IGREJA PAROQUIAL DE NOSSA IRMANDADE DE NOSSA SENHORA … · igreja paroquial de nossa senhora do...

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IGREJA PAROQUIAL DE NOSSA SENHORA DO AMPARO IRMANDADE DE NOSSA SENHORA DO AMPARO NOSSA SENHORA NO CALENDÁRIO LITÚRGICO TEMA MARIANO A APRESENTAR NA REUNIÃO GERAL TEMÁTICA, DA IRMANDADE DE NOSSA SENHORA DO AMPARO POR HELENA DE LOURDES DE JESUS COSTA MARTINS MENDES 28 DE OUTUBRO DE 2007

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IGREJA PAROQUIAL DE NOSSA

SENHORA DO AMPARO

IRMANDADE DE NOSSA SENHORA DO

AMPARO

NOSSA SENHORA NO CALENDÁRIO LITÚRGICO

TEMA MARIANO A APRESENTAR NA REUNIÃO GERAL TEMÁTICA, DA

IRMANDADE DE NOSSA SENHORA DO AMPARO POR HELENA DE LOURDES DE JESUS COSTA MARTINS MENDES

28 DE OUTUBRO DE 2007

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PALAVRAS DE APRESENTAÇÃO DO TEMA Convidada pela Mesa da Irmandade para dar cumprimento a um hábito que já ganhou raízes,

apresento-me com todo o amor por Nossa Senhora, que todos honramos e servimos. Ninguém me impôs um tema, mas antes, toda a liberdade de escolha do mesmo. O campo para falar de Nossa Senhora é inesgotável, pela riqueza da personagem que temos por

guia e é, na nossa Paróquia venerada pela linda invocação de Nossa Senhora do Amparo, a quem pedi, me amparasse e me conduzisse nas minhas leituras, reflexões e os necessários escritos – que vos vou ler – para que através dos meus fracos préstimos, ainda assim, Nossa Senhora possa ser realçada.

Como ponto de partida, ocorreu-me meditar, embora em apontamentos breves, sobre as festas que a Igreja lhe dedica no decorrer do todo um ano litúrgico.

São, como sabemos: Solenidades, Festas ou Memórias, que durante o ano acompanhamos segundo estas três nomenclaturas destinadas a celebrar Nossa Senhora, de acordo com o Missal:

- Solenidade (com Glória e Credo) - Festa (com Glória e sem Credo) - Memória (facultativa ou obrigatória – sem Glória e Credo) Deste modo, este trabalho apresenta-se como segue: 1 – Santa Maria, Mãe de Deus (1 de Janeiro) – Solenidade 2 – Apresentação do Senhor no Templo (2 de Fevereiro) – Festa 3 – S. José, Esposo da Virgem Maria (19 de Março) – Solenidade 3 – S. José Operário (1 de Maio) – Festa……………………….

4 – Anunciação do Senhor (25 de Março) – Solenidade

5 – Visitação da Virgem (31 de Maio) – Festa 6 – Coração Imaculado de Maria (dia que sucede ao dia da Festa do Sagrado Coração de Jesus) – Devoção 7 – Santa Ana e São Joaquim (26 de Julho) – Festa 8 – Assunção de Nossa Senhora (15 de Agosto) – Solenidade 8 a – Virgem Santa Maria Rainha (22 de Agosto) – Memória Litúrgica (sem texto) 9 – Natividade da Virgem (8 de Setembro) – Festa 9 a – Nossa Senhora das Dores (15 de Setembro) (sem texto) 10 – Apresentação da Virgem (21 de Novembro) – Festa 11 – Imaculada Conceição – 8 de Dezembro) – Solenidade 12 – Festa da Sagrada Família (1º Domingo a seguir ao Natal, excepto quando este coincide ao

Domingo. Neste caso a Festa da Sagrada Família realiza-se a 30 de Dezembro – sexta-feira.)

O texto que vai ser liso fala das duas celebrações

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1 - SANTA MARIA, MÃE DE DEUS

(1 DE JANEIRO) – Solenidade

PORQUE CHAMAMOS NOSSA SENHORA, MÃE DE DEUS?

Se meditarmos no homem vulgar, veremos que ele é composto de corpo e alma, sendo esta a parte principal do seu ser, pois comunica ao corpo a vida e o movimento.

A nossa mãe terrena, todavia, não nos comunica a alma, mas apenas o nosso corpo.

A alma é criada directamente por Deus. A mãe gera apenas a parte material deste composto, que é o nosso ser. Apliquemos, agora, estas noções ao caso da Maternidade divina de

Maria Santíssima. Há no seu Filho, Jesus "duas naturezas": a natureza divina e a

natureza humana. Reunidas, constituem uma única Pessoa, a Pessoa de Jesus Cristo. Em Jesus Cristo existe a pessoa divina, infinita, eterna.

Maria Santíssima é a Mãe desta Pessoa divina. Logo, sendo Mãe de Jesus, é a Mãe do Verbo Eterno, Mãe do Filho de Deus e Mãe da Segunda

Pessoa da Santíssima Trindade. A Virgem Maria é verdadeiramente a Mãe de um Deus feito Homem e que, apesar de tudo,

alguns têm negado. Não foram os protestantes os primeiros a fazê-lo. Ário, um presbítero de Alexandria, por volta do ano 318, procurou arrebatar-lhe personalidade a

auréola divinal. Nestório, patriarca de Constantinopla em 428, começou a pregar que havia em Jesus Cristo duas

pessoas: uma divina, como filho de Deus; outra humana, como filho de Maria, rejeitando a utilização do termo “Theotokos”, uma palavra muito usada para referir-se a Maria e que significa literalmente "Mãe de Deus".

Por isso concluía que Maria não pode ser chamada assim, mas simplesmente Mãe de Cristo ou do homem.

Concebe-se o alcance de tal negação. Se as duas naturezas, a divina e a humana, não estão unidas em Nosso Senhor Jesus Cristo, de

modo a formar uma única pessoa, desaparece a Encarnação e a Redenção e fica apenas o homem, pois só este sofreu com a morte.

