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0 IGREJA METODISTA DE VILA ISABEL ESCOLA DOMINICAL CADERNO 7 – Agosto de 2011 ÍNDICE 7 de agosto Lição 1 – A MARAVILHOSA GRAÇA DE DEUS 14 de agosto Lição 2 – JAVÉ: O DEUS SALVADOR PRESENTE 21 de agosto Lição 3 - O ÊXODO: PROJETO DE VIDA DE JAVÉ. MONARQUIA: O PROJETO HUMANO 28 de agosto Lição 4 - TEMPO DE LIBERTAÇÃO: A BOA NOVA 4 de setembro Lição 5 – O EVANGELHO É MENSAGEM DE SALVAÇÃO 11 de setembro Lição 6 - UM RESUMO DA BOA NOVA DO REINO ANUNCIADA POR JESUS. 18 de setembro Lição 7 - IGREJA: COMUNIDADE VIVA E FRATERNA 25 de setembro Lição 8 - IGREJA - COMUNIDADE MISSIONÁRIA I 02 de outubro Lição 9 - IGREJA - COMUNIDADE MISSIONÁRIA II MENSAGEM AOS PROFESSORES(AS) E ALUNOS(AS) As lições são para serem lidas e estudadas previamente em casa, como preparo para a aula dominical. Durante as aulas dominicais as lições não devem ser lidas, mas terem seu conteúdo discutido, aprofundado, trazido para a nossa vida e nossa igreja, vivenciado. ESTUDE A LIÇÃO! Isso dinamiza e dá qualidade à aula dominical. Sai da superficialidade e garante aprofundamento e alargamento da fé.

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IGREJA METODISTA DE VILA ISABEL ESCOLA DOMINICAL

CADERNO 7 – Agosto de 2011

ÍNDICE 7 de agosto Lição 1 – A MARAVILHOSA GRAÇA DE DEUS 14 de agosto Lição 2 – JAVÉ: O DEUS SALVADOR PRESENTE 21 de agosto Lição 3 - O ÊXODO: PROJETO DE VIDA DE JAVÉ. MONARQUIA: O PROJETO

HUMANO 28 de agosto Lição 4 - TEMPO DE LIBERTAÇÃO: A BOA NOVA 4 de setembro Lição 5 – O EVANGELHO É MENSAGEM DE SALVAÇÃO 11 de setembro Lição 6 - UM RESUMO DA BOA NOVA DO REINO ANUNCIADA POR JESUS. 18 de setembro Lição 7 - IGREJA: COMUNIDADE VIVA E FRATERNA 25 de setembro Lição 8 - IGREJA - COMUNIDADE MISSIONÁRIA I 02 de outubro Lição 9 - IGREJA - COMUNIDADE MISSIONÁRIA II MENSAGEM AOS PROFESSORES(AS) E ALUNOS(AS) As lições são para serem lidas e estudadas previamente em casa, como preparo

para a aula dominical. Durante as aulas dominicais as lições não devem ser lidas, mas terem seu conteúdo discutido, aprofundado, trazido para a nossa vida e nossa igreja, vivenciado.

ESTUDE A LIÇÃO! Isso dinamiza e dá qualidade à aula dominical. Sai da superficialidade e garante aprofundamento e alargamento da fé.

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7 de agosto de 2011

LIÇÃO 1

A MARAVILHOSA GRAÇA DE DEUS

(Ricardo Gondin)

Ao final de um dia intenso e desgastante, Jesus chegou à margem do lago de Genesaré.

Vinha de um lugar hostil. Os gadarenos o haviam expulsado de seu território pelo bem que fizera a um homem possesso. Uma legião de demônios condenava esse infeliz a viver nas cavernas sepulcrais, em condições inferiores às de um animal. Jesus os exorcizou, condenando-os a deixarem o corpo do homem e a cair em um abismo depois de se apossarem de uma vara de porcos.

Certamente cansado, Jesus buscava um lugar de repouso. Mas, logo ao chegar, um líder

judeu de nome Jairo jogou-se aos seus pés pedindo que curasse sua filha de doze anos que se encontrava à beira da morte. Movido de compaixão pela sorte desse homem, Jesus prontificou-se a curar a menina em sua própria casa. A caminho, encontrou-se com uma mulher que experimentaria o poder da graça. Nada sabemos sobre essa mulher senão que há doze anos perdia sangue devido a uma hemorragia intermitente. Gastara todos os seus recursos com a medicina deficiente dos seus dias. E seu estado piorava cada vez mais. Porém, ouvindo ela sobre Jesus, creu em seu coração que, se tocasse nas franjas da roupa dele, seria curada desse mal. No anonimato, forçou-se entre a multidão e estendendo a mão o tocou. Nesse instante, a virtude sanadora de Cristo alcançou-a e seu mal foi imediatamente curado.

A mulher, no entanto, não ouviu nenhuma exigência, nenhuma repreensão de Jesus, mas

apenas: "Filha, a tua fé te salvou; vai-te em paz e fica livre do teu mal" (Mc 5:25-34). Sua cura foi imerecida. Ela nada fizera para receber o alívio de seu sofrimento. Não conquistou a cura por seu esforço ou por alguma virtude. Apenas creu. Sua fé foi suficiente. Tornou-se um exemplo vivo da graça.

Graça é uma palavra de raiz latina - gratia, traduzida do grego charis, e que significa

graciosidade, benevolência, favor ou bondade. Se fôssemos obrigados a reduzir todo o evangelho a apenas uma frase, diríamos: O evangelho é o anúncio da graça.

Uma das mais perniciosas tendências da religião é associar a fé ao cumprimento de regras

e leis. O contraponto da religião que exige esforço é a proclamação da graça. Abraão de Almeida diferenciou dois tipos de religião: "Há a religião divina e as religiões humanas. A divina é a religião do 'alto para baixo'. Nela Deus faz, isto é, oferece ao homem a graça salvadora, por reconhecer a incapacidade humana de produzir obras de justiça. A religião divina é o plano de Deus para salvar o homem caído. As religiões humanas são 'de baixo para cima'. Nelas o homem faz, isto é, oferece a Deus o produto do seu esforço..." (1).

"Salvação não é uma idéia; é uma pessoa. É o próprio Jesus, o próprio Deus quem se

dá."(2) Com essa frase de impacto, Paul Tournier, célebre psiquiatra cristão, sintetizou o conceito da graça: a disposição divina de abençoar os seus filhos sem que haja qualquer mérito da parte deles.

Aiden Wilson Tozer assim definiu: "Graça é o bel-prazer de Deus que o inclina a outorgar

benefícios sobre os que nada merecem. É um princípio auto-existente, inerente na natureza divina e parece-nos uma propensão auto-causada, no sentido de compadecer-se dos desgraçados,

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poupar os culpados, dar boas vindas ao réprobo, e favorecer os que antes estavam sob justa reprovação" (3).

Alguns já diferenciaram graça de misericórdia. Misericórdia seria a bondade de Deus

expressa no sofrimento - a palavra provém de duas raízes latinas: miserere, que indica um estado de sofrimento; e cordis, coração. Graça seria a bondade de Deus expressa no pecado. John Pipper declarou que graça e misericórdia operam em nossa vida da seguinte maneira: "Já que o pecado sempre produz miséria, ela é sempre experimentada por pecadores; portanto, todos os atos da graça divina também são atos de sua misericórdia. Igualmente, todos os atos da misericórdia também são atos da graça. Toda graça demonstrada ao pecador é um ato de misericórdia, pois todos os pecadores são miseráveis. Toda misericórdia demonstrada ao pecador também é pela graça, pois ninguém merece coisa alguma". (4)

A graça de Deus não exige, não cobra, mas capacita. Paulo nos afirma em Efésios 2:4-8:

Mas Deus, sendo rico em misericórdia, por causa do grande amor com que nos amou, e estando nós mortos em nossos delitos, nos deu vida juntamente com Cristo - pela graça sois salvos -, e juntamente com ele nos ressuscitou e nos fez assentar nos lugares celestiais em Cristo Jesus, para mostrar nos séculos vindouros a suprema riqueza da sua graça, em bondade para conosco, em Cristo Jesus. Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras para que ninguém se glorie.

Sempre que a graça de Deus não é reconhecida e nossa santidade é atribuída ao "nosso

esforço humano, origina-se a ostentação, inflação do eu, soberba que faz a pessoa se colocar sempre em primeiro lugar; surge o artificial, o teatral, as máscaras, a complicação no trato e a preocupação neurótica pela própria imagem". (5)

Quando o monge agostiniano, Martinho Lutero, subiu as escadas de um convento para ser

confrontado com a declaração de Paulo em Romanos, que o justo viverá da fé (1:17), fortalecia-se no cristianismo a doutrina da graça. Ele compreendeu que "o cristianismo não é um simples desenvolvimento do judaísmo. Diferente do papado, seu objetivo não é novamente envolver o homem nas faixas apertadas com que lhe envolveram o corpo de bebê, cingindo-o a ordenanças externas e a doutrinas humanas. O cristianismo é uma criação nova. Toma o homem interior, transformando o que há de mais íntimo em sua natureza, de maneira que homem algum precisará de outros homens que lhe imponham regras, mas, auxiliado por Deus, ele poderá de si mesmo e por si mesmo distinguir o que é verdadeiro e fazer aquilo que é direito”. (6)

No Antigo Testamento, os povos cultuavam deuses exigentes. Sempre querendo ser

agradados, algumas vezes se iravam e pediam sacrifícios. Deus diferenciava-se dos ídolos humanos porque não fazia exigência que não fosse possível de ser cumprida. E se houvesse necessidade de sacrifício, ele mesmo se sacrificaria por nós.

Assim, Deus promete manifestar sua graça livre e gratuitamente àqueles que preencherem

algumas condições. Ao humilde: A graça de Deus é multiplicada ao que se humilha: Antes, ele dá maior graça; pelo que diz: Deus resiste aos soberbos, mas dá

graça aos humildes. (Tg 4:6) ...Cingi-vos todos de humildade, porque Deus resiste aos soberbos, contudo aos

humildes concede sua graça. (1 Pe 5:5b) A graça é concedida aos que se achegam a Deus:

Porque, se vós vos converterdes ao Senhor, vossos irmãos e vossos filhos acharão misericórdia perante os que os levaram cativos, e tornarão a esta terra; porque o Senhor vosso Deus é misericordioso e compassivo, e não desviará de vós o seu rosto, se vos converterdes a ele. (2 Cr 30:9)

Ele dá graça aos que pedem graça:

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Tu não chorarás mais; certamente se compadecerá de ti, à voz do teu clamor, e, ouvindo-a, te responderá. (Is 30:19b)

A graça será estendida àqueles cujo prazer está no Senhor:

Deleita-te no Senhor e ele concederá os desejos de teu coração. (Sl 37:5) Aos que esperam no Senhor:

Eis que os olhos do Senhor estão sobre os que esperam na sua misericórdia, para livrar-lhes a alma da morte, e, no tempo da fome, conservar-lhes a vida. Seja sobre nós, Senhor, a tua misericórdia, como de ti esperamos. (Sl 33:18,22)

Aqueles que se refugiam em Deus:

Tem misericórdia de mim ó Deus, tem misericórdia, pois em ti a minha alma se refugia. (Sl 57:1)

O Senhor é bom, é fortaleza no dia da angústia, e conhece os que nele se

refugiam. (Na 1:7) A graça de Deus é a única garantia de que somos aceitos em Deus. A dedução filosófica de

André Comte-Sponville sobre a graça surpreende pela lucidez, já que ele é ateu convicto. Parece compreender o conceito de graça melhor que alguns cristãos modernos (as pedras clamando?):

O amor que Deus tem por nós, segundo o cristianismo, é ao contrário perfeitamente desinteressado, perfeitamente gratuito e livre: Deus nada tem a ganhar com ele, já que é infinito e perfeito, mas ao contrário se sacrifica por nós, se limita por nós, se crucifica por nós sem outra razão a não ser um amor sem razão, sem outra razão a não ser ele mesmo se renunciando a ser tudo. De fato, Deus não nos ama em função do que somos, que justificaria esse amor, porque seríamos amáveis, bons, justos (Deus também ama os pecadores, foi inclusive por eles que deu seu Filho), mas porque ele é amor e o amor, em todo caso, não necessita de justificação. "O amor de Deus é absolutamente espontâneo", escreve Nygren. Ele não procurou no homem um motivo. Dizer que Deus ama o homem não é anunciar um julgamento sobre o homem, mas sobre Deus. Não é o homem que é amável; é Deus que é amor. (7)

No cristianismo, o amor não é dado aos que já são dignos. Ao contrário, ele quer bem ao

que nada vale e lhe outorga valor. A graça habilita o amor de Deus de se expressar sem exigir absolutamente nada. "O homem amado por Deus não tem nenhum valor em si; o que lhe dá um valor é o fato de Deus amá-lo". (8)8

Essa compreensão da graça de Deus é central nos evangelhos, por inúmeros motivos.

