Igreja Da Machava & Pancho Guedes.

download Igreja Da Machava & Pancho Guedes.

of 12

Transcript of Igreja Da Machava & Pancho Guedes.

  • 8/19/2019 Igreja Da Machava & Pancho Guedes.

    1/28

  • 8/19/2019 Igreja Da Machava & Pancho Guedes.

    2/28

  • 8/19/2019 Igreja Da Machava & Pancho Guedes.

    3/28

    O Colecionador de antigüidades e a sua Sagrada Igreja da Machava

    Arquitecto: Pancho Guedes

    Obra: Igreja da Machava, Maputo, Moçambique

    A expressão do “colecionador de antigüidades” na Igreja da Machava

     __________________________________________ 

     Teoria IV - Mestrado Integrado em Arquitectura

    Departamento de Arquitectura - FCTUCArthur Gouvêa L.B. Salgado

    Docentes: Armando Rabaça e Carolina Coelho

  • 8/19/2019 Igreja Da Machava & Pancho Guedes.

    4/28

    Índice

    Introdução.Objetivos...........................................................................................................................................................................5Metodologia......................................................................................................................................................................5Material Recolhido..........................................................................................................................................................5

    1. Da obra no percurso do Arquitecto Amânci D’Alpoim “Pancho” Guedes.........................................................71.1 E a Gênese do Stiloguedes........................................................................................................................................71.2 Desenvolvimento Conceitual e das Soluções........................................................................................................91.3 O pensamento face ao Modernismo e o Stiloguedes como posicionamento..................................................11

    2. Das qualidades Arquitetônicas da Igreja da Machava.........................................................................................132.1 Características Formais...........................................................................................................................................132.2 Características Espaciais e Estruturais..................................................................................................................17  A. Dimensões....................................................................................................................................................19

    B. Métricas.........................................................................................................................................................21

    3. Devemos olvidar ou crer em modernidade de Pancho Guedes? Devemos olvidar ou crer em pós-mod-ernidade de Pancho Guedes?.......................................................................................................................................23

    Referências......................................................................................................................................................................26

  • 8/19/2019 Igreja Da Machava & Pancho Guedes.

    5/285

    Introdução

    Objetivos

      Ao escolher as duas fotos para a capa e contracapa deste trabalho cria-se a expectati-va, ao menos mínima, sobre como é o resto do edifício levemente exposto nas respectivas fotos.  Digamos que seja leve não pelo edifício em si, pelo contrário, é dono de uma razoável com-plexidade, mas pelo “pouco mostrar” que circunda as fotos. De onde surge aquela torre? Onde se lo-

    caliza aquele crucixo desenvolvido em três dimensões? Todas aquelas curvas, como elas funcio-nam entre si? Qual sua harmonia? E para completar todas as outras questões: Que edifício é esse?  Em uma tentativa, ainda que tardia e ainda que pouco profunda, de conceber um prognóstico - e cha-ma-se aqui atenção para este ato de ‘conceber’ um prognóstico - o exercício que vem a seguir tem um pequenameta: destacar nossa atenção para “o que aconteceu quando Pancho Guedes resolveu fazer Arquitectura?“.  Nas referências utilizadas neste trabalho percebe-se uma grande, e compreensível, admiraçãopela obra deste autor e nelas são descritas informações que hoje já sabemos (graças a essas mesmas pub-licações) mas que, no nível especulativo, se ausentam de introduzir um componente teórico que salta osolhos deste trabalho para discussão: O que aconteceu quando Pancho Guedes resolveu fazer Arquitectura ?  É nesse pequeno espaço especulativo, relatório nal da disciplina de Teoria IV do Mestra-

    do Integrado em Arquitectura, que se pretende não dar um parecer, e nem de longe denitivo, massim, exercer especulação sobre como podemos olhar para dentro desse ‘expressionista’ da Arquitec-tura Luso-Africana, Pancho Guedes, sob a regência de uma obra especíca - a Igreja da Machava.  Há muitas questões que passam no vazio nos exercicíos intelectuais sobre o arquitecto e a obra es-pecicada no parágrafo acima. Há algum pós-modernismo em Pancho Guedes? Há ao menos alguma ati-tude pós-moderna? Podemos pensar mesmo que não seja um pós-moderno, mas há algum uso de estraté-gias pós-modernas em seus projetos? Se sim como podemos encarar a inuência de Louis Kahn e FrankLloyd Wright? Se não, como explicar seu posicionamento anti-corbusiano e sua participação no Team Ten?

    Encerramos com uma dose de Robert Venturi: Há contradição e complexidade na obra de PanchoGuedes? Se há isso, faz o quê dele? Se não houver, essa ausência faz o quê dele? Anal! O que se passouquando Amâncio Guedes resolveu fazer Arquitectura ?

      Este trabalho tem o objetivo de especular em cima dessas questões, e forjar pequenos elementos quecontribuiam para a evolução da compreensão da obra do autor.

    Metodologia 

    Ao dar início à reexão deste trabalho, esbarra-se na limitação do âmbito para qual esse foielaborado. Portanto, ao escolher o campo da especulação das questões citadas no ponto anterior, so-mos ‘forçados’ a recorrer ninguém menos que o próprio arquitecto que deixou para seus estudio-sos um espólio de manifestos sobre suas obras, que, por muito que pareçam abstratos e poéticos, es-clarecem o tempo inteiro a expressão arquitetônica do autor, das suas escolhas e de suas expectativas.  Se o primeiro ponto da metodologia deste trabalho é recorrer ao próprio Pancho Guedes, o se-gundo é voltar a motivação inicial, e principal, proposta para o desenvolvimento deste texto: a com-preensão da Igreja da Machava, Maputo, Moçambique. Entretanto não será feita aqui um texto quediscorre pela experiênca ‘Guedesniana’ e seu trajeto como arquitecto para nalmente compreender-mos a obra, a parte do todo. Não; o metódo deste trabalho é o inverso, aprofundar nas questões ref-erentes a Igreja da Machava, ou seja, da parte, para que ela possa nos ajudar a esclarecer o todo,ou ao menos tornar menos nebulosas as questões que cercam o todo, isto é, o autor, o arquitecto.  Temos então duas escolhas: a última citada, da obra para o autor, e a primeira, da sua própria expli-cação para a especulação deste trabalho, ao se recorrer, obviamente, aos manifestos deixados pelo Arquitecto.

    Material recolhido

      Conseguiu-se, anteriormente a este exercício, a recolha de imagens, desenhos e cro-quis da Igreja da Machava (e outras obras também). Também foram elaborados alguns de-senhos com auxílio de motores digitais CAD; também foi executada uma maquete - executa-da em grupo - da obra em questão. O complemento bibliográco segue ao nal deste relatório. 

  • 8/19/2019 Igreja Da Machava & Pancho Guedes.

    6/286

    Figura 01: Busto de Hombre elAtleta. Pablo Picasso

    Figura 02: A Pedrada. PanchoGuedes

    Figura 03: The Garden. Miró.

    Figura 04: A passagem verde.Pancho Guedes

    Figura 05: Igreja da Machava.Pancho Guedes.

  • 8/19/2019 Igreja Da Machava & Pancho Guedes.