E o homem como um ser finito que é, só pode fazer obras finitas. Logo, a Redenção não é mais de um valor infinito. Tal é o erro de Nestório. Basta, porém, um pequeno raciocínio para reconhecer como necessária a maternidade Divina da

Santíssima Virgem:

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Nosso Senhor morreu como homem na Cruz (mas como era Deus e Deus não morre) redimiu-nos pelos seus méritos infinitos.

Quando Ário divulgou o seu erro, negando a divindade da pessoa de Jesus Cristo, a Providência Divina fez aparecer o intrépido Santo Atanásio para confundi-lo, e S. Cirilo de Alexandria para refutar os erros de Nestório.

Para exterminar completamente o erro, e restringir a unidade de doutrina ao mundo, o Papa resolveu reunir o concílio de Éfeso (na Ásia Menor), em 431, convidando todos os bispos do mundo.

Perto de 200 bispos, vindos de todas as partes do orbe, reuniram-se em Éfeso. Desde a primeira sessão a heresia foi condenada. Os bispos cercando o Evangelho e o representante do Papa, pronunciaram unânime e

simultaneamente a definição proclamando que Maria é verdadeiramente Mãe de Deus. Nestório deixou de ser, desde então, bispo de Constantinopla. Em memória desta solene definição, o concílio juntou à saudação angélica estas palavras simples e

expressivas: "Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte". Para iluminar com um raio divino esta verdade tão bela e fundamental, recorramos à Sagrada

Escritura, mostrando como ali tudo proclama este título da Virgem Imaculada. Embora, no Evangelho, Ela não seja chamada expressamente "Mãe de Cristo" ou "Mãe de

Deus", esta dignidade deduz-se, com todo o rigor, do texto sagrado. O Arcanjo Gabriel, dizendo à Maria: "O santo que há de nascer de ti será chamado Filho de

Deus" (Lc 1, 35), exprime claramente que ela será Mãe de Deus. Repleta do Espírito Santo, Santa Isabel exclama: "Donde me vem a dita que a Mãe de meu

Senhor venha visitar-me?" (Lc 1, 43). O profeta Isaías predisse que a Virgem conceberia e daria à luz um Filho que seria chamado

Emanuel ou Deus connosco (Is 7, 14). Tal é o Cristo que Maria deu à luz, e que desde sempre os Santos Padres veneraram desde os

tempos apostólicos.

Portanto, se Deus elevou tão alto a sua Mãe, é porque Ele quer que ela seja por nós honrada e exaltada.

Maria concebeu o Verbo divino em seu seio, porém esta Conceição foi efeito de uma plenitude de graças e de uma operação do Espírito Santo em sua alma, um facto que desde os primórdios do Cristianismo, como já vimos, tornou comum o culto à Maria Santíssima, como aconteceu em 340 com S. Atanásio, que ao resumir os dizeres de seus antecessores nos primeiros séculos, S. Justino, S. Irineu, Tertuliano, e Orígenes, exclamou:

"Todas as hierarquias do céu vos exaltam, ó Maria, e nós, que somos vossos filhos da terra, ousamos invocar-vos e dizer-vos:

Ó vós, que sois cheia de graça, ó Maria, rogai por nós!"

2 - FESTA DA APRESENTAÇÃO DO SENHOR

(2 DE FEVEREIRO)

O Verbo feito Carne, é conduzido ao Templo.

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Quarenta dias após o nascimento e tendo-se completado os dias da purificação de Maria, conforme prescrito nas Leis de Israel, o Menino Jesus foi apresentado no Templo para ser consagrado ao Senhor.

A apresentação do Primogénito equivalia a um acto de consagração, acompanhado da oferta sacrificial de um par de rolas ou de pombinhos, sendo esta a oferenda dos pobres.

A Festa da Purificação e da Apresentação do Senhor no Templo é também conhecida como a "Festa da Candelária", devido à procissão de velas que era realizada naquele dia, principalmente na Igreja de Jerusalém.

Este rito das velas tem origem nas palavras de Simeão referindo-se ao Menino, "Luz que brilhará sobre todas as nações, e glória do teu povo, Israel".

A Festa da Apresentação também recebe o nome de "Festa do Encontro" lembrando o encontro de Simeão com Jesus. É a humanidade que se reconcilia com a Divindade.

São as bodas entre Deus e seu povo. "Agora Senhor, deixa teu servo ir em paz, segundo a tua palavra, porque meus olhos viram a salvação que preparaste ante face de todos os povos, luz que brilhará sobre todas as nações, e glória do teu povo, Israel" . (Lc 2, 29-33) Deste modo, Cristo é apresentado por Simeão como Sacramento do encontro e da reconciliação

com Deus. Logo, tal encontro passa necessariamente pela mediação da humanidade de Jesus. A aceitação deste mistério dá nova dimensão à fé. Constitui-se na absoluta necessidade de se encontrar Deus, único Autor da Salvação, na Pessoa de Jesus.

O Encontro entre o velho Simeão e o Menino Jesus representa o encontro entre o Antigo Testamento (Hebreu) com o Novo Testamento (Cristão):

Assim, na pessoa do Menino, acontece a convergência entre a Antiga e a Nova Lei. A idade avançada daquele que recebe o Menino nos braços indica a longa espera do povo hebreu

frente à novidade recente da promessa cumprida. A Mãe de Deus, eleva suas mãos, num gesto de oferenda. Naquele momento o Menino não está nos seus braços. Os braços da Mãe que antes era Trono do Salvador, oferecendo o mais precioso dos Dons ao

Altíssimo, sente saudades de portar o Rei da Glória. O Cordeiro, ciente que sua vida é pura oblação em prol da humanidade que veio regenerar, deixa os braços calorosos da Mãe e entrega-se nos braços de Simeão, representante da Humanidade.

Ao ver o Filho de Deus em seus braços, Simeão certificou-se que os homens receberiam a filiação divina e estavam salvos. (Gl 4,4-7).

Somos assim agraciados com o título de filhos no Filho e por isso podemos chamar a Deus de Pai. (Ef 1,5;2,18).

Que possamos nesta festa da Igreja ser apresentados ao Senhor, plenamente renovados pelas luzes do Espírito Santo, e que Ele realize em nós a obra da sua Misericórdia como fez com Simeão, dando-nos a alegria de ter, não somente nos braços, mas em nossos corações, o próprio Cristo, Pão Vivo que desceu do Céu.