Primeiro, nos alivia de enormes tensões religiosas. A graça não permite que Deus seja uma ameaça. O emaranhado de leis e regulamentos muitas vezes dificulta o conhecimento de Deus. Acaba escondendo-o!

Os judeus gostam de contar uma antiga história sobre um rabino que chegou em casa certo

dia e encontrou sua filha, de nove anos, chorando muito. Perguntou-lhe porque tantas lágrimas. Entre soluços respondeu que estava brincando de esconde-esconde com seus amigos. Na sua vez, se escondeu tão bem que os amigos desistiram de procurá-la e foram embora para brincar de outra coisa. Depois de mais de uma hora, quando saiu do esconderijo viu que estava sozinha. Na hora em que o rabino passava a mão na cabeça de sua filha, consolando-a, pensou: Será que a religião conseguiu esconder Deus tão bem que ele se sente sozinho e abandonado?

Não seriam as exigências religiosas um empecilho ao conhecimento de Deus? Erasmo de

Rotterdam, um dos precursores da Reforma Protestante, clamou que a Igreja retornasse a Cristo sem o peso das exigências e doutrinas humanas. Seu pedido precisa ser ouvido:

Verdadeiramente o jugo de Cristo seria suave, e seu peso leve, se as mesquinhas instituições humanas não acrescentassem coisa alguma ao que ele mesmo impôs. Ele nada nos ordenou a não ser o amor uns pelos outros, e não há

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nada, por mais amargo que seja, que a afeição não suavize e adoce. Tudo segundo a natureza é facilmente suportável, e nada concorda melhor com a natureza do homem do que a filosofia de Cristo, da qual o único fim é devolver à natureza caída sua inocência e integridade... A igreja acrescentou-lhe muitas coisas, das quais algumas se podem omitir sem prejuízo da fé... Que regras, que superstições nós temos a respeito da vestimenta!... Quantos jejuns se instituem!... Oxalá os homens se contentassem em deixar Cristo governar pelas leis do Evangelho, e não mais procurassem fortificar sua tirania tenebrosa como decretos humanos.(9)

O número de pessoas afastadas da igreja, receosas de conhecerem a Deus e totalmente

fragilizadas pela religiosidade humana demonstra que a graça não tem sido demonstrada como deveria, na proclamação do Evangelho. Quanto menos ensino sobre a graça, mais desfigurada é a compreensão que as pessoas terão de Deus. Menos conhecido ele será das pessoas.

A percepção da graça também dissolve a culpa. Abranda o sentimento de que estamos

sempre em falta com Deus. Tournier afirma que há dois tipos de culpa: a falsa e a verdadeira. A falsa culpa acontece

quando as pessoas assumem o papel de autênticos juízes no lugar de Deus. "Quando eles julgam a conduta de alguém, todos o fazem com uma convicção que significa implicitamente que Deus julgaria exatamente como eles. Estão sempre tão fortemente convencidos de seu parecer sobre o bem e o mal que têm a impressão de que Deus mesmo se trairia se não participasse da opinião deles. É por isso que as falsas culpas que nascem dos julgamentos humanos e a verdadeira, que depende do julgamento divino, se misturam e se confundem constante e perigosamente". (10)

Tournier acrescenta aos seus argumentos a espantosa realidade bíblica que Deus prefere os pobres, os fracos, os desprezados. Somente a graça brinda quem é indigno. "O que os religiosos têm mais dificuldade ainda de admitir é que Deus prefere os pecadores aos justos. Isto se explica precisamente por este ponto de vista bíblico que a psicologia moderna confirma: que todos os homens são igualmente carregados de culpa. Os que chamamos de justos não estão isentos dela, mas a reprimiram; os que chamamos de pecadores estão conscientes de sua culpa e, por isso mesmo, mais preparados para receber o perdão e a graça.

"Por toda parte, Jesus tomou a defesa dos desprezados: a mulher adúltera...; a prostituta,

na casa de Simão, o fariseu, que ficou chocado não somente pela conduta dela no passado, mas por sua espontaneidade na manifestação de seus sentimentos (Lc 7:36-50). Ele fala com severidade a Simão, mas à mulher ele diz: 'Perdoados lhe são os muitos pecados'.

"Na igreja de Corinto, o apóstolo Paulo constata que não foram chamados 'muitos sábios...

nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento' (1 Co 1:26). Assim, a exemplo de seu mestre, ele sabe 'estar humilhado' (Fp 4:12), ele se expõe ao julgamento dos homens (1 Co 4:3). Ele liberta o seu discípulo, Timóteo, de seu sentimento de inferioridade: 'Ninguém despreze a tua mocidade', escreve-lhe Paulo (1 Tm 4:12); e mais:

'Deus não nos tem dado espírito de covardia' (2 Tm 1:7). Tiago, por sua vez, estigmatizou os que honram os ricos e aviltam os pobres (Tg 2:1-7). "Poderíamos multiplicar os exemplos. José, o décimo-primeiro filho de Jacó,odiado por seus irmãos porque tinham ciúmes dele, torna-se o eleito de Deus, e o poderoso de Faraó (Gn 41). "Uma prostituta, Raabe, é usada como instrumento do plano de Deus (Js 2:1-4); uma humilde viúva, em Sarepta, também é alvo da graça divina (1 Rs 17:8-24); Jesus revela a uma estrangeira de comportamento duvidoso, a samaritana, que ele é o Messias (Jo 4:1-26); o filho pródigo da parábola é recebido de braços abertos pelo pai, para grande escândalo de seu virtuoso irmão (Lc 15:11-32); uma pobre vendedora de púrpura, Lídia, tornou-se a primeira européia a receber o batismo cristão (At 16:11-15); um refugiado, de nome Áquila, é quem primeiro acolhe Paulo em Corinto (At 18:2)." (11)

O conhecimento da graça liberta para amar sem fobias. Como alguém pode amar a Deus se

está sempre sentindo-se culpado, devedor? A graça nos garante que "o desafio de ser humano é

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tão complexo, que Deus não perde tempo esperando de nós a perfeição... Quando tentamos ser bons, e não conseguimos ser tão bons quanto desejávamos, não perdemos o amor de Deus". (12)

Somos livres para amá-lo, certos de que somos aceitos e queridos por Deus. A memória de

que ele nos amou primeiro nos liberta para desfrutar de sua companhia e viver intensamente seus valores.

A graça que nos liberta para amar a Deus é a mesma que nos santifica e nos capacita a

fazer a sua vontade, fornecendo-nos desejos, força moral, ímpetos de virtude. A graça aguça nossa percepção dos princípios da lei moral de Deus, e não da letra.

A lei e os profetas previam que Deus capacitaria seu povo a viver de acordo com os seus

mandamentos e não por esforço próprio. Dar-lhes-ei um só coração, espírito novo porei dentro neles; tirarei da sua carne o coração

de pedra, e lhes darei coração de carne; para que andem nos meus estatutos, e guardem os meus juízos, e os executem; eles serão o meu povo, e eu serei o seu Deus (Ez 11:19-20).

O judeu orava: "Desvenda os meus olhos, para que eu contemple as maravilhas da tua lei"

(Sl 119:18). Ele reconhecia que sem o poder da graça jamais poderia contemplar as maravilhas de Deus. Sabia que sem a soberana graça de Deus, que inclina o coração das pessoas, ele se desviaria para amar o dinheiro.

O Novo Testamento exalta em repetidas ocasiões que somente o poder da graça é que

torna o cristão capaz de agradar a Deus. Isso não acontece por mero cumprimento de ordenanças, mas na compreensão dos valores eternos de Deus. Por esse motivo é impossível mesclar um pouco de lei com um pouco de graça. A tentativa da igreja da Galácia foi um desastre. Acabaram anulando o poder da cruz:

Sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e, sim, mediante a fé em Cristo Jesus, também nós temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois por obras da lei ninguém será justificado. Mas se, procurando ser justificados em Cristo, fomos nós mesmos também achados pecadores, dar-se-á o caso de ser Cristo ministro do pecado? Certo que não. Porque, se torno a edificar aquilo que destruí, a mim mesmo me constituo transgressor. Porque eu, mediante a própria lei, morri para a lei, a fim de viver para Deus. Estou crucificado com Cristo; logo, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que agora tenho na carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim. Não anulo a graça de Deus; pois, se a justiça é mediante a lei, segue-se que morreu Cristo em vão (Gl 2:16-21).

Somente pela graça podemos extrapolar qualquer conceito jurídico ou institucional no trato

de Deus com as pessoas. É a graça que nos coloca em um relacionamento de ternura com um Pai amoroso, que repete para nós o que disse a Jesus: ''Tu és o meu filho amado, em quem me comprazo" (Mt 3:17).

NOTAS 1 ALMEIDA, Abraão de. O Sábado, a Lei e a Graça. Rio de Janeiro: CPAD, 1981, p.14. 2 TOUNIER, Paul. Culpa e Graça. São Paulo: ABU Editora, p. 214. 3 TOZER, Aiden Wilson. Mais Perto de Deus. São Paulo: Ed. Mundo Cristão, p. 111 4 PIPPER, John. Future Grace. Multnomah Books, USA, 1995, p. 77. 5 BOFF, Leonardo. A graça Libertadora no Mundo. Rio de Janeiro: Ed. Vozes, 1976, p. 123. 6 D'AUBIGINÉ, J. H. Merle. História da Reforma do Século XVI. São Paulo: Casa Ed. Presbiteriana, vol. III, p. 196. 7 COMTE-SPONVILLE. Pequeno Tratado das Grandes Virtudes, p. 299. 8 Ibid,p.300. 9 DURANT, Will. A Reforma. Rio de Janeiro: Record, 1957, p. 240. 10 TOURNIER, Paul. Culpa e Graça. São Paulo: ABU Editora, p. 81. 11 TOURNIER, p. 131. 12 KUSHNER, Harold. O Quanto é Preciso Ser Bom. Rio de Janeiro: Exodus Editora, 1997, p. 7.

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14 de agosto de 2011

LIÇÃO 2

O EVANGELHO É MENSAGEM DE SALVAÇÃO 1 – TEXTO BÍBLICO FUNDAMENTAL: Gn 3:1-24 2 – PECADO, DESARMONIA E MORTE A Bíblia afirma que depois de Deus ter criado o mundo, incluindo as pessoas, disse: “Tudo é

bom”. Isso significa que Deus criou o mundo para ser um lugar bom e onde a vida fosse boa, em paz e longa, pois o ser humano além de ter acesso contínuo e íntimo com Deus (Gn 3:6), não estava sujeito ao mal e às maldições decorrentes do pecado e tinha franco acesso à árvore da vida (Gn 3:24).

No texto bíblico o homem e a mulher poderiam comer livre e abundantemente de “toda

árvore do jardim” (Gn 3:2), mas da árvore do conhecimento do bem e do mal estavam expressamente proibidos de comer (Gn 3:3). Se comessem dessa “árvore proibida” (experimentar o mal) morreriam: quebrariam a harmonia que havia com Deus, com o próximo, como o meio ambiente (o restante da criação) e da pessoa com ela mesma.

