Iluminação

114

description

Coletânea de trabalhos maçônicos.

Transcript of Iluminação

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 2/114

    2015, Charles Evaldo Boller

    Editorao prpria.

    [email protected]

    BOLLER, Charles Evaldo

    Iluminao, busca ao entendimento de como funciona a aquisio de

    conhecimento da Arte Real Manica.

    114 pginas.

    1. Maonaria 2. Cincia 3. Educao 4. Comportamento 5.

    Religio 6. Filosofia.

    CDD 366

    2015

    SEM RESERVA DE DIREITOS AUTORAIS.

    DISTRIBUIO GRATUITA.

    USO NO COMERCIAL.

    Este livro digital pode ser repassado e seu contedo utilizado

    vontade.

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 3/114

    Glria do Grande Arquiteto do Universo

    Prefcio

    Os textos desta compilao so todos de minha lavra e resulta-

    dos da busca pessoal permanente ao entendimento de como funciona a

    aquisio de conhecimento manico, ou de como este pode ser for-

    mado para dar origem Iluminao que o maom solicita quando

    iniciado na Francomaonaria.

    Procura-se entender o mtodo Arte Real Manica, cuja ao

    sublime quando provoca e possibilita o progresso humano numa base

    realstica. Este dos bons instrumentos de transformao utilizados

    pelo homem na aquisio de conhecimentos para dar significao sua

    vida e dar honra e glria ao Grande Arquiteto do Universo.

    Curitiba, 20 de Junho de 2015.

    Charles Evaldo Boller

    Mestre maom em permanente desconstruo e reconstruo.

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 4/114

    Sumrio

    Clique sobre o ttulo que deseja ler.

    Ouse Saber.................................................................................................................. 5

    A Cultura Manica ................................................................................................ 12

    Educao Natural na Maonaria ............................................................................ 30

    Herana Educacional Iluminista ............................................................................ 38

    Rousseau e a Educao Natural ............................................................................. 45

    Kant na Construo de Homens Livres ................................................................. 50

    Influncia da Educao Manica .......................................................................... 56

    O Sistema de Ensino Manico ............................................................................... 61

    Polidez do Aprendiz maom ................................................................................... 65

    Teoria do Conhecimento Manico ........................................................................ 69

    Venerar a Razo ...................................................................................................... 77

    Virtudes e Sabedoria ............................................................................................... 82

    Treinando o Crebro ............................................................................................... 85

    Peas de Arquitetura Eficazes ................................................................................ 87

    Estudo Constante ..................................................................................................... 90

    Oratria, Rainha das Artes ..................................................................................... 91

    Paranoia de Segurana ............................................................................................ 94

    Bode para Reconhecimento dos maons ................................................................ 99

    A Chave de Hiram ................................................................................................. 101

    Educao na Maonaria ........................................................................................ 109

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 5/114

    Ouse Saber

    O mtodo de instruo manica normalmente consta de par-

    bolas como recurso pedaggico para ilustrar conceitos morais e ticos.

    A transmisso de valores e conhecimentos aproveita de tudo que o

    homem j desenvolveu e que for bom ao crescimento do maom de

    forma simples e objetiva.

    Segue-se o exemplo criado pelos antigos gregos, poca em que

    se inundou o mundo do pensamento com novos mtodos de analisar as

    ideias e que minimizaram ignorncia e crendice. Rompeu-se com o que

    se considerava senso comum, tradio e misticismo. Desenvolveu-se a

    reflexo do homem comum e independente. Delineou-se um mundo

    diferente onde vale mais o esprito especulativo e a objetividade racio-

    nal.

    Assim a Iluminao Manica.

    A Influncia do Iluminismo

    Semelhante aos vetustos gregos, os iluministas influenciaram o

    mundo, restaurando os mtodos gregos em benefcio da humanidade.

    No possuam linha filosfica particular. Constava de estudantes entu-

    siastas de qualquer tema base da especulao racional, cuja atuao

    propiciou inmeros saltos ao conhecimento humano, razo porque

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 6/114

    aquele sculo ficou conhecido pela posteridade como o Sculo das

    Luzes.

    Devido ao despotismo generalizado da poca, era linha corrente

    entre os cientistas e pensadores o esforo extraordinrio de obter cada

    vez mais e melhores graus de liberdade na especulao do livre pensar,

    levando os iluministas a colocarem a razo num trono, como supremo

    critrio de valor que deveria orientar religio, filosofia, cincia, estado,

    direito ou economia. Sua influncia foi decisiva para lanar as bases da

    Maonaria Especulativa.

    Assim como inturam gregos e iluministas, a Maonaria tem a

    pretenso de levar o homem a pensar de forma independente, sem que

    se sujeite a ningum no que deve acreditar ou em que ideologia atuar.

    Um vetor importante do pensamento manico o Liberalismo

    que conduz o homem natural, de boa ndole, que tem em si mesmo as

    diretrizes da realizao de toda boa obra sem que haja necessidade de

    ajuda de fora. Parte-se do princpio de que a natureza racional e no a

    consequncia de acasos do caos.

    Devido influncia iluminista na Maonaria, o mtodo da Arte

    Real promove o desenvolvimento da arte de pensar. A Maonaria, co-

    mo mtodo, tem por objetivo ensinar a pensar de forma independente.

    Cada maom aprende a pensar por si prprio e desenvolve sua prpria

    verdade, baseada em seu prprio alicerce. Nenhuma verdade conside-

    rada final, absoluta, o caminho da especulao fica sempre aberto e

    sujeito aos infinitos ciclos de tese, anttese e sntese.

    O maom duvida sempre!

    Seguindo a influncia grega, mesmo velhas verdades so fre-

    quentemente questionadas novamente. O maom filho da heresia, a

    dvida o levou a trancar-se nos templos para estudar com liberdade.

    Ele ousa saber!

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 7/114

    Fracasso das Ideologias que Escravizam

    A metodologia manica ensina a desconfiar de ideologias1,

    aparentemente perfeitas na teoria, mas terrveis em seus resultados:

    onde homem explora homem em seu prprio prejuzo!

    caracterstica geral de todas as ideologias iludirem seus adep-

    tos: elas no tm a capacidade de solucionar os problemas das socieda-

    des. Na prtica so todas imperfeitas pelos resultados dirios que apre-

    sentam. Mesmo com as boas intenes de uns poucos adeptos, elas

    normalmente conduzem opresso e despotismo. Ideologias servem ao

    sistema contaminado que explora o homem e, como tal, seus lderes

    logo passam a comer no cocho da lavagem da corrupo. Todas as

    ideologias so sustentadas por grupos de homens que se restringem em

    barganharem valores financeiros e poder. Para estes o sofrimento hu-

    mano apenas moeda de troca para defender seus prprios interesses e

    daqueles para os quais eles se vendem. Da, sua meta manter a maio-

    ria ignorante, em estado selvagem, disputando recursos uns com os

    outros.

    E mesmo honesta, qualquer ideologia refm do pensamento

    mecanicista que tende a fragmentar os problemas por questo de sim-

    1 Sistema de ideias (crenas, tradies, princpios e mitos) interdependentes, susten-

    tadas por um grupo social de qualquer natureza ou dimenso, as quais refletem, raci-

    onalizam e defendem os prprios interesses e compromissos institucionais, sejam

    estes morais, religiosos, polticos ou econmicos.

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 8/114

    plificao, mas com isto perde a viso de conjunto: enquanto se preo-

    cupa com um detalhe, os outros fragmentos do problema so negligen-

    ciados e fenecem. Em sentido lato s existe amor ao poder e ao dinhei-

    ro: falta s ideologias o principal ingrediente para a soluo de todos

    os problemas da humanidade: o amor fraterno! Algo que existe de so-

    bra na Maonaria.

    Maonaria cincia que defende o interesse das sociedades e

    promove a evoluo independente de seus adeptos. tanto que at

    verdades j definidas como certas no passado so reavaliadas de tem-

    pos em tempos. Pelo dia-a-dia sofrido das massas fica evidente que o

    maom tem muitos problemas srios a estudar e combater para ajudar a

    sociedade a obter meios mais confiveis de convivncia e administra-

    o pblica.

    Uma Ditadura Mundial Absoluta

    O futuro sem preparo ser cheio de adversidades se o cidado

    no reagir! Existe na sociedade um pacto de silncio e passividade

    ditado pelo domnio econmico. Tudo caminha para uma ditadura

    mundial absoluta. Percebe-se a atividade dos governos de lentamente

    irem quebrando as defesas psicolgicas do indivduo para deix-lo

    inerme, merc dos grupos de poder e sob cuja orientao os lderes

    nacionais j se encontram. A atual Ordem Mundial tem seus alicerces

    apoiados na guerra, sofrimento, crises financeiras e polticas. Tudo

    visa a escravido, onde a tecnologia e o controle das massas tm espe-

    cial destaque.

    Pode-se afirmar que:

    a manipulao das massas infalvel e continua;

    a instituio da famlia no existe mais;

    a procriao diminui;

    as crises e misria so artificiais;

    as escolas pervertem a educao natural;

    O futuro ser constitudo de sociedades sem dinheiro em esp-

    cie, ocorrer o controle do cidado identificado por dispositivo eletr-

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 9/114

    nico implantado no corpo, semelhante a gado, o que possibilitar ao

    poder central policiar as pessoas usando microchips biomtricos que

    daro a capacidade de escanear tudo o que estiver fazendo distncia.

    o controle da escravido ditada pelo poder econmico. Es-

    cravido total e controlada por tecnologia.

    No Brasil a razo de no se investir em educao, sade e se-

    gurana; da Justia que, de to lenta, no existe; da famlia tradicional

    destruda para acabar com a propriedade; das leis confusas, pois con-

    templam mais o direito do bandido, abandonando as pobres vtimas a

    prpria sorte; nos corredores do poder central cogita-se at no reco-

    nhecimento legal de casamento entre seres humanos e animais.

    Est em andamento algo que era piada: aquela do bode no meio

    da sala, onde qualquer soluo para aliviar to indesejada situao ser

    aceita sem pestanejar. Por exemplo: a ameaa do sequestro j faz os

    pais desejarem que se implantem microchips no corpo de seus filhos.