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3 – FESTA DA ANUNCIAÇÃO DO SENHOR 25 DE MARÇO - Solenidade

Neste dia, a Igreja festeja solenemente o anúncio da Encarnação do Filho de Deus.

O tema central desta grande festa é o Verbo Divino que assume nossa natureza humana, sujeitando-se ao tempo e espaço.

Hoje é o dia em que a eternidade entra no tempo ou, como afirmou o Papa São Leão Magno: "A humildade foi assumida pela majestade; a fraqueza, pela força; a mortalidade, pela eternidade." Com alegria contemplamos o Mistério do Deus Todo-Poderoso, que na origem do Mundo cria todas as coisas com sua Palavra, porém desta vez escolhe depender da Palavra de um frágil ser humano, a Virgem Maria, para poder realizar a Encarnação do Filho Redentor:

"No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a

uma virgem e disse-lhe: ‘Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo.’ Não temas, Maria, conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Maria perguntou ao anjo: ‘Como se fará isso, pois não conheço homem?’ Respondeu-lhe o anjo:’ O Espírito Santo descerá sobre ti.

Então, Maria disse: ‘Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tu palavra’" (cf. Lc 1,26-31.34s.38). Sendo assim, hoje é o dia de proclamarmos: "E o Verbo se fez carne e habitou entre nós" (Jo

1,14a). E fazermos memória do início oficial da Redenção de TODOS, devido à plenitude dos tempos.

É o momento histórico, em que o SIM do Filho ao Pai antecipou o da Mãe: “ Eis que venho, ó Deus, para fazer a tua vontade" (Hb 10,7). Mas isto não suprimiu o necessário SIM humano da Virgem Santíssima, cumprindo-se desta

maneira a profecia de Isaías: "Por isso, o próprio Senhor vos dará um sinal: uma virgem conceberá e dará à luz um filho, e o

chamará Deus Connosco" (Is 7,14). Por isso rezemos com toda a Igreja: "Ó Deus, quisestes que vosso Verbo se fizesse homem no seio da Virgem Maria; dai-nos

participar da divindade do nosso Redentor, que proclamamos verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Por nosso Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo".

4 – S. JOSÉ, ESPOSO DA VIRGEM

SANTÍSSIMA (19 DE MARÇO) – Solenidade

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O Esposo da Virgem Maria, figura na infância de Jesus conforme a narrativa de Mateus (1-2) e Lucas (1-2) e é descrito com um homem justo.

Mateus descreve os pontos de vista de José e Lucas descreve a infância de Jesus com José, um ascendente da casa real de David.

São poucas as referências bíblicas a este insigne Santo. Em breves palavras, diremos o seguinte: Estando noivo de Maria, foi visitado por um anjo que o informou que ela estava grávida e que o

filho era do "Sagrado Espírito". Ele recebeu-a e levou-a a Belém, onde o Menino veio a nascer, por altura do recenseamento. Avisado de novo, por um anjo das intenções do Rei Herodes José levou Maria e Jesus para o

Egipto e só voltaram a Nazaré quando outro anjo lhe apareceu, informando -o da morte de Herodes. José devotou sua vida a criar Jesus. Defendeu o bom nome de Maria e Jesus chamava-o de pai e queria ser conhecido como filho de

José. É com ele que Maria vai, levando Jesus para visitar o templo e apresentar o Filho a Deus. Conjuntamente com Maria, José ficou preocupado quando Jesus se teria perdido no templo. É esta a ultima menção que lhe é feita nas Sagradas Escrituras. Os estudiosos das escrituras acreditam que ele já idoso e terá morido antes da Paixão de Cristo. A veneração especial a José começou na Igreja moderna, onde escritos apócrifos passaram a

relatar a sua história. Em 1479 foi colocado no calendário Romano com a sua festa a ser celebrada em 19 de Março. São Francisco de Assis e Santa Teresa dAvila ajudaram a espalhar a devoção, e em 1870, José foi

declarado patrono universal da Igreja pelo Papa Pio IX. Em 1889 o Papa Leão XIII elevou-o a bem próximo da Virgem Maria e o Papa Benedito XV

declarou – o patrono da justiça social. O Papa Pio XII estabeleceu uma segunda festa para São José, a festa de "São José, o trabalhador"

no primeiro dia do mês de Maio. É considerado pelos devotos como padroeiro dos carpinteiros. São José é o santo que intercede por todas as graças que necessitamos, muitas vezes de maneira

surpreendente e quase inacreditável. Por sua intercessão alcançamos a virtude da castidade e a vitória sobre as tentações contra pureza,

e o poderoso auxílio da graça para sair do pecado e voltar a amizade com Deus. Por seu intermédio alcançamos a benevolência da Santíssima Virgem Maria e a verdadeira

devoção a ela. Por sua intercessão alcançamos a graça de uma boa morte e a especial protecção contra o

demónio. Os espíritos malignos estremecem ao ouvir o nome de São José. Por sua intercessão alcançamos a saúde do corpo e o auxílio nas mais diversas necessidades. Por sua intercessão as famílias alcançam a bênção da prosperidade. Nossa Senhora revelou a Santa Águeda: "Os homens ignoram os privilégios que o Senhor concedeu a São José, e quanto pode sua

intercessão junto de Deus. Somente no dia do Juízo os homens conhecerão sua excelsa santidade e chorarão amargamente por não se haverem aproveitado desse meio tão poderoso e eficaz para sua salvação e alcançar as graças de que necessitavam".

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5 – VISITAÇÃO DA VIRGEM

31 DE MAIO – Festa

Maio é o mês de Maria. Por esse motivo foi escolhido para ser o mês das noivas e das mães. Termina o mês com a solenidade da Visitação que de maneira particular

nos oferece, um motivo de meditação bastante significativo: o reconhecimento de Maria o modelo da Igreja que, com as obras de misericórdia e de caridade, traz ao mundo a paz de Cristo Salvador.

Este dia nos reporta à Virgem que, trazendo em si mesma o Verbo, vai ajudar Isabel, já idosa e que está prestes a dar à luz.

