IGUAL #08- Agosto 2010

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#08 DISTRIBUIÇÃO GRATUITA AGOSTO 2010 POPCULT+WEB2.0

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#08DISTRIBUIÇÃO GRATUITAAGOSTO 2010

POPCULT+WEB2.0

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Christian “MEGAZORD” Oldham Sacramento, E.U.A.

CAPA E CONTRA-CAPA POR

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Catarina Romão

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Paginação & Design: Miguel Carvalho & Sofia de EçaContacto: [email protected]/Edição: Eufaçooquequero PRESS

Tiragem: só para os amigos/onlinePeriodicidade: errática (distribuição gratuita)

Site: http://issuu.com/miguelc

Disclaimer: Esta revista é um trabalho académico. As imagens e fotografias que não são da autoria do Director Vitalício, além de estarem devidamente creditadas, estão aqui presentes sem qualquer fim lucrativo e são contempladas pelo uso justo, ou seja, de total boa fé no contexto académico/não-lucrativo inerente à IGUAL.

Director Vitalício & Editor: Miguel CarvalhoTop-Ajudante: Ana Maria Henriques

Colaboradores: Ana Maria Henriques, Catarina Romão, David P. Silva, Francisco Dias, Luís Leal Miranda,

Pedro Rios, Tiago Teixeira, Christian “Megazord” Oldham

Capa e Contra-Capa: Christian Oldham

Conteúdotodos os textos, fotografias e ilustrações são da autoria de

Miguel Carvalho excepto se creditados

SUMMER ISSUE

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Olá, amigo leitor.É Verão outra vez. Por mais que eu ouça nos cafés que já não há estações e que este tempo

anda louco, continua a haver Agosto e seguirá havendo férias, pelo menos enquanto a Nação nãonos chamar, a nós, fruto pródigo do seu ventre, para trabalhar os doze meses do ano (directiva europeia).O oitavo é o mês mais lindo do ano. Regressam os emigrantes, fundadores da noção de pátria, cansados

de chorar a distância para o país-mãe. Abracemo-los! E regressa a placidez dos dias em que nãohá nada para fazer, a menos que se queira mesmo fazê-lo. De calções ou, melhor ainda, sem eles.

Outra coisa boa de se fazer é ler esta edição. Há imensa coisa de valor. Começava por destacar o Centrão,diferente de qualquer outro que já tenhamos publicado. E com uma novidade: traz entrevista ao autor, o puto

californiano que assina como Megazord e que podem ver ainda na capa e contra-capa. Este mês entrevistamos ainda o realizador Tiago Pereira, que conhecemos há uns meses no Porto, mas que estava muito cansado para responder ali

mesmo, e Nuno Monteiro, ele próprio um emigrante, mas que chega às nossas páginas por ser o ilustre autor de dezenas de vídeos para o nosso guru musical preferido, R. Stevie Moore, de quem, se bem se lembram, já falámos

na edição #00. Em dose dupla regressa o Culto e desta vez os temas são a linha de figuras do Star Wars da Kenner e uma retrospectiva nostálgica sobre o fenómeno recente do motion control nas consolas de vídeojogos caseiras.

E temos dois guias de Verão: um com os Desenhos da Catarina (Romão) que zela pela vossa saúde, o segundo com dicas da Ana para aprender a fazer boas malas de viagem. Aprendam com as mulheres.

Tanto por tão pouco.

Boas férias, bom descanso.

Miguel Carvalho

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“EDITORIALEDITORIAL

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ÍNDICE

CRONICA 12//PR RECOMENDA 14AMCP 16//GUIAS DE VERAO 18

CENTRAO 26ENTREVISTAS 48//CULTO 60

ATE A PROXIMA 64

48 26

52 20 60

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ANEWSLETTERDOMIGUEL.TUMBLR.

COMANEWSLETTERDOMIGUEL.TUMBLR.COM

Jason Adam Baker

26

60

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C O L A B O R A D O R E S

Catarina Romão

Luís Leal Miranda

David P. Silva

Francisco DiasNascido no Porto, passou a infância entre o Casão Militar e a montra da Brinca Brincalhão no C.C. Brasília. Nubca se refez

do fecho da Roma Megastore na Baixa. Recorda com carinho o entusiasmo com que participou pela primeira vez numa rede

social. O seu lema de vida é “tem pai que é cego”

Vive em Lisboa com a Ágata e três gatas ao lado do hospital psiquiátrico Miguel Bombarda. É jornalista e vai beber café à Portuguesa da Alameda, onde a bica custa o mesmo que

a imperial (€0,50). Ao balcão estão sempre dois reformados conhecidos por “Sr. Director” e “Sr. Doutor”.

Mora em Alfama mas só diz palavrões baixinho. Viu mais de 100 vezes o “Pet Sematary II”, sabe-o de cor. Gosta de gore e de pézinhos de coentrada. Estudou psicologia, é publicitária.

Descobriu as canetas de feltro. Em 2012 vai ser acunpunctora. Todos acham que não.

Criado nos subúrbios do Porto, trocou a bola e a bicicleta pelo computador e consola no início da adolescência. Falaria francês

tão bem como inglês se o Cartoon Network fosse francófono. Nasceu em Caracas, mas viajaria mais depressa para o Japão.

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C O L A B O R A D O R E S

Pedro Rios

Ana Maria Henriques

Christian Oldham

Tiago Teixeira

Nasceu numa vila piscatória onde não se passa nada e habita agora no Porto. O pai foi olheiro do Benfica. Não come carne e bebe leite de soja todos os dias. Gosta de vestidos e tem uma predilecção por sapatilhas vermelhas. Não gosta de pessoas que se exercitam. Já foi operada a laser.

Vive na Vergada, onde se pavoneia ao volante do seu citadino azul. Quando veste de cabedal as pessoas tendem a dar-lhe razão. No Twitter, já são mais as pessoas que o seguem do que as seguidas. Já foi chefe de quase toda a redacção desta revista e até tocou em bandas. Gosta de listas.

Este imenso talento californiano só tem 18 anos e já fez vídeos para Stellar OM Source, Zack Hill e Oneohtrix Point Never, apesar da sua formação artística se resumir a uma cadeira de fotografia. Cresceu a ver os Power Rangers, mas em Setembro já vai para a faculdade. Tem medo do Facebook.

Tem mais alcunhas do que apelidos e um cabelo lendário acima do Mondego. Sabe tudo e conhece toda a gente (mesmo). Morre de saudades dos seus anos de liceu. Vive obcecado com Pais Natal, gangsters e uma frase de Descartes. Não teme o ridículo: em casa, na rua, no trabalho. É filho único.