    Iluminao Manica

    Ao maom importante aprender a pensar assim como inturam

    os gregos e os iluministas: como Kant, com sua filosofia do esclareci-

    mento "aufklrung", o "Sapere aude", o ouse saber: seguido por Ni-

    etzsche, Auguste Comte e outros. Pelo que estes pensadores realiza-

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 10/114

    ram, s vezes at em oposio, percebe-se o quanto o uso da razo mo-

    difica o pensamento e se adapta pela ao do livre pensador para cada

    realidade na linha do tempo. Isso a essncia do mtodo da Maonaria

    conhecido por Arte Real, que fala por smbolos em resultado da obser-

    vao da Natureza. Tudo o que vem da Natureza de inspirao divi-

    na: linguagem metafsica que abre o pensamento para novos horizontes

    e que tem a possibilidade de orientar as sociedades humanas para bons

    pastos. Inspirada em cincias sagradas antigas e naturais que desper-

    tam potencias intuitivas naturais para a conduo do homem ao bem,

    ao amor fraterno.

    O maom treina de forma ecltica para, numa primeira instn-

    cia, aprender a andar com seus prprios recursos e depois multiplicar o

    conhecimento que livra os membros honestos da sociedade das aes

    nefastas da prostituio das ideologias.

    Por definio, naquilo que entende na iniciao, o maom no

    aceita que lhe ditem a verdade em qualquer aspecto ideolgico, moral,

    tico, poltico ou metafsico: pensamento algo que se modifica ao

    longo do tempo e as ideologias fechadas em si mesmas inserem com-

    ponentes de totalitarismo, despotismo, paixo e extremismos.

    Cabe ao maom estar preparado para o que acontece e ainda es-

    t para se realizar. J sabe que o conhecimento diferencia o homem dos

    animais e que o estudo no comportamento natural, nem obtido por

    carga gentica, advm de treinamento intenso.

    dada ao maom a oportunidade de libertar-se do sistema hu-

    mano de explorao e degradao. Cabe ao maom estar preparado

    para no permitir que um grupo de poder submeta o homem misria,

    escravido.

    A sociedade est carente de lderes!

    necessrio estudar, discutir, ler e acima de tudo ensinar. O

    maom no pode abdicar de ensinar, pois ensinando que treina sua

    capacidade de pensar. S o conhecimento conduz o homem ao encon-

    tro de sua plenitude.

    Existe um forte compromisso com o futuro da humanidade. O

    maom multiplicador da Iluminao, da capacidade de cada um an-

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 11/114

    dar com as foras de suas prprias pernas sem depender dos que nego-

    ciam sua capacidade produtiva nos corredores dos poderes.

    Cabe ao homem livre e de bons costumes viver a filosofia do

    esclarecimento, da Iluminao, da Luz que vem da Arte Real Mani-

    ca, pois s aquele que sabe pensar alcana a luz da sabedoria.

    A luz da razo deve espancar as trevas da ignorncia!

    Usar a razo a servio da sociedade!

    Maom!

    Sapere aude!

    Ouse saber!

    Bibliografia

    1. ALMEIDA, Joo Ferreira de, Bblia Sagrada, ISBN 978-85-311-1134-1, Socie-dade Bblica do Brasil, 1268 pginas, Baruer, 2009.

    2. CAPRA, Fritjof, O Ponto de Mutao, A Cincia, a Sociedade e a Cultura Emergente, ttulo original: The Turning Point, traduo: lvaro Cabral, Newton

    Roberval Eichemberg, primeira edio, Editora Pensamento Cultrix limitada.,

    448 pginas, So Paulo, 1982.

    3. ESTULIN, Daniel, A Verdadeira Histria do Clube Bilderberg, ttulo original: l Verdadera Historia del Club Bilderberg, traduo: Lea P. Zylberlicht, ISBN 85-

    7665-169-6, primeira edio, Editora Planeta do Brasil limitada., 320 pginas,

    So Paulo, 2006.

    4. LARA, Tiago Ado, Caminhos da Razo no Ocidente, A Filosofia Ocidental do Renascimento Aos Nossos Dias, segunda edio, Editora Vozes limitada., 176

    pginas, Petrpolis, 1986.

    5. MASI, Domenico de, A Emoo e a Regra, Os Grupos Criativos na Europa de 1850 a 1950, ttulo original: L'emozione e l Regola, I Gruppi Creativi in Europa

    Dal 1850 Al 1950, ISBN 978-85-03-00612-5, primeira edio, Editora Jos

    Olympio limitada., 420 pginas, Rio de Janeiro, 1989.

    6. TOFFLER, Alvin, A Terceira Onda, A Morte do Industrialismo e o Nascimento de uma Nova Civilizao, ttulo original: The Thrid Wave, traduo: Joo Tvo-

    ra, ISBN 85-01-01797-3, 21 edio, Editora Record, 492 pginas, Rio de Janei-

    ro, 1980.

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 12/114

    A Cultura Manica

    Influncia das variadas fontes da cultura manica

    e sua consequncia.

    Origem do Conhecimento

    O Universo material foi criado a partir do tomo pelo Grande

    Arquiteto do Universo, do nada, do vazio, de forma magistral, assom-

    brosa e aterradora. Sua arquitetura fundamenta-se numa diversificao

    to rica, que leva o entendimento humano confuso ao ser confronta-

    do com o caos desta aparente desordem.

    Num esforo de ordenar a sua perturbao, a criatura humana

    passa a estabelecer referenciais, criar padres de: tempo, medida, sen-

    sibilidade e probabilidade.

    O resultado deste trabalho faz o homem movimentar-se no

    Universo, modificar e transformar a obra original.

    Gera com isto o conhecimento.

    Cria a partir de pensamentos, modelos e referenciais, pois a

    verdade nunca lhe revelada de imediato.

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 13/114

    apenas com o acumulo de conhecimentos, pelo uso da razo,

    da intuio e do discurso que a realidade entendida e revelada.

    Intuio

    Na intuio intelectual, o critrio a evidncia, aquela ideia

    clara, que se impem por si s mente.

    Na intuio pragmtica, exigido o aporte de um resultado pr-

    tico.

    A intuio lgica exige coerncia.

    Na busca do conhecimento buscam-se equilibrar: razo e intui-

    o, vivncia e teoria, concreto e abstrato.

    Teoria do Conhecimento

    Para atingir a certeza da verdade, submete-se o pensamento ao

    ceticismo, fundamentado na dvida, na observao e na considerao,

    ou ao dogmatismo, alicerado em princpio ou doutrina.

    A ideia na teoria do conhecimento segue:

    A linha do racionalismo, que a tudo submete razo;

    Ao empirismo, que considera a ideia derivada da experincia sensorial;

    Do criticismo que tenta equilibrar racionalismo e empirismo.

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 14/114

    Construo do Conhecimento

    Algum levado a divulgar uma ideia de forma positiva e afir-

    mativa a qual se denomina tese. Outra pessoa interpela este pensamen-

    to, o absorve e critica com base em seu prprio referencial. Faz nova

    proposta. Gera uma segunda ideia, a anttese. Juntando as duas ideias

    de forma conciliadora e compositiva gera-se um terceiro pensamento,

    que diferente dos dois que lhe deram origem, obtendo-se a sntese.

    Se o processo for repetido diversas vezes, gera-se infinito n-

    mero de ciclos de teses, antteses e snteses.

    No fluxo do tempo estes ciclos geraram o conhecimento huma-

    no que existe.

    Simbolismo

    Longe da confuso para entender as modernas teorias da com-

    plexidade, o antigo egpcio desenvolveu o mtodo de transmitir conhe-

    cimento atravs da figura.

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 15/114

    Baseado na visualizao do concreto, o observador desperta pa-

    ra o aprendizado intuitivo intelectual.

    Mesmo que o aprendiz seja de pouco ou nenhum preparo aca-

    dmico, ele conduzido a um elevado grau de entendimento abstrato,

    em tema at complexo, que faz despertar sua intuio sensvel, intelec-

    tual e inventiva.

    Os pedagogos conhecem bem a tcnica de transmitir conheci-

    mento por associar a ideia a uma imagem real, pois auxilia na compre-

    enso e na memorizao, e ao transmitir a informao assim, ela se

    atualiza automaticamente, haja vista que fica alicerada na evoluo

    geral de cada gerao que a interpreta. Mesmo que a interpretao mu-

    de, o smbolo nunca muda. A ideia original, a sua representao grfi-

    ca, o invlucro da ideia, acaba preservado ao longo do tempo.

    E como a evoluo do homem ocorre em diversos segmentos,

    qualquer mudana afeta a maneira como um smbolo interpretado.

    Esta a importncia de nunca alterar ou modificar um smbolo

    na Maonaria; por exemplo, trocar a espada do guarda do templo, sm-

    bolo da honra, por um fuzil AR-15; seria uma aberrao.

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 16/114

    a razo de a Maonaria manter-se sempre atual: mesmo sujei-

    ta ao vento da mudana, ela est sempre atualizada porque os seus

    smbolos so mantidos inalterados, mas as ideias no.

    Por estranho que parea num primeiro instante, mesmo consi-

    derada tradicionalista, conservadora, ela progressista.

    Tudo est condicionado ao fato de sua simbologia a tornar in-

    sensvel ao impacto da dinmica social, tornando-a elegvel a projetar-

    se em futuro distante, porque sua simbologia a mesma, mas a sua

    interpretao dinmica no tempo e adapta-se herana cultural de

    cada individuo e de cada segmento da histria.

    Convm observar que entre dois smbolos usados pode estar

    um sculo e at um milnio de transformao e adaptao histrica,

    bem como grande espao geogrfico. E de nada adianta tentar alcanar

    sua origem porque a transformao do pensamento conectada com um

    smbolo muda permanentemente, a cada instante, de pessoa para pes-

    soa, de cultura para cultura.

    Dinmica do Conhecimento

    Assim como o tomo, a oficina manica que para no tempo fi-

    ca vazia.

    Se for dinmica e operosa, reflete a luz do conhecimento e pro-

    duz pessoas de valor com sua metodologia baseada em smbolos. E o

    maom deve treinar capacidades para enxergar alm dos smbolos.

    A Maonaria uma escola de conhecimento que ensina moral e

    desenvolve qualidades sociais e espirituais.

    instituio que tem por objetivo tornar feliz a humanidade pe-

    lo amor, pelo aperfeioamento dos costumes, pela tolerncia, pela

    igualdade e pelo respeito ao pensamento de cada membro da fraterni-

    dade.

    Sua alegoria ensinada por smbolos leva o diligente estudante a

    desenvolver e elevar a conscincia de seu dever na sociedade e na fa-

    mlia, constituindo a base da cultura que enriquece sua mente. Est

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 17/114

    assim equipado para conquistar respeito e admirao do meio social

    em que est inserido, onde sua ao positiva o faz progredir em sentido

    financeiro, poltico, moral, emocional, material, espiritual, enfim, em

    todos os seus valores.

    E este conhecimento o aperfeioa e motiva a tomar seu lugar na

    sociedade humana para transform-la em resultado de seu trabalho.

