Ilhas Desconhecidas

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Ilhas Desconhecidas (ilustrações a partir da obra de Raúl Brandão)

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Em 1924 o escritor Raul Brandão realiza uma viagem aos Açores e à Madeira. Dessa jornada, das suas vivências e das anotações que foi fazendo, surge o livro “As Ilhas Desconhecidas - Notas e Paisagens”. Neste livro o escritor, qual pintor impressionista, usa magistralmente a luz e as cores que definem a condição de ilhéu e as sublimes paisagens que definem os arquipélagos. As ilustrações aqui apresentadas pretendem retratar as ilhas dos Açores, partindo de algumas frases do livro. Estes trabalhos resultam da realização do curso de formação “materiais e técnicas de expressão plástica” em Ponta Delgada, organizado pela Associação de Professores de Educação Visual e Tecnológica.

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Ilhas Desconhecidas(ilustrações a partir da obra de Raúl Brandão)

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Em 1924 o escritor Raul Brandão realiza uma viagem aos Açores e à Madeira. Dessa jornada, das suas vivências e das anotações que foi fazendo, surge o livro “As Ilhas Desconhecidas - Notas e Paisagens”. Neste livro o escritor, qual pintor impressionista, usa magistralmente a luz e as cores que definem a condição de ilhéu e as sublimes paisagens que definem os arquipélagos.

As ilustrações aqui apresentadas pretendem retratar as ilhas dos Açores, partindo de algumas frases do livro. Estes trabalhos resultam da realização do curso de formação “materiais e técnicas de expressão plástica” na EB2Roberto Ivens em Ponta Delgada, organizado pela Associação de Professores de Educação Visual e Tecnológica.

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Santa Maria(ilustração de José Mendes)

“Há momentos em que se encobre o Sol e o torresmo sai mais negro do mar: só fica o cheiro que impregna a terra e o céu.”

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São Miguel(ilustração de Nuno Renato Santos)

“É uma luz que me acaricia, uma série de cinzentos que entram uns nos outros e desmaiam, apanham não sei que claridade e ficam absortos e quietos, ou criam nova vida e recomeçam uma gama de tons que fariam o desespero dum pintor, porque a paisagem a esta luz extraordinária ganha sombras, variedade e frescura que os pincéis não sabem reproduzir...”

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Terceira(ilustração de Fátima Correia)

“Estes montes violetas até à ilha das Cabras, toda violeta, e que me seduzem tingidos de violeta no mar cinzento, saem dum líquido quase imaterial que é ar e céu.”

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Graciosa(ilustração de Cristina Pereira)

“Digo adeus para sempre à Graciosa – grande plaino entre dois montes redondos com a povoação branca no meio.”

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S. Jorge(ilustração de Elisabeta Silva)

“Esta ilha esguia, que parece um grande bicho à tona de água, mostra-me no fochinho penedos aguçados como dentes.”

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Pico(ilustração de Rute Antunes)

“...superfícies dum cinzento muito mais escuro e campos só de pedra com flores cor de mosto...”

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(ilustração de Ana Maio)

“O mar está espelhado e o céu tão espelhado como o mar, com brancuras de algodão, e nuvens meio adormecidas, orladas de cinzento.”

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Faial(ilustração de Ana Isabel Rodrigues)

“O que dá um grande carácter a esta terra é o capote. A gente segue pelas ruas desertas, e, de quando em quando, irrompe duma porta um fantasma negro e disforme, de grande capuz pela cabeça...Esta paisagem repousa como um banho morno. Nos campos, os bois deitados na erva olham para a gente ...”

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Flores(ilustração de Lúcia Couto)

“É talvez da cor, que é única, do pó roxo, do verde dos pastos sempre tenro e uniforme – é talvez da mistura dos nervos do mar, da chuva de Verão, do sol que se desfaz em oiro sobre tudo isto, e destas nuvens mágicas que interceptam a luz ruborizando-se como grandes velários de cor – para logo se desfazerem diante de meus olhos em arabescos, em fios ténues, em farrapos... ”

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(ilustração de Maria de Lurdes Ribeiro)

Mais dois passos e estou no bordo da Caldeira. Tenho a impressão de que aquele grande lago verde olha para mim como eu olho para ele, fixo e imóvel, no fundo dos montes cortados a pique e revestidos de teiró.

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Corvo(ilustração de Sérgio Rocha)

– Fome! muita fome! ... A ilha andava avexada: pagava quarenta móios de trigo e oitenta mil réis em dinheiro ao senhorio de Lisboa. A gente – inda me lembro – andava vestida com umas ceroulas compridas, por cima um calção de lã, tingido de preto com mandrasto e uma jaqueta aos ombros, a barba toda e uma carapuça na cabeça. Não havia lumes. O lume conservava-se nas arestas do linho e quando sucedia apagar-se iam-no buscar à lâmpada da igreja... Fome! muita fome!

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(ilustração de Isabel Pires)

“Um grito diante deste espectáculo fantasmagórico do vasto mundo, entre forças cegas – e com um deus presente e monstruoso a quem tivessem arrancado os olhos para não ver?... Um grito e mais nada...”

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(ilustração de Maria da Graça Mota)

“A mesma labareda devorou tudo isto: os interiores, as paredes, os telhados. Velhas de lenço e, sobre o lenço, o xale escuro, homens de barrete, descalços e de pau na mão. De quando em quando, duma pequena janela, espreita a cabeça duma mulher ou o focinho duma vaca.”

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abril | 2013

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