O pecado foi a desobediência. O pecado foi não respeitarem o único limite que Deus lhes deu: não experimentarem o mau. O pecado foi não confiarem em Deus, preferindo ouvir antes a voz da serpente, da tentação. Pecado é isso, a falta de confiança em Deus. O que nos leva a não ouvir (a desobedecer) a

voz de Deus, preferindo ouvir outras “vozes”. Criando alternativas (desvios) à voz de Deus. É a falta de confiança e de temor que leva o ser humano a tomar decisões que contrariam a vontade e à orientação de Deus, tais como mentir, roubar, adulterar, prostituir-se, matar, praticar a idolatria, ser racista e machista, etc.

3 – JESUS, O SALVADOR, QUE VEIO NOS RECONCILIAR COM DEUS Diante do pecado e todo o mal que entrou na vida humana e no mundo, Deus amou o

mundo (pessoas e toda a criação!) e enviou Jesus até nós, para todo o que nEle crê não morra (Jo 3:16), mas seja reconciliado com Deus, a única fonte de vida e paz (Rm 5:1-2) e assim possa ser salvo do poder do pecado, do mal, do diabo e da morte (João 10:10).

Quem crê em Cristo e na sua mensagem de salvação (Evangelho) tem a vida e a proteção

divinas, quem não crê já está condenado (continuará por conta própria sob o poder do pecado, do mal, do diabo e da morte).

Jesus é o caminho de reconciliação com Deus. Jesus é o caminho de superação do mal, da violência e da morte. Jesus é o caminho de volta para a vida boa de paz e sem fim de Gn 2 (antes do pecado de

Gn 3), no Paraíso. Por isso Jesus é o salvador da vida ruim e do poder do pecado, do mal, do diabo e da

morte.

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Não há outro nome pelo qual possamos ser salvos! () Olhando ao longo da história podemos ver que: - a sabedoria não salva. - a ética não salva. - a religião não salva. Só Jesus salva. Há coisas que podem ser paliativas, mas só Jesus oferece solução

definitiva. Eterna. E a vida, exemplos e ensinos de Jesus nos mostram como podemos ser salvos. Mostram

como podemos viver uma nova vida boa de fraternidade, solidariedade, paz, justiça e comunhão. Livres do poder da cobiça, do pecado, do mal, do diabo e da morte.

A vida, exemplos e ensinos de Jesus nos revelam o amor de Deus por nós, e que por isso

podemos ter esperança de que a vida pode ser melhor. A vida, exemplos e ensinos de Jesus são, portanto, uma boa nova. E Boa Nova na língua grega é Evangelho. O Evangelho não é uma mensagem de ameaça e maldição, mas uma mensagem de amor, de esperança e de salvação. Salvação para essa vida (vida abundante) e salvação para a eternidade (vida para além da morte).

Aceitar a Jesus como Senhor e Salvador é aceitar a oferta de reconciliação que Ele nos

oferece, é aceitar a nova vida possível pela restauração da confiança em Deus, do restabelecimento da harmonia com Deus, pois são as nossas iniqüidades que fazem separação entre nós e nosso Deus (Is 59:2).

Aceitar a Jesus significa viver como ele viveu: - em harmonia, amor, confiança e obediência a Deus; - em harmonia, amor, paz, justiça e generosidade para com o próximo (amar o próximo

como a si mesmo); - em harmonia, defesa e preservação do meio ambiente (da natureza); - em harmonia consigo mesmo, tendo um amor próprio saudável e generoso (não egoísta,

não depreciativo). 4 – O DEUS QUER QUER SALVAR A Bíblia trata do amor de Deus que quer salvar o ser humano de uma vida ruim. Nas

próximas lições vamos refletir sobre essa vontade e a ação salvadora de Deus para com o ser humano.

5 – QUESTÕES:

a) A Bíblia ou especificamente o Senhor Jesus afirmam em algum lugar que Deus é tão bom que no final todos serão salvos, mesmo os que praticaram o mal e os que foram indiferentes ao amor de Deus? b) A Bíblia ou especificamente o Senhor Jesus afirmam em algum lugar que “todos os caminhos levam a Deus”? c) O que significa o texto: “Quem crê em Cristo será salvo e quem não crê já está condenado?” d) Jesus deu uma ordem à sua Igreja (ou seja, a cada pessoa que integra a Igreja): “Ide por todo mundo e pregai o Evangelho” (Mt 28:18-20). O que acontece com quem desobedece a Jesus?

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21 de agosto de 2011 LIÇÃO 3

JAVÉ: O DEUS SALVADOR PRESENTE (A redação dessa lição foi baseada no livro “Projeto de Deus”, de Carlos Mesters)

1 - O SIGNIFICADO DA PALAVRA "DEUS":

A palavra "deus" significa ser supremo, ser superior aos seres humanos, ao qual é prestado culto, veneração. A humanidade teve e continua tendo diversos deuses. Não é um nome próprio, mas um título. Um título igual a "prefeito", "general", "rainha", "pastor", etc... Nem todo mundo de nosso país ou de nossa cidade, por exemplo, que pronuncia a palavra "deus" é cristão. As pessoas podem dizer "Deus te abençoe", e não estarem se referindo ao Deus cristão, mas ao deus de sua religião. O sol já foi considerado deus; a lua e o trovão também. Há povos que adoram animais; outros, montanhas; outros,

esculturas feitas por mãos humanas, pessoas mortas, pessoas vivas. Há pessoas cujo "deus" são elas mesmas, ou alguém a quem amam muito, ou o dinheiro e o poder que nosso mundo tanto valoriza.

2 - É PRECISO MARCAR AS DIFERENÇAS: Somos cristãos. O nome cristão foi dado aos homens e mulheres que seguiam os passos e

ensinamentos de Jesus (At 11:26). Reconheceram em Jesus o Messias (enviado) e o Filho que o Deus adorado pelos judeus enviou ao mundo para salvar as pessoas do mal, da violência e dessa vida sem solidariedade e amor, diabólica mesmo, que estamos construindo dia após dia. E qual é o Deus que Jesus nos apresenta?? Falemos um pouco sobre o Deus de Jesus.

É muito comum ouvirmos falar no Antigo Testamento sobre um deus dos povos que

habitavam a Palestina: Baal. "Baal" é uma expressão da língua cananita que quer dizer senhor. Quando as pessoas em Canaã diziam "Deus te abençoe" estavam abençoando em nome do deus Baal. Com a dominação política e militar da Palestina pelo Egito, foi imposto à população palestinense o Deus Supremo, que era o Deus do Faraó, governante do Egito. Os deuses da terra da Palestina, pela força das armas, passaram a ser "deuses inferiores" que tinham que obedecer ao "Deus Supremo" do Faraó. Assim, Faraó, sacerdote desse "Deus Supremo", é quem "revelava" ao povo as vontades desse "Deus Supremo". E pela lei e dominação egípcia, todos os deuses palestinenses, subjugados pelo "Deus Supremo" tinham de obedecer a ele e dizer e querer a mesma coisa. O Deus Supremo dizia por exemplo: "paguem impostos, ofereçam seus filhos para o exército egípcio e suas filhas para servir a Faraó". Imediatamente todos os deuses palestinenses "diziam" a mesma coisa. E a maioria da população era obrigada a obedecer a seu deus sob o risco de maldição, castigo. Eram tantos deuses na Palestina que ao se pronunciar o nome do Deus do povo de Israel, era preciso acrescentar "o Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó". O Deus de Abraão, Isaque e Jacó que se revelou entre outros a Abrãao e a Moisés, era um Deus que não aceitava esse esquema de dominação egípcia. O Deus de Abraão, Isaque e Jacó, Deus Vivo, não aceita essa manipulação da religião, não aceita a opressão egípcia sobre nações e povos e, diferentemente dos demais deuses que só ouviam o clamor dos ricos sacerdotes e governantes (a quem protegiam), o Deus de Abraão, Isaque e Jacó (a quem, por enquanto chamaremos de Deus, com "D" maiúsculo!) "ouve o clamor do povo" e trabalha para libertá-lo da opressão (Ex 2:23-25).

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3 - JESUS É QUEM PERFEITAMENTE NOS REVELA DEUS: Jamais alguém viu a Deus. O que sabemos de

verdadeiro sobre Deus vem do que Jesus falou, vem do que Jesus viveu. Quem vê a Jesus vê o Pai (Jo 14:9). Só Jesus conhece o Pai e a quem Jesus O dá a conhecer. Todos nós temos nossas idéias sobre Deus. A imensa maioria possui uma religião, mas repetimos: o critério último e maior para saber o que há de verdade e erro acerca do que religiões, culturas, igrejas e pessoas dizem sobre Deus é aquilo que Jesus nos ensinou sobre o Pai. Jesus é a mais nítida revelação do Pai!

O Deus de Jesus é Pai. Isto significa que não é

amo nem patrão. O amo se faz respeitar pelo temor de seus escravos. Nós não somos escravos de Deus, mas sim filhos e filhas. E como filhos e filhas, nós respeitamos e obedecemos a Ele por amor e não por medo.

O Pai toma a iniciativa de romper a distância,

procurando o filho que está distante. É o seu amor que toma a iniciativa. Ele envia Jesus ao encontro dos homens

e mulheres. O Pai procura a amizade dos filhos. Procura uma "aliança", isto é, relações de reciprocidade (troca/partilha) na liberdade. O Pai é amor, misericórdia, compaixão para com os pecadores, os rejeitados, os abandonados, os oprimidos, os que o ofenderam, os que estão na miséria, inclusive os que procuraram por isso. Deus e toda a sua ação devem ser compreendidos a partir daí. A característica mais fundamental do Deus de Jesus é que Ele se deixa comover pelas pessoas que são vítimas da miséria, da injustiça e do abandono.

4 - NOSSO DEUS TEM UM NOME MUITO ESPECIAL: Nosso mundo está cheio de mal, injustiças, crimes, desgraças, inocentes que pagam por

crimes ou faltas que outros cometeram e assim por diante. Muitos dizem que isso tudo é "vontade de Deus", outros afirmam que Deus é indiferente a isso tudo, pois tem coisas mais "sérias e urgentes" para fazer. Mas, de fato, o que Deus pensa disso tudo? Como Ele reage? A resposta nos vem através de Jesus Cristo. Ou melhor, a resposta é Jesus. Jesus é a resposta de Deus a este mundo. Jesus nos revela quem é Deus do princípio ao fim: Deus é amor. E que o princípio pelo qual Deus aje é sua misericórdia. Movido por sua misericórdia, o Pai resolve libertar seus filhos da escravidão causada pelo pecado e da morte que ele gera no mundo, na relação das pessoas, nos indivíduos. Deus é vida e tem a vida. Deus não deixa seus filhos abandonados à sua miséria; ao contrário, toma-os pela mão e ergue-os para que possam participar com Ele de sua vida.

Esse Deus tem nome. Em Êxodo 3:13 Moisés pergunta a Deus: "Eles vão perguntar pelo

nome de Deus, e aí, o que vou responder?" Em Ex 3:11 Deus já havia dito a Moisés: "Eu estou com você" (Ex 3:11). Esta certeza deveria bastar a Moisés: Deus está com ele na missão de libertar o povo! Mas não bastou. Moisés insiste em perguntar pelo nome. Deus responde: "Eu sou o que sou!" (Ex 3:14). Esta expressão, própria da língua hebraica, retoma a expressão anterior "Eu estou com você" e a reforça. Dizendo "Eu sou o que sou", Deus afirma o seguinte: "Moisés, estarei sempre com você! Disto você não pode duvidar nunca! Esta é a maior certeza que dou a você!".

Em seguida Deus diz: "Diga ao povo 'Eu Sou' me mandou até vocês!" (Ex 3:14). Aqui,

Deus abreviou a expressão. E logo em seguida, repete: "Diga ao povo 'Ele é' me mandou até vocês!" Ora, em hebraico a expressão "Ele é" é muito semelhante a "Javé". Assim, o nome Javé é explicado como sendo a expressão daquilo que Deus quer ser para o seu povo: uma presença certa e garantida no meio do povo para salvá-lo! Como os judeus entendiam que era pecado

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pronunciar o nome de Deus, eles escreviam somente as consoantes, e na hora de ser lido era pronunciado "adonai", ou seja, Senhor. Um grupo de estudiosos e cristãos colocou sobre as consoantes do nome as vogais de Aleluia e entendem que o nome de Deus deve ser lido como Jeová. A grande maioria dos cristãos e estudiosos de todo o mundo pronunciam "Javé". Mas isso é o que menos importa: o que importa é o que esse nome significa e o Deus que ele revela.