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CRÓNICA

por Tiago Teixeira

Economias de Palha

FACTO: Em 2006, depois de vencer o Mundial de Futebol, a Itália viu a sua economia crescer mais 0,5 pontos percentuais do que o esperado, atingindo um recorde de seis anos. HIPÓTESE: Vencer o Mundial é benéfico para a economia do

país? Pouco depois do Mundial de 2006 foi lançado um livro chamado “Soccernomics” que explorava brevemente os efeitos económicos que um evento deste género trazia aos países que nele participavam e talvez a conclusão mais

importante que dele extraímos é mesmo a mais imediata e simples: “happy people spend more” e é com esta premissa que podemos tentar traçar o cenário de como seria Portugal caso tivéssemos ganho em 2010.

Começando pelo que foi verificado, a Telepizza, durante os jogos de Portugal da fase de grupos, aumentou em média 30% as vendas e, no jogo contra a Espanha, o aumento foi de 70%. Assumindo que o aumento se manteria, em média, neste nível nos restantes três jogos (o que é um pouco irreal uma vez que um deles seria a final e que nem todos são à mesma hora) só a Telepizza e a Pizza Hut teriam um aumento total de 1,2 milhões de euros em vendas. Considerando

que em dia de jogo, e com toda a moda dos big-screens nas praças das nossas cidades para “bom petisco, boa cerveja”, esperar-se-ia um aumento total de oito milhões de euros nas vendas de Super Bock e Sagres. Poderíamos ainda

considerar que até Agosto a FPF aumentaria as suas vendas de merchandise da selecção em 300 mil euros, mas isso seria irrisório comparado com o universo de vendas da candonga. Mas nem tudo é consumo pessoal puro: a RTP e a SIC registaram 16 milhões de euros com a publicidade na fase dos grupos. Considerando que Portugal chegava à final, este

valor subiria para, no mínimo, 32 milhões com os restantes jogos (não considerando um normal crescimento exponencial que é incalculável). Isto, claro, não falando dos direitos de transmissão internacionais recebidos caso Portugal chegasse

à final – que seriam à volta de 30 milhões de euros, considerando o que foi ganho pela Espanha/Holanda nas suas caminhadas. Portugal, embalado pela febre do Mundial, iria esquecer o encerramento de escolas, as portagens das SCUT ou os cortes de custos na saúde e, se Portugal ganhasse, Sócrates iria ter uma bela photo-op com a equipa (que também

ganharia um bónus interessante).

Mas nem todos os ganhos são conseguidos durante o Mundial. Como disse Antonio Martín, director do Mestrado em Gestão de Desporto na IE Business School, “vencer o Mundial é uma grande campanha de marketing de graça” o que

tem um enorme impacto a nível de exposição nacional no estrangeiro. Como Portugal nunca ganhou um Mundial, é provável que atenção trouxesse um afluxo de turistas para as nossas praias (principalmente porque não teríamos eliminado os ingleses, italianos ou franceses, três dos nossos principais clientes no que se refere a turismo). Tendo

em conta que o sector movimenta mais de 11% do PIB, ou seja, cerca de 18 mil milhões de euros, seria de esperar um aumento de pelo menos 500 milhões – do qual uma grande percentagem seria assegurada pela TAP, que iria gerar uma ainda mais significativa aceleração do consumo interno. Isto, acoplado com o facto de que provavelmente os jogadores nacionais teriam uma visibilidade extra, conseguindo assim contractos mais chorudos (possivelmente internacionais),

deixando dinheiro nos clubes, nos seus agentes (Jorge Mendes, esta é para ti) e redistribuindo pela sua família. E nem podemos, claro está, começar a falar do efeito desta exposição nas exportações portuguesas, já propícias a uma

recuperação devido à baixa do Euro.

Mas estas são apenas algumas das vertentes em que podemos exemplificar um impacto – mas sempre reduzido. De facto, o maior impacto conseguir-se-ia após a vitória do Mundial, dentro da máxima “happy people spend more”. É

geralmente aceite que a felicidade de uma nação tem uma correlação positiva com o índice de confiança do consumidor que é reflexo do consumo interno. O “Soccernomics” refere que o país vencedor do Mundial terá um aumento de entre

0,25 a 0,7 pontos percentuais. Utilizando o caso da Itália como referência, se o PIB de Portugal crescesse 0,5 pontos percentuais via aceleração do consumo, isto significaria que cada português iria ter mais 95€ no final do ano, mais a

grande felicidade de ter visto a nossa selecção como campeã do mundo.

E se Portugal tivesse ganho o Mundial?

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momentodegracejo.tumblr.com Pare e desfrute de pequenos momentos de humor criteriosamente seleccionados

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Wavves“King of The Beach”(Fat Possum, 2010) E não é que o puto Wavves se safou? Não sei se serão as noites bem passadas com Bethany Cosentino, dos Best Coast, mas, depois de dois discos em que se safavam poucas canções, Nathan Williams sai-se com um álbum coerente e entusiasmante do início ao fim. “King of the Beach” lembra uns Nirvana de havaianas e milhentas bandas de garage rock fixadas nos Ramones, mas mostra um interesse fetichista pelas melodias perfeitas dos anos 50 – ou seja, puro território pop - que o distingue. Tudo isto havia no passado, mas era mais uma promessa do que a realidade – o fuzz e a gravação manhosa escondiam as debilidades. Ah, prova que Nathan é um punk: “Mickey Mouse” pilha desavergonhadamente os Animal Collective. Por que é que ele fez isto? Porque lhe apeteceu.

Sleigh Bells“Treats”

(N.E.E.T., 2010)

Disco do ano? Andará lá perto, pelo menos. Nada devia funcionar neste duo: guitarras escola hardcore (Derek Miller andou nos Poison The Well, instituição do género), batidas 4/4

gamadas ao hip-hop, uma voz doce a voar sobre isto tudo, qual menina da Foz a passear no Aleixo. No papel é ridículo, mas “Treats” mostra que os corajosos (Miller e Alexis Krauss) são

recompensados. Com aqueles elementos, fizeram um fabuloso conjunto de canções pop, com violência hardcore ao serviço da festa.

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O PEDRO RIOSRECOMENDA

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Wavves“King of The Beach”(Fat Possum, 2010) E não é que o puto Wavves se safou? Não sei se serão as noites bem passadas com Bethany Cosentino, dos Best Coast, mas, depois de dois discos em que se safavam poucas canções, Nathan Williams sai-se com um álbum coerente e entusiasmante do início ao fim. “King of the Beach” lembra uns Nirvana de havaianas e milhentas bandas de garage rock fixadas nos Ramones, mas mostra um interesse fetichista pelas melodias perfeitas dos anos 50 – ou seja, puro território pop - que o distingue. Tudo isto havia no passado, mas era mais uma promessa do que a realidade – o fuzz e a gravação manhosa escondiam as debilidades. Ah, prova que Nathan é um punk: “Mickey Mouse” pilha desavergonhadamente os Animal Collective. Por que é que ele fez isto? Porque lhe apeteceu.

