Identificação de larvas de três espécies de Siluriformes...

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XVI Jornada de Iníctacão Cientil'ica PIBIC CNPq/FAPEAM/INPA Identificação de larvas de três espécies de Siluriformes no rio Amazonas no trecho Coari-Manaus Ingrid Karoline Albuquerque FERREIRA1;Rosseval Galdino LEITe; José Vagner Valente da SILVA 3 'Bolsísta PIBIC/FAPEAM; 2 Orientador INPA/CPBA; 3 Colaborador INPA/CPBA. o conhecimento da fase inicial do ciclo de vida dos Siluriformes é de grande interesse para as pescarias na Amazônia (Leite et aI., 2007). Somente identificando as larvas destes peixes é possível montar a história de vida de cada espécie, uma ferramenta muito importante em todos os aspectos da biologia pesqueira, principalmente quando esta informação auxilia na identificação de áreas de desova, áreas de alimentação inicial e na previsão de recrutamentos. Desde o final da década de 80 do século passado, a partir do trabalho de Araújo-Lima e Donald (1988) os estudos com larvas de peixes regionais têm avançado e, progressivamente, estes estudos poderão auxiliar nas políticas públicas de conservação tanto do ambiente quanto dos peixes. As técnicas mais utilizadas para a identificação das larvas de peixes são aquelas propostas em Ahlstrom e Moser (1976) que levam em consideração as características dos adultos já presentes nas larvas, como é o caso do número de vértebras identificado através da contagem de miômeros. No entanto, existe muita sobreposição neste item, e por isso costuma-se utilizar outras técnicas assessórias como as medidas morfométricas. Este trabalho teve como objetivo, comparar morfologicamente três espécies da família Pimelodidae: Pimelodus blochii, Pseudoplatystoma fasciatum e Pseudoplatystoma tigrinum obtidas no rio Solimões/ Amazonas no trecho Manaus, 03 0 06'07''S/60001'30''W e Coari, 04 0 06'22''S/63°03'21''W em 2004/2005, com uma rede de Ictioplâncton cônico-cilíndrica (350 IJm de malha, 0 0,3 m e 2 m de comprimento), com um fluxômetro acoplado na boca da rede para medição do volume da água filtrado. A rede foi mantida ao lado do barco contra a correnteza por 3 mino As variáveis categóricas consideradas foram: posição no rio e/ou lago (margem e centro), profundidade (superfície e fundo), turno (diurno e noturno). Em campo as amostras foram preservadas em formalina a 10 %, e no laboratório foram triadas e repassadas para formalina a 5 %. As larvas destas espécies foram separadas por tamanho, e medidas com o auxílio de uma Lupa com ocular micrométrica e um Microscópio ótico para confirmação da contagem de miômeros (Figura 1 A-B). As técnicas de identificação foram feitas de acordo com Mago-Leccia, et aI., (1986); Nakatani et et., (2001). Foram analisados 220 exemplares sendo 72 de Pimelodus blochii, 85 de Pseudoplatystoma fasciatum, 63 de Pseudoplatystoma tigrinum. As Análises de Variância e Teste Tuckey distinguiram muito bem as larvas de Pimelodus blochii das duas espécies de Pseudoplatystoma em relação ao tamanho da cabeça, comprimento do focinho, altura da cabeça, distância do focinho ao ânus e tamanho do olho. Somente nas medidas tamanho da cabeça e comprimento do focinho, P. fasciatum e P. tigrinum foram semelhantes entre si e nas demais medidas foram significativamente diferentes (Tabela 1). Exceto para tamanho da cabeça e comprimento do focinho P. tigrinum sempre apresentou medidas intermediárias entre Pimelodus blochii e P. fasciatum, mas pouco percebidas sem o auxílio dos testes de médias. Os resultados obtidos demonstram que as larvas de Pimelodus blochii podem ser visualmente distinguidas das espécies de Pseudoplatystoma tigrinum e P. fasciatum. Entre estas duas espécies, a contagem de miômeros é mais efetiva para diferenciá-Ias mais rapidamente do que as medidas morfométricas de acordo com Leite et aI., (2007). As diferenças, na maioria das medidas morfométricas, são melhor avaliadas através de Análise de Variância e testes "pos-hoc", Tabela 1. Resumo das análises de variância das medidas morfométricas de larvas de Pimelodus blochii, Pseudoplatystoma tigrinum e P. fasciatum do rio Solimões entre Coari e Manaus. Fatores (mm) SQ GI QM F p Comprimento do focinho Diâmetro do olho Comprimento da cabeça Altura do corpo Altura da cabeça Pré-anal Pós-anal 15,3926 4557,925 105,4162 55,22114 39,27285 103,862 1917,315 2 2 2 2 2 2 2 7,696299 2278,963 52,70811 27,61057 19,63643 51,9312 958,6576 125,2055 170,4916 179,572 144,9289 140,9979 124,4877 903,7936 <0,0001 <0,0001 <0,0001 <0,0001 <0,0001 <0,0001 <0,0001 239

