Identificação de Processos Industriais utilizando...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CURSO DE ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL Identificação de Processos Industriais utilizando tecnologia Foundation Fieldbus Monografia submetida à Universidade Federal de Santa Catarina como requisito para a aprovação da disciplina: DAS 5511 Projeto de Fim de Curso Gustavo Martins Concer Florianópolis, Outubro de 2005

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CURSO DE ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO INDUSTRIAL

Identificação de Processos Industriais

utilizando tecnologia Foundation Fieldbus

Monografia submetida à Universidade Federal de Santa Catarina como requisito

para a aprovação da disciplina:

DAS 5511 Projeto de Fim de Curso

Gustavo Martins Concer

Florianópolis, Outubro de 2005

2

Identificação de Processos Industriais utilizando tecnologia

Foundation Fieldbus

Monografia submetida à Universidade Federal de Santa Catarina

como requisito para a aprovação da disciplina:

DAS 5511: Projeto de Fim de Curso

Gustavo Martins Concer

Florianópolis, Outubro de 2005

Identificação de Processos Industriais utilizando tecnologia Foundation Fieldbus

Gustavo Martins Concer

Esta monografia foi julgada no contexto da disciplina DAS 5511: Projeto de Fim de Curso

e aprovada na sua forma final pelo Curso de Engenharia de Controle e Automação Industrial

Banca Examinadora:

Eng.º Luis Carlos Geron Orientador Empresa

Prof. Msc. Agustinho Plucenio Orientador do Curso

Prof. Augusto Humberto Bruciapaglia Responsável pela disciplina

Prof. Julio Elias Normey Rico, Avaliador

Hugo Rocha Barros Vieira de Oliveira, Debatedor

Marcelo Pires Adur, Debatedor

i

Agradecimentos

Agradeço à Smar Equipamentos Industriais pela oportunidade e condições

favoráveis fornecidas ao longo do projeto.

Também à Agência Nacional do Petróleo – ANP, e da Financiadora de

Estudos e Projetos – FINEP, por meio do Programa de Recursos Humanos da ANP

para o Setor de Petróleo e Gás PRH-34 ANP/MCT.

Não poderiam faltar os meus agradecimentos aos orientadores Prof. Daniel

Pagano e Prof. Agustinho Plucenio da Universidade Federal de Santa Catarina, e ao

Eng. Luís Carlos Geron da Smar. Aos demais colegas do Departamento de

Engenharia de Aplicações e do Setor de Desenvolvimento Eletrônico da Smar pelo

suporte oferecido ao longo das atividades realizadas.

Em especial, gostaria de agradecer à minha família por todo o apoio

desempenhado ao longo destes anos de faculdade que possibilitaram o

desenvolvimento de todo trabalho relatado neste documento.

ii

Resumo

A tecnologia de informação está hoje se popularizando, estando presente no

comércio, nos bancos, nos meios de transporte, em nossas casas e na indústria

principalmente. Uma tendência atual é a pressão pela padronização exigindo que os

fornecedores de tecnologia se adaptem a novas normas e padrões. Os

componentes estão evoluindo rapidamente em termos de memória e capacidade de

processamento, e o hardware tendo seu custo reduzido. No ramo de controle de

processos o uso de redes do tipo Foundation Fieldbus apresenta diversas

vantagens que vão a favor desta corrente de especificações. Foundation Fieldbus

consiste em uma solução completa para sistemas de controle baseados em redes.

Um sistema aberto regido pela Fieldbus Foundation que possui uma linguagem de

blocos funcionais padronizada para implementar as funções de controle do sistema.

Para tornar este sistema mais abrangente, novos blocos funcionais vêm sendo

desenvolvidos como os blocos funcionais para compensação de atraso Transfer

Function e Smith Predictor. Este trabalho visa o melhoramento destes blocos com o

objetivo de tornar o seu uso mais simples. Para isso foi elaborado um algoritmo de

identificação de sistemas de primeira e segunda ordem estáveis, para

implementação na empresa como uma nova funcionalidade do bloco Transfer

Function, que vai auxiliar o usuário na etapa de configuração do mesmo, além de

estimulá-lo no seu uso.

iii

Abstract

The information technology is becoming popular, being present in the

commerce, banks, means of transportation and specialy in the industry. A current

trend is the pressure for standardization demanding that suppliers conform to the

new norms ands standards. Components are quickly improving in terms of memory

and processing capacity and hardware having its cost reduced. To the process

control branch, the use of Foundation Fieldbus nets brigns a lot of advantages that

are in behalf of actual specifications chain. Foundation Fieldbus is a complete

solution for nets based control systems. An open system, conducted by the Fieldbus

Foundation, that has a language of standardized function blocks to implement all

control functions of the system. New function blocks have been developed in order to

make the tecnology more complete, like the ones for delay compensation as the

Transfer Function and Smith Predictor block. This work aims at the improvement of

these blocks and the objective is to make its use simpler. A system identification

algorithm for first and second order stable plants was elaborated to do this. It will be

implementated in the company as a new functionality of the Transfer Function block,

that will assist the user in the stage of block configuration and stimulate its use.

iv

Sumário

Agradecimentos................................................................................................. i

Resumo ............................................................................................................ ii

Abstract ........................................................................................................... iii

Sumário ........................................................................................................... iv

Capítulo 1: Introdução ......................................................................................1

1.1: O Programa de Formação de Recursos Humanos................................5

1.2: A Empresa .............................................................................................5

1.3: A Metodologia de trabalho .....................................................................6

Capítulo 2: Funcionamento de uma rede do tipo Foundation Fieldbus. ...........8

2.1: Arquitetura de uma Rede Foundation Fieldbus .....................................8

2.2: Blocos de Função (Function Blocks)......................................................9

2.3: O Protocolo ..........................................................................................10

2.3.1: Camada Física ..............................................................................12

2.3.2: Camada de Enlace de Dados (DLL Data Link Layer) ...................13

2.3.3: Camada de Aplicação ...................................................................16

2.3.4: Camada de Usuário ......................................................................19

2.4: Configurando uma rede Foundation Fieldbus......................................20

2.5: Os Blocos Funcionais Transfer Function e Smith Predictor.................23

2.5.1: Transfer Function ..........................................................................25

2.5.2: Smith Predictor ..............................................................................25

2.5.3: Estratégia para compensação de atraso.......................................27

2.6: Vantagens da tecnologia .....................................................................28

v

Capítulo 3: Conceitos sobre Identificação de Processos Monovariáveis com

Modelos Lineares......................................................................................................30

3.1: Introdução ............................................................................................30

3.2: Técnicas de Identificação ....................................................................31

3.2.1: Estimador dos Mínimos Quadrados Não Recursivo......................33

3.2.2: Estimador do Mínimos Quadrados Recursivo ...............................35

3.3: Validação do Modelo ...........................................................................40

Capítulo 4: O Algoritmo de Identificação proposto .........................................42

4.1: A Tecnologia OPC ...............................................................................42

4.2: O Algoritmo ..........................................................................................43

4.2.1: Método Não Recursivo x Método Recursivo .................................44

4.2.2: Ensaio de Identificação .................................................................45

4.2.3: Etapa de Pré-Teste .......................................................................46

4.2.4: Etapa de Identificação...................................................................49

4.2.5: Implementação da Validação ........................................................51

4.2.6: Transformada S.............................................................................52

4.3: Proposta de Bloco Funcional ...............................................................52

Capítulo 5: Identificação com blocos já existentes na tecnologia Foundation

Fieldbus.....................................................................................................................54

5.1: O Bloco Flexible Mathematical.............................................................54

5.2: A Estratégia .........................................................................................55

5.2.1: Operações.....................................................................................55

5.2.2: Configuração dos Blocos ..............................................................56

Capítulo 6: Resultados e Discussão...............................................................60

6.1: Resultados de Simulação ....................................................................60

6.1.1: Planta de Primeira Ordem.............................................................61

6.1.2: Planta de Segunda Ordem............................................................66

vi

6.2: Resultados Reais.................................................................................70

6.2.1: Processo de Vazão com inserção de Atraso.................................70

6.2.2: Processo de Temperatura.............................................................74

Capítulo 7: Conclusões e Perspectivas ..........................................................78

Bibliografia:.....................................................................................................80

1

Capítulo 1: Introdução

Em tempos onde a competitividade dita o ritmo de desenvolvimento das

empresas e a complexidade dos processos de produção exige cada vez mais da

instrumentação encontrada nas plantas industriais, muitas tentativas de

modernização em busca de mais eficiência podem ser visualizadas. Pode-se notar

atualmente o surgimento de muitas alternativas tecnológicas com o objetivo de

suprir a demanda por novas funcionalidades ou melhores características de

operação dos sistemas industriais de produção.

Com o setor petrolífero não é diferente. A tecnologia de redes para o controle

de processos é uma alternativa hoje bastante freqüente nestas plantas industriais,

possibilitando integração entre os dispositivos componentes destes sistemas que

podem operar conjuntamente. A comunicação, antes predominantemente analógica,

vai migrando para sistemas digitais permitindo maior quantidade de informação

tratada, as mais variadas funções de controle e supervisão executadas, além da

considerável redução de hardware que a comunicação digital permite.

Figura 1 – Fieldbus é uma tecnologia inovadora em automação

Uma destas redes de controle é a do tipo Foundation Fieldbus [1]. Esta é a

rede encontrada no projeto da Automação de um Sistema de Separação de Petróleo

realizado pela empresa Smar em parceria com a empresa contratante do serviço. A

função principal de um separador por gravidade é disponibilizar as três fases do

petróleo (água, óleo e gás) vindo do poço, da forma mais pura possível. Um dos

desafios enfrentados neste projeto foi a compensação de atraso de transporte

2

necessária ao controle do processo de injeção de desemulsificante existente no

separador. A injeção de desemulsificantes é feita com o intuito de reduzir a emulsão

formada pela mistura entre água e óleo durante o processo de elevação do petróleo

para a plataforma que dificulta o controle de nível no separador. O atraso existe pois

há um “tempo morto” entre a injeção do desemulsificante e a conseqüente medição

de redução do percentual de água no óleo dentro do separador.

Figura 2 - Visão Geral de um Separador trifásico por gravidade

O efeito prejudicial do atraso em um sistema de controle pode ser entendido

a partir do seu conceito. Segundo [11], a técnica de controle consiste em três

passos: Medir a variável a controlar; Comparar o valor medido com o valor desejado

e; Agir no sistema no sentido de diminuir a diferença entre ambos os valores. Um

exemplo é o processo de controle de temperatura de água (Figura 3), onde a

variável controlada a ser medida é a temperatura da água aquecida. O valor desta

temperatura é comparado com a temperatura desejada para a água e uma ação

sobre a válvula de controle de vapor que aquecerá a água é tomada neste sentido.

Figura 3 – Controle de temperatura

3

A presença de um tempo morto entre a atuação (abertura ou fechamento da

válvula de vapor) e a medição do efeito desta ação (aumento ou redução da

temperatura) neste processo, consiste na demora da temperatura “começar a reagir”

a uma variação no sinal de abertura da válvula de vapor. Isto é ruim para o sistema

de controle pois a ação de abrir a válvula de vapor não provocará efeito imediato de

aumento de temperatura fazendo com que o sistema de controle forneça uma

abertura maior do que a necessária à válvula. Após o tempo morto, a temperatura

começará a aumentar e provavelmente aumentará mais do que o desejado e as

ações de controle posteriores tornarão o sistema oscilatório ou até instável.

Uma maneira de lidar com o atraso de transporte é tentar compensá-lo de

forma a poder controlar o processo como se o atraso não estivesse presente. Muitos

processos ligados à área do petróleo, por se tratarem de processos envolvendo

transporte de matéria ou energia, apresentam esta característica. Quando este

atraso é considerável, o controle fica dificultado, exigindo o uso de estruturas

especiais de controle para compensação do atraso. A teoria clássica apresenta a

estrutura do Preditor de Smith como solução para este problema.

Figura 4 - Diagrama de Blocos do Preditor de Smith

Em vista disso, a empresa providenciou o desenvolvimento de novas

funcionalidades ao seu sistema de controle do tipo Foundation Fieldbus através da

criação de novos blocos funcionais dentro da filosofia da tecnologia. Este trabalho

foi realizado por um bolsista egresso do programa de formação de recursos

humanos da ANP durante a realização de seu projeto de fim de curso [8] na

empresa e originou a necessidade do desenvolvimento do trabalho relatado neste

presente documento.

4

Duas novas funcionalidades foram criadas: um bloco para representação de

funções de transferência no domínio freqüencial “s” e outro para implementar

estrutura semelhante à do Preditor de Smith. Assim seria possível disponibilizar esta

alternativa de controle para outros projetos futuros que necessitassem de uma

solução como esta.

No entanto, a estrutura do Preditor de Smith requer para seu funcionamento,

um conhecimento adequado dos parâmetros matemáticos que compõe a função de

transferência, que representa o modelo do processo a ser controlado. Este

reconhecimento se faz através da modelagem matemática destes sistemas, ou

geralmente, através de ensaios de identificação realizados em procedimento de

partida dos mesmos.

O objetivo do presente trabalho é, portanto, o estudo de uma técnica de

identificação de processos industriais monovariáveis que possa ser aplicada para

suporte ao uso dos dois blocos criados e venha a estimar de forma automática os

coeficientes da função de transferência do processo necessária ao Preditor. Será

estudada então a viabilidade de implementar uma técnica como esta na forma de

uma nova funcionalidade à tecnologia.

Um desenvolvimento como este é muito importante pois se sabe que no setor

industrial muitas vezes nem todas as pessoas que operam os processos de

produção têm conhecimento de estruturas avançadas como o Preditor de Smith e

representações de processos como funções de transferência. Assim, tudo que

venha a simplificar o trabalho, desta forma com a automação da tarefa de

identificação é de muita utilidade ao setor.

Para o cumprimento do trabalho, as disciplinas da área de controle de

processos do Curso de Engenharia de Controle e Automação foram de grande

utilidade para elaboração do algoritmo de identificação. Além destas, as disciplinas

de Redes de Computadores e Instrumentação para Controle e Automação foram

bastante úteis para o entendimento da tecnologia utilizada no trabalho. Muito

importante também foram os conceitos adquiridos ao longo das disciplinas de

especialização, cursadas no programa de formação de recursos humanos – PRH

34, que propiciaram um contato inicial direto com a instrumentação utilizada na

pesquisa e muito freqüente em diversos segmentos da indústria.

5

1.1: O Programa de Formação de Recursos Humanos

Este trabalho está inserido no último período dentro da grade curricular do

curso de Engenharia de Controle e Automação da Universidade Federal de Santa

Catarina e também no último período da etapa de especialização dentro do

programa de formação de recursos humanos da ANP. O PRH-34 é um dos muitos

programas acadêmicos financiados pela ANP – FINEP, que se destina a formar

Engenheiros nas áreas de Automação, Controle e Instrumentação do setor de

Petróleo e Gás.