PAUS“É Uma Água”

(Enchufada 2010)

Há poucos discos assim. Discos que aterram sem rótulos (e sabemos como hoje qualquer som é logo rotulado, copiado e explorado em ciclos cada vez mais curtos, alimentados por blogues e

buzz nas mil redes sociais) ou ideias pré-feitas. Os PAUS, gente com créditos em Linda Martini, CAVEIRA e If Lucy Fell, fizeram um desses, capaz de ir de um hipotético tribalismo para putos citadinos (“Pelo pulso”), groove aos saltos agarrado a duas baterias (unidas por um bombo),

crescendos movidos a sintetizadores (“Mete as mãos pela boca”), rock enérgico sem ponta de guitarra (o baixo cumpre a dupla função), desvarios vocais (os deliciosos “na na na na na” de

“Lupiter Deacon”) e um baixo stoner que é mais massagem do que ataque (“Mudo e Surdo”). Sim, tudo isto em quatro canções. Imaginem o que estará aí por vir.

O PEDRO RIOSRECOMENDA

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OS GELADOS DA ANA

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por Ana Maria Henriques

CALIPPO DE LIMÃO

Verão que é Verão tem Calipo de limão - rima e é mesmo verdade. Das recordações de infância mais vívidas, as tardes

passadas na praia nas barracas às riscas azuis e brancas de Vila Praia de Âncora, a pedinchar por essa maravilha da Olá. Mas só

tinha sorte uma vez por época balnear (não é exagero): a mãe dizia sempre - e sempre cumpria - que “Calipo só comes um

por ano, Ana Maria”. Mesmo com idade para escolher o gelado, pouco mais vezes que essa provo a combinação de

gelo e limão em canudo de papel.

ROL

Em ano de reposições da Olá (quase parece um artigo encomendado, este), cuja lista inclui ainda o Calipo sabor Coca-

Cola e o Fizz, é o Rol que me merece mais destaque. É, quase sem sombra de dúvidas, o gelado mais difícil de comer de todos

os tempos. Quem nunca ficou desolado por ter desperdiçado metade por entre os dedos, ou por o ter deixado cair ao chão, ou ainda por ter pingado os pézinhos descobertos com gelado

de nata? Se responderam “não” é porque não foram crianças no início dos anos 90.

DR

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OS GELADOS DA ANApor Ana Maria Henriques

COPO EUROPA E COPO BRASIL

Dos almoços familiares no Café Central (hoje extinto e transformado em pastelaria desinteressante) guardo sobretudo os gelados da Olá apresentados em carta própria, com descrições de duas frases e autocolantes com o preço marcado à mão. O Copo Europa, de morango, e o Copo Brasil, de café, marcavam o final de cada refeição. Em copos de plástico com uma quantidade quase miserável, estes gelados comiam-se à colher e guardava-se o “copo”. Ainda é possível encontrá-los num restaurante patusco.

AS MINHAS COISASPREFERIDAS

MINI SOLEROS DO MINI-PREÇO

É a maior descoberta dos últimos tempos no mundo dos gelados: a marca branca dos supermercados Mini-Preço criou uma imitação que suplantou os originais Soleros da Olá, e em formato mini. Por pouco mais de dois euros compra-se uma caixa com oito gelados e é aproveitar o Verão alternando entre os sabores exótico e frutos vermelhos. O maior senão: nem sempre é fácil encontrar estas maravilhas em ponto pequeno. É ir espreitando de cada vez que vamos ao supermercado fazer outras compras.

SORVETE DE FRAMBOESA DA FARGGI

Quando o Norteshopping abriu, rapidamente Braga deixou de ser a cidade a visitar quando queríamos ver alguns filmes ou ir a algumas lojas. E visitar o centro comercial da Senhora da Hora era sinónimo de sorvete de framboesa da Farggi, sobretudo se lambido pelos corredores, a fazer inveja às crianças. A loja já não existe, mas a Farggi reabriu recentemente na Baixa, de frente para o Túnel de Ceuta, onde podemos revisitar este sorvete que vale sempre a pena.

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GUIA deVERÃO #01

PASSO 7Pesar a mala para não se ter o amargo de boca de pagamentos extras no aeroporto. Para

quem não tem uma balança, o google ensina um estratagema da física com a ajuda de pacotes de leite, uma vassoura e uma cadeira. E que não falha. Boa viagem!

A ANA ENSINA-NOS A FAZER A MALA

por Ana Maria Henriques

PASSO 6Para aqueles que gostam de regressar das viagens com mais do que memórias e fotografias,

convém não levar a mala completamente cheia, sob pena de não poder transportar frascos de compota ou garrafas de licor.

PASSO 1Quatro dias antes da partida, escolher roupa e acessórios a levar para precaver eventuais

peças no cesto da roupa suja. Engomar as peças de roupa para que ocupem menos espaço e resistam aos percalços do porão.

PASSO 2Escolher a mala. Este é um passo muito importante: não queremos embaraços

nos aeroportos nem bagageiras de carro ou comboio atafulhadas.

PASSO 3Incluir primeiro o calçado e demais objectos e acessórios rijos, para não amarrotar as

peças de vestuário. Acamar todas as peças com delicadeza e de modo a ocupar todos os espaços vazios.

PASSO 4Nunca esquecer o espaço essencial para o necéssaire, que por norma

é apenas incluído no próprio dia de partida.

PASSO 5Fazer uma revisão mental de todos os pertences potencialmente importantes e necessários.

Certamente que não vão precisar de quatro pares de sapatos nem 15 pares de meias.

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A véspera de uma viagem não tem de ser um dia para esquecer. Seja de carro, comboio ou avião - e mesmo neste campo, numa companhia low cost repleta de restrições logísticas - a solução passa por uma organização prévia que não precisa de demorar mais do que uma ou duas horas.

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OS DESENHOS DA CATARINAENSINAMO LEITORA EVITAROS MUITOSPERIGOSDOCALOREXCESSIVO

GUIA deVERÃO

#02por Catarina Romão

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Christian Oldhamflickr.com/people/megazord

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megazord.tumblr.comvimeo.com/atticamyspace.com/megazordlovesyou

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MEGAZORDEntrevista de Bobby Jewell (Sweet And Sound) originalmente publicada em thelepantoleague.blospot.com

O que é ‘Megazord’. Porquê esse nome?

