tem a função de propiciar continuidade à
combustão do propelente, além de direção e estabilidade ao projétil.” Dentre os inúmeros critérios para a classificação armas de fogo, podem
ser destacados alguns como: alma do cano, carregamento, inflamação,
funcionamento, uso e mobilidade;
Os aspectos legais relacionados aos conceitos e os aspectos de
classificação de arma de fogo estão descritos no Decreto nº 3665, de 20
de novembro de 2000 (R-105).
Exercícios
1) O ramo da balística que estuda os movimentos dos projéteis no ar, antes doseu primeiro impacto é:
a) ( ) Balística internab) ( ) Balística exteriorc) ( ) Balística terminald) ( ) Balística identificativa
2) Os projéteis expelidos por armas de fogo são geralmente classificadoscomo:a) ( ) Instrumentos perfurantesb) ( ) Instrumentos perfuro-cortantesc) ( ) Instrumentos perfuro-contundentesd) ( ) Instrumentos contundentes
3) As armas de antecargas que uti lizam espoletas podem ser classificadas em:a) ( ) Percussão extrínsecab) ( ) Percussão intrínsecac) ( ) Percussão radiald) ( ) Percussão central
4) As armas nas quais o carregamento e o disparo ocorrem continuadamenteenquanto a arma contiver cartuchos no seu receptáculo de munição e ogatilho continuar premido são denominadas:a) ( ) Armas de repetiçãob) ( ) Armas de tiro unitárioc) ( ) Armas semi automáticas
d) ( ) Armas automáticas
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5) Qual das características abaixo não é função do raiamento:a) ( ) maior precisãob) ( ) maior alcance e melhor estabilidade da trajetória
c) ( ) movimento de rotação do projétild) ( ) menor dispersão dos balins (projetis de chumbo para espingardas e
armas congeneres)
6) As armas classificadas, quanto à alma do cano, em armas mistas ou armascombinadas:a) ( ) Necessariamente apresentam no mínimo um cano de alma raiada e
um cano de a lma lisa.b) ( ) Apresentam somente dois canos que podem ser paralelos ou
sobrepostosc) ( ) Apresentam dois canos sendo que um deles possui a funcão detubo carregador
d) ( ) São de tiro unitário dotadas de dois canos raiados
7) Considerando a definição de arma de fogo como “armas que arremessam
projéteis empregando a força expansiva dos gases gerados pela combustãode um propelente confinado em uma câmara que, normalmente, estásolidária a um cano que tem a função de propiciar continuidade àcombustão do propelente, além de direção e estabilidade ao projétil.”,
informe qual das armas abaixo pode ser classificada como arma de fogo:a) ( ) espingardas de ar comprimidob) ( ) Zarabatanac) ( ) thaser d) ( ) espingardas artesanais de antecarga
8) Para efeito de classificação das armas de fogo, elas podem ser classificadas:a) ( ) Quanto ao sistema de inflamação
b) ( ) Quanto à alma do canoc) ( ) Quanto à mobilidade e ao usod) ( ) todas as anteriores
Gabarito: 1- B ; 2-C ; 3-A ; 4-D ; 5-D ; 6-A ; 7-D ; 8-D
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Módulo 2 – Armas de porte
Apresentação do Módulo
Como você estudou no módulo 1, “as armas de porte são armas de fogo de dimensões e peso
reduzidos, que podem ser portadas por um indivíduo em um coldre e disparadas,
comodamente, com somente uma das mãos pelo atirador; enquadram-se, nesta definição,
pistolas, revólveres e garruchas”. (Decreto nº 3.665, art. 3º, inciso XIV, anexo)
As armas de porte, pelas características de peso e dimensões reduzidas e pela facilidade de
manejo e porte, são as armas comumente utilizadas na prática de crimes, e, por conseguinte,de maior interesse para a polícia, especificamente para a criminalística e para a balística
forense.
A análise preliminar das armas envolvidas em crimes ocorridos no DF e na grande maioria
dos estados brasileiros mostra que elas apresentam, em sua grande maioria, algumas
características comuns, ou seja:
• Trata-se de armas de porte, de origem nacional; são usualmente pistolas e
revólveres produzidos, na sua grande maioria, pelos produtores de armas de nosso
país;
• Em relação aos calibres nominais dessas armas, a maior incidência verifica-se
entre os pertencentes à família .38, com especial destaque ao .38 Special e ao .380
Auto ou .380 ACP (9mm Browning), que, dentro daquelas armas consideradas de
uso permitido, são as que apresentam maior potencial energético e maior alcance
máximo e útil. Logo, são os de maior potencial lesivo;
• Usualmente são armas seminovas (menos de dez anos de uso) que apresentam seus
mecanismos operando de forma satisfatória.
Diante disso, entre as armas de porte, o maior interesse reside no estudo dos revólveres e
pistolas, os quais serão objeto de estudo neste módulo.
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Objetivo do Módulo
Ao final do estudo deste módulo, você será capaz de:
• Classificar armas de porte;
• Identificar a origem, o histórico, os principais componentes, mecanismos e sistemas de
operação dos revólveres e pistolas;
• Identificar os aspectos legais contidos no Decreto nº 3.665, de 20 de novembro de
2000, relacionados ao conteúdo do módulo.
Nota
Mesmo sendo consideradas armas de porte, não serão estudadas neste curso as garruchas e
derringers, dando prioridade ao revólver e à pistola.
Estrutura do Módulo
Aula 1 – Revólveres
Aula 2 – Pistolas
Aula 1 – Revólveres
1.1. O que é um revólver
O nome revólver origina-se da palavra da língua inglesa revolve, que significa girar, dar
voltas.
O revólver, pela definição encontrada no Decreto nº 3.665, de 20/11/20001, é uma “arma de
fogo de porte, de repetição, dotada de um cilindro giratório posicionado atrás do cano, que
serve de carregador, o qual contém perfurações paralelas e equidistantes do seu eixo e que
recebem a munição, servindo de câmara.” (art. 3º, inciso LXXIV, anexo)
A principal característica de um revólver é a presença de um tambor ou cilindro giratório
com várias câmaras (perfurações paralelas e equidistantes do seu eixo destinadas a receber a
1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3665.htm
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munição), o qual executa um arco de revolução, alinhando câmara, percussor e cano em
consequência da ação mecânica de armar o cão, ou de acionar o gatilho.
Outra característica do revólver é possuir um só cano com calibres variados. Embora
houvesse experimentos anteriores, a invenção do revólver é atribuida a Samuel Colt, que em
1835/36 patenteou uma arma com sistema de tambor com várias câmaras que, ao serem
giradas, alinhavam-se com um único cano.
1.2. Principais partes de um revólver
São quatro as partes essencias de um revólver: armação, tambor, cano e mecanismos.
Estude, a seguir, cada uma delas.
1.2.1. Armação
A armação de um revólver apresenta três funções principais. A primeira delas é a de permitir
a empunhadura, fazendo com que o revólver seja comodamente sustentado e com fácil
visada. Em segundo lugar, a armação tem a função de alojar todos os mecanismos de disparo
e segurança e, ainda, de sustentação do tambor e do cano. E, por último, a de possibilitar a
identificação da arma, pois geralmente é nessa peça que são gravados os números de série,
logomarca dos fabricantes, entre outros dados.
As primeiras armações dos revólveres de
retrocarga eram rígidas, ou seja, o acesso ao
tambor era feito por meio de uma janela de
obturação lateral (corte na culatra), por onde
eram introduzidos os cartuchos, câmara a
câmara – com o giro do tambor – e, da mesma
forma, extraíam-se os estojos deflagrados, com
o auxílio de uma vareta de extração situada abaixo e próxima ao cano (a posição exata da
vareta de extração variava conforme o fabricante e modelo do revólver).
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Ainda hoje são produzidos revólveres de armação rígida, como alguns modelos dos
revólveres da indústria Ruger.
Em 1870, a indústria Smith & Wesson – fundada por Horacio Smith e Daniel B. Wesson –
criou o revólver basculante, que se caracteriza por possuir um sistema de fechamento e
abertura na parte alta da armação e um eixo no
ponto médio inferior da arma. Uma vez que o
sistema de fechamento estivesse liberado, o cano
e o tambor giravam em torno desse eixo, e uma
peça, em formato semelhante ao de uma estrela
(extrator), era impulsionada pela ação de uma
mola e extraía todos os cartuchos ou estojos
deflagrados de uma única vez. Essa foi a
primeira arma de armação articulada (basculante), e diversas indústrias no mundo passaram
a produzir revólveres com esse tipo de armação.
O outro tipo de armação articulada é a de tambor reversível. Nesse tipo de armação, o
tambor é sustentado por um suporte, peça que
permite o deslocamento dele de sua posição
normal (do espaço retangular onde é encaixado
na armação) para as operações de carregar,
descarregar e retirar estojos deflagrados. De
modo diverso dos revólveres de armação
articulada, para descarregar os cartuchos ou
para retirar os estojos deflagrados, é necessário
apertar a vareta do extrator obtendo-se a
retirada de todos os cartuchos ou estojos das câmaras de uma única vez. Para abrir o tambor,
basta pressionar o dedal serrilhado (chaveta de abertura do tambor), que deslocará o ferrolho,
liberando a haste central do seu encaixe (eixo que fixa o tambor à armação, em torno do qual
o tambor gira.).
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1.2.2 Tambor
O tambor é a peça mais característica de um revólver, pois remete ao próprio conceito de
revolver, de girar. Em um revólver, o tambor é a peça dimensionada para resistir às elevadas
pressões geradas pela deflagração do cartucho, e foi desenhada para acondicionar a munição
em câmaras com dimensões compatíveis aos cartuchos de calibre correspondente.
A câmara é uma perfuração que apresenta diâmetros diferentes ao longo do eixo longitudinal
e varia em quantidade conforme o modelo do
revólver, sendo dispostas paralelas ao eixo da arma
e equidistantes do centro do tambor. Essa variaçãotambém pode ser verificada quanto ao sentido de
giro do tambor (como nos revólveres Colt, que
apresentam o giro no sentido horário enquanto a
maioria das marcas, entre elas a Taurus, Rossi e
Smith & Wesson, no sentido anti-horário). Essa
informação muitas vezes é de extrema importância na elucidação da dinâmica dos fatos. As
câmaras apresentam um pequeno estrangulamento em sua parte anterior (headspace) que
trava o estojo, permitindo apenas a passagem do projétil. As câmaras, na sua parte posterior,
são recortadas de modo a permitir o encaixe da orla do estojo e da coroa do extrator.
Nos revólveres de armação articulada – quer basculante, quer de tambor reversível –, no
centro do tambor trabalha o sistema de extração, composto de diversas peças, principalmente
do extrator. A coroa do extrator é uma parte denteada (cremalheira) do extrator, na qual age
o impulsor do tambor fazendo-a girar e permitir o perfeito alinhamento entre cano, câmara e
percussor.
Os tambores apresentam em sua parte posterior externa recortes que permitirão o encaixe do
retém do tambor, peça que tem por função travá-lo, impedindo o giro, de forma a garantir o
alinhamento já mencionado. Os tambores de revólveres podem apresentar em sua parte
anterior recortes chamados de caneluras, que têm por função facilitar a pega e o giro manual
do tambor durante o processo de carregamento. Como essa função não é essencial, existem
também tambores de revólveres sem caneluras – são denominados de tambores lisos.
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1.2.3. Cano
Da mesma forma que o tambor, o cano é uma peça sujeita a elevadas pressões e, por isso, foi
dimensionado para resistir a elas. Durante toda a sua extensão, o projétil é acelerado pela
força expansiva dos gases oriundos da queima do propelente e adquire velocidade2. A ação
dos gases sobre a parede do cano é o que acarreta a pressão elevada.
O cano não só é responsável pela energia cinética e velocidade do projétil, mas também – e
principalmente – pela direção que imprime a ele. A ação dos gases sobre o projétil faz com
que ele adquira velocidade e energia cinética; entretanto, a direção e o sentido que o projétil
apresenta é a mesma do local para onde o cano está voltado, tanto que parte do sistema de
pontaria (massa de mira) está montada sobre ele. Os canos geralmente apresentam uma
pequena inclinação para diminuir o efeito da gravidade sobre o projétil nas distâncias para as
quais o sistema de pontaria está aferido.
Eles são responsáveis ainda pela velocidade angular
que o projétil adquire em consequência de sua
passagem forçada através do raiamento do cano.
Esse movimento rotacional do projétil em relaçãoao seu eixo longitudinal é extremamente importante
para sua estabilidade e alcance. O número de raias,
a inclinação e sentido de giro delas, profundidade e
outros valores variam conforme o fabricante e até o modelo do revólver.
O cano é ligado à armação geralmente por rosca, podendo apresentar um pino de segurança
que garante o seu travamento.
No processo de produção dos canos dos revólveres, as duas etapas mais conhecidas são a
perfuração e a confecção do raiamento; entretanto, os canos apresentam na sua extremidade
posterior o cone de forçamento ou cone de pressão. Esse cone tem a função de facilitar a
entrada do projétil no cano, uma vez que o diâmetro do cano é menor que o diâmetro do
projétil e, sem ele, as deformações por fricção e impactos que o projétil sofreria seriam
grandes.
2 Para um mesmo cartucho, guardadas as devidas proporções, quanto maior for o comprimento do cano,
maior será a velocidade com que o projétil o abandona, porque permitirá a queima total do propelente.
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No pequeno espaço entre o final do tambor e o início do cone de pressão (gap), o projétil
descreve um voo livre. Quanto menor for esse espaço, maiores serão os valores de precisão e
estabilidade do projétil. Na extremidade anterior, verifica-se a coroa ou crista, que tem por
função permitir uma saída uniforme dos gases pelo cano. Sem a uniformização realizada pela
crista, esse escape diferenciado dos gases, que aconteceria em decorrência do raiamento,
poderia gerar um desvio na trajetória do projétil.
Na região externa dos canos dos revólveres é comum encontrar gravações que identificam o
calibre nominal da arma, o fabricante, o país de produção, entre outros dados. O cano pode
apresentar reforços, que geralmente caracterizam o modelo da arma. Em sua parte inferior,
pode haver uma presilha de fixação da vareta do extrator e indiretamente da haste central
(aferrolhamento duplo).
1.2.4. Mecanismos
Os mecanismos dos revólveres são compostos de três sistemas básicos, que funcionam de
forma interligada:
-
Sistema de disparo e percussão;
- Sistema de repetição;
- Sistema de segurança.
Sistema de disparo e percussão
Embora funcionando de forma integrada, o sistema de percussão é composto principalmente
pelo gatilho e impulsor do gatilho, cão, percussor, alavanca de armar e mola real, todas essas
peças com as suas respectivas molas e pinos.
Considerando o tambor do revólver carregado, pode-se ter o disparo a partir de duas ações,
que acabam por classificar os mecanismos de disparo em:
- Ação simples – Caracteriza-se por requerer o engatilhamento manual da arma
por meio do recuo do cão até a posição de armado (travado à retaguarda),
momento em que o tambor gira, promovendo o alinhamento da câmara com ocano para posterior acionamento da tecla do gatilho. Acionando o gatilho,
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obtém-se, com o impacto do percussor sobre a espoleta, a detonação desta e a
deflagração do cartucho.
As armas que só funcionam em ação simples, sem o engatilhamento prévio do
cão, não disparam.
Nota
Como curiosidade, vale lembrar que essas armas caracterizaram os filmes sobre a conquista
do oeste americano, onde o cão apresentava um prolongamento bem mais acentuado
(“orelha” do cão maior) com a finalidade de facilitar o engatilhamento. Nesses filmes, o
atirador usa a palma de uma das mãos para chocar-se com o prolongamento do cão,aumentando a velocidade da sequência de disparos.
- Ação dupla – Caracteriza-se por promover automaticamente o recuo do cão e o
giro do tambor à medida que se pressiona a tecla do gatilho, até a posição em que
o cão é liberado e, ao avançar pela pressão da mola real, gera o impacto do
percussor sobre a espoleta, a detonação desta e a deflagração do cartucho.
Nota
Diversos modelos de revólveres apresentam-se com o cão oculto ou embutido – a exemplo
do revólver Taurus, modelo 85H – ou sem o cão (hammerless).
A maioria dos revólveres atuais pode operar tanto em ação simples quanto em ação dupla,
conforme as definições acima. Dessa forma, para alguns autores essas armas são de ação
dupla, enquanto para outros essas armas são de movimento duplo.
Os revólveres atuais apresentam dois sistemas diferentes de percussão, que consideram,
basicamente, a montagem do percussor: percussão direta e percussão indireta.
- Percussão direta – O percussor é parte integrante do cão, podendo ser um
prolongamento do cão (fixo), ou estar afixado por um pino (oscilante);
- Percussão indireta – O percussor se encontra em espaço próprio, na armação, e
recebe o impacto do cão de forma indireta. Com o desenvolvimento de sistemas
de segurança, como o sistema Irwing Jonhson (em que o cão irá impactar-se
contra a sua alavanca e ela, por sua vez, contra ele), e por causa dessa segurança,
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esse tipo de percussão passou a ser adotado por inúmeros fabricantes com as
respectivas modificações.
Nota
Nos modernos revólveres Taurus, o sistema de segurança é semelhante ao mencionado: o cão
irá colidir com a barra de transferência e ela, por sua vez, contra o percussor.
Os primeiros revólveres eram de
percussão extrínseca, uma vez que ainda
não existia a figura do cartucho, como
pode ser observado no tambor do
revólver Remington New Army, na foto
ao lado.
Sistema de repetição
O sistema de repetição é composto principalmente pelo conjunto do extrator (cuja função
principal é a extração dos estojos deflagrados) do impulsor do tambor (que juntamente com a
coroa ou cremalheira do extrator fazem o tambor girar e permitem o alinhamento do cano,
câmara e percussor) e do retém do tambor (peça que encaixa nos recortes próprios do tambor
de forma a garantir o alinhamento supramencionado).
Nota
O sistema de segurança será discutido em item próprio.
1.3. Classificação dos revólveres
Nos Estados Unidos, Espanha, Argentina e outros países, a principal classificação dosrevólveres refere-se ao sistema de municiamento, classificando-os, pelo processo de acesso
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ao tambor, em: obturador lateral (armação rígida) e basculantes ou oscilantes (armação
articulada).
No Brasil, classificamos os revólveres quanto à(ao):
- Armação;
- Sistema de Disparo;
- Percussão;
- Extração;
-
Funcionamento.Estude sobre cada um deles!
1.3.1 Quanto à armação
Quanto à armação, os revólveres dividem-se em:
- De armação rígida – Pode ser inteiriça (Ruger Single Six) ou desmontável (caso do
obsoleto revólver Remington New Army).
- De armação articulada – Subdividida em revólveres basculantes ou de tambor
reversível.
1.3.2. Sistema de Disparo
Quanto ao sistema de disparo, os revólveres são de movimento simples quando o revólver
opera somente em ação simples ou somente em ação dupla. Quando opera nos dois sistemas,
são classificados como de movimento duplo.
1.3.3. Percussão
Quanto à percussão, são classificados como:
- Percussão extrínseca (obsoleta);
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- Percussão intrínseca – Subclassificada em percussão direta e indireta3.
Nota
Existe ainda o sistema obsoleto de
percussão perpendicular do sistema
Lefaucheux, como o revólver que
pertenceu ao Duque de Caxias (foto
acima).
1.3.4. Extração
Quanto à extração, os revólveres são classificados em:
- De extração simples (armação rígida) e simultânea ou automática (no caso dos
revólveres de tambor basculante);
-
Manual (no caso dos revólveres de tambor reversível).
1.3.5. Sistema de funcionamento
Quanto ao sistema de funcionamento,
classificam-se os revólveres em:
- Revólveres de repetição (caso
geral);
- Revólveres semiautomáticos –
raros casos de revólveres (foto
ao lado).
3
As classificações em fogo central ou fogo radial são próprias para os cartuchos utilizados nessas armas.Embora indiquem a posição de incidência do percussor no cartucho, e por isso sejam também empregadasnas armas de fogo, são próprias para as munições.
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Aula 2 – Pistolas
2.1. O que é pistola
O termo pistola é um termo genérico que já
designou diversos tipos de armas, desde pequenos
punhais ou adagas no século XV – que eram
escondidos entre a roupa –, passando por armas
auxiliares da cavalaria, no século seguinte, até
todas as armas de fogo curtas, que poderiam serempunhadas com uma mão no século XVIII.
Normalmente, quando nos referimos a pistolas nos dias de hoje, geralmente estamos nos
referindo a pistolas semiautomáticas, ou seja, a armas de porte, que aproveitam a força
expansiva dos gases para operar o mecanismo que irá extrair da câmara o estojo deflagrado,
ejetá-lo, e, com o retorno do mecanismo à posição de disparo, introduzir um novo cartucho
na câmara, deixando-a em condições de efetuar um novo disparo.
Pistolas são armas em que, enquanto existir munição no carregador, a introdução de um novo
cartucho na câmara é realizada de forma automática após o disparo ter sido efetuado, sendo
necessário acionar a tecla do gatilho para todo o disparo que se deseje fazer – embora
existam pistolas automáticas, como a pistola Glock, modelo G18 C, que realiza rajadas de
três tiros, ou outras capazes de efetuar disparos automáticos.
2.2. Breve histórico As pistolas semiautomáticas desenvolveram-se a partir da metralhadora criada por Hiram
Maxim em 1883, que usava a ação dos gases no
momento do disparo para retirar o estojo deflagrado
e colocar outro cartucho na câmara. As experiências
de Maxim desenvolveram-se a partir de carabinas
Winchester 1866, calibre .44-40. O primeiro
modelo de pistola semiautomática foi criada pelo
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armeiro alemão Hugo Bochardt em 1894. Segundo diversos autores, era uma arma volumosa,
frágil, incômoda, tendo sido produzidos poucos modelos dela. Em 1896 surgiu o modelo C-
96, criada por Paul Mauser, que foi utilizada em diversas revoluções e guerras, a exemplo da
guerra dos bôeres na África do Sul. No mesmo ano, surgiu a pistola Luger, criada por George
Luger e adotada pelo exército alemão em 1908, no calibre 9mm Luger.
O cantor e compositor Lenine, em uma das estrofes da música Candeeiro encantado cita:
“(...) Já foi-se o tempo do fuzil papo amarelo pra se
bater com poder lá do sertão, mas Lampião disse
que contra o flagelo tem que lutar com parabelo na
mão (...)”
Lenine cita duas armas que foram muito populares
no Brasil e muito utilizadas, quer no cangaço, como
relata a música, quer em quase todos os estados.
Sobre o fuzil papo amarelo, que foi uma das armas presentes na história do nosso país, você
estudará mais tarde, mas o termo “parabelo” era a designação da pistola de George Luger,
adotada pelo exército alemão em 1908 com o nome de P08 ParaBellum-Pistole , que vem daexpressão latina “Si vis pacem para bellum” que quer dizer: “Se queres a paz, prepara-te
para a guerra”, para dar a ideia que era uma arma de guerra.
Um dos principais armeiros que trabalharam com pistolas foi John Browning, que, a partir de
1900, desenvolveu pistolas para a Colt e FN – desde a clássica Colt, modelo 1911, até a
Browning High Power , comercializada em 1935, que foi a primeira pistola com carregador
bifilar. Browning foi o responsável pelos cartuchos mais conhecidos de pistola, como o 25
ACP ( Automatic Colt Pistol) (6,35 x 16mm), o .32 ACP (7,65 x 17mm) e o .380 ACP (9 x
17mm). A primeira pistola de ação dupla foi a Walter PP, desenhada em 1929 para uso
policial. Assim, como diversas outras melhorias, que vêm aperfeiçoando as pistolas até os
dias de hoje.
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2.3. Partes principais de uma pistola
As principais peças de uma pistola são: cano, ferrolho, armação e carregador.
Estude, a seguir, cada uma delas.
2.3.1. Cano
O cano das pistolas tem as mesmas funções e apresenta as mesmas características já
estudadas por você em revólver. Como na maioria das armas, nas pistolas semiautomáticas o
cano e a câmara são uma mesma peça, e a câmara localiza-se na parte posterior do cano.
