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5 CLIPÓVOA NA PÓVOA DE VARZIM | HOSPITAL DA LUZ–CENTRO CLÍNICO DA AMADORA | HOSPITAL EM LOURES | MULTICARE | CORINO DE ANDRADE Verão 2010 INFORMAÇÃO DA ESPÍRITO SANTO SAÚDE DISTRIBUIÇÃO GRATUITA N. o 5 Verão Julho | Setembro 2010 Nova unidade Hospital da Luz já tem Centro Clínico na Amadora Parceria em Loures Colocada a primeira pedra do futuro Hospital Beatriz Ângelo Entrevista Obesidade infantil: mudar para melhor é possível Clipóvoa A referência privada da Póvoa de Varzim renova-se Esta revista é sua. Leve-a consigo! i ess INFORMAÇÃO DA ESPÍRITO SANTO SAÚDE Aniversário da Espírito Santo Saúde: dez anos a dar vida à vida

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Nova unidade

Hospital da Luz já tem Centro Clínico na Amadora

Parceria em Loures

Colocada a primeira pedra do futuro Hospital Beatriz Ângelo

Entrevista

Obesidade infantil: mudar para melhor é possível

Clipóvoa A referência privada da Póvoa de Varzim renova-se

Esta revista é sua. Leve-a consigo!iessINFORMAÇÃO DA ESPÍRITO SANTO SAÚDE

Aniversário da Espírito Santo Saúde: dez anos a dar vida à vida

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sumário

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PROPRIEDADE ESPÍRITO SANTO SAÚDE - SGPS, SAE-mail [email protected] João Paulo Gama | [email protected] Editorial Isabel Vaz, Maria de Lurdes Ventura, Marisa Morais e Mário FerreiraColaboram nesta edição Ana Santos Pereira, Álva-ro Lima, Bruno Barbosa, Carolina Damião Ferreira, César Resende, Estúdios João Cupertino, Graça Freitas, José Campos Lopes, Maria Augusta Ma-tos, Maria da Luz Freitas, Miguel Lopo Tuna, Pedro

Cristóvão, Pedro Guimarães/4see photographers, Infografia Anyforms DesignContactos Espírito Santo Saúde – SGPS, SAEdifício Amoreiras Square, Rua Carlos Alberto da Mota Pinto, 17, 9.º, 1070-313 Lisboa Tel.: (+351) 213.138.260 Fax.: (+351) 213.530.292Internet: www.essaude.ptContribuinte n.º 504.885.367Registo n.º 125.195 de 23-05-2007 na Entidade

Reguladora para a Comunicação Social.Projecto editorial Espírito Santo SaúdeProjecto gráfico e produção Divisão de Customer Publishing da Impresa Publishing

A IESS – Informação da Espírito Santo Saúde é uma publicação trimestral da Espírito Santo Saúde que integra o suplemento IESS Pro

Tiragem 25.000 exemplares

Ficha técnica iess Informação da Espírito Santo Saúde

6 Sala de espera

8 ESS em movimento

12 Testemunhos Como vivem os residentes das Casas da Cidade e do Clube de Repouso Casa dos Leões

19 Espírito de missão Voluntarismo leva médico do Hospital da Luz – Centro Clínico da Amadora ao Haiti

22 Em foco O Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, abre as portas em 2012

28 Em foco Amadora já tem Centro Clínico do Hospital da Luz

32 Tema de capa A Clipóvoa renova-se para melhorar a qualidade da prestação de cuidados de saúde

42 Novo serviço Desportistas têm resposta rápida e integrada no Hospital da Luz

46 Back office A central de negociação da Espírito Santo Saúde uniformiza aquisições

50 FacESS

56 Entrevista O dietista João Breda fala sobre o grave problema da obesidade infantil

60 Parceiro A Multicare posiciona-se como líder no mercado nacional de seguros de saúde

65 Vida saudável

Conselhos de saúde para toda a família

86 Histórias da medicina Ao identificar a ‘doença dos pezinhos’, Corino de Andrade conquistou a posteridade

Sumário

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Hospital da Luz já tem Centro Clínico na Amadora

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Colocada a 1.ª pedra do futuro Hospital Beatriz Ângelo

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Obesidade infantil: mudar para melhor é possível

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INFORMAÇÃO DA ESPÍRITO SANTO SAÚDE

essESPÍRITO SANTO SAÚDEESPÍRITO SANTO SAÚDE

Aniversário da Espírito Santo Saúde: 10 anos a dar vida à vida

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enfermagempro

NFERMEIRO.COMO papel do instrumentista na cirurgia laparoscópica

ENTREVISTAEnfermeira Mercedes Bilbao:Os desafi os do enfermeiro no perioperatório

BOAS PRÁTICASPaliativos: cuidar em fi m de vida

iessINFORMAÇÃO DA ESPÍRITO SANTO SAÚDE

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CIRURGIA INOVADORA CONSERVA ANCAENV PARA DRTEstimular o nervo vago trata depressão

HIFU Terapêutica focal do carcinoma de próstata

AVANÇO TECNOLÓGICOHospital da Luz já tem tomossíntese mamária

Verão 2010 iess

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editorial

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O Grupo Espírito Santo Saúde cumpre este ano dez anos de existên-cia. Desde a sua fundação em Julho de 2000, moveu-nos a ambição e o desafio de sermos capazes de construir uma organização de saúde que, em total con-sonância com os mais elevados padrões técnicos e éticos da prática médica, fos-se simultaneamente eficiente e viável. Passada uma década, o Grupo tornou--se uma referência incontornável no sector e, cremos, contribuiu de forma marcante e exemplar para a valorização da iniciativa privada no nosso País.

A demonstrá-lo estão, inequívo-cos, os nossos resultados: crescimento sustentado da actividade, traduzida actualmente, em termos anuais, na realização de mais de 35 mil cirurgias, 1,3 milhões de consultas, das quais cerca de 250 mil em urgência, e mais de 3,5 milhões de exames comple-mentares de diagnóstico, num total de cerca de um milhão de pessoas que confiam a sua saúde às nossas uni-dades. Em paralelo, implementámos modelos inovadores de organização hospitalar e de coordenação entre cuidados primários, agudos, conti-nuados e de reabilitação, com espe-cial ênfase nos modelos de cuidados paliativos e de neuroestimulação na área das demências. Contribuímos para o desenvolvimento profissional

da comunidade médica através da concretização anual de mais de 50 acções de formação e outras reuniões técnicas e científicas de reconhecida qualidade, de intensa actividade de investigação clínica com participa-ção e apresentação de trabalhos nos mais conceituados congressos médi-cos nacionais e internacionais e da promoção de dezenas de estágios cur-riculares para alunos das faculdades de

medicina, das escolas de enfermagem e de técnicos de saúde, entre outras.

Geramos resultados capa-zes de manter no longo prazo o nosso posicionamento estratégico de medicina diferenciada e de elevada qualidade, através do investimento em talento clí-nico e de gestão e em tecnologia de pon-ta aos mais variados níveis – tecnologia médica, sistemas de informação e tecnologias de comunicação – e de uma gestão financeira sólida que garante que todas as decisões que tomamos cum-prem os mais exigentes critérios técni-co-financeiros de sustentabilidade, para que o Grupo continue a crescer de forma responsável e segura.

Finalmente, na Espírito Santo Saúde estamos permanentemente fo-cados no que temos de fazer para que os doentes nos continuem a procurar e a valorizar, reconhecendo-os como vitais para que a nossa organização se mantenha em actividade. Colocar o melhor interesse do doente acima de tudo reflecte um estado de espírito, uma cultura e uma atitude mental de uma organização centrada no doente, que procura sempre fazer mais e melhor para manter o privilégio da sua preferência. Na Espírito Santo Saúde temos tido sem-pre claro que todos os outros objectivos e competências são instrumentais a esse

Dez anos: visão, estratégia, acção e resultados

ISABEL VAZPRESIDENTE DA COMISSÃO EXECUTIVA DA ESPÍRITO SANTO SAÚDE

iess Verão 2010 iess Verão 2010

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editorial

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desígnio e nisso reside verdadeiramente a nossa força.

Juntos fomos mais e fizemos com que tudo isto acontecesse. É o que se espera de nós, é certo, mas podemos e devemos estar orgulhosos. Porque foram dez anos magníficos, plenos de desafios, em que fomos capazes de crescer pesso-al e profissionalmente, de nos superar continuamente e também de ser felizes porque trabalhamos numa organização onde cada um de nós desempenha um papel fundamental para o cumprimento da nossa missão e onde se respiram os valores da integridade, do espírito de equipa, da entreajuda e uma vontade inabalável de vencer e ser cada vez me-lhor, num projecto que cria inequivoca-mente valor para a sociedade.

Muito obrigada a todos.

Aos nossos accionistas pe-la visão com que nos inspiraram, pela confiança de que seríamos capazes de a concretizar e pelo seu comprometimen-to com uma estratégia de longo prazo.

Aos nossos colaboradores e amigos que acreditaram desde a pri-meira hora, aos que se foram juntando, aos que já não estão entre nós, mas que continuarão para sempre vivos nos nossos corações, e também àque-

les que entretanto abraçaram outros projectos profissionais, mas que fa-zem parte da história desta casa e a ela serão sempre bem-vindos. Este é um projecto que, estou certa, de tão especial, nos marcou a todos para sempre.

Aos nossos fornecedores pelo entusiasmo, rectidão e espírito de inovação com que apoiam a nossa ac-tividade e as nossas ideias, constituin-do parceiros essenciais no desenvolvi-mento de melhores cuidados de saúde aos nossos doentes, na formação de profissionais, na resposta aos desafios de eficiência e sustentabilidade com que diariamente nos deparamos e, last but not least, por darem visibilidade internacional ao nosso projecto e ao nosso país, partilhando connosco o orgulho de sermos capazes de compe-tir com o que de melhor se faz neste sector a nível europeu.

Aos nossos clientes institucionais – seguradoras, subsis-temas de saúde, empresas e outras entidades – pela aposta que fizeram em nós, pela relação de verdadeira parceria e respeito mútuo que desen-volvemos e que, em conjunto, nos permite servir de forma sustentável e cada vez melhor os nossos clientes e beneficiários.

Acima de tudo, obrigada aos nossos doentes e às suas famílias pela confiança e pela elevada exigência que imprimem à nossa organização, ensinando-nos diariamente que a grande inovação em saúde é também nunca esquecer os valores eternos da educação, empatia e compaixão por quem nos procura e em nós confia a sua saúde.

E quanto ao futuro? Só temos a certeza de uma coisa: a missão que definimos há dez anos continua viva e, mais do que nunca, actual – a aposta no talento, na medicina de qualidade e nos valores da integridade, espírito de serviço e respeito absoluto pelos doen-tes só muito dificilmente não nos ga-rantirá o reconhecimento dos cidadãos e a prosperidade. Há, pois, que manter intactos a força, o orgulho e a ambição que nos movem desde o primeiro dia. Vamos a isso, venham mais dez!

Verão 2010 iess

Há que manter intactos a força, o orgulho e a ambição que nos movem desde o primeiro dia

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6 iess Verão 2010

A Borboleta, o Panda e os Gormitis são algumas das personagens dos canais Baby TV e Meo Kids que desde Abril têm animado, com muita alegria, as crianças que se deslocam ao Hospital da Arrábida e ao Hospital da Luz,A Borboleta da Baby TV e os seus amigos têm ani-mado as áreas da Maternidade e do Atendimento Médico Permanente, distribuindo flores, balões e outros brindes, levando uma verdadeira festa junto das crianças.

Tal como na edição de 2009, o Hospital da Luz e a Clínica Parque dos Poetas garantiram a assis-tência clínica no local do evento aos atletas que partici-

param no Portugal Rugby Youth Festival 2010, evento internacional que decorreu nos dias 27 e 28 de Março no Estádio Nacional, no Jamor.A prova contou com a presença de cerca de 1800 atletas de 64 equipas de vários países, incluiu 300 jogos realizados em seis campos diferentes e foi es-truturada em quatro torneios diferentes: sub-12, sub--14, sub-16 e sub-18. O Hospital da Luz e a Clínica Parque dos Poetas garantiram, em permanência, no local do torneio, o apoio médico e de fisioterapeutas necessário para assistir os atletas durante os jogos.

sala de espera

Hospital da Arrábida apresenta expansão

Em jantar realizado a 16 de Abril na Alfândega do Porto, que contou com a presença do presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia, Luís Filipe Menezes, a comissão executiva do Grupo Espírito Santo Saúde assinalou a no-va fase da existência do Hospital da Arrábida, que expandiu e remodelou a sua área, que duplicou, representando um investimento de 25 milhões de euros.A remodelação compreendeu as salas cirúrgicas existentes e áreas de apoio e criação de um hospital de dia cirúrgico com duas salas de cirurgia ambulatória. A unidade de cuidados intensivos foi remodelada e expan-dida e criada uma unidade de cuidados intermédios.Foi ainda criada uma maternidade com uma sala para ce-sarianas e duas salas de partos.

O Grupo Espírito Santo Saúde inclui--se entre as entidades que patrocinam a exposição Arte Médica e Imagem do Corpo – De Hipócrates ao Final do Século XVIII. A organização desta exposição, a decorrer até 31 de Julho, integra-se na política da Biblioteca Nacional de Portugal de estudar, pre-servar e divulgar o valioso conjunto de manuscritos e livros antigos de áreas científicas que integram as suas colecções.A exposição Arte Médica e Imagem do Corpo – De Hipócrates ao Final

do Século XVIII pode ser visitada na Biblioteca Nacional de Portugal (Campo Grande, 83, Lisboa) até ao dia 31 de Julho de 2010, de segunda a sexta-feira, entre as 13h00 e as 19h00, e aos sábados, entre as 10h00 e as 17h00.

BORBOLETA DA BABY TV NOS HOSPITAIS DA ARRÁBIDA E DA LUZ

ESPÍRITO SANTO SAÚDE PATROCINA EXPOSIÇÃO

ES Saúde apoia rugby jovem

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CONSULTA DE GINECOLOGIA – MEDICINA SEXUAL NO HOSPITAL DA LUZ

O Hospital da Luz já tem uma consulta de ginecologia – medicina sexual voca-cionada para a abordagem das disfunções sexuais femininas e suas implicações na sexualidade.Tradicionalmente, este tipo de disfunções não tem sido objecto da intervenção dos ginecologistas. No entanto, as suas causas orgânicas frequentes justificam a interven-ção destes especialistas.A nova consulta é mais uma aposta ino-vadora do Hospital da Luz enquadrada no centro dedicado à saúde da mulher, o Hospital da Mulher. Este foi con-cebido com a finalidade de ser um local privilegiado para o contacto da mulher quando procura um médico.A consulta temática de ginecologia – medicina sexual é da responsa-bilidade de Maria do Céu Santo, médica ginecologista com formação específica e uma vasta experiência nesta área.

TAC com menos radiaçãoOs avanços tecnológicos na área da tomografia compu-torizada (TAC) e a utilização crescente deste método de diagnóstico imagiológico impõem a adopção de medidas adequadas para reduzir tanto quanto possível as doses de radiação. Este aspecto assume particular

importância nos doentes que pela sua situação clínica têm de realizar várias TAC, ou nas crianças.Assim, visando a maior segurança dos doentes sem comprometer a eficácia dos exames, tem sido preocu-pação das equipas de médicos e técnicos do Centro de Imagiologia do Hospital da Luz desenvolver pro-tocolos de baixa dose de radiação para implementar no equipamento TAC de dupla ampola.Por exemplo, quando, no contexto de uma sinuso-patia inflamatória, situação comum nas crianças, é realizada uma TAC dos seios perinasais de acordo com o novo protocolo, a dose de radiação a que o doente é submetido é duas vezes inferior à de um raio X convencional com três incidências ou 11 vezes inferior à de uma TAC com o protocolo comum para estudo da mesma zona anatómica.Também na área da cardiologia um outro protocolo, o step-and-shoot, permite reduzir a dose de radiação a que o doente é submetido, ajustando as necessidades da TAC às especificidades de cada caso.

ESS em movimento

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HOSPITAL DE ÉVORA TEM MEDICINA DENTÁRIA

Está já em funcionamento a nova va-lência de medicina dentária do Hos-pital da Misericórdia de Évora e que conta com equipamento de última geração que permite a intervenção em diversas áreas que vão desde a preven-ção oral, implantologia, ortodôncia, odontopediatria, reabilitação oral e estética, restauração, entre outros.A especialidade conta com um corpo clínico constituído por nove médicos dentistas, os quais asseguram um ser-viço multidisciplinar de alta qualida-de. Desde a abertura, a consulta tem registado uma crescente afluência de clientes, os quais procuram o serviço de qualidade a que já se habituaram nesta unidade.

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ESS em movimento

A Cliria – Hospital Privado de Aveiro acaba de abrir o Pólo 2, um novo edifício e um túnel de ligação, que representam um investimento de cerca de 12 milhões de euros. Após esta ampliação, a Cliria praticamente duplica a sua área útil e os dois pólos estão a funcionar de forma integrada, ainda que tenham características e funções distintas.Com o novo Pólo 2 a Cliria passa a dispor de uma oferta total e integrada em todas as especialidades, entre consultas e exames de diagnóstico, permitindo aos clientes a possibilidade de os poderem efectuar num só local, com toda a comodidade.Pediatria, Dermatologia e Medicina Dentária são espe-cialidades agora disponíveis, bem como o Atendimen-to Médico Permanente, 24 horas, 365 dias por ano.De referir ainda o Centro de Imagiologia, que tem agora uma oferta completa, incluindo TAC e resso-nância magnética.

Cliria abre Pólo 2

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iess Verão 2010

TOMOSSÍNTESE IDENTIFICA MELHOR CANCROS DA MAMA

ESS em movimento

O cancro da mama é o tumor maligno mais frequente da mulher, sendo a primeira causa de morte por cancro em Portugal. Por isso, é com o objectivo de detectar, diagnosticar, avaliar e tratar num curto período de tempo que se têm criado unidades especialmente de-dicadas a esta doença. O equipamento de imagiologia é cada vez mais sofisticado e o Hospital da Luz tem agora uma unidade de tomossíntese. A tomossínte-se é uma técnica só efectuada em algumas doentes, especialmente naquelas em que a constituição do tecido mamário dificulta a detecção do cancro por mamografia.A ecografia ajuda a reduzir o número de biopsias be-nignas desnecessárias e à melhor avaliação de lesões malignas. Para este efeito dispõe de um sistema de biopsia por vácuo, que pode ser orientada por res-sonância, por ecografia ou estereotaxia (mamografia) na mesa dedicada às biopsias. A vantagem deste procedimento relativamente às biopsias habituais (de corte) corresponde a uma maior amostragem, com um diagnóstico mais seguro, evitando intervenções cirúrgicas de lesões benignas.

Inserido no projecto MIT-Portugal, o Hospital da Luz, através da sua Unidade de Cuidados Intensivos (UCI), está a participar num estudo sobre aplicação da inteli-gência neuronal em ambiente de doentes críticos.O estudo, essencialmente sediado numa das unidades de cuidados intensivos do Beth Israel Hospital (Boston, EUA), consiste na tentativa de correlação entre eventos obtidos a partir dos sistemas de monitorização ou de intervenções médicas ou de enfermagem e a ocorrência de efeitos adversos. A UCI do Hospital da Luz foi es-colhida como a unidade externa de validação face aos sistemas de informação disponíveis no hospital.O projecto é coordenado por Stank Finkelstein, res-ponsável do MIT, e pelo Professor João Sousa (Instituto Superior Técnico), e envolve uma equipa numerosa de engenheiros informáticos do IST. Conta ainda com a participação do Professor Amílcar Falcão, da Facul-

dade de Farmácia da Universidade de Coimbra. Por parte do Hospital da Luz, são responsáveis Ivo Antão, administrador da Espírito Santo Saúde, e o médico intensivista Carlos Palos.

MIT DESENVOLVE PROJECTO COM HOSPITAL DA LUZ

Casos Clínicos já tem segundo volumeO livro Casos Clínicos Hospi-tal da Luz 2008--2009, segundo volume da série, foi publicado em Dezembro de 2009. O livro destina-se a médicos e apresenta alguns casos clínicos seleccionados entre muitos outros que foram tratados no Hospital da Luz.O editor responsável é o Professor Américo Dinis da Gama e entre os casos apresenta-dos contam-se o primeiro caso de doença de Creutzfeldt-Jakob provável no Hospital da Luz, terapêutica focal do carcinoma de próstata, cirurgia do cancro do colo do útero ou o tratamento endovascular de aneurismas saculares intracranianos.

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ESS em movimento

NUNO CARDIM LANÇA LIVRO DE ECOCARDIOGRAFIA TRANSTORÁCICA

Decorreu recentemente na sede da Socieda-de Portuguesa de Cardiologia o lançamento do livro Ecocardiografia Transtorácica, da autoria do Professor Nuno Cardim, coorde-nador da unidade de imagiologia cardíaca e do laboratório de ecocardiografia do Hos-pital da Luz.O livro aborda em detalhe vários aspectos da ecocardiografia transtorácica e destina--se a estudantes de Medicina, médicos in-ternos de cardiologia, medicina interna e anestesiologia e médicos especialistas em cardiologia.O Professor Nuno Cardim é cardiologista, doutorado pela Faculdade de Ciências Mé-dicas da Universidade Nova de Lisboa.