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XVI Jornada de Iníctacão Cientil'ica PIBIC CNPq/FAPEAM/INPA

Identificação de larvas de três espécies de Siluriformes no rioAmazonas no trecho Coari-Manaus

Ingrid Karoline Albuquerque FERREIRA1;Rosseval Galdino LEITe; José Vagner Valente da SILVA3

'Bolsísta PIBIC/FAPEAM; 2 Orientador INPA/CPBA; 3 Colaborador INPA/CPBA.

o conhecimento da fase inicial do ciclo de vida dos Siluriformes é de grande interesse para aspescarias na Amazônia (Leite et aI., 2007). Somente identificando as larvas destes peixes é possívelmontar a história de vida de cada espécie, uma ferramenta muito importante em todos os aspectosda biologia pesqueira, principalmente quando esta informação auxilia na identificação de áreas dedesova, áreas de alimentação inicial e na previsão de recrutamentos. Desde o final da década de 80do século passado, a partir do trabalho de Araújo-Lima e Donald (1988) os estudos com larvas depeixes regionais têm avançado e, progressivamente, estes estudos poderão auxiliar nas políticaspúblicas de conservação tanto do ambiente quanto dos peixes. As técnicas mais utilizadas para aidentificação das larvas de peixes são aquelas propostas em Ahlstrom e Moser (1976) que levam emconsideração as características dos adultos já presentes nas larvas, como é o caso do número devértebras identificado através da contagem de miômeros. No entanto, existe muita sobreposiçãoneste item, e por isso costuma-se utilizar outras técnicas assessórias como as medidasmorfométricas. Este trabalho teve como objetivo, comparar morfologicamente três espécies dafamília Pimelodidae: Pimelodus blochii, Pseudoplatystoma fasciatum e Pseudoplatystoma tigrinumobtidas no rio Solimões/ Amazonas no trecho Manaus, 03006'07''S/60001'30''W e Coari,04006'22''S/63°03'21''W em 2004/2005, com uma rede de Ictioplâncton cônico-cilíndrica (350 IJmde malha, 0 0,3 m e 2 m de comprimento), com um fluxômetro acoplado na boca da rede paramedição do volume da água filtrado. A rede foi mantida ao lado do barco contra a correnteza por 3mino As variáveis categóricas consideradas foram: posição no rio e/ou lago (margem e centro),profundidade (superfície e fundo), turno (diurno e noturno). Em campo as amostras forampreservadas em formalina a 10 %, e no laboratório foram triadas e repassadas para formalina a 5%. As larvas destas espécies foram separadas por tamanho, e medidas com o auxílio de uma Lupacom ocular micrométrica e um Microscópio ótico para confirmação da contagem de miômeros(Figura 1 A-B). As técnicas de identificação foram feitas de acordo com Mago-Leccia, et aI., (1986);Nakatani et et., (2001). Foram analisados 220 exemplares sendo 72 de Pimelodus blochii, 85 dePseudoplatystoma fasciatum, 63 de Pseudoplatystoma tigrinum. As Análises de Variância e TesteTuckey distinguiram muito bem as larvas de Pimelodus blochii das duas espécies dePseudoplatystoma em relação ao tamanho da cabeça, comprimento do focinho, altura da cabeça,distância do focinho ao ânus e tamanho do olho. Somente nas medidas tamanho da cabeça ecomprimento do focinho, P. fasciatum e P. tigrinum foram semelhantes entre si e nas demaismedidas foram significativamente diferentes (Tabela 1). Exceto para tamanho da cabeça ecomprimento do focinho P. tigrinum sempre apresentou medidas intermediárias entre Pimelodusblochii e P. fasciatum, mas pouco percebidas sem o auxílio dos testes de médias. Os resultadosobtidos demonstram que as larvas de Pimelodus blochii podem ser visualmente distinguidas dasespécies de Pseudoplatystoma tigrinum e P. fasciatum. Entre estas duas espécies, a contagem demiômeros é mais efetiva para diferenciá-Ias mais rapidamente do que as medidas morfométricas deacordo com Leite et aI., (2007). As diferenças, na maioria das medidas morfométricas, são melhoravaliadas através de Análise de Variância e testes "pos-hoc",