Como ela destina-se a receber a munição, geralmente apresenta em sua porção inferior uma
rampa que facilita a introdução do cartucho, e, nas pistolas dotadas de extrator, apresenta um
recorte para o encaixe dessa peça, tanto na câmara quanto no aro do estojo. A quantidade e
orientação das raias do cano irão variar conforme o fabricante e o modelo da arma.
Os canos podem ser fixos (presos à armação) ou móveis, dependendo do sistema de
funcionamento da arma. As pistolas com cano fixo normalmente operam pelo sistema de
recuo direto ( Blowback simples), em que o recuo do ferrolho é controlado pelo peso, inérciado ferrolho e resistência da mola recuperadora. É muito usado para os calibres menores,
como o 7,65mm e o .380 ACP.
O termo “Blowback” vem do inglês e significa “sopro à retaguarda” ou “sopro para trás”.
Quando se dispara uma pistola, os gases gerados pela queima da pólvora não só impulsionam
o projétil; impulsionam também o conjunto do ferrolho à retaguarda, permitindo a extração
do estojo percutido e, em consequência do retorno do ferrolho, a introdução de um novo
cartucho na câmara. Como dito, o recuo do ferrolho e a pressão dentro da câmara sãocontrolados pela massa deste – que é muito maior do que a do projétil – , pela inércia de
movimento do ferrolho – que também é muito maior do que a do projétil – e, ainda, pela
resistência da mola recuperadora, não permitindo que o conjunto do cano/ferrolho se separe
enquanto a pressão é alta, o que poderia causar danos à arma e lesões no atirador. Esse
sistema é chamado de Blowback simples, recuo direto ou massa inercial e é empregado em
armas de calibres menos potentes.
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No sistema de operação por recuo curto ( Blowback com trancamento), o cano e o ferrolho
são móveis, ficando interligados no momento inicial do disparo e depois recuam juntos por
uma curta distância até que o cano é detido e o ferrolho é liberado, continuando seu
movimento à retaguarda até a expulsão do estojo deflagrado e a introdução de um novo
cartucho na câmara. É o sistema usado para armas de calibre 9mm Luger, .40 S&W e .45
ACP, entre outros, pois, devido à maior potência desses calibres, faz-se necessário esse
trancamento inicial, no qual o cano e o ferrolho recuam juntos até que haja a diminuição da
pressão dos gases no interior da câmara.
Para que você entenda melhor o sistema de operação por recuo curto, veja o exemplo das
pistolas da marca Colt, modelo 1911. A ilustração abaixo foi extraída do livro Herida por
arma de fuego, de Vincent J. M. Di Maio
(ediciones La Rocca, Buenos Aires, 1999).
No momento do disparo, o cano e o ferrolho
estão unidos formando uma única peça, por
meio de saliências e ressaltos que formam
um sistema de engate (culatra aferrolhada).
Após o disparo, no momento em que a
pressão diminui e o projétil praticamente
abandona o cano, o conjunto do ferrolho e
cano começa a se deslocar à retaguarda, em consequência da ação dos gases. Após um
pequeno deslocamento, a parte posterior do cano sofre um pequeno deslocamento vertical
(queda), soltando-se do sistema de engate e sendo detido por uma peça específica. O ferrolho
continua seu deslocamento à retaguarda, extraindo o estojo da câmara, que, ao impactar-se
contra o ejetor, é expelido pela janela de ejeção. O ferrolho, ao regressar pela ação da molarecuperadora, coleta um novo cartucho no carregador, introduz esse cartucho na câmara,
facilitado pela inclinação da parte posterior do cano e da rampa da câmara, e empurra o cano
até o conjunto ferrolho e cano travarem-se novamente nos engates, o que deixa a arma pronta
para um novo disparo.
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Outras formas de operação surgiram, como o sistema a gás das pistolas HK P-7 e da Desert
Eagle. Nesse sistema, parte dos gases oriundos da queima do propelente são conduzidos por
um pequeno orifício situado no cano e trabalham com um êmbolo, de forma a exercer pressão
para que o ferrolho seja
movimentado, de maneira
semelhante aos modernos fuzis.
2.3.2. Ferrolho
O ferrolho é uma peça móvel que
realiza deslocamentos no sentido do
eixo longitudinal da arma, em canaletas ou guias próprias para isso, promovendo a ação de
retirar o estojo deflagrado e carregar um novo cartucho. A placa obturadora, parte do
ferrolho que fica em contato com a base do cartucho, é rebaixada para garantir um melhor
encaixe do cartucho, câmara e ferrolho e a estanqueidade do conjunto. No ferrolho
encontram-se o percussor e o extrator (para os modelos que utilizam essa peça), asrespectivas molas e pinos de fixação, bem como uma série de outras peças que irão variar
conforme o sistema de percussão e o projeto da arma.
2.3.3. Carregador
O carregador tem por função acondicionar a munição. Normalmente, os carregadores são
produzidos em chapas de aço e apresentam o formato de caixa, apresentando a muniçãodisposta em uma fila (unifilar) ou em duas filas (bifilar). O carregador geralmente é
composto pelo corpo, mesa transportadora, mola e base. Algumas pistolas apresentam
carregadores do tipo caracol, que apresentam maior capacidade, e outras pistolas (a exemplo
da pistola Mauser, modelo C 96, calibre 7,63mm) têm o carregador como parte integrante da
arma.
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2.3.4. Armação
A armação, da mesma forma que o revólver, apresenta as funções de:
- Empunhadura;
- Acondicionar o ferrolho (geralmente o cano, quando for uma peça independente) e a
mola recuperadora com a sua guia;
- Conter os mecanismos de disparo;
- Compor o mecanismo de segurança (dependendo do modelo);
- Portar os dados de identificação da arma.
Na armação, verifica-se ainda o ejetor, sendo que na maioria das pistolas é em sua
empunhadura que está alojado o carregador.
As armações são confeccionadas em diversos materiais, como aço, alumínio e suas ligas, e em
polímeros, como a pistola H.K., modelo VP70Z (Heckler & Koch), uma das precursoras em
armação de polímeros.
2.3.5. Mecanismos
Assim como você estudou sobre os revólveres, as pistolas também possuem de três sistemas
básicos de mecanismos:
- Sistema de disparo e percussão;
- Sistema de repetição;
- Sistema de segurança.
Sistema de disparo e percussão
Os mecanismos de disparo são compostos pelo gatilho, tirante do gatilho ou peça semelhante
– responsável por levar os movimentos do gatilho ao cão (percussão indireta) ou ao próprio
percussor (percussão direta) –, armadilha ou peça semelhante que trava e libera o cão da
posição de armado.
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Nota
O cão e o próprio percussor, bem como as molas e respectivos pinos, constituem-se nas
principais peças que trabalham de forma interligada.
Sistema de repetição
Da mesma forma que os revólveres, as pistolas podem funcionar em ação simples, o que
requer que o atirador, para efetuar o primeiro disparo, engatilhe manualmente o cão, puxando-
o para trás. Após o primeiro disparo, pela ação do ferrolho (no seu ciclo de extrair o estojo e
alimentar a arma), o cão é armado sem a necessidade de qualquer outra operação manual.
Nas pistolas de ação dupla, como a pistola Taurus 24/7, o tirante do gatilho atua diretamente
sobre o percussor, comprimindo a sua mola. Após pequeno percurso, o percussor é liberado,
incidindo contra a espoleta; obtém-se, então, a consequente deflagração do cartucho.
Nota
Sistemas de funcionamento parecidos são os que operam nas pistolas Glock, HK P7-M8 e
M13, que requerem que o gatilho seja armado previamente pela ação do ferrolho e não podemser classificadas como de ação dupla simples.
Nas pistolas de dupla ação (movimento duplo), desde que carregadas, o primeiro disparo pode
ser efetuado apertando o gatilho, não sendo necessário o engatilhamento manual do cão. Os
disparos seguintes são efetuados como nas pistolas de ação simples, com o cão sendo
naturalmente armado pelo movimento do ferrolho após o disparo.
As pistolas de dupla ação modernas, como algumas pistolas Beretta e Taurus, possuem ainda
uma tecla (alavanca), localizada em seu ferrolho ou armação, que, ao ser acionada, permite
que o cão seja desarmado, abaixando-se para sua posição habitual (desarmador do cão). A
grande vantagem desse tipo de trava é a possibilidade de se desarmar o cão após ser colocado
um cartucho na câmara, ou após terem sido efetuados alguns disparos com maior segurança.
Nota
O sistema de segurança será discutido em item próprio.
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2.4. Classificação das pistolas semiautomáticas
As pistolas semiautomáticas são classificadas principalmente quanto à (ao):
- Cano;
- Percussão;
- Sistema de disparo;
- Funcionamento.
Estude sobre cada um deles!
2.4.1. Cano
Quanto ao cano, as pistolas são subdivididas em:
- Fixas – (à armação ou ao suporte do ferrolho);
- Móveis – (canos flutuantes).
Nota
Algumas pistolas, como as pistolas Taurus PT 51 e PT 53, apresentam o cano basculante, o
que consiste apenas na variação do sistema de cano fixo.
2.4.2. Percussão
Quanto à percussão, são classificadas em pistolas de percussão direta e de percussão indireta.
2.4.3. Sistema de disparo
Quanto ao sistema de disparo, as pistolas subdividem-se em:
- Movimento simples – Quando opera somente em ação simples;
- Ação dupla.
Quando opera nos dois sistemas, são classificadas como de movimento duplo.
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2.4.4. Funcionamento
Quanto ao sistema de funcionamento, as pistolas são classificadas em:
- Recuo direto ( Blowback simples);
- Recuo curto ou longo ( Blowback com trancamento);
- Sistema a gás.
Nota
Outros sistemas, como o sistema Blow up (sopro para cima), utilizado na pistola Luger, estãototalmente em desuso.
Finalizando...
• O revólver, pela definição encontrada no Decreto nº 3.665, de 20/11/2000, é uma
“arma de fogo de porte, de repetição, dotada de um cilindro giratório posicionado
atrás do cano, que serve de carregador, o qual contém perfurações paralelas eequidistantes do seu eixo e que recebem a munição, servindo de câmara.” (art. 3º,
inciso LXXIV, anexo);
• São quatro as partes essencias de um revólver: armação, tambor, cano e mecanismos;
• Pistolas são armas em que, enquanto existir munição no carregador, a introdução de
um novo cartucho na câmara é realizada de forma automática após o disparo ter sido
efetuado, sendo necessário acionar a tecla do gatilho para todo o disparo que se
deseje fazer;
• As principais peças de uma pistola são: cano, ferrolho, armação e carregador.
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Exercícios
1) As principais características que definem uma arma como arma de porte são:
a. ( ) Dimensões e peso reduzidos
b. ( ) Facilidade de manejo (Ex.: Pode ser disparada comodamente com uma das
mãos.)
c. ( ) Facilidade de porte (Ex.: Pode ser carregada em um coldre.)
d. ( ) Todas as alternativas anteriores
2) A armação de um revólver pode ser:
a. ( ) Rígida
b. ( ) Articulada do tipo basculante
c. ( ) Articulada com tambor reversível
d. ( ) Todas as alternativas anteriores
3) Podemos atribuir à armação do revólver as funções de:
a. ( ) Empunhadura, a qual permite que o revólver seja facilmente sustentado e facilite
a visada.
b. ( ) Alojar todas as peças e os mecanismos de disparo e segurança.
c. ( ) Portar os sinais identificadores da arma, como o número de série, logomarca e
outros dados.
d. ( ) Todas as alternativas anteriores
4) A peça que tem por função travar o tambor do revólver de modo que fique em
alinhamento o cano, câmara e percussor é o (a):
a. ( ) Impulsor do tambor
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b. ( ) Retém do tambor
c. ( ) Haste central
d. ( ) Coroa do extrator
5) Podemos afirmar que a “mola real” e o “impulsor do gatilho” fazem parte do:
a. ( ) Sistema de percussão
b. ( ) Sistema de repetição
c. ( ) Sistema de segurança
d. ( ) Sistema de extração
6) Pode-se afirmar do sistema de operação Blowback com trancamento que:
a. ( ) Nele o cano está totalmente fixo.
b. ( ) O ferrolho recua após vencer a inércia de movimento e a força da mola
recuperadora de forma totalmente independente do cano.
c. ( ) O cano é basculante.
d. ( ) O cano recua juntamente com o ferrolho no qual está acoplado por alguma forma
de trancamento e, após a liberação desse trancamento pela ação de uma ou mais peças ou
encaixes, o cano permanece e o ferrolho continua seu movimento à retaguarda sob a ação
dos gases até a expulsão do estojo deflagrado e a introdução de um novo cartucho na
câmara, onde o cano estará novamente acoplado ao ferrolho.
7) Podemos dizer que nas pistolas de dupla ação (movimento duplo) com o cão externo que:
a. ( ) O primeiro disparo necessariamente é efetuado em ação simples, desde que as
pistolas estejam carregadas.
b. ( ) O primeiro disparo pode ser efetuado tanto em ação simples como em ação dupla
e a arma estará em condições de efetuar os disparos subsequentes em ação simples.
c. ( ) Necessariamente efetuará o primeiro disparo em ação dupla e os demais em açãosimples.
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d. ( ) É necessário a ação do atirador em qualquer situação para realizar disparos em
ação simples.
8) O ferrolho exerce diversas funções em uma pistola semiautomática, promovendo a ação
de retirar o estojo deflagrado da câmara geralmente através do extrator e de introduzir um
novo cartucho na câmara. Para exercer suas funções, ele aloja diversas peças. Podemos
dizer que não está inserido no ferrolho:
a. ( ) O percussor
b. ( ) A trava do percussor
c. ( ) O ejetor
d. ( ) A placa obturadora
9) Assinale, entre as afirmativas abaixo, qual delas não é função ou consequência direta do
raiamento do cano de um revólver.
a. ( ) Promover a rotação do projétil, conferindo-lhe uma velocidade angular.
b. ( ) Melhorar o alcance máximo e a direcionabilidade do projétil.
c. ( ) Auxiliar a queima do propelente durante a passagem do projétil através do cano.
d. ( ) Melhorar a estabilidade do projétil em sua trajetória exterior, impedindo que ele
adquira movimentos erráticos como o tombamento e outros.
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Módulo 3 - Armas portáteis
Apresentação do módulo
Neste módulo você estudará as armas portáteis: espingardas, carabinas,
fuzis, metralhadoras e submetralhadoras.
Essas armas estão presentes no cotidiano do profissional de segurança
pública, sendo, inclusive, cada vez mais utilizadas na prática de crime,
especificamente os mais violentos, como assaltos a carros-fortes, roubos a
bancos, entre outros exemplos. Por outro lado, devido a sua eficiência e
confiança que esse armamento oferece, o seu emprego nas diversasunidades policiais vem aumentando a cada dia, sendo comumente encontrada
nas viaturas policiais e empregadas em diversos tipos de operações. Em
função desse crescente uso, mais do que nunca, você deve conhecer sobre
essas armas de fogo, para melhor estabelecer a dinâmica do fato delituoso,
bem como conhecer dentre os vestígios por elas deixados, os que possam ser
encontrados na cena de crime.
Objetivos do módulo
Ao final do estudo desse módulo, você será capaz de:
Identificar e classificar as armas portáteis;
Analisar o histórico das armas portáteis;
Identificar os principais componentes, peças e sistemas de operação
das armas portáteis.
Nota:
Neste módulo, não será trabalhado um armamento específico, mas o que é
comum a todas as forças policiais. Acredita-se que, desta forma, você estará
apto a descrever e melhor entender as armas portáteis que dispõem para uso,
além de conhecer alguns detalhes de armas congêneres aqui.
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Estrutura do módulo
Aula 1 – Armas portáteis
Aula 2 - Espingardas
Aula 3 – Carabinas
Aula 4 – Fuzis, Metralhadoras e Submetralhadoras
Aula 1 – Armas portáteis
1.1. O que são armas portáteis
Como você já estudou, a legislação específica (art. 3º, inciso XXII do Anexo do
Decreto Nº 3.665, de 20 de novembro de 2000) traz a seguinte definição de
arma portátil:
“ arma cujo peso e cujas dimensões permitem que seja transportada por um
único homem, mas não conduzida em um coldre, exigindo, em situações
normais, ambas as mãos para a realização eficiente do disparo”. (BRASIL,
2000)
Observe que a definição acima permite depreender que nas armas portáteis
podem ser relacionadas às armas longas, tais como as espingardas,carabinas, fuzis, entre outras que apresentam a característica de uso
individual.
1.2. Classificação geral das armas portáteis
As armas portáteis são classificadas quanto:
à alma do cano;à percussão;
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ao sistema de funcionamento.
Veja, a seguir, cada um deles.
Quanto à alma do cano são subdivididas em:
- Alma lisa, como todas as espingardas;
- Alma raiada, como as carabinas e fuzis;
- Mistas - armas que apresentam pelo menos um cano de alma
lisa e pelo menos outro de alma raiada.
Quanto à percussão são classificadas em:
- Percussão direta;
- Percussão indireta.
Quanto ao sistema de funcionamento são classificadas em:
- Tiro unitário ou simples, como as espingardas ou fuzis de um
único cano;
- Tiro unitário múltiplo (espingardas ou fuzis de dois canos), de
repetição, semiautomática ou automática.
Aula 2 –
Espingardas
2.1 O que é uma espingarda
Espingarda pela definição da legislação específica, Decreto nº 3.665 de 20 de
novembro de 20001, (art 3º-, inciso XLIX do Anexo), é uma arma de fogo
portátil, de cano longo com alma lisa, isto é, não-raiada2 .
1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3665.htm
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As espingardas são armas de fogo com emprego que varia desde a práticadesportiva até a utilização em combate.
2.2. Peças da espingarda
Basicamente, as principais peças de uma espingarda de modelo simples, como
as espingardas de um só cano e de tiro unitário, são:cano com a câmara e o extrator;
telha e a coronha;
caixa de mecanismos com gatilho, percussor, cão, molas e os pinos de
fixação, bem como o sistema de abertura do cano.
A seguir, você estudará sobre elas.
2.2.1 Cano com câmara e
extrator
O comprimento do cano
varia com as
características do projeto e
com a destinação que é
dada à arma,
apresentando, geralmente,
variações compreendidas
entre 500 mm e 800mm.
2 Existem algumas espingardas modernas com alma raiada, a exemplo da espingarda da
Mosberg , calibre 12, modelo “trophy sluger” , com raiamento dextrogiro, pensados
especialmente para disparos com projéteis singulares ou “Slug ”. Muitas espingardas após ocalibre apresentam a palavra “Gauge” que pode ser traduzida como calibre ou dimensão.
Espingarda CBC, monocano, modelo 199-2
Figura 27 – Cao de espingarda.
Fonte: arquivo pessoal do conteudista
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Importante salientar que, conforme o inciso VI do art 16 do R 105, são de uso
restritos “armas de fogo de alma lisa de calibre doze ou maior comcomprimento de cano menor que vinte e quatro polegadas ou seiscentos e dez
milímetros” (BRASIL, 2000 )
Nas espingardas de retrocarga, na parte posterior do cano, encontra-se a
câmara, destinada a alojar os cartuchos (FIG. 27).
As câmaras, nas espingardas modernas, apresentam comprimentos que
podem ser de 70mm ou de 75mm. As câmaras mais extensas são para autilização de cartuchos Magnum, naturalmente mais potentes.
Importante!
É importante observar que, nas espingardas, os cartuchos não ocupam toda a
extensão da câmara, pois os cartuchos com fechamento em “estrela” - sobre o
qual estudará mais a frente - necessitam desse espaço para a abertura do
estojo.
Junto à parte posterior da câmara encontra-se o extrator, peça que promove a
retirada do estojo deflagrado com a abertura do cano. Na parte anterior dos
canos, geralmente verifica-se o choke que é uma pequena diminuição
(estrangulamento) do diâmetro interno do cano, com vistas a melhorar o
agrupamento dos projéteis (balins).
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2.2.2. A telha e a coronha
Como as espingardas são
projetadas para efetuarem disparos
utilizando-se as duas mãos e
apoiadas no ombro, a coronha
consiste em uma de suas peças
fundamentais, sendo estudadas o
seu comprimento, altura e a suacurvatura. Na parte posterior da
coronha encontra-se a chapa da
soleira que, além de proteger a
coronha, podem dar maior aderência ao ombro e diminuir o impacto provocado
pelo recuo. A telha serve de suporte para uma melhor pegada e posição de tiro.
2.2.3. Caixa de mecanismos
A caixa de mecanismo irá conter
todos os mecanismos de disparo e
abertura do cano, sendo que as
principais peças nelas montadas
são: gatilho, percussor, cão, molas
e os pinos de fi xação.
Nota
Alguns modelos de espingardas de um cano e tiro unitário apresentam
sistemas de segurança contra disparo acidental.
Figura 28 – Coronha de espingarda.
Fonte: arquivo pessoal do conteudista
Figura 29 – Caixa de mecanismo de espingarda.
Fonte: arquivo pessoal do conteudista
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Os principais modelos de espingardas de tiro unitário são as espingardas de
cano único, de canos duplos paralelos e de canos duplos sobrepostos.
2.3. Informações sobre outros modelos de espingardas
No Brasil, ainda é comum à utilização de espingardas de antecarga
(espingardas de soca) e percussão extrínseca, a maioria delas de produção
artesanal. Nesse modelo de arma, a pólvora é introduzida pela boca do cano e,
posteriormente, a bucha e os balins. A iniciação da pólvora acontece peladetonação de espoleta colocada em uma peça, comumente chamada de
“ouvido”, que permite que a chama e os gases aquecidos da detonação da
espoleta atinjam o interior da câmara, iniciando a queima do propelente.
Nos modelos de espingardas de repetição, o sistema mais comum é o sistema
Pump Action ou sistema de corrediça, que foi utilizado nas espingardas da
Winchester - modelo 1897., Outro exemplo desse sistema é o da espingarda
Pump CBC 12., Nesta arma, a telha que, naturalmente, é o apoio da mão do
atirador apresenta também a função de movimentar o mecanismo do ferrolho,
pela ação deslizante da telha e das hastes da corrediça, retirando o estojo
vazio ou o cartucho que se encontra na câmara e a introdução de um novo
cartucho. Nessa arma, os cartuchos são armazenados em um tubo de
depósito, localizado abaixo do cano.
Nota
Em outros modelos de diversos fabricantes, os cartuchos são armazenados no
carregador do tipo cofre ou caixa (SPAS 15), ou em depósito localizado no
corpo da arma.
Outro sistema de espingarda de repetição é por “ação mauser ”, onde uma
alavanca ligada ao ferrolho promove a extração e introdução de um novo
cartucho.
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Com as novas tecnologias, surgiram as espingardas semi-automáticas, como a
“Browning A-5”, e as que operam em sistema de repetição ou semi-automáticocomo as espingardas “Benelli M3” e “M4 super 90”, apresentando ainda o
ferrolho de cabeça rotativa para o trancamento deste na câmara, tecnologia
empregada nos “fuzis Colt”, “modelo M 16” entre outros.
2.4. Classificação das espingardas
Alguns autores classificam as espingardas em:
Espingardas de 1.ª geração –São as espingardas de tiro unitário, de um
único cano ou de canos duplos dispostos paralelamente um ao outro ou
sobrepostos.
Espingardas de 2.ª geração – Nessa categoria classificam-se as
espingardas de repetição como a pump CBC 12, ou Mosberg 590.
Espingardas de 3.ª geração - São as espingardas semiautomáticas,
como a espingarda Browning A-5.
Espingardas de 4.ª geração – São as espingardas que podem atuar
tanto no sistema semiautomático quanto no sistema de repetição, como
a Benelli M3 Super 90.
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Nota!
Vale relembrar que ainda há as armas mistas ou conju gadas, aquelas que
apresentam um ou mais canos de alma lisa e um cano de alma raiada.
Exemplo: as espingardas do tipo Drilling, que possuem três canos, onde se
combinam, geralmente, dois canos de alma lisa paralelos com um cano de
alma raiada conectados em um mesmo sistema de disparo.