    7/287

    1. Da obra no percurso do Arquitecto Amânci D’Alpoim “Pancho” Guedes - E a Gênese do Stiloguedes.

      Para chegarmos ao diminuto objetivo de especular sobre o que foi e o que aconteceu com Pancho Guedese sua expressão Arquitetônica temos de inserir o assunto, como prévias e arcabouços teóricos para o nossoobjetivo especulativo no nal. Mesmo essa ligeira ambição necessita de assegurar uma mínima reexão sobreo autor, devidamente dividida em dois grandes momentos: problematizações conceituais e problematizaçõesprojetuais; temos de abordar as causas que zeram Pancho a chegar nas suas Arquitecturas e as soluções que

    suas propostas deram para concretizar as suas idéias. Temos aí um problema de causa-conseqüência queparece, contudo, uma inuência mútua e que nos levar a paralisia intelectual - o que é causa e o que é conse-qüência anal? Em Pancho Guedes, as soluções para concretizar as idéias muitas vezes podem ser o que gera oconceito, não só o tradicional contrário a esta informação (existe um conceito que gera uma solução concreta).  O objetivo deste capítulo é discorrer sobre a denição da obra de estudo, a Igreja da Machava, e opercurso do Arquitecto. Entretanto, isso é demasiado direto, e pode-se apontar sem muitos constragimentosque, a Igreja da Machava, datada de 1968, no início do percurso prossional de Guedes é essencialmente umarepresentante do Stiloguedes, fase que o arquitecto passou por grande experimentação de seus conceitos egrande inspiração de sua expressão arquitetônica.  Para atingir-se alguma complexidade sobre essa questão é necessários refazermos a gênese desta fase

    do arquitecto. Depois de recuar nesse ponto poderemos avançar sobre os conceitos e posicionamento do Ar-quitecto em relação ao contexto histórico. Posta a frase do próprio Pancho Guedes “Somos todos coleciona-dores de antigüidades. Não podemos sobreviver sem o passado”¹; temos a fagulha necessária para nos levara pensar que, dentre outras coisas que a frase remete, a formação inuencia muito no que se faz futuramente.  Há dois fatos que deve-se olhar como cruciais para a gênese do Stiloguedes, que a frente será melhorexplicada, tendo como conceito central a Biomorcação dos objetos: o primeiro, a criação do arquitecto lusoter ocorrido na África, em Moçambique, e culminando na formação acadêmica na África do Sul. O segundofato, a vontade inicial de estudar Belas Artes, e não Arquitectura, não levada adiante por impedimetno dopai.²  A coleção de antigüidades de Pancho Guedes pode ter começado nestes dois fatos. O fato de querer

    ser pintor, de pintar, de ser inuenciado pelo Surrealismo de Miró e Picasso (ver guras 01,02,03 e 04), trásduas questões para a discussão: uma, que vamos tratar de esquecer por ser demasiada complexa para essetrabalho, é a hipótese psicoanalítica da criação de um trauma ao ser proibido de estudar artes plásticas pelopai, que justicaria esse certo expressionismo arquitetônico e essa busca pela poesia na arquitectura. Outra,e é a que vamos investigar, é a procedência direta entre esse talento plástico e a biomorcação de suas obras.Não é forçado perceber essa relação (compare guras 01,02,03,04 e 05 da página anterior.).  A coleção de sua história aumenta pelas veias da cultura africana e riquezas naturais do territórioafricano. Não é impossível perceber que o imaginário³ do arquitecto preenchido de cultura africana reforçaveementemente o conceito de biomorcação, plasticidade e enraizamento da cultura local que suas obrasganhariam. Mesmo nos nomes de suas obras isso é perceptível, a exemplo o edifício residencial “O Leão que

    Ri”.  Se o reforço do Stiloguedes pelo pertencimento ao continente africano se explica pela criação do ar-quitecto ter sido na África colonial portuguesa, o reforço do Stiloguedes pela inuência na pintura e poesia éexplícito em: “Clamo para os arquitectos os direitos e a liberdade que os pintores e poetas há tanto têm man-tido. A arquitectura não é apreendida como experiência intelectual mas como uma sensação – como emoção.[...]”  A obra da Igreja da Machava pertence ao momento do Stiloguedes e esse percurso é rearmado nafrase de Pancho Guedes citada no parágrafo anterior.

     ____________ Notas

    1. Guedes, Pancho.(2007). Manifestos, Ensaios, Falas, Publicações. Ordem dos Arquitectos. Página 47. ISBN: 978-972-8897-24-6. Pancho faz menção àhistória como substrato de re-criação, não só em inuências, mas da inuência do seu próprio passado.

    2. Fernandes, Miguel. (2007). Pancho Guedes – Metamorfoses Espaciais. Caleidoscópio. ISBN: 989-8010-71-1

    3. Sartré explícita o poder de criação pela apreensão inconsciente do que rodeia um indivíduo. O imaginário funciona como fonte dessa busca. Ver

    Sartre, Jean-Paul.(1940 - reedição 1996). O Imaginário. Editora Ática ISBN 85-08-05865-9

  • 8/19/2019 Igreja Da Machava & Pancho Guedes.

    8/288

    Figura 06: Igreja da Machava entradaFigura 07: Torre SineiraFigura 08: Axonometria

  • 8/19/2019 Igreja Da Machava & Pancho Guedes.

    9/289

    1.2 Desenvolvimento Conceitual e das Soluções

      Nesse ponto a análise passará por um momento mais generalista, mais conceitual, mais amplo ealargado da obra da Igreja da Machava, deixa-se para as próximas páginas um análise mais profunda daexpressão desta Arquitectura.

    Aspecto central, e ator principal do stiloguedes, a forma biológica da edicação é estratégia de desenhoque incorpora a liberdade poética, e plástica, para que se concretize o edifício. Essa é uma grande decisão de

    desenho do arquitecto, e se observarmos a repetição, e repertório desta postura, ca evidente a maturidadee segurança do uso do conceito.  “Um edifício a fazer sinais.”- Guedes, Pancho.(2007). Manifestos, Ensaios,Falas, Publicações. Ordem dos Arquitectos. Página 60. ISBN: 978-972-8897-24-6.

      A frase da citação acima nos conduzirá, por um lado, à discussão sobre se há ou não pós-mod-ernismo em Pancho Guedes, e por outro, ela nos elucida o propósito de dar ao edifício um aspec-to lúdico, um aspecto plástico, um aspecto poético, e então se está diante de um problema: como re-solver o edifício a partir deste conceito? O próprio conceito responde a essa pergunta, e como foi citadona página sete, faz-nos misturar o que é causa e o que é conseqüência nessas relações estabelecidas.  A estratégia de desenho é respondida pelo conceito de Pancho Guedes. Demonstração clara da in-

    versão referida na página sete. Existe a solução concreta, a estratégia de biomorcação, para responder a umconceito o aspecto plástico e poético, o lado lúdico da obra. Essa inversão toma contorno em cada ponto doedifício, vejamos a gura 06. Nela, temos a marcação da entrada em curvas, temos a organicidade entre oselementos compositivos e construtivos em curvas, em rasgos que parecem ter sido feitos a mão. Parecemuma modelação livre, uma forma natural, cheia de natureza, cheia de biologia nela própria. E neste momentotemos outra citação do autor para ser feita:

      “É um edifício feito à mão que já exibe o aspecto de pré-fabri-

    cado que desejo” - Guedes, Pancho.(2007). Manifestos, Ensaios, Falas,

    Publicações. Ordem dos Arquitectos. Página 60. ISBN: 978-972-8897-24-6.