Para a Engenharia de Controle e Automação Industrial, o programa tem a

missão de propiciar ao engenheiro uma formação complementar que forneça

conhecimentos a respeito das indústrias do petróleo e gás, evidenciando as

características diferenciadas dos processos deste tipo de indústria. Pretende-se

também disponibilizar uma formação específica em sistemas de controle,

automação, instrumentação e informática industrial particulares destas indústrias,

fornecendo conhecimentos básicos necessários para a participação em atividades

de Pesquisa e Desenvolvimento nesta área.

O PRH-34, através de seus projetos e parcerias com o setor industrial vem

propiciando a realização de estágios curriculares a seus integrantes como este

realizado na empresa SMAR Equipamentos Industriais.

1.2: A Empresa

A SMAR Equipamentos Industriais foi fundada em 1º de abri de 1974 com

objetivo de prestar serviços de campo para turbinas à vapor da indústria açucareira

brasileira. Seus co-fundadores Sr. Mauro Sponchiado e Sr. José Martinussi

aproveitaram seus sobrenomes para formar o nome da empresa. A sua matriz

encontra-se instalada na cidade de Sertãozinho – SP com filiais espalhadas

estrategicamente pelo Brasil e escritórios em diversos países do mundo.

A empresa continuou prestando serviços de manutenção em turbinas à vapor

até 1978. Foi quando a indústria açucareira começou a utilizar as novas turbinas a

vapor com reguladores de velocidade eletrônicos.

6

Não habituada a trabalhar com eletrônica, buscou assessoramento. O Sr.

Edmundo Gorini e seus colegas Paulo Lorenzato e Carlos Liboni aceitaram o convite

de tornarem-se sócios da Smar. Logo em seguida, Sr. Caldeira, também um

engenheiro, integrou-se a empresa. Este foi o início de uma nova era para a

empresa. Nessa época, a empresa era composta por 13 pessoas, sendo 10 sócios

e 3 funcionários.

A prestação de serviço em turbinas à vapor proporcionou o capital para os

trabalhos iniciais de Pesquisa e Desenvolvimento. A empresa cresceu rapidamente,

impulsionada por uma iniciativa bem sucedida do governo federal, o Pró-álcool, que

visava substituir a gasolina por álcool como combustível de veículos automotores.

Em 1981, com o decréscimo dos investimentos na indústria sucro-alcooleira,

a empresa decidiu partir para o projeto de uma linha de instrumentos para controle

de processos. Essa decisão foi bem sucedida e a empresa continuou crescendo.

Em 1986, com seu contínuo crescimento no mercado nacional, a empresa

buscou se expandir no mercado internacional. Após testar os novos produtos no

mercado brasileiro, a SMAR incrementou seus esforços de venda, inicialmente nos

Estados Unidos, a partir de 1989, e depois na Europa, a partir de 1990.

Em 1988 a SMAR tornou-se o maior fabricante de instrumentos para controle

de processos no Brasil. Atualmente, mais de um terço da produção da empresa são

vendidos no mercado internacional. Como o mercado mundial para produtos como

os que a SMAR produz movimenta mais de 5 bilhões de dólares por ano, a empresa

tem enormes possibilidades para continuar a crescer ao longo dos próximos anos.

1.3: A Metodologia de trabalho

Nos próximos capítulos serão apresentados de início uma introdução à

tecnologia de Redes do tipo Foundation Fieldbus assim como os conceitos básicos

para entendimento deste documento. A seguir serão passados os conceitos de

identificação de processos assim como as duas técnicas de identificação estudadas

ao longo do trabalho. É reservado um capítulo para o algoritmo de identificação

proposto neste trabalho assim como os testes executados com o mesmo. Por fim

são apresentados uma solução em identificação feita com os recursos já existentes

na tecnologia e os resultados que comprovam a viabilidade de implementação de

7

mais uma nova funcionalidade à tecnologia. Ao final de tudo as conclusões e

perspectivas futuras são discutidas.

8

Capítulo 2: Funcionamento de uma rede do tipo Foundation

Fieldbus.

A tecnologia Foundation Fieldbus [1] consiste em um protocolo de

comunicação serial digital bidirecional. O fato de ser bidirecional significa que os

equipamentos conectados a rede desempenham papel de emissor e receptor de

dados embora não simultaneamente. A utilização de dispositivos de campo

(transmissores, posicionadores, etc) com processadores embarcados também

permite que os mesmos desempenhem funções de controle tornando possível

implementar controle distribuído. Foundation Fieldbus é essencialmente uma rede

local (LAN) para os dispositivos de campo.

Embora se trate de um protocolo complexo, o conhecimento completo de

como a tecnologia funciona internamente não é fundamental para o seu uso, pois os

fabricantes tipicamente o implementam de tal forma a aparecer transparente aos

usuários. Entretanto, o desenvolvimento de projetos que utilizem esta tecnologia

exige treinamento por parte dos projetistas.

2.1: Arquitetura de uma Rede Foundation Fieldbus

Uma rede fieldbus admite dois níveis físicos em sua arquitetura. O nível H1 e

o nível HSE. O primeiro opera com velocidade de 31,25 Kbit/s e efetua a conexão

entre os equipamentos encontrados no chão de fábrica (atuadores, sensores e

dispositivos de entrada e saída I/O). O nível superior ao H1, conhecido como HSE

(High Speed Ethernet), opera a uma taxa de 100 Mbits/s, e é quem liga o nível H1

às estações de operação, aos controladores mais rápidos como CLP’s além de

permitir a conexão entre diferentes níveis H1. Há um dispositivo responsável pela

ligação entre os dois níveis H1 e HSE que é conhecido como Linking Device e

desempenha o papel de ponte entre os mesmos. A topologia de uma rede fieldbus

pode ser vista na Figura 5. No sistema desenvolvido pela SMAR, quem desempenha

o papel da ponte é um instrumento denominado DFI que também exerce a função

de LAS. O papel do LAS dentro da rede fieldbus é descrito na seção 2.3 deste

mesmo capítulo.

9

Figura 5 - Topologia de uma rede fieldbus

Figura 6 - Detalhe da conexão dos dispositivos ao barramento do canal H1 da rede fieldbus

2.2: Blocos de Função (Function Blocks)

A base fundamental para implementar a distribuição das funções de controle

ao longo dos equipamentos em campo é uma entidade chamada bloco, que

representa uma função ou algoritmo como, por exemplo, um controlador PID, um

integrador, entrada ou saída analógica, entrada ou saída discreta, etc. Por essa

razão a tecnologia é normalmente chamada de tecnologia orientada a blocos ou

Block Oriented Technology.

Todo bloco é composto por um conjunto de parâmetros e um algoritmo

associado. Os parâmetros são classificados como:

- parâmetros de Entrada, que fornecem dados para o algoritmo;

10

- parâmetros de Saída, que representam o resultado do processamento, ou

- parâmetros Contidos para todas as outras funções que não sejam troca

de dados entre blocos.

Nesta tecnologia, toda e qualquer aplicação de usuário é baseada em blocos

funcionais, cuja interface e comportamento são definidos na norma que regulamenta

o padrão Foundation Fieldbus e definem uma linguagem universal para descrição de

aplicações de controle de processos e automação.

A Fieldbus Foundation definiu um conjunto básico de parâmetros usados por

qualquer bloco, chamados parâmetros universais. Foram definidas também classes

de blocos, por exemplo, blocos de entrada, de saída, de controle e de cálculo, sendo

que cada uma destas classes tem um grupo de parâmetros padrão.

Assim, atualmente existe uma série de blocos dentro da biblioteca padrão da

tecnologia tornando possível que fabricantes adicionem funcionalidades aos blocos

já existentes ou mesmo desenvolvam novos blocos. Estas opções estão previstas

em norma. A SMAR, como líder mundial em FIELDBUS trabalha com um contínuo

desenvolvimento de blocos funcionais para dar a tecnologia uma abrangência cada

vez maior no ramo de controle de processos.

Na seção seguinte serão passados mais detalhes a respeito dos blocos

funcionais assim como detalhes do protocolo do sistema.

2.3: O Protocolo

O protocolo utilizado em redes fieldbus é baseado no modelo de referência

OSI definido na norma ISO 7498. O modelo OSI é composto de um conjunto de 7

camadas, cada uma desempenhando uma série de funções, que pode ser visto na

Figura 7. As mensagens transmitidas vão passando por estas camadas sendo que

cada uma fica responsável por uma parcela da informação contida nas mesmas.

Assim, por exemplo, as camadas dos dispositivos que estão emitindo a informação

adicionam “pedaços” à mensagem original que serão captados pelas camadas

correspondentes dos dispositivos receptores.

11

Figura 7 - Modelo OSI aplicado em tecnologias fieldbus

A maioria dos protocolos de redes industriais como Profibus, Hart, assim

como Foundation Fieldbus não implementam todas estas 7 camadas. Protocolos no

nível do campo, como o FOUNDATION H1, usualmente só implementam as

camadas 1, 2 e 7. No caso específico do FOUNDATION H1 há ainda uma camada

de usuário não presente no modelo de referência OSI. Já os protocolos de níveis

superiores como o FOUNDATION HSE implementam além destas, as camadas 3 e

4.

Comparado com o modelo de referência OSI, as 4 camadas do nível H1 são

assim mapeadas:

- a camada física é a camada 1 do modelo OSI;

- a camada de enlace de dados é a camada OSI 2;

- a camada de aplicação é a camada OSI 7 ;

- a camada de aplicação de usuário não é definida no modelo OSI.

O nível HSE se diferencia do anterior adotando o padrão Ethernet para

implementar as camadas 1 e 2 do modelo OSI, o protocolo de internet (IP)

empregado na camada 3 e ainda o User Datagram Protocol (UDP), para a camada

4.

Para que seja possível a comunicação entre diferentes tipos de instrumentos

dentro de uma rede é necessário que todas as camadas citadas sejam

implementadas da mesma maneira fazendo com que estes instrumentos sejam

compatíveis entre si. No entanto, a característica marcante de interoperabilidade da

tecnologia fieldbus se faz graças ao nível de detalhamento especificados nas suas

12

camadas de aplicação e de usuário. Neste protocolo não se especifica somente

como os dados são transmitidos, mas sim toda a semântica, isto é, todo o

significado destas informações.

A seguir serão detalhadas as quatro camadas presentes no nível H1 da rede

fieldbus. O funcionamento das camadas do nível HSE, por se tratarem de padrões

bastante comuns, não será descrito neste documento.

2.3.1: Camada Física

A camada física define o formato no qual os dados serão fisicamente

transmitidos ao longo do meio de comunicação. Esta camada não executa nenhum

tipo de interpretação dos dados, apenas recebe as mensagens da camada de

enlace de dados e as converte em sinais físicos a ser transmitidos pelo barramento

fieldbus, também efetuando o caminho contrário passando as mensagens à camada

seguinte.

Estas conversões incluem ações como adição e remoção de preâmbulos, de

delimitadores iniciais e finais das mensagens transmitidas. O preâmbulo é

transmitido no começo da mensagem e utilizado com o objetivo de “acordar” os

demais dispositivos da rede fazendo com que os mesmos possam sincronizar seus

relógios internos com o sinal a ser recebido. O delimitador de início denota o fim do

preâmbulo e o começo da mensagem propriamente dita indo para ou vinda da

camada de enlace de dados que termina com o delimitador final.

Figura 8 - Formato dos dados da camada física

2.3.1.1: Codificação dos sinais

Os sinais fieldbus utilizam a codificação Manchester bifásica do tipo L. São

sinais síncronos seriais, pois misturam informação de temporização (clock) com

13

dados em um mesmo sinal como mostra a Figura 9. As mensagens podem ser

transmitidas de forma contínua sendo que os bits de dados “0” e “1” são codificados

como transições de subida e descida respectivamente. Nas transmissões, os bits

são convertidos nas correspondentes transições, enquanto que nas recepções se

faz o procedimento reverso.

Figura 9 - Codificação Manchester Bifásica do tipo L

Os sinais na codificação Manchester são transmitidos pela modulação de

corrente com amplitude aproximada de 10 mA. Como a rede possui um módulo de

impedância de 50 ohms entre os dispositivos e a alimentação, é criada uma tensão

de 1 volt pico a pico modulada sobre a componente DC da tensão de alimentação.

2.3.2: Camada de Enlace de Dados (DLL Data Link Layer)

Esta camada, imediatamente superior à camada física, desempenha 3

funções em destaque. Primeiro, é ela quem controla quando e por quanto tempo um

dispositivo ganha o acesso a rede de forma a evitar conflitos entre os diversos

dispositivos que desejam transmitir dados simultaneamente. Ainda efetua o

endereçamento para garantir que a mensagem chegue ao seu correto destino. Por

fim, a camada é também responsável pela detecção de erros possíveis nas

transmissões de dados.

14

2.3.2.1: LAS (Agendador de Link Ativo)

No padrão Foundation Fieldbus, qualquer dispositivo pode iniciar

comunicação desde que o mesmo possua este direito. Este controle a respeito da

distribuição de quem possui o direito ao longo do tempo é efetuado pelo LAS

(Agendador do Link Ativo). O LAS é geralmente desempenhado pela ponte do

sistema conforme citado no item da arquitetura da rede, embora seja possível

configurar alguns dispositivos de campo como transmissores ou atuadores para

desempenhar o papel de LAS caso ocorra uma falha nestas pontes permitindo a

continuação da comunicação e garantindo confiabilidade e redundância ao sistema.

Figura 10 - DFI-302: A solução SMAR para as pontes das redes Fieldbus

2.3.2.2: Comunicação gerenciada e não gerenciada

Existem dois tipos de comunicação tratados na camada de enlace de dados:

A comunicação gerenciada (tráfego foreground) e a comunicação não gerenciada

(tráfego background).

Os dados comunicados com baixa freqüência são transmitidos de forma

acíclica utilizando a comunicação não gerenciada. Nesta comunicação os

dispositivos recebem permissão do LAS através de um mecanismo de fichas (pass

token). Uma vez que o dispositivo tem a posse desta ficha ele pode enviar suas

mensagens até que ele termine ou se esgote o tempo máximo de posse da ficha.

Exemplos da comunicação acíclica são leitura ou escrita de dados por parte de uma

estação de operação da rede.

A forma de comunicação gerenciada tem maior prioridade dentro da rede. Os

dados que necessitam de comunicação periódica são transmitidos desta forma.