HOSPITAL DA ARRÁBIDA JÁ TEM MATERNIDADE

Já está em funcionamento, desde 19 de Abril, a maternidade do Hospital da Arrábida. A nova unidade tem como princípio orientador da sua actividade a segurança e o conforto das futuras mães e dos filhos recém- -nascidos, proporcionando um ser-viço que responde a todas as necessidades e exigências das mulheres que a procuram. Para este efeito, a maternidade do Hospital conta com o apoio de um corpo clínico de obstetras, pediatras neonatologistas e médicos anestesistas de competência e experiência reconhecidas, além de um corpo de enfermagem especializado em cuidados à grávida e ao recém-nascido.O bloco de partos, dotado dos recursos tecnológicos mais modernos, inclui duas salas de parto, uma sala operatória exclusiva para cesarianas e uma sala de recobro. A maternidade dispõe de quartos individuais em piso de internamento exclusivo da mulher.

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A vida começa aos 65As Casas da Cidade e o Clube de Repouso Casa dos Leões são soluções residenciais inovadoras da Espírito Santo Saúde, planeadas a pensar nas necessidades da população sénior, a partir dos 65 anos de idade. Respeitando a privacidade, promove-se o convívio e a manutenção de uma vida activa. Estas residências visam garantir elevada qualidade a pessoas que procuram comodidade, segurança e autonomia, bem como apoio integrado a nível de cuidados de saúde. Com a vantagem de viver entre amigos

Texto João Paulo Gama Fotografias Estúdios João Cupertino

testemunhos

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MARIA BEATRIZ E CARLOS EUGÉNIO DE CHABY Casas da Cidade – Residências Sénior

Depois de uma vida profissional ligada à actividade bancária em Portugal e no estrangeiro, o engenheiro civil, formado no Instituto Superior Técnico, e a mulher decidiram iniciar uma nova fase das suas vidas nas Casas da Cidade, onde residem desde há nove meses.

A razão principal desta opção prendeu-se, segundo Carlos Eugénio, “com a possibilidade de continuar a ter a vida organizada, sem depender de terceiros, mas enquadrada num sistema que nos permite conjugar autonomia com soluções de apoio adequadas à nossa idade”.

Informados sobre soluções similares que existiam em outros países, sentiram-se aliciados pela filosofia do projecto Casas da Cidade, a começar pelos espaços, pela localização, próxima de uma zona comercial, e por estar bem servido de transportes. Estar paredes meias com o Hospital da Luz foi outro dos pontos tidos em consideração, assim como a possibilidade de poder trazer móveis e objectos pessoais.

Carlos Eugénio afirma que a mudança não trouxe qualquer problema: “É mais uma fase na vida”, diz.

testemunhos

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SÉRGIO DOS REIS E SOUSA Clube de Repouso Casa dos Leões

Para este antigo funcionário diplomático de origem goesa, nascido em Moçambique, o Mundo não tem segredos. Durante quase 40 anos trabalhou e viveu em embaixadas e consulados-gerais de Portugal em países como a Dinamarca, Noruega, Alemanha, Peru ou Itália. A Casa dos Leões serve como porto de abrigo nas temporadas em que sente necessidade de maior apoio. Por isso alterna a permanência no Clube com a habitação própria, em Lisboa. Elogia a possibilidade de poder optar entre hospedar-se ou permanecer em sua casa.

Os períodos passados na Casa dos Leões não são, diz, tempos de sacrifício. Gosta das sessões de leitura e aprecia particularmente cinema. Só sente falta da maior oferta cultural que há em outros países da Europa.

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MARIA ALICE DE SOUSA AFONSO Casas da Cidade – Residências Sénior

Depois de ter sido professora, o casamento levou Maria Alice até Macau, onde o marido, arquitecto, foi exercer a sua profissão. No antigo território sob administração portuguesa criou os dois filhos, até que as voltas da vida a trouxeram de novo a Portugal. Vive nas Casas da Cidade desde Agosto último e, apesar de manter uma casa em Lisboa, prefere viver nesta residência, onde pode desfrutar de companhia e de algo que muito preza: falar, comunicar. O piano é a sua grande paixão e a decoração do seu apartamento reflecte a passagem por terras orientais.

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testemunhos

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MARIA JOSÉ MARTINS SILVA Clube de Repouso Casa dos Leões

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Reside no Clube de Repouso Casa dos Leões há seis anos. Depois de uma vida dedicada à contabilidade, em Angola, com permanências em Huambo, Luso, Uíge e, depois de 1975, em Luanda, veio para Portugal em 1983, para a Bemposta, localidade próxima de Abrantes.Gosta de viver no Clube desde o primeiro dia. Antes de decidir viver na Casa dos Leões, veio com o marido, recentemente

falecido, visitar o espaço. Gostou dos espaços verdes, da tranquilidade, do ambiente acolhedor. Decidiram ficar.Maria José tem como hobby predilecto a leitura e aprecia autores como Eça de Queiroz, Miguel Sousa Tavares, José Rodrigues dos Santos ou o catalão Carlos Ruiz Zafon. E faz puzzles com 500 ou 1000 peças, como o que mostra orgulhosamente na imagem.

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testemunhos

MARÍLIA DA COSTA BRANCO Clube de Repouso Casa dos Leões

Ao fim de 35 anos de intensa actividade como pneumologista e alergologista no Hospital de St.ª Maria, esta médica resolveu encerrar a sua vida profissional por razões de saúde. Um problema cardíaco motivou uma cirurgia, seguida de um período de convalescença na Casa dos Leões. Após o regresso a casa, a doença da irmã, com quem viveu, agravou-se e ajudou à tomada de decisão mais conveniente para si: viver na Casa dos Leões. Em Março passam três anos desde que reside no Clube. Encontrámo-la a fazer ginástica, uma das muitas actividades com que preenche o tempo, além dos ateliers de vitrofusão e de pintura, para as quais, diz, não acha ter grande talento, mas esforça-se por dominar as técnicas. O seu pintor predilecto é Van Gogh, apreciando ainda Rembrandt e Manet. Sempre que tem oportunidade, vai com amigos a exposições de arte e só sente falta dos passeios que fazia quando integrava o Centro Nacional de Cultura.

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MARIA CLARA CANÇADO Casas da Cidade – Residências Sénior

Ex-professora de Educação Visual do 3.º ciclo, natural de Odemira, localidade onde nos últimos anos leccionou, Maria Clara precisava de realizar um longo tratamento no Departamento de Medicina Física e de Reabilitação do Hospital da Luz, no seguimento de uma cirurgia à coluna. O objectivo era voltar a andar.Tornou-se necessário estar perto do Hospital. A solução passou por residir temporariamente nas Casas da Cidade, na modalidade de direito de utilização temporária (DUT). Agora já anda – primeira vitória –, mas ainda falta ganhar mais equilíbrio. Por isso vai continuar nas Casas da Cidade por mais algum tempo.

SAIBA MAIS

As Casas da Cidade e o Clube de Repouso Casa dos Leões prevêem essencialmente duas alternativas, em termos de modalidade de adesão, para fazer face a diferentes tipos de utilização: para utilizações vitalícias (DUV), a partir dos 65 anos de idade, ou para utilizações temporárias (DUT), por exemplo durante um período de recuperação ou convalescença.

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testemunhos

Casas da Cidade – Residências Séniorhttp://www.casasdacidade.ptClube de Repouso Casa dos Leõeshttp://www.casadosleoes.pt

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Voluntarismo leva médico português ao HaitiPedro Cristóvão, médico do Hospital da Luz – Centro Clínico da Amadora, integrou a missão de auxílio às vítimas do sismo na-quela ilha. Uma experiência única e marcante

11 DE JANEIRO DE 2010, 16h53. As agulhas dos sismógrafos oscilam velozmente, traçando riscos largos nas folhas de registo: é um forte abalo telúrico, que dura quase um minuto. Epicentro a sudoeste de Port-au-Prince, capital do Haiti, na ilha de Hispaniola, abaixo do Trópico de Câncer.

A magnitude, 7 na escala de Richter, não deixa margem para dúvidas – um sismo violento atinge duramente a ca-

espírito de missão

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Texto João Paulo Gama Fotografias Estúdios João Cupertino e Pedro Cristóvão (fotos no Haiti)

pital haitiana. Depois do primeiro aba-lo, sucedem-se réplicas sobre réplicas, com as primeiras a atingir os graus 5,9, 5,5 e 5,1 na mesma escala.

A destruição de grande parte dos edifícios de Port-au-Prince é total e os que não ruíram nas primeiras ho-ras apresentam-se tão estruturalmente atingidos que acabam por soçobrar.

O cenário da capital haitiana asse-melha-se ao de uma cidade atingida

por um bombardeamento. A tragédia humana sobrevém: quantos milhares de pessoas estarão sob os escombros, a precisar de ser resgatadas e tratadas?

Sob a égide da ONU, é montada uma operação de emergência para auxiliar o Haiti; há necessidades urgentes, como encontrar pessoas ainda vivas debaixo dos escombros, alimentar e recolher os desalojados, providenciar assistência médica aos milhares de feridos poli-traumatizados. O primeiro hospital foi montado por médicos do Hospital da Universidade de Miami, que chega-ram a Port-au-Prince 24 horas depois do sismo. O governo haitiano solicita ajuda e a comunidade internacional

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voluntaria-se com meios materiais e humanos para prestar assistência.

Encabeçada pela Autoridade Nacio-nal de Protecção Civil, a missão por-tuguesa é uma das primeiras a partir para aquele país caribenho. A bordo de um avião Hércules C-130, da Força Aérea Portuguesa, viajam uma equipa de três médicos, dois enfermeiros e três tripulantes de ambulâncias de socorro do INEM, uma equipa de bombeiros e jornalistas.

O objectivo, determinado pela ONU, passava por instalar um cam-po de refugiados. Entre os médicos, seguiu Pedro Cristóvão, emergencista do INEM, que desempenha também funções no Atendimento Médico Per-manente do Hospital da Luz – Centro Clínico da Amadora.

MÃOS À OBRA“Quando dei conhecimento do convite para integrar a missão, a administração do Hospital da Luz – Centro Clínico da Amadora [N. R.: ver reportagem sobre esta clínica nas páginas 28 a 30 desta edição da iess] deu-me todo o apoio e suporte necessários para que eu pudes-se estar presente”, lembra, a propósito, o médico que se licenciou em Medicina quase por hobby, depois de ter adquiri-do formação como terapeuta da fala.

Pedro Cristóvão gosta de acção, de emergência médica e lamenta ainda que esta não seja considerada especia-lidade médica a nível nacional: “Existe uma competência atribuída pela Or-dem dos Médicos, mas não é uma es-pecialidade”, diz Pedro Cristóvão, que optou, por isso, por trabalhar no que mais o preenche profissionalmente, a emergência médica, nas viaturas mé-dicas do INEM (desde há três anos) e no Atendimento Médico Permanente do Hospital da Luz – Centro Clínico da Amadora desde há quatro meses. Por

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espírito de missão

“O que fizemos foi medicina ‘de guerra’, pois acabámos por improvisar muitas soluções...”

ora, e por opção, fica para mais tarde a graduação como especialista: “Gosto de trabalhar no terreno, a praticar uma medicina de emergência, muito ime-diata, onde não existe o controlo que existe no ambiente hospitalar, onde é necessária grande capacidade de im-provisação, tendo sempre presente a primeira regra em termos de socorro – que é trabalhar em condições de se-gurança”, assegura.

À chegada a Port-au-Prince, a ONU informa a missão portuguesa de que não existem condições para montar um perímetro de segurança fora do aeroporto. Na eminência de ter de es-perar, circunstância desajustada da

situação no terreno, os portugueses arregaçam as mangas e voluntariam--se para colaborar com os médicos norte-americanos do hospital de Miami, que estavam a trabalhar em dois pavilhões localizados dentro do campo da ONU já improvisados co-mo enfermaria desde há quatro dias: farão o que for preciso. “Acabámos por fazer trabalho de urgência e de emergência em colaboração com os médicos daquela instituição”, diz Pedro Cristóvão.

“Os dois pavilhões acabaram por funcionar como enfermaria improvi-sada, e num deles montou-se um bloco operatório somente delimitado do resto do espaço por biombos, naturalmente sem quaisquer condições de assepsia. O que senti, no fundo, é que estava a exercer uma ‘medicina de guerra’...”, lembra o médico, que ali passou os 15 dias de estada da missão portuguesa em Port-au-Prince.

UNS POR TODOSSem mãos a medir, os norte-americanos aceitaram prontamente a colaboração dos portugueses, mas avisam-nos lo-

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go das dificuldades: não há oxigénio, não há análises clínicas nem raio-X, e existiam, para começar, cerca de 200 doentes para ver, todos vítimas de trauma, com necessidade de tra-tamento cirúrgico, que envolvia em alguns casos amputações, e tudo sem condições de tratamento ideais.

Pedro Cristóvão fala desses momen-tos: “As equipas não tinham experiên-cia no terreno, saíram de um hospital central com condições controladas para um cenário ‘de guerra’. Tiveram de adaptar-se rapidamente e sentimos ali um espírito que não é muito co-mum acontecer, ou seja, toda a gente servia para todas as tarefas: os médicos

cais, como a amputação. “Marcou-me muito uma rapariga de 19 anos, com uma fractura exposta no pé esquer-do. Já não havia muito a fazer e foi proposta a amputação. Ela recusou sempre e só comigo, o sétimo médico que a viu, foi possível convencê-la a realizar a cirurgia.”

Pedro Cristóvão acredita que numa semana deverá ter assistido uns 300 doentes, tendo em conta que todos os profissionais assistiam todas as pessoas que procuraram o hospital.

O médico do Hospital da Luz – Cen-tro Clínico da Amadora assegura ter enriquecido como pessoa e como pro-fissional após a experiência no Haiti: “Sem dúvida que o que fizemos foi medicina de ‘guerra’, pois acabámos por improvisar muitas soluções, su-portadas nos conhecimentos técnicos que possuímos. Se posso retirar uma mensagem? Creio que, de um modo geral, os médicos não dominam actos de emergência médica e num contexto como o que encontrámos ali todos ti-nham de lidar com essa realidade.”

A esta distância temporal Pedro Cris-tóvão afirma que, se o sismo ocorresse agora, voltaria ao Haiti, sem hesitar.

Além de ter ajudado a salvar vidas, o médico teve o privilégio de assistir e auxiliar em cinco partos durante os dias de Port-au-Prince, e a 1 de Março último, na comemoração do Dia Nacional da Protecção Civil, Pe-dro Cristóvão recebeu a Medalha de Mérito de Protecção e Socorro (grau Cobre, distintivo Laranja), galardão que distinguiu o seu papel. Porque a vida continua.

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espírito de missão

As condições da enfermaria e do ‘bloco operatório’ eram de um cenário ‘de guerra’ (na página ao lado)

O Palácio Presidencial não resistiu ao abalo

faziam trabalho de enfermagem – ad-ministravam terapêutica – ou, quando necessário, todos carregavam paletes de seringas.”

O pior foi, afirma, ultrapassar a barreira cultural: os feridos não eram hostis, mas recusavam ajuda médica. As pessoas chegavam ao hospital de-masiado tarde para tratamentos mais convencionais, e por isso era necessá-rio recorrer a terapêuticas mais radi-

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EM CERIMÓNIA presidida pelo primeiro-ministro, José Sócrates, e com a presença da ministra da Saúde, Ana Jorge, dos secretários de Estado da Saú-de e das Finanças, dos presidentes das Câmaras Municipais de Loures, Odi-velas e Amadora, além dos parceiros do consórcio Consis Loures (Grupo Espírito Santo Saúde, Mota-Engil En-genharia e Construções, Opway Enge-nharia, Dalkia, Mota-Engil Ambiente e Serviços e Banco Espírito Santo), entre outras individualidades, decorreu no chuvoso dia 12 de Janeiro o lança-mento da primeira pedra do futuro Hospital em Loures, que irá chamar-se Hospital Beatriz Ângelo em homena-gem à primeira médica portuguesa a realizar uma cirurgia, no Hospital de São José, a primeira a votar e uma das fundadoras da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas.

Integrado na estratégia de reforço da rede hospitalar do Serviço Nacional de Saúde, este hospital foi pensado para dar resposta a uma zona de forte con-centração demográfica – um universo populacional de 272 mil pessoas que reside, actualmente, nos concelhos de Loures, Mafra, Odivelas e Sobral de Monte Agraço –, tendo sido dimensio-nado para responder às necessidades das populações abrangidas nas próxi-mas décadas.

Para que a capacidade de resposta seja pronta e eficaz, prevê-se, a nível de recursos humanos, a criação de 1200 novos postos de trabalho, dos quais 290 serão médicos e 370 enfermeiros.

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Hospital de Loures já está em marchaResultado de uma parceria público-privada entre o Estado e um consórcio liderado pelo Grupo Espírito Santo Saúde, o futuro Hospital Beatriz Ângelo vai integrar o Serviço Nacional de Saúde. Abre portas no primeiro semestre de 2012

O primeiro-ministro colocou a primeira pedra do futuro Hospital Beatriz Ângelo

Representando um investimen-to na saúde de 44 milhões de euros por ano, o que equivale a 120 mil euros por dia, num período de dez anos após a sua construção, o futuro Hospital Beatriz Ângelo faz parte de uma política de renovação e melhoria da assistência em saúde à população portuguesa através da requalificação da rede hospitalar, incluindo novos edifícios, substituição ou moderni-

zação de unidades hospitalares mais antigas.

A parceria entre o Estado e o Con-sis Loures formalizou-se através de um contrato que prevê a prestação de cuidados de saúde, por um prazo de dez anos, e a gestão do edifício hospitalar, que inclui as actividades de concepção, projecto, construção, financiamento, conservação e manu-tenção por um prazo de 30 anos.

SONHO COM 90 ANOS Nos discursos protocolares, Carlos Teixeira, presidente da Câmara Mu-nicipal de Loures, autarquia onde vai ficar implantado o Hospital Bea-

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triz Ângelo, começou por destacar a importância histórica do dia para o concelho ao afirmar que Loures havia esperado pelo menos 90 anos por este momento, aludindo ao primeiro documento escrito que reivindica a construção de um hospital concelhio, datado de 1920.

O autarca disse acreditar que desta vez não haverá novo revés, confiando na concretização definitiva de um tão longo anseio da população de Loures, e mostrou total abertura em colaborar com o consórcio que vai instalar o hospital.

Por sua vez, Isabel Vaz, presiden-te da comissão executiva da Espírito

O futuro Hospital Beatriz Ângelo faz parte de uma política de renovação e melhoria da assistência em saúde à população portuguesa

Isabel Vaz, presidente da comissão executiva da Espírito Santo Saúde, referiu a importância do acesso aos cuidados de saúde como inequívoco factor de coesão social

Maquete do futuro Hospital Beatriz Ângelo

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fortes de todos os parceiros do con-sórcio e de toda a equipa envolvida – a Espírito Santo Saúde na operação clínica, a Mota-Engil Engenharia e Construções e a Opway Engenharia na área da construção, a Dalkia e a Mota-Engil Ambiente e Serviços na área da manutenção hospitalar, o Banco Espírito Santo na montagem e financiamento do project finance –, “não esquecendo os nossos consul-tores, com especial relevo para a Linklaters, na área jurídica, o Banco Espírito Santo Investimento, na área financeira, e a equipa de projectistas, sob coordenação dos arquitectos Al-bert Pineda e Miguel Saraiva & As-sociados”, para tornar extensivos os agradecimentos ao conselho clínico superior da Espírito Santo Saúde nas pessoas de dois grandes senhores da medicina portuguesa e cujo enorme saber se reflectiu na governação clíni-

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Santo Saúde, referiu, no seu discurso, a importância do acesso universal aos cuidados de saúde como inequívoco factor de coesão social, direito civi-lizacional e uma conquista da nossa democracia.

Por isso, afirmou, o lançamento de um novo hospital não é um aconteci-mento igual aos outros: “Um hospital toca profundamente na vida das pes-soas; num hospital nasce-se e morre- -se. Num hospital recupera-se a saúde após a doença, renova-se a esperança e renasce-se de novo para a vida. Num hospital cumpre-se o ciclo da vida.”

Isabel Vaz aludiu ainda ao entu-siasmo, persistência e convicções

BEATRIZ ÂNGELO, UMA MULHER DE LUTAS

Médica, republicana e feminista, Beatriz Ângelo nasceu em 1877, na Guarda, onde realizou os estudos liceais. Já em Lisboa, ingressou nas Escolas Politécnica e Médico-Cirúrgica, tendo terminando o curso em 1902.Foi a primeira mulher portuguesa a realizar uma cirurgia no Hospital de São José, sob a direcção de Sabino Teixeira Coelho, tendo ainda trabalhado no Hospital de Rilhafoles, sob a orientação de Miguel Bombarda, onde se dedicou à especialidade de ginecologia. Em 1909 foi uma das fundadoras da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas, defendendo os ideais republicanos, o direito de voto das mulheres, o direito ao divórcio, a instrução das crianças e a

igualdade de direitos e deveres para homens e mulheres. No âmbito da Associação de Propaganda Feminista, projectou a criação de uma escola de enfermeiras, mais uma das suas preocupações com a emancipação das mulheres. Beatriz Ângelo foi também a primeira mulher a votar em Portugal. Fê-lo em Lisboa, em 28 de Maio de 1911, para eleição dos deputados da Assembleia Constituinte, acto amplamente noticiado em Portugal e felicitado em diversos países do mundo pelas associações feministas. Ainda que muito preenchida, a sua vida foi, porém, curta. Beatriz Ângelo morreria aos 33 anos, em 3 de Outubro de 1911.