Engraçado, um amigo perguntou-me o mesmo há uma hora. Megazord é,

por definição, um veículo qualquer do universo dos Power Rangers que toma a forma de um humanóide e que é criada

por uma série de veículos mais pequenos. Tudo muito infantil, mas os Power Rangers

eram uma das minhas séries favoritas em criança. Quanto à minha escolha do nome,

já não me lembro muito bem, mas penso que teria uns dois ou três anos quando

decidi usar esse alter-ego. Andei por uns tempos a pensar em outros nomes, mas

penso que ficou Megazord porque eu tinha uma relação forte com ele, era curto

e tinha uma aura esquisita. E também porque nem toda a gente sabia o que era,

soava fixe.

Suponho que também esteja relacionado com o teu modo de funcionar, usando

vários meios mas o mesmo alter-ego

É isso, sim. É bom ter todos os meios juntos. E pensei que conseguiria isso

melhor se usasse um alter-ego e não o meu próprio nome.

Sentes que tens que manter-te preso a determinada estética enquanto MZ?

Não, definitivamente. Pode ser tudo e qualquer coisa e é isso mesmo que eu

adoro. Não ter limites é um sentimento de liberdade e para mim é muito

difícil fazer seja o que for com um conjunto de restrições. Normalmente

sinto que o que resulta daí não é o meu melhor trabalho, sinto-o forçado.

Na tua música há muito um sentimento de esterilidade, não no sentido negativo, que está mais concentrado na beleza do

que é mais calmo. No teu trabalho manual esse sentimento também é aparente

nas formas e padrões verdadeiramente simples, mas usados de modo

a criar efeito.

Sim, no que se refere à música é outro

departamento. Fazer a minha música é bastante fácil porque na maior parte dos

casos gravo à primeira, mas normalmente planeio tudo previamente, deixando

espaço para improvisar aqui e ali. Cada uma das canções desenvolve-se a partir de uma ideia e mantém-se aí. Prefiro as

composições longas e repetitivas porque é na repetição que eu cresço do ponto

de vista sonoro. Também pretendo que cada “lançamento” seja uma “zona”, por assim dizer, semelhante, de modo a que

haja uma estrutura ou som recorrente de canção para canção.

De onde te vêm as ideias? Sei que tiveste algumas encomendas, mas o que te

inspira a criar?

É muito difícil responder a isso porque, de facto, não sei. A única disciplina artística

que tirei foi Iniciação à Fotografia, porque precisava dela para acabar o liceu. De qualquer modo, nunca aprendi nada

sobre História de Arte ou sobre Forma ou qualquer coisa parecida. Penso que,

crescendo com a internet, fui sempre influenciado pela tecnologia, mas

isso não explica tudo. Ter um Tumblr decididamente ajudou-me a ter ideias

porque publico o que procuro e isso é como que definir o que tenho para

trabalhar e então uso as imagens que publiquei quando sinto que é preciso

incluí-las no que estou a fazer. Quanto ao que me inspira a criar, sempre gostei de artes, musicais ou visuais , e sempre

senti que precisava de contribuir para essas plataformas. Penso que é isso que

me despert, criativamente falando. A esperança de vir a agradar os sentidos dos

outros como já alguém me agradou os meus (por mais lamechas que isso soe).

Sim, eu percebo. É engraçado a tua referência a seres um miúdo da internet,

porque parece-me que isso influencia muito a tua vida. É estranho que eu possa

seguir a tua evolução como artista via Flickr.

Sim, eu gosto muito dessa ideia. É como um daqueles diários de bebé que mostra todos os grandes momentos da tua vida.

É estranho porque andas pelo Flickr e encontrar facilmente tanto, mas tanto material que tudo se mistura e não há

nada que se destaque.

Para ser muito franco, não gosto assim tanto do Flickr! Não há um sentido de

comunidade forte e sinto que nunca tenho muitos comentários ao que faço.

Gosto sempre de saber o que as pessoas pensam do meu trabalho porque, na

verdade, sou muito instropectivo e, apesar de poder não querer mudar nada, penso que é sempre bom reconhecer os nossos

erros. Mas parece-me que tenho que agradecer ao Flickr porque é o primeiro lugar onde as pessoas podem ver o que

faço sem passar por todos aqueles textos e coisas aleatórias que ponho no meu

Tumblr.

Com os teus vídeos dás forma a uma quantidade de filmes que encontras. O

material de base influencia-te ou a música faz-te querer encontrar alguma coisa que

se lhe adapte?

Bom, penso que sou muito inspirado pela música. Para o vídeo da Stellar

OM Source foi bastante fácil porque já conhecia bastante bem a música da

Christelle e sabia que tinha um lado feminino. Quis que o vídeo fosse uma

parte complementar da música, fazendo uma parelha temática. Foi o mesmo com

os vídeos para Oneohtrix Point Never porque já conhecia a música do Daniel

desde 2008 e, por isso, acompanhei a sua evolução. Quando ouvi “Returnal” fiquei bastante espantado como ele conseguiu

ir tão longe na sua transformação e aquilo que ouvi foi realmente inspirador.

Por vezes, procuro material à frente do seu tempo, mas deixo-o numa pasta até

achar que está na hora certa para usá-lo, normalmente é qualquer coisa que

me agrada visualmente e que consegue reflectir alguma maneira de estar.

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ENTREVISTAS

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V E L H I N H A SN O C A M P O ,C Â M A R AN A M Ã O

Tiago Pereira não se considera realizador, mas faz filmes que passam em festivais. Não se diz Giacometti, mas faz recolha etnográfica. Em “Tradição Oral Contemporânea” filma o músico B Fachada, em “Significado” apanha toda a música portuguesa se ela gostasse de si. O tipo dos óculos coloridos que conhecemos, em Maio, no Passos Manuel assegura à Ana Maria

Henriques e ao Miguel Carvalho que a tradição é o que fazemos dela.

TIAGO PEREIRADR

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V E L H I N H A SN O C A M P O ,C Â M A R AN A M Ã O

IGUAL - Em que fase da tua vida decidiste que querias ser

realizador/documentarista?

Tiago Pereira - Desde sempre me interessei por ouvir coisas e, de facto, o som foi sempre uma prioridade, vinha talvez do meu

pai ser músico. Antes de ter uma câmara já tinha gravadores e

microfones, a paisagem sonora sempre me interessou sem nunca ter teorizado a coisa ou pensado muito nisso. As

conversas, o ritmo do vento, a forma como ouvia as palavras e

o que diziam interessava-me e a partir daí comecei a estar mais

atento. Não posso dizer que sou documentarista ou realizador só, o meu trabalho vai mais além do que isso - sou um artista visual que lida com a memória e com documentos

audiovisuais, que remistura e processa de várias formas.

Qual foi o primeiro filme que fizeste?

Comecei com experiências sobre músicos. O som é, de facto, muito

importante no meu trabalho, ainda hoje o processo de trabalho

é muito sonoro, monto sempre o som primeiro, em estúdio, e só depois sincronizo. A minha

primeira montagem é a da banda sonora e depois vem o resto.

