IMPACTO DA CIRURGIA LAPAROSCÓPICA NA ...€œPosso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado...
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RAQUEL SILVEIRA DA CUNHA ARAÚJO
IMPACTO DA CIRURGIA LAPAROSCÓPICA NA
QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM
ENDOMETRIOSE PROFUNDA INTESTINAL APÓS
QUATRO ANOS
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-
Graduação da Faculdade de Ciências Médicas da
Santa Casa de São Paulo para obtenção do Titulo
de Mestre em Pesquisa em Cirurgia
São Paulo
2013
RAQUEL SILVEIRA DA CUNHA ARAÚJO
IMPACTO DA CIRURGIA LAPAROSCÓPICA NA
QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES COM
ENDOMETRIOSE PROFUNDA INTESTINAL APÓS
QUATRO ANOS
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-
Graduação da Faculdade de Ciências Médicas
da Santa Casa de São Paulo para obtenção do
Titulo de Mestre em Pesquisa em Cirurgia.
Área de Concentração:
Anormalidades da Proliferação e Morte Celular
Orientador:
Prof. Dr. Paulo Augusto Ayroza Galvão Ribeiro
São Paulo
2013
FICHA CATALOGRÁFICA
Preparada pela Biblioteca Central da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo
Araújo, Raquel Silveira da Cunha Impacto da cirurgia laparoscópica na qualidade de vida de mulheres com endometriose profunda intestinal após quatro anos./ Raquel Silveira da Cunha Araújo. São Paulo, 2013.
Dissertação de Mestrado. Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo – Curso de Pós-Graduação em Pesquisa em Cirurgia.
Área de Concentração: Anormalidades da Proliferação e Morte Celular
Orientador: Paulo Augusto Ayroza Galvão Ribeiro 1. Endometriose/cirurgia 2. Laparoscopia 3. Qualidade de vida 4.
Seguimentos
BC-FCMSCSP/87-13
Dedicatória
DEDICATÓRIA
Para os meus pais, Antônio e Fátima,
que a partir do mais puro e verdadeiro amor me deram a vida...
A vocês que me ensinaram a trilhar os caminhos da vida com dignidade,
que me deram apoio incondicional nos momentos mais árduos,
que, se pudessem, sentiriam as minhas dores, mas sabiamente me fizeram enxergar
a melhor forma de lidar com elas,
que confiaram em mim,
que zelaram pela minha felicidade, nem que para isso precisassem ser rijos comigo,
que me fizeram sentir amada, não bastaria um muito obrigado...
A vocês dedico esta tese.
Sinto-me abençoada por ser um pedacinho de cada um de vocês e afortunada pela
criação e educação num lar de harmonia.
Eu amo vocês!
Agradecimentos
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador Prof. Dr. Paulo Augusto Ayroza Galvão Ribeiro, pela
colaboração, paciência e partilha dos seus conhecimentos. Toda minha admiração
por seu brilhantismo acadêmico serviu de grande inspiração para o meu
desenvolvimento profissional. Agradeço também pela confiança e amizade durante
este período que me incentivaram e tornaram a jornada prazerosa.
À Profa. Dra. Helizabet Salomão Abdalla Ayroza Ribeiro, por ter
participado ativamente da minha formação. Você pegou na minha mão e ensinou
detalhes preciosos que me tornaram uma profissional diferenciada... Eu só posso lhe
agradecer eternamente pelo tesouro que me foi cedido. Como se não bastasse, tive
o privilégio de partilhar uma bela amizade. Sempre será memorável para mim cada
etapa da convivência, as cirurgias, as aulas, as repreensões oportunas, os cafés e
os sábios conselhos dessa mulher forte e guerreira.
À Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, por ter me
proporcionado a chance de ser mestre.
À Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, por ter me
recebido de braços abertos e me adotado como uma verdadeira filha no momento
da residência médica.
À Profa. Dra. Sônia Maria Rolim Rosa Lima, pelas considerações e críticas
construtivas no momento da qualificação que me auxiliaram na finalização do
trabalho.
Ao Prof. Dr. Antônio Pedro Flores Auge, pela participação e sugestões
precisas no momento da qualificação que indubitavelmente enriqueceram meu texto.
Às pacientes, pois sem vocês o crescimento da medicina não seria possível.
Obrigada pela paciência, contribuição e colaboração no trabalho, pela disposição em
responderem os questionários e postarem no correio.
Agradecimentos
Aos colegas Beatriz Porto, Guilherme Karam, Fábio Sakae e Ruy
Machado, com os quais compartilhei meus momentos de angústia relacionados ao
mestrado, retirei minhas dúvidas e recebi apoio total e irrestrito de todos.
Às minhas amigas Son Chen, Sofia Martins, Breila Carla, Tatiana
Lourenção, Larissa Melo, Lucila Ayumi, Fernanda Luíza, Fernanda de Almeida,
Renata Borges, Renata Lemos... Foi um imenso prazer ter conhecido e convivido
com vocês! Obrigada por todos os momentos vividos, por cada plantão, pelo apoio
nos períodos que achei que não conseguiria seguir em frente, pelas risadas juntas,
pelos jantares do “clube da luluzinha”, os desabafos, as saídas... Morro de
saudades!
Aos Residentes Ana Luisa, Fábio e Raquel, pelo estímulo ao estudo e
crescimento diário em conjunto.
Aos meus irmãos Rafaela e Henrique, pela torcida, amizade e apoio sempre.
Porque nos amamos sinceramente e queremos sempre ver nossas estrelas
brilharem. Aproveito e agradeço também à minha querida cunhada Sabina, pelos
conselhos e incentivo nessa caminhada.
Ao Marco Túlio, que se fez presente na minha vida na reta final dessa
caminhada e se mostrou um gigante no apoio à conclusão desta etapa. Em você
encontrei o amor, a identificação de um casal, o companheirismo e a esperança de
uma estrada de sucesso.
À Marina e Vinícius, pelo carinhoso acolhimento a cada ida a São Paulo para
resolver os assuntos da tese na fase final.
À Adriana, melhor instrumentadora que já conheci, por compartilhar seus
conhecimentos, passar as dicas, por ser um exemplo de responsabilidade e pela
nossa amizade.
À Gabrielle, Ediene e Cessi, pelo apoio, simpatia e paciência. O dia-a-dia se
torna mais fácil de viver com pessoas como vocês.
Agradecimentos
À Ilka de Castro, pela grande amizade construída no meu retorno a João
Pessoa. Você foi como um anjo que apareceu no momento em que tudo me parecia
obscuro na vida pessoal e profissional, e deu apoio total, incondicional e irrestrito
para me ver feliz.
A toda a equipe do HULW (UFPB), em especial Dr. Moisés Diogo, pela
torcida e incentivo à conclusão do meu mestrado.
Ao estatístico Marcos Maeda, por tornar fácil a compreensão dos números do
meu trabalho; à Celina e ao Marco, pela eficiência na diagramação do meu texto e
disposição a me ajudar mesmo com prazos curtos; à Sadia, Daniel e Sueli, que
ajudaram na caminhada.
Às pessoas que fizeram parte da minha vida no início da caminhada, que me
incentivaram e deram forças, mas por conta do destino já não estão presentes no
meu cotidiano...
À Luna e Dalila, por fazerem jus à titulação de melhores amigos do homem,
esperando apenas o carinho, sem cobranças e cheias de amor para dar.
Citação
“Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes,
mas não me esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo
e que posso evitar que ela vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios,
incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e tornar-se um autor da própria
história.
É atravessar desertos fora de si,
mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um "não".
É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."
(Fernando Pessoa)
Abreviaturas e Símbolos
ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
BP - Dor
EHP-30 - Endometriosis Health Profile Questionnaire 30
EHP-5 - Endometriosis Health Profile Questionnaire 5
EP - Endometriose profunda
GH - Estado geral de saúde
MH - Saúde mental
MOS - Medical Outcomes Study
OMS - Organização Mundial de Saúde
PF - Capacidade funcional
QOL - Qualidade de vida
QVLS - Qualidade de vida ligada à saúde
RP - Aspectos físicos
RE - Aspectos emocionais
SF - Aspectos sociais
SF-36 - Short-Form 36
SF-20 - Short Form 20
SF-12 - Short Form 12
SF- 8 - Short Form 8
VAS - Visual analogue score
VT - Vitalidade
Sumário
SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 1
1.1 - Revisão de Literatura - Qualidade de vida ................................................ 7
1.1.1– O questionário SF-36 ......................................................................... 10
1.1.2– Qualidade de vida e endometriose profunda intestinal..................... 12
2. OBJETIVO ........................................................................................................ 17
3. CASUÍSTICA E METODOS .............................................................................. 19
3.1. Dados epidemiológicos .............................................................................. 20
3.2. Métodos ..................................................................................................... 22
3.2.1. Coleta de dados .................................................................................. 22
3.2.2. Questionário Brasil SF-36 ................................................................... 22
3.3. Métodos estatísticos .................................................................................. 23
4. RESULTADOS .................................................................................................. 25
5. DISCUSSÃO ..................................................................................................... 35
6. CONCLUSÃO ................................................................................................... 49
7. ANEXOS ........................................................................................................... 51
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 56
FONTES CONSULTADAS ............................................................................... 67
RESUMO............................................................................................................ 69
ABSTRACT ....................................................................................................... 71
APÊNDICE ........................................................................................................ 73
1. INTRODUÇÃO
Introdução
2
Endometriose é uma afecção ginecológica crônica com relatos iniciais desde
1869, quando Rokitanski observou tecido endometrial fora do útero em material de
necropsia. Por volta de 1887, Pfannenstiel descreveu a presença de endometriose
no septo retovaginal e Russel relatou a localização ovariana. Mas só em 1921 houve
despertar mundial para a endometriose, quando Sampson a definiu como “presença
ectópica de tecido que possui estrutura histológica e funcional da mucosa uterina”[1],
conceito que se mantém atual. Apesar de descrita há mais de um século,
permanece um enigma quanto ao seu início, persistência e progressão.
Várias teorias foram aventadas para explicar a endometriose, mas nenhuma
delas explica por completo isoladamente. Primeiramente, a teoria da metaplasia
celômica determinava que a endometriose originava-se da metaplasia in situ do
mesotélio seroso[2]. A mais aceita foi a do refluxo menstrual, proposta por Sampson,
em que o sangue refluído através das trompas se implantaria no peritônio e órgãos
pélvicos[1]. A teoria da disseminação hematogênica e linfática explicaria os focos à
distância[3]. Em 1942 foi proposta a indução de células indiferenciadas em tecido
endometrial como a teoria da indução[4]
e, por fim, a teoria imunológica justificaria a
deficiência na eliminação da célula endometriótica de localização não usual[5].
Quando esse tecido endometrial ectópico invade estruturas anatômicas e
órgãos por mais de 5 mm além do peritônio, definimos como endometriose profunda
(EP)[6]
, que em estágios avançados pode causar distorção da anatomia pélvica[7]
. As
formas de apresentação da endometriose podem apresentar diferenças estruturais,
morfométricas e histoquímicas entre os locais de acometimento, seja peritoneal,
ovariano ou do septo retovaginal[8].
Estima-se que cerca de 6% a 10% da população feminina em idade
reprodutiva padeça de endometriose, com maior frequência na terceira década de
Introdução
3
vida[9], e 20% a 30% destas apresentam a forma profunda[10]. Sua prevalência varia
de acordo com a população estudada, podendo alcançar 16% em mulheres
assintomáticas e até 30% em mulheres inférteis[11].
Os números atuais mostram a existência de 176 milhões de mulheres
afetadas por endometriose ao redor do mundo[12]. No Brasil, de acordo com dados
do Ministério da Saúde, mais de seis milhões de mulheres tem endometriose. Alguns
registros epidemiológicos sugerem aumento gradual na incidência de endometriose
devido a fatores ambientais[13], além de possivelmente relacionado à diminuição das
taxas de gestação e aumento do número de ciclos menstruais, como reflexo da
adaptação das mulheres à vida moderna[14].