Deus quer ser Javé para seu povo. Isto é, quer ser presença libertadora! E ele diz: Sob

esse nome eu quero ser invocado de geração a geração" (Ex 3:15). Através da história do povo, tanto de ontem como de hoje, Deus foi dando provas concretas de que Ele é realmente "Javé". A libertação do Egito foi uma delas. Mas a maior de todas está sendo dada até hoje: é a encarnação, a morte e a ressurreição de Jesus.

5 - CONCLUSÃO: O nome de Javé é a palavra que mais ocorre na Bíblia. Mais de 6.000 vezes! Em muitas

traduções para o português foi traduzido por Senhor. Toda vez que se lê Senhor ou Jeová na Bíblia, a gente deve lembrar o compromisso que Deus tomou consigo mesmo de ser uma presença salvadora e libertadora no meio de nós! O nome Javé é como que o resumo da Bíblia. Ou seja, o resumo da Bíblia é o significado do nome de Javé. Ele é a raiz da fé, da esperança e do amor que ainda existe nas pessoas. Deus é a fonte de vida, liberdade e paz que tornam possível a fraternidade e a salvação.

Diante disso, é possível que as pessoas ao pronunciarem a palavra "deus" não estejam se

referindo ao Deus revelado a nós por Jesus. Pode ser o "deus" da cultura, onde as pessoas falam por costume, falam por falar, falam porque todo mundo fala. Quando alguém disser estar falando em nome ou agindo em nome de Deus é preciso saber a qual Deus ele se refere. É o Deus revelado por Jesus? Seu nome é Javé (Deus que liberta) ou tem outro nome? Porque Javé, o Deus de Jesus, tem um projeto (um plano) de Vida abundante e feliz para o mundo. Daí a sua salvação...

6 - QUESTÕES PARA REFLETIR: a) O que significam as palavras "deus" e "cristãos"? b) Será que no nosso país só existe um Deus? Será que todo mundo que pronuncia a

palavra "deus" está se referindo ao Deus dos cristãos, ao Deus revelado por Jesus? c) Tudo o que sabemos sobre Deus Javé nos foi revelado (dado a conhecer) principalmente

por Jesus. O que isso de fato significa? d) O que Jesus nos ensina sobre Deus Javé? e) De acordo com esta lição, qual a diferença entre o Deus Javé e os deuses de Canaã e do

Egito? f) Deus quer ser Javé para o seu povo. Vamos conversar um pouco sobre isto...

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28 de agosto de 2011

LIÇÃO 4

O ÊXODO: PROJETO DE VIDA DE JAVÉ.

MONARQUIA: O PROJETO HUMANO

(A redação dessa lição foi baseada no livro “Projeto de Deus”, de Carlos Mesters) 1 – UMA INTRODUÇÃO OPORTUNA: Claro que não foi Abrão quem criou ou inventou o “Deus Javé”. Mas é com Abrão que nós

temos hoje o mais antigo testemunho e relato sobre Javé. Deus chama Abrão para sair de sua terra e ir para uma terra que Ele lhe mostraria (Gn 12:1). A grande família de Abrão se instala em Canaã. Abrão tem um filho com a escrava Hagar chamado Ismael (Gn 16:15). Ismael é o pai de toda nação árabe (cf. Gn 21:17:21; Gn 25:16-18). Abrão recebe um novo nome: Abraão (Gn 17:5). Abrão gera Isaque (Gn 21:2-3), que gera os gêmeos Esaú e Jacó (Gn 25:24-26). Esaú é apresentado como pai do povo Idumeu (Gn 36:9) ou do povo Edomita (Dt 2:2-4). Jacó tem seu nome mudado para Israel (Gn 32:28). Sobrevém uma grande fome e muitos cananitas imigram para o Egito, inclusive a família de Abraão, agora sob a direção do Patriarca Jacó. Lá a família de Abraão reencontra José, o filho caçula de Jacó que fora vendido como escravo pelos seus irmãos mais velhos (37:26-28). José, de escravo, chegou a ser um dos dirigentes do Egito, e a família de Jacó encontrou uma boa vida no Egito. O povo de Abraão, Isaque e Jacó foi crescendo em terras egípcias e muitos, muitos, muitos anos depois, quando José, o Faraó que o protegia e a sua família, Jacó e muitas gerações após ele morreram, um novo Faraó do Egito, que não conhecera José, tornou o povo judeu escravo (Ex 1:8-14). Deus chama Moisés, um judeu criado pela filha de Faraó, para guiar o seu povo para a liberdade na terra prometida no passado a Abraão (Ex 3:7-10). E o povo, sob a liderança de Moisés, e o poder de Deus, sai das terras do Egito, para algum tempo depois chegar à terra prometida.

2 – O PROJETO DE JAVÉ PARA QUE SEU POVO TENHA VIDA:

O grupo de ex-escravos fugidos do Egito se fortalece no deserto e, agora sob a liderança de um novo líder chamado Josué, entra na Palestina. Lá, encontra a mesma situação de opressão contra a qual tinha se rebelado ao fugir do Egito. Na Palestina encontra também uma população imensa de "irmãos" oprimidos por todo tipo de opressão, e desejosos de sair de sob o jugo da escravidão. O povo que vem do Egito traz a solução:

a) De um lado, a fé num único Deus, o Deus que não era

propriedade de ninguém, de povo nenhum, o Deus da Vida, Javé, presença libertadora. Deus vivo e misericordioso que derruba o sistema de dominação de reis e faraó através da

religião, dos ídolos que eles manipulavam. b) De outro lado, a organização social de justiça e fraternidade exigida por Javé. A luta

contra faraó fez com que o povo, sob a sugestão de Jetro (sogro de Moisés), Moisés descentralizasse o poder (Ex 18:17:26). Além disso, impede-se a acumulação de alimentos (Ex 16:19-21), a não ser em caso de necessidade (Ex 16:22-23); a organização se faz igualitária (de irmãos e irmãs!) em forma de tribos, sem um poder central (Números capítulos 1 e 2).

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É nessas condições que o povo saindo do Egito entra na Palestina e ali recebe a adesão dos oprimidos, iniciando-se uma longa luta contra os reis de Canaã e seus exércitos de mercenários como descrita no livro de Juízes. A luta não foi contra os habitantes da terra de Canaã, mas contra os reis e seu poder escravizador. A destruição da cidade de Jericó, por exemplo, representa esta luta contra os reis, pois os reis, e não o povo, é que viviam nas cidades fortificadas de onde exploravam os agricultores. A Bíblia também fala das alianças que Josué fazia com a população local, como por exemplo com Raabe (Js 6:22-23).

Criou-se assim, uma mística de luta e conversão, pois para fazer parte do povo de Deus

era necessário rejeitar o sistema de opressão e a religião de idolatria e engajar-se na luta por fazer daquela terra lugar que "mana leite e mel". Era necessário rejeitar os falsos deuses e crer em Javé, Deus vivo e verdadeiro, Deus libertador.

Os agricultores, os semi-nômades e outros começam a se ajuntar ao grupo de ex-escravos

de Moisés e de Josué. Aceitam o Deus Javé e se comprometem com a nova forma fraterna de viver. Começa a nascer e a se organizar um povo tal qual era vontade de Deus, por isso mesmo, Povo de Deus.

Durante 200 anos eles conseguiram manter essa luta, com altos e baixos. Mais ou menos

do ano 1250 até mais ou menos 1050 antes de Cristo. Não chegaram a realizar o ideal que tinham em mente, mas chegaram a fazer uma boa parte da estrada. Eles eram, naquela situação, a expressão daquilo que Deus queria para todos os homens e mulheres, razão para a qual Deus havia chamado a Abraão.

3 – A MONARQUIA COMO PROJETO ALTERNATIVO AO DE JAVÉ:

Por volta de 1250 o texto de 1 Sm 8:1-22 revela a situação do povo no fim do período dos juízes. A gente nota que o sistema (a maneira de o povo se organizar!) estava enfraquecendo. Samuel estava ficando velho e seus filhos não prestavam. A ameaça de fora, vinda dos filisteus, colocava em perigo a própria sobrevivência do povo como povo livre. Tudo isso fez enfraquecer o compromisso e a crença do povo com o projeto de um povo igualitário de irmãos, e portanto, no próprio Deus. E com os problemas, ao invés de buscarem mais a Deus e se renovarem a partir dos feitos de Deus, como o próprio êxodo, as pessoas começam a procurar uma "saída" imitando o modelo dos reis de Egito e de Canaã que elas tanto haviam rejeitado e combatido, que Deus tanto desprezava. "Queremos ser como os outros povos! Queremos um rei!" A campanha e a propaganda em prol de um rei certamente foi intensa. Deus foi contra, e falou isso

através de Samuel, mas o povo já estava com a cabeça mudada (1 Sm 8:11-18). Samuel descreve o direito do Rei tal qual era praticado pelos povos vizinhos.

O livro de Deuteronômio é de uma época bem posterior. É do tempo do Rei Josias, por

volta do ano 640 antes de Cristo, escrito por ocasião da reforma promovida pelo Rei Josias, quando então este livro é apresentado como uma "segunda lei", significado da palavra que dá título ao livro bíblico. Desde Davi até Amon, predecessor de Josias, o povo teve a experiência dolorosa e desastrosa com a monarquia ("governo de um só, o rei). A reforma deuteronomista (de Josias) pretende voltar às origens do povo e realizar o projeto de Deus dentro das possibilidades reais que o momento histórico oferecia. A monarquia já era um fato. O texto de Dt 17:14-20 procura adaptar a figura do rei ao ideal da sociedade igualitária de irmãos e irmãs. Chama o rei de "irmão" e diz que ele não pode acumular bens. O livros de I e 2I Reis (escritos também pelos

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autores deuteronomistas) fazem um julgamento negativo da monarquia. Todos os reis são criticados, menos Davi, Ezequias e Josias. Os profetas também, que só aparecem e existem durante a monarquia, são duros críticos dela. Ezequiel 34:1-30; Oséias 7:1-7 e !3:9-11; Jeremias 22:13-19 são alguns exemplos.

Davi pode tornar-se rei, não para ser o dono do povo, mas para ser o lugar-tenente de

Deus, único Senhor do povo (2 Sm 7:8-16). O maior deve ser quem mais serve: o rei deveria ser o grande servidor do povo! Mas os reis se esqueceram qual era o seu "lugar" no meio do povo. Tornaram-se só donos do povo. A monarquia contribuiu imensamente para que se reproduzisse no meio do povo de Deus a sociedade opressora do Egito e dos reis de Canaã. E agora era muito pior, pois era irmão explorando irmão! E a exploração era feita não em nome dos deuses egípcios ou cananeus, mas em nome do Deus Javé! No povo ficou a saudade do grande rei Davi, e nasce a esperança no povo de que um dia haveria de novo um rei como Davi, para restaurar a Aliança, a sociedade igualitária e fraterna, o Reino de Deus. Jesus é o Filho de Davi! Ele é o novo Rei! "Eu sou o Rei!", diz-nos Jesus (Jo 18:37).