    Seu diligente preparo o afasta da aviltante ignorncia que tanto

    prejudica a sociedade. Equipado, equilibrado, devotado, generoso, li-

    vre, igual, praticando a virtude, reprimindo o vcio, auxiliando seu ir-

    mo, a quem est ligado por laos de amor fraterno, contribui para a

    humanidade tornar-se pacfica, mantem o povo emancipado e progride

    em todos os sentidos.

    O amor fraterno a nica possibilidade de soluo de todos os

    problemas da humanidade de forma cabal. pedra angular e o alicerce

    da Sublime Instituio.

    Origem da Simbologia Manica

    A Maonaria no gerou sua prpria simbologia e neste sentido

    tem pouca autenticidade.

    A maioria dos smbolos que usa copiada, absorvida de outras

    culturas, de outras linhas de pensamentos e influncias.

    Observado de tica isenta de mitos e fices, quando se afirma

    ser ela originria dos tempos em que se construiu o templo em Jerusa-

    lm, isto apenas expresso simblica! Tudo no passa de lenda para

    abrilhantar a mensagem composta de alegorias e smbolos.

    Na dinmica do tempo, esta alegoria veio a estabelecer-se como

    verdade indiscutvel, dogmtica, e sabe-se que, por princpio, a ordem

    manica no tem dogmas. em sua flexibilidade que se baseia sua

    riqueza cultural. Se no for elstica, tolerante, com certeza quebra,

    entra em colapso.

    A Maonaria no formada por um grupo social que vive iso-

    lado, ou que defende dogmas autnomos: ela resultado da massa da

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 18/114

    sociedade como um todo, da sua capacidade de penetrao. Ao ser

    tolerante, admite toda linha de pensamento que venha ao encontro da

    construo de homens que submetem sua cognio e emoo sua

    espiritualidade. Mesmo que todos os smbolos por ela usados para in-

    terpretar o universo sejam originrios de outras culturas, estes foram

    introduzidos intencionalmente, com o objetivo de torn-la gil, elegan-

    te e adaptvel na linha do tempo.

    Fontes da Cultura Manica

    Podem-se citar algumas fontes principais de onde foi importada

    a sua cultura:

    Alquimia

    Com seu carter altamente mstico, gerou farta simbologia da

    qual a Maonaria se apropriou.

    A melhor herana que a ordem obteve desta ultrapassada cin-

    cia foi o cultivo do amor fraterno, o "ouro potvel" que nada mais

    que um corao que extravasa "amor".

    Foi cincia dedicada principalmente em descobrir uma substn-

    cia que transmutaria os metais mais comuns em ouro e prata, e a en-

    contrar um meio de prolongar indefinidamente a vida humana.

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 19/114

    Predecessora da qumica.

    Arquitetura

    Na Maonaria a sua arte bsica.

    A grande preocupao da Ordem a construo do homem

    completo em todas as suas dimenses: fsica, emocional e espiritual.

    O templo manico a representao do homem smbolo den-

    tro do qual cada maom busca se conhecer por dentro. Entrar no tem-

    plo significa literalmente entrar em si mesmo para se autoconhecer.

    Razo porque para o maom o templo de sua loja lugar sagrado e

    onde entra sempre bem trajado: normalmente vestindo terno e gravata,

    alm do avental que representa o trabalho em si mesmo.

    Por simbolizar o trabalho planejado, a semelhana de aperfei-

    oar o homem atravs de trabalho constante e digno, usa a energia do

    grupo para gerar homens mais fortes e corretos.

    Na construo destes homens melhorados sempre h algo para

    fazer, refazer, realizar e aperfeioar, tudo no encontro de sua prpria

    felicidade.

    Fica evidente que na criao do homem completo e livre tudo

    depende do esforo individual.

    Esta arte o resultado do trabalho do arquiteto e mesmo a cons-

    truo do Universo, da Terra, vises e sonhos possuem projetos e defi-

    nies baseadas na arquitetura.

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 20/114

    Astrologia

    Na Maonaria o nico uso que se faz da cincia dos astros, da

    antiga Astronomia, nas manifestaes artsticas das abbadas celestes

    pintadas nos templos, onde aparecem constelaes de estrelas, o sol e a

    lua, para demonstrar que o maom est inserido no universo, filho do

    Todo.

    Significa tambm que o templo no tem teto, onde, para o

    Grande Arquiteto do Universo tudo revelado.

    Possibilita ao maom criar a viso interna de si mesmo, visto

    como um pequeno universo, cpia do Universo.

    Cabala

    A Maonaria tentou incluir o conhecimento esotrico hebreu da

    Cabala em seu meio, porm, sem muito sucesso.

    o ensino judaico da tradio de Jeov, o Deus dos judeus.

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 21/114

    Em seu meio existe so encontrados excelentes cabalista, mas

    formam grupo isolado devido complexidade e falta de base lingusti-

    ca hebraico-aramaica.

    Seria o princpio de toda expresso religiosa, porm, esta ape-

    nas serve para algum que conhea a lngua hebraica onde existe uma

    relao numrica entre o som de cada letra do alfabeto e um nmero.

    Para os acidentais existe a Numerologia que pretende fazer algo

    parecido.

    Cristianismo

    Est filosoficamente ligado aos graus do Rito Escocs Antigo e

    Aceito. Em todos eles existem elementos que remetem aos textos da

    bblia judaico-crist.

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 22/114

    Egito

    Contribuiu com sua mitologia e religio com farta simbologia

    para a Maonaria.

    Bero das primeiras sociedades iniciticas.

    Geometria

    a cincia que prov boa parte de todo o simbolismo da Ma-

    onaria, associada Arquitetura, arte principal da Ordem.

    Parte da interpretao dos smbolos geomtricos ligados Es-

    cola Pitagrica, numerologia, alquimia e mestres construtores da Idade

    Mdia.

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 23/114

    O Grande Arquiteto do Universo considerado o Grande Ge-

    metra.

    Hermetismo

    Maonicamente apenas referencia histrica tradio primiti-

    va dos alquimistas.

    Relaciona-se ao estudo dos arcanos, vulgarmente conhecidos

    como as lminas do Tar, onde est simbolizada toda a cosmognese e

    antropognese da antiguidade.

    Foi uma "doutrina" esotrica baseada na revelao mstica da

    cincia, ligada Hermes Trismegisto, antigo iniciado do Egito.

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 24/114

    Hindusmo

    Mesmo sem relao com a Maonaria, influi nela com a mani-

    festao da cultura hindu atravs da filosofia brmane e vedanta.

    Judasmo

    As lendas Manicas do Rito Escocs Antigo e Aceito esto

    aliceradas nas escrituras da bblia judaico-crist e seus rituais esto

    ligados aos princpios religiosos judaicos.

    base do desenvolvimento da religio crist e bero da Mao-

    naria.

    As escrituras gregas, ou crists, esto profundamente ligadas s

    escrituras hebraicas e Tora.

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 25/114

    Numerologia

    Na Maonaria estudada em profundidade e est bastante ar-

    raigada nos rituais.

    a cincia que define o valor dos nmeros.

    Avalia o nmero em seu aspecto qualitativo, mgico e filosfi-

    co.

    Pitgoras foi sua maior expresso e bsica na aritmtica e na

    Cabala.

    Rosacrucianismo

    Fraternidade s vezes confundida com Maonaria.

    At possui relao com ela, pois o Martinismo a pratica da

    Maonaria nos moldes daquela organizao.

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 26/114

    A Maonaria assimilou a cultura Rosa Cruz em alguns dos

    princpios esotricos.

    ordem secreta e esotrica oriunda do intuito de cristianizao

    dos mistrios egpcios.

    Grande parte dos smbolos usados pela Ordem manica ori-

    unda desta vertente.

    O Rito Escocs Antigo e Aceito tem graus filosficos que refe-

    renciam esta vertente.

    Templrios

    Poderosa ordem militar, intelectual, religiosa e econmica do

    sculo XII.

    Sua finalidade foi a de proteger os peregrinos que se dirigiam

    ao santo sepulcro.

    A Maonaria incorporou grande parte da cultura, e enriqueceu a

    sua filosofia a partir das heranas culturais deixadas pelos Cavalheiros.

    Existem especulaes que seriam os remanescentes desta Or-

    dem a raiz da Maonaria.

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 27/114

    Zoroastrismo

    Existem teorias de que algumas das tradies manicas sejam

    originrias desta religio, resultado da designao de todos os sucesso-

    res de Zaratustra, o grande legislador persa e seu fundador.

    Outras Influncias

    Agnosticismo, Antropologia, Aritmtica, Arqueologia, Astro-

    nomia, Biologia, Chacras, Escultura, Filosofia, Geografia, Gramtica,

    Lgica, Logosofia, Matemtica, Mitologia, Msica, Ontologia, Pintura,

    Poesia, Retrica, Sociologia, Teologia, Teosofia, Vedas, E outras.

    Muitas so influncias da cultura manica, e mesmo tendo acesso a

    tudo isto, necessrio que ao final, cada maom se torne bom, sbio e

    virtuoso, e para isto, cultura sozinha no suficiente.

    Espiritualidade

    necessrio que o homem seja moldado internamente. E isto

    ele deve desejar ardentemente, deve ser seu principal alvo, seno toda

    esta cultura intil, uma frustrante tentativa de alcanar o vento na

    corrida.

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 28/114

    Ser bom at pode ser caracterstica da prpria pessoa, ser virtu-

    oso o resultado de disciplina enrgica, mas a sabedoria, esta exige,

    alm de cultura e conhecimento, colocar em prtica tudo o que apren-

    deu de forma inteligente e racional.

    Para crescer como homem h necessidade do maom tornar-se

    amigo da sabedoria - fils + sfia - praticar a especulao filosfica

    que se utiliza da simbologia de sua vasta influncia cultural provinda

    de diversas vertentes do conhecimento humano.

    A especulao filosfica praticada pelo maom tem por objeti-

    vo extrair de dentro do homem-ego - objeto, escravo, profano, primiti-

    vo - o homem-eu - racional, espiritual, iniciado, csmico -, a essncia

    do que, de fato, o homem .

    O maom vive numa fase intermediria de seu desenvolvimen-

    to em busca da verdade. Ajuda-o a amizade que tem pela sabedoria;

    est consciente do caminho certo e nunca tem certeza da verdade que

    deduz com auxlio da ecltica cultura que o cerca. A dvida sua

    companheira porque isto que a simbologia lhe ensina e ele apreende.