Em que altura da tua vida surge o interesse pelo documentário e

pela recolha etnográfica?

Em 1998 gravei o som de um homem a imitar concertinas em

Odeceixe, de regresso a Lisboa junto esse som com imagens

captadas no ano anterior de um homem que vivia sozinho sem água e sem luz no Carvalhal e

nasce o “Quem Canta Seus Males Espanta”, vencedor do prémio

melhor realizador português nos Encontros de Cinema da Malaposta. A partir daí sabia

que fazia parte do meu trabalho trazer a música para a rua. E dar a

imagem dessa música.

Como é que conheceste o B Fachada e, posteriormente, como

tiveste a ideia para o “Tradição Oral Contemporânea”? E para o

“Significado”?

Em 2008 conheço o trabalho do Fachada e vou assistir ao concerto

no Maxim, mal oiço as suas músicas logo elas me parecem familiares, como se a vida toda

eu as tivesse ouvido e enviei-lhe um mail dizendo “eu quero fazer

um filme sobre ti, o que tu fazes é tradição oral contemporânea”. E

logo ficou decidido que o ia levar a conhecer as velhinhas cantantes

e que daí nasceria um filme! O “Significado” é a continuação

da tese musical da tradição oral. Como entender a música de

cariz tradicional em Portugal, como é que os artistas autores

a viram ao longo dos anos. Que influências tiraram das recolhas do

Giacometti, do Ernesto Veiga de Oliveira e dos outros? Que fizeram

com elas, como aconteceu? Depois de perceber como um artista pop

se cruzava enquanto autor com aqueles universos era preciso entender o que é que aqueles

universos tinham que tanto desafiavam os artistas. E em que

contexto e épocas.

Recentemente estiveste no Indie Lisboa e no Panorama. Como é

que têm sido estes meses de maior exposição mediática?

O Património imaterial e a cultura digital ainda não são exactamente

temas muito procurados pela comuniocação social, ainda está quase tudo por dizer e por fazer.

O mundo da música de cariz tradicional é muito fechado nele

próprio e por isso não atrai outros públicos ou comunicação social,

o objectivo é abrir esse mundo a outros universos, a memória não

tem que ser fechada em rótulos, o dar nome às coisas é algo que deve

ser combatido, o objectivo devia ser cada vez mais aceitar que as

coisas não têm nome. A

visibilidade mostra exactamente esse abrir, existem contactos com

outros mundos e isso interessa aos festivais, aos jornais e ao público

em geral!

Já tinha visto vídeos do B Fachada e excertos do “TOC”, mas depois

de ver o documentário é por demais evidente: o B Fachada tem uma lata incrível. Vêmo-lo a cantar

junto ao rio, na rua, na paragem do autocarro. Para ele parece tão

natural como estar em cima de um palco - talvez até mais. Qual é a reacção das pessoas quando o vêem e como é que consegues

filmar músicas inteiras com ele sentado junto a um velhinho? Qual é a abordagem que usas

para as pessoas se deixarem estar, indiferentes ao B Fachada, mas ao

mesmo tempo sendo um elemento importante?

Não há abordagem, a naturalidade do Fachada na rua chega, o mais

importante é não se dar muita importância ao assunto!

Uma coisa que salta à vista no “TOC”, logo nos primeiros

minutos, é a simplicidade formal. Não há genéricos, introduções,

um ecrã preto - nada. O filme começa, literalmente, aos primeiros

segundos. Foi intencional ou aconteceu? No “Significado”,

pelo contrário, pareces ter mais preocupações desse tipo.

Concordas?

Nos meus filmes nunca há genéricos no principio, só em

algumas excepções em que, por serem encomendas, não consigo escapar a isso. O “Significado” é

uma dessas excepções.

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DR

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Sendo a tradição e o folclore elementos tão eminentemente

musicais, quais são as bandas ou músicos que mais aprecias neste

género “raízes” (chamemos-lhe assim)?

Não gosto desse género por ai além, gosto de projectos que tem

uma identidade própria muito forte, como por exemplo Dazkarieh ou Diabo na Cruz, Banda do Casaco

que se descolam do tradicional para serem outra coisa. Para gostar

dessa música gosto da fonte: Adélia Garcia, Clementina Rosa

Afonso, etc.

Costuma-se dizer que Portugal é um país sem memória colectiva.

Concordas?

O património imaterial é, de facto, escasso e as políticas para

que não se esgote são poucas ou inexistentes. Não se pode olhar

para essas manifestações de uma maneira unicamente cientifica. Os

antropólogos e os atistas devem andar sempre lado a lado, para

que uns estudem e os outros criem a partir dessas riquezas. Na

memória colectiva portuguesa está tudo por fazer e contra o tempo.

Estás a trabalhar ou a pensar já em novos filmes? Pretendes continuar a fazer documentário ou gostavas

de experimentar outros géneros? Ainda pretendes insistir

na temática da tradição?

O meu trabalho insiste na remistura e na ideia de memória.

De uma tradição oral que tem uma riqueza sonora e visual rica o

suficiente para ser infinitamente remisturada sem se esgotar!

Está prevista a edição comercial em DVD do “TOC” e do

“Significado”?

O “Significado” sai em Setembro, em conjunto com o livro

“Contexto”, de António Pires.

Não sei se concordas, mas diria que os teus filmes têm uma certa sofreguidão. São algo

esquizofrénicos, as cenas e planos entram por dentro uns dos outros,

há uma contaminação saudável, um desdobrar de ideias e pessoas.

Diria que traduzem bem a tua maneira de te expressares que é

muito viva e entusiasmada.

Sou assim, gosto de trabalhar camadas de informação e de sensorialidade, dar a ideia de

que os meus trabalhos têm de ser vistos muitas vezes,

trabalhar como um compositor de sensações, dar alegria, raiva,

tristeza, indignação e trabalhar o ritmo a dinâmica do todo.

‘ Os antropólogos e os atistas devem andar sempre lado a lado, para que uns estudem

e os outros criem a partir dessas riquezas. Na memória colectiva portuguesa está

tudo por fazer e contra o tempo.

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NUNO MONTEIROM O S T R A - N O S O Q U E N Ã OC O N H E C E M O S

Nuno Monteiro tem 29 anos e vive em Amsterdão, onde estuda belas-artes. Na internet é conhecido por autosam, o utilizador do YouTube com uma videografia imensa de R. Stevie Moore, desconhecido pioneiro do DIY de quem é amigo por e-mail e que só conheceu por acaso. Nuno, entrevistado via e-mail pelo Luís Leal Miranda, constrói uma biblioteca digital para promover um homem que nunca viu e que só conhece de ouvido.

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NUNO MONTEIROM O S T R A - N O S O Q U E N Ã OC O N H E C E M O S

IGUAL - Como conheceste a música do R. Stevie Moore?