Entre as armas de dotação das forças armadas de diversos países estão
espingardas que operam em sistema automático, ou seja, estão aptas para
efetuarem rajadas, a exemplo da espingarda AA-12 que apresenta a opção de
usar um carregador do tipo caixa com 8 cartuchos ou um carregador tipo
tambor ou caracol com 20 ou 32 cartuchos (como aqueles empregados nas
primeiras submetralhadoras Thompson, de calibre .45 ACP, imortalizado pelos
filmes policiais como “Os Intocáveis”. Esta arma, que já aparece em uso em
filmes recentes, possui seletor de tiro com a opção da posição “travado”; “tiro
intermitente” e “automático”. A cadência de disparo teórica em sistema
automático é de 360 tiros por minuto, o que acarreta uma grande dispersão de
balins sobre o alvo.
2.5. Alcance útil
O alcance útil em tiro produzidos com espingardas é a distância limite do tiro
eficaz, isto é, a distância além da qual os chumbos não possuem mais energia
capaz de causar lesões consideráveis.
A distância efetiva de utilização das espingardas é relativamente pequena, em
função do formato desfavorável dos grãos esféricos (balins) (fazer hint:,
conjunto de esferas que são expelidos quando do disparo). que causam uma
grande diminuição na velocidade e, consequentemente, na redução da energia
cinética. Desta forma, o tamanho dos grãos de chumbo são de fundamental
7/25/2019 Identificação de Armas de Fogo
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importância na determinação do alcance útil e no grau das lesões ou danos por
eles produzidos.
O alcance útil, nas armas de alma lisa, é determinado pela dispersão dos balins
e pelas possibilidades práticas de sua utilização pelo atirador. Nas
espingardas, o diâmetro do círculo de dispersão ou agrupamento é controlado
pelo choque (FIG. 30). Assim, o alcance útil teórico (na prática, esses valores
são menores) é:
o choque pleno (full choke) usado para tiros entre 44,5m e 54,5m (45 e
55 jardas);
o choque modificado (modified choke) para tiros entre 24,75m e 44,5m
(25 a 45 jardas);
o choque cilíndrico modificado (improved cylinder) é usado para tiros até
34,65m (35 jardas);
o choque cilíndrico apresenta alcance útil da ordem de 30 metros.
Figura 30 – Tipos de choque.
Fonte:http://static.hsw.com.br/gif/shotgun-chokes.gif
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Estas são as distâncias que, de acordo com o choque do cano de uma
espingarda, a mesma ainda possui alcance útil.
Com a utilização de projéteis singulares, o alcance útil é da ordem de 100 a
110 metros.
Aula 3 - Carabinas
3.1. O que é uma carabina
A Carabina, pelo Decreto nº 3.665 de 20 de novembro de 2000 3(Artº 3, inciso
XXXVII, Anexo) , é uma “arma de fogo portátil semelhante a um fuzil, de
dimensões reduzidas, de cano longo - embora relativamente menor que o do
fuzil - com alma raiada” (BRASIL. 2000).
O termo carabina apresenta relatos diferentes quanto a sua origem, entretanto,
no século XVII, era empregado para designar os arcabuzes e mosquetes de
dimensões reduzidas e, por isso, de mais fácil manejo e transporte, utilizada
pelas tropas montadas.
O comprimento do cano das
carabinas é o que as caracterizam
como tal.
3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3665.htm
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Alguns autores destacam que mede até 20
polegadas,(508 milímetros), para outros, deve
ser menor que 22 polegadas (558.8 milímetros).
3.2. Sistemas utilizados pelas carabinas
O maior destaque das carabinas acontece com as produzidas pela Winchester
(Winchester Repeating Arms Company ), calibre .44-40, nos modelos 1866 e
1873, devido ao papel que desempenharam na colonização americana e
imortalizadas pelo cinema. Essas carabinas eram armas de repetição, com
acionamento por alavanca (lever action) localizada abaixo da caixa de
mecanismo ction). Essa alavanca, graças ao seu desenho, exercia também a
função de guarda mato. Essas armas apresentavam outra inovação que era autilização de um sistema de alimentação por depósito tubular. Com o
movimento semicircular da alavanca, indo à frente e retornando a posição de
origem, eram realizadas as seguintes operações descritas a seguir:
1. Desbloqueio do ferrolho da câmara;
2. Recuo do ferrolho - com o movimento a frente da
alavanca, recuava-se o ferrolho e promovia a extração do
estojo ou do cartucho que se encontrava na câmara e
armava o cão;
3. Introdução do cartucho na câmara de forma propícia - ao
final do curso do ferrolho, a mesa transportadora,
juntamente com um cartucho oriundo do tubo de depósito,
inclinava-se, deixando o cartucho em inclinação propícia
para ser introduzido na câmara. Com o retorno da
gura 31 – Exemplo de carabina (AKMS 47).
AKMS 47, produzido no Iraque, destinado aopas aerotransportadas. O comprimento do
ano, as características de dimensões reduzidasmenor peso permitem caracterizá-lo como
arabina. Entetanto, essa mesma arma poderáer classificada como fuzil de assalto, uma vez
ue essas classificações não são excludentes.
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alavanca, o ferrolho avançava e introduzia na câmara o
cartucho que se encontrava na mesa transportadora;
4. Travamento do ferrolho, cartucho e câmara perfeitamentealinhados - impedindo a abertura do conjunto, no momento
do disparo.
Esse sistema permanece atual e é utilizado por diversos fabricantes, a
exemplo da indústria Rossi que produzia as carabinas “pumas” (sistema lever
action) nos calibres: .38 Special, .357 Magnum e .44 Special, dentre outros
calibres. Hoje, estas carabinas são produzidas pela indústria Taurus e
também por diversos fabricantes no mundo inteiro.
Outro sistema de repetição utilizado nas carabinas é o sistema de corrediça ou
sistema pump action4 No nosso país, a indústria Rossi, produziu as carabinas
Gallery , de calibre .22 que utilizavam cartuchos .22 Short (curto), .22 Long
(longo) e .22 Long Rifle (L.R.) ou no calibre .22 Magnum.
As carabinas da Winchester com acionamento por alavanca tiveram papel
importante não só na colonização americana mas, também, na nossa história,
sendo utilizadas no Cangaço, na Coluna Prestes e em diversas emboscadas
feitas na luta por terra e outros motivos. Eram vendidas em mercearias no
interior do Brasil, como lembra da música do Lenine “Já foi -se o tempo do fuzil
papo amarelo (...)” . Um dos primeiros modelos de carabinas da Winchester foi
o modelo 1866, cuja caixa de mecanismo apresentava partes de latão (liga
metálica5 constituída de cobre6 e zinco7, por isso ficou conhecida como Yellow
4 O sistema no qual a telha, além de ser o apoio da mão tem a função de movimentar o
mecanismo do ferrolho, pela ação das hastes da corrediça, retirando o estojo vazio ou ocartucho que se encontra na câmara e a introdução de um novo cartucho
5 http://pt.wikipedia.org/wiki/Liga_met%C3%A1lica
6 http://pt.wikipedia.org/wiki/Cobre
7 http://pt.wikipedia.org/wiki/Zinco
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Boy (Rapaz Amarelo). Já o rifle da Winchester, modelo 1873, calibre .44 – 40 8
cano octagonal, embora tivesse a caixa de mecanismo de liga de ferro e
tivesse poucas peças e chapa confeccionadas em latão ou bronze, ficouconhecido no Brasil como rifle papo-amarelo por herança do seu antecessor o
WINCHESTER 66.
Nota
O winchester 73 foi produzido com comprimento de cano de 15, 20, 24 ou 30polegadas. Por isso, é correto afirmar que o Brasil teve tanto carabinas comofuzis papo amarelo, com diferentes capacidades do tubo carregador.
Uma arma semiautomática por
ação de gás, com características
modernas, que revolucionou a
época pelo sistema de operação,
pelo desenho e também pelo
projeto do cartucho, foi a “carabina
M1, calibre .30 Carbine”,
desenvolvida nos Estados Unidos,
em 1941. Essa carabina foi
desenvolvida como uma arma
leve para as unidades de
comunicação, blindados, artilharia, oficiais de intendência, entre outros, dotadade cano com comprimento de 457,2 mm (18 polegadas). Posteriormente foi
modificada para o modelo M2, com carregador de maior capacidade e,
principalmente, com sistema de tiro semiautomático e automático através de
seletor. Foi uti lizada na 2.ª Guerra Mundial, Guerra da Coréia e Guerra do
8 : Embora você estudará sobre calibres mais tarde, o calibre . 44 – 40, significa que o diâmetro
do projétil tinha 44 centésim os de polegada (11.17 mm) e 40 grains de pólvora negra (2,56gramas)
Figura 32 – Arma semiautomárica por ação de gás.Fonte: arquivo pessoal do conteudista
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Vietnã, além de ter sido arma de dotação das forças armadas e policiais de
diversos países.
Entre as armas modernas, que podem ser classificadas como carabinas,
destacam-se as versões “M16A1 Carbine” e “M16A2 Carbine”, do “Fuzil Colt
M16”, adotadas pelas forças armadas de muitos países. Essas armas são
produzidas no calibre 5,56 NATO, e opera tanto no sistema semiautomático
quanto no sistema automático por ação de gás. Possui cano com comprimento
de 14,5 polegadas (368,3 mm) e apresentam como inovação uma coronha
retrátil, o que reduz ainda mais o seu tamanho. Seu comprimento total, com a
coronha retraída, pouco maior que 750 mm.
As carabinas permeiam o universo policial desde as antigas carabinas Pumas
da Rossi.
Nos dias atuais, surgiram novas
armas a exemplo da indústria
Taurus que produz carabinas
policiais, no calibre .40 S&W
semiautomática pelo sistema Blow
Back , cujo cano possui 410
milímetros de extensão, e ainda, a
carabina no calibre .30 Carbine
semiautomática por sistema à gás ,
na qual o cano têm 260 milímetros
de extensão. Ambas apresentam peso na ordem de 3,3 quilogramas e se
destinam à utilização policial com as características de serem armas
relativamente pequenas - o que permitem o uso urbano -, leves para armas de
porte e de excelentes características balísticas.
Figura 33
Fonte: arquivo pessoal do conteudista
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Nota
A carabina “MAGAL” (Micro Galil ), no calibre .30 Carbine, de origem
Israelense, adotada pela Secretaria de Segurança do Estado do Pará, e as
carabinas da “IMBEL Ca MD97LM” e “Ca MD97LC”, com comprimento de
cano da ordem de 330 milímetros, no calibre 5,56 x 45, regime de tiro
semiautomático, ou conforme o modelo semiautomático ou buster (rajada
curta) de 3 tiros e automático por sistema à gás e peso, também na ordem de
3,3 quilogramas, utilizada pela Força Nacional, são outros exemplos dapresença dessas armas no nosso dia a dia.
3.3. As carabinas de pressão
As carabinas de pressão não são classificadas como armas de fogo, pois a
impulsão dos projéteis não se dá pela queima de propelente. Nessas, aimpulsão dos projéteis se dá pelo emprego de gases comprimidos que podem
estar armazenados em um reservatório ou por ação de um êmbolo solidário a
uma mola. Entretanto, as carabinas de pressão são também objetos de estudo
da balística forense, pois trata-se de arma e a ação dos seus projéteis pode
causar lesões graves ou, em determinadas situações, até a morte.
Aula 4 – Fuzis, Metralhadoras e Submetralhadoras
4.1. Fuzis, Rifles e Mosquetões
4.1.1 O que é um fuzil
Pela definição do Decreto n.º 3.665 (art 3º, inciso LIII, Anexo), fuzil é uma“arma de fogo portátil, de cano longo e cuja alma do cano é raiada” (BRASIL,2000).
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Nota
Embora os vocábulos Fuzil e Rifle tenham origens diferentes, nos dias de hoje,ambos são empregados como sinônimos.
O termo Rifle tem origem na palavra inglesa Rifling , relativo às raias,responsáveis pelo movimento rotacional do projétil. É utilizado nos países delíngua inglesa para designar as armas longas, portáteis, com canos de almaraiada, de uso individual e projetadas para serem usadas apoiadas ao ombro,destinadas a uso militar ou desportivo.
O termo Fuzil, de origem francesa, apresenta o mesmo significadoanteriormente descrito, nos países de línguas de origem latina. Como visto, nãohá padronização entre os países, nem de nomenclatura, nem de definição.
Nota
Nos Estados Unidos, por lei federal, os fuzis (rifles) devem ter, no mínimo,406,4 mm (19 polegadas) de comprimento de cano. (Di Maio, 1999, pg 40).Quando possuem comprimento de cano inferior a este valor, os fuzis são
classificados como carabinas.
4.1.2 Classificação
Os fuzis são classificados quanto ao funcionamento em: tiro unitário; de
repetição; semiautomáticos e automáticos.
Tiro unitário – as operações de carregar a arma, introduzindo
diretamente o cartucho na câmara e a extração do estojo deflagrado sãorealizadas manualmente, após cada disparo. Os exemplos mais comuns
são os fuzis com um único cano ou de canos paralelos ou sobrepostos,
que foram utilizados para caças de animais de grande porte na África.
Dentre os principais fabricantes desses fuzis, destaca-se Holland &
Holland , Gibbs e Lancaster, em calibres como o .700 Nitro Express, .470
Nitro Express, .458 Winchester Magnum, .416 Rigby, .375 Holland&
Holland Magnum, etc.
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De repetição - a arma é recarregada por ação do atirador por intermédio
de mecanismo da arma, para esse fim específico, que promove o
destravamento do conjunto do ferrolho, a retirada do estojo deflagrado
ou cartucho da câmara, a introdução de um novo cartucho na câmara e
o travamento do ferrolho. Diversos são os mecanismos para tal fim,
como o sistema pump action, o sistema de alavanca utilizado pelo
Winchester , entretanto, o mais conhecido é o sistema Mauser,
patenteado pelos irmãos Paul e Wilhem Mauser, em 1898. Nesse
sistema, uma alavanca incorporada ao ferrolho realiza dois movimentos
básicos. O primeiro movimento consiste na rotação que promove o
destravamento (giro no sentido anti-horário) e travamento (giro no
sentido horário) do ferrolho. O segundo movimento consiste no
deslocamento à retaguarda, em relação ao eixo longitudinal da arma,
promovendo a retirada do estojo deflagrado e à frente, conduzindo o
cartucho do depósito para a câmara, deixando o percussor na posição
armado e permitindo acionar o sistema de segurança a ele incorporado.
O sistema Mauser, pela segurança
e praticidade continua a ser
utilizado nos dias de hoje, a
exemplo do Fuzi l .308 IMBEL
AGLC que é um fuzil de precisão,
ou o Fuzil de repetição da
Remington (FIG. 34). Outro
exemplo comum de fuzis de
repetição são os mosquetões.Figura 34 – Fuzil de repetição da RemingtonFonte: arquivo pessoal do conteudista
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Nota
De acordo com o Decreto nº 3.665, de 20 de novembro de 20009, o termo
mosquetão significa “fuzil pequeno, de emprego militar, maior que uma
carabina, de repetição por ação de ferrolho montado no mecanismo da culatra,
acionado pelo atirador por meio da sua alavanca de manejo” (BRASIL. 2000).
Semiautomáticos – são fuzis que recarregam automaticamente,
aproveitando a expansão dos gases após o disparo para realizar todo o
ciclo de destravar o ferrolho, extrair o estojo, recarregar a arma e travarnovamente o ferrolho, deixando-a pronta para novo disparo. O exemplo
mais conhecido de fuzil semiautomático é o Fuzil AR-15, da Colt, pela
divulgação que a mídia deu a essa arma e, claro, pela grande utilização
dela por narcotraficantes e outros grupos criminosos. Este fuzil é uma
versão civil do Fuzil militar
M 16, do mesmo
fabricante.
Automático - são fuzis
que, além de recarregarem
automaticamente,
aproveitando a expansão
dos gases após o disparo,realizam disparos
contínuos enquanto o
gatilho continuar
pressionado (rajada).
Geralmente são armas de
uso militar, dotadas de seletor de tiro, podendo geralmente optar-se por
9 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3665.htm
Figura 35 – Fuzil AKMS 47
O Fuzil AKMS 47 possui, ao mesmo tempo,características de carabina e de fuzil de assalto,assim como os rifles Colt M16 Carabine.Fonte: arquivo pessoal do conteudista
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tiro automático (rajadas), rajadas curtas de três ou cinco tiros, ou ainda,
tiro intermitente (semiautomático). Os mais comuns são os fuzis de
assalto, utilizados pelas forças policiais e militares de diversos países.Com o fim da guerra de trincheiras, surgiram os fuzis de assalto que
apresentam as características de poderem efetuar disparos no sistema
automático ou intermitente, possuírem uma grande capacidade de
armazenar munições, comportando maior número de cartuchos no seu
carregador, de serem de calibres intermediários o que implica em
redução de peso e, principalmente, de grande maneabilidade, inclusive
em ambientes de pequenas dimensões. Exemplos mais conhecidos sãoo AK 47 e o Fuzil Colt M16 (FIG. 35).
Nota
No sistema a gás - utilizados nos fuzis modernos, quer semiautomáticos ou
automáticos -, existe diversas variações conforme modelo e geração. De forma
simples funcionam assim:
1º) parte dos gases oriundos da queima do propelente que impulsiona o projétil
durante seu deslocamento pelo interior do cano é desviada para um orifício
(geralmente chamado de evento) próximo à boca do cano - espaço no qual a
pressão está ligeiramente menor; e pela
2º) a pressão exercida por essa coluna de gases desviada movimenta um
pistão ou êmbolo, ligado ao ferrolho por uma haste que, por sua vez,
impulsiona o ferrolho para trás, movimentando o mecanismo e conseguindo a
extração e a introdução de novo cartucho na câmara realizando o ciclo
completo do mecanismo da arma.
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4.2. Metralhadoras e Submetralhadoras
4.2.1 O que é uma metralhadora
O inciso LXI, do art. 3º do Anexo do Decreto nº 3.665, de 20 de novembro de
2000 , define metralhadora como “arma de fogo portátil, que realiza tiro
automático” (BRASIL. 2000) e o inciso LXVIII define pistola-metralhadora,
como: “ metralhadora de mão, de dimensões reduzidas, que pode ser utilizada
com apenas uma das mãos, tal como uma pistola.” (BRASIL. 2000)
Pistola-metralhadora, submetralhadora ou metralhadora de mão, são nomes
dados para armas automáticas de tamanho reduzido para uso de mão, que
podem atuar em regime de tiro semiautomático, normalmente desenvolvidas
nos mesmos calibres10 usados nas pistolas11, como os calibres 9 x 19 mm 12 e
o .40 S&W 13. A utilização mais adequada é em tiro instintivo a pequenas
distâncias, visto que sua precisão é prejudicada pela elevada cadência de tiro
que variam, teoricamente, na ordem de 500 tiros por minuto a 1200 tiros por
minuto.
Importante:
A utilização de armas no sistema automático (rajada) foi desenvolvida como
“fogo de cobertura” , nos casos onde era necessário a proteção para a retirada
de tropas ou contra o avanço de tropas inimigas.
Na atividade de segurança pública, o sistema automático não é utilizado em
ambientes urbanos, onde transeuntes podem ser atingidos, mesmo distantes
do local do fato.
10 ://pt.wikipedia.org/wiki/Calibre
11 : http://pt.wikipedia.org/wiki/Pistola
12 http://pt.wikipedia.org/wiki/9mm_Luger
13 http://pt.wikipedia.org/wiki/.40_S%26W http://pt.wikipedia.org/wiki/.40_S%26W
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Com o avanço da tecnologia, os treinamentos policiais passaram a utilizar os
sistemas de rajadas curtas (burst ) que oferecem maior controle sobre o
armamento. No entanto, no ambiente urbano, sua utilização não érecomendável.
É possivel que você nunca tenha
ouvido o termo "pistola-metralhadora",
pois é mais empregado na Europa. No
Brasil, a denominação
"submetralhadora" é mais comum.
Uma das submetralhadoras mais
empregadas pelas unidades de
operações especiais do mundo, como
a SWAT, BOPE COT, DOE, dentre
outras, é a “HK MP5”. A “MP5” é
fabricada pela empresa alemã Heckler & Koch. As “MP5” atuais disparam
basicamente em três tipos de regime de tiro: automático (rajadas), semi-automático (um tiro a cada vez que o gatilho é pressionado), bursts (pequenas
rajadas de 2 e 3 tiros a cada vez que o gatilho é pressionado). Possuem
modelos com diferentes tamanhos e, ainda, com diversos acessórios como
supressores de ruído, miras e lanternas. É uma arma muito segura,
relativamente leve e versátil. Por isso, a “MP5” é uma arma empregada em
quase todo o tipo de situação.
4.2.2 Outros exemplos de submetralhadoras
Outros exemplos de submetralhadoras, muito utilizadas no meio policial, são a
Taurus “Mt 12” e “MT 12 A”, que é o mesmo projeto da “Beretta 912” utilizada
pelo Exército Brasileiro. Elas são dotadas de carregadores do tipo caixa, bifilar,
com capacidade para 30 cartuchos no calibre 9 X 19 mm, da mesma forma que
a “HKMP5”. Em relação ao tamanho e peso, também são armas práticas.
Apresentam a característica de serem submetralhadoras de ferrolho aberto,como a “UZI” e as submetralhadoras mais antigas.
Figura 36 – Submetralhadora HK MP5.Fonte: arquivo pessoal do conteudista
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Nesse sistema, o ferrolho permanece aberto sem introduzir o cartucho na
câmara, ao acionar o gatilho da arma, o ferrolho coleta o cartucho no
carregador, transporta e o introduz na câmara, efetua o disparo e, com oretorno do estojo, ejeta o estojo percutido e permace aberto se estiver
trabalhando no regime de tiro semiautomático, ou repete todas as operações
anteriores, enquanto o gatilho permacer pressionado ou acabar a munição.
Este sistema diferente da MP5 que trabalha com o ferrolho fechado (funciona
como uma pistola). No sistema de ferrolho aberto acontece com maior
frequência disparos acidentais e
involuntários o que a torna uma arma maisinsegura.
A submetralhadora “Turus/FAMAE”, que
também opera no sistema semiautomático,
bursts (pequenas rajadas de dois tiros a
cada vez que o gatilho é pressionado) e
automático, de calibre.40 S&W, Blowback,
ferrolho fechado, com carregadores do tipo
caixa, bifilar, com capacidade para 30
cartuchos é outro exemplo de submetralhadoras de uso policial.
Nota
A grande maioria das submetralhadoras trabalham no sistema Blowback de
massa inercial, ou seja, sem trancamento. Por isso, o ferrolho dessas armas,
para resistir à pressão dos calibres .45 ACP, 9 x 19mm, .40 S&W, é pesado,
de grande massa e utiliza-se ainda molas reuperadoras, com maiores
resistências. As marcas de culatra e do percussor deixadas sobre o estojo
passam a ser extremamente característicos. Os principais exemplos são: a
“Beretta 912”, “ UZI”, “MAC 10”, “Taurus MT 12” dentre muitas outras.
Figura 38Fonte: arquivo pessoal do conteudista
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Finalizando...