Incluem-se, por exemplo, as informações das variáveis pertencentes aos laços de

controle dos sistemas que necessitam de comunicação constante. Neste caso, o

LAS possui uma espécie de agenda onde são especificados quando os dados dos

15

dispositivos devem ser transmitidos. Para isso o LAS transmite uma mensagem de

requisição CD (Compel Data) para o dispositivo fazendo com que o mesmo publique

esta informação na rede.

Torna-se necessário neste momento definir alguns itens importantes

presentes na tecnologia Foundation Fieldbus como os conceitos de macrocycle e

live-list.

2.3.2.3: O macrocycle

O macrocycle é o período em que toda a parte cíclica se repete na rede.

Dentro deste período estão inclusos o tempo escalonado para as informações

cíclicas (tráfego foreground) e também os tempos destinados a atividades acíclicas

como de manutenção, supervisão, configuração, etc (tráfego background). Pode-se

entender como um tempo no qual todos os dispositivos têm suas variáveis

atualizadas na rede. No âmbito dos sistemas de controle pode-se caracterizar o

macrocycle como o período de amostragem do sistema sendo que não é possível

ter dentro de um mesmo macrocycle valores diferentes para uma mesma variável de

controle.

Figura 11 - Ilustração do macrocycle da rede

2.3.2.4: Live-List

O conceito de live-list se refere à lista dos dispositivos presentes na rede

Foundation Fieldbus. O LAS mantém esta lista atualizada através do envio de

16

mensagens periódicas à endereços não utilizados com o objetivo de identificar

novos equipamentos na rede.

Figura 12 - Live-List da rede

2.3.2.5: O controle de Erros

A detecção de erros efetuada nesta camada se dá pela transmissão de um

Frame Check Sequence (FCS) na mensagem gerada pelo emissor. No dispositivo

receptor, o FCS que chega é comparado com um FCS calculado internamente para

fins de checagem.

2.3.3: Camada de Aplicação

A camada de aplicação é a camada responsável pela interoperabilidade

oferecida pelas tecnologias fieldbus. É nesta camada que os tipos de dados e

objetos são definidos. Para formar objetos de dados mais complexos, são

combinados alguns dos 13 tipos simples de dados definidos.

A camada de aplicação das redes do tipo Foundation consiste de duas

subcamadas: a Fieldbus Access Sublayer (FAS) e a Fieldbus Message Specification

(FMS). O Fieldbus Access Sublayer (FAS) utiliza as características da camada de

enlace de dados (DLL) para fornecer serviços ao Fieldbus Message Specification

(FMS) na forma de “Virtual Communication Relationships” (VCR), ou seja relações

virtuais de comunicação. Existem 3 tipos básicos de VCRs:

17

O modelo publisher/subscriber VCR é utilizado para publicações cíclicas de

saídas de blocos funcionais que são subscritas em entradas de outros blocos. Este

tipo de comunicação é buferizada de forma que quando um bloco funcional gera

novo valor de saída, este valor sobrescreve o anterior.

O segundo tipo de comunicação é o report distribution VCR, utilizado para

transmissões acíclicas como alarmes, notificações de eventos para a estação de

operação. Nesta comunicação os eventos são enviados em ordem determinada por

prioridade e data de ocorrência e não sobrescrevem eventos anteriores.

A última forma é o modelo client/server VCR para transmissões acíclicas

como leitura e escrita de parâmetros nos dispositivos e download de configuração

da estação de operação. Este modelo também não sobrescreve requisições

anteriores.

2.3.3.1: Foundation Object Dictionary (OD)

O protocolo Foundation é orientado a objetos, isto é, a informação dentro dos

equipamentos da rede é acessada desta forma. Na subcamada FMS, os parâmetros

dos blocos funcionais, para configuração dos dispositivos e construção de

estratégias, são representados por objetos e listados em um dicionário. Assim cada

objeto é identificado por um index, ou seja, todos os blocos funcionais e seus

parâmetros possuem um index. Como alguns parâmetros são ainda subdivididos em

elementos para guardar mais de uma informação, todos estes elementos possuem

um subindex.

O dicionário de objetos mapeia os dados reais contidos na memória de cada

equipamento fieldbus e os tipos de dados dos parâmetros dentro dos blocos de

função. No entanto, os usuários não têm acesso direto aos endereços de memória

dos equipamentos, assim como aos VFDs ou indexes, interagindo apenas com os

tags e nomes dos parâmetros dos blocos. Os Tags são nomes dados aos blocos

funcionais, pelos usuários, dentro da sua aplicação com o objetivo de identificá-los

na rede. Assim como os blocos, cada parâmetro tem seu nome que é uma

composição do tag do instrumento, no qual está inserido, mais o tag do bloco e o

nome do parâmetro em questão.

18

2.3.3.2: Foundation Virtual Field Device (VFD)

VFD é uma subdivisão lógica da informação contida nos dispositivos

Foundation Fieldbus, isto é dispositivos virtuais menores dentro do equipamento

físico. Cada equipamento Foundation consiste de pelo menos 2 VFDs, o primeiro

contém o gerenciamento do sistema (SM, System Managment) e da rede (NM,

Network Managment). O segundo é utilizado para acesso aos blocos funcionais da

aplicação (FBAP, Funcion Block Aplication Process). Na Figura 13, pode-se

observar a presença dos dois principais VFDs de um dispositivo fieldbus.

Figura 13 - 2 principais VFDs de um dispositivo fieldbus

2.3.3.3: Serviços de Comunicação

É a subcamada FMS quem provê a série de serviços como leitura, escrita, e

acesso a objetos. Existem ao todo 7 grupos de serviços destinados a diferentes

tipos de objetos. Entre eles estão serviços como gerenciamento de VFDs,

gerenciamento do dicionário de objetos, acesso (leitura/escrita) a objeto de blocos

19

funcionais, download / upload de dados em áreas específicas da memória dos

dispositivos, estabelecimento de conexões, invocação de programas dentro dos

dispositivos, etc.

2.3.4: Camada de Usuário

A camada de usuário, também conhecida como camada de aplicação de

usuário (User Application Layer), é onde a verdadeira funcionalidade do sistema

acontece. É nesta camada que os transmissores medem, posicionadores atuam, e

usuários interagem com a rede. É este o nível onde os formatos de dados e sua

semântica são definidos permitindo que os dispositivos fieldbus possam entender os

dados e atuar de acordo com o desejado pela aplicação. As redes do tipo

Foundation têm uma camada de aplicação de usuário orientada a objetos que se

baseia nos blocos funcionais previamente citados neste documento. Estes blocos

são distribuídos entre os instrumentos na rede. Dentro de cada instrumento, os

blocos ficam contidos em uma Function Block Application Process (FBAP) alocada

em uma VFD.

2.3.4.1: Foundation Block Objects

Uma FBAP é dividida em duas partes: um processo de aplicação do

dispositivo (DAP) e um processo de aplicação de controle (CAP). A DAP contém os

blocos responsáveis pela configuração dos dispositivos e a CAP, os blocos

funcionais que irão implementar a estratégia de controle da aplicação. Os blocos

Foundation Fieldbus se classificam em três tipos:

Resource Block: É padronizado e há apenas um em cada VFD. Ele descreve as

características gerais do equipamento tais como fabricante, tipo, versão, dentre

outras.

Transducer Block (Bloco Transdutor): São eles que conectam os blocos

funcionais ao mundo externo, cuidando de detalhes relativos ao hardware de cada

equipamento como calibração do sensor, tipo do sensor, diagnóstico, faixa de

operação, etc.

Function Blocks (Blocos Funcionais): Representam as funções ou algoritmos a

ser executados pelo sistema, como por exemplo, medir, atuar, calcular.

20

As aplicações de controle são construídas com o uso destes tipos de blocos

funcionais. Isto inclui tanto a configuração dos blocos resource e transducer como a

configuração e manipulação das entradas e saídas dos blocos funcionais

propriamente ditos para a criação das estratégias de controle.

2.3.4.2: Foundation Link Objects

Os blocos funcionais propriamente ditos podem ser conectados entre si de

forma a trocar informações e formar as estratégias. Estas conexões recebem a

denominação de links e são efetuadas entre as entradas e saídas dos blocos.

Além dos Blocks e Link Objects, existem outros tipos de objetos como Trend

Objects para armazenar histórico de variáveis e Alarm Objects para reportar alarmes

e eventos às estações de operação.

2.3.4.3: Foundation Device Description (DD)

A descrição de um equipamento Foundation Fieldbus é feita através de dois

arquivos conhecidos como Device Description (DD) e Capability File (CF). O DD

descreve todos dados do equipamento enquanto que o CF contém as informações a

respeito da comunicação do mesmo. Ambos os arquivos são escritos e fornecidos

pelos fabricantes.

2.4: Configurando uma rede Foundation Fieldbus

A configuração de uma rede objetivando a criação do sistema de controle de

um processo é feita com o uso de um programa configurador. Este programa é

geralmente baseado em PC e é instalado na estação de operação do sistema,

mostrada anteriormente na Figura 5, onde se observa a topologia da rede. O

programa se comunica com os equipamentos do nível H1 da rede através de uma

interface Foundation Fieldbus (PCI) ou de um Linking Device. No caso do Linking

Device esta comunicação é via Ethernet e o instrumento que faz esta ponte é o

componente DFI302, Ponte Universal Fieldbus presente no sistema System 302 da

empresa SMAR.

21

O programa configurador presente no SYSTEM 302 da SMAR é o SYSCON

cujo ambiente pode ser visualizado nas próximas figuras. No programa configurador,

o usuário deve configurar a rede assim como a estratégia de controle e os

dispositivos presentes na rede. Esta ferramenta permite a criação de estratégias em

modo off-line, ou seja, as informações são armazenadas em uma base de dados

não nos instrumentos. A idéia é que, em um momento inicial, - estágio de

desenvolvimento de uma solução de controle para um processo - a configuração

seja off-line para que, depois de pronta, seja carregada em um procedimento

conhecido como Download, onde as informações serão armazenadas nos

instrumentos. A partir daí, a ferramenta também permite fazer alterações em modo

on-line. Por razões de segurança, somente algumas alterações podem ser

realizadas em modo on-line como mudanças de parâmetros. Alterações mais

consideráveis só podem ser realizadas off-line e depois carregadas novamente.

Na etapa de configuração off-line, estão inclusos os aspectos físicos e lógicos

da aplicação. Primeiro o programa configurador cria a rede fieldbus. A partir daí, a

configuração se divide em duas partes: configuração da Área 1 e da Fieldbus

Networks.

Figura 14 - Áreas Física e Lógica de uma rede Foundation Fieldbus

A área Fieldbus Networks é onde se configura a rede fisicamente. Nesta

parte são selecionados os instrumentos que farão parte da aplicação. Assim cada

instrumento recebe um nome (tag). Este tag é depois associado a um número de

identificação do dispositivo (ID) para que o instrumento possa ser identificado na

aplicação através do seu tag. Na Figura 15 mostra-se também a possibilidade de

escolha de instrumentos de diversos fabricantes pertencentes a Fieldbus

Foundation.

22

Figura 15 - Inserção de novo instrumento na rede

Depois de adicionados todos os dispositivos, o usuário deve adicionar todos

os blocos funcionais a cada instrumento de acordo com a necessidade da aplicação.

Nesta etapa deve ser respeitado o fato de que todos os instrumentos devem possuir

os blocos fundamentais como: resource, transducer e display (responsável pela

formatação da informação mostrada no display do instrumento). É neste momento

que o usuário escolhe também os tags dos blocos.

Por fim todos os blocos devem ser configurados o que inclui setar uma série

de parâmetros contidos nos mesmos para que as funções desejadas sejam

executadas corretamente. Na Figura 13 mostrada anteriormente pode se observar

os blocos instanciados nos dispositivos da rede.

Na Área 1 é realizada a criação da estratégia de controle propriamente dita,

ou seja a modelagem lógica do sistema. Nela os blocos funcionais do terceiro tipo

(conforme seção 2.3.4), que contém entradas e saídas e podem ser conectadas,

são “arrastados” da área física para a lógica. Este arraste é um procedimento

bastante simples onde o programa configurador oferece uma maneira bastante

agradável de programação. Assim, as conexões são feitas e as estratégias

implementadas. Um exemplo de controle PID tradicional pode ser visto na Figura 16.

23

Figura 16 - Estratégia com blocos funcionais conectados

Vale ressaltar que as conexões podem ser feitas entre blocos contidos no

mesmo dispositivo ou mesmo entre blocos de diferentes equipamentos. Por

exemplo, em um controle PID tradicional de nível, um bloco PID e um bloco Analog

Input são instanciados em um transmissor de nível e um bloco Analog Output em

uma válvula para atuação.

Depois de finalizada a etapa de configuração off-line o download da mesma é

efetuado. No download, toda a configuração é passada aos equipamentos de

campo de acordo com a rede criada. No modo on-line é possível monitorar o

andamento do processo com os valores dos parâmetros disponíveis em tempo real.

Entre as alterações permitidas neste modo, está a mudança nos valores de alguns

parâmetros como setpoints, e parâmetros de controladores. O que não se permite,

no entanto, é fazer nenhuma alteração nas conexões entre os blocos, ou seja, na

estratégia.

2.5: Os Blocos Funcionais Transfer Function e Smith Predictor

Os blocos criados para implementar o preditor de Smith, de onde surgiu a

necessidade de uma identificação automática de processos se encaixam no grupo

dos blocos funcionais (Function Blocks) que fazem parte da estratégia de controle

do sistema. Como exemplos destes blocos temos:

24

• Analog Input: Utilizado para representação de entradas analógicas

provenientes de transmissores de pressão, temperatura, densidade, etc.

• Discrete Input: Representa um sinal de entrada discreto vindo por exemplo de

um cartão de entradas discretas.

• Analog Output: Utilizado para sinais analógicos de saída dos atuadores

Fieldbus como posicionadores de válvula, conversores de sinal digital em

corrente (4-20mA), etc.

• Discrete Output: Sinais de saída discretos utilizados, por exemplo para

interligar a lógica de controle analógico fieldbus com instrumentos de

operação discreta como bombas, válvulas solenóide, etc.

• PID: Bloco funcional que executa a funcionalidade do controlador clássico

PID para controle de processos.

• Arithmetic: Permite executar uma série de operações aritméticas,

previamente programadas, entre os sinais de uma estratégia de controle.

Figura 17 - Esquemático do Bloco Funcional PID com suas entradas, processamento e saídas

Estes são apenas alguns dos blocos funcionais, parte da tecnologia. Entre os

muitos blocos, os dois blocos Transfer Function e Smith Predictor [8] serão

explicados mais em detalhe para melhor entendimento do corrente projeto.

