Impacto das Doenças Hepáticas nas Internações Hospitalares ... · incluídas na Classificação...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE PORTO ALEGRE - UFCSPA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA: HEPATOLOGIA Lysandro Alsina Nader Impacto das Doenças Hepáticas nas Internações Hospitalares e na Mortalidade do Sistema Único de Saúde do Brasil no Período de 2001 a 2010 Porto Alegre 2012

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DE PORTO ALEGRE - UFCSPA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA: HEPATOLOGIA

Lysandro Alsina Nader

Impacto das Doenças Hepáticas nas Internações Hospitalares e na

Mortalidade do Sistema Único de Saúde do Brasil no Período de 2001 a

2010

Porto Alegre 2012

i

Lysandro Alsina Nader

Impacto das Doenças Hepáticas nas Internações Hospitalares e na

Mortalidade do Sistema Único de Saúde do Brasil no Período de 2001 a

2010

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Medicina da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre como requisito para a obtenção do grau de Doutor. Área de concentração: Hepatologia. Orientador: Prof.Dr. Angelo Alves de Mattos Co-orientadora: Profa.Dra. Gisele Alsina Nader Bastos

Porto Alegre 2012

ii

Esta tese é dedicada ao orgulho maior

da minha vida: a minha família, que partilha

comigo todos os momentos da vida.

iii

AGRADECIMENTOS

Ao Professor Dr. Angelo Alves de Mattos, grande incentivador desta tese,

minha homenagem e sinceros agradecimentos por ter sido meu orientador no

mestrado e doutorado, por ter me acolhido e me ensinado de maneira tão

especial. Professor Angelo, exemplo de profissionalismo, retidão e ética: MEU

RESPEITO E MINHA ETERNA GRATIDÃO!

Ao Dr. Arun Sanyal, obrigado pelo incentivo enquanto presidente da

AASLD, que impulsionou este trabalho. Espero ter contribuído!

A realização dessa tese não teria sido possível sem o apoio e a

fundamental participação da minha irmã, co-orientadora e amiga Gisele que,

mesmo muito envolvida com o nascimento do Pedro (meu querido afilhado), foi

peça chave na realização desta obra: MUITO OBRIGADO!

A quem sempre me incentivou nesta jornada e compreendeu

perfeitamente a ausência em momentos importantes, Ângela minha querida

esposa e Estela minha amada filha: sem o amor de vocês dificilmente chegaria ao

final.

Um agradecimento especial aos meus queridos pais, Farid e Terezinha,

pelo amor incondicional, educação e pelo exemplo de vida.

Aos meus amigos, obrigado pela torcida e por estarem ao meu lado em

mais esta etapa da vida.

Aos colegas de departamento da FAMED/UFPel e aos residentes de

Gastroenterologia da UFPel, muito obrigado pelo apoio e compreensão.

Aos professores e colegas da Pós-Graduação da Universidade Federal de

Ciências da Saúde de Porto Alegre, pelos ensinamentos transmitidos e troca de

experiência durante este engrandecedor período da minha vida.

Enfim, muito obrigado a todos que participaram da minha vida nesse

período, que certamente contribuíram para minha formação como ser humano e

profissional.

Lysandro Alsina Nader

iv

RESUMO

Introdução: as doenças hepáticas acarretam uma perda tanto em quantidade

como em qualidade de vida da população. O impacto causado pelas doenças

hepáticas no Brasil ainda é desconhecido. Objetivo: avaliar o impacto das

doenças hepáticas nas internações hospitalares e na mortalidade no âmbito do

Sistema Único de Saúde (SUS) brasileiro. Metodologia: foi realizado um estudo

observacional do tipo ecológico analítico, no qual os dados foram mensurados a

partir da coleta de dados secundários de internação hospitalar e de mortalidade

por doenças hepáticas, disponibilizados pelo Departamento de Informática do

Sistema Único de Saúde (DATASUS), o maior banco de dados disponível no

Brasil, no período de 2001 a 2010. Foram revisadas todas as doenças hepáticas

incluídas na Classificação Internacional de Doenças (CID-10). Resultados: as

doenças hepáticas ocupam a oitava posição no ranking de mortalidade brasileiro,

sendo responsáveis por 308.290 óbitos no período entre 2001 e 2009. A

prevalência de internação hospitalar por hepatopatias no período do estudo foi de

0,72% (853.571) e a taxa de mortalidade 3,34%. A média de idade de

hospitalizações por doenças hepáticas foi de 48,05 anos e de mortalidade 58,10

anos. Tanto internações hospitalares quanto mortalidade por hepatopatias foram

mais comuns no sexo masculino e crescente ao longo dos anos. A cirrose

hepática foi a principal causa de hospitalização e de mortalidade por doenças

hepáticas no Brasil. A região sul foi o local onde ocorreu o maior número de

hospitalizações e a sudeste foi onde houve as mais elevadas taxas de

mortalidade por hepatopatias no Brasil. Conclusão: o presente estudo

demonstrou a relevância das doenças hepáticas, no âmbito do SUS, no cenário

brasileiro, e que o impacto dessas doenças é não apenas significativo, mas

crescente e evolutivo quando se consideram internações hospitalares e taxas de

mortalidade.