Nesse módulo, você estudou que:
o De acordo com a legislação específica (Decreto Nº 3.665 de 20de novembro de 2000), entende-se por arma portátil a “ arma
cujo peso e cujas dimensões permitem que seja transportada porum único homem, mas não conduzida em um coldre, exigindo,em situações normais, ambas as mãos para a realização
eficiente do disparo”. (BRASIL, 2000);
o As armas portáteis são classificadas quanto: a alma do cano, apercussão e ao sistema de funcionamento;
o Espingarda pela definição da legislação específica, Decreto nº
3.665 de 20 de novembro de 2000, (art 3º, inciso XLIX, Anexo), éuma “arma de fogo portátil, de cano longo com alma lisa, isto é,não-raiada” ; (BRASIL, 2000)
o As espingardas são armas de fogo com empregos que variamdesde a prática desportiva até a utilização em combate;
o As principais peças de uma espingarda de modelo simples, comoas espingardas de um só cano e de tiro unitário, são: cano com acâmara e o extrator; telha e a coronha; caixa de mecanismos comgatilho, percussor, cão, molas e os pinos de fixação, bem como osistema de abertura do cano;
o A Carabina, pelo Decreto nº 3.665 de 20 de novembro de 2000(artº 3, inciso XXXVII, Anexo), é uma “arma de fogo portátilsemelhante a um fuzil, de dimensões reduzidas, de cano longo -
embora relativamente menor que o do fuzil - com alma raiada” . (BRASIL, 2000)
o Pela definição do Decreto n.º 3.665 (art 3º, inciso LIII, Anexo),fuzil é uma “arma de fogo portátil, de cano longo e cuja alma docano é raiada” . (BRASIL, 2000)
o Os fuzis são classificados quanto ao funcionamento em: tirounitário; de repetição; semiautomáticos e automáticos;
o O Decreto nº 3.665, de 20 de novembro de 2000 (art. 3º, incisoLXI, Anexo), define metralhadora como “arma de fogo portátil,
que realiza tiro automático” (BRASIL, 2000) e, ainda, no incisoLXVIII, pistola-metralhadora, como: “metralhadora de mão, dedimensões reduzidas, que pode ser utilizada com apenas uma
das mãos, tal como uma pistola.” (BRASIL, 2000).
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Exercícios
1) As espingardas de terceira geração são aquelas que:
a. ( ) São dotadas de tubo carregador e a extração do estojo deflagraado e
a introdução de um novo cartucho na câmara são frutos de operações
manuais sobre a telha e esta sobre o ferrolho;
b. ( ) São espingardas dotada de câmaras de 75 mm capazes de utilizar
cartuchos Magnum;
c. ( ) São espingardas que funcionam no sistema de repetição e no sistema
automático, a exemplo da AA 12;
d. ( ) São espingardas que só funcionam no sistema semiautomático.
2) O que caracteriza as carabinas em relação às demais armas portáteis é:
a. ( ) possuir o cano de alma lisa;
b. ( ) O comprimento do cano maior que quinhentos e sessenta milímetros
(560 mm);c. ( ) Principalmente por possuir coronha retrátil;
d. ( ) Principalmente pelas dimensões reduzidas, conforme preconiza o
Decreto Nº 3.665
3) Os Fuzis em relação ao seu funcionamento são classificados em:
a. ( ) tiro unitário;
b. ( ) de repetição;
c. ( ) semi-automáticos ou automáticos ;
d. ( ) todas as anteriores
4) Pode-se dizer que pistolas metralhadoras são:
a. ( ) armas que só atuam no sistema automático, por isso o seu nome;
b. ( ) armas que pela característica de portabilidade, necessariamente,
possuem baixa cadência de disparos;
c. ( ) armas destinadas a serem usadas com apoio de bipé ;
d. ( ) armas que também são designadas de metralhadoras de mão ou
submetralhadoras
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5) Assinale a única afirmativa falsa dentre as afirmativas abaixo:
a) ( ) O alcance útil de balins de uma espingarda é definido como a
distância entre a boca do cano da arma, até o ponto em que estes balins estejamainda animados com energia cinética suficiente para causar lesões de certa
gravidade.
b) ( ) O alcance útil é a máxima distância que um balim pode atingir,
independente por tanto da energia cinética final que ele apresente.
c) ( ) O alcance útil varia, entre outros fatores, com o comprimento do
cano da arma e também com a munição utilizada, e por conseguinte a sua
energia cinética.
d) ( ) O alcance útil das espingardas varia conforme o seu calibre e com
6) Os fuzis semi-automáticos, com operação através de sistema a gás:
a) ( ) São aqueles que aproveitam a força expansiva dos gases resultantes
da queima do propelente , que atuam sobre um pistão ou êmbolo, para promover
o recuo do ferrolho, a extração do estojo deflagrado, e com o retorno do ferrolho
a nova alimentação.
b) ( ) São aquelas que enquanto a tecla do gatilho for pressionada pelo
atirador elas continuarão a disparar, até o ultimo cartucho do carregador.
c) ( ) Necessitam da intervenção do atirador, após cada disparo, para
promover a retirada do estojo deflagrado e a consequente realimentação.
d) ( ) Atuam somente em ação dupla, logo são sempre de percussão
direta.
Gabarito: 1 D 2D 3D 4D 5B 6A
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MÓDULO 4 - Cartuchos
Apresentação
Cartucho é uma palavra de origem italiana cartoccio que por sua vez deriva da
palavra latina charta que significa papel.
Um pouco de história...
Embora possa parecer que não há relação para as armas de antecarga, os
atiradores dos séculos XV e XVI, principalmente, quando em ação militar,
tinham o costume de levar a carga de pólvora suficiente para um disparo,
envolta em folha de papel. Agiam assim com o objetivo de facilitar a recarga,
agilizando o processo e diminuindo os riscos de uma carga excessiva, pois
tinham a certeza de estarem utilizando a quantidade adequada de pólvora.
Com o passar do tempo, esses atiradores não carregavam apenas a pólvora;
passaram a colocar junto os projéteis, todos embrulhados no mesmo papel.
Os princípios de facilitar a recarga, acelerar o intervalo de tempo entre os
disparos e de conter a unidade completa de munição acabaram por dar
origem aos cartuchos de armas de fogo como os dos nossos dias.
Um dos primeiros cartuchos a existir foram os cartuchos para os fuzis de
agulha ou “Fuzil Dreyse” utilizados na Guerra do Paraguai. Nesse cartucho,
embrulhado como num cilindro de papel, era depositado o projétil, em contato
com a sua base, a espoleta e, por último, a pólvora. Quando do disparo, a
agulha percussora furava o papel, atravessa a camada de pólvora, chocava-se contra a espoleta detonando-a e iniciava a queima da pólvora.
Logicamente, não se pode pensar em arma de fogo sem pensar na munição 1
empregada nessas armas. Existem muitos tipos de cartuchos diferentes, com
componentes diferentes e que se destinam a empregos distintos. Neste
módulo, você estudará os cartuchos de armas de fogo e seus principais
componentes.
1 A palavra munição é empregada como a designação genérica de um conjunto
de cartuchos
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Objetivos do módulo
Ao final do estudo deste módulo, você será capaz de:
Identificar os cartuchos de armas de fogo, seus componentes e
emprego;
Compreender a interação dos componentes dos cartuchos durante o
disparo.
Estrutura do módulo
Aula 1 - Cartuchos
Aula 2 – Projéteis de armas de fogo raiadas
Aula 3 – Cartuchos de armas de alma lisa
Aula 1 – Cartuchos
1.1. O que é um cartucho
Cartucho é a designação genérica das unidades de munição utilizadas nasarmas de fogo de retrocarga. Segundo o inciso LXIV, do art. 3o do Anexo do
Decreto nº 3665, de 20 de novembro de 2000, pode-se entender munição
como: “artefato completo, pronto para carregamento e disparo de uma arma,
cujo efeito desejado pode ser: destruição, iluminação ou ocultamento do alvo;
efeito moral sobre pessoal; exercício; manejo; outros efeitos especiais”
(BRASIL, 2000)
1.2. Modelos de cartucho
Como existem diversos modelos de armas de retrocarga, logicamente, existem
diversos modelos de cartuchos que variam no formato, na quantidade e no tipo
de seus componentes. Os cartuchos mais conhecidos e empregados, hoje em
dia, são:
cartuchos para armas raiadas de percussão central;
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cartuchos para armas raiadas de percussão radial; e,
cartuchos para armas de alma lisa de percussão central.
1.3. Componentes do cartucho e suas funções
Em quase todas os tipos de
cartuchos, verifica-se a utilização
de alguns componentes
essenciais como o estojo, a
espoleta, o propelente (pólvora) e
o projétil (FIG. 39 e 40).
Figura 39 – Visão interna de um cartucho
Fonte: www.epaubelblogspot.com
Nota
As diferenças entre os cartuchos devem-se ao emprego dado aos mesmos,
como por exemplo, os cartuchos de festim e lançadores de granadas que não
têm projéteis e os cartuchos de manejo que não são dotados de espoleta ativa
e pólvora. Especificamente, para os cartuchos destinados às armas de alma
lisa, utiliza-se ainda outros componentes como a bucha e, em alguns modelos,
discos de papelão com finalidades específicas.
Estude a seguir as principais funções de cada um desses componentes.
projétil
estojo
pólvor aespoleta
Cartucho
Figura 40 – Componentes do cartucho.
Fonte: arquivo pessoal do conteudista
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1.3.1. Estojo
O estojo é o componente que integra os demais elementos do cartucho. Apesar
de algumas armas de fogo praticamente obsoletas (armas de antecarga)
dispensarem o seu uso, trata-se de um componente indispensável às armas
modernas. O estojo possibilita que todos os componentes necessários ao
disparo fiquem unidos em uma peça, facilitando o manejo da arma e
diminuindo o intervalo entre cada disparo. Além disso, permite a padronização
dos cartuchos e determina as dimensões das câmaras onde esses cartuchos
são empregados.
Atualmente, a maioria dos estojos é construída em metais não-ferrosos,
principalmente, o latão (liga de cobre e zinco), dada a facilidade de serem
trabalhados (trabalhabilidade), ou seja, pela propriedade que têm de se
expandirem e não permitirem o escape de gases pelas paredes da câmara e
recuperarem, em parte, a forma original, após cessar a pressão, facilitando a
extração e permitindo a recarga de munição. Encontra-se, também, alguns
estojos de alumínio como os cartuchos do tipo BLASER da CCI..
Nota
Também são encontrados estojos semimetálicos construídos com a base
metálica (geralmente latão) e o corpo em diversos tipos de materiais como
plásticos (munição de treinamento e de espingardas), papelão
(espingardas), dentre outros.
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Forma do estojo
Figura 41 – Formas de estojos
Fonte: ZANOTTA, Creso M. Identificação de munições. Volume 1. Editora Magnum. São
Paulo. 1992.
A forma do estojo é muito importante, pois as armas modernas são construídas
de forma a aproveitar as suas características físicas. Classificam-se os estojos,
em relação à forma do corpo, como (FIG. 41):
Cilíndrico: o estojo possui diâmetro uniforme por toda sua extensão, é o
caso da maioria dos estojos usados em armas de porte, como os
cartuchos de calibre “.38 SPL”, “.40 S&W”, “.45 ACP” . Alguns
fabricantes produzem um ligeiro estreitamento na terça parte próxima à
boca, com o objetivo de garantir a inserção do projétil na altura correta
do estojo. Na prática, não existe estojo totalmente cilíndrico, sempre há
uma pequena inclinação para facilitar a extração.
Cônico ou tronco-cônico: o estojo tem o formato do corpo como um
segmento de cone, com diâmetro menor na boca do que na base,. É um
formato de estojo em desuso, próprios para alguns rifles antigos como
os calibres “8 x 72Rmm”, “9,3 x 48Rmm” e “ 7 x 72Rmm” ; e
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Garrafa: o estojo apresenta
basicamente dois diâmetros,um de maior dimensão junto
ao aro ou base, o que
permite conter grande
quantidade de pólvora, seguido de uma redução no diâmetro
(estrangulamento), em formato cônico, seguido de um diâmetro menor
junto a boca, que facilita a inserção de projéteis de pequeno diâmetro. É
comumente utilizado em cartuchos de fuzis como o “7,62 x 39 mm” , “ 5,56 x 45
mm” e “.308 Wimchester”.
Formato da base do estojo
Figura 43 – Formato da base do estojos
ZANOTTA, Creso M. Identificação de munições. Volume 1. Editora Magnum. São Paulo.
1992.
Outro aspecto importante sobre os estojos refere-se ao formato da base. Ele
determina como será a ação do extrator sobre o estojo percutido e facilita o
carregamento. A sua forma (FIG. 43) define algum dos pontos de apoio do
cartucho na câmara (headspace), o que garante a percussão. Os tipos de
formato de base mais empregados são:
Figura 42 – Estojo com formato de garrafa.
Fonte: arquivo pessoal do conteudista
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Com aro: com ressalto na base (aro ou gola) que permite o travamento
do estojo na arma. Exemplo: “.38 SPL” e da maioria dos cartuchos
destinados a revólveres;Com semi-aro: com ressalto de pequenas proporções e uma ranhura ou
virola, para encaixe do extrator. Exemplo: “.32 Winchester Self Loading”
(Self Loading é apenas uma referência que a arma era
semiautomática);
Sem aro: a base apresenta o mesmo diâmetro do corpo do estojo, tem
apenas a ranhura ou virola, para encaixe do extrator, como a maioria
dos calibres de pistola. Exemplo: “.45 ACP”, “.40S&W” ;Rebatido: a base tem diâmetro menor que o corpo do estojo, como o
calibre “.41 Ation Express”.
Cinturado: apresenta um aro de maior diâmetro que a base, situado
logo à frente dessa, empregado em cartuchos com maior energia. Este
aro tem por finalidade aumentar os pontos de apoio do cartucho na
câmara. Exemplo: o “.300 Winchester Magnum”.
Tipo de iniciação
Outra forma de descrevermos um estojo é quanto ao tipo de iniciação, que
pode ser:
Fogo circular ou radial: a mistura detonante é colocada no interior do
estojo, dentro do aro, e detona quando este é amassado pelo percursor;
Fogo central: a mistura detonante está disposta em uma espoleta,
fixada no centro da base do estojo.
Nota
Alguns tipos de estojos não foram citados por serem obsoletos como os de
papel dos “Fuzis Dreyse”, utilizados pelo Exercito Brasileiro durante a Guerra
do Paraguai ou outros muito pouco comuns.
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1.3.2 Espoletas
As espoletas têm por função iniciar a queima da pólvora (propelente). Trata-se
basicamente da combinação de um explosivo com outros componentes
depositados no fundo de um pequeno receptáculo metálico de latão (liga de
cobre “Cu” e Zinco “Zn” ), cuja iniciação se dá por percussão (choque violento),
o qual gera a detonação desse explosivo. Na detonação ocorre a
transformação abrupta do explosivo em gases, com extraordinária rapidez(velocidade da ordem de 5000 m/s), geração de calor, chama e elevadas
pressões, o que irá agir sobre os grãos do propelente causando agitação,
aquecimento e ignição.
Mistura iniciadora
A mistura iniciadora de uma espoleta para cartucho é composta de materiais
diversos, com as funções específicas de:
Um explosivo iniciador;
Materiais oxidantes;
Materiais redutores;
Atritante;
Aglomerante.
Diversas composições destes materiais são utilizadas por diferentes
fabricantes. A composição mais comum, utilizada pela Companhia Brasileira de
Cartuchos, do início da década de 70 até a atualidade, tem por base o
estifinato de chumbo (Trinitroressorcinato de chumbo).
Composição Estifinato de chumbo:
Trinitroressorcinato de chumbo;
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Figura 44 – Cartucho de fogo circular
Fonte: Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC)
Espoletas de fogo central
As espoletas para cartuchos de fogo central são constituídas por um pequeno
receptáculo de latão, semelhante a um copo, denominado de cápsula, com
espessura, dureza e tamanho compatíveis com o tipo de arma e com a pressão
gerada pela detonação do explosivo. No interior da cápsula é depositada
determinada quantidade de explosivos (escorva ou mistura iniciadora) que
varia em função das características balísticas do cartucho e da pressão gerada
pela detonação deste, quando da percussão.
A percussão acontece em função do
choque violento entre dois corpos: o
percutor que é parte integrante da
arma e a bigorna. A bigorna é uma
peça metálica, geralmente
confeccionada em latão,
manufaturada através de estamparia,
cuja função é garantir a percussão.
Figura 45 – Espoleta tipo boxer
Fonte: Site da Companhia Brasileira de
Cartuchos (CBC)
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Figura 46 – Espoleta tipo berdan
Fonte: Site da Companhia Brasileita de
Cartuchos (CBC)
A bigorna, por ser uma peça
independente, pode estar montada na
espoleta (espoletas do tipo boxer)(FIG. 45) ou encontrar-se montada no
estojo (espoletas do tipo berdan) (FIG.
46). Como a bigorna pode estar
montada, quer no estojo, quer na
espoleta, a transmissão dos gases,
chama e calor resultante da detonação
da mistura iniciadora para o interior doestojo onde se encontra o propelente
se dá através de orifícios chamados de
eventos. Os eventos nas espoletas do
tipo boxer são um único orifício central
de maior diâmetro (FIG. 45), e nas
espoletas berdan, os eventos podem
ser constituídos em número de dois
(grande maioria dos casos), quatro ou
mais. (FIG. 46)
Após a transferência do explosivo para o fundo da cápsula da espoleta, é
colocada uma fina lâmina de papel que permite a compressão do explosivo,
acarretando uma distribuição uniforme no fundo da cápsula, sem que haja
contato da punção de compressão e o material explosivo.
1.3.3 Propelentes (pólvora)
Propelentes são substâncias que queimam de forma progressiva. Por essa
carcaterística as pólvoras são chamadas de propelentes.
As pólvoras são misturas ou compostos químicos que quando queimam geram,
em velocidade muito alta (da ordem de 400m/s), uma grande quantidade degases. Obviamente, os gases resultantes dessa queima, pela característica de
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expansividade inerentes aos mesmos, ocupam um volume muito maior que o
dos sólidos que o geraram e acarretam um aumento de pressão.
No estudo da balística e das munições, como a pólvora está acondicionadadentro de um cartucho, esse aumento de pressão pode até acarretar a
explosão da arma, o que só não ocorre por dois fatores:
Fator 1: A queima da pólvora não é instantânea. As pólvoras possuem
uma velocidade de queima muito alta, mas o tempo necessário para a
sua queima permite um aumento da pressão de forma gradual. O tempo
de queima será um dos principais critérios para definir em que tipo dearma será empregada determinada pólvora (quanto menor o
comprimento do cano, mais veloz deve ser a sua queima).
Fator 2: A pressão é exercida em todas as direções (princípio de
Pascal) e, à medida que a pressão aumenta, ela suplanta a força de
engastamento do projétil ao estojo, o que propicia o deslocamento do
projétil através do cano. Com o aumento gradual do volume de
confinamento do propelente em combustão, a pressão gerada diminui e
a mantém dentro dos limites para os quais a arma foi projetada. (A
pressão é inversamente proporcional ao volume.)
O projétil é acelerado durante todo o seu percurso pelo cano em decorrência
da pressão exercida pela expansividade dos gases resultantes da queima do
propelente. A pressão atinge um valor máximo, chamado de pico de pressão, a
partir do qual começa a decair até a pressão atmosférica local, após a saída do
projétil pelo cano.
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Figura 47 – Gráfico de disparo de um cartucho
de calibre .30 carabine.
Fonte: sem fonte
A FIG. 47 representa o gráfico de
disparo de um cartucho de calibre“.30 carabina na primeira curva do
gráfico temos a pressão exercida
versus o comprimento do cano. Note
que, logo após o disparo, a pressão
na câmara é da ordem de 45.000
libras por polegada ao quadrado, ou
seja, em torno de 1.500 vezes a
pressão mais usada em pneus de
automóveis. Quando o projétil já se
deslocou até a saída do provete3 de
25 polegadas de comprimento, a
pressão é de cerca de 12.000 libras
por polegada ao quadrado e a
velocidade do projétil (vista na outra
curva do gráfico) de 2.700 pés por
segundo.
Nota
Como os comprimentos dos canos variam de forma significativa das armas
curtas raiadas para as armas longas raiadas, o controle de tempo de queima é
demasiadamente importante porque, ao possuir maior ou menor espaço de
cano para a queima do propelente, a velocidade de queima é fundamental para
fornecer as características balísticas de velocidade e energia cinética ao
projétil, mantendo os valores de pressão de projeto da arma dentro dos limites.
3 provetes são canos de armas de fogo uti lizados em laboratórios, para ensaios
balísticos, onde é poss ível controlar as variáveis
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Composição química das
pólvoras.
Existem dois tipos básicos de
pólvoras:
Tipo 1 - As negras, ou com fumaça, que são basicamente a mistura de
75% de nitrato de potássio, 15% de carvão vegetal e 10% de enxofre.
(FIG. 48)
Nota
A proporção acima apresenta pequenas diferenças dependendo dos
fabricantes. O controle da velocidade de queima neste tipo de propelente é
exercido em função do tamanho dos grãos. Sua produção é destinada ainda aarmas de antecarga, a fogos de artifícios ou outros fins pirotécnicos. Não é
utilizada em cartuchos modernos, dada a necessidade de pressões
estabelecidas pela SAAMI para os calibres e demais características balísticas.
Quando do disparo, este tipo de pólvora, gera uma grande quantidade de
fumaça e grande quantidade de resíduos sólidos que pode chegar até a 55%
do peso de pólvora original.
Tipo 2 - As pólvoras químicas, ou
pólvoras sem fumaça, são assim
chamadas dada a pequena quantidade
de fumaça gerada na sua queima
quando comparada com as pólvoras
negras. (FIG. 49) Podem ser dividas
em dois grandes grupos:
Pólvora Negra
Pólvora de Base
Figura 48 – Pólvora negra
Fonte: arquivo pessoal do conteudista
Figura 49 – Pólvora de base
Fonte: arquivo pessoal do conteudista
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a) Pólvora propelente de base simples – constituída basicamente por
nitrocelulose, componentes químicos para sua estabilidade e controle de
velocidade de deflagração.b) Pólvora propelente base dupla - apresenta em sua constituição
Nitrocelulose e Nitroglicerina como principais compostos ativos, e ainda,
componentes químicos para sua estabilidade e controle de velocidade
de deflagração.
Aula 2 - Projéteis de armas de fogo raiadas
2.1. O que é um projétil ?
Projétil, pela conceituação física, consiste em qualquer sólido abandonado ao
seu movimento após ter recebido um impulso inicial; o que pode ser ou foi
lançado. Para a balística forense, o projétil é...
A parte do cartucho que foi ou que pode ser lançada através do cano, sob a
ação dos gases resultantes da queima do propelente.
Em todo o disparo, o trabalho realizado pela munição - entendendo-se por
trabalho a diferença de energia cinética transmitida - que resulta em destruição
ou dano tecidual, é devido à ação do projétil sobre o suporte do disparo.
Os projéteis modernos, destinados a cartuchos de projéteis únicos para armas
raiadas, apresentam seu diâmetro ligeiramente maior que o diâmetro do cano
da arma. Dessa forma, impedem o escape de gases e, ao se engajarem com oraiamento, adquirem o movimento rotacional que lhes garante maior
estabilidade, maior alcance máximo e útil por uma melhor performance
aerodinâmica frente à resistência do ar.
Os projéteis podem ser divididos em três grupos distintos:
Os projéteis de chumbo (projeteis nus);
Os projéteis jaquetados ou projéteis encamisados (total ou
parcialmente);
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Os projéteis especiais.
A seguir, estude sobre cada um deles.
2.1. Projéteis de chumbo
O chumbo - por ser barato e de fácil obtenção; pelo alto peso específico e
baixo ponto de fusão; pela fácil trabalhabilidade e grande maleabilidade - é o
elemento ideal para os projéteis de arma de fogo, tendo sido o material
utilizado desde os primeiros informes de disparos de armas de fogo até os diasde hoje.
O projétil do tipo esfera foi inicialmente a escolha natural por ser a forma que
apresentava, a princípio, a menor perda de gases. Porém, devido a problemas
com o alcance útil 4 e a resistência, eles foram gradativamente sendo
substituídos, nos cartuchos destinados a armas raiadas, pelos projéteis de
formato pontiagudo, semelhante às setas. Em sua evolução, procurou-se
resolver problemas quanto a sua trajetória, resistência do ar, movimentos
erráticos dos projéteis e problemas que advinham das características dos
materiais, tais como vedação correta dos gases da pólvora e a diminuição do
atrito com o cano.
O moderno projétil é de liga de chumbo, isto é, chumbo endurecido com
antimônio e / ou estanho, e contém todos os elementos de sua evolução.