Da Anunciação do Arcanjo Gabriel e da Visitação de Maria a sua prima nasceu a oração mais popular entre os cristãos depois do Pai Nosso, a Ave

Maria. Maria, logo que foi informada de uma forma extraordinária de que daria à luz o Filho de Deus,

ficou sabendo também que a prima enfim engravidara, após muitos anos de pedidos e espera. Parte para sua casa com o fim de lhe contar a novidade. Ao chegar foi homenageada por Isabel. Seguindo provavelmente uma caravana de peregrinos Maria saiu de Nazaré e andou cerca de cem

quilómetros pela região rochosa do centro da Palestina, até chegar a Judá, a quinze quilómetros de Jerusalém, onde vivia Isabel.

Ao vê-la Isabel viu-se tomada pelo Espírito Santo depois que a criança estremeceu dentro de si, pronunciou as conhecidas palavras: "Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre".

Maria, segundo o relato bíblico, ficou ali três meses. A festa da Visitação foi instituída em 1389 pelo Papa Urbano VI para propiciar com a

intercessão de Maria a paz e a unidade dos cristãos divididos pelo grande cisma do Ocidente. O actual calendário litúrgico deixou de lado a sequência cronológica dos acontecimentos bíblicos

e escolheu o último dia do mês de Maio, justamente porque ele foi especialmente consagrado pela devoção popular como o mês de Maria.

O anjo anunciara à Virgem Maria coisas misteriosas. Para fortalecer a sua fé com um exemplo, anunciou-lhe a maternidade de uma mulher idosa e estéril, como prova de que é possível a Deus tudo que Ele quer.

Logo ao ouvir a notícia, Maria dirigiu-se às montanhas, não por falta de fé ou falta de confiança na mensagem, nem por duvidar do exemplo dado, mas guiada pela felicidade de ver cumprida a promessa, levada pela vontade de prestar um serviço, movida pelo impulso interior de sua alegria.

Já plena de Deus, aonde ir senão depressa as alturas? A graça do Espírito Santo ignora a lentidão. Manifestam-se imediatamente os benefícios da chegada de Maria e da presença do Senhor, pois

quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança exultou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo (LC 1,41).

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A mãe não se antecipou ao filho; mas estando o filho cheio do Espírito Santo, comunicou-o a sua mãe.

João exultou; o Espírito de Nossa Senhora também exultou. A alegria de João comunicou-se a Isabel. Quanto a Maria, não nos é dito que naquele momento recebesse o Espírito Santo, mas que seu

espírito exultou. Isabel recebeu o Espírito santo depois de conceber. Maria já O havia recebido, antes. Por isso Isabel diz a Maria: Feliz és tu que acreditaste (Lc 1,45). Felizes somos nós que ouvimos e acreditamos, pois toda a alma que possui a fé, dará à luz a

palavra de Deus

6 - IMACULADO CORAÇÃO DE MARIA – Devoção

(DIA QUE SUCEDE AO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS (JUNHO)

A devoção ao Coração Imaculado de Maria germinou na era patrística e desenvolveu-se na Idade Média e nos tempos modernos, por obra de São Bernardo, de Santa Gertrudes, de Santa Brígida, de São Bernardino

de Sena e São João Eudes. Este último foi o maior apóstolo do culto ao Coração de Maria, e em 1648 conseguiu obter a

festa do Bispo de Autun (França). A Santa Sé mostrou-se-lhe favorável ao início do século XIX, até que, em 1805 Pio VII concedeu a celebração da festa às Dioceses e às Congregações religiosas que lhe faziam pedido.

Mais tarde (1855), Pio IX aprovou a Missa e o Ofício próprios. Durante a última grande guerra (8 de Dezembro de 1942), Pio XII fez a consagração da Igreja e

de todo o género humano ao Coração Imaculado de Maria e, três anos após (1945), estendia a festa à Igreja universal.

O objecto primário da festa do Coração Imaculado de Maria é a sua mesma pessoa. O objecto secundário é o seu Coração simbólico, isto é, o coração físico da Virgem enquanto é

símbolo de seu amor e de toda a sua vida íntima. O Coração Imaculado de Maria é a expressão de todos os seus sentimentos, afectos, e, sobretudo, de sua ardentíssima caridade para com Deus, para com seu Filho e para com todos os homens, que lhe foram confiados solenemente por Jesus agonizante.

A Festa sugere o louvor e acção de graças ao Senhor por nos haver dado uma Mãe tão poderosa e misericordiosa, à qual nos podemos dirigir confiantemente em qualquer necessidade. Inspira também que conduzamos uma vida segundo o coração de Deus e que peçamos à Virgem Santa a chama de uma caridade ardente.

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Maria é o lugar humano onde Deus se fez carne. Maria foi escolhida entre toda a humanidade para dar carne ao Coração do Filho de Deus. No coração de Maria bate forte o Coração de Cristo. No coração pobre de Maria pulsa a inesgotável riqueza do amor terno do nosso Deus

Maria ensina-nos o caminho para chegar a Jesus Cristo. Pelo teu coração, conduz o nosso coração ao coração de Cristo.

Oração Deus de bondade, que enchestes o Coração Santíssimo e imaculado de Maria dos sentimentos de misericórdia e de ternura, de que foi sempre penetrado o Coração de Jesus Cristo, vosso Filho, concedei a todos aqueles que honram esse Coração Virginal, a graça de conservar até à morte uma perfeita conformidade de sentimentos e inclinações com o coração Sagrado de Jesus Cristo, que vive e reina convosco e o Espírito Santo por todos os séculos. Amém

7 – SANTA ANA E SÃO JOAQUIM 26 DE JULHO – Festa

São escassos os dados biográficos sobre os pais da Bem Aventurada Virgem

Maria. Sabe-se, que São Joaquim pertencia à família real de David. Era um parente próximo de São José. Era um homem pio que fora censurado pelo sacerdote Rúben por não ter

filhos. Mas, Sant’Ana, sua mulher já era idosa e estéril. Confiando no poder divino, São Joaquim retirou-se para o deserto para rezar

e fazer penitência. Ali lhe apareceu um anjo do Senhor, dizendo que Deus havia ouvido as suas preces e assim veio a

acontecer. A esposa Sant’Ana ficou grávida. A paciência e a resignação com que sofriam a esterilidade deram-lhe o prémio de ter por filha

aquela que havia de ser a Mãe de Deus. Residiam em Jerusalém, ao lado da piscina de Betsaida, onde hoje se ergue a Basílica de Santana. Aí , num sábado, a 8 de Setembro do ano 20 a.C., nasceu-lhes uma filha que recebeu o nome de

Miriam, que em hebraico significa Senhora da Luz, traduzido para o latim como Maria.