25

2.5.1: Transfer Function

O bloco Transfer Function tem como finalidade representar modelos

matemáticos de sistemas de até segunda ordem, através de parâmetros internos

nomeados de A, B, C, D, E e F como os coeficientes de uma função de

transferência do tipo:

2

2

As Bs CDs Es F

+ ++ +

Possui uma entrada para conexão da variável de atuação do processo

representado (variável manipulada) e uma saída gerando o sinal de saída do

processo. O bloco foi construído de modo que o usuário da aplicação edite uma

função de até segunda ordem contínua, que é transformada para o domínio

discreto. A entrada do bloco é então aplicada à equação a diferenças, resultante

desta transformação e, de acordo com a amostragem do sistema (macrocycle da

rede fieldbus), produz o sinal de saída. Isto no entanto fica transparente ao usuário

que pode trabalhar no domínio contínuo “s”.

Figura 18 - Esquemático do Bloco Transfer Function

2.5.2: Smith Predictor

O bloco Smith Predictor é quem realmente implementa as operações do

preditor de Smith. Ele necessita do bloco Transfer Function para representar o

26

modelo do processo controlado de acordo com a própria estrutura do Preditor de

Smith.

Possui três entradas. Uma é a entrada do processo real (IN_1) com atraso de

transporte vinda por exemplo de um bloco Analog Input. A segunda (IN_2) é a

entrada do modelo do processo sem atraso que originalmente deve ser conectada a

saída de um bloco Transfer Function. Já a terceira é o próprio atraso do processo

(DELAY_TIME) que pode ser configurado pelo usuário, pois é um parâmetro interno

do bloco, ou receber um valor proveniente de outro bloco através de um link, para

sistemas que tenham um atraso variável por exemplo.

Como saída, o bloco tem apenas uma que depende do modo em que o bloco

está operando. O bloco pode funcionar como BYPASS e neste caso a saída tem o

valor da sua entrada do processo real. Também pode funcionar como um atrasador

de sinal (DELAY) e neste caso, a saída é o sinal da entrada do modelo do processo

atrasado de acordo com o parâmetro DELAY_TIME. No caso da operação como

preditor (SMITH PREDICTOR), a saída é o sinal de realimentação do preditor a ser

conectado a entrada de processo de um bloco PID. Abaixo o funcionamento do

bloco é melhor entendido através de seu esquemático.

Figura 19 - Esquemático do bloco Smith Predictor

Uma implementação que utilize o Preditor de Smith para controle de plantas

com atraso de transporte pode ser visualizada através de uma estratégia com

blocos funcionais mostrada na próxima seção.

27

2.5.3: Estratégia para compensação de atraso

Para entender como um processo com tempo morto é controlado com o uso

de blocos funcionais criados, inicia-se com o controle de temperatura do capítulo 1,

com a inserção dos instrumentos fieldbus em uma rede do tipo Foundation (Figura

20a). A visualização da estrutura de controle clássica do Preditor de Smith é

mostrada na Figura 20b que corresponde em diagrama de blocos funcionais à

estratégia da Figura 20d. Dentro desta estratégia, o bloco nomeado DFI_SPB que é

do tipo Smith Predictor, tem seu esquemático ampliado na Figura 20c.

Figura 20 – a. Visão do processo real com instrumentação Foundation Fieldbus – b. Diagrama de

Blocos do Preditor de Smith – c. Esquemático do bloco SMITH PREDICTOR – d. Estratégia de

controle com blocos funcionais

Neste exemplo de controle de temperatura, o sinal de número 1 corresponde

ao sinal de temperatura medido pelo transmissor de temperatura TT302 e

disponibilizado pelo bloco Analog Input (TT_AI), instanciado neste transmissor. O

sinal de número 2 é o sinal de saída do modelo do processo, gerado pelo bloco

Transfer Function (DFI_TF), enquanto o sinal 3 é o sinal 2 atrasado no tempo. Este

sinal de número 3 é interno ao bloco Smith Preditctor (DFI_SPB) que, junto com o

bloco Transfer Function e o bloco de controle PID (DFI_PID) são instanciados

dentro da unidade DFI302. O sinal de número 4 é a saída do bloco Smith Predictor

28

que é a própria realimentação do controle PID. O sinal de número 5 é a ação de

controle do sistema que é enviada à válvula para atuação através do bloco Analog

Output (FY_AO) instanciado no posicionador fieldbus FY302 da válvula. Todos estes

três instrumentos utilizados neste exemplo pertencem à linha de equipamentos

Foundation Fieldbus da SMAR.

A identificação automática, objetivo do presente projeto, é o auxílio na

configuração dos parâmetros do modelo do processo, representado pelo bloco

Transfer Function (DFI_TF) dentro desta estratégia (Figura 20d).

O uso conjunto dos blocos Transfer Function e Smith Predictor, para

composição de uma estratégia como a mostrada nesta seção, permite o controle de

plantas industriais de primeira ou segunda ordem estáveis. Para o controle de

plantas integradoras [8], faz-se necessário algumas alterações no diagrama de

blocos do Preditor e conseqüentemente, a utilização de outros blocos funcionais,

como por exemplo o bloco Aritmético, e uma estratégia com blocos funcionais

ampliada para implementação destas alterações.

2.6: Vantagens da tecnologia

Para finalizar este capítulo alguns conceitos importantes, presentes na

tecnologia de redes Foundation Fieldbus, para os sistemas de controle da

atualidade. Entre os principais, temos:

Redução de Hardware: As funções de controle dos sistemas são desempenhadas

pelos blocos funcionais dentro de cada dispositivo. Isto reduz o número de

componentes como: entradas e saídas, elementos de controle como cartões,

gabinetes, etc.

Qualidade e Quantidade de Informação: Estas redes possuem formato que

permite que os equipamentos possam ser conectados a um barramento

compartilhado onde a informação é transmitida de forma digital. Isto reduz os custos

de cabeamento das aplicações tradicionais, onde se faz necessário um cabo para

cada variável transmitida e permite maior quantidade de dados a serem

transmitidos. Além disso, as características da comunicação digital possibilitam uma

maior qualidade das informações contidas na rede.

29

Interoperabilidade: Como Foundation Fieldbus é um protocolo aberto, todos os

fabricantes certificados pela Fieldbus Foundation podem fornecer equipamentos que

serão capazes de se comunicar com qualquer outro dentro de uma rede desta

tecnologia.

Controle distribuído: Devido à eletrônica embarcada nos equipamentos, as tarefas

podem ser divididas tornando os sistemas mais simples e eficientes.

Diagnóstico: A inteligência de cada instrumento Foundation Fieldbus permite

aumentar a disponibilidade e a segurança operacional reduzindo os custos de

manutenção da rede.

Redundância: A rede proporciona imunidade a falhas que possam ocorrer com

alguns de seus equipamentos ou a sua estrutura. Isto é possível pois as redes

podem ser instaladas de modo a operar com redundância de equipamentos,

cabeamento, etc.

30

Capítulo 3: Conceitos sobre Identificação de Processos

Monovariáveis com Modelos Lineares

3.1: Introdução

O conceito de sistema [5] pode ser definido de diferentes formas. Em controle

de processos, denota-se como um objeto ou uma coleção de objetos que realiza um

certo objetivo e cujas propriedades pretende-se estudar. Alguns exemplos são:

sistema de fabricação de papel ou cerâmica, sistema solar, circuito elétrico,

servomecanismo de posição, manipulador robótico, reator, coluna de destilação,

entre muitos outros como o próprio sistema de aquecimento de temperatura do

capítulo 1.

Figura 21 - Componentes de um Sistema Monovariável

Os problemas associados à estrutura acima presentes no ramo de controle

de processos podem ser entendidos como:

• Análise: é conhecida a entrada u(.), o sistema g(.) e deve-se obter a saída y(.).

• Projeto: é conhecido o sistema g(.), a saída que se deseja y(.) e deve-se obter a

entrada u(.) que proporcione tal saída.

• Identificação: conhece a entrada u(.) e a saída y(.) e quer-se obter o sistema g(.)

que estabeleça a relação correta entre entrada e saída. Deste modo a aplicação

da entrada u(.) ao sistema obtido g(.) deve produzir uma saída estimada y^(.)

que deve-se aproximar ao máximo da saída real y(.).

A identificação é portanto uma das atividades necessárias para o controle de

processos industriais e antecede o Projeto e Análise dos mesmos. Os

31

procedimentos envolvidos na elaboração de modelos matemáticos para

representação dos processos podem ser classificados de duas formas:

• Análise físico-matemática: baseia-se nas leis da física que caracterizam um

processo em particular, como as leis de conservação de massa, de energia e

de momento, por exemplo.

• Análise experimental: baseia-se em medidas ou observações acerca do

processo.

Estes procedimentos permitem a obtenção de modelos que representem a

dinâmica do processo, também conhecido como planta. Para fins de controle de

processos, não se pretende encontrar um modelo exato, mas um modelo adequado

para uma determinada aplicação. Este é o caso da estrutura do Preditor de Smith,

que necessita de um modelo matemático linear da planta com atraso que se deseja

controlar, para poder realizar a compensação do atraso em sua estrutura.

A representação de sistemas lineares pode ser realizada de diferentes

maneiras como: funções de transferência contínua ou discretas, resposta impulsiva,

equações de estados, etc. A estrutura do Preditor requer o formato das funções de

transferência para identificar o processo em questão.

3.2: Técnicas de Identificação

A identificação de processos constitui-se assim em uma atividade complexa,

tratada muitas vezes como um problema de otimização onde se busca estimar, com

a melhor precisão possível, modelos matemáticos representativos. A seleção destes

modelos e os ajustes de seus parâmetros são influenciados por muitos fatores

como: conhecimento a priori do sistema, propriedades do modelo, presença de

ruídos, critérios a serem minimizados na identificação, etc. Qualquer das técnicas

existentes pode facilmente falhar na estimação do modelo caso estes e alguns

outros fatores não sejam respeitados ao longo do ensaio de identificação. A noção

de um bom modelo também é subjetiva o que faz com que a “tentativa e erro” seja

uma regra bastante empregada atualmente na engenharia.

32

A meta de um algoritmo de identificação é a minimização de um critério de

desempenho e se todas as condições e restrições forem atendidas, um modelo

obtido pode ser aceito. Isto caracteriza um problema de otimização.

A área de identificação tem tido considerável interesse nos últimos anos para

fins como de previsão, supervisão, diagnóstico e controle. Observa-se a sua

aplicação em diversos campos da engenharia, tais como processos químicos,

sistemas elétricos, biomédicos entre outros.

Fundamentalmente, a identificação de sistemas consiste na determinação do

modelo matemático que represente os aspectos essenciais de um sistema,

caracterizado pela manipulação dos sinais de entrada e saída e que estão

relacionados através de uma função de transferência contínua ou discreta (Ljung,

1999). Para isso, diferentes procedimentos existem para geração destes sinais de

entrada, coleta e armazenamento dos sinais de saída e estimação do modelo.

Como exemplos temos:

- Identificação pelo teste de resposta ao degrau: aplica-se uma variação do tipo

degrau na entrada do processo armazenando-se de alguma forma os dados da

saída conseqüente. Esta curva de reação obtida é submetida então à técnicas

gráficas ou numéricas para estimação do modelo do processo. Como o sinal degrau

é um sinal com pobre composição freqüencial, este método serve para processos de

ordens inferiores (primeira e segunda ordem).

- Identificação pelo teste reposta em freqüência: aplica-se uma entrada do tipo

senoidal e analisam-se as curvas de magnitude e fase, identificando a freqüência de

corte e a função de transferência estimada.

- Identificação off-line: excita-se o processo com sinais de teste apropriados e

armazenam-se as medidas de entrada e saída do ensaio de identificação para

estimação posterior dos parâmetros do modelo. Neste caso necessita-se de coleta

de dados e memória para armazenamento de dados, pois o cálculo dos parâmetros

é feito após o ensaio.

- Identificação on-line: diferencia-se do tipo anterior pelo fato de ser um

procedimento iterativo em que o cálculo dos parâmetros é feito simultaneamente ao

ensaio de identificação. Não há a necessidade de coleta de dados como no tipo

anterior e métodos recursivos são empregados para atualização dos parâmetros da

33

função de transferência, a cada período de amostragem da identificação. A

identificação segue até a convergência dos parâmetros estimados.

Todas estas técnicas consideram modelos lineares para representação de

sistemas. O uso de sistemas lineares para representação de processos industriais é

largamente utilizado. Isto pelo fato destes modelos poderem aproximar bem

sistemas industriais em torno de determinados pontos de operação. Além disso as

propriedades dos modelos lineares facilitam o estudo do comportamento dos

processos a ser identificados.

Dois métodos que se encaixam nos dois últimos tipos citados acima foram

estudados ao longo do projeto e serão explicados mais em detalhe na seqüência

deste capítulo. Estes métodos se baseiam no estimador dos mínimos quadrados

(Ljung, 1999), que é a base para muitas outras técnicas de identificação.

3.2.1: Estimador dos Mínimos Quadrados Não Recursivo

O método dos Mínimos Quadrados é um método de identificação largamente

utilizado. Ele possui duas variantes de formulação [6]: off-line e on-line. Estas duas

variações são respectivamente os casos não recursivo e recursivo.

Uma forma de entender a formulação dos métodos MQR é iniciar pela

representação de modelos por funções de transferência discretas. A função de

transferência discreta entre a entrada U e a saída Y para um sistema de primeira

ordem é:

( )( )

Y z bU z z a

=+

que corresponde a equação de diferenças:

( 1) . ( ) . ( )y k a y k b u k+ = − +

Para o caso de um processo com atraso de transporte equivalente ao termo

“d”, têm-se:

( )( )

dY z bz

U z z a−=

+

34

Multiplicando-se o numerador e o denominador da equação anterior por 1z− ,

têm-se:

1

1

( ).

( ) 1

dY z bzU z az

− −

−=+

A partir desta expressão obtém-se a equação à diferenças:

( ) ( 1) ( 1 )y k ay k bu k d= − − + − −

Nota-se que os operadores z e z-1 significam respectivamente avanço e

atraso de um tempo de amostragem.

Considerando que seja aplicada uma entrada u(k) variante no tempo desde o

tempo zero (k = 1) até o tempo T (k = N), pode-se agrupar os dados das leituras em

um vetor de saídas Y e uma matriz com os valores passados de saída e entrada X.

Têm-se então um sistema matricial:

Y X Eθ= +

Onde Y é o vetor de saídas com dimensão Nx1 onde N é igual ao número de

amostras coletadas. A matriz X contém as saídas e entradas passadas e tem

dimensão Nx2. O vetor θ tem os coeficientes desejados para a identificação. Estes

coeficientes são os termos da função de transferência, no domínio discreto, do

processo que se deseja identificar.

