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Ilustração de: Patricia Rodrigues, Artes Plásticas e Multimédia A Vendedora de Cebolas José Leon Machado C M Y CM MY CY CMY K capaccapa.pdf 14-01-2010 17:01:12

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Ilustração de: Patricia Rodrigues, Artes Plásticas e Multimédia

A Vendedora de Cebolas

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A rapariga tinha sido mandada à feira pela madrasta para vender

um cesto de cebolas e uma giga de ovos. Saíra de casa com o cesto

à cabeça ainda o sol não tinha nascido. Por várias vezes, ao longo

do caminho, os socos derraparam nas pedras escorregadias pela

geada. Salvou-a da queda o bom equilíbrio que sempre teve.

Deixasse cair o cesto e era certa a tareia da madrasta. Tanto mais

que não se vendem cebolas maçadas e ovos muito menos e ela

tinha de entregar em casa o dinheiro certinho. Chegou à feira já

o sol ia alto. Quanto mais cedo se chegasse, melhor negócio se fazia.

os preços começavam a baixar com o arrastar da manhã e os

mercadores acabavam por vender os últimos produtos a menos de

metade do preço, para não terem de regressar a casa com eles.

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Passou ao lado da tenda do mercador de caldeirões e

corou quando o viu a falar com uma velha que apontava

para um caldeirão. Ele era tão bonito, que a rapariga gostava

de passar ali só para o ver. O jovem mercador nem para ela

olhava. E como poderia ele olhar para uma rapariga tão feia e

tão miseravelmente vestida?

Mas ela não se importava. A lembrança dele nos dias duros de

trabalho e nas noites frias aquecia�lhe o peito e isso bastava-he.

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Poisou o cesto – ninguém ali á volta se oferecera para a ajudar a

descê-lo da cabeça, nem mesmo as conhecidas de outros dias de

feira que ao lado apregoavam os produtos –e sentiu-se derreada.

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No dia anterior, a madrasta tinha-a mandado retirar o estrume

do curral, trabalho que lhe ocupou grande parte do dia.

Já na cozinha, quando tinha mais vontade de comer do que

fazer o que quer que fosse, a madrasta ainda a obrigou a fazer a

ceia e a preparar o cesto para a feira. Enquanto picava uma

cebola para o refogado, chorou e o pai, que acabava de chegar

de uma lavrada, perguntou-lhe:

- Porque choras, minha filha?

E ela disse que por causa da cebola. O pai acreditou e sentou-se

à lareira a tirar as botas antes de pôr os pés ao fogo. A madrasta,

ao lado, cozia uns fundilhos e ali estiveram a fazer sala á espera

que o manjar estivesse pronto, enquanto os dois miúdos, seus

meios-irmãos, por ali andavam a arranhar�se com gritos e

correrias.

Foi muito tarde que a rapariga se foi deitar no quarto das

traseiras, depois de ter lavado a loiça, preparar o avental, a saia e

a blusa que no dia seguinte vestiria para a feira. Mesmo assim,

aos olhos de quem passava, não parecia mais d que uma mendiga,

tão remendada estava a saia, tão gasto o avental e tão puída a blusa.

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Apesar de todas as desgraças, o negócio corria-he bem e

no final da manhã tinha vendido quase todos os ovos e boa

parte das cebolas. Estava com tanta fome que se atreveu

a pegar numa cebola, das mais pequenas. Tirou-he as várias camadas de casca e começou a comê-a com

um pedacito de pão duro que guardar no bolso do avental.

Estava ela de boca cheia, sentindo a acidez da cebola a picar-lhe a

língua, quando se aproximou a velha que ela tinha visto a falar

com o jovem mercador. Traziaum caldeirão na mão, parou junto

ao cesto e perguntou-he pelo preço das cebolas. A rapariga disse que, como eram as ultimas, lhas dava por

metade do preço.

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- Não me parece que durem todo o Inverno.Têm casca mole.

Piscou o olho direito e acrescentou:

- Se ma deres por metade do preço dessa metade que dizes,

talvez as leve.

- Não posso tiazinha – respondeu a rapariga –A minha madrasta

recomendou-me que não descesse o preço mais do que o justo.

Se não lhe entregar o dinheiro certo, ela castiga-me.

- E como sabe qual é dinheiro certo antes da feira acabar?

- Perguntou a velha desta vez piscando o olho esquerdo

- É por acaso bruxa?

A rapariga não sabia dizer. As bruxas são más, toda a gente sabe, e

se assim fosse, a madrasta também era uma bruxa. Mas a rapariga

também sabia que as bruxas eram velhas e feias.

E então a madrasta já não podia ser uma bruxa. Foi por ser nova e

bonita que o pai, quando ficou viúvo, casou com ela. Mas não sabia

explicar como sabia a madrasta o dinheiro que a rapariga lhe

deveria entregar.

- Talvez - sugeriu a velha �ela não saiba, mas diz que sabe para tu

ficares com medo e não te deixares enganar pelos clientes e n

ão gastares o dinheiro mal gasto.

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E pôs-se a matutar. Bem que as cebolas valiam o dinheiro

que a rapariga pedia. Mas ela não tinha moedas suficientes.

Foi então que lhe surgiu uma ideia:

- Dás-me as cebolas pelo meu preço e não precisarás mais de

te preocupar com a tua madrasta, que deve ser uma mulher

bem mais malvada do que eu.

A rapariga não percebeu bem a fala da velha do caldeirão.

Mas porque lhe pareceu que a velha era atrasadinha, citada,

deu-lhe as cebolas ao preço que ela estava disposta a pagar.

A velha meteu as cebolas no caldeirão e foi-se embora muito satisfeita depois de ter dito como despedida:

Eu te fado bem fadada

Para que sejas bem Casada.

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A rapariga guardou as moedas no bolso do avental, acabou

de comer a cebola e o pão, ajeitou o cesto na cabeça, agora

bem mais leve e preparou-se para abandonar a feira. Passou na

tenda do mercador dos caldeirões, e como sempre fazia, olhou

para lá de relance. Estava estranhamente abandonada, com os

caldeirões brilhando ao sol sem ninguém que os guardasse.

A rapariga aproximou-se, pousou o cesto e pôs-se a observar

a tenda. Ali perto havia um charco e ela ouviu um coaxar.

Junto á água estava um enorme sapo, tão grande como ela

nunca vira. A maneira como o bicho coaxava parecia dizer: Beija-me, beija-me, mas dito pelo nariz. Ela pôslhe a mão e

sentiu-lhe o dorso viscoso. Se fosse outra, sentiria nojo e fugiria

dali a cuspir. Mas a rapariga estava habituada a coisas bem

mais nojentas que a madrasta a obrigava a fazer.

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E o sapo coaxava: Beija-me, beija-me. Ela pegou nele

em ambas as mãos, como se pegasse numa flor, passou-he

os lábios pela cabecita em pescoço e, sem que ela se

apercebesse como, viu-se ao colo do jovem mercador

de caldeirões. Ele sorriu e retribuiu-he o beijo. Depois disse:

- És a rapariga mais bela deste reino. E porque me salvaste,

farei de ti a rainha dos caldeirões!

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