IMPACTO DA URBANIZAÇÃO NOS ECOSSISTEMAS … · Monografia apresentada para obtenção do crédito...

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ii Maria Aurélia da Silva Martins Jordão IMPACTO DA URBANIZAÇÃO NOS ECOSSISTEMAS REPRESENTATIVOS LOCAIS DE ÁREAS VERDES ESSENCIAIS PARA A PROTEÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS - PARQUE DA ÁGUA BRANCA - SÃO PAULO, 20 DE MARÇO DE 2007

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Maria Aurélia da Silva Martins Jordão

IMPACTO DA URBANIZAÇÃO NOS ECOSSISTEMAS

REPRESENTATIVOS LOCAIS DE ÁREAS VERDES ESSENCIAIS

PARA A PROTEÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS

- PARQUE DA ÁGUA BRANCA -

SÃO PAULO, 20 DE MARÇO DE 2007

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IMPACTO DA URBANIZAÇÃO NOS ECOSSISTEMAS

REPRESENTATIVOS LOCAIS DE ÁREAS VERDES ESSENCIAIS

PARA A PROTEÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS

- PARQUE DA ÁGUA BRANCA -

SÃO PAULO, 20 DE MARÇO DE 2007

Monografia apresentada para obtenção docrédito final na conclusão do MBAInternacional em Gestão Ambiental e daEspecialização lato sensu promovido pelaPROENCO Brasil Ltda. Orientadores: Prof. Dr. José Leomax dos Santos Prof. Dr. Fernando Pinheiro Pedro

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TERMO DE APROVAÇÃO

MARIA AURÉLIA DA SILVA MARTINS JORDÃO

“IMPACTO DA URBANIZAÇÃO NOS

ECOSSISTEMAS REPRESENTATIVOS LOCAIS DE

ÁREAS VERDES ESSENCIAIS PARA A PROTEÇÃO DOS

RECURSOS HÍDRICOS” – PARQUE DA ÁGUA BRANCA

Monografia apresentada para obtenção do crédito final na conclusão do MBA

Internacional em Gestão Ambiental e da Especialização lato sensu promovido pela

PROENCO Brasil Ltda.

Orientadores:

Prof. Dr. José Leomax dos Santos

Prof. Dr. Fernando Pinheiro Pedro

SÃO PAULO, 20 DE MARÇO DE 2007

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Dedico este trabalho aos meus filhos,

Mariana, Marcelo, Yaksha e Yan que tanto usufruíram das

frescas manhãs no Parque da Água Branca.

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AGRADECIMENTO

Profa. Dra. Dorothy Casarini – CETESB

Arq. Fabiano Toffoli – CETESB

Eng. Rosa Martins – CETESB

Dra. Leila Gomes – DAEE

Eng. Cícero Mirabô Rocha Filho - SABESP

Toninho Teixeira – Parque da Água Branca

Julio César Siqueira – Parque da Água Branca

Ângela Maria Miranda Erbst - Parque da Água Branca

Érica Celeste do Nascimento – Instituto de Geociências - Biblioteca

Ronni dos Santos Oliveira – Instituto de Geociências - Biblioteca

Adv. Dr. Fabrício Soler – Pinheiro Pedro advogados

Adv. Dr. Gustavo Peixoto – Pinheiro Pedro advogados

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“As árvores são poemas

que a Terra escreve para o Céu.”

Khalil Gibran

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RESUMO

O tema “IMPACTO DA URBANIZAÇÃO NOS ECOSSISTEMAS

REPRESENTATIVOS LOCAIS DE ÁREAS VERDES ESSENCIAIS PARA A

PROTEÇÃO DOS RECURSOS HÍDRICOS” foi escolhido para esta pesquisa

em função de ser um caso real, ocorrido dentro da metrópole de São Paulo, em

área privilegiada e representativa de ecossitemas e microclimas diferenciados.

O trabalho mostrará a evolução histórica e funcional do Parque da Água

Branca em toda sua extensão, sua importância na proteção dos recursos

hídricos e climáticos, e a desarticulação e ineficiência dos mecanismos

legislativos e administrativos vigentes que além de pertencerem uma gestão

fragmentada, ainda não se permitiram uma reorganização para benefício e

perenidade do mesmo.

O Parque da Água Branca pertence à Secretaria da Agricultura do

Estado de São Paulo e por ser “unidade de despesa”, sobrevive com

orçamento vinculado e fica, portanto, impossibilitado de receber qualquer verba

extra, mesmo como doação, para empreender melhorias estruturais.

A importância do Parque da Água Branca como área verde

representativa e ecossitema ÚNICO fica ainda mais evidente através de uma

da lente de aproximaçãp – um olhar sob a geologia, hidrogeologia, micro- clima,

biodiversidade - e além disso, uma projeção de cenário futuro com o franco

desenvolvimento da especulação imobiliária na região,

.E por fim, seguem a proposição de algumas sugestões ou

recomendações que atendam a uma boa gestão sustentável.

Palavra-Chave: proteção dos recursos hídricos, gestão sustentável, Parque da Água

Branca.

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ABSTRACT

The subject “URBANIZATION IMPACT ON LOCAL ESSENTIALS

ECOSYSTEMS GREEN AREAS FOR WATERS RESOURCES PROTECTION”

– PARQUE DA ÁGUA BRANCA , was chosen for this research due being a real

case, occurred inside São Paulo Metropolis , in privileged and representative

area from distinct ecosystems and micro-climates .

This work will show historic and functional evolution from Parque da Água

Branca all over its extension, its importance on water resources protection and

climate, and current unlinked and inefficient legal and administrative

mechanisms, besides a fragmented management, yet not allowing itself such a

reorganization from benefits and perennial.

The “Parque da Água Branca” belongs to “Secretaria da Agricultura do

Estado de São Paulo” and is a “ expense unit ” surviving with a bound budget

with no possibility to receive extra income, even as donations, to undertake

structural improvements.

The importance of “Parque da Água Branca” as a representative green

area and UNIQUE ecosystem become more evident through a zoom

approximation lens - a view under geology, hydrogeology, micro-climate,

biodiversity – and moreover a future set with a fierce development on

neighborhood speculation in this area, .

And at end, follows some suggestions or recommendations attending to

a good sustainable management.

Keywords: water resources protection, sustainable management,Parque da Água

Branca.

x

SUMÁRIO

1. – Introdução...................................................................................................01

2.1 – Objetivos...................................................................................................04

2.1.1 - Gestão de qualidade dos recursos hídricos subterrâneos.....................05

3. Histórico do Parque da Água Branca.............................................................06

3.1 – Localização do Parque da Água Branca...................................................09

3.2 – Função atual do Parque da Água Branca.................................................10

4 - Caracterização da área de estudo................................................................14

4.1 - Bacia do Alto Tietê.....................................................................................15

4.2 - As micro bacias Sumaré – Pompéia..........................................................19

4.2.2 - Geologia e Hidrogelologia da micro bacia Sumaré – Pompéia..............20

4.2.3 – Área do Parque da Água Branca...........................................................21

4.2.4 - Fisiografia da área em estudo – Micro bacia Sumaré-Pompéia............24

4.3. – Clima........................................................................................................26

4.4 - Comportamento das nascentes na micro bacia Sumaré-Pompéia...........27

4.4.1 - Diagnóstico sobre o esgotamento das nascentes do Parque da Água

Branca...............................................................................................................29

4.4.2 - Medição da vazão das nascentes do Parque ......................................32

4.4.3 - Estimativa das vazões...........................................................................33

4.5 – Dados técnicos do rebaixamento do lençol freático.................................34

4.6 - Taxa de impermeabilização.......................................................................35

4.7 - Balanço hídrico antes e pós ocupação da Bacia Alto Tietê.......................37

4.7.1 - Sistemas aqüíferos da Bacia do Alto Tietê.............................................38

xi

4.7.2 - Interferências entre poços tubulares e a exploração sustentável dos

aqüíferos...........................................................................................................39

5. – Relatório de perdas na rede: SABESP.......................................................42

6.- Redução da cobertura vegetal .....................................................................44

6.1 - Tipos de vegetação ..................................................................................45

7. - Aspectos Legais relativos às águas...........................................................47

7.1- Aspectos Legais relacionados à política urbana........................................53

7. 2 - A Lei Orgânica e sua aplicabilidade no caso do Parque da Água

Branca...............................................................................................................54

8. - Discussão ..................................................................................................55

9. - Conclusões e Recomendações...................................................................58

10. - Referências Bibliográficas.........................................................................61

xii

LISTAS DE ABREVIATURAS

BAT - BACIA DO ALTO TIETÊ CETESB – COMPANHIA DE TECNOLOGIA AMBIENTAL CONDEPHAAT – CONSELHO DE DEFESA DO PATRIMONIO HISTÓRICO, ARQUEOLOGICO, ARTISTICO E TURISTICO EMURB – EMPRESA MUNICIPAL DE URBANISMO SABESP – COMPANHIA DE SANEAMENTO BÁSICO DE SÃO PAULO SAC – SISTEMA AQUIFERO CRISTALINO SAS – SISTEMA AQUIFERO SEDIMENTAR

xiii

LISTA DE FIGURAS FIGURA 01 – Implantação esquemática do Parque..........................................14

FIGURA 02 - Perfil altimétrico............................................................................24

FIGURA 03 – Pluviograma acumulado médio mensal de 1937 a 2004...........26

FIGURA 04 - Localização da nascente M 1....................................................32

FIGURA 05 - Ponteiras fiiltrantes – Well points................................................34

LISTA DE FOTOS

FOTO 01 – Foto aérea ......................................................................................09

FOTO 02 – Situação original.............................................................................30

FOTO 03 - Tanque das Palmeiras....................................................................30

FOTO 04 – Tanque de chafariz – Situação atual..............................................31

LISTA DE MAPAS

MAPA 01 – Região Metropolitana UGRH..........................................................15

MAPA 02 – Unidades de Gerenciamento Hídrico..............................................19

MAPA 03 – Coordenadas UTM e Profundidade do nível d’água.......................20

MAPA 04 – Geologia da micro bacia.................................................................22

LISTA DE TABELAS

TABELA 01 – Freqüência de Visitação..............................................................13

TABELA 02 – Bacia Hidrográfica do Alto Tietê..................................................18

TABELA 03 – Pluviometria................................................................................27

TABELA 04 – Vazões nas nascentes estudadas..............................................28

TABELA 05 – Zoneamento por áreas de ocupação..........................................36

xiv

TABELA 06 – Índice de ocupação.....................................................................37

TABELA 07 – Faixa de vazão por aqüífero.......................................................39

TABELA 08 – Balanço Hídrico...........................................................................43

TABELA 09 – Número de favelas por bairro......................................................45

TABELA 10 – Indicadores ambientais...............................................................46

ANEXO I – Levantamento florístico e faunístico

ANEXO II – Cronograma de Inquérito

ANEXO III – Poços Tubulares Cadastrados

ANEXO IV – Mapas da Região

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1. – Introdução

A metrópole de São Paulo, com alto índice de impermeabilização do solo

e definitivamente tão carente de áreas verdes, sofre ainda com os hiatos

legislativos que permitem a especulação imobiliária desenfreada avançar sobre

os interesses comunitários ou públicos/ambientais como é o caso deste objeto

de estudo : Parque da Água Branca.