(2)(3)...( )

Y

YY

Y N

� �� �� �=� �� �� �

(1) (1)(2) (2)

( 1) ( 1)

Y U

Y U

X

Y N U N

−� �� �−� �� �=� �− − −� �� �� �

� a

bθ � �

= � �� �

No caso de um sistema de segunda ordem a matriz Y continua tendo

dimensão Nx1 e a matriz X passa a ter dimensão Nx4 e o vetor θ sendo 4x1.

1 2 1 2( ) ( 1) ( 2) ( 1) ( 2)y k a y k a y k b u k b u k= − − − − + − + −

(3)(4)...( )

YY

Y

Y N

� �� �� �=� �� �� �

(2) (1) (2) (1)(3) (2) (3) (2)

... ... ... ...( 1) ( 2) ( 1) ( 2)

Y Y U UY Y U U

X

Y N Y N U N U N

− −� �� �− −� �=� �� �− − − − − −� �

1212

aabb

θ

� �� �� �=� �� �� �

35

O que se deseja calcular é o vetor θ sendo que se tem Y e X. Se formula

então um problema de otimização que procura determinar θ de forma a minimizar o

somatório do quadrado do erro e(k) para k = 2:N

Como E Y Xθ= −

Para minimizar o erro calculamos a derivada primeira de J e igualamos a zero

obtendo:

Como XTX é quadrada pode-se calcular sua inversa e obter a matriz desejada

θ.

Esta operação é realizada uma vez ao final da coleta dos dados e da

montagem das matrizes X e Y. A precisão da resposta encontrada pode ser

verificada na matriz TX X . Esta matriz deve primeiramente ser não singular e

portanto inversível. Além disso deve possuir um número de condição adequado. O

número de condição de uma matriz identidade é 1 enquanto que o número de

condição de uma matriz singular tende ao infinito. Portanto uma matriz com alto

número de condição é uma matriz mal condicionada e isto pode gerar soluções com

grandes erros.

3.2.2: Estimador do Mínimos Quadrados Recursivo

Em um método de identificação recursivo, os parâmetros do modelo desejado

são calculados recursivamente no tempo. Isto significa que não são armazenadas

uma série de amostras como no método não recursivo. Quando houver uma

36

estimativa �θ (k-1) baseada em dados no instante k-1, então, �θ (k) será calculada a

partir de �θ (k-1). Para detalhamento do método, recorre-se à mesma equação do

método não recursivo:

1( )T TX X X Yθ −=

Neste método será adotada uma nova notação para a matriz X, porém a

forma de montá-la é a mesma do método não recursivo. Ela será substituída pela

matriz φ . A matriz φ no instante k é representada por ( )kφ e contém todas as

amostras coletadas até este instante. Isto significa que no instante k, a equação

anterior se torna:

� 1( ) [ ( ) ( )] ( ) ( )T Tk k k k Y kθ φ φ φ−=

A cada novo instante a matriz ( )kφ é aumentada em uma linha com as novas

amostras coletadas. Como esta matriz ( )kφ contém todas as amostras coletadas

até o instante k, introduz-se a notação do vetor ( )T kϕ que corresponde à última

linha da matriz ( )kφ , isto é, apenas as últimas amostras coletadas. Isto pode ser

melhor entendido através do equacionamento seguinte:

1 1

1 1

1 1

(1) (1)( 1)(2) (2)

( 1) ... ( )( )... ...

( 1) ( )

T Txn xn

T Txn xn

T

T Txn xn

kk k

k

k k

ϕ ϕφϕ ϕ

φ φϕ

ϕ ϕ

� � � �� � � � −� �� � � �− = = = � �� � � � � �� � � �

−� � � �� � � �

O mesmo ocorre com o vetor ( )Y k . A cada instante é adicionada uma nova

linha a este vetor-coluna. Neste caso a notação do escalar ( )y k é utilizada para

representar o último termo de ( )Y k .

1 1 1 1

1 1 1 1

1 1 1 1

(1) (1)(2) (2) ( 1)

( 1) ... ( )... ... ( )( 1) ( )

x x

x x

x x

y y

y y Y kY k Y k

y ky k y k

� � � �� � � � −� �� � � �− = = = � �� � � � � �� � � �−� � � �

No instante k, têm-se então os vetores �( 1) , ( 1) , ( )k k Y kθ φ− − , coleta-se as

novas amostras atuais, atualizando ( 1)kφ − para ( )kφ , e calcula-se o novo vetor de

parâmetros estimados �( )kθ .

37

( ) ( 1) ( )T Tk k kφ φ ϕ� �= −� �

( 1)( ) ( ) ( 1) ( )

( )T T

T

kk k k k

φ φ φ ϕϕ

−� �� �= − � �� �

� �

( ) ( ) ( 1) ( 1) ( ) ( )T T Tk k k k k kφ φ φ φ ϕ ϕ= − − +

No entanto, deve-se encontrar uma maneira de atualizar a matriz �( )kθ sem

ter que calcular a inversa de ( ) ( )Tk kφ φ a cada iteração do método. Para isso se

introduz a notação:

1( 1) [ ( 1) ( 1)]TP k k kφ φ −− = − −

( 1) ( 1) ( 1)TB k k Y kφ− = − −

Assim, a matriz �( )kθ fica:

�( ) ( ) ( )k P k B kθ =

�( 1) ( 1) ( 1)k P k B kθ − = − −

1 1( ) ( 1) ( ) ( )TP k P k k kϕ ϕ− −= − +

( ) ( 1) ( ) ( )B k B k k y kϕ= − +

Deseja-se obter B(k) a partir de B(k-1) e P(k) a partir de P(k-1). Para isso é

utilizado o seguinte Lema de Inversão de matrizes:

1 1 1 1 1 1 1

1

( ) ( )

( 1) , 1 , ( ) , ( )T

A BCD A A B C DA B DA

A P k C B k D kϕ ϕ

− − − − − − −

+ = − += − = = =

então,

1 1 1 1

1

( ) [ ( )] [ ( 1) ( ) ( )]

( 1) ( 1) ( )[1 ( ) ( 1) ( )] ( ) ( 1)

( ) ( ) ( 1)( ) ( 1)

1 ( ) ( 1) ( )

onde 1 ( ) ( 1) ( ) é um escalar.

T

T T

T

T

T

P k P k P k k k

P k P k k k P k k k P k

k k P kP k P k I

k P k k

k P k k

ϕ ϕϕ ϕ ϕ ϕ

ϕ ϕϕ ϕ

ϕ ϕ

− − − −

= = − + == − − − + − −

� �−� = − −� �+ −� �

+ −

De acordo com a equação do erro de previsão ε(k):

38

� �

( ) ( ) ( ) ( 1) ( ) ( ) ( 1) ( )

( ) ( 1) ( ) ( ) ( 1) ( )[ ( ) ( 1) ( )]

( ) ( 1) ( ) ( ) ( 1) ( ) ( )

T T

T

T

k y k k k y k k k k

B k B k k y k B k k k k k

B k B k k k k k k

ε ϕ θ ϕ θ ε

ϕ ϕ ϕ θ ε

ϕ ϕ θ ϕ ε

= − − � = − +

= − + = − + − +

= − + − +

Da equação anterior: � �1( ) ( ) ( ) ( 1) ( 1) ( 1)k P k B k B k P k kθ θ−= � − = − −

� � �

� �

1

1

( ) ( )[ ( 1) ( 1) ( ) ( ) ( 1) ( ) ( )]

( ) ( )[ ( 1) ( ) ( )] ( 1) ( ) ( ) ( )

T

T

k P k P k k k k k k k

k P k P k k k k P k k k

θ θ ϕ ϕ θ ϕ ε

θ ϕ ϕ θ ϕ ε

= − − + − +

= − + − +

Mas como 1 1( 1) ( ) ( ) ( )TP k k k P kϕ ϕ− −− + = , chega-se a:

� �( ) ( 1) ( ) ( ) ( )k k P k k kθ θ ϕ ε= − +

O termo ( ) ( )P k kϕ é um vetor coluna e é denominado ganho do estimador

K(k), ou seja,

( 1) ( )( ) ( ) ( )

1 ( ) ( 1) ( )T

P k kK k P k k

k P k kϕϕ

ϕ ϕ−= =

+ −

O vetor de parâmetros estimados é calculado por:

� �( ) ( 1) ( ) ( )k k K k kθ θ ε= − +

A equação que calcula P(k) fornece a atualização de P(k-1) para P(k) sem

inversão de matriz. Pode-se utilizar a definição da matriz K(k) para reescrever a

equação de atualização de P(k).

( 1) ( ) ( ) ( 1)( ) ( 1) ( ) ( 1) ( ) ( ) ( 1)

1 ( ) ( 1) ( )

TT

T

P k k k P kP k P k P k P k K k k P k

k P k kϕ ϕ ϕ

ϕ ϕ− −= − − � = − − −

+ −

Chega-se assim as equações fundamentais que compõem o método

recursivo, onde ε(k) é o erro de predição que é a diferença entre a saída medida e a

saída do modelo predito baseada nos parâmetros do instante k-1, o vetor K(k) é o

ganho do estimador e a matriz P é denominada matriz de covariância. Note que

estas equações não exigem o armazenamento de todas as amostras do ensaio

como no método não recursivo. Isto pois as equações do método mostradas a

seguir só utilizam os dados do instante atual k da iteração e do instante anterior k-1.

39

� �

1 1

1

1

2 2

4 4

( ) ( ) ( ) ( 1)

( 1) ( )( )

1 ( ) ( 1) ( )

( ) ( 1) ( ) ( ): 1ª ordem

( ) ( 1) ( ) ( ) ( 1) : 2ª ordem

Tx

nx T

nx

xT

x

k y k k k

P k kK k

k P k k

k k K k k

PP k P k K k k P k

P

ε ϕ θϕ

ϕ ϕ

θ θ ε

ϕ

= − −−=

+ −

= − +

= − − −

O erro de previsão torna-se zero quando �θ θ→ . A medida da qualidade do

estimador pode ser inferida a partir da magnitude dos elementos da diagonal

principal da matriz P, denominada como matriz de covariância do estimador. Assim,

por exemplo, se o termo (1,1) da matriz P é pequeno, significa que a estimativa do

primeiro parâmetro da identificação é adequada. Por outro lado se o termo (n,n) da

matriz P é grande, significa que o termo “n” do vetor θ, não é uma boa estimativa

para o modelo do processo em questão.

Para inicialização do algoritmo, deve-se atribuir valores iniciais para �θ (0) e

P(0). Como em geral não se tem conhecimento a respeito dos parâmetros do

modelo do processo a ser identificado, �θ (0) é inicializado como um vetor contendo

valores pequenos e P como uma matriz identidade multiplicada por um fator grande

(por exemplo 104). Caso alguma condição inicial a respeito dos parâmetros é

disponível, esta informação deve ser utilizada para �θ (0) enquanto a matriz P será

uma matriz identidade multiplicada por um fator não tão grande (por exemplo 10). A

partir do momento que o algoritmo processa suas iterações, os elementos de P

decrescem em magnitude, de modo que o ganho, torna-se aproximadamente nulo

fazendo com que �( 1) ( )k kθ θ+ ≈ .

No entanto, a medida que o vetor ganho tende a zero, o estimador perde a

capacidade de adaptação à processos variantes no tempo. Esta capacidade pode

ser mantida dando-se uma importância maior às novas medidas da identificação

pela regulagem de um fator de esquecimento conhecido como λ. O fator de

esquecimento portanto evita que os elementos de P e por conseqüência de K,

tendam a zero, mantendo o estimador em alerta para rastrear dinâmicas variantes

no tempo. Na prática utiliza-se um valor de λ entre 0.9 e 1 para uma ponderação

maior às medidas atuais, sendo que quando λ = 1 há a mesma ponderação entre as

medidas mais antigas e atuais.

40

O uso do fator de esquecimento é uma das formas de tratar com processos

variantes no tempo. Outro método existente é o método Covariance Resetting, onde

a matriz P é resetada periodicamente, isto é, assume seu valor inicial em alguns

períodos de tempo. No entanto a importância de um método como este é maior para

casos de sistema de controle adaptativo. No caso deste trabalho, se propõe um

ensaio de identificação com tempo de duração relativamente curto, o que não torna

muito necessária a atualização periódica da matriz de covariância, assim como o

uso do fator de esquecimento.

Os passos do método recursivo com a inclusão do fator de esquecimento λ

podem ser assim descritos:

• Atualização do vetor de medidas φ com as leituras no instante k ( ) [ ( 1) ( 1 )] 1ª ordem

( ) [ ( 1) ( 2) ( 1 ) ( 2 )] 2ª ordem

T

T

k y k u k d

k y k y k u k d u k d

ϕϕ

= − − − − →= − − − − − − − − →

• Cálculo do erro de previsão

�( ) ( ) ( ) ( 1)Tk y k k kε ϕ θ= − − • Cálculo do ganho do estimador

( 1) ( )( )

( ) ( 1) ( )T

P k kK k

k P k kϕ

λ ϕ ϕ−=

+ −

• Cálculo do vetor de parâmetros estimados

� �( ) ( 1) ( ) ( )k k K k kθ θ ε= − + • Atualização da matriz de covariância

[ ( 1) ( ) ( ) ( 1)]( )

TP k K k k P kP k

ϕλ

− − −=

3.3: Validação do Modelo

Uma vez concluída a identificação e tendo o processo parametrizado, deve-

se qualificar o modelo estimado a partir de algum critério. Um critério muito utilizado

é a comparação gráfica das respostas real frente à resposta do modelo estimado

obtidas em ensaios idênticos. Esta no entanto é uma forma de validação de difícil

implementação em um ambiente computacional e portanto prefere-se o uso de

outros índices de desempenho.

41

O índice de desempenho adotado ao longo do trabalho para validação das

identificações realizadas foi o Coeficiente de Correlação Múltipla – R2 [5].

� 2

2 1

2

1

[ ( ) ( )]1

[ ( ) ]

N

kN

k

y k y kR

y k y

=

=

−= −

Na equação acima, y(k) é a saída real do processo no instante “k”, �y (k), a

saída estimada, obtida pela aplicação dos parâmetros obtidos na identificação, e y ,

a média das N amostras de y ao longo da identificação. Um valor de R2 entre 0.9 e 1

pode ser considerado suficiente para muitas aplicações práticas em identificação.

42

Capítulo 4: O Algoritmo de Identificação proposto

O papel do aluno ao longo do projeto relatado neste documento foi o estudo

de uma técnica de identificação passível de implementação como uma nova

funcionalidade à tecnologia. A idéia principal foi elaborar um algoritmo para criação

de um novo bloco funcional a ser disponibilizado na biblioteca de blocos funcionais

da tecnologia Foundation Fieldbus. Com esta finalidade e para demonstração da

viabilidade da implementação do algoritmo proposto, ambos os métodos estudados

e descritos no capítulo anterior foram implementados para testes.

