IMAGOPAI
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Deus e Pai: o diálogo entre o conceito de Deus em Torres Queiruga e a
noção de paternidade no pensamento de Carl Jung
Anissis Moura Ramos, Prof. Dr. Leomar Antonio Brustolim(orientador)
Programa de Pós-Graduação em Teologia, Faculdade de Teologia, PUCRS,
Resumo
Procuraremos estabelecer um diálogo entre a teologia e a Psicologia, partindo
do conceito de Deus em Torres Queiruga, que em suas obras procura mostrar uma nova
compreensão de Deus e a sua relação com o mundo moderno. Torres Queiruga através
de suas obras propõe um novo paradigma para a imagem de Deus1, pois ainda hoje, as
pessoas crêem num Deus que pune, esquecendo que o amor de Deus é constante e
direcionado a todos os seus filhos, até mesmo para aqueles que não O reconhece. . Para
Jung, a imago do pai (biológico) tem um significado amplo como logos ou espírito, com
a característica essencial do paterno, referindo que o logos não tem obrigatoriamente a
representação paterna, visto poder ser um logos filial, ou seja, gerado, ao passo que o
logos paternal é um logos gerador e com os cuidados do pai2. Partindo do entendimento
destes dois autores, iremos através de uma pesquisa de campo, verificar qual a
compreensão que as pessoas tem sobre Deus, como se estabeleceu a relação filial e se
esta influência na relação com Deus. A partir da pesquisa de campo, iniciaremos o
diálogo proposto.
Introdução
Ainda hoje, muitas são as pessoas que percebem Deus, como um ser que
pune, que gera sofrimentos e é responsável por todas estas crises que o mundo moderno
vive. Torres Queiruga, procura mostrar em suas obras uma nova imagem de Deus,
falando da relação que Jesus estabelecia com seu Abba, uma relação de carinho e amor.
Buscaremos ver em nossa pesquisa de campo, se é possível afirmarmos que a
relação que as pessoas estabelecem com Deus e se a imagem que tem de Deus, está
relacionada com a imagem e com as experiências vividas com o pai biológico. Para
tanto, buscaremos ver como Jung entendia o conceito de pai e a representação deste na
1 QUEIRUGA, A .T. Do Terror de Isaac ao Abba de Jesus, p.29.
2 JUNG, C.G. Cartas, v.1, p. 109.
1503
vida do indivíduo, pois para ele a imagem do pai está relacionada com a representação
psíquica que cada indivíduo tem do pai histórico e real, que encontra-se na camada mais
profunda do inconsciente, o arquétipo.
A essência deste diálogo se dá em verificar se o entendimento que os cristãos
têm hoje da imagem de Deus Pai é o mesmo que Jesus tinha de seu Abbá, bem como, se
o conceito que as pessoas têm da imagem de pai na sociedade moderna, pode ser
relacionado à compreensão que Jung fazia de pai.
Metodologia
A metodologia a ser desenvolvida no projeto será qualitativa de cunho
exploratório descritivo, sendo os resultados analisados pelo método de Bardin. Os
participantes, serão selecionados através de uma ficha de triagem. A amostra será
dividida em dois grupos: católicos que não participam de atividades religiosas em suas
paróquias e católicos que participam. O grupo de católicos que não atuam em suas
paróquias, terão quatro entrevistados nas seguintes faixas etárias: 15 a 18 anos; 20 a 30
anos; 30 a 40 anos; 40 a 50 anos; 50 a 70 anos. Para o grupo de católicos que participam
de atividades religiosas, entrevistaremos duas pessoas dentro de cada faixa etária já
estipulada. Dividimos a amostra por faixa etária, visando verificar se o fator idade
influência na relação estabelecida com Deus. Não levaremos em consideração a raça,
escolaridade e classe social.
Para a realização da pesquisa, nos valeremos de entrevistas semi-estruturadas.
Por ocasião da ficha de triagem, explicaremos qual o objetivo da pesquisa e veremos o
interesse da pessoa em participar. Aceitando participar, daremos o termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (duas vias) para que a pessoa assine, será clarificada
qualquer dúvida que possa surgir. A seguir, iniciaremos a entrevista que será gravada.
Resultados (ou Resultados e Discussão)
O projeto está em fase de avaliação pela comissão de ética, visto termos uma
pesquisa de campo a ser realizada. No entanto, temos procurado avançar um pouco na
revisão literária, onde podemos perceber a preocupação do teólogo Torres Queiruga,
1504
frente aos avanços do mundo moderno e a necessidade que sente de estabelecer novos
paradigmas em relação à visão atual que as pessoas tem de Deus, mesmo sabendo que
uma mudança de paradigma não é algo simples de se concretizar, por estar diretamente
relacionada as questões culturais.
Percebe-se que as pessoas em pleno século XXI, ainda tem uma idéia errônea no
seu imaginário religioso em relação a Deus Pai. Acreditam num Deus que é capaz de
castigar, de fazer o que quiser, atribuindo-Lhe a imagem de um ser divino potente e
poderoso, capaz de responder a todos os instintos de poder, de ameaça e vingança que
encontram-se na camada mais profunda do inconsciente humano. O homem talvez use
desses argumentos, para poder manter-se afastado de Deus, sem sentir culpa e até
mesmo para justificar o seu ateísmo. No entanto, a crítica moderna da religião veio a
serviço da redescoberta de algo extremamente importante na experiência cristã, Deus
em sua revelação e sua presença em nossa história tem um único sentido a salvação.
Salvação esta capaz de negar totalmente a negação do homem, afirmando positivamente
tudo o que é humano, porém isto não pode ficar preso apenas à teoria, precisa ser
vivenciado, pois só assim se abrirá um espaço estritamente comum, onde o não crente
poderá encontrar-nos.
O Deus que encontramos no Novo Testamento, é um Deus de amor, que quer o
bem e somente o bem de suas criaturas, estando sempre ao lado do homem, limitando-o
e superando-o no possível e assegurando-o o triunfo definitivo quando a morte romper
esses limites.
Na psicologia, a imagem de pai para Jung não fica restrita ao homem que gerou
um filho ou no significado amplo de homem que tem o papel de protetor, mas a imagem
de pai é entendida como aquilo que precede e ao mesmo tempo constitui psiquicamente
o pai real ou figuras historicamente semelhantes, onde a representação psíquica que
cada indivíduo tem do pai histórico e real e que encontra-se entrelaçada com uma
representação coletiva do pai arcaico, ou seja, daquele fantasma originário presente nos
arquétipos que habitam o inconsciente de cada um.
Conclusão
1505
Pesquisa em fase de construção.
Referências JUNG, Carl Gustav. Cartas. V.I, São Paulo: Vozes, 2002.
PIERI, P.F. Dicionário Junguiano.São Paulo: Paulus, 2002.
QUEIRUGA, Andrés Torres. Do terror de Isaac ao Abba de Jesus. São Paulo: Paulinas, 2001.
_______________________. Creio em Deus Pai. São Paulo: Paulus, 1993.
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