Palavras-chave: hepatopatias; doenças hepáticas; taxa de mortalidade;

hospitalização; saúde pública.

v

ABSTRACT

Introduction: Liver diseases both shorten life and reduce its quality. The burden

of liver diseases in the Brazilian population is still unknown. Objective: To assess

the impact of liver diseases on hospital admissions and mortality within the

framework of the Brazilian Unified Health System (Sistema Único de Saúde, SUS).

Methods: An analytical ecological observational study was carried out. Secondary

data on hospital admissions and deaths due to liver disease were collected from

the Unified Health System Information Technology Department (DATASUS)

database, the largest such database available in Brazil, between 2001 and 2010.

All liver diseases included in the International Classification of Diseases (ICD-10)

were reviewed. Results: Liver diseases are the eighth leading cause of death in

Brazil, having accounted for 308,290 deaths between the years 2001 and 2009.

The prevalence of hospital admission due to liver disease in the period of analysis

was 0.72% (853,571 hospitalizations), and the mortality rate was 3.34%. The

mean age at hospital admission and death due to liver disease was 48.05 and

58.10 years, respectively. Both hospitalization and death due to liver disease were

more common among men, and followed an upward trend over the years.

Cirrhosis was the main cause of hospital admissions and death by liver disease in

Brazil. The South region of the country had the highest absolute number of

hospital admissions due to liver disease in Brazil, whereas the Southeast region

had the highest mortality rates. Conclusion: This study provides evidence of the

relevance of liver diseases within the framework of the Brazilian Unified Health

System, and shows that the burden of these diseases is not only significant but

progressive, at least in terms of hospital admissions and mortality rates.

Keywords: Liver diseases. Mortality rate. Hospitalization. Public health.

vi

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Quadro 1 Relação das doenças hepáticas de acordo com o CID-10 ............... 22

Tabela 1 Distribuição das dez principais causas de óbito no Brasil de acordo

com o capítulo do CID-10. Período 2001 a 2009 ............................. 32

Quadro 2 Número absoluto de internações hospitalares por doenças hepáticas

no Brasil no período de 2001 a 2010 ............................................... 34

Gráfico 1 Evolução histórica do número absoluto de internações hospitalares

por doença hepática no Brasil no período de 2001 a 2010 .............. 34

Quadro 3 Principais causas de hospitalização por doenças hepáticas no Brasil

no período de 2001 a 2010 .............................................................. 35

Quadro 4 Distribuição das dez principais causas de internação hospitalar por

doença hepática representada pelo CID-10 no Brasil em cada um

dos anos, no período de 2001 a 2010 .............................................. 37

Quadro 5 Distribuição das dez principais causas de hospitalizações por

hepatopatias no Brasil no período de 2001 a 2010 de acordo com o

sexo .................................................................................................. 38

Quadro 6 Distribuição das dez principais causas de hospitalizações por

hepatopatias no Brasil no período de 2001 a 2010 de acordo com a

idade ................................................................................................ 39

Quadro 7 Número absoluto de internação hospitalar por hepatopatia nas cinco

macrorregiões brasileiras. Período 2001 a 2010 .............................. 40

Quadro 8 Número absoluto de óbitos por doenças hepáticas no Brasil no

período de 2001 a 2009 ................................................................... 41

Gráfico 2 Evolução histórica do número absoluto de mortes por doença

hepática no Brasil no período de 2001 a 2009 ................................. 42

Quadro 9 Principais causas de mortalidade por doenças hepáticas no Brasil no

período de 2001 a 2009 ................................................................... 43

Quadro 10 Distribuição das dez principais causas de mortalidade por doença

hepática representada pelo CID no Brasil em cada um dos anos, no

período de 2001 a 2009 ................................................................... 44

vii

Quadro 11 Distribuição das dez principais causas de mortalidade por

hepatopatias no Brasil no período de 2001 a 2009 de acordo com o

sexo .................................................................................................. 45

Quadro 12 Distribuição das dez principais causas de óbito por hepatopatias no

Brasil no período de 2001 a 2009 de acordo com a idade ............... 46

Quadro 13 Número absoluto de óbitos por hepatopatia nas cinco macrorregiões

brasileiras. Período 2001 a 2009 ..................................................... 47

viii

LISTA DE ABREVIATURAS

AIH Autorização para Internação Hospitalar

CHC Carcinoma Hepatocelular

CID Classificação Internacional de Doenças

DATASUS Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde

DBF Data Base File

DEF Arquivos de Definição

DHGNA Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica

DO Declaração de Óbito

EHNA Esteatohepatite Não Alcoólica

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDH Índice de Desenvolvimento Humano