    Com a ajuda do que lhe inspira o conceito de Grande Arquiteto

    do Universo no tenta provar a existncia de Deus, o que o tornaria

    ateu, nem constri Deus a partir de conceitos humanos, fsicos ou ma-

    temticos, o que o tornaria idlatra, mas desenvolve espiritualidade a

    partir da comprovao da paternidade do Grande Arquiteto do Univer-

    so.

    Com a cultura manica somada a sua espiritualidade o maom

    se autorealiza proclamando a soberania do esprito sobre a matria.

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 29/114

    Sabe que no a matria inconsciente que o escraviza, mas sua mente

    egosta consciente que o submete a paixes e vcios. Busca a luz que

    ilumina e vivifica o esprito, a razo de ser e energia vital de sua vida.

    Munido de sua herana cultural, possuidor da liberdade com

    que foi criado pelo Grande Arquiteto do Universo, o homem conquista

    sua libertao, sua autorealizao.

    Bibliografia

    1. BOUCHER, Jules, A Simblica Manica, Segundo as Regras da Simblica Esotrica e Tradicional, ttulo original: l Symbolique Maonnique, traduo:

    Frederico Ozanam Pessoa de Barros, ISBN 85-315-0625-5, primeira edio, Edi-

    tora Pensamento Cultrix limitada., 400 pginas, So Paulo, 1979;

    2. CAMINO, Rizzardo da, Dicionrio Manico, ISBN 85-7374-251-8, primeira edio, Madras Editora limitada., 413 pginas, So Paulo, 2001;

    3. FIGUEIREDO, Joaquim Gervsio de, Dicionrio de Maonaria, Seus Mistrios, seus Ritos, sua Filosofia, sua Histria, quarta edio, Editora Pensamento Cultrix

    limitada., 550 pginas, So Paulo, 1989;

    4. PUSCH, Jaime, ABC do Aprendiz, segunda edio, 146 pginas, Tubaro Santa Catarina, 1982.

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 30/114

    Educao Natural na Maonaria

    A escola pblica, na maioria dos pases, no contempla a edu-

    cao natural, aquela que organiza os valores e princpios internos,

    preconizada pelo Movimento Iluminista, cujas bases foram lanadas

    por Rousseau (1712-1778) e complementadas por Kant (1724-1804). A

    educao que humaniza o homem no existe na escola pblica moder-

    na, em todos os pases. A escola pblica gratuita est voltada mais para

    a transmisso de conhecimento que para a formao do homem inte-

    gral. Inclusive negligente com a formao humana nos aspectos de

    incutir valores e princpios.

    O homem no treinado para pensar, meditar, desenvolver vir-

    tudes, emoes, espiritualidade, mas para ser escravo do prprio ho-

    mem.

    Com rarssimas excees, escolas particulares educam de fato,

    incutem valores e espiritualidade junto com a formao para o merca-

    do de trabalho. Mas estas escolas normalmente esto fora da realidade

    econmica da maioria da populao.

    A transmisso de conhecimentos est voltada para o Comrcio

    e a Indstria, requisitos do Capitalismo, que exerce domnio absoluto

    em todos os nveis, em todas as escolas pblicas ou privadas. Ganho

    financeiro poder ao qual o homem se submete e tudo que vier em sua

    contramo no o motiva. O homem negligencia-se em sua trajetria

    pela vida e se favorece o aparecimento de criaturas com graves crises

    existenciais, frustradas de tal forma que chegam a no dar mais o devi-

    do valor prpria vida.

    Vive-se o momento e apenas para si mesmo. Os prprios filso-

    fos alardeiam que a vida humana no tem finalidade alguma, que em

    sua jornada pela biosfera o homem apenas objeto de eventos aleat-

    rios. Sem a educao natural o homem est condicionado a apenas

    gozar da vida e fugir das vicissitudes ao invs de enfrent-las.

    A nica perspectiva futura daquele que no obteve este tipo de

    educao de sumir no nevoeiro do tempo de onde lhe foi dito que foi

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 31/114

    gerado a partir da evoluo de bactrias, algas, fermentos, fungos, es-

    ponjas, guas-vivas e vermes, para uma no existncia, um esqueci-

    mento eterno.

    Abrir escolas incentiva a cincia, mas no intensifica a consci-

    ncia: sentimento ou conhecimento que permite ao ser humano viven-

    ciar, experimentar ou compreender aspectos ou a totalidade de seu

    mundo interior. Na existncia de mais conscincia, o nmero de vagas

    ocupadas nas cadeias diminuiria. Mesmo toda a informao e cincia

    produzidas pelas escolas podem fechar uma priso sequer se a socie-

    dade no se conscientizar da necessidade do desenvolvimento da cons-

    cincia, da moralidade e do bem.

    O que antigamente era desenvolvido no seio da famlia deveria

    ser ministrado na escola pblica, j que pai e me, quais escravos, so

    obrigados a trabalhar debaixo do sistema. Entretanto, a escola pblica

    limita-se em transmitir conhecimento voltado para mercado de traba-

    lho que escraviza, enquanto o treinamento das emoes, sentimentos,

    sentidos e instintos so negligenciados.

    Hoje no Brasil o conceito de famlia no existe mais em termos

    naturais da unio de homem com mulher: existe a figura do cuidador

    para estender o conceito aos gays; existe at projeto para a legalizar do

    matrimnio bestial entre humanos e animais. Em todas as civilizaes,

    a degradao da famlia natural foi sintoma do fim de cada uma das

    sociedades onde tal degradao se manifestou. O conceito de famlia

    desmontado para acabar com o patrimnio: j que acabar com o patri-

    mnio por decreto mostrou ser prejudicial concentrao do poder

    poltico.

    Aes, que o bom senso recomenda como fundamentais para

    diminuir o nmero de presidirios e gerar cidados felizes, equilibra-

    dos e socialmente integrados, no existem.

    A educao dos potenciais latentes em cada um aproximaria o

    homem de sua condio humana, mas o que se observa no Brasil a

    bestificao das relaes humanas com vistas conquista do poder

    poltico e para o qual o maom deve ficar atento.

    Educao conscincia, instruo cincia: ambas sustentam o

    corpo; a mais importante a invisvel conscincia.

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 32/114

    Nem religies, e muito menos governos tratam a educao com

    a seriedade que deveriam.

    Governos querem transmitir instruo, religies restringem-se a

    moral e assim o homem fica incompleto.

    Descartes (1596-1650) disse:

    "Toda a filosofia como uma rvore: as razes so

    a metafsica, o tronco a fsica e os ramos so todas as

    outras cincias".

    Usando deste pensamento, o homem moderno est incompleto

    na raiz.

    No existe alicerce!

    Aquilo que no se v, sabe-se que existe, mas fica enterrado

    dentro da pessoa. A escola constri o homem material, apenas o que da

    rvore aparece acima do solo; preocupa-se apenas com tronco e folhas.

    As razes so complexas necessidades que do razo para viver e no

    se restringem apenas moralidade.

    A religio deveria preocupar-se com o alicerce e completar o

    que est invisvel, mas isto no acontece! Centenas as religies apenas

    exploram as pessoas em seus metais e as enganam com fantasias. Du-

    rante um curto espao de tempo at possvel enganar alguns, mas

    difcil manter mentiras por muito tempo. Acrescente-se que todas as

    religies fundamentam seu poder no medo de muitos e na inteligncia

    de um grupo reduzido que lhes definem os descaminhos, sempre volta-

    dos ao domnio e opresso pelo medo.

    Todos os esforos, da absoluta maioria das religies, esto vol-

    tados para um aviltante senhor e nico amo: o valor financeiro. A reli-

    gio coloca de um lado um diabo e de outro um salvador. Enquanto um

    leva o homem perdio o outro supostamente o resgataria. Em grosso

    modo, as maquinaes teologais buscam fora do homem a soluo de

    suas incertezas e angstias existenciais: s se manifestam se sua ao

    for possvel de converter em ganho de qualquer natureza; principal-

    mente financeira e poltica.

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 33/114

    Diante desta realidade, que constante em todas as civiliza-

    es, no se constri ou se fortalece a raiz, o alicerce invisvel que

    mantm o homem de p frente s tempestades e incertezas da vida.

    Fica o homem jogado de um lado ao outro ao sabor de tentaes e re-

    denes.

    Na ausncia de formao integral e do despertar da conscincia

    o desenvolvimento do homem fenece e de sua essncia lhe apodrece a

    raiz nos pores da sociedade, razes atadas por inquebrantveis gri-

    lhes; indestrutveis porque so usados voluntariamente, no exerccio

    do livre-arbtrio.

    A consequncia do livre-arbtrio o homem ser o nico ator da

    construo de sua vida e responsvel tanto pelo mal como pelo bem

    que produz. Ele responsvel por todas as suas aes, independente de

    prmio ou castigo, Cu ou Inferno, ser bom ou mau. Se o homem no

    gozasse de projeto que o criou livre e independente, de nada serviria

    educao de qualquer tipo; bastaria seguir o que lhe fosse ditado pelos

    instintos.

    Mas no assim!

    O homem responsvel por sua histria porque foi dotado de

    livre-arbtrio e nenhum intermedirio, homem santo ou clrigo religio-

    so o poder salvar; nem mesmo Deus interferir, porque o Grande Ar-

    quiteto do Universo criou o homem independente, livre, dotado de

    livre escolha. Se o Criador interferisse nas aes da criatura seria como

    admitir a existncia de erros em seu projeto.

    devido a isto que a Maonaria ensina que liberdade vem

    sempre acompanhada de responsabilidade.

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 34/114

    Quem julga apenas o homem. O Criador no julga a ningum

    e muito menos deixaria sua criao queimar pela eternidade num mar

    de enxofre e fogo.

    Quem escraviza o prprio homem.

    E o que ilgico, o homem escraviza a si mesmo.

    Ao longo da histria homem vem explorando homem em seu

    prprio prejuzo.

    dominado fora ou se deixa dominar em virtude de suas li-

    mitaes e vcios.

    No convvio social eclodem choques de todos os tipos. A vio-

    lncia alcanou patamares insustentveis. Se buscadas razes fora de

    si, a culpa pela violncia do meliante que pratica a violncia. Mas ao

    lume da fria razo a culpa partilhada com o omisso que se prende

    atrs das grades e muros de seu castelo, pensando que isolando a vio-

    lncia l fora ser poupado de sua ao.

    Diz o sbio que o silncio dos bons to responsvel pela mal-

    dade quanto o grito dos violentos, dos corruptos, dos desonestos, dos

    sem carter, dos sem tica. Ser que os maus ainda constituem mino-

    ria? O problema que a sociedade est cada vez mais tolerante e omis-

    sa no tratamento com o mau.

    O egocentrismo cria legies de omissos e materialistas.