4 – QUESTÕES PARA REFLETIR: a) Deus liberta o seu povo do Egito para uma vida de fraternidade. Mas o povo que vivia na

Canaã prometida também sofre da mesma opressão que havia no Egito. Que solução Deus propõe ao seu povo?

b) Qual a diferença fundamental entre o projeto de Deus e o projeto da monarquia? c) Os profetas bíblicos aparecem e desaparecem com a monarquia. Aliás "gostavam"

imensamente de ficar "perturbando" os reis. Foi assim, por exemplo, o profeta Elias com rei Acabe, Natã com Davi e Jeremias com Zedequias. Por que essa coincidência entre monarquia e profetismo? Será que foi só uma coincidência?

d) O projeto de Deus pode se colocado em prática hoje em nossa vida, família, igreja e em

nosso mundo? Como seria isso? e) O Rei (líder, autoridade e poderoso!) deveria ser um servidor do povo, um defensor dos

mais fracos, desamparados e injustiçados. O próprio Jesus disse que quem quer ser o maior deve ser o que serve. As autoridades de nosso país servem ao povo fraco, desamparado? Se tem tanta terra ociosa, por que não há casa para todos? Se tem tanta comida apodrecendo em armazéns e estragando nos supermercados, por que não há comida para todos?

f) Como são as autoridades e os líderes de nossa igreja: preocupam-se com os crentes mais

humildes? Tratam a estes como irmãos e irmãs?

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4 de setembro de 2011 LIÇÃO 5

TEMPO DE LIBERTAÇÃO: A BOA NOVA (A redação dessa lição foi baseada no livro “A Evangelização libertadora de Jesus”, de Odilon

Chaves) 1 - O QUE DEVERIA SER...

A história bíblica nos conta a terrível escravidão a que o povo de Israel foi submetido no Egito. E nos conta também como Deus viu a aflição do seu povo e desceu para livrá-lo das mãos dos opressores, através de Moisés, para levá-lo para a Terra Prometida (Ex 3:7-8). E como, com o passar dos tempos, os próprios componentes do povo de Deus passaram a escravizar aos seus irmãos.

Para resolver esse grave ato contra o próximo foi instituído

o "Ano Sabático" (Ex 23:10-12, Ex 21:2-6). Era o ano do perdão, da restituição. Ao fim de cada sete anos, o credor restituiria o que havia tomado do seu próximo (Dt 15:1-2), para que não houvesse pobres e necessitados no meio do povo de Deus (Dt 15:4). Ainda por cima, emprestaria ao seu irmão hebreu o quanto bastasse para sua necessidade, para que pudesse recomeçar (Dt 15:7-8).

O "Ano Sabático" determinava ainda que fosse libertado o hebreu ou hebréia que havia

sido comprado (Dt 15:12), fornecendo-lhe do rebanho, eira e lagar (Dt 15:14). Ninguém deveria oprimir ao jornaleiro (diarista) pobre e necessitado (Dt 24:14). Os direitos do estrangeiro, do órfão e da viúva deveriam ser respeitados (Dt 24:17).

Todas essas leis, dadas por Deus, deveriam ser ouvidas pelo povo judeu de sete em sete

anos, no ano da restituição, na Festa dos Tabernáculos, para que todos aprendessem e temessem a Deus (Dt 31:10-13). O "Ano Sabático" tinha como princípio que, assim como Deus havia libertado o povo do Egito, o povo de Deus também deveria libertar os escravos (Dt 15:15; Dt 24:18). Era uma forma de eliminar a opressão e a escravidão que os senhores faziam com aqueles que haviam se tornado escravo devido a alguma dívida (cf. 2 Rs 4:1). Era uma forma de eliminar a pobreza e a falta de misericórdia em Israel (Lv 23:22; Dt 14:28-29; Ex 22:24).

No livro de Levítico, Deus se mostra mais exigente ainda com o seu povo. Certamente com

a finalidade de restituir os direitos e fazer justiça aos oprimidos e deserdados é instituído por Deus que, de 50 em 50 anos, se celebre o "Ano do Jubileu". No "Ano do Jubileu" seria proclamada liberdade na terra a todos os seus moradores. Cada um voltaria a ter a sua casa e terra de volta (Lv 25:10).

O "Ano do Jubileu" determinava ainda que não se vendesse a terra eternamente, pois a

terra é de Deus (Lv 25:23). Se alguém era pobre, este não se tornaria escravo, mas seria tratado com um jornaleiro e peregrino até o "ano do Jubileu" (Lv 25:39-40).

2 – ...MAS QUE NUNCA FOI! Este ideal jamais foi cumprido corretamente. Os ricos e os líderes religiosos (também

ricos!) não permitiram que isso acontecesse. Aquelas pessoas que seriam beneficiadas com essa lei divina, ou seja, a grande maioria da população, lançaram sua esperança novamente para Deus. Deus haveria de reinar através de seu ungido (= escolhido, messias, cristo).

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Uns esperavam um messias guerreiro. Outros esperavam que ele fosse um grande

sacerdote. Outros que fosse um grande profeta. Esperavam que ele fosse da linhagem de Davi. Mas Deus surpreendeu a todos e enviou o seu próprio Filho. Hoje sabemos que o Ungido de Deus é Jesus. Jesus é o Rei. Rei do Reino de Deus. Ele é a justiça de Deus. Ele manda seus seguidores anunciarem essa Boa Nova. Ele é o Messias, o Cristo. Rei. A função principal de um Rei é assegurar aos súditos o cumprimento da justiça (Sl 96:12-13). O Rei é quem deve estabelecer o equilíbrio, deve ser o defensor de quem não tem como defender-se; é o protetor dos pobres, viúvas, órfãos e oprimidos. Ele deve garantir aos fracos os seus direitos perante os poderosos; deve censurar e reprimir o rico que prejudica a comunidade e os direitos do povo, enfim, deve propor e fazer cumprir leis que acabem com a pobreza e a exploração.

Para realizar a missão do Messias, Deus não mandou qualquer um, mas mandou o seu

próprio Filho! Jesus, realizou a promessa do Pai. É verdade que a pregação de Jesus não agradou a todos. Os doutores da lei, os fariseus, os saduceus e os sacerdotes entre outros, esperavam que a vinda do Reino fosse uma inversão da situação, sem mudança real no relacionamento entre as pessoas e os povos. Ou seja, queriam apenas que eles, os judeus, dominados pelos romanos, ficassem por cima, sendo os novos senhores do mundo.

Mas não era assim que Jesus entendia o Reino

do Pai. Ele queria uma mudança radical. Para Jesus, o povo de Deus tinha de ser um povo irmão e servidor, e não um povo dominador a ser servido pelos outros povos (cf. Mt 20:28).

Basicamente só os pobres e pequenos

aceitaram o apelo de Jesus (cf. Mt 11:25). O que era Boa-Notícia para os pobres, foi visto como má notícia pelos grandes. Isso porque o Evangelho trazido por Jesus exigia deles que abandonassem os seus privilégios injustos e que deixassem de lado suas idéias de grandeza e de poder. Mas eles preferiram

suas próprias idéias. Por isso, rejeitaram o apelo de Jesus e o eliminaram na cruz com o apoio dos romanos.

3 - QUESTÕES PARA REFLETIR: a) Por que essa preocupação tão grande de Deus com o seu povo, particularmente os

pobres, as viúvas, os injustiçados? b) Por que o ano do jubileu nunca chegou a acontecer em Israel? c) Segundo os conceitos bíblicos, você acha que é possível alguém amar uma pessoa e não

demonstrar isso com suas posses e bens? d) Qual é a justiça que Deus quer que nós cumpramos: a dos seres humanos, a do Antigo

Testamento (olho por olho, ...) ou a de Jesus (amar mesmo os que nos perseguem)? e) A partir do estudo desta lição, você acha que a justiça que a Bíblia e conseqüentemente

Deus exige que cumpramos é só no plano espiritual ou a justiça em qualquer área de nossa vida? f) O que aconteceria se Deus ordenasse hoje que retomássemos a partir de agora a

instituição do "ano sabático" e a do "ano do jubileu"? Quem ficaria alegre com essa "Boa Nova" e quem ficaria irado com ela?

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11 de setembro de 2011 LIÇÃO 6

UM RESUMO DA BOA NOVA DO REINO ANUNCIADA POR JESUS

(Carlos Mesters) Os evangelhos resumem a Boa Nova em quatro pontos: 1 - "Esgotou-se o prazo!" (ler os fatos com olhos novos)

Jesus ficava atento aos fatos e aos tempos

e, "depois que João foi preso" (Mc 1,14), concluiu: "Esgotou-se o prazo!" A prisão de João, por Herodes, fez o prazo se esgotar e o kairós (o momento) de Deus chegar.

Jesus analisava os fatos com olhos

diferentes e percebia coisas que os outros não percebiam. "Vocês dizem que faltam quatro meses para a colheita. Mas eu digo, levantem os olhos e vejam os campos. Eles estão brancos para a colheita" (Jo 4:35). Ele percorre o país e convoca o povo, pois a colheita é grande, os operários são poucos e o tempo urge (Mt 9:35-38). Ele envia 12 e mais 72 para dizer ao povo: "O Reino de Deus chegou!" (Lc 10:9).

Jesus ajuda o povo a ler os fatos com olhos

diferentes: faz refletir a partir do que acontece (Lc 13:1-5); critica interpretações erradas dos fatos (Jo 9:2-3); as parábolas comunicam um olhar crítico sobre a realidade e sobre a prática religiosa (Lc 18:9-14; Mt 21:28-32; Lc 10:29-37; etc). Deste modo, Jesus ajuda o povo a discernir, dentro dos fatos, o plano de Deus que vai se realizando. Isto supõe em Jesus uma dupla existência: experiência profunda de Deus, fruto de sua filiação divina, e experiência profunda da vida do povo, fruto da sua encarnação e inserção.

Nem todos aceitam a interpretação que Jesus faz dos fatos. Os fariseus e os saduceus

não sabem ler os sinais dos tempos (Mt 16:1-4). Jerusalém e as cidades da Galiléia se fecham (Lc 13:34-35; Lc 10:13-15; Lc 19:42). Os pobres, porém, aceitam a mensagem (Mt 11:25).

2 - "O Reino de Deus Chegou!" (a novidade que causa admiração) Todos esperavam a vinda do Reino, mas cada um a seu modo. Para os fariseus, o Reino

viria quando fosse perfeita a observância da lei. Para os essênios: quando o país fosse purificado. O povo esperava a vinda de um Messias glorioso. Ora, Jesus, não espera pela vinda do Reino. Para ele o Reino já está chegando! Esta é a novidade.

Qual a análise que Jesus fez dos fatos, para chegar a esta conclusão? Pois a observância

da lei ainda não era perfeita; o país ainda não estava purificado; nem havia sinal de uma chegada

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gloriosa do messias! Onde estava então o Reino? Quais os sinais? (Lc 17:20). Jesus responde: "O Reino não vem como fruto da observância, mas ele já está no meio de vocês!"(Lc 17:20-21). Esta é uma maneira radicalmente nova de encarar o Reino e a realidade.

Jesus não diz o que é o reino. Ele apenas diz que o Reino já chegou. Se o Reino já

chegou, então ele deve ser procurado e encontrado nas coisas que Jesus anda fazendo e dizendo: "Vão dizer a João o que vocês estão vendo e ouvindo: cegos vêem, surdos ouvem, coxos andam, mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados" (Mt 11:5-6). "Se é pelo dedo de Deus que eu expulso demônios, então o Reino de Deus já chegou até vocês! (Lc 11:20).

Para ajudar o povo a perceber a chegada do Reino, Jesus faz uma nova leitura do

passado, do Antigo Testamento, e com ele procura iluminar os fatos. Na sinagoga de Nazaré, ele usa um texto de Isaías para apresentar a ênfase do seu ministério (Lc 4:18-19 e Is 61:1-2) e concluiu: "Hoje se cumpriu nos vossos ouvidos esta passagem da Escritura"(Lc 4:21). O recado que mandou para João Batista era de um outro texto de Isaías (Is 29:18-19; Is 35:5-6). A própria expressão "Boa Nova do Reino" vem de Isaías (Is 52:7). Além disto, ele usa comparações para o povo entender esta misteriosa presença do Reino dentro dos fatos: ele é semente, sal, fermento, tesouro, grão de mostarda, dracma perdida, etc. Os pobres entendem esta linguagem (Mt 11:25), pois o Reino anunciado por Jesus é deles! (Mt 5:3-10). Os outros, porém, os de fora, eles ouvem, mas não entendem (Mc 4:11-12).