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Diz a tradição cristã que São Joaquim morreu com a idade de oitenta anos, quando Maria Santíssima era ainda menina de doze anos. Até então, era ela aluna da escola do Templo de Jerusalém, onde fora oferecida aos três anos de idade.

Diz-nos, ainda, a tradição que Joaquim nasceu em Nazaré e se casou muito jovem. Como não tivessem filhos durante muitos anos Joaquim era publicamente apontado, pois não ter

filhos era considerado uma punição de Deus pela sua inutilidade. Um dia o sacerdote do templo recusou-lhe a oferta de um cordeiro e ele, consternado, teria ido

para o deserto, onde jejuou e rezou durante 40 dias. O Pai de Ana teria sido um judeu nómada chamado Akar que trouxe sua mulher para Nazaré

com sua filha Ana. Após o casamento de sua filha com Joaquim sentia-se triste por não ser agraciado com netos,

enquanto Ana orava a Deus para que a atendesse. Foi então que um anjo lhe disse que o filho que teriam seria honrado e louvado por todo o

mundo. Ana teria respondido; "Se Deus vive e se eu conceber um filho ou filha será um dom do meu Deus e eu servi-lo-ei toda

a minha vida." Santa Ana deu a luz Maria quando tinha 40 anos. Ana cumpriu a sua promessa e ofereceu Maria a serviço de Deus, no templo, quando ela tinha 3

anos e de acordo com a tradição Ana e Joaquim viveram para ver o nascimento de Jesus. A devoção aos pais de Nossa Senhora é muito antiga no oriente, onde foram cultuados desde os

primeiros séculos da era cristã. A sua festa era celebrada originalmente no dia 20 de Março, associada à de São José, tendo sido

depois transferida para o dia 16 de Agosto. Em 1879, o papa Leão XIII, estendeu esta festa a toda Igreja. Finalmente, o Papa Paulo VI associou num único dia, 26 de Julho, a celebração dos pais de Maria

Santíssima. Temos assim, que é um culto antiquíssimo, tendo atingindo sua plenitude no século VI. No ocidente, o culto de Santa Ana remonta ao século VIII, quando, no ano de 710, suas relíquias

foram levadas da Terra Santa para Constantinopla, donde foram distribuídas para muitas igrejas do ocidente, estando a maior delas na igreja de Sant’Ana, em Düren, Renânia, Alemanha.

Seu culto foi-se tornando muito popular na Idade Média, especialmente na Alemanha. Em 1378, o Papa Urbano IV oficializou seu culto. Em 1584, o Papa Gregório XIII fixou a data da festa de Sant’Ana em 26 de Julho, e o Papa Leão

XIII estendeu-a para toda a Igreja, em 1879. Tendo sido São Joaquim comemorado, inicialmente, em dia diverso ao de Sant’Ana, o Papa Paulo

VI associou num único dia, 26 de Julho, a celebração dos pais de Maria Santíssima. São João Damasceno exorta Joaquim e Ana como modelos de pais e esposos cujo principal dever

era educar seus filhos. O Imperador Justiniano construiu em Constantinopla, uma igreja em honra de Santa Anna pelo

ano de 550.

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O culto a Santa Ana chegou a ser até atacada por Martinho Lutero, especialmente as imagens com Jesus e Maria, um objecto favorito dos pintores da Renascença.

Em resposta, a Santa Sé estendeu a sua festa para toda a Igreja em 1582.

8 – ASSUNÇÃO DA VIRGEM MARIA 15 DE AGOSTO - Solenidade

O dogma da Assunção assegura que a Mãe de Deus no fim da sua vida

terrena foi elevada em corpo e alma à glória celestial. Este dogma foi proclamado pelo Papa Pio XII, no dia 1 de Novembro de

1950, na Constituição Munificentissimus Deus, que diz assim: "Depois de elevar a Deus muitas e reiteradas preces e de invocar a luz do

Espírito da Verdade, para glória de Deus omnipotente, que outorgou à Virgem Maria sua peculiar benevolência; para honra do seu Filho, Rei imortal dos séculos e vencedor do pecado e da morte; para aumentar a glória da mesma augusta Mãe e para gozo e alegria de toda a Igreja, com a autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados apóstolos Pedro e Paulo e con a nossa, pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que a Imaculada Mãe de Deus e sempre Virgem Maria, terminado o curso da

sua vida terrena, foi assumida em corpo e alma à glória do céu". A importância da Assunção neste Terceiro Milénio da Era Cristã, radica na relação que existe

entre a Ressurreição de Cristo e Maria, mulher da nossa raça, ser humano como nós, que se encontra em corpo e alma já glorificada no Céu, como uma antecipação da nossa própria ressurreição.

A Assunção de Maria em corpo e alma ao céu é um dogma da nossa fé católica, expressamente definido pelo Papa Pio XII.

Em termos simples, Dogma é uma verdade de Fé, revelada por Deus (na Sagrada Escritura ou contida na Tradição), e que também é proposta pela Igreja como realmente revelada por Deus, através do Vigário de Cristo, Cabeça Visível da Igreja, Mestre Supremo da Fé, com intenção de propor um assunto como crença obrigatória dos fiéis católicos.

O Papa João Paulo II, em 2 de Julho de 1997, numa das suas catequeses sobre a Assunção, explica isto nos seguintes termos:

"O dogma da Assunção, afirma que o corpo de Maria foi glorificado depois de sua morte. Com efeito, enquanto para os demais homens a ressurreição dos corpos ocorrerá no fim do mundo, para Maria a glorificação do seu corpo se antecipou por singular privilégio" , voltando de novo ao assunto em 9 de Julho do mesmo ano, no decorrer de uma Audiência Geral:

"Contemplando o mistério da Assunção da Virgem, é possível compreender o plano da Providência Divina com respeito à humanidade: depois de Cristo, Verbo Encarnado, Maria é a primeira criatura humana que realizou o ideal escatológico, antecipando a plenitude da felicidade prometida aos eleitos mediante a ressurreição dos corpos"

Estimula-nos a elevar nosso olhar às alturas onde se encontra Cristo, sentado à direita do Pai, e onde também está a humilde escrava de Nazaré, já na glória celestial"(JPII, 15-agosto-97).