    Resguardam-se na iluso de que o mal nunca cair sobre eles e

    por covardia e omisso deixam o mal crescer. Mas como a realidade

    mostra, o mal sobrevir para todos os que o provocam, seja por ao

    ou por omisso.

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 35/114

    O cidado bom est por detrs das grades enquanto o meliante

    est do lado de fora tentando levar vantagem. A sociedade corre atrs

    de corrigir o mal depois de feito e pouco se faz de forma preventiva

    atravs da educao.

    Se o homem fosse apenas produto do meio de nada adiantaria

    tambm qualquer tipo de educao. Seria simplssimo! Para resolver os

    problemas de violncia bastaria modificar as circunstncias do meio

    em que o homem vive. Afast-lo da sociedade que o perverte; como o

    Emlio descrito por Rousseau.

    Se apenas o meio modificasse o homem para o bem, ento todo

    maom seria s candura! Mas a realidade no assim! Ser bom ou

    mau questo de escolha, de exercer o poder do livre-arbtrio para o

    bem ou para o mal, e isto modificvel pela educao. Incentivados

    pela Maonaria, autoconhecimento e autorealizao so caminhos para

    amenizar o mal porque usam do poder do livre-arbtrio do prprio ho-

    mem para o bem.

    Na poltica, o nebuloso clima de corrupo e a sensao de im-

    punidade deixam a todo bom cidado desalentado. Isto porque o ho-

    mem transfere poder aos maus ao vender seu voto. Desta forma os

    maus esto no poder criando leis cada vez mais complexas e intrinca-

    das de modos que ao meliante fica fcil constiturem defensores ma-

    treiros que os defendam na corrompvel Justia.

    E para complicar ainda mais, a Justia brasileira to lenta em

    responder aos anseios do bom que como se ela sequer existisse. A

    sensao de impunidade insuportvel!

    Se a escola pblica realmente educasse o homem conforme

    preconizado pelos iluministas, e no apenas o instrusse para o trabalho

    assalariado, a forma de escravido moderna, a realidade social seria

    diferente.

    A Maonaria oferece a educao natural. basta ao maom apro-

    veitar da oportunidade oferecida e partir para se auto-educar nos mol-

    des ditados por homens como Rousseau e Kant. O iderio educacional

    iluminista traou o caminho de uma poca de escravido ao absolutis-

    mo imperial e clerical e pavimentaram caminhos para a Democracia e

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 36/114

    o Capitalismo, realidades que apresentam hoje outras nuanas e difi-

    culdades.

    Os eventos que sucederam os iderios humanitrios e pacifistas

    dos iluministas tornaram-se sucesses de imprios de terror e amargu-

    ras. Para os iluministas do Sculo das Luzes a violncia desencadeada

    depois de sua atuao destruiu os resduos de esperana que ainda lhes

    restavam. Foram revolues e guerras globais revestidas de muita mal-

    dade, do jorrar de muito sangue inocente, de acendimento e manuten-

    o de muito ressentimento.

    A paz s mantida pela guerra; so guerras preventivas em to-

    dos os quadrantes do Orbe.

    A constante sempre o homem explorando o prprio homem.

    Quantos hoje so os que seguem a nica lei, a do amor fraterno,

    ditada por grandes iniciados do passado? Ritualstica, simbologia e

    alegorias so ferramentas pedaggicas da Maonaria programadas co-

    mo portadoras de mensagens de homens do passado para os homens ao

    futuro, que o hoje. A educao natural preconizada por Rousseau e

    Kant ainda est em sintonia com a dinmica social de nossos dias. Ca-

    be ao maom usar da oportunidade que a ordem manica oferece e

    desenvolver em si conscincia e valores morais com vistas sabedoria

    que conduz a felicidade da humanidade.

    a razo de ser designado construtor social.

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 37/114

    O bom senso indica que a tarefa do malho e do cinzel ainda no

    terminou. Cabe ao maom morrer e renascer diversas vezes e ressurgir

    sempre renovado de dentro da pedra bruta e disforme para servir de

    pedra angular na construo de templos vivos, purificados da maldade

    que o homem desenvolve quando se sociabiliza.

    Certamente o Grande Arquiteto do Universo, atravs daquilo

    que inspira o maom a pensar com sabedoria, prover as Luzes neces-

    srias para iluminar os caminhos do futuro e usar da Sublime Institui-

    o para a libertao do homem dominado pelo prprio homem.

    Bibliografia

    1. ARANHA, Maria Lcia de Arruda, Histria da Educao e da Pedagogia, Geral e Brasil, ISBN 85-16-05020-3, terceira edio, Editora Moderna limitada., 384

    pginas, So Paulo, 2006.

    2. ROHDEN, Humberto, Educao do Homem Integral, primeira edio, Martin Claret, 140 pginas, So Paulo, 2007.

    3. ROUSSEAU, Jean- Jacques, Emlio ou Da Educao, R. T. Bertrand Brasil, 1995.

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 38/114

    Herana Educacional Iluminista

    Foram significativas as mudanas que se manifestaram na Eu-

    ropa durante o sculo XVIII, e entre estas surgiu a Maonaria Especu-

    lativa (1717), como parte ativa do processo de gradativa migrao do

    poder para a burguesia, concentrado at ento na nobreza e no clero. O

    Teocentrismo Medieval, Deus como centro de tudo, h muito instigava

    ao lanamento de ideias que fortaleciam o poder do cidado. Aos pou-

    cos o poder absoluto sobre o cidado foi desaparecendo e definiram-se

    os contornos da Repblica. Na poca, por herana de prticas e costu-

    mes medievais, os nobres viviam custa dos esforos de outros cida-

    dos da sociedade, o que prejudicou o nascimento da indstria e difi-

    cultava o livre comrcio.

    Com a inveno e desenvolvimento da mquina a vapor entre

    1765 e 1790, por James Watt (1736-1819), se estabelece o incio da

    Revoluo Industrial, marca do fim do poder de imperadores e papas, e

    nascimento do poder do povo. Os burgueses, na Revoluo Francesa

    (1789-1799), usaram de palavras cunhadas por Rousseau (1712-1778)

    que estabeleceram princpios de liberdade, igualdade e fraternidade

    atravs das luzes, divisa usada at hoje pela Maonaria. Onde a Luz

    dos iluministas significava o conhecimento em resultado do uso do

    poder da razo humana de interpretar e reorganizar o Universo.

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 39/114

    O Movimento Iluminista visava inicialmente liberdade de

    pesquisa cientfica, ao que, atravs de Rousseau, estendeu-se depois

    para a educao natural com nfase no condicionamento moral e cvi-

    co.

    O Sculo das Luzes teve inmeros mentores, cuja ampla maio-

    ria concordava que, em resumo, apenas o conhecimento poderia pro-

    porcionar os meios para livrar os homens das garras do poder absoluto

    que embotava o desenvolvimento. Qualquer poder estabelecido sabe, e

    a Maonaria promove, que um povo instrudo e educado mais difcil

    de conduzir com dogmas e crendices, mas mais feliz porque assume

    o controle da sua convivncia pacfica na sociedade.

    O Liberalismo foi outra forte movimentao da burguesia. Atu-

    ando na economia, Franois Quesnay (1694-1774) e Adam Smith

    (1723-1790) representam as aspiraes do cidado em gerenciar seus

    prprios negcios sem a interferncia do Estado. Defendia-se a eco-

    nomia perseguindo caminhos ditados por leis naturais, onde a figura de

    um Estado intervencionista no existe. Na poltica, os mesmos ideais

    liberais lutavam de todas as formas contra o Absolutismo. Na moral

    buscavam-se formas laicas de tornar naturais as aes do comporta-

    mento humano.

    Por conta de abusos clericais e da Inquisio, que durou mais

    de seiscentos anos, de 1183 at 1821, o Iluminismo rejeitava a adeso

    religio. Principalmente s filosofias religiosas povoadas de fantasias

    e alegorias ilgicas e impostas como verdades, que pelo aspecto veros-

    smil so colocadas como fatos verdadeiros ao invs de declaradas de

    origem ficcional, apenas para fins de ilustrao de verdades e filosofi-

    as.

    Os iluministas combatiam os dogmas que em religio estabele-

    cem invenes foradas, inverossmeis, determinadas por decreto pela

    autoridade religiosa como verdade divina revelada e que o adepto tem

    por obrigao acatar; so imutveis; verdades absolutas que sequer

    permitem discusso, nem mesmo pensar em contestao; imposio

    que determina como o adepto deve pensar e at sentir.

    Foi contra as religies que impem dogmas e fantasias, que os

    iluministas se rebelaram; no eram ateus, muito ao contrrio! - Isto,

    mesmo hoje, no passa de acusao leviana, falsa e insidiosa de parte

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 40/114

    dos detratores do Iluminismo. Defendiam o aporte de religio natural,

    com orientao mais racional de f, ou crena naquilo que no visto e

    ser apenas sentido ou intudo. O maom desenvolve f alicerada na

    razo.

    Bastava-lhes a f num princpio criador - semelhante ao que era

    percebido pelo pensamento lgico do homem da natureza, o qual per-

    cebia a impossibilidade de sua existncia ser obra do acaso; para o qual

    aceitvel a existncia de uma mente criadora lgica e orientadora da

    exuberante e diversificada natureza que o cercava e servia; e com a

    qual vivia em dependncia.

    Hoje se reconhece a simbiose evolutiva como obra criativa, on-

    de a criao resultado da cooperao e co-evoluo das clulas em

    processos evolutivos cada vez mais intrincados e complexos, orienta-

    dos por leis definidas por uma Mente Orientadora, conceito ao qual o

    maom denomina Grande Arquiteto do Universo.

    O Iluminismo influenciou o Desmo, doutrina que considera a

    razo como a nica maneira de assegurar a existncia de Deus. Princi-

    palmente por isto, os detratores do Iluminismo acusaram o movimento

    de introdutor do atesmo na sociedade moderna, entretanto, aquele mo-

    vimento defendia a religio natural, sem dogmas e fanatismo. Para o

    iluminista, Deus o Primeiro Motor, o Supremo Criador.

    Desta magnfica ideia a Maonaria, que no religio, herdou o

    conceito Grande Arquiteto do Universo, o que possibilita a reunio de

    diversas linhas filosficas e religiosas num mesmo foro de debate, que

    de forma proativa discute os problemas da sociedade e do homem; ato

    impossvel para outras instituies, mormente religies que nunca se

    entendem e provavelmente nunca chegaro a acordos fraternos na so-

    luo de qualquer problema devido ao dio que nutrem entre si e aos

    que no concordam com seus dogmas.

