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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENFERMAGEM DE RIBEIRÃO PRETO IMPACTO AMBIENTAL NA ÁREA DO ATERRO SANITÁRIO E INCINERADOR DE RESÍDUOS SÓLIDOS DE RIBEIRÃO PRETO, SP: Avaliação dos níveis de metais pesados. Susana Inés Segura Muñoz Tese apresentada à Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, para concorrer ao Título de Doutor, pelo Programa de Pós- Graduação de Enfermagem em Saúde Pública - Linha de Pesquisa: Saúde Ambiental. Ribeirão Preto 2002 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENFERMAGEM DE RIBEIRÃO PRETO

IMPACTO AMBIENTAL NA ÁREA DO ATERRO SANITÁRIO E INCINERADOR DE RESÍDUOS SÓLIDOS DE RIBEIRÃO

PRETO, SP: Avaliação dos níveis de metais pesados.

Susana Inés Segura Muñoz

Tese apresentada à Escola de Enfermagem de

Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, para

concorrer ao Título de Doutor, pelo Programa de Pós-

Graduação de Enfermagem em Saúde Pública - Linha

de Pesquisa: Saúde Ambiental.

Ribeirão Preto

2002

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

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ESCOLA DE ENFERMAGEM DE RIBEIRÃO PRETO

IMPACTO AMBIENTAL NA ÁREA DO ATERRO SANITÁRIO E INCINERADOR DE RESÍDUOS SÓLIDOS DE RIBEIRÃO

PRETO, SP: Avaliação dos níveis de metais pesados.

Susana Inés Segura Muñoz

Tese apresentada à Escola de Enfermagem de

Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, para

concorrer ao Título de Doutor, pelo Programa de Pós-

Graduação de Enfermagem em Saúde Pública - Linha

de Pesquisa: Saúde Ambiental.

Orientadora: Profa. Dra. Angela Maria Magosso Takayanagui

Ribeirão Preto

2002

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FICHA CATALOGRÁFICA Preparada pela Biblioteca Central do Campus Administrativo

de Ribeirão Preto / USP

Segura Muñoz, Susana Inés Impacto ambiental na área do Aterro Sanitário e Incinerador de Resíduos Sólidos de Ribeirão Preto, SP: avaliação dos níveis de metais pesados. 131 p. : il. ; 30cm

Tese de Doutorado, apresentada à Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/USP – Depto de Enfermagem Materno-Infantil e Saúde Pública. Linha de Pesquisa: Saúde Ambiental Orientadora: Takayanagui, Angela Maria Magosso

1. Metais Pesados. 2. Resíduos Sólidos. 3. Aterro Sanitário. 4. Incinerador de Resíduos de Serviços de Saúde.

5. Meio Ambiente

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Data de defesa: _____/_____/_____

Banca Examinadora Prof. Dr.___________________________________________________ Julgamento:_____________________Assinatura:__________________ Prof. Dr.___________________________________________________ Julgamento:_____________________Assinatura:__________________ Prof. Dr.___________________________________________________ Julgamento:_____________________Assinatura:__________________ Prof. Dr.___________________________________________________ Julgamento:_____________________Assinatura:__________________ Prof. Dr.___________________________________________________ Julgamento:_____________________Assinatura:__________________

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Ao meu esposo, Victor Hugo,

pela compreensão e carinho...

Às minhas filhas, Alicia e Camila,

pela alegria, ternura e inocência....

A memória dos meus pais, Alicia e Alfonso,

pelo amor, coragem, dedicação e saudade...

Aos meus irmãos...Henry, Lupe e Suli,

pelo apoio e complicidade...

Com todo meu amor,

é a vocês que dedico este trabalho.

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Trabalho realizado com o apoio de:

- Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP, pelo

Auxilio à Pesquisa (Processo: Nº 99/11064).

- Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES,

pela Bolsa de Demanda Social.

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AGRADECIMENTOS

À Prof. Dra. Angela Maria Magosso Takayanagui, pela sabia orientação,

amizade e confiança incutida para que conduzisse este trabalho. Por ter acreditado

nas minhas possibilidades e por ter tantas vezes entendido minhas limitações.

À Profa. Dra. Sylvia Hering, do Setor de Metais do Laboratório de Pediatria

do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, pelas

brilhantes sugestões oferecidas, além do carinho e amizade, que me foram de

fundamental importância.

À Dra Palmira Cupo, do Setor de Metais do Laboratório de Pediatria do

Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, pela

disponibilidade e apoio sempre presentes.

À Biomédica Tânia Maria Beltramini Trevilato, do Setor de Metais do

Laboratório de Pediatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de

Ribeirão Preto, por ter acreditado na importância deste trabalho e por ter sido uma

colaboradora direta no desenvolvimento analítico deste estudo. Pessoa que revelou-

se uma extraordinária amiga, pela qual sempre guardarei um amor de irmã.

A Profa. Dra. Cláudia Benedita dos Santos, da Área de Estatística do

Departamento de Enfermagem Materno Infantil e Saúde Pública da EERP-USP, pela

valiosa assessoria nas análises estatísticas dos dados obtidos neste trabalho.

Ao Engenheiro Mauro Pereira Júnior, Diretor do Aterro Sanitário e

Incinerador de Resíduos de Serviços de Saúde do Departamento de Água e Esgoto –

DAERP, da Prefeitura Municipal de Ribeirão Preto, pela confiança e apoio para o

desenvolvimento deste estudo, desde o projeto original.

Ao Engo. Paulo Grecco, pelas valiosas contribuições num momento

importante deste estudo.

Ao Engo. Paulo Mano pela colaboração na demarcação geográfica dos

ponstos de coleta do material analisado.

Ao Engo. Otávio Cano, pelas importantes contribuições.

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Ao Engo. Luiz Vizaio, da VARIAN INC de São Paulo, pela pronta

disposição na colaboração para realização de análises de metais com equipamentos

de ultima geração.

Ao Dr Graemer Waller, da Quality Control Technologies Inc. de Queensland,

Austrália, pela autorização de nossa participação no controle de certificação

interlaboratorial.

Aos alunos, Susan, Ricardo, Vinicius e Ana Carolina, do Curso de

Graduação em Enfermagem, pela colaboração na coleta de amostras.

Ás funcionárias Alessandra e Márcia, do Setor de Metais do HCFMRP/USP

e às aprimorandas da FUNDAP, Milena, Andresa e Aline, pela colaboração e

amizade.

Aos demais funcionários do Laboratório de Pediatria, pela inestimável

colaboração em diversas etapas deste estudo, particularmente a acolhida a Isa,

Adelina, Betty, Sylvia, Pedro, Helena, Lúcia e Ivonne.

Ao biomédico Carlos Cambrea, do Laboratório de Gastroenterologia do

HCFMRP/USP, pelo apoio para a realização de uma etapa da análise de metais em

amostras de solo.

Ao Prof. João Alvarez da Costa e à Eng. Cristina Filomena P. R. Pazholato,

da Universidade de Ribeirão Preto – UNAERP, pela valiosa colaboração na coleta

de amostras de água subterrânea.

Aos professores da EERP/USP, particularmente a todos os docentes do

Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Saúde Pública, pelo conhecimento

compartilhado.

À Olânia, Adriana, Andréa e Augusto, do Departamento MISP da

EERP/USP por toda a colaboração e apoio.

Às funcionárias da Seção de Pós-Graduação da EERP/USP pela colaboração

e apoio.

À Deolinda e Maria de Lourdes, da Sala de Leitura Glete de Alcântara, da

EERP/USP pelo pronto atendimento às muitas solicitações de minha parte.

Aos funcionários das Seções de Informática e Audiovisual, que muitas vezes

auxiliaram na realização deste trabalho, particularmente ao Rogelio, pela presteza e

competência.

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Ao pessoal da Seção de Zeladoria da EERP/USP, pela amizade e apoio.

Às bolsistas do Laboratório de Saúde Ambiental de EERP/USP, pela

amizade e carinho.

Às pós-graduandas Aparecida, Leila, Maria Isabel, Sueli e Fabiana pelos

valiosos momentos compartilhados, pela amizade e apoio.

À Prof. Dra. Yvone Vicente, que teve a sensibilidade de me ajudar num

momento decisivo da minha vida, acreditando em mim e me estimulando para o

Doutorado. Agradeço a ela e a seus familiares pelas felizes noites de Natal que

compartilharam com minha família durante estes anos.

Ao pessoal da Creche Carochinha, que se constituiu na segunda família de

minhas filhas, significando um importantíssimo apoio para que eu pudesse me

dedicar integralmente ao curso de doutoramento. Meus eternos agradecimentos, pela

felicidade propiciada às minhas filhas Alicia e Camila, nessa etapa de sua infância.

À Maria, minha irmã brasileira, sempre presente, pelos cuidados esmerados

com minhas filhas e com minha casa durante minhas ausências. Meus extensivos

agradecimentos a sua filha Marilene, pela doçura de coração.

Aos meus amigos estrangeiros, pelos momentos compartilhados.

Principalmente meu abraço à Orfa, Jorge e Jorgito.

Para todas as pessoas que estiveram comigo durante essa etapa da vida que

Deus me permitiu viver... Um beijo no coração.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS

LISTA DE TABELAS

LISTA DE ABREVIATURAS

RESUMO

SUMMARY

RESUMEN

APRESENTAÇÃO

1.INTRODUÇÃO..............................................................................................

1.1 Resíduos sólidos, definição e classificação..................................................

1.2 Sistemas de disposição e tratamento dos resíduos sólidos...........................

1.3 Resíduos sólidos urbanos e a contaminação por metais pesados.................

1.4 Efeito toxicológico dos metais pesados no ser humano...............................

1.5 Avaliação de risco e os resíduos sólidos......................................................

1.6 Problemática dos resíduos............................................................................

1.7 Objetivos.......................................................................................................

1

4

7

13

16

21

25

34

2. MATERIAL E MÉTODOS..........................................................................

2.1 Delineamento da Pesquisa.............................................................................

2.2 Procedimento Metodológico.........................................................................

35

35

35

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO..................................................................

3.1 Níveis de metais no solo, raiz e folha...........................................................

3.2 Possíveis fatores determinantes da distribuição espacial dos metais............

3.3 Variabilidade dos níveis de metais em vegetais...........................................

3.4 Metais pesados no líquido percolado............................................................

3.5 Metais pesados em água subterrânea............................................................

55

55

90

94

98

102

3.6 Importância dos valores de referência.......................................................... 105

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4. CONCLUSÕES............................................................................................. 109

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................... 113

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................ 115

7. ANEXOS

Anexo A - Informe de Situação do Aterro Sanitário, emitido pelo DURSARP,

em 1999

Anexo B - Relatórios de Ações de Controle no Incinerador de Resíduos de

Serviços de Saúde no Município de Ribeirão Preto

Anexo C - Projeto Topográfico apresentando a localização dos pontos para

coleta das amostras

Anexo D - Registro de chuvas do Núcleo de Agronomia da Alta Mogiana,

RP/SP (Janeiro-Junho/2000)

Anexo E - Método de extração de metais e metaloides do solo por água regia-

método de digestão em placa aquecida da Australian Standard

Association

Anexo F - Condições analíticas para cada metal

Anexo G - Certificados de participação no controle inter-laboratorial emitido

por Quality Control Technologies Pty Ltd., Queensland, Australia.

Anexo H - Banco de dados elaborado a partir dos resultados obtidos das

análises laboratoriais

Anexo I - Valores orientadores para solos e águas subterrâneas no Estado de

São Paulo (CETESB, 2001)

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LISTA DE FIGURAS Fig. 1 Propagação dos efeitos da poluição no meio físico e na

biota....................................................................................................

3

Fig. 2 Esquema de um lixão a céu aberto, com a presença de catadores e animais no local de descarga dos caminhões e acúmulo de chorume na superfície do solo, bem como sua absorção pelas camadas subterrâneas ........................................................................

8

Fig. 3 Esquema das características de construção de um Aterro Sanitário, mostrando a operacionalização em condições ideais de funcionamento...................................................................................

9

Fig.4 Representação simplificada da estrutura de um incinerador mostrando a operacionalização em condições ideais de funcionamento....................................................................................

11

Fig. 5 Dinâmica dos metais pesados no solo................................................ 16

Fig. 6 Mapa de localização do Aterro Sanitário e Incinerador de Ribeirão Preto ..................................................................................................

37

Fig. 7 Foto Aérea do Aterro Sanitário e Incinerador de Resíduos Sólidos Urbanos do município de Ribeirão Preto-SP......................................

38

Fig. 8 Momento de determinação dos pontos de coleta de amostras de solo e vegetais na área do Aterro Sanitário de Ribeirão Preto-SP.......................................................................................................

39

Fig.9 Canaviais limítrofes no sentido Sul do Aterro Sanitário da Cidade de Ribeirão Preto-SP..........................................................................

40

Fig.10 Pontos de coleta delimitados para cada matriz segundo sua distribuição espacial...........................................................................

41

Fig.11 Materiais utilizados para a coleta de amostras de solo, vegetais, água e chorume no local.....................................................................

45

Fig.12 Espectrofotômetro de Absorção Atômica com Forno de Grafite (EAA-FG), Setor de Metais, Laboratório de pediatria e Puericultura do HCRP-FMRP/USP.........................................................................

50

Fig.13 Espectrofotômetro de Absorção Atômica com Gerador de Hidretos (EAA-VGA), Setor de Metais, Laboratório de pediatria e Puericultura do HCRP-FMRP/USP...................................................

51

Fig.14 Espectrofotômetro de Absorção Atômica com Chama (EAA-Chama), Setor de Metais, Laboratório de Pediatria e Puericultura do HCRP-FMRP/USP.............................................................................

51

Fig.15 Padrões certificantes provenientes do laboratório Quality Control Technologies Pty Ltd. Queensland, Austrália....................................

52

Fig.16 Distribuição das matrizes que apresentaram diferença estatisticamente significante para Cádmio (Cd), segundo os pontos de coleta (S: solo; R: raiz; F:folha)...................................................

60

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Fig.17 Distribuição das matrizes que apresentaram diferença estatisticamente significante para Cromo (Cr), segundo os pontos de coleta (S: solo; R: raiz; F:folha)...................................................

67

Fig.18 Distribuição das matrizes que apresentaram diferença estatisticamente significante para Chumbo (Pb), segundo os pontos de coleta (S: solo; R: raiz; F:folha)...................................................

72

Fig.19 Distribuição das matrizes que apresentaram diferença estatisticamente significante para Manganês (Mn), segundo os pontos de coleta (S: solo; R: raiz; F: folha)......................................

77

Fig.20 Distribuição das matrizes que apresentaram diferença estatisticamente significante para Zinco (Zn), segundo os pontos de coleta (S: solo; R: raiz; F: folha).......................................................

82

Fig.21 Distribuição das matrizes que apresentaram diferença estatisticamente significante para Cobre (Cu), segundo os pontos de coleta (S: solo; R: raiz; F: folha).......................................................

87

Fig.22 Distribuição das matrizes que apresentaram diferença estatisticamente significante para os metais avaliados, segundo os pontos de coleta (S: solo; R: raiz; F: folha)......................................

89

Fig.23 Mapa dos perfis topográficos da área do Aterro Sanitário e Incinerador de Resíduos Sólidos de Ribeirão Preto, delimitados entre os paralelos 21º10’-21-º15’ S e 47º50’-47º55’ W, obtidos a partir do mapa do IBGE- folha 23-V-C-I-1 de 1979, escala 1:50000...............................................................................................

91

Fig.24 Declividade da área do Aterro sanitário e Incinerador de Resíduos Sólidos de Ribeirão Preto, a partir dos perfis topográficos da figura anterior..............................................................................................

92

Fig.25 Correlação dos níveis de Cd, Cr e Pb em amostras de raiz e folha e suas correspondentes amostras de solo...............................................

96

Fig.26 Correlação dos níveis de Mn, Zn e Cu em amostras de raiz e folha e suas correspondentes amostras de solo...............................................

97

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LISTA DE TABELAS

Tab. 1 Distribuição das amostras coletadas na área do Aterro sanitário Municipal e da Mata Santa Tereza de Ribeirão Preto....................

46

Tab. 2 Métodos e limites de detecção de metais do Setor de Metais do Laboratório de Pediatria e Puericultura, FMRP/USP....................

51

Tab. 3 Nível de cádmio nas amostras de solo, raiz e folha segundo a sua distribuição espacial, expressado em mg/Kg para cada matriz......

56

Tab. 4 Valores críticos de q obtidos na comparação dos valores de cádmio do grupo controle com os valores obtidos das amostras coletadas no limite 0 do Aterro Sanitário......................................

57

Tab. 5 Valores críticos de q obtidos na comparação dos valores de cádmio do grupo controle com os valores obtidos das amostras coletadas no limite 50 do Aterro Sanitário....................................

58

Tab. 6 Valores críticos de q obtidos na comparação dos valores de cádmio do grupo controle como os valores obtidos das amostras coletadas no limite 100 do Aterro Sanitário..................................

58

Tab. 7 Valores críticos de q obtidos na comparação dos valores de cádmio do grupo controle como os valores obtidos das amostras coletadas no limite 200 do Aterro Sanitário..................................

59

Tab. 8 Nível de cromo nas amostras de solo, raiz e folha segundo a sua distribuição espacial, expressado em mg/Kg para cada matriz......

63

Tab. 9 Valores críticos de q obtidos na comparação dos valores de cromo do grupo controle com os valores obtidos das amostras coletadas no limite 0 do Aterro Sanitário......................................

64

Tab. 10 Valores críticos de q obtidos na comparação dos valores de cromo do grupo controle com os valores obtidos das amostras coletadas no limite 50 do Aterro Sanitário....................................

65

Tab. 11 Valores críticos de q obtidos na comparação dos valores de cromo do grupo controle com os valores obtidos das amostras coletadas no limite 100 do Aterro Sanitário..................................

65

Tab. 12 Valores críticos de q obtidos na comparação dos valores de cromo do grupo controle com os valores obtidos das amostras coletadas no limite 200 do Aterro Sanitário..................................

66

Tab. 13 Nível de chumbo nas amostras de solo, raiz e folha segundo a sua distribuição espacial, expressado em mg/Kg para cada matriz..............................................................................................

69

Tab. 14 Valores críticos de q obtidos na comparação dos valores de chumbo do grupo controle com os valores obtidos das amostras coletadas no limite 0 do Aterro Sanitário.......................................

70

Tab. 15 Valores críticos de q obtidos na comparação dos valores de chumbo do grupo controle com os valores obtidos das amostras

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coletadas no limite 50 do Aterro Sanitário..................................... 71

Tab.16 Valores críticos de q obtidos na comparação dos valores de chumbo do grupo controle com os valores obtidos das amostras coletadas no limite 100 do Aterro Sanitário...................................

71

Tab.17 Valores críticos de q obtidos na comparação dos valores de chumbo do grupo controle com os valores obtidos das amostras coletadas no limite 200 do Aterro Sanitário...................................

72

Tab.18 Nível de manganês nas amostras de solo, raiz e folha segundo a sua distribuição espacial, expressado em mg/Kg para cada matriz.............................................................................................

74

Tab. 19 Valores críticos de q obtidos na comparação dos valores de manganês do grupo controle com os valores obtidos das amostras coletadas no limite 0 do Aterro Sanitário.......................

75

Tab. 20 Valores críticos de q obtidos na comparação dos valores de manganês do grupo controle como os valores obtidos das amostras coletadas no limite 50 do Aterro Sanitário.....................

75

Tab. 21 Valores críticos de q obtidos na comparação dos valores de manganês do grupo controle com os valores obtidos das amostras coletadas no limite 100 do Aterro Sanitário...................

76

Tab. 22 Valores críticos de q obtidos na comparação dos valores de manganês do grupo controle com os valores obtidos das amostras coletadas no limite 200 do Aterro Sanitário....................

76

Tab. 23 Nível de zinco nas amostras de solo, raiz e folha segundo a sua distribuição espacial, expressado em mg/Kg para cada matriz..............................................................................................

79

Tab. 24 Valores críticos de q obtidos na comparação dos valores de zinco do grupo controle com os valores obtidos das amostras coletadas no limite 0 do Aterro Sanitário.......................................................

80

Tab. 25 Valores críticos de q obtidos na comparação dos valores de zinco do grupo controle com os valores obtidos das amostras coletadas no limite 50 do Aterro Sanitário.....................................................

80

Tab. 26 Valores críticos de q obtidos na comparação dos valores de zinco do grupo controle com os valores obtidos das amostras coletadas no limite 100 do Aterro Sanitário...................................................

81

Tab. 27 Valores críticos de q obtidos na comparação dos valores de zinco do grupo controle com os valores obtidos das amostras coletadas no limite 200 do Aterro Sanitário...................................................

81

Tab. 28 Nível de cobre nas amostras de solo, raiz e folha segundo a sua distribuição espacial, expressado em mg/Kg para cada matriz..............................................................................................

84

Tab. 29 Valores críticos de q obtidos na comparação dos valores de cobre do grupo controle com os valores obtidos das amostras coletadas no limite 0 do Aterro Sanitário.......................................................

85

Tab. 30 Valores críticos de q obtidos na comparação dos valores de cobre

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do grupo controle com os valores obtidos das amostras coletadas no limite 50 do Aterro Sanitário.....................................................

86

Tab. 31 Valores críticos de q obtidos na comparação dos valores de cobre do grupo controle com os valores obtidos das amostras coletadas no limite 100 do Aterro Sanitário...................................................

86

Tab. 32 Valores críticos de q obtidos na comparação dos valores de cobre do grupo controle com os valores obtidos das amostras coletadas no limite 200 do Aterro Sanitário...................................................

86

Tab. 33 Níveis de metais pesados detectados nas amostras de chorume, segundo sua distribuição espacial, expressado em mg/L................................................................................................

101

Tab. 34 Níveis de metais pesados detectados nas amostras de água subterrânea, segundo sua distribuição espacial, expressado em mg/L................................................................................................

104

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LISTA DE ABREVIATURAS

ABNT -Associação Brasileira de Normas Técnicas

ALFA (α) -Nível de Significância Alfa

ASQ -Amplitude Semi-Quartílica

Cº -Graus Celsius

Cd -Cádmio

CETESB -Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental

CONAMA -Conselho Nacional de Meio Ambiente

Cr -Cromo

Cu -Cobre

DAERP -Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto

EAA-FG -Espectrofotômetro de Absorção Atómica-Forno de Grafite

EAA-VGA -Espectrofotômetro de Absorção Atómica-Gerador de Hidretos

EAA-Chama -Espectrofotômetro de Absorção Atómica-Chama

EERP -Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto

EIA-RIMA -Estudo de Impacto Ambiental-Relatório de Impacto no Meio Ambiente

EPA -Environmental Protection Agency

F -Folha

FMRP -Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto

HCFMRP -Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto

Hg -Mercúrio

HNO3 -Ácido Nítrico

IBGE -Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

L/ -Leste/ distância em metros dos limites do Aterro Sanitário

Mn -Manganês

N/ -Norte/ distância em metros dos limites do Aterro Sanitário

O/ -Oeste/ distância em metros dos limites do Aterro Sanitário

OMS -Organização Mundial da Saúde

Pb -Chumbo

PGRSS -Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde

q -Valor crítico de q

R -Raiz

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RP -Ribeirão Preto

RS -Resíduos Sólidos

RSS -Resíduos de Serviços de Saúde

S/ -Sul/ distância em metros dos limites do Aterro Sanitário

So -Solo

SP -São Paulo

SPSS -Statistical Program for Social Sciences

USP -Universidade de São Paulo

Zn -Zinco

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RESUMO Segura-Muñoz, S.I. Impacto ambiental na área do Aterro Sanitário e Incinerador de Resíduos Sólidos de Ribeirão Preto, SP: Avaliação dos níveis de metais pesados. 2002. 131p. Teses Doutorado – Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto.

Os resíduos sólidos podem conter substâncias químicas com características tóxicas, dentre elas os metais pesados presentes em diversos materiais provenientes de indústrias, funilarias, atividades agrícolas, laboratórios, hospitais e residências. A contaminação por metais pesados apresenta um amplo espectro de toxicidade que inclui efeitos neurotóxicos, hepatotóxicos, nefrotóxicos, teratogênicos, carcinogênicos ou mutagênicos. Em Ribeirão Preto – SP há em funcionamento desde 1989, um aterro sanitário (AS) para resíduos domiciliares e um incinerador de resíduos de serviços de saúde (IRSS). Este estudo teve como objetivo fazer um diagnóstico dos níveis de metais pesados na área do AS e IRSS de Ribeirão Preto, entre 2000 e 2001. Foram realizadas análises de amostras de solo, água, chorume e vegetais, em pontos previamente demarcados na área, tendo sido avaliada a presença de mercúrio (Hg), cobre (Cu), chumbo (Pb), cádmio (Cd), manganês (Mn), zinco (Zn) e cromo (Cr) por Espectrofotometria de Absorção Atômica. Visando a obtenção de parâmetros locais, foram também analisadas amostras coletadas na Estação Ecológica na mata Santa Teresa, zona de preservação permanente do município, para comparação de valores. Pela análise dos resultados verificou-se, de um modo geral, que os níveis de metais pesados presentes nas amostras de solo e vegetais na área apresentaram concentrações significativamente superiores às detectadas nas amostras coletadas na mata Santa Teresa, evidenciando-se uma tendência de maiores concentrações no sentido Norte, fato que pode estar associado com a declividade geográfica da área, com a direção dos ventos e com a localização do incinerador. Destacam-se neste estudo os níveis de Cd, Mn e Cu presentes em amostras de solo em níveis que superaram os valores máximos estabelecidos para solos de uso agrícola no Estado de São Paulo pela CETESB, órgão estadual ambiental. O chorume também apresentou níveis de Cd, Pb, Mn, Cu em concentrações superiores às normatizadas para efluentes líquidos, segundo o Decreto 8486/76 do estado de São Paulo. A água subterrânea da área estudada não apresentou níveis de metais acima dos valores máximos permitidos, de acordo com a Portaria 1469/2000 do Ministério da Saúde. Considerando a carência de pesquisas dessa natureza no Brasil, este estudo tem gerado informações que podem constituir-se em ferramenta para a tomada de decisões político-administrativas pelas autoridades responsáveis pelo gerenciamento de resíduos sólidos, não apenas do Município de Ribeirão Preto e região, mas, também, podendo servir de parâmetro para realidades similares no país. Palavras-chave: Metais pesados, resíduos sólidos, resíduos de serviços de saúde, aterro

sanitário, incinerador, meio ambiente.

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SUMMARY Segura-Muñoz, S.I. Environmental impact in the Municipal Landfill Site and Medical Waste Incinerator area in Ribeirao Preto, São Paulo: Evaluation of heavy metals levels. 2002. 131 p. Doctoral Tesis – School of Nursing of Ribeirão Preto, São Paulo University, Ribeirão Preto.

Solid waste may content toxic chemical substances such as heavy metals that are present in materials generated by industries, agricultural activities, laboratories, hospitals and houses. The contamination with heavy metals has a wide spectrum of toxicity that includes neurotoxic, hepatotoxic, nephrotoxic, teratogenic, carcinogenic or mutagenic effects. Since 1989, a municipal landfill site (MLS) for urban waste disposal has been in operation in Ribeirao Preto (Sao Paulo, Brazil) integrated with a medical waste incinerator plant (MWIP). This study aimed to do a diagnostic of the heavy metal levels in MLS and MWIP area, in 2000 and 2001. The total cadmiun (Cd), chromium (Cr), lead (Pb), manganese (Mn), zinc (Zn), cooper (Cu) and mercury (Hg) levels were analysed by Atomic Absortion Spectrophotometry in soil, water, percolated liquid and vegetables, in previously delimitated points. Samples from Santa Teresa Forest Ecological Station of Ribeirao Preto were collected as control samples. The results showed that, in general terms, the heavy metals detected in soil and vegetal samples in that area showed significant higher concentrations when compared with Santa Teresa Forest samples. The highest concentrations were detected to the North direction, these results can be associated with the topographic gradient in the area, the prevailing winds and the Incinerator localization. Special atention should be given to Cd, Mn and Cu levels detected in soil samples, that showed higher concentrations that those recomended for agricultural soil in Sao Paulo State by the Environmental Sanitation Company (CETESB). The percolated liquid also showed Cd, Pb, Mn and Cu levels higher than the maximum recomended levels according to the Sao Paulo State Law (Decreto 8486/76). The water samples showed levels according to the Brasilian Health Ministry Law (Portaria 1469/2000). Taking into account that few researches had been developed on this thematic in Brasil, the obtained results constituted an instrument for the decision makers and public managers, not only for Ribeirao Preto and region but for other cities around the country.

Key words: Heavy metals, solid waste, medical service waste, sanitary landfill site,

incinerator, environment.

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RESUMEN

Segura-Muñoz, S.I. Impacto ambiental en el área del Relleno Sanitario e Incinerador de Residuos Sólidos de Ribeirão Preto, SP: Evaluación de los niveles de metales pesados. 2002. 131 p. Tesis de Doctorado – Escuela de Enfermería de Ribeirão Preto, Universidad de São Paulo, Ribeirão Preto.

Los residuos sólidos pueden contener sustancias químicas con características tóxicas, entre las cuales se encuentran los metales pesados presentes en diversos materiales de industrias, actividades agrícolas, laboratorios, hospitales e residencias. La contaminación con metales pesados presenta un amplio espectro de toxicidad que incluye efectos neurotóxicos, hepatotoxicos, nefrotóxicos, teratogénicos, carcinogénicos o mutagénicos. En Ribeirão Preto, SP, se encuentra en funcionamiento desde 1989 un relleno sanitario (RS) para residuos domiciliares y un incinerador para residuos de servicios de salud (IRSS). Este estudio tuvo como objetivo realizar un diagnóstico de la concentración de metales pesados en el área del RS e IRSS de Ribeirão Preto, entre 2000 y 2001. Fueron realizados análisis de suelo, vegetales, líquido percolado y agua en puntos delimitados en esa área, evaluando la presencia de mercurio (Hg), cobre (Cu), plomo (Pb), cadmio (Cd), manganeso (Mn), zinc (Zn) y cromo (Cr) por Espectrofotometría de Absorción Atómica. También fueron analizadas muestras colectadas en la Estación Ecológica Bosque Santa Teresa, zona de preservación permanente del municipio, para comparación de los valores. Mediante el análisis de resultados se verificó, de modo general, que los niveles de metales pesados presentes en las muestras de suelo y vegetales en el área estudiada presentaron concentraciones significativamente superiores a las detectadas en las muestras colectadas en el bosque Santa Teresa, evidenciándose un aumento de las concentraciones en el sentido Norte, hecho que puede ser asociado con la declividad geográfica del área, la dirección de los vientos y con la localización del incinerador. Se destacan en este estudio los niveles de Cd, Mn y Cu presentes en muestras de suelo en concentraciones superiores a los valores máximos recomendados para suelos de uso agrícola en el estado de São Paulo por la CETESB, órgano ambiental estatal. El liquido percolado también presentó niveles de Cd, Mn y Cu superiores a las normalizadas para efluentes líquidos en el Decreto del Estado de São Paulo 8486/76. La concentración de metales en el agua subterránea no sobrepasó los valores máximos permitidos en la Portaría 1469/2000 del Ministerio de Salud. Debido a la carencia de investigaciones de esta naturaleza en Brasil, se considera el presente estudio de significativa importancia para la generación de informaciones que pueden constituirse en importante herramienta para la tomada de decisiones político-administrativas de las autoridades responsables por el gerenciamiento de residuos sólidos, no solo del municipio de Ribeirão Preto, sino también, para realidades similares en el país. Palabras-clave: Metales pesados, residuos sólidos, residuos de servicios de salud, relleno

sanitario, incinerador, medio ambiente.

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APRESENTAÇÃO

O Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Saúde Pública da

Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto-USP, desde a sua criação em 1986,

engloba diferentes áreas de conhecimento, tendo como fio condutor a Saúde

Coletiva, o que dá sustentação ao caráter dos seus estudos e investigações

acadêmicas. Dentre suas linhas de pesquisa, a Linha de Saúde Ambiental vem

conquistando, cada vez mais, um importante espaço na busca de estratégias para

uma melhor qualidade de vida.

A Saúde Ambiental, segundo a definição da Organização Mundial da Saúde

(OMS), é a parte da saúde pública que se ocupa das formas de vida, das substâncias

e das condições em torno do homem que podem exercer alguma influência sobre a

saúde e o bem-estar. O trabalho em saúde ambiental na sua dimensão

interdisciplinar, contempla a participação de uma equipe multiprofessional, que tem

como objetivo gerar e difundir conhecimentos nas áreas relacionadas ao meio

ambiente, dando ênfase ao saneamento ambiental, ao saneamento básico, a saúde

do trabalhador e a qualidade de vida da população.

Frente às inúmeras inquietações, referente à situação ambiental em todo o

planeta, destaca-se, para o presente trabalho, a questão dos contaminantes químicos,

tais como os pesticidas, agrotóxicos, dioxinas, furanos e metais pesados,

principalmente no que se refere à associação de seus efeitos na saúde pública, dado

aos processos de adsorção, volatilização, complexação, precipitação, acumulação,

mobilização e biotransformação que os caracterizam e, os disponibilizam na ampla

“teia da vida”.

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O presente estudo trata da contaminação ambiental por metais pesados

decorrente das atividades permanentes de disposição e tratamento dos resíduos

sólidos urbanos, tanto domiciliares quanto de Serviços de Saúde, no Município de

Ribeirão Preto, SP. A idéia de realização do mesmo, nasceu do encontro de minhas

inquietações aliadas aos estudos da Linha de Pesquisa em Saúde Ambiental,

liderada pela Profa. Dra. Angela Maria Magosso Takayanagui.

Otrabalho foi estruturado em seis partes, ou seja, introdução material e

métodos, resultados, discussão e conclusão.

Na introdução é apresentada a fundamentação teórica do tema, abordando

aspectos relacionados aos resíduos sólidos, aos sistemas de disposição e tratamento

de resíduos sólidos e à contaminação por metais pesados e agravos à saúde,

decorrentes da exposição a elementos químicos e seus compostos. No final da

introdução é abordada a situação do gerenciamento de resíduos sólidos no Brasil,

com particular ênfase na realidade do Município de Ribeirão Preto, trazendo uma

descrição da sua evolução histórica e da situação atual. Logo após, são apresentados

os objetivos que nortearam o trabalho.

Em seguida é feita a descrição do percurso metodológico utilizado para a

análise dos níveis de metais pesados no solo, no chorume, na água e nos vegetais

das áreas circunvizinhas ao Aterro Sanitário e Incinerador de Resíduos de Serviços

de Saúde.

Posteriormente, são apresentados os resultados obtidos da análise dos metais

presentes nas amostras de solo e de vegetais, complementados por análise

estatística, verificando a significância das diferenças encontradas na área em

estudo, quando comparados os resultados com os valores obtidos nas amostras

procedentes da mata Santa Teresa, definida como local controle. São também

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apresentados os resultados das análises das amostras de água subterrânea e chorume

coletadas na área do Aterro Sanitário.

Dando continuidade, é apresentada a discussão baseada nos resultados

obtidos, buscando possíveis explicações para dar sustentação aos achados, tomando

como referência a literatura existente nessa área, no nível mundial. A discussão

também foi realizada à luz de padrões já normatizados para as condições de

contaminação ambiental do Estado de São Paulo.

Nas considerações finais, é apresentada uma avaliação do estudo no

conjunto, levando em conta suas repercussões e as questões levantadas a partir

desse trabalho, de forma a poder representar ferramentas na tomada de decisões

políticas pelas autoridades locais, com a finalidade de estabelecer programas que

melhorem a qualidade de vida e a saúde pública no município e região.

É importante destacar que a realização deste projeto tem permitido nosso

aprofundamento acerca do conhecimento referente à problemática dos metais

pesados, bem como a repercussão das diferentes práticas de tratamento e destinação

dos rejeitos resultantes das atividades humanas.

A realização desta pesquisa, também permitiu a conformação de um

importante intercâmbio com o Setor de Metais do Laboratório de Pediatria e

Puericultura do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão

Preto/USP. É importante salientar que, além disso, tem sido possível estabelecer

importantes intercâmbios com outros serviços e profissionais ligados à temática, a

exemplo do Laboratório Quality Technologies em Queensland, Austrália.

Foi de inestimável valor o apoio recebido da Fundação de Apoio à Pesquisa

do Estado de São Paulo (FAPESP), através do auxilio à pesquisa recebido no início

do ano 2000, para o desenvolvimento do projeto, possibilitando a aquisição de

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alguns equipamentos para o Laboratório de Saúde Ambiental da Escola de

Enfermagem de Ribeirão Preto, bem como dos materiais necessários para a coleta

das amostras e análises laboratoriais realizadas junto ao Setor de Metais, aquisições

estas que, com certeza, contribuirão também para o desenvolvimento de futuros

estudos.

A partir deste estudo e de trabalhos relacionados que foram realizados

paralelamente a esta investigação, foi gerada a oportunidade de uma maior

participação em diversos eventos científicos, apresentando resultados de alguns

trabalhos oriundos dessa linha de investigação, tais como os abaixo citados:

Segura-Muñoz S.I. & Takayanagui A.M.M. “Estudo sobre a relação entre exposição prolongada a metais pesados e agravos à saúde”. Apresentado no 12° Encontro Regional de Química. Sociedade Brasileira de Química. Ribeirão Preto, São Paulo. 10 a 12 de outubro de 1999. In: Livro de resumos A contribuição das instituições da região para o desenvolvimento da química brasileira. p.70, 1999. Segura-Muñoz S.I.; Takayanagui A.M.M.; Trevilato B.T.M.; Hering E.S.. “Revisão Sistemática sobre o efeito neurotóxico da exposição ocupacional ao mercúrio, chumbo e manganês” Apresentado no VI Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva. Salvador, Bahia. 28 de agosto a 01 de setembro de 2000.In: Livro de resumos Ciência e saúde Coletiva. v. 5, p. 49, 2000. Segura-Muñoz S.I.; Trevilato B.T.M.; Hering E.S.;Takayanagui A.M.M. “Heavy metals content in the water of drinking fountains localized in the University of São Paulo in Ribeirão Preto, Brazil” Apresentado na III Brazilian Meeting on Chemistry of Food and Beverages. Realizado no Instituto de Química de São Carlos da Universidade de São Paulo. São Carlos, São Paulo. 01-03 de setembro de 2000. In: Book of Abstracts do referido evento. p. 11, 2000. Segura-Muñoz S.I.; Trevilato B.T.M.;Takayanagui A.M.M.; Hering E.S.; Cupo P. “Metais pesados em água potável” Apresentado no XII Congresso Brasileiro de Toxicologia, VII Encontro Nacional de Professores de Toxicologia, III Encontro Nacional de Toxicologia Forense. Reunião Nacional de Centros Informações Toxicologicas. Realizado em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. 11-15 de novembro de 2001.In: Revista Brasileira de Toxicologia, v.4, n.2, p. 33, 2001 (Suplemento). Segura-Muñoz S.I.; Trevilato B.T.M.;Takayanagui A.M.M.; Hering E.S.. “Metais Pesados em áreas circunvizinhas a um Aterro Sanitário e Incinerador de Resíduos Sólidos” Apresentado no XII Congresso Brasileiro de Toxicologia, VII Encontro Nacional de Professores de Toxicologia, III Encontro Nacional de Toxicologia Forense. Reunião Nacional de Centros Informações Toxicologicas.

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Realizado em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. 11-15 de novembro de 2001. In: Revista Brasileira de Toxicologia, v.4, n.2, p.145, 2001 (Suplemento). Segura-Muñoz S.I.; Takayanagui A.M.M.; Trevilato B.T.M.;Hering E.S. “Condições de saúde dos trabalhadores de um Incinerador de Resíduos de Serviços de Saúde” Apresentado no II Seminário Nacional de Saúde e Ambiente. Realizado em Rio de Janeiro. 3 a 13 de junho de 2002. Trevilato B.T.M; Segura-Muñoz S.I.; Turati A.; Souza, A.M.; Menezes C.; Hering E.S.; Cupo P. “Chumbo em sangue de trabalhadores de indústria química na região de Ribeirão Preto”. Apresentado no 5° Encontro Regional de Biomedicina. Realizado em Botucatu, SP. 18 a 21 de outubro de 2002. Além dessa participação em eventos, alguns trabalhos foram encaminhados para

publicação e outros estão em fase de preparação, descritos a seguir:

Segura-Muñoz S.I.; Trevilato B.T.M.;Takayanagui A.M.M.; Hering E.S.; Cupo P. Metales pesados em água de bebederos de presión. No prelo. Archivos Latinoamericanos de Nutrición. v. 52, 2002. Segura-Muñoz S.I.; Takayanagui A.A.M.; Santos C.B.; Sanchez-Sweatman O. Revisão Sistemática de Literatura e Metanálise: Noções básicas sobre seu desenho, interpretação e aplicação na área da saúde. No prelo. Livro 8º Simposio Brasileiro de Comunicação em Enfermagem, 2002. Segura-Muñoz S.I.; Takayanagui A.M.M.; Trevilato B.T.M.; Santos C.B.; Hering E.S. Spatial distribution of metals in surface soil around a municipal solid waste landfill and a medical waste incinerator. Encaminhado para publicação em The Science of the Total Environment. Segura-Muñoz S.I.; Takayanagui A.M.M.; Lopes T.; Trevilato B.T.M.; Hering E.S. Estudo de efeito neurotóxico da exposição ocupacional ao mercúrio, chumbo e manganês utilizando como ferramenta metodológica a Revisão Sistemática de Literatura. Encaminhado para publicação em Cadernos de Saúde Pública. Segura-Muñoz S.I.; Takayanagui A.M.M.; Trevilato B.T.M.; Hering E.S.; Cupo P. “Condições de saúde dos trabalhadores de um incinerador de Resíduos de Serviços de Saúde”. Em fase de preparação. Segura-Muñoz S.I.; Takayanagui A.M.M.; Trevilato B.T.M.; Santos C.B.; Hering E.S. “Heavy metals in vegetation and surface soil in a Municipal Landfill Site and a Medical waste Incinerator Plant area”. Em fase de preparação. Segura-Muñoz S.I.; Takayanagui A.M.M.; Trevilato B.T.M.; Hering E.S. “Nivel de metais pesados no liquido percolado e na água subterrânea do Aterro Sanitário e Incinerador de Resíduos Sólidos de Ribeirão Preto”. Em fase de preparação.

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1. INTRODUÇÃO

O atual momento histórico aponta para uma reflexão a respeito das sociedades

contemporâneas e seus impactos sobre a saúde e meio ambiente. Fazendo uma breve

retrospectiva histórica podemos focalizar elementos cruciais que têm estado

envolvidos nessa temática, contribuindo significativamente para os padrões de

produção e consumo prevalecentes hoje, na maior parte do planeta.

Durante milhões de anos os homens viveram da caça e coleta dos frutos,

sempre procurando novos espaços quando os recursos tornavam-se escassos, numa

relação relativamente harmoniosa com o meio natural. As intervenções sobre o meio

ambiente se intensificaram conforme as comunidades foram se formando e a

população aumentando sobre uma mesma localidade.

Com o surgimento das cidades e o aumento populacional, aumentava a

demanda por bens de consumo. O atendimento a essas demandas pressupunha

mudanças na forma de produção, determinando uma maior intervenção na natureza.

Desde muito cedo, observou-se o surgimento de problemas ambientais, como a

poluição das águas e o acúmulo de lixo. Já na Idade Média, tem-se o registro de

epidemias decorrentes da proliferação de roedores nos lixões das cidades (Carvalho &

Tella, 1997).

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Introdução 2

Os séculos XIX e XX foram marcados pela divisão social e técnica do

trabalho, que aumentou a produtividade, desenvolveu tecnologias de produção e,

conseqüentemente, gerou um aumento gradativo de consumo. Nas décadas de 40 e

50, do século passado, houve mudanças muito mais profundas no comportamento dos

indivíduos devido ao rápido desenvolvimento capitalista, que trouxe como modelo de

qualidade de vida uma sociedade com altos padrões de consumo, incentivando a

produção de descartáveis e a utilização de materiais artificiais.

Este padrão de produção e consumo tem sido agravado nas últimas décadas

com a mudança do perfil essencialmente rural da sociedade para um ambiente

predominantemente urbano (Taschner & Bogus, 1986), criando um modelo de vida

caracterizado por uma maior produção, um maior consumo de energia, uma maior

emissão de gases, um aumento na geração de resíduos e, conseqüentemente, da

poluição do ambiente, principalmente nos países desenvolvidos, trazendo como

conseqüência inevitável a degradação dos recursos naturais existentes.

A poluição ambiental pode ser definida como toda ação ou omissão do homem

que, através da descarga de material ou energia nas águas, solo e ar, cause um

desequilíbrio nocivo no meio ambiente (Valle, 1995).

Os efeitos da poluição ambiental são muito mais complexos e difusos do que

se poderia avaliar de início; suas conseqüências, além de disseminadas, podem ser

também cumulativas e crônicas, tornando mais complexa a ação de despoluir. Uma

fonte poluidora exerce efeitos de diferentes dimensões sobre a biosfera e a biota,

atingindo, conseqüentemente, o solo, o ar e as águas (Fig. 1).

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Introdução 3

Fig. 1 - Propagação dos efeitos da poluição no meio físico e na biota. (Adaptada

de Valle, 1995)

A crescente degradação ambiental, marcadamente presente neste último

século, tem originado muitos questionamentos acerca dos problemas que a

contaminação urbana poderia desencadear sobre a saúde da população. Nesse

contexto, o aumento na quantidade e variedade dos resíduos sólidos gerados pelas

atividades domésticas, sociais e industriais emerge como um dos problemas

prioritários da sociedade atual (Brunner & Brown, 1988; CETESB, 1990;

Takayanagui, 1993, D’Almeida & Vilhena, 2000).

Os resíduos sólidos são considerados a expressão mais visível e concreta dos

riscos ambientais, ocupando um importante papel na estrutura de saneamento de uma

comunidade urbana e, conseqüentemente, nos aspectos relacionados à saúde pública.

Além das conseqüências para a saúde comunitária, deve-se considerar ainda o

LIXIVIAÇÃO

ATMOSFERA Absorção

foliar Respiração Animal

Vida Animal

Fonte Poluidora

ÁGUA SOLO

Vegetação

Microorganismos

EMISSÃO

DESPEJO DEPOSIÇÃO

INFILTRAÇÃO

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Introdução 4

impacto que a disposição inadequada desses resíduos provocam no solo, na

atmosfera, na vegetação e nos recursos hídricos (Moritz, 1995)

1.1 Resíduos Sólidos, definição e classificação

Segundo a NBR 10.004/87, os resíduos sólidos podem ser definidos como:

“aqueles resíduos em estado sólido e semi-sólido, que resultam

de atividades da comunidade de origem: industrial, doméstica,

hospitalar, comercial, de serviços, de varrição e agrícola.

Também estão incluídos nesta definição os lodos provenientes

de sistemas de tratamento de água, aqueles gerados em

equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como

determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável

seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água,

ou exijam para isso soluções técnica e economicamente

inviáveis face à melhor tecnologia disponível (ABNT, 1987;

p.1,2)

A ABNT, através desta mesma norma (ABNT, 1987), classifica os resíduos

sólidos urbanos em três classes, a saber:

Classe I – Perigosos: Estão incluídos os resíduos que apresentam as seguintes

características: inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade e/ou

patogenicidade.

Classe II – Não Inertes: são compostos por resíduos que podem apresentar

propriedades como: combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em água.

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Introdução 5

Classe III – Inertes: são compostos por resíduos que quando amostrados de

forma representativa e submetidos a um contato estático ou dinâmico com água, à

temperatura ambiente, não apresentam atividade. Como exemplo destes materiais,

pode-se citar as rochas, tijolos, vidros e certos plásticos e borrachas que não são

prontamente decompostos.

Dentre os diferentes tipos de resíduos gerados em áreas urbanas os resíduos

produzidos em serviços de saúde, mesmo constituindo-se em pequena parcela em

relação ao total dos resíduos sólidos urbanos gerados (cerca de 2%), são

particularmente importantes pelo risco potencial que apresentam, podendo ser fonte

de microorganismos patogênicos, cujo manuseio, tratamento e/ou descarte

inadequado pode acarretar a disseminação de doenças infecto-contagiosas,

principalmente devido ao caráter infectante de algumas de suas frações componentes,

além da existência eventual de quantidades de substâncias tóxicas que aumentam os

riscos e os problemas associados a esse tipo de resíduos (Risso, 1993; Takayanagui,

1993; Blenkharn, 1995; Malavaud & Marty, 1997; Padhye et al., 1998; Vrijheid,

2000; CDC,2002).

Segundo a Resolução CONAMA N.05/93 (Brasil, 1993), os resíduos de

serviços de saúde - RSS são definidos como resíduos gerados em hospitais, farmácias,

laboratórios, consultórios médicos, odontológicos e veterinários, bancos de sangue e

leite, além de estações rodoferroviárias, portos e aeroportos. Esta Resolução também

classifica os RSS em quatro grupos descritos a seguir, além de serem considerados

como resíduos perigosos pela característica de patogenicidade, de acordo com

NBR10.004/87 (ABNT,1987).

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Introdução 6

Grupo A – Resíduos Infectantes: São os resíduos que apresentam risco

potencial à saúde pública e ao meio ambiente devido à presença de agentes

biológicos.

Grupo B - Resíduos de Origem Química: Resíduos que apresentam risco

potencial à saúde pública e ao meio ambiente devido às suas características químicas.

Enquadram-se neste grupo, dentre outros: drogas quimioterápicas e produtos por elas

contaminados; resíduos farmacêuticos e resíduos químicos perigosos.

Grupo C – Resíduos Radioativos: Enquadram-se nesse grupo os materiais

radioativos ou contaminados com radionuclídeos, provenientes de laboratórios de

análises clínicas, serviços de medicina nuclear e radioterapia.

Grupo D – Resíduo Comum: Todo aquele resíduo que não se enquadra nos

grupos descritos anteriormente. Por exemplo, resíduo da atividade administrativa,

dos serviços de varrição e limpeza de jardins e restos alimentares que não entraram

em contato com pacientes.

No Brasil há algumas determinações técnicas e legais que orientam o

manuseio, tratamento e disposição de resíduos sólidos urbanos em geral e os

específicos como os RSS.

1º) O Decreto 8468 de 8/9/1976 aprova o regulamento da Lei Nº 997 de

31/5/1976, que dispõe sobre a prevenção e o controle da poluição do meio ambiente

(São Paulo,1976).

2º) A Portaria MINTER Nº 53 de 1/3/79 estabelecia normas aos projetos

específicos de tratamento e disposição de resíduos sólidos, proibindo o descarte de

resíduos, principalmente os perigosos, diretamente no solo ou em cursos de água sem

tratamento e considerava como obrigatória a incineração de RSS e similares.

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Introdução 7

3º) A Resolução CONAMA Nº6 de 19/9/91, desobrigou a incineração de RSS

e a Resolução Nº 5 de 5/8/93, 1 estabeleceu novas diretrizes para a gestão dos RSS,

dentre elas, a exigência de um Plano de Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de

Saúde (PGRSS) e a existência de um Gerente de Resíduos em cada estabelecimento

de saúde, estando em vigor em todo território nacional, juntamente com a última

legislação existente nessa área: a Resolução CONAMA N° 283 de 12 de julho de

2001, que apresenta determinações mais específicas sobre o gerenciamento dos RSS

nos serviços de saúde (BRASIL, 2001).

No Estado de São Paulo, a Resolução Conjunta nº 1 de 29/06/1998, dispõe,

dentre outros, sobre a exigência da apresentação de um PGRSS por todo

estabelecimento de saúde e pela existência de um gerente de resíduos nesses locais,

reforçando a necessidade técnica e legal de um sistema de gerenciamento dos RSS

mais eficiente.

Ainda nesse mesmo estado, além dos órgãos públicos de vigilância sanitária e

ambiental, há um importante setor, CETESB - Companhia de Tecnologia de

Saneamento Ambiental, que também tem a incumbência técnica e legal de fiscalizar e

orientar os geradores de resíduos sólidos no Estado, de modo a impedir a

contaminação ambiental e garantir maior segurança à saúde pública.

1.2. Sistemas de Disposição e Tratamento dos Resíduos Sólidos

Historicamente, existem três formas básicas adotadas pela sociedade urbana

para disposição de resíduos sólidos: lixão ou vazadouro, aterro controlado e aterro

sanitário (Charnock & Wells, 1985).

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Introdução 8

Os lixões ou vazadouros, como mostra o esquema da Fig. 2, resultam da

simples descarga do lixo a céu aberto sem levar em consideração: a área em que está

sendo feita a descarga, a percolação dos líquidos derivados da decomposição do lixo,

a liberação de gases para a atmosfera e a proliferação de insetos, roedores e outros

animais que podem transmitir doenças ao homem (Serra et al., 1998). Embora muito

utilizados no Brasil, por cerca de 70% dos seus municípios (IBGE, 2002),

representam uma forma inadequada e ilegal de disposição de resíduos sólidos.

Fig. 2 – Esquema de um lixão a céu aberto, com a presença dos catadores e animais no local de descarga dos caminhões e o acúmulo de chorume na superfície do solo, bem como a sua absorção pelas camadas subterrâneas. (Fonte: Jardim et al., 1995).

Aterro controlado diferencia-se dos lixões apenas pelo fato do lixo não ficar

exposto a céu aberto, por ser periodicamente coberto com terra. O solo não é

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Introdução 9

impermeabilizado e nem sempre possui sistema de drenagem dos líquidos percolados,

tampouco captação de gases formados pela decomposição da matéria orgânica.

Aterro sanitário refere-se a uma instalação previamente planejada para a

posterior disposição de resíduos sólidos, visando a não causar danos nem perigo ao

meio ambiente e à saúde pública.

Antes de se projetar um aterro sanitário devem ser realizados estudos

geológicos e topográficos para a seleção da área e verificação do tipo de solo.

Também deve ser feita a impermeabilização do solo, os líquidos percolados devem

ser captados por drenos horizontais para tratamento e os gases liberados durante a

decomposição captados por drenos verticais. O lixo é compactado e coberto

diariamente com camada de terra de 20 a 40 cm (Serra et al.,1998). O esquema da

Fig. 3 mostra o perfil de um aterro sanitário em funcionamento.

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Introdução 10

Fig. 3 – Esquema das características da construção de um Aterro Sanitário, mostrando a operacionalização em condições ideais de funcionamento. (Fonte: Alvarenga et al., 1986).

Os aterros sanitários, embora importantes, apresentam segundo alguns autores,

algumas limitações como o tempo de vida razoavelmente curto e a grande dificuldade

na obtenção de locais adequados para sua implantação nas proximidades dos centros

urbanos, que não aqueles considerados de recarga dos aqüíferos (Viana,1999).

Além disto, têm sido descritos na literatura diversas outras questões que

podem estar ligadas à instalações de aterros sanitários, no que diz respeito ao impacto

social e biológico causado às populações circunvizinhas e também aos trabalhadores

do local (Moritz, 1995; Elliott et al., 1997; Baxter et al., 1999).

Em relação ao tratamento de resíduos sólidos, são descritas na literatura

diferentes técnicas, dentre elas: compostagem, incineração, tratamento com

microondas, plasma-pirólise e reciclagem.

A incineração, processo de tratamento de resíduos através da oxidação a altas

temperaturas, sob certas condições controladas é considerada uma das técnicas mais

adequadas para o tratamento dos resíduos dos serviços de saúde (Cerqueira &

Alves,1999), embora contestada por diversos segmentos da academia, pela

possibilidade de contaminação do ar, solo e água, bem como de animais e vegetais, é

ainda muito utilizada nos países industrializados (Shima & Beccari, 1996).

Esse método de tratamento converte materiais combustíveis transformando-os

em escórias, cinzas e gases, estes últimos, eliminados para a atmosfera por meio de

chaminés, enquanto as escórias e cinzas podem ser dispostas em aterros sanitários.

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Introdução 11

A incineração por calor seco consta de um equipamento composto por duas

câmaras, a primeira, conhecida como câmara de combustão primária, operando a uma

temperatura mínima de 800 °C e a câmara de combustão secundária a 1000 °C. O gás

emitido do incinerador deve ser filtrado e sair por um conduto elevado a cerca de 140

metros de altitude (Brunner & Brown, 1988; D’Almeida & Vilhena, 2000). A Fig. 4,

apresenta esquematicamente a estrutura e funcionamento do incinerador.

Fig. 4 – Representação simplificada da estrutura de um incinerador mostrando a operacionalização em condições ideais de funcionamento. (Fonte: Alvarenga et al., 1986).

A incineração diminui o volume de resíduos sólidos em cerca de 90% e o peso

a 15% (Lindenberg, 1982; Ellison apud Haight, 1991; Kosson et al., 1996), sendo

essa uma das mais importantes vantagens; porém, apresenta a desvantagem de

concentrar o nível de metais pesados e outros compostos como dioxinas e furanos nas

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Introdução 12

cinzas e fumaças derivadas do processo, sendo necessário garantir uma combustão

completa para se evitar a emissão de poluentes gasosos na atmosfera (Hoffman et al.,

1997).

A incineração, que foi muito utilizada nesta última década tem sido pouco

indicada atualmente devido a fortes restrições nas legislações de países da América

do Norte, Europa e Ásia, pelos riscos de poluição ambiental (Blenkharn, 1995;

Moritz, 1995; Urbanowicz, 1998; Wassermann, 1999; Haishima, 2000).

O tratamento de RSS por microondas é relativamente recente, embora já está

bastante difundido em vários países como alternativa promissora em relação aos

métodos tradicionais de tratamento. O tratamento se inicia pela trituração dos

resíduos em câmara fechada e dotada de pressão negativa para impedir dispersão de

aerossóis no ambiente externo. Na etapa seguinte inicia-se o aquecimento e

umidificação do material através de jatos de vapor úmido, gerado na própria máquina.

A seguir, a massa de resíduos é conduzida através de um tubo onde localizam-se os

geradores de microondas. Finalmente um dispositivo descarrega os resíduos triturados

e desinfetados em um contêiner para que sejam removidos para um aterro sanitário.

Os vapores são tratados por filtros antes de lançados na atmosfera. Este sistema não

contribui para a diminuição da ocupação do solo em aterros devido a que o volume

dos resíduos não é diminuído (Ribeiro Filho, 1997).

Atualmente, vem sendo desenvolvida uma outra maneira de tratar os RSS, por

meio de um processo denominado de “tocha de plasma” ou “plasma pirólise”.

Tecnologia que associa as altas temperaturas geradas pelo plasma com a pirólise dos

resíduos. Por meio da tocha de plasma se produz eletricamente um campo de energia

radiante de altíssima intensidade que aplicado sobre os resíduos produz a dissociação

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Introdução 13

das ligações moleculares existentes nos compostos sólidos, líquidos ou gasosos,

sejam eles perigosos ou não, orgânicos ou inorgânicos. Estes resíduos fundem-se e

ficam inertes, gerando um produto vitrificado similar a um mineral de alta pureza. O

volume de gases inicialmente gerado é mais baixo do que na combustão convencional

e apresenta uma redução de volume extremamente elevada, podendo ser superior a

99% (Shima e Beccari, 1995; Daver, 1997)

1.3 Resíduos sólidos urbanos e a contaminação por metais pesados

O gerenciamento de resíduos perigosos tem-se transformado, nas últimas

décadas, em um dos temas ambientais mais complexos. O número crescente de

materiais e substâncias identificadas como perigosas e a produção desses resíduos em

quantidades cada vez maiores têm exigido soluções mais eficazes e investimentos

maiores por parte de seus geradores e da sociedade em geral. Além disso, com a

industrialização crescente dos países ainda em desenvolvimento, esses resíduos

passam a ser gerados em regiões nem sempre preparadas para processá-los ou, pelo

menos, armazená-los e tratá-los adequadamente.

As atividades com maior potencial de geração de resíduos perigosos são as

indústrias químicas, as refinarias de petróleo, a siderurgia, as indústrias de metais não

ferrosos, de papel e celulose, de processamento de couros e de instalações que

executam serviços de galvanoplastia, decapagem e pintura. Poder-se-ia mesmo

afirmar que toda atividade industrial pode gerar algum tipo de resíduo classificado

como perigoso pela legislação ambiental (Eyer, 1995).

Por outro lado, existem também os resíduos dos serviços de saúde (RSS), que

representam um risco à saúde humana e ambiental, pela presença, principalmente, de

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Introdução 14

agentes biológicos, além de uma série de contaminantes químicos presentes nesses

resíduos, dentre os quais destacam-se os metais pesados (OSHA, 1991; Takayanagui,

1993; Allerman & Poulsen, 2000; Takayanagui,2000).

A expressão “metal pesado” é comumente utilizada para designar metais

classificados como poluentes, englobando um grupo muito heterogêneo de metais,

semi-metais e mesmo não metais como o selênio. Na lista de metais pesados estão

com maior freqüência os seguintes elementos: cobre, ferro, manganês, molibdênio,

zinco, cobalto, níquel, vanádio, alumínio, prata, cádmio, cromo, mercúrio e chumbo

(CETESB, 2001).

Metais pesados como chumbo, mercúrio, cádmio, arsênico, cromo, zinco e

manganês, dentre outros, estão presentes em diversos tipos dos resíduos levados para

aterros sanitários municipais e incineradores, podendo ser encontrados nesse material:

lâmpadas, pilhas galvânicas, baterias, resto de tintas, resto de produtos de limpeza,

óleos lubrificantes usados, solventes, embalagens de aerossóis, resto de amálgama

utilizada em consultórios odontológicos, materiais fotográficos e radiográficos,

embalagens de produtos químicos, pesticidas, fungicidas e inseticidas, componentes

eletrônicos descartados isoladamente em placas de circuitos impressos, resíduos de

produtos farmacêuticos, medicamentos com prazos de validade vencidos, latarias de

alimentos, aditivos alimentares, e plásticos descartados (WHO, 1988; WHO, 1989;

WHO, 1992; WHO, 1995; WHO, 2001; Eyer, 1995).

A concentração de metais pesados no meio ambiente, com sua disseminação

no solo, água e atmosfera tem sido motivo de crescente preocupação no mundo. Os

metais pesados podem ser percolados por meio do chorume, que é o liquido resultante

da decomposição de resíduos. O chorume mistura-se com a água de chuva e outros

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Introdução 15

líquidos, originalmente existentes no lixo, infiltrando-se no solo e, quando alcança o

lençol freático, contamina a água subterrânea. A contaminação dessas águas tem

conseqüências que perduram por tempo indefinido e são de difícil controle. Além de

provocar a contaminação da água, essa disposição inadequada polui também o solo,

atingindo as plantas, os animais e o homem (Magossi & Bonacella, 1991; Serra et al.,

1998).

Por outro lado, a incineração de lixo forma materiais particulados que

transportam metais pesados, dioxinas e furanos policlorinados, que são carreados pela

fumaça e levados pelo vento, precipitando-se no solo contaminando, assim, o

ambiente. Os metais pesados, uma vez no solo, podem ser assimilados pelos vegetais,

podendo ter um efeito fitotóxico para o homem ao serem introduzidos na cadeia

alimentar (Glasser & Chang,1991; Serra et al., 1998, Cerqueira & Alves, 1999).

Durante a incineração, os metais pesados são particularmente importantes pela

resistência que possuem; são elementos cuja concentração é a mesma, antes e depois

da incineração. Estes metais tóxicos são volatilizados e logo condensados na

superfície das partículas de cinza suspensas no ar, podendo passar para a vegetação

ou solo, e por sua vez, podem ser facilmente inaladas ou ingeridas pelo homem

(Denison & Silbergeld, 1988; Serra et al., 1998).

Os metais pesados que são incorporados no solo podem seguir diferentes vias

de fixação, liberação ou transporte, segundo a representação da Fig. 5. Os metais

podem ficar retidos no solo, seja dissolvidos em solução ou fixados por processos de

adsorção, complexação e precipitação. Também, podem ser absorvidos pelas plantas

e, assim, serem incorporados às cadeias tróficas, ou também podem passar para a

atmosfera por volatilização ou mover-se para águas superficiais ou subterrâneas.

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Introdução 16

Fig. 5 –Dinâmica dos metais pesados no solo (Adaptada de Anta, 1996 apud Garcia & Dorronsoro, 2002)

1.4. Efeito toxicológico dos metais pesados no ser humano

Os metais pesados apresentam peso atômico relativamente alto e

caracterizam-se pelo efeito bioacumulativo. Os metais pesados, em concentrações

superiores às legalmente recomendadas, têm sido responsabilizados por causar

agravos à saúde, além de uma série de doenças carcinogênicas (Denilon & Silbergeld,

1988; Magossi & Bonacella, 1991; Serra et al., 1998).

Os efeitos tóxicos desses metais encontram-se amplamente descritos na

literatura, sendo que a gravidade depende do grau de exposição aos mesmos. Dentre

VEGETAÇÃO

CADEIAS TRÓFICAS

METAIS PESADOS

AR

águas de drenagem e rios

VOLATILIZAÇÃO

SOLO

ADSORÇÃO superficies de argila e humus

COMPLEXAÇÃO

PRECIPITAÇÃO

formação de minerais TRANSFORMAÇÃO

COPRECIPITAÇÃO

para outro contaminante MOBILIZAÇÃO com outros elementos

com compostos orgânicos e outros

anions

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Introdução 17

os efeitos adversos, apontam-se danos no sistema nervoso central, no sistema

hepático, no sistema renal, no sistema hematopoiético e no sistema esquelético

(Denison & Silbergeld, 1988; Kreiss, 1990; Stoewsand et al., 1990; Reif et al., 1993;

Yourtee, 1994; Boischio & Henshel, 1996; Cranmer et al., 1996; Kosatsky & Foran,

1996; Silvany-Neto et al., 1996; Urban et al., 1996; Weiss, 1996; Banks et al.,1997;

Cory-Slechta, 1997; Snyder et al., 1997; Bucheim et al., 1998; Costa, 1998; Harada et

al., 1998; Hu, 1998; Beuter et al., 1999; Fu et al., 1999; Gorell et al., 1999; Hudnell,

1999; Iregren, 1999; Keen et al., 1999; Kelley, 1999; Lai et al., 1999; Pal et al., 1999;

Staessen et al., 1999; Viaene et al., 1999).

Dentre os metais pesados, podem ser citados o mercúrio, chumbo, cádmio,

cromo, manganês e zinco, como os mais estudados pelos seus efeitos na saúde; uma

descrição mais detalhada desses metais é apresentada a seguir:

Mercúrio: O mercúrio existe em três formas diferentes: elementar, inorgânica

e orgânica. Os compostos inorgânicos estão associados a danos à saúde, porém são os

compostos orgânicos as formas mais tóxicas e as que passam na cadeia alimentar.

Estudos têm demonstrado que independentemente da natureza do mercúrio poluente,

o metilmercúrio é essencialmente o mais tóxico e o mais amplamente conhecido

(Grandjean et al., 1994; Cranmer et al., 1996).

O mercúrio pode ser absorvido por animais aquáticos na forma de

metilmercúrio e etilmercúrio.

Extensos estudos do efeito do metilmercúrio originam-se a partir do desastre

acontecido em Minamata, no Japão, em 1956, quando uma fábrica que utilizava

metilmercúrio como catalizador na síntese de aldeídos, desprezava seus efluentes nos

corpos d’água, o que contaminou a Baia de Minamata, tendo sido reportados 65 casos

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Introdução 18

fatais e mais de 2000 casos com seqüelas de variada etiologia (Weiss, 1996; Harada

et al., 1998).

Mercúrio inorgânico e orgânico têm sido responsabilizados por causar uma

série de disfunções no sistema nervoso central e sistema nervoso periférico, com

sintomas variados, dentre os quais podemos assinalar: perda de memória, diminuição

dos níveis de inteligência, tremores anormais, falta de coordenação motora,

diminuição da velocidade de resposta motora, excitação, distúrbio do sono e

mudanças na personalidade que podem desencadear um quadro de demência. Nos

casos de exposição muito prolongada ou excessiva pode haver atrofia muscular

severa e lesões renais. Também têm sido associados à infertilidade, aborto,

malformações congênitas e a diversos tipos de câncer (Yourtee, 1994; Boischio &

Henshel, 1996; Cranmer et al., 1996; Goyer,1996; Kosatsky & Foran et al., 1996;

Urban et al., 1996; Weiss, 1996).

Chumbo: Historicamente, o chumbo é reconhecido como um dos mais

antigos e nocivos metais (Corona, 1998). O chumbo pode ser encontrado em

diferentes estados de oxidação Pb0, Pb+2, e Pb+4; porém, a forma Pb+2 representa a

maior causa de problemas biológicos (CEHN, 1999).

O trato gastrointestinal serve como via primária de entrada no corpo humano;

também as fumaças contendo chumbo podem ser inaladas, resultando na absorção de

partículas muito pequenas através do pulmão (CEHN, 1999).

A maior parte do chumbo é incorporada ao tecido ósseo, devido à semelhança

entre as propriedades dos compostos de chumbo e cálcio. Por deslocar o cálcio dos

ossos, processos degenerativos como osteoporose, podem ser observados após uma

exposição prolongada (Banks et al., 1997; Cory-Slechta, 1997; Bucheim et al., 1998).

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Introdução 19

Mesmo baixas concentrações de chumbo são capazes de inibir enzimas

responsáveis pela catalização de uma etapa essencial na síntese de hemoglobina,

levando a quadros de anemia crônica. Apresenta também efeitos adversos no Sistema

Nervoso Central, podendo causar retardo mental, distúrbios do aprendizado,

disfunções cognitivas e encefalopatias nas crianças. O chumbo tem sido associado

com transtornos do sistema hematopoiético, endócrino, renal e reprodutivo (Silvany-

Neto et al., 1996; Hu, 1998; Banks et al., 1997; Cory-Slechta, 1997; Bucheim et al.,

1998).

Mulheres grávidas, lactantes e crianças pequenas são os grupos mais sensíveis

à exposição ambiental ao chumbo. Como a placenta é permeável a esses metais, os

fetos podem ser atingidos, nascendo já afetados (Gerhard et al., 1998).

Manganês: Mineral essencial, porém tóxico quando é absorvido em excesso.

A contaminação por manganês tem sido associada com deficiências neurológicas,

transtornos comportamentais e doenças neuro-psiquiátricas (Hudnell, 1999; Lai et al.,

1999; Mergler et al., 1999)

Estudos recentes indicam que os primeiros sinais de neurotoxicidade do

manganês são difusos e envolvem funções neuromotoras, sensoriais, cognitivas e

fisiológicas. Os primeiros sintomas são debilidade muscular, tremores anormais, dor

de cabeça, inclinação ao caminhar, salivação e reações psicóticas, quadro que pode

desencadear a denominada “loucura mangânica”, que é seguida por uma disfunção

extrapiramidal que apresenta sinais da doença de Parkinson (Beuter et al., 1999;

Gorell et al., 1999; Hudnell, 1999; Iregren, 1999; Keen et al., 1999; Lai et al., 1999;

Pal et al., 1999).

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Introdução 20

Os danos parecem ser irreversíveis, mesmo quando os pacientes são retirados

da fonte de poluição. Estudos apontam que o feto está relativamente protegido, em

função da placenta se constituir numa barreira biológica que diminui a absorção do

manganês (Huang et al., 1993; Fechter, 1999).

Cádmio: Produto da mineração e soldagem do zinco e chumbo. Representa

importante fonte de contaminação ambiental. O cádmio é também encontrado no solo

devido à precipitação no ar e ao uso de alguns fertilizantes compostos (Cai, 1995).

Aproximadamente, 2 a 7% do cádmio ingerido são absorvidos através do trato

gastrointestinal sendo sua absorção beneficiada quando existe deficiência em cálcio,

ferro ou proteína. A absorção através do trato respiratório é mais eficiente, variando

de 15 a 50% da dose inalada (Lauwerys et al.,1994).

Extensos estudos do efeito do cádmio originam-se a partir do desastre

acontecido em Toyama, Japão (1962), quando o cádmio procedente de uma

exploração mineira, contaminou as plantações de arroz da localidade, desencadeando

uma série de transtornos na população exposta, como dor lombar, mialgia das

extremidades inferiores, deformações do esqueleto e osteoporose com fraturas

múltiplas (WHO,1992).

O cádmio também tem sido associado à danos neurológicos, causando

polineuropatias, disfunção dos túbulos renais com manifestação de proteinúria,

aberrações cromosômicas, perda do olfato, redução na formação de glóbulos

vermelhos e remoção de cálcio dos ossos. Tem sido associado também com câncer e

outras doenças mutagênicas (Kreiss, 1990; Stoewsand et al., 1990; Fu et al., 1999;

Kelley, 1999; Viaene et al., 1999; Staessen et al., 1999).

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Introdução 21

Cromo: O cromo é um metal que ocorre naturalmente e pode formar uma

grande variedade de compostos altamente tóxicos. Tem sido demonstrado que os

compostos de cromo hexavalente são muito mais tóxicos que os compostos de cromo

trivalente. A população em geral está exposta ao cromo, geralmente na forma

trivalente, através da alimentação e da ingestão de água potável. Estima-se que o ser

humano ingere até 60 ug por dia de cromo a partir dos alimentos (WHO, 1998).

O aparelho respiratório é o principal alvo da intoxicação com cromo, o qual

quando inhalado provoca dispnéia e tosse. A forma hexavalente do cromo é

considerada, também, um carcinogênico muito potente, tendo sido associado com a

incidência de tumores malignos de pulmão e de danos renais. A mortalidade por

câncer pulmonar tem sido associada à exposição ocupacional ao cromo hexavalente

(Becker, 1999; Flora, 2000). Também é considerado irritante das mucosas e da pele,

pela sua propriedade corrosiva (Snyder et al., 1997; Costa, 1998; Barceloux, 1999a).

Cobre: O cobre é um elemento essencial para todas as formas de vida em

baixas concentrações; porém, altos níveis deste mineral têm sido associados a

sintomas gastrointestinais, como diarréia, dor abdominal, náusea e vômito (Pizarro et

al., 1999).

Ingestões acidentais de cobre foram descritas principalmente associadas com a

ingestão de água e alimentos cozidos em recipinetes de cobre ou que tenham sido

preparados em máquinas defeituosas. Existem relatos de intoxicação pelo consumo de

vinho preparado com misturas a base de cobre, que causaram febre, diminuição do

apetite, fraqueza muscular e sobretudo uma patologia pulmonar que desencadeia o

câncer do pulmão e a cirrose do fígado (WHO, 2001).

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Introdução 22

Zinco: O zinco forma lentamente precipitados solúveis com os íons CO3 ,

NO3, PO4 e Si. O zinco é um elemento fortemente absorvido nas reações que

acontecem no solo. Os compostos de zinco, se presentes em quantidades superiores às

recomendadas, podem produzir irritação e corrosão do trato intestinal, podendo ainda

levar à necrose renal ou nefrite, nos casos mais severos. A exposição ocupacional à

fumaça contendo óxido de zinco provoca fatiga, calafrios, febre, mialgia, tosse,

leucocitose, sede, sabor metálico na boca, e salivação. Os compostos de zinco não são

considerados carcinogênicos (Barceloux, 1999b).

1.5. Avaliação de risco e os resíduos sólidos

Os resíduos sólidos urbanos são considerados uma preocupação, não apenas

para os administradores públicos, como também para cientistas da área e para a

própria população que já começa a se organizar em movimentos populacionais

contrários à instalação de usinas de tratamento de lixo, incineradores ou mesmo

aterros sanitários (Elliot, 1998; Wakefield & Elliot, 2000).

Há uma vasta literatura sobre a síndrome “Not in my back yard” (NIMBY),

traduzida como “não em meu quintal”, surgida nas últimas décadas do século XX nos

EUA, que significou uma forte reação de comunidades organizadas contra a

instalação de sistemas de tratamento e disposição de resíduos sólidos no ambiente

urbano (Eyles et al., 1993; Elliot et al., 1998). Esta preocupação diz respeito ao risco

que o indivíduo pode sofrer quando exposto a sistemas de processamento de resíduos

sólidos, em especial os RSS (Golberg et al., 1995; OMS, 2001).

O conceito de risco está associado, tanto à natureza do perigo, quanto à

possibilidade de ocorrência de dano devido à exposição a um determinado agente

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Introdução 23

perigoso. Este agente, ou perigo é considerado como a fonte de risco existente,

podendo ser uma substância ou uma ação que desencadeia o dano (Cole, 1995; Peña

et al., 2001).

Avaliação de risco é uma técnica interdisciplinar que permite determinar a

possibilidade de sofrer um dano pela exposição a um perigo. O processo de avaliação

de risco, que consiste em uma forma de abordagem que vem sendo utilizada também,

na área de saúde ambiental, é relativamente novo; porém, guarda antigas raízes

ligadas à preocupação do homem em garantir uma proteção à saúde humana e ao

ambiente físico pela exposição a agentes causadores de danos, baseados na prevenção

e redução de riscos (Peña et al., 2001).

A avaliação de risco não se constitui numa fórmula para tratar a problemática

de uma situação de risco, porém contribui como uma estratégia na tomada de decisões

para a identificação, avaliação, controle e redução dos riscos associados com diversas

atividades humanas (CSA, 1991).

Têm sido desenvolvidos estudos sobre avaliação de risco para diferentes

situações existentes na sociedade, dentre eles, os resíduos sólidos urbanos,

envolvendo toda sua dinâmica de processamento.

Segundo o informe da Reunião da Divisão Bilthoven da OMS, realizada em

abril de 2000, o risco potencial para a saúde humana provocado pela disposição e

incineração de resíduos, tanto perigosos quanto não perigosos, gera permanente

preocupação pública, pelo fato de que os dados disponíveis, no nível mundial, são

insuficientes, existindo escassa informação quantitativa sobre exposição a sustâncias

perigosas liberadas no ambiente (OMS, 2001).

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Introdução 24

A OMS, em seu relatório “Métodos de Avaliação de Risco para a saúde

derivados da exposição à substâncias perigosas liberadas por aterros sanitários”

(OMS, 2001), considera que o processo de avaliação de risco pode ser organizado em

cinco fases, a saber:

1. Identificação do Perigo: Essa etapa caracteriza-se pela identificação de

potenciais impactos adversos, caracterização do local e de áreas

circunvizinhas, caracterização de contaminantes potencialmente adversos

e identificação das vias de migração e transporte, bem como

caracterização dos receptores.

Dentre os questionamentos essenciais que devem ser respondidos nessa

etapa podemos citar a forma como está sendo realizada a utilização atual

do local, informação sobre natureza dos resíduos depositados e tratados no

local, acesso ao local pelo público em geral, emanação de substâncias que

gerem preocupação, existência de outras fontes de exposição nas

imediações do local de estudo, tamanho, características e composição da

população em risco.

2. Estimativa do risco: Medição e estimativa das concentrações dos

contaminantes no meio ambiente que geram preocupação, com os quais os

seres humanos poderiam estar em contato, como o solo, ar, alimentos,

água e outros meios existentes dentro e fora do local.

Neste momento devem ser respondidas questões como: concentrações

máximas, superação das normas existentes e comparação com

concentrações normais.

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Introdução 25

3. Avaliação de risco: Esta fase tem como meta estimar a severidade e

probabilidade de que se produza um dano. Para tal fim são utilizadas três

técnicas: Avaliação da fonte/mecanismo de emissão, avaliação da

exposição, avaliação da dose/resposta.

Se esta análise indicar que existe potencial exposição da população até um

raio de 2 Km de distância, deverá ser considerada a possibilidade de se

efetuar novos estudos ou ações que permitam avaliar o impacto ambiental

através de diagramas de fluxo que levem em consideração todas as

possíveis vias de contaminação.

4. Gerenciamento do risco: Constitui o conjunto de medidas planejadas

para as ações político-administrativas, a partir de dados oriundos do

processo de avaliação de risco em uma determinada situação. Esta fase

envolve negociações e decisões para resolver até que nível o risco é

tolerável; tem que se decidir se devem ser realizados estudos

epidemiológicos ou vigilância à saúde; também, deve-se avaliar a

necessidade de se coletar informação adicional para a avaliação da

exposição ou se é necessária a realização de novas medidas (Peña et al.,

2001).

5. Comunicação do risco: Nesta fase os atores envolvidos devem transferir

informação à comunidade acerca dos níveis de risco para a saúde e

ambiente, importância desses riscos, decisões e ações ou meios políticos

com os quais poderiam contar para o controle e gerenciamento dos riscos

(Peña et al., 2001).

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Introdução 26

Nesse contexto, a monitorização ambiental de metais pesados, que são

definidos pela OMS (2001) como contaminantes prioritários pela sua toxicidade,

permanência no ambiente, mobilidade e bioacumulação, deve servir de ponto de

partida para realização de processos de avaliação de risco, determinando, a partir daí,

a existência de vias de exposição completas até populações expostas a esse tipo de

contaminantes.

1.6. Problemática dos resíduos sólidos

Na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento,

realizada no Rio de Janeiro, em 1992 –ECO/92, conforme o documento “Agenda 21”,

analistas do mundo todo interpretam as catástrofes ambientais como decorrência, em

grande parte, do atual estágio de desenvolvimento global e dos padrões de produção e

consumo, especialmente nos países industrializados (Sodré, 1997).

Na atualidade, a sociedade moderna apresenta um aumento inusitado da

produtividade enquanto cresce, também, a desigualdade na distribuição dos bens entre

indivíduos e nações. O acesso a bens de consumo e, por conseqüência, a geração de

resíduos guarda uma estreita relação com as diferenças entre países desenvolvidos e

em desenvolvimento, em função da economia, do sistema sócio-cultural, da ideologia

e do sistema político vigente, como também das divergências entre diferentes estratos

sociais (Sodré, 1997).

Pode-se citar, como exemplo, a produção diária per capita de lixo urbano nos

Estados Unidos que é de aproximadamente de 2 Kg por pessoa, na Europa atinge

cerca de 1kg por pessoa, enquanto nos países em desenvolvimento esses valores

dificilmente ultrapassam 800 g por pessoa. Sabe-se que um indivíduo na América do

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Introdução 27

Norte consome quase 20 vezes mais que uma pessoa da Índia ou da China, e 60 vezes

mais que uma pessoa de Bangladesh (Carvalho & Tella, 1997).

Segundo a Agência de Proteção Ambiental (EPA), os Estados Unidos da

América precisam construir 500 aterros por ano para deposição dos resíduos gerados,

sabendo-se que vem ocorrendo um aumento de 80% desses resíduos desde 1960

(Ferreira, 1999).

A facilidade que se tem para gerar resíduos em grandes quantidades,

principalmente nos países desenvolvidos, é uma constatação, porém, o espaço físico

nesses mesmos países para a construção de aterros é extremamente reduzido

(Ferreira, 1999).

Nos países em desenvolvimento a realidade não é muito diferente; apesar de

serem países com menor geração de resíduos per capita, o aumento da população

associado com as dificuldades tecnológicas e econômicas geram problemas

semelhantes aos existentes nos países desenvolvidos, quanto ao gerenciamento dos

resíduos sólidos, imperando, portanto, a necessidade de transformação dos atuais

padrões de vida, mediante a adoção efetiva de propostas para redução, reutilização e

reciclagem dos resíduos sólidos em nível mundial.

Realidade no Brasil

A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico 2000 (IBGE, 2000), revela que

das 228.413 toneladas de lixo geradas diariamente no Brasil, 21% tem como

destinação lixões a céu aberto ou áreas alagadas, 37% são levadas a aterros

controlados, 36% vão para aterros sanitários, 2,8% são utilizadas na compostagem,

0,9% vão para usinas de triagem e 0,5% são incineradas.

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Introdução 28

O lixão a céu aberto, que vêm diminuindo sensivelmente nesta última década,

é um sistema de disposição ambientalmente inadequado, mas, por outro lado, o uso de

aterros sanitários como principal método de disposição parece também não

solucionar, a longo prazo, as dificuldades inerentes ao tratamento e disposição de

resíduos sólidos (Viana, 1999).

Os aterros, embora importantes, apresentam algumas limitações como o tempo

de vida razoavelmente curto e a grande dificuldade na obtenção de locais adequados

para sua implementação nas proximidades dos centros urbanos, sem que se trate de

locais de recarga do aqüífero ou inadequados por outros motivos.

A problemática dos resíduos dos serviços de saúde (RSS) é também uma

questão que merece maior atenção. Na grande maioria das cidades brasileiras,

igualmente como acontece nos países latinoamericanos, os RSS não recebem

tratamento especial, tendo como destino final o mesmo local utilizado para descarte

dos demais resíduos urbanos. Esses locais, geralmente constituem-se em aterros

inadequados ou lixões a céu aberto, com livre acesso a um grande número de pessoas

que praticam catação desses resíduos, tornando-se um grupo vulnerável à

contaminações devido ao contato direto com diversos tipos de agentes biológicos,

químicos e, até mesmo, radioativos (Risso, 1993; Takayanagui, 1993; Blenkharn,

1995; Malavaud & Marty, 1997).

Situação no Estado de São Paulo

O Estado de São Paulo, embora considerado como o estado mais desenvolvido

do país, ainda possui uma situação deficitária em relação ao gerenciamento dos

resíduos sólidos gerados.

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Introdução 29

A cidade de São Paulo, por exemplo, possui atualmente, dificuldades inerentes

ao uso de aterros sanitários como principal método de disposição de lixo urbano. No

fim da década de 90, Gentile (1998) já previa que para o ano 2001, São Paulo teria a

saturação dos dois únicos aterros sanitários da cidade (Bandeirantes e São João) e não

haveria mais locais para dispor as 20.150 toneladas de lixo geradas diariamente

(IBGE, 2000).

No caso da cidade de São Paulo, além de faltar locais apropriados para a

implementação de novos aterros, está-se vivenciando uma situação preocupante com

o aumento de lixões clandestinos espalhados pela cidade, o que representa grande

risco para a saúde pública. Ainda, outro agravante é causado pelo considerável

aumento da produção de resíduos em conseqüência do aumento da população e dos

padrões de produção e consumo (Viana, 1999).

Outro problema associado à utilização de aterros sanitários está relacionado

com a presença de chorume, dada à inexistência, até pouco tempo, de um método de

tratamento adequado. Em alguns casos, parte deste chorume é re-circulado no aterro,

mas o restante acaba gerando dificuldades para sua disposição. Isso ocorre, em parte,

devido à grande oscilação de volume desse líquido dentro do aterro.

Devido às suas características poluidoras, como por exemplo, a elevada

concentração de metais pesados e a alta demanda bioquímica de oxigênio, o chorume

causa grandes impactos no meio ambiente (Schalch & Rezende, 1991; Jardim et al.,

1995).

Situação em Ribeirão Preto

Desde 1974, a cidade de Ribeirão Preto, situada na região nordeste do Estado

de São Paulo, a exemplo de outras cidades brasileiras, começou a busca de soluções

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Introdução 30

para a destinação final de seus resíduos sólidos. Naquele período teve instalado o

“Antigo Lixão Juliana” oficialmente reconhecido pela Prefeitura Municipal. No

entanto, sua localização ficava exatamente sobre a zona correspondente ao

afloramento da formação Botucatu - Pirambóia, atualmente denominado Aqüífero

Guarani, caracterizada geologicamente como uma área de recarga do extenso aqüífero

da região, portanto totalmente inadequada para descarga de resíduos, o que não

impediu seu funcionamento de 1974 até 1979, como lixão a céu aberto, sem controle

dos resíduos ali dispostos e representando área de alto impacto ambiental que até hoje

exige cuidados e estudos para remediação.

De 1979 a 1989 foi habilitada uma outra área para disposição de resíduos

sólidos do município denominado “Lixão de Serrana”, localizado a 7,5 Km da cidade

de Ribeirão Preto, nas margens da Rodovia Abraão Assed, que une o Município de

Ribeirão Preto com a cidade de Serrana, também localizado dentro da zona do arenito

da formação Botucatú - Pirambóia. O “Lixão de Serrana” possuía uma área de

aproximadamente 50 mil m2 e o volume de descarga em 1989 era de 210 toneladas

diárias. Segundo consta em Estudo de Impacto Ambiental (Alvarenga et al., 1986), os

resíduos urbanos predominantemente domésticos e os resíduos provenientes dos

serviços de saúde eram transportados por caminhões até o local e lançados em

buracos abertos no solo, sendo recobertos com uma camada de terra. O lixo hospitalar

recebia uma camada de cal antes da cobertura, o que não impedia sua catação prévia

por inúmeras pessoas que ali trabalhavam clandestinamente.

Do ponto de vista técnico, esse era também um local inadequado para a

disposição de resíduos, devido à inexistência de obras preliminares que facilitassem a

percolação do chorume para camadas subterrâneas, alcançando em alguns pontos,

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Introdução 31

atualmente monitorados, o lençol de águas. Além disso, nas épocas de chuva o acesso

ao local ficava prejudicado o que impedia a cobertura imediata com uma camada de

terra, caracterizando-se num sistema de disposição do tipo lixão a céu aberto. Somado

a isso havia a questão de sua inadequada localização, do ponto de vista geológico, por

situar-se em área de recarga do Aqüífero Guarani (Alvarenga et al., 1986).

A partir de 1990 a disposição de resíduos sólidos do município passou a ser

executada em um aterro sanitário construído de acordo com as normas técnicas para

receber resíduos sólidos do tipo Classe II e III (ABNT, 1987); também teve instalado

um incinerador a calor seco para tratamento dos resíduos hospitalares antes de sua

disposição final no aterro.

Para a seleção do local foi realizada uma avaliação de sete possíveis locais

para disposição de resíduos sólidos no município, tendo sido considerados os

seguintes parâmetros: direção dos ventos, distância de áreas urbanizadas, espessura da

camada de rocha básica sobre o Arenito Botucatu, espessura da camada de solo sobre

a rocha básica, uniformidade da espessura da camada de solo, profundidade do lençol

freático, velocidade de percolação, proximidades de cursos de água, proximidade de

habitações isoladas e declive do terreno (Alvarenga et al., 1986).

Após avaliação, foi selecionada uma área de 201.400 m2, dentro da qual o

aterro sanitário passou a ocupar 135.000 m2, localizado sobre a formação basáltica da

Serra Geral, a qual não é considerada geologicamente uma zona de recarga de

aqüífero (Alvarenga et al., 1986).

O emprendimento foi implantado em 1990 numa etapa continua até o aterro

ocupar gradativamente toda a área disponível, o que estava previsto para acontecer

em 9 anos após o início das operações, ou seja, até 1999. O Aterro Sanitário foi

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Introdução 32

projetado para receber no final de sua vida útil 244 toneladas de resíduos, por dia

(Alvarenga, et al., 1986).

Através de relatório, em 1999, do extinto Departamento de Urbanização e

Saneamento do Município, responsável, na época, pela instalação e manutenção

dessas operações, pode-se constatar pelo registro de alguns fatos que, provavelmente,

estariam ocorrendo problemas em sua operação os quais poderiam estar afetando a

qualidade ambiental do local, devido ao não-cumprimento de algumas das condições,

tais como:

“...o projeto original do Aterro, previa a superposição de quatro

camadas; porém, está-se trabalhando já numa extensão da vida útil

do mesmo, com a inclusão de duas camadas sobre as quatro

operadas,... atualmente, o líquido percolado é bombeado da volta à

célula da superfície, até que se instale o sistema de tratamento do

chorume...” (Anexo A).

O Módulo I do Aterro Sanitário funcionou até outubro de 2000, alcançando a

sétima célula, com a disposição de um volume de 430 toneladas/dia, volume 76%

maior do que o inicialmente estimado pelo EIA-RIMA (Alvarenga et al., 1986), que

também previa o término de seu funcionamento na quarta célula. Atualmente está-se

trabalhando no Módulo II, que se constitui numa extensão da área útil do Aterro

Sanitário de aproximadamente 75 mil m2, em operação desde novembro de 2000.

O Incinerador, do tipo AB Garcez, com capacidade de 500 Kilos/hora, foi

planejado para uma operação inicial de 7 toneladas/dia no início podendo chegar a 19

toneladas/dia. Nos últimos anos o volume máximo de RSS incinerados foi de

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Introdução 33

aproximadamente 9 ton/dia, funcionando em 3 jornadas de 8 horas diariamente

(Alvarenga, et al., 1986).

Segundo Relatórios das Ações de Controle em Sistema de Incineração de

Serviços de Saúde da CETESB, o referido incinerador passou a sofrer penalidades

por falta de licença de funcionamento, devido à freqüente constatação da emissão de

fumaça preta, o que refletia problemas ligados ao equipamento (Anexo B).

Devido a essas irregularidades, o Incinerador ficou fora de funcionamento

durante sete meses no ano 1999 e novamente de janeiro a setembro de 2001, por

problemas estruturais em suas instalações; nesse período, os resíduos dos serviços de

saúde foram dispostos no Aterro Sanitário, em área separada dos resíduos

domiciliares.

Atualmente, os RSS do município estão passando por um momento de

transição em relação ao processo de tratamento, com o envolvimento de outro setor

industrial e adotando-se a sistema de desinfecção por microondas.

Segundo a OMS, mundialmente há uma escassez de informação sobre os

níveis de contaminação do ambiente em áreas localizadas próximas a usinas de

processamento de resíduos, tais como: usinas de compostagem, centros de

reciclagem, usinas de tratamento com incineradores ou outros métodos (OMS, 2001),

o que dificulta a tomada de decisões político-administrativas mais profícuas e

incisivas diante de problemas ambientais.

Assim, esta pesquisa tem como finalidade contribuir para a aquisição de novos

conhecimentos sobre a contaminação ambiental por metais pesados, decorrentes da

disposição de resíduos sólidos urbanos, além de subsidiar as ações municipais nessa

área de atuação.

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Introdução 34

1.7. Objetivos

Considerando o tempo de funcionamento do Aterro Sanitário e do Incinerador

de Resíduos Sólidos de Ribeirão Preto-SP, assim como a necessidade de obter

conhecimento sobre os níveis de metais pesados em áreas circunvizinhas a locais de

disposição e tratamento de resíduos sólidos, foram formulados os seguintes objetivos

para o presente estudo:

- Analisar os níveis de cádmio (Cd), cromo (Cr), chumbo (Pb), manganês (Mn),

zinco (Zn) e cobre (Cu), no solo, vegetais, chorume e água subterrânea na área do

Aterro Sanitário e Incinerador Municipal de Resíduos Sólidos de Ribeirão Preto.

- Gerar informação sobre a situação ambiental em relação à presença de metais no

entorno do Aterro Sanitário e Incinerador Municipal de Resíduos Sólidos de Ribeirão

Preto, a fim de subsidiar as ações político-administrativas municipais.

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2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1. Delineamento da Pesquisa

Esta pesquisa constitui-se num estudo transversal, definido como um estudo

no qual as observações ou mensurações das variáveis de interesse são feitas

simultaneamente, de forma que os dados obtidos representam uma “radiografia”

sobre uma determinada situação em um dado momento (Forattini, 1992, Pereira,

1995). Desse modo, esta investigação trata especificamente da avaliação dos níveis

de metais na área do Aterro Sanitário e Incinerador Municipal de Ribeirão Preto-SP,

nos anos 2000 e 2001.

Como primeiro passo, foi solicitada a aprovação da execução do projeto junto

ao Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto (DAERP), entidade

responsável pela gestão de resíduos sólidos do Município, e, também, a aprovação do

Comitê de Etica em Pesquisa da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/USP.

Visando o alcance dos objetivos traçados para esta investigação foi elaborada

uma metodologia que envolveu um conjunto de procedimentos que se iniciaram com

delimitação do local do estudo, escolha dos instrumentos e preparação dos materiais

para coleta, prosseguindo com a demarcação dos pontos para coleta das amostras,

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Material e Métodos 36

adoção de técnicas analíticas, validação dos métodos, além do tratamento estatístico

dos dados levantados.

As variáveis estudadas constituíram-se pelos metais: cádmio, cromo, chumbo,

manganês, zinco, cobre e mercúrio presentes nas matrizes: solo, vegetais, água

subterrânea e líquido percolado nos pontos demarcados.

2.2. Procedimento Metodológico

Local de Estudo

O município de Ribeirão Preto está localizado na região Nordeste do Estado

de São Paulo, mais precisamente na porção Norte-Noroeste da Bacia do Paraná, na

província geomorfológica denominada “Cuestas Basálticas” (Laguna,2000).

Atualmente, possui uma população de cerca de 504.923 habitantes e uma área de 651

km2 (IBGE, 2000).

O presente estudo foi realizado no Aterro Sanitário e Incinerador de Resíduos

de Sólidos de Ribeirão Preto, localizado nas margens da Rodovia Mário Donega, que

oferece acesso às cidades de Dumont e Pradópolis, próximo ao Anel Viário, situado

entre as coordenadas 21º10’ a 21º15’ de latitude Sul e 47º50’ a 47º51’ de longitude

Oeste (Figuras 6 e 7).

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Material e Métodos 37

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Material e Métodos 38

Fig. 6 -Mapa de localização do Aterro Sanitário Incinerador de

Ribeirão Preto (Fonte: Alvarenga et al., 1986).

AS

I

AS: Aterro Sanitário de RP I: Incinerador de RSS de RP

Fig. 7 – Foto Aérea do Aterro Sanitário e Incinerador de Ribeirão Preto e das áreas circunvizinhas (Fonte: Secretaria Municipal de Planejamento, 2002).

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Material e Métodos 39

Demarcação dos pontos de coleta

A demarcação dos pontos de coleta, realizada em junho de 2000, foi

executada no local de estudo por uma equipe de topógrafos, liderada por um

engenheiro agrimensor da firma “Paulo Mano Engenharia”, após planejamento

prévio e estudo da área (Fig. 8).

Fig. 8 – Momento de determinação dos pontos de coleta de amostras de

solo e vegetais no Aterro Sanitário da Cidade de Ribeirão Preto - SP.

(Fonte: Takayanagui & Segura-Muñoz, 2000)

Essa demarcação dos pontos de coleta foi iniciada com a definição de um

ponto central no Aterro Sanitário, a partir do qual foram delimitados os pontos de

sondagem nos sentido Norte, Sul, Leste e Oeste, com base na orientação do norte

magnético, iniciando-se pelos limites das células do Aterro Sanitário considerados no

estudo como “ponto zero”.

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Material e Métodos 40

Inicialmente, havia sido planejada a coleta das amostras nos pontos: zero, 50,

100 e 200 metros para cada uma das 4 direções (Norte, Sul, Leste, e Oeste). Porém, a

existência de extensos canaviais fechados limitou o acesso para a demarcação e

coleta em alguns pontos no sentido Oeste e Sul (Fig. 9); motivo pelo qual, a

distribuição dos pontos de coleta acabou sofrendo algumas alterações.

Fig. 9 – Canaviais limítrofes no sentido Sul do Aterro Sanitário da

Cidade de Ribeirão Preto - SP (Fonte: Takayanagui & Segura-Muñoz,

2000).

Assim, foram selecionados quatro pontos de coleta para a direção Norte e

igualmente para a direção Leste, com as distâncias de 0, 50, 100 e 200 metros. Para a

direção Oeste, os quatro pontos corresponderam às distâncias de 0, 50, 100 e 115

metros e, no sentido Sul, os valores foram de 0, 22 e 554 metros (Fig. 10).

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Material e Métodos 41

Fig. 10: Pontos de coleta delimitados para cada matriz segundo sua distribuição espacial

(Fonte: Projeto Topográfico da Coleta de Amostras, Anexo C)

Instrumentos para coleta de dados

Todos os materiais utilizados para coleta e acondicionamento eram de

polietileno e foram previamente submergidos em solução de ácido nítrico a 30% por

24 horas, para eliminação de metais interferentes (VARIAN, 1988; APHA,1998;

Voegborlo et al., 1999) e posteriormente enxaguados com água Milli-Q no Setor de

Metais do Laboratório de Pediatria e Puericultura do HCFMRP/USP.

Para a coleta de amostras de solo, foram utilizados instrumentos de

jardinagem de teflon ou polietileno. Para o armazenamento do material foram

utilizadas caixas de polietileno providas de tampa (28 x 40 x 12 cm). Tomou-se o

cuidado de não se utilizar equipamentos de metal, a fim de se evitar contaminação no

momento da coleta.

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Material e Métodos 42

Para a coleta de amostras de vegetal, também foram utilizados instrumentos

de jardinagem de teflon ou polietileno. Para o armazenamento dessas amostras foram

utilizados sacos de polietileno com fechamento hermético do tamanho de 15 x 20

cm. Para a coleta de amostras de chorume e água, foram utilizadas garrafas de

polietileno de 300 ml, providas de tampa. Todos os equipamentos para

acondicionamento das amostras foram etiquetados e devidamente identificados.

Coleta das amostras

Como equipe de apoio, participaram da coleta de amostras quatro alunos do

Curso de Graduação de Enfermagem da EERP/USP, que haviam freqüentado a

Disciplina Introdução a Saúde Pública, os quais foram previamente orientados,

através de um treinamento de 8 horas, sobre: tipo de investigação, relevância de

estudos dessa natureza, cuidados necessários para a coleta de amostras ambientais

visando a análise de metais pesados e efeitos toxicológicos dos metais pesados.

Durante a coleta de dados contamos também com apoio da equipe de “Paulo

Mano Engenharia”, contratada especialmente para a demarcação dos pontos de

coleta, além do pessoal técnico ligado às instalações do Aterro Sanitário e

Incinerador Municipal.

A data de coleta, 21 de junho de 2000, foi definida em função da necessidade

de se obter amostras que refletissem as condições da época mais seca do ano.

Segundo dados do Núcleo de Agronomia de Alta Mogiana, situado na área vizinha

ao Aterro Sanitário de Ribeirão Preto, nos meses de abril, maio e junho, que

antecederam a coleta, não foram registradas chuvas, exceto nos dias 18 de abril e 2

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Material e Métodos 43

de maio, nos quais foram registradas precipitações de 0,2 e 0,9 mm, respectivamente

(Anexo D).

Solo: Em cada um dos pontos delimitados foi coletada uma amostra de solo de

aproximadamente 500 g, tendo sido traçado previamente a coleta, um quadrado de 20

x 20 cm, e feita uma escavação de até 20 cm de profundidade, de onde foi retirada a

amostra (Shallari et al., 1998). Foram coletadas amostras de solo de um total de 16

pontos (Fig. 10), e imediatamente armazenadas em caixas de polietileno (Fig.11).

Vegetais: Foram coletadas amostras de folhas, caule e raiz de plantas existentes em

cada um desses locais. Cada uma das secções da planta coletada foi guardada

separadamente em sacos de polietileno, devidamente identificados. A vegetação

nesse local é escassa constituindo-se, em quase sua totalidade, de pequenos arbustos,

com pouca variedade de espécies. Foram coletadas amostras de um total de 15

pontos. No ponto denominado Oeste/100 não havia vegetais no momento da coleta

(Fig. 10).

Líquido percolado: Duas amostras de chorume foram extraídas dos tanques

coletores, localizados no lado Norte do Aterro Sanitário. Outras quatro amostras

foram recolhidas em diferentes pontos de afloramento superficial espontâneo, todos

estes localizados sobre o Aterro Sanitário, totalizando seis amostras de chorume (Fig.

10).

Água: No dia de coleta não foram localizados pontos de água superficial nos locais

selecionados na área demarcada para a pesquisa. O curso de água mais próximo é

representado pelo Córrego Monte Alegre, tributário do Ribeirão Preto, este por sua

vez, componente da Bacia do Rio Pardo. Trata-se de um curso d’água, oriundo de

área intensamente modificada, recebendo influência direta de um complexo

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Material e Métodos 44

agroindustrial produtor de açúcar e álcool e da instalação humana participante

(Alvarenga et al., 1986).

Já, em 1986, eram ressaltadas como remotas as possibilidades do Córrego

Monte Alegre ser utilizado algum dia para abastecimento público. Isto porque, sua

vazão seria insuficiente para o abastecimento da cidade, além do fato de haver usinas

de cana de açúcar situadas nas suas cabeceiras, o que representa uma ameaça

constante à qualidade de suas águas, inviabilizando sua captação para o consumo

humano (Alvarenga et al., 1986).

Optou-se, então, por fazer a coleta de água de três poços artesianos a jusante

do Aterro Sanitário, localizados nos sentidos norte e leste (Fig. 10), os quais vêm

sendo monitorados semestralmente pelas autoridades municipais responsáveis pelo

aterro; cabe salientar que o poço a montante do aterro (sentido Sul), encontrava-se

seco, impossibilitando a coleta nesse ponto.

Fig. 11- Materiais utilizados para a coleta de solo, vegetais, água e chorume no local. (Fonte: Segura-Muñoz & Takayanagui, 2000)

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Material e Métodos 45

Amostras-controle: Para a coleta de amostras-controle, selecionou-se a Mata Santa

Teresa - Estação Ecológica de Ribeirão Preto, considerada como uma área

significativamente representativa de ecossistemas brasileiros (Aita, 1997), está

constituída por 154,16 ha de floresta semidecidual, sobre terra-roxa estruturada, entre

as coordenadas 21º13’ a 21º15’ de latitude Sul e 47º53’ a 47º56’ de longitude oeste.

Situa-se ao Sul da zona urbana de Ribeirão Preto, numa altitude média de 570 m

(CONSEMA, 1995). Nesse local foram coletadas duas amostras de cada matriz (solo

e vegetais), mantendo-se as mesmas condições de coleta no Aterro Sanitário,

definidas para as amostras desse estudo no Aterro Sanitário.

No total foram coletadas em duplicata 122 diferentes amostras nos pontos de

monitoramento selecionados na área do Aterro Sanitário Municipal e da Mata de

Santa Teresa de Ribeirão Preto, SP (Tab. 1).

Tab. 1- Distribuição das amostras coletadas na Área do

Aterro Sanitário Municipal e da Mata Santa Tereza de

Ribeirão Preto.

Local

Matriz

Leste Norte Oeste Sul Ponto Central

Ponto Controle

Total

Solo 8 8 8 6 2 4 36

Raiz 8 8 6 6 2 4 34

Folha 8 8 6 6 2 4 34

Chorume 6* 2 2 2 12

Água subterrânea

2 4 6

Total 26 34 22 20 8 12 122 * 4 amostras coletadas em 2 tanques de captação e 2 amostras de

afloramento superficial

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Material e Métodos 46

Transporte

Após a coleta, as amostras de solo foram levadas ao Laboratório de Saúde

Ambiental da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/USP. As amostras de

vegetais, de chorume e de água foram levadas ao Setor de Metais do Laboratório de

Pediatria da Faculdade de Medicina do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto.

Preparação das amostras

Solo: As amostras de solo foram mantidas à temperatura ambiente por 30 dias em

caixas de polietileno, em local fresco e arejado, deixando-as estendidas em caixas de

polietileno e protegidas para evitar contaminação por agentes externos. Após a

secagem, as amostras foram homogeneizadas manualmente utilizando-se morteiros

de polietileno; a seguir, foram peneiradas para separação das partículas maiores ou

restos vegetais, mediante a utilização de peneiras de polietileno com 1,5 mm de luz

de malha (Shallari et al. 1998), no Laboratório de Pesquisa de Saúde Ambiental da

Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/USP.

Uma vez homogeneizada e peneirada era separada uma amostra de solo de

aproximadamente 200 gramas, através da técnica de quartejamento, que consiste em

dividir a amostra em quatro partes iguais e tomar iguais quantidades de cada uma

delas para compor a amostra a ser analisada. As amostras foram, então, levadas ao

Setor de Metais, do Laboratório de Pediatria e Puericultura do Departamento de

Pediatria da FMRP/USP, para a realização das análises posteriormente.

Vegetais: As folhas e as raízes foram secadas em estufa a 40°C por 48 horas e, a

seguir foram trituradas para a obtenção de fragmentos menores, os quais foram

utilizados para a realização das análises químicas. Devido ao fato dos vegetais

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Material e Métodos 47

coletados serem de pequeno porte, optou-se por excluir da análise a matriz caule,

considerando-se que as raízes e folhas seriam suficientes para a detecção de metais

que pudessem ter sido absorvidos pela via aérea ou radicular.

Líquido percolado e água: Foi adicionado HNO3 de alta pureza às amostras e

mantidas a -18 °C até o momento das análises.

Método de Extração de Metais Pesados

Todos os materiais utilizados no processo de extração e detecção de metais

foram sumergidos em solução de HNO3 (30% v/v), por 12 horas como mínimo.

Solo: No primeiro momento foi utilizado o método de extração de metais pesados em

solo, recomendado pela VARIAN (1988), que pode ser descrito da seguinte forma:

0,100 g de solo foi pesado em cadinhos de teflon de 100 ml, posteriormente digerido

em banho de areia entre 110 ºC e 120°C, com 0,5 ml de ácido perclórico a 72% e 5,0

ml de ácido fluorídrico a 48%, evitando-se a secagem completa da amostra. O

resíduo foi recuperado com 5,0 ml de ácido clorídrico 6 N e 15,0 ml de água Milli-

Q, sendo o conteúdo transferido para um frasco volumétrico de 25 ml e completado o

volume com água Milli-Q.

Os resultados obtidos mediante esse método de extração não correspondiam a

realidade mediante a confirmação do resultado utilizando amostras certificadas de

solo. Por este motivo, foi necessário modificar o método proposto para extração de

metais no solo, adotando-se o método publicado pela Australian Standard

Association: “Extração de metais e metalóides do solo por Água Regia – Método de

Digestão em Placa Aquecida” (Anexo E).

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Material e Métodos 48

O método acima citado pode ser resumido da seguinte forma: foi pesada

1,000 g de cada amostra em balões de bocal esmerilhado de 250 ml; as amostras

foram umedecidas com água Milli-Q e depois foram adicionados 10 ml de água

regia. Os frascos foram tampados e deixados em repouso por 16 horas na

temperatura ambiente. Após esse tempo, as amostras foram digeridas em sistema de

refluxo durante 2 horas, evitando-se ebulição intensa. Após o término da digestão e

resfriamento das amostras foram adicionados 10 ml de HNO3 a 1% (v/v), e o resíduo

transferido quantitativamente para balões volumétricos de 100 ml completando-se o

volume com água Milli-Q. Após centrifugação em tubos cônicos, o sobrenadante foi

separado e reservado para posteriores análises.

Vegetais: Para extração foi pesada 1,000 g de amostra seca em tubo de vidro

Kjeldahl, adicionando-se 10 ml de HNO3 concentrado e levado a uma temperatura de

80 a 110 °C. Após completa digestão, o conteúdo foi esfriado e filtrado, utilizando-se

papel de filtro Whatman 40, sendo então, transferido quantitativamente para frasco

volumétrico de 25 ml e completado o volume com água Milli-Q (VARIAN, 1988;

Tack et al., 1998).

Chorume: Foi colocado 1,00 ml de amostra em tubo de vidro Kjeldahl e realizada a

digestão com 10 ml de ácido nítrico concentrado e levado a uma temperatura de 80 a

110 °C. Após completa digestão, o conteúdo foi filtrado utilizando papel de filtro

Whatman 40, transferido quantitativamente para um frasco volumétrico de 25 ml,

completado-se o volume com água Milli-Q (VARIAN, 1988).

Água: As amostras de água foram centrifugadas e o sobrenadante separado para

posterior leitura dos metais pesados (APHA,1998).

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Material e Métodos 49

Dosagem de brancos

Para todas as determinações executadas foram realizadas análises dos brancos

concomitantemente, utilizando-se nestes casos, unicamente os reagentes usados na

detecção das diferentes matrizes submetidos ao mesmo tratamento. Os valores

obtidos na análise dos brancos foram subtraídos dos valores detectados para cada

amostra.

Leitura de Metais Pesados

As dosagens de cromo, chumbo, cádmio, manganês e cobre foram realizadas

por Espectrofotometria de Absorção Atômica com Forno de Grafite (EAA-FG), num

espectrofotômetro VARIAN-ZEEMAN modelo 640-Z (Fig. 12). A dosagem de

mercúrio foi realizada por espectrofotometria de Absorção Atômica com Geração de

Hidreto (EAA-VGA) num Espectrofotômetro VARIAN, modelo AA-200 (Fig. 13).

Dosagens de zinco e cobre, foram realizadas por Espectrofotometria de Absorção

Atômica de Chama (EAA-Chama) num Espectrofotômetro marca Perkin Elmer

modelo 380 (Fig. 14). As condições de análise para cada metal são especificadas no

Anexo F.

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Material e Métodos 50

Fig. 12 – Espectrofotômetro de Absorção Atômica com Forno de Grafite (EAA-FG), Setor de Metais do Laboratório de Pediatria do Hospital das Clínicas da FMRP/USP (Fonte: Trevilato, 2000)

Fig. 13 – Espectrofotômetro de Absorção Atômica com Gerador de Hidretos (EAA-VGA), Setor de Metais do Laboratório de Pediatria do Hospital das Clínicas da FMRP/USP (Fonte: Trevilato, 2000).

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Material e Métodos 51

Fig. 14 – Espectrofotômetro de Absorção Atômica com Chama (EAA-Chama), Setor de Metais do Laboratório de Pediatria do Hospital das Clínicas da FMRP/USP (Fonte: Trevilato, 2000).

Limites de detecção

Na Tab. 2, estão apresentados os limites de detecção dos métodos utilizados

para a análise dos metais pesados, objeto deste estudo e os respectivos métodos

adotados.

Tab. 2: Métodos e limites de detecção de metais do Setor de

Metais do Laboratório de Pediatria e Puericultura, FMRP/USP.

Metal analisado Limite de Detecção

Método

Cádmio (Cd) 0,0001 mg/L EAA-FG

Chumbo (Pb) 0,001 mg/L EAA-FG

Cromo (Cr) 0,002 mg/L EAA-FG

Mercúrio (Hg) 0,0001 mg/L EAA-VGA

Zinco (Zn) 0,001 mg/L EAA-Chama

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Material e Métodos 52

Manganês (Mn) 0,001 mg/L EAA-FG

Cobre (Cu)

0,005 mg/L

0,4 mg/L

EAA-FG

EAA-Chama Validação dos Métodos

Através do Setor de Metais do Laboratório de Pediatria e Puericultura do

Departamento de Pediatria da FMRP/USP e da empresa representante da VARIAN

ANALYTICAL INSTRUMENTS, em São Paulo, foi estabelecido contato com o Dr.

Waller Graemer, diretor do Laboratório Quality Control Technologies Pty Ltd.,

localizado em Queensland na Austrália, com quem foi acordada a participação no

controle inter-laboratorial de agosto de 2000 até junho de 2001.

Durante este período, todo mês eram recebidas amostras certificantes de solo,

água potável e água não potável (Fig.15) e analizadas segundo os métodos adotados

no presente estudo. Os resultados eram, então, enviados para o Laboratório Quality

Control Technologies, onde eram conferidos os nossos resultados e emitido um

certificado avaliando a exatidão dos mesmos. Parte dos exemplares dos certificados

recebidos do controle inter-laboratorial estão apresentados no Anexo G.

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Material e Métodos 53

Fig. 15: Padrões certificantes provenientes do Laboratório Quality Control

Technologies Pty Ltd. Queensland, Austrália (Fonte: Segura-Muñoz, 2001).

A cada análise das amostras coletadas na área do Aterro Sanitário e

Incinerador de RSS, eram realizadas, concomitantemente, análise de amostras

certificantes, como controle. Assim, nossos resultados eram considerados adequados

quando os níveis de metais detectados nas amostras certificantes apresentavam uma

margem de erro sistemático de até 20% do valor real, reportado pelo Laboratório

Quality Control Technologies. O cálculo do erro sistemático (%BIAS) foi realizado

através da seguinte expressão, segundo Causon (1997).

% BIAS = [(valor estimado – valor real) / valor real] x 100

Análise estatística dos dados

Foi construído um banco de dados no Programa Microsoft Excel Versão 97;

posteriormente, os dados foram transferidos ao Programa SPSS – 10.0 (Statistical

Program for Social Sciences, for Windows Version 10.0), para a análise estatística.

Os valores obtidos nos diferentes pontos de coleta na área do Aterro Sanitário

foram comparados com os valores obtidos no ponto-controle na Mata de Santa

Teresa, utilizando-se os testes estatísticos não-paramétricos Mann-Whitney, no caso

de comparação entre dois grupos de amostras e Kruskal–Wallis no caso de

comparações entre mais do que dois grupos de amostras. O nível de significância

utilizado foi de a = 0,05, de modo que valores de p<0,05, indicaram a existência de

diferenças significantes entre os pontos de comparação ( Zar, 1999).

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Material e Métodos 54

Na comparação de três grupos ou mais, além do Teste de Kruskal-Wallis, foi

aplicado o Teste de Comparações Múltiplas para identificar os pontos onde havia

diferença estatisticamente significante. Através do teste de Comparações Múltiplas

obteve-se um valor crítico de q, o qual foi confrontado com o valor crítico de q

tabelado que varia de acordo com o número de grupos comparados. Para a

comparação de cinco grupos o valor crítico de q tabelado é q=3,858, para quatro, o

q=3.633 e para 3 grupos o q=3.314; valores críticos de q calculados superiores aos

valores tabelados indicaram a existência de diferença estatisticamente significante

(Zar,1999).

As análises estatísticas realizadas neste estudo foram baseadas nesses

pressupostos teóricos.

Valores de Referência

Para a análise dos níveis de metais em solo considerou-se os Valores

Orientadores para Solos no Estado de São Paulo, elaborados pela CETESB –

Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CETESB, 2001).

Para a análise dos resultados do líquido percolado, consideraram-se os valores

máximos permissíveis do Decreto 8468/76 (São Paulo, 1976).

Para a análise dos resultados de água subterrânea, consideraram-se os valores

da Portaria 1469/2000, do Ministério da Saúde (Brasil, 2001).

Para a comparação das concentrações de metais em vegetais no Aterro

Sanitário foram consideradas informações existentes na literatura científica, dada à

inexistência de parâmetros nacionais que ofereçam algum valor de referência.

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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Através do presente estudo foram quantificados os níveis de Cádmio, Cromo,

Chumbo, Cobre, Manganês, Zinco e Mercúrio em diversas matrizes ambientais, tais

como água, chorume, solo e vegetais (raízes e folhas).

Inicialmente são apresentados os resultados obtidos para cada metal para as

matrizes solo, raiz e folha, de acordo com suas localizações espaciais na área de

abrangência da pesquisa e no ponto-controle, seguidos da análise estatística,

realizada segundo os testes não-paramétricos selecionados. Logo após, é realizada a

discussão sobre os achados da investigação.

A seguir são apresentados os níveis de metais detectados nas amostras de

chorume e nas amostras de água subterrânea coletadas naárea de estudo, seguidos

pela discussão.

3.1. Níveis de metais no solo, raiz e folha

Níveis de cádmio

Os níveis de cádmio detectados para as diferentes matrizes solo, raiz e folha,

segundo sua distribuição espacial na área do Aterro Sanitário, são apresentados na

Tab. 3, a seguir:

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Resultados e Discussão 56

Tab. 3 - Nível de cádmio nas amostras de solo, raiz e folha segundo a sua distribuição espacial, expressado em mg/kg para cada matriz.

¶ Mediana, calculada a partir de n=6; Amplitude Semi-quartílica (ASQ) ¶¶ N.E.: não encontradas espécies vegetais Fonte: Banco de dados (Anexo H).

Na comparação dos níveis de cádmio entre o ponto-controle e o ponto-

central, foram encontradas diferenças estatisticamente significantes para solo, raiz e

folha (p=0,002), onde os níveis de cádmio foram menores para o ponto-controle.

Na comparação dos níveis de cádmio para os pontos Leste/0, Norte/0,

Oeste/0, Sul/0 e o ponto-controle, foram encontrados valores estatisticamente

significantes mediante o Teste Kruskal-Wallis para as matrizes solo, raiz e folha

Parâmetro

Ponto de Coleta

SOLO

Mediana; ASQ¶

RAIZ

Mediana; ASQ¶

FOLHA

Mediana; ASQ¶

Controle 4,382; 0,163 0,055; 0,001 0,012; 0,001

Central 14,948; 0,153 0,292; 0,006 0,094; 0,001

Leste/0 13,486; 0,328 0,533; 0,004 0,086; 0,004

Leste/50 15,015; 0,144 1,031; 0,004 0,027; 0,003

Leste/100 15,256; 0,233 0,856; 0,002 0,013; 0,001

Leste/200 15,627; 0,013 1,445; 0,002 0,023; 0,002

Norte/0 28,029; 0,042 2,945; 0,012 0,565; 0,007

Norte/50 25,665; 0,354 2,221; 0,006 0,514; 0,002

Norte/100 29,558; 0,219 1,285; 0,005 0,055; 0,010

Norte/200 13,810; 0,733 1,042; 0,028 0,084; 0,001

Oeste/0 13,468; 0,068 1,094; 0,010 0,193; 0,005

Oeste/50 13,225; 0,160 0,504; 0,007 0,043; 0,003

Oeste/100 13,334; 0,062 N.E.¶¶ N.E.¶¶

Oeste/115 14,029; 0,053 1,029; 0,007 0,012; 0,003

Sul/0 12,729; 0,191 1,566; 0,007 0,035; 0,003

Sul/22 13,288; 0,112 1,549; 0,005 0,015; 0,001

Sul/554 14,445; 0,047 1,290; 0,004 0,018; 0,001

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Resultados e Discussão 57

(p˜ 0). De acordo com (ZAR, 1999), nas comparações múltiplas para cinco grupos,

valores superiores a q=3,858 indicam que existe diferença significante entre os

pontos de comparação, como anteriormente descrito na metodologia.

Na Tab. 4, observa-se que o ponto Norte/0 apresentou diferenças significantes

ao serem comparados com o ponto controle para as três matrizes avaliadas. O ponto

Oeste/0 apresentou diferenças para as matrizes solo e folha, enquanto que o ponto

Leste/0 apresentou diferença significante unicamente para a matriz solo e o ponto

Sul/0 unicamente para raiz. Sendo que em cada um desses pontos os valores foram

superiores aos detectados para o ponto controle.

Tab. 4 - Valores críticos de q obtidos na comparação dos níveis de Cd do grupo controle com os níveis das amostras coletadas no limite 0 do Aterro Sanitário.

Matriz Amostra Leste/0 Norte/0 Oeste/0 Sul/0

Solo Controle 4,2* 6,7* 4,1* 1,6

Raiz Controle 1,7 6,7* 3,3 5,0*

Folha Controle 3,3 6,1* 5,5* 1,7 * Diferença estatisticamente significante

Na comparação dos níveis de cádmio nos pontos Leste 50, Norte/50, Oeste/50

e o ponto-controle foram encontradas diferenças estatisticamente significantes para

solo, raiz e folha (p˜ 0). Para comparações múltiplas entre quatro grupos, valores

superiores a q=3,633 indicam que existe diferença significante entre os pontos de

comparação (Tab. 5). Observa-se que o ponto Norte/50 apresentou diferenças

significantes ao ser comparado com o ponto-controle para as três matrizes avaliadas.

O ponto Leste/50 apresentou diferença significante unicamente para as matrizes solo

e raiz e, o ponto Oeste/50 unicamente para folha. Sendo que em cada um desses

pontos os valores foram superiores aos encontrados no ponto-controle.

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Resultados e Discussão 58

Tab. 5 - Valores críticos de q obtidos na comparação dos níveis de Cd do grupo controle com os níveis das amostras coletadas no limite 50 do Aterro Sanitário.

Matriz Amostra Leste/50 Norte/50 Oeste/50

Solo Controle 4,2* 6,2* 2,1

Raiz Controle 4,2* 6,2* 2,1

Folha Controle 2,1 6,2* 4,2* * Diferença estatisticamente significante.

Na comparação dos níveis de cádmio nos pontos Leste 100, Norte/100,

Oeste/100 com o ponto-controle foram encontrados valores estatisticamente

significantes para solo, raiz e folha (p máximo=0,002).

Para comparações múltiplas das amostras de solo, valores críticos de q

superiores a q=3,633 indicam que existe diferença significante entre os pontos de

comparação, por se tratar de quatro grupos. Para comparações múltiplas das amostras

de raiz e folha, valores superiores a q=3,314 indicam que existe diferença

significante entre os pontos de comparação, dado que não existe grupo de

comparação no ponto Oeste/100 (Tab. 6).

O ponto Norte/100 caracterizou-se por apresentar diferenças significantes

para as três matrizes, enquanto no ponto Leste/100 a diferença foi significativa

unicamente para a matriz solo.

Tab. 6 - Valores críticos de q obtidos na comparação dos níveis de Cd do grupo controle com os níveis das amostras coletadas no limite 100 do Aterro Sanitário.

Matriz Amostra Leste/100 Norte/100 Oeste/100

Solo Controle 4,2* 6,2* 2,1

Raiz Controle 2,7 5,5* N.E.

Folha Controle 1,4 4,8* N.E. * Diferença estatisticamente significante

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Resultados e Discussão 59

N.E.: não encontradas amostras vegetais

Na comparação entre os níveis de cádmio nos pontos Leste 200 e Norte/200,

em relação ao ponto-controle, foram encontradas diferenças estatisticamente

significantes para solo (p=0,001) e para raiz e folha (p˜ 0).

Ao realizar o teste de comparações múltiplas, verificamos que os pontos que

apresentaram valores de q críticos superiores a 3,314 tiveram diferença significante

entre eles (Tab. 7). O ponto Leste/200 apresentou diferença significante para as

matrizes solo e raiz. O ponto Norte/200 para as matrizes solo e folha, quando

comparados com o ponto-controle.

Tab. 7 - Valores críticos de q obtidos na comparação dos níveis de Cd do grupo controle com os níveis das amostras coletadas no limite 200 do Aterro Sanitário.

Matriz Amostra Leste/200 Norte/200

Solo Controle 5,5* 3,9*

Raiz Controle 5,5* 2,7

Folha Controle 2,7 5,5* * Diferença estatisticamente significante

Na comparação entre os níveis de cádmio no ponto Oeste/115, com respeito

ao ponto controle foi encontrada diferença estatisticamente significante para solo e

raiz (p=0,002), porém não foi detectada diferença com respeito as matriz folha

(p=0,818).

Na comparação entre os níveis de cádmio no ponto Sul/22 com respeito ao

ponto controle foi encontrada diferença estatisticamente significante para raiz

(p=0,002), porém não foi detectada diferença com respeito às matrizes solo e folha

(p=0,041). Diferenças significantes foram detectadas na comparação dos níveis de

cádmio no ponto Sul/554, para todas as três matrizes.

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Resultados e Discussão 60

Organizando-se os resultados obtidos das análises estatísticas, de acordo com

os pontos de coleta, destacamos, na Fig. 16, que o sentido Norte apresentou uma

maior freqüência de diferenças estatisticamente significativas para as três matrizes

(solo, raiz e folha).

Fig. 16 – Distribuição das matrizes que apresentaram diferença estatisticamente significante para Cd, segundo os pontos de coleta. (S: solo; R: raiz; F:folha).

Sabe-se que o cádmio ocorre na crosta terrestre em uma concentração média

de 0,1 mg/Kg. Este metal também pode ser introduzido no ambiente terrestre por

mineração, produção de metais ferrosos, aterros, incineradores, na aplicação de

fertilizantes ou procedente de lodo de efluentes domiciliares (WHO, 1992; Toppi &

Gabbrielli, 1999).

No presente estudo, pôde-se constatar, uma variação dos níveis de Cd no

solo entre 12,729 mg/kg e 29,558 mg/kg (Tab. 3), observando-se as concentrações

Norte

Leste

Sul

Oeste

200 SF 100 SRF 50 SRF

0 SRF

F 0

R 22

SRF 554

0 50 100 200 S SR S SR

SR F SF 200 100 50 0

Cádmio

A.S.

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Resultados e Discussão 61

mais elevadas nos pontos situados no sentido Norte. Ao se comparar os valores

obtidos com os valores de referência para o estado de São Paulo (CETESB, 2001),

observa-se uma situação de risco, considerando que os valores de referência para

este metal são de 10 mg/kg para solos de uso agrícola e de 15 mg/kg para solos de

uso residencial (ANEXO I).

Ainda, as concentrações de Cd detectadas nas amostras de solo, apresentam-

se altas quando comparadas com os níveis de Cd reportados para solo coletado na

vizinhança de um incinerador de resíduos municipais na Espanha, os quais variaram

entre 0,15 e 0,40 mg/kg (Meneses et al., 1999; Llobet et al., 2002).

Cabe destacar que em alguns países da Europa têm sido estabelecidos valores

de Cd entre 0 e 1 mg/kg para solos não contaminados (HMSO, 1991 apud Hamilton,

2000), o que pode servir como referência para comprovação de que as concentrações

de Cd detectadas na área do Aterro Sanitário e Incinerador de Resíduos Sólidos do

município de Ribeirão Preto representam um problema ambiental que precisa ser

melhor estudado para monitoramento ou, até mesmo, para a busca de soluções de

remediação da área.

Em solos com concentrações de Cd superiores aos limites máximos, verifica-

se que poucas espécies vegetais conseguem crescer, a espécie Thlaspi caerulescens é

uma das poucas espécies que tem demonstrado capacidade de sobreviver em meios

contaminados por Cd, essa espécie vem sendo utilizada em processos de fito-

remediação de solos contaminados por Cd, em pesquisas realizadas em Estados

Unidos (Brown et al., 1994).

Com relação aos vegetais, no presente estudo, as concentrações de Cd nas

raízes variaram de 0,504 a 2,945 mg/kg e nas folhas de 0,012 a 0,565 mg/kg. Estes

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Resultados e Discussão 62

resultados apresentam-se elevados quando comparados com os valores reportados

para amostras de vegetais coletadas em área vizinha a um incinerador de resíduos

municipais na Espanha, os quais foram inferiores a 0,11 mg/kg (Meneses et al.,

1999).

De acordo com a literatura, sabe-se que a absorção de cádmio pelos vegetais

através do solo é limitada (WHO, 1992). No presente trabalho, observou-se que as

raízes apresentaram níveis de Cd que variaram de 1 a 10% com respeito às

concentrações detectadas no solo e a concentração para folhas variou de 0,27 a

2,01% quando comparada aos valores obtidos nas amostras de solo (Tab. 3). Esses

dados evidenciam que o Cd concentra-se, principalmente, nas raízes e, em menor

grau, nas folhas (Cataldo et al., 1983;WHO, 1992;). Sabe-se que, em condições de

contaminação por Cd, os vegetais ativam uma série de mecanismos de defesa a nível

celular, dentre os quais podem ser citados: processos de imobilização na parede

celular, processos de exclusão na membrana plasmática, síntese de fito-quelantes,

compartimentalização em vacúolos e síntese de proteínas estressantes, que

bloqueiam a absorção desse metal não essencial para a vida vegetal (Dixit et al.,

2001)

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Resultados e Discussão 63

Níveis de Cromo

Os níveis de cromo presentes nas matrizes solo, raiz e folha são apresentados

na Tab. 8, a seguir:

Tab. 8 - Nível de cromo nas amostras de solo, raiz e folha segundo a sua distribuição

espacial, expressado em mg/Kg para cada matriz.

Parâmetro

Ponto de Coleta

SOLO

Mediana; ASQ¶

RAIZ

Mediana ; ASQ¶

FOLHA

Mediana ; ASQ¶

Controle 7,431; 0,004 0,176; 0,018 0,176; 0,014

Central 21,826; 0,110 0,568; 0,063 0,278; 0,011

Leste/0 19,121; 0,097 0,946; 0,072 0,520; 0,009

Leste/50 25,372; 0,038 2,070; 0,072 0,903; 0,028

Leste/100 25,370; 0,027 1,540; 0,008 0,811; 0,007

Leste/200 22,287; 0,013 2,252; 0,042 0,855; 0,013

Norte/0 54,206; 0,147 5,066; 0,083 1,253; 0,022

Norte/50 46,668; 0,251 8,009; 0,095 1,831; 0,023

Norte/100 35,480; 0,026 6,302; 0,042 1,126; 0,036

Norte/200 30,481; 0,062 0,488; 0,035 1,135; 0,042

Oeste/0 23,224; 0,039 2,091; 0,044 1,193; 0,009

Oeste/50 24,650; 0,097 0,993; 0,064 0,692; 0,004

Oeste/100 29,096; 0,068 N.E. ¶¶ N.E. ¶¶

Oeste/115 28,573; 0,027 1,136; 0,039 0,843; 0,022

Sul/0 14,919; 0,104 2,392; 0,029 0,986; 0,016

Sul/22 32,579; 0,010 2,180; 0,028 0,703; 0,016

Sul/554 30,938; 0,161 1,361; 0,036 0,571; 0,005

¶ Mediana, calculada a partir de n=6; Amplitude Semi-Quartílica (ASQ) ¶¶ N.E.: não foram encontradas espécies vegetais

Fonte: Banco de dados (Anexo H).

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Resultados e Discussão 64

Na comparação dos níveis de cromo das amostras coletadas no ponto-controle

e ponto-central, foram encontradas diferenças estatisticamente significantes para

solo, raiz e folha (p=0,002).

Na comparação dos níveis de cromo dos pontos Leste/0, Norte/0, Oeste/0,

Sul/0 com o ponto-controle, foram encontrados valores com diferenças

estatisticamente significantes para solo, raízes, folhas (p˜ 0). Ao realizar o Teste de

Comparações Múltiplas, foi identificada uma diferença significante entre alguns dos

pontos (q>3,858). Observa-se na Tab. 9, que o ponto Norte/0 apresentou diferenças

significativas ao serem comparados com o ponto-controle para as três matrizes

avaliadas. O ponto Oeste/0 apresentou diferença significante para a matriz solo e

folha e o ponto Sul/0 unicamente para raiz.

Tab. 9 - Valores críticos de q obtidos na comparação dos níveis de Cr do grupo controle com os níveis das amostras coletadas no limite 0 do Aterro Sanitário.

Matriz Amostra Leste/0 Norte/0 Oeste/0 Sul/0

Solo Controle 3,3 6,7* 5,0* 1,6

Raiz Controle 1,7 6,7* 3,3 5,0*

Folha Controle 1,6 6,7* 5,0* 3,3 * Diferença estatisticamente significante

Na comparação dos níveis de cromo nos pontos Leste/50, Norte/50, Oeste/50

com o ponto-controle foram encontradas diferenças estatisticamente significantes

para solo, raiz e folha (p˜ 0). Através do Teste de Comparações Múltiplas, observa-

se na Tab. 10, que os pontos Norte/50 e Leste/50 apresentaram diferenças

significantes ao serem comparados com o ponto controle para as três matrizes

avaliadas. Sendo que em cada um desses pontos os valores foram superiores aos

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Resultados e Discussão 65

encontrados no ponto-controle (q>3,633). O ponto Oeste/50 apresentou diferença

significante unicamente para a matriz solo.

Tab. 10 - Valores críticos de q obtidos na comparação dos níveis de Cr do grupo controle com os níveis das amostras coletadas no limite 50 do Aterro Sanitário.

Matriz Amostra Leste/50 Norte/50 Oeste/50

Solo Controle 4,2* 6,2* 3,7*

Raiz Controle 4,2* 6,2* 2,1

Folha Controle 4,2* 6,2* 2,1 * Diferença estatisticamente significante

Na comparação dos níveis de cromo nos pontos Leste/100, Norte/100,

Oeste/100 com o ponto-controle, foram encontradas diferenças estatisticamente

significantes para solo, raiz e folha (p=0,001). A Tab. 11 apresenta os valores críticos

de q obtidos, destacando-se que os pontos localizados no sentido Norte foram os que

apresentaram diferenças significantes (q>3,633, para solo e q> 3,314 para raiz e

folha), com respeito ao ponto-controle para as três matrizes avaliadas. Os pontos

Leste/100 e Oeste/100 somente para solo.

Tab. 11 - Valores críticos de q obtidos na comparação dos níveis de Cr do grupo controle com os níveis das amostras coletadas no limite 100 do Aterro Sanitário.

Matriz Amostra Leste/100 Norte/100 Oeste/100

Solo Controle 3,7* 6,2* 4,2*

Raiz Controle 2,7 5,5* N.E.**

Folha Controle 2,7 5,5* N.E.** * Diferença estatisticamente significante ** Amostra vegetal inexistente

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Resultados e Discussão 66

Na comparação dos níveis de cromo nos pontos Leste/200, Norte/200 com

respeito ao ponto controle foram encontradas diferenças estatisticamente

significantes para solo, raiz e folha (p=0,001). Ao realizar o teste de comparações

múltiplas, verificamos que no ponto Norte/200 as matrizes solo e folha apresentaram

diferença significante com respeito ao ponto-controle (Tab. 12).

Tab. 12 - Valores críticos de q obtidos, na comparação dos niveis de Cr do grupo controle com os níveis das amostras coletadas no limite 200 do Aterro Sanitário.

Matriz Amostra Leste/200 Norte/200

Solo Controle 2,7 5,5*

Raiz Controle 5,5* 2,7

Folha Controle 2,7 5,5* * Diferença estatisticamente significante

Na comparação dos níveis de cromo no ponto Oeste/115, Sul/22 e Sul/554

com respeito ao ponto-controle, foi encontrada diferença estatisticamente significante

para solo, raiz e folha (p=0,002).

A partir da análise estatística, evidenciou-se que, mesmo abaixo dos valores

de intervenção para o solo, existe diferença significativa no nível dos metais

presentes em solo, raiz e folha, em vários pontos de coleta, ao serem comparados

com o ponto-controle, o que pode ser indicativo de que o tipo de disposição e/ou

tratamento dos resíduos sólidos municipais pode estar propiciando a alteração da

composição característica de Cr no solo e na vegetação naquela área, embora não em

níveis que ultrapassem os limites recomendados. O sentido Norte foi o que

apresentou maior freqüência de diferenças estatisticamente significantes para as três

matrizes avaliadas (Fig. 17).

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Resultados e Discussão 67

Fig. 17 – Distribuição das matrizes que apresentaram diferença estatisticamente significante para Cr, segundo os pontos de coleta. (S: solo; R: raiz; F: folha)

Ao se comparar os valores obtidos com os valores de referência para o estado

de São Paulo (CETESB, 2001), observa-se que, na maioria dos pontos de coleta, os

níveis detectados de Cr no solo apresentaram-se inferiores aos níveis considerados

de intervenção para solo de uso agrícola, que é de 300 mg/kg para esse tipo de solo

(Anexo I).

Para diversos países da Europa têm sido estabelecidos valores entre 0 e 100

mg/kg para solos não contaminados (HMSO, 1991 apud Hamilton, 2000). Há,

também na literatura, relatos de que na maioria dos solos o Cr ocorre em baixas

concentrações, entre 2 e 60 mg/kg (WHO, 1988). As concentrações de Cr no local

estão contempladas nessas faixas, razão pela qual pode ser considerado que o Cr não

representa um metal poluente no solo na área do Aterro Sanitário e Incinerador de

Ribeirão Preto.

Norte

Leste

Sul

Oeste

200 SF 100 SRF 50 SRF

0 SRF

R 0

SRF 22

SRF 554

0 50 100 200 SRF S R

SRF S S SF 200 100 50 0

Cromo

A.S.

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Resultados e Discussão 68

Espécies vegetais terrestres contém uma média de 2,7 mg/kg de Cr nos

tecidos; porém, têm sido relatados níveis de Cr que vão de 0,1 a 45,2 mg/kg (Moore,

1990 apud CETESB, 2001). As concentrações de Cr detectadas nas amostras

coletadas apresentaram um valor médio de 2,348 mg/kg para raízes e de 0,867 mg/kg

para folha, destacando-se os níveis dos pontos Norte/0, Norte/50 e Norte/100, que

variaram de 5,066 a 8,009 mg/kg (Tab. 8).

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Resultados e Discussão 69

Níveis de chumbo

Os níveis de chumbo presentes nas matrizes de solo, raiz e folha são

apresentados na Tab. 13.

Tab. 13 - Nível de chumbo nas amostras de solo, raiz e folha segundo a sua distribuição espacial, expressado em mg/Kg para cada matriz.

¶ Mediana, calculada a partir de n=6; Amplitude semi-quartílica (ASQ) ¶¶ N.E.: não foram encontradas espécies vegetais

Fonte: Banco de dados (Anexo H).

Na comparação entre os níveis de chumbo para o ponto-controle e ponto-

central, foram encontradas diferenças estatisticamente significantes para solo, raiz e

folha (p=0,002).

Matriz

Ponto de coleta SOLO

Mediana; ASQ¶

RAIZ

Mediana; ASQ¶

FOLHA

Mediana; ASQ¶

Controle 2,452; 0,043 2,009; 0,135 1,842; 0,062

Central 24,658; 0,099 9,631; 0,685 4,227; 0,074

Leste/0 22,847; 0,077 14,666; 0,432 9,617; 0,140

Leste/50 22,505; 0,131 17,264; 0,891 9,704; 0,434

Leste/100 22,800; 0,388 11,681; 0,380 9,160; 0,130

Leste/200 23,269; 0,282 8,421; 0,433 7,009; 0,271

Norte/0 29,832; 0,469 20,609; 0,249 13,620; 0,369

Norte/50 33,954; 0,307 19,864; 0,318 29,688; 0,122

Norte/100 28,055; 0,347 14,574; 0,316 5,250; 0,374

Norte/200 22,838; 0,130 10,293; 0,858 6,086; 0,419

Oeste/0 22,237; 0,257 19,419; 0,360 7,206; 0,120

Oeste/50 21,091; 0,392 26,526; 0.950 12,452; 0,161

Oeste/100 22,672; 0,162 N.E. ¶¶ N.E. ¶¶

Oeste/115 22,399; 0,487 16,754; 0,652 6,075; 0,291

Sul/0 22,570; 0,399 12,146; 0,514 7,576; 0,137

Sul/22 22,614; 0,584 13,590; 0,701 4,943; 0,160

Sul/554 23,310; 0,605 15,667; 0,504 6,209; 0,375

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Resultados e Discussão 70

Na comparação dos níveis de chumbo para os pontos Leste/0, Norte/0,

Oeste/0, Sul/0 com o ponto-controle, foram encontradas diferenças estatisticamente

significativas para solo, raiz e folha (p˜ 0). Mediante o teste de Comparações

Múltiplas, observa-se que as concentrações de chumbo apresentaram diferença

significativa (q>3,858) nas três matrizes avaliadas no ponto Norte/0, ao serem

comparadas com os valores obtidos para o ponto-controle. Houve diferença

significante nos pontos Leste/0 para solo e no ponto Oeste/0 para raiz.

Tab. 14 - Valores críticos de q obtidos na comparação dos níveis de Pb do grupo controle com os níveis das amostras coletadas no limite 0 do Aterro Sanitário.

Matriz Amostra Leste/0 Norte/0 Oeste/0 Sul/0

Solo Controle 4,8* 6,7* 2,2 3,0

Raiz Controle 3,3 6,7* 5,0* 1,7

Folha Controle 5,0* 6,7* 1,8 3,2 * Diferença estatisticamente significante

Na comparação dos níveis de chumbo nos pontos Leste/ 50, Norte/50,

Oeste/50 e o ponto-controle foram encontradas diferenças estatisticamente

significantes para solo, raízes, folhas (p˜ 0). A uma distância de 50 metros do limite

do Aterro Sanitário, percebe-se que os pontos localizados no sentido Norte

apresentaram diferença significativa (q>3,633) para as três matrizes, ao serem

comparados com os valores obtidos para o ponto-controle. No sentido Leste, não foi

detectada diferença significante nas matrizes avaliadas e no sentido Oeste, essa

diferença apresentou-se nas matrizes raiz e folha (Tab.15).

Tab. 15 - Valores críticos de q obtidos, na comparação dos níveis de Pb do grupo controle com os níveis das amostras coletadas no limite 50 do Aterro Sanitário.

Matriz Amostra Leste/50 Norte/50 Oeste/50

Solo Controle 3,2 6,2* 2,1

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Resultados e Discussão 71

Raiz Controle 2,1 4,2* 6,2*

Folha Controle 2,1 6,2* 4,2* * Diferença estatisticamente significante

Na comparação dos níveis de chumbo nos pontos Leste/100, Norte/100,

Oeste/100 com o ponto-controle foram encontradas diferenças estatisticamente

significantes para solo (p˜ 0,00) e para raízes e folhas (p=0,001). Mediante o teste

de Comparações Múltiplas foi detectada diferença significante (q>3,633), no ponto

Leste/100 para as matrizes solo e folha, no ponto Norte/100 para as matrizes solo e

raiz, no ponto Oeste/100 unicamente a matriz solo apresentou diferença significante

(Tab. 16).

Tab.16- Valores críticos de q obtidos, na comparação dos valores de Pb do grupo controle com os níveis das amostras coletadas no limite 100 do Aterro Sanitário.

Matriz Amostra Leste/100 Norte/100 Oeste/100

Solo Controle 4,2* 6,2* 3,7*

Raiz Controle 2,7 5,5* N.E.

Folha Controle 5,5* 2,7 N.E. * Diferença estatisticamente significante N.E.: Não encontrada espécie vegetal

Na comparação dos níveis de chumbo nos pontos Leste/200, Norte/200, com

respeito ao ponto-controle foram encontradas diferenças estatisticamente

significantes para solo, raiz e folha (p=0,001). Mediante o Teste de Comparações

Múltiplas, verificou-se diferença estatisticamente significante (q>3,314) no ponto

denominado Leste/200 para as matrizes solo e folha, no ponto Norte/200 evidencio-

se essa diferença significante para as matrizes raiz e folha (Tab. 17).

Tab. 17 - Valores críticos de q obtidos, na comparação dos níveis de Pb do grupo controle com os níveis das amostras coletadas no limite 200 do Aterro Sanitário.

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Resultados e Discussão 72

Matriz Amostra Leste/200 Norte/200

Solo Controle 5,3* 3,9*

Raiz Controle 2,4 5,3*

Folha Controle 5,5* 2,7 * Diferença estatisticamente significante Na comparação entre os níveis de chumbo no ponto Oeste/115 com respeito

ao ponto-controle, utilizando-se o Teste Mann-Whitney, foi encontrada diferença

estatisticamente significante para raiz e folha (p<0,005). Nos pontos Sul/22 e Sul/554

os valores de chumbo foram significativamente maiores nas três matrizes avaliadas.

A partir da análise estatística ficou evidenciado que, mesmo abaixo dos

valores legais e dos níveis relatados na literatura para solo e vegetais, existe

diferença estatisticamente significante em quase todos os pontos demarcados, ao

serem comparados com o ponto-controle (Fig. 18).

Fig. 18 – Distribuição das matrizes que apresentaram

diferença estatisticamente significante para Pb nos

pontos de coleta. (S: solo; R: raiz; F: folha).

Norte

Leste

Sul

Oeste

200 R 100 SR 50 SRF

0 SRF

F 0

SRF 22

SRF 554

0 50 100 200 SF S SF SF

RF S RF R 200 100 50 0

Chumbo

A.S.

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Resultados e Discussão 73

Ao se comparar os valores obtidos com os valores de referência para o estado

de São Paulo (CETESB, 2001), observa-se que, na maioria dos pontos, os níveis

detectados de Pb apresentaram-se inferiores aos níveis considerados de intervenção

para uso agrícola, residencial, e industrial, definidos, respectivamente, como 200

mg/kg, 350 mg/kg e 1200 mg/kg.

Para este metal, também cabe salientar que o valor correspondente a solos

não contaminados, estabelecido na Europa é de 0 a 200 mg/kg (HMSO, 1991 apud

Hamilton, 2000). Solos coletados entre 100 e 200 m de distância de um Incinerador

de Resíduos Municipais na Espanha apresentaram níveis superiores a 37,36 mg/kg

(Schuhmacher et al., 1997). Os valores obtidos no presente estudo indicam que o Pb

não representa um fator de risco de contaminação do solo no local estudado.

De modo geral, os níveis de Pb considerados normais para plantas estão

compreendidos entre 1 e 12 mg/kg (Fleming & Parle, 1977; Türkan et al., 1995);

levando-se em consideração esses valores, verifica-se que 13 das 16 amostras de raiz

coletadas apresentaram níveis de Pb superiores, enquanto unicamente 3 dentre 15

amostras de folha superaram o valor de 12 mg/kg.

A partir desses resultados pode-se supor que a captação do Pb pela maioria

dos vegetais no local de estudo acontece, primordialmente, pela via radicular,

excetuando o exemplar que deu origem à amostra vegetal coletada no ponto

Norte/50, que apresentou uma concentração de Pb na folha de 29,688 mg/kg e na

raiz de 19,864 mg/kg (Tab. 13), o que pode refletir também absorção de Pb através

das folhas, por deposição aérea do referido metal (Steinbörn & Breen, 1999).

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Resultados e Discussão 74

Níveis de Manganês

Os níveis de manganês detectados nas matrizes de solo, raiz e folha estão

apresentados na Tab. 18, a seguir:

Tab. 18 - Nível de manganês nas amostras de solo, raiz e folha segundo a sua distribuição

espacial, expressado em mg/kg para cada matriz.

Parâmetro Ponto de Coleta

SOLO Mediana; ASQ¶

RAIZ Mediana ; ASQ¶

FOLHA Mediana ; ASQ¶

Controle 432,222; 0719 15,345; 0,085 2,774; 0,047

Central 728,956; 1,557 528,490; 0,645 238,344; 0,911

Leste/0 1037,076; 0,303 289,946; 0,217 12,733; 0,186

Leste/50 888,091; 1,041 125,155; 0,341 69,442; 0,185

Leste/100 1021,890; 0,716 131,892; 0,231 29,237; 0,070

Leste/200 714,921; 0,401 102,912; 0,195 21,057; 0,086

Norte/0 1687,266; 9,809 701,624; 0,365 329,438; 0,210

Norte/50 2032,152; 2,650 951,925; 0,160 385,341; 0,522

Norte/100 675,815; 5,664 453,674; 0,576 32,084; 0,426

Norte/200 783,002; 1,158 198,723; 0,394 38,753; 0,201

Oeste/0 921,914; 0,817 400,522; 0,853 49,736; 0,295

Oeste/50 1427,405; 0,533 101,970; 0,324 48,386; 0,182

Oeste/100 1100,631; 2,513 N.E. ¶¶ N.E. ¶¶

Oeste/115 1187,189; 1,203 196,993; 0,311 47,252; 0,354

Sul/0 934,312; 0,796 362,835; 0,392 67,585; 0,069

Sul/22 834,146; 0,502 354,998; 0,276 20,332; 0,458

Sul/554 708,285; 3,221 93,016; 0,163 4,386; 0,185 ¶ Mediana, calculada a partir de n=6; Amplitude Semi-quartílica (ASQ) ¶¶ N.E.: não foram encontradas especies vegetais Fonte: Banco de dados (Anexo H).

Na comparação entre os níveis de manganês para o ponto-controle e ponto-

central, foram encontradas diferenças estatisticamente significantes para solo, raiz e

folha (p=0,002).

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Resultados e Discussão 75

Na comparação dos níveis de manganês para os pontos Leste/0, Norte/0,

Oeste/0, Sul/0 e o ponto-controle, foram encontradas diferenças estatisticamente

significantes para solo, raiz e folha (p˜ 0). Ao realizar o Teste de Comparações

Múltiplas, identificamos que existe diferença significativa (q > 3,858) nos pontos

Leste e Norte para solo, e no ponto Norte e Sul para as matrizes raiz e folha (Tab.

19).

Tab. 19 - Valores críticos de q obtidos na comparação dos níveis de Mn do grupo controle com os níveis das amostras coletadas no limite 0 do Aterro Sanitário.

Matriz Amostra Leste/0 Norte/0 Oeste/0 Sul/0

Solo Controle 5,0* 6,7* 1,7 3,3

Raiz Controle 1,7 6,7* 3,3 5,0*

Folha Controle 1,7 6,7* 3,3 5,0* * Diferença estatisticamente significante

Na comparação entre os níveis de manganês nos pontos Leste/50, Norte/50,

Oeste/50 e o ponto-controle foram encontradas diferenças estatisticamente

significantes para solo, raiz e folha (p˜ 0). Os valores críticos de q obtidos no Teste

de Comparações Múltiplas dos valores de solo, raiz e folha nos pontos Leste/50,

Norte/50, Oeste/50 e o controle, destacam as diferenças significativas (q > 3,633),

nos pontos Norte/50 para as três matrizes, no ponto Leste/50 para raiz e folha e no

ponto Oeste/50 apenas para solo (Tab. 20).

Tab. 20 - Valores críticos de q obtidos na comparação dos níveis de Mn do grupo controle com os níveis das amostras coletadas no limite 50 do Aterro Sanitário.

Matriz Amostra Leste/50 Norte/50 Oeste/50

Solo Controle 2,1 6,2* 4,2*

Raiz Controle 4,2* 6,2* 2,1

Folha Controle 4,2* 6,2* 2,1 * Diferença estatisticamente significante

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Resultados e Discussão 76

Na comparação dos níveis de manganês nos pontos Leste/100, Norte/100,

Oeste/100 com o ponto-controle foram encontradas diferenças estatisticamente

significantes para solo (p˜ 0,00) e para raízes e folhas (p=0,001).

Na Tab. 21, são apresentados os valores críticos de q obtidos, destacando-se

diferenças significativas (q > 3,633), nos pontos Norte/100 para as matrizes raiz e

folha, nos pontos Leste/100 e Oeste/100 para solo.

Tab. 21 - Valores críticos de q obtidos na comparação dos níveis de Mn do grupo controle com os níveis das amostras coletadas no limite 100 do Aterro Sanitário.

Matriz Amostra Leste/100 Norte/100 Oeste/100

Solo Controle 6,2* 2,1 4,2*

Raiz Controle 2,7 5,5* N.E.

Folha Controle 2,7 5,5* N.E. * Diferença estatisticamente significante **N.E.: Não encontrada espécie vegetal

Na comparação dos níveis de manganês nos pontos Leste 200 e Norte/200

com respeito ao ponto-controle foram encontradas diferenças estatisticamente

significantes para solo, raiz e folha (p=0,001). Ao realizar o Teste de Comparações

Múltiplas, o ponto Norte caracterizou-se por apresentar diferença significante (q >

3,314) com respeito ao ponto-controle para as matrizes raiz e folha (Tab. 22).

Tab. 22 - Valores críticos de q obtidos na comparação dos níveis de Mn do grupo controle com os níveis das amostras coletadas no limite 200 do Aterro Sanitário.

Matriz Amostra Leste/200 Norte/200

Solo Controle 2,7 3,3

Raiz Controle 2,7 5,5*

Folha Controle 2,7 5,5* * Diferença estatisticamente significante

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Resultados e Discussão 77

Na comparação dos níveis de manganês nos pontos Oeste/115 e Sul/22, com

respeito ao ponto controle foi encontrada diferença estatisticamente significante para

solo, raíz e folha (p < 0,05). No ponto Sul/554 foi encontrada diferença significante

para as matrizes raiz e folha unicamente.

Após aplicação dos testes estatísticos, evidenciou-se que os sentidos Norte e

Sul foram os que apresentaram maior número de pontos com diferenças

estatisticamente significativas (Fig. 19).

Fig. 19 – Distribuição das matrizes que apresentaram

diferença estatisticamente significante para Mn, nos pontos

de coleta. (S: solo; R: raiz; F:folha).

Quanto aos níveis de Mn obtidos no presente estudo, o documento “Relatório

de Estabelecimento de Valores Orientadores para solos do Estado de São Paulo” não

apresenta níveis de alerta ou intervenção para Mn em solo, assim como em alguns

países da Europa e América do Norte (CETESB, 2001).

No entanto, o Mn é um metal que naturalmente apresenta alta concentração e

variabilidade, o que pode mascarar contribuições antropogênicas (Morselli et al.,

Norte

Leste

Sul

Oeste

200 RF 100 RF 50 SRF

0 SRF

RF 0

SRF 22

RF 554

0 50 100 200 S RF S

SRF S S 200 100 50 0

Manganês

A.S.

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Resultados e Discussão 78

2000). Segundo a OMS (WHO, 1981), ocorrendo na crosta terrestre em uma

concentração média de 950 mg/kg.

Níveis de Mn até 1085 mg/kg foram relatados para solos nos arredores de um

incinerador de resíduos municipais na Itália (Morselli et al., 2002). Os presentes

resultados são, também, superiores aos obtidos por Schuhmacher et al. (1997) e

Llobet et al. (2002), que relataram concetrações de 307,6 e 234,2 mg/kg de Mn,

respectivamente, como as máximas concentrações detectadas em solo coletado em

áreas circunvizinhas a um incinerador de resíduos sólidos municipais na Catalunia,

Espanha.

Ao analisar as concentrações de Mn nos vegetais coletados na área do Aterro

Sanitário, observa-se que os níveis em raiz variaram entre 93,016 e 951,925 mg/kg e,

em folhas, as concentrações foram de 4,386 a 385,341 mg/kg (Tab. 18). Igualmente

como ocorreu com o solo, o ponto Norte/50 apresentou os maiores valores

detectados para raiz e folha.

Níveis de Zinco

São apresentados os níveis de zinco detectados para as diferentes matrizes

ambientais, segundo sua distribuição espacial na área do Aterro Sanitário na Tab. 23.

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Resultados e Discussão 79

Tab. 23 - Nível de zinco nas amostras de solo, raiz e folha segundo a sua distribuição

espacial, expressado em mg/kg para cada matriz.

Parâmetro

Ponto de Coleta

SOLO

Mediana; ASQ¶

RAIZ

Mediana; ASQ¶

FOLHA

Mediana; ASQ¶

Controle 79,654; 0,475 17,857; 0,804 4,338; 0,079

Central 104,562; 0,296 18,446; 0,543 10,960; 0,340

Leste/0 102,098; 0,279 40,847; 0,389 15,345; 0,169

Leste/50 93,78; 1,275 20,212; 0,459 11,336; 0,285

Leste/100 101,523; 0,272 19,362; 0,184 16,055; 0,256

Leste/200 160,303; 0,583 19,673; 0,093 21,969; 0,281

Norte/0 181,753; 0,464 172,175; 0,431 108,222; 0,469

Norte/50 278,341; 0,252 143,248; 0,261 89,685; 0,314

Norte/100 191,900; 0,213 34,038; 0,276 11,515; 0,137

Norte/200 103,966; 0,423 18,990; 0,115 21,145; 0,312

Oeste/0 82,246; 0,278 20,938; 0,364 27,915; 0,115

Oeste/50 108,900; 0,290 57,905; 0,178 19,787; 0,295

Oeste/100 103,073; 0,366 N.E. ¶¶ N.E. ¶¶

Oeste/115 113,287; 0,371 31,950; 0,407 16,899; 0,158

Sul/0 127,043; 0,486 46,687; 0,193 10,027; 0,123

Sul/22 138,940; 0,415 46,922; 0,019 16,263; 0,130

Sul/554 79,462; 0,462 16,811; 0,424 12,002; 0,071

¶ Mediana, calculada a partir de n=6; Amplitude semi-quartílica (ASQ) ¶¶ N.E.: não foram encontradas espécies vegetais Fonte: Banco de dados (Anexo H).

Na comparação entre os níveis de zinco para o ponto-controle e ponto-central,

foi encontrada diferença estatisticamente significativa para a matriz folha (p=0,002);

porém a diferença nos valores obtidos para solo e raiz não foram significantes.

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Resultados e Discussão 80

Na comparação dos níveis de zinco para os pontos Leste/0, Norte/0, Oeste/0,

Sul/0 e o ponto-controle, foram encontradas diferenças estatisticamente significantes

para solo, raiz e folha (p˜ 0).

Ao realizar o Teste de Comparações Múltiplas, destacaram-se as diferenças

significantes (q > 3,858) com respeito ao ponto controle nos pontos Norte/0 para as

três matrizes e Sul/0 para solo e raiz (Tab. 24).

Tab. 24 - Valores críticos de q obtidos na comparação dos níveis de Zn do grupo controle com os níveis das amostras coletadas no limite 0 do Aterro Sanitário.

Matriz Amostra Leste/0 Norte/0 Oeste/0 Sul/0

Solo Controle 3,3 6,7* 1,7 5,0*

Raiz Controle 3,3 6,7* 1,7 5,0*

Folha Controle 3,3 6,7* 5,0* 1,7 * Diferença estatisticamente significante

Na comparação dos níveis de zinco nos pontos Leste/ 50, Norte/50, Oeste/50

e o ponto-controle foram encontradas diferenças estatisticamente significantes para

solo, raiz e folha (p˜ 0). Nos valores críticos de q obtidos destacaram-se as diferenças

estatisticamente significantes (q > 3,633) nos pontos Norte/50 e Oeste/50 para as três

matrizes quando comparados com o ponto controle (Tab. 25).

Tab. 25 - Valores críticos de q obtidos na comparação dos níveis de Zn do grupo controle com os níveis das amostras coletadas no limite 50 do Aterro Sanitário.

Matriz Amostra Leste/50 Norte/50 Oeste/50

Solo Controle 2,1 6,2* 4,2*

Raiz Controle 2,1 6,2* 4,2*

Folha Controle 2,1 6,2* 4,2* * Diferença estatisticamente significante

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Resultados e Discussão 81

Na comparação dos níveis de zinco nos pontos Leste/100, Norte/100,

Oeste/100 com o ponto-controle foram encontradas diferenças estatisticamente

significantes para solo (p˜ 0,00) e para raízes e folhas (p=0,001). A Tab. 26,

apresenta os valores críticos de q obtidos, evidenciando as diferenças

estatisticamente significantes (q > 3,633 para solo e q > 3,314 para as matrizes

vegetais) nos pontos Norte/100 para as matrizes solo e raiz e no Leste/100 para a

matriz folha.

Tab. 26 - Valores críticos de q obtidos na comparação dos níveis de Zn do grupo controle com os níveis das amostras coletadas no limite 100 do Aterro Sanitário.

Matriz Amostra Leste/100 Norte/100 Oeste/100

Solo Controle 2,1 6,2* 3,3

Raiz Controle 2,7 5,5* N.E.

Folha Controle 5,5* 2,7 N.E. * Diferença estatisticamente significante **N.O.: Não encontrada espécie vegetal

Na comparação dos níveis de zinco nos pontos Leste 200, Norte/200 com

respeito ao ponto-controle, foram encontradas diferenças estatisticamente

significantes para solo, raiz e folha (p=0,001). Através do Teste de Comparações

Múltiplas destacou-se que a esta distância do limite do Aterro Sanitário o ponto

Leste/200 caracterizou-se por apresentar maiores concentrações de zinco no solo,

raiz e folha, apresentando valores críticos de q superiores a 3,314 (Tab. 27).

Tab. 27 - Valores críticos de q obtidos na comparação dos níveis de Zn do grupo controle com os níveis das amostras coletadas no limite 200 do Aterro Sanitário.

Matriz Amostra Leste/200 Norte/200

Solo Controle 5,5* 2,7

Raiz Controle 5,5* 2,7

Folha Controle 5,5* 2,7

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Resultados e Discussão 82

* Diferença estatisticamente significante Na comparação dos níveis de zinco nos pontos Oeste/115, Sul/22 e Sul/554

com respeito ao ponto-controle foi encontrada diferença estatisticamente significante

para solo, raiz e folha (p<0,005), exceto a amostra de solo Sul/554, que não

apresentou diferença significativa com respeito ao ponto-controle.

A partir da análise estatística evidenciou-se que, mesmo abaixo dos valores

de intervenção, existe diferença significativa em vários pontos de coleta na área do

aterro, ao serem comparados com o ponto-controle. O sentido Leste foi o que

apresentou menor freqüência na significância das diferenças estatísticas para as três

matrizes avaliadas (Fig. 20); porém, destacam-se os valores estatisticamente

significantes detectados no ponto Leste/200, para as três matrizes, embora não tenha

sido detectado o mesmo metal em nenhum dos pontos de coleta anteriores na mesma

direção (Leste/0, Leste/50 e Leste/100).

Fig. 20 – Distribuição das matrizes que apresentaram diferença estatisticamente significante para Zn, nos pontos de coleta. (S: solo; R: raiz; F:folha)

Norte

Leste

Sul

Oeste

200 100 SR 50 SRF

0 SRF

SR 0

SRF 22

RF 554

0 50 100 200 F SRF

SRF SRF F 200 100 50 0

Zinco

A.S.

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Resultados e Discussão 83

No ano anterior à coleta de amostras, o incinerador passou por um período de

desativação, ocasião em que os resíduos provenientes de serviços de saúde foram

depositados em vala séptica situada nas imediações do ponto Leste/200. A deposição

de materiais contendo zinco, pode justificar este achado. A utilização de valas

sépticas é uma medida emergencial geralmente indicada quando o incinerador

apresentar problemas estruturais que impossibilitam o seu funcionamento ou por

qualquer outro impedimento de tratamento dos resíduos.

O zinco ocorre na crosta terrestre com uma concentração de 10 a 300 mg/kg,

valores estes determinados segundo a geologia do local e pelas atividades

antropogênicas (WHO, 2001). Os níveis de Zn detectados no local, podem ser

comparados às concentrações reportadas na literatura para áreas não contaminadas

(Steinborn & Breen, 1999).

Ao serem comparados com os valores de intervenção para o estado de São

Paulo, verificou-se que, na época da coleta, os níveis de Zn encontrados no solo

apresentavam-se inferiores aos valores máximos de intervenção recomendados que

são: 500 mg/kg para solo de uso agrícola, 1000 mg/kg para solo de uso residencial e

1500 mg/kg para solo de uso industrial (Anexo I).

Da avaliação dos resultados de Zn detectados em amostras vegetais,

destacam-se os valores encontrados nos pontos Norte/0 e Norte/50, que apresentaram

as maiores concentrações, tanto para raízes (143,248 e 172,175 mg/kg) como para

folhas (108,222 e 89,685 mg/kg). Considerando que valores entre 25 e 200 mg/kg

são considerados normais em vegetais (Fleming & Parle, 1977; Türkan et al., 1995),

os resultados obtidos indicam que este metal encontra-se dentro dos limites normais

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Resultados e Discussão 84

na vegetação localizada nas imediações do Aterro Sanitário e Incinerador, embora,

de certa forma, próximos aos valores superiores relatados.

Níveis de Cobre

São apresentados os níveis de cobre detectados para as diferentes matrizes

ambientais, segundo sua distribuição espacial na área do Aterro Sanitário (Tab. 28).

Tab. 28 - Nível de cobre nas amostras de solo, raiz e folha segundo a sua distribuição

espacial, expressado em mg/kg para cada matriz.

Parâmetro

Ponto de Coleta

SOLO

Mediana; ASQ¶

RAIZ

Mediana; ASQ¶

FOLHA

Mediana; ASQ¶

Controle 57,200; 0,014 3,748; 0,185 < 0,0075

Central 161,495; 0,242 7,177; 0,057 6,225; 0,463

Leste/0 162,974; 0,197 20,261; 0,129 3,595; 0,122

Leste/50 132,761; 0,346 15,754; 0,247 2,145; 0,229

Leste/100 142,091; 0,198 25,575; 0,661 4,687; 0,362

Leste/200 148,643; 0,171 19,247; 0,340 6,286; 0,494

Norte/0 268,143; 0,596 54,163; 0,282 17,931; 0,166

Norte/50 299,017; 0,423 36,493; 0,473 16,722; 0,206

Norte/100 257,398; 0,105 47,129; 0,661 5,652; 0,254

Norte/200 113,502; 0,702 4,539; 0,254 4,525; 0,265

Oeste/0 180,219; 0,601 20,420; 0,469 17,545; 0,129

Oeste/50 153,180; 0,127 15,487; 0,186 7,523; 0,024

Oeste/100 153,922; 0,246 N.E. ¶¶ N.E. ¶¶

Oeste/115 162,422; 0,330 18,731; 0,640 5,202; 0,006

Sul/0 187,057; 0,592 52,368; 0,737 2,047; 0,020

Sul/22 159,799; 0,516 50,993; 0,546 4,268; 0,015

Sul/554 151,830; 0,589 22,393; 0,621 3,549; 0,127

¶ Mediana, calculada a partir de n=6; Amplitude semi-quartílica (ASQ) ¶¶ N.E.: não foram encontradas especies vegetais

Fonte: Banco de dados (Anexo H).

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Resultados e Discussão 85

Para a matriz folha não foi possível aplicar o teste estatístico, pelo fato de

apresentar valores abaixo do limite de detecção para o ponto-controle.

Na comparação entre os níveis de cobre para o ponto-controle e ponto-

central, foram encontradas diferenças estatisticamente significantes para solo

(p=0,002); porém, a diferença nos valores obtidos para raiz não foi significante.

Na comparação dos níveis de cobre para os pontos Leste/0, Norte/0, Oeste/0,

Sul/0 com o ponto-controle, foram encontradas diferenças estatisticamente

significantes para solo e raiz (p˜ 0). Através do Teste de Comparações Múltiplas,

foram identificadas diferenças estatisticamente significantes (q > 3,858) nos quatro

pontos para solo e nos pontos Norte/0 e Sul/0 para raiz (Tab.29).

Tab. 29 - Valores críticos de q obtidos na comparação dos níveis de Cu do grupo controle com os níveis das amostras coletadas no limite 0 do Aterro Sanitário.

Matriz Amostra Leste/0 Norte/0 Oeste/0 Sul/0

Solo Controle 3,9* 6,7* 4,2* 5,0*

Raiz Controle 2,3 6,4* 2,7 3,9* * Diferença estatisticamente significante

Na comparação dos níveis de cobre nos pontos Leste/ 50, Norte/50, Oeste/50

com o ponto-controle, foram encontradas diferenças estatisticamente significantes

para solo, raiz e folha (p˜ 0).

Os valores críticos de q obtidos na comparação dos pontos Leste/50,

Norte/50 e Oeste/50 com respeito ao ponto-controle são apresentados na Tab. 30,

sendo identificadas diferenças significantes (q > 3,633) no ponto Norte/50 para solo e

raiz e Oeste/50 para solo.

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Resultados e Discussão 86

Tab. 30 - Valores críticos de q obtidos na comparação dos níveis de Cu do grupo controle com os níveis das amostras coletadas no limite 50 do Aterro Sanitário.

Matriz Amostra Leste/50 Norte/50 Oeste/50

Solo Controle 2,1 6,2* 4,2*

Raiz Controle 3,6 4,9* 2,6 * Diferença estatisticamente significante

Na comparação dos níveis de cobre nos pontos Leste/100, Norte/100,

Oeste/100 com o ponto-controle foram encontradas diferenças estatisticamente

significantes para solo (p˜ 0,00) e para raízes (p=0,001). A Tab. 31, apresenta os

valores críticos de q obtidos, destacando-se a diferença significativa no ponto

Norte/100 para solo e raiz e no ponto Oeste/100 para solo.

Tab. 31 - Valores críticos de q obtidos na comparação dos níveis de Cu do grupo controle com os níveis das amostras coletadas no limite 100 do Aterro Sanitário.

Matriz Amostra Leste/100 Norte/100 Oeste/100

Solo Controle 2,1 6,2* 4,2*

Raiz Controle 2,7 4,1* N.E. * Diferença estatisticamente significante **N.E.: Não encontrada espécie vegetal

Na comparação dos níveis de cobre nos pontos Leste/200, Norte/200, com

respeito ao ponto-controle, foram encontradas diferenças estatisticamente

significantes para solo e raiz (p=0,001). Os valores críticos de q evidenciam

diferenças estatisticamente significantes (q > 3,314) no ponto Leste/200 para solo e

raiz (Tab. 32).

Tab. 32 - Valores críticos de q obtidos na comparação dos níveis de Cu do grupo controle com os níveis das amostras coletadas no limite 200 do Aterro Sanitário.

Matriz Amostra Leste/200 Norte/200

Solo Controle 5,5* 2,7

Raiz Controle 5,5* 2,7

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Resultados e Discussão 87

* Diferença estatisticamente significante Na comparação dos níveis de cobre nos pontos Oeste/115, Sul/22 e Sul 554

com respeito ao ponto-controle, foi encontrada diferença estatisticamente significante

para solo e raiz (p<0,005).

A partir da análise estatística, percebe-se que a diferença foi significativa

para solo e/ou raiz, na maioria dos pontos analisados (Fig. 21).

Fig. 21 – Distribuição das matrizes que apresentaram diferença estatisticamente significante para Cu, nos pontos de coleta. (S: solo; R: raiz; F:folha)

Destacam-se os valores estatisticamente significantes detectados no ponto

Leste/200, para as matrizes solo e raiz, embora não tenha sido detectado o mesmo

metal em nenhum dos pontos de coleta anteriores nessa direção (Leste/0, Leste/50 e

Leste/100), lembrando tratar-se de um ponto recentemente utilizado para disposição

emergencial de resíduos provenientes de serviços de saúde em valas sépticas.

Sabe-se que o cobre ocorre na crosta terrestre em uma concentração média de

50 mg/kg (WHO, 1998). Ao serem comparados os resultados com os valores de

intervenção para o estado de São Paulo, definidos entre os limites de 100 mg/kg para

Norte

Leste

Sul

Oeste

200 100 SR 50 SR

0 SR

SR 0

SR 22

SR 554

0 50 100 200 S SR

SR S S S 200 100 50 0

Cobre

A.S.

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Resultados e Discussão 88

solo de uso agrícola, 500 mg/kg para solo de uso residencial e 700 mg/kg para solo

de uso industrial (Anexo H), verifica-se que o Cu apresentou-se, em todos os pontos,

acima de 100 mg/kg, o que representa risco pelo fato de que a área circunvizinha ao

aterro sanitário está sendo utilizada com fins agrícolas permanentemente.

Em vegetais, consideram-se como normais concentrações de Cu entre 5 e 20

mg/kg (Fleming & Parle, 1977; Türkan et al., 1995); para este metal algumas

amostras de raiz apresentaram níveis acima de 40 mg/kg, o que pode indicar que o

transporte do metal está sendo veiculado até a raiz pelo solo. As concentrações mais

elevadas foram detectadas no sentido Norte e Sul. Para as folhas, os valores mais

altos corresponderam aos pontos Norte/0, Norte/50 e Oeste/0 (Tab. 28).

Destacam-se os valores estatisticamente significantes detectados no ponto

Leste/200, para as matrizes solo e raiz, embora não tenha sido detectado o mesmo

metal em nenhum dos pontos de coleta anteriores nessa direção (Leste/0, Leste/50 e

Leste/100), lembrando tratar-se de um ponto recentemente utilizado para disposição

emergencial de resíduos provenientes de serviços de saúde em valas sépticas.

Níveis de Mercúrio

Dentre os metais avaliados, o mercúrio apresentou-se como o metal menos

detectado nas matrizes analisadas, estando abaixo dos limites de detecção dos

métodos utilizados para as matrizes solo, raiz e folha (ANEXO H). Considera-se este

achado como de grande importância, tendo em vista a toxicidade desse elemento,

associado à sua capacidade de acumulação e o alto índice de bioacumulação (Garcia

& Dorronsoro, 2002). Os resultados para este metal evidenciam, portanto, que o solo

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Resultados e Discussão 89

da área do entorno do Aterro Sanitário e Incinerador pode ser considerado como solo

não-contaminado por Hg (HMSO, 1991 apud Hamilton, 2000).

De um modo geral, avaliando-se a Fig. 22, na qual foram agrupados os

resultados da análise estatística, pode-se observar que a maioria das amostras de solo

e vegetais coletadas na área do Aterro Sanitário e Incinerador de Resíduos Sólidos de

Ribeirão Preto-SP apresentaram níveis significativamente superiores às amostras

coletadas na mata Santa Teresa, no período referente ao estudo, mesmo apresentando

valores abaixo dos limites máximos recomendados para Cr, Pb e Zn. Considerando-

se que os dois locais apresentam tipos de solo com características semelhantes

(Alvarenga, 1986; Aita, 1996), os resultados poderiam estar apontando mudanças na

composição natural dos metais no solo da área do Atero Sanitário e Incinerador de

Resíduos Sólidos de Ribeirão Preto

Cd SF SRF SRF SRF

Cr SR SRF SRF SRF

Pb R SR SRF SRF

Zn SR SRF SRF

Mn RF RF SRF SRF

Cu SR SR SR

SR SR SR SR Cd

SRF S R Cr

SF S S LF SF Pb S SF S Mn

F SRF Zn S SR Cu

200 100 50 0

0 22 554

F R SRF

Cd

R SRF SRF

Cr

SRF SRF

Pb

RF SRF RF

Mn

SR SRL SR

Zn

SR

SR

SR

Cu

0 50 100 200

Cd SR F SF

115 100 50 0

Cr SRF S SF

Pb RF S RF R

Mn SRF S S

Zn SRF SRF F

Cu S R S S

NORTE

OESTE

SUL

LESTE

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Resultados e Discussão 90

Fig. 22 – Distribuição das matrizes que apresentaram

diferença estatisticamente significante para os metais

avaliados segundo a localização dos pontos de coleta. (S:

solo; R: raiz; F: folha)

3.2 Possíveis fatores determinantes da distribuição espacial dos metais

Um fator que pode estar determinando maiores concentrações dos metais

analisados no sentido Norte do Aterro Sanitário refere-se à declividade do terreno.

No EIA-RIMA, encontra-se descrito que o Aterro Sanitário e Incinerador localizam-

se numa área com declividades inferiores a 15% e amplitudes de desnível locais de

100 a 300 m. A partir dos Perfis Topográficos da região (Fig. 23 e 24), pode ser

observado que o Aterro Sanitário está localizado no terço inferior da encosta (perfis

A-B e C-D), e que o sentido da declividade é predominantemente do Sul para o

Norte (Alvarenga et al., 1986).

Segundo Garcia & Dorronsoro (2002), aproximadamente 10 % dos resídios

sólidos são constituídos por metal. Os resíduos municipais no estado de São Paulo

caracterizam-se por conter, aproximadamente, 60% de matéria orgânica, 10% de

produtos de celulose, 20% de materiais plásticos e 10% de materiais do tipo vidro e

metal (PRODAM, 2002). Os produtos metálicos e plásticos presentes nos resíduos

sólidos dispostos no Aterro Sanitário podem ser fonte de metais. A degradação

desses resíduos pode estar gerando líquidos contendo esses contaminantes, que

podem sofrer movimentação horizontal na direção Norte, devido ao gradiente

geográfico da área.

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Resultados e Discussão 91

Fig. 23 - Mapa dos perfis topográficos da área do Aterro Sanitário e

Incinerador de Ribeirão Preto delimitados entre os paralelos 21º10’-

21º15’S e 47º50’-47º55’W, obtidos a partir do mapa do IBGE – folha 23-

V-C-I-1 de 1979, escala 1:50000 (Alvarenga et al., 1986).

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Resultados e Discussão 92

Fig. 24 – Declividade da área do Aterro Sanitário e Incinerador de Resíduos

Sólidos de Ribeirão Preto, a partir dos perfis topográficos da figura anterior

(Alvarenga et al., 1986)

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Resultados e Discussão 93

Outro fator que pode estar associado a esses resultados é o fato do Incinerador

estar localizado do lado Norte no Aterro Sanitário, lembrando que, apesar desse

equipamento ser considerado de pequeno porte pelo fato de serem processados

aproximadamente 3300 ton/ano (Morselli et al., 2002), tem funcionado, durante quase

10 anos, com alguns problemas estruturais. Tais problemas têm causado, durante

muito tempo, a emissão de fumaça preta (ANEXO B), indicativa de combustão

incompleta ou de funcionamento deficiente dos filtros, o que pode ter favorecido o

transporte de metais pesados para o meio ambiente, além de outros contaminantes

químicos, dentre os quais podemos citar os furanos, as dioxinas e os hidrocarbonetos

policíclicos aromáticos (Lisk, 1988; Stern et al, 1989; Ellison, s.d. apud Haight, 1991,

Shima & Beccari, 1996; Hoffman et al., 1997).

As emissões procedentes do incinerador podem ter sido a principal fonte de

metais no local considerando que, aproximadamente 80% dos RSS são compostos por

materiais, tais como: papel, plásticos, vidro e metais procedentes de seringas, capas

de vacutainer, sacos plásticos, envólucros de remédios, garrafas de vidro, luvas e

uma série de materiais cirúrgicos e de uso geral no tratamento de pacientes (Weir,

2002). Metais tóxicos, como Pb, Cd, Mn, Cr e Cu são encontrados nesses materiais e,

conseqüentemente, podem ser vaporizados na fumaça durante o processo de

incineração, atingindo o meio ambiente circundante (Schuhmacher et al., 1997;

Meneses et al., 1999; Garcia & Dorronsoro, 2002; Llobet et al., 2002; Morselli et al.,

2002).

Pode-se considerar a direção dos ventos como um terceiro fator que poderia

ter favorecido a acumulação dos metais no sentido Norte, acarretando nessa direção

os metais potencialmente contidos na fumaça emitida pelo incinerador, posto que os

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Resultados e Discussão 94

ventos predominantes naquela região sopram no sentido SE-NO, a uma velocidade

média anual de 1,7 m/s, segundo consta no documento EIA-RIMA elaborado para o

Aterro Sanitário e Incinerador de Resíduos Municipais de Ribeirão Preto (Alvarenga

et al., 1986).

3.3 Variabilidade nos níveis de metais em vegetais

As análises dos vegetais mostraram grande variabilidade nos resultados

obtidos para as raizes e folhas nos diferentes pontos de coleta.

Nas Fig 25 e 26, é apresentada a distribuição conjunta dos metais nas

amostras de raiz e folha, em função de suas correspondentes concentrações em solo,

evidenciando que altos níveis de metais no solo não significaram necessariamente

um aumento das concentrações de metais nas amostras vegetais em todos os casos.

Isso nos remete à compreensão de que a capacidade de absorção de metais nos

vegetais difere segundo a espécie, corroborando os achados de Brown et al. (1994) e

Steinbörn & Breen (1999). Porém, quando analisada a distribuição dos metais nos

vegetais, verificou-se, na maioria dos casos, que um aumento do nível de metais nas

raízes estava associado com maiores concentrações nas folhas, vindo ao encontro

com o exposto por Toppi & Gabrielli (1999) e Dixit et al. (2001).

Unicamente verificaram-se quatro casos nos quais o nível de metal na folha

foi mais elevado do que na respectiva raiz, como pode ser observado nos gráficos

correspondentes a Pb e Zn. Diante desse achado, considera-se a possibilidade de

estar ocorrendo uma absorção dos metais não restrita à via radicular e também à

aérea, para as espécies coletadas nesses locais, em concordância com Steinborn &

Breen (1999).

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Resultados e Discussão 95

Uma outra questão diz respeito ao pH do solo, reportado para esta área como

ácido (pH=5), segundo Alvarenga et al. (1986), o que pode ser um fator que esteja

contribuindo na absorção de metais através das raízes, considerando que estes

elementos estão mais disponíveis para as plantas em condições ácidas do que

alcalinas (Hesse, 1971).

A caraterística argilosa do solo (Alvarenga et al., 1986), pode fazer com que a

mobilidade dos metais seja baixa, ficando acumulados nos primeiros centímetros do

solo, sendo lixiviados aos horizontes subsuperficiais unicamente em pequenas

quantidades (Garcia & Dorronsoro, 2002). Essa pode ser a razão pela qual, os metais

estão sendo absorvidos pelas raízes dos vegetais existentes na área do Aterro

Sanítario e Incinerador de Resíduos Sólidos de Ribeirão Preto.

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Resultados e Discussão 96

Fig. 25 - Correlação dos níveis de Cd, Cr e Pb em amostras de raiz e folha e suas correspondentes amostras de solo ( Fonte: Tab 3, Tab. 8 e Tab.13)

0

3

6

9

0 20 40 60

0

1

2

3

0 10 20 30

Cd

Cr

Solo (mg/kg)

Solo (mg/kg)

Raiz

Folha

Vegetais (mg/kg)

Vegetais (mg/kg)

0

10

20

30

0 12 24 36

Solo (mg/kg)

Vegetais (mg/kg)

Pb

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Resultados e Discussão 97

Zn Raiz

Folha

Fig. 26 - Correlação dos níveis de Mn, Zn e Cu em amostras de raiz e folha e suas correspondentes amostras de solo ( Fonte: Tab 18, Tab.23 e Tab.28)

0

400

800

1200

0 800 1600 2400

Solo (mg/kg)

Mn

0

75

150

225

0 100 200 300

Solo (mg/kg)

Zn

0

20

40

60

0 100 200 300

Solo (mg/kg)

Cu

Vegetais (mg/kg)

Vegetais (mg/kg)

Vegetais (mg/kg)

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Resultados e Discussão 98

3.4. Metais pesados no liquido percolado

Na Tab. 33 são apresentadas as concentrações de metais detectadas nas

amostras de chorume coletadas no local de estudo (Fig.10, p. 41).

Foram encontrados níveis de Cd que variaram de 0,480 mg/L a 0,946 mg/L,

dos quais as maiores concentrações foram detectadas nos pontos de afloramento

superficial no ponto Norte/0 e Oeste/0 do Aterro, evidenciando uma realidade que

ultrapassa os valores estabelecidos de Cd para lançamento de efluentes líquidos em

cursos d’água, segundo o Decreto 8468/76 que estabelece o limite de 0,2 mg/L como

valor máximo deste metal.

Um outro metal que merece destaque é o Pb, cujos valores variaram entre

0,788 e 0,849 mg/L, exceto para o ponto de afloramento superficial denominado

Oeste/0, que apresentou o valor de 0,285 mg/L. Segundo o Decreto 8468/86 o nível

máximo de Pb que pode estar contido nos efluentes líquidos é de 0,5 mg/L, o que

aponta para a necessidade de se avaliar a possibilidade de estarem sendo depositados

no aterro materiais como baterias, pigmentos e outros produtos que apresentam esse

metal na sua composição.

Ao avaliar as concentrações de Mn, pode-se observar que as concentrações

mais baixas foram detectadas no chorume proveniente dos tanques de captação,

destacando-se o valor detectado no ponto de afloramento superficial Oeste/0 com

6,427 mg/L; de acordo com o Decreto 8468/76, o valor máximo permitido de Mn

para efluentes líquidos é de 1,00 mg/L.

Considerando-se que, atualmente, um dos principais usos do manganês é a

fabricação de ligas metálicas e células secas, esse valor pode representar a presença

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Resultados e Discussão 99

desses materiais, geralemente oriundos de processos industriais, dentre os resíduos

que estão sendo encaminhados ao Aterro.

Os valores encontrados de Cu variaram entre 1,8 e 4,0 mg/L. Segundo o

Decreto 8468/76 o nível máximo de Cu que pode estar contido nos efluentes líquidos

é de 0,5 mg/L, o que assinala que o Cu representa um fator de contaminação para o

chorume gerado no local do estudo e um possível fator de risco de contaminação de

corpos d’água naquela área.

O nível de Cr no chorume, por sua vez, não parece representar potencial

risco, pelo fato de ser encontrado em nível abaixo de 0,096 mg/L, valor este inferior

à concentração máxima de Cr permitida para o lançamento de qualquer efluente

líquido em cursos d’água, também considerado pelo Decreto 8468/76 como 5,0

mg/L.

Os valores de Zn encontrados variaram entre 0,614 e 2,307 mg/L. Do

mesmo modo, o Decreto 8468/76 considera como nível máximo permitido de Zn em

efluentes líquidos 5,0 mg/L, o que assinala que este metal não representa um fator de

contaminação para o chorume gerado no local do estudo.

O mercúrio foi detectado nos quatro pontos de afloramento superficial de

chorume, abaixo de 0,006 mg/L. Considerando que, segundo o Decreto 8468/76, o

nível máximo de Hg que pode estar contido nos efluentes líquidos é de 0,01 mg/L, os

níveis detectados nesta investigação não representam um risco para a saúde. Porém,

este metal poderia ser monitorado visando-se à minimização de risco de

contaminação futura de outras fontes de água.

Estes resultados, referentes ao chorume, chamam a atenção quando

comparados aos valores encontrados por Sisinno & Moreira (1996), em estudo

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Resultados e Discussão 100

realizado em aterro controlado no Morro do Céu, em Niterói-RJ, no qual foram

reportados níveis de Cd inferiores a 0,005 mg/L, de Cr até 0,19 mg/L, de Mn até

0,35 mg/L, de Pb até 0,19 mg/L, de Zn até 0,68 mg/L e de Cu até 0,36 mg/L, valores

estes inferiores aos obtidos nesta investigação.

A materia orgânica, importante componente dos resíduos sólidos municipais,

e, portanto, também do chorume formado a partir deles, é um fator que pode

favorecer a fixação de metais no liquido percolado. A matéria orgânica reage

formando complexos com os metais, que podem migrar para o solo. A toxicidade

dos metais se potenciabiliza, dado a forte tendência de formar complexos organo-

metálicos, que facilitam sua solubilidade, disponibilidade e dispersão. A estabilidade

destes complexos frente a processos de degradação dos organismos é uma causa

importante na permanência de metais no chorume. O cobre, manganês e zinco são

metais que se caracterizam por apresentar complexos fortemente estáveis (Gracia &

Dorronsoro, 2002).

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Resultados e Discussão 101

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Resultados e Discussão 102

3.5. Metais pesados em água subterrânea

A distribuição de água potável é um dos fatores mais importantes para

alcançar a diminuição dos índices de mortalidade e morbidade nos países em

desenvolvimento. Tradicionalmente, a qualidade microbiológica da água tem sido o

aspecto que tem gerado maior preocupação em saúde pública, porém o avanço do

conhecimento sobre o perigo da exposição a agentes químicos vem chamando a

atenção da população e das autoridades nos últimos anos (Van-Leeuween, 2000).

Dentre os diferentes contaminantes químicos, o estudo dos metais pesados vem

sendo considerado prioritário nos programas de promoção da saúde, no nível

mundial.

Para nossa região, é particularmente importante o monitoramento de metais

em água subterrânea por representar a principal fonte de abastecimento de água.

Paralelamente, a região situa-se na área do Aqüífero Guarani que é considerado um

dos reservatórios de água natural mais importantes do mundo na atualidade (Alvez,

1995; Viarti, 1999).

Segundo diagnóstico efetuado pela CETESB em 1997, o uso das águas

subterrâneas para o abastecimento público no Estado de São Paulo vem crescendo

gradativamente. Atualmente, 71,6% dos municípios de SP são total ou parcialmente

abastecidos por águas subterrâneas, dado este que reforça a necessidade de proteção

e monitoramento permanente da qualidade dessas águas (CETESB,2001).

Na Tab. 34 são apresentadas as concentrações de metais pesados detectadas

nas amostras de água coletadas nos três poços artesianos existentes à jusante do

Aterro Sanitário de RP, localizados na pendente hidráulica descendente do fluxo das

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Resultados e Discussão 103

águas (Fig. 10, p.41). O poço à montante do Aterro Sanitário encontrava-se seco na

data de coleta.

Todos os resultados obtidos para os metais analisados apresentaram-se

inferiores aos valores considerados como nível de intervenção segundo a Portaria

1469/2000 do Ministério da Saúde (Anexo I).

Considera-se importante destacar, que apesar de terem sido detetados alguns

metais em concentrações superiores às recomendadas pelas normas legais para solo e

chorume, esses metais ainda não atingiram, a água subterrânea no local.

Segundo Schalch & Rezende (1991) e Jardim et al. (1995), em outras

condições de disposição de resíduos, como “lixão a céu aberto” ou “aterro

controlado”, a elevada concentração de metais do chorume poderiam causar grandes

impactos nos corpos de água circunvizinhos. Nesses sistemas de disposição não

controlados, ainda muito utilizados em outros municípios do Brasil, os metais

pesados podem ser percolados por meio do chorume, o qual se mistura com a água de

chuva e outros líquidos, originalmente existentes no lixo, infiltrando-se no solo e

subseqüentemente, contaminando a água subterrânea quando alcança o lençol

freático. A contaminação dessas águas tem conseqüências que perduram por tempo

indefinido e são de difícil controle (Magossi & Bonacella, 1991; Serra et al., 1998).

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Resultados e Discussão 104

3.6 Importância dos valores de referência

Uma das principais dificuldades para se identificar corretamente áreas com

problemas de contaminação ambiental é a inexistência de valores de referência. Para

as substâncias de interesse ambiental, tais como os metais pesados, os valores de

referência devem ser estabelecidos em função das suas concentrações naturais,

levando em consideração as variações regionais.

Para definir os limiares de toxicidade dos contaminantes químicos, em geral,

como primeiro passo devem ser calculados os valores normais que apresentam as

matrizes não contaminadas (solo, água, vegetação, alimentos). A partir dessa base

podem-se estabelecer os níveis mínimos que representam contaminação e os níveis

de toxicidade definidos, levando em consideração os possíveis efeitos em vegetais,

animais, e principalmente, os potenciais agravos para a saúde humana.

Para o reconhecimento da contaminação são utilizados “níveis de referência”

que conduzem a sistemas de alerta, vigilância e controle. Acima desses níveis

encontram-se os níveis de intervenção que obligam a tomada de medidas corretoras

(Garcia & Dorronso, 2002).

Considerando especificamente os metais pesados, a maioria das normas são

referidas à quantidade total do elemento tóxico, dada a dificuldade de extração de

metais, supondo que, existe um equilíbrio entre as fases solúvel e a concentração

total. Calcula-se que 10% do total encontra-se em fase solúvel (Lindsay, 1979 apud

Garcia & Dorronsoro, 2002). Existe o consenso de que a concentração na fase

assimilável é uma medida direta do grau de perigo real, enquanto que a concentração

total é válida para avaliar o risco potencial ou futuro, representando uma maneira

indireta de estimar a toxicidade atual do solo (Garcia & Dorronsoro, 2002).

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Resultados e Discussão 105

Nos países desenvolvidos, nos quais há uma larga experiência de controle e

monitoramento da qualidade do solo e das águas subterrâneas, é de praxe a utilização

de valores orientadores como parâmetros de avaliação de indicadores ambientais. No

Brasil, até 2001, não havia um padrão em relação a parâmetros que determinam

limites na concentração de metais, tampouco substâncias indicativas de

contaminação do solo, havendo somente diferentes orientações técnico-legais a esse

respeito.

Em 2001, no estado de São Paulo, a CETESB finalizou um trabalho de

organização de valores orientadores para avaliação da contaminação de solo, visando

a adoção de ações de prevenção da poluição e o controle de áreas contaminadas

(CETESB, 2001), com base em análises químicas de diferentes tipos de solos no

estado, fato que facilitou muito a compreensão dos achados nesta investigação.

Considerando o exaustivo trabalho que deve ser desenvolvido para o estabelecimento

de valores orientadores para a avaliação da contaminação do solo, consideramos que

o relatório elaborado pela CETESB traz uma valiosa contribuição e avanço nessa

área, pelo fato de conter valores baseados no conceito de limite de exposição para a

saúde humana, sem exceder o Risco Máximo Tolerável (RMT) e adaptados à

realidade nacional.

Com respeito à análise de metais pesados em amostras vegetais, foi

evidenciada uma carência mundial de níveis de referência que possam ser utilizados

como valores orientadores para avaliação de contaminação de metais em amostras

vegetais. Como alternativa, foram considerados os resultados existentes na literatura,

ficando evidenciado que esta temática representa uma área que precisa ser mais

explorada, dada à variabilidade de absorção de metais entre diferentes espécies

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Resultados e Discussão 106

vegetais, bem como diferentes condições regionais que podem determinar a absorção

de metais pelas plantas. Os vegetais constituem-se em matrizes ambientais muito

importantes, pelo fato de serem, em muitos casos, integrantes importantes de cadeias

tróficas, possibilitando a passagem de metais pesados até outros seres vivos,

incluindo-se o ser humano.

Considera-se o chorume como um efluente líquido que deve ser previamente

monitorado para o lançamento em corpos d’água. O estado de São Paulo possui

como instrumento de controle deste tipo de rejeito o Decreto 8468/76 que dispõe

sobre a Prevenção e o Controle da poluição do Meio Ambiente. Neste decreto

apresentam-se detalhadamente os padrões de qualidade para o lançamento de

efluentes em corpos d’água. Considerando que o chorume gerado no Aterro Sanitário

apresentou níveis de Cd, Mn, Pb e Cu acima dos valores estipulados nesse Decreto,

não seria recomendável o seu lançamento em sistema público de tratamento de

esgoto, devendo ser buscado, portanto, um outro método de tratamento.

A potabilidade da água é um aspecto de relevante importância para a saúde

pública, no mundo inteiro, pelo qual, existem muitas normas de qualidade da água

que podem ser utilizadas como valores de referência. No Brasil, os critérios de

qualidade da água estão em fase de transição normativa, passando da Portaria 36/90

para a Portaria 1469/2000, a qual entrará em vigência a partir de janeiro de 2003.

Ambas as portarias apresentam semelhança nos criterios adotados; as únicas

diferenças apresentadas nos parâmetros estabelecidos para os metais avaliados no

presente estudo foram o nível máximo de Pb que foi reduzido de 0,05 para 0,01

mg/L, enquanto o nível de Cobre permitido foi aumentado de 1 para 2 mg/L.

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Resultados e Discussão 107

Assim, considera-se que os valores orientadores para avaliação da qualidade

do solo e águas subterrâneas, elaborados recentemente pela Companhia de

Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado de SP – CETESB, trazem uma

valiosa contribuição e avanço nessa área, pelo cuidado em se obter valores baseados

no conceito de limite de exposição para a saúde humana, dando sustentação a

programas que visen prevenir os problemas associados à exposição ambiental aos

metais ao longo do tempo.

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4. CONCLUSÕES

Nesta investigação, através do caminho percorrido, foi possível alcançar os

objetivos traçados inicialmente, sendo caracterizados os níveis de cádmio (Cd),

cromo (Cr), chumbo (Pb), manganês (Mn), zinco (Zn), cobre (Cu) e mercúrio (Hg),

em diversas matrizes anbientais, tais como solo, vegetais, chorume e água, na área

do entorno do Aterro Sanitário e Incinerador de Resíduos Sólidos de Ribeirão Preto.

A informação gerada traz novos conhecimentos sobre a situação ambiental da

área estudada, no que se refere à presença de metais, trazendo subsíduos para ações

político-administrativas municipais, num momento significativo, haja vista o término

da primeira etapa de operação do Aterro Sanitário e o encerramento das atividades

do Incinerador.

Especificamente, pode-se concluir que:

- As concentrações de metais nas amostras de solo e vegetais coletadas nos

quatro sentidos de direção na área do Aterro Sanitário, em termos gerais,

apresentaram-se significativamente superiores às encontradas nas amostras coletadas

na mata Santa Teresa, consideradas amostras-controle. Os dados indicaram uma

tendência de maiores concentrações dos metais analisados no sentido Norte.

- Destacam-se, nesta investigação, os valores detectados para Cd e Cu nas

amostras de solo coletadas, que superaram os níveis de intervenção emitidos pela

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Conclusões 110

CETESB (2001), para o Estado de São Paulo. Também cabe mencionar, os níveis de

Mn que apresentaram-se superiores aos valores referidos na literatura científica.

- O chorume foi outra matriz que evidenciou níveis de Cd, Pb, Mn e Cu que

superaram os valores máximos estabelecidos legalmente, merecendo por tanto, uma

avaliação mais acurada com a finalidade de se evitar a contaminação de corpos

d’água no futuro, principalmente visando-se impedir que esses pontos de água se

convertam em fator de risco para a saúde humana.

- Até o presente momento, a água subterrânea da área estudada, de acordo

com o processo metodológico desta investigação, não representa risco para a saúde

humana, no que se refere à presença de metais pois, segundo os achados, não foram

encontrados teores de metais nessa matriz que superassem os níveis de intervenção

definidos para o país, embora alguns deles estivessem próximos dos limites,

indicando a necessidade de dar continuidade ao monitoramento de agentes químicos,

de forma permanente, nesses corpos d’água.

- Considera-se, de vital importância a educação ambiental para o

fortalecimento da participação da comunidade nos programas já existentes de coleta

seletiva, tanto para materiais recicláveis quanto para resíduos tóxicos tais como:

pilhas, baterias e similares, devido ao fato de que o encaminhamento de resíduos

sólidos contendo metais para o Aterro Sanitário, por parte da comunidade, pode ser

um dos fatores que esteja contribuindo para que alguns dos metais pesquisados se

apresentem em concentrações não esperadas no solo.

O presente trabalho gera outros temas para o desenvolvimento de

investigações visando um aprofundamento para a geração de novos conhecimentos

nessa linha de pesquisa, dentre os quais podemos citar:

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Conclusões 111

1. Monitoramento de metais pesados considerando uma área de maior

abrangência, baseado nas recomendações da OMS (2001), através do

relatório “Métodos de avaliação de riscos para a saúde derivados da

exposição a substâncias perigosas libeardas por aterros sanitários”,

documento no qual é assinalada a necessidade de se realizar

monitoramentos permanentes numa area de influência de até 2 km de

distância de aterros sanitários. Considera-se que um estudo com essa

abrangência permitiria uma estimativa mais apurada do risco que os

metais pesados representam para a saúde nas comunidades estabelecidas

nessa área, facilitando a compreensão das vias de propagação e

transporte, bem como a caracterização de possíveis grupos vulneráveis.

2. Realização de um estudo experimental, utilizando espécies vegetais

brasileiras fito-remediadoras, na área do Aterro Sanitário e Incinerador

de resíduos sólidos de Ribeirão Preto, que ofereça a posibilidade de obter

uma restauração biológica do solo.

3. Monitoramento de outros contaminantes químicos presentes no solo e

vegetais, dentre os quais destacam-se: dioxinas e furanos, considerados

poluentes altamente tóxicos, que podem causar agravos a saúde em áreas

circunvizinhas a Incineradores e/ou Aterros Sanitários.

4. Avaliação dos níveis de metais pesados no Córrego Monte Alegre, desde

sua nascente até a confluência com o córrego Ribeirão Preto, avaliando se

as características microbiológicas e físico-químicas de suas águas estão

sendo afetadas pelo lançamento de efluentes de diversas atividades locais,

talém da disposição de resíduos sólidos, tais como a atividade açucareira

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Conclusões 112

e a existência de um hospital de grande porte em suas margens, como o

HCFMRP/USP, que não possui sistema de tratamento de seus efluentes.

5. Estudo da caracterização dos RSM e dos RSS gerados no município,

avaliando as fontes de metais pesados.

Muito há, ainda, que se investir em recursos humanos e materiais para o

aprimoramento de metodologias e investigações específicas para a avaliação e

monitoramento ambiental, no que se refere a poluentes químicos. Com esta pesquisa

foi possível a geração de importantes conhecimentos relativos à questão do

gerenciamento de resíduos sólidos, não apeans no âmbito municipal, mas também,

para o próprio país, pela possibilidade de se conhecer parte de uma realidade ainda

pouco explorada em nosso meio. Espera-se contribuir, também, para a tomada de

decisões político-administrativas no gerenciamento de resíduos sólidos no Brasil.

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5. CONSIDERAÇÃOES FINAIS

Dentre os problemas ambientais que entraram no cenário público

internacional, a partir da década de 70, um dos que mais vem sendo

destacado é a crescente poluição química e seus impactos sobre a

qualidade da água, ar, solo e alimentos em várias regiões do planeta e

o reconhecimento científico dos chamados riscos ecológicos globais a

ela associados, que formam parte determinante e condicionante do

processo saúde-doença.

No âmbito do gerenciamento dos resíduos sólidos, a Organização Mundial da

Saúde (OMS, 2001), assinala a necessidade de se identificar os contaminantes

potencialmente adversos, dentre os quais, os metais pesados que foram definidos

como contaminantes prioritários pela sua toxicidade, permanência ambiental,

mobilidade e grau de bioacumulação. Ações integrais, além de caraterizar estes

contaminantes no meio ambiente, devem servir de instrumentos, através dos quais,

seja avaliado o risco que estes contaminantes representam para a saúde pública.

A questão dos resíduos sólidos gerados pela sociedade atual encontra-se num

limiar que tem obrigado, não apenas as autoridades sanitárias e ambientais, mas

também a população, a buscar soluções alternativas para um gerenciamento que

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Considerações finais 114

atenda às recomendações técnicas e legais, em função dos riscos à saúde pública e ao

meio ambiente.

Considerando-se que a concepção atual dos principais determinantes do

processo saúde-doença dá ênfase aos fatores ligados ao ambiente físico e social, não

privilegiando os de ordem biológica e, ainda, que o modelo de assistência à saúde é

regido por princípios que buscam, dentre outros, um equilíbrio entre os diferentes

fatores e ações que interferem nesse processo, há que se buscar, também, uma

melhor organização do sistema de informação para instrumentalizar as políticas

ligadas ao meio ambiente e à saúde.

Nesse sentido, as informações geradas com esta investigação têm um

relevante significado, não apenas no âmbito das informações alcançadas, mas

também, no direcinamento para a necessidade de se articular ações interdisciplinares

e intersetoriais para o equacionamento de problemas ambientais que, por sua vez,

guardam estreita relação com a saúde humana e conseqüentemente com a qualidade

de vida.

A intersetorialidade é considerada um conceito-chave, significando a

integração entre vários setores do governo envolvidos, direta ou indiretamente, em

torno de problemas de saúde e ambiente.

Assim, considera-se que o presente trabalho através do qual interagiram

diferentes setores guvernamentais, é resultado do processo de interdisciplinaridade

que o setor saúde vem vivenciando ao longo dos últimos anos, mediante a

otimização dos mecanismos de articulação e integração setorial, permitindo a

geração de novos conhecimentos que possam instrumentalizar as ações da vigilância

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Considerações finais 115

das políticas públicas, em particular aquelas relacionadas ao meio ambiente, dentro

do contexto da saúde coletiva.

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