      Outras questões podem ser extraídas desta frase, como a dualidade anti-corbusiana acompanhada

    de inuências modernistas. Esse assunto será abordado no outro tópico. Desta frase vamos extrair o desejode tornar aquele edifício cheio de vida, o suciente para não ser apenas uma cosntrução, mas para ser algoapossado pelas pessoas, vista com a complexidade da fauna e ora africana, e aceita como aa receptividadede sua cultura. De certa forma é um desenho ‘orgânico controlado’, como mesmo o autor se refere - aspectode pré-fabricado. O controle dessa forma natural, cheia de poesia, é essencial, pois assim torna-se possível aa experiênca de construí-lo.  A gura 07 mostra como a torre, outro elemento lúdico, também incorpora o conceito e solução es-tratégica de desenho da biomorcação. A torre sin eira tem um óculo, justicado como a visão dos quatrocantos, e este óculo é formado por quatro planos entrelaçados por curvas que fazem a união de cada lado doóculo; quando se faz encontrar três planos de uma só vez. Essa foto deixa claro como de maneira proposita-

    da o stiloguedes pela estratégia da biomorcação se torna possível, se torna monumental. A torre sinaleira,deslocada alguns metros da igreja, ainda se confunde com esta e ainda se confunde com as outras árvores emvolta.  Mais alguns aspecto simbólicos devem ser salientados. Na gura 06 pode-se observar a coberturaem aspecto de gôndula, simbolismo do ‘barco da vida’ onde as pessoas navegam para uma idéia de paraíso,também importante para os católicos daquela igreja, o contato com o céu e o paraíso. Nota-se na axonometria(gura 08), o coroamento deste elemento com quatro crucixos ‘dilatados’ para as três dimensões. A axono-metria também mostra como as reentrâncias, exploradas nas coberturas, exploradas na marcação do pavi-mento de cada entrada, e levada ao extremo em cada ponto do edifício tem caráter biomorfológico, lúdico, esimbólico. A articulação desses elementos de maneira funcional e estrutural será vista mais a frente.

      Essa postura, de trazer expressão lúdica e livre (no próximo ponto essa liberdade será melhor abor-dada) se faz presente em outros edifícios do autor. Pode-se comparar com o edifício residencial o Leão queRi(gura 09); com o Apartamentos Prometheus(gura 10); e os Escritórios para Otto Barbosa. E todos carre -gam um aspecto em comum: os elementos lúdicos são construtivos e/ou estruturais, nunca são falsos.

  • 8/19/2019 Igreja Da Machava & Pancho Guedes.

    10/2810

    Figura 09: Edifício Comercial Otto BarbosaFigura 10: Edifício Residencial O Leão que RiFigura 11: Apartamentos PrometheusFigura 12: Axonometria Igreja MachavaFigura 13: Instituto Biológico Salk La JollaFigura 14: Assembléia Nacional de Dacca

    Figura 15: Falling Water

  • 8/19/2019 Igreja Da Machava & Pancho Guedes.

    11/2811

    1.3 O pensamento face ao modernismo e o Stiloguedes como posicionamento

      A igreja da Machava ajuda a esclarecer as inuências modernas, ajuda a jogar luz sob as atitudes pro- jetuais que se pode considerar como atitudes modernistas e também ajuda a entender como ela pode ser umarevisão crítica do modernismo e do CIAM, pela via do Team Ten, e ainda sim, como outras obras, defendera sua ‘liberdade’ projetual. O Stiloguedes é um posicionamento crítico do moderno sem desperdiçá-lo.  Neste ponto da reexão é que as polêmicas e diculdades de análise intelectual começam a surgir.

    Não propriamente contraditórios, mas indistinguíveis são alguns elementos e concretizações alcançadas pelaa abstração lúdica e poética de Pancho Guedes.  Simultâneamente a Igreja da Machava traz elementos que reforçam um discurso moderno, mesmoque criticado por Pancho, e também traz elementos livres do modernismo. As reentrâncias da nave principal,e do transepto, armado na cruz latina que desenha a planta da edicação, não é uma postura corbusiana.Não é uma postura modernista. O edifício não se assenta em pilotis, não tem terraço jardim, não possui

     janelas horizontais em ta, e a armação da indenpendência da estrutura para fachada e planta livres nãoocorre para que a composição à Corbusier ocorra.

    A axonometria da gura 12 evidencia como os elementos exatamente estruturais são os que desen -ham as fachadas. Isso não é nada Corbusiano, não é nada modernista. Conceitualmente a estrutura está

    presente nas fachadas não para libertá-la desta, mas para ser possível o desenho curvo e conceituado nasreentrâncias. A composição das paredes das fachadas poderia ser livre sim, anal não executam função es-trutural, mas claramente estão ali dispostas para formar em conjunto com o posicionamento dos pilares e asconcavidades do edifício.

    Essas saliências estão armadas também na cobertura, compondo não só as fachadas do objeto, mascompondo também a proporção volumétrica entre nave central e corpos laterais; entre cobertura central -agôndola- e as coberturas secundárias. Sem elas, não há harmonia no edifício, não há concretização dos con-ceitos lúdicos, biomórcos e abstratos do edifício. Sem elas, a poesia do edifício morre. Sem as saliências dospavimentos que demarcam as entradas, não se concretiza os principais conceitos plásticos. A plasticidade daforma se deve exatamente ao ‘desrespeito’ dos cinco pontos corbusianos.

      A compreensão do edifício no entanto está longe de car clara. Pancho Guedes cita diretamente LouisKahn em seus manifestos, e mesmo Frank Lloyd Wright exerceu inuência nele. Obras como AssembléiaNacional de Dacca, Bangladesh e o Instituto Biológico Salk La Jolla Califórnia de Kahn, e Falling Water deWright são comparáveis a algumas estratégias de desenho na Igreja da Machava. (Acompanham as guras13,14 e 15). Uma atitude comparável é a articulação que Kahn faz no Instituto Biológico Salk La Jolla Califór-nia, entre o oceano e a reta compreendida entre os dois corredores de edifícios(gura 13). É uma articulaçãopoética, preocupada com a relação exterior-interior do edifício e envolvente. Pancho Guedes faz o mesmocom a Torre Sineira. Na gura 12, a axonometria mostra a articulação entre exterior e interior, engedrada pelapraça formada pela torre, e, assim como o corredor de Kahn, ambos são espaços públicos que qualicam oobjeto principal.

      A complicação conceitual aumenta no grau que percebemos que, volumetricamente, Pancho Guedesdemonstra intenção clara de vincular elementos horizontais que tornam o objeto horizontal, isto é, elementoshorizontais com expressão para tal, com elementos verticais que tornam o objeto vertical, com capacidadepara isso. A parede de pedra de Wright vincula-se com as paredes fortemente horizontais em Fallign Water.Pancho Guedes tem estratégia de desenho similar. A marcação dos pilares, e a própria torre sineira, vincu-lam-se com elementos tipicamente horizontais, como a cobertura em gôndola e a cobertura da entrada prin-cipal.

    Sem essa articulação do espaço público com o edifício, ao estilo de Louis Kahn, e sem essa vinculaçãoentre horizontalidade e verticalidade ,ao estilo de Frank Lloyd Wright, não haveria harmonia no edifício, etalvez, não fosse possível que todas as curvas e coberturas se completassem num único edifício claramente

    demarcado por dois eixos de implantação. Muito provavelmente o conceito de unidade daquela arquitecturateria falhado.  Volta-se, enm, na questão proposta pelo trabalho: O que se passou com Pancho Guedes? Ao adotarestratégias não-corbusianas em simultâneo com inuências modernistas? Anal o que ele pretendia?