NCOP Não Classificada em Outra Parte

NE Não Especificada

SIA/SUS Sistema de Informações Ambulatoriais do Sistema Único de Saúde

SIH/SUS Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde

SIM Sistema de Informações sobre Mortalidade

SINASC Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos

SIS Sistemas de Informação em Saúde

SOE Sem Outra Especificação

SUS Sistema Único de Saúde

TABNET Tabulador on line do DATASUS

TABWIN Programa TAB para Windows

VHB Vírus da Hepatite B

VHC Vírus da Hepatite C

ix

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 10

1.1 HEPATITE C CRÔNICA .................................................................................. 12

1.2 DOENÇA HEPÁTICA INDUZIDA PELO ÁLCOOL .......................................... 14

1.3 DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA................................ 15

1.4 CARCINOMA HEPATOCELULAR .................................................................. 16

2 OBJETIVOS ....................................................................................................... 19

2.1 OBJETIVO GERAL ......................................................................................... 19

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................... 19

3 METODOLOGIA ................................................................................................ 21

3.1 DELINEAMENTO ............................................................................................ 21

3.2 JUSTIFICATIVA PARA ESCOLHA DO DELINEAMENTO .............................. 21

3.3 DEFINIÇÃO DO DESFECHO E VARIÁVEIS INDEPENDENTES ................... 22

3.4 AMOSTRA ....................................................................................................... 24

3.5 CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE ................................................................... 28

3.6 ANÁLISE DOS DADOS ................................................................................... 29

3.7 ASPECTOS ÉTICOS....................................................................................... 30

4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E ANÁLISE ESTATÍSTICA .............. 31

5 RESULTADOS ................................................................................................... 32

5.1 MORTALIDADE GERAL NO BRASIL ............................................................. 32

5.2 INTERNAÇÕES HOSPITALARES .................................................................. 33

5.3 MORTALIDADE .............................................................................................. 40

6 DISCUSSÃO ...................................................................................................... 48

7 CONCLUSÕES .................................................................................................. 61

REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 63

ANEXO 1............................................................................................................... 69

10

1 INTRODUÇÃO

As doenças de um modo geral geram consequências sociais

significativamente negativas para o indivíduo, a família, a sociedade e de maneira

mais ampla para as populações que por elas são afetadas. Entre os principais

efeitos negativos para a sociedade podemos destacar a redução da produtividade

econômica1.

O conhecimento correto do real impacto de uma doença é essencial na

formulação de políticas públicas de saúde a fim de que possam ser priorizadas

intervenções de saúde e pesquisas que levem à alocação adequada de recursos.

Apesar das hepatopatias serem consideradas por muitos profissionais da área da

saúde como pouco expressivas, há de se salientar que algumas doenças

hepáticas como as hepatites virais, a doença hepática alcoólica e a doença

hepática gordurosa não alcoólica (DHGNA) são altamente prevalentes na

população; outras, como a cirrose, o carcinoma hepatocelular e as hepatites

fulminantes são extremamente letais1.

O impacto de uma doença compreende alguns aspectos da saúde da

população: a frequência da doença, medida através de incidência e prevalência;

seu efeito na longevidade, ou seja, anos de vida perdidos em decorrência de

morte prematura; morbidade, caracterizada pelo decréscimo no status de saúde e

qualidade de vida; e o aspecto financeiro, incluindo custos diretos e indiretos

relacionados à saúde dos indivíduos1.

A frequência de uma determinada doença pode ser medida tanto pelos

casos existentes como pela ocorrência de casos novos. A prevalência descreve a

proporção da população em questão afetada por uma doença em um determinado

11

período específico de tempo, enquanto incidência descreve a frequência de

ocorrência de casos novos em um determinado período de tempo. Como

inúmeras doenças hepáticas são insidiosas, geralmente existe um longo intervalo

de tempo (período de latência) entre o início da doença e a sua detecção. Além

disso, muitos pacientes com enfermidades hepáticas permanecem assintomáticos

até o desenvolvimento de descompensação hepática. Então, exceto por um

diminuto número de condições (por exemplo, insuficiência hepática fulminante), é

muito difícil avaliar com precisão a taxa de incidência das doenças hepáticas. Por

outro lado, estimar a prevalência pode, em tese, ser mais fácil do que avaliar

incidência, entretanto, muitos estudos epidemiológicos são conduzidos baseados

em pacientes referenciados aos centros de especialidades, o que pode não

representar a verdadeira prevalência de doença na população de um país1.

Estima-se que o impacto das doenças hepáticas crônicas será ainda maior,

devido ao aumento da incidência de certas doenças hepáticas, como no caso da

cirrose hepática e do carcinoma hepatocelular secundários à doença hepática não

alcoólica e à hepatite C2,3.

Em geral, o consumo de álcool e a hepatite C crônica têm sido as principais

etiologias responsáveis pelo desenvolvimento de cirrose hepática. Mais

recentemente, com o aumento da prevalência de obesidade e síndrome

metabólica, tem havido um substancial aumento na incidência de cirrose

secundária à doença hepática não alcoólica, especialmente em países

desenvolvidos2.

Nos Estados Unidos, a etiologia mais comum de doença hepática crônica é

a hepatite pelo vírus C, seguido do álcool e da doença hepática gordurosa não

alcoólica1. Um estudo recentemente publicado demonstrou que a prevalência da

12

maior parte das doenças causadoras de doença hepática crônica permaneceu

estável, com exceção da DHGNA, que aumentou significativamente,

concomitantemente com o aumento da prevalência da obesidade4.

Em um estudo realizado no México, Méndez-Sánches N. e cols. projetaram

aproximadamente dois milhões de casos de doenças hepáticas crônicas para o

ano de 2050, e que a doença hepática relacionada ao álcool continuará sendo a

etiologia mais frequente de hepatopatia crônica, seguida da doença hepática

gordurosa não alcoólica5.