O envolvimento intestinal é designado quando há acometimento de pelo
menos a camada muscular da parede do intestino, enquanto que o envolvimento
apenas da serosa ainda é considerado lesão peritoneal superficial[15] e se associa
em 80% dos casos à tríade dismenorreia, dispareunia e sintomas intestinais[16]. A
endometriose intestinal ocorre em 3,8% a 37% dos casos, sendo a localização
colorretal responsável por 70%-93% de todas as formas intestinais[17]
.
Quanto à histologia, os nódulos de endometriose profunda diferem da
endometriose peritoneal e ovariana, uma vez que os nódulos contêm grande
proporção de tecido fibroconjuntivo (41%) e fibras musculares lisas (35%), quando
comparados com aqueles constituídos por epitélio e estroma endometriais[18]
.
Na presença de endometriose pélvica, a taxa de fecundidade mensal parece
reduzir em torno de 50%[19]. A relação entre endometriose e infertilidade ainda não é
muito clara, mas a incidência de endometriose em mulheres inférteis é maior do que
48%, enquanto na população geral é em torno de 5% a 15%[20]. Além disso,
Introdução
4
acredita-se que a presença de endometrioma com alteração estrutural do tecido
ovariano pode ser a causa de diminuição da reserva folicular[21].
O mecanismo fisiopatológico permanece incerto até a atualidade e suas
formas de apresentação são variadas[22]. Em 2011, foram selecionados tópicos de
interesse para maiores pesquisas que provavelmente atuam na patogênese da
endometriose, tais como: fatores ambientais (dioxina, dietilbestrol, poluentes
organoclorados); desregulação imunológica dos linfócitos T e B; associação com
doenças autoimunes; resposta imune e inflamatória envolvendo interleucina-6 (IL-6),
interleucina-10 (IL-10), interferon (IFN) e fator de crescimento de transformação beta
(TGF-b); estresse peritoneal oxidativo; presença de fibras nervosas nas lesões
endometrióticas; fatores angiogênicos e linfangiogênicos; redução de fatores
apoptóticos e aumento de fatores antiapoptóticos[23].
Apesar de alguns autores defenderem que a dor varia de acordo com a
profundidade das lesões, observou-se a ausência de correlação direta entre o
estágio da endometriose e a intensidade de seus sintomas[24]. Há um grande número
de mulheres assintomáticas, mesmo com quadro de endometriose grave[25]
.
Os sintomas mais associados a esta doença incluem dismenorreia, dor
pélvica crônica, dispareunia, infertilidade, alterações urinárias e intestinais durante o
ciclo menstrual, o que evidencia o seu caráter hormônio-dependente[26,27]. As
manifestações intestinais podem ser explicadas pela fixação do reto no colo uterino
ou fórnice vaginal, estenose retal, micro-hemorragias cíclicas e inflamação na
parede retal que provavelmente agem como fator irritante, causando aumento do
peristaltismo, disquezia e sensação de esvaziamento retal incompleto[28].
Não há diretrizes para o diagnóstico de certeza na suspeita da endometriose
intestinal[17]. Muitos advogam o uso da ressonância magnética e ultrassonografia
Introdução
5
transvaginal como métodos eficazes, mas seus benefícios dependem da
disponibilidade e experiência dos operadores[29]. A ultrassonografia transretal
também pode ser um método não invasivo útil no diagnóstico da endometriose
intestinal com alta sensibilidade[30,31].
A terapia hormonal com amenorreia por vários meses é capaz de reduzir o
nódulo de endometriose em até 30%[32,33]. A limitada eficácia das terapias
medicamentosas foi constatada por vários autores[34-36]. Provavelmente, a escassa
resposta se explica pela histologia do nódulo profundo, já que apenas 20% a 30% de
sua composição é de tecido epitelial endometrial, enquanto mais de 60% é
composto por tecido muscular liso e fibrose, os quais são insensíveis à terapia
hormonal[37].
A cirurgia é essencial no diagnóstico e tratamento da doença e, com o
desenvolvimento de técnicas cirúrgicas minimamente invasivas, a laparoscópica
constitui o padrão ouro no manejo da endometriose[39].
Abbott et al demonstraram que o tratamento laparoscópico com excisão dos
focos de endometriose foi mais eficaz que o placebo na redução da dor pélvica e
melhora da qualidade de vida, num seguimento de doze meses[38].
Muitos preconizam a terapia medicamentosa na prevenção de recorrências
em mulheres que foram submetidas à completa excisão de lesões macroscópicas de
endometriose[40]
, vez que já foi demonstrado que o tratamento hormonal contínuo
com amenorreia após cirurgia pode prevenir o retorno das dores[41], não esquecendo
que é difícil, senão impossível, fazer distinção entre recorrência e progressão de
doença residual[28]. Quando um controle eficiente da dor e sintomas digestivos é
alcançado apenas com terapia medicamentosa contínua, o tratamento cirúrgico
pode ser adiado para o longo prazo ou até mesmo evitado[28].
Introdução
6
O tratamento cirúrgico com ressecção completa dos focos de endometriose,
inclusive com ressecção intestinal parece melhorar a qualidade de vida e os índices
de fertilidade[35,36,42-50], mas ainda faltam dados na literatura quanto ao
acompanhamento a longo prazo destas pacientes.
Antes da escolha da melhor técnica cirúrgica no tratamento da endometriose
intestinal, é importante levar em consideração a sua multifocalidade (lesões a menos
de 2cm da principal lesão) e o envolvimento multicêntrico (presença de lesões de
endometriose além de 2cm da principal lesão)[51]. A escolha pela técnica com
ressecção intestinal é baseada na retirada completa dos focos de endometriose,
suportada pelo argumento de que a excisão discoide não removeria a doença, já
que não seguiria o padrão oncológico de tratamento[52]. Os que advogam a técnica
conservadora têm como justificativa a redução de riscos envolvidos na ressecção
colorretal, como complicações pós-operatórias e aumento na taxa de alterações
funcionais digestivas e urinárias[53].
Ainda fica pouco claro se a inclusão das pacientes para cada tipo de cirurgia
está baseada em evidências a cerca do procedimento ou na rotina e experiência do
cirurgião em cada tipo de abordagem[54,55].
Por ser uma condição benigna com tendência limitada à progressão e como o
tratamento cirúrgico não é isento de riscos, a decisão de submeter a paciente a esse
tratamento merece ser ponderada. Deve-se levar em consideração as necessidades
de cada paciente, as características da lesão e a morbidade operatória em mulheres
jovens e ativas[48,56,57].
Introdução
7
1.1. Revisão de Literatura - Qualidade de vida
A expressão qualidade de vida foi utilizada pela primeira vez associada à
economia por Lyndon Johnson, em 1964, data em que começou o seu mandato de
presidente dos Estados Unidos, ao afirmar que os objetivos da economia não
podiam ser medidos através do balanço dos bancos, mas através da qualidade de
vida que proporcionam às pessoas. Mais tarde, em 1976, Augus Campbell
considerava que a qualidade de vida é “… uma vaga e etérea entidade, algo sobre a
qual muita gente fala, mas que ninguém sabe claramente o que é”[58].
A relação entre saúde e qualidade de vida existe desde o nascimento da
medicina social, nos séculos XVIII e XIX, quando investigações sistemáticas
começaram a dar subsídios para políticas públicas e movimentos sociais. A
expressão qualidade de vida ligada à saúde (QVLS) é definida por Auquier et al
(1997) como o valor atribuído à vida, ponderado pelas deteriorações funcionais; as
percepções e condições sociais que são induzidas pela doença, agravos,
tratamentos; e a organização política e econômica do sistema assistencial.
Conduzir o quadro clínico através de diagnóstico e tratamento, com resultado
medido por indicadores objetivos, como morbidade e mortalidade, tornou-se uma
avaliação incompleta. A qualidade de vida modificou a percepção de melhora,
abrangendo o aspecto de saúde física e emocional[59]
.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) define qualidade de vida como a
“percepção do indivíduo sobre a sua posição na vida, de acordo com o contexto
cultural e os sistemas de valores nos quais vive e em relação aos seus objetivos,
expectativas, padrões e preocupações”[60].
Com a necessidade de normatizar a avaliação, surgiram os questionários de
Introdução
8
qualidade de vida. Estes buscam englobar em uma única entrevista as diferentes
faces do paciente e comparar o impacto de diferentes doenças, tratamentos e
situações sobre sua vida[61].
Cada vez mais existem definições e instrumentos variados de avaliação, o
que é comprovado por Costa Neto, que em 1998 identificou 450 instrumentos de
avaliação da qualidade de vida, dos quais 322 só começam a aparecer em
bibliografia depois dos anos 80[62]. Poucos anos depois, já se identificavam mais de
1000 instrumentos[63].
Com o passar do tempo, a qualidade de vida é cada vez mais alvo de estudo
e reflexão, além de ser encarada numa perspectiva multidimensional: biológica,
psicológica, econômica e cultural, uma vez que a qualidade de vida depende destes
fatores e é subjetiva[64].
Os métodos de avaliação da qualidade de vida são constituídos por
determinado número de itens, que agrupados constituem um domínio, o qual reflete
o comportamento que se pretende mensurar. Um questionário de qualidade de vida
deve ter a capacidade de avaliar os domínios que influenciam a condição de saúde
analisada e possuir uma medida que os integre, de forma a permitir uma avaliação
completa da qualidade de vida[65].
Os instrumentos de avaliação da qualidade de vida, objetivando a fomentação
de resultados fidedignos, devem possuir algumas propriedades psicométricas, tais
como: confiabilidade, validade e responsividade. A confiabilidade é verificada
através da avaliação da consistência interna do instrumento, ou seja, quando os
resultados de aplicações repetidas deste, em indivíduos estáveis, apresentam
resultados semelhantes. A validade de um instrumento é obtida a partir do momento
em que se constata que este é capaz de mensurar as variáveis a que este se propõe
Introdução
9
a avaliar. A responsividade, por sua vez, representa a capacidade de um
instrumento detectar mudanças em uma determinada população[66].
A escolha de um instrumento de avaliação da qualidade de vida é um ponto
crucial da pesquisa, pois uma escolha errada pode inviabilizar o estudo. Para tanto,
é preciso estar atento a alguns detalhes, como a definição inicial do objetivo da
avaliação, que pode descrever a qualidade de vida de um grupo, comparar a
qualidade de vida entre dois grupos, avaliar o resultado de um tratamento ou possuir
outros propósitos. É igualmente importante saber se o instrumento fora testado em
populações similares àquelas em que se pretende aplicá-lo. Também é pertinente
ter ciência se o instrumento apresenta propriedades psicométricas satisfatórias, e,
caso tenha sido traduzido e adaptado culturalmente, se este processo foi realizado
de forma precisa e correta[67].
Outro fator importante na avaliação da qualidade de vida é o modo de
aplicação dos instrumentos, que pode ocorrer por meio de entrevistas, por telefone,
por correio, pela internet, pode ser autoadministrável ou ser preenchido por uma
terceira pessoa[68]
.
No que diz respeito à classificação quanto ao foco, os instrumentos de
avaliação da qualidade de vida podem ser genéricos, específicos e modulares. Os
genéricos são compostos por questões gerais e podem ser aplicados em diversos
contextos. Os específicos avaliam aspectos próprios, característicos de uma
determinada doença, população, função ou problema específico. Os modulares
combinam características dos aspectos genérico e específico. Esses possuem um
módulo central de questões (genérico), aplicável a diversas populações, além de um
módulo secundário de questões (específico), direcionado a uma avaliação
específica[68].