Nuno Monteiro - Por acaso. Estava a ler um artigo sobre músicos que

gravam em casa e o nome dele aparecia em destaque. Fiquei

curioso e saquei umas compilações gratuitas na internet. Depois fiquei

viciado e comecei a encomendar-lhe CDs.

Lembras-te da primeira vez que ouviste uma música dele? Qual

foi?

Não me lembro qual foi exactamente a primeira, mas

lembro-me de estar a ouvir uma dessas compilações online e

ficar intrigado com uma música chamada “Technical Difficulty”,

que parecia oscilar algures entre o new wave, psicadelismo e reggae, com Robert Wyatt e Kevin Ayers à

mistura.

O que te atraiu na história de Moore?

A variedade, frescura e qualidade da música. O facto de ser ele a

fazer tudo - desde tocar todos os instrumentos a fazer as capas e vender os CDs directamente. O formato dos álbuns em registo

de colagem contínua. O sentido de humor. A quantidade abismal

de produção artística, sempre em fluxo constante. A importância

histórica do seu trabalho. A

persistência perante a completa obscuridade. R. Stevie Moore é uma das personagens mais

fascinantes e complexas do panorama musical dos últimos 40

anos, contudo o seu trabalho é praticamente desconhecido.

Alguma vez o conheceste?

Nunca nos conhecemos pessoalmente. Temos sido amigos

de e-mail desde 2005.

Como surgiu a oportunidade de colaborarem?

Em relação a colaborações convém salientar que o Stevie está aberto

a quase qualquer proposta que se faça. Tendo em conta o seu

estatuto de “homem invisível”, qualquer ajuda externa é bem-

vinda. A iniciativa partiu de mim enquanto fã, com o intuito de

contribuir de alguma maneira para ajudar a expôr a sua música.

Explica-me como surgem os vídeos que vemos no Youtube colocados

pelo autosam?

Por volta de 2006 comecei a colocar vídeos do R. Stevie no YouTube. A princípio foram só

algumas performances televisivas, mais tarde comecei a experimentar fazer montagens novas a partir dos

seus vídeos caseiros. Ele gostou dos resultados e incentivou-me

a fazer mais. Nunca tinha tido nenhuma experiência prévia em

edição de vídeo, mas foi algo que sempre me interessou e com

isto surgiu uma oportunidade de desenvolver o gosto. Com

milhares de músicas à disposição, mais dezenas de horas de vídeos

caseiros do Stevie, mais a internet enquanto arquivo de vídeo, as

possibilidades são ilimitadas. O objectivo principal é criar uma

plataforma de exposição para o seu trabalho. Estão disponíveis à

volta de 162 vídeos, com músicas que vão de 1968 a 2010, sempre

com um link para comprar o respectivo CD directamente ao

artista. Em relação ao nome, como os primeiros vídeos foram

um pouco à experiência autosam foi um nome provisório para a

conta, mas mais tarde, quando tentei mudar, percebi que não era

possível alterar o nome e ficou.

Ele envia-te as imagens e tu editas?

Tenho pilhas de DVDs que ele me envia com imagens de diferentes

décadas. Alguns dos vídeos que monto são adaptações de

vídeoclips já existentes, outros são interpretações livres, outros são

feitos com imagens emprestadas de outras fontes. Ocasionalmente

ele filma coisas novas para eu usar, geralmente para promover

músicas mais recentes.

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Em alguns as imagens não têm grande qualidade. É VHS ou

Betacam?

São de VHS passados para DVD, importados para um programa de

edição, exportados e enviados para a internet. Isto poderá explicar a

qualidade de alguns deles, mas em geral é variável e ultimamente eles têm saído bastante melhores.

À medida que vou trabalhando em vídeo vou-me apercebendo de alguns pormenores técnicos

importantes, por isso a qualidade têm vindo a melhorar

significativamente em comparação com as primeiras tentativas.

Explica-me o que é o “The R. Stevie Moore Show”?

Foi o título escolhido para a passagem de uma selecção

de vídeoclips na ZDB no verão passado. Antes disso, outros

R. Stevie Moore Video Shows passaram por meia dúzia de

festivais de vídeo europeus (Kraak na Bélgica, Filmer La Musique

em Paris, Handclaps em Berlim, Imago no Fundão, etc). Todas estas

oportunidades vieram caídas do céu depois de alguém encontrar os

vídeos na internet.

O que é que o Stevie acha do culto que se formou à volta dele?

Agradece e espera que cresça o suficiente para poder finalmente

viver da sua música. Não acho que ele precise necessariamente de

uma grande explosão de

sucesso (embora tenha no seu repertório material tão acessível e brilhante quanto os Beatles ou

os Beach Boys), mas sim de um reconhecimento mais alargado.

Algo sólido, menos flutuante.

Se eu quiser arranjar discos do Moore, o que tenho de fazer? É

possível comprá-los nalguma loja em Portugal?

Duvido que seja fácil encontrar alguma coisa dele numa loja em

Portugal - talvez a compilação da Cherry Red Records com alguma

sorte. Mas o melhor mesmo é ir ao RSTEVIEMOORE.com, carregar em

“buy music” e explorar a lista. Para os iniciados, o melhor é começar

com uma compilação como o “Phonography”, “Delicate Tension”

ou “Everything” (disponíveis na secção “The Albums”). Os preços

são acessíveis e recebem em poucos dias um objecto único

directamente do artista.

Que tipo de música costumas ouvir/tens agora no teu iPod?

Não tenho iPod, é um leitor de mp3 pequenito de outra marca

qualquer, que de momento está avariado. Os meus gostos musicais

são variados, mas com maior inclinação para o passado.

O que achas de músicos lo-fi que estão a fazer sucesso hoje como

Ariel Pink ou Wavves?

Desses dois só conheço o Ariel Pink e espero que lhe corra

tudo bem. Há sempre algo que me deixa um pouco reticente

com estas explosões súbitas de atenção mediática. De alguma

maneira, o facto do R. Stevie Moore nunca ter tido o mesmo

tipo de exposição, deu-lhe espaço de manobra para fazer tudo e

mais alguma coisa, sem qualquer concessão. O problema com o

sucesso no contexto da indústria discográfica é que muitas vezes

segue o caminho oposto à criatividade, para se tornar num produto. Em relação ao lo-fi em

geral, parece-me que o verdadeiro sucesso seria a desintegração

da indústria discográfica tal como a conhecemos. Chegámos

a um ponto em que ambas as ferramentas de produção e

transmissão estão disponíveis a um largo número de pessoas. Não vejo

qualquer sentido em continuar a haver um comerciante abstracto a

mediar a nossa relação com a música.