Um projétil é fundamentalmente dividido em três partes:
4 os projéteis esféricos utilizados no início apresentavam alcance útil de cerca de 50 metros
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PONTA - CORPO - BASE
Quanto à ponta, os projéteis apresentam os seguintes formatos mais comuns:
ogival, canto vivo, semicanto vivo, cone truncado, ponta plana, cada um com
objetivos específicos. (FIG. 50)
Figura 50 – Formatos mais comuns de projéteis
Fonte: Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC)
Os corpos dos projéteis destinados a armas raiadas são sempre cilíndricos e
recebem uma graxa lubrificante colocada em canaletas apropriadas, ou em
áreas recartilhadas e aplicadas por pressão, banho ou por spray. A função
desta graxa é diminuir a possibilidade de “chumbamento” do cano. A parte
cilíndrica é a responsável pelo engajamento dos projéteis com o raiamento do
cano.
Embora os principais componentes dos projéteis de chumbo sejam o próprio
chumbo, o antimônio e o estanho, os projéteis de chumbo são fabricados em
diversas ligas, de diferentes durezas e, consequentemente, de diferentes
pontos de fusão, podendo ser produzidos através de dois processos:
estampagem ou fusão.
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Você sabia que... A estampagem é um processo de fabricação no qual o projéti l é produzido
através de corte e deformações em operação de prensagem a frio. Devido às
suas características, este processo de fabricação apresenta vantagens, tais
como: bom acabamento, custo reduzido e alta produção. Os projéteis frutos
deste processo face ao encruamento que sofrem são mais resistentes.
2.2. Projéteis encamisados
São projéteis construídos por um núcleo recoberto por uma capa externa
chamada camisa ou jaqueta. A camisa é normalmente fabricada com ligas
metálicas como:
cobre e níquel;
cobre, níquel e zinco;
cobre e zinco;
cobre, zinco e estanho ou aço.
O núcleo é constituído geralmente de chumbo praticamente puro, conferindo o
peso necessário e um bom desempenho balístico.
Os projéteis encamisados podem ter sua capa externa aberta na base e
fechada na ponta (projéteis sólidos) ou fechada na base e aberta na ponta
(projéteis expansivos). Nos projéteis sólidos, destaca-se sua maior capacidade
de penetração e alcance. Os projéteis expansivos destinam-se à defesa
pessoal pois, ao atingir um alvo, são capazes de se deformar e aumentar seu
diâmetro, obtendo maior dissipação da energia cinética, logo, maior capacidade
lesiva.
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Nota
O projétil expansivo teve seu uso proibido para fins militares pela Convenção
de Haia, em 1899. São usados na ação policial uma vez que, quanto maior a
área de contato do projétil com o tecido, maior será a degradação da energia
cinética. Desta forma, um projétil do tipo expansivo pode apresentar uma maior
degradação da energia cinética que outro de calibre maior que não permita a
expansividade de sua ponta. E quanto mais energia for transferida maior será o
potencial lesivo e menor a possibilidade de transfixar.
Os projéteis expansivos podem ser classificados em totalmente encamisados
(a camisa recobre todo o corpo do projétil) e semi-encamisados (a camisa
recobre parcialmente o corpo, deixando sua parte posterior exposta). Os tipos
de pontas são basicamente os mesmos que os anteriormente citados para os
projéteis de chumbo, com a adição de projéteis de ponta oca e outras formas
de projéteis expansivos.
2.3. Projéteis especiais
São projéteis desenvolvidos com finalidades específicas, como os projéteis
traçantes, incendiários, explosivos, projéteis de borracha para controle de
tumultos, entre outros.
Considerando a grande quantidade de projéteis especiais, e a impossibilidade
prática de relacionar todos eles, você estudará, a seguir, apenas alguns destes:
GLASER: este projétil, além de apresentar reduzida possibilidade de ricochete,
possui uma grande capacidade de transferência de energia cinética e remota
possibilidade de transfixação, o que lhe garante um grande poder traumático. É
constituído de camisa metálica, em cujo interior são colocados um grandenúmero de balins, selado com teflon.
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NYCLAD: trata-se de um núcleo revestido com náilon. A associação do náilon
com o chumbo garante, em primeiro lugar, uma maior expansão das pontas doque os outros tipos de revestimentos comumente utilizados nas camisas
convencionais. Além deste fato, garante um menor atrito do projétil com o cano
e menor quantidade de partículas de chumbo no ar.
BAT: este projétil associa uma pequena massa com uma altíssima velocidade
e uma grande deformação com o único intuito de apresentar uma ação
traumática instantânea.
ARMOUR PIERCING e METAL PIERCING: trata-se de projéteis perfurantes,
constituídos com núcleos especiais para garantir a perfuração, em muitos
casos, até dos equipamentos de proteção balística.
PMC ULTRA MAG: este projétil é constituído unicamente de um cilindro oco de
bronze o que, associado a elevada velocidade e energia cinética que
apresenta, resulta em uma grande cavidade temporária e permanente quando
do seu impacto contra tecidos biológicos.
BLACK TALON: este projétil, além da expansividade normal de seu núcleo
(em forma de cogumelo - comum a maioria dos projéteis expansivos), a sua
jaqueta rompe em locais pré-estabelecidos gerando pontas afiladas e
cortantes, capazes de gerar um grande dano tecidual e dilacerações .
COMPOUND PLASTIC são projéteis com pequena massa, da ordem de 2,92
gramas (45 grains), para os “calibres .38” comuns, o que resulta em uma
munição de alta velocidade o que, a distâncias menores. apresenta um grande
dano tecidual em função da energia cinética resultante da elevada velocidade.
Estes, dentre muitos outros, se constituem em alguns exemplos de projéteis
especiais, com fins específicos.
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Muitos projéteisapresentam um
código de cores
para definir a sua
utilização,
principalmente nos
fuzis e
metralhadoras.
(FIG. 53)Figura 53 – Projéteis Especiais
Fonte: Site da Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC)
Este sistema permite ao atirador o emprego
adequado da munição para o fim esperado(FIG. 54) desde as munições comuns até o
caso das munições perfurantes, armour
piercing (AP), traçante, incendiária, munição
de ponta mais pesada, munições para
disparos de precisão (ETPT Match).Figura 54 – Utilização de munição em
função do código de cores
Fonte: arquivo pessoal do conteudista
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Aula 3 – Cartuchos de armas de alma lisa
3.1 Elementos essenciais dos cartuchos
Os cartuchos destinados a armas de alma lisa apresentam os seguintes
elementos essenciais (FIG. 55):
1. Estojo;
2. Espoleta;
3. Pólvora;4. Projéteis (projéteis singulares, balins ou projéteis especiais)
5. Buchas e discos de papelão
.
Figura 55 – Elementos essenciais dos cartuchos
Fonte: arquivo pessoal do conteudista
A seguir, estude sobre cada um deles.
3.1.1 Estojo
Os estojos destinados às armas de alma lisa são confeccionados em diversos
materiais como metal (normalmente latão), plástico ou papelão. Esses dois
últimos, geralmente, apresentam uma base metálica.
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Os estojos em papelão estão em desuso, pois a absorção de umidade gera um
aumento de volume, dificultando a sua introdução na câmara. Os estojosmetálicos, devido ao custo de produção, não são empregados na confecção de
cartuchos comerciais, sendo utilizados na recarga artesanal de munição.
Os estojos confeccionados em tubos de plástico, por não absorverem umidade,
por permitirem um considerável número de recargas e um melhor fechamento
são os mais empregados atualmente.
Normalmente os estojos confeccionados em tubo de plástico ou papelão
apresentam uma base metálica (alta ou baixa), com a função de aumentar a
resistência e, principalmente, de formar o aro de travamento da câmara
(headspace). Nesses estojos, é empregada uma bucha interna, confeccionada
em papel ou plástico para afixar o tubo à base.
Foto 1 Foto 2 O fechamento dos estojos
pode ser do tipo orlado (FIG.
56 – Foto 1, ou em estrela
de seis ou oito pontas (FIG.
56 – Foto 2).
Figura 56 – Fechamento de estojosFonte: Site da Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC)
Nos cartuchos dotados de projéteis singulares (balote), o fechamento é orlado.
Para a utilização do fechamento orlado em cartuchos com carga de balins é
necessário o emprego de um disco de papelão sobre esta carga o que não
acontece para o fechamento em estrela.
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3.1.2 Espoletas
As espoletas têm por função a iniciação do propelente (pólvora). Quando do
acionamento do gatilho, o percutor comprime a mistura iniciadora contra a
bigorna, Isso causa a sua detonação que gera calor, chama e gases que
passam para o interior do estojo onde se encontra a pólvora através de orifícios
chamados eventos. A ação do calor, chama e gases sobre os grãos do
propelente agitam, aquecem e levam à queima do propelente o que irá gerar
uma grande quantidade de gases e a expulsão da carga de balins.
Figura 57 - Espoleta do tipo bateria
Fonte: Site da Companhia Brasileira
de Cartuchos (CBC)
As espoletas utilizadas em cartuchos
destinados a armas de alma lisa são do tipo
bateria (FIG. 57), possuem um copo externo
no qual se aloja a bigorna e a misturainiciadora contida em um recipiente em
formato de copo. A utilização deste copo
externo deve-se à pouca resistência da base
metálica do estojo e da bucha interna. Desta
forma, garante-se a percussão e uma
montagem adequada.
Nos estojos de cartuchos metálicos utilizados para recarga artesanal, as
espoletas empregadas são do tipo Berdan.
As espingardas apresentam muito pouca resistência ao deslocamento dos
projéteis (singular ou balins) quando comparadas às armas de alma raiada. A
inexistência de raiamento faz com que os projéteis abandonem o cano
rapidamente. Este fato associado a maior ou menor capacidade de expansão
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das buchas torna obrigatória a utilização de pólvoras de queima rápida nos
cartuchos para armas de alma lisa, do mesmo modo, daquelas utilizadas em
armas curtas.
3.1.3 Pólvoras
As pólvoras utilizadas nos cartuchos comerciais são de base simples
(Nitrocelulose), em formato de disco, a exemplo das pólvoras nº 216 e 219 da
Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC). Essas mesmas pólvoras são as
utilizadas em revólveres.
Nota
A empresa Condor utiliza pólvora negra na produção de cartuchos dotados de
projéteis de borracha, de carga lacrimogênea e de efeito moral.
As pólvoras uti lizadas em espingardas apresentam pequenos valores de
Densidade Gravimétrica 5 e também menor tempo de queima.
Nota
As pólvoras que apresentam maior densidade gravimétrica são as que
apresentam maior tempo de queima (queima mais lenta). São destinadas as
armas longas raiadas, pela necessidade de maior espaço para sua queima, as
quais permitem a colocação de maior quantidade de propelente (em peso),
para um mesmo volume do estojo, de forma que se possam atingir as altas
velocidades previstas para os projéteis dessas armas. Quando, por exemplo,
acontece um disparo de espingarda e a vedação não é boa, faz-se necessário
utilizar pólvoras de queima rápida e logo, menor densidade gravimétrica.
5 é o parâmetro que indica qual a quantidade de pólvora em peso que pode ser colocado em
uma mesma unidade de volume
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3.1.4 Projéteis ou balins
Os projéteis ou balins (chumbos) utilizados para carregar cartuchos variam,
normalmente, de 1,25 a 5,50 mm de diâmetro, sendo usados, ainda, balotes:
um único projéti l de chumbo de diâmetro equivalente ao calibre da espingarda.
Os balins são designados por números ou letras e cada número ou letra indica
um diâmetro nominal específico. A numeração é arbitrária e não segue o
mesmo critério nos diversos países. O critério adotado pela Companhia
Brasileira de Cartuchos é o mostrado a seguir (FIG. 58):
Figura 58 – Critérios para designação dos Balins adotados pela CBC
Fonte: Site da Companhia Brasileira de Cartuchos (CBC)
3.1.5 Buchas
As buchas apresentam a função de, ao se
expandirem, selarem o cano, não
permitindo o escape de gases oriundos da
queima da pólvora. Desta forma, fazem
com que a distribuição da energia seja
uniforme sobre a carga de balins. Realizam
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ainda a tarefa de manter a pressão em nível adequado, tanto na câmara
quanto no cano durante o deslocamento
da carga de balins.
As buchas são constituídas de diversos materiais como papel, papelão cortiça,
prensadas (serragem e parafina), feltro ou buchas pneumáticas (plásticas).
É comum a utilização de discos de papelão quando da utilização de buchas
prensadas para separar a bucha dos grãos de pólvora e ainda para separar dacarga de balins, ou com a função de tampa nos cartuchos de fechamento
orlado.
Nota
As buchas e os discos de papelão, quando encontrados em locais de crime ou
na área lesionada podem definir o calibre da arma utilizada.
3.2 Vida útil dos cartuchos guardados na embalagem original
Segundo a Companhia Brasileira de Cartuchos, a vida útil de cartuchos marca
CBC, armazenados em sua embalagem original, é de cerca de 5 (cinco) anos.
Isso se a munição for estocada em condições adequadas, ou seja, em local
bem ventilado, protegido de raios diretos do sol, e à temperatura ambiental
normal (20 a 25.ºC). Se a temperatura for mantida uniforme, ao redor de 15.ºC,a vida útil dos cartuchos CBC pode ser prolongada de 3 a 4 vezes. A umidade
relativa do ar ideal para a conservação dos cartuchos é de 40 a 60%.
Após os cinco anos, inicia-se um processo lento de decomposição da pólvora
resultando numa deterioração, também lenta, mas progressiva, das
características balísticas da munição. Na maioria das munições militares, o
cartucho é considerado ainda em condições de uso, mesmo que a velocidade
média de uma série de 10 tiros esteja 5% abaixo do valor médio de fabricação.
Figura 59 – Buchas plásticas
Fonte: arquivo pessoal do conteudista
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Este percentual é aumentado para munições destinadas ao uso civil, cujos
critérios de avaliação não são tão rígidos.
Finalizando...
Neste módulo, você estudou que:
Cartucho é a designação genérica das unidades de munição utilizadas
nas armas de fogo de retrocarga. Segundo o inciso LXIV do art. 3º do
Anexo do Decreto nº 3665, de 20 de novembro de 2000, pode-seentender munição como: “artefato completo, pronto para carregamento e
disparo de uma arma, cujo efeito desejado pode ser: destruição,
iluminação ou ocultamento do alvo; efeito moral sobre pessoal;
exercício; manejo; outros efeitos especiais” (BRASIL, 2000);
Os cartuchos mais conhecidos e empregados, hoje em dia, são:
Cartuchos para armas raiadas de percussão central; Cartuchos para
armas raiadas de percussão radial e Cartuchos para armas de alma lisa
de percussão central;
Em quase todas as espécies de cartuchos, verifica-se a utilização de
alguns componentes essenciais como o estojo, a espoleta, o propelente
(pólvora) e o projétil;
Para a balística forense, o projétil é a parte do cartucho que foi ou que
pode ser lançada através do cano, sob a ação dos gases resultantes da
queima do propelente;
Os projéteis podem ser divididos em três grupos distintos: os projéteis de
chumbo (projeteis nus), os projéteis jaquetados ou projéteis
encamisados (total ou parcialmente) e os projéteis especiais;
Os cartuchos destinados a armas de alma lisa apresentam os seguintes
elementos essenciais: estojo, espoleta, pólvora, projéteis (projéteis
singulares, balins ou projéteis especiais) e buchas e discos de papelão.
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Exercícios
1) Dado o enunciado, assinale a única alternativa correta:
Um cartucho de fogo circular é caracterizado pela utilização:
a) de espoletas extrínsecas
b) de espoletas do tipo berdan
c) de espoletas do tipo boxer
d) do explosivo iniciador ser depositado nas bordas do estojo, não se
verificando as configurações de bigorna, comumente encontradas nas espoletas de
fogo central.
2) Assinale, do material abaixo relacionado, aquele que não faz parte do cartucho:
a) Propelentes
b) Espoletas
c) Percursor
d) Buchas
3) Dentre as quatros alternativas apresentadas, assinale a falsa:a) As buchas quebradiças, como as buchas de cortiças, não atrapalham a
distribuição dos balins, mesmo que parte dela se misture ou venha a se aderir aos
balins.
b) As buchas realizam a tarefa de manter a pressão em nível adequado, tanto
na câmara quanto no cano durante o deslocamento da carga de balins.
c) As buchas apresentam a função de, ao se expandirem, selarem o cano, não
permitindo o escape de gases oriundos da queima da pólvora, desta forma, fazendo
com que a distribuição da energia seja uniforme sobre a carga de balins.d) As buchas são constituídas de diversos materiais como papel, papelão
cortiça, prensadas (serragem e parafina), feltro ou buchas pneumáticas (plásticas).
4) As espoletas utilizadas em cartuchos destinados a armas de alma lisa são:
a) espoletas extrínsecas
b) espoletas do tipo berdan
c) espoletas do tipo boxer
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d) espoletas do tipo bateria
5) A mistura de nitrato de potássio ou salitre, carvão vegetal e de enxofre, formam
uma pólvora empregada até hoje que é chamada de:.
a) pólvora negra
b) pólvora propelente de base simples
c) pólvora propelente de base dupla
d) nenhuma das anteriores
6) Assinale com (V) as alternativas verdadeiras e com (F) as falsas:
a) ( ) Para a balística forense, o projétil é a parte do cartucho que foi ou que
pode ser lançada através do cano, sob a ação dos gases resultantes da
queima do propelente.
b) ( ) Os projéteis modernos, destinados a cartuchos de projéteis únicos para
armas raiadas, apresentam seu diâmetro igual ao diâmetro do cano da arma.
c) ( ) O projétil do tipo esfera foi inicialmente a escolha natural, por ser a forma
que apresentava, a princípio, a menor perda de gases, porém dado a
problemas com o alcance útil e a resistência do ar, eles foram gradativamentesendo substituídos nos cartuchos destinados a armas raiadas, pelos projéteis
de formato pontiagudo, semelhante às setas.
d) ( ) Os projéteis encamisados são projéteis construídos por um núcleo
recoberto por uma capa externa chamada camisa ou jaqueta.
e) ( )Os projéteis encamisados podem ter sua capa externa aberta na base e
fechada na ponta (projéteis sólidos) ou fechada na base e aberta na ponta
(projéteis expansivos).
f) ( )Os corpos dos projéteis destinados a armas raiadas são cônicos e recebemuma graxa lubrificante colocada em canaletas apropriadas.
Gabarito: 1D 2D 3A 4D 5A 6 a) V b) F c) V d) V e) V f) F
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Módulo 5 – Calibre das armas
Apresentação do Módulo
Observe a definição a seguir:
“Calibre: medida do diâmetro interno do cano de uma arma, medido entre os fundos do
raiamento; medida do diâmetro externo de um projétil sem cinta; dimensão usada para definir
ou caracterizar um tipo de munição ou de arma.” (Decreto nº 3.665, art. 3º, inciso XXXV,
anexo).
Você percebeu que na definição acima calibre é uma terminologia aplicada tanto às armas de
fogo como à munição empregada nestas armas?
De forma geral, o termo calibre é usado para indicar o diâmetro interno do cano da arma, a ser
medido de acordo com critérios específicos, mas também é empregado para designar um tipo
particular de munição. Nesse caso, não traduz somente o diâmetro do projétil, mas também
detalhes da interação do estojo à câmara da arma, como o seu comprimento e a forma de
extração quando deflagrado. Normalmente as terminologias sobre os calibres das armas e munições são empregadas
erroneamente, o que pode levar a erros de interpretação, principalmente sobre a
compatibilidade de determinada munição com alguma arma suspeita. Outro fator importante
são as diversas denominações para o mesmo calibre, o que pode levar o policial a pensar que
se trata de calibres diferentes quando são apenas denominações diferentes para o mesmo
calibre.
Determinar o calibre de uma arma de alma raiada ou de uma arma de alma lisa envolvequestões e nomenclaturas próprias. Para melhor compreensão sobre esse assunto, você
estudará, nas aulas deste módulo, os conceitos básicos que permitirão nominar de forma
correta os calibres das armas e munições.
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Objetivos do Módulo
Ao final do estudo deste módulo, você será capaz de:
Identificar e classificar os diversos calibres das armas raiadas e de alma lisa, bem
como das munições;
Compreender as diversas nomenclaturas e o significado de cada dígito utilizado para
designar os calibres;
Decodificar os dígitos utilizados para designar os calibres e estabelecer a correlação
entre eles com a utilização das tabelas e dados apresentados no módulo;
Identificar os choques utilizados nas armas de alma lisa, a sua importância e emprego.
Aula 1 – Calibre de armas de alma raiada
1.1. Calibre real
A alma do cano de uma arma raiada é formada
por cheios e cavados ou raias. As raias você já
sabe que são sulcos helicoidais que fazem com
que o projétil, ao se engajar a eles (raiamento),
adquira a rotação necessária para a
estabilização de sua trajetória e um maior
alcance máximo e útil.
O calibre real é uma grandeza medida na boca
do cano da arma e corresponde ao diâmetro
interno entre os cheios diametralmente
opostos (land diameter). É sempre uma medida exata, dentro de escassos limites de
tolerância. Nos casos em que o número de raias for par, haverá sempre pares de cheios em
oposição a outro, e o calibre real será a medida entre eles. Entretanto, quando o número de
raias for ímpar, cada cheio fica em oposição a uma raia. Nesse caso, a medida deve ser
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tomada entre a superfície de um cheio e a delimitação entre o cheio e a raia, em posição
oposta.
O calibre real é sempre menor que o diâmetro do projétil; dessa forma, não há perda dos gases
que o impulsionam e fazem com que o projétil, ao acompanhar o giro do raiamento, adquira o
movimento rotacional que permite a estabilização de sua trajetória.
O calibre real é expresso em milímetros ou fração de milímetros nos países que adotam o
sistema métrico e em fração de polegada nos que ainda usam o sistema inglês de medidas.
1.2.
Calibre nominal
O calibre nominal é usado para designar um tipo particular de munição. Também é utilizado nas armas nasquais este tipo de munição é empregado.
O calibre nominal, de forma diferente do calibre real, nãose refere apenas ao diâmetro do projétil, Apresenta,também, uma série de outras informações, como :
comprimento do estojo;
a forma de travamento desse estojo na câmara,indicando assim se este estojo é com aro ou sem aroou se é do tipo garrafinha, cinturado ou apresentaainda outras formas construtivas;
o sistema de percussão, se de fogo central ou defogo circular.
Desta forma, quando é citado o calibre nominal “.32 S&WL” ou “.32 Colt New Police”, sabe-se que o estojo é cilíndrico e com aro, o tipo de iniciação é por fogo central, que o diâmetro
do projétil é de cerca de 7,92mm, podendo apresentar pequenas variações dentro de limites detolerância pré- estabelecidos. O comprimento do estojo é de 23,37mm, dentre outrasinformações. Este cartucho foi desenvolvido pela Smith & Wesson e pela Colt, para seusrevólveres, sendo a única diferença a época o formato da ponta do projétil.
A FIG. 61 é bem representativa, pois os dois cartuchos são de “calibre .50”. O maior e
primeiro cartucho é o “.50 BMG” (Browning Machine Gun) e o outro cartucho é o “.50 AE”
(Action Express) utilizado em pistolas semiautomáticas mas, no entanto, excetuando-se o
diâmetro do corpo cilíndrico do projétil, as demais características são muito diferentes
Figura 61 – Calibre nominal
Fonte: arquivo pessoal do conteudista
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1.2.1. Representação do calibre nominal
Para representar o calibre nominal, expresso em frações de polegada, convencionou-se
colocar um ponto na frente do número que representa a fração de polegada, com a supressão
da representação gráfica de polegada. Por exemplo, em vez de escrever 0,38" (trinta e oito
centésimos de polegada), escreve-se .38 , seguido do tipo de arma para o qual se destina o
cartucho: .38 Special, .357 Magnum , .40 S&W.
1.2.2. Nomenclatura dos calibres nominais
Na nomenclatura adotada para os calibres nominais encontram-se designações agrupadas em
três sistemas:
Sistema americano;
Sistema inglês;
Sistema europeu.