Estas implementações foram realizadas com o uso do Software MATLAB e

de um controle ActiveX que permite a comunicação entre o MATLAB e as variáveis

de uma aplicação Foundation Fieldbus através da tecnologia OPC.

4.1: A Tecnologia OPC

A tecnologia OPC (OLE for Process Control) é um padrão introduzido pela

OPC Foundation para permitir a conexão entre dispositivos, base de dados e

aplicações cliente para controle de processos. OPC constitui-se atualmente em um

padrão industrial cliente-servidor amplamente aceito para troca de parâmetros entre

aplicações e possibilitar que variáveis dos dispositivos estejam disponíveis em um

modo padrão onde múltiplos clientes podem simultaneamente acessá-las, não

importando se o servidor está localizado em uma mesma estação de trabalho ou

remotamente. O pacote System 302 da SMAR contém um servidor OPC para tratar

das variáveis configuradas no SYSCON (SmarDFIOLEServer).

43

Figura 22 – Tecnologia OPC

O controle ActiveX utilizado nos testes permite que sejam desenvolvidos

Scripts no MATLAB que funcionem como aplicações cliente acessando um servidor

OPC para leitura e escrita de dados na rede. A configuração do script no MATLAB

segue critérios presentes na estrutura de acesso de dados de um cliente OPC

padrão. De acordo com estes critérios, um cliente possui uma série de grupos OPC

e cada um destes, uma série de itens que correspondem aos dados acessados

junto ao servidor.

Figura 23 - Componentes de Cliente OPC

4.2: O Algoritmo

O que se descreve a seguir é o algoritmo proposto para identificação de

plantas de primeira ou segunda ordem estáveis, com o que se deve respeitar para o

44

seu funcionamento, baseado na implementação feita em PC com o uso do

MATLAB. Detalhes de código desenvolvido para uso com o MATLAB, assim como

detalhes do algoritmo que dizem respeito à implementação do bloco funcional, não

estão disponibilizados neste documento por motivos de sigilo industrial.

4.2.1: Método Não Recursivo x Método Recursivo

No método de identificação não recursivo, excita-se um processo com a

aplicação de uma determinada entrada, coleta-se os dados e no final do ensaio

realizado, todos estes dados são processados para a estimação dos parâmetros do

modelo do processo. Já no método recursivo, os parâmetros do modelo são

atualizados a cada iteração ao longo do ensaio realizado, de forma a minimizar o

erro entre a saída do modelo parcial obtido e a saída real do processo.

O algoritmo não recursivo tem como desvantagens a complexidade dos seus

cálculos. Estes são realizados apenas uma única vez ao final do ensaio, porém

levam em consideração todas as amostras coletadas. Ele precisa de operações

como inversa, multiplicação e transposta de matrizes que possuem certa

complexidade quando as matrizes têm dimensões muito grandes, o que ocorre

quando o número de amostras coletadas é grande. Além disso é necessário

armazenamento de todos estes dados do ensaio de identificação.

O método recursivo, por sua vez, requer menos tipos de operações. São

necessárias apenas operações como transposta e multiplicação de matrizes. No

entanto, neste método, a cada iteração é realizada uma série de cálculos para obter

um modelo que será utilizado na próxima iteração até que o método convirja. Deve-

se obedecer, portanto, ao fato de que todos os cálculos de cada iteração possam

ser feitos dentro de um tempo hábil. Isto porque a coleta de dados deve ser feita

respeitando determinado período de amostragem que deve ser o mais constante

possível.

O que se pensou a princípio foi a opção pelo método não recursivo por se

tratar de um método mais simples e onde se necessitaria de menos parâmetros de

interação com o usuário, pois o que se pretende com o bloco funcional a ser

desenvolvido é o maior grau de autonomia e simplicidade possível. No entanto, a

complexidade do cálculo final deste método não recursivo e a quantidade de

45

memória necessária ao armazenamento de todas as amostras do ensaio

dificultariam a implementação do algoritmo dentro de um bloco funcional. Deve-se

observar que o poder de processamento de um device Foundation Fieldbus é

consideravelmente menor do que o de um PC.

Assim é preferível a implementação do algoritmo recursivo, que não

necessitará de um cálculo final de natureza extremamente complexa, mas sim de

pequenos cálculos realizados com uma maior freqüência (a cada iteração do

método). A sua própria natureza recursiva facilita a implementação em

microcomputadores. Os testes realizados ao longo do trabalho mostraram que

ambos os métodos recursivo e não recursivo, apresentam resultados semelhantes

para ensaios de identificação equivalentes. Portanto o algoritmo passado pelo aluno

ao setor de Desenvolvimento Eletrônico da empresa foi baseado no método

recursivo.

Os resultados da implementação dos algoritmos recursivo e não recursivo, no

MATLAB, são mostrados no capítulo 6.

4.2.2: Ensaio de Identificação

Todo o processo de identificação é realizado através de um ensaio feito com

o processo como dito anteriormente. Para que este ensaio e a própria identificação

comece, deve-se certificar que o processo esteja em regime permanente em um

ponto de operação, isto é com os valores de saída e de entrada ambos “constantes”.

Isto quer dizer por exemplo, que em um processo de controle de temperatura como

mostrado neste documento, a temperatura encontra-se em um “patamar constante”

durante um intervalo de tempo em que a válvula de controle da entrada de vapor

encontra-se em posição inalterada. Por esta razão, o algoritmo se limita a

identificação de plantas de primeira ou segunda ordem estáveis. A identificação de

plantas integradoras é uma limitação do algoritmo proposto.

Outro ponto fundamental é que para que a identificação possa ser executada,

o usuário deve ter a malha que deseja identificar em malha aberta. Isto se faz

necessário, pois, durante a identificação, tentar-se-á escrever na variável

manipulada do processo de acordo com a excitação gerada no algoritmo. No

exemplo do controle de temperatura, o fechamento da malha impede que seja

46

aplicada certa excitação ao sinal de abertura de válvula, que é determinado pelo

controlador PID.

Como visualizado na figura 20, o Preditor de Smith é geralmente

implementado em uma estrutura que tem como um de seus integrantes, o bloco

PID, responsável pelo sinal de controle enviado ao atuador da malha. A identificação

proposta no algoritmo é em Malha Aberta, e por isso passa-se o modo deste bloco

para manual para poder escrever na sua saída (parâmetro OUT) o sinal de

excitação da identificação.

A partir do momento que o sistema encontra-se em regime permanente e o

modo do PID da malha foi passado para modo manual, o algoritmo de identificação

pode começar a excitar o sistema. Os valores das variáveis de saída (variável de

processo – PV) e de entrada (variável manipulada – MV) neste instante serão

denominados como pontos de referência (PV_ref e MV_ref). A identificação será

procedida então, em torno desta referência que é o ponto de operação do processo.

4.2.3: Etapa de Pré-Teste

Assume-se neste algoritmo que o usuário não possui conhecimento acerca

da dinâmica do processo. Sendo assim, uma primeira etapa a ser realizada é um

degrau para levantamento aproximado desta dinâmica. Esta etapa foi denominada

pré-teste e é necessária, pois a qualidade da identificação se relaciona diretamente

à excitação e a amostragem da coleta de dados que devem ser adequados à

dinâmica do processo que está se identificando. Além disso, para realizar a

identificação de um processo com atraso de transporte, é necessária a quantificação

deste tempo morto, que é utilizado para determinar os demais coeficientes da

função de transferência do modelo do processo.

Nesta etapa, o algoritmo determina o atraso, o tempo de amostragem da

identificação e o sinal de excitação do processo necessário à identificação. Para isto

é aplicado um degrau na entrada do processo de amplitude definida pelo usuário.

Segundo Brosilow e Joseph (2002), citados em [5], têm-se uma adequada excitação

quando a razão sinal ruído do processo é superior a 6.

Esta primeira etapa do algoritmo é ilustrada na figura a seguir:

47

Figura 24 – Etapa de Pré-Teste

Ao final desta primeira etapa o algoritmo define então a excitação e a

amostragem da próxima etapa, que é a identificação propriamente dita.

Sabe-se da teoria de controle [5], que o tempo necessário para que após

aplicação de um degrau na entrada, a saída atinja 98% do seu valor final (tempo de

estabilização), corresponde a 4 constantes de tempo de um processo de primeira

ordem. O algoritmo, durante o pré-teste, calcula o tempo que o processo leva desde

a aplicação do degrau até o tempo em que a saída atinja outro valor de regime

permanente e infere uma constante de tempo aproximada τ.

A partir do valor de τ determina-se o tempo de chaveamento do sinal de

excitação utilizado na identificação. Este sinal é composto por uma série de degraus

de amplitude definida pelo usuário e com tempo de chaveamento igual ao tempo da

constante de tempo aproximada do processo.

Segundo Rivera e Flores (2000) e Brosilow e Joseph citados em [5], para

sistemas monovariáveis a largura da banda de freqüências do sinal de excitação é

definida como:

1 s

s

αω ω ωβ τ τ

= ≤ ≤ =

onde sβ é o fator representando o tempo de estabilização do processo e sα é

o fator representando a velocidade da resposta em malha fechada como um múltiplo

do tempo de resposta em malha aberta. Como a identificação do algoritmo proposto

é em malha aberta têm-se que sα = 1 e o fator sβ (para T98%) = 4.

48

1 14

ω ω ωτ τ

= ≤ ≤ =

4Tτ τ≤ ≤

No algoritmo proposto foi adotado um valor para o período T do sinal de

excitação equivalente a duas constantes de tempo, logo o tempo de chaveamento

entre o valor positivo do sinal e o valor negativo é igual a uma constante de tempo

segundo a aproximação calculada no pré-teste com a adição ou não do atraso do

sistema. Com isso o formato da excitação do sistema é o de uma “onda quadrada”

com amplitude definida pelo usuário e duração determinada pelo parâmetro

calculado nesta etapa. Esta excitação será aplicada na entrada do processo para

realização do ensaio de identificação. No exemplo do capítulo 1, envolvendo

controle de temperatura, uma excitação que provoque uma variação de 10% na

abertura da válvula de entrada de vapor e após o tempo de chaveamento, uma

variação negativa de 10%, repetindo-se este ciclo ao longo do ensaio.

Para o cálculo do período de amostragem da identificação, como se prefere a

opção pelo método recursivo, não há a necessidade de coletar dados e portanto,

pode-se trabalhar com uma amostragem da identificação igual ao macrocycle da

rede. No entanto, para processos muito lentos, uma amostragem muita pequena

pode gerar erros à identificação. O que se faz na prática é ter uma amostragem no

máximo igual a 1/10 e no mínimo igual 1/100 da constante de tempo. A

implementação do método recursivo no MATLAB utilizou o número de 50 amostras

a cada período de tempo equivalente a constante de tempo do processo.

O formato de onda quadrada com tempo de chaveamento simples adotado

neste trabalho possui uma pobre composição em freqüência. No entanto a

implementação realizada no Matlab para o método recursivo obteve resultados

satisfatórios mesmo com este tipo de excitação, que são mostrados no capítulo 6.

Estes testes foram feitos sobre plantas de ordem reduzida (primeira e segunda

ordem), objetivo deste trabalho. Em trabalhos futuros pode-se estudar a

necessidade do uso de sinais de excitação do tipo PRBS para excitar o sistema

identificado em uma faixa de freqüências mais ampla. Deste modo o formato da

onda teria uma amplitude definida e tempo de chaveamento variável para ser

possível a excitação do sistema em variados graus de intensidade que dependem

49

das suas características, as denominadas freqüências naturais ou modos do

sistema.

4.2.4: Etapa de Identificação

Nos itens a seguir são mostrados alguns aspectos da identificação, etapa

posterior ao pré-teste implementada no MATLAB para os casos da identificação não

recursiva e recursiva.

4.2.4.1: Coleta de Dados (Caso da Identificação Não Recursiva)

Concluída a etapa de reconhecimento ou pré-teste do sistema e de posse do

atraso do processo assim como da forma de onda a ser gerada, pode-se começar a

coleta de dados e armazenamento dos mesmos, para posterior inferência dos

demais parâmetros da função de transferência do sistema, de acordo com o método

de identificação não recursiva.

A forma de armazenamento dos dados é feita de acordo como mostrado no

item 3.2.1. Caso o sistema tenha atraso, deve-se transladar as entradas para que as

mesmas fiquem em sincronia com as saídas, como se o processo não tivesse

atraso. Por exemplo:

Primeira Ordem:

(2 )(3 )

...( )

Y nd

Y ndY

Y N

+� �� �+� �=� �� �� �

(1 ) (1)(2 ) (2)

( 1) ( 1 )

Y nd U

Y nd U

X

Y N U N nd

− +� �� �− +� �� �=� �− − − −� �� �� �

� a

bθ � �

= � �� �

Segunda Ordem:

50

(3 )(4 )

...( )

Y nd

Y ndY

Y N

+� �� �+� �=� �� �� �

(2 ) (1 ) (2) (1)(3 ) (2 ) (3) (2)

... ... ... ...( 1) ( 2) ( 1 ) ( 2 )

Y nd Y nd U U

Y nd Y nd U UX

Y N Y N U N nd U N nd

− + − +� �� �− + − +� �=� �� �− − − − − − − −� �

1212

a

a

b

b

θ

� �� �� �=� �� �� �

Ao final da coleta de dados, quando todos os degraus já foram efetuados, é

efetuada a operação para determinação da matriz φ.

1( . ) . .T TX X X Yθ −=

4.2.4.2: Iterações (caso da Identificação Recusiva)

Após a etapa de pré-teste no caso da identificação recursiva, com o atraso e

tempo de amostragem definidos, as iterações são realizadas. Cada iteração deve

ser executada dentro do tempo de amostragem da coleta que pode ser superior ao

macrocycle da rede dependendo de como este tempo foi definido.

Inicializa-se a matriz de covariância P2x2 (primeira ordem) ou P4x4 (segunda

ordem) como uma matriz identidade multiplicada por um fator.

P =10000

0

0

10000

� �

P =

10000

0

0

0

0

10000

0

0

0

0

10000

0

0

0

0

10000

� �

Define-se o vetor �inicial como um vetor nulo de dimensão que também varia

de acordo com a ordem do sistema.

θ = 0

0

� �

θ =

0

0

0

0

� �

51

Outro termo definido é o fator de esquecimento λ do método. Nas

implementações realizadas o valor utilizado para este parâmetro foi o de 0.99.

A partir daí, ao longo do ensaio realizado de acordo com a excitação aplicada

ao sistema, são feitas as leituras das variáveis de entrada e saída e realizadas as

operações mostradas anteriormente no item de apresentação do método.