A seguir são abordados alguns aspectos de doenças hepáticas que

acarretam um significativo impacto na morbimortalidade da população brasileira,

que são: hepatite C crônica, doença hepática induzida pelo álcool, doença

hepática gordurosa não alcoólica e carcinoma hepatocelular.

1.1 HEPATITE C CRÔNICA

A hepatite C é atualmente um problema de saúde pública mundial,

reconhecida como uma doença de importância global, atingindo tanto países

industrializados quanto em desenvolvimento. Estimativas preliminares atribuem à

doença hepática crônica relacionada à hepatite C um substancial significado

quando se refere ao impacto global das doenças. Há estudos que apontam um

aumento nas taxas de hospitalizações devido à hepatite C crônica, bem como da

taxa de mortalidade6,7. No Canadá, Myers RP e cols.8 demonstraram um

significativo aumento nas hospitalizações por hepatite C, tempo de internação e

mortalidade hospitalar.

13

Para a estimativa de consequências globais da hepatite C crônica, é

necessário o conhecimento da prevalência da infecção pelo vírus da hepatite C

(VHC) em cada país. Tal estimativa deveria ser realizada através de estudos de

base populacional. No entanto, como em muitos países não há disponibilidade e

os dados são escassos, apenas faz-se referência a grupos específicos, como, por

exemplo, doadores de sangue, usuários de drogas ou indivíduos com

comportamento sexual de alto risco, que não representam a população como um

todo9.

A determinação direta da incidência da infecção pelo VHC não é possível.

A estimativa da incidência através de dados disponíveis de prevalência é a mais

aproximada da realidade1. Os dados disponíveis sugerem que a prevalência da

infecção pelo VHC é de aproximadamente 2-3% no mundo (130-170 milhões de

pessoas). Aproximadamente 15-25% dos pacientes infectados pelo HCV evoluem

para cirrose, o que pode ocorrer em cerca de 20-30 anos10.

Em estudo que avaliou a projeção da infecção pelo vírus da hepatite C na

América Latina, Kershenobich D e cols.11 observaram que a prevalência do VHC

varia entre 1 a 2.3% e que o número de casos diagnosticados e tratados ainda é

reduzido, aumentando as taxas de complicações como a evolução para cirrose e

carcinoma hepatocelular, ressaltando, ainda, que o número de pacientes

infectados pelo VHC irá aumentar nos próximos anos.

Com relação aos gastos com hepatite C, um estudo americano avaliou em

20.961 dólares o custo de um paciente com VHC comparado com 5.451 dólares

do controle, os quais eram constituídos por indivíduos livres da infecção pareados

por sexo e idade12. Baseado nos custos e taxas de crescimento anual da hepatite

14

C, um estudo canadense projetou gastos com hospitalizações de

aproximadamente 240 milhões de dólares no ano de 20208.

A hepatite C crônica é uma doença de elevados custos para as instituições

de saúde. Logo, esforços são necessários no rastreamento e tratamento precoce,

especialmente antes da progressão para cirrose hepática, ações que reduzem os

custos no manejo desta afecção.

Em vista disso, a redução da mortalidade global e da morbidade

relacionada à hepatite C crônica, especialmente em locais onde os recursos são

escassos, deve ser considerada prioridade pelas autoridades em saúde pública9.

1.2 DOENÇA HEPÁTICA INDUZIDA PELO ÁLCOOL

O consumo de bebida alcoólica é comum em quase todos os países do

mundo, no entanto, nem todos os usuários de álcool de forma abusiva

desenvolvem doença hepática, e os fatores de risco para doença hepática

induzida pelo álcool ainda não são claros. Diferenças genéticas parecem

contribuir para a suscetibilidade ao alcoolismo e o desenvolvimento da doença1.

Sabe-se que a utilização de bebida alcoólica é o principal determinante

para a ocorrência de doença hepática em países ocidentais e, de acordo com

Jepsen P e cols. em um estudo realizado na Dinamarca entre 1998 e 2005, a

cirrose hepática alcoólica foi a grande responsável pelo aumento significativo de

utilização do sistema de saúde pública13. Ainda, o uso de álcool pode acelerar a

progressão de outras doenças hepáticas coexistentes, como exemplo a hepatite

C.

15

A utilização de bebidas alcoólicas foi responsável por 7,1% de todas as

mortes na África do Sul em 200014 e uma metanálise demonstrou que o consumo

de álcool apresenta um significativo impacto sobre a mortalidade por cirrose

hepática15.

Diversos estudos apontam um aumento nas taxas de hospitalização por

hepatopatias. Assim, Welch C e cols.16, relataram um aumento três vezes maior

em admissões em unidades de terapia intensiva da Inglaterra devido à doença

hepática alcoólica no período de 1996 a 2005, enquanto Liang W e cols.17

observaram significativo aumento nas admissões hospitalares, sugerindo um

aumento na prevalência de doença hepática alcoólica na população australiana.