A seguir, você estudará cada um deles.
Sistema americano
Os Estados Unidos não só é um dos maiores produtores de arma, como também um dos
maiores mercados consumidores de armas de fogo. No seu sistema, é comum a utilização de
dois números significando o diâmetro do projétil em centésimos de polegada seguido de
letras, palavras ou números com significados como:
1. Uso de letras para designar tipos de arma a que se destinam: .380 ACP ( Automatic
Colt Pistol ), .45 ACP ( Automatic Colt Pistol ). (Cartuchos destinados a pistolas, logo o
estojo é sem aro com a virola para encaixe do extrator.)
2. Uso de adjetivos indicando o tamanho do cartucho: .22 Short (pequeno ou curto);
.22 Long (longo); .22 LR - Long rifle (rifle longo)
3. Uso de adjetivos identificando o tamanho e a identificação do fabricante que o
produziu: .41 Long Colt , .38 Long Colt
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4. Uso de logomarcas ou dos nomes, identificando os fabricantes: .38 Smith &
Wesson, .223 Remington, .308 Winchester
5. Uso de nomes de marcas indicando as armas a que se destinam: .30 Luger; .30
Mauser
6. Uso de expressões de efeito publicitário: .22 Hornet ; .357 Magnum ; .44 Magnum
7. Uso de expressões de efeito publicitário associado ao nome do fabricante: .38
S&W Special, .44 S&W Russian, .22 Remington Jet
8. Uso de números indicando: .30-03 (calibre oficial dos EUA, adotado em 1903),
.30-06 (alteração do calibre .30-03, adotada em 1906)
9. Uso de números indicando características técnicas: 250-3000 Savage (indica que o
projétil tem uma velocidade de boca de 3000 pés por segundo). É interessante notar a
designação de muitos calibres, como o calibre .45 – 70 Springfield ou .45 – 70 – 405,
adotado pelo governo americano em 1873, em substituição ao calibre .50 – 70 – 450.
Neles o diâmetro do projétil era de 0,45 centésimos de po legada, ou seja, 11,4mm, 70
grains de pólvora negra, equivalente a 4,5 gramas e o peso do projétil de chumbo de
405 grains equivalente a 26,2 gramas. Esse mesmo princípio era seguido pelas
designações dos cartuchos .32 – 20, 38 – 40, etc., comuns nas armas utilizadas na
conquista do oeste americano.
Sistema inglês
O sistema inglês é muito similar ao usado na América do Norte. Nele o calibre é definido a
partir de geralmente três números indicando o diâmetro do projétil em milésimos de polegadas (algumas vezes em centésimos de polegadas) e acrescenta nomes para facilitar a
identificação de quem o produziu. Exemplos: .280 Jeffery, .375 Holland & Holland, .505
Gibbs e .275 Rigby.
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Nota
A palavra " Express" foi muito utilizada pelos fabricantes ingleses para efeito publicitário,
como sinônimo de cartuchos de potências maiores utilizados, no século XIX, para caças nos
continentes: africano, asiático e americano.
Com a substituição da pólvora negra pelas pólvoras de base simples – sem fumaça, de
nitrocelulose – o termo passou a ser “ Nitro Express”, como os cartuchos .600 Nitro Express e
.577 Nitro Express. Com o lançamento de cartuchos mais potentes (de maior energia
cinética), surgiu o nome "Magnum Nitro Express".
Importante!
O termo "Magnum" é empregado nos dias atuais para indicar cartuchos com maior quantidade
de pólvora (estojos com maior capacidade volumétrica), do que os normais ou similares, tanto
para armas curtas (.357 Magnum, .22 Magnum, etc.) quanto para armas longas (.300
Winchester Magnum, 7mm Remington Magnum, etc.)
Sistema europeu
Esse sistema é por muitos considerado o melhor sistema, pois permite a maior obtenção de
dados sobre o cartucho sem a consulta de manuais ou outros informativos.
Observe os detalhes do sistema:
As dimensões do projétil e do estojo são dadas em milímetros e são apresentadas em
dois grupos de números, podendo apresentar ou não letras como sufixo;
O primeiro grupo de números identifica o diâmetro do projétil (calibre) e o segundo, ocomprimento do estojo;
A ausência de qualquer letra após o calibre significa que o estojo é sem aro (caso da
grande maioria das pistolas);
Se o estojo não for desse tipo, é usado, após o conjunto de números, algumas letras
como sufixo como: a letra R para estojos com aro, as letras SR para semiaro, B para
cinturado e RB para rebatido.
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Exemplos: 5,56 x 45mm, 7,62 x 51mm, 8 x 60mm, 9.3 x 72 R, 9,3 x 80 Rmm.
1.2.3. Observações sobre os vários sistemas dos calibres nominais
Com o passar do tempo, como alguns calibres ficaram muito conhecidos, o segundo grupo de
números foi omitido, a exemplo dos conhecidos 6,35mm e o 7,65mm.
O uso de nomes com ou sem o segundo grupo de números também é comum. Exemplos:
7,65mm Parabellum, 9mm Parabellum, 5,5mm Velodog.
Devido à existência de diferentes sistemas, um cartucho pode ser conhecido ou
comercializado com diferentes nomes, como os listados a seguir:
- 22 Hornet 5,6 x 35 Rmm
- 25 ACP 6,35mm
- 32 ACP 7,65mm
- 30 Luger 7,65mm Parabellum
- 9mm Luger 9mm Parabellum (9 x 19mm)
- 30 Nato 7,62 x 5 1mm Nato
- 7mm Mauser 7 x 57mm
- 30-30 WCF 7,62 x 5 1 Rmm
- 30 Mauser 7,63mm Mauser ou 7,63 Militar
- 380 ACP 9 mm Browning Short (Kurtz)
- 30-06 7,62 x 63mm
1.2.4. Calibres nominais X calibres reais
Quando uma arma é destinada a consumir um determinado tipo de munição, deve ser
designada por um calibre nominal específico. A utilização de cartuchos não apropriados pode
ser prejudicial ao rendimento e à conservação da arma, bem como à integridade física do
atirador.
1 O termo Nato é uma s igla na língua inglesa para OTAN – Organização do T ratado do Atlântico Norte.
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Normalmente, o calibre da arma é designado pelo calibre nominal da munição a ela
correspondente, e esse calibre é gravado no cano dos revólveres e, nas pistolas, em uma das
faces laterais do ferrolho.
NOTA
Na prática, o que determina numa arma o calibre nominal é a configuração interna da câmara
na qual será a lojado o cartucho.
Para um mesmo calibre real podem existir vários calibres nominais, como ocorre, por
exemplo, com armas de calibre real 8,9mm, que possuem, entre outros, os seguintes calibres
nominais: .38 Short Center Fire, .38 Smith & Wesson (.38 S&W), 38 Smith & Wesson Long(.38 S&WL), .38 Special e .38 Special Smith & Wesson, entre outros.
NOTA
Na Argentina as pistolas de calibre .45 ACP normalmente são conhecidas pelo seu calibre
real, ou seja, 11,25mm.
Como você já estudou anteriormente, diferentes nomenclaturas podem gerar equívocos.
Sendo assim, pode-se estabelecer, para os calibres nominais americanos das armas raiadas,expressos em centésimos de polegada, a seguinte relação com seus equivalentes convertidos
em milímetros e os respectivos calibres reais.
Calibres nominais
americanos
Calibres equivalentes
convertidos em milímetrosCalibres reais
.22 5,59mm 5,6mm
.25 6,35mm 6,35mm
.30 7,62mm 7mm
.32 8,13mm 7,65mm
.38 9,65mm 8,9mm (9mm)
.44 11,18mm 10,8mm (11mm)
.45 11,43mm 11,25mm
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Aula 2 – Calibre das armas de alma lisa
Da mesma forma que as armas de alma raiada, as armas de alma lisa também apresentam
calibres reais e calibres nominais e ainda possuem um estrangulamento da boca do cano
chamado choque (choke).
O seu conhecimento é muito importante para que você possa identificar de forma precisa uma
arma de alma lisa.
2.1. Calibre real
O calibre real das armas com canos de alma lisa é a medida que corresponde ao diâmetro
interno do cano, tomada em sua região mediana.
Importante!
Não deve ser tomada essa medida na boca do cano, pois, dependendo do tipo de choque,
podem-se obter medidas diferentes para um mesmo calibre real.
2.2. Calibre nominal
O sistema utilizado para definir os calibres das armas de alma lisa é um sistema arcaico e tem
sua origem, segundo consta, em Londres no ano de 1868. Nesse sistema, o calibre nominal é
um número que indica a quantidade de esferas de chumbo com diâmetro igual ao da alma do
cano da arma (calibre real), necessárias para formar o peso de uma libra (massa de 453,6g).
Assim, o calibre 12 significa que são necessárias 12 esferas de chumbo com diâmetro de
18,5mm para formar 453,6 gramas.
2.3. Calibre nominal X calibre real
Os calibres nominais são expressos por números inteiros, cujos valores variam na razão
inversa dos calibres reais respectivos. Pode-se estabelecer a seguinte relação entre os calibres
reais e os respectivos calibres nominais:
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Calibre nominal Calibre real
40 9,1mm
36 10,4mm
32 12,2mm
28 13,0mm
24 14,3mm
20 15,9mm
16 16,2mm
12 18,5mm
10 19,7mm
8 21,2mm
O calibre nominal 36, cujo calibre real é de 0,410 polegadas, 10,4mm, é designado como:
.410, especialmente fora do Brasil. O calibre nominal 40 é também designado como calibre
9,1mm, que é seu calibre real.
A fórmula ao lado permite calcular o
diâmetro do cano em relação ao
calibre:
- A letra d representa o diâmetro;
- A letra n representa o número
significativo do calibre.
Importante!
Para alguns calibres, como o 36 e o 40, a designação não seguiu a regra geral da
denominação dos calibres das espingardas, por isso a fórmula não apresenta, para esses
calibres, resultado correto.
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2.4. Choque
Choque (choke) é um estreitamento da alma do cano, junto de sua boca, com a finalidade de
produzir melhor agrupamento dos chumbos (balins), visando a obtenção de maior alcance e
precisão do tiro.
O choque normalmente é precedido de uma rampa de formato cônico, com dimensão que
varia de indústria para indústria, cujo menor diâmetro coincide com a do choque. Esse tipo de
choque é denominado de choque convencional.
2.4.1. Denominações do choque
Cada cano possui um determinado tipo de choque. Os choques recebem as seguintes
denominações:
1. Full (F) ou choque pleno ou cheio
2. Improved Modified (IM) ou modificado melhorado (3/4 de choque)
3. Modified (M) ou modificado (1/2 choque)
4. Improved cylinder (IC) ou cilíndrico melhorado (1/4 de choque)
5. Cylinder (CL) ou cilíndrico (sem choque)
2.4.2. Representação do choque
A representação do choque, segundo a simbologia americana, é feita com o emprego da(s)letra(s) inicial(is) do nome do respectivo choque (F, IM, M, IC e CL). Na Europa, a indicação
do choque é feita com estrelas ou asteriscos (*), com o seguinte significado: uma estrela para
o choque full ; duas estrelas para o modified ; três estrelas para o improved cylinder .
O tipo de choque de cada cano é gravado, através do seu símbolo (letra ou estrela), sobre o
cano e na altura da câmara.
As espingardas de um cano possuem como regra geral o choque full (F).
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Nas armas de dois canos, a indicação dos choques é feita individualmente, como M/F, por
exemplo. Essa indicação significa que o cano com o qual é dado o primeiro tiro possui o
choque modified (modificado) e o outro tem o choque full (choque pleno).
A figura ao lado mostra
a dispersão dos balins
em relação aos
diferentes choques e à
distância.
Fonte: CBC
O choque pleno ( full ) é o de menor diâmetro, isto é, o que dá maior estrangulamento da alma
do cano, garantindo, em consequência, menor dispersão, maior e melhor grupamento e a
possibilidade de tiro a maior distância. Por esse motivo, em espingardas de dois canos, o
choque do cano com o qual é dado o segundo tiro é sempre menor, mais estreito do que o
choque do cano usado para o primeiro tiro.
A tabela a seguir apresenta a redução no diâmetro ou o estrangulamento relativo para cada
choque e calibre:
Choque/calibre 12 16 20 28 32 36
Pleno 1,00 mm 0,85 mm 0,75 mm 0,65 mm 0,55 mm 0,45 mm
¾ 0,75 mm 0,65 mm 0,55 mm 0,45 mm 0,45 mm 0,30 mm
½ 0,50 mm 0,45 mm 0,35 mm 0,30 mm 0,20 mm 0,20 mm
¼ 0,25 mm 0,25 mm 0,20 mm 0,15 mm 0,10 mm 0,10 mm
Skeet 0,20 mm 0,17 mm 0,15 mm 0,10 mm 0,10 mm -
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Modernamente, adotou-se o uso de choques cambiáveis, o que permite ao atirador usar, num
mesmo cano, mais de um tipo de choque, podendo optar pelo mais adequado para
determinada caça ou esporte. O choque cambiável é constituído de uma peça com rosca
externa, a qual é parafusada na boca do cano da arma. Esse tipo de choque é fabricado e
comercializado pela indústria E.R. Amantino & Cia. Ltda., fabricante das armas da marca
Boito, Era e Gaúcha-IGA, e é usado em vários calibres.
Nota
As espingardas de uso policial, por comportarem projéteis de borracha, lacrimogêneo e
munições explosivas, não podem apresentar estreitamento da boca do cano, ou seja, não
usam choque (choque cilíndrico).
2.4.3. Grupamento
Os choques dos canos controlam o grupamento dos balins de chumbo e são usualmente
determinados pela procentagem de balins que atingem um alvo (placa) de 75 cm de diâmetro,
a uma distância convencional de 35 metros (27 metros para os calibres 28, 32 e 36). Essa
porcentagem pode variar muito pouco com uma mesma arma, dependendo, em linhas gerais,
do tamanho do cartucho, da carga de pólvora e do tamanho e número de balins de chumbo
usados no carregamento do cartucho.
A tabela a seguir mostra a correspondência entre o choque e grupamento.
Estrangulamentos (choques) Grupamento
Total (choke pleno) 70 - 75 %
¾ 60 - 65 %
1/2 (meio choke) 50 - 60 %
¼ 40 - 45 %
Cilíndrico 35 - 40 %
Skeet 60 % (a 20 m)
Os resultados com uma arma de qualidade e cartuchos de boa procedência são normalmenteos assinalados na tabela e devem apresentar uma distribuição (dispersão) uniforme.
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Num cano cilíndrico, a dispersão do chumbo inicia-se na saída. No choke pleno, a carga de
chumbo sai comprimida e a dispersão será menor. Como lançam a carga a uma distância um
pouco maior do que as outras formas de estrangulamento do cano para o mesmo calibre,
conclui-se que o grau do choke determina o alcance máximo da arma. O grupamento do cano
de choke pleno a 35 metros também pode ser conseguido com o cano de meio choke a 30
metros e pelo de 1/4 de choke a 25 metros.
Nota
Mais importante do que a porcentagem de chumbos que atingem o alvo é a distribuição
uniforme deles dentro da área de impacto (alvo), chamada de rosada do tiro.
Um cartucho Velox (CBC), calibre 20, carregado com 22,5 g de chumbo no 7 (diâmetro de
2,5mm) comporta aproximadamente 248 balins. Portanto, se disparado de um cano de choke
pleno à d istância de 35 metros, de acordo com as normas adotadas, teria que contar de 171 a
186 impactos dentro do círculo de 75 cm de diâmetro. Se o cano usado for de 1/2 choke, serão
aproximadamente 136 impactos (55%). O mesmo deve ocorrer se usados outros tamanhos de
grãos de chumbo.
Esse fato permite explicar por que normalmente não é possível determinar o calibre da
espingarda pelo número de balins que atinge uma superfície suporte.
Finalizando...
Neste módulo, você estudou que:
Calibre é a medida do diâmetro interno do cano de uma arma, medido entre os fundos
do raiamento; medida do diâmetro externo de um projétil sem cinta; dimensão usada
para definir ou caracterizar um tipo de munição ou de arma. (Decreto nº 3.665, art 3º,
inciso XXXV, anexo);
Nas armas de alma raiada, o calibre real é uma grandeza medida na boca do cano da
arma e corresponde ao diâmetro interno entre os cheios diametralmente opostos (land
diameter ), e o calibre nominal é usado para designar um tipo particular de munição e
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também é utilizado nas armas nas quais esse tipo de munição é empregado – por isso
devemos descrever com maior detalhe o calibre nominal;
O calibre real das armas com canos de alma lisa é a medida que corresponde ao
diâmetro interno do cano, tomada em sua região mediana;
Nas armas de almas lisas, o calibre nominal é designado por um sistema arcaico que
tem sua origem, segundo consta, em Londres no ano de 1868. Nesse sistema, o calibre
nominal é um número que indica a quantidade de esferas de chumbo, com diâmetro
igual ao da alma do cano da arma (calibre real), necessárias para formar o peso de uma
libra (massa de 453,6g). Assim, o calibre 12 significa que são necessárias 12 esferas
de chumbo com diâmetro de 18,5mm para formar 453,6 gramas;
Choque (choke) é um estreitamento da alma do cano, junto de sua boca, com a
finalidade de produzir melhor agrupamento dos chumbos (balins), visando a obtenção
de maior alcance e precisão do tiro;
Os choques dos canos controlam o grupamento dos balins de chumbo e são
usualmente determinados pela porcentagem de balins que atingem um alvo (placa) de
75 cm de diâmetro a uma distância convencional de 35 metros (27 metros para os
calibres 28, 32 e 36).
Exercícios
1) Considerando o que foi estudado sobre calibre, assinale a afirmativa falsa abaixo:
a) O calibre nominal é designativo de um tipo particular de munição.
b). O calibre nominal em uma arma cujo o cano é dotado por um número ímpar de
raias é a distância entre dois cheios diametralmente opostos.
c) O calibre real é uma grandeza medida diretamente na boca do cano da arma.
d) O calibre real em uma arma cujo o cano é dotado por um número par de raias é a
distância entre dois sulcos (raias), diametralmente opostas.
2) O calibre 12 utilizado em espingardas:
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a) É o equivalente em milímetros ao diâmetro interno do cano dessa arma, ou seja, seu
diâmetro interno mede 12 milímetros.
b) É o equivalente em centésimos de polegada ao diâmetro interno do cano dessa
arma, ou seja, seu diâmetro interno mede 12 centésimos de polegadas.
c) Refere-se à quantidade de esferas de chumbo com o mesmo diâmetro do cano, as
quais juntas pesam uma libra (453,59 gramas).
d) Não apresenta relação nenhuma com o diâmetro do cano, quer externo ou interno.
3) Assinale (V) para as sentenças verdadeiras e (F) para as falsas:
a) ( ) Para um mesmo calibre real podem existir vários calibres nominais.
b) ( ) No sistema americano é comum a utilização de três números significando o
diâmetro do projétil em centésimos de polegada, seguidos de letras, palavras ou números com
significados distintos.
c) ( ) Para representar o calibre nominal, expresso em frações de polegada,
convencionou-se colocar um ponto na frente do número que representa a fração de polegada.
d) ( ) O calibre real é sempre maior ou igual que o diâmetro do projétil.
4) Sobre o calibre .45 – 70 – 405, adotado pelo governo americano em 1873, podemos
afirmar que:
a) O segundo grupo de números (70) identifica o comprimento do estojo.
b) O primeiro grupo de números identifica o diâmetro do projétil (calibre) expresso em
milímetros.
c) O terceiro grupo de números representa o peso do projétil de chumbo de 405 grains,
equivalente a 26,2 gramas.
d) Nenhuma das anteriores.
5) Assinale a alternativa falsa:
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a) O calibre real é uma grandeza medida na boca do cano da arma e corresponde ao
diâmetro interno entre os cheios diametralmente opostos.
b) O calibre real é expresso em milímetros ou fração de milímetros nos países que
adotam o sistema métrico e em fração de polegada nos que ainda usam o sistema inglês de
medidas.
c) O calibre real é sempre menor que o diâmetro do projétil; dessa forma não há perda
dos gases que o impulsionam.
d) Nos casos em que o número de raias for ímpar, a exemplo das armas 5D, há sempre
raias diametralmente opostas a outra, e o calibre real será a medida entre elas.
6) O calibre real das armas com canos de alma lisa é a medida que corresponde ao diâmetro
interno do cano e deve ser tomada:
a) Na câmara de combustão
b) Na boca do cano
c) Em sua região mediana
d) Nenhuma das anteriores
7) Considerando o que estudou sobre choque, assinale a alternativa falsa:
a) O choque pleno ( full ) é o que dá maior estrangulamento da alma do cano,
garantindo, em consequência, menor dispersão dos balins.
b) Os choques dos canos controlam o grupamento dos ba lins de chumbo, que é
usualmente determinado pela porcentagem de balins que atingem um alvo (placa) de 75 cm de
diâmetro a uma distância convencional de 35 metros (27 metros para os calibres 28, 32 e 36).
c) O grau do choke determina o alcance máximo da arma.
d) As espingardas de uso policial, por comportarem projéteis de borracha,
lacrimogêneo e munições explosivas, utilizam choques que apresentam estreitamento da boca
do cano.
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9) O choque que apresenta a menor redução do diâmetro interno da boca do cano é:
a) Full (F) ou choque pleno ou cheio
b) Modified (M) ou modificado
c) Cylinder (CL) ou cilíndrico
d) Choque Skeet
Gabarito : 1-B ; 2-C ; 3-V/F//V/F ; 4-C ; 5-D ; 6-C ; 7-D ; 8-C
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Módulo 6 – Rastreamento de Armas
Apresentação do módulo
A maioria dos crimes contra a vida e de outros crimes violentos, em nosso país,
ocorre com o emprego de uma arma de fogo. Conhecer as rotas, as formas, os
mecanismos que propiciaram o emprego dessa arma de fogo em um crime
específico permite investigar um crime “sem rosto” que é o tráfico de arma.
Na Rede EAD há um curso específico que trata sobre as Ações para o Controle
de Armas de Fogo1. Contudo, nesse módulo você estudará informações
sistematizadas que facilitarão a identificação de uma arma, a sua busca em
banco de dados, quando necessário, o rastreamento e a investigação policial.
Objetivos do Módulo
Ao final do estudo desse módulo, você será capaz de:
Identificar os elementos contidos no Registro de Armas de Fogo;
Compreender o processo de gravação de maneira geral, em especial os
números de série das armas, as marcas de prova, logomarcas e as
gravações das bases de munições;
Contribuir para as ações de rastreamento de armas e munições, bem como
para a investigação policial.
Estrutura do Módulo
Aula 1- Identificação Direta: aspectos práticos
Aula 2 – Número de Séries das Armas de Fogo
1 O conteúdo programático do curso es tá dividido em 6 módulos: “armas de fogo hoje”; “estoques e
controle de armas no Brasil”; “apreensão e identificação de armas ilegais”; “des vio, contrabando evitimização de armas”; “us o de armas de fogo: prós e contras”; e, “estatuto, recadastramento,
desarmamento e destruição de armas”
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Aula 3 – Outros Sinais Identificadores
Aula 4 – Rastreamento de Munição
Aula 1 – Identificação Direta 1: aspectos práticos
1.1. O que é Identificação?
Não importa a função que você desempenhe, de forma mais ou menoscorriqueira, boa parte dos policiais terá que descrever alguma arma de fogo em
relatórios, ocorrências ou qualquer outra forma de registro, com o objetivo de
identificar, de forma inequívoca, esta arma. Nessa descrição deve contar as
suas características e detalhes particulares para evitar qualquer confusão com
outra semelhante.
Considerando que o objetivo da aula é identificar, é importante saber quesignifica identidade. Sendo assim, identidade é:
A qualidade de cada ser, ou coisa, de se manifestar como algo único e distinto,
por características que lhe são próprias e exclusivas, impedindo a sua
confusão com outros.