A importância de um Parque Urbano numa região tão central é

inestimável,sendo que sua função social será determinada pelo uso daquele

que o freqüenta. (KLIASS, 1999 )

No caso da área em estudo, como veremos mais adiante, após tantas

transformações e adaptações vê-se a imprescindibilidade da criação de

legislação protecionista ao entorno dessa e outras áreas verdes essenciais,

criando-se uma zona de amortecimento, para a contribuição não só da

preservação de recursos hídricos como também do microclima, da fauna, da

flora , do conforto ambiental e perfil estético .

A nascente que inspirou o nome do Parque, que em tempos anteriores

jorrava com água límpida e abundante, forneceu durante muitos anos, desde

sua fundação, abastecimento ao Lago Preto e Tanque de Carpas, que hoje se

encontra desativado desde a construção de um edifício de alto luxo em rua

adjacente, pois ao se iniciarem as obras de escavação para a construção das

garagens subterrâneas do mesmo ( 3 níveis ) houve necessidade de

rebaixamento do lençol freático, causando, até que se prove o contrário, o

esgotamento da nascente citada.

As carpas importadas que eram criadas no tanque (cerca de 400 ), cujo

chafariz era atração predileta das crianças, foram transferidas às pressas para

o Lago Preto, onde parte delas puderam sobreviver.

Infelizmente, o dano causado ainda não foi reparado, sendo que o

processo do inquérito por crime ambiental durou de outubro de 2002 até os dias

de hoje, sem solução recuperadora e satisfatória.

Tanto a comunidade quanto a direção do Parque concordam em ver

restabelecido o antigo cenário, que é inclusive tombado pelo Condephaat.

Novamente, tocamos na questão do enquadramento do que é um

Parque, uma Unidade de Conservação, ou uma Área de Preservação.

O que o Parque ou recinto de exposição de animais tinha como função

há décadas atrás não mais reflete a necessidade de seu usuário. Nem sua

função dentro do sistema urbano e ambiental.

Ora, e o que é um Parque Urbano senão uma função da necessidade de

quem o usufrui?

Evidentemente que as construtoras, com o avanço na reserva imobiliária

profícua da zona Oeste ( grande parte ainda horizontal como podemos ver na

foto aérea) se regozijam pelo fato de venderem seus empreendimentos com

este valor agregado: UM PARQUE NA PORTA OU NA VARANDA DE SUA

CASA!

Desta maneira, vários outros empreendimentos surgem

instantâneamente utilizando o Marketing Ecológico para insuflar suas vendas,

sem porém terem cuidado ao estudarem antecipadamente os impactos de suas

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obras sobre a área que tanto cobiçam, nem sequer com Estudos de Impacto de

Vizinhança.

É para ser considerada a possibilidade de algum “royalty verde”, um

índice de compensação por serviços ambientais prestados em favor dos

Parques Urbanos, ação que atualmente é reflexo mundial da conscientização

do pagamento por serviços ambientais.

Obviamente, as empresas estão despreocupadas em função do já citado

hiato legislativo que não impõe restrições nem tampouco compensações.

O cenário futuro, se nada for feito a favor da preservação, manutenção e

monitoramento desta pequena, porém tão importante área, ou melhor dizendo,

ORGANISMO vivo, que é o Parque, pode ser desolador.

Um cinturão de torres, dos mais variados estilos, requintados e

formalmente impecáveis, sufocando uma das poucas áreas ainda vivas e com

biodiversidade considerável inserida na cinza impermeabilizada metrópole de

S.Paulo.

Faz-se mister que o dano ambiental seja reparado e que o Parque e seu

entorno recebam proteção total como uma Unidade de Conservação Urbana, já

que hoje presta muito mais serviços ambientais à comunidade e à cidade do

que quando foi concebido.

Há de se pensar na expansão do conceito de proteção das águas

subterrâneas a partir deste caso, preservando nossos mananciais de sub-

superfície, tanto quantitativamente quanto qualitativamente para as gerações

futuras, propondo e inspirando os tomadores de decisão, a uma

implementação com integração: os Planos Diretores de Setor entrelaçados ao

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Plano de Bacia, propiciando desta forma, uma gestão dos recursos hídricos

mais unívoca e de longo termo.

2.1 – Objetivos

O presente trabalho visa apresentar um caso de um Parque Urbano, que

sofreu dano ambiental considerável com relação ao esgotamento de uma

nascente, sem que até o presente momento atitude reparadora fosse

empreendida.

Desde a constatação em 2000, durante a construção do empreendimento

imobiliário e denúncia feita pela ASSAMAPAB (Associação de Amigos

Ambientalistas do Parque da Água Branca) até os dias de hoje já se passaram

7 anos.(!)

Além disso, considerando a área de implantação do Parque como um

ecossitema local essencial para a proteção dos recursos hídricos, dada a

importância da recarga direta no aqüífero e significância de sua micro bacia na

inserção na Bacia do Alto Tietê, destacam-se algumas recomendações

características de uma boa gestão sustentável, o que inclui os programas de

reuso e prevenção da poluição na construção civil, programas de limpeza

urbana e destinação de resíduos concomitantes aos de drenagem urbana,

gestão integrada de Comitê de Bacia,sub-prefeitura da Lapa ,CET, Secretaria

da Agricultura e Secretaria do Meio Ambiente.

É imprescindível que se crie um Projeto Lei que proteja os Parques

Urbanos e seu entorno, visando assim, um maior cuidado e preservação com

os mananciais hídricos de sub-superfície para gerações futuras.

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O presente caso, do Parque da Água Branca, somente ocorreu devido a

grande hiato na legislação municipal. Daí a necessidade da criação do PL: -

pois é sabido que, em não se havendo restrições, coibições e sanções

reparadoras, determinadas por lei, nada será feito de livre e espontânea

vontade por parte dos empreendedores, que ainda precisam apreender o

conceito de sustentabilidade,

Que sirva este caso como ponto de partida para uma ação protecionista

extensiva às semelhantes situações.

Infelizmente, realidade ainda muito infantil em nosso país, esta de

planejar e prevenir em vez de reparar.

2.1.1 - Gestão de qualidade dos recursos hídricos subterrâneos

As águas subterrâneas devem ser gerenciadas com vistas ao

desenvolvimento de projetos locais.

Praticar ações de fiscalização de poços em áreas de proteção

particulares , aplicando-se a legislação estadual e municipal vigentes, o

zoneamento, o uso e a ocupação do solo nas áreas de recarga de aqüífero e

perímetro de proteção de poços , considerando a vulnerabilidade do risco da

poluição e prevenção da mesma através do monitoramento constante da

qualidade e possível contaminação.

Devem-se adotar medidas para intensificar a proteção da qualidade da

água subterrânea, que seriam:

5

o Criação, manutenção , ampliação e proteção das áreas

verdes em centros urbanos,

o Controle de vazamentos em redes coletoras de esgoto

(programa de redução de perdas SABESP),

o Recuperação de matas ciliares1,

o Mapeamento das áreas de recarga dos aqüíferos,

o Controle do uso e ocupação do solo,

o Obtenção da classificação da qualidade das águas

subterrânea (Tramitação no CONAMA 13º GT de Classificação e

Diretrizes Ambientais para o Enquadramento das Águas Subterrâneas

13/03/07)

o Cobrança pelo uso da água, sendo que os recursos

arrecadados sejam aplicados nos Comitês de Bacias.

3. Histórico do Parque da Água Branca

No início do Século XX, em meados de 1904, o Prefeito de São Paulo Dr.

Antônio da Silva Prado, conhecendo o caráter ainda latente da atividade

agrícola na cidade, percebeu que se abriam novas perspectivas no setor.

A população abastecia-se de produtos hortifrutigranjeiros em chácaras

periféricas, ou mesmo de alguns bairros residenciais da cidade, ou ainda, de

1 A CETESB em evento realizado em sua sede em São Paulo, dia 15 de fevereiro de 2007,representada por seu ilustre Presidente Dr. Fernando Rei, juntamente com a presença do Secretário do Meio Ambiente Xico Graziano, comprometeram-se a elaborar um programa de recuperação de matas ciliares, em contribuição à campanha de minimização de emissão de GEE, onde as 100 maiores emissoras de São Paulo serão convidadas a implementarem seus programas de neutralização através de reflorestamento nas áreas indicadas.

6

seus próprios quintais cultivando pequenas hortas e criando aves

domésticamente.

Dispondo de poucos recursos, mas já possuindo vocação e terras que

ainda eram baratas, muitas pessoas poderiam se dedicar à atividade agrícola

de forma profissional e ajudar a elevar a qualidade dos produtos, difundir o

cultivo, aumentando assim a produção e diminuindo os preços dos mesmos.

Com esta visão, o prefeito idealizou o que se chamaria de Escola

Prática de Pomologia (ramo da Botânica que estuda os frutos) e Horticultura,

projeto que após algumas contrariedades sofridas pela resistência dos

opositores da Câmara Municipal, que preferiam calçar ruas e abrir novas

avenidas, finalmente obteve aprovação através da Lei nº 730 de 20 de abril de

1904. A verba concedida seria destinada para a contratação de um horticultor

experiente e para as instalações necessárias.

O Parque da Água Branca começava então a ser formado em 1905,

quando a lei 811 de 14 de março daquele ano, autorizou a prefeitura a adquirir

um terreno da propriedade de João Batista de Souza, entre outros, como uma

área de 91.781,27 m², na “Freguesia da Água Branca”.

Assim sendo, o terreno situado na Avenida Água Branca foi vendido ao

Governo Municipal para acolher a nova escola. Ao terreno adquirido foram

sendo incorporadas outras terras, até que nos anos 20, contava exatamente

com 124.735,14 m². Em 27 de janeiro de 1911, a Lei nº 1369 simplesmente

suprimiu a Escola de Pomologia encerrando suas atividades.

Em 25 de abril de 1928, o então Governador de São Paulo, Júlio Prestes,

que tinha como Secretário da Agricultura o Dr. Fernando Costa, decidiu

transferir as antigas dependências de Produção Animal e de Exposições da

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Moóca para a Água Branca. O local foi chamado de Pavilhão de Exposição de

Animais, e mais tarde chamado de Parque Dr. Fernando Costa, em

homenagem ao seu fundador.

Mais conhecido como Parque Água Branca, o Parque Dr. Fernando

Costa, pertencente,portanto, à Secretaria de Agricultura e Abastecimento, foi

criado em 02 de Junho de 1929, pelo então Secretário da Agricultura Dr.

Fernando Costa, para ser um recinto de exposições e provas zootécnicas, onde

funcionou a Indústria de Produção Animal.