O mistério da Assunção da Santíssima Virgem Maria ao Céu é um convite a fazer uma pausa na vida agitada que levamos, para reflectir sobre o seu sentido e sobre o nosso fim último: a Vida Eterna, junto com a Santíssima Trindade, a Santíssima Virgem Maria e os Anjos e Santos do Céu.

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O facto de saber que Maria já está no Céu gloriosa em corpo e alma, como nos foi prometido aos que façamos a Vontade de Deus, nos renova a esperança em nossa futura imortalidade e felicidade perfeita para sempre.

Na homilia proferida na Solenidade da Assunção de Maria em Castel Gandolfo, em 15 de Agosto de 1997, O Papa João Paulo II, disse o seguinte:

“A hodierna Liturgia põe-nos diante do fúlgido ícone da Assunção da Virgem ao céu, na integridade da alma e do corpo. No esplendor da glória celeste brilha Aquela que, em virtude da sua humildade, se fez grande diante do Altíssimo, a ponto de todas as gerações a chamarem bem-aventurada (cf. Lc 1, 48). Agora senta-se como Rainha ao lado do Filho, na eterna bem-aventurança do paraíso e do Alto olha para os seus filhos.

Com esta consoladora certeza, dirigimo-nos a Ela e invocamo-la para que ajude os seus filhos: a Igreja e toda a humanidade, a fim de que todos, imitando-a no fiel seguimento de Cristo, possamos alcançar a pátria definitiva do céu.

Primeira entre os remidos pelo sacrifício pascal de Cristo, hoje Maria resplandece como Rainha de todos nós, peregrinos, rumo à vida imortal.

N'Ela, que foi elevada ao céu, é-nos manifestado o eterno destino que nos aguarda para além do mistério da morte: destino de felicidade total, na glória divina. Esta perspectiva sobrenatural sustém a nossa peregrinação quotidiana.

Maria é a nossa Mestra de vida. Olhando para Ela, compreendemos melhor o valor relativo das grandezas terrenas e o pleno

sentido da nossa vocação cristã. Orienta-os a amar, adorar e servir a Jesus, o bendito fruto do teu seio, ó clemente, ó piedosa, ó

doce Virgem Maria!

9 – NATIVIDADE DA VIRGEM 8 DE SETEMBRO - Festa

A Natividade de Nossa Senhora é a festa de seu nascimento. É celebrada

desde o início do cristianismo, no Oriente. E no Ocidente, desde o século VII. No Sermão do Nascimento da Mãe de Deus, diz o Padre António Vieira: "Perguntai aos enfermos para que nasce esta Celestial Menina. Dir-vos-ão

que nasce para Senhora da Saúde; perguntai aos pobres, dirão que nasce para Senhora dos Remédios; perguntai aos desamparados, dirão que nasce para Senhora do Amparo; perguntai aos desconsolados, dirão que nasce para Senhora da Consolação; perguntai aos tristes, dirão que nasce para Senhora dos Prazeres; perguntai aos desesperados, dirão que nasce para Senhora da Esperança; os cegos dirão que nasce para Senhora da Luz; os discordes: para Senhora da Paz; os desencaminhados: para Senhora da Guia; os cativos: para Senhora do Livramento; os cercados: para Senhora da Vitória. Dirão os pleiteantes que nasce

para Senhora do Bom Despacho; os navegantes: para Senhora da Boa Viagem; os temerosos da sua fortuna: para Senhora do Bom Sucesso; os desconfiados da vida: para Senhora da Boa Morte; os pecadores todos: para Senhora da Graça; e todos os seus devotos: para Senhora da Glória. E se todas estas vozes se unirem em uma só voz (...), dirão que nasce (...) para ser Maria e Mãe de Jesus".

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Lemos no Livro do Eclesiástico: A beleza do céu é a glória das estrelas, que ilumina o mundo (Eclo 43, 10).

Conta uma história antiga que um homem santo, mergulhado em oração, ouviu a melodia dum canto angélico no céu. Passado um ano, no mesmo dia, voltou a ouvi-lo e perguntou ao Senhor que lhe revelasse o que vinha a ser aquilo.

Ouviu por resposta que nesse dia nascera Maria Santíssima. Por esse motivo, os Anjos cantavam louvores ao Senhor, estando o dia mergulhado numa grande

luz. A natividade da gloriosa Virgem iluminara o mundo, como uma gloriosa estrela da manhã. Quando chegou o tempo de edificar a casa do Senhor, o tempo aceitável e o dia da salvação, o

Senhor fez aparecer a estrela da manhã, Maria Santíssima, para luz dos povos. Na sua Natividade, Maria Santíssima assumiu-se com a estrela da manhã. Dela, diz Isaías: Sairá uma vara do tronco de Jessé, e uma flor brotará da sua raiz (Isaías 11, 1). Repare-se que

Maria Santíssima se chama vara, por causa das cinco propriedades que esta possui: é longa, recta, sólida, grácil e flexível.

Maria Santíssima foi longa na contemplação, recta na perfeição da justiça, sólida na estabilidade do entendimento, grácil na pobreza, flexível na humildade.

Esta vara saiu da raiz de Jessé, pai de David, de quem proveio Maria, da qual nasceu Jesus. Maria é apresentada pela Liturgia como a "Virgem bela e Gloriosa" que Deus amou com

predilecção deste a sua eternidade desde toda a Criação como sua obra-prima, enriquecida das graças mais sublimes e elevada à excelsa dignidade de Mãe de Deus e de Bem-aventurada Virgem.

Com o seu nascimento é anunciado ao mundo a boa nova: a mãe do Salvador já está entre nós. Visivelmente, nenhum acontecimento extraordinário acompanhou o nascimento de Maria e os

Evangelhos nada dizem sobre sua natividade. Nenhum relato de profecia, nem aparições de anjos, nem sinais extraordinários são narrados

pelos Evangelistas Tem-se poucos registros históricos da cidade onde nascera Maria, mas por ser conhecida como

"A Virgem de Nazaré", intui-se que foi lá que Joaquim e Ana (avós de Jesus) receberam de Deus a pequena Maria.