A identificação é o ato, ou o conjunto de atos praticados, com vista aestabelecer a identidade. Qualquer identificação pode se processar de forma
direta, ou seja, quando diante do próprio objeto, ser ou coisa em geral, através
do exame do conjunto dos elementos que lhe são próprios e exclusivos,
estabelece-se a sua identidade.
Você já estudou os principais aspectos relacionados às características de
classificação das armas de fogo. Essas informações são as que você utilizará
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II - nome ou sigla do País;
III - calibre;
IV - número de série impresso na armação, no cano e na culatra,quando móvel; e
V - o ano de fabricação quando não estiver incluído no sistema de
numeração serial.”
Os aspectos legais auxiliam a ordenar as informações e representam um
método a ser seguido. Você deve buscar, sempre que possível, ordenar as
informações partindo das características gerais para as características
específicas e por fim para as características individuais.
Outra possibilidade é adotar, quando possível, os dados e a ordem seguida nos
registros de arma de fogo, pois esses registros são para as armas o que a
identidade civil é para uma pessoa e, consequentemente, a maior fonte de
informações sobre elas.
Todas as informações sobre armas
de fogo devem estar contidas no
Sistema Nacional de Armas –
SINARM e desta forma o maior
banco de dados sobre este assunto.
1.2.1 Descrição com Base nos Elementos do Registro de Armas de Fogo
Espécie
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A primeira informação é a espécie. Revolver, pistola, espingarda, carabina são
espécies de armas de fogo. Nas aulas anteriores você estudou as informações
necessárias para proceder a classificação de espécie.
Marca
Outra informação fundamental refere-se a marca do fabricante. A grande
maioria das armas de fogo brasileiras são ou foram produzidas pelas Forjas
Taurus S.A., Amadeo Rossi S.A.,
IMBEL - Indústria de Material Bélico do
Brasil, CBC – Companhia Brasileira de
Cartuchos ou E.R. Amantino & Cia Ltda
produtora das espingardas Boito, Era
etc. Embora esses sejam os principais,
pode-se encontrar armas da Industria
Nacional de Armas (INA), Castelo,
Beretta, Chapina, Uru entre outras,
sem falar nas centenas de produtores
de armas de origem estrangeiras.
NOTA
A gravação de informações que permitem a identificação direta como: a marca
do fabricante, logomarca, número de série, calibre nominal, modelo e arsenais
de prova onde foram testadas, geralmente, podem ser encontradas na
armação, ferrolho, cano ou caixa de mecanismo.
Modelo, Calibre e Número de Série
Modelo, calibre e número de série
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As informações do modelo, calibre e
número de série, quando disponíveis, são
dados que permitem a individualizaçãodessa arma. O número de série nas armas
de fogo apresenta a sequência cronológica
da ordem de produção das armas de fogo,
e, também, pode demonstrar a data de produção (mês e ano), calibre, modelo
entre outras informações. Como exemplo veja a FIG. 65. Nela observa-se o
número de série de uma Pistola Taurus, modelo 101: a primeira letra identifica
o calibre .40 S&W representado pela letra S, a segunda letra T significa o anode produção (ano 2000) e a letra J significa que o mês de produção foi
outubro.
Capacidade de Tiros
A quantidade de munições que uma arma comporta e o seu sistema de
municiamento são informações essenciais que devem ser descritas. Isso
significa informar sobre:
a capacidade de tiros que
comporta os carregadores unifilar
ou bifilar das pistolas,
submetralhadoras ou fuzis;
a quantidade de câmaras do
tambor de um revólver;
a capacidade do tubo carregador
das carabinas e espingardas de
repetição, ou mesmo nos casos
das armas de tiro unitário;
Figura 65 – Número de série de umapistola TaurusFonte: arquivo pessoal do conteudista
Figura 66 – Capacidade de tiro de umcarregador de pistola marca Taurus.Fonte: arquivo pessoal do conteudista
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ou ainda, quando a arma apresentar um compartimento de munições
como parte integrante da arma.
A FIG. 66 mostra um carregador bifilar de uma pistola da marca Taurus. Neleobserva-se, sobre o último orifício, o número 11, representando a capacidade
original deste carregador.
Mas, não só a capacidade de munição que deve ser descrita. Deve-se
descrever todo o sistema de municiamento, como por exemplo, “municiamento
por tambor reversível com cinco câmaras de municiamento” ou “municiamento por carregador do tipo caixa, bifilar com capacidade de onze cartuchos.”
NOTA:
No caso do registro de arma apresentado anteriormente, o carregador também
é dotado de prolongador que permite a introdução de mais dois cartuchos no
carregador, além do limite do fabricante, passando a comportar não mais onze
cartuchos e sim treze cartuchos.
Sistema de Funcionamento
Deverá ser descrito o sistema de func ionamento 2da arma, ou seja, se a arma
é de tiro unitário, de repetição, semiautomática, automática e, ainda, como se
processa esse funcionamento3.
Acabamento
Outro subitem necessário na descrição de uma arma é o acabamento . O
acabamento é um tratamento superficial que é dado na estrutura de uma arma.
De forma simples, o acabamento consiste no processo de aplicação de
compostos químicos, geralmente por banhos, no intuito de proteger a arma de
2
Acessar o arquivo (Anexo) “Para Recordar 1” . 3 Acessar o arquivo (Anexo) “Para Recordar 2” .
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intempéries, ação abrasiva ou oxidação, além de proporcionar melhor
apresentação. Um dos principais acabamentos é o niquelado que é um
tratamento no qual se aplica uma fina camada de níquel, por meio de banhoeletrolítico. Processos semelhantes formam o acabamento oxidado, cromado,
fosfatizado ou entintado. Armas confeccionadas em aço inoxidável não
apresentam acabamento, todas as peças da arma são confeccionadas nessa
espécie de aço que apresenta boa resistência a corrosão e ferrugem.
A arma ao lado teve o acabamento
superficial suprimido.
Quantidade de Canos
A quant idade de cano s de uma arma,
principalmente, nas espingardas,
garruchas, é uma informação essencial,
e não só a quantidade de canos , mas a
disposição deles, ou seja, como os canos
se apresentam: paralelos ou sobrepostos.O importante lembrar que no caso de armas mistas, com um cano de alma lisa
e outro com cano de alma raiada, detalhar essas características é fundamental.
Comprimento do Cano
Os dados necessários sobre o cano vão além da quantidade, também são
essenciais o compr imento do cano , ele diferencia de carabina ou fuzil, pode
determinar se uma determinada espingarda é de uso restrito ou permitido, além
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de ser um fator que determina a velocidade máxima do projétil disparado por
aquela arma.
Tipo de Alma
O próximo passo é definir o t ipo de alma deste cano, se raiada ou alma lisa.
Quantidade de raias
No caso das almas raiadas é fundamental também relatar a quant idade deraias. Só para relembrar Raias, de acordo com o R105, são: “sulcos feitos na
parte interna (alma) dos canos ou tubos das armas de fogo, geralmente de
forma helicoidal, que tem a finalidade de propiciar o movimento de rotação dos
projéteis, ou granada, que lhes garante estabilidade na trajetória;” .
Não é uma tarefa muito fácil, para alguns, contar o número de raias de um
cano, no entanto, com um pouco de experiência, usando um sistema de
iluminação que pode ser uma lanterna, ou a luz solar, fica mais fácil definir os
ressaltos e as raias ou cavados, e uma vez definida as raias, contar.
Sentido das Raias
Mas não acaba por aí, é necessário definir o sent ido de g i ro dessas raias, ou
seja se giram para direita ou, dextrogira , ou seja, giram no sentido horário ou
se giram para esquerda ou, sinistrogira, o giro das raias acontece no sentido
anti-horário. A grande maioria das armas apresenta o sentido de giro para a
direita, caso das armas da Taurus, Smith & Wesson, Rossi, etc. O sentido de
giro à esquerda é usado pela Colt, entre outros fabricantes. Na prática, o giro
do projétil tem fator primordial no alcance máximo, no alcance com precisão, na
estabilidade do projétil e em outras características balísticas, mas o sentido de
giro não faz diferença alguma para os aspectos balísticos acima, sua
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importância se dá somente para a identificação direta e indireta das armas de
fogo.
Extensão da câmara
Nas armas de alma lisa é importante
definir a ex ten são da câmara
(compr imento) e Choque (choke) 4 que é um estreitamento da alma do cano,
junto de sua boca, com a finalidade de produzir melhor agrupamento dos
chumbos, visando a obtenção de maior alcance e precisão do tiro.
País de Produção
Outro subitem refere-se ao País de pro dução .
É importante lembrar que muitos produtores
possuem fábricas em diversos países e, quando
possível, definir o país onde foi produzida certa
arma ajuda a rastreá-la.
1.2.2 Outras Informações Importantes para a Descrição das Armas
Embora a descrição realizada a partir das informações contidas no registro de
armas auxilie a sistematização da descrição, outras informações devem ser
relatadas em casos específicos, como por exemplo, nos casos de armas de
alumínio, titânio, zamack ou outras ligas, onde essa informação passa a ser
essencial, pois a grande maioria das armas de fogo é constituída em aço (liga
de ferro e carbono), por isso, geralmente, não
são descritas.
4 Acessar o arquivo (Anexo) “Para Recordar 3” .
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O mesmo procedimento é adotado com as armas que apresentam, por
exemplo, ferrolho e cano em aço e, armação em polímeros ou alumínio, como
é o caso das pistolas Glock e Taurus. A grande maioria das armas é deretrocarga, então somente se a arma for de antecarga deve-se mencionar. O
mesmo acontece com dispositivos do sistema de inflamação, ainda sendo
muito comum o uso de espoletas extrínsecas.
Outra informação importante refere-se aos sistemas de segu rança , ou seja, se
a arma apresenta alguma tecla externa para acionar o sistema de segurança. A
maioria das pistolas possuem estas teclas. Travas de segurança automáticas,como as que estão presentes na tecla do gatilho das Pistolas Glock, na
empunhadura da submetralhadora MT12, na empunhadura das pistolas Colt,
modelo 1911 ou similares, também devem ser descritas.
Não é necessário desmontar uma arma para descrever o seu sistema de
segurança como, por exemplo, o caso dos revólveres, basta descrever o
externo. Da mesma forma é usual relatar sobre a percussão se direta ou
indireta; sobre as placas da coronha, se são confeccionadas de madeira ou
material sintético, lisas ou recartilhadas, chapa da soleira, coronha, telha, tudo
mais.
Outro fator fundamental, na identificação
direta das armas de fogo são os acessórios.
Nas armas modernas é muito comum
encontrar a utilização de quebra-chamas; lanternas, miras especiais, desde
miras óticas a miras a laser de diversos tipos; “funis”, gatilhos, supressores de
ruído e compensadores de recuo, quer por câmaras ou compensadores do tipo
mag-na-port, como o da fotografia acima, entre outros.
1.2.3. Exemplos de Descrição de Armas de Fogo
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Veja, a seguir, alguns exemplos de descrição de armas de fogo:
a)Pistola marca Taurus, modelo PT 24/7 PRO, calibre .40 S&W, númerode série Sxx xxxxx, semi-automática, com sistema de operação do
tipo blow back, de dupla ação, armação inteiriça em material
sintético de cor preta (da qual faz parte a empunhadura), ferrolho e
cano oxidados, percussão direita, municiamento realizado por meio
de carregador do tipo bifilar, cano e câmara medindo cento e oito
milímetros de comprimento, de alma raiada (6D), sistema de
segurança acionado por alavanca localizada na lateral esquerda posterior da armação. Apresenta o brasão das “Armas Nacionais”
gravado na lateral esquerda mediana do ferrolho.
b)Pistola marca Glock, modelo 23, calibre .40 S&W, número de série xxx
xxx, semi-automática, sistema de operação do tipo “blow back”, de
ação simples, armação em polímero, cano e ferrolho em aço com
acabamento oxidado, percussão direta, municiamento através de
carregador bifilar, com capacidade nominal para doze cartuchos,
dotada cano e câmara com cento e quinze milímetros (115 mm) de
comprimento, de alma raiada (6D), sistema de segurança acionado
por alavanca localizada no gatilho.
c) Revólver marca TAURUS, calibre .38 SPECIAL, modelo ULTRA-LITE,
número de série adulterado, lendo-se na lateral anterior direita da
armação os dígitos xxxxx, acabamento de tonalidade acinzentada
(fosco), armação em alumínio, tambor e alma do cano em aço,
percussão indireta, cabo revestido por capa de material sintético de
cor preta, tambor reversível dotado de sete câmaras de
municiamento, cano medindo cinquenta e dois milímetros de
comprimento, de alma raiada (5D).
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d)Submetralhadora identificada por suas características como sendo da
marca Beretta, modelo 972, calibre 9mm Luger (9 x19 mm), número
de série xxxxx, com acabamento na cor preta (com desgastes),semi-automática/automática através de seletor do tipo botão, situado
na parte superior (região à frente da empunhadura posterior),
funcionamento através do sistema de operação do tipo blow back e
ferrolho aberto, dotada de coronha metálica retrátil, municiamento
realizado por meio de carregador bifilar, do tipo caixa, cano e
câmara medindo duzentos milímetros de comprimento, de alma
raiada (6D), com duas travas de segurança, sendo uma localizadana parte frontal da empunhadura posterior, acionada através de tecla
(trava automática), e a outra através de botão (trava manual),
localizado na região acima da referida empunhadura. Apresenta
gravados em sua lateral esquerda a inscrição “EXÉRCITO
BRASILEIRO” e o brasão das Armas Nacionais.
e)Espingarda de fabricação artesanal, de antecarga e tiro unitário, coronha
e telha em madeira inteiriça, soleira em material sintético de cor
preta, percussão extrínseca desenvolvida através de cão de puxar e
travar à retaguarda no prolongamento do gatilho, o qual incide sobre
o ouvido, cano e câmara medindo setecentos e oitenta milímetros de
comprimento, doze milímetros de diâmetro interno (medido na boca
do cano), de alma lisa, com um compartimento na parte inferior da
coronha dotado de tampa metálica basculante (contendo oito
espoletas metálicas, do tipo extrínseca), portando vareta de recarga
alojada na região inferior do cano e parte interna da telha, com um
segmento de cordão de tonalidade esverdeada amarrado a guisa de
bandoleira. Apresenta fixado na região inferior do cano um
dispositivo de mira a laser.
f) Espingarda marca BOITO, modelo PUMP, calibre 12, número de série
xxxxx, de repetição, acabamento misto (caixa do mecanismo
niquelada, cano e tubo carregador oxidados, com desgastes),
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percussão indireta, empunhadura do tipo pistol grip em material
sintético de cor preta, telha em madeira, alimentação por meio do
sistema pump action (bomba), municiamento através de tubocarregador, cano de alma lisa medindo juntamente com a câmara
quinhentos e trinta milímetros de comprimento, com dezoito
milímetros e quatro décimos de milímetro de diâmetro interno
(medido na boca do cano), sistema de segurança acionado por tecla
deslizante localizada na parte súpero-posterior da caixa do
mecanismo. Repare que o Perito que promoveu a descrição por não
encontrar a gravação do choque, utilizou-se da medida da boca docano, com a qual pode-se caso seja necessário, inferir sobre o
choque
g) Fuzil marca HK, modelo 33, apresentando os caracteres xxxxxx
gravados na lateral esquerda do alojamento do carregador, calibre
5,56 x 45mm (.223 Remington), acabamento entintado de preto,
semi-automático/automático através de seletor do tipo alavanca
(trava de segurança com acionamento através da alavanca de
posição de tiro), percussão indireta, sistema de operação a gás, alça
de mira regulável, massa de mira fixa do tipo aparelho fechado,
coronha retrátil, empunhadura em material sintético rígido de cor
preta, chapa de soleira em material emborrachado de cor preta,
dotado de bandoleira, municiamento por carregador tipo bifilar, cano
dotado de quebra-chama medindo, juntamente com a câmara,
quatrocentos e oitenta milímetros de comprimento (420mm) de
comprimento, de alma raiada (6D).
Aula 2 - Número de Série das Armas de Fogo
Nessa aula você terá acesso a mais informações sobre o número de série das
armas de fogo, no entanto, o enfoque não será sobre a posição e a
profundidade em que estão gravados, nem o método de gravação e
conformação dos dígitos, muito menos quais são os reagentes adequados para
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regenerar uma numeração suprimida. As informações a seguir o auxiliarão a
entender as codificações nele contidas e saber interpretá-las.
2.1 Número de Série
O número de série é o principal elemento, é a chave para identificar o
comprador e o movimento da arma em termos de rastreamento.
O número de série nas armas de fogo pode não traduzir apenas a seq uência
cronológica da ordem de produção daquele modelo de arma de fogo. Emmuitos tipos pode demonstrar também a data de produção (mês e ano), calibre,
modelo entre outras informações. O número de série pode ser constituído por
dígitos formados apenas por algarismos, ou por dígitos compostos de
algarismos e letras.
NOTA
Cada indústria adota o seu critério de composição do número de série. A
forma, o processo de gravação e o tamanho dos dígitos que formam os
números de série podem mudar com o passar dos anos dentro de uma mesma
fábrica e de uma fábrica para outra.
Atenção especial deve se ter com o país de produção, pois podem existir
armas com o mesmo número de série. Veja um exemplo:
Exemplo: Os fuzis do modelo “ AK 47” são produzidos em dezenas de países
como Afeganistão, China, Rússia, Egito, Líbano, Marrocos, Síria, Hungria,
Congo etc. Tendo sido produzido mais de 50 milhões de exemplares desta
arma, então é de se esperar que possam existir fuzis modelo “ AK 47”, calibre
7,62 x 39, com o mesmo número de série.
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2.2. Gravação do Número de Série
Como você estudou anteriormente, devido a importância do rastreamento dasarmas de fogo, a legislação brasileira instituiu por meio da Portaria no 07, de 28
de abril de 2006, do Departamento Logístico do Exército Brasileiro/Ministério da
Defesa, gerando a obrigatoriedade de inscrições, conforme descrito a seguir:
“Art. 5 ° As armas fabricadas no país deverão apresentar as
seguintes marcações:
IV - número de série impresso na armação, no cano e naculatra, quando
móvel; e
V - o ano de
fabricação quando
não estiver incluído
no sistema de
numeração serial.”
Algumas indústrias, antes dessa determinação, já apresentavam esses dados
gravados em suas armas. Veja algumas a seguir:
2.2.1 Taurus
Nos revólveres Taurus, o número de série inicialmente era composto apenas
por algarismos, indicando apenas a ordem cronológica de produção. A partir do
mês de maio de 1981, foi introduzido o número de série alfanumérico,
incorporando na numeração de série, de forma codificada, a data de produção
da arma através de duas letras gravadas no início da numeração de série. O
critério de correspondência das letras com o ano (1.ª letra e 1.º dígito da
numeração) e mês (2.ª letra e 2.º dígito da numeração) de fabricação é o
apresentado na tabela a seguir:
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A 1981 M 1993 Janeiro A
B 1982 N 1994 Fevereiro B
C 1983 O 1995 Março C
D 1984 P 1996 Abril DE 1985 Q 1997 Maio E
F 1986 R 1998 Junho F
G 1987 S 1999 Julho G
H 1988 T 2000 Agosto H
I 1989 U 2001 Setembro I
J 1990 V 2002 Outubro J
K 1991 W 2003 Novembro K
L 1992 X 2004 Dezembro L
A sequência acima, representativa do ano, termina no ano de 2006 com a letra
“Z”. Iniciando novamente com a gravação da letra A para as armas produzidas
no ano de 2007 e continuando de forma sequencial, até o ano de 2032 quando
será gravada a letra Z.
A mudança significativa ocorre na codificação representativa do mês de
produção. No período compreendido entre os anos de 2007 a 2009, a letra
representativa do mês de janeiro foi a letra M e assim de forma sequencial atéa letra Y para o mês de dezembro, como apresentado na tabela a seguir:
M Janeiro N Fevereiro O Março
P Abril R Maio S Junho
T Julho U Agosto V Setembro
W Outubro X Novembro Y Dezembro
Nas gravações das letras representativas do mês para o período de 2010 à
2032, nova mudança foi adotada. Da mesma forma que a letra Q não tinha sido
utilizada pra não gerar enganos de interpretação com a letra O, deixou de ser
utilizada a letra V pela possibilidade de erros de interpretação com a letra U,
como mostrado na tabela abaixo:
M Janeiro N Fevereiro O Março
P Abril R Maio S Junho
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T Julho U Agosto W Setembro
X Outubro Y Novembro Z Dezembro
Outra observação importante é que esta indústria adotou o sistema
alfanumérico, composto de duas letras e cinco números para os revólveres
com armação pequena, a exemplo dos revólveres Taurus, calibre .38”Special,
com tambores de cinco câmaras (modelo 85) e seis algarismos para os de
armação média e grande (revolveres Taurus com tambores de seis, sete ou
mais câmaras).
A Forjas Taurus S.A, após ter adquirido a patente dos revólveres Rossi, em
junho de 1998, passou a fabricar revólveres marca Rossi, tendo adotado
nestes revólveres toda a codificação do número de série igual aos dos
revólveres com a marca Taurus, isto é, As mesmas letras de prefixo e duas
letras e cinco algarismos para os revólveres de 5 tiros (tambor com cinco
câmaras) e duas letras e seis algarismos para os revólveres de 6 tiros (tambor
com seis câmaras).
Nas Carabinas e também nas submetralhadoras Taurus/Famae, calibre “.40
S.&W”, produzidas a partir de 2001, a codificação do número de série é a
mesma utilizada nos revólveres, no tocante as letras que são utilizadas como
prefixo sendo utilizados também cinco dígitos numéricos para ordem
cronológica de produção. O mesmo
critério de prefixo é o utilizado para as
carabinas de calibre .22 LR ou .22
Magnum da Taurus, sendo utilizado
apenas quatro algarismo para a ordem
cronológica de produção.
Nas pistolas Taurus foi introduzido o número de série alfanumérico, a partir do
mês de outubro de 1987, composto por três letras e cinco algarismos. Para as
pistolas a primeira letra indica o calibre da pistola, e as outras duas indicam o
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ano e mês de fabricação seguindo a mesma correspondência das letras
usadas nos revólveres. As letras que indicam calibre são as apresentadas a
seguir:A Calibre nominal .22 L.R. B Calibre nomianl .400
Corbon
C Calibre nominal .41 AE D Calibre nominal
6,35mm Browning
F Calibre nominal 7,65mm
Browning
J Calibre nominal .357
SIG
K Calibre nominal.380 ACP L Calibre nominal.38Super Auto
N Calibre nominal .45 ACP S Calibre nominal .40
S&W
T Calibre nominal 9mm Luger
2.2.2. Beretta
Codificação extremamente semelhante é utilizada pela Indústria Beretta. Nessa
Indústria as letras que compõem o prefixo indicam o país de produção,
geralmente, são utilizadas duas letras para compor o prefixo, seguidos de
números que fornecem a ordem cronológica de produção para aquele modelo e
calibre e por fim uma letra como sufixo que indica o calibre da arma, como
segue na tabela abaixo:
T Calibre nominal .22 Short. U Calibre nominal .22
L.R.
V Calibre nominal 6,35mm
Browning
Y Calibre nomianl.380
ACP
W Calibre nominal 7,65mm
Browning
Z Calibre nominal 9mm
Luger
2.2.3 Rossi
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A indústria Rossi foi a primeira das fábricas de armas nacionais a introduzir as
numerações de série alfanumérica, todavia com significado diferente do
utilizado pela indústria Taurus. Nas gravações da Rossi as letras basicamente
referem-se ao modelo. Nas armas mais antigas o número de série era apenas
numérico, mas a partir de junho de 1974, foi introduzido o número de série
alfanumérico, composto por uma ou duas letras e cinco ou seis algarismos.
Cada letra que antecede os algarismos corresponde a um modelo de arma. Em
janeiro de 1990 iniciou, de forma progressiva, o uso de duas letras no início do
número de série. Recebem a(s) mesma(s) letra(s) os revólveres que têm omesmo acabamento, calibre e tamanho de armação. Por exemplo, todo
revólver em aço inoxidável, calibre “.38 Special”, e com armação pequena, tem
gravada a letra W como primeiro dígito de seu número de série antecedendo os
seis algarismos que compõem o resto da numeração. No caso de revólveres de
em aço inoxidável, calibre “.38 Special” e com armação grande, a letra gravada
é J como seu primeiro dígito.