  • 8/19/2019 Igreja Da Machava & Pancho Guedes.

    12/2812

    Figura 16: PlantaFigura 17: Corte TransversalFigura 18: Corte Longitudinal

    0 515

    25

  • 8/19/2019 Igreja Da Machava & Pancho Guedes.

    13/2813

    2. Das Qualidades Arquitetônicas da Igreja da Machava

      O último ponto abordado na página 11 faz concluir que, o stiloguedes é, um reforço no discurso deliberdade face ao modernismo. Ao se trazer Louis Kahn e Frank Lloyd Wright para a discussão cria-se umimpasse: anal, Pancho Guedes reforça sua liberdade contra o modernismo, e simultâneamente é inuencia-do por mestres deste estilo? Esse paralelismo pode congelar o desenvolvimento da nossa análise, entretanto,vale a pena notabilizar que, mesmo Robert Venturi, o ‘pai’ do movimento que veio a ser a reação ao modern-

    ismo, foi inuenciado por Kahn, e trabalhou mesmo com Kahn. O próprio pós-modernismo que veio a seguirdos mestres modernos se vale da fonte de saber moderna, e não a exclui. A participação de Pancho Guedesno Team Ten enfatiza o caráter ‘crítico mas sem descartes’ do arquitecto ao modernismo. E agora a questãoque se coloca é: pode-se inserir Pancho Guedes como pós-moderno? Essa questão será melhor especulada nocapítulo 3, e abre-se esse presente capítulo, que será mais prático, com um parágrafo teórico para justicarque, para chegarmos até o capítulo 3 e ‘em cima’ da discussão proposta pelo trabalho que se desfaz nessetexto: o que se passou com Pancho Guedes? E para isso vamos entrar numa demonstração de composiçãoformal, espacial, estrutural e, levemente, construtiva da Igreja da Machava, com o objetivo de compreendermelhor o objeto, e por conseqüência, o autor. 

    2.1 Características Formais

      Dada a densidade exposta acima, para tornar mais ‘palátavel’ o entendimento prático do espaço,força-se em ouvir a mesma densidade, mas nas palavras de Pancho Guedes:

    “Um telhado semelhante a uma gôndola [...] Uma casa de paredes

    enrroladas, com muitos cantos, lugares escondidos, espaços secre-

    tos - para homens idosos, quando há sol, para jogos às escondidas,

    para amantes, para grupos de jovens. [...] Uma casa -mãe rodeada

    de lhos com chapéus engraçados. Um edifício feito à mão já com o

    aspecto desejado de pré fabricado [...] Uma igreja robusta e forte”. -

    Guedes, Pancho.(2007). Manifestos, Ensaios, Falas, Publicações. Ordem dosArquitectos. Página 28. ISBN: 978-972-8897-24-6.

      Se interpretamos toda essa ‘poesia’ com que o arquitecto se refere ao edifício, podemos conseguirextrair aspectos fundamentais da forma do edifício. A citação da gôndola certica a intencionalidade deter uma cobertura curva e com reentrâncias. Esse movimento curvo, constante de ‘entra e sai’, não está pre-sente apenas nas paredes conforme podemos observar na gura 16, mas também em todas as coberturasdo edifício. O componente gráco e, conseqüentemente construtivo, que organiza o projeto são as paredes,ainda que não estruturais, mas em termos de composição e denição formal dos alçados são as paredes apredominância do desenho de Pancho Guedes. Predominância destacada pelo próprio como “paredes enr-roladas”.

    Ao concentrar a análise no eixo longitudinal percebe-se que a “casa-mãe” nas palavras de Pancho, anave central, é denida pelo seu invólucro externo em toda sua extensão pelas paredes curvas que propor-cionam concavidade e convexidade ao espaços imediatamente adjacentes a elas. Essa qualidade confere umacapacidade de atrair ou distanciar as pessoas; deni-se claramente os espaços que acolhem as pessoas e osque as não acolhe. Essa sensação de “enrrolamento” é presente também na cobertura do eixo longitudinal.Na gura 18 o corte demonstra a intenção do movimento da cobertura como razão compositiva da poética‘guedesniana’. Logo depois aproveitada para outros ns construtivos (detalhados nas próximas páginas).  Os “lhos de chapéus engraçados”, lhos da casa-mãe, estão dispostos ao longo do eixo transversalda implantação. São as coberturas secundárias do ponto de vista formal, mas que ‘defendem’ o desenhoenrolado, e alternado em concavidade e convexidade. Os espaços protegidos por essas coberturas, apesar

    de usarem a mesma estratégia das paredes curvas, possuem forma em cruz, uma alusão a cruz maior doedifício, que é a própria implantação deste. Na gura 17, é possível observar as pequenas coberturas que dãorespaldo a cobertura maior, e na gura 16 é perceptível a armação dos pequenos espaços que cruzam a navecentral e formam a cruz latina da implantação

  • 8/19/2019 Igreja Da Machava & Pancho Guedes.

    14/2814

    Figura 19A:Módulo de Composição I

    Figura 19B:Módulo de Composição II

    Figura 19I:União

    Figura 19J:Torre

    Figura 19K:Pavimentos

    Figura 19C:Módulo de Composição III

    Figura 19E:Parede-pilar-parede.

    Figura 19F:paredes adjacentes ao pilar.

    Figura 19G:Parede-entrada-parede

    Figura 19H: Lateral esquerda Cabeceira Figura 19L: Cabeceira

    Figura 19D:Composição abertaa partir do módulo

    original

  • 8/19/2019 Igreja Da Machava & Pancho Guedes.

    15/2815

      A composição formal descrita acima, mais analitacamente voltada para o todo, e de forma mais qual-itativa, obviamente, é formada por partes e essas partes são as responsáveis pela unidade e característicadensa do edifício. Seria forçado armar que existe uma malha corbusiana que organiza a forma do edifício.Um traçado regulador, como o arquitecto suiço advogava, pode não ter sido base projetual, entretanto, sepelas características espaciais o próximo capítulo vai ajudar a amadurecer a compreensão métrica do edifício,este capítulo demonstra que as características formais e geométrica descritas na página treze são atingidasmediante a existência de um módulo gerador desta forma.

      “É um edifício feito à mão que já exibe o aspecto de pré-fab-ricado que eu desejo” - Guedes, Pancho.(2007). Manifestos, Ensaios,

    Falas, Publicações. Ordem dos Arquitectos. Página 28. ISBN: 978-972-8897-

    24-6.