3 - "Mudem de vida!" (a difícil exigência) Jesus não pede em primeiro lugar: Observem a "Lei e a Tradição!" Ele pede metanóia, isto

é, mudança no modo de pensar e de viver. O povo deve mudar de ideologia. Mudar para os valores evangélicos da fraternidade cristã. Isto é: converter-se ao Evangelho de Jesus que pregamos. Pois sem metanóia, ninguém consegue entender coisa alguma da Mensagem do Reino anunciada por Jesus.

Mudar por quê? Porque houve uma mudança total dos valores. A maneira como a religião

estava organizada já não revelava o rosto de Deus para o povo: o ser humano estava em função da lei (Mc 2:27); o mandamento de Deus foi anulado pela tradição (Mc 7:8); o templo levava vantagem sobre o amor aos pais (Mc 7:10-13); a misericórdia foi diminuída em favor da

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observância (Mt 9:13); a justiça praticada pelos fariseus já não era sinal nem revelava o Reino (Mt 5:20), pois esqueceram as necessidades do povo (Lc 13:15-17), impunham pesos ao povo (Mt 23:4), bloqueavam a entrada do Reino (Mt 23:13).

Mudar o quê? Reconhecer o próprio erro e iniciar uma prática nova num novo rumo: amor

a Deus é igual ao amor ao próximo (Mt 22:39); o objetivo da lei é imitar Deus que faz chover sobre todos (Mt 5:43-48); perder a consciência de que ser um povo eleito é ser um povo privilegiado, e começar a perceber que, após ter feito tudo o que devia ter feito, não se passa de um servo inútil (Lc 17:10); entender que, diante de Deus, todos somos iguais e que, na comunidade, poder é serviço, ou seja, maior é quem serve aos demais (Mt 9:35); entender que o sábado é para o homem (Mc 2:27) e lutar contra as divisões que desmentem e enfraquecem o projeto de Deus. Numa palavra, aprender que ninguém tem o direito de marginalizar como "pecador", "impuro", "pagão", "maldito" ou "ignorante" aqueles a quem Deus acolhe como filhos (Mt 5:45).

Fazer esta mudança era o mesmo que morrer e nascer de novo. "Quem não nascer de

novo não pode ver o Reino de Deus (Jo 3:3). Muitos não quiseram fazer esta mudança radical, reagiram contra Jesus e decidiram eliminá-lo (Jo 12:37-41; Jo 11:45-54).

4 - "Acreditem na Boa Nova!" (realiza-se a esperança do povo) Toda esta novidade que começa a existir ao redor da sua pessoa, Jesus a chama de Boa

Nova do Reino (evangelho). A esperança do povo, há séculos, aguardava a chegada desta boa notícia que está se realizando. Jesus faz como os discípulos de Isaías: aponta os fatos concretos onde o Reino de Deus está acontecendo. Desse modo, ele situa os fatos no conjunto do Plano de Deus e ajuda o povo a entender melhor o alcance daquilo que estava acontecendo.

Embora ainda não fosse tão boa para os doutores e escribas, ela era realmente boa para

os pobres (Lc 4:18; Is 61:1). Pois através da prática e da palavra de Jesus, o povo pobre, que vivia marginalizado como "ignorante", "maldito", "impuro" e "pecador" (Jo 7:49; Jo 9:34), tinha novamente acesso direto a Deus. Jesus liberou a entrada. A presença amiga de Deus tornou-se, novamente, universal, aceitável para todos, livre das amarras nas quais vinha sendo aprisionada há séculos.

O acesso à Boa Nova se faz pela fé: "Acreditem na Boa Nova!" Ou seja, é preciso crer na

mensagem de Jesus. Mas não só! Crer também e, sobretudo nEle, na sua pessoa, e aceitá-lo como ele se apresenta (Jo 14:1). Não há outra entrada. Ele é o "caminho, a verdade e a vida". Na sua atitude, Deus se faz presente: "Quem vê a mim vê o Pai!" (Jo 14:9).

5 – QUESTÕES PARA REFLETIR: a) Com este estudo de hoje, muda alguma coisa para nós sobre o que tínhamos como

sendo "Boa Nova"? b) Se a resposta for positiva: O quê? Se a resposta for negativa: Por quê? c) Hoje em dia o que a Igreja anuncia é a Boa Nova que Jesus mandou que anunciássemos

ou se parece mais com a tradição dos fariseus?

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18 de setembro de 2011 LIÇÃO 7

IGREJA: COMUNIDADE VIVA E FRATERNA (A redação dessa lição foi baseada numa antiga lição da revista Flâmula Juvenil)

1 – UM FATO DA VIDA: Seu Amaro trabalha com os cinco filhos na plantação e venda de verduras. Todos sentem

interesse em que o negócio vá em frente. O que é de um é de todos e cada um faz a sua parte. A família está unida em todos os momentos.

Noutro dia, o presidente do time de futebol, onde um dos filhos de seu Amaro é tesoureiro,

pegou, sem ninguém saber, uma boa quantia de dinheiro. A diretoria do time se reuniu para discutir o assunto. O presidente do time foi o primeiro a acusar o tesoureiro. O tesoureiro se defendeu, mas não adiantou. Diante de todos, passou por ladrão.

A família do seu Amaro sabia que o filho não tinha roubado. Todos sofreram junto com ele e

havendo oportunidade aproveitavam para defendê-lo. 2 – QUESTÕES: 1) O que unia a família do seu Amaro? 2) Por que os trabalhos iam bem? 3) Po que todos sofreram quando um dos membros da família foi acusado? 3 – IGREJA: COMUNIDADE VIVA E FRATERNA A Igreja é a comunidade de discípulos de Jesus. Comunidade dos que experimentam a nova

vida em Cristo, dos que têm a responsabilidade e a alegria em dar continuidade ao caminho estabelecido por Jesus mediante o anúncio do Evangelho do Reino.

A Igreja é comunidade porque os que a integram comungam a mesma fé, a mesma crença,

ideal e objetivos de vida. Experimentam no seu dia-a-dia um estilo de vida cristão, a qualidade de vida, o ideal da plena comunhão das pessoas entre si. E essa comunhão lhes faz ter uma identidade: são irmãos e irmãs no amor de Deus!

A Igreja primitiva formou uma comunidade diferente. Os judeus que se converteram ao

cristianismo não continuaram com todos os seus costumes judaicos. Os gregos que aderiram ao movimento não ficaram com todas as suas tradições culturais. Surgiu uma nova comunidade com um estilo de vida completamente diferente da vida anterior que todos levavam. Vejamos algumas destas diferenças:

** Uma comunidade que ensina (Atos 2:42) Os apóstolos eram criteriosos nas instruções aos novos convertidos. Não cuidavam só da

proclamação da palavra. A explicação da mensagem e as orientações sobre a prática da mesma era tarefa importantíssima na missão. A comunidade cristã era o lugar onde o povo estudava as Escrituras Sagradas para melhor entender sua parte na missão de Deus. Atos 15:35; 5:42 e 18:5 são alguns exemplos desta preocupação com o ensino. A comunidade cristã achava que o ensino era necessário para a formação de pessoas libertadas. Este era o meio para criar agentes de transformação da sociedade conforme o plano de Deus.

At 15:35 - Paulo e Barnabé demoraram-se em Antioquia, ensinando e pregando, com muitos outros, a palavra do Senhor.

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At 5:42 E todos os dias, no templo e de casa em casa, os apóstolos não cessavam de ensinar e de pregar Jesus, o Cristo.

At 18:4-5 E todos os sábados discorria na sinagoga, persuadindo tanto judeus como gregos. Quando Silas e Timóteo desceram da Macedônia, Paulo se entregou totalmente à palavra, testemunhando aos judeus que o Cristo é Jesus.

** Uma comunidade fraterna (atos 2:42-47) Os primeiros cristãos eram unidos em tudo - desde o partir do pão até a divisão das

propriedades. Esta comunidade era composta de pessoas capazes de comerem juntas, de repartirem o que tinham de comida, de trabalharem juntas e de colocarem todo o resultado em uma tesouraria comum, a fim de que cada uma tivesse o que precisava para sua vida.

Em 1Ts 4:9-12 Paulo coloca uma nota sobre o amor fraternal:

9 No tocante ao amor fraternal, não há necessidade de que eu vos escreva, porquanto vós mesmos estais por Deus instruídos que deveis amar-vos uns aos outros;

10 e, na verdade, estais praticando isso mesmo para com todos os irmãos em toda a Macedônia. Contudo, vos exortamos, irmãos, a progredirdes cada vez mais

11 e a diligenciardes por viver tranqüilamente, cuidar do que é vosso e trabalhar com as próprias mãos, como vos ordenamos;

12 de modo que vos porteis com dignidade para com os de fora e de nada venhais a precisar.

Ele declara, nos vv. 9 e 10 que na realidade os tessalonicenses já estavam bem instruídos

neste assunto. Já haviam dado provas do seu amor fraterno, não apenas entre seu próprio grupo mas até em terras distantes, em toda a região da Macedônia. Mas o assunto era tão importante que Paulo faz uma outra recomendação neste sentido. Mesmo correndo o risco de "chover no molhado", Paulo exorta a comunidade a progredir mais na direção em que já estava caminhando. O amor fraterno era tão importante que não poderia ser negligenciado.

** Uma comunidade de serviço (1ts 4:9-12; 2co 9:1-5) A coisa mais comum hoje é a de se observar a formação de grupos para defender seus

próprios interesses. As entidades de classe se unem para conseguir melhores salários, mais vantagens ou melhores condições de vida. Se a união faz a força, estes grupos querem mais união para ter mais força. Mas qual é o objetivo desta força? Servir ao próprio grupo! A comunidade cristã tinha outro sentido. Esta comunidade se unia para servir aos outros. Os cristãos de Antioquia não cuidaram somente dos pobres daquela cidade; mandaram também uma oferta para acudir os pobres de Jerusalém que estavam passando por uma fase bem difícil (veja At 11:27-30).

27 Naqueles dias, desceram alguns profetas de Jerusalém para Antioquia, 28 e, apresentando-se um deles, chamado Ágabo, dava a entender, pelo Espírito, que

estava para vir grande fome por todo o mundo, a qual sobreveio nos dias de Cláudio. 29 Os discípulos, cada um conforme as suas posses, resolveram enviar socorro aos

irmãos que moravam na Judéia; 30 o que eles, com efeito, fizeram, enviando-o aos presbíteros por intermédio de

Barnabé e de Saulo. O cap. 8 de 2 Coríntios fala de uma oferta que as igrejas da Macedônia levantaram para os

pobres da Judéia. Em 2 Co 9:1-5 Paulo novamente afirma que é desnecessário "provar" que crentes de um lugar devem ajudar aqueles que estão em outro; é ponto pacífico e Paulo reconhece que os coríntios são liberais. É só questão de organizar o plano e levá-lo até sua conclusão.

1 A respeito do auxílio que vocês estão mandando ao povo de Deus na Judéia, de fato, não tenho nada que escrever a vocês.

2 Sei que estão querendo ajudar, e por isso eu os tenho elogiado para os irmãos da província da Macedônia. Eu disse que vocês, os irmãos que moram na província da Acaia, já estavam dispostos a ajudar desde o ano passado. A maioria deles ficou muito animada com a boa vontade de vocês.

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3 Agora estou enviando estes irmãos para que não fique sem valor o elogio que fiz a respeito de vocês sobre esse assunto. Mas, como eu disse, vocês estarão prontos para ajudar.

4 Porém, se alguns irmãos da Macedônia forem comigo e não os encontrarem preparados, isso vai ser uma vergonha para nós, que tivemos tanta confiança em vocês. E sem falar na vergonha que vocês mesmos vão sentir.

5 Por isso achei que era preciso pedir aos irmãos que fossem antes de mim para preparar a oferta que vocês prometeram. E assim, quando eu chegar aí, ela já estará pronta, e todos ficarão sabendo que vocês deram ofertas porque quiseram e não porque foram obrigados.

Assim aprendemos das Escrituras que temos obrigações para com irmãos mais pobres. O

cumprimento destas obrigações é mais do que um dever social; tem também rica significação espiritual.