Tabela 1. Resumo das análises de variância das medidas morfométricas de larvas de Pimelodus blochii,Pseudoplatystoma tigrinum e P. fasciatum do rio Solimões entre Coari e Manaus.

Fatores (mm) SQ GI QM F pComprimento do focinhoDiâmetro do olhoComprimento da cabeçaAltura do corpoAltura da cabeçaPré-analPós-anal

15,39264557,925105,416255,2211439,27285103,8621917,315

2222222

7,6962992278,96352,7081127,6105719,6364351,9312958,6576

125,2055170,4916179,572144,9289140,9979124,4877903,7936

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XVI Jornada de Iniciação Científica PIBIC CNPq/FAPEAM/INPA Manaus - 2007

Miômeros caudais

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O23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 M 35

P. tigrinum

Miômeros pré-caudais

60

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40

30

20

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10

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P. tigrinum

Figura 1 A-B. Miômeros pré-caudais e caudais de Pimelodus blochii, Pseudoplatystoma fasciatum e P. tiqtinum.ANOVA (P < 0,001), Teste Tukey (P < 0,001)

Palavras-chave: Siluriformes, larvas, morfometria, rio Solimões.

Apoio financeiro: Projeto PIATAM/PETROBRAS

Bibliografias citadas

Araújo-Lima C. A. R.M. ; Donald, E. 1988. Número de vértebras de Characiformes do rio Amazonas e seu uso naidentificação de larvas do grupo. Acta Amazônica, 18(1-2):351-358.

Ahlstrom, E. H.; Moser, H.G. 1976. Eggs and larvae of fishes and their role in systematic investigations and infisheries. Revue des Travaux de L'Institut des Peches Maritimes, Nantes, v.40,n.3/4, p379-398.

Leite, R.G.; Canas, C.; Forsberg, B.; Barthem, R.; Goulding, M. 2007. Larvas dos Grandes Bagres Migradores.Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) / Associación para Ia Conservación de Ia CuencaAmazônica (ACCA) 167p.

Nakatani, K.; Agostinho, A. A.; Baumgartner, G.; Bialetzki, A.; Sanches, P. V.; Makrakis, M. c.; Pavanelli, C.2001. Ovos e larvas de Peixes de água doce: desenvolvimento e manual de identificação. Maringá: EDUEM378p.

Mago- Leccia, F.; Nass, P.; Castillo, O. 1986. Larvas Juveniles y adultos de bagre de família Pimelodidae(Teleostei, Síluriformes) de Venezuela. Caracas, 304p.

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