      A Igreja da Machava, se voltarmos a axonometria da gura 12, sintetizando ao máximo, é o encontrode um paralelepípedo robusto central, no eixo longitudinal, com um paralelepípedo delgado, mais baixo,lateral, no eixo transversal. Obviamente não é só isso. O aspecto ‘feito à mão’, referido pelo arquitecto, é justa-mente aquilo que modela esses paralelepípedos. É o que escava esses volumes tornando o densos. O aspectode pré-fabricado é o edifício pronto, já escavado, ainda robusto, sustentando a solidez dos paralelepípedos,

    mas suportando subtrações curvas em suas entranhas, e de maneira menos poética, de seus alçados.  Como isso foi elaborado? Se forçar uma malha estrutural para o desenho era muito corbusiano paraPancho Guedes, como ele foi buscar a escavação de seus paralelepípedos implantados num eixo ortogonal?Não da maneira exagerado como fez Oscar Niemeyer na Catedral de Brasília, mas Pancho fez uso de umcerto minimalismo formal, que depois ganhou tamanha evolução que se tornou um ramo de soluções a partirdo mesmo desenho. Não é a repetição pura de um elemento como fez o arquitecto brasileiro na capital doBrasil, mas é a repetição a maneira de Pancho Guedes. É Stiloguedes puro; na sua essência compositiva. Nasua razão compositiva. São esses elementos de desenho, que dão densidade ao seus edifícios, e nesse caso àIgreja da Machava, que são a retórica deste arquitecto frente aos mestres modernos.  Na gura 16, da página 12, se ampliarmos a lateral esquerda da nave central vamos perceber que

    no encontro com a parte do edifício transversal, uma das esquinas do edifício, três paredes quase se fecham.Quase formam ali um módulo. É esse módulo que desenha a Igreja da Machava. Não como regra obsessiva,fria, conforme a maestria do estilo moderno já havia feito, mas como módulo compositivo que inspira o de-senho.

    Vejamos a gura 19A. Ela supõe ser o módulo anterior ao rebuscado módulo de Pancho Guedes. Dalio desenho evolui para a gura 19B. É desta que muitas das soluções, em planta, foram retiradas. Este móduloé composto por quatro curvas nos cantos, e quatro retas que as ligam; agrupadas duas a duas em um par deretas maior e um par menor. Seu aspecto é o de um retângulo com chanfros. E esse módulo pode se partir emdois, ou quatro, como na gura 19C. Esta gura é um desenho fechado não usado de forma direta na plantada Igreja. Mas o módulo pode ser partido em uma só partícula, essa sim, o ponto minimal de Pancho Guedes,

    que é uma curva a fazer uma esquina por duas retas, como temos quatro delas na gura 19D.  Estas quatro partículas estão no desenho da planta. Na gura 16 da página 12, percebe-se o uso dacomposição referida quase na extremidade esquerda do eixo transversal do edifício. Ali a versatilidade destedesenho recebe duas aberturas no sentido cima-baixo do desenho, e no sentido esquerda-direita se encaixaperfeitamente nas outras soluções de desenho do arquitecto. Essa uidez traz vitalidade e uma capacidadede criar espaços semelhantes mas diferentes para o desenho.  A partir daí o módulo recebeu várias versões. A gura 19E é uma parte isolada das paredes laterais danave central. Nela duas ‘partículas minimais’ se unem, e ao mesmo tempo se separam, por um pilar. Cria-seum lado ‘positivo’, concâvo, eu um negativo, convexo. Uma variante da própria variante é a gura 19F, quala parede inferior está locada no lado do pilar adjacente à outra parede.. A solução 19F está presente no canto

    inferior esquerdo da nave central.  Duas paredes curvas também podem desenhar, e marcar, uma entrada. A gura 19G é o desenho lat-eral da nave central. Esses desenhos das paredes também podem serem usados para aberturas não de uxode pessoas, mas de luz, como na gura 19C e na gura 19H.

  • 8/19/2019 Igreja Da Machava & Pancho Guedes.

    16/2816

  • 8/19/2019 Igreja Da Machava & Pancho Guedes.

    17/2817

      Essa estratégia de desenho é rica em soluções, além de concretizar as inteções conceituais já referi-das nos capítulos anteriores. Observa-se a gura 19I e está lá uma solução de que une duas soluções dagura 19G. Essa solução compõe toda a lateral da nave central. A gura 19J é a solução, e adaptação, daestratégia para a torre, a gura 19H para a cabeceira (que tem curvas levemente diferentes no seu pontomáximo). Até os pavimentos que demarcam alguns acessos, como a gura 19K, tiveram soluções através dasoma dessas partes que zeram o desenho.  Toda essa pormenorização do desenho de Pancho Guedes é argumento que reforça as intenções

    arquitetônicas do autor, e funciona para o debate teórico como base para conseguir avançar na discussãoque esse trabalho se propõe através da Igreja da Machava: O que aconteceu quando Pancho Guedes quisfazer arquitecturas? Ele se inseriu onde? No modernismo? No pós modernismo? Num ponto intermédio ede transição? Houve esse ponto? Se sim, Pancho lá estava ?

    2.2 Características Espaciais e Estruturais

      Não foi posto no título deste tópico a palavra “contrutivas” pois de todo não nos interessa perceberaqui os pormenores construtivos, até porque a compreensão e análise crítica destes seria demasiado exten-

    so para o espaço deste trabalho; mas recorremos às palavras do próprio Pancho para nos valer dessa escol-ha:

    “Uma igreja de missão por pouco dinheiro. Um edifício para ergu-

    er facilmente e a baixo custo sem ser simplório e sovina” - Guedes,

    Pancho.(2007). Manifestos, Ensaios, Falas, Publicações. Ordem dos Arqui-

    tectos. Página 45. ISBN: 978-972-8897-24-6.

    “A igreja cou muito clara no interior - tinha previsto um chão debetonilha preta mas ofereceram aos padres um lote de cacos demármore e o chão cou esbranquiçado e totalmente em desacor-

    do com os outros modestos acabamentos” - Guedes, Pancho.(2007).

    Manifestos, Ensaios, Falas, Publicações. Ordem dos Arquitectos. Página 64.

    ISBN: 978-972-8897-24-6.

      São duas citações mais do que sucientes para compreendermos que não havia, por razões nan-ceiras, excessos nem grandes sub-sistemas construtivos na obra. Basicamente, o material usado era betão,novamente, nas palavras de Pancho Guedes:

    “As paredes são para ser construídas em blocos de betão ocoassentes em fundações de bloco de betão sólido. As paredes do-

    bram-se e cruzam-se para que se possam manter em pé” - - Guedes,

    Pancho.(2007). Manifestos, Ensaios, Falas, Publicações. Ordem dos Arqui-

    tectos. Página 64. ISBN: 978-972-8897-24-6.

      Uma leve excessão era a cobertura que era de Zinco. Mas essa abordagem construtiva não será apro-fundada. A análise se concentrará basicamente nas dimensões espaciais do edifício, suas métricas e relaçõesestruturais. Assim o edifício terá sido todo descortinado e revirado por esse texto, e faltará apenas os detalhessimbólicos deste, que obviamente nos levará a uma discussão sobre pós-modernidade, e que por isso carápara o nal.

    O edifício da Igreja da Machava, por ser um templo religioso, é de programa diminuto. Essa redução,quase que apenas nos faz crer que só existe a nave central, para culto. Mas, nas extremidades dos volumes as-sentados no eixo transveersal, estão localizados sanitários públicos. Na ala direita do volume transversal háum volume maior, que além de exercer função de quebrar a simetria que existiria sem ele e dar outro ritmo acomposição volumétrica, abriga um salão para casamentos. A nave central comporta quase duzentos bancos,

    agrupados de três em três (localizados três a cada reentrância interna) e é o programa principal da igreja.Esse programa diminuto faz da igreja praticamente um open-space. E por isso, além das razões com-

    positivas já explicadas páginas antes, a relação estrutura-espaço se torna muito franca. Por isso estão agrupa-dos nesse tópico, e serão divididas em duas análises; a das dimensões gerais do edifício, e a das métricas.

  • 8/19/2019 Igreja Da Machava & Pancho Guedes.