( ( 1) _ ( 1 ) _ ) 1ª ordem

( ( 1) _ ( 2) _ ( 1 ) _ ( 2 ) _ ) 2ª ordem

T

T

y k pv ref u k d mv ref

y k pv ref y k pv ref u k d mv ref u k d mv ref

ϕϕ

= − − + − − − →= − − + − − + − − − − − − →

.Terro Y ϕ θ= −

.. .T

Pk

λ ϕ ϕ=

+

.k erroθ θ= +

. .TP k PP

ϕλ

−=

No método recursivo, o ensaio termina quando os parâmetros obtidos para a

função de transferência convergirem. A indicação disto é feita conforme a amplitude

dos termos da diagonal da matriz de covariância P e do erro.

4.2.5: Implementação da Validação

A validação do modelo obtido após a execução de qualquer um dos métodos

explicitados anteriormente foi feita conforme explicado no capítulo anterior segundo

o coeficiente de correlação múltipla.

� 2

2 1

2

1

[ ( ) ( )]1

[ ( ) ]

N

kN

k

y k y kR

y k y

=

=

−= −

Os procedimentos de validação são geralmente realizados com base em

outro ensaio realizado sobre o processo. Neste novo ensaio uma entrada é aplicada

ao processo, coletando-se a saída real e calculando a saída estimada com base no

modelo obtido.

52

O cálculo do valor da saída do modelo �y depende da ordem do modelo

escolhido para a identificação e utiliza os parâmetros da função de transferência

obtida ao final da identificação. As equações para o cálculo de �y nos casos de

primeira e segunda ordem, são as seguintes:

� � �

� � � � �

1 2

1 2 3 4

( ) ( 1) ( 1 ) Primeira Ordem

( ) ( 1) ( 2) ( 1 ) ( 2 ) Segunda Ordem

y k y k u k d

y k y k y k u k d u k d

θ θ

θ θ θ θ

= − − + − − �

= − − − − + − − + − − �

Estes parâmetros 1θ , 2θ , ... 4θ , são os parâmetros da função de transferência

discreta do sistema. Como os mesmos foram calculados com base em um período

de amostragem utilizado na identificação, eles só podem ser utilizados na validação

se o período de amostragem da validação for o mesmo período de amostragem da

identificação.

4.2.6: Transformada S

De posse de um modelo válido para representação do processo, é preciso

transformar a função de transferência discreta obtida para sua correspondente

formulação contínua (domínio S) que possa ser utilizada para configurar o bloco

funcional Transfer Function. Adota-se a seguinte relação para obtenção da função

de transferência contínua do sistema, aproximação tipo backward [5]:

1z Ts= +

onde T é o período de amostragem da identificação

4.3: Proposta de Bloco Funcional

Com base no algoritmo citado na seção anterior, foi definida a implementação

do mesmo, como uma nova funcionalidade do bloco já existente Transfer Function,

e não como a criação de um novo bloco funcional exclusivo para este fim.

Esta idéia permite que a identificação automática possa ser realizada em uma

estratégia de controle, isto é, para que não seja necessário criar uma estratégia no

SYSCON exclusiva para a autoconfiguração do bloco Transfer Function

(identificação automática). A inclusão desta nova funcionalidade tem por objetivo

torná-lo mais amigável para o usuário, facilitando e estimulando o uso de sua

53

funcionalidade. O objetivo é fazer com que o processo de determinação da função

de transferência e do tempo morto (atraso de transporte) possa ser feito a partir de

um único comando do usuário. E é por isso que o algoritmo foi dividido em três

etapas (Pré-teste, Identificação e Validação), uma vez que se pretende o maior grau

de autonomia.

A estratégia de controle com o novo bloco Transfer Function fica um pouco

diferente daquela mostrada na Figura 20. Há a inclusão de dois links extra, um para

passagem do atraso de transporte do processo identificado pelo bloco Tranfer

Function para o bloco Smith Predictor. O outro link é para fornecer ao bloco Transfer

Function o valor da variável de saída do processo – variável medida, necessária a

identificação. Estes dois links são marcados em vermelho na Figura 25.

Figura 25 – Estratégia de Controle com novo bloco TF

A identificação automática exigiu a ampliação da lista de parâmetros do bloco. Além

dos parâmetros que existem atualmente, foi necessária a inclusão de mais alguns

ao seu conteúdo. A implementação do bloco funcional será iniciada em tempo

posterior a escrita deste documento e portanto, a lista final de parâmetros poderá

sofrer alterações futuras. Maiores detalhes a respeito da nova configuração do bloco

Transfer Function não devem ser mostrados neste documento por questões de sigilo

industrial.

54

Capítulo 5: Identificação com blocos já existentes na

tecnologia Foundation Fieldbus

O objetivo principal deste capítulo é a criação de um ambiente para teste do

algoritmo proposto, o mais próximo possível do funcionamento de um bloco

funcional a ser desenvolvido. Isto pelo fato do bloco funcional, do qual o algoritmo

deste trabalho propõe a implementação, não ter seu desenvolvimento concluído a

tempo para permitir sua utilização. Entretanto, implementa-se o algoritmo do método

recursivo de uma forma alternativa, utilizando as funcionalidades atuais da

tecnologia.

5.1: O Bloco Flexible Mathematical

Foi utilizado um bloco funcional do tipo flexível. Os blocos funcionais flexíveis

são envelopes onde o usuário pode livremente determinar o seu algoritmo. O bloco,

denominado Flexible Mathematical, permite a configuração por parte do usuário de

até 10 expressões matemáticas envolvendo suas entradas, variáveis auxiliares

internas e saídas. Possui ao todo 10 entradas analógicas, 4 entradas discretas, 2

saídas analógicas e 2 saídas discretas, além de 20 variáveis auxiliares analógicas e

10 variáveis auxiliares discretas.

Figura 26 – Blocos Funcionais Flexíveis

Este bloco ainda não se encontra liberado para uso comercial e deve estar

sendo disponibilizado nas novas versões do pacote System302 da SMAR.

55

Cada uma das 10 expressões matemáticas tem um limite de 100 caracteres,

limitando a possibilidade de inserção de expressões muito longas.

5.2: A Estratégia

A estratégia criada utilizou ao todo 3 blocos flexíveis, 1 bloco aritmético, 2

blocos constantes, 3 blocos Smith Predictor e um bloco Transfer Function. Para

implementar a estratégia, foi preciso transformar todas as operações matriciais do

algoritmo (sintetizadas em 3.2.2) em operações aritméticas simples envolvendo

apenas números. Por isso a limitação no número de 10 operações do bloco

impossibilitou a implementação de uma identificação de segunda ordem. Foi

implementada então uma identificação de primeira ordem onde o ensaio, o

preenchimento dos valores referência de saída e entrada, são feitos de forma

manual, pelo usuário. Esta implementação não tem o objetivo de ser empregada em

aplicações industriais, mas sim a comprovação do funcionamento do método

quando implementado sob as especificações de um dispositivo fieldbus. Além disso

o período de amostragem da identificação não é calculado e é igual ao macrocycle

da rede. Isto porque o bloco Flexible Mathematical não possui parâmetro que

possibilite determinar seu período de atualização.

5.2.1: Operações

As operações matriciais do método de identificação recursivo de primeira

ordem são decompostas em operações aritméticas simples de acordo com o

equacionamento seguinte:

1 1

2 2

( 1) _

( 1 ) _

y k pv ref

u k d mv ref

φ φφ

φ φ= − − +� �

= �� � = − − −� �

1 1 2 2

.( ) _ . .

Terro Y

erro y k pv ref

θ φθ φ θ φ

= −= − − −

1 1 3 21 2 2

1 1 2 2 1 2 3

3 1 2 22 2 2

1 1 2 2 1 2 3

. .2. ..

. .. .2. .

T

P PK

P P PPK

P PPK

P P P

φ φλ φ φ φ φφ

φ φλ φ φλ φ φ φ φ

+=+ + +

= �++ =

+ + +

56

1 1 1

2 2 2

..

.K erro

K erroK erro

θ θθ θ

θ θ= +

= + �= +

1 1 1 1 2 31

1 3 2 2 1 3 2 22

3 2

3 1 1 3 2 23

.( )

.( )

.( )

P K P PP

P P P K P PP

P PP K P P

P

φ φλφ φλ

φ φλ

− +=

� � − +� =� �

� �− +=

Estas operações facilitam a implementação uma vez que elas excluem a

necessidade de métodos de multiplicação e soma de matrizes necessários ao

cálculo matricial.

5.2.2: Configuração dos Blocos

A planta a ser identificada é representada por um bloco Transfer Function

mais um bloco Preditor de Smith configurado como atraso.

Figura 27 - Simulação do processo em blocos funcionais

O primeiro bloco Flexible Mathematical é configurado com duas expressões

de soma e subtração de modo a gerar em suas saídas os valores das leituras

subtraídos de seus pontos de referência a ser utilizados no cálculo da matriz φ.

Figura 28 – Configuração de um Bloco Flexível da estratégia

A montagem da matriz é feita de acordo com a seção 4.2. É necessário o

armazenamento da amostra da variável de saída do instante anterior e da variável

57

de entrada de alguns instantes anteriores, número equivalente ao atraso do

processo. Esta coleta é feita com o uso de dois blocos Smith Predictor configurados

como atraso de sinal. Assim é possível disponibilizar a saída do processo de um

macrocycle anterior e a entrada do mesmo de (d+1) macrocycles anteriores de

acordo com o atraso d do sistema.

Figura 29 – Obtenção dos elementos da Matriz φ

A identificação propriamente dita é feita com outro bloco flexível. Neste bloco

são feitas as quatro operações fundamentais do método recursivo, de acordo com

as equações do item 5.2.1. Ele recebe os parâmetros da matriz φ (φ1 e φ2) e o valor

atual da variável y (-y(i)+pv_ref)).

Figura 30 - Bloco flexível implementador das operações método recursivo

O cálculo do atraso, a validação do modelo e a transformação do modelo

discreto obtido para o modelo contínuo, que pode ser inserido no bloco Transfer

Function, é realizada em outro bloco flexível. O usuário deve aplicar um degrau ao

sistema, aguardar até que o atraso seja calculado para utilizar este valor na

identificação, que é feita com outro ensaio. Após o final da identificação, o usuário

deve executar outro ensaio para validação e cálculo on-line do valor de R2 conforme

seção 4.2.5.

58

Figura 31 - Bloco Flexível utilizado para o restante das operações do método

A estratégia completa utilizada nos testes de simulação mostrados no

capítulo seguinte é mostrada na Figura 32.

59

Figura 32 - Estratégia completa de identificação com os blocos flexíveis

60

Capítulo 6: Resultados e Discussão

Neste capítulo são apresentados e discutidos os resultados obtidos ao longo

do trabalho. Primeiramente mostram-se os resultados provenientes de ensaios de

simulação em uma rede fieldbus com os dois algoritmos implementados no

MATLAB e também com a implementação de primeira ordem utilizando o bloco

Flexible Mathematical. Por fim, os resultados desta última implementação com o

bloco Flexible Mathematical sobre processos reais com instrumentação Foundation

Fieldbus, para comprovação de que o método recursivo pode ser implementado com

o poder de processamento de um device fieldbus.

Em todos os ensaios de identificação realizados, o que se deseja é chegar à

modelos válidos, representados por funções de transferência, cujos parâmetros

estejam adequados aos processos em questão.

6.1: Resultados de Simulação

Os resultados mostrados nesta seção foram obtidos com o uso de uma

estratégia de controle geralmente utilizada para implementação do Preditor de

Smith. Nesta estratégia há dois blocos Transfer Function fazendo o papel de planta

e modelo do sistema (DFI-302_PLANTA e DFI-302_MODELO respectivamente). Há

um bloco Smith Predictor (DFI-302_ATRASO) funcionando como atraso de sinal

linkado na saída da planta, responsável pela inserção do atraso do sistema. O outro

bloco Smith Predictor (DFI-302_SPB) desempenha o papel do preditor de Smith. Há

ainda um bloco PID para controle do processo. Nestas simulações não há blocos de

medição de sinal nem de atuação. Como se trata de um processo simulado na rede,

ambos os sinais de entrada do Preditor de Smith vêm de funções de transferência

enquanto que a atuação, saída do bloco PID é linkada na entrada dos blocos

Transfer Function da Planta Real e do Modelo do Processo.

61

Figura 33 - Estratégia do Preditor de Smith com blocos funcionais

6.1.1: Planta de Primeira Ordem

Estipulou-se uma planta de primeira ordem com atraso para a realização

desta identificação.

502( )

100 1sG s e

s−=

+

A aplicação do algoritmo recursivo implementado no MATLAB gerou os

seguintes resultados:

62

a b

c

Figura 34 - Ensaio de Identificação com algoritmo recursivo: a. Pré-Teste, b - Identificação, c -

Validação

O atraso obtido durante o Pré-teste foi equivalente a 52 segundos e o modelo

obtido teve ganho igual 1.969 e constante de tempo igual 97.94. O tempo de

chaveamento obtido para o sinal de entrada foi igual a 174 segundos mas o

resultado convergiu antes deste tempo. O tempo de amostragem durante o Pré-

teste era igual a 2 segundos e passou a 3 na identificação. O valor de R2 ficou em

0.9998 o que comprova a validade do modelo.

A inserção de um ruído na leitura dos dados feito no MATLAB, igual a randn/5

provocou os seguintes resultados:

63

a b

c

Figura 35 - Identificação com o algoritmo recursivo e ruído: a - Pré-Teste, b - Identificação, c -

Validação

O atraso obtido foi de 50 segundos, enquanto o ganho ficou em 2.075 e a

constante de tempo 117.8 segundos. Neste ensaio o tempo de chaveamento

calculado foi de 90 segundos e o método convergiu após a aplicação do segundo

degrau na entrada. A validação resultou em um critério de R2 igual a 0.992. A

amostragem calculada na coleta foi de 2 segundos.

Os mesmos testes foram feitos para o algoritmo não recursivo.

64

a b

c

Figura 36 - Identificação com o algoritmo não recursivo: a - Pré-Teste, b - Identificação, c - Validação

Na identificação não recursiva implementada, o número de degraus utilizados

para a identificação é setado pelo usuário, neste caso igual a 4 degraus. Os

parâmetros obtidos foram: atraso igual a 54 segundos, ganho igual a 1.92 e

constante de tempo de 96.64 segundos. A amostragem da coleta ficou em 2

segundos, o tempo de chaveamento igual a 175 segundos e o número de amostras

coletadas foi de 354. O valor de R2 foi de 0.9989.

Da mesma forma que no caso anterior, a inserção de um ruído produziu

resultados com qualidade inferior, mas mesmo assim válidos.