    Na prtica manica, as proibies de discusses religiosas na-

    da tm de incentivo ao atesmo, mas tm por finalidade afastar o ma-

    om de discusses vazias dentro do pntano do fundamentalismo reli-

    gioso e o conduzir para a espiritualidade natural, respeitando crenas e

    a religio de seus irmos, independente de qual seja.

    O ateu no recebido pela Ordem Manica.

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 41/114

    Para entrar na Maonaria so exigidas as crenas num Princpio

    Criador e numa vida futura.

    Ambos so dogmas.

    As duas crenas esto aliceradas em f raciocinada de que:

    O Universo organizado s pode ser o resultado de pensamento lgico;

    A vida consciente iluso energtica que tem uma finalidade de ser, como resultado igualmente de pensamento lgico;

    O Universo feito de energia, tudo energia, conforme a Fsi-ca Quntica, lentamente, engatinhando, comprova cientifica-

    mente;

    Em nveis energticos ainda desconhecidos pode existir a liga-o com a fonte da vida ao que se denomina genericamente no

    conceito de Grande Arquiteto do Universo;

    Existe possibilidade de vida, de conscincia, aps a existncia nesta forma energtica que transmite uma iluso de existncia

    material para outra mais sutil.

    Nada descartado! Nada afirmado. Tudo duvidado. Para

    tudo o maom especula em busca de explicao, da verdade. E mesmo

    esta verdade , de tempos em tempos, questionada. O maom o resul-

    tado da libertao de eras de obscurantismo. A dvida constante. O

    maom por natureza um herege. filho da heresia.

    Alicerado em cincia, para o maom a espiritualidade parte

    do corpo, sentida como a plenitude da mente e do corpo; mente e

    corpo vivos, formando unidade. De alguma forma a energia que a sua

    conscincia e corpo tem ligao energtica com o Universo. Os mo-

    mentos de conscincia espiritual so observados como unidade, uma

    percepo de pertencer ao Universo como um todo. A Loja estabeleci-

    da representao deste Universo, o tero da criao, de onde o ho-

    mem parte integrante do todo. Quando o maom contempla a Loja

    como representao do Universo, percebe que no est lanado em

    meio ao caos. "Ordo ab Caos", ordem no caos, sua divisa e inspira-

    o de que parte de um projeto maior, de uma ordem mais elevada,

    parte integrante de uma imensa sinfonia da vida conduzida pelo Gran-

    de Gemetra, o Maestro da Criao e Grande Arquiteto do Universo.

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 42/114

    Para facilitar o entendimento de especulaes cientficas com-

    plicadas da rea da Fsica Quntica que consideram quantas, istopos e

    outras partculas, a projeo de vida futura construda no fato de que

    o corpo nunca morrer e remanescer vivo, mesmo depois que o corpo

    se desfizer em seus elementos moleculares a vida continua. Como?

    Isso fica por conta da filosofia, porque no momento em que ficar com-

    provada a verdade especulada ela deixa de ser filosofia e passa ao

    campo da cincia.

    E no apenas o sopro da vida, que comum a todos os seres vi-

    ventes, continua vivo, mas tambm os princpios da organizao vital

    dos seres viventes da biosfera. esta conscincia de ser parte do Uni-

    verso, de ser esta a sua casa, desta sensao de pertencer, de ser parte

    do todo que desperta no maom o mais respeitoso e profundo sentido

    para a vida.

    Quando na Maonaria a Bblia Judaico-crist utilizada na

    construo de parbolas e alegorias, na representao de pensamentos

    e ideias de forma figurada, os textos so utilizados apenas como refe-

    rncia para a criao de estrias. As alegorias copiadas e depois adap-

    tadas so pura fico! Verossimilhana que serve apenas de suporte

    para a criao de parbolas que auxiliam na especulao do conheci-

    mento natural; esta utilizao deixada bem clara para todos; a cul-

    tura da Maonaria voltada para a liberdade; educao natural criada

    por Rousseau (1712-1778) e complementada por Kant (1724-1804).

    Por outro lado, a mesma Bblia utilizada nas atividades litr-

    gicas das lojas formadas por irmos de religies crists como livro da

    lei, a mais alta e sagrada representao do grupo, sobre a qual se fazem

    juramentos e promessas, e da qual se extraem pensamentos e sabedo-

    ria; o maom cristo constantemente instigado a us-la como fonte de

    inspirao no trabalho na pedra; na absoluta maioria dos ritos, nenhu-

    ma sesso manica inicia sem que um trecho da mesma seja lido no

    momento mais solene de abertura ritualstica dos trabalhos.

    A liturgia e instruo manica constam de alegorias definidas

    em todos os aspectos como invenes, historinhas, fantasias, de uso

    puramente pedaggico e com o nico objetivo de construir novas idei-

    as pelos eternos ciclos de construo do pensamento.

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 43/114

    Estes ciclos, que Hegel (1770-1893) definiu como Contradio

    Dialtica, constituda de: tese, anttese e sntese a base do desenvol-

    vimento de todo o conhecimento humano: tese a afirmao; anttese a

    negao ou complementao da tese; sntese a superao da contradi-

    o; quando surge uma nova e inusitada ideia, diferente da primeira e

    da segunda. Ento se inicia um novo ciclo de tese, anttese e sntese. E

    o processo no tem fim.

    o que ocorre nos debates da Maonaria onde, atravs da edu-

    cao natural, se constroem templos, templos vivos e livres.

    Estes so alguns dos aspectos do movimento Iluminista que in-

    fluenciaram a Maonaria quando de sua fundao como instituio

    especulativa.

    Mesmo bebendo de inmeras outras fontes de inspirao sim-

    blica e alegrica foi esta a origem de que a Ordem Manica se utili-

    zou para promover a volta do homem natural perdido desde Atenas,

    Grcia antiga, reportado por Plato em "A Repblica".

    Na Maonaria o homem moderno tem a oportunidade de recu-

    perar o que perdeu em virtude do desmonte da escola hodierna, colocar

    os ps no cho, trabalhar seu templo vivo, dentro de um templo mate-

    rial, edificado pela Maonaria praticamente s para a sublime finalida-

    de do homem se autoconstruir.

    Mas dentro do grande templo da sociedade, um templo vivo

    feito por homens naturais que cada artfice trabalha na pedra, e com a

    sabedoria da razo, a fora da vontade, ele constri a sua beleza interi-

    or para honra e glria do Grande Arquiteto do Universo!

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 44/114

    Bibliografia

    1. ARANHA, Maria Lcia de Arruda, Histria da Educao e da Pedagogia, Geral e Brasil, ISBN 85-16-05020-3, terceira edio, Editora Moderna limitada., 384

    pginas, So Paulo, 2006.

    2. CAPRA, Fritjof, A Teia da Vida, Uma Nova Compreenso Cientfica dos Siste-mas Vivos, ttulo original: The Web of Life, a New Scientific Understandding

    Ofliving Systems, traduo: Newton Roberval Eichemberg, ISBN 85-316-0556-

    3, primeira edio, Editora Pensamento Cultrix limitada., 256 pginas, So Pau-

    lo, 1996.

    3. CAPRA, Fritjof, As Conexes Ocultas, Cincia para a Vida Sustentvel, ttulo original: The Hidden Connections, traduo: Marcelo Brando Cipolla, 13 edi-

    o, Editora Pensamento Cultrix limitada., 296 pginas, So Paulo, 2002.

    4. ROHDEN, Humberto, Educao do Homem Integral, primeira edio, Martin Claret, 140 pginas, So Paulo, 2007.

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 45/114

    Rousseau e a Educao Natural

    Rousseau (1712-1778) disse que:

    "Toda a nossa sabedoria consiste em preconceitos

    servis; todos os nossos usos no so seno sujeio, emba-

    rao e constrangimento. O homem civil nasce, vive e morre

    na escravido; ao nascer, envolvem-no em um cueiro; ao

    morrer, envolvem-no em um caixo; enquanto conserva

    sua figura humana est acorrentado a nossas instituies".

    (Emlio, ou da Educao, Rousseau, So Paulo, Difel).

    Rousseau foi o mentor inicial da educao natural, cujas ideias

    foram depois reforadas, melhor definidas e ampliadas por Kant

    (1724-1804), estabeleciam um gradativo retorno natureza, no de

    forma a transformar o homem em selvagem, mas pela naturalizao

    comportamental e espontaneidade dos sentimentos.

    Papis significativos foram tambm desempenhados por Dide-

    rot (1713-1784) e Helvtius (1715-1771), quanto importncia no

    desenvolvimento pessoal usando como mola propulsora as paixes

    positivas e que rejuvenesceriam o mundo moral. Para obter a liberdade

    individual, as paixes positivas desempenhariam valor vivificador no

    mundo moral.

    Os combates s paixes do maom dizem respeito quelas as-

    sociadas ao vcio e licenciosidade, j as paixes ligadas s virtudes e

    benficas educao natural do homem so fortemente incentivadas.

    A escravido sempre se baseia na falta de educao; muito

    mais fcil dominar o ignorante, violento e amoral que o indivduo es-

    clarecido, ou iluminado pela educao. Quando a escola era domnio

    da religio, ela disseminava a semente da dominao absoluta do rei

    para assuntos polticos e da religio para assuntos metafsicos; assim

    compartilhavam o poder apenas entre si. Consta de espcie de fornica-

    o entre poderes: seja entre cacique e paj ou entre primeiro ministro

    e o pastor da igreja.

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 46/114

    O conhecimento de antanho s era de fato acessvel s elites e

    em todas as eras sempre representa forma de poder. Desde a inveno

    da escrita a manuteno do Estado era realizada pelo escriba, cargo

    que s os mais ricos e influentes obtinham. Em quase todas as civiliza-

    es a educao era controlada pela Teocracia - isto sempre restringiu

    o acesso ao conhecimento tcnico aos iniciados na religio do Estado.

    No antigo Egito, Mesopotmia, China, ndia, na tradio hebraica,

    enfim, todas as civilizaes centralizaram o conhecimento nas castas

    mais abastadas da populao, e principalmente, em iniciados em mist-

    rios religiosos da religio do Estado. Assim funcionava at que os ilu-

    ministas introduziram modificaes na educao.

    A educao natural, aquela voltada para a felicidade individual,

    laica e no intelectualizada reduziu a dominao absolutista. Normal-

    mente em convulses revolucionrias.

    O grande valor do trabalho de Rousseau na pedagogia o fato

    de dar ao ensino pblico uma conotao poltica e de valorizao do

    homem em todos os nveis sociais, disposio exposta quando afirma

    que a educao pblica deve passar necessariamente por formao

    cvica, de identidade do cidado com o pas.

    Afirmava no ser a educao pblica ideia dele e quem tivesse

    interesse, que lesse "A Repblica", de Plato.