    18/2818

    Figura 20:Dimensões Implantação

    Figura 21:Dimensões Corte Transversal

    Figura 22:Dimensões Corte Longitudinal

    2.00 5.25

    24.45

    2.502.50

    1.201.40

    3.26

    1.80

    5.305.30

    2.502.80

    8.307.10

    3.00 3.00

    5.075.07 5.07

    8.30

    3.03

    53.20

    42.89

    13.90 13.00 26.30

    11.00

    7.40

    7.60

    11.62

    15.59

    6.16

    6.16

  • 8/19/2019 Igreja Da Machava & Pancho Guedes.

    19/2819

      A. Dimensões

      Há dois eixos principais deste edifício. Os que estão nomeadamente a ser chamados de trans-versal e longitudinal. Existem outros secundários, também longitudinais; um a esquerda da nave central edois a direita. A igreja se extende por uma metragem perimetral signicativa. Em linha reta o eixo tranversaldo edifício mede 53.20 m. Enquanto o longitudinal, 42.90 m. São tamanho signicativos para o edifício, econsiderando que o objetivo de Pancho era fazer da envolvente também algo com qualidade de abrigar as

    pessoas5

    , e que as qualidades formais conseguiram concretizar essa intenção, temos que investigar a igrejaem conjunto com a torre, e portanto vê-la como um elemento que fecha um volume invisível abaixo do braçodireito do eixo transversal e na extremidade inferior do eixo longitudinal. O embasamento da torre dista15.59 m das paredes transversais e 11,62 m das paredes longitudinais. 6  Apesar da aparente falta de organização das distâncias gerais do edifício a existência do móduloformal que desenha o edifício7, existe algum tipo de organização das dimensões e essa organização girar emtorno dos treze metros, que é o tamanho vão que a cobertura vence na nave central. A liberdade que PanchoGuedes tanto defendeu, se faz presente. Não há uma rígida malha que estrutura o desenho, não há traçadosreguladores rígidos e frios - e corbusianos. Mas também, não é uma crítica não reexiva, e algumas medidasse repetem, ou próximo disso, para organizar o projeto.

      Essa postura retórica face ao modernismo está desenhada na gura 20. Nessa peça é possível distin-guir no eixo transversal uma disciplina razoável no desenho. A ala à esquerda da cabeceira, da sua extremi-dade até o início da cabeceira, mede 13.90 m. A cabeceira da igreja, por sua vez, 13.00 m. E a ala à direita dacabeceira, do início desta até a extremidade direita do eixo, mede 26.30 m, razoalvemente, o dobro de 13.00m. E se retirarmos a medida do pavimento da entrada principal, o eixo longitudinal passa a medir 38.72 m,próximo de 39m, múltiplo de 13; e em diálogo com os 53.20, levemente superiores ao múltiplo de 13 maispróximo (52m). Portanto, por mais que fosse Corbusiano a obra de Pancho ainda carrega um sentido de or-ganização fria do espaço, o que seria espantoso para quem tem uma obra tão viva e poética. Entretanto nãoé, anal, essa organização é mínima e apenas se faz valer de uma leve disciplina que vai ajudar a compor amétrica estrutural, também não há nenhuma vontade de tornar o projeto prolixo estruturalmente sem uma

     justicativa forte.  Há uma última pequena disciplina do desenho da implantação tratado pela gura 20; a distância dopiso que se implanta a torre sineira até à entrada da lateral direita do eixo transversal é de 15,59m; minima-mente próxima do dobro de 7,40m, medida que vai da entrada da lateral direita do eixo transversal até o naldo seu próprio pavimento que demarca essa mesma entrada.  Esse pequeno controle das medidas, objeto de discurso retórico do stiloguedes, continua nas alturasdos cortes transversais e longitudinais (gura 21 e 22). Com a torre a medir 24,45m e o pé-direito da navecentral 8,30m, há uma relação minima de três para um entre os dois elementos principais do projeto. Se so-marmos aos 8,30m, os 3,26m do conjunto cobertura-crucixo, chegamos a 11,56m, sensivelmente próximoda metade da torre. Nela, há proporção. O elemento com quatro óculos mede 5,25m, e, com alguma benev-

    olência, é próximo da quinta parte de 24,45m. Tais sutis aproximações continuam no interior do edifício. Aopassar da nave central para qualquer uma das alas laterais, o edifício sai de 8,30m para 2,50m que é quase ametade dos 5,07m; altura dos volumes laterais do eixo transversal.  O corte longitudinal, gura 22, desmonta um pouco essa argumentação. Suas medidas não parecemter proporção, já garantidas no outro corte. Mas, isso não faz o edifício perder em harmonia e unidade, é ape-nas um componente ambíguo, que refuta o componente observado no corte transversal de alguma disciplinado desenho. Se a leva disciplina não nos deixa afastar o modernismo de Pancho Guedes, a ausência desta nocorte longitudinal não nos deixa afastar o pós-modernismo para com este arquitecto.

     ____________ Notas

    5. Guedes, Pancho.(2007). Manifestos, Ensaios, Falas, Publicações. Ordem dos Arquitectos. Página 28. ISBN: 978-972-8897-24-6. Pancho faz menção à

    história como substrato de re-criação, não só em inuências, mas da inuência do seu próprio passado.

    6. Esse tipo de articulação pode ser vista como atitude moderna, e essa especulação foi elaborada no tópico 1.3

    7. Conferir informação na página 14 e na página 15.

  • 8/19/2019 Igreja Da Machava & Pancho Guedes.

    20/2820

    5.5010.10   6.55   6.5513.50

    2.95

    2.80

    3.46

    2.50

    2.60

    2.80

    3.453.45   7.007.007.007.00

    7.30

    13.00

    6.906.90

    6.906.90

    7.00

    7.007.00

    7.00

    7.00

    7.00

    7.007.00

    7.00

    7.00

    7.80

    Figura 23:Métrica Corte Longitudinal

    Figura 24:Métrica Corte Longitudinal

    Figura 25:Métrica Corte Longitudinal

  • 8/19/2019 Igreja Da Machava & Pancho Guedes.

    21/2821

      B. Métricas

      A postura de uma suave disciplina na organização das dimensões do espaço se perpetuatambém nas métricas, assim como a fuga dessa mesma disciplina, que, ainda que suave, era obstáculo àliberdade expressiva e impressionante de Pancho Guedes. Basicamente é possível armar que a minimalutilização dessa ferramente projetual não tem muita relação com modernismo ou ausência dele, mas sim umpequeno racionalismo dentro do idealismo poético e plástico do arquitecto. Assim, seus croquis8 biomorcosdeixavam de ser apenas uma utopia e ganhavam certa disciplina para serem executados. Portanto, a uti-lização dessa ferramenta é no sentido de buscar a liberdade projetual, a apontar para um ‘mergulho’ dessaexpressão poética, e não como uma ferramenta antagônica a esse processo. Essa ferramenta existe, e pode serusada de maneira ‘fria’ como nos mestres modernos, como também adaptada para uma liberdade individualsem que isso seja obrigatoriamente uma crítica negativa. Crítica e admiração podem, e parecem, andar ladoa lado no caso de Pancho Guedes. E é assim que, a seguir, vericaremos as métricas compositivas do espaçocriado pelo projeto que também tornam seguras algumas armações estruturais em relação ao objeto desteestudo.  Do ponto A, Dimensões, da página 19, há um protagonismo em volta dos treze metros. Essa distân-cia é o vão vencido pela cobertura da nave central. Um pouco menos do dobro de 7,00m (gura 23) que é amétrica compositiva dos pilares longitudinais e das aberturas localizadas nas laterais da nave central. Pareceque Pancho Guedes quis fugir do dobro exato não só por uma questão de liberdade. Essa até parece ser se-