Cresceu como todas as jovens, mas distinguia-se por ser toda de Deus, guardando tudo em seu coração". A sua vida ,tão cheia de normalidade, ensina-nos a agir em tudo com olhos postos em Deus numa perpétua oferenda ao Senhor.

Maria é a aurora que preconizou a vinda Sol, prefigurado na Pessoa de Jesus Cristo.

10 – APRESENTAÇÃO DA VIRGEM

21 DE NOVEMBRO - Festa

A memória da apresentação da Virgem Maria é celebrada no dia 21

de Novembro, quando se comemora um dos momentos sagrados da vida da Mãe de Deus na sua apresentação no Templo por seus pais Joaquim e Ana.

Nenhum livro da Sagrada Escritura relata este acontecimento, sendo fartamente tratado nas escrituras apócrifas, que não são reconhecidas

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como inspiradas. Segundo esses apócrifos, a apresentação de Maria foi muito solene. Tanto no momento de sua oferta como durante o tempo de sua permanência no Templo verificaram-se alguns factos prodigiosos:

Maria, conforme a promessa feita pelos seus pais, foi conduzida ao Templo aos três anos, acompanhada por um grande número de meninas hebréias que seguravam tochas acesas, com a presença de autoridades de Jerusalém e entre cantos angélicos.

Para subir ao Templo havia 15 degraus, que Maria subiu sozinha, embora fosse tão pequena. Os apócrifos dizem ainda que Maria no Templo se alimentava com uma comida extraordinária

trazida directamente pelos anjos e que ela não residia com as outras meninas. Segundo a mesma tradição apócrifa ela teria ali permanecido doze anos, saindo apenas para desposar São José, pois durante este período havia perdido seus pais.

Na Igreja Oriental, a festa da Apresentação é celebrada desde o século VII, no dia 21 de Novembro, aniversário da Dedicação da Igreja de Santa Maria Nova, em Jerusalém.

Contudo, ela só foi estabelecida na Igreja Ocidental no século XIV pelo Papa Gregório XI, a pedido do embaixador de Chipre junto à Santa Sé.

A cidade de Avinhão, na França, residência dos papas naquela época, teve a glória de ser a primeira do Ocidente a celebrar a nova festividade em 1732.

Desde então este episódio da vida de Maria Santíssima começou a despertar o interesse dos cristãos e dos artistas, surgindo belíssimas pinturas sobre o tema da Apresentação.

. ORAÇÃO À NOSSA SENHORA DA APRESENTAÇÃO Minha boa Mãe do Céu, Nossa Senhora da Apresentação, que aos três anos subistes as escadarias do Templo para vos consagrardes inteiramente a Deus, praticando assim o acto mais agradável ao Senhor, seja-vos também agradável, a nossa homenagem, a nossa consagração. Consagrastes ao Senhor, ó Rainha do Céu, o vosso espírito e vosso coração, a flor da vossa infância, o vosso corpo e todas as potências do vosso ser pelo sacrifício total, generoso e desinteressado, pela mais solene imolação que o mundo já viu, antes da imolação do Calvário. Nós, aqui na terra de exílio, unimos aos espíritos celestes que assistiram à cerimónia do Templo, que é o prelúdio de todas as vossas festas

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e com elas e todos os santos cantamos as glórias da vossa Apresentação bendita. Ámen.

11 – FESTA DA IMACULADA CONCEIÇÃO 8 DE DEZEMBRO - Solenidade

Estamos diante de um mistério. Ou seja: diante de um facto que a nossa

inteligência não consegue abranger nem explicar por inteiro. O privilégio da Imaculada Conceição não se refere, exclusivamente, aos factos

de Maria de Nazaré ter sido virgem antes, durante e depois do parto de Jesus, nem de ter concebido o filho por obra e graça do Espírito Santo, nem de Maria não ter cometido nenhum dos pecados que nós costumamos fazer.

A Imaculada Conceição da Virgem Maria é um dogma da Igreja Católica Romana que foi definido no século XIX, após uma prolongada história de reflexão e de amadurecimento.

Olhando este dogma à luz da História, pode afirmar-se que a Igreja Católica sempre acreditou na imunidade de Maria do pecado original.

Tanto no Oriente como no Ocidente, na crença popular e na liturgia, desde os primeiros séculos,

celebrou-se a santidade e pureza da Mãe de Jesus, o que levou à reflexão teológica da Igreja, que aos poucos foi aprofundando essa crença do povo de Deus.

Efectivamente, quer o povo quer a liturgia encontrou, desde muito cedo, na Bíblia os fundamentos desta doutrina.

São Lucas diz que Maria é “cheia de graça” (Lc 1, 28), significando que ela está plena do favor de Deus, da graça divina.

Se está totalmente possuída por Deus, não há, em sua vida e coração, lugar para o pecado. E o mesmo evangelista em (1, 31) diz o seguinte sobre Maria: “conceberás em teu seio”, feito por

obra e graça de Deus, um santuário vivo. Em consequência, Maria devia ser totalmente pura, isenta de qualquer mancha do pecado. Na cena da serpente (Gn 3,15) lemos: “Porei ódio entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu lhe

ferirás o calcanhar.” Este passo, chamado de “proto-evangelho” levou a que a fé cristã interpretasse que a mulher ali

referida é Maria, enquanto a serpente é a prefiguração do demónio. Por ser mãe do Salvador, Nossa Senhora não poderia ficar sob o poder do demónio, por um

breve momento que fosse, porque o Filho de Deus não poderia nascer de uma mulher sujeita ao mal, ao pecado.

Portanto, Maria devia ficar imune ao pecado original. Os escritos cristãos do século II já concebiam Maria como nova Eva, ao lado de Jesus, o novo

Adão, na luta contra o mal, sendo certo que no século VIII já se celebrava a festa litúrgica da Conceição de Maria aos 8 de Dezembro ou nove meses antes da festa da natividade de Nossa Senhora, comemorada no dia 8 de Setembro.