Para determinar a data de produçãonos revólveres Rossi pode-se
verificar no lado esquerdo da região
inferior da empunhadura, sob a placa
de revestimento, uma gravação,
através da qual é possível identificar
o mês e ano de fabricação. A
gravação relativa ao mês defabricação é em algarismos romanos e a relativa ao ano de fabricação é
representada por dois algarismos arábicos que correspondem aos dois dígitos
finais do ano. Por exemplo, o revólver, da fotografia acima, que apresenta a
gravação V.85, foi fabricado no mês de maio do ano de 1985. Em dezembro de
1995, o mês de fabricação passou a ser marcado com algarismos arábicos.
As letras que antecedem os algarismos, no número de série dos revólveres damarca Rossi, indicativas do calibre, acabamento e modelo, bem como das
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espingardas Rossi indicativas do modelo, bem como dos rifles e carabinas
podem ser encontrados em literatura própria ou junto com a Industria. A data
de produção das espingardas está gravada de forma codificada em seu cano.
2.2.4 CBC
As armas da CBC, a partir do ano de 2001, apresentaram o seu número de
série composto de três letras como prefixo, sendo que a primeira delas é
representativa do modelo, como a letra A para espingarda “Pump action calibre
12”, a letra E para os rifles de repetição “calibre.22 modelos 7022! e a letra Fpara as espingardas “modelo 199”. Importante observar que como a utilização
da letra representando o modelo é anterior a 2001, mesmo armas que não são
mais produzidas irão apresentar gravações de letras codificando o modelo. A
segunda letra e segundo dígito na numeração de série é sinal representativo do
ano, sendo utilizada a letra A para o ano de 2001, B para 2002, C para 2003 e
assim por diante, não sendo utilizado a letra K. Da mesma forma que outros
fabricantes, a terceira letra e terceiro dígito codifica o mês de produção,
começando com a letra A para o mês de janeiro, B para fevereiro e assim por
diante até a letra L para o mês de dezembro. Os demais dígitos eram seis
dígitos numéricos e a partir de 2009 sete algarismos.
2.2.5 Boito, Era, Gaucha da industria E. R. Amantino & Cia Ltda
As armas da marca Boito, Era, Gaucha da industria E. R. Amantino & Cia Ltda,
utiliza depois da gravação dos algarismos representativos da produção
sequencial dois algarismos, separado por traço de ligação que significam os
dois últimos algarismos do ano de produção, a exemplo de 02 para 2002, 03
para 2003 e assim por diante. Este processo teve início no ano de 2000 e, pelo
menos no número de série, a princípio, não existe nenhum dígito
correspondente ao mês de produção.
2.2.6 IMBEL
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No caso da IMBEL (Indústria de Material Bélico do Brasil) o número de série é
composto por uma série de letras como prefixos que identificam o calibre, tipo,data de produção cujas letras indicam o ano e mês de fabricação. Neste
número de série a primeira letra indica o tipo de arma e calibre conforme
codificação do produtor, a segunda letra o modelo e tipo de aço, enquanto a
terceira e quarta letra indicam a data de produção Para a terceira letra a
gravação A corresponde ao ano de 1986 e assim sucessivamente (embora,
com exceção da “carabina .22 L.R.”, modelo MD1, a gravação teve seu início
em 1992 e começou com a letra G), e a quarto dígito é usado para codificar omês. Para decodificar o mês, a letra A corresponde ao mês de janeiro, B ao
mês de fevereiro e em sequência até a letra M para o mês de dezembro, não
sendo utilizado a letra K.
Esta indústria a partir do ano de 2010 iniciou um processo de gravação para o
ano por dezenas a exemplo de 1P = 2010, 1Q = 2011, 1R = 2012 até 1Y para
2019 e 2P para 2020, quando começa uma nova dezena, e assim por diante.
Importante salientar que existe um grande número de exceções, de letras que
são usadas como sufíxos e prefixos de datas comemorativas e outras séries
especiais que não estão aqui contempladas.
NOTA
Os dados das indústrias são importantes na identifiação e podem ser obtidos
junto ao fabricante de forma rápida.
Aula 3 – Outros Sinais Identificadores
Na identificação direta de armas de fogo muitas vezes você se deparará com
marcas e inscrições, principalmente, em armas mais antigas. Normalmente
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essas marcas são apostas por arsenais que adotaram esses modelos após
uma série de ensaios que garantiam a sua funcionalidade e segurança. A
importância dessas marcas nos dias de hoje é que elas permitem rastrear opaís de origem e muitas vezes a data de produção, além de permitir contar a
história daquele modelo. Tais marcas, quando presentes, são de fundamental
importância para a análise e para definir se uma arma é ou não obsoleta.
Os sinais identificadores referem-se as variações no decorrer dos anos das
logomarcas de um fabricante. Essas variações podem determinar um período
em que a arma foi produzida e, muitas vezes, asseverar sobre a originalidadeou não de uma arma de fogo.
3.1. Marcas de Prova
As marcas de prova, quando presentes servem para indicar o país de origem
da arma e foram gravações comumentes encontradas em armas provenientes
de países europeus como a França, Alemanha, Espanha, Inglaterra,
Checoslováquia, etc. No entanto, em alguns modelos de armas, encontram-se
gravações de marcas de prova de duas ou mais nações diferentes. Isto
acontecia quando uma arma era produzida num país, logo portava as marcas
de prova do seu país, mas ao mesmo tempo, também era adotada como arma
de uso militar de outro país, o qual imprimia sua marca de teste. Nestes casos
a arma acabava por ostentar duas ou mais marcas de prova.
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Na fotografia ao lado este
revóver Colt, de ação simples,
modelo 1850/1 ostenta amarca de prova da Definitive
Black Power Prof da Hungria,
representada pelo símbolo
com as letras PN.
As marcas de prova eram estampadas em varias partes de sua estrutura, quer
durante a sua produção ou após a ela. Com tais marcas pretendia-se
demonstrar aos usuários que a arma era segura, desde que se empregasse as
munições que lhe eram indicadas. A ideia era atestar que aquele modelo de
arma havia passado por rigorosos testes e se tratava de uma arma segura para
uso. Nos tempos atuais, essa ideia pode parecer desnecessária, mas os
arsenais começaram a imprimir suas marcas de testes antes do século XV,quando as armas apresentavam sérios problemas em termos de projetos,
dimensionamento e segurança, em face da pressão gerada quando do disparo.
Basicamente, havia três tipos de prova, sendo que, na mais importante delas,
se realizava uma série de disparos, com cartuchos que geravam pressões de
30 a 50 % superiores que a pressão prevista para disparos com aquele calibre.
Literatura especializada e sites apresentam as logomarcas e símbolos destas
marcas de prova, por arsenais ou cidades como pode ser visto na figura a
seguir que apresenta as marcas de prova de origem espanhola.
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Fonte: Handbook of Firearms and Ballistics; de Brian J. Heard, 2ª ed, Wiley BlackOxford; U. K. 2008.
Para o policial e mais especificamente para o perito criminal, as marcas de
prova fornecem informações sobre a idade da arma, sobre a sua história e
principalmente sobre o país de origem. Estes aspectos são importantes quandose pretende caracterizar uma arma como obsoleta, ou seja, entre outros
fatores, com mais de cem anos. Importante observar, que muitas réplicas
reproduzem, ainda hoje, exemplares de armas antigas e obsoletas (cópias) só
que dimensionadas e adaptadas as pressões das munições atuais e aptas para
efetuarem disparos, como algumas réplicas do revólver Colt, de ação simples,
modelo 1873.
3.2. Logomarcas
Os logotipos ou logomarcas impressos na estrutura da arma podem constituir-
se na única forma de identificação do fabricante, principalmente no caso de
armas mais antigas e, como já comentado é um dos elementos essenciais
para o rastreamento de uma arma de fogo. Um mesmo fabricante pode
apresentar diferentes logomarcas no decorrer do tempo. Este fato constitui-se
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logomarcas constituídas a partir das letras iniciais do nome da empresa, as
quais se apresentavam sobrepostas como a logomarca da indústria Orbea
Hermanos de origem espanhola, onde a letra H e a letra O estilizadasapresentavam-se como que entrelaçadas. Caso semelhante é o da famosa
indústria Smith & Wesson onde as letras apresentam-se sobrepostas e
entrelaçadas e na foto abaixo gravada na caixa de mecanismo, do lado
esquerdo. Outras indústrias apresentavam suas letras separadas, como no
caso da INA, cuja letras constituíam-se na abreviação de Industria Nacional
de Armas, como demonstra as fotos a seguir:
Diversos livros e sites tratam do assunto das logomarcas de armas de fogo,
suas variações com o tempo, a sua localização nos diversos modelos e
período de produção, de forma
que a análise dessas gravaçõespode esclarecer duvidas sobre a
originalidade de uma arma, sobre
a idade dessa arma, se ela pode
ser considerada obsoleta ou não, entre outras informações. Muitas industrias
usam nomes ou pelo menos parte dele na sua identificação e logomarca caso
da Beretta, Rossi, etc. Um cuidado a ser tomado são as datas de registros que
não significam a idade da arma, que podem estar gravados en logotipos comoa logomarca da pistola de bolso (“derringer”) empresa Sharps, cuja a data de
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25 de janeiro de 1859, refere-se a data de registro desse modelo. Fato
semelhante são as armas registradas com a marca do fabricante “Trade
Mark” sendo que da tradução do Inglês obtemos justamente a frase marcaregistrada.
Aula 4 - Rastreamento de munição
A presença de estojos de cartuchos em locais de crime é fato comum e, muitas
vezes, esses estojos de cartuchos deflagrados podem determinar a data de
sua produção e sua origem, dessa forma, passam a ser indícios fundamentais
que apontam para uma linha de investigação. Normalmente, são vestígios
desprezados, pois poucos são aqueles que buscam interpretar as inscrições de
base, na maioria das vezes por desconhecimento. Nessa aula você estudará
algumas dessas gravações, o seu significado e o grande potencial de
informações que representam.
4.1.Inscrições Base
Na identificação de estojos de cartuchos ou de cartuchos intactos pode-se
determinar o fabricante, o calibre, ano de produção por meio das inscrições
gravadas pelos fabricantes nas bases dos estojos.
Existem no mercado registro de mais de 800 tipos de cartuchos militares e ao
redor de 400 tipos de cartuchos comerciais de praticamente todos os paísesdo mundo, o que faz com que as inscrições de base sejam gravadas em
diversas línguas. As inscrições de base são compostas por nomes, letras,
números, calibres, logotipos, emblemas, símbolos e suas combinações, que
geralmente estão cunhadas ao redor da base do cartucho no caso de
cartuchos de fogo central ou em seu centro, quando este for de percussão
lateral.
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Conforme o fabricante e da utilização da munição, costuma-se gravar de um a
cinco elementos de informações distintas. No entanto, poucos são os
fabricantes que costumam gravar os lotes de produção que é uma dasinformações mais importantes para rastreá-la, como é o caso da INDUMIL
colombiana. Esses itens de informação, apresentam-se dispostos na base dos
cartuchos, como no mostrador de um relógio analógico, dessa forma, ao s
descrever que a identificação do fabricante está disposta as seis horas e o
calibre as 12 horas está se informando que a sigla ou logomarca do fabricante
está localizada na parte inferior da base do estojo de cartucho, enquanto o
calibre na parte superior .
O cartucho, ao lado, é de “calibre .44
– 40”, também conhecido como “ .44
Winchester”, produzido pela
Companhia Brasileira de Cartuchos
(CBC) e a letra "V" gravada na
espoleta tem por função diferenciar
esta munição de munições de
recarga, garantindo ser uma munição
original de fábrica. No caso dos
cartuchos de calibres “.357 Magnum”,
“.454 Casul” e “.500 S&W” a letra
gravada em sua espoleta é a letra
“C”, conforme informativo Número 43
da CBC.
Geralmente as munições comerciais comumente encontradas apresentam
apenas a identificação do fabricante, geralmente por meio de sigla ou o
emblema e raramente através do seu nome, e a identificação do calibre do
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cartucho. A identificação do calibre do cartucho permite o emprego correto do
cartucho na arma que lhe é própria, uma vez que cartuchos que podem ser
intercambiados ou de cartuchos de maior potência, como os cartuchos decalibre .38 SPL+P+, quando empregados em armas para as quais este
cartucho não é próprio, pode acarretar incidentes ou mesmo acidentes de tiro
pela explosão da arma, ou parte dela e
ainda, facilita sua comercialização.
Na fotografia ao lado, o cartucho
comercial foi produzido pela CCI ou sejaCascade Cartridge CO. cuja a origem é
dos EUA. As letras N e R significam “No
Reloadable” que pode ser traduzido
como Não Recarregável do calibre .38
SPL com maior pressão por isso a sigla
+ P. Esse cartucho utilizava espoletas
do tipo Berdan em estojos de alumínio, por isso a sua recarga pode ser
extremamente danosa. É importante observar que embora as letras N e R
apareçam uma em cada metade da base referem-se a uma única informação.
Apenas como curiosidade a fotografia acima é de um cartucho original da CCI
e foi usada para comparar com outro explodido, fruto de recarga de munição,
que acarretou um acidente de tiro e terminou por lesionar outros policiais na
linha de tiro, pelo desconhecimento do significado das letras NR.
Alguns fabricantes de munições comerciais
além da identificação do fabricante e do
calibre da munição, gravavam ainda o ano
de fabricação e em alguns casos mês e
ano de fabricação, como pode ser
observado na fotografia abaixo. O cartucho
da Arms Corporation of the Philippines,
Manila, de calibre .38 SPL apresenta a
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inscrição 97 referente ao ano de produção deste cartucho, ou seja, 1997. É
possível encontrar ainda, cartuchos que apresentem gravado o mês de
produção seguido do ano, a exemplo de 912 referindo-se ao mês de setembrode 1912 ou em uma posição o número 3 referindo-se ao mês de março e em
outra posição o ano a exemplo de 47.
Na munição destinada ao uso militar, por questão de segurança, aidentificação do fabricante, pode estar totalmente oculta; pode se apresentar
codificada ou estar estampada de forma clara. Informação comum neste tipo
de cartucho são as inscrições de base mostrando o ano de fabricação (ou o
mês e o ano), de forma que que possa existir um controle que evite o uso de
munições vencidas, podendo ou não apresentar gravações referentes a
identificação do calibre do cartucho.
Na fotografia ao lado o cartucho é de
calibre 9 x 19 mm ou o 9 mm luger,
produzido pela Companhia Brasileira de
Cartuchos, no ano de 2002. Note que a
seta aponta para uma das três
deformações existentes na base do
estojo, que tem por função manter a
espoleta fixa no bolão que lhe é próprio (espoleta crimpada). Este
procedimento evita que em disparos realizados em sistema automático
(rajada), a espoleta se prenda ao percutor e trave a arma. No caso específico
de não portar identificação do calibre, e o estojo for encontrado na cena de um
crime, o calibre pode ser determinado pelas características da forma do estojo,
do seu comprimento e da medida interna da boca do estojo, tomadas com
paquímetro ou micrometros.
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Porém, em se tratando de rastreabilidade de munições um dos maiores
avanços em nosso país, foram recepcionados pela Lei No 10.286 de 22 de
Dezembro de 2003 que estabelece nos parágrafos 1 e 2 do seu artigo 23 o
que está abaixo transcrito§ 1o Todas as munições comercializadas no País deverão estar
acondicionadas em embalagens com sistema de código de barras, gravado na
caixa, visando possibilitar a identificação do fabricante e do adquirente, entre
outras informações definidas pelo regulamento desta Lei.
§ 2 o Para os órgãos referidos no art. 6 o, somente serão expedidas
autorizações de compra de munição com identificação do lote e do adquirente
no culote dos projéteis, na forma do regulamento desta Lei .Os órgãos tratados no artigo
são todas as policias, forças armadas,
guarda municipal, ABIN, enfim todos os
agentes e agências de segurança.
Dessa forma, é de se esperar que a
maioria dos cartuchos de maior
potencial energético, quer para armas
de porte ou de armas portáteis, estejam
NOTA
Diversos manuais e sites
apresentam a disposição e o
significado dos elementos deidentificação dos cartuchos do
mundo inteiro e, essas informações
podem ser muito úteis na solução
de crimes, permitindo restringir
hipóteses, como pode ser visto na
figura ao lado.
Fonte: Handbook of Firearms and Ballistics; deBrian J. Heard, 2ª ed, Wiley Black Oxford; U. K.2008.
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sobre controle e seja restrita a possibilidade destes cartuchos serem utilizados
pelo crime organizado. No entanto, quando utilizados, que seja rastreada a
sua origem e procedida de forma rápida a investigação desse crime. Essesdados ajudam a elucidar os crimes contra a vida. Nas fotografias acima e ao
lado, as informações sobre o lote e sobre o comprador estão codificadas pelos
sinais gráficos AAB42 ou SZZ 85, e podem ser obtidas junto ao fabricante.
Finalizando...
A identificação é o ato, ou o conjunto de atos praticados, com vista a
estabelecer a identidade.
A legislação brasileira estabelece, de acordo com seu Artº 5º. por meio
da Portaria no 07, de 28 de abril de 2006, do Departamento Logístico do
Exército Brasileiro do Ministério da Defesa, determina a obrigatoriedade
de inscrições dos elementos de identificação.
Todas as informações sobre armas de fogo devem estar contidas no
Sistema Nacional de Armas – SINARM e desta forma o maior banco de
dados sobre este assunto.
O número de série é o principal elemento, é a chave para identificar o
comprador e o movimento da arma em termos de rastreamento.
Cada indústria adota o seu critério de composição do número de série. A
forma, o processo de gravação e o tamanho dos dígitos que formam os
números de série podem mudar com o passar dos anos dentro de uma
mesma fábrica e de uma fábrica para outra.
As marcas de prova, quando presentes servem para indicar o país de
origem da arma e foram gravações comumentes encontradas em armas
provenientes de países europeus como a França, Alemanha, Espanha,
Inglaterra, Checoslováquia, etc.
Os logotipos ou logomarcas impressos na estrutura da arma podem
constituir-se na única forma de identificação do fabricante.
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Na identificação de estojos de cartuchos ou de cartuchos intactos pode-
se determinar o fabricante, o calibre, ano de produção por meio das
inscrições gravadas pelos fabricantes nas bases dos estojos.
Exercícios
1) São mais eficientes para a função do raiamento
a) ( ) Os sulcos helicoidais com sentido de giro a esquerda
b) ( ) Os sulcos helicoidais com sentido de giro a dire ita
c) ( ) Os sulcos não helicoidais
d) ( ) nenhuma das anteriores
2) Considerando o número de série original de arma da Taurus TUK23759, podemos
afirmar que:
a) ( ) Trata-se de arma de uso restrito
b) ( ) Trata-se de pistola de calibre .40 S&W
c) ( ) Consiste em arma de dotação única e exclusiva das forças Armadas, pois
trata-se de calibre restrito da OTAN.
d) ( )Trata-se de arma de uso permitido
3) Assinale falso ou verdadeiro para as afirmativas abaixo
a) ( ) Nos dias atuais poucas são as industrias que informam o ano de fabricação
de suas armas
b) ( ) A industria Taurus adota o número de série composto de duas letras e cinco
números para os revólveres com armação pequena
c) ( ) Nas submetralhadoras Taurus/Famae, calibre .40 S.&W, a codificação do
número de série é a mesma utilizada nos revólveres.
d) ( ) Para as pistolas da Taurus a primeira letra do número de série indica o
calibre da pistola
4) Assinale a única afirmativa falsa dentre as afirmativas abaixo:
a) ( ) Na identificação de estojos de cartuchos ou de cartuchos intactos pode-se
chegar a determinar o fabricante, o calibre, ano de produção por meio das
inscrições gravadas pelos fabricantes nas bases dos estojos.
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b) ( ) A letra "V" gravada nas espo letas dos cartuchos Companhia Brasileira de
Cartuchos (CBC) tem por função garantir que este cartucho é uma munição
original de fábrica.c) ( ) A letra “C” gravada nas espoletas da CBC significa tratar -se de espoletas
destinadas a recarga de munições.
d) ( ) Todas as munições comercializadas no País deverão estar acondicionadas
em embalagens com sistema de código de barras, gravado na caixa, visando
possibilitar a identificação do fabricante e do adquirente
5) Assinale a única afirmativa falsa dentre as afirmativas abaixo:
a) ( ) Os logotipos ou logomarcas impressos na estruturas da armas podem
constituir-se na única forma de identificação do fabricante, principalmente no
caso de armas mais antigas
b) ( ) Os logotipos ou logomarcas impressos na estruturas da armas podem
constituir-se na única forma de identificação do fabricante, principalmente no
caso de armas mais antigas
c) ( ) Um fabricante apresenta a mesma logomarca no decorrer do tempo.
d) ( ) Localizações diferentes da gravação da logomarca na estrutura da arma
serve de referência sobre a idade dessa arma.
6) A utilização de seis algarismos como sufixo dos revólveres Taurus, precedida de
duas letras como sufixo permite afirmar que:
a) ( ) Que trata-se de um revólver produzido depois de 1980 e que o tambor é
dotado de seis ou mais câmaras
b) ( ) Foi produzida depois de 2007. Pois é fruto da mudança que ocorreu no
ano de 2007, quando o número de algarismos representativos da sequência
númerica passou de cinco para seis dígitos.
c) ( ) Que trata-se de um revólver produzido em aço carbono e não em aço
inoxidável, cuja produção é menor.
d) ( ) A adição de um algarismo a mais no número de série foi implementada para
indicar o calibre da arma
7) Para rastrearmos uma arma de fogo, qual do conjunto de informações básicas, não
consiste em informação importante.
a) ( ) A presença de compensador de recuo
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b) ( ) A capacidade de cartuchos que a arma comporta
c) ( ) A identificação do importador.
d) ( ) O tamanho do cano
8) A gravação relativa ao mês de fabricação em algarismos romanos e a relativa ao
ano de fabricação representada por dois algarismos arábicos que correspondem aos
dois dígitos finais do ano, que era adotada pela indústria Rossi
a) ( ) Estaria em desacordo com a legislação brasileira por não estar contida no
número de série
b) ( ) É a mesma adotada pela Industria E. R. Amantino & Cia Ltda, produtores
das espingardas Boito, Era entre outras.
c) ( ) Eram gravadas no lado esquerdo da região inferior da empunhadura, sob a
placa de revestimento.
d) ( ) Eram gravadas na região inferior do cano da arma
9) Assinale a afirmativa falsa
a) ( ) Por convenção costumamos descrever e são gravados os itens de
informação na base dos cartuchos, como se estivessem dispostos no mostrador
de um relógio analógico.
b) ( ) Muitas das industrias de armas adotaram logomarcas constituidas a partir
das letras iniciais do nome da empresa dispostas de forma entrelaçadas.
c) ( ) A obrigação de gravação da identificação do lote e do adquirente no culote
dos cartuchos destina-se a todos os cartuchos produzidos no território nacional.
d) ( ) Nos disparos em ação simples é necessário engatilhar o cão, puxando-o
para trás, antes do acionamento da tecla do gatilho
10) Considerando o número de série FKJA 332476 aposto na armação de uma pistola
Taurus Calibre .380 ACP, podemos afirmar que:
a) ( ) A númeração de série apresenta indícios de não ser original de fábrica pois
apresenta seis números como sufixo.
b) ( ) A númeração de série apresenta indícios de não ser original de fábrica pois
apresenta quatro letras como prefixo
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c) ( ) A númeração de série apresenta indícios de não ser original de fábrica pois
inicia pela letra F que não corresponde ao calibre .380 ACP.
d) ( ) Todas as anteriores
Gabarito : 1-D ; 2-A ; 3-F/V/V/V ; 4-C ; 5-C ; 6-A ; 7-A ; 8-C ; 9-C ; 10-D