** Uma comunidade que celebra Através das cerimônias e liturgias, especialmente a Ceia do Senhor, os primeiros cristãos

mantiveram forte a sua unidade. A comunidade cristã celebrava e glorificava o nome de Deus. Nestes atos litúrgicos, o povo cristão sentia-se cada vez mais unido e fortificado para a Missão.

Atos 2:47 louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo. Enquanto isso, acrescentava-lhes o Senhor, dia a dia, os que iam sendo salvos.

Colossenses 3:16 Habite, ricamente, em vós a palavra de Cristo; instruí-vos e aconselhai-vos mutuamente em toda a sabedoria, louvando a Deus, com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, com gratidão, em vosso coração.

** Uma comunidade que proclama (1Co 1:23-24) Em nenhum momento após o Pentecostes, a proclamação do Evangelho sofreu interrupção.

Sua força ia aumentando. Muitos se converteram, tanto judeus como gregos. O Evangelho foi proclamado em todos os recantos conhecidos na época. Era realmente "o poder de Deus e a sabedoria de Deus". A comunidade cristã não somente proclamava o Evangelho com palavras, ela o fazia com ações também.

1Co 1:23-24 23 mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os

gentios; 24 mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, pregamos a Cristo,

poder de Deus e sabedoria de Deus. A Igreja de Filipos proclamou o Evangelho através da sua sensibilidade às necessidades de

Paulo, ajudando-o em suas viagens missionárias (veja Fp 4:10-20). Observe que este apoio não era somente na forma de dinheiro. Era também um apoio moral, através de orações, interesse e amizade.

4) QUESTÕES: a) Examine de novo os cinco pontos que caracterizavam a comunidade cristã (ensino,

serviço, fraternidade, celebração e proclamação). Você vê estes pontos na sua Igreja local? b) Em sua casa, existe vida comunitária? c) Sua Igreja pode fazer algo para melhorar a vida comunitária em sua cidade? d) Existem em sua Igreja local alguns membros que estejam passando por momentos

difíceis? (doença, desemprego, falta de condições financeiras, tristeza ou desastre, desajustamento familiar)? Sua classe pode expressar seu amor fraterno a estes de alguma maneira concreta?

e) Existe amor fraterno em sua classe e na Igreja? Como aumentar essa fraternidade?

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25 de setembro de 2011 LIÇÃO 8

IGREJA: COMUNIDADE MISSIONÁRIA – I Queremos refletir sobre mais algumas características de uma igreja viva, fraterna. Que são

também características de uma Igreja que é comunidade, missionária e comunidade missionária. Entre as muitas características, destacamos:

1 - IGREJA: COMUNIDADE ANUNCIADORA DAS BOAS NOVAS COMUNIDADE GERADORA DE FRATERNIDADE

Como comunidade cristã nos reunimos em torno de uma esperança: uma vida fraterna, feliz e cheia da presença de Deus. É o Espírito Santo de Deus que, derrubando todas as barreiras da separação (Gl 3:28-29), torna possível essa esperança para a comunidade cristã e para cada pessoa que faz parte dela.

A Igreja é uma

comunidade missionária porque sente o desejo ardente e irresistível de compartilhar e vivenciar com todos os outros seres humanos essa esperança dada e tornada real

pelo Espírito Santo. A Igreja missionária, portanto, é aquela que é geradora, para fora de suas fronteiras, para as

comunidades ao seu redor e para o mundo, de paz, justiça esperança, fraternidade, reconciliação, comunhão, perdão, fé, de vida e vida abundante, e, de todos os demais frutos do Espírito: valores do Reino de Deus.

A Igreja de Jesus, por exemplo, promove a paz. Ela não é apenas pacífica. É pacificadora.

Pois sabe que promover a paz é favorecer a aproximação e a reconciliação, e, portanto, a fraternidade e a comunhão das pessoas, famílias e povos.

Seguindo ainda o exemplo, a Igreja sabe também que é impossível haver paz e

reconciliação onde a justiça não existe. Por isso, restabelecer a justiça é uma condição para a reconciliação cristã. Será sempre necessário também superar desavenças e o passado ruim. Assim o perdão mútuo das ofensas e dívidas é igualmente necessário para a reconciliação da paz. Só assim é possível recriar toda a convivência humana.

Na verdade, a Igreja de Jesus sob a direção e o poder de Deus, trabalha para que o mundo

e a vida se assemelhem cada dia mais com o mundo novo que Deus está fazendo nascer dentro do velho mundo.

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A Missão de Deus é estabelecer o seu Reino. A Igreja tem a tarefa de colaborar na construção desse mundo novo (REINO) em nosso mundo. Essa é a tarefa evangelizante, o anúncio das Boas Novas, a Missão, a ordem derradeira que a Igreja recebeu de Jesus. A evangelização é a vocação de todos os cristãos. Não podemos separar o "seguir a Jesus" ou o "ser povo de Deus" da tarefa da evangelização.

2 - UMA EVANGELIZAÇÃO NOS MOLDES DA EVANGELIZAÇÃO DE JESUS (At 10:34-43; Lc 4:18-19; Jo 17:14-19) É uma Igreja que tem sua evangelização centrada no Reino de Deus. Que torna Jesus

presente e conhecido como Salvador. Que testemunha o amor e o nome de Deus, onde as pessoas encontrarão a derradeira paz. Que educa e liberta o ser humano e a comunidade de tudo quanto os escravizam. Que leva as pessoas a uma vivência fraterna, justa, comunitária. Que proclama a necessidade de conversão de todos e de tudo à causa e ao projeto de Deus, isto é, ao seu Reino.

O anúncio da Igreja deve ser palavra profética colocada em nossa boca pelo Espírito Santo

de Deus. Anúncio que diz qual a Vontade (de vida) de Deus para cada pessoa, família, comunidade, povo e nação. Em qualquer tempo, lugar ou situação. Palavra profética que chama à conversão; que proclama a governos e pessoas poderosas a justiça e o socorro aos desassistidos e aos que vivem na miséria; que reivindica, defende cuida e trabalha para que todos tenham direito a vida digna, justa, segura, igualitária, com pão, casa, terra, liberdade e às demais coisas que são o necessário para se viver, e não apenas para "sobreviver". Deus é Deus de vida e não de subvida.

A Igreja, agindo assim, acaba sendo luz, sal, fermento e testemunho vivo e eficaz no

mundo. Que clareia onde é escuro com a energia do Evangelho. E que, à semelhança do Antigo Testamento e do ensino e atitudes de Jesus, trabalha tendo em mente que este mundo precisa ser transformado totalmente, para que todos os homens e mulheres vivam a reconciliação e a fraternidade cristãs, sob o amor e a soberania de Deus. A Igreja deve ser o "Bom Samaritano" que acode ao mundo ferido (Lc 10:30-37).

3 – A TAREFA DA EVANGELIZAÇÃO: A Missão de Deus é estabelecer o seu Reino. A Igreja tem a tarefa de colaborar na

construção desse mundo novo (REINO) em nosso mundo. É verdade que o texto bíblico de Mt 28:19 lido de maneira muito restrita tem levado a Igreja a entender a sua tarefa de evangelização associada fundamentalmente ao ensino, à conversão e ao batismo. Só que, reduzida a tão pouco, ela ainda é mal compreendida e mal feita. Primeiro, vemos isso, quando, por orientações não bíblicas nem cristã, muitos, na igreja, se acham incapazes de evangelizar. Acham que evangelizar não é responsabilidade deles. Pra isso há o pastor ou pastora, certos pregadores e cantores famosos. E mais, para alguns a evangelização é feita somente em ocasiões especiais, como série de pregações, ou quando se faz uma campanha de visitação, distribuição de folhetos ou o culto ao ar livre.

Só que precisamos ver e entender que a evangelização é maior. O sentido bíblico da

evangelização é abrangente. E ele nos diz que evangelizar significa: IR - Ir ao encontro das pessoas com o propósito de amá-las e de promovê-las. "Amar

efetivamente as pessoas caminhando com elas até as últimas conseqüências para a sua libertação dos problemas e sua autopromoção integral" (Credo Social da Igreja Metodista, item V.13.e). Devemos fazer isso independentemente de as pessoas merecerem ou não o nosso amor e serviços. Independentemente de elas crerem ou não em Deus. Fazemos isso por amor, imitando o que Jesus fez por nós. E porque o amor de Deus habita em nossos corações agimos com misericórdia.

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TESTIFICAR - Testificar e anunciar o Amor e o Nome de Deus Pai, Filho e Espírito Santo, onde as pessoas e povos encontrarão a oportunidade eficaz, verdadeira e única de construírem suas vidas e relações sociais com alegria, solidariedade, justiça, etc... É necessário a rejeição dos falsos deuses, dos falsos caminhos e das falsas soluções e crer em Deus Salvador e Libertador. Só nele, na pessoa de Jesus, nossa vida pode ser nova, vitoriosa nas tribulações e plena. Só Jesus definitiva e eficazmente salva!

ANUNCIAR E PROCLAMAR -

Anunciar e proclamar a exigência de Deus e de seu Reino de nossa conversão, acolhimento e fidelidade à paz, justiça, misericórdia, reconciliação, perdão mútuo, a fraternidade, amor, partilha de vida e dos bens e comunhão de pessoas, famílias, grupos e povos.

ENSINAR E BATIZAR - Ensinar a Palavra de Deus para as pessoas que optam por

Jesus, preparando-as para fazerem parte da comunidade dos discípulos(as) que seguem ao Salvador. Se por um lado a Igreja não salva, é como Igreja que seguimos a Jesus. Daí a importância em sermos Igreja, comunidade do povo do Senhor. Preparar as pessoas que reconhecem a ação de Deus, a fim de participarem da Missão. Como igreja cristã, somos comunidade missionária. Comunidade dos homens e mulheres batizados e aliançados com Deus. Estamos a serviço do Mundo (pessoas e criaturas), em nome de Deus. Para essa tarefa Deus nos reúne, nos capacita e nos dá poder.

Diante disso, devemos concluir que todas as ocasiões e oportunidades, todo e qualquer

encontro e relacionamentos entre as pessoas são ocasiões e oportunidades de evangelização, pois evangelização é um estilo de vida.

4 - QUESTÕES PARA REFLETIR: a) Na sua cabeça e no seu coração você entende a Igreja como comunidade missionária tal qual vimos nesta lição? b) Quais os maiores empecilhos para que nossa igreja local seja missionária no sentido

bíblico e amplo do termo? c) O que você pode fazer para que nossa igreja e nossa religião metodista seja assim? d) O que significa para você "amar efetivamente as pessoas"? Como isso pode e deve ser demonstrado de modo prático? e) Um pouco mais: O que significa "amar efetivamente as pessoas, caminhando com elas

até as últimas conseqüências para sua libertação dos problemas e sua autopromoção integral" ? f) Se a missão de Deus é estabelecer o Seu Reino, se a evangelização é como a igreja

participa dessa missão de Deus, com nossas próprias palavras, o que é evangelizar?

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2 de outubro de 2011 LIÇÃO 9

IGREJA - COMUNIDADE MISSIONÁRIA – II Continuemos a refletir sobre mais algumas características de uma igreja viva, fraterna e

missionária. 4 – UMA VIDA COMUNITÁRIA GERADORA DE UNIDADE E SOLIDARIEDADE: (At 4:32; Jo 13:34-35; Jo 17:20-21)

É uma Igreja onde as pessoas

vivem em comunhão, em solidariedade. É uma comunidade de fé geradora e transmissora do amor e da misericórdia de Deus. Onde todos recebem apoio uns dos outros. Onde todos apóiam todos. Ler em Cl 3:12-17. Ninguém é tão forte que não precisa de apoio. Ninguém é tão fraco que não possa servir de apoio. Uns fortalecem aos outros.

É uma comunidade alegre, de

irmãos e irmãs. Uma comunidade que celebra e se regozija. Uma comunidade que anuncia, educa e vive um estilo de vida cristão, fraterno, de serviço,

solidário e comunitário. Uma comunidade terapêutica e de cura, que é instrumento de Deus na libertação, que cuida e apóia os angustiados, os desnorteados, os abandonados, os que sofrem e padecem necessidades, etc... Uma comunidade que está a serviço da comunidade, a serviço do mundo. Uma comunidade de Deus que, por estar a serviço no mundo, se preocupa, intercede, exorta, profetiza, cuida, luta e trabalha em prol de todas as pessoas, famílias, comunidades, povos e nações.