Localizado na Avenida Água Branca, que ainda não contava com

calçamento, o Parque disponibilizava em sua inauguração várias seções: de

Veterinária, Defesa Sanitária Animal, Caça e Pesca, Produção Animal entre

outras; tanques de peixes, um pequeno Zôo, um caramanchão e até um cinema

mudo, que então formavam uma área especial para o lazer.

Outra atração da época era o passeio à noite no Parque, para a

admiração de suas edificações de estilo normando iluminados, projetados por

Mário Whately, e os vitrais do portal de entrada, em estilo Art Déco,

desenhados por Antônio Gomide.

Em 1979, as grandes exposições de gado foram definitivamente

transferidas para o recinto de Exposições da Água Funda, por motivos de

modernização da área de exposições e necessidade de espaços mais amplos

para a circulação dos visitantes.

Em 1996, conforme Resolução SC - 25, de 11-06-96 – “O Secretário da

Cultura, nos termos do artigo 1º do Decreto-Lei 149, de 15-8 do Decreto

8

Estadual 13.426 de 16-3-79, cujos artigos 134 e 149 permanecem em por força

dos artigos 187 e 193 do Decreto Estadual 20.955, de 1-6-83, resolve:

” fica tombado como bem cultural, histórico, arquitetônico, turístico,

tecnológico e paisagístico, o PARQUE DOUTOR FERNANDO COSTA,

também tido como PARQUE DA ÁGUA BRANCA”, pelo CONDEPHAAT

(Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e

Turístico do Estado).

3.1 – Localização do Parque da Água Branca

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FOTO 01 – Vista aérea da região – Fonte: SABESP

O Parque Fernando Costa, assim denominado a partir da gestão do

Secretário da Agricultura homônimo em junho de 1929, tem área total de

136.765,41m2, sendo 79.309,66m2, de área verde (não pavimentada e não

edificada); 27.110m2 de área edificada e 30.345,75m2 de área pavimentada

(ruas, alamedas e pátios).

Situa-se na parte central da cidade de S.Paulo mais precisamente entre

os bairros Perdizes e Barra Funda, sendo limitado pelas Av. Francisco

Matarazzo, Rua Ministro de Godoy, Rua Turiassu e Rua Dona Germaine

Burchard.

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3.2 – Função atual do Parque da Água Branca

Atualmente, o Parque exerce a função de Unidade de Conservação com

159 espécies de árvores perfazendo um total aproximado de 3000 unidades

plantadas e abrigando mais de 40 espécies de pássaros (ANEXO I).

Segundo o Mapa de Planejamento Estratégico Setorial da Sub-

Prefeitura da Lapa, donde o Parque pertence, é considerado como Área de

Proteção Cultural (ANEXO 3) e não Área de Proteção Ambiental, embora hajam

corredores verdes a preservar e algumas pequenas áreas de garantia de

fruição da paisagem.

Além de toda esta população de aves observadas, o Parque da Água

Branca apresenta ao seu público várias espécies que são criadas soltas e

algumas outras que são mantidas em cercados sendo: patos, marrecos,

faisões, touro-anão, pôneis, pavões, coelhos.

Estas são as atrações preferidas das crianças que podem dentro de uma

área urbana usufruir do contato com animais e até mesmo brincar livremente

com os mesmos, sob a supervisão de instrutores que praticam ,diariamente,

um belo trabalho de educação ambiental, ensinando, pacientemente , que não

se deve fornecer alimentos inadequados aos mesmos e algumas peculiaridades

inerentes às espécies.

Muitos felinos órfãos ou abandonados por seus donos irresponsáveis

acabam sendo incorporados ao cotidiano do Parque, e para isto já se promove

Campanha de Conscientização contra o abandono de animais.

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Oferece, portanto, à comunidade, uma gama variadíssima de atividades

culturais, de lazer, de educação ambiental, sendo que dispõe de:

Centro histórico e pedagógico da Agricultura Paulista

Meliponário

Relógio de sol

Vitrais de Antonio Gomide

Espaço Zootécnico

Espaço para exposições

Tattersal (prédio octogonal para eventos)

Aquário

Espaço de leitura e biblioteca

Casa do caboclo

Viveiro de mudas e flores

Museu geológico

Espaço para melhor idade

Feira de produtos orgânicos

Programa de coleta seletiva de lixo

Campanha contra abandono de animais

Equoterapia

Espaço agro-industrial

Cadeias produtivas

Lago Preto (última nascente de água), play ground,

espaço para pic nic

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Restaurante e café

Tanque de carpas e chafariz (desativados devido

desequilíbrio ambiental)

O Parque recebe mensalmente uma população aproximada de 300.000

pessoas sendo que em setembro de 2006 recebeu 1.252.309 pessoas, devido a

feiras temáticas de grande porte.

Além disto, suporta fisicamente eventos que a Secretaria da Cultura

promove freqüentemente em seu espaço, sem para tanto receber quaisquer

recursos extras ao seu orçamento.

Sua função social e ambiental é ampla e de extrema importância.

Nos últimos dois anos a freqüência de usuários apresentou-se da

maneira seguinte:

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TABELA 01 – Frequência de visitação ao Parque

Visitantes do Parque Água Branca

Mês 2007 2006 2005

Janeiro 225.441 397.400 310.457

Fevereiro 216.316 216.200 250.025

Março 233.363 243.559

Abril 272.744 284.505

Maio 245.207 214.642

Junho 235.995 236.801

Julho 266.478 319.004

Agosto 228.426 245.720

Setembro 1.252.309 830.034

Outubro 766.774 570.358

Novembro 239.576 275.951

Dezembro 205.008 195.319

Total 4.559.480 3.976.375

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4 - Caracterização da área de estudo

O Parque Fernando Costa situa-se na parte central da cidade de S.Paulo

mais precisamente entre os bairros Perdizes e Barra Funda, sendo limitado

pelas Av. Francisco Matarazzo, Rua Ministro de Godoy, Rua Turiassu e Rua

Dona Germaine Burchard.

FIGURA 01 – Implantação esquemática do Parque

As cotas altimétricas situam-se entre 725 e 745m.

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4.1 - Bacia do Alto Tietê

Bacia hidrográfica ou de contribuição é a área geográfica coletora de

água de chuva que escoando pela superfície do solo atinge a seção

considerada (MARTINS, 1976).

MAPA 01 – Região Metropolitana de São Paulo e suas Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos -

UGRH

A Bacia do Alto Tietê corresponde à área drenada pelo Rio Tietê, desde

a sua nascente que se encontra no município de Salesópolis, até a Barragem

do Rasgão, somando uma área de 5.985 km2 , com a integração da área

urbana de 35 municípios.

16

A característica principal desta Bacia é apresentar regimes hidráulicos e

hidrológicos extremamente complexos, justamente causados pela urbanização

excessiva e desenfreada ocorrida durante as últimas décadas, sendo que hoje

abriga uma população de aproximadamente 17,8 milhões de habitantes, com

previsão que em 2010 chegue a 20 milhões de habitantes.

Além disso a disponibilidade hídrica por habitante é tão baixa que pode

ser comparada às áreas mais secas do Nordeste (SILVA, 2003)

A problemática de recursos hídricos desta Bacia decorre, principalmente,

do fato da Região Metropolitana de São Paulo ser uma das áreas de maior

adensamento urbano mundiais.

A área urbanizada ocupa quase que 37% da área da bacia e, apesar

das taxas de crescimento populacional apresentarem considerável diminuição,

isto não se reflete na contenção da expansão da mancha urbana.

O deslocamento da população de baixa renda para as zonas periféricas

das cidades agrava a degradação ambiental pela expansão desordenada, pela

falta de infra-estrutura urbana adequada, e os conseqüentes problemas de

ocupação de áreas de proteção a mananciais e das várzeas ( áreas verdes ou

degradadas significativas para recarga do aqüífero), de necessidade de

expansão dos sistemas de abastecimento de água e coleta de esgotos

sanitários, de coleta de lixo.

A conseqüência é bastante séria para a região que é a necessidade da

continuidade do investimento na expansão da infra-estrutura urbana, a taxas

superiores às próprias taxas globais de crescimento populacional. Esvazia-se o

centro urbano, cuja infra-estrutura, já instalada e consolidada, passa a ter

ociosidade crescente, e incha-se a periferia, que, penosamente, aguarda o

17

sistema ter possibilidade de crescer em seus investimentos e instalar

necessária infra-estrutura básica.

Trata-se,portanto, de uma Bacia em condições extremamente críticas em

termos da utilização dos recursos hídricos e resumem-se os fatores principais

de seu estresse em:

1. A escassez de água

2. Comprometimento dos mananciais de superfície

3. Desorganização da exploração e ameaça ao manancial

subterrâneo

4. Comprometimento das águas superficiais

5. Ameaça do lixo

6. Impermeabilização do solo e ocupação indevida das

várzeas

O consumo total de água da Bacia excede, demasiadamente, sua própria

produção hídrica.

A produção de água para abastecimento público encontra-se atualmente

em 63,1 m3/s, dos quais 31 m3/s são importados da Bacia do rio Piracicaba,

localizada ao norte da Bacia do Alto Tietê, 2,0 m3/s de outras reversões

menores dos rios Capivari e Guaratuba.

Este volume atende 99% da população da Bacia.

A Bacia consome ainda 2,6 m3/s para irrigação e a demanda industrial é

parcialmente atendida pela rede pública (15% do total distribuído) e parte por

abastecimento próprio através de captações e extração de água subterrânea.

18

Sua Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos – a UGRHI – 06

encontra-se subdividida em cinco sub-comitês: Tietê-Cabeceiras, Billings-

Tamanduateí, Juquerí-Cantareira, Cotia-Guarapiranga, e Pinheiros-Pirapora.

(TABELA 02 e MAPA 01).

Sub- bacia DISTRITOS ALTO TAMANDUATEÍ

DIADEMA (DIA), SANTO ANDRÉ (SAN), SÃO BERNARDO DO CAMPO (SPC)

BILLINGS

JARDIM SANTA LUZIA (RPI), OURO FINO PAULISTA (RPI), RIBEIRÃO PIRES (RPI) RIO GRANDE DA SERRA (RGS), PARANAPIACABA (SAN), RIACHO GRANDE (SPC), GRAJAÚ (SP), PARELHEIROS (SP), PEDREIRA (SP).

CABECEIRAS

ARUJÁ (ARU), BIRITIBA-MIRIM (BIR), FERRAZ DE VASCONCELOS (FVA), SANTA MARGARIDA PAULISTA (FVA), SANTO ANTÔNIO PAULISTA (FVA), GUARULHOS (GUA), JARDIM PRESIDENTE DUTRA (GUA), iTAQUAQUECETUBA (ITQ), BIRITIBAUSSU (MCR), BRÁS CUBAS (MCR), CEZAR DE SOUZA (MCR), JUNDIAPEBA (MCR),MOGI DAS CRUZES (MCR), SABAÚNA (MCR), TAIACUPEBA (MCR), CIDADE KEMEL (POA), POÁ (POA), NOSSA SENHORA DO REMÉDIO (SAL), SALESÓPOLIS (SAL),ARTUR ALVIM (SP), CANGAÍBA (SP), CIDADE TIRADENTES (SP), ERMELINO MATARAZZO (SP), GUAINAZES (SP), ITAIM PAULISTA (SP), ITAQUERA (SP),JARDIM HELENA (SP), JOSÉ BONIFÁCIO (SP), LAJEADO (SP), PENHA (SP), PONTE RASA (SP), SÃO MIGUEL (SP), VILA CURUCA (SP), VILA JACUI (SP), BOA VISTA PAULISTA (SUZ), PALMEIRAS DE SÃO PAULO (SUZ), SUZANO (SUZ).

JUQUERI -

CANTAREIRA

CAIEIRAS (CAI), CAJAMAR (CAJ), JORDANÉSIA (CAJ), POLVILHO (CAJ),FRANCISCO MORATO (FMO), FRANCO DA ROCHA (FRO), MAIRIPORÃ (MAI),ANHANGUERA (SP), JARAGUÁ (SP), PERUS (SP).

PENHA-PINHEIROS

VILA DIRCE (CAR), MAUÁ (MAU), CAPUAVA (SAN), SÃO CAETANO DO SUL (SPC),ÁGUA RASA (SP), ALTO DE PINHEIROS (SP), ARICANDUVA (SP), BARRA FUNDA(SP), BELA VISTA (SP), BELÉM (SP), BOM RETIRO (SP), BRÁS (SP), BRASILÂNDIA(SP), BUTANTÃ (SP), CACHOEIRINHA (SP), CAMBUCI (SP), CAMPO BELO (SP),CAMPO GRANDE (SP), CAMPO LIMPO (SP), CAPÃO REDONDO (SP), CARRÃO (SP),CASA VERDE (SP), CIDADE ADEMAR (SP), CIDADE LÍDER (SP), CONSOLAÇÃO(SP), CURSINO (SP), FREGUESIA DO Ó (SP), IGUATEMI (SP), IPIRANGA (SP),ITAIM BIBI (SP), JABAQUARA (SP), JAÇANÃ (SP), JAGUARÁ (SP), JAGUARÉ (SP),JARDIM PAULISTA (SP), LAPA (SP), LIBERDADE (SP), LIMÃO (SP), MANDAQUI(SP), MOEMA (SP), MOOCA (SP), MORUMBI (SP), PARI (SP), PARQUE DO CARMO(SP), PERDIZES (SP), PINHEIROS (SP), PIRITUBA (SP), RAPOSO TAVARES (SP),REPÚBLICA (SP), RIO PEQUENO (SP), SACOMÃ (SP), SANTA CECILIA (SP),SANTANA (SP), SANTO AMARO (SP), SÃO DOMINGOS (SP), SÃO LUCAS (SP),SÃO MATEUS (SP), SÃO RAFAEL (SP), SAPOPEMBA (SP), SAÚDE (SP), SÉ (SP),TATUAPÉ (SP), TREMEMBÉ (SP), TUCURUVI (SP), VILA ANDRADE (SP), VILA FORMOSA (SP), VILA GUILHERME (SP), VILA LEOPOLDINA (SP), VILA MARIA(SP), VILA MARIANA (SP), VILA MATILDE (SP), VILA MEDEIROS (SP), VILA PRUDENTE (SP), VILA SÔNIA (SP), TABOÃO DA SERRA (TSE).

PINHEIROS-PIRAPORA

ALDEIA (BAR), BARUERI (BAR), JARDIM BELVAL (BAR), JARDIM SILVEIRA (BAR),ALDEIA DE CARAPICUÍBA (CAR), CARAPICUÍBA (CAR), ITAPEVI (ITA), JANDIRA(JAN), OSASCO (OSA), PIRAPORA DO BOM JESUS (PBJ), SANTANA DE PARNAIBA(SPA).

FORA DA BACIA

GUARAREMA (GAR), JUQUITIBA (JUQ), SANTA ISABEL (SIZ).

TABELA 02 - Bacia Hidrográfica do Alto Tietê. Correspondência entre Distritos e Sub-bacias.

19

MAPA 02 - Unidades de Gerenciamento Hídrico

4.2 - As micro bacias Sumaré - Pompéia

Pertencentes ao sub-sistema Penha-Pinheiros e ao domínio maior, a

Bacia do Alto Tietê, que por sua vez é circundada por setores montanhosos que

formam os divisores naturais das águas superficiais e subterrâneas do sistema.

20

As micro bacias Sumaré Pompéia podem ser consideradas como uma só

bacia pois são contíguas e possuem características semelhantes de ocupação

urbana, geologia e fisiografia (VELASQUEZ,1996)

4.2.2 - Geologia e Hidrogelologia da micro bacia Sumaré – Pompéia

A área está geologicamente localizada na Bacia Sedimentar de São

Paulo, de idade terciária, constituída de camadas e lentes arenosas, siltosas e

argilosas, que cobrem 66% da área referida, com espessura média de 80m e

quanto aos 33% que restam, são ocupados pelos aluviões quaternários das

várzeas do Rio Tietê.

O desnível altimétrico é consideravelmente elevado - 111m – variando de

832m a 721m.

21

MAPA 03 – Coordenadas UTM e profundidade do nível d’agua – VELASQUEZ 1996

4.2.3 – Área do Parque da Água Branca

Na área que pertence ao Parque afloram sedimentos da Formação São

Paulo e Formação Resende, ambas pertencentes a Idade Cenozóica, datadas

do Pleistoceno e Plioceno respectivamente. (MORAES REGO, 1993)

Já a formação São Paulo é de ocorrência restrita na área que apresenta

um perfil de solo tipicamente laterítico (com presença de argilas cauliníticas e

minerais constituídos por óxidos de ferro e de alumínio).

Parque

22

A espessura máxima desta camada fica em torno de 8m possuindo cerca

de 55-70% de sólidos constituídos por argila porosa vermelha não estruturada e

frações menores de areia fina a grossa, com poucos seixos de quartzo.

Sob o olhar da hidrogeologia, a Formação São Paulo é constituída por

uma predominância de argilas, siltes e areias argilosas fina tem um

comportamento similar ao de uma esponja, com porosidade entre 45-60%,

absorvendo grande quantidade de água durante as precipitações e ao

mesmo, tempo, transmitindo esta água com uma velocidade entre 2,5 a 3,5.10-

5cm/s para as camadas argilo-arenosas da Formação Resende que situa-se sob

estes sedimentos.(DINIZ, 2003)

23

MAPA 04 - Geologia da micro bacia Sumaré Pompéia – FONTE: ( VELASQUEZ 1996)

Legenda:

Cenozóico quaternário: Cenozócio terciário – Formação São Paulo Formação Resende Proterozóico nascentes poços de monitoramento furos de sondagem Divisor hidrográfico Ruas e avenidas Ferrovias

A Formação Resende ocorre sob os sedimentos da Formação São Paulo

e sobre as rochas metamórficas do embasamento Cristalino.Dentro do Parque

da Água Branca possui espessura máxima de 70m.(DINIZ, 2003 )

A Formação Resende é constituída por camadas com espessura de

poucos metros de argilas arenosas, argilas sílticas, argilas e areias argilosas,

nas cores branca amarelada, cinza claro e cinza esverdeado, intercaladas por

camadas com espessura de até 1m de areias e cascalhos.

Parque

24

Abaixo da Formação Resende ocorrem rochas metamórficas, gnáissicas

e magmatitícas do Grupo Açungui, de Idade Pré-Cambriana, do Proterozóico

Superior. A Formação Resende recebe a recarga das águas oriundas das

precipitações, acumuladas na Formação São Paulo, superior. Em se tratando

de camada pouco permeável e com poucos vazios entre os grãos formadores

dos sedimentos devido ao seu caráter argiloso, a água proveniente da recarga

e infiltrada a partir da Formação São Paulo fica acumulada nestas argilas da

Formação Resende, saturando-as, e sendo transmitidas com muita lentidão,

fazendo assim com que os poços nela construídos tenham baixas vazões

.(ANEXO III )

Entende-se por vazão o volume de água escoado na unidade de tempo

numa determinada seção do curso d’água.(MARTINS, 1976 )

Há necessidade de estudos mais detalhados para se determinar qual

volume de perdas na rede realmente infiltra no solo, sendo uma suposição irreal

considerar que todo esse volume de perdas físicas se torna recarga.

(VELASQUEZ,1996)

Normalmente o nível do aqüífero freático se encontra na interface entre a

Formação São Paulo e Formação Resende.

Nota-se ocorrência de surgências de águas que percorrem os pacotes

arenosos nas imediações do Parque da Água Branca (Av. Pacembu, Rua

Atalaia e Viaduto Oscar Freire) que são devidas às couraças limoníticas de

espessura variada, frequentes na interfácie entre os sedimentos argilosos e

arenosos, proporcionando pronunciada impermeabilidade no topo das camadas

pelíticas. (RICOMINI,1992).

25

4.2.4 - Fisiografia da área em estudo – Micro bacia Sumaré-

Pompéia

A conformação topográfica regional é de suaves colinas no domínio

sedimentar, tabuliformes, e de espigões bem detalhados sobressaindo-se o

espigão central Sumaré-Paulista, interfluvio natural das Bacias dos Rios Tietê e

Pinheiros com altitudes em torno de 800m.

FIGURA 02 - Perfil altimétrico- Fonte: Tese de doutorado de VELASQUEZ, 1996.

A área está geomorfologicamente situada na vertente do espigão central

que drena para o Rio Tietê. Compreende a área desde o divisor destas bacias

(Av. Heitor Penteado e Dr. Arnaldo) até a várzea do Rio Tietê.

Parque

26

As altitudes máxima e mínima encontradas são respectivamente 832m

no bairro Sumaré e 721m na várzea do Rio Tietê, que corresponde a uma

amplitude total de 111m.

O relevo é nitidamente condicionado às litologias, onde em áreas

ocupadas pela várzea do Tietê llimitada até a altura da cota 725m,predomina

um relevo suavizado com amplitudes da ordem de 1 a 3m.

O Tietê possuía vários braços e meandros que foram retificados pelo

aterro dos sedimentos de várzea. A partir da cota 725m avançando mais a

sudoeste, sentido Av. Heitor Penteado, os sedimentos terciários da Bacia de

São Paulo sustentam um relevo de colinas com declividades máximas de 25%

até a altura da cota 750m.

Entre as cotas 750 e 800m há a predominância de um relevo mais

íngreme, com declividades médias freqüentemente superiores a 25%,

principalmente junto às cabeceiras das drenagens, profundamente esculpidas

nos sedimentos lateríticos da Formação São Paulo, mais resistentes à erosão.

Acima da cota 800m o relevo torna-se mais suavizado, correspondendo

ao topo das zonas de interflúvio entre as sub-bacias Sumaré e Pompéia, na

porção centro sul da área, onde atinge cotas mais elevadas de 806m a

832m.(FIGURA 02)

Os córregos que drenam as sub-bacias Sumaré e Pompéia, córrego

Sumaré e córrego da Água Preta, encontram-se bastante modificados no seu

percurso e dinâmica de escoamento, devido à urbanização que os confinou em

GAP’s (galerias de águas pluviais), cuja soma é de 1,45km e 1,8km nas sub-

bacias Pompéia e Sumaré, respectivamente (EMURB,1974)

27

Grande quantidade de águas de efluentes domésticos são lançados

clandestinamente ao longo das galerias, de fluxos significativos, mesmo em

estação seca.

4.3. – Clima

O regime das chuvas se observa diferenciado por dois períodos

marcantes de distribuição mensal, de abril a setembro como um período mais

seco e o período mais úmido de outubro a março (FIGURA 03 ).

FIGURA 03 – Pluviograma acumulado médio mensal de 1937 a 2004

28

Verifica-se segundo os dados acima que não houve diminuição

significativa no regime das precipitações, durante o período vigente do processo

de inquérito.

Durante o período da construção do edifício a e apontado como causa de

diminuição da vazão na nascente em litígio.

TABELA 03 - Fonte: Excerto de Download serie histórica 1937 a 2004 – DAEE – www..daee.sp.gov.br

4.4 - Comportamento das nascentes na micro bacia Sumaré-

Pompéia

Baseando-se na fonte de dados de (VELÁSQUEZ,1996), para se

entender o comportamento das nascentes da região micro bacia Sumaré-

Município Prefixo Nome Altitude Latitude Longitude Bacia Sao Paulo E3-003 Agua Branca 730 m 23°31' 46°41' Tiete (superior)

Mm/ano

Ano Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 1993 259,4 243,0 95,5 136,6 51,0 --- --- --- --- 166,1 65,2 --- 1994 --- --- --- --- --- --- 27,8 0,0 0,5 92,5 123,6 284,4 1995 376,1 394,7 251,4 48,8 59,1 40,9 --- 21,7 54,5 203,5 --- 163,9 1996 262,4 178,9 348,2 30,4 24,6 39,8 5,0 27,1 154,1 133,5 66,7 242,7 1997 --- --- --- --- --- 60,5 --- --- --- --- --- --- 1998 --- --- --- --- --- --- --- --- 130,2 165,5 38,2 165,4 1999 250,3 341,2 130,9 36,5 34,0 56,6 22,8 0,7 68,1 81,8 60,8 --- 2000 269,0 262,5 92,3 2,1 16,3 13,2 60,1 37,5 36,0 24,6 70,5 68,5 2001 123,9 373,6 191,8 34,8 112,1 16,1 52,5 39,8 66,6 211,7 172,0 236,9 2002 269,6 149,5 320,8 39,8 78,5 0,1 28,2 35,1 46,6 129,4 161,8 41,1 2003 247,1 134,6 120,4 64,4 14,5 42,0 10,0 18,3 31,3 99,9 76,4 124,2 2004 181,2 241,8 153,0 126,9 22,1 27,6 99,5 0,0 9,5 --- --- ---

29

Pompeia, que atualmente já apresenta um cenário diferente, dado que muitas

das mesmas se encontram suprimidas.

As nascentes são encontradas no terreno terciário acima da cota 740m,

como se observa no mapa geológico (MAPA 04) .O objetivo do controle das

vazões das nascentes foi a avaliação qualitativa da dinâmica dos fluxos do

aqüífero freático. (VELÁSQUEZ,1996)

O monitoramento das vazões foi realizado na tese estudada a cada 30

dias, para a demonstração do efeito da urbanização sobre o sistema

hidrológico quanto aos aspectos da recarga no aqüífero freático e escoamento

superficial.

A tabela abaixo aponta as vazões medidas no período de um ano.

Nascente 1 2 3 4 5 6 7 8 Cota 765 765 765 769 750 790 740 740 Local Sumaré

1 Sumaré 2

Min. Godoy

P. Vieira

Cajaíba D. João Água Branca 1

Água Branca 2

Data VAZÃO(l/h) 21/10/94 236.00 139.00 - 589.00 531.00 100.00 1440.00 553.80 22/11/94 377.00 206.40 - 605.00 522.00 128.00 2700.00 426.30 06/12/94 476.00 163.60 - 648.00 600.00 156.00 4628.00 852.60 19/12/94 648.00 171.40 - 810.00 720.00 360.00 2160.00 736.40 03/01/95 648.00 219.80 155.00 953.00 689.00 753.00 1906.00 1045.2023/01/95 648.00 216.00 81.80 852.00 675.00 506.00 2492.00 469.60 13/02/95 810.00 229.00 270.00 1296.00 875.00 1906.00 8100.00 1117.2006/03/95 720.00 202.50 139.60 1045.00 831.00 1117.00 6480.00 623.00 21/03/95 611.00 198.00 105.00 1045.00 753.00 771.00 4629.00 790.20 11/04/95 648.00 202.50 100.00 1080.00 753.00 900.00 - 483.00 25/04/95 623.00 102.90 85.70 853.00 690.00 504.00 2880.00 611.00 25/05/95 462.90 180.00 60.00 926.00 589.00 52.00 4628.60 589.10 26/06/95 498.50 180.00 42.00 926.00 589.00 SECO - - 26/07/95 410.10 176.00 - 810.00 579.00 SECO - - 25/08/95 423.50 157.40 - 778.00 576.00 SECO - - 22/09/95 405.60 171.40 - 689.00 540.00 SECO - - TABELA 04 - Vazões nas nascentes estudadas – VELASQUEZ,1996

30

Há relatos de medidas tomadas in situ das concentrações dos

parâmetros Cloro Livre e Fluoreto para constatação da origem da água, se a

mesma seria meteórica ou de vazamentos da rede de abastecimento.

O Cloro Livre pode ser um bom indicador para uma aferição

complementar sobre vazamentos e nesse caso não foi encontrada a presença

desse parâmetro, constatando-se conseqüentemente a origem meteórica das

águas.(VELÁSQUEZ,1996)

Recentemente, em consulta à diretoria do Parque também recebeu-se a

informação que no laudo de análise química das nascentes do Parque não foi

encontrado parâmetro de Cloro Livre.

A possibilidade que o abastecimento da nascente suprimida fosse feito

por águas de perdas na rede, fica cada vez mais distante, posto que além da

análise química confirmadora de ausência de Cloro Livre, desde a ano de 2000

a SABESP promove programa de redução de perdas , sendo que em 2005

apresenta queda acentuada. Como veremos mais adiante.

4.4.1 - Diagnóstico sobre o esgotamento das nascentes do

Parque da Água Branca

Desde sua fundação até o ano de 2002 a nascente situada na parede

próxima a Av. Francisco Matarazzo, cota aproximada 725m, alimentava

diversos tubos de entrada que conduziam a água para um tanque de 35mX20m

e 1m de profundidade, totalizando 700m3 de capacidade.(FOTO 02)

31

FOTO 02 – Situação original

Mais acima, em torno de 5m ao Sul deste tanque encontra-se outro

tanque com dimensões de 25mX15mX2 totalizando 750m3 de

capacidade.(FOTO 03).

Nestes tanques eram criadas cerca de 400 carpas importadas

premiadas, atração predileta do público infantil, sendo que a água vinda do

primeiro tanque, drenada por gravidade através de um tubo de 12” até um poço

lateral ao mesmo, era bombeada para o chafariz que se localiza no centro do

segundo tanque oxigenando assim a água onde as carpas habitavam. (FOTO

04)

FOTO 03 – Tanque das Palmeiras em situação atual

32

FOTO 04 – Tanque do chafariz em situação atual

Embora considerando-se a evaporação, a insolação, e umidade e

temperatura ambiente, esta nascente servia com suficiência à manutenção de

ambos os tanques, que juntos somavam uma capacidade de 1450m3.

Considera-se que o suprimento da água da fonte fosse realizado pela

infiltração das águas de chuvas nas argilas porosas da Formação São Paulo e

que no momento em que o fluxo subterrâneo atingia a interfácie composta por

argilas arenosas pouco porosas e pouco permeáveis da Formação Resende,

descarregavam a água na nascente citada.(DINIZ,2001)

A nascente restante que abastece o Lago Preto, nominada no laudo

técnico como M1 se encontra localizada na cota 738m, conforme croquis

(FIGURA 03 ).

33

FIGURA 04 - Localização da nascente M 1

4.4.2 - Medição da vazão das nascentes do Parque

Segundo a diretoria do Parque não houve alteração significativa da

nascente M1, situada na cota 738m, podendo-se afirmar que a mesma

apresentou, salvo as oscilações de períodos de menor precipitação, uma vazão

aproximada de 10 m3/h, nascente essa que abastece o Lago Preto.

34

4.4.3 - Estimativa das vazões

Não foi possível levantamento de dados precisos de medição ou

monitoramento tanto das nascentes quanto dos poços de captação de água

subterrânea.

As únicas informações de medição da vazão foram as seguintes,

encontradas no processo de inquérito: em 15 de outubro de 2002,mediu-se

0,2l/s na entradas dos tanques , o que representou grande queda se

comparado à medição de fevereiro do mesmo ano que foi 0,55l/s.

Outrossim, a determinação do laudo técnico apontava como solução a

instalação de poços de monitoramento dentro do parque, para que as isolinhas

fossem traçadas e daí definir categoricamente as razões da supressão da

nascente em discussão. O mesmo não foi procedido.

Durante todo o processo de inquérito, até a presente data, não houve

mais monitoramento e medições.

Se observada a tabela de índice pluviométrico do período

correspondente aos últimos 5 anos, nota-se que não houve estiagem

significativa que apontasse como única causa a supressão das nascentes.

Periodicamente (de 2 a 3 vezes por semana) ,do subsolo do Edifício já

nominado, foram bombeados alguns milhares de litros de água emergente,

provavelmente proveniente do lençol e jogados no meio fio.(!)

Há informações colhidas em outros edifícios do entorno, tanto à

montante quanto à jusante da nascente, que procederam durante os últimos

anos (10 anos) o mesmo bombeamento, o que de uma certa maneira

35

caracteriza a abundância na emergência de águas subterrâneas, mesmo

durante os períodos mais secos, com uma vazão um pouco mais baixa.

4.5 – Dados técnicos do rebaixamento do lençol freático

A Tecnogeo, empresa responsável pela execução das obras de fundação

no empreendimento Reserv du Parc, executou rebaixamento do terreno em

aproximadamente 28m da cota 742m da Rua Ministro de Godoy, para a

construção dos 3 níveis de subsolo das garagens.

A técnica empregada foi a de ponteiras filtrantes (well points) que

basicamente consiste no desenvolvimento de gradiente hidráulico em relação

ao nível natural d’água de modo a formar um fluxo artificial para pontos locais

pré-determinados; sendo a coleta destes pontos feita por um sistema de

rebaixamento cuja escolha obedece a geometria e profundidade da escavação

abaixo do nível d’água, a permeabilidade e tipo do aqüífero.

FIGURA 05 - Ponteiras fiiltrantes – Well points

36

4.6 - Taxa de impermeabilização

Na região em estudo a impermeabilização calculada é estimada em 73%

(HIRATA,2001), um nível tal que causa grande escoamento superficial nas

águas precipitadas das chuvas e que anteriormente à ocupação urbana,

infiltrava-se nas argilas porosas da Formação São Paulo.(VELASQUEZ,1996)

Entende-se que escoamento superficial tenha origem fundamentalmente,

nas precipitações (MARTINS,1976). Parte da água das chuvas é interceptada

pela vegetação e outros obstáculos de onde evapora-se posteriormente.

Do volume que atinge a superfície do solo parte é retida em depressões

do terreno, parte se infiltra e o restante escoa pela superfície assim que a

intensidade da precipitação supere a capacidade de infiltração no solo e os

espaços nas superfícies retentoras tenham sido preenchidos.

Esclarece-se que infiltração é a penetração da água nas camadas de

solo próximas à superfície do terreno movendo-se para baixo através dos

vazios sob a ação da gravidade, até que atinja uma camada suporte que a

retém, formando então, a água do solo.(MARTINS, 1976)

O movimento das águas livre são as trajetórias descritas pela água

determinadas pelas linhas de maior declive do terreno e pelos obstáculos

existentes em seu caminho.(MARTINS,1976).

A hipótese de supressão da nascente do Parque da Água Branca é

sustentada pelos engenheiros da construtora em litígio como “força da

impermeabilização da região”.

37

Deve ser considerada, como impacto negativo, a impermeabilização das

ruas internas do Parque da Água Branca, que foram asfaltadas em

aproximadamente 30% de sua área total, reduzindo assim, consideravelmente,

uma possível recarga indireta no aqüífero.

Em termos do zoneamento urbano delimitado pela PMSP, existem sete

zonas de ocupação para toda área abrangente da bacia hidrográfica em estudo,

que na tabela XX foram agrupadas em cinco.

o Z1 = Residencial horizontal.Comércio extremamente restrito

a ausente, com aproveitamento de 40%.

o Z2 = Residencial, comercial e serviços, com aproveitamento

máximo permitido de 50%.

o Z3 = Residencial, comercial e serviços de maior parte que

Z2, com aproveitamento de 50%.

o Z6 = Industrial e comercial com aproveitamento máximo

permitido de 70%.

o Z8 = Especial – clubes, parques de estacionamento

públicos (CET), com aproveitamentos máximos variáveis atingindo até

50%. (vide anexo – tabela XX e XXX).

Zona Nº lotes

Área da amostra m2

Área dos lotes m2

Área Construída m2

Pavimentação domiciliar m2

Pavimentação viária m2

ÁREA IMP. TOTAL

TAXA IMP. TOTAL6/1

Z1 206 104.123 80.623 29.992 12.093 23.500 65.558 0,63

Z2 415 128.540 101.140 47.526 30.342 27.400 105.268 0,81

Z3 802 242.802 195.802 105.389 58.740 47.000 211.129 0,87

38

TABELA 05 - Zoneamento por Áreas de ocupação – Fonte: Tese de doutorado de Velásquez,1996.

Zonas de ocupação

Área total

m2

Índice de ocupação

por tipo de solo

Área correspondente

Área dos lotes m2

0,80 X área total menos área verde

pública 359.630 323.667

Área permeável 23%

5,0% - áreas verdes públicas 4,5% - lotes vagos 13,5% - jardins domiciliares 971.001

Z1 – Z2 – Z3 Residencial Comercial Serviços

7.192.600 Área impermeável

77% 57% - área construída + pavimentação domiciliar 20% - pavimentação viária

4.099.782 1.438.520

5.394.450

2.407.400 Área permeável 40%

3% - áreas verdes públicas 37% - lotes vagos

72.222 890.738

Z6 – Z8 Industrial Recreação

Área impermeável 60%

20% - pavimentação viária 40% - área construída + pavimentação domiciliar

481.480 962.960

1.853.698

T O T A L 9.600.000 9.600.000 7.248.148

TABELA 06 – Zoneamento por áreas – índice de ocupação - Fonte: VELASQUEZ, 1996

4.7 - Balanço hídrico antes e pós ocupação da Bacia Alto Tietê

Aproximadamente 17,5 milhões de pessoas vivem hoje na Bacia

Hidrográfica do Alto Tietê (BAT). Esta grande ocupação humana se reflete na

39

forma complexa de uso e ocupação da terra e de aproveitamento dos recursos

naturais.

Muito embora o manancial superficial seja a principal fonte pública de

abastecimento, o recurso subterrâneo tem contribuído de forma decisiva para o

suprimento complementar de água para a região. Uma grande quantidade de

indústrias,condomínios e empreendimentos isolados utilizam os aqüíferos como

fonte alternativa ou primária para suprirem suas necessidades diárias de água.

A despeito dessa importância não há ainda um programa de proteção e

uso racional do recurso hídrico subterrâneo para a BAT. Como resultado, não é

conhecida a totalidade dos poços existentes e em operação.

Falta também a definição do perfil do usuário do recurso ou mesmo os

volumes explorados. Estimativas iniciais têm mostrado que as extrações seriam

superiores a 315 milhões de metros cúbicos por ano (Mm3/ano), resultado do

bombeamento de 9 mil poços em operação, a maioria no município de São

Paulo.

4.7.1 - Sistemas aqüíferos da Bacia do Alto Tietê

A Bacia do Alto Tietê (BAT) é uma unidade hidrológica que engloba os

domínios da Bacia Sedimentar de São Paulo (1.452 km2) e as rochas pré-

cambrianas do embasamento cristalino (4.238 km2) que a circundam.

Os sedimentos preenchem um hemi-graben basculado para NNW,

desenvolvido em terrenos cristalinos representados por granitos sin e pós-

tectônicos e por rochas metamórficas, que incluem os migmatitos, gnaisses,

40

xistos e metassedimentos em geral, relacionados ao Complexo Embu e aos

grupos São Roque e Serra do Itaberaba (JULIANI, 1992).

Por sua vez, os sedimentos, com espessuras médias de 100 m,

pertencem ao Grupo Taubaté (Terciário, Paleógeno), subdividido nas

formações Resende, Tremembé e São Paulo, superpostos pela Formação

Itaquaquecetuba (Terciário, Neógeno) e por depósitos neocenozóicos

(Riccomini et al 1992).

Este contexto geológico define duas unidades aquíferas: o Sistema

Aquífero Cristalino (SAC) e o Sistema Aquífero Sedimentar (SAS), que

trabalhos anteriores tratavam como aquíferos Cristalino e Sedimentar (DAEE

1975).

TABELA 07 - Faixa de vazão explorável indicada para aquíferos sedimentares em m3/s - DAEE mapa das

águas subterrâneas de São Paulo

4.7.2 - Interferências entre poços tubulares e a exploração

sustentável dos aqüíferos

O bombeamento contínuo de poços tem causado um sensível

rebaixamento dos níveis de água de aquíferos, indicador de uma super-

exploração ao aquífero ou a alta interferência de poços em bombeamento.

41

Entende-se como super-exploração a extração de água subterrânea sem

controle e que redunda em danos ao reservatório, dentro de um horizonte de

tempo estabelecido.

Campos (1988) analisando o município de São Paulo, a partir da

comparação dos níveis de água do SAS em dois períodos de tempo, nas

décadas de 70 e 80, concluiu que há processos de abatimento contínuo dos

níveis de água dos aquíferos, indicando processos de superexploração.

Considerando-se que existam 9.000 poços tubulares na BAT em

operação, com vazões médias contínuas de 96 m3/dia, pode-se chegar a uma

extração total de 315 Mm3/ano, inferior às fugas da rede de distribuição de

água potável, de 385 Mm3/ano.

Na região do estudo estima-se que haja próximo a 900 poços não

cadastrados.(incluindo-se nessa estimativa poços cacimba – que tendem a

diminuir sua construção devido o aumento da rede pública – mini-poços e poços

tubulares).

Em consulta do DAEE, estima-se também que dos 30 poços cadastrados

muitos deles encontrem-se inativos. (ANEXO III)

Além disso os poços não estão distribuídos homogeneamente nos dois

sistemas aquíferos. Mesmo quando as extrações encontram-se dentro dos

limites das reservas explotáveis de água, as características hidráulicas dos

aquíferos mostram que, o adensamento de obras de captação pode provocar

problemas localizados. (HIRATA, 2001)

Conclusivamente, VELASQUEZ,1996, aponta que se não houvesse

ocupação das áreas da micro bacia Sumaré-Pompéia com a taxa de

42

impermeabilização em 73%, as recargas nos aquíferos ascenderiam a 25% da

precipitação.

Figura 03 - Situação natural sem ocupação

Área 5690km2

Evatotranspiração 5456Mm3/ano Precipitação 8738Mm3/ano

Escoamento

superficial1252Mm3/ano

Recarga

(SAC=1585Mm3/ano – SAS=515Mm3/ano = 2020Mm3/ano

Fluxo de base 2020M

Reserva permanente (SAS+SAC) 15142Mm3

Figura 04 - Situação atual com ocupação

Extração por 9000 Recarga Fuga da rede pública

Poços tubulares Infiltração natural 355Mm3/ano

315Mm3/ano – 10m3/s 1592Mm3/ano

43

Recarga total 1977Mm3/ano

Reserva explotável (SAC = 752Mm3/ano – SAC = 236Mm3/ano = 988Mm3/ano

Reserva reguladora (SAC + SAS) 1977 Mm3/ano

Reserva permanente (SAC + SAS) 15800Mm3

5. – Relatório de perdas na rede: SABESP

Segundo relatório de perdas da Sabesp que analisa o programa de

redução, em 2005, os indicadores de perdas das unidades de negócio (Uns)

apresentaram queda..

Foram instalados 411 equipamentos para reduzir a pressão da água nas

tubulações. (VRP – Válvula de redução de pressão)

Isto propiciou a recuperação de 1,7 mil litros de água por segundo,

cobrindo 16% das redes de distribuição.

Foi reforçado o trabalho de caça de vazamentos invisíveis.

Tecnicamente, existe uma equipe de pitometria que utiliza equipamentos

especiais - como os angiofones - para auscultar as vias públicas e localizar

perdas não – visíveis. Já foram pesquisados 90 mil quilômetros de redes,

encontrando-se cerca de 0,9 vazamento por quilômetro analisado.

O tempo para conserto de vazamentos foi reduzido de 72 horas para 13

horas. Considerando que são feitos 30 mil reparos mensais em tubulações e

ramais, na Grande São Paulo, a redução do tempo para conserto permitiu a

diminuição de perdas em 3% ou ganhos de 1,2 mil litros de água por segundo.

Outras ações importantes no controle das perdas aparentes foram:

44

o Substituição de hidrômetros de pequena capacidade

o Substituição de hidrômetros de grande capacidade

o Combate a ligações irregulares

o Inspeção de ligações inativas

Na Unidade de negócios MC, do nosso objeto de estudo, os dados de

dezembro de 2003 a dezembro de 2005 reduziram-se de 659 (IPDT L/lig/dia)

para 558.