Introdução
10
Até agora, o único questionário validado específico para endometriose é o
Endometriosis Health Profile Questionnaire (EHP-30) e sua forma reduzida (EHP-5),
que permite comparações entre queixas de endometriose relacionadas à qualidade
de vida entre diferentes grupos étnicos e de diferentes regiões geográficas[69], porém
ainda não tem sido utilizado mundialmente com tanta frequência quanto o
questionário genérico SF-36[26].
1.1.1. O Questionário SF-36
O questionário Short-Form 36 foi criado na década de 80 por Anita Stewart,
Ron Hays e John Ware, em Boston, EUA. É uma forma resumida do Medical
Outcomes Study (MOS), que contém 116 itens referentes à saúde geral, física e
mental e foi fruto de um estudo conduzido entre 1986 e 1987 para avaliação de
pacientes portadores de enfermidades crônicas[59]. A partir deste questionário,
derivaram outras formas abreviadas do mesmo: o Short Form 20 (SF-20), de 1988, o
Short Form 36 (SF-36), de 1992, e o Short Form 12 (SF-12) de 1996, além do Short
Form 8 (SF-8)[70].
Oito conceitos de saúde foram selecionados a partir de 40 incluídos no
Medical Outcomes Study (MOS)[71]. Os escolhidos representam os conceitos mais
frequentemente medidos em inquéritos de saúde amplamente utilizados e os mais
afetados pela doença e tratamento[72,73]. Este questionário pode ser definido como
uma ferramenta genérica de avaliação da qualidade de vida, fazendo uso de
conceitos não específicos para uma determinada idade, doença ou grupo de
tratamento e permitindo ainda comparações entre estes[74].
Introdução
11
O SF-36 foi traduzido e validado para uso no Brasil em 1997 por Ciconelli et al
e sua adequação às condições sociais, econômicas e culturais de nossa população.
Demonstrando reprodutibilidade e validade, tornou-se um parâmetro adicional útil na
avaliação de doenças, seja para pesquisa ou assistência[61].
Trata-se de ferramenta multidimensional, formada por 36 itens que se unem
em oito escalas, componentes ou domínios: capacidade funcional-PF (10 itens),
aspectos físicos-RP (4 itens), dor-BP (2 itens), estado geral da saúde-GH (5 itens),
vitalidade-VT (4 itens), aspectos sociais-SF (2 itens), aspectos emocionais-RE (3
itens) e saúde mental-MH (5 itens), havendo também a questão comparativa entre o
estado de saúde atual e o do ano anterior. Essas oito escalas definem dois grupos
diferentes de avaliação: a saúde física e mental[61]. Os domínios PF, RP e BP
estiveram fortemente associados aos componentes físicos e SF, RE e MH estiveram
mais relacionados aos componentes mentais. GH e VT apresentaram correlação
tanto com os componentes físicos como mentais. O cálculo para obtenção de um
valor único dos sumários dos componentes físicos e mentais ainda não foi validado
no Brasil.
Acredita-se na atualidade que o questionário de qualidade de vida SF-36 seja
a medida de avaliação de estado de saúde mais utilizada em todo o mundo. Foi
traduzido e validado em mais de 60 países e presente em mais de 4.000
publicações, estudando e comparando mais de 200 doenças e condições
diferentes[65].
Os itens são analisados individualmente, posteriormente agrupados em
dimensões e transformados numa escala de 0 a 100 de acordo com os métodos
publicados anteriormente (www.sf-36.org), onde zero corresponde ao pior estado
geral de saúde e cem ao melhor estado geral de saúde. Não existe um único escore
Introdução
12
que reflita a avaliação completa, devendo todos ser interpretados em paralelo e não
como média. Os escores são apresentados ao término em Raw Scale, cujo valor
final não representa unidade de medida[61,65].
Os escores da população geral variam entre 80 e 100 e os próximos a 50
indicam condição mediana de saúde e qualidade de vida[75].
1.1.2. Qualidade de vida e endometriose
Dor crônica é a queixa mais comum entre as portadoras de endometriose.
Além do sofrimento físico, a doença também está associada à infertilidade, redução
das atividades, isolamento social, baixo rendimento no trabalho e interferência nas
relações afetivas e familiares[69,76-78].
A infiltração profunda pélvica e intestinal da endometriose é menos frequente,
mas por causar queixas importantes como diarreia, constipação, tenesmo,
disquezia, sangramento retal, mudança de hábito intestinal, obstrução intestinal e
até perfuração intestinal, torna-se uma das principais responsáveis por interferir
negativamente na qualidade de vida[48].
As evidências indicam que a intensidade da dor associada à endometriose
não ocorre apenas em função do estadiamento da doença, do tempo de
manifestação dos sintomas, mas influenciada por diversas outras variáveis, como
fatores psicossociais[75].
O impacto negativo na qualidade de vida não se restringe apenas ao
desconforto físico e psicológico da paciente, mas inclui fatores objetivos e
financeiros, como a diminuição da produtividade destas e os altos custos do
tratamento. Recentemente, estudo multicêntrico realizado em 12 centros terciários e
Introdução
13
10 países diferentes, incluindo 909 pacientes, avaliou o impacto financeiro ao qual a
endometriose está associada e observou que o custo total anual de cada paciente é
em torno de 9.579 euros, com intervalo de confiança 95% variando de 8.559 a
10599 euros, sendo que deste total, 6.298 euros são perdidos por diminuição da
produtividade dessas mulheres e 3.113 euros são destinados a cuidados com a
saúde. Este estudo demonstrou que o ônus econômico associado à endometriose
em centros de referência é alto e se aproxima aos gastos comparados às doenças
crônicas, como diabetes, artrite reumatoide e Doença de Crohn[96].
A média de atraso na identificação da endometriose é de 6,7 anos, tempo
este que as pacientes sofrem com a angústia de não ter um diagnóstico ou ter suas
queixas desvalorizadas[79,80].
Uma vez feito o diagnóstico, observa-se uma relativa ineficácia da terapia
medicamentosa, o que interfere negativamente na qualidade de vida[82]. O
tratamento cirúrgico atenua a dismenorreia, dispareunia, dor pélvica crônica e
disquezia[7,77,83,84], mas existe o risco de complicações inerentes ao tratamento
radical da endometriose profunda intestinal, que varia entre 4% a 6% dos casos[85]
,
incluindo o alto risco de desordens neurológicas dos órgãos acometidos[86].A excisão
laparoscópica dos focos de endometriose mostrou-se eficaz em reduzir os
parâmetros de dor[10,34-36,56].
Não houve correlação entre a presença de margens positivas da peça retirada
no tratamento cirúrgico com ressecção intestinal e piora dos sintomas, qualidade de
vida e taxas de recorrência. A persistência microscópica de focos poderia ser
teoricamente responsável por uma diminuição da efetividade cirúrgica, mas não há
evidência que lesões residuais possam progredir e desenvolver sintomas[87].
Introdução
14
Analisando a qualidade de vida, observou-se impacto positivo quando as
mulheres portadoras de endometriose profunda intestinal foram submetidas ao
tratamento cirúrgico laparoscópico com ressecção intestinal[43,44,49,78,88-90].
Darai et al, em ensaio clínico randomizado, demonstraram que o tratamento
laparoscópico da endometriose com ressecção intestinal apresentou melhora nos
sintomas e qualidade de vida semelhante às taxas de melhora no tratamento
laparotômico, porém com menor uso de analgésicos, menores complicações e
melhores taxas de gestação espontânea após o tratamento[91].
O acompanhamento das pacientes deve ser individualizado, levando em
consideração o impacto da doença e do tratamento na dor, fertilidade e qualidade de
vida[22], ressaltando que o tratamento cirúrgico é considerado de primeira escolha
para as formas mais graves de endometriose[93].
A cirurgia conservadora para endometriose intestinal utilizando a técnica da
nodulectomia parece ser uma boa opção, visto que preserva a anatomia dos órgãos,
nervos e suprimento sanguíneo, além de um maior número de gestações
posteriores, baixas taxas de complicações e recorrências. Tais fatores confluem para
uma melhora na qualidade de vida dessas mulheres[95].
Quanto à radicalidade da cirurgia, atualmente é questionada sua real
necessidade, vez que existem evidências da melhora da qualidade de vida, mesmo
em pacientes que tiveram ressecções com margens comprometidas[87]
.
Em estudo prospectivo, Meuleman et al (2013) observaram que a cirurgia
radical realizada com equipe multidisciplinar, incluindo cirurgião ginecológico,
coloproctológico e urologista, apresenta um significante alívio da dor, melhora na
qualidade de vida e satisfação sexual[93].
Introdução
15
Abbott et al[78], Roman et al[53] e Moawad et al[113], utilizando instrumentos
diferentes para estimar a qualidade de vida após o tratamento laparoscópico da
endometriose, com tempos médios de acompanhamento de 38,4, 36,83 e 41,27
meses, respectivamente, constataram efeito positivo na qualidade de vida das
pacientes acometidas pela doença.
Nesse contexto, o uso de questionários que avaliam a qualidade de vida
permite o conhecimento amplo do indivíduo que transcende aos aspectos biológicos,
embora não exista um padrão-ouro. A utilização do questionário SF-36 pode ser
uma ferramenta útil na seleção das pacientes que seriam mais beneficiadas com a
cirurgia. Certamente, pacientes com escore de componente físico abaixo de 37,5 e
escore de componente mental abaixo de 44,5 têm alta probabilidade de obter
melhora na qualidade de vida[89]. Mulheres brasileiras com endometriose
apresentaram baixa qualidade de vida quando avaliadas pelo questionário SF-36[81].
Diante do exposto, o presente estudo se propõe à avaliação tardia da
qualidade de vida, por meio do questionário SF-36, em pacientes com endometriose
profunda submetidas ao tratamento laparoscópico com ressecção intestinal. A
maioria dos dados publicados evidencia o efeito positivo da cirurgia no seguimento
pós-operatório, porém esses resultados em sua grande maioria referem-se a
avaliações precoces e de no máximo 12 meses após a cirurgia[43,49,81,89,90,97]. Nosso
estudo inclui pacientes com pelo menos 48 meses de pós-operatório, o que nos
permitirá avaliar se os benefícios são duradouros ou não e contribuir com dados
inéditos para a literatura.
16
2. OBJETIVO
17
Objetivo
Avaliar o impacto tardio na qualidade de vida de mulheres submetidas ao
tratamento cirúrgico laparoscópico para endometriose profunda com acometimento
intestinal.
18
3. CASUÍSTICA E MÉTODOS
19
Casuística e Métodos
Foi realizado um estudo observacional tipo coorte prospectivo através da
aplicação do questionário de qualidade de vida Short-Form 36 (SF-36) em pacientes
submetidas ao tratamento cirúrgico laparoscópico para endometriose profunda com
acometimento intestinal.
Antes da cirurgia, todas as pacientes realizaram ressonância magnética e
ultrassom transretal como exames diagnósticos. Todas as cirurgias foram realizadas
pelo mesmo cirurgião, com retirada de todos os focos de endometriose, inclusive
ressecção intestinal em todas as pacientes no período de junho de 2007 a setembro
de 2008.
O trabalho foi aprovado pelo comitê de ética da Irmandade da Santa Casa de
Misericórdia de São Paulo (número do Parecer: 56444) e o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido foi obtido das pacientes antes da aplicação do questionário
(Apêndices 1 e 2).
Todas as mulheres com tempo de pós-operatório para endometriose profunda
com ressecção intestinal de pelo menos quatro anos, que já tivessem avaliação pré-
operatória com entrevista individual para aplicação do questionário SF-36, aplicação
do SF-36 através dos correios realizada 12 meses após a cirurgia e que tivessem
capacidade de resposta ao questionário foram incluídas no trabalho, totalizando 40
pacientes. Quatro pacientes com as quais não foi possível contato foram excluídas.
Os questionários foram aplicados prospectivamente e as respostas armazenadas
em banco de dados.