É uma comunidade cujo testemunho gera (semeia, faz nascer, fermenta) em sua volta a

fraternidade, a justiça, a fé, o amor, a reconciliação, o perdão, o Evangelho. Como um bom perfume que se espalha. O Bom perfume de Cristo.

5 – UMA COMUNIDADE TERAPÊUTICA E DE CURA: (Lc 4:18-19; Mc 16:16-18; Tg 5:13-16) É uma Igreja que é instrumento de Deus para que cada pessoa supere sua história de vida

triste, seus traumas, seus complexos, seus descompassos, suas ansiedades, suas amarguras, sua falta de confiança e harmonia consigo mesmo e com as demais pessoas. A Igreja é uma oficina de Deus onde, sob a ação do Espírito Santo, através do estudo e da formação bíblica, da experiência e prática da oração, do testemunho de irmãos e irmãs e do aconselhamento cristão, ajuda a pessoa "doente" física, psicológica ou emocionalmente a se restabelecer, a querer curar-se, a permitir ser curada.

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A Igreja é o espaço onde o amor entre as pessoas e a vivência da fé em Deus cria um ambiente propício ao milagre da cura, ao milagre da pessoa reconstruir-se sobre bases evangélicas da confiança, da solidariedade, da vida comunitária. A Igreja é lugar de ajudar ao outro a se ajudar (auto-ajuda). E por sua vez a juntar forças e ajudar outros a se auto-ajudarem. Para que haja vida nova para alguém, há uma parte que só Deus pode fazer, nós Igreja temos uma parte que é nossa responsabilidade e a pessoa em questão tem uma parte que só ela pode fazer. Um não pode fazer a parte do outro.

A Igreja é terapêutica porque as pessoas conversam, desabafam, partilham sonhos e

frustrações. Onde uns ouvem os outros, e mutuamente refletem e se aconselham. Onde uns cuidam, se colocam ao lado e visitam os outros. Uns oram e intercedem pelos outros, uns cuidam dos outros, e assim o nome de Deus é louvado e o Corpo de Cristo é edificado.

6 - UMA PIEDADE ILUSTRADA, OU SEJA, UMA FÉ INTELIGENTE: (Tg 1:6; Pv 2:1-7; At 6:1-7) É uma igreja que vive sua vida de piedade (oração, adoração, louvor, culto, jejum, etc...)

com profundidade e entrega total da vida a Deus. Cresce sempre na sua vida de piedade. Mas sua piedade não faz com que a ignorância se esconda atrás de uma pretendida santidade, ou seja, não supõe que o espírito possa gozar da luz enquanto a inteligência está em trevas.

Certamente, o saber não é substituto da fé que salva. Os muitos conhecimentos não

salvam ninguém, é bom que se diga. Mas um cristão redimido que estuda e se prepara e que põe a serviço de seu Redentor o que sabe, pode ser nas mãos divinas um instrumento de suma utilidade. É verdade que Paulo escreveu: "Se eu tivesse toda ciência... e não tivesse amor, nada seria." Mas ele disse a mesma coisa com relação à fé. Leiamos em 1Co 13:2. Paulo mesmo era um exemplo do que um servo de Deus, bem preparado e cultivado mentalmente, pode fazer pelo evangelho. Talvez por isso escrevia aos filipenses: "E isso peço em oração: que o vosso amor abunde ainda mais em ciência, e em todo conhecimento, para que aproveis o melhor" (Fp 1:9).

Há cristão que por ignorância ou preguiça não se prepara. Deus faz a parte dele que é nos

capacitar com poder e dons espirituais. Nós devemos fazer a nossa parte, nos preparando. Jesus se preparou durante anos para exercer seus três anos de ministério. Vamos nos lembrar da ressurreição de Lázaro (Jo 11:39): para que Deus faça a "obra" é preciso que nós tiremos a "pedra". Ele não faz o que nós temos condições de fazer, assim como nós não podemos fazer o que a Deus concerne e faz! Nosso Deus é Deus sábio e inteligente. Preguiça não é de Deus. Burrice e ignorância também não!

A experiência com Deus não causa apenas uma profunda experiência do poder e da graça

de Deus no coração e sentimentos do cristão. É uma experiência que alcança e se apodera de todo nosso ser. Inclusive a mente. Através do conhecimento e progresso científico o cristão pode conhecer mais eficazmente o mundo de Deus: a Bíblia diz que Deus é quem fez, a ciência busca aprender e explicar como as coisas foram feitas. Ou seja, a ciência nos ajuda a compreender como Deus se revela na sua criação. Fé e ciência são irmãs. Piedade, misericórdia e ilustração (inteligência) nasceram do mesmo Pai.

7 - UM ENTUSIAMO RACIONAL (Dt 6:5-9; Rm 12:1; 1Co 14:14-15) É uma Igreja que tem o entusiasmo, a motivação e o fervor próprio de uma Igreja animada

e avivada pela presença do Espírito Santo. O cristão evangélico metodista experimenta como João Wesley na noite de 24 de maio de 1738 um "calor estranho em seu peito". "Senti que confiava em Cristo, em Cristo somente, para a salvação. E recebi a segurança de que Ele me

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perdoava e me salvava", diz Wesley. Era uma libertação, uma vitória, uma segurança que se expressavam imediatamente em oração, serviço, louvor, testemunho público (evangelização).

Isso gera na vida da Igreja e da pessoa um desejo enorme de colocar-se a serviço de

Deus e do próximo. Sair das "quatro paredes" do templo em missão. Visitar hospitais. Empregar maior quantidade de tempo para o serviço da ação social, da evangelização, etc... É entusiasmo que não se arrefece. É entusiasmo que se renova em oração e em novas e crescentes

experiências de fé com nosso Deus. É uma paixão (um fogo que não consome!) duradoura por Deus e pela sua missão. Esse entusiasmo, porque é nascido e vivido no Espírito, não é fanático e desequilibrado, mas fiel e cheio dos frutos do Espírito, entre os quais discernimento, sabedoria e perseverança. Esse entusiasmo combina-se com a lucidez, a disciplina, a inteligência, a misericórdia e a alegria entre outros. Por isso o entusiasmo racional (inteligente e cheio de sabedoria dos céus) vai muito

além da razão, vai pelos caminhos da fé, mas isso não é o mesmo que arrebatamento da razão. A razão também é criação, bênção e dom de Deus. O Espírito nos mostra que razão e emoção devem ser na vida da pessoa como o braço direito e o braço esquerdo. Pois o mesmo Espírito que nos emociona é o mesmo que nos edifica e nos conscientiza. Não devemos separar o que Deus juntou e abençoou, dizendo: É muito bom! (Gn 1:31).

Nosso Senhor Jesus era a pessoa mais equilibrada e sensata que já existiu. E sem dúvida

habitava nele a plenitude do Espírito Santo. Porém essa plenitude jamais se expressou nEle de êxtase exaltado, arrebatamento nervosos ou convulsões histéricas. Ao contrário, aos atacados e possessos Jesus "lhes expulsava os espíritos malignos". 1Co 14:32-33 nos diz: "os espíritos dos profetas estão sujeitos aos próprios profetas; porque Deus não é de confusão; e sim, de paz."

Uma fé alegre e entusiasmada (perseverante e avivada) não pode ser abalada. Pois sabe

que Deus não pede que sejamos senão fiéis à sua Palavra e vontade. 8 – UM AVIVAMENTO EVANGÉLICO: (Hc 3:1-2) Avivar significa "dar vida", "tornar mais vivo". Avivada significa "cheia de vida". É uma igreja que é vivificada pela presença e ação do Espírito Santo de Deus. O Espírito

transforma seu coração num coração contrito, quebrantado, que reconhece sua total dependência de Deus e que sem ela não há vida para si. Que louva a Deus na alegria ou na dor. Seu prazer está em fazer a vontade do Senhor. Seu prazer está em amar e servir a Deus e ao próximo.

O Espírito transforma seu coração de "pedra" em coração de "carne" (Ez 36:26) e ela

sente seu coração aquecido, renovado, animado, avivado e cheio de vida pela presença de Deus. Um coração que se emociona, que se compadece, que se alegra, que vibra. Sem jamais confundir isso com emocionalismo (visto que este é apenas "fogo de palha"). É uma Igreja que se emociona com a presença e a misericórdia de Deus, que tem o verdadeiro avivamento evangélico.

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Avivamento evangélico que surge a partir de um retorno (conversão) à experiência de Deus (Sl 34:8; Mt 11:28; Ap 2:4-5) e ao estilo de vida e serviço (testemunho) que surgem dessa experiência.

Experiência pessoal, profunda e viva, que se confirma e manifesta: a) pelo testemunho interior do Espírito Santo, de que somos de fato filhos e filhas de Deus e

que Deus perdoa os nossos pecados; o que produz um gozo e uma paz profunda; b) por uma vida cheia de amor, consagrada ao serviço de Deus que nos pede para

servirmos ao próximo e ao mundo, impregnados do "mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus" (Ef 2:5).

É uma igreja cujo estilo de vida aviva (realça) a presença, o amor e a ação de Deus no mundo.

9 – UMA PRÁTICA DE ESTAR SEMPRE SE REFORMANDO: (Rm 14:23; 1Jo 1:5-10) É uma Igreja que anseia e persegue a santidade, mas que por saber-se formada por

pessoas humanas que, por mais consagradas a Deus, não deixam de ser livres de erros e contradições (Rm 7:19; Lc 11:4), sabe também que é pecadora. Por isso pratica uma constante reflexão e avaliação da sua caminhada. A palavra e a vida de Jesus são nossas referências, nosso espelho, nosso modelo. A Igreja Primitiva, dos tempos bíblicos do Novo Testamento, apesar de também contraditória e pecadora, é também outra referência para nós hoje. Assim, a igreja a caminho da maturidade caminha olhando para o futuro, mas com "um olho" nas origens, no modelo, nas referências, lembrando do derradeiro e maior mandamento e da tarefa dados à Igreja por Jesus. Nosso ministério inspira-se no ministério de Jesus e no ministério da Igreja Primitiva. Perdê-los de vista é perder o rumo do caminho, é perder o objetivo da missão.

É uma Igreja que por saber-se divina, mas também humana, ora e vigia, permanecendo

atenta, para não cair em tentação. É aberta constantemente ao Espírito Santo de Deus. Para tudo e em todos os momentos. Para falar ou calar. Para fazer ou desfazer. Para ir ou voltar. Em tudo ela ouve a voz do Espírito, em tudo ela se submete e obedece. Inclusive para saber as práticas, costumes e tradições que devem ser conservados e atualizados sempre no nosso meio. E para que mudemos e nos renovemos onde e quando o Espírito assim determinar.

É uma Igreja que tem a necessidade de confessar sua total dependência de Deus. De

confessar também com humildade que, nem sempre temos sido fiéis à nossa vocação divina. Confessar que muitas vezes os desafios colocados diante de nós são grandes demais e que não temos confiado em Deus e em sua presença. Que sucumbimos a estilos de vida que não são compatíveis com o Evangelho e com a Missão.

É uma igreja, portanto, que está sempre se olhando “no espelho da Palavra de Deus” e se

renovando, se reformando. É uma igreja que está sempre se purificando, se "banhando" no mar de misericórdia e graça de Deus. Tornando-se cada dia mais santa, mais perfeitamente cristã. Mais igreja cristã, comunidade missionária, a caminho da maturidade cristã.

10 – QUESTÂO:

a) Quais são os sinais de vitalidade espiritual de sua igreja que você mais percebe? b) Quais são os sinais de que sua igreja é uma igreja missionária? c) Qual é o nível de envolvimento seu (pessoal) na vitalidade missionária e espiritual de sua igreja ou qual a sua responsabilidade na falta dessas marcas vitais em sua igreja? d) O que você faz para que sua igreja seja viva, fraterna e missionária? Isso basta?