    O ensino pblico e gratuito foi o veculo mais importante do

    Iluminismo que preconizava pelo uso da razo no combate s supersti-

    es e obscurantismo religiosos.

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 47/114

    A Maonaria instrumento importante, no o nico, na defesa

    da escola leiga, no relacionada a religio e funo do Estado. Entre

    outras acusaes, mas principalmente pelo posicionamento para a edu-

    cao, a Ordem Manica foi objeto de violentas reaes do poder dos

    estados, bem como, de bulas papais de condenao; dio que at hoje

    no foi revogado.

    O medo dos poderosos no tanto pela forma esotrica das

    reunies dos maons, mas principalmente pelo fato de pela educao

    natural libertar o pensamento do cidado, conscientizando-o de seu

    papel na sociedade e no Universo. A ordem manica no concorda

    com posicionamentos radicais ou de concentrao de poder, e isto lhe

    rende poderosos inimigos. A vingana de insidiosos perseguiu maons;

    mirades morreram para manter a ao de educar o homem do povo em

    direo liberdade.

    Em sua poca, Rousseau teve de fugir diversas vezes da perse-

    guio. As bases de suas consideraes pedaggicas declaravam que o

    homem em estado natural bom, mas a sociedade dominada pela hi-

    pocrisia das instituies o corrompe, destruindo sua liberdade; dizia:

    "O homem nasce livre e por toda parte encontra-se

    a ferros".

    Em termos polticos defendia que o povo soberano, e para tal

    h necessidade de educar o ser humano integral; desenvolveu a ideia

    da educao natural, nos moldes do que os nobres praticavam em certa

    fase histrica de Atenas, na Grcia antiga, e hoje, na Maonaria, tal

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 48/114

    procedimento representado simbolicamente pelo homem esculpindo

    a si mesmo de dentro da rocha disforme.

    A educao natural rejeita toda e qualquer tentativa de intelec-

    tualizao da educao. Na Maonaria qualquer pessoa tem acessos e

    facilitadores a complexos pensamentos filosficos apenas por nutrir-se

    da vasta coleo de smbolos e alegorias.

    A linha de pensamento iluminista foi fortemente influenciada

    pela obra intelectual de Rousseau na educao, inclusive vai alm do

    ato pedaggico e de formao humana que ele apresenta em "Emlio" e

    depois complementa em "Do Contrato Social".

    Em conjunto estes trabalhos estabelecem conceitos de cidada-

    nia natural do homem na sociedade. O objetivo de Rousseau sempre

    foi o homem do povo; do cidado com vistas ao desenvolvimento do

    homem natural; que no deve ser confundido com o homem da nature-

    za, analisado em seu "Discurso Sobre a Origem da Desigualdade En-

    tre os Homens".

    O homem natural o melhoramento do homem da natureza, o

    cidado como essncia do homem civil, mesmo quando este convive

    em ambiente hostil s virtudes como acontece com o maom hodierno.

    O afastamento de Emlio da influncia perniciosa da sociedade copi-

    ado pela Maonaria quando suas reunies acontecem longe e isoladas

    do mundo externo, num mundo idealizado, igualitrio, perfeito para o

    desenvolvimento da educao do homem natural, que:

    completo em si, a unidade e absoluto total, aquele que tem relao apenas para consigo e a coletividade;

    Como homem civil no nada mais que uma frao em relao ao corpo social;

    Como indivduo usa da razo e da universalidade da natureza do homem para usufruto da felicidade;

    O homem , em essncia, um representante da espcie humana

    que, dotado de razo, deve desenvolver-se atravs da educao natural

    para ocupar seu espao no Universo.

    Em seus estudos Rousseau define que o homem no se reduz

    apenas a sua condio intelectual, no apenas razo e reflexo, mas

    condicionvel pela educao a controlar sentidos, emoo, instintos e

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 49/114

    sentimentos, numa educao natural ativa voltada ao usufruto da vida,

    por ao proativa e movimentada pela curiosidade. Algo assim ab-

    sorvido na vivncia da rgida disciplina ritualstica existente nos tem-

    plos da Maonaria, local onde muito de seu pensamento voltado para a

    educao natural foi adaptado e veio at nossos dias. A pretenso a

    mesma da dos tempos de Rousseau: libertar o homem e torn-lo feliz;

    a Maonaria apenas propicia os meios e o local para o homem se auto-

    educar.

    Na ordem manica pratica-se a educao de si mesmo, a edu-

    cao natural; que j parte do projeto do homem. O entendimento

    simples se considerar que o livre-arbtrio permite apenas a existncia

    da auto-educao. bem diferente da educao voltada para o conhe-

    cimento, dirigida quase que exclusivamente para a escravido, alie-

    nao pelo trabalho.

    A educao natural est voltada para a liberdade do homem em

    sentido lato e atravs do qual honra o ato criativo do Grande Arquiteto

    do Universo.

    Bibliografia

    1. ARANHA, Maria Lcia de Arruda, Histria da Educao e da Pedagogia, Geral e Brasil, ISBN 85-16-05020-3, terceira edio, Editora Moderna limitada., 384

    pginas, So Paulo, 2006.

    2. CAPRA, Fritjof, A Teia da Vida, Uma Nova Compreenso Cientfica dos Siste-mas Vivos, ttulo original: The Web of Life, a New Scientific Understandding

    Ofliving Systems, traduo: Newton Roberval Eichemberg, ISBN 85-316-0556-

    3, primeira edio, Editora Pensamento Cultrix limitada., 256 pginas, So Pau-

    lo, 1996.

    3. CAPRA, Fritjof, As Conexes Ocultas, Cincia para a Vida Sustentvel, ttulo original: The Hidden Connections, traduo: Marcelo Brando Cipolla, 13 edi-

    o, Editora Pensamento Cultrix limitada., 296 pginas, So Paulo, 2002.

    4. ROHDEN, Humberto, Educao do Homem Integral, primeira edio, Martin Claret, 140 pginas, So Paulo, 2007.

    5. ROUSSEAU, Jean- Jacques, Emlio ou Da Educao, R. T. Bertrand Brasil, 1995.

    6. ROUSSEAU, Jean-Jacques, A Origem da Desigualdade Entre os Homens, tra-duo: Ciro Mioranza, primeira edio, Editora Escala, 112 pginas, So Paulo,

    2007.

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 50/114

    Kant na Construo de Homens Livres

    Kant (1724-1804) melhorou as ideias de Rousseau (1712-1778)

    na linha do pensamento iluminista, traduzindo o pensamento daquele

    nos termos conhecidos hoje na Maonaria:

    Busca do equilbrio entre corpo, mente, emoo e espiritualida-de ficaram esclarecidas e desvinculadas de intermediao por

    terceiros; o maom trabalha s num templo vivo, que ele

    mesmo;

    A educao pessoal passa a ser focada no aprendiz, no aluno e no no professor, no clrigo ou numa instituio; o aprendiz

    trabalha em si mesmo; todo maom eterno aprendiz no que

    diz respeito aos seus assuntos;

    Limita que a razo no capaz de reconhecer realidades que no provocam a experincia sensvel como: Deus, imortalidade

    da alma, o infinito do universo, liberdade, questes metafsicas

    e conscincia moral; da o cultivo da espiritualidade ser parte

    da educao obtida na Maonaria, que no religio; a espiri-

    tualidade parte indissolvel do processo de educao natural

    sem configurar-se em religio; na Maonaria, escolher uma re-

    ligio responsabilidade individual;

    Diferencia os princpios racionais da razo especulativa; razo da apresentao, pelos maons, de mltiplas facetas de uma

    mesma verdade em suas consideraes e especulaes; deixa-se

    para o ouvinte formular seu prprio juzo;

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 51/114

    Aproxima a razo prtica com a vida prtica e moral; isto o que recebe maior nfase no desenvolvimento manico para

    preparar o homem para a ao social e de onde o maom deriva

    ganhos em todos os aspectos, inclusive financeiros;

    Desenvolve raciocnios a respeito de se cumprir o dever pelo dever e no em troca de favores ou benefcios; a espiritualidade

    e a obedincia civil instruda pela filosofia manica no ba-

    seada em prmio e castigo, cu e inferno; cumpre-se o dever

    pelo dever e no com vistas a um ganho de qualquer tipo; a

    obedincia se d porque o maom deseja ser bom e no em re-

    sultado de benesse ou tribulao;

    Incentiva o homem a agir pelo dever e combater a boa luta inte-rior entre a lei universal e as inclinaes individuais, lanando

    os pressupostos da liberdade da vontade;

    Preconiza a aprendizagem do controle do desejo no com vista a um suposto prmio, mas pela disciplina para atingir o gover-

    no de si mesmo e a capacidade de se autodeterminar; de modo

    que cada um forme em si mesmo o seu prprio carter moral;

    Que mesmo sob foras de coero, a finalidade principal pro-piciar o afloramento do sujeito moral de modo a unir educao

    e liberdade; na Maonaria a liberdade resultado de treinamen-

    to, condicionamento do equilbrio entre liberdade e responsabi-

    lidade;

    Define que nenhuma verdade vem de fora do indivduo, mas construda pelo cidado em si mesmo, com alicerce naquilo que

    ele foi e ; o indivduo quem permite que a verdade lhe pene-

    tre mente e corao por ao da razo treinada e instruda;

    Estabelece que liberdade de credo seja o ponto base para a boa educao; isto enriquece o debate dos assuntos tratados, visto

    sob a tica de outras interpretaes religiosas e derruba a razo

    de tanta separao indevida em nome de verdades que s vezes

    divergem apenas por mera interpretao semntica ou posies

    de pontos e vrgulas;

    Cria critrios de liberdade e tolerncia religiosa; a razo de na Maonaria sentarem sob um mesmo teto pessoas que em outras

    condies seriam capazes de se agredirem ao ponto de se mata-

    rem;

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 52/114

    Afirma que a pessoa moralmente livre fim em si mesma e no para alguma coisa, para ningum, nem mesmo para Deus; isto

    de forma alguma limita o poder divino, antes, o enaltece, pois o

    Criador criou a criatura com o esprito da liberdade, com livre-

    arbtrio; especificao intencional e caracterstica da criatura

    ditada pelo Criador; O projeto do homem inclui a autodetermi-

    nao, tudo passa pelo filtro do ego, pelo livre-arbtrio, e neste

    mecanismo nem o Grande Arquiteto do Universo interfere; a

    criatura foi criada livre; e liberdade responsvel das principais

    divisas utilizada pela Maonaria.