65

a b

c

Figura 37 - Identificação com o algoritmo não recursivo e ruído: a - Pré-Teste, b - Identificação, c -

Validação

Nesta identificação utilizaram-se dois degraus para a identificação e os

parâmetros do modelo obtido foram os seguintes: atraso de 48 segundos; ganho

igual a 2.2657 e constante de tempo de 125.48 segundos. O tempo de chaveamento

do sinal de entrada foi 171 segundos enquanto o valor de R2 ficou em 0.9881.

A mesma planta também foi identificada com o algoritmo implementado no

nível H1 com os blocos funcionais já existentes e resultados melhores: atraso de

50.7 segundos, ganho igual a 1.968 e constante de tempo de 100.4 segundos.

Neste caso a amostragem da coleta para a implementação com o bloco Flexible

Mathematical é igual ao macrocycle da rede, 0.5 segundos, além de todo o ensaio

ser feito pelo usuário. Os ensaios de identificação e de validação mostram-se

abaixo. O valor de R2 neste caso foi de 0.9994.

66

Figura 38 - Identificação e Validação com o uso de blocos Flexíveis

6.1.2: Planta de Segunda Ordem

Da mesma maneira que o caso de primeira ordem, estipulou-se uma planta

de segunda ordem com atraso para os mesmos testes de identificação.

1002

1.5( )

80 10 1sG s e

s s−=

+ +

A aplicação do método recursivo sobre esta planta resultou no seguinte

modelo:

1022

2

1.52( )

71.61 42.52 10.9976

sG s es s

R

−=+ +

=

a b

67

c

Figura 39 - Ensaio de Identificação com algoritmo recursivo: a. Pré-Teste, b - Identificação, c -

Validação

A inserção de um ruído da mesma magnitude do ruído aplicado nos casos de

primeira ordem reduziu a qualidade dos resultados.

a b

c

Figura 40 - Identificação com o algoritmo recursivo e ruído: a - Pré-Teste, b - Identificação, c -

Validação

68

1062

2

1.528( )

50.23 31.89 10.9889

sG s es

R

−=+ +

=

O algoritmo não recursivo não produziu resultados melhores que os

resultados acima. A seguir mostram-se dois ensaios com e sem a inserção de ruído

nesta seqüência.

a b

c

Figura 41 - Identificação com o algoritmo não recursivo: a - Pré-Teste, b - Identificação, c - Validação

1022

2

1.5881( )

52.41 34.0016 10.9889

sG s es

R

−=+ +

=

69

a b

c

Figura 42 - Identificação com o algoritmo não recursivo e ruído: a - Pré-Teste, b - Identificação, c -

Validação

1042

2

1.6019( )

41.7973 28.4639 10.9775

sG s es

R

−=+ +

=

Todos estes ensaios e muitos outros realizados ao longo do trabalho

mostram que ambos os métodos, não recursivo e recursivo apresentam resultados

de qualidade semelhante quando obtidos sobre os mesmos ensaios. Além disso

nota-se que a inserção de ruído reduz a qualidade da identificação mas mesmo

assim obtendo modelos válidos segundo o critério de correlação múltipla adotado.

No método não recursivo, o usuário não tem nenhuma resposta on-line do método

sobre a qualidade da sua identificação. É deixado a cargo do usuário o número de

degraus a serem aplicados ao processo e só ao final de todos estes, o mesmo tem

o modelo. Mesmo assim é só após o ensaio de validação que se tem a certeza do

modelo ser adequado ou não. Prefere-se optar pelo método recursivo onde o

método processa suas iterações até que os resultados atinjam uma convergência e

70

todo este processo pode ser acompanhado on-line pelo usuário. Um ponto

observado nos testes de identificação com plantas de segunda ordem simuladas, foi

a obtenção de modelos válidos, porém de qualidade inferior aos resultados de

primeira ordem. Para melhora da qualidade destes resultados, o uso de sinais PRBS

pode ser considerado como uma melhoria futura ao algoritmo.

6.2: Resultados Reais

6.2.1: Processo de Vazão com inserção de Atraso

A alternativa de identificação com blocos já existentes atualmente na

tecnologia, apresentada no capítulo 5, foi aplicada para determinação do modelo de

um processo real. O processo adotado pertence à Planta Didática de número 3 da

SMAR, com instrumentação Foundation Fieldbus e tem como entrada, a variável

abertura de válvula enviada pelo posicionador FY302, e saída, a vazão de entrada

do tanque de aquecimento medida pelo transmissor de pressão diferencial LD302,

como mostra a figura 43.

Figura 43 – Ilustração do processo de Identificação de um sistema de controle de Vazão

Este é um processo originalmente rápido e sem atraso. Para os testes de

identificação, um atraso artificial foi inserido com o uso do bloco Preditor de Smith

configurado como atrasador de sinal assim como feito nas estratégias de simulação

anteriores. Devido aos ruídos na leitura de vazão, um filtro foi utilizado para

amenizar a taxa de variação aleatória das medidas, o que também fez com que o

processo se tornasse mais lento. Isto foi feito com a configuração do parâmetro

PV_FTIME do bloco ANALOG INPUT do transmissor de vazão, que corresponde à

71

constante de tempo de um filtro de primeira ordem para o sinal medido pelo

transmissor.

Assim foi possível testar a solução desenvolvida para 3 situações diferentes.

A primeira situação testada foi sem a inserção de atraso e sem filtro, o que resultou

nos seguintes ensaios de identificação e validação:

Figura 44 – Ensaio de Identificação e Validação

O modelo de primeira ordem obtido teve ganho igual a 14.59 e constante de

tempo equivalente a 0.78 segundos. Já o critério de correlação múltipla da validação

resultou no valor de 0.9617, indicando um modelo aceitável para o processo. A

convergência dos parâmetros estimados ao longo do ensaio de identificação pode

ser visualizada nas figuras seguintes.

Figura 45 – Convergência dos Parâmetros Estimados

Pode-se notar que toda vez que é aplicado uma variação na entrada do

processo, há uma perturbação na identificação fazendo com que os parâmetros

estimados tenham que voltar a convergir para valor adequado. Isto explica o porquê

72

da importância de uma excitação adequada, que não venha a perturbar o processo

continuadas vezes antes do mesmo reagir às excitações anteriores, pois isto poderá

acarretar na não convergência do método a um modelo adequado.

A inclusão de um filtro propositadamente mal ajustado, com constante de

tempo equivalente a 20 segundos, possibilitou aplicar a solução na identificação de

um processo mais lento, com constante de tempo muito maior que o macrocycle da

rede, que para todos estes testes, foi igual a 190 ms.

a b

c

d

73

Figura 46 – Ensaio de Identificação (a) e de Validação (b) e Convergência dos parâmetros estimados:

ganho (c) e constante de tempo (d)

O modelo obtido neste caso teve ganho equivalente a 14.41 e constante de

tempo de 29.7 segundos com um valor de R2 igual a 0.9860 também indicando um

modelo válido.

A inserção de um atraso igual a 50 segundos, atraso este gerado pela

passagem do sinal de vazão pelo bloco Preditor de Smith, fez com que a

identificação fosse aplicada a uma planta de primeira ordem com atraso. Os ensaios

de identificação e validação assim como a convergência dos parâmetros é mostrada

nas figuras seguintes.

Figura 47 – Ensaio de Identificação e Validação

74

Figura 48 – Convergência dos Parâmetros Estimados

A presença do atraso faz com que os parâmetros estimados comecem a

convergir apenas após o atraso e a saída começar a responder frente à variação

produzida na entrada do sistema. Neste caso, foi obtido um modelo com ganho igual

a 15.21 e constante de tempo de 24.13 segundos e um R2 de validação de 0.9990.

6.2.2: Processo de Temperatura

Um processo originalmente com atraso também foi testado. É um processo

também presente na Planta Didática de número 3 da SMAR. Como se pode ver na

Figura 50, o sistema é constituído por dois tanques. Um é o tanque de aquecimento,

onde entra água fria que é aquecida por resistências elétricas de imersão,

comandadas pela corrente emitida por um conversor de corrente fieldbus – FI302. A

água aquecida neste tanque é então misturada com água fria em outro tanque, o

tanque de mistura. A temperatura do tanque de mistura é medida por um termopar

que envia o sinal ao transmissor de temperatura TT302.

Figura 49 – Ilustração do processo de Identificação de um sistema de controle de Temperatura

75

A variável de entrada deste processo é o sinal de corrente enviada pelo

conversor de corrente fieldbus, enquanto a variável de saída é a temperatura da

mistura de água no tanque de mistura. O tempo morto entre a saída e a entrada

neste caso é devido ao transporte de energia – temperatura – no aquecimento da

água fria que entra no tanque de aquecimento e ao transporte de matéria, pois esta

água aquecida é levada de um tanque ao outro pela tubulação entre os dois

tanques.

A estratégia de controle adotada é semelhante à mostrada no capítulo 5

utilizada em um dos ensaios de simulação da seção 6.1. A única diferença é que

neste caso real, não há a necessidade de simular uma planta através de uma

função de transferência. No entanto há um bloco para disponibilizar a temperatura –

bloco ANALOG INPUT, TIT-32_AI1 – e outro para atuação sobre a corrente do

conversor – bloco ANALOG OUTPUT, TY-31_AO1. A única diferença entre esta e a

estratégia do outro caso real, item 6.2, é o fato destes dois blocos para medição e

atuação estarem instanciados em outros dispositivos, transmissor de pressão

diferencial (LD302) e posicionador fieldbus de válvula (FY302,) respectivamente.

Figura 50 – Estratégia para Identificação do processo

76

O ensaio de identificação deste processo é mostrado na Figura 51.

Figura 51 – Ensaio de Identificação do processo – Corrente e Temperatura

Figura 52 – Convergência dos parâmetros do modelo

Figura 53 – Ensaio de Validação

O ensaio de identificação resultou em um modelo com atraso igual a 76

segundos, ganho igual 0.19 e constante de tempo de 157 segundos. O coeficiente

de correlação múltipla R2 do ensaio de validação foi igual a 0.92, significando um

modelo adequado para o processo. Estes testes foram importantes para comprovar

77

a possibilidade de implementação de um algoritmo como este no nível H1 de uma

rede fieldbus.

78

Capítulo 7: Conclusões e Perspectivas

A identificação de processos industriais, tarefa necessária à implementação

de sistemas de controle, é uma atividade geralmente realizada através de ensaios

nas plantas industriais em procedimentos de partida e de forma manual com o total

acompanhamento de profissionais capacitados. A automação desta atividade acaba

se tornando uma tarefa complexa pois, para que os resultados obtidos da

identificação tenham qualidade adequada, muitos requisitos de operação devem ser

garantidos. E esta garantia deve ser atingida de forma automática. Fatores como

ruídos nos sinais medidos, processos onde é difícil impor um ponto de operação

quando em malha aberta, processos não lineares, taxa de amostragem da

identificação não adequada e existência de tempo morto, são apenas alguns

exemplos do que pode fazer com que um ensaio de identificação falhe.

O que se propôs neste trabalho foi a elaboração de um algoritmo que

pudesse efetuar a identificação de processos de primeira e segunda ordem estáveis,

baseado em um método largamente utilizado, a formulação recursiva do método dos

mínimos quadrados criado por Ljung. Neste algoritmo procurou-se aliar os anseios

do setor industrial, que deseja o mínimo de perturbação a um processo de produção

– com a aplicação de poucos distúrbios nas variáveis envolvidas através de ondas

quadradas com o mínimo de pulsos possíveis – e da forma mais automática –

menor necessidade de conhecimento do operador. Mas também foi necessário

atender às exigências acadêmicas dos profissionais de controle que precisam

analisar a dinâmica do sistema identificado para garantir que o modelo encontrado é

adequado.

O algoritmo elaborado pelo aluno será implementado como uma nova

funcionalidade à tecnologia dos blocos funcionais Foundation Fieldbus da empresa

e permitirá que em trabalhos futuros, o novo bloco Transfer Function possa ser

testado e melhorado caso haja necessidade. O novo bloco Transfer Function poderá

então ser aplicado no projeto de automação do separador, que originou o seu

desenvolvimento.

79

A alternativa de identificação elaborada pelo aluno no capítulo 5 com o uso

de blocos funcionais flexíveis permite concluir que funcionalidades mais complexas

podem ser implementadas com o uso de blocos funcionais de uma rede Foundation

Fieldbus. E é por isso que as perspectivas apontam para o desenvolvimento de

novos blocos funcionais para o tratamento de problemas mais avançados em um

nível onde, são os instrumentos da rede fieldbus que executam as funções de

controle. O próprio bloco flexível utilizado em parte do trabalho segue esta

tendência, uma vez que o mesmo permite que uma série de operações

configuráveis possa ser implementada. Atividades como as descritas neste trabalho

contribuem portanto, para aumentar a abrangência da tecnologia e torná-la mais

robusta para ser aplicada a plantas cada vez maiores e mais complexas.

80

Bibliografia:

[ 1 ] Berge, J., "Fieldbuses for Process Control: Engineering, Operation and

Maintenance ", ISA, 2002.

[ 2 ] Thomas, J. E., "Fundamentos da Engenharia do Petróleo", Editora Interciência,

2001.

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2004.

[ 4 ] Smar Equipamentos Industriais, "Como Implementar projetos com Foundation

Fieldbus", Documento Interno Smar, 2001.

[ 5 ] Coelho, A. A. R. e Coelho, L. S., "Identificação de Sistemas Dinâmicos

Lineares", Editora da UFSC, 2004.

[ 6 ] Plucênio, A. e Pagano, D. J., "Uma Introdução a Identificação Paramétrica",

Universidade Federal de Santa Catarina, Documento Interno, 2005.

[ 7 ] Normey-Rico, J. N., "Apostila do Curso de Sistemas Realimentados", Disciplina

do Curso de graduação em Engenharia de Controle e Automação,

Universidade Federal de Santa Catarina, Documento Interno, 2004.

[ 8 ] Weiss, L. A., "Desenvolvimento de Blocos Funcionais para Compensação de

Atraso de Transporte utilizando a tecnologia Foundation Fieldbus",

Monografia submetida à Universidade Federal de Santa Catarina, 2004.

[ 9 ] Santos, S. C., "Identificação Multivariável aplicada a Processos Químicos:

Estudo de Caso", Dissertação de Mestrado submetida à Universidade

Federal de São Carlos, 2000.

[ 10 ] Aguirre, L. A., "Introdução a Identificação de Sistemas, Técnicas Lineares e

Não Lineares aplicadas a sistemas reais", Editora UFMG, 2000.

[ 11 ] Bruciapaglia, A. H., "Apostila do Curso de Processos em Engenharia",

Disciplina do Curso de graduação em Engenharia de Controle e Automação,

Universidade Federal de Santa Catarina, 2000.