    cundária aqui, mas sim, para conseguir vencer o vão da nave central sem a obrigatoriedade de colcoar umpilar, de mesma secção dos laterais, exatamente no eixo central do corpo da nave. Garante a criação deumopen space circundado pelas paredes curvas e suas reentrâncias.  Os pilares laterais da nave distam a cada 7,00m. Muito próximo disto é a distância entre o primeiropilar (a contar de baixo para cima - gura 23) e a entrada principal do edifício. Essa medida é de 6,90m, amesma que separa o início da cabeceira da nave central do último pilar dessa pequena métrica da lateral docorpo principal. Cria-se aqui uma espécie de simetria entre os quatro pilares acompanhados de um elementoa 6,90m tanto no início da composição quanto no nal. Mas essa simetria é quebrada, exatamente quandoachamos que ela se fortalece, pois é no ínicio da composição que o desenho formal da entrada, através domodulo de composição, desequilibra essa relação, bem como a cabeceira faz no outro extremo.  Na gura 24 o corte evidencia a pequena relação entre a distância horizontal entre as coberturas.

    Nada razoavelmente forte como na planta de implantação - e essa é uma escolha evidente nesta obra; usar amétrica e a proporção entre as dimensões para organizar o espaço no que se refere à implantação, mas não levar isso ao

    extremo de disciplinar as alturas, a distância entre as coberturas e as distâncias em corte.

    A distância das coberturas, imediatamente adjacentes à nave central, da cobertura da nave centralé de 6,55m número próximo da metade da distância entre os dois crucixos que coroam as laterais da co -bertura em gôndola. Essa é a única relação quantitativa direta que se pode encontrar no corte longitudinal.Pode ser uma questão de desenho, mas a demonstração que está sendo feita desde o ponto 2.1 é que não háintenção de disciplinar o desenho, mas também não há intenção de desconstruir os princípios compositivosquais os mestres modernos usam. Há uma crítica retórica e madura, incorporada no desenho da Igreja daMachava - o que é impressionante já que essa igreja é da fase inicial dos trabalhos do autor.

      O corte transversal existe exatamente para ‘desmentir’ o que foi dito acima. Digo entre aspas, anal,não é desqualicar a idéia de que há uma crítica retórica e madura ao modernismo e que isso se nota não sóno objeto pronto, mas também na composição deste; é sim, para trazer uma antítese que densica o trabalhode Pancho Guedes. Há aqui um cuidado enorme da parte de quem escreve esse artigo para usar os termoscomplexidade e contradição. Essa componente do que se tornou o ‘manual’ pós moderno, o livro de RobertVenturi - Complexidade e Contradição em Arquitectura - será usada para a especulação nal deste trabalho.  Nele, gura 25, percebe-se que as vigas que sustentam a cobertura são colocadas acima dos pilaresmetrado de sete em sete metros, formando caleiras que recolhem as águas e formando o teto de cada módulointerior desenhado pelas paredes compreendidas entre os pilares. Há alguma relação entre as alturas dascoberturas na zona de entrada central do edifício, a eixo, mas não chega a congurar uma métrica do espaço

    vertical. ____________ Notas

    8. Muitos dos quais em Guedes, Pancho. (2009). Pancho Guedes Vitruvius Mozambicanus. Museu Colecção Berardo.

  • 8/19/2019 Igreja Da Machava & Pancho Guedes.

    22/2822

  • 8/19/2019 Igreja Da Machava & Pancho Guedes.

    23/2823

    3. Devemos olvidar ou crer em modernidade de Pancho Guedes? Devemos olvidar ou crer em pós-mod-ernidade de Pancho Guedes?

      Se recuarmos até a página 16 deste trabalho nota-se a inserção de uma fotograa de uma maquete re-alizada para o mesmo m que este texto que não é referenciada em nenhum momento pela página seguinta,a 17, como ocorre no resto deste artigo. É uma fuga à disciplina que articula as guras X e Y pelo texto aforacom ele próprio. Não chega a ser uma contradição e não chega a conferir complexidade ao texto. Mas é umaantítese a ele mesmo, e engrossa a densidade deste texto e mesmo desta analogia para com Pancho Guedes ea Igreja da Machava.  A fotograa referida acima não chega a ser uma contradição, nem afere complexidade ao texto, porser um caso isolado, uma breve quebra da regra que domina e organiza esta análise. Entretanto, com a in-serção de outras duas fotograas da página anterior, também sem nenhuma legenda e, até agora, sem nen-huma articulação com o trabalho, já não podemos ignorar e dizer que foi a quebra de uma regra. Essa quebrainicia-se como uma regra própria, e se realmente juntarmos as duas fotograas com a capa e a contracapa e asfotograas que vão encerrar o trabalho, realmente, já não podemos negar que o texo ganhou complexidade econtradição. Na mesma medida em que deveríamos estar a discutir o ponto três, não o estamos, também sefaz aqui uma analogia justa.

      Igualmente ‘estranhos’ são os elementos projetuais que analisamos páginas passadas da Igreja daMachava. Por um lado parecemos estar diante de uma regra, de uma determinação do ritmo do objeto, ati-tude que podemos dizer como moderna. De outro lado há muita quebra dessa regra, não ocorre uma vez ououtra, as quebras são várias, numa retórica ao ‘saber fazer’ moderno; pode haver pós-modernidade nisso.Também temos de um lado a articulação de elementos excepcionais de desenho com o resto do projeto: oscrucixos, as reentrâncias, o óculo, e a própria torre sineira. Mas há o contra-argumento simbólico represen -tativo que cada um deles são: a gôndola, o sino da aldeia9, os crucixos inchados, o óculo para quatro lados,e as coberturas salientes. Representativos da cultura local, que permeiam o imaginário local, que fazem todavez conferir signicado a estes signos para quem os olha, e este acréscimo de semi-ótica ao trabalho de Pan -cho Guedes nos aproxima cada vez mais de dizer, mas ainda não, por cuidado: há pós modernidade neste

    Arquitecto.  Para que a discussão proposta pelo título deste capítulo faça algum sentido precisamos identicaro que poderia advogar pela modernidade, e o que, supostamente, poderia advogar pela pós-modernidade.Essa identicação pragmática será conduzida rapidamente, a partir de agora. Mas sem antes deixar de citaruma frase para cada possibilidade, respectivamente, moderna e pós-moderna.

    “Um edifício tal como um relógio de sol. A luz do sol a penetrar nele

    de diferentes maneiras ao longo do dia”

    “Uma igreja a repetir o velho truque de uma torre de sinos numaaldeia, Uma torre de sinos para se ouvir aos quatro ventos e chamar

    de todos os lados”Guedes, Pancho.(2007). Manifestos, Ensaios, Falas, Publicações. Ordem dos

    Arquitectos. ISBN: 978-972-8897-24-6. Página 45.

      Sem muito forçar lembra-se de Corbusier na primeira citação, tal qual também se refere ao jogo cor-reto das luzes. E sem forçar é nítido como Pancho Guedes sabe, e isso é crucial para podermos mesmo quesó supor que ele é pós-moderno, ele sabe  que existe uma relação direta entre o signo10 que ele coloca em suaobra, e o signicado que ele pode vir adquirir perante a sociedade. Isso não o faz pós-moderno, mas é ine -gável que a pós-modernidade não se afasta de Pancho, mas se aproxima dele. Sua própria participação noTeam Ten já ancora essa ponto de discussão.