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No século X a Grã-Bretanha já celebrava a Imaculada Conceição de Maria. Maria é fonte de santidade para a Igreja. Revelou-se, mais perto de nós, em Lourdes, no dia 25 de Março de 1858. Na manhã daquele dia confidenciou a Bernardete: “Eu sou a Imaculada Conceição”.

12 – FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA 1º DOMINGO A SEGUIR AO NATAL

(EXCEPTO, QUANDO ESTA COINCIDE AO DOMINGO. NESTA CASO A FESTA DA SAGRADA

FAMÍLIA REALIZA-SE A 30 DE DEZEMBRO – SEXTA-FEIRA)

O clima de amor que as famílias vivem no Natal invade sempre a Solenidade do Nascimento do Senhor. Liturgicamente, a Igreja detém-se no facto do Filho de Deus ter tido necessidade de uma família que o acolhesse. Como menino e homem, precisou ser amado por um coração de mãe. Experimentou a dependência na submissão a seus pais. Sentiu a contingência de crescer e aprender no interior de um lar e de uma cultura

determinada. O mistério da Encarnação entrelaça-se desta maneira, com a realidade de uma família, escola de amor e de fé, de inculturação e de sociabilidade. Maria, a Virgem Mãe, acolhe na fé o mistério, fruto do seu ventre. São José também acolhe na Fé o mistério, adoptando o Menino e recebendo sua Mãe.

Deste modo, assume a paternidade legal de Jesus, cumprindo com fidelidade sua altruíssima e insubstituível missão.

A oportunidade da festa da Sagrada Família, proporciona-nos que a apresentemos como protótipo, exemplo e modelo para todas as famílias cristãs.

Embora constitua, também, um mistério especial pela natureza do amor e do matrimónio que uniam José e Maria, a presença do Filho de Deus, e a natureza das relações de Maria e de José para com Ele, tornou-a modelo de virtudes teologais, a serem cultivadas por todas as famílias cristãs.

O sentido de Deus, do sagrado e do mistério, norteava e unia-os a todos. Ouçamos, sobre isto, o que nos diz, na conclusão da Familiaris Consortio, o Papa João Paulo II: Por misterioso desígnio de Deus, nela viveu o Filho de Deus escondido por muitos anos: é, pois,

protótipo e exemplo de todas as famílias cristãs. E aquela Família, única no mundo, que passou uma existência anónima e silenciosa pequena

localidade da Palestina; que foi provada pela pobreza, pela perseguição, pelo exílio; que glorificou a Deus de modo incomparavelmente, alto e puro, não deixará de ajudar as famílias cristãs, ou melhor, todas as famílias do mundo, na fidelidade aos deveres quotidianos, no suportar as ânsias e as tribulações da vida, na generosa abertura às necessidades dos outros, no feliz cumprimento do plano de Deus a seu respeito.

É desta maneira o conteúdo de algumas mensagens bíblicas: Ben Sirac apresenta, como pai, os deveres de seus filhos para consigo (Eclo 3,3-7.14-17a). Vivendo em Jerusalém numa época de forte influência helénica, tem consciência da importância

da família como transmissora dos valores tradicionais da sabedoria do seu povo.

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S. Paulo na Carta aos Colossenses (Cl 3,12-21) expressa-se, propondo um itinerário de santidade para os eleitos de Deus, assente nas virtudes humanas no relacionamento mútuo: sentimentos de compaixão, bondade, humildade, mansidão, (v.12); suportação e perdão recíproco, à semelhança do Senhor que perdoa (v.13).

A caridade, como vínculo da perfeição (v.14). Além disto, apresenta uma norma para qualquer palavra ou acção: Tudo fazer em nome do Senhor Jesus, dando por Ele graças a Deus, (v.17). Expõe alguns preceitos que podem animar o relacionamento conjugal. Insere preceitos que podem animar o relacionamento familiar: Os filhos obedeçam aos pais em tudo, pois isso é agradável ao Senhor; os pais não irritem os

filhos para que não desanimem (v.21). Na fuga da Sagrada Família para o Egipto e seu retorno, Mateus (Mt 2,13-15.19-23) descreve os

factos, mostrando como Jesus pode ser considerado o novo Moisés e novo Jacó-Israel. À semelhança do faraó que ordena a matança dos filhos dos hebreus (Ex 1,15.22), Herodes

decreta a morte de todos os meninos de dois anos para baixo (v.16). Assim como Moisés escapou do massacre das crianças (Ex 2,1-10) e, em seguida, se livrou das

mãos do faraó, refugiando-se no estrangeiro (Ex 2,11-15), Jesus livrar-se-á da matança dos inocentes, fugindo para o Egipto (vv.13-15).

Jesus é o novo Jacó-Israel, pois com a sua fuga evoca a antiga descida de Jacób para o Egipto com a promessa de subir de novo, tornando-se uma grande nação (Gn 46,2).

Jesus que é obrigado a fugir de seu povo ao nascer e que morrerá como estrangeiro, fora da porta (Hb 13,12) levantará consigo um novo povo que lhe pertence, a Igreja (At 20,28b).

Tal é Jesus, membro da Sagrada Família de Nazaré. Foi efectivamente, no interior de um lar como os outros, quanto aos aspectos exteriores que se

começaram a desenrolar, entre os seus membros as primeiras páginas do Novo Testamento e que o Céu, em seu Verbo, se fez carne que se veio doar aos homens, por amor e pela salvação de todos.

O testemunho do Cristo e de seus pais demonstra, também, o imenso esplendor que pode atingir uma vida familiar comum, vivida em Deus, na simplicidade e num grande amor compartilhado, como aconteceu com Maria e José.

Caríssimas Irmãos e Irmãs

Este foi o roteiro mariano por onde passei ao longo de todo um ano. Roteiro breve, pelo tempo de que dispunha, mas rico de amor pela Mãe de Deus. Pessoalmente, também eu fiquei mais rica por ter escrito e por vos ter lido estas páginas. Não disse nada de novo. Mas disse – disso, tenho a certeza – por palavras minhas, muito daquilo que trago na alma e pelo

qual, depois de vo-lo ter transmitido, fico a dar graças à Senhora do Amparo por me ter proporcionado este momento.

Lisboa, Igreja de Nossa Senhora do Amparo, 28 de Outubro de 2007

Helena de Lourdes de Jesus Costa Martins Mendes