    Por influncia do Iluminismo, Kant cunhou o verbete alemo

    "Aufklrung", em portugus "esclarecimento", onde ele afirma que o

    homem culpado de sua prpria menoridade em termos educacionais,

    quando esta deficincia no for falta de entendimento, mas falta de

    coragem ou indolncia.

    devida a Horcio, e neste mesmo contexto utilizada por Kant,

    a expresso latina "sapere aude", ou "ouse saber", que determina ao

    homem munir-se de coragem para saber, estudar, conhecer.

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 53/114

    A Maonaria provoca o maom a largar de sua acomodao de

    menoridade e que desenvolva a coragem de se responsabilizar pela

    vida e pela sua histria, conduzindo a sua existncia para a maioridade.

    Insiste-se que se abandone a culpa que o escraviza e o submete ao sis-

    tema de coisas. Isto incutido j na iniciao do primeiro grau, quando

    no pode prescindir da conduo de um terceiro em seus passos, cuja

    dependncia dos irmos vai se libertando cada vez mais na escalada

    dos graus.

    inteno que o homem saia de sua condio de culpado pela

    menoridade e v luta, que saia de sua acomodao e comece a pensar

    por si mesmo, utilizando-se plenamente de sua capacidade racional. As

    provocaes contra a alienao do pensamento e da heteronomia, dei-

    xar-se conduzir por outro, pretendem livrar o homem e conduzir para a

    educao natural. Fomenta-se que passe a assumir o risco de suas deci-

    ses e coragem para superar o medo que inibe os processos criativos.

    Para obter a coragem de determinar-se livre, o maom se utiliza

    dos irmos, do apoio que deles emana como grupo. O indivduo intera-

    ge com o grupo, agindo cada um reciprocamente sobre o outro. Esta

    interao pode levar a ao positiva pelo condicionamento pela educa-

    o, mas no determinante porque depende muito da fora de vonta-

    de de cada um em determinar-se, de superar o ego, de derrubar as qua-

    se intransponveis muralhas do livre-arbtrio.

    Para obter a liberdade apenas coragem no suficiente. H ne-

    cessidade de comprometimento pessoal, a auto-educao, de o maom

    esculpir-se para fora da rocha disforme e rstica, da aflora a possibili-

    dade de transformao interna, da transformao do homem integral.

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 54/114

    Ao superar a minoridade da heteronomia2, o medo da liberdade,

    e assumir a responsabilidade de si mesmo, desperta o homem natural

    definido por Rousseau; morre o homem escravizado e nasce o homem

    livre.

    Todas as iniciaes da Maonaria so exerccios de aprender a

    morrer para aprender a viver bem. Mostra-se o quanto efmera a vi-

    da, da resultar em motivao para viver bem a vida, de ser bom por-

    que assim a razo o determina e no porque possa sofrer algum castigo

    ou receber determinado prmio.

    Ao ser humano que faz uso de sua capacidade racional dada a

    oportunidade de construir-se a si mesmo, de esculpir-se de dentro da

    pedra em todos os sentidos. Trabalhar o todo de si mesmo bem acima

    dos instintos e produzir cada caracterstica individual de sua prpria

    existncia.

    Esta a educao natural definida por Rousseau e Kant na

    construo de homens livres e donos de si, que na Maonaria so pe-

    dras vivas e independentes, construtores com seus prprios corpos do

    edifcio da sociedade.

    2 Sujeio a uma lei exterior ou vontade de outrem; ausncia de autonomia.

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 55/114

    E este trabalho justifica o fato do maom nunca iniciar uma ta-

    refa antes de render honra ao Grande Arquiteto do Universo.

    Bibliografia

    1. ARANHA, Maria Lcia de Arruda, Histria da Educao e da Pedagogia, Geral e Brasil, ISBN 85-16-05020-3, terceira edio, Editora Moderna limitada., 384

    pginas, So Paulo, 2006.

    2. ROHDEN, Humberto, Educao do Homem Integral, primeira edio, Martin Claret, 140 pginas, So Paulo, 2007.

    3. ROUSSEAU, Jean- Jacques, Emlio ou Da Educao, R. T. Bertrand Brasil, 1995.

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 56/114

    Influncia da Educao Manica

    Educao manica na construo de homens.

    Especula-se que:

    O universo resultado de projeto inteligente com finalidade de-finida;

    No o resultado de ocasionais ocorrncias aleatrias;

    A vida tem propsito significativo;

    lgico pensar na vida com inteno de preencher finalidade determinada, planejada.

    Na contramo disso, o homem percebe que muitas de suas ati-

    vidades so dispersivas e alienantes no uso da vida. Para a maioria a

    vida no tem sentido, principalmente na forma correta de usufruir o

    que realmente a natureza intenciona no viver bem.

    Na atividade do homem no se concebe que faa o que certo

    em um aspecto da vida, enquanto comete erros em outros.

    Como far em sua caminhada para no perder a viso de sua

    vida em sentido lato?

    Como deve agir para usufru-la como um conjunto indivisvel?

    O homem que se iniciou nos mistrios da Maonaria descobre

    na vida a existncia de maravilhas a serem exploradas, questionadas e

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 57/114

    aplicadas para usufruir de sua existncia da maneira mais equilibrada

    possvel com o propsito do Criador.

    Pela educao manica o homem deixa de ser morto-vivo de

    comprometida viso da vida.

    A Maonaria e seus mistrios oferecem ferramentas e instru-

    es que removem barreiras e possibilita o usufruto da vida em sua

    plenitude. O senso do mistrio alimenta emoes residentes na psique

    e que so trabalhados nas atividades manicas. A cincia em forma de

    arte traduz a emoo fundamental para o progresso pessoal. So mist-

    rios que no inspiram medos, o maom faz o bem porque isso parte

    de sua nova vida e no porque tem medo de algum castigo ou almeje

    hipottico prmio depois de morto.

    Se aplicada passo-a-passo, de forma simples, a essncia da vida

    aprendida e, se for da vontade do adepto, liberta-o da escravido, do

    servilismo ao sistema desumano de vida, que o espreme e suga toda a

    sua fora ativa at sobrar apenas bagao. Ao sujeitar a ambio ao con-

    trole racional, liberta-se do pior tipo de servilismo, pior at que a pr-

    pria fome e pobreza. Ao inspirar coragem e deciso no adepto, a filo-

    sofia da Maonaria conduz quele que passa a confiar em si mesmo e

    conduz seus prprios passos ao prazer de conquistar a vitria sobre si

    mesmo. Ao sentir que capaz de conduzir a si mesmo torna-se apto a

    conduzir aos que ainda no despertaram.

    As noes filosficas da Maonaria auxiliam na absoro dos

    conhecimentos que livram do obscurantismo e da alienao ao traba-

    lho. So aplicadas apenas poucas horas semanais em treinamento e

    convivncia que eliminam anos de frustrantes tentativas de acertos e

    erros at obter a viso necessria para dar sentido vida.

    No se trata de entendimento intelectual, poltico ou crena,

    mas de sentido misterioso, ainda inexplicvel, de intuio individual

    que d sentido vida.

    Cada adepto usa da Maonaria para dar o seu prprio sentido

    para a vida sem ficar batendo cabea em tentativas inteis e fantasio-

    sas.

    O sucesso pessoal no devido exclusivamente fora ou ao

    conhecimento, mas diz respeito vontade frrea, de coragem para agir.

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 58/114

    O entendimento de como caminhar por conta prpria advm do conhe-

    cimento esotrico que conduz ao sucesso pessoal, familiar, social e

    profissional. A convivncia manica inspira o conhecimento intuitivo

    e o fortalecimento do carter que conduzem o maom, que inicia a si

    mesmo, a uma conscincia superior. No um super-homem, mas um

    homem renascido de sua prpria deciso de fazer de si mesmo uma

    criatura em permanente evoluo.

    Ao trabalhar em si mesmo, na pedra, o adepto participa na

    construo de um templo social onde ele incentivado a ocupar cada

    vez mais cargos, pblicos ou privados, de modo a conduzir a sociedade

    por bons pastos. No se trata de conduzir gado de corte por frtil cam-

    po de engorda e deste ao matadouro da explorao, mas de propiciar

    oportunidades razoveis de vida sem eliminar as diferenas e os desn-

    veis que so caracterstica de civilizaes saudveis. a sabedoria

    salomnica aplicada no dia-a-dia do cidado.

    O homem sbio mais forte que o bruto, pois conhecimento

    aplicado com sabedoria eficiente. O conhecimento prov a base sli-

    da da construo pessoal que se afasta da alienao do sistema de coi-

    sas humano pela aplicao do pensamento sbio.

    Maonaria arte.

    a cincia que permite construir o intelecto cuja compreenso

    possibilita o despertar, o abraar da iluminao que vem da racionali-

    dade conduzida por balanceada espiritualidade: diferente de religiosi-

    dade. A luz que o maom busca o aperfeioamento pessoal em seu

    dia-a-dia. A Maonaria faz deste entendimento o ponto essencial a ser

    alcanado. mero coadjuvante o esforo das atividades manicas

    restantes ao objeto central que a evoluo do homem.

    O estado de iluminao inspirado pela Maonaria destri a

    mscara da iluso do sistema de coisas humano que manipula separa-

    es e quebra de relaes que conduzem a alienao da vida para obje-

    tivos fteis e inteis. No instante em que o maom abre os olhos e v a

    luz do que certo e errado torna-se sensato.

    Desaparece a iluso e ele deixa de experimentar o que est er-

    rado na tentativa de acertar, torna-se mais objetivo e acerta mais vezes

    j no primeiro ensaio. Some o ilusionismo com seus truques que sub-

  • Biblioteca Charles Evaldo Boller

    Iluminao 59/114

    metem o homem ao servilismo voluntrio em virtude da perda de no-

    o da realidade.

    Surge nova conscincia quando a iluminao esclarece a dife-

    rena entre religiosidade e espiritualidade. Fica claro o entendimento

    de que a crena em verdades absolutas ditadas pelos sistemas religio-

    sos no torna seus adeptos pessoas espiritualizadas. Tambm no

    espiritualizado o maom que no iniciou a si mesmo, que insiste em

    aprisionar-se na execuo de rituais sem penetrar em seus significados,

    daquele que estaciona no bsico que o smbolo desvela e no se esfor-

    a em enxergar para alm do smbolo.

    A inteno da educao manica criar a identidade prpria

    do indivduo afastado de influncia ditatorial externa e aproxima-lo da

    dimenso espiritual que j reside dentro dele. O smbolo manico no

    foi exposto para revelar, mas para ocultar significados que s acordam

    quando devidamente provocados. Esta viso de outra dimenso existe

    em todos. Basta que acorde. No est contida exclusivamente no pen-

    samento, mas numa rea m