‘ Chegámos a um ponto em que ambas as ferramentas de produção e transmissão estão disponíveis a um largo número de pessoas. Não vejo qualquer sentido em continuar a haver um comerciante abstracto a mediar a nossa relação com a música.

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CULTO

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STAR WARS:O EARLY BIRDOU COMO A KENNER MUDOU A NOSSA VIDA.

Quando “Star Wars” estreou, em Maio de 1977, ninguém previa o sucesso desenfreado que o filme ia produzir. A fé que o estúdio tinha no filme de George Lucas era tão grande que, a certa altura, pensou num lançamento directo para a televisão, em formato de mini-série. Não é de admirar que empresa nenhuma

se tivesse preocupado em produzir figuras de acção alusivas ao filme que ficaria na história como “Episódio IV”.

por Francisco Dias

60

Com o sucesso, a Kenner chegou-se à frente e adquiriu os direitos

para fabricar brinquedos, mas, vendo que era impossível ter as figuras nas prateleiras a tempo

do Natal de 1977, a empresa decidiu avançar com uma ideia

original: vender uma caixa, o “Early Bird Kit”, com meia dúzia

de autocolantes e um cupão que, quando enviado pelo correio,

permitiria receber os primeiros quatro bonecos assim que estes estivessem disponíveis. E que se engane quem pensou que essas

figuras chegariam a tempo de passar o Dia de Reis com os seus

novos donos: estava bem explicito na embalagem que o envio dos bonecos seria efectuado entre

Fevereiro e Junho do ano seguinte. Apesar do visual baratucho da

embalagem e da ideia inusitada, o maketing provou-se vitorioso e a

Kenner vendeu milhões de kits no Natal. Meses depois, em Fevereiro

(com muita sorte) ou Junho (com muito azar), lá estavam eles:

Luke Skywalker, a princessa Leia, o peludo Chewbacca e R2-D2,

todos eles mais pequenos do que o standard da altura para

figuras de acção (GI Joes, Six Million Dollar Man e etc, todos

em 12 polegadas). Mas com esta redução perdeu-se algo mais que o tamanho. O detalhe das figuras, com menos de quatro polegadas,

ficava bem distante do conseguido com os bonecos de 12. Se hoje

reconhecemos facilmente os rostos de Harrison Ford e Mark Hamill

nos bonecos produzidos pela Hasbro, à época era necessária

muita imaginação. Apesar de tudo, o novo tamanho teve tal aceitação que virou standard para as figuras

de acção durante as décadas seguintes.

Após o conjunto de quatro figuras, veio um de 12, com as personagens principais, mas a

linha de produção expandiu-se para todos os frames do filme

e, de repente, aquele alien esquisito que aparece dois

segundos na tela tinha direito ao seu espaço na prateleira. No

meio desta amálgama de figuras,

a Kenner era dotada de alguma liberdade criativa. Nesta época

inicial, o Universo Expandido, proveniente dos livros e comics,

era simplesmente inexistente, de modo que era impensável

todo o personagem abrangido pelo ecrã (sim, até aquele droid meio desfocado lá atrás) ter um

nome e uma storyline tão ou mais profunda que a de Luke Skywalker

- ao fim ao cabo ninguém entra numa cantina só para tomar um copo. Por exemplo, Ponda Baba,

o alien a quem Obi-Wan corta um braço durante a cena da cantina

(e cujo nome não é pronunciado) virou Walrus Man por causa das

parecenças com as amigas morsas; Snaggletooth, o alien baixinho

vestido de vermelho que vemos a pedir uma bebida na cantina, teve direito a uma encarnação

adulterada, passando a vestir azul com o tamanho de um wookie.

Depressa a Kenner se apercebeu do erro, tendo lançado uma

versão correcta do brinquedo que acompanhou a linha até ao fim.

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Como teaser para a sequela, “Empire Strikes Back”, a Kenner

decidiu fazer uma nova promoção via correio, mas desta vez, a

troco de alguns códigos de barras ,os fãs recebiam em casa uma

personagem do novo filme, um tal de Boba Fett que tinha direito a uma mochila-a-jacto

que disparava um míssil. Trivia: graças a um miúdo estúpido que

disparou um míssil da linha da Mattel, “Shogun Warriors”, e

ficou cego, a Kenner removeu a habilidade de disparar o míssil ao seu Boba Fett, para tristeza de milhões. Com o novo filme,

o número de figuras aumentou para 48 e foram também lançados

uma série de veículos. É por esta altura que é lançado o AT-AT, o

maior brinquedo da linha SW, que possibilitava a recriação da batalha de Hoth em nossa casa. Quem não queria ter um desses carregadinho de stormtroopers pronto a arrasar

com o que encontrava à frente? Eu sei que queria.

1983, tempo da conclusão da trilogia original com o filme

“Return of the Jedi”, que veio acompanhado de mais uma série

de figuras e veículos. Os ewoks, hoje universalmente odiadas

(Bruno Akeixo não incluído), eram então adoradas por todos e a

Kenner piscava o olho às irmãs dos meninos fãs da saga, lançando

oito figuras da espécie além da aldeia das criaturas peludas e até um carro de combate que nunca

aparece no filme. Terminados os filmes, e agora que já toda a

gente sabia que Luke tinha estado apaixonado pela própria irmã, o

interesse em Star Wars começou a decair. A Kenner tentou prolongar

a vida da linha de brinquedos e lançou, sem sucesso, uma

série derradeira de 17 bonecos, elevando para 115 o número total

de figuras.

Estamos em 1985 e a Kenner planeia um prolongamento da

linha de brinquedos, inventando o seu próprio universo expandido

com o vilão Atha Prime. A ideia não saiu do papel, mas o desenho

do rufia do espaço influenciou fortemente os Royal Guards que

apareceriam mais tarde. A Kenner fiicou-se apenas pelo lançamento de uma dúzia de figuras coloridas

baseadas nos cartoons fracassados dos Droids e Ewoks. Em 1995, já

como subsidiária da Hasbro, a Kenner regressa com a produção

de novas figuras, agora mais detalhadas, quando o interesse na

saga ressurge graças a uma série de livros, comics e vídeojogos que

aparecem em força no início da década e que funcionam como rampa de lançamento para que

possa ser feita uma trilogia de prequela em que George Lucas finalmente nos contaria como

Darth Vader ficou asmático. Os seis filmes são clássicos intemporais

(até tu, “Ameaça Fantasma”), mas é importante não esquecer

a relevância das linhas de brinquedos na elevação de Star

Wars a épico galáctico.

Hey, Lucas! Sempre vai haver uma terceira trilogia?