3.1. Dados epidemiológicos
A idade das pacientes variou entre 28 anos e 47 anos, com média de 39,03
anos (desvio padrão de 5,1). O peso das pacientes variou de 45 kg a 88 kg, com
20
Casuística e Métodos
média de 67,44 kg (desvio padrão de 10,55), e o IMC oscilou entre 18 e 32, com
media de 24,83 (desvio padrão de 3,1).
Quanto à distribuição racial houve, na amostra, 28 mulheres da raça branca
(77,77%), duas orientais (5,55%) e seis negras (16,66%). Vale lembrar que em
nosso trabalho não diferenciamos o impacto da endometriose sobre estes diferentes
grupos raciais. Sendo assim, não foi realizado estudo para diferenciação genética da
população da amostra.
Dentre as pacientes avaliadas 48 meses após a cirurgia, 11 referiam
dismenorreia (30,6%), sete dispareunia (19,4%), três (8,3%) relatavam dor ao
evacuar e 17 referiam alteração do hábito intestinal (46,2%), destas 11
apresentavam constipação e seis, diarreia.
Sete pacientes (19,4%) foram submetidas a novo procedimento cirúrgico por
quadro álgico, mas não obtivemos dados a cerca do diagnóstico intraoperatório.
Vinte e duas (61,1%) pacientes estavam em uso de medicação hormonal para
bloqueio do ciclo.
Segue abaixo apresentação dos dados demográficos na Tabela 1.
TABELA 1 - Dados demográficos das pacientes com endometriose profunda
submetidas ao tratamento laparoscópico (Santa Casa de São Paulo, 2013).
VARIÁVEL VALOR Idade (anos) (média ± desvio padrão) 39,03 ± 5,1 Peso (Kg) (média ± desvio padrão) 67,44 ± 10,55 IMC (média ± desvio padrão) 24,83 ± 3,1 Raça Branca 28 (77, 7%) Negra 2 (5, 55%) Oriental 6 (16, 6%) Dismenorreia 11 (30, 6%) Dispareunia 7 (19, 4%) Disquezia 3 (8, 3%) Alteração do hábito intestinal 17 (47, 2%) Uso de medicação hormonal 22 (61, 1%) Nova cirurgia por dor 7 (19, 4%)
21
Casuística e Métodos
3.2. Métodos
3.2.1. Coleta de dados
Realizou-se a seleção das pacientes e a obtenção dos dados das mesmas
baseada em trabalho anteriormente realizado neste serviço[49], seguido de contato
telefônico para confirmação de dados das pacientes, envio de questionário e termo
de consentimento pelos correios com aviso de recebimento.
As pacientes receberam o questionário em casa e foram orientadas a
aguardar nova ligação para responder o questionário com o auxílio da autora, caso
fosse necessário. Uma vez respondido, as pacientes enviaram o questionário e
termo de consentimento assinado via correio por envelope selado que havia sido
enviado previamente pela autora para que as pacientes não tivessem custos.
3.2.2. Questionário Brasil SF-36
A qualidade de vida neste trabalho foi mensurada através do Questionário SF-
36, o qual teve suas características detalhadas na introdução do texto (Apêndice 3).
A primeira etapa realizada no cálculo dos escores do questionário foi a
ponderação dos dados, onde se atribuiu o valor predeterminado a cada item das 11
questões. Após a pontuação dos 36 itens, 35 são agrupados em oito diferentes
domínios e um item corresponde à questão dois, que não faz parte do cálculo de
nenhum domínio.
A Capacidade Vital (domínio 1) é composta pela questão três; Aspectos
Físicos (domínio 2) pela questão 4; Dor (domínio 3) pelas questões sete e oito;
Estado Geral de Saúde (domínio 4) pelas questões um e 11; Vitalidade (domínio 5)
22
Casuística e Métodos
pelos itens a, e, g, i da questão nove; Aspectos Sociais (domínio 6) pelas questões
seis e 10; Aspectos Emocionais (domínio 7) pela questão 5, e Saúde Mental
(domínio 8) pelos itens b, c, d, f, h da questão nove.
Em seguida, procedeu-se o cálculo do Raw Scale. Nesta fase, transformamos
o valor das questões anteriores em notas, através da equação construída na
validação do questionário no Brasil para o cálculo de cada domínio. Nesta fórmula,
do valor obtido nas questões correspondentes subtrai-se o limite inferior e multiplica-
se o resultado por 100. O próximo passo é a divisão do valor final pela variação
(Score Range). Os valores do limite inferior e do Score Range utilizados foram
previamente determinados no trabalho de validação anterior[61] (Apêndice 4).
Para cada domínio foi atribuída uma pontuação de 0 a 100, onde zero é a pior
qualidade de vida e 100, a melhor.
3.3. Métodos estatísticos
Os dados foram coletados e armazenados utilizando o software Excell-2007,
o qual realizou ainda o cálculo dos resultados finais para cada domínio e Raw Scale.
Foi realizado cálculo de tamanho amostral, com uma amostra mínima
necessária de 23 casos para um nível de significância alfa de 5% e poder do teste
de 80% (beta de 20%).
Para os dados demográficos calculou-se a frequência absoluta e relativa, a
média, o desvio padrão e o intervalo de confiança quando indicado.
O teste de Komolgorov-Smirnov avaliou a distribuição normal desta variância.
Para a análise estatística dos resultados obtidos foi utilizado o teste de
ANOVA (análise de variância).
23
Casuística e Métodos
Quando o ANOVA foi significante, fez-se uso das comparações múltiplas de
Tukey para obter as diferenças e estabelecer a hierarquia entre os momentos
quanto à resposta de cada domínio.
O nível de significância dos testes foi de 5%.
24
4. RESULTADOS
25
Resultados
As 36 mulheres responderam o questionário em diferentes momentos e
comparou-se os resultados dos domínios a cada período, sendo o período pré-
operatório, T0; o período um ano após a cirurgia, T12; e o período quatro anos após
a cirurgia, T48.
A análise descritiva dos dados relativos à Capacidade Vital (Domínio 1/SF-36)
demonstrou resultados iniciais (T0) com média de 33,19 (range 100). Aos 12 meses
de seguimento (T12) a média foi de 93,19 (range 30) e aos 48 meses (T48) de 85,56
(range 70).
A análise estatística destes resultados, comparando os tempos T0, T12 e
T48, evidenciou diferenças significantes na comparação entre T0 e T12 (p=0,001) e
entre T0 e T48, enquanto entre T12 e T48 não foi evidenciada diferença significante
(p=0,336) (Tab. 2).
TABELA 2 - Análise da Capacidade Vital (Domínio 1/SF 36) em mulheres portadoras de endometriose profunda submetidas a tratamento laparoscópico e seguimento de 12 meses e 48 meses (Santa Casa de São Paulo, 2013).
N=36 MOMENTO
T0 T12 T48
Média 33,19 93,19 85,56
Mediana (range) 20,00 95,00 90,00
Desvio padrão 35,32 9,04 16,85
IC 95% 11,70 2,99 5,68
Teste de ANOVA (p)<0,0001 * Significante. Por meio de comparações múltiplas de Tukey.
Comparações Comparações múltiplas de Tukey (p)
T0 x T12 <0,001*
T0 x T48 <0,001*
T12 x T48 0,336
Resultado: (0) < (12) = (48).
26
Resultados
Para Limitações por aspectos físicos (Domínio 2/SF 36), evidenciou-se na
análise descritiva, média em T0 de 19,44 (range 100), em T12 de 96,53 (range 25) e
em T48, média de 100 (range 100).
A análise estatística destes dados evidenciou diferença significante para
todos os intervalos, ou seja, entre T0 e T12 (p=0,001), entre T0 e T48 (p=0,001) e
entre T12 e T48 (p=0,002) (Tab. 3).
TABELA 3 - Análise da variável Limitação por Aspectos Físicos (Domínio 2/SF 36) em mulheres portadoras de endometriose profunda submetidas a tratamento laparoscópico e seguimento de 12 meses e 48 meses (Santa Casa de São Paulo, 2013).
N=36 MOMENTO
T0 T12 T48
Média 19,44 96,53 75,69
Mediana 0,00 100,00 100,00
Desvio padrão 28,10 8,77 35,60
IC 95% 9,31 2,90 11,79
Teste de ANOVA (p)<0,0001 * Significante. Por meio de comparações múltiplas de Tukey.
Comparações Comparações múltiplas de Tukey (p)
T0 x T12 <0,001*
T0 x T48 <0,001*
T12 x T48 0,002*
Resultado: (0) < (12) > (48).
O estudo da Dor (Domínio 3/SF-36)) evidenciou na análise descritiva do
momento T0 média de 25,83 (range74), no momento T12, média de 79,56 (range
59) e no momento T48, média de 64,11(range 100) .
27
Resultados
A análise estatística deste domínio demonstra na comparação entre T0 e T12
que p=0,001, observando-se o mesmo resultado observado na comparação dos
intervalos T0 e T48, com T12 x T48 mostrando p=0,007 (Tab. 4).
TABELA 4 - Análise da variável Dor (Domínio 3/SF 36) em mulheres portadoras de endometriose profunda submetidas a tratamento laparoscópico e seguimento de 12 meses e 48 meses (Santa Casa de São Paulo, 2013).
N=36 MOMENTO
T0 T12 T48
Média 25,83 79,56 64,11
Mediana 21,00 77,00 62,00
Desvio-padrão 25,81 17,43 26,76
IC 95% 8,55 5,77 8,87
Teste de ANOVA (p)<0,0001 * Significante. Por meio de comparações múltiplas de Tukey.
Comparações Comparações múltiplas de Tukey (p)
T0 x T12 <0,001*
T0 x T48 <0,001*
T12 x T48 0,007*
Resultado: (0) < (12) > (48).
Já a análise descritiva do Estado Geral de Saúde (Domínio 4/SF-36) obteve
para T0 média de 37 (range 82); para T12, média de 81,33 (range 35) e para o
momento T48, média de 69,28 (range 72).
A análise estatística demonstra para o intervalo T0 e T12 p=0,001, para o
intervalo T0 e T48 p=0,001 e para o intervalo T12 e T48 p=0,012 (Tab. 5).
28
Resultados
TABELA 5- Análise da variável Estado Geral de Saúde (Domínio 4/SF 36) em mulheres portadoras de endometriose profunda submetidas a tratamento laparoscópico e seguimento de 12 meses e 48 meses (Santa Casa de São Paulo, 2013).
N=36 MOMENTO
T0 T12 T48
Média 37,00 81,33 69,28
Mediana 37,50 78,50 69,50
Desvio-padrão 23,68 10,21 19,50
IC 95% 7,85 3,38 6,46
Teste de ANOVA (p)<0,0001 * Significante. Por meio de comparações múltiplas de Tukey.
Comparações Comparações múltiplas de Tukey (p)
T0 x T12 <0,001*
T0 x T48 <0,001*
T12 x T48 0,012*
Resultado: (0) < (12) > (48).
A análise descritiva dos dados referentes à Vitalidade (Domínio 5/SF-36)
evidenciou, no momento inicial (T0), média de 29,58 (range 75), para a avaliação em
12 meses (T12) obteve-se 76,39 de média (range 45) e para a avaliação após 48
meses (T48), a média foi de 62,5 (range 85).
Ao realizar-se a análise estatística dos resultados foi notado na comparação
entre os momentos T0 e T12 (p=0,001), T0 e T48 (p=0,001) e no intervalo T12 e T48
(p=0,008) diferença significante (Tab. 6).
29
Resultados
TABELA 6 - Análise da variável Vitalidade (Domínio 5/SF 36) em mulheres portadoras de endometriose profunda submetidas a tratamento laparoscópico e seguimento de 12 meses e 48 meses (Santa Casa de São Paulo, 2013).
N=36 MOMENTO
T0 T12 T48
Média 29,58 76,39 64,03
Mediana 25,00 75,00 62,50
Desvio-padrão 20,47 10,39 23,84
IC 95% 6,78 3,44 7,90
Teste de ANOVA (p)<0,0001 * Significante. Por meio de comparações múltiplas de Tukey.
Comparações Comparações múltiplas de Tukey (p)
T0 x T12 <0,001*
T0 x T48 <0,001*
T12 x T48 0,008*
Resultado: (0) < (12) > (48).
Nos Aspectos Sociais (Domínio 6/SF-36), a análise descritiva obteve no
momento T0 média de 32,64 (range 75); no momento T12 média de 84,03 (range
50) e no momento T48, média de 73,61 (range 100).
A análise estatística destes resultados para os intervalos T0 x T12, T0 x T48 e
T12 x T48 obteve p de 0,001, 0,001 e 0,090, respectivamente (Tab. 7).
TABELA 7 - Análise da variável Aspectos Sociais (Domínio 6/SF 36) em mulheres portadoras de endometriose profunda submetidas a tratamento laparoscópico e seguimento de 12 meses e 48 meses (Santa Casa de São Paulo, 2013).
N=36 MOMENTO
T0 T12 T48
Média 32,64 84,03 73,61
Mediana 37,50 87,50 75,00
Desvio-padrão 23,01 14,52 26,69
IC 95% 7,62 4,81 8,84
Teste de ANOVA (p)<0,0001 * Significante. Por meio de comparações múltiplas de Tukey.
30
Resultados
Comparações Comparações múltiplas de Tukey (p)
T0 x T12 <0,001*
T0 x T48 <0,001*
T12 x T48 0,090
Resultado: (0) < (12) = (48).
Os dados obtidos para os Aspectos Emocionais (Domínio 7/SF-36) tiveram,
na sua análise descritiva, média de 17,59 (range 100) para o momento T0, para o
momento T12 média de 88,89 (range 66,7), e média de 65,72 (range 100) para o
momento T48.
A análise destes resultados ao serem comparados os momentos T0, T12 e
T48 evidencia diferença estatisticamente significante em todos os intervalos, com
p=0,001, 0,001 e 0,009, respectivamente das comparações T0xT12, T0xT48 e
T12xT48 (Tab. 8).
TABELA 8 - Análise descritiva e analítica da variável Aspectos Emocionais (Domínio 7/SF 36) em mulheres portadoras de endometriose profunda submetidas a tratamento laparoscópico e seguimento de 12 meses e 48 meses (Santa Casa de São Paulo, 2013).
N=36 MOMENTO
T0 T12 T48
Média 17,59 88,89 65,72
Mediana 0,00 100,00 100,00
Desvio-padrão 29,26 17,82 43,28
IC 95% 9,69 5,90 14,34
Teste de ANOVA (p)<0,0001 * Significante. Por meio de comparações múltiplas de Tukey.
Comparações Comparações múltiplas de Tukey (p)
T0 x T12 <0,001*
T0 x T48 <0,001*
T12 x T48 0,009*
Resultado: (0) < (12) > (48)
31
Resultados
Sobre a Saúde Mental (Domínio 8/ SF 36), observou-se na análise descritiva
média para T0 de 37 (range 68); para o momento T12, de 66,22 (range 40) e, por
fim, para o momento T48, média de 67,08 (range 80).
A análise estatística destes dados nos intervalos T0 x T12, T0 X T48 obteve
diferença significante (p=0,001), enquanto que entre T12 e T48 não foi evidenciada
diferença significante (p=0,968) (Tab. 9).
TABELA 9 - Análise da variável Saúde Mental (Domínio 8/SF 36) em mulheres portadoras de endometriose profunda submetidas a tratamento laparoscópico e seguimento de 12 meses e 48 meses (Santa Casa de São Paulo, 2013).
N=36 MOMENTO
T0 T12 T48
Média 37,00 66,22 67,08
Mediana 36,00 68,00 72,00
Desvio-padrão 15,64 9,96 22,44
IC 95% 5,18 3,30 7,43
Teste de ANOVA (p)<0,0001 * Significante. Por meio de comparações múltiplas de Tukey.
Comparações Comparações múltiplas de Tukey (p)
T0 x T12 <0,001*
T0 x T48 <0,001*
T12 x T48 0,968
Resultado: (0) < (12) = (48
32
Resultados
TABELA 10- Análise dos componentes físicos (QOL SF- 36) em mulheres portadoras de endometriose profunda submetidas a tratamento laparoscópico e seguimento de 12 meses e 48 meses (Santa Casa de São Paulo, 2013).
DOMÍNIO MOMENTOS
T0 T12 p (T0xT12) T48 p (T0xT48/ T12xT48)
1. Capacidade funcional
Média 33,19 93,19 <0,001* 85,56 <0,001*/0,336
Range 100 30 70
2. Aspectos físicos
Média 19,44 96,53 <0,001* 75,69 <0,001*/0,002*
Range 100 25 100
3. Dor
Média 25,83 79,56 <0,001* 64,11 <0,001*/0,007*
Range 74 59 100
4. Estado geral
Média 37 81,33 <0,001* 69,28 <0,001*/0,012*
Range 82 35 72
TABELA 11 - Análise dos componentes mentais (QOL SF- 36) em mulheres portadoras de endometriose profunda submetidas a tratamento laparoscópico e seguimento de 12 meses e 48 meses (Santa Casa de São Paulo, 2013).
DOMÍNIO MOMENTOS
T0 T12 p (T0xT12) T48 p (T0xT48/T12xT48)
5. Vitalidade
Média 29,58 76,39 <0,001* 64,03 <0,001*/0,008*
Range 75 45 85
6. Aspectos sociais
Média 32,64 84,03 <0,001* 73,61 <0,001*/0,090
Range 75 50 100
7. Aspectos emocionais
Média 17,59 88,89 <0,001* 65,72 <0,001*/0,009*
Range 100 66,7 100
8. Saúde mental
Média 37 66,22 <0,001* 67,08 <0,001*/0,968
Range 68 40 80
33
Resultados
FIGURA 9 - Comparação entre os oito domínios do SF 36 em T0, T12 e T48.
capacidade funcional aspectos físicos
dor
estado geral de saúde
vitalidade
aspectos sociais
aspectos emocionais
saúde mental
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
PF RP BP GH VT SF RE MH
R
A
W
S
C
A
L
E
DOMÍNIOS
COMPARAÇÃO SF-36 EM DIFERENTES MOMENTOS
Pré-operatório
12 meses
48 meses
34
5. DISCUSSÃO
35
Discussão
Nosso estudo revela achados inéditos na literatura ao utilizar o questionário
SF-36 para mensurar qualidade de vida após quatro anos do tratamento cirúrgico
laparoscópico em mulheres portadoras de endometriose profunda intestinal. Um
aumento significante foi encontrado na média dos escores de todos os domínios
deste questionário após 48 meses de cirurgia quando comparadas ao período pré-
operatório.
Constatamos que a cirurgia laparoscópica traz benefício na qualidade de vida
de mulheres com endometriose. Tais achados confirmam resultados previamente
publicados quando levamos em consideração o acompanhamento até 12 meses
após a cirurgia[26,43,49,56,88-90,94,97,98] e desperta atenção para que, uma vez suspeitada
e identificada endometriose profunda, a paciente provavelmente se beneficiará com
o tratamento cirúrgico laparoscópico.
A endometriose afeta negativamente a qualidade de vida pela intensidade,
frequência e associação de seus sintomas, infertilidade concomitante, efeitos
colaterais de medicações, complicações do tratamento cirúrgico, recorrência da
doença e necessidade de terapia hormonal contínua por longos períodos[27]
.
Avaliações do impacto da cirurgia laparoscópica na endometriose profunda
têm sido amplamente empregadas, porém boa parte dessas limitam-se a ponderar a
melhora dos sintomas da endometriose após o tratamento
cirúrgico[20,28,35,36,42,45,46,53,77,94,99,100]
.
Quanto às queixas álgicas, nossos dados foram compatíveis com as taxas de
recorrência da dor já publicadas em outros estudos, que fica em torno de 30%
quando o acompanhamento das pacientes é superior a três anos, o que destaca a
importância do seguimento a longo prazo[35,101-105]. Em nosso estudo, 13 (36,1%)
pacientes apresentavam sintomas álgicos após 48 meses de cirurgia.
36
Discussão
Dismenorreia foi relatada por 30,6% das pacientes, enquanto no período pré-
operatório 97,5% delas apresentavam essa queixa, expondo que a maioria das
mulheres estiveram livres da dismenorreia por longo período, apesar de um terço
delas ainda referirem o desconforto, o que é compatível com os dados de outros
estudos[20,36,42,56,88].
Além da melhora na dismenorreia, mostramos também melhora da
dispareunia após o tratamento cirúrgico da endometriose profunda, vez que 80% das
pacientes apresentavam dor na relação sexual antes da cirurgia e 48 meses após
esse número reduziu para 16,6%, achados também demonstrados em estudos
anteriores[20,36,56,88,95,102,106,107].
A disquezia também obteve melhora significativa quando comparamos as
taxas pré-operatórias com o momento 48 meses após a cirurgia, sendo 65% e 8,3%,
respectivamente, semelhante aos números de Darai et al e outros autores quando
avaliaram os sintomas antes e após a cirurgia de ressecção intestinal para
tratamento da endometriose[20,36,42,106,107].
Em um seguimento de 94 meses, Kavallaris et al observaram que 72% das
pacientes estavam livres de sintomas álgicos numa média de 32 meses após a
cirurgia[106].
Stepniewska et al conduziram 60 pacientes submetidas à ressecção intestinal
por endometriose durante um período de quatro anos para avaliação da fertilidade e
queixas clínicas no pós-operatório. No primeiro ano após a cirurgia, as mulheres
sintomáticas estavam livres de dismenorreia, dispareunia e disquezia em 87%, 89%
e 90% dos casos, respectivamente. Porém, na avaliação após quatro anos de
cirurgia, esses números reduziram para 67%, 33% e 75%[20], o que nos leva a
pensar que as pacientes tratadas por endometriose profunda intestinal dificilmente
37
Discussão
alcançam uma cura real da doença, e sim um controle do quadro álgico, que tem
seu melhor período no primeiro ano após a cirurgia e, a longo prazo, uma tendência
a retorno dos sintomas. Esta informação desperta a atenção para o controle a longo
prazo dessas mulheres.
Após 48 meses de cirurgia, 22 (61,1%) das nossas pacientes estavam em uso
de medicação para bloqueio hormonal, sendo que seis (27,2%) delas, mesmo
bloqueadas, apresentavam quadro álgico. Dentre as 14 (38,8%) pacientes que não
estavam em uso de medicação hormonal por contra indicação ou por má adaptação
ao método, sete (50%) apresentavam quadro álgico. Portanto, a frequência da
queixa álgica foi maior entre as pacientes que não estavam sob bloqueio hormonal
do ciclo. Sete (19,4%) pacientes foram submetidas a novo procedimento cirúrgico
por quadro álgico, número menor do que o encontrado em estudos que a chance de
nova cirurgia esteve em torno de 36%[56,78,85].
Há uma tendência a considerar que o tratamento medicamentoso e cirúrgico
devem ser associados[108], mas não há consenso nas conclusões dos estudos. Em
revisão anterior, não se observou benefício do uso de medicação no pós-operatório
quando comparada à realização somente da cirurgia[109], enquanto outros estudos
demonstraram benefício no uso pós-operatório de contraceptivo oral na melhora dos
sintomas e recorrência da doença[41,110].
A ressecção intestinal laparoscópica tem sido fortemente associada à melhora
da qualidade de vida em pacientes com endometriose colorretal. Isso foi observado
em diferentes estudos[87,89,91,97,111-113]. Temos poucos dados na literatura
investigando a qualidade de vida longos períodos após o tratamento cirúrgico. O
nosso estudo acompanhou as pacientes operadas por um período de quatro anos e
as avaliou com questionário validado.
38
Discussão
Após quatro anos de cirurgia, nossas pacientes mantiveram uma melhora da
qualidade de vida em relação ao momento pré-operatório, porém quando
comparamos os resultados com a avaliação de um ano pós-operatório, observamos
redução na qualidade de vida. Os dados na literatura são escassos quando
pesquisamos estudos que apresentassem acompanhamento pós-operatório superior
a um ano.
Abbott et al, em seguimento pós-cirúrgico que variou de dois a cinco anos
(média de 3,2 anos) de mulheres submetidas à excisão laparoscópica da
endometriose, observaram melhora na qualidade de vida, porém o grupo
selecionado abrangeu pacientes em todos os estágios de endometriose e o
questionário escolhido foi o SF-12, diferindo da nossa metodologia[78]. Além disso,
não houve comparação entre diferentes momentos de pós-operatório e o
questionário SF-12 reproduz os oito domínios presentes no SF-36 com poucos
níveis de graduação na resposta, o que o torna menos preciso do que o SF-36.
Após um acompanhamento médio de 22,5 meses (variação de 2 a 55 meses),
Dubernard et al descreveram impacto positivo da cirurgia laparoscópica com
ressecção intestinal na qualidade de vida de mulheres com endometriose profunda,
utilizando o questionário SF-36[43]. Mais uma vez, não detectamos comparações
entre diferentes momentos de pós-operatório e as pacientes foram avaliadas em
momentos variados, diferente do nosso trabalho em que todas as pacientes
preencheram o questionário em períodos de pós-operatório semelhantes. O ponto
em comum entre o nosso trabalho e o do autor acima citado é que os domínios
referentes à dor e aspectos físicos foram os que apresentaram os menores escores
no período pré-operatório em ambos os estudos.
39
Discussão
Roman et al também realizaram avaliação a longo prazo da qualidade de vida
e constataram o efeito positivo do tratamento cirúrgico para endometriose. Foi um
estudo observacional do tipo coorte, onde o tempo médio de acompanhamento foi
de 37,83 meses e o questionário utilizado foi o The Euro QoL Group (EQ-5D)[104]. O
tempo de seguimento deste estudo se aproximou do nosso, porém não podemos
fazer comparações detalhadas porque o questionário utilizado foi diferente.
Utilizando o questionário SF-12 em seguimento médio de 41,26 meses,
Moawad et al observaram que os valores dos escores estiveram dentro do esperado
para a população geral da mesma idade e sexo, porém o estudo carece de um
detalhamento maior a cerca da qualidade de vida, já que o foco principal foi a
avaliação das diferenças entre a ressecção segmentar e a nodular em mulheres
submetidas ao tratamento laparoscópico de endometriose intestinal[107].
Em seguimento médio de 18 meses (variação: 6 a 35 meses), Mabrouk et al
observaram diferença significante entre os escores pré e pós-operatórias do SF-36
de 47 pacientes tratadas com ressecção segmentar intestinal e não evidenciou
diferença significante na escala visual de dor (VAS), nem nos escores do SF-36
entre mulheres com ou sem margem positiva após a ressecção intestinal[87]. Este é
um estudo de avaliação a longo prazo, com períodos de avaliação díspares entre as
pacientes e sem comparação entre diferentes datas de pós-operatório.
Meuleman et al relataram resultados clínicos do tratamento laparoscópico
com laser CO2 em mulheres portadoras de endometriose moderada a grave, com
mediana de acompanhamento de 20 meses (variação de 1 a 45 meses) e avaliaram
a qualidade de vida com o questionário EHP-30 um mês antes da cirurgia, 6, 12, 18
e 24 meses após a cirurgia. Evidenciaram que as médias em todos os momentos
pós-operatórios obtiveram melhora significante em relação à avaliação pré-
40
Discussão
operatória, porém não observou benefício significante após os 12 meses, com uma
tendência a estabilização do quadro[93]. Este estudo apresentou resultados
semelhantes ao nosso quando observamos a relação entre o tratamento cirúrgico da
endometriose e qualidade de vida, apesar da diferença metodológica na técnica
cirúrgica e questionário utilizado.
O questionário SF-36 tem sido proposto como uma ferramenta complementar
para seleção de quais mulheres teriam melhor benefício com a ressecção segmentar
da endometriose, quando Dubernard et al verificaram que escores dos componentes
físicos pré-operatórios abaixo de 37,5 estiveram associados com uma probabilidade
de melhora na qualidade de vida em 80,7% após a ressecção intestinal, enquanto
que escores dos componentes mentais pré-operatórios abaixo de 44,5, estiveram
associados a uma probabilidade de melhora na qualidade de vida de 84,2%[89].
Os nossos resultados estiveram de acordo com tal observação, visto que as
pacientes apresentaram escores dos componentes físicos pré-operatórios muito
baixos, com médias variando entre 19,44 e 37, bem como os escores dos
componentes mentais também na mesma época, com médias variando entre 17,59
e 37, o que demonstra uma qualidade de vida extremamente prejudicada, lembrando
que a pior qualidade de vida apresenta escore zero e a melhor, escore 100. Já no
momento de 48 meses de pós-operatório, a melhora foi significante em relação a T0,
com médias dos componentes físicos variando entre 64,11 e 85,56, e as dos
componentes mentais variando entre 64,03 a 73,61. É importante relatar que, até
onde vão os nossos conhecimentos, o cálculo dos sumários dos componentes
físicos e mentais ainda não foi validado no Brasil.
Os domínios do SF-36 devem ser interpretados paralelamente, não havendo
indicação de somá-las e fazer uma média. O perfil inicial das mulheres incluídas
41
Discussão
nesse estudo foi semelhante aos achados de Marques et al[81] e percebemos que as
pacientes portadoras de endometriose apresentam baixos escores de qualidade de
vida quando comparadas à população geral.
Assim iniciamos nossa avaliação com os Componentes Físicos do
questionário. A Capacidade Vital (domínio 1) em sua pontuação mais baixa reflete
limitação na realização de todas as atividades físicas, incluindo tomar banho ou
vestir-se, enquanto a maior pontuação significa que o paciente executa todos os
tipos de atividades físicos, incluindo as mais vigorosas.
As mulheres apresentaram média inicial (T0) de 33,19 para o domínio acima
citado, o que representa uma limitação importante nas atividades físicas e um
intervalo de confiança de 11,7 mostra a variação das experiências vividas por cada
paciente. Em T12, esta média esteve próxima da melhor qualidade de vida,
alcançando valores de 93,19, e o intervalo de confiança de 2,99 expressa uma
resposta mais homogênea do grupo. Quatro anos após a cirurgia (T48), a média
chega a 85,56 e o intervalo de confiança, 5,68, com redução não significante
(p=0,336) na comparação T12 versus T48, mantendo-se melhora significante em
relação a T0.
Os piores escores dos Aspectos Físicos (domínio 2) estão relacionados com
problemas no trabalho ou atividades diárias, como resultado da saúde física,
enquanto na pontuação mais alta não há problemas nestas atividades por limitação
física.
Antes da cirurgia (T0), a média da limitação por aspectos físicos foi de 19,44,
mostrando prejuízo considerável na realização de suas atividades habituais. Após
um ano (T12), esta média passou para 96,53, com retorno às suas atividades sem
restrições. Em T48, a média teve redução significante para 75,69. Não podemos
42
Discussão
afirmar com exatidão que motivo levou a essa queda, vez que em quatro anos
variáveis múltiplas poderiam interferir na qualidade de vida das mulheres.
O estudo da Dor (domínio 3) retrata dor muito forte e extremamente limitante
nos escores mais baixos, já no escore próximo a 100, a paciente não apresenta
limitação devido à dor.
Índice muito baixo e próximo da pior qualidade de vida possível foi encontrado
antes da cirurgia, com média de 25,83, espelhando a intensidade da dor, que é a
principal queixa relacionada à endometriose. Após 12 meses, esse valor obteve
melhora, atingindo média de 79,56, e em T48, a média mantém-se com melhora
significante em relação ao período pré-operatório. Já a comparação T12 versus T48
apresentou redução significante, o que sugere um retorno do quadro álgico nessas
pacientes.
O Estado Geral de Saúde (domínio 4) tem como tradução do pior escore a
avaliação pessoal de saúde como pobre e com probabilidade de piorar. O escore
mais alto relata avaliação pessoal de saúde como excelente.
Os valores das médias deste domínio em T0, T12 e T48 foram 37; 81,33 e
69,28, respectivamente. Percebe-se que as mulheres mantiveram escores elevados
nos períodos após a cirurgia quando comparados ao momento pré-operatório. Mas
houve queda significante após quatro anos em relação ao momento T12. Talvez as
pacientes ainda estivessem sob algum efeito do análogo de GnRH no primeiro ano
após a cirurgia, minimizando possíveis pioras do estado geral de saúde em T12.
Analisando os domínios que se agrupam nos Componentes Físicos do SF-36,
concluímos que as pacientes apresentaram benefício na qualidade de vida a longo
prazo após o tratamento cirúrgico laparoscópico da endometriose profunda
43
Discussão
intestinal, com valores de p estatisticamente significantes nas comparações T0
versus T48.
Após quatro anos de cirurgia, as lembranças do sofrimento anterior podem ter
se diluído ao longo do tempo e o bem estar atual já não tem o mesmo valor que
tinha em T12, eventualmente justificando a redução na qualidade de vida quando se
comparou T12 x T48. Acrescente-se ainda o fato de que em 48 meses diversas
variáveis podem interferir na qualidade de vida das pessoas, desde fatores físicos
como outras patologias que não endometriose, até fatores mentais como sofrimento
psicológico. O T48 pode representar o período de maior aproximação do estado real
de suas vidas, por não haver intervenção terapêutica de impacto, como uma
ressecção intestinal, próxima a essa data.
Analisaremos agora os domínios que determinam os Componentes Mentais,
começando pelo estudo da Vitalidade (domínio 5), o qual expressa em seu pior
escore cansaço e desgaste em todos os tempos e no melhor escore, grande
vitalidade e energia.
Para T0 o grupo teve média de 29,58 e intervalo de confiança de 6,78. Em
T12 o intervalo de confiança foi de 3,44 e média de 76,39, mostrando uma
homogeneidade no relato das pacientes quanto à melhora na vitalidade. Já em T48,
o intervalo de confiança teve 7,9 como valor e média de 64,03. Nota-se um intervalo
de confiança semelhante nos extremos da avaliação, o que nos faz questionar se a
homogeneidade do período T12 está influenciada pelo fator comum a todas elas que
foi a cirurgia laparoscópica.
Os Aspectos Sociais (domínio 6) expressam os piores escores através de
interferência extrema e frequente com atividades sociais normais, devido a
problemas físicos e emocionais. Escores altos indicam o contrário.
44
Discussão
Aqui a média em T0 foi de 32,64 com intervalo de confiança de 7,62, o que
nos leva a refletir sobre a repercussão negativa da endometriose inclusive nos
relacionamentos interpessoais. Um ano após a cirurgia esse valor subiu para 84,03,
com melhora expressiva da média e o intervalo de confiança foi de 4,81. Já após
quatro anos, a média foi de 73,61 com intervalo de confiança de 8,84, mais uma vez
observando os intervalos de confiança semelhantes em seus extremos.
Quanto aos Aspectos Emocionais (domínio 7), problemas com o trabalho ou
outras atividades diárias em decorrência de adversidades emocionais representam o
pior escore. Na melhor avaliação, não há os problemas relatados imediatamente
acima.
Antes da cirurgia, a média foi de 17,59 com intervalo de confiança de 9,69,
explicitando o péssimo estado emocional dessas mulheres antes da cirurgia. Em
T12 e T48 os valores de média foram 88,89 e 65,72, respectivamente, ratificando
assim o impacto positivo na qualidade de vida após a cirurgia. Contudo houve
redução significante quando se comparou T12 versus T48.
Por fim a Saúde Mental (domínio 8) revela seus baixos escores através de
aflição psicológica frequente e incapacidade social devido a problemas emocionais.
Em contrapartida, os maiores resultados atestam ausência de sofrimento
psicológico, sensação de paz, felicidade e tranquilidade na maior parte do tempo.
As médias em T0, T12 e T48 foram 37; 66,22 e 67,08, respectivamente. Os
intervalos de confiança foram 5,18; 3,30 e 7,43. Os valores absolutos das médias na
saúde mental não apresentaram melhora tão significativa quando comparamos com
os domínios do componente físico.
As pontuações dos domínios dos componentes mentais reproduziram os
achados de estudos anteriores[43,49,81,89,90,97].
45
Discussão
Os domínios que apresentaram os piores escores no período pré-operatório
foram aspectos emocionais, aspectos físicos, dor e vitalidade, com índices inferiores
a 30. Já os que apresentaram os maiores índices de melhora após 48 meses de
cirurgia foram: os aspectos físicos, capacidade funcional, aspectos emocionais e
aspectos sociais. Ou seja, observamos uma melhora tanto dos componentes físicos
como mentais a longo prazo, enquanto que na avaliação após 12 meses, somente
componentes físicos (capacidade funcional, aspectos físicos e dor) apresentaram as
maiores médias de escores[49].
Ao comparar o nosso estudo com outros dois que avaliaram qualidade de vida
em mulheres com endometriose profunda submetidas à ressecção intestinal,
observamos que os domínios dor e aspectos emocionais estão entre os três
principais domínios atingidos negativamente em mulheres com endometriose
profunda intestinal e este dado foi comum nas três pesquisas[49,90,97]. Quando
avaliamos o domínio que apresenta maiores escores iniciais, a Capacidade
Funcional foi comum a todos os estudos citados anteriormente, demonstrando ser o
domínio menos prejudicado pela endometriose.
Na busca de um possível fator causal na redução da qualidade de vida
constatada na avaliação T12 versus T48, comparamos as mulheres com queixas
álgicas relacionadas à endometriose, como dismenorreia, dispareunia e disquezia,
com as pacientes assintomáticas e não houve diferença significante em cada um
dos momentos. Os valores de p nessa avaliação foram de 0,46; 0,45; 0,33; 0,93;
0,32; 0,60; 0.73 e 0,86 para capacidade funcional, aspectos físicos, dor, estado
geral, vitalidade, aspectos sociais, aspectos emocionais e saúde mental,
respectivamente. Concluímos que a redução da qualidade de vida não
necessariamente estaria relacionada com uma eventual recorrência endometriose, já
46
Discussão
que as pacientes que apresentaram os sintomas da endometriose que mais
interferem na qualidade de vida não tiveram diferença significante em relação à
qualidade de vida de mulheres assintomáticas.
Avaliando a questão 2 do SF-36, 55,5% das mulheres não mudou a saúde em
relação ao ano anterior; 25% estavam um pouco melhor; 16,6% estavam muito
melhor e apenas uma paciente relatava que a saúde estava um pouco pior que o
ano anterior. Isto nos leva a questionar em que momento ocorreu a redução da
qualidade de vida, já que no quarto ano após a cirurgia mais da metade das
mulheres relatavam sua saúde sem alterações e 41,6% referiam inclusive melhora
em relação ao tempo correspondente a 36 meses de pós-operatório. Talvez o
período em que ocorreu essa queda na qualidade de vida esteve entre o segundo e
terceiro ano após a cirurgia.
Ainda em relação à queda nos escores dos domínios em T48 quando
comparado ao momento T12, nós pensamos que pode ser devido a diversas
variáveis. Não podemos descartar a possibilidade de recorrência ou reincidência da
doença, a angústia de uma gestação não atingida ou mesmo por transtornos
menstruais, visto que nem todas estavam sob bloqueio hormonal.
A revisão publicada por Meuleman et al, em 2011, identificou cinco estudos
que avaliaram a qualidade de vida, sendo que apenas dois desses foram
prospectivos e três utilizaram questionários validados em relação aos dados
comparando a qualidade de vida antes e após ressecção intestinal para tratamento
da endometriose profunda[100]. Todos revelaram melhora na qualidade de vida após
a cirurgia. Os pesquisadores chamam atenção para a necessidade de maiores
estudos a longo prazo utilizando questionários validados, o que também foi
lembrado por Rogers et al ainda este ano, portanto nosso estudo preenche os
47
Discussão
requisitos das solicitações para enriquecer os dados presentes na literatura a cerca
deste tema.
Os pontos fortes do nosso estudo incluem a coleta prospectiva dos dados, o
fato de todos os procedimentos terem sido realizados pelo mesmo cirurgião
(P.A.A.G.R.) e o acompanhamento a longo prazo das mesmas pacientes operadas,
o que favorece a padronização da técnica cirúrgica e dos dados coletados. As
limitações deste estudo são a utilização de um questionário genérico, logo
problemas que não fossem endometriose também poderiam interferir na qualidade
de vida dessas mulheres e uma amostra pequena. Apesar disso, conseguimos
demonstrar que as pacientes apresentam uma qualidade de vida atual bem melhor
do que o período pré-operatório. A avaliação após quatro anos de cirurgia é um
ponto forte em nosso estudo, visto a escassez de dados na literatura de
acompanhamentos tardios.
A avaliação a longo prazo, com período superior a quatro anos de pós-
operatório, deverá ser motivo de estudos futuros, principalmente em busca de
fatores que justifiquem a piora na qualidade de vida das mulheres entre o primeiro
ano de pós-operatório e os anos que se seguem.
48
6. CONCLUSÃO
49
Conclusão
Baseados nos dados do estudo realizado, concluímos que o tratamento
cirúrgico laparoscópico da endometriose intestinal possui impacto positivo na
qualidade de vida das mulheres portadoras da doença e que este benefício mantém-
se a longo prazo quando comparado ao período pré-operatório.
50
7. ANEXOS
51
Anexos
ANEXO 1
Representação dos gráficos referentes aos 8 Domínios do Brasil SF-36.
FIGURA 1- Intervalo de confiança para o Domínio 1 – Capacidade Vital: média ± 1,96 * desvio-padrão/√ (n-1).
FIGURA 2 – Intervalo de confiança para o Domínio 2 – Aspectos Físicos: média ± 1,96 * desvio-padrão/√ (n-1).
52
Anexos
FIGURA 3 – Intervalo de confiança para o Domínio 3 – Dor: média ± 1,96* desvio-padrão/√ (n-1).
FIGURA 4 - Intervalo de confiança para o Domínio 4 - Estado Geral de Saúde: média ± 1,96 * desvio-padrão/√ (n-1).
53
Anexos
FIGURA 5 - Intervalo de confiança para o Domínio 5 - Vitalidade: média ± 1,96 * desvio-padrão/√ (n-1).
FIGURA 6 - Intervalo de confiança para o Domínio 6 - Aspectos Sociais: média ± 1,96 * desvio-padrão/√ (n-1)
54
Anexos
FIGURA 7- Intervalo de confiança para o Domínio 7 – Aspectos Emocionais: média ± 1,96 * desvio-padrão/√ (n-1).
FIGURA 8 – Intervalo de confiança para o Domínio 8 – Saúde Mental: média ± 1,96 * desvio-padrão/√ (n-1).
55
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
56
Referências Bibliográficas
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68
RESUMO
69
Resumo
Araujo RSC. Impacto da laparoscopia na qualidade de vida de mulheres com
endometriose profunda – Seguimento tardio. Tese (Mestrado), 2013.
Objetivo: Avaliar o impacto tardio do tratamento cirúrgico laparoscópico na qualidade
de vida de mulheres com endometriose profunda intestinal. Métodos: Foi conduzido
um estudo observacional tipo coorte prospectivo através da aplicação do
questionário de qualidade de vida short form 36 (SF-36) em 40 pacientes
submetidas ao tratamento laparoscópico para endometriose profunda com
acometimento intestinal no período de junho de 2007 a setembro de 2008 no
Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Santa Casa de São Paulo. As
pacientes responderam o questionário no pré-operatório, 12 meses e 48 meses após
a cirurgia. Foram comparados os oito domínios do questionário SF-36, nos
diferentes tempos de resposta ao questionário. Para cada domínio atribui-se uma
pontuação de 0 a 100, onde 0 é a pior qualidade de vida e 100, a melhor. Para a
análise estatística foi aplicado o teste de análise de variância (ANOVA). Se
detectada diferença, realizaram-se comparações múltiplas de Tukey. Resultados:
Durante o período de estudo, um total de 36 mulheres responderam o questionário
nos três diferentes momentos. Após análise de cada domínio, observou-se uma
melhora da qualidade de vida quando comparamos o período pré-operatório (T0)
com os períodos 12 (T12) e 48 (T48) meses após a cirurgia. Houve um aumento
significativo (p<0,001) em todos os escores dos oito domínios do SF-36 nas
comparações T0 x 12 e T0 x T48. A capacidade funcional, domínio 1 dos
componentes físicos do SF-36, apresentou variações de média de escore (T0-33,90/
T12-93,19/ T48-85,56) superiores ao da saúde mental (T0-37/ T12-66,22/ T48-
67,08). Conclusão: o tratamento cirúrgico laparoscópico da endometriose intestinal
possui impacto positivo na qualidade de vida das mulheres portadoras da doença e
este benefício mantém-se a longo prazo quando comparado ao período pré-
operatório.
Palavras chave: 1. Endometriose/cirurgia 2. Laparoscopia 3. Qualidade de vida 4.
Seguimentos
70
ABSTRACT
71
Abstract
Araujo RSC. Impact of surgical laparoscopic treatment on the quality of life of
women with deep endometriosis. Thesis (Master’s degree), 2013.
Purpose: To evaluate the long term impact of surgical laparoscopic treatment on
quality of life in women with deep infiltrative endometriosis. Methods: A observational
prospective study was conducted throught quality of life short form 36 questionnaire
application in 40 patients submitted to laparoscopic treatment for deep infiltrative
endometriosis from June 2007 through September 2008. Patients answered de
questionnaire before the surgery (T0), 12 (T12) and 48 (T48) months after de
surgery. Was compared the eight different items of the SF-36 questionnaire on the
different times of application. For each dominion attribute a punctuation to 0 from
100, where 0 is the worse quality of life and 100, the best. The statistical analysis
was performed with test of variance analysis (ANOVA). If detected difference,
realized multiple comparison of Turkey. Results: During the study period, a total of 36
patients answered the questionnaire in the 3 different moments. After analysis of
each dominion, observed a improvement on quality of life when compare the period
before surgery with 12 and 48 months after surgery. There was a significant increase
(p<0,001) in scores in all the SF-36 domains when was compared T0 x T12 and T0 x
T48. Physical functioning presented average values (T0-33,90/ T12-93,19/ T48-
85,56) higher than mental health (T0-37/ T12-66,22/ T48-67,08). Conclusions: The
laparoscopic treatment for deep infiltrative endometriosis improve the quality of life in
a long term.
Key words: Endometriosis/surgery, Laparascopy, Quality of life, Follow up
72
APÊNDICE
73
Apêndice
APÊNDICE 1
APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA
74
Apêndice
75
Apêndice
APÊNDICE 2
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Senhora paciente,
Estamos realizando uma pesquisa para contribuir na definição do melhor tratamento da doença que a senhora possui (endometriose). Por isso gostaríamos que nos autorizasse a usar os resultados do questionário que aplicaremos na senhora para buscar entender a repercussão de sua doença em sua vida. Sabemos que a senhora participou anteriormente do estudo “Avaliação do impacto do tratamento cirúrgico laparoscópico na qualidade de vida de mulheres portadoras de endometriose profunda”, em que antes de realizar sua cirurgia para o tratamento de endometriose profunda foi aplicado um questionário para tentar entender as alterações que sua doença acarretava em sua qualidade de vida. Após um período de 6 a 12 meses de sua cirurgia foi repetido o mesmo questionário para tentar entender em quanto o seu tratamento melhorou sua qualidade de vida. Aplicaremos novamente agora o mesmo questionário aplicado anteriormente para verificarmos a eficácia do tratamento cirúrgico a longo prazo, considerando longo prazo um período superior a 24 meses. Se a senhora tiver qualquer dúvida sobre o questionário, ou sobre a pesquisa, ou ainda sobre a doença, não se envergonhe e pode fazer qualquer pergunta, que teremos prazer em responder, pessoalmente ou pelo telefone (11) 8581-8010 (Dra. Raquel Silveira). Caso a senhora queira deixar de participar da pesquisa, por qualquer que seja o motivo, poderá fazê-lo a qualquer momento e isto não mudará o atendimento nem seu tratamento. O seu nome, endereço, telefone e outros dados pessoais não serão contados para ninguém. Iremos usar só os resultados do seu questionário para a pesquisa. Estes resultados serão também fornecidos para a senhora a qualquer momento em que a senhora solicitar. Se durante a pesquisa, alguma coisa relacionada a ela acontecer com a senhora, a Santa Casa dará toda ajuda médica que precisar. Sabendo todas informações, eu, ______________________________________, RG.________________________, concordo em participar do estudo “Impacto do tratamento cirúrgico laparoscópico na qualidade de vida de mulheres portadoras de endometriose profunda a longo prazo.” ___________________________________
Assinatura Paciente ou Representante legal
São Paulo, ____/_____________/_____.
76
Apêndice
APÊNDICE 3
Formulário Brasil SF-36
Instruções: Esta pesquisa questiona você sobre sua saúde. Estas informações nos manterão informados de como você se sente e quão bem você é capaz de fazer suas atividades de vida diária. Caso você esteja inseguro em como responder, por favor tente responder o melhor que puder. 1 – Em geral sua saúde é: (circule uma)
Excelente Muito boa Boa Ruim Muito ruim
1 2 3 4 5
2 – Comparada a um ano atrás, como você classificaria sua saúde em geral, agora? (circule uma)
Muito melhor agora do que um ano atrás
Um pouco melhor agora
do que um ano atrás
Quase a mesma de
um ano atrás
Um pouco pior agora do que um ano
atrás
Muito pior agora do que um ano
atrás
1 2 3 4 5
3 – Os seguintes itens são sobre atividades que você poderia fazer atualmente durante um dia comum. Devido a sua saúde, você tem dificuldade em fazer essas atividades? Neste caso, quanto? (circule um número em cada linha)
ATIVIDADES Sim. Dificulta muito
Sim. Dificulta um
pouco
Não. Não dificulta
nada
a) ATIVIDADES VIGOROSAS, que exigem muito esforço, tais como correr, levantar objetos pesados, participar em esportes
1 2 3
b) ATIVIDADES MODERADAS, tais como mover uma mesa, passar aspirador de pó, jogar bola, varrer a casa.
1 2 3
c) Levantar ou carregar mantimentos 1 2 3
d) Subir vários lances de escada 1 2 3
e) Subir um lance de escada 1 2 3
f) Curvar-se, ajoelhar-se ou dobrar-se 1 2 3
g) Andar mais de 1 quilometro 1 2 3
h) Andar vários quarteirões 1 2 3
i) Andar um quarteirão 1 2 3
j) Tomar banho ou vestir-se 1 2 3
77
Apêndice
4 – Durante as últimas 4 semanas, você teve algum dos seguintes problemas com o seu trabalho ou com alguma atividade diária regular, como consequência de sua saúde física? (circule uma em cada linha)
SIM NÃO
a) Você diminuiu a quantidade de tempo que se dedicava ao seu trabalho ou a outras atividades?
1 2
b) Realizou menos tarefas do que você gostaria 1 2
c) Esteve limitado no seu tipo de trabalho ou em outras atividades?
1 2
d) Teve dificuldade de fazer seu trabalho ou outras atividades (p.ex necessitou de um esforço extra?)
1 2
5 – Durante as últimas 4 semanas, você teve algum dos seguintes problemas com seu trabalho ou outra atividade regular diária, como consequência de algum problema emocional (como sentir-se deprimido ou ansioso)? (circule uma em cada linha)
SIM NÃO
a) Você diminuiu a quantidade de tempo que se dedicava ao seu trabalho ou a outras atividades?
1 2
b) Realizou menos tarefas do que você gostaria? 1 2
c) Não trabalhou ou não fez qualquer das atividades com tanto cuidado como geralmente faz?
1 2
6 – Durante as últimas 4 semanas, de que maneira sua saúde física ou problemas emocionais interferiram nas suas atividades sociais normais, em relação à família, vizinhos, amigos ou em grupo? (circule uma)
De forma nenhuma Ligeiramente Moderadamente Bastante Extremamente
1 2 3 4 5
7 – Quanta dor no corpo você teve durante as últimas 4 semanas? (circule uma)
Nenhuma Leve Muito leve Moderada Grave Muito grave
1 2 3 4 5 6
8 – Durante as últimas 4 semanas, quanto a dor interferiu com o seu trabalho normal
(incluindo tanto o trabalho, fora de casa e dentro de casa)? (circule uma linha)
De maneira nenhuma Um pouco Moderadamente Bastante Extremamente
1 2 3 4 5
78
Apêndice
9 – Estas questões são sobre como você se sente e como tudo tem acontecido com você durante as últimas 4 semanas. Para cada questão, por favor dê uma resposta que mais se aproxime da maneira como você se sente.
Todo tempo
A maior parte
do tempo
Uma boa
parte do
tempo
Alguma parte do tempo
Uma pequena parte do tempo
Nunca
a) Quanto tempo você tem se sentido cheio de vigor, cheio de vontade, cheio de força
1 2 3 4 5 6
b) Quanto tempo você tem se sentido uma pessoa muito nervosa?
1 2 3 4 5 6
c) Quanto tempo você tem se sentido tão deprimido que nada pode animá-lo?
1 2 3 4 5 6
d) Quanto tempo você tem se sentido calmo ou tranquilo ?
1 2 3 4 5 6
e) Quanto tempo você tem se sentido com muita energia?
1 2 3 4 5 6
f) Quanto tempo você tem se sentido desanimado e abatido?
1 2 3 4 5 6
g) Quanto tempo você tem se sentido esgotado?
1 2 3 4 5 6
h) Quanto tempo você tem se sentido uma pessoa feliz?
1 2 3 4 5 6
i) Quanto tempo você tem se sentido cansado?
1 2 3 4 5 6
79
Apêndice
10 – Durante as últimas 4 semanas, quanto do seu tempo a sua saúde física ou problemas emocionais interferiram com as suas atividades sociais (como visitar amigos, parentes, etc)? (circule uma)
Todo tempo A maior parte do tempo
Alguma parte do tempo
Uma pequena parte do tempo
Nenhuma parte do tempo
1 2 3 4 5
11 – O quanto verdadeiro ou falso é cada uma das afirmações para você? (circule um número em cada linha)
Definitiva-mente é
verdadeiro
A maioria das vezes
é verdadeiro
Não sei
A maioria das vezes é
falsa
Definitiva-mente é falsa
a) Eu costumo adoecer um pouco mais facilmente que as outras pessoas
1 2 3 4 5
b) Eu sou tão saudável quanto qualquer pessoa que eu conheço
1 2 3 4 5
c) Eu acho que minha saúde vai piorar
1 2 3 4 5
d) Minha saúde é excelente
1 2 3 4 5
80
Apêndice
APÊNDICE 4 Cálculo dos escores do questionário de qualidade de vida
Fase 1: Ponderação dos dados Questão Pontuação
1 Se a resposta for Pontuação 1 5,0 2 4,4 3 3,4 4 2,0 5 1,0
2 Manter o mesmo valor
3 Soma normal
4 Soma normal
5 Soma normal
6 Se a resposta for Pontuação 1 5 2 4 3 3 4 2 5 1
7 Se a resposta for Pontuação 1 6,0 2 5,4 3 4,2 4 3,1 5 2,0 6 1,0
8 A resposta da questão 8 depende da nota da questão 7 Se 8 = 1 e 7 = 1, o valor da questão é 6 Se 8 = 1 e 7 = 2 a 6, o valor da questão é 5 Se 8 = 2 e 7 = 2 a 6, o valor da questão é 4 Se 8 = 3 e 7 = 2 a 6, o valor da questão é 3 Se 8 = 4 e 7 = 2 a 6, o valor da questão é 2 Se 8 = 5 e 7 = 2 a 6, o valor da questão é 1 Se a questão 7 não for respondida, o escore da questão 8 passa a ser o seguinte: Se a resposta for 1 = a pontuação será 6 Se a resposta for 2 = a pontuação será 4,75 Se a resposta for 3 = a pontuação será 3,5 Se a resposta for 4 = a pontuação será 2,25 Se a resposta for 5 = a pontuação será 1
9 Nesta questão, a pontuação para os itens a, d, e, h, deverá seguir a seguinte orientação: Se a resposta for 1, o valor será 6 Se a resposta for 2, o valor será 5 Se a resposta for 3, o valor será 4 Se a resposta for 4, o valor será 3 Se a resposta for 5, o valor será 2 Se a resposta for 6, o valor será 1 Para os demais itens (b,c,f,g,i), o valor será mantido o mesmo
10 Considerar o mesmo valor
11 Nesta questão os itens deverão ser somados, porém os itens b e d deverão seguir a seguinte pontuação: Se a resposta for 1, o valor será 5 Se a resposta for 2, o valor será 4 Se a resposta for 3, o valor será 3 Se a resposta for 4, o valor será 2 Se a resposta for 5, o valor será 1
81
Apêndice
Fase 2: Cálculo do Raw Scale Nesta fase você irá transformar o valor das questões anteriores em notas de 8 domínios que variam de 0 (zero) a 100 (cem), onde 0=pior e 100=melhor para cada domínio. É chamado de raw scale porque o valor final não apresenta nenhuma unidade de medida. Domínio:
Capacidade funcional
Limitação por aspectos físicos
Dor
Estado geral de saúde
Vitalidade
Aspectos sociais
Aspectos emocionais
Saúde mental
Para isso, você deverá aplicar a seguinte fórmula para o cálculo de cada domínio: Valor obtido nas questões correspondentes – Limite inferior x 100
Variação (Score Range) Na fórmula, os valores de limite interior e variação (Score Range) são fixos e estão estipulados na tabela abaixo. DOMÍNIO Questão Limite
inferior Variação
Capacidade funcional 3 (a+b+c+d+e+f+g+h+i) 10 20
Aspectos físicos 4 (a+b+c+d) 4 4 Dor 7+8 2 10
Estado geral de saúde 1+11 5 20
Vitalidade 9 (a+e+g+i) 4 20 Aspectos sociais 6+10 2 8
Aspectos emocionais 5 (a+b+c) 3 3
Saúde mental 9 (b+c+d+f+h) 5 25
Exemplo de cálculo:
Capacidade funcional: (ver tabela)
Domínio Valor obtido nas questões correspondentes – Limite inferior x 100
Variação (Score Range) Capacidade funcional: 21 – 10 x 100 = 55
20 O valor para o domínio capacidade funcional é 55, em uma escala que varia de 0 a 100, onde o zero é o pior estado e cem é o melhor. Assim, você deverá fazer o cálculo para os outros domínios, obtendo oito notas no final, que serão mantidas separadamente, não se podendo somá-las e fazer uma média. Obs. A questão nº2 não faz parte do cálculo de nenhum domínio, sendo utilizada somente para se avaliar o quanto o indivíduo está melhor ou pior comparado a um ano atrás. Se algum item não for respondido, você poderá considerar a questão se esta tiver sido respondida em 50% dos seus itens.