     ____________ 

    Notas9. Guedes, Pancho.(2007). Manifestos, Ensaios, Falas, Publicações. Ordem dos Arquitectos. ISBN: 978-972-8897-24-6. Pancho faz menção à história

    como substrato de re-criação, não só em inuências, mas da inuência do seu próprio passado.

    10. Eco, Umberto. (2000). Tratado Geral de Semiótica. Perspectiva. ISBN: 8527301202. Crucial a compreensão da teoria da percepção como instrumen-

    talização do uso da semiótica pelos arquitectos pós-modernos.

  • 8/19/2019 Igreja Da Machava & Pancho Guedes.

    24/2824

  • 8/19/2019 Igreja Da Machava & Pancho Guedes.

    25/2825

      Chega-se ao m deste trabalho e continuamos com a dúvida: O que aconteceu quando Pancho Guedesresolveu fazer arquitecturas? E mais: Olvidar ou crer na sua modernidade? Olvidar ou crer na sua pós-mod-ernidade? Parece-me que especular em cima das duas questões nais ajuda-nos a entender a primeira.  Num sentido lato parece não haver muitas dúvidas da pós-modernidade de Pancho Guedes. A Igrejada Machava é completa de complexidade e contradição11, do início ao m, conforme foi analisado anterior-mente. Já podemos usar esses dois termos, e portanto, não nos é surpresa esses confrontos no edifício estu-dado. Há articulação do espaço público com o objeto arquitetônico, e, em simultâneo, a articulação se dá por

    um volume lúdico, a torre sineira. Lúdico ,um farol de luz em meio as árvores, por ter óculos para as quatrodireções; por signicar o o barulho do sino, mas também ponto de encontro da aldeia, ponto de reunião daspessoas, inclusão da rua no edifício (e sabemos exatamente que neste ponto o termo ‘rua’ não é meramenteuma via, é mais amplo). Há pós-modernidade nisso, sem dúvida. Mas também há Corbusier na obra. QueiraPancho ou não. As estratégias para entrada de luz pelas saliências das coberturas, e mesmo a torre sineiracomo fonte de luz é um ato corbusiano. Há modernidade em Pancho Guedes. Há tudo em Pancho Guedes.

    A mesma torre sineira, é elemento vertical que faz contrasenso a horizontalidade volumétrica da ig-reja. Isso é modernidade. Mas sabemos também que a pós-modernidade não deleta as inuências modernas,e também vão lá buscá-las para reforçar seu caráter plural e simbólico. Mas aí entramos na falha da perdade historicidade do pós-moderno12, e da falta de conjugação disso como Pancho Guedes, ele mesmo cita-se

    como colecionador de antigüidades. Esse discurso retórico pós-moderno nasce falho, mas é falho tambémem Pancho Guedes, e portanto, parece haver esse discurso nele também; anal, se falha é porque falhou emalgo, e esse algo pode ser visto como o discurso pós-moderno.  A retórica e vastidão de réplicas e tréplicas entre modernidade e pós-modernidade na obra da Ig-reja da Machava não é exatamente a contradição e complexidade pós-moderna. É uma discussão anteriora essa; qual não sabemos responder qual é o predomínio, se é o discurso moderno articulador, ou discursopós-modernos simbólico.  Com a mesma certeza do emprego lato da pós-modernidade em Pancho vem a certeza do afasta-mento de Corbusier. Seus cinco pontos não aparecem na Igreja da Machava. Mas Louis Kahn e Frank LloydWright tem ali seu contributo, este último, admitido até mesmo por Pancho Guedes 13. E se não está presente

    a cobertura-jardim, se faz presente o betão, permissão para a adoção de suas curvas, e avanço, óbvio que paratoda a futura arquitectura mundial, mas avanço com ‘dna’ moderno.

    Na métrica e nas dimensões percebemos o uso ritmal de algumas medidas, e simultâneamente a que-bra total desses mesmos, para se valer de uma liberdade poética, quase plástica, quase que um quadro, quaseque um paralelepípedo esculpido a mão, como já escrevi anteriormente.  O que aconteceu, portanto a Pancho Guedes? Toda essa especulação para chegarmos até aqui e dizernão sei. Mas isso é se esquivar de dar uma opinião, então para seguir análogo ao próprio estudo, sejamosaqui um pouco valentes (ou seria audociosos) e tentamos conceber uma posição sobre o assunto. Mesmo queseja contraditório ao ‘não sei’ de duas linhas acima.  Aconteceu o Stiloguedes. Pancho estava inserido no momento de maturação da pós-modernidade, do

    “less is bore”, se é que houve maturação desta, com o arranque teórico de Venturi. Também estava inseridonum contexto ainda muito inuenciado pela modernidade, que veio como reação à industrialização. Entãosob reação sobre reação, pós-modernidade sobre modernidade, layer em cima de layer, e neste acumulo adicudade de leitura do que aconteceu, sob essas condições estava Pancho Guedes. E ainda, com requintesculturais fortíssimos da adaptação destes conceitos a uma realidade africana, de clima não temperado, sobo fogo, mesmo, de uma emancipação colonialista de Portugal e dentro de um mundo qual as informaçõescirculavam numa velocidade diferente da atual.  Para mim este nó é simples. Me diga um outro edifício como a Igreja da Machava. E que não seja domesmo arquitecto. Não houve modernidade. Não houve pós-modernidade. Houve Stiloguedes.

     ____________ 

    11. Venturi, Robert. Complexidade e contradição em arquitetura. Coleção a, 2ª edição, São Paulo, WMF Martins Fontes, 2004.

    12. Colquhoun, Alan. Modernidade e Tradição Clássica - Ensaios sobre Arquitetura. Cosac Naify ISBN 857503278X ver também entrevista para o sítio

    eletrônico vitruvius.com.br

    13. Pancho. (2009). Pancho Guedes Vitruvius Mozambicanus. Museu Colecção Berardo. Página 129.

  • 8/19/2019 Igreja Da Machava & Pancho Guedes.

    26/2826

    Referências

    COLQUEHOUN, Alan. Modernidade e Tradição Clássica - Ensaios sobre Arquitetura. Cosac Naify ISBN857503278X

    ECO, Umberto. (2000). Tratado Geral de Semiótica. Perspectiva. ISBN: 8527301202.

    FERNANDES, Miguel. (2007). Pancho Guedes – Metamorfoses Espaciais. Caleidoscópio. ISBN: 989-8010-71-1

    GUEDES, Pancho.(2007). Manifestos, Ensaios, Falas, Publicações. Ordem dos Arquitectos. ISBN: 978-972-8897-24-6.

    GUEDES, Pancho. (2009). Pancho Guedes Vitruvius Mozambicanus. Museu Colecção Berardo.

    SARTRE, Jean-Paul.(1940 - reedição 1996). O Imaginário. Editora Ática ISBN 85-08-05865-9

    VENTURI, Robert. Complexidade e contradição em arquitetura. Coleção a, 2ª edição, São Paulo, WMFMartins Fontes, 2004.

    Sites:

    http://www.guedes.info/

    https://www.ickr.com/photos/93413851@N07/ . Neste endereço há mais de duas mil fotos dos trabalho de

    Pancho Guedes.

  • 8/19/2019 Igreja Da Machava & Pancho Guedes.

    27/2827

  • 8/19/2019 Igreja Da Machava & Pancho Guedes.

    28/28