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O MOTION CONTROLCOMEÇOU NOS ANOS 80Todos os anos, realiza-se em Los Angeles o maior evento na indústria dos

videojogos. Estou a falar, claro está, da Electronic Entertainment Expo ou E3, onde as principais produtoras e editoras apresentam as últimas novidades; jogos

novos e, de vez em quando estreias de hardware. Na primeira edição (1995) foram apresentadas a PlayStation original, a SegaSaturn e foi anunciada a Nintendo 64. Passados 15 anos muito mudou no panorama dos videojogos. A Sega, que

durante grande parte dos anos 90 competiu cara a cara com a Nintendo, passou para segundo plano como produtora de software/videojogos para os “big dogs” da

indústria: Sony, Microsoft e a veterana Nintendo.

por David P. SilvaDepois da última E3 não restam dúvidas: com a apresentação do

Kinect da Microsoft (até então conhecido como “Projecto Natal”)

e do Playstation Move da Sony, a próxima batalha na indústria dos

vídeojogos vai-se travar com o motion control. A este campo de

batalha junta-se, naturalmente, a Wii da Nintendo que já por cá

anda desde 2006. Por esta altura já todos ouvimos falar da Wi. Aos anúncios publicitários de

lançamento seguiram-se notícias de que todos se recordam e que se

resumem aos benefícios que este sistema podia ter para a) miúdos

mais gordinhos e b) velhinhos a jogarem ténis virtual em lares

de terceira idade. A consola provou ser um sucesso de vendas

improvável, deixando para trás os principais competidores, Xbox

360 e Playstation 3, que agora querem uma fatia do bolo com

a aposta em sistemas de motion control: o Kinect para a Xbox 360, um add-on periférico que permite ao utilizador interagir com o jogo

através de gestos e voz, eliminando a necessidade de um controlador físico, e o Playstation Move para

a PS3, um motion controller indêntico ao Wii Remote.

O motion control veio revolucionar a indústria dos vídeojogos ao

tornar a experiência de jogo mais intuitiva e porque conseguiu atrair novos públicos para esta forma de entretenimento. Mas a verdadeira

razão para o sucesso desta tecnologia é mais simples: como

tudo o que é fixe, o motion control nasceu nos 80s. O ano era 1989,

os Jackson Five tinham acabado, o hard rock preparava-se para perder

para o grunge e caiu um muro algures na Europa - era o fim de

uma era. Não menos importante que estes acontecimentos foi o

aparecimento da Power Glove e do U-Force, os primeiros sistemas

de motion control exclusivos da NES, a primeira consola da

Nintendo, lançada originalmente em 1983. A Power Glove era uma

luva equipada com sensores na mão e um comando analógico no ante-braço que funcionava

com receptores de movimento colocados nas partes superior e lateral do televisor. A aparência,

já para não falar do nome, chega para perceber que este lixo retro

não podia ter nascido noutra década. De aspecto pesado, com

ligação a fios e muitos botões, a Power Glove mais parece um

gadget saído dum filme sci-fi série B, o que não anda muito

longe da verdade. Chegou a aparecer no grande ecrã em

“The Wizard” (1989) ou, como é mais conhecido, “o filme da

Nintendo” por ser basicamente uma longa-metragem publicitária

da marca nipónica. Ao olhar de um crítico de cinema, “The

Wizard” não é mais do que isso, um infomercial de 100 minutos

para jogos da Nintendo, mas, apesar de tudo, o filme tornou-se alvo de culto entre os entusiastas de vídeojogos. A narrativa segue

o percurso de Corey, Jimmy e Haley que viajam até à Califórnia para o mais novo dos três, meio

autista ou algo do género, ganhar um torneio de vídeojogos. Para

a história das citações ficou a frase do antagonista Lucas Barton

(interpretado por Jackey Vinson) que, num certo momento, depois

de usar a Power Glove com grande mestria diz “I love the Power

Glove... It’s so bad”. Em 1991 a luva da Nintendo apareceria no

slasher “Freddy’s Dead: The Final Nightmare”, o sexto capítulo, onde

Freddy mata uma das vítimas presa num vídeojogo com uma Power Glove (modificada) que

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assim consolidou o seu estatuto como um objecto da cultura pop.

Produzidas pela Mattel e PAX (nos EUA e Japão, respectivamente)

, a Power Glove era produtos licenciado pela Nintendo apesar da empresa não se ter envolvido no seu design ou lançamento. A

leitura dos movimentos com a luva não era exacta o que dificultava

controlar qualquer que fosse o jogo, inclusive os dois jogos

lançados exclusivamente com o gadget em mente, Super Glove

Ball, semelhante ao Arkanoid num cenário em profundidade, e o

beat’em up Bad Street Brawler. No final, o produto foi um falhanço

comercial, tanto que no Japão levou a PAX à falência, mas a

tecnologia desenvolvida para a Power Glove abriu caminho para o

que seria o sucesso da Wii (certo?).

Menos conhecido que a luva da Nintendo é o U-Force também de 1989, um controlador produzido

pela Brøderbund para a NES, como não podia deixar de ser (na altura,

a rainha inequívoca do universo dos vídeojogos). À primeira vista

parece a metade de um jogo de batalha naval futurístico. O

dispositivo era composto de um par de sensores de infravermelhos

perpendiculares que detectavam os movimentos das mãos do

jogador, eliminando a necessidade de segurar um comando analógico,

carregar em botões, etc. Um protótipo do Kinect se quiserem. Um artigo na edição de Maio de

1989 da revista americana “Boys’ Life” explica como funcionava o

U-Force: “To play Top Gun, for example you wave a hand over

the board to start the game. Then you hold your hands as if you were

gripping the controls of a jet. To turn right, turn your hands right.

To dive, move your hands forward. To shoot shake your hands. The

jet on the television screen reacts as it would if you were using the regular controller.” Fixe não? Só

que tal como a Power Glove, o U-Force não teve o resultado

esperado porque os movimentos

do jogador não eram traduzidos com exactidão, condenando o

produto desde cedo. Mas a ideia era boa, tanto que a Microsoft

decidiu apostar nela passados 20 anos.

Resta saber agora como se vão sair os motion controllers do século XXI. A Wii tem sido um sucesso

desde a sua estreia, talvez por isso a Sony tenha ido pelo caminho mais seguro com o Playstation Move, relativamente idêntico

ao sistema da Nintendo. Se vai funcionar tão bem ou não é ainda

uma incógnita, mas recorde-se que a Wii foi feita de propósito para funcionar com motion control,

o que faz parecer a tentativa da Sony como um remendo de

hardware. Quanto ao Kinect para a Xbox360 certamente não será um

fracasso como o U-Force, mas já apareceram coisas parecidas que

não ficaram por muito tempo, o Eye Toy da PS2 por exemplo. Agora

é esperar para ver.

Os meus netos vão r ir-se disto, certo? Certo.

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ATÉ À PRÓXIMA

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ATÉ À PRÓXIMA

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Christian Oldham