1.3 DOENÇA HEPÁTICA GORDUROSA NÃO ALCOÓLICA

A doença hepática gordurosa não alcoólica é uma condição associada à

síndrome metabólica. A importância clínica da DHGNA está relacionada à sua

elevada prevalência na população e à potencial progressão para a cirrose

hepática. Nos Estados Unidos, a DHGNA é a causa mais comum de elevação de

enzimas hepáticas em indivíduos assintomáticos18.

A fisiopatologia da DHGNA é complexa. Contudo, a resistência insulínica

parece ser a principal responsável pelo desenvolvimento e progressão da

doença19.

Existem estudos de prevalência indicando que 10% a 40% (em média,

aproximadamente 20%) da população apresentam DHGNA e 2% a 5% têm

esteatohepatite não alcoólica (EHNA)20, sendo que a partir do ano de 2000

observou-se uma maior incidência da doença21,22.

16

Há evidências sugerindo que uma proporção considerável de pacientes

com cirrose criptogênica, na realidade, apresenta uma evolução da EHNA para a

cirrose. Entre pacientes referenciados ao transplante hepático com o diagnóstico

de cirrose criptogênica, cerca de 70% apresentam fatores de risco para EHNA

(por exemplo, obesidade e diabetes), uma taxa maior em relação aos

controles23,24.

Grande parte dos indivíduos com DHGNA são assintomáticos, e de acordo

com o estudo de Cotrim HP e cols., realizado no Brasil, foi significativa a

ocorrência de esteatohepatite com fibrose e cirrose hepática25.

Não são conhecidos dados de mortalidade ou taxas de hospitalização

especificamente relacionados à DHGNA1, entretanto, um estudo de base

populacional publicado recentemente demonstrou haver um aumento na

morbidade hospitalar em indivíduos com DHGNA e VHC21.

O impacto econômico da EHNA e da DHGNA também não é conhecido.

Contudo, estima-se ser elevado em função da crescente prevalência desta

afecção1.

1.4 CARCINOMA HEPATOCELULAR

Carcinoma hepatocelular (CHC) é uma das neoplasias mais comuns no

mundo, ocupando o sexto lugar no ranking dos tumores malignos mais frequentes

e a terceira causa de morte, com uma estimativa de aproximadamente 630 mil

novos casos a cada ano26,27. Existem marcadas diferenças geográficas na

incidência de CHC, sendo que ocorrem aproximadamente 8% de casos

novos/ano em países em desenvolvimento. Áreas de alta incidência incluem a

17

África Subsaariana, leste e sudeste da Ásia, enquanto América do Norte e norte e

oeste da Europa são locais de baixa incidência. Um controle mais adequado dos

fatores de risco resultou em um declínio nas taxas de CHC em locais como o

Taiwan e a China28.

Por outro lado, há uma tendência de elevação nas taxas de CHC em

países desenvolvidos na Europa e na América do Norte. Nos Estados Unidos, a

incidência dobrou nas últimas duas décadas29,30.

Os fatores de risco para o desenvolvimento do CHC estão bem

estabelecidos, sendo a cirrose hepática, as hepatites virais crônicas B e C e o

abuso na utilização de álcool os mais frequentes31,32. A obesidade e o diabetes

podem levar à esteatohepatite não alcoólica, que é um fator de risco

estabelecido33.

Na América Latina, o impacto epidemiológico do CHC é provavelmente

subestimado, uma vez que não há dados reais disponíveis e a literatura local

sobre incidência de CHC e mortalidade é relativamente escassa. Contudo,

recentemente foi publicado um estudo observacional, prospectivo, multicêntrico

internacional, organizado pela Associação Latino-americana para Estudo do

Fígado. Esse trabalho demonstrou resultados comparáveis aos dados de países

ocidentais, onde o CHC desenvolve-se em pacientes cirróticos em 85% dos

casos. Além disso, a causa mais frequente de desenvolvimento de CHC nessa

região foi a infecção pela hepatite C34.

No Brasil, Carrilho FJ e cols.35 observaram que a cirrose hepática foi o

principal fator de risco para o desenvolvimento de CHC, estando presente em

98% dos casos, e o VHC foi a etiologia mais comumente encontrada, tendo sido

encontrado em 54% dos casos.

18

Um estudo mexicano observou que a mortalidade devido ao CHC está

aumentando e que esta foi mais elevada entre os homens do que entre as

mulheres durante o período de 2000 a 200636.

Sabe-se que as doenças hepáticas acarretam uma perda tanto em

quantidade como e qualidade de vida da população e apresentam um relevante

papel quando se considera mortalidade. O reflexo causado pelas doenças

hepáticas no Brasil ainda é desconhecido. Portanto, o presente estudo tem por

objetivo avaliar o impacto das doenças hepáticas no sistema de saúde do Brasil.