TABELA 08 - Balanço hídrico da Unidade de Negócio Centro

A possibilidade levantada para a supressão da nascente, que partiria da

contribuição das recargas por perdas e vazamentos nas redes, reduzem-se

45

significativamente com a constatação da eficácia do programa intensivo de

redução de perdas, juntamente com a instalação de VRP (válvula de redução

de pressão) na Rua Ministro de Godoy, há poucos metros da nascente M1.

6.- Redução da cobertura vegetal

Segundo USTERI (1911), a região onde se insere atualmente a cidade

de São Paulo apresentava-se originalmente recoberta basicamente por

vegetação de várzea, campos e florestas.A partir da década de 40, o perfil de

São Paulo como metrópole industrial consolidou-se definitivamente, iniciando-

se o processo de periferização. Na década de 70 a concentração de renda

intensificou-se e a lógica da construção da cidade passou pelo deslocamento

das centralidades associado à exclusão territorial dos mais pobres,

incrementando-se a favelização.Este processo de ocupação torna-se

particularmente perverso para a cobertura vegetal ainda existente, esteja ela

localizada tanto em áreas públicas quanto particulares. A maioria das atuais

1863 favelas do município ocuparam as áreas livres públicas e em particular as

destinadas à implantação de áreas verdes.

Região

Número de favelas

Aricanduva / Formosa 7

Butantã 56

Campo Limpo 449

Capela do Socorro 222

Cidade Ademar 161

46

Ermelino Matarazzo 26

Freguesia do Ó 148

Guaianazes 36

Ipiranga 46

Itaim Paulista 14

Itaquera 51

Jabaquara 97

Jaçanã / Tremembé 60

Lapa 17

Mooca 7

V. Maria / V. Guilherme 52

São Miguel Paulista 53

Penha 65

Pinheiros 7

Pirituba / Jaraguá 91

Perus 13

Santo Amaro 53

São Mateus 37

Santana 15

Sé 8

Vila Mariana 17

Vila Prudente 55

Total 1863

TABELA 09 – Número de favelas por bairro ou região

Desta forma, apesar da carência de dados sistematizados sobre a

evolução das áreas verdes, é notório que ao longo das últimas décadas tem

ocorrido uma redução significativa da vegetação, influenciando brutalmente na

qualidade de vida da metrópole.

47

6.1 - Tipos de vegetação

A cobertura vegetal hoje existente no município é constituída

basicamente por: fragmentos da vegetação natural secundária (floresta

ombrófila densa, floresta ombrófila densa alto montana, floresta ombrófila densa

sobre turfeira e campos naturais), que ainda resistem ao processo de expansão

urbana, em porções mais preservadas no extremo sul, na Serra da Cantareira

ao Norte e em manchas isoladas, como as APAs do Carmo e Iguatemi, na zona

leste; por ambientes implantados, em áreas urbanizadas, restringindo-se aos

parques e praças municipais e a escassa arborização viária; e por conjuntos ou

espécimes isolados em terrenos particulares.

Tipo de indicador Lapa MSP Cobertura Vegetal (km2) 3,31 760,14 Taxa de Cobertura Vegetal 12,13 73,66 Quantidades de Parques 1 3 Área de Parques Municipais (km2) 0,11 14,75 Quantidade de Áreas de Proteção Ambiental (APAs)

0 4

Área de Proteção Ambiental (km2) 0,00 273,17 TABELA 10 - Indicadores ambientais - Fonte: Secretraria Municipal do Verde e do Meio Ambiente PMSP 2003

A presença de vegetação atenua ou até mesmo elimina ação de

compactação da água da chuva e permite o estabelecimento de uma camada

de matéria orgânica em decomposição que favorece a atividade de insetos e

animais.

A cobertura vegetal densa favorece a infiltração pois dificulta o

escoamento das águas.

48

Por sua vez, a capacidade de infiltração varia de acordo com a

porosidade, o tamanho das partículas do solo e o estado de fissuração das

rochas.(PINTO et AL,1976)

7. - Aspectos Legais relativos às águas

As águas subterrâneas sofreram ao longo do tempo considerações

bastante distintas, a saber:

Código da águas – 1934

o Eram consideradas como bens imóveis intrinsicamente

associados à propriedade da terra;

o Sua captação preservava os direitos adquiridos;

o Proibia o monopólio de sua exploração;

o Proibia sua poluição;

o Reconhecia o fato de sua estreita relação com as águas

superficiais;

o Limitava o direito de exploração sempre que o

empreendimento gerasse alguma interferência na ocorrência das águas

superficiais de domínio público.

Constituição Federal – 1988

49

Altera o status das águas subterrâneas, adicionando ao caráter de

exploração o conceito de sustentabilidade, estabelecendo um novo regime para

as águas subterrâneas

o Confere as águas subterrâneas um caráter de bem público

de domínio e propriedade dos Estados e Distrito Federal

Distingue claramente águas subterrâneas de recursos minerais do

subsolo, cabendo à União a licença de exploração (Lavra) das águas minerais e

a licença de funcionamento de suas instalações de competência das Agências

Ambientais Estaduais.

Lei estadual 7663 – 30 de dezembro de 1991

Estabelece diretrizes

o Política Estadual de Recursos Hídricos

o Sistema Integrado de gerenciamento de águas superficie e

subterrâneas

Lei estadual 9034 de 27 de dezembro de 1994

Estabelece as UGRHI’s e os programas de duração continuada (PDC).

Destaca-se o PDC4 que trata do desenvolvimento e proteção das águas

subterrâneas.

Decreto 41.258 de 31 de outubro de 1996

50

Aprova o regulamento dos artigos 9º a 13º da Lei nº 7663 de 30 de

dezembro de 1991, atribuindo ao Departamento de

Águas e Energia Elétrica – DAEE, os atos de outorga do direito de uso

da água, que se fará por concessão quando a água destinar-se ao uso de

utilidade pública ou quando a captação ocorrer em terreno de domínio público e

por autorização quando a água extraída destinar-se a outras finalidades.

Portaria DAEE 717 de 12 de dezembro de 1996

Aprovou a Norma e os Anexos que disciplinam o uso dos recursos

hídricos superficiais e subterrâneos do Estado de São Paulo.

Resolução SMA nº 59 de 22 de agosto de 1997

Criou as articulações Regionais para Apoio à Gestão Ambiental da Água,

que serão fóruns de discussão para a implementação descentralizada do

Programa de Recursos Hídricos da SMA. Foi estabelecida uma articulação

Regional por Comitê de Bacia Hidrográfica.

Lei Federal 9433/97 – Política Nacional de Recursos Hídricos – cria-se o

Sistema Nacional de Gerenciamento

Determina a situação de escassez, o uso prioritário do recurso hídrico é o

consumo humano e a dessedentação de animais.

A unidade de gestão é a bacia hidrográfica.

A Gestão deve ser descentralizada tendo a participação do poder

público, dos usuários e das comunidades.

Os instrumentos de gestão são:

51

o Planos de Recursos Hídricos

o Enquadramento dos corpos de água em classes segundo

os usos preponderantes

o Outorga dos direitos de uso dos recursos hídricos

o Cobrança pelo uso do recurso hídrico

o Compensação aos municípios

o Sistemas de informação

Cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos,

composto por CNRH, ANA, CRH’s estaduais, CBH’s, agências de águas e

representantes de órgãos públicos.

Quanto às normas reguladoras apresenta significativa contribuição

relativa aos aspectos da poluição e superexplotação de aqüíferos , proibindo a

poluição das águas subterrâneas, exigindo o monitoramento em aterros

sanitários e estudos de vulnerabilidade de aqüíferos.

No campo da Normatização, toda e qualquer obra de captação de água

subterrânea é considerada uma obra de Engenharia para a qual exigi-se

habilitação legal nas diferentes etapas da pesquisa, projeto e exploração.

O enquadramento (CNRH) dos corpos de água em classes, segundo os

usos preponderantes da água visa a:

I Assegurar às águas qualidade compatível com os usos mais exigentes

a que forem destinadas

II Diminuir os custos de combate à poluição das águas mediante ações

preventivas permanentes;

52

As classes de corpos de água serão estabelecidos pela legislação

ambiental (CONAMA).

O regime de outorga de direitos de uso dos recursos hídricos tem como

objetivos assegurar o controle quantitativo e qualititivo dos usos da água e o

efetivo exercício dos direitos de acesso à água.

Lei Federal 9984 – 17 de julho de 2000 – criação da ANA

Esta lei institui a A.N.A. – Agência Nacional de Águas atribuindo à

mesma a finalidade de implementar a Política Nacional dos Recursos Hídricos

formulada pela SRH/MMA, em articulação com os órgãos e entidades públicas

e privadas integrantes do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos

Hídricos.

Resolução CNRH nº12 de 19 de julho de 2000 – estabelece

procedimentos para enquadramento de corpos de água em classes segundo

usos preponderantes.

Resolução CNRH nº 15 de 11 de janeiro de 2001 – estabelece

diretrizes gerais para gestão de águas subterrâneas.

Resolução CNRH nº 22 de 24 de maio de 2002 – estabelece diretrizes

para a inserção das águas subterrâneas no instrumento Planos de Recursos

Hídricos

53

Deliberação CRH nº 52 de 15 de abril de 2005

Institui no âmbito do Sistema Integrado de Gerenciamento de Recursos

Hídricos – SIGRH diretrizes e procedimentos para a definição de áreas de

restrição e controle de captação e uso das águas subterrâneas.

Resolução conjunta SMA/SERHS/SES nº 3 de 21 de junho de 2006

Dispõe sobre procedimentos integrados para controle e vigilância de

soluções alternativas coletivas de abastecimento de água para consumo

humano proveniente de mananciais subterrâneos.

Lei Nº 11.445 - de 5 de janeiro de 2007

Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico;altera as Leis

nos 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.036, de 11 de maio de 1990, 8.666,

de 21 de junho de 1993, 8.987, de 13 de fevereiro de 1995; revoga a Lei no

6.528, de 11 de maio de 1978; e dá outras providências.

Art. 45. Ressalvadas as disposições em contrário das normas do titular,da

entidade de regulação e de meio ambiente, toda edificação permanente urbana

será conectada às redes públicas de abastecimento de água e de esgotamento

sanitário disponíveis e sujeita ao pagamento das tarifas e de outros preços

públicos decorrentes da conexão e do uso desses serviços.

54

§ 1o Na ausência de redes públicas de saneamento básico, serão

admitidas soluções individuais de abastecimento de água e de afastamento e

destinação final dos esgotos sanitários, observadas as normas editadas pela

entidade reguladora e pelos órgãos responsáveis pelas políticas ambiental,

sanitária e de recursos hídricos.

§ 2o A instalação hidráulica predial ligada à rede pública de

abastecimento de água não poderá ser também alimentada por outras fontes.

Verifica-se com o artigo acima a proibição no caso de captação por poço

e abastecimento por rede, dificultando assim uma certa “diluição” na origem do

abastecimento das águas.

7.1- Aspectos Legais relacionados à política urbana

Lei N.º 898, de 18 de dezembro de 1975

Disciplina o uso do solo para a proteção dos mananciais, cursos e

reservatórios de água e demais recursos hídricos de interesse da Região

Metropolitana da Grande São Paulo e dá providências correlatas.

Lei 10257 de 2001 -Estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá

outras providências.

Do estudo de impacto de vizinhança

Art. 36. Lei municipal definirá os empreendimentos e atividades privados ou

55

públicos em área urbana que dependerão de elaboração de estudo prévio de

impacto de vizinhança (EIV) para obter as licenças ou autorizações de

construção, ampliação ou funcionamento a cargo do Poder Público municipal.

Art. 37. O EIV será executado de forma a contemplar os efeitos positivos e

negativos do empreendimento ou atividade quanto à qualidade de vida da

população residente na área e suas proximidades, incluindo a análise, no

mínimo,da seguintes questões:

I - adensamento populacional;

II - equipamentos urbanos e comunitários;

III - uso e ocupação do solo;

IV - valorização imobiliária;

V - geração de tráfego e demanda por transporte público;

VI - ventilação e iluminação;

VII - paisagem urbana e patrimônio natural e cultural.

7. 2 - A Lei Orgânica e sua aplicabilidade no caso do Parque da

Água Branca

56

DECRETO N. 34.713 DE 30 DE NOVEMBRO DE 1994 Dos instrumentos

e planejamento e gestão ambiental

Dispõe sobre o Relatório de Impacto de Vizinhança (RIVI) e dá outras

providências

i) indicação dos bens tombados pelo CONPRESP ou pelo

CONDEPHAAT, no raio de 300 (trezentos) metros, contados do perímetro do

imóvel ou dos imóveis onde o empreendimento está localizado.

O empreendimento construído em rua adjacente ao muro de divisa do

Parque da Água Branca encontra-se dentro da faixa dos 300 metros. Não

houve estudo de impacto de vizinhança nem tampouco estudo hidrogeológico..

A Lei acima citada, antecede a data de início da construção. A construção do

edifício foi aprovada pelo CONDEPHAAT.(!)

8. - Discussão

A função do Parque da Água Branca atualmente é muito mais ampla que

há 78 anos atrás quando foi fundado.

O serviço ambiental que presta à cidade e à sociedade é

indubitavelmente o de uma Unidade Micro Climática de Preservação e

Conservação Ambiental.

As águas provenientes de suas nascentes abasteceram durante vários

anos os tanques e o Lago Preto e sendo a água um recurso finito e a cada dia

mais escasso, dotado de valor econômico e de domínio público cabe aqui a

57

contestação da supressão das nascentes devido ao rebaixamento do lençol

freático em virtude da construção do empreendimento imobiliário.

Se suas nascentes fossem recuperadas e restauradas ao cenário

original, suas áreas permeáveis também requalificadas, teríamos um resultado

amplamente positivo de contribuição para proteção de recursos hídricos de sub-

superfície num âmbito mais abrangente.

Vários países que já trilharam o caminho da expansão urbana

desenfreada e desorganizada acordaram a tempo para reverter o processo,

tomando medidas preventivas, remediadoras e mitigadoras nessa questão de

proteção, recuperando nascentes, até mesmo urbanas e criando parques

temáticos em seu entorno. Tudo isso visando maior e melhor qualidade de vida

para o ser humano e para a cidade.

A discussão gira em torno da questão da necessidade de articulação

mais integrada e de longo termo entre a gestão urbana , a gestão das águas e

dos recursos ambientais visando benefícios amplos e não estanques

setorialmente.Trata-se de estabelecer uma visão mais acurada onde aspectos

específicos sejam abordados sistemicamente.

Olhando para caso da Bacia do Alto Tietê, cuja delimitação física

praticamente coincide com a da Região Metropolitana de São Paulo, vê-se um

exemplo paradigmático sobre dificuldades e a urgência de processos de

articulação e integração estáveis entre as práticas de gestão urbana e de

gestão das águas.

O rol de Leis é longo, a fiscalização do cumprimento das mesmas,e

mesmo a comunicação e flexibilidade entre os instrumentos de gestão, já nem

tanto.

58

A concepção ampla dos recursos que associa o processo de

desenvolvimento à equidade social e à manutenção da capacidade de suporte

dos sistemas ambientais é o corolário do conceito de desenvolvimento

sustentável. (MUÑOZ,2000)

Com a especulação imobiliária avançando na região Oeste, reserva

imobiliária valiosa dentro da Metrópole de São Paulo, cabe projetar-se o cenário

futuro para pelo menos a próxima década.

Se nos dias de hoje o Parque da Água Branca já encontra-se no limite de

sua infra-estrutura, tendo sofrido até mesmo com escassez de água em certos

períodos, como suportará um considerável aumento na demanda de seus

serviços sendo que sua verba de manutenção é limitada a um orçamento anual,

sem possibilidade de receita de doações?

A “remediação” oferecida ao Parque da Água Branca foi a do

bombeamento das águas em surgência no sub-solo do Edifício para a zona

interna do mesmo.

Não há garantias da qualidade e quantidade dessas águas. Portanto,

ainda não se sabe se o cenário original poderá ser restaurado.

A instalação de um poço de captação de água subterrânea seria uma

solução com benefícios mais amplos, pois serviria não somente ao

abastecimento dos tanques como também a todo o Parque.

Os custos para construção do referido poço foram calculados no

processo de inquérito, porém não ficou estabelecida a obrigação de fazer,

sendo comparativamente da ordem de igualdade à despesa com a conta

mensal que o Parque paga à SABESP (!). Comparativamente ainda, bem

59

menor que a obra descrita de bombeamento e canalização das surgências para

dentro do Parque.

Com a captação por poço, cujo estudo hidrogeológico e de viabilidade foi

efetuado inclusive durante os anos em que se desenrolou o inquérito, haveria

garantias qualitativas e quantitativas do abastecimento de água.

E por sua vez, maior possibilidade de retorno às condições originais

tombadas pelo Patrimônio Histórico e Cultural.

Pode-se também especular que nesses 84 meses contados desde o

esvaziamento do tanque até os dias de hoje, calculados o volume de água para

abastecimento dos tanques a preço de fornecimento da SABESP, chegar-se- ia

a valores bem superiores ao da construção do poço de captação das águas

subterrâneas.Uma compensação bastante razoável em face ao dano causado.

84 meses X 1500m3 X R$7,00m3 = R$ 882.000,00 , sendo R$ 7,00 o valor

para contrato de Instituição .

9. - Conclusões e Recomendações

Adotando-se uma visão em perspectiva de integração e perenidade

visando primordialmente a sustentabilidade em seu mais puro conceito que

reúne quatro princípios e seus meios, sejam eles, biótico, antrópico, ambiental e

econômico chega-se a algumas conclusões e recomendações que ficam

sintetizadas nos tópicos abaixo:

o Remediação imediata ao Parque da Água Branca,

restaurando sua situação inicial, com o tanque das carpas abastecido e

60

funcionando como em situação original, pois esse cenário é tombado

pelo CONDEPHAAT,

o Recuperação das nascentes do Parque da Água Branca,

juntamente com a aprovação para execução do projeto de requalificação

de pisos e áreas impermeáveis tornando-as permeáveis,

o Instalação de poço de captação de água subterrânea, cuja

outorga o Parque da Água Branca já tem reconhecida como necessária

pelo DAEE visando sua autonomia e sustentabilidade no abastecimento

de água,

o Reativação do programa de reuso e distribuição da água

por declividade para rega dos jardins e lavagem de pisos no Parque,

o Elaboração de Projeto Lei que crie obrigações de

compensação para empreendimentos locados em áreas de entorno aos

Parque Urbanos com a definição criteriosa de sua “zona de

amortecimento” e estabelecimento como exigência legal da execução de

”ESTUDO DE IMPACTO DE VIZINHANÇA”, incluindo-se estudo de

qualidade do solo vulnerabilidade de lençol freático, e dimensionamento

de tráfego de veículos, para todos e quaisquer empreendimentos que

pretendam ocupar a zona de amortecimento,

o Criação através do Projeto Lei acima citado de uma taxa de

compensação de valor aproximado de 0,1% a 0,3%, calculado sobre o

valor total do empreendimento que deverá ser encaminhado para o

FUNDO DE COMPENSAÇÃO AMBIENTAL ESTADUAL DE PARQUES

URBANOS E ÁREAS VERDES SIGNIFICATIVAS, priorizando a

aplicação desses recursos na área em questão,

61

o Adaptação de um mecanismo administrativo que

permita ao Parque da Água Branca a receita de verbas para uma

melhor gestão e concretização de suas melhorias infra-estruturais,

o Aplicação dos recursos arrecadados através das taxas de

compensação em programas de criação, manutenção , ampliação e

proteção das áreas verdes no centro urbano de sua arrecadação,

o Reavaliação de danos ambientais ocorridos nas áreas de

preservação de Parques Urbanos retroativos à data de promulgação da

Lei, que não receberam indenização devida por não enquadramento,

com efeito corretivo e compensatório,

o Criação e incentivo à implementação de Programa de

Prevenção da Poluição Difusa - Drenagem Urbana e Redução de

Enchentes, estabelecendo claramente dimensões de reservatórios

individuais e domiciliares de contenção2 que viriam a contribuir

substancialmente para o amortecimento do volume de escoamento

superficial, inclinação de telhados que reduzam a vazão, tubos de queda

com redutores e áreas permeáveis proporcionais às construídas,

o Incentivo à criação de uma política integrativa entre os

instrumentos de gestão, estável e de longo termo no que tange à

conservação e uso racional da água superficial e/ou subterrânea

privilegiando ações inteligentes de gerenciamento de demanda,

distribuição, abastecimento e proteção de mananciais,

2 A construção de reservatórios de retenção devem considerar as características de permeabilidade do solo e a profundidade da superfície freática. Com esta ação é possível reduzir a vazão de pico e mesmo sendo um lote 100% impermeável, o cenário pode se aproximar mais da situação de pré-ocupação da Bacia (VELASQUEZ,1996)

62

o Esclarecimento através de um Programa junto a usuários e

empresas perfuradoras de poços subterrâneos quanto à importância da

legalização de sua propriedade o que propiciará uma modelagem

numérica mais precisa e menos estimada que assegure um

planejamento no abastecimento público e privado mais eficaz,

o Integração dos Programas de Gerenciamento dos Recursos

Hídricos com Programas de Planejamento Urbano e Circulação Viária e

Proteção Climática da cidade de São Paulo incluindo a recuperação das

matas ciliares,

o Promoção do envolvimento comunitário através de

Programas de Educação Ambiental contemplando populações menos

favorecidas, especialmente as das favelas localizadas no bairro na Lapa.

10. - Referências Bibliográficas

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