Carlos Teixeira, presidente da Câmara Municipal de Loures, destacou a importância histórica do arranque da obra

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ca do projecto: José Roquette, director clínico do Hospital da Luz, e João Sá, director clínico adjunto do Hospital da Luz, e ainda Alice Arnaut, enfer-meira do conselho clínico superior da Espírito Santo Saúde.

O papel fundamental das estru-turas do Ministério da Saúde que conduziram o processo, tais como a Estrutura de Missão Parcerias.Saúde, a comissão de avaliação de propostas e a ARS de Lisboa e Vale do Tejo, e o rigor e exigência que colocaram nas fases de concurso e negociação permitiram, segundo Isabel Vaz, construir uma parceria baseada na transparência e rigor da sua avaliação e na evidência dos seus resultados:

“Por isso agradeço ao engenheiro João Wemans, ao professor Ribeiro Men-des e ao doutor Rui Portugal.”

Isabel Vaz não esqueceu o poder político no seu discurso, frisando que, apesar da enorme crise eco-nómica e financeira que abalou o mundo e dos desafios ciclópicos de sustentabilidade que este hoje en-frenta, tem a ousadia de acreditar que o ressurgimento económico nunca se fará sem investimento na coesão social através de um dos nossos bens mais preciosos: o direito à saúde.

“Para a população do concelho de Loures, o terreno cedido pela Câmara de Loures à ARS de Lisboa e Vale do Tejo revela a visão de um presidente de câmara que aposta no papel que um hospital pode desempenhar no desenvolvimento sócio-económico da sua população. Sem a sua convicção e persistência não estaríamos hoje aqui.

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A cerimónia contou com a presença do primeiro-ministro, da ministra da Saúde, dos secretários de Estado da Saúde e das Finanças, dos presidentes da Câmara de Loures e Odivelas

O HOSPITAL BEATRIZ ÂNGELO EM NÚMEROS

Data de abertura prevista: 2012

Total de camas de internamento: 424, com capacidade para aumen-tar para 453 sem necessidade de obras

Salas de bloco operatório: 8

Gabinetes de consulta externa: 44

Postos de hospital de dia: 64

Actividade prevista (em valores anuais):

• Episódios de internamento: 24.000

• Consultas externas: 245.000

• Urgências: 126.000

• Sessões de hospital de dia: 24.000

• Cirurgias: 11.400, das quais 50% em ambulatório

Total de colaboradores hospitala-res: 1200, dos quais 290 médicos e 370 enfermeiros

Construção: 800 trabalhadores

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Muito obrigada, senhor presidente”, disse dirigindo-se a Carlos Teixeira.

Para concluir, a presidente da comis-são executiva da Espírito Santo Saúde, dirigindo-se ao primeiro-ministro e à ministra da Saúde e, sobretudo, perante as populações da região, assumiu o compromisso de serviço público e de contribuir de forma marcante e exem-plar para o desenvolvimento do Siste-ma Nacional de Saúde português.

ANA JORGE: “AFIRMAR PARCERIAS”A intervenção de Ana Jorge, minis-tra da Saúde, frisou o facto de ser este hospital um equipamento para o futuro, estando já preparado para responder ao aumento demográfico previsto nas próximas décadas.

A governante referiu-se ainda à Espírito Santo Saúde e às restantes empresas que compõem o consórcio e que, com o Ministério da Saúde, assumem a responsabilidade no êxito deste novo hospital: “Estou certa de que, no quadro do contrato de gestão que assinámos no final de 2009, sa-beremos afirmar esta parceria como um bom exemplo no sector da saúde em Portugal.”

Ana Jorge afirmou que ao construir esta nova unidade hospitalar o exe-cutivo responde às necessidades das populações residentes nos concelhos abrangidos pela área de influência, es-tando este “preparado para dar resposta em múltiplas valências, das quais me permito destacar a área materno-in-fantil, de medicina interna, de cirurgia geral, vascular e plástica, bem como de ortopedia, de pediatria, de cardiologia

A construção do futuro Hospital Beatriz Ângelo (esta e a página seguinte) avança em bom ritmo

O primeiro-ministro salientou a requalificação da rede hospitalar como um exemplo da resposta à crise económica e também uma aposta nas futuras gerações

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e de oncologia médica. Estamos, assim, a aumentar o acesso das pessoas a cui-dados de saúde especializados”.

A governante sublinhou também que este não era um investimento isolado, inserindo-se numa estratégia traçada e destinada a reforçar e a modernizar a rede hospitalar do Serviço Nacional de Saúde. “Esta estratégia decorre de um trabalho muito sério de identificação de necessidades, de diálogo com as autarquias e de definição de priorida-des, e tendo em conta a tão necessária articulação com a reforma dos cuida-dos de saúde primários e com a Rede Nacional de Cuidados Continuados”, completou Ana Jorge.

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economia, para que mais portugueses tenham emprego e para que mais em-presas tenham oportunidades.”

José Sócrates recordou que estão em construção seis novos hospitais – de Loures, de Cascais, de Braga, de Ama-rante, da Guarda, de Lamego e pediátri-co de Coimbra –, para poder afirmar que nunca “se construíram tantos hospitais ao mesmo tempo. É aqui, na constru-ção de novos hospitais, que está a ser despendido o dinheiro dos impostos. E se há prioridade na requalificação dos equipamentos sociais no nosso País, é nesta área, na construção dos novos hospitais que há muito tempo eram necessários”, referiu.

ESPECIALIDADES DISPONÍVEIS NO HOSPITAL BEATRIZ ÂNGELO

Médicas:

• Cardiologia

• Dermato-venereologia

• Doenças infecciosas

• Endocrinologia

• Gastrenterologia

• Imuno-alergologia

• Medicina interna

• Nefrologia

• Neurologia

• Oncologia médica

• Pediatria

• Pneumologia

• Psiquiatria e psiquiatria da infância e adolescência

• Reumatologia

Cirúrgicas:

• Angiologia e cirurgia vascular

• Cirurgia geral

• Cirurgia plástica e reconstrutiva

• Obstetrícia/ginecologia

• Oftalmologia

• Ortopedia e traumatologia

• Otorrinolaringologia

• Urologia

Diagnóstico e terapêutica:

• Anatomia patológica

• Anestesiologia

• Imuno-hemoterapia

• Medicina física e de reabilitação

• Medicina nuclear

• Patologia clínica

• Radiodiagnóstico:

TAC

Ressonância magnética

Ecografia

• Litotrícia

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Para a ministra, investir em saúde é investir num valor seguro e, “quando investimos em hospitais como este que aqui vai nascer, estamos a investir nas pessoas e são as pessoas que contam quando falamos no futuro de Portugal”, conclui Ana Jorge.

Também o primeiro-ministro salien-tou no seu discurso a requalificação da rede hospitalar como um exemplo da resposta à crise económica e também uma aposta nas futuras gerações: “O investimento nestes hospitais é absolu-tamente essencial, não apenas para me-lhorar o Serviço Nacional de Saúde ou o acesso à saúde, mas para responder à crise económica, para recuperar a nossa

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Hospital da Luz abre Centro Clínico na AmadoraServido por boas acessibilidades, localizado no centro da Amadora, o Centro Clínico proporciona, através de uma oferta diferenciada e integrada com a Clínica Parque dos Poetas e o Hospital da Luz, um serviço de excelência e inovação

Texto João Paulo Gama Fotografias Pedro Guimarães/4See

INSERIDO num empreendimento habitacional de grande qualidade lo-calizado na principal artéria urbana, o Hospital da Luz – Centro Clínico da Amadora, a mais recente unidade da Espírito Santo Saúde, posiciona-se co-mo centro ambulatório de referência daquela cidade perto da Grande Lisboa. Agora, quem reside ou trabalha no eixo Alfragide-Amadora-Queluz-Sintra, área de elevada densidade populacional, dispõe de uma oferta abrangente de excelência ao nível da prestação de cuidados de saúde em regime de am-bulatório.

Servido por excelentes acessibilida-des, com uma localização privilegiada,

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o novo Centro Clínico da Amadora foi criado para oferecer aos seus clientes um leque completo de cuidados de saú-de ambulatórios num único local, com toda a comodidade e em integração com o Hospital da Luz, em Lisboa. As-sim, os clientes daquele hospital que residam na zona de influência da no-va clínica podem ter, se necessitarem, acesso a esta extensão do Hospital da Luz, poupando tempo de deslocação e beneficiando da mesma qualidade assistencial que encontram naquele hospital.

O Hospital da Luz – Centro Clínico da Amadora disponibiliza nos seus cin-co pisos um leque alargado de consul-

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bem como em situações urgentes, em qualquer destas unidades, pouco dis-tantes entre si e ligadas por boas vias de comunicação.

COMODIDADE E BEM-ESTARPara tornar mais fácil e confortável a sua rápida identificação, todos os pisos da clínica, espaços amplos e que rece-bem muita luz natural, apresentam cores diferentes no revestimento das

tas das diferentes especialidades médi-cas e cirúrgicas, de que são exemplo, entre outras, a pediatria, a medicina geral e familiar, a otorrinolaringologia, a ginecologia e obstetrícia, a cirurgia geral, a ortopedia, a medicina dentária, a dermatologia e a oftalmologia.

Um dos aspectos distintivos da clí-nica é a interligação com o Hospital da Luz, em Lisboa, e com a Clínica Parque dos Poetas, em Oeiras. Assim, todas as pessoas que procurarem esta nova unidade do Grupo Espírito San-to Saúde terão a garantia do apoio e a segurança na prestação de cuidados de saúde mais diferenciados que sejam necessários ou exijam internamento,

Quem reside ou trabalha no eixo Alfragide- -Amadora-Queluz-Sintra dispõe de uma oferta abrangente de excelência ao nível da prestação de cuidados de saúde em regime de ambulatório

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paredes e em algumas peças de mo-biliário, aspectos destinados a criar mais conforto, comodidade e bem- -estar para profissionais e clientes.

Em termos clínicos, um dos pon-tos fortes do Hospital da Luz - Cen-tro Clínico da Amadora é o centro de imagem e diagnóstico, unidade totalmente digital, que está equipa-da com a mais recente tecnologia para exames de raio-X, tomografia computorizada (TAC), ecografia, mamografia, densitometria óssea e ortopantomografia.

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O Centro dispõe ainda de salas de-dicadas à realização de exames espe-ciais de diagnóstico de apoio às mais diversas especialidades, tais como cardiologia – electrocardiogramas, ecocardiogramas, MAPA, Holter e provas de esforço –, cirurgia vascular, dermatologia, oftalmologia, otorrinola-ringologia e ginecologia, entre outras. Também aqui funciona a interligação com o Hospital da Luz e a Clínica Par-que dos Poetas, tanto para a realização de exames não existentes no Centro Clínico da Amadora como ainda no diagnóstico e tratamento de situações de maior urgência ou complexidade.

Aspecto importante para quem pro-cura a clínica são os acordos e con-venções já estabelecidos com segura-doras e subsistemas de saúde. Assim, o Hospital da Luz - Centro Clínico da Amadora já tem em vigor acordos com a Médis, AdvanceCare, PT-ACS, IAS-FA – ADME, ADMA e ADMFA, SA-MS-Quadros e SAMS-SIBS, Serviços Sociais da Caixa Geral de Depósitos, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, RTP e Companhia de Seguros Allianz. Brevemente estarão disponíveis mais

ATENDIMENTO PERMANENTE DAS 9H00 ÀS 22H00

O Hospital da Luz - Centro Clínico da Amadora tem um serviço de Atendimento Médico Permanente (atendimento geral para adultos e crianças) que funciona todos os dias, das 9h00 às 22h00. No mesmo piso existe ainda uma sala de observação (SO), com quatro camas e todos os equipamentos de apoio e monitorização.O Atendimento Médico Permanente conta com o apoio de especialidades como cirurgia geral e ortopedia e tem uma sala dedicada à realização de pequenos procedimentos cirúrgicos e ortopédicos (como, por exemplo, alguns tipos de fracturas). Este serviço permite uma resposta integrada com equipas médicas e meios complementares de diagnóstico locais, sendo que em caso de necessidade de cuidados mais diferenciados ou internamento os mesmos serão assegurados pelo Hospital da Luz.

O Centro dispõe de salas dedicadas à realização de exames especiais de diagnóstico de apoio às mais diversas especialidades, como a TAC

Localizado na principal artéria da Amadora, o Centro Clínico fica a curta distância a pé do centro da cidade

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acordos e convenções com outras se-guradoras e subsistemas.

Localizado na principal artéria da Amadora, a Rua Elias Garcia, o centro clínico fica a curta distância a pé do centro da cidade, além de estar bem servido de áreas de estacionamento, com 330 lugares públicos, bem como de transportes públicos, estando a 400 metros da estação de caminhos de ferro da CP.

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O HOSPITAL DA LUZ – CENTRO CLÍNICO DA AMADORA EM NÚMEROS

Corpo clínico: cerca de 110 médicosEnfermeiros: 16Técnicos de diagnóstico e terapêutica: 15.Administrativos e actividades de suporte: 37Número de consultórios (consultas programadas):• 24 gabinetes de consulta de diversas

especialidades• cinco salas de exames e de

tratamento• duas salas de observação• uma sala de aerossoloterapia• duas salas de apoio• uma sala dedicada à cardiologia para

realização de provas de esforço, MAPA e Holter

Atendimento médico permanente:• três gabinetes de consulta• uma sala de observação (SO),

uma sala de tratamento e uma sala de pequena cirurgia

• uma sala de colheitas• uma sala de apoio.Centro de imagiologia:• seis salas de exames (raio X,

ortopantomografia, densitometria óssea, mamografia, ecografia e TAC).

Investimento total: 8,5 milhões de euros.

O Hospital da Luz – Centro Clínico da Amadora foi oficialmente inaugurado a 6 de Outubro de 2009, em cerimónia que contou com a presença do presidente da Câmara Municipal da Amadora, Joaquim Raposo, do presidente da comissão executiva do BES, Ricardo Salgado, e de outras individualidades autárquicas e do sector da saúde

Sala de pequena cirurgia

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tema de capa

A proximidade é um dos factores que faz a diferença neste hospital. Na verdade, as acessibilidades tornam mais fácil chegar à Clipóvoa do que à capital do Norte. Agora, com a renovação das instalações e novas especialidades, a qualidade da prestação sobe a fasquia

Texto João Paulo Gama Fotografias Estúdio joão Cupertino e Pedro Guimarães/4See

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Clipóvoa renovada aumenta qualidade

INTEGRADA NO GRUPO Es-pírito Santo Saúde desde Dezembro de 2005, a Clipóvoa - Hospital Pri-vado, na Póvoa de Varzim, continua a ser beneficiada com profundas re-modelações, não só a nível de ins-talações e das infra-estruturas mas também em termos de equipamentos tecnologicamente avançados e de uma oferta clínica mais diferenciada.

O objectivo passa por melhorar

continuamente a prestação de cui-dados de saúde e a tradução prática é a crescente procura dentro da sua zona de influência. Por isso os profis-sionais que nela trabalham mantêm o compromisso de proporcionar o me-lhor serviço aos clientes que diaria-mente a procuram.

Enquadradas nessa melhoria foram três as grandes áreas de intervenção que, entre 2006 e 2009, passaram,

além da renovação das instalações, pela mudança organizacional que conduziu à melhoria acentuada da prestação de cuidados de saúde, aos processos de certificação de qualida-de do laboratório de análises clínicas e do centro de imagiologia, mas tam-bém à reorganização da especialida-de de cirurgia geral.

Esta, com a entrada de novos mé-dicos e formação mais actualizada em

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Recepção principal da Clipóvoa: rapidez no atendimento é a imagem de marca

A CLIPÓVOA EM NÚMEROS

Atendimento médico permanente: das 08h00 às 24h00, 365 dias/anoNúmero de clientes por dia útil no ambulatório: 1000 pessoasNúmero de cirurgias por dia útil: 21 cirurgiasNúmero de colaboradores directos e indirectos: 580Número de quartos: 62Número de consultórios: 36Número de salas de exames: 22Número de salas de operações: 3

ESPECIALIDADES DISPONÍVEIS• Anestesiologia• Cardiologia• Cirurgia cardiotorácica• Cirurgia geral• Cirurgia maxilo-facial• Cirurgia plástica reconstrutiva e

estética• Cirurgia vascular• Dermatologia• Endocrinologia• Gastrenterologia• Ginecologia-Obstetrícia• Imunoalergologia• Imuno-hemoterapia• Medicina Dentária• Medicina Física e de Reabilitação• Medicina Geral e Familiar• Medicina Interna• Nefrologia• Neurocirurgia• Neurologia• Neurorradiologia• Nutrição• Oftalmologia• Oncologia médica• Ortopedia• Otorrinolaringologia• Pediatria• Pneumologia• Psicologia Clínica• Psiquiatria• Radiodiagnóstico• Reumatologia• Urologia

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100 camas, que mudou por comple-to e para melhor os três pisos desta área do hospital no tocante a condi-ções de acolhimento para doentes e familiares.

INTERNAMENTO: MAIS CONFORTOApós as intervenções, os quartos e as restantes áreas de apoio passaram a proporcionar o conforto e a privaci-

cirurgia laparoscópica, “veio aumen-tar a oferta diferenciada da Clipóvoa, nomeadamente nas cirurgias da obe-sidade e colo-rectal”, afirma António Lima Cardoso, administrador do hos-pital, que tem a sua actividade expan-dida através de centros ambulatórios satélite localizados em Vila Nova de Cerveira, Amarante e Porto.

Recente é a renovação da unidade de internamento, apetrechada com

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Ana SobralMédica da Unidade de Ginecologia e Obstetrícia

A Clipóvoa tem competência demonstrada no acompanhamento dos casais que decidem ter o seu filho neste hospital. Com efeito, um número crescente de casais tem procurado a Clipóvoa para efectuar o estudo de pré-concepção, a vigilância

da gestação e o seguimento pós-parto. Desde 2009 que o número de partos tem vindo a aumentar, acréscimo que se deve à aposta na contratação de ginecologistas obstetras, nomeadamente em diagnóstico pré-natal e na vigilância da gravidez de alto risco.O atendimento competente, associado à melhoria das instalações e equipamentos, proporciona grandes níveis de conforto e segurança, perceptíveis no elevado grau de satisfação dos casais que nos procuram e recomendam. Hoje, a mulher encontra na Clipóvoa uma resposta para todas as fases da sua vida, desde a infância à pós--menopausa, com especialistas que dominam técnicas de ponta sem descurar a empatia necessária ao tratamento da patologia ginecológica.

A PALAVRA DOS PROFISSIONAIS

Eufémia Ribeiro Ginecologista obstetra e directora clínica da Clipóvoa e Alexandrina Malta Anestesista e adjunta da direcção clínica

Há quatro anos foram identificadas áreas de intervenção e o objectivo

então traçado saiu reforçado: dar o melhor aos doentes que nos procuram. Assim, para alcançar tal objectivo a administração decidiu intervir na modernização das instalações e dos equipamentos e melhorou a prestação dos cuidados de saúde tendo em conta a evolução tecnológica e científica, o que implicava dar passos muito seguros. Houve, depois, que atrair profissionais diferenciados e competentes, promover a formação científica contínua, envolvendo todos os prestadores de cuidados de saúde e abrindo portas a profissionais médicos, enfermeiros e técnicos dos centros de saúde e dos hospitais mais próximos, com o propósito de melhorar a ligação entre prestadores de cuidados de saúde da região. De referir que se mantém ainda uma atenção permanente às sugestões dos nossos clientes.

dade necessárias e essenciais para os clientes que procuram a Clipóvoa. Es-tes atributos foram conjugados com uma imagem contemporânea, acolhe-dora e de discreto bom gosto.

Todos os quartos dispõem de ins-talações sanitárias privativas, ar condicionado, televisão e telefone. Deve, ainda, salientar-se que a alte-ração da decoração e do sistema de iluminação dos corredores da zona de internamento contribuiu para tor-nar toda a área mais agradável, lu-minosa.

A unidade de internamento tem, em pisos diferenciados, espaços pró-prios para cada especialidade médica e cirúrgica, o que permite aos clientes beneficiarem do apoio de equipas de enfermagem e de auxiliares de acção médica experientes e com elevado ní-vel de diferenciação técnica em cada área, além, naturalmente, de apoio

Os consultórios e as salas de espera apresentam agora uma imagem mais moderna e acolhedora

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António Furtado Coordenador do Departamento de Medicina Interna

Em qualquer hospital a medicina interna é fundamental como elemento integrador. Os doentes são cada vez mais complexos e quanto maior é o hospital mais necessários se tornam os

internistas que integram as diferentes vertentes do doente.Na Clipóvoa, a quase totalidade do piso 5 está dedicada à medicina interna, onde estão internados os doentes mais complexos, incluindo os de outras especialidades que necessitam de vigilância mais próxima.Actualmente, o hospital conta com quatro internistas, pelo que podemos afirmar que já existe uma boa resposta em termos da especialidade, inclusive no apoio ao Atendimento Médico Permanente, que é também constante.Para a medicina interna, os desafios passam por melhorar a qualidade do serviço, de modo a prestar cuidados de saúde mais diferenciados.

Luís Graça Coordenador do Serviço de Cirurgia Geral e Ana Azevedo Cirurgiã geral

A Clipóvoa está apetrechada com o

que de melhor existe em termos de cirurgia laparoscópica. Porém, o que faz a diferença na cirurgia é o treino das equipas, e hoje, diz Luís Graça, “ainda são poucos os cirurgiões que estão habilitados a fazer cirurgia laparoscópica avançada com segurança”.Ana Azevedo, por sua vez, refere que, no caso de uma apendicite, a probabilidade de ser operado na Clipóvoa por laparoscopia é a regra.Luís Graça afirma que os recursos humanos acrescentaram maior capacidade ao hospital e o resultado foi a referenciação, porque os doentes sabem que existem na Clipóvoa médicos diferenciados.

A PALAVRA DOS PROFISSIONAIS

Sala de espera do atendimento médico permanente pediátrico

médico multidisciplinar de referên-cia nas várias especialidades.

A partir do internamento é também possível ter acesso a um leque com-pleto de meios complementares de diagnóstico. Para o efeito, a Clipóvoa conta com equipamentos modernos, que, de uma forma rápida e eficaz, res-pondem a qualquer necessidade de apoio aos clientes internados.

De referir que num destes pisos de internamento (o 4.º piso) está já a fun-cionar uma unidade de cuidados de média duração e de reabilitação in-tegrada na Rede Nacional de Cuida-dos Continuados Integrados (RNCCI), na sequência de um acordo celebra-do com o Ministério da Saúde, e que engloba um total de 34 camas.

Esta unidade tem como finalida-de prestar cuidados médicos com apoio psico-social em regime de internamento e onde os doentes po-

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dem permanecer por períodos de 30 a 90 dias, para recuperação de pro-cessos agudos ou por descompensa-ção de uma patologia crónica.

SAÚDE DA MULHER TEM RESPOSTA ALARGADAA saúde da mulher é também uma das áreas onde a Clipóvoa reforçou substancialmente a sua oferta, com uma nova área de atendimento para ginecologia e obstetrícia.

Assim, foi criado um novo espaço para diagnóstico, prevenção e trata-mento médico e cirúrgico das doen-ças específicas da mulher (aparelho genital e mama) e da grávida, área de-vidamente equipada com ecógrafos e colposcópios de tecnologia recente.

Mas a Clipóvoa foi mais longe ao disponibilizar uma consulta de planeamento familiar, pois conta com um conjunto de médicos obste-

Consultórios de medicina dentária têm novos equipamentos

Paulo Ferreira Coordenador da Unidade de Cardiologia

A remodelação do hospital e, nomeadamente, do Departamento de Cardiologia teve um impacto extremamente positivo junto dos

doentes, que foram sensíveis à modernização das instalações, equipamentos e suas funcionalidades. Nos últimos anos o Departamento de Cardiologia beneficiou de alterações que vieram melhorar de modo significativo a prestação de serviços da Clipóvoa. Para além do reforço da equipa médica e da aquisição de novos equipamentos, iniciámos novas técnicas de diagnóstico, como a ecocardiografia de sobrecarga farmacológica, transesofágica e fetal. A cardiologia pediátrica elevou significativamente a qualidade dos nossos serviços em termos do diagnóstico da patologia cardíaca fetal e infantil.

Paulo Martins e Paulo Soares Cirurgiões gerais e Susana Lopes Gastrenterologista

Na Clipóvoa, o tratamento multidisciplinar da obesidade envolve profissionais clínicos de diversas áreas, importantes

na avaliação pré e pós-cirurgia, nos casos em que está indicada, afirma Paulo Martins. Segundo este, no Norte a obesidade é um problema mais notório do que no resto do País. Entre as técnicas cirúrgicas disponíveis para o tratamento da obesidade, Paulo Martins refere o bypass gástrico e a gastrectomia em manga como as de referência adoptadas no hospital. Em termos de cirurgia bariátrica, a Clipóvoa dispõe de todos os recursos necessários, nomeadamente no caso do bypass. Outra das técnicas adoptadas no hospital para o tratamento de casos menos graves de obesidade é o balão intragástrico, “solução que tem a vantagem de ser reversível e que apresenta uma taxa de sucesso elevada”, diz Susana Lopes. Paulo Martins refere ainda as cirurgias colo-rectal e laparoscópica, bem como a cirurgia oncológica por via laparoscópica, que estão também disponíveis na Clipóvoa.

A PALAVRA DOS PROFISSIONAIS

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Adamir Sampaio Dias Ortopedista

O bem-estar dos doentes e o êxito dos tratamentos médicos e/ou cirúrgicos a que são submetidos dependem da verificação de duas premissas fundamentais: a adequação do

tratamento utilizado e do acompanhamento pós- -tratamento.A equipa de ortopedia da Clipóvoa utiliza técnicas e obedece a princípios das melhores práticas no tratamento da maioria das patologias ortopédicas, entre as quais a artrose da anca e joelho, a rotura meniscal e/ou ligamentar do joelho, a hérnia discal lombar, a rotura da coifa do ombro, o hallux valgus (joanete) e/ou deformidades dos dedos dos pés.Por outro lado, o acompanhamento do paciente ao longo de todo o percurso de recuperação é fundamental e conta com a colaboração e total disponibilidade dos meios do hospital, quer sejam técnicos, quer sejam recursos humanos.

Fernando Teixeira Cirurgião vascular

A Clipóvoa pretende ser um referencial em termos do tratamento adequado de patologias do foro da cirurgia vascular, seja venosa, seja arterial. Actualmente, o hospital tem todas as condições para prestar os cuidados

de diagnóstico e terapêutica da cirurgia venosa e os objectivos passam por ter capacidade de resposta mais alargada em termos de diagnóstico e terapêutica de patologias do foro arterial.Em termos humanos, a Clipóvoa conta com médicos especialistas credenciados e com milhares de cirurgias efectuadas, pelo que o próximo desafio será começar a tratar os doentes em ambulatório, nomeadamente através de técnicas venosas minimamente invasivas.A administração é sensível às nossas solicitações, pois a prevalência de doenças vasculares é grande e, além da Clipóvoa, não existe na região uma resposta adequada a 100 por cento para este tipo de patologia.

A PALAVRA DOS PROFISSIONAIS

NASCER COM TODA A NATURALIDADE

Depois de ter efectuado uma ecografia e de, com o marido, Nuno Miguel Joaquim, ter conhecido as instalações da Clipóvoa, Cátia Figueiredo não teve dúvidas: seria na Clipóvoa que nasceria Nuno Gabriel, o primeiro filho do jovem casal de Vila Real. O facto de o marido poder estar no internamento junto da mulher no momento do parto ajudou ambos a decidirem-se. O parto natural teve lugar a 14 de Setembro de 2009, tendo o bebé nascido às 19h00, com 3 kg de peso, às 39 semanas de gestação. O Nuno lembra- -se do momento em que cortou o cordão umbilical: “Estava nervoso e muito emocionado quando colocaram o bebé nos meus braços”, disse. A Cátia recorda o momento de amor, num ambiente tranquilo, onde tudo correu bem. “Estarmos juntos foi um momento único”, diz. Cátia e Nuno destacam a atenção das enfermeiras da Clipóvoa, que ensinaram e assistiram o Nuno no primeiro banho ao bebé, a mudar as fraldas, a cuidar do bebé. “Foram de uma atenção extrema e inexcedíveis em tudo o que precisámos”, disse.

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tras experientes e diferenciados pa-ra aconselhar e acompanhar as grá-vidas desde a fase inicial da gestação até ao parto.

Aliás, nascer na Clipóvoa já se tor-nou natural, como atesta a maioria dos partos ali realizados. Com efei-to, em 2009 nasceram no hospital 420 bebés, número que deverá elevar-se para 500 em 2011.

Naturalmente, a procura teve como resposta o reforço da oferta, pelo que hoje, na maternidade da Clipóvoa, além de um atendimento personali-zado e de um corpo clínico de obste-tras, enfermeiras parteiras e anestesio-logistas de competência e experiência reconhecidas, está disponível um blo-co de partos completamente renova-do e dotado dos recursos tecnológicos mais modernos.

O objectivo primordial deste blo-co é responder às necessidades e exi-gências das grávidas que o procuram, garantindo a sua segurança e a dos recém-nascidos.

De notar que, além do bloco de partos, também o bloco operatório foi completamente renovado a nível

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Nuno TomadaUrologista

O desenvolvimento tecnológico alargou a esfera de acção da urologia, que se reflectiu não só no aparecimento de novos métodos de diagnóstico como em cirurgias menos invasivas, de recuperação pós-

-operatória mais rápida. Exemplos são a cirurgia laparoscópica e a colocação de fitas suburetrais para a correcção da incontinência urinária. A doença oncológica de foro urológico, nomeadamente o carcinoma da próstata, é das mais frequentes no nosso País. A consulta multidisciplinar da Clipóvoa permite a orientação dos doentes para um tratamento individualizado, optimizando a decisão cirúrgica ou a orientação para outros tratamentos, igualmente curativos. O Departamento de Urologia diferencia-se na área andrológica, reflectido no recente investimento no tratamento da infertilidade masculina, para a qual dispomos de avaliação urológica específica e de tratamento com o recurso à microcirurgia.

Paulo Costa, Carlos Arcee Pedro CostaOrtopedistas

A equipa abrange todas as subespecialidades da ortopedia e da traumatologia. Assim, na patologia da coluna

destaca-se o tratamento de hérnias discais cervicais e lombares por técnicas minimamente invasivas. Nas hérnias cervicais, sobretudo em doentes jovens, é possível colocar próteses de disco, preservando o seu movimento. Em alguns pacientes com hérnias lombares é possível efectuar cirurgia por radiofrequência com agulha, em regime de ambulatório, podendo o doente ter alta ao fim de duas a três horas após a cirurgia. Na patologia do joelho, destaca-se o tratamento de lesões desportivas, tais como lesões ligamentares, meniscais e cartilagíneas, e o tratamento da artrose. Em relação às primeiras, o tratamento é feito por técnicas artroscópicas e em relação à artrose são efectuadas próteses parciais e totais. Na patologia do ombro realçam-se, como lesões mais frequentes, a ruptura dos tendões da coifa dos rotadores, que afecta geralmente o indivíduo de 40 a 60 anos, e as lesões ligamentares dos desportistas mais jovens.

A PALAVRA DOS PROFISSIONAIS

de infra-estruturas e de equipamen-tos, tendo ainda sido criado um espa-ço contíguo de recobro para cirurgia ambulatória, uma sala devidamente equipada e utilizada como apoio às intervenções cirúrgicas programadas de curta duração em oftalmologia, otorrinolaringologia e ginecologia.

MAIS ESPECIALIDADESA remodelação das áreas de atendi-mento médico permanente e de con-sulta externa foram também priori-dades na Clipóvoa, estando agora dotadas de novas zonas de espera e de consultórios médicos mais fun-cionais e acolhedores.

A unidade de cuidados de média duração e reabilitação está integrada na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados

A renovação das instalações, a mudança organizacional e a reorganização de diversas especialidades cirúrgicas são as mais relevantes melhorias da Clipóvoa

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Professor Falcão Reis Oftalmologista

O Departamento de Oftalmologia da Clipóvoa foi criado em 1990, um ano após a abertura do hospital. Hoje a Clipóvoa orgulha-se de ter um corpo clínico alargado, mas não é só por ter um número elevado de oftalmologistas que a

Clipóvoa se distingue. A maior parte destes são especialistas de reconhecida competência, e este facto não é despiciendo porque faz com que os clientes tenham acesso do mais alto nível às diversas subespecialidades da oftalmologia moderna – retina, glaucoma, implanto-refractiva, óculo-plástica, entre outras.O Departamento de Oftalmologia muito tem beneficiado com o apoio constante da actual administração. A procura incessante da melhoria das instalações e dos equipamentos tem sido uma preocupação constante que todos os profissionais que aqui trabalham, e especialmente os doentes que nos procuram, reconhecem e agradecem.

Manuel DominguesCoordenador do Departamento de Oftalmologia

A Clipóvoa está equipada com um moderno e completo ‘arsenal’ de instrumentos de diagnóstico e tratamento, tendo-se actualizado de acordo com os melhores standards internacionais na actividade assistencial oftalmológica médica

e cirúrgica. A melhoria das instalações, quer do ponto de vista estético quer funcional, concorre para que os clientes resolvam com mais eficácia e rapidez a sua visita, além de permitir que se sintam melhor. A unidade de internamento e de ambulatório disponibiliza cuidados aos pacientes com necessidades especiais e referenciados de locais distantes. A integração de múltiplas especialidades médicas e cirúrgicas com uma equipa diferenciada e multifuncional de 18 oftalmologistas assegura a maioria das valências oftalmológicas. Além disso, proporcionamos acesso fácil a esclarecimentos às queixas ou dúvidas dos nossos pacientes por parte de assistentes, enfermeiros e técnicos de oftalmologia.

A PALAVRA DOS PROFISSIONAIS

Em termos de serviço, e destina-do a melhorar o atendimento médi-co permanente, a especialidade de medicina interna – grande apoio de rectaguarda da urgência – passou a ter um coordenador, com todas as vantagens inerentes à função.

O hospital reforçou ainda a sua oferta clínica com as especialidades de medicina dentária, cardiologia pediátrica e oncologia médica. Po-dologia, terapia da fala, consulta da esterilidade, ortopantomografia, ecografia morfológica, ecografia 3D e 4D, diagnóstico pré-natal e am-niocentese e testes de paternidade constituem também novas linhas as-sistenciais na Clipóvoa.

Mais recentes são os novos exa-mes da especialidade de otorrino-laringologia que a Clipóvoa passou a disponibilizar, com destaque pa-ra o rastreio auditivo neonatal atra-vés da realização das otoemissões acústicas, bem como já é possível a avaliação diagnóstica de doentes com vertigem através do exame de avaliação do canal semicircular ho-rizontal com cadeira rotatória, a de-

Muitos dos quartos têm uma área onde os doentes podem receber e estar com os seus acompanhantes

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Maria José Reis

Enfermeira-directora

Com a aquisição da Clipóvoa pela Espírito Santo Saúde passámos de um pequeno ponto regional a um indiscutível lugar de destaque no panorama nacional no que aos cuidados de saúde diz respeito.Houve então a necessidade premente da implementação de cuidados de saúde de excelência, que fizessem a diferença, tais como a renovação

completa das infra-estruturas da instituição, numa óptica de competição directa com as novas infra-estruturas hospitalares, substituição e aquisição de novo equipamento clínico, incluindo aparelhos de exames complementares, afectação de recursos humanos com competência técnica indiscutível, formação específica contínua, tão necessária ao correcto desempenho, de forma a obterem-se ganhos em saúde.A abertura da instituição ao exterior com a realização mensal de “Tertúlias de Saúde” onde profissionais trocam entre si ideias e conceitos sobre temas actuais mostra as melhores práticas aqui seguidas.Mas falta fazer mais: a prestação de cuidados de saúde de excelência obriga-nos a ser cada vez mais exigentes. O empenho na formação dos profissionais, novas valências médicas, novos profissionais e mais motivados e novos recursos técnicos são alguns dos requisitos necessários para a atingir.

A PALAVRA DOS PROFISSIONAIS

signada videonistagmografia. An-tónio Lima Cardoso salienta, pela relevância, a oncologia médica, es-pecialidade dirigida na Clipóvoa por um oncologista de reconhecido mé-rito, o médico José Manuel Leal da Silva, cuja consulta de segunda opi-nião é também muito procurada: “O doente oncológico é tratado por uma equipa multidisciplinar, recorren-do à adopção das melhores práti-

O bloco operatório da Clipóvoa (na imagem, uma cirurgia de cataratas) foi também renovado

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CLÍNICAS SATÉLITE TAMBÉM SE MODERNIZAM

A Clipóvoa tem três centros ambulatórios satélite localizados em Vila Nova de Cerveira, Amarante e Porto.A unidade do Porto tem vindo a ser remodelada de forma gradual, pois, face à crescente procura, foi necessário investir em novos meios complementares de diagnóstico e no aumento da oferta clínica.A clínica dispõe agora de especialidades de apoio de medicina dentária, oncologia médica, novos exames de angioTAC e angioRM.Já a Clínica de Amarante foi objecto de intervenções profundas de modo a tornar-se uma clínica ambulatória de referência na região. Findas as obras que ao longo de 2007 mudaram por completo a estrutura interna, a Clipóvoa de Amarante apresenta-se agora como um espaço moderno e acolhedor.A par da remodelação e do aumento do corpo clínico, investiu-se fortemente em equipamento, nomeadamente num novo TAC e ressonância magnética.Em Vila Nova de Cerveira, o principal investimento passou pela mudança de instalações (em Junho de 2007), para o renovado edifício do Hospital da Misericórdia. Desde então, o corpo clínico e técnico tem vindo a ser reforçado e os equipamentos a ser actualizados, oferecendo cuidados de saúde não só aos cerveirenses como às populações de Caminha, Valença, Monção, Melgaço, Paredes de Coura, Arcos de Valdevez, Ponte da Barca e Ponte de Lima.Além do aumento na oferta de especialidades médicas e de um horário mais alargado de atendimento aos sábados, a clínica de Cerveira viu igualmente reforçado o seu investimento com a aquisição de um novo TAC e ecógrafos tecnologicamente avançados.Com a introdução dos exames de gastrenterologia com anestesia renovaram-se também os equipamentos desta especialidade.

cas no tratamento oncológico, que tem por base uma tomada de deci-são multidisciplinar, imprescindí-vel para o seu correcto tratamento”, afirma o administrador da Clipó-voa, referindo ainda que o Hospital de Dia disponibiliza tratamentos de quimioterapia.

Para António Lima Cardoso, um dos factores de sucesso da Clipóvoa vai continuar a ser o empenho e a

dedicação de todos os profissionais em melhorar diariamente a prestação de cuidados de saúde a todos os que procuram o hospital.

O hospital reforçou a sua oferta clínica com as especialidades de medicina interna, medicina dentária, cardiologia pediátrica e oncologia médica, entre outras

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Conheça a Clipóvoa em www.clipovoa.pt

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novo serviço

Desportistas têm resposta rápida e integradaO Centro de Patologia Desportiva do Hospital da Luz disponibiliza uma resposta global para as necessidades clínicas dos desportistas, quer sejam atletas de alta competição quer se trate de amadores

Texto João Paulo Gama Fotografias Estúdios João Cupertino

A IDEIA de criar um Centro de Pa-tologia Desportiva no Hospital da Luz surgiu, de acordo com Pedro Granate, ortopedista e coordenador do cen-tro, pelas características dos meios técnicos, humanos e das instalações disponíveis no Hospital da Luz e para colmatar uma lacuna existente en-tre o desporto profissional de alta competição e o desporto puramente amador.

Entre estes dois ‘mundos’ há um grande número de praticantes, mui-tos dos quais federados, que não têm aconselhamento apropriado. Foi a oportunidade para criar um centro de referência onde esses des-portistas pudessem realizar exames complementares de diagnóstico, serem acompanhados e aconselha-dos preventivamente nas mais di-versas vertentes, desde a fisiologia

do esforço à nutrição, mas também conseguirem realizar tratamentos de patologias decorrentes da prática desportiva, como a traumatologia ou lesões de esforço.

Paloma Valdívia (medicina física e de reabilitação), Augusto Gaspar (imagiologia), Nuno Cardim (cardiologia), Vasco Mascarenhas (imagiologia) e Pedro Granate (ortopedia e coordenador do CPD)

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Segundo Pedro Granate, o Centro de Patologia Desportiva do Hospital da Luz responde de forma integra-da e completa às necessidades dos desportistas, independentemente da sua faixa etária e quer se tratem de atletas de alta competição (amadores ou profissionais) ou de quem encara o desporto como mero lazer.

Importante é também, para este es-pecialista, a prevenção de problemas associados à prática de actividade física, pelo que o Centro de Patologia Desportiva tem como grande objec-tivo contribuir para a promoção da saúde e bem-estar dos atletas, ajudan-do-os a conseguir um desempenho melhor e mais seguro.

ACONSELHAR E TRATARPara o coordenador, a grande mais-va-lia do Centro de Patologia Desportiva é, sem dúvida, a integração de todas as especialidades para tratamento e aconselhamento dos atletas.

Áreas como nutrição, neurologia, neurocirurgia, nas vertentes de pre-venção e de tratamento, mas também endocrinologia e, no caso das mulhe-res, ginecologia são também objecto da avaliação e definição de planos de saúde desportiva dos atletas no Centro de Patologia Desportiva do Hospital da Luz. “Conseguimos reu-nir num só local todas estas valências e, sobretudo, contamos com o apoio de todas as especialidades – como, por exemplo, urologia, estomatologia, psicologia – para dar uma resposta rápida às necessidades dos pratican-tes”, destaca Pedro Granate.

A equipa que integra o Centro de Patologia Desportiva abrange pro-fissionais (médicos, fisioterapeutas, nutricionistas) que, nas diferentes vertentes da sua actividade e em fun-ção das especificidades de cada caso,

novo serviço

nância magnética e ecografia) mais avançados do mercado, tal como diz Pedro Granate: “O Hospital da Luz é muito forte em termos de diagnóstico. O centro de imagiologia dá uma res-posta cabal, quer em termos de quali-dade quer de celeridade. Repare, no mesmo dia, o atleta é observado na consulta, faz um exame sofisticado, como, por exemplo, uma ressonân-cia magnética, e nós, no mesmo dia, temos acesso ao exame e ao diagnós-tico, acesso directo ao radiologista para discutir algumas dúvidas que possamos ter, discutir o diagnóstico e propor uma terapêutica ao atleta.”

Outro dos pontos relevantes do Centro de Patologia Desportiva é o departamento de medicina física e de reabilitação, que tem capacidade para responder a qualquer neces-sidade de recuperação dos atletas e, também aqui, de forma rápida e

actuam de forma integrada junto de quem os procura e essa é uma das suas principais diferenças – a respos-ta rápida e multidisciplinar.

O Centro conta ainda com recursos tecnológicos e físicos que contribuem para uma prestação de excelência. Entre os meios e recursos, tem grande destaque o centro de imagiologia, equipado com os meios de diagnós-tico de imagem (raio X, TAC, resso-

Nuno Cardim, coordenador da Unidade de Imagiologia Cardiológica e do Laboratório de Ecocardiografia, e Pedro Granate, coordenador do Centro de Patologia Desportiva (à dir.), observam o rugbista Gonçalo Uva

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Técnicas cirúrgicasde baixa agressividadee invasividade são também factores diferenciadores deste Centro

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eficaz. Também o departamento de ortopedia e traumatologia conta com um grupo de profissionais experien-tes e vocacionados para o tratamento da traumatologia desportiva, nome-adamente a componente cirúrgica, que ocupa maior volume no tocante às lesões (traumatologia) dos des-portistas.

“Temos a obrigação de, em 48 ho-ras, dar resposta e propor uma solu-ção para os problemas apresentados por um atleta que nos procure”, as-segura Pedro Granate. São também factores diferenciadores do Centro de Patologia Desportiva do Hospital da Luz as técnicas cirúrgicas de baixa agressividade e invasividade, para que a recuperação dos atletas pos-sa ser a mais rápida possível, facto não só importante nos atletas de alta competição mas também nos que têm outras actividades profissionais.

CLÍNICOS EXPERIENTESMas o papel do Centro de Patologia Desportiva ultrapassa o diagnóstico e o tratamento médico e cirúrgico de lesões e de doenças decorrentes da prática desportiva.

As necessidades de avaliação mé-dica e de aconselhamento e o estabe-lecimento de programas de exercício físico ou de prática de modalidades desportivas, bem como a avaliação da capacidade de desempenho dos atletas relacionada com a fisiologia do esforço ou ainda a avaliação e aconselhamento nutricional para a prática desportiva, são caminhos que o Centro trilha no tocante à prevenção e à vida saudável dos desportistas.

Pedro Granate refere o centro de cardiologia do Hospital da Luz, com uma resposta muito rápida e crucial na determinação de diversas insufi-ciências, como, por exemplo, cardio-

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patias hipertróficas, de que alguns praticantes sofrem e desconhecem ter esse problema. “É nesse sentido que o Centro de Patologia Desportiva pode oferecer à população em geral e ao atleta em particular testes de despiste com protocolos adaptados à condição do desportista, e não provas de esforço de avaliação cardiológica direccionadas para não desportistas”, destaca Pedro Granate.

Naturalmente, a experiência dos recursos humanos faz a diferença no Centro de Patologia Desportiva do Hospital da Luz, como refere o seu coordenador: “Dada a diferenciação e a especificação das áreas nevrálgicas do Centro, foram escolhidas pessoas com grande capacidade, pois tratar de atletas de alta competição é dife-rente de tratar de pessoas que não são desportistas. E essa é, talvez, a nossa maior diferenciação”, conclui Pedro Granate.

O exame cardiológico é muito completo e destina-se a detectar possíveis cardiopatias

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Um dos aspectos relevantes do Centro é a resposta rápida aos problemas apresentados por um atleta

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back office

Negociar para uniformizarA central de negociação da Espírito Santo Saúde tem como missão a procura permanente de tecnologias inovadoras de diagnóstico e de terapêutica medicamente mais avançadas, que tragam valor acrescentado para os clientes e sejam sustentáveis em preço

Texto João Paulo Gama Fotografias Estúdios João Cupertino

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back office

FORNECEDORES: PARCEIROSA negociação centralizada das com-pras, de equipamentos e de materiais comuns a todas as unidades torna-se, nas palavras da directora da central de negociação, sempre mais compe-titiva junto do mercado, obtendo-se sinergias e poupanças adicionais, contribuindo para elevar ainda mais o nível de qualidade dos bens ad-quiridos.

O crescimento rápido do Grupo tem vindo a transformar estes ga-nhos potenciais numa preocupação permanente, cada vez mais pesada, para a central de negociação. A este propósito, Gabriela Valido assegura que a centralização da negociação das compras do Grupo terá de passar também pela concentração das aqui-sições num número mais reduzido de fornecedores. O objectivo é claro, diz Gabriela Valido: “Não pretendemos ter fornecedores, mas sim parceiros que consigam acompanhar a dinâmi-ca da Espírito Santo Saúde em todas as suas vertentes, mantendo com es-tes uma relação negocial musculada mas de total transparência e ética.”

Aliás, o lançamento regular de concursos para aquisição de produ-tos visa encontrar, em cada momento, os produtos de maior qualidade aos melhores preços de mercado.

Segundo a directora da central de

PERSEGUINDO a sua missão, a central de negociação da Espírito Santo Saúde está apostada na con-solidação do processo de uniformi-zação de equipamentos médicos, fármacos e consumíveis clínicos em todas as suas unidades.

Para tanto, torna-se necessário, diz Gabriela Valido, directora da central de negociação do Grupo, estabilizar e consolidar protocolos de procedimentos entre as equipas médicas e técnicas dos diferentes hospitais.

De facto, o esforço de normali-zação interna teve o seu início há alguns anos, lembra a mesma res-ponsável: “Não existia um glossário comum lógico – era usual existirem diversas designações e fornecedores para o mesmo artigo ou produto, entre outras formas de actuação que não estavam completamente siste-matizadas.”

De acordo com Gabriela Valido, este novo processo, que é interactivo e de consensualização, representa uma evolução natural da maturidade organizacional do Grupo. É nesse sentido que actualmente o Grupo dispõe de um catálogo central com cerca de 12 mil itens diferentes, dia-riamente utilizado por todas as uni-dades hospitalares e de ambulatório do Grupo Espírito Santo Saúde.

Tiago Nogueira da Silva (à esq.), Gabriela Valido e Miguel dos Santos Fiel

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48 iess Verão 2010

negociação, os concursos lançados pela Espírito Santo Saúde não são públicos, sendo apenas convidadas a participar as empresas consideradas em termos de rating pelo Grupo como fornece-dores operativos com maior gama de produtos, da melhor qualidade e com prazos de entrega mais rápidos. “As-sim, todo o processo de aquisição está direccionado para os equipamentos, produtos e materiais que as nossas equipas médicas e técnicas têm como preferência”, acrescenta, assegurando ainda que a tomada de decisão dos fechos concursais é sempre partilhada com todas as unidades do Grupo.

Esta procura, apoiada pelas múlti-plas equipas de médicos e de técnicos que colaboram com a Espírito Santo Saúde, agiliza igualmente o processo de uniformização interna das neces-sidades dos diferentes hospitais. De facto, esta normalização é crucial para a implementação de uma metodologia de compras mais correcta e assertiva, com os custos associados mais ajustados.

O VALOR DA INOVAÇÃOPara a Espírito Santo Saúde, a inova-ção é decisiva como factor competi-tivo, mas é preciso demonstrar que é sustentável e faz sentido na prestação de cuidados de saúde.

Neste contexto, as comissões de escolha e de análise de cada inovação proposta pela indústria envolvem médicos, enfermeiros e técnicos de saúde, os quais, de forma criteriosa, estudam e justificam opções. O pro-cesso passa por três fases – a primei-ra, a avaliação clínica, em termos da melhoria da qualidade de diagnóstico e/ou terapêutica, melhoria da satis-fação dos clientes, necessidades de formação, entre outros; a segunda, a avaliação financeira, em termos de rendibilidade, aceitação pelas en-

back office

se propõem realizar junto dos pro-fissionais clínicos da Espírito Santo Saúde são envolvidas e centralizadas nos processos negociais daqueles com a central de negociação do Grupo: “Hoje não é possível nem aceitável que um parceiro realize uma acção de formação junto dos profissionais da Espírito Santo Saúde se a mesma não se traduzir num benefício geral para a organização.”

tidades financiadoras de cuidados de saúde e impacto na capacidade instalada; e a terceira, a avaliação estratégica, nomeadamente face a soluções alternativas e ao potencial impacto da adopção pioneira de novas tecnologias nas unidades do grupo.

Gabriela Valido frisa ainda que, do mesmo modo, também as acções for-mativas ad hoc que os fornecedores

E-PROCUREMENT: A NOVA PLATAFORMA DA ESPÍRITO SANTO SAÚDE

O PORTAL de E-PROCUREMENT on-line, cuja versão final vai estar disponível no início do segundo semestre de 2010, terá três grandes áreas de actuação:

1.ª Catálogo central

O portal optimizará as ligações, em rede e em tempo real, entre as unidades da Espírito Santo Saúde e os serviços centrais em várias vertentes:

• Actualização dinâmica de fornecedores e preços de custo

• Monitorização das encomendas efectuadas pelas diferentes unidades

• Monitorização de compras por fornecedor

• Monitorização de stocks

• Monitorização de facturação em dívida a fornecedores

2.ª Lançamento e análise de concursos

A segunda grande área é a de concursos (e-sourcing), onde passarão a ser formalizados:

• Lançamentos de concursos da Espírito Santo Saúde

• Recepção de propostas dos fornecedores convidados

• Análise das propostas concorrentes

• Divulgação de fornecedores seleccionados

• Actualização automática do catálogo central aos fechos concursais

3.ª Fornecedores da Espírito Santo Saúde

A terceira e última área é a de fornecedores (supplier self-service), onde aqueles, de forma estruturada, passarão a disponibilizar ou visualizar:

• Catálogos do portefólio respectivo

• Publicidade a artigos novos

• Preçários

• Visualização documental própria (guias de remessa, facturas, pagamentos)

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JOANA EVANGELISTATÉCNICA DE FISIOTERAPIA

Clipóvoa - Hospital Privado, Póvoa de Varzim

Há dois anos na Clipóvoa, o trabalho desta jovem, de 24 anos, consiste em promover a reabilitação de pessoas que sofreram quedas, acidentes e precisam de melhorar a sua mobilidade.A Joana faz também cinesiterapia (em crianças e bebés), quando têm problemas respiratórios, ou trata de jovens que sofreram entorses.Pergunta sempre se já fizeram fisioterapia, explica o que faz e adverte as pessoas de que os tratamentos não são milagrosos mas ajudam muito à recuperação. E ainda trabalha na Unidade de Cuidados Continuados, onde faz treino de marcha e ajuda na recuperação de doentes que sofreram AVC.

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MARIAZINHA MONTEIROAUXILIAR DE ACÇÃO MÉDICA DA UNIDADE

DE CUIDADOS INTENSIVOS

Hospital da Luz, Lisboa

Numa unidade de cuidados intensivos toda a atenção é pouca,

toda a ajuda escassa. Além dos médicos e dos enfermeiros, as

auxiliares de acção médica fazem parte de uma equipa pronta a fazer

tudo o que está ao seu alcance para a recuperação dos doentes

ali instalados. É preciso dialogar com eles, tranquilizá-los, responder

às suas perguntas, falar com os familiares, diz Mariazinha, com o

seu olhar sorridente.

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MARIA JOSÉ BORGESAUXILIAR DE ACÇÃO MÉDICA DE INTERNAMENTO, HEMODINÂMICA E UNIDADE DE CUIDADOS INTENSIVOS

Hospital da Arrábida, V. N. de Gaia

A boa disposição em pessoa. Trabalha há cinco anos no Hospital. Gosta do que faz, de ajudar os doentes em tudo o que precisam. Afirma que faz o exercício de se colocar no lugar daqueles e trata-os como gostaria de ser tratada.Por isso considera ser muito gratificante ouvir os doentes dizer que a têm como amiga, facto para o qual também contribui a pontualidade com que procura sempre cumprir as tarefas que lhe são confiadas.

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HUGO PEREIRATÉCNICO DE MANUTENÇÃO

Clipóvoa - Hospital Privado, Póvoa de Varzim

Sempre a rir, o Hugo está há nove anos na Clipóvoa e se há uma lâmpada fundida, um aparelho que não funciona bem, uma televisão num quarto de internamento que deixou de dar imagem bastará chamá-lo.De um modo geral, os doentes não se incomodam com a sua presença, pois sabem ele vai consertar algo que não funciona. Reconhece que ultimamente as instalações melhoraram bastante, o que, diz, é melhor, mas há sempre coisas para reparar, para melhorar.O Hugo sabe onde fica cada serviço da Clipóvoa e por isso também encaminha os clientes dentro do Hospital sempre que solicitado.

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CARLOS MARTINHOTÉCNICO COORDENADOR DE IMAGIOLOGIA

Hospital Santiago, Setúbal

Está a trabalhar no Hospital desde a sua abertura. Gere o serviço, elabora horários, efectua todo o tipo de exames imagiológicos.Com o maior apetrechamento do serviço de imagiologia a procura aumentou exponencialmente e a melhoria do serviço ao cliente teve de acompanhar esta evolução. Actualmente é possível entregar, em muitos casos, o relatório do exame ao cliente no próprio dia em que é realizado. A vantagem, diz Carlos, além da comodidade, é a redução da ansiedade que sempre acompanha os doentes que realizam exames imagiológicos.

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Lisboa - Porto - Coimbra - Faro - madeira - açores

Linha Grátis 800 100 240

3 5 a n o s a i n s ta l a r e q u i pa m e n t o sP o r q u e vA L e A P e N A I N v e S T I r e M q uA L I D A D e !

e q u i p a C o m e r c i a l s h o w r o o m C o n s u m í v e i s r e p a i r s e r v i c e

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“Uma em cada três crianças tem peso a mais”

O que significa para Portugal o cargo que ocupa desde o mês de Fevereiro?Desde logo, é a primeira vez que um português desempenha as funções de responsável pela nutrição a nível europeu na OMS. Penso que é uma distinção e o reconhecimento de que Portugal é um dos países da Europa em geral e da União Europeia em particular que nos últimos anos mais tem feito em matéria de nutrição e de combate à obesidade.

Que funções desempenha no ga-binete europeu da OMS?Trabalho numa área de apoio aos 53 países da Região Europa da OMS, uma faixa geográfica que se estende até à Ásia, e na implementação de medidas de carácter multissectorial que permitam reduzir o impacto da obesidade, em particular da obesi-

E se o melhor é mesmo prevenir, o trabalho de coordenação na Plataforma contra a Obesidade não passou despercebido à Organização Mundial da Saúde, que convidou o dietista João Breda para liderar o grupo europeu daquele organismo que trabalha na Carta Europeia de Luta contra a Obesidade e no Plano Europeu de Nutrição e Alimentação

Texto João Paulo Gama Fotografias Estúdio João Cupertino

prevalência de obesidade infantil, facto que veio a confirmar-se em to-dos os estudos efectuados.

Neste momento sabemos em que ponto estamos em termos de obesi-dade, de hábitos alimentares e de ac-tividade física, ou seja, os principais determinantes da obesidade. Mais de metade da população portugue-sa apresenta excesso de peso e este quadro tem vindo a agravar-se.

Deve ainda salientar-se que a ênfase da Plataforma, iniciativa do Ministério da Saúde sediada na Di-recção-Geral de Saúde, assenta nas crianças, onde, de facto, pode rever-ter-se a situação de obesidade.

As crianças portuguesas têm peso a mais, são obesas?Uma em cada três crianças e adolescen-tes tem peso a mais e uma em cada dez é obesa. O problema é muito sério.

dade infantil, nos próximos anos. Também na área da malnutrição a OMS Europa actua com muita inten-sidade, particularmente em países da Ásia Central e do Cáucaso.

Afirmou que Portugal tem avan-çado muito em matéria de com-bate à obesidade. Qual o estado da arte?Bom, o ponto da situação é que Por-tugal é um dos cinco primeiros pa-íses da União Europeia com maior

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Tratar a obesidade custa 500 milhões de euros por ano em Portugal

entrevista

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entrevista

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CONSEQUÊNCIAS A PRAZOA médio e longo prazos, o que pode significar este cenário em termos de saúde pública?Significa muito do que já estamos a ver acontecer, como, por exemplo, o aumento da resistência à insulina em crianças, coisa que antes nunca ouví-ramos falar, de diabetes, de problemas cardiovasculares, etc. É preciso tomar consciência de que a obesidade não é

É esse o drama das dietas, os re-sultados?Pequenos ganhos são importantís-simos e principalmente para quem presta cuidados de saúde, em par-ticular cuidados de saúde primá-rios. É preciso quantificar o que é um sucesso e o que são recaídas. Os profissionais de saúde têm de ajudar

só um factor de risco de outras doenças. Ela já é, por si só, uma entidade que tem de ser tratada com uma abordagem específica, como uma doença, perante a qual tudo o que possamos fazer é ex-tremamente valioso. Por exemplo, nos seniores que têm peso a mais, perder 5% do peso, ou seja, 2-3 kg pode ter um efeito muito positivo no estado de saúde. Não precisamos ambicionar resultados espectaculares.

João Breda

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termos de saúde nos locais de traba-lho, menor performance, mais baixa auto-estima, etc.

Além disso, tratar da obesidade custa, em termos de custos directos e indirectos, numa estimativa con-servadora, algo como 500 milhões de euros/ano em Portugal. Assim, tudo o que possamos fazer hoje para que em 2015 as crianças portuguesas possam ter melhor saúde é positivo.

A obesidade estigmatiza social-mente quem dela sofre…É verdade, e tenho dúvidas de que se seja feliz e obeso. Repare neste aspecto: apenas uma em cada sete crianças escolheria para seu amigo outra criança que fosse obesa. Logo, há um estigma social muito forte. Se os pais não tiverem cuidados, estas crianças são mais alvos de bullying, por exemplo.

A plataforma aposta mais declara-damente nas crianças. Porquê?Na verdade, sabemos que se queremos parar primeiro e a seguir reverter a epidemia da obesidade infantil isso só é possível se apostarmos seriamente nas crianças. Novas iniciativas são desejáveis, como seja aquela em que o nosso País foi um dos primeiros na União Europeia a aderir: o recente programa de fruta escolar, distribuída gratuitamente, duas vezes por semana, nas escolas.

O consumo de hortofrutícolas pode dar um importante contributo para a promoção de hábitos alimentares saudáveis nas crianças e uma das formas mais importantes para com-bater a obesidade infantil, pois trata- -se de alimentos que contêm muitos nutrientes e poucas calorias.

As crianças têm de ser expostas desde tenra idade a frutas e legumes,

ESTUDO APONTA EXCESSO DE PESO

Realizado no contexto da Plataforma contra a Obesidade, o estudo Prevalência da Obesidade Infantil e dos Adolescentes em Portugal Continental mostra uma prevalência de excesso de peso de 26,4% nos rapazes e de 30,5% nas raparigas. Os rapazes entre os 11 e 15 anos de idade têm uma prevalência de excesso de peso de 27,6% e as raparigas da mesma faixa etária apresentam valores na ordem de 27,5%. O estudo foi realizado com base numa amostra de 4772 participantes (2551 crianças entre os dois e os cinco anos e 2521 adolescentes entre os 11 e os 15 anos) e pretendeu avaliar as condições de peso da população infantil e adolescente em Portugal continental. No que respeita às crianças em idade pré-escolar e aos adolescentes, o Norte é a região que regista valores mais elevados de prevalência de excesso de peso, com os rapazes entre os dois e os cinco anos a apresentarem valores de 32,2% e as raparigas de 34,1%. Quanto aos adolescentes, os rapazes do Algarve são os que apresentam uma maior prevalência (33%). Já nas raparigas desta faixa etária, as do Algarve e do Centro apresentam valores muito similares, com 30,1% e 30,3%, respectivamente.

iess Verão 2010

entrevista

as pessoas a adoptarem hábitos ali-mentares mais saudáveis e a aumen-tar a actividade física, a adaptar, por exemplo, a alimentação mediterrânica às necessidades actuais.

E a actividade física, qual a sua importância?A actividade física num contexto de um estilo de vida saudável faz bem. Caminhar é muito bom. Dançar du-rante 20 minutos faz-nos queimar 280 quilocalorias; é espantoso!

Para podermos considerar-nos pes-soas activas temos de dar 7500 passos por dia, mas se partirmos dos 5000 ou 6000 passos é já muito bom para começar…

A obesidade infantil terá como consequência gerações futuras menos saudáveis que a actual, com tudo o que isso acarreta em produtividade, em menos contri-buintes para os sistemas de pro-tecção social…Sim, implicações graves. O excesso de peso reduz o rendimento no tra-balho, traz complicações imensas em

“O consumo de hortofrutícolas pode dar um importante contributo para a promoção de hábitos alimentares saudáveis nas crianças”

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entrevista

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“É preciso manter o ritual da mesa, do fazer as crianças participar na elaboração das refeições”

parem na elaboração das refeições. Repare, passamos 15 anos da nossa vida a comer. É muito tempo…

Uma das questões levantadas prende-se com a comunicação de hoje, onde as frutas ou legu-mes não fazem parte da publici-dade…Claro. A publicidade a produtos ali-mentares com elevada densidade energética é avassaladora. Na verdade, cerca de 80% dos alimentos publicita-dos não são interessantes do ponto de vista nutricional. A indústria alimen-tar tem de ser estimulada a elaborar um processo de redução e substituição de ingredientes hipercalóricos. Foi estabelecido recentemente um com-promisso com 26 empresas alimenta-res para limitarem a publicidade aos seus produtos na televisão, rádio e Internet. Acreditamos que possa ser um passo para tornar os alimentos mais saudáveis, esperando que os per-fis nutricionais sejam enquadrados nas recomendações internacionais.

ou seja, numa base de alimentação mediterrânica adaptada aos nossos dias.

A OMS recomenda a ingestão de 400 g de hortofrutícolas por dia. Portugal é, a seguir à Grécia, o maior consumidor deste grupo de alimentos, mas não consegue atingir, apesar de tudo, os 400 g. A sopa é essencial. Por outro lado, é preciso manter o ritual da mesa, do fazer as crianças partici-

Cerca de 80% dos alimentos publicitados não são interessantes do ponto de vista nutricional

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“É preciso associar poupança e saúde”

AO SERVIR UM UNIVERSO de 550 mil pessoas, a Multicare, platafor-ma tecnológica de seguros de saúde do Grupo Caixa Geral de Depósitos, posiciona-se, de acordo com Maria João Sales Luís, administradora da empresa, como líder no mercado na-cional de seguros de saúde, tendo 90% da sua carteira em produtos de rede e dispondo da maior rede nacio-nal de cuidados de saúde, com cerca de 3000 convenções, que integram mais de 9000 prestadores.

Estes números espelham o grande crescimento dos seguros de saúde na última década – foi o que mais cresceu dentro da actividade segura-dora – e, segundo dados disponíveis, muito provavelmente o que mais se concentrou.

Por outro lado, foi também um dos ramos em que o sistema de prestações mais se alterou, acrescenta a mesma responsável: “Se nos princípios dos anos 90 os produtos eram exclusiva-mente de reembolso, actualmente são maioritariamente de rede, com um peso cada vez maior das coberturas de consumo.”

Para a administradora da Multicare, líder em seguros de saúde, o futuro da sustentabilidade do mercado vai passar por soluções integradas de aforro para a saúde, em particular para cuidados continuados de assistência vitalícia

Texto João Paulo Gama Fotografias Estúdio João Cupertino

damente de novas unidades hospita-lares especializadas, é, sem dúvida, diz Maria João Sales Luís, um facto positivo para o sector segurador em Portugal: “Às seguradoras permite-lhes ter uma oferta mais interessante e vasta; aos clientes, a possibilidade de optarem pelo sector privado em áreas tradicio-nalmente asseguradas pelo Estado.”

Porém, esta transferência do sector público para o privado tem custos ele-vados, em particular quando se está, diz, “perante doenças muito graves ou doenças que se tornam crónicas e, por conseguinte, se o efeito estabilizador e redutor de preços que o alargamento da oferta diferenciada introduz não se verificar, o agravamento dos prémios na sua generalidade é inevitável”.

Dessa forma, avaliar, diferenciar e premiar a qualidade entre prestadores é importante, concorda a responsável da Multicare, quando refere que a compa-nhia tem scorings internos de avaliação de prestadores, bem como processos de auditoria de qualidade, embora, quem, em última instância, reconhece a qualidade dos prestadores é o cliente. É este que, estando num modelo de

De facto, as coberturas com maior crescimento em custos, nos últimos anos, foram as de ambulatório e de estomatologia, que cresceram nos úl-timos três anos 10% acima das res-tantes coberturas. “Como estas duas coberturas representam 62% do total das indemnizações e a cobertura de internamento 27%, permito-me dizer que há uma significativa despropor-ção de alocação de recursos, o que é verdadeiramente grave”, aponta a administradora da Multicare.

OFERTA DIFERENCIADAÉ FACTO POSITIVOA crescente oferta privada de cuida-dos de saúde diferenciados, nomea-

iess Verão 2010

parceiro

Em última instância, quem reconhece a qualidade dos prestadores de saúde é o cliente

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parceiro

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Maria João Sales Luís, administradora da Multicare

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livre escolha, entrega o tratamento da sua saúde a quem mais confia.

Maria João Sales Luís assegura que a resposta à pergunta de como premiar um prestador passa por “manter com ele uma relação estável e duradoura. Tal só é possível quando entre ambos se estabelece uma verdadeira relação de parceria, a única que cria valor para todos os intervenientes: cliente, pres-tador e seguradora”.

Assim, a compatibilização dessa avaliação com a adopção de tabelas nacionais, facto que ganha maior im-portância no caso do ambulatório, onde ocorrem grandes diferenças de quali-dade entre prestadores que fazem os mesmos procedimentos, é vista pela Multicare da seguinte forma: “O merca-do tem tabelas nacionais de referência, que são um ponto de partida, uma vez que o preço final é estabelecido pelo princípio da oferta e da procura. Há ain-da zonas onde a oferta diferenciada, por estar muito concentrada nas grandes cidades, não existe e onde a escassez de oferta, mais do que a diferenciação, condiciona o preço.”

VALORIZAR REDE DE PRESTADORESPara o segurado ou potencial segura-do, as vantagens de fazer um seguro

de saúde são inúmeras, “pois passa a ter acesso a uma oferta privada de cuidados de saúde complementar ao Serviço Nacional de Saúde, onde pode escolher livremente o prestador onde pretende ir, sem filas de espera, com maior conforto”, assegura Maria João Sales Luís, que acrescenta dever o segurado “valorizar a rede de pres-tadores que o produto disponibiliza, mas também a experiência, qualidade de serviço e solidez da seguradora”.

Segundo a mesma responsável, “a Multicare, com o lançamento da sua nova oferta global de saúde, diferen-ciou-se claramente do mercado, ao ter uma oferta inovadora que incentiva a prevenção e ao oferecer produtos modulares que permitem ao cliente construir a sua própria solução, a que melhor se adapta às suas necessida-des individuais”. Considera também que um dos desafios interessantes que o mercado de saúde pode ter é, justa-mente, associar a poupança à saúde, “encontrando soluções integradas de aforro para a saúde, em particular para cuidados continuados de assis-tência vitalícia, um passo que está por dar”.

Por outro lado, considera priori-tário o desenvolvimento de soluções inovadoras para empresas, soluções que permitam encontrar um equilí-brio entre benefícios sociais e respec-tivos custos como forma de garantir a sobrevivência do mercado dos se-guros de grupo.

Relativamente ao futuro, Maria João Sales Luís afirma que a Multi-care vai centrar-se no fortalecimen-to de soluções para particulares e PME, quer na área do risco quer na da prevenção, tendo objectivos de crescimento em todas as suas redes de distribuição: mediação, canal ban-cário e canal postal.

iess Verão 2010

ESPÍRITO SANTO SAÚDE-MULTICARE: PARCEIRA RELEVANTE

O fortalecimento da parceria entre a Multicare e o Grupo Espírito Santo Saúde está patente, de acordo com Maria João Sales Luís, na importância que este tem vindo a adquirir no ranking dos seus maiores prestadores. O diálogo tem sido marcado por uma defesa saudável dos interesses de cada uma das organizações, privilegiando-se sempre o interesse do cliente final. A Multicare está empenhada em continuar a acompanhar as evoluções tecnológicas e as inovações terapêuticas dos seus principais parceiros, na certeza de que o retorno deste “investimento” traduzir-se-á no melhor contributo que a actividade seguradora pode dar para a melhoria da oferta da prestação de cuidados de saúde privados.

parceiro

É prioritárioo desenvolvimentode soluções inovadoras para empresas, que permitam encontrar um equilíbrio entre benefícios sociais e custos respectivos

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pag Restor Pacientes 2010.ok 1/7/10 15:22 P�gina 1

Composici�n

C M Y CM MY CY CMY K

A vida sem cataratas

A vida com lentes multifocais

Na actualidade os novos avanços tecnológicosvão mais além da cirurgia clássica de catarata.Algumas lentes multifocais têm um desenhoespecial que lhe permitem ver a qualquerdistância: desde a leitura de um jornal ou doecrã do seu telemóvel, ao desfrutar de umabela paisagem, passando pelo trabalho aocomputador ou pela televisão.

O seu oftalmologista informá-lo-á das diferentes alternativas.

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A vida sem cataratas

A vida com lentes multifocais

Na actualidade os novos avanços tecnológicosvão mais além da cirurgia clássica de catarata.Algumas lentes multifocais têm um desenhoespecial que lhe permitem ver a qualquerdistância: desde a leitura de um jornal ou doecrã do seu telemóvel, ao desfrutar de umabela paisagem, passando pelo trabalho aocomputador ou pela televisão.

O seu oftalmologista informá-lo-á das diferentes alternativas.

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AF_Imprensa_215 x 260.pdf 1 5/18/10 7:40 PM

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Vida saudável

Dores lombares

Não lhes vire as costas

Rosácea

Tratamento precoce é decisivo

Mulher

A infertilidade pode ter solução

Reposição hormonal atenua menopausa

Sénior

Glaucoma: “invisível” até deixar de se ver

Criança

Asma de esforço não limita desporto

Perguntas e respostas

Vou ser operado. E agora?

Quando ir ao Atendimento Médico Permanente?

CÁRIE Atenção aos primeiros dentes

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A DOR LOMBAR aguda relacionada com o esfor-ço físico é uma queixa muito frequente e, segundo a Organização Mundial de Saúde, atingirá cerca de 80% da população adulta pelo menos uma vez durante a sua vida.

Frequentemente incapacitante, a lombalgia aguda é a principal causa de absentismo ao traba-lho nos países desenvolvidos, o que acarreta graves consequências sócio-económicas. A região lombar é uma estrutura complexa formada por vértebras, músculos, tendões, discos intervertebrais, articu-lações, ligamentos, vasos sanguíneos e nervos. Em virtude de nos deslocarmos na posição vertical, esta zona suporta o peso do corpo diariamente e é submetida a esforços adicionais sempre que carregamos pesos ou realizamos movimentos re-petitivos de flexão ou de rotação do tronco.

Na esmagadora maioria dos casos, a lombal-gia aguda corresponde à inflamação de alguma das estruturas da região lombar causada por um traumatismo ou um esforço exagerado e, como tal, é benigna e resolve-se habitualmente em duas semanas.

A crise caracteriza-se por uma dor lombar cen-tral ou lateralizada, com irradiação às nádegas e face posterior das coxas. Alguns sintomas, tais como dor muito intensa ou a agravar, irradiação para um dos membros inferiores acompanhada de dormência ou falta de força, febre, dificuldade em

urinar ou evacuar e grave dificuldade em andar, poderão significar a existência de uma patologia mais grave e justificam uma avaliação médica urgente.

EVITAR É POSSÍVELAs causas mais frequentes das crises de lombalgia são os traumatismos e os esforços repetitivos. Os impactos directos ou movimentos bruscos de flexão ou rotação do tronco, como nas quedas ou acidentes de viação, podem provocar lesões ósseas, ligamentares ou dos discos interverte-brais. Os esforços que impliquem transporte e manuseamento de pesos, manobras repetitivas de flexão e rotação do tronco e posturas incorrectas prolongadas causam lombalgias por desgaste das várias estruturas da coluna vertebral.

Habitualmente não é necessária a realização de exames complementares de diagnóstico. No entanto, se a lombalgia persistir por mais de duas semanas, está indicada a realização de um raio X simples e de uma ressonância magnética da coluna lombar.

Não vire as costas às dores lombaresA dor lombar aguda relacionada com o esforço físico – lombalgia de esforço – atingirá cerca de 80% da população adulta pelo menos uma vez durante a sua vida. Frequentemente incapacitante, é a principal causa de faltas ao trabalho nos países desenvolvidos, o que acarreta graves consequências sócio-económicas

ÁLVARO LIMA

vida saudável | geral

iess Verão 2010

Na maioria dos casos, a lombalgia aguda corresponde à inflamação de alguma das estruturas da região lombar causada por um traumatismo ou um esforço exagerado

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O tratamento da lombalgia aguda nas pri-meiras 48 horas consiste em repouso no leito e aplicação local de gelo, para reduzir a inflama-ção. Após este período, o doente deverá iniciar a marcha e a aplicação de calor húmido, com o objectivo de relaxar a musculatura. Durante a fase aguda da crise deverá tomar anti-infla-matórios e relaxantes musculares.

Na maioria dos casos, as lombalgias de es-forço podem ser evitadas com medidas preven-tivas e hábitos de vida saudáveis. Os cuidados Neurocirurgião do Hospital da Luz e do Hospital de Santiago.

vida saudável | geral

Verão 2010 iess

SAIBA QUE...

As causas mais frequentes das crises de lombalgia são os traumatismos e os esforços repetitivos

Na maioria dos casos, a lombalgia aguda corresponde à inflamação de estruturas da região lombar causada por um traumatismo ou um esforço exagerado

Sintomas como dor muito intensa, falta de força, febre, grave dificuldade em andar justificam uma avaliação médica urgente

As lombalgias de esforço podem evitar-se através de cuidados com a postura e com a mecânica corporal na realização do trabalho diário ou do controlo do peso corporal

com a postura e com a mecânica corporal na realização do trabalho diário, o controlo do peso corporal e a realização de exercício físico são atitudes fundamentais para uma coluna vertebral saudável.

A mudança de hábitos é uma responsabili-dade individual que, embora não evite algumas queixas ocasionais, tornará seguramente as crises de lombalgias mais ligeiras e menos frequentes.

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A ROSÁCEA é uma doença cutânea frequente que provoca vermelhidão, pápulas e pústulas semelhantes às encontradas na acne.

Pode haver um grau variável de edema (inchaço) e é mais frequente em pessoas que coram com faci-lidade, em adultos depois dos 30 anos, em pessoas de pele mais clara, podendo causar intolerância aos cosméticos banais que anteriormente se utilizavam.

Em regra, esta doença inicia-se na porção média da face, com rubor, e pode envolver gradualmente a testa, o nariz e o queixo.

No início, pode surgir só vermelhidão esporádica na cara. Com o tempo, porém, torna-se permanente, com derrames, que vão aumentando e que contri-buem para um aspecto inestético da face, além de não apresentar tendência para melhorar sem trata-mento.

Uma das variantes mais exuberantes da rosácea é o rinofima, que representa um marcado desen-volvimento de glândulas sebáceas, vermelhidão e aumento considerável das dimensões do nariz, de forma irregular. É mais frequente no sexo mas-culino, e um processo semelhante pode surgir em

outras áreas da face. Em alguns doentes com rosácea há envolvimento ocular, com ardor, conjuntivite, impondo-se tratamento prescrito por médico oftal-mologista.

SIGA BONS CONSELHOSQuem sofre de rosácea deve evitar bebidas muito quentes e alimentos condimentados, moderar a cafeína e o consumo de álcool, pois estimulam o rubor facial.

Rosácea acaba em belezaA chave do sucesso no tratamento da rosácea assenta no diagnóstico e no tratamento precoces, sendo certo que se não for tratada haverá agravamento e maior dificuldade em obter bom resultado cosmético

JOSÉ CAMPOS LOPES

vida saudável | geral

iess Verão 2010

SAIBA QUE...

A rosácea é mais frequente em pessoas que coram com facilidade, em adultos depois dos 30 anos, em pessoas de pele mais clara

Surge geralmente associada a constipação ou a síndroma gripal

Recomendam-se tratamentos combinados, adaptados a cada situação, visando travar o processo inflamatório e reverter as manifestações clínicas

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Aconselha-se igualmente a evitar a exposição directa ao sol e a utilizar produtos fotoprotectores com índice superior a 15, adaptados ao tipo de pele e que devem ser reaplicados com frequência.

Tanto quanto possível, deve evitar-se tempe-raturas extremas e mudanças súbitas de tempe-ratura, que agravam os sintomas. Esfregar, coçar ou massajar fortemente a face é igualmente de-saconselhado. Devem evitar-se cosméticos que contenham álcool. A maquilhagem é permitida, mas deve ser também adequada.

No tocante ao tratamento, o reconhecimento da doença é o primeiro passo para se alcançar o controlo da situação. Os especialistas em der-matologia recomendam, em regra, tratamentos combinados, adaptados a cada situação, visando travar o processo inflamatório e reverter as ma-nifestações clínicas. Coordenador do Departamento de Dermatologia do Hospital da Luz.

vida saudável | geral

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No tocante ao tratamento, o reconhecimento da doença é o primeiro passo para se alcançar o controlo da situação

São receitados produtos de higiene especí-ficos, tratamentos tópicos e por vezes também sistémicos, que podem demorar semanas até se obter melhoria considerável.

A persistência dos pequenos vasos dilatados (derrames) pode tratar-se com o recurso a raios laser ou luz pulsada intensa, temporariamente acompanhada de maquilhagem correctora. Tam-bém o rinofima obtém resultados interessantes com tratamento de laser.

Em conclusão, pode dizer-se que a chave do sucesso da recuperação da rosácea assenta no diagnóstico e no tratamento precoces, sendo certo que se não for tratada haverá agravamento e maior dificuldade em obter bom resultado cosmético.

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É A PARTIR de açúcares que as bactérias presen-tes dentro da boca produzem ácidos que causam cárie dentária, uma doença que origina defeitos como cavidades no esmalte dentário, a camada externa protectora dos dentes.

Cinco vezes mais comum do que a asma, a cárie precoce da infância é a doença crónica mais frequente em crianças até aos seis anos de idade e pode desenvolver-se logo a partir da erupção do primeiro dente.

O aparecimento na cavidade oral de bactérias causadoras de cárie ocorre após o nascimento e é inevitável. Surge, essencialmente, por transmissão materna.

Os açúcares são o principal alimento deste tipo de microrganismos. O importante não é a quantidade de açúcares ingerida, mas sim a sua consistência e a frequência de consumo.

Assim, hábitos que promovam um prolongado período de contacto entre açúcares, bactérias e dentes propiciam o desenvolvimento de cárie dentária. Os exemplos mais comuns são:• Tomar xaropes antes de adormecer;• Dar biberão com leite ou líquidos açucarados

imediatamente antes ou durante a noite;• Colocar açúcar nas chupetas.

PREVENIR COMPLICAÇÕESEstes comportamentos, associados a uma defi-ciente higiene oral, são o maior factor de risco nas crianças.

A cárie precoce da infância manifesta-se por um padrão característico: lesões brancas (manchas ou linhas) de esmalte desmineralizado e quebra-diço nos incisivos superiores e molares, que sem tratamento atempado evoluem rapidamente para cavidades acastanhadas consideráveis.

As complicações da cárie precoce da infância podem ser tanto orais quanto sistémicas. Dores de dentes, de garganta e de cabeça, infecções respiratórias e digestivas são disso exemplo.

Ainda a perda prematura de dentes causa alte-rações no desenvolvimento dos maxilares, da fala, do sono e alimentares devido a uma mastigação dolorosa, com perda de apetite, malnutrição e alterações do desenvolvimento físico e intelec-tual. É, assim, de extrema importância o diag-nóstico precoce e o tratamento da cárie dentária nas crianças.

Apesar da sua elevada frequência, a cárie pre-coce da infância pode ser prevenida e essa preven-ção na criança deve começar com a monitorização da saúde oral da mãe desde o período pré-natal,

A cárie ‘ataca’ ao primeiro denteMuito comum, a cárie precoce da infância é a doença crónica mais frequente em crianças até aos seis anos de idade e pode desenvolver-se logo a partir da erupção do primeiro dente

CAROLINA DAMIÃO FERREIRA

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procurando reduzir a transmissão de bactérias ca-riogénicas e, consequentemente, risco de cárie.

As consultas de rotina em medicina dentária são recomendadas desde o primeiro ano de idade

Médica dentista da Clínica Parque dos Poetas e do Hospital da Luz -Centro Clínico da Amadora.

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Verão 2010 iess

SAIBA QUE...

Os açúcares são o principal alimento das bactérias causadoras da cárie

A deficiente higiene oral é também um dos maiores factores de risco

A queda prematura de dentes causa alterações no desenvolvimento dos maxilares, da fala, mastigação dolorosa com perda de apetite e malnutrição

e são fonte ideal de informação e controlo sobre a saúde oral.

Nelas se faz não só uma avaliação do risco de cárie, um aconselhamento dietético promotor de hábitos alimentares anticariogénicos e a motiva-ção para a correcta higiene oral, mas também a implementação directa de medidas preventivas, como a administração de fluoretos, que reforçam e remineralizam a estrutura do esmalte dentário, au-mentando a sua resistência à cárie. O diagnóstico e o tratamento precoces de eventuais lesões evitam complicações e promovem a saúde oral e o bem- -estar da criança.

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A ASMA INDUZIDA pelo exercício (AIE), também designada frequentemente por asma de esforço, deve-se a uma diminuição do calibre das vias aéreas (broncoconstrição) desencadeada pelo exercício físico.

Esta diminuição é responsável pela sensação de dificuldade respiratória que muitas crianças e adultos jovens (12% a 15% da população em geral) referem quando, por exemplo, praticam ginástica ou actividades que envolvem corrida, e deve notar-se que cerca de 70% a 80% dos doentes asmáticos podem ter crises desencadeadas pelo exercício físico.

Têm sido propostas diferentes teorias expli-cativas para a asma induzida pelo exercício, das quais as mais aceites são a desidratação e a perda de calor da mucosa brônquica como consequência da hiperventilação que ocorre durante o exercí-cio, muito particularmente em ambientes frios e secos.

Na respiração de repouso, o ar inspirado é aquecido e humidificado ao nível das vias aéreas superiores. Durante o exercício, há um aumento

da ventilação, associado a perda de calor e de água pelo aparelho respiratório, entre outros aspectos. A consequência é a libertação de factores que interferem na inflamação e que são responsáveis pela diminuição do calibre das vias respiratórias aéreas.

SINTOMAS DURAM MENOSPara estabelecer o diagnóstico de asma induzida pelo esforço é indispensável a elaboração de uma história clínica. Os sintomas não diferem dos de uma crise de asma (dispneia, tosse e sensação de aperto torácico, com ou sem respiração sibilan-te), mas caracterizam-se habitualmente pela sua duração limitada no tempo.

Na sequência de uma crise de AIE, a maioria das crianças e dos jovens recupera espontanea-mente ao fim de 30 a 45 minutos. Depois desta recuperação, é comum a ocorrência do chamado ‘período refractário’, com uma duração média de cerca de uma hora, durante o qual a repetição de exercício idêntico não desencadeia uma resposta broncoconstritora.

Asma de esforço não limita desportoOs sintomas não diferem dos de uma crise de asma, mas caracterizam-se por uma duração mais limitada no tempo, devendo ser adoptadas medidas que permitam a perfeita integração da criança, de forma a não inibirem a prática desportiva

GRAÇA FREITAS

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Médica pneumologista e coordenadora do Departamento de Pneumologia do Hospital da Luz.

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SAIBA QUE...

70% a 80% dos doentes asmáticos podem ter crises desencadeadas pelo exercício físico

Os sintomas não diferem dos de uma crise de asma, mas caracterizam-se habitualmente pela sua duração limitada no tempo

O exercício praticado em condições de ar frio e seco potencia o broncospasmo

A rápida melhoria dos sintomas desencadeados pelo exercício após a utilização de um broncodi-latador, ou a sua prevenção com a inalação de um broncodilatador antes do exercício, dá suporte ao diagnóstico de asma brônquica.

A confirmação do diagnóstico pode ser conseguida com uma prova de esforço efectuada em meio laboratorial. Nos casos em que a prova de esforço está contra-indicada, é possível a sua substituição por uma prova de provocação inala-tória inespecífica.

ATENÇÃO AO CLIMA!O tratamento não farmacológico da AIE baseia- -se na indução do período refractário através de exercícios de aquecimento prévios ao período de exercício físico mais intenso.

Algumas formas de exercício, como a corrida ao ar livre com condições climatéricas desfavo-ráveis (ar frio e seco), são mais potenciadoras de broncospasmo. O ambiente quente e húmido é favorável à prática de exercício, sendo a natação o desporto de eleição.

O tratamento farmacológico baseia-se no con-trolo apropriado da asma brônquica com medica-ção anti-inflamatória, corticóides por via inalatória e antagonistas dos receptores dos leucotrienos. Quando necessário, podem ser associados bron-codilatadores.

A prática de exercício físico é fundamental para um desenvolvimento fisiológico harmonioso do sistema respiratório das crianças e nunca deve ser limitada numa criança asmática. A AIE também não é um factor inibitório da prática desportiva, mas nesta circunstância devem ser adoptadas todas as medidas (farmacológicas e não farmacológicas) que permitam a perfeita integração da criança nas diversas actividades do seu dia-a-dia.

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SE É PRECISO ter noção de que a fertilidade normal é de apenas cerca de 20%-30% por ciclo, pode definir-se infertilidade como a incapacidade de um casal conceber ou levar a bom termo uma gravidez depois de pelo menos um ano de vida sexual regular sem qualquer protecção.

É uma situação bastante mais frequente do que se pensa, pois cerca de um em cada dez casais tem dificuldade em conseguir engravidar, afectando mais de 70 milhões de mulheres no mundo in-teiro, estimando-se que em Portugal afecte cerca de 500 mil pessoas, embora nem todas procurem tratamento.

A infertilidade motiva uma procura crescente de ajuda médica por alterações sociais envol-vendo o planeamento familiar com o adiar da maternidade para depois de estabilizar a carreira profissional. De notar que a idade média da mulher para ter o primeiro filho era há duas décadas os 25 anos de idade, e agora são os 29,5 anos.

Os riscos de complicações da gravidez aumen-tam com a idade da grávida e outra importante mudança é o declínio da fertilidade masculina, que se reflecte na quebra dos parâmetros de qualidade do esperma. Uma das causas mais prováveis será a poluição decorrente de derivados industriais tóxicos contendo estrogéneos.

A infertilidade deve merecer investigação médica apenas ao fim de um ano de vida sexual

regular sem contracepção e sem se verificar gra-videz. As excepções a esta regra são os casais em que a mulher tem mais de 35 anos ou se existe alguma patologia que condicione a fertilidade. Nesses casos, deve iniciar-se a investigação ao fim de um máximo de seis meses de vida sexual regular sem protecção.

CAUSAS?... MUITAS!Nos anos mais recentes tem existido crescente pu-blicidade em relação ao problema da infertilidade e respectivas possibilidades de tratamento, o que de algum modo tem diminuído o tabu e o estigma social que envolvem o assunto, fazendo com que cada vez mais casais procurem atempadamente ajuda médica.

Apesar de as causas de infertilidade serem diversas, podem considerar-se problemas mascu-linos, problemas femininos e causas inexplicadas. De notar que a idade da mulher é, isoladamente, a maior determinante da fertilidade do casal.

Em aproximadamente 20%-30% das situações a causa de infertilidade é um problema do homem – poucos espermatozóides (oligospermia) ou sem características adequadas. Em outros 30%-40% dos casos o problema é da mulher – o mais fre-quente é haver perturbações da ovulação, mas a obstrução das trompas é também uma situação relativamente comum.

A infertilidade pode ter soluçãoÉ uma situação bastante mais frequente do que se pensa, pois cerca de um em cada dez casais tem dificuldade em conseguir engravidar. Em Portugal, cerca de 500 mil pessoas são afectadas, mas nem todas procuram tratamento

MIGUEL LOPO TUNA

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Em cerca de 30% dos casais inférteis ambos os cônjuges contribuem, em maior ou menor grau, para o problema. Em 5% a 10% dos casais não se detecta qualquer razão aparente para a infertilidade, que então se designa por infertilidade inexplicada ou de causa desconhecida.

No caso das mulheres, doenças do útero, como fibromiomas, anomalias congénitas na configuração e alterações na cavidade interna uterina, muco cervical desfavorável, endometriose e abortos de repetição devidos a alterações hormonais/imunitárias ou a malformações congénitas do útero podem ser con-sideradas causa de infertilidade.

Já em relação aos homens, os problemas mais co-muns relacionam-se com os espermatozóides: dimi-nuição do número (menos de 20 milhões por mililitro de ejaculado), configuração anormal – note-se que espermatozóides anormais não dão origem a crian-ças com malformações, mas não são fecundantes –, mobilidade reduzida e ausência no ejaculado.

Vale a pena recordar que, excepto em situações graves, a maioria dos homens com oligospermia po-de fecundar, dando origem a uma gravidez, mesmo sem tratamento.

Se a duração da infertilidade é longa, a fertilização in vitro (FIV) tem indicação formal, e neste caso, além de tentar conseguir uma gravidez, serve também de teste quanto à capacidade das células de ambos os componentes do casal.

Se tem um problema de infertilidade, deverá começar por procurar o seu médico assistente, que poderá iniciar os estudos mais simples e, quando considerar adequado, recomendará uma consulta de infertilidade, onde poderá completar a investi-gação das causas da situação e efectuar o tratamento adequado.

DIAGNOSTICAR E TRATARComo a infertilidade é um problema do casal, é fundamental que ambos os elementos sejam ava-liados numa consulta inicial, onde se avaliam as presumíveis causas da infertilidade com base na história clínica e no exame médico.

O tratamento da infertilidade pode envolver a indução da ovulação, a inseminação artificial, a fertilização in vitro (FIV), a microfertilização (ICSI), a doação de gâmetas (ovócitos e espermatozóides e

Médico ginecologista-obstetra do Hospital da Luz e assistente convidado da Faculdade de Medicina de Lisboa

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SAIBA QUE...

De um modo geral, a infertilidade deve merecer investigação médica apenas ao fim de um ano de vida sexual regular sem contracepção e sem se verificar gravidez

De notar que a idade da mulher é, isoladamente, a maior determinante da fertilidade do casal

Os riscos de complicações da gravidez aumentam com a idade da grávida

Em aproximadamente 20%-30% das situações a causa de infertilidade é um problema do homem – poucos espermatozóides ou sem características adequadas

até embriões), a congelação de esperma, de tecido ovárico e de embriões, a transferência de embriões descongelados e procedimentos cirúrgicos, nomea-damente por via laparoscópica.

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A MENOPAUSA, período da vida da mulher que marca o final da idade fértil, é consequente à falência ovárica que implica a paragem de pro-dução de hormonas femininas por este órgão, ocorrendo entre os 45 e os 55 anos.

A idade do aparecimento da menopausa é influenciada apenas por factores hereditários e hábitos tabágicos, pelo que factores geográficos, sociais e/ou físicos não influenciam a ocorrência mais precoce ou mais tardia.

Graças à melhoria dos factores sócio-económi-cos e aos avanços científicos e tecnológicos nas últimas décadas, e em particular no campo da medicina, a esperança média de vida tem vindo a aumentar. Assim sendo, actualmente a mulher passa um terço da sua vida em menopausa.

A falta de hormonas femininas condiciona um novo ambiente hormonal, o hipoestrogenismo, que levará a consequências a curto, médio e longo prazos para a saúde e bem-estar da mulher.

Os sintomas vasomotores – os ‘calores’ – são, em geral, as primeiras alterações que surgem e as que mais perturbações causam ao bem-estar da

mulher, levando-a a procurar o seu médico.Porém, em algumas mulheres tais sintomas

são escassos e irrelevantes; no entanto, na sua rotina ginecológica anual chegará a altura em que o início da menopausa será diagnosticado e o tratamento será proposto.

PARA QUASE TODASActualmente sabe-se que os benefícios do trata-mento de reposição hormonal (TRH) são tão impor-tantes que todas as mulheres têm indicação para o fazer, havendo muito poucas contra-indicações.

Este tipo de tratamento não deve ser admi-nistrado a mulheres com cancro da mama e do endométrio, mulheres portadoras de meningioma e melanoma, com antecedentes de fenómenos trombo-embólicos, doença hepática ou renal agu-da e/ou insuficiência hepática e/ou renal grave e hipertensão arterial severa.

A escolha da ou das hormonas, a forma de administração e o tempo do tratamento devem ser determinados pelo seu médico de forma in-dividualizada, de acordo com o perfil de cada

Reposição hormonal atenua menopausaO tratamento da reposição de hormonas femininas é determinante para que a mulher possa usufruir de uma boa qualidade de vida ao impedir muitas das consequências negativas da menopausa

MARIA AUGUSTA MATOS

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mulher. Normalmente, o acompanhamento médico é feito semestralmente durante todo o período de tratamento.

Os resultados obtidos com o tratamento de reposição hormonal passam por interromper as alterações decorrentes da diminuição progressiva de estrogéneos, tanto a nível ginecológico – irre-gularidades menstruais, secura vaginal, peso, dor e ardência urinária – como a nível extraginecoló-gico – sintomas vasomotores (‘calores’), neuropsí-quicos (insónias, irritabilidade, depressão), sistema Médica ginecologista da Clipóvoa - Hospital Privado.

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SAIBA QUE...

A idade do aparecimento da menopausa é influenciada apenas por factores hereditários e hábitos tabágicos

Actualmente, com o aumento da esperança média de vida, a mulher passa um terço da sua existência em menopausa

Mulheres com cancro da mama e do endométrio, doença hepática ou renal aguda ou hipertensão arterial severa não devem fazer o tratamento de reposição hormonal

nervoso central (perda de memória e capacidade de concentração, doença de Alzheimer) e alterações do metabolismo ósseo e cardiovascular (osteoporose, angina de peito, enfarte do miocárdio).

O tratamento da menopausa através da reposi-ção de hormonas femininas é determinante para que a mulher possa usufruir de uma boa qualidade de vida ao impedir que estas consequências se instalem.

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O GLAUCOMA CAUSA perda irreversível de visão e a sua frequência aumenta com a idade, sendo cerca de 2% nas idades superiores a 40 anos e 5% acima dos 80 anos. Estima-se que em todo o mundo 80 milhões de pessoas sofram de glaucoma, 10% das quais cegas dos dois olhos. De facto, é a segunda causa mundial de cegueira.

Existem diferentes tipos de glaucoma, sendo mais frequente na população ocidental o glaucoma de ângulo aberto. Este tipo de glaucoma tem como principal causa o aumento da pressão intra-ocular que resulta de um desequilíbrio entre a produção e drenagem de um líquido importante produzido no nosso olho, o humor aquoso.

O facto de a pressão intra-ocular estar, na maioria dos casos, ele-vada não dá sintomas, mas vai provocando, de modo silencioso e progressivo, a morte das células que fazem a recepção (captação) do que vemos. As cé-lulas que morrem não são substituídas e le-vam progressivamente a perdas de campo vi-sual e, em última ins-

tância, à cegueira. Daí a designação de ‘doença silenciosa’.

PERCEBER TARDE DE MAIS…Qualquer pessoa pode desenvolver glaucoma, mas algumas apresentam um risco maior: a existência de história familiar, as diabéticas, as com espessura de córnea reduzida ou alterações estruturais do nervo óptico, as de raça negra, as medicadas de forma crónica com corticóides.

Como o glaucoma de ângulo aberto é uma doença silenciosa, só é detectado pelos próprios doentes numa fase muito avançada, quando o campo visual fica muito danificado ou mesmo se

verifica cegueira de um dos olhos.

O rastreio é o ponto crucial no combate a esta doença. Se tiver mais de 40 anos de idade ou algum dos factores de risco des-critos, deve fazer um exame oftalmológico cuidadoso e completo, que inclua a observa-ção do disco óptico, medição da pressão intra-ocular, avaliação

Glaucoma: não se ‘vê’ até deixar de verO glaucoma é uma doença crónica que acompanha a pessoa o resto da vida. Requer vigilância constante e tratamento, na maioria das vezes, até ao fim da vida. Cada um de nós tem um papel crucial para o seu controlo

MARIA DA LUZ FREITAS

vida saudável | sénior

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SAIBA QUE...

O glaucoma de ângulo aberto é causado por aumento da pressão intra-ocular

Não dá sintomas, mas as células receptoras da visão morrem, não são substituídas e causam perda progressiva de visão

Os diabéticos e os que tomam corticóides de forma prolongada estão mais sujeitos ao glaucoma

Depois dos 40 anos de idade, o rastreio é fundamental

O tratamento tem de ser cumprido com grande rigor

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do ângulo camerular, que são pontos-chave. Muitas vezes há necessidade de complementar a informação com a realização de campos visuais computorizados, a determinação da espessura da córnea (paquimetria) e análise estrutural do nervo óptico e camada de fibras nervosas (HRT e OCT).

Se a doença é excluída, deverá ser realiza-do novo rastreio um ou dois anos depois; se há suspeição, mas não exclusão da doença, deve-se Médica oftalmologista do Hospital da Arrábida.

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manter uma vigilância apertada. Se se confirma a doença, o doente tem de iniciar tratamento.

TRÊS FORMAS DE TRATAREssencialmente, existem três tipos de tratamento que têm como objectivo principal baixar a pressão intra-ocular: a terapêutica médica, o tratamento laser e o tratamento cirúrgico.

Estas formas de tratamento podem ser usadas isoladamente ou em conjunto.

O tratamento inicial do glaucoma de ângulo aberto é o tratamento médico sob a forma de co-lírios (gotas). Quando o tratamento médico não é eficaz ou não é tolerado, deve fazer-se tratamento cirúrgico e, em casos especiais, laser.

Concomitantemente à terapêutica, o doente de glaucoma tem de fazer consultas regulares no seu oftalmologista e realizar de forma periódica exames auxiliares de diagnóstico (campos visuais e por vezes HRT ou OCT), dependendo do estádio ou controlo da doença.

Já o tratamento cirúrgico tem indicações preci-sas, pois, apesar dos riscos inerentes a qualquer acto cirúrgico e de, por vezes, não dispensar totalmente o uso de colírios, a cirurgia é uma arma terapêutica muito importante para o controlo do glaucoma.

Tal como na cirurgia da catarata, tem havido avanços de forma que a técnica cirúrgica praticada seja menos invasiva, mais segura e de recuperação mais rápida (ex.: a esclerectomia profunda).

O glaucoma representa um problema de saú-de pública em todo o mundo, já que é uma das causas mais frequentes de cegueira irreversí-vel, de sintomatologia silenciosa, mas que pode evitar-se.

O glaucoma representa um problema de saúde pública em todo o mundo, já que é uma das causas mais frequentes de cegueira irreversível, de sintomatologia silenciosa, mas que pode evitar-se

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Vou ser operado. E agora?

INDEPENDENTEMENTE do grau de comple-xidade, cabe ao cirurgião dar-lhe conhecimento de todos os pormenores, objectivos terapêuticos e possí-veis efeitos secundários inerentes à sua operação. Esta informação pretende esclarecer dúvidas e contribuir para decidir e autorizar a operação proposta. No en-tanto, à medida que a data se aproxima, é provável que surjam outras questões, como, por exemplo:

O que faço até à cirurgia? As formalidades burocráticas são tratadas pelos ser-viços hospitalares adequados, que também o contac-tarão em data mais próxima do compromisso.

Se foram pedidos exames, não se esqueça de os realizar. Agende também a consulta de anestesiologia, se tiver sido pedida. Tenha os resultados dos exames consigo, bem como qualquer outra informação útil (medicação habitual, informações clínicas prévias que possua).

Posso continuar a tomar a minha medicação habitual? Anote as indicações do cirurgião relativas ao período

Quer tenha sido referenciado à consulta de uma especialidade cirúrgica já com o diagnóstico e a suspeita da proposta operatória, quer esta seja o culminar de um processo diagnóstico, os preparativos e a proximidade da concretização representam um marco no quotidiano da pessoa em questão e no dos que lhe são próximos

pré-operatório, que podem incluir recomendações alimentares e a necessidade de alteração ou suspen-são de medicação.

É muito importante que o cirurgião conheça a sua medicação habitual (por exemplo, anti-agregantes plaquetários, anticoagulação oral, entre outras), pois só assim poderá tomar as decisões mais acertadas para o seu caso.

Quando terei de ir para o hospital? O cirurgião dir-lhe-á se entra na véspera ou no dia da operação e a que horas. Procure ser pontual. O cirurgião é a face visível de uma vasta equipa que trabalha diariamente para assegurar a prestação de cuidados cirúrgicos. Sem prejuízo de situações imponderáveis (por exemplo, cirurgias de urgência), o calendário do bloco operatório está organizado de modo que sejam prestados os melhores cuidados.

É necessário um período de jejum antes da operação? Porquê? Sim. As cirurgias com anestesia geral ou locorregional implicam o cumprimento de um período de jejum

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vida saudável: perguntas e respostas

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CÉSAR RESENDE

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de alimentos sólidos e líquidos. Pretende-se com isso reduzir a possibilidade de ocorrência de com-plicações no momento da anestesia. Não cumprir o período de jejum indicado pelo cirurgião ou pelo anestesista pode impossibilitar a cirurgia na data marcada.

Vou sentir dor? Dependendo do procedimento cirúrgico e da téc-nica anestésica previstos, podem ser necessários gestos mais ou menos incomodativos, tais como a canalização de uma veia para administração de fármacos ou a infiltração de um anestésico local. Os protocolos de actuação foram estudados para

minimizar a dor. De notar que a cirurgia só se inicia quando o doente está anestesiado, facto confirmado com o anestesista, no caso de uma anestesia geral, ou com o próprio doente, no caso de uma anestesia locorregional.

A anestesia? Como é? A anestesia é um acto médico seguro, pois os fármacos anestésicos acompanharam a grande evolução da medicina e são mais eficazes, menos tóxicos e com mecanismos e tempos de acção perfeitamente determinados.

Além disso, estão também disponíveis tecnologias de monitorização.

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vida saudável: perguntas e respostas

Se foram pedidos exames, não se esqueça de os realizar. Agende também a consulta de anestesiologia, se tiver sido pedida. Tenha os resultados dos exames consigo, bem como qualquer outra informação útil

Cirurgião geral do Hospital da Luz.

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HORÁRIO DE ATENDIMENTO MÉDICO PERMANENTE

Clipóvoa – Hospital Privado (Póvoa de Varzim): 08h00-24h00, 365 dias/ano; Clipóvoa – Clínica de Cerveira: 2.ª a 6.ª 08h00- -20h00 e sáb. 09h00 - 13h00; Clipóvoa – Clínica de Amarante: 2.ª a 6.ª 08h00-20h00 e sáb. 08h00-18h00; Clipóvoa – Clínica do Foco (Porto): 2.ª a 6.ª 08h00-21h00 e sáb., dom. e fer. 09h00- -21h00; Hospital da Arrábida (V. N. Gaia): 24 horas, 365 dias/ano; Cliria – Hospital Privado (Aveiro): 24 horas, 365 dias/ano; Cliria – Centro Médico de Águeda: 2.ª a sáb. 08h00-20h00; Cliria – Clínica de Oiã: 24 horas, 365 dias/ano; Hospital da Luz (Lisboa): 24 horas, 365 dias/ano; Hospital da Luz – Centro Clínico da Amadora: 09h00-22h00, 365 dias/ano; Clínica Parque dos Poetas (Oeiras): 09h00-22h00, 365 dias/ano; Hospital de Santiago (Setúbal): 08h00-24h00, 365 dias/ano; Hospital da Misericórdia de Évora: 2.ª a 6.ª 09h00--20h00 e sáb. 09h00-13h00.

AMP de adultos: como e quando

O que fazer quando chego ao Atendimento Médico Permanente?Deve fazer a inscrição na recepção administrativa e aguardar a chamada para a triagem de enfermagem. A primeira observação é efectuada por um enfermei-ro, que lhe fará algumas perguntas sobre o motivo e queixa principal pela qual recorre ao Atendimento Médico Permanente.

A observação é rápida e objectiva, com a finalidade de realizar uma avaliação inicial para estabelecer a prioridade de atendimento médico e encaminhamen-to para a área de tratamento ou observação.

Esta avaliação respeita um protocolo com os mesmos descritores clínicos para a definição de prioridades de atendimento médico, sem pretender determinar o diagnóstico.

Depois da triagem, o que vai passar-se?Deverá aguardar na sala de espera. A chamada para observação médica depende do grau de urgência definido na triagem. Na consulta, o médico efectua a avaliação e estabelece o tratamento, podendo solicitar exames complementares de diagnóstico.

Existem áreas reservadas para administração tera-pêutica e outros procedimentos técnicos, como sejam sala de tratamentos, sala de gessos ou de pequena cirurgia. Sempre que seja necessário vigiar o seu estado clínico, poderá ter de ficar em sala de obser-

No Atendimento Médico Permanente de adultos prestam-se cuidados de saúde, em situação de doença urgente e não urgente, 24 horas por dia, 365 dias por ano.

Texto Ana Santos Pereira Fotografias Estúdio João Cupertino

vação dedicada, onde a presença de um familiar ou pessoa significativa é importante.

E depois, onde tenho de aguardar?Enquanto espera o atendimento médico, não deve ausentar-se da sala de espera. Se tem indicação para realizar exames complementares de diagnóstico, deve permanecer na sala até ser chamado para a sua realização e aguardar pelos resultados, para pos-terior reavaliação e alta. Caso haja necessidade de internamento, este poderá ser feito em diversos locais do hospital, de acordo com a sua situação clínica, até à sua recuperação. Antes de regressar a casa, não se esqueça de recolher a sua documentação e de validar (carimbar) as receitas médicas, se for esse o caso.

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vida saudável: perguntas e respostas

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ANA SANTOS PEREIRA

Enfermeira coordenadora do ambulatório do Hospital da Luz.

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exemplos de vida

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Paula Cristina Sousa, educadora de infância há 14 anos, trabalha em Lou-sada há quatro com crianças entre os três e os cinco anos de idade. Uma ac-tividade que exige grande animação, constante movimento e esforço.

Casada desde 1996 com José Quei-rós Sousa e com um filho, o Carlos Miguel, com sete anos de idade, Paula começou a apresentar edemas nas ar-ticulações do joelho e dos punhos em

A artrite estava a custar a mobilidade dos membros inferiores e da mão esquerda de Paula Cristina. As dores não paravam. Até surgir a hipótese de colocar uma prótese no pulso

Texto João Paulo Gama Fotografias Bruno Barbosa

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A vida com ambas as mãos

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1998. Inicialmente, os diagnósticos apontavam para artrite reumatóide e febre reumática. Começou a tomar corticóides, medicação que manteve nos cinco anos seguintes.

“Em 2000 tive uma grande hemor-ragia; queria engravidar e não con-seguia. Aliás, na ocasião os médicos disseram-me que com a medicação que tomava era impossível engravi-dar…”, lembra Paula, que, aconse-lhada pelos médicos que a seguiam, reduziu a quantidade de corticóides e aumentou a do medicamento anti--inflamatório. Pouco tempo depois sofreu uma hemorragia e foi interna-da. Reencaminhada para o Hospital de S. João, no Porto, concluiu-se que sofria de doença de Crohn, patologia que afecta os intestinos e que seria a causa das inflamações.

A artrite agravou-se e acabou por afectar diversas articulações. As do-res eram combatidas com infiltrações, mas Paula piorava, ia perdendo mobi-lidade, nomeadamente nos membros inferiores.

A situação agravou-se com o surgi-mento de dores na articulação do pul-so esquerdo. “As dores eram diárias, ia perdendo a mobilidade do pulso e mesmo a tomar corticóides sentia cada vez mais dificuldades no torno-zelo. A qualidade de vida começou a deteriorar-se. De manhã precisava de apoiar-me para conseguir andar e só ao fim de 30 minutos é que começava a melhorar”, recorda Paula.

O dia-a-dia tornava-se cada vez mais difícil. Ao almoço, as colegas abriam a garrafa de água, que Paula – esquerdina – não conseguia abrir por causa das dores no punho. Os seus alunos ajudavam-na em muitas tarefas.

Numa consulta, José insistiu com a reumatologista que seguia a mulher

no sentido de encontrar alternativas aos corticóides e em Julho de 2008 a medicação foi reduzida para metade. Porém, as dores voltaram a aumen-tar e a incapacidade foi-se tornando progressiva.

PROCURAR ALTERNATIVASCom a qualidade de vida a degra-dar-se, a reumatologista aconselha a educadora a aumentar a medicação,

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Paula, com o marido, José: poder dar as mãos e não ter dores, uma conquista

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“Algumas vezes os médicos não actuam de forma multidisciplinar, não procuram o apoio de outras especialidades. O doutor José Manuel Teixeira teve essa visão”

que só deveria reduzir quando se sentisse melhor.

Sem vislumbrar melhoras e com as soluções propostas a apontarem para a imobilização do tornozelo e do pulso, o casal procurou alternativas. Tratar o tornozelo era o primeiro ob-jectivo. Procuraram um ortopedista, que lhes disse estar o problema do pé estabilizado.

Paula recorda que o médico olhou para o pulso e aconselhou um colega, que poderia arranjar uma solução para esse problema: “Vimos uma luz ao fundo do túnel. A perspectiva exis-tente era fixar o punho e o tornozelo, o que significava perder mobilidade, qualidade de vida…”, diz.

Referenciada para o Hospital da Arrábida e para o ortopedista José Ma-nuel Teixeira, Paula teve dificuldade em acreditar no que estava a ouvir. O médico observou o raio-X e falou

na colocação de uma prótese no pul-so esquerdo, que ajudaria a manter a mobilidade quase completa da mão. Também deixaria de sentir dores e poderia voltar a realizar uma série de actividades que já não conseguia executar.

A intervenção cirúrgica teve lugar a 26 de Junho de 2009. As dores pas-saram por completo – “para mim, não ter dores era uma coisa inatingível”,

afirma Paula – e a mobilidade do pul-so recuperou-a pouco a pouco, com o auxílio da fisioterapia.

“Gestos diários que já não conse-guia fazer, como abrir portas, pegar em alguns pesos, afiar um lápis, recortar, o que era muito frustrante quando se trabalha com crianças de três anos, voltaram a ser possíveis”, completa. Mais recentemente começou a tratar do tornozelo na perspectiva de manter a função.

Paula e José dizem-se felizes por terem encontrado as pessoas certas. A lição que retiraram da sua expe-riência pessoal foi a de não desistir e acreditar que pode fazer-se mais e melhor. “Notámos que algumas ve-zes os médicos não actuam de for-ma multidisciplinar, não procuram o apoio de outras especialidades. O doutor José Manuel Teixeira teve essa visão”, concluem.

JOSÉ MANUEL TEIXEIRA: “DETECÇÃO PRECOCE É DECISIVA”

PARA José Manuel Teixeira, ortopedista do Hospital da Arrábida e cirurgião com experiência no tratamento de doentes com artrite reumática, o caso de Paula Cristina é um exemplo daquilo que se pode fazer actualmente por estes doentes.A doença reumatóide do punho e da mão detectada numa fase precoce

permite evitar a fixação do pulso, mantendo boa mobilidade do mesmo e retirando por completo as dores à doente. O cirurgião considera que o tratamento da artrite reumatóide é médico, mas que muitas vezes as técnicas cirúrgicas actuais em doentes com estádios iniciais contribuem para uma melhoria efectiva da qualidade de vida dos pacientes.“A artrite reumatóide é uma doença crónica para ser tratada por várias especialidades, tendo actualmente a cirurgia um papel fundamental no alívio das dores e da mobilidade destes doentes. No punho e na mão é fundamental um tratamento precoce”, defende José Manuel Teixeira. Radiografia do pulso esquerdo depois da colocação da prótese

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É esse interesse que o leva, entre 1931 e 1938, a especializar-se na Clí-nica Neurológica dos Hospitais Civis de Estrasburgo, então dirigida por um dos grandes neurologistas da época, o professor Jean-Alexandre Barré.

A neuro-anatomia fascina o jovem médico, que passa horas infindas a estudar no Laboratório de Neuropa-tologia da Faculdade de Medicina de Estrasburgo. Corino de Andrade tra-balha, investiga e interessa-se bastante pelo estudo das células das meninges. Aí tem a oportunidade de conhecer alguns dos maiores nomes da cena científica internacional, conseguindo ser o primeiro especialista não fran-cês a receber o Prémio Dejerine (que homenageia Joseph Jules Dejerine, reputado neurologista francês) para ciências neurológicas, em 1933, sendo nomeado chefe do laboratório.

Dessa época Corino de Andrade diria mais tarde que aprendera com o professor Barré o gosto pela clínica: “Ele costumava dizer: é preciso saber admirar-se...”, afirmou em entrevista ao jornal Diário de Notícias.

REGRESSO FORÇADOEm 1936, Corino de Andrade instala-se em Berlim para adquirir conhecimen-tos e prática em neurologia clínica e neuropatologia. Aí trabalha durante alguns meses no Instituto de Investi-

DEFINITIVAMENTE, havia algo de novo. Um quadro de sintomas que não se enquadrava em nada do que era conhecido, interrogava-se Corino de Andrade, jovem neurologista do Hospital Geral de Santo António, no Porto, ao observar, pela primeira vez, numa doente uma patologia fora do comum.

O médico ainda não sabia, mas esta-va a iniciar, naquele ano de 1939, um percurso de investigação que o levaria a notabilizar-se mundialmente, quando, em 1952, identificou e tipificou cienti-ficamente, pela primeira vez – dez anos depois de ter verificado a presença de uma substância amilóide em vários tecidos corporais –, a polineuropatia amiloidótica familiar (PAF), ou para-miloidose, uma condição neurológica que envolvia os nervos periféricos, pa-recia ser típica das regiões piscatórias do Norte e Centro de Portugal e que haveria de ser identificada em outras regiões ribeirinhas do mundo, como, por exemplo, o Japão e a Suécia.

Vulgarmente designada por ‘doença dos pezinhos’, a enfermidade, uma neuropatia periférica, ficou também conhecida por ‘doença de Andrade’, em homenagem ao médico português que a caracterizou.

Nascido em Moura a 10 de Junho de 1906, filho de Francisco Xavier da Costa Andrade, médico veterinário nas-

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cido em Goa, Mário da Costa Corino de Andrade ingressou, depois de ter concluído os estudos liceais em Beja, a 19 de Setembro de 1923, na Univer-sidade de Lisboa, onde, passado o ano preliminar, se matriculou na Faculdade de Medicina, depois de ter escutado os conselhos do pai e ponderado seguir biologia, o seu primeiro entusiasmo.

Terminada a licenciatura a 13 de Novembro de 1929, influenciado por António Flores, seu professor de Neu-rologia, e após contactos com Egas Mo-niz e Almeida Lima por ocasião do seu estágio no Hospital de Santa Marta, o jovem médico começou a interessar-se pela neurologia.

PAF, o código de CorinoAo identificar e tipificar a polineuropatia amiloidótica familiar, paramiloidose oudoença dos pezinhos, o neurologista Mário Corino de Andrade conquistou a posteridade. Defensor das liberdades democráticas, foi também um dos impulsionadores do Institutode Ciências Biomédicas Abel Salazar, no Porto

Texto IESS Fotografias Arquivo

Corino de Andrade com uma das condecorações honoríficas que recebeu

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gação do Cérebro Max Planck, criado por Oskar Vogt.

Depois deste período, Corino voltou a Estrasburgo com várias opções pro-fissionais pela frente: permanecer em França, voltar a Berlim, avançar com o projecto de ir para os EUA trabalhar, em Chicago, com Percival Bailey, exer-citando a neurocirurgia e o estudo de tumores cerebrais, ou rumar ao Brasil. Porém, nada disso aconteceu.

Em 1938, a doença do pai forçou-o a regressar a Portugal. Antes de partir de França, Corino escreve ao professor Egas Moniz com o objectivo de arranjar trabalho em Lisboa. O futuro Nobel da Medicina (1949) manifesta boa von-

A síndrome neurológica e a história clínica da doente intrigam o médico, que pensa estar diante de uma en-tidade patológica não descrita, algo que não se enquadra nos diagnósticos apontados até então, tais como lepra nervosa, avitaminose ou siringomielia. Havia que estudar todos os casos que se apresentassem. Assim fez Corino.

João Resende, então a estagiar no hospital, torna-se o primeiro e o mais próximo colaborador de Corino de Andrade e fala mesmo em deslum-bramento quando assiste ao exame dessa primeira paciente.

CONVERSAS DE COMBOIOCorino de Andrade procura incessan-temente uma doença por classificar ou mal classificada. Ao mesmo tempo e a pouco e pouco, vai formando uma pe-quena equipa. Primeiro João Resende, depois Pereira Guedes, Jorge Campos, António Coimbra e Castro Alves, um conjunto de clínicos apostados na re-novação, dando tudo de si.

Em 1951 é detido na Estação de São Bento, no Porto, pela PIDE, acusado de actividades subversivas e de ligações ao Partido Comunista, então na clan-destinidade.

Preso nas instalações da polícia polí-tica do Estado Novo, na Rua do Heroís-mo, revê o artigo intitulado “A Peculiar Form of Peripheral Neuropathy”, com o

Corino de Andrade (segundo à esq.) recebeu, em Dezembro de 1933, o Prémio Dejerine das mãos de Sorrel-Dejerine (à dir. da foto). Corino foi o primeiro neurocientista não francês a ser distinguido com este galardão. A seu lado estão o Prof. Barré e outros colegas

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Corino de Andrade oferece-se como voluntário no Hospital Geral de Santo António e em 1939 promove o arranque do serviço de neurologia. Um dia aparece numa consulta uma mulher de 37 anos com uma patologia comummente chamada ‘doença dos pezinhos’

tade, mas não lhe dá esperança. No entanto, sugere-lhe a hipótese de ir para o Porto, onde as neurociências, depois do falecimento do professor Magalhães Lemos, se encontram algo paradas.

Nesse Verão, Corino de Andrade oferece-se como voluntário no Hos-pital Geral de Santo António e em 1939 promove o arranque, ainda que em condições precárias, do serviço de neurologia. Pouco tempo depois aparece numa consulta uma mulher de 37 anos de idade, residente na Póvoa de Varzim, com uma patologia que lhe impedia a marcha, comummente chamada ‘doença dos pezinhos’.

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subtítulo “Familiar Atypical Generalized Amyloidosis with Special Involvement of the Periperal Nerves”, a publicar na edição de Setembro de 1952 da revista científica Brain (Brain, vol. 75:3, 408) e que o lançará para um lugar de topo nas neurociências mundiais.

Acaba por sair em liberdade alguns meses depois, admite-se que por influ-ência de um ex-colega de curso e amigo pessoal de António de Oliveira Salazar,

Grupo de médicos da Clínica Neurológica da Faculdade de Medicina dos Hospitais Civis de Estrasburgo. Na primeira fila (sentados), Barré é o sexto do lado esquerdo. Corino de Andrade está de pé, atrás (quarto a contar da direita). Vêem-se, entre outros especialistas: Forster, Van Bogaert, Weill, Morin, Mlle Helle, Nordman, Fontaine e Woringer

Corino Andrade – Excelência de Uma Vida e Obra homenageou o médico e estudioso

DEFENSOR DAS LIBERDADES

Cidadão de reconhecida intervenção cívica, Corino de Andrade fazia muitas vezes questão de recordar que vivera os tempos das I e II Guerras Mundiais. A PIDE, polícia política do Estado Novo, moveu-lhe perseguições, no início da década de 50, pelas suas convicções democráticas, tendo mesmo sido preso. “Os meses que passei na cadeia serviram-me para muita informação e muita reflexão. Tirei disso muito proveito”, disse ao Jornal de Notícias em 1991.Aderiu ao Movimento de União Democrática e apoiou a candidatura de Norton de Matos à presidência da República, em 1948. Como opositor ao Estado Novo, Corino de Andrade fez parte do núcleo de homens de ciência do Porto, entre os quais se destacaram figuras notáveis como Abel Salazar e Ruy Luís Gomes. As suas actividades científica e cívica mereceram-lhe distinções ao longo da vida, designadamente o grau de Grande Oficial de Santiago da Espada (1979), a Grã-Cruz da Ordem do Mérito (1990), o Grande Prémio Fundação Oriente da Ciência (1990) e o Prémio Excelência de Uma Vida e Obra, da Fundação Glaxo Wellcome (2000).

o professor Fernando Bissaya-Barreto, com quem Corino de Andrade, apesar das ideias políticas opostas, mantinha vivos diálogos sobre doenças e doentes, sobre políticas de saúde, todas as sextas- -feiras, na viagem de comboio a caminho de Lisboa, quando Corino vinha, aos fins-de-semana, participar em neuroci-rurgias no Hospital de Santa Marta.

Homem de ciência e humanista, Corino de Andrade fundou o Centro

O jovem Corino de Andrade

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nadores da criação dessa estrutura, Corino de Andrade integrou, entre 1974 e 1980, a comissão instaladora do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), na Universi-dade do Porto.

Até à sua reforma do Hospital Geral de Santo António, em 1976, Corino de Andrade manteve as suas investi-gações, entre as quais a da epidemio-logia e genética da doença de Macha-do-Joseph, em colaboração com Paula Coutinho. Ao completar 82 anos, em 1988, deixou a direcção do CEP, mas continuou a sua actividade, acabando por falecer, vítima de uma paragem cardiovascular, a 16 de Junho de 2005, aos 99 anos de idade.

Alentejano raiano, confessou-se agnóstico e defendia que a Terra ha-veria de tornar-se um planeta morto. “Penso que a Terra não representa no universo mais do que uma molécula representa no meu corpo.” Corino disse.

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de Estudos de Paramiloidose (CEP), a 13 de Julho de 1960, mas sonhava com a criação de uma escola superior aberta ao futuro científico, estruturada de forma a responder às necessidades e anseios de alunos e professores, virada para uma investigação diversificada e ao mesmo tempo integradora dos mais diferentes campos do conhecimento.

Por isso, ao lado do professor Nuno Grande, um dos principais impulsio-

Sempre presente junto dos doentes (à esq.) e em casa, no último ano de vida

O mérito distinguido pelo presidente da República Ramalho Eanes

Fontes: Diário de Notícias, Jornal de Notícias, www.whonamedit.com e Corino Andrade – Excelência de Uma Vida e Obra, de Maria Augusta Silva, Fundação GlaxoSmithKline das Ciências da Saúde, 2002.

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