19

2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar o impacto das doenças hepáticas no Brasil no âmbito do Sistema

Único de Saúde no período de 2001 a 2010.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

estimar a mortalidade das doenças hepáticas em relação às demais

causas de óbito no Brasil no Sistema Único de Saúde no período de

2001 a 2009;

estimar a prevalência de internação hospitalar decorrente de doenças

hepáticas no Sistema Único de Saúde nos anos de 2001 a 2010;

avaliar a taxa de mortalidade por doenças hepáticas no Brasil no âmbito

do Sistema Único de Saúde no período de 2001 a 2009;

descrever as principais causas de internação hospitalar dentre as

doenças hepáticas no Brasil no âmbito do Sistema Único de Saúde no

período de 2001 a 2010;

descrever as principais causas de morte dentre as doenças hepáticas no

Brasil no âmbito do Sistema Único de Saúde no período de 2001 a 2009;

estratificar as internações hospitalares e a mortalidade por doenças

hepáticas no Sistema Único de Saúde de acordo com dados

demográficos (sexo e idade);

20

estratificar as taxas de internação hospitalar e de mortalidade por

doenças hepáticas no Sistema Único de Saúde por regiões do país

(norte, nordeste, sudeste, centro-oeste, sul).

21

3 METODOLOGIA

3.1 DELINEAMENTO

Estudo observacional do tipo ecológico analítico.

3.2 JUSTIFICATIVA PARA ESCOLHA DO DELINEAMENTO

A utilização deste delineamento se justifica, pois os estudos ecológicos

permitem a realização de estimativas rápidas de dados populacionais as quais

geram hipóteses que podem vir a ser testadas em outros tipos de estudo. Além

disso, esse delineamento possibilita o acompanhamento da evolução das taxas

de uma determinada doença em uma população previamente definida, bem como

prevê tendências futuras de uma doença.

Os estudos ecológicos são aqueles cuja unidade de análise é uma

população ou um grupo de pessoas, que geralmente pertence a uma área

geográfica definida. Esse tipo de estudo é frequentemente realizado combinando-

se bases de dados referentes a grande populações. Em função disto são,

geralmente, mais baratos e mais rápidos do que estudos envolvendo indivíduo

como unidade de análise37.

O estudo de estimativa de carga de doença constitui um método econômico

descritivo que, associado aos dados de prevalência, incidência, morbidade e

mortalidade, auxilia na mensuração do impacto para a sociedade decorrente de

uma doença específica. Este tipo de estudo varia de acordo com a perspectiva

utilizada e os diferentes tipos de custos considerados.

22

3.3 DEFINIÇÃO DO DESFECHO E VARIÁVEIS INDEPENDENTES

O desfecho do estudo, taxa de mortalidade por doença hepática no Brasil, foi

mensurado a partir da coleta de dados secundários do período de 2001 a 2009.

Foram revisadas todas as doenças hepáticas incluídas na Classificação

Internacional de Doenças (CID-10) e foram avaliadas as principais causas de

óbito no Brasil no período do estudo.

Para o desfecho internação hospitalar por doença hepática, utilizou-se a

mesma classificação acima mencionada, no período de 2001 a 2009.

As variáveis independentes coletadas foram: sexo (masculino/feminino) e

idade (categorizada em anos).

As doenças consideradas neste estudo como hepatopatias de acordo com o

CID-10, estão apresentadas no quadro 1.

Quadro 1. Relação das doenças hepáticas de acordo com o CID-10.

CID-10 Descrição

B15.0 Hepatite A com coma hepático B15.9 Hepatite A sem coma hepático

B16.0 Hepatite aguda B com agente Delta com coma hepático

B16.1 Hepatite aguda B com agente Delta sem coma hepático

B16.2 Hepatite aguda B sem agente Delta com coma hepático

B16.9 Hepatite aguda B sem agente Delta sem coma hepático

B17.0 Infecção Delta aguda de portador de hepatite B

B17.1 Hepatite aguda C

B17.2 Hepatite aguda E B17.8 Outras hepatites virais agudas específicas

B18.0 Hepatite viral crônica B com agente Delta

B18.1 Hepatite viral crônica B sem agente Delta

B18.2 Hepatite viral crônica C B18.8 Outras hepatites virais crônicas

B18.9 Hepatite viral crônica não especificada (NE)

B19.0 Hepatite viral NE com coma

B19.9 Hepatite viral NE sem coma B58.1 Hepatite por Toxoplasma

B67.5 Infestação hepática por E.multilocularis

B67.8 Infestação hepática NE por Echinococcus

B94.2 Sequelas de hepatite viral C22.0 Carcinoma de células hepáticas

C22.1 Carcinoma de vias biliares intra-hepáticas

C22.2 Hepatoblastoma

C22.3 Angiossarcoma do fígado C22.4 Outros sarcomas do fígado

C22.7 Outros carcinomas específicos do fígado

C22.9 Neoplasia maligna do fígado NE

23

E80.4 Síndrome de Gilbert E80.5 Sindrome da Crigler-Najjar

E80.6 Outros distúrbios do metabolismo da bilirrubina

E80.7 Distúrbio não especificado do metabolismo da bilirrubina

E83.0 Distúrbios do metabolismo do cobre E83.1 Doença do metabolismo do ferro

I82.0 Síndrome de Budd-Chiari I85.0 Varizes esofagianas sangrantes

I85.9 Varizes esofagianas sem sangramento

K70.0 Fígado gorduroso alcoólico

K70.1 Hepatite alcoólica K70.2 Fibrose e esclerose alcoólicas do fígado

K70.3 Cirrose hepática alcoólica K70.4 Insuficiência hepática alcoólica

K70.9 Doença alcoólica do fígado sem outra especificação (SOE)

K71.0 Doença hepática tóxica com colestase

K71.1 Doença hepática tóxica com necrose hepática

K71.2 Doença hepática tóxica com hepatite aguda

K71.3 Doença hepática tóxica com hepatite crônica persistente

K71.4 Doença hepática tóxica com hepatite crônica lobular

K71.5 Doença hepática tóxica com hepatite crônica ativa

K71.6 Doença hepática tóxica com hepatite NCOP (não classificada em outra parte)

K71.7 Doença hepática tóxica com fibrose e cirrose hepática

K71.8 Doença hepática tóxica com outro transtorno do fígado

K71.9 Doença hepática tóxica SOE K72.0 Insuficiência hepática aguda e subaguda

K72.1 Insuficiência hepática crônica K72.9 Insuficiência hepática SOE

K73.0 Hepatite crônica persistente NCOP K73.1 Hepatite crônica lobular NCOP

K73.2 Hepatite crônica ativa NCOP K73.8 Outras hepatites crônicas NCOP

K73.9 Hepatite crônica SOE K74.0 Fibrose hepática

K74.1 Esclerose hepática K74.2 Fibrose hepática com esclerose hepática

K74.3 Cirrose biliar primária K74.4 Cirrose biliar secundária

K74.5 Cirrose biliar SOE K74.6 Outras formas de cirrose hepática e as não especificadas

K75.0 Abscesso hepático K75.1 Flebite da veia porta

K75.2 Hepatite reativa não-específica K75.3 Hepatite granulomatosa NCOP

K75.4 Hepatite autoimune K75.8 Outras doenças hepáticas inflamatórias específicas

K75.9 Doença hepática inflamatória SOE K76.0 Degeneração gordurosa do fígado NCOP

K76.1 Congestão passiva crônica do fígado K76.2 Necrose hemorrágica central do fígado

K76.3 Infarto do fígado K76.4 Peliose hepática

K76.5 Doença hepática veno-oclusiva K76.6 Hipertensão portal

K76.7 Síndrome hepatorrenal K76.8 Outras doenças específicas do fígado

K76.9 Doença hepática SOE K77.0 Transtornos hepáticos doenças infecciosas e parasitárias classificadas em outra parte

K77.8 Transtornos hepáticos em outras doenças classificadas em outra parte

O98.4 Hepatite viral complicando gravidez parto ou puerpério

Q44.6 Doença cística do fígado R16 Hepatomegalia e esplenomegalia NCOP

R16.0 Hepatomegalia NCOP R16.2 Hepatomegalia com esplenomegalia NCOP

R17 Icterícia NE R18 Ascite

T86.4 Falência ou rejeição de transplante fígado

24

3.4 AMOSTRA

A amostra foi composta pelos dados secundários de internação hospitalar e

de mortalidade por doença hepática, disponibilizados pelo Ministério da Saúde

através do website do Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde –

DATASUS (www.datasus.gov.br) –, que é uma base pública de dados.

Para o desfecho internação hospitalar por doença hepática, foram

coletados os dados disponíveis de todos os estados brasileiros no período de

2001 a 2010. Para isso, os dados foram extraídos e analisados no programa

Tabwin. Foram avaliados 3.240 arquivos (número de estados x número de meses

no ano x período analisado), sendo que cada um dos arquivos foi rodado

separadamente. Para o desfecho mortalidade por doenças hepáticas, o

procedimento adotado foi o mesmo, porém, considerando que o período

analisado foi de 2001 a 2009, o número de arquivos avaliados foi 2.916.

Sistema de informações hospitalares

O Sistema de Informações Hospitalares do Sistema Único de Saúde (SIH-

SUS) disponibiliza um grande banco de dados sobre as internações hospitalares.

Esse sistema dispõe de informações sobre recursos destinados a cada hospital

que integra a rede SUS, as principais causas de internações no Brasil, a relação

de procedimentos mais frequentes realizados mensalmente em cada hospital,

município e estado, a quantidade de leitos existentes para cada especialidade e o

tempo médio de permanência do paciente no hospital. O SIH-SUS possibilita a

construção de importantes indicadores, que são úteis para a monitoração e

25

avaliação da assistência à saúde, da estrutura dos serviços de saúde e da política

médico assistencial.

Sistema de Informações sobre Mortalidade

O Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) foi criado pelo

DATASUS para a obtenção regular de dados sobre mortalidade no país. A partir

da criação do SIM foi possível a captação de dados sobre mortalidade, de forma

abrangente, para subsidiar as diversas esferas de gestão na saúde pública. Com

base nessas informações é possível realizar análises de situação, planejamento e

avaliação das ações e programas na área.

As Declarações de Óbitos (DO) são preenchidas pelas unidades

notificantes do óbito (habitualmente no local de ocorrência do óbito) e recolhidas,

regularmente, pelas Secretarias Municipais de Saúde. Nas Secretarias Municipais

de Saúde, as Declarações de Óbito são digitadas, processadas e consolidadas no

SIM local.

Em seguida, os dados informados pelos municípios sobre mortalidade no

nível local são transferidos à base de dados do nível estadual que os agrega e

envia ao nível federal. Tais transferências são realizadas via web (internet) e

ocorrem, simultaneamente, nos três níveis de gestão.

O documento básico e essencial à coleta de dados da mortalidade no

Brasil é a DO que, consequentemente, alimenta o SIM.

A DO é impressa e preenchida em três vias pré-numeradas

sequencialmente. Sua emissão e distribuição para os estados são de

competência exclusiva do Ministério da Saúde. A distribuição, para os municípios,

26

fica a cargo das Secretarias Estaduais de Saúde, devendo as Secretarias

Municipais se responsabilizarem pelo controle e pela distribuição das DO entre os

estabelecimentos de saúde, Institutos de Medicina Legal, Serviços de Verificação

de Óbitos, Cartórios do Registro Civil, profissionais médicos e outras instituições

que dela façam uso legal e permitido. Compete às Secretarias de Saúde (estado

e municípios) o recolhimento das primeiras vias da Declaração de Óbito, junto aos

Estabelecimentos de Saúde e aos cartórios.

TABWIN

O programa TAB para Windows – TABWIN – foi desenvolvido pelo

DATASUS com o objetivo de possibilitar aos técnicos do Ministério da Saúde,

Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde a tabulação de arquivos Data Base

File – DBF. Estes se constituem nos arquivos mais utilizados pelos sistemas de

informação do Sistema Único de Saúde.

Diversos sistemas de informação podem ser tabulados a partir do TABWIN,

onde se destacam:

SIA/SUS: Sistema de Informações Ambulatoriais;

SIH/SUS: Sistema de Informações Hospitalares;

SIM: Sistema de Informações sobre Mortalidade;

SINASC: Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos.

O TABWIN se presta a vários usos entre os quais destacamos a

importação de tabulações realizadas na internet, a partir do tabulador online do

DATASUS, o TABNET, possibilitando trabalhar com cálculos aritméticos e

27

estatísticos de dados em tabelas; a confecção de gráficos e mapas a partir de

dados contidos nas tabelas; o trabalho com indicadores epidemiológicos,

demográficos e de produção de serviços, por estado, município ou outra região

determinada, além de programar e planejar serviços. Serve ainda para avaliar e

tomar decisões relativas à alocação e distribuição de recursos e avaliar o impacto

de ações realizadas.

Como em toda tabulação a ser feita, devemos inicialmente ser claros no

que se deseja tabular, ou em outras palavras, na definição do problema a ser

estudado.

O TABWIN pode ser obtido no sítio do DATASUS no endereço:

http://www.datasus.gov.br, na seção de Sistemas e Aplicativos. Nesta página

encontramos todas as informações para download, instalação e utilização do

programa.

O DATASUS já disponibiliza os arquivos de definição (DEF), as tabelas de

conversão (CNV) e os data base files (DBF).

Os arquivos de definição identificam os arquivos a serem tabulados, que

podem ser os DBF ou arquivo DBF compactado (DBC). Ao mesmo tempo associa

os campos de dados do arquivo a ser tabulado com as tabelas de conversão de

códigos. Este é um arquivo texto que pode, inclusive, ser digitado num simples

editor de texto. Pode, no entanto, ser editado no próprio TABWIN, num editor

específico.

As tabelas de conversão têm por objetivo transformar os códigos

normalmente apresentados nos DBF em nomes mais compreensíveis,

especialmente àqueles não totalmente familiarizados com os sistemas de

informação. Exemplos de tabelas de conversão são a “Classificação Internacional

28

de Doenças”- CID10 e a Tabela Unificada de Procedimentos Ambulatoriais e

Hospitalares do SUS.

Os data base files são as tabelas propriamente ditas a serem tabuladas, ou

seja, as tabelas do SIM e Autorização de Internação Hospitalar (AIH). Os DBC

nada mais são do que DBF compactados.

Em suma, o TABWIN, através dos arquivos de definição, faz a leitura dos

data base files e apresenta os resultados já decodificados por intermédio dos

arquivos de conversão.

Além do processamento da informação, disponibilizando os resultados em

linhas e colunas, podem ser aplicados filtros.

O TABWIN não se limita apenas a tabulações. Podem ainda se realizadas

operações matemáticas e estatísticas, localizar o valor mínimo e máximo,

percentagem, cálculo de indicador, entre outras. No campo da estatística, mostra

as estatísticas descritivas, analisa o coeficiente de correlação de Pearson, permite

calcular a regressão linear simples entre variáveis a criar um histograma. Podem

ainda ser criados gráficos e mapas.

Os passos ficam a cargo da equipe que produz os dados. O usuário final

acessa somente a planilha eletrônica Excel® e suas tabelas dinâmicas, através

de um computador Pentium 4 com 512 de memória RAM ou superior.

3.5 CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE

Critérios de inclusão: foram considerados óbitos por doença hepática

aqueles nos quais o atestado de óbito constava a doença hepática como causa

mortis. Também foram incluídos para fins de análise do desfecho internação

29

hospitalar por hepatopatia todos os dados nos quais a AIH esteja preenchida com

o CID referente à doença hepática.

Causa Básica de Óbito

Na sexta revisão do CID-10, ficou definido que a causa de morte para a

tabulação seria nominada como “causa básica de morte”.

Hoje, ela tem sido definida como a doença ou lesão que deu início à cadeia

de eventos que conduzem à morte ou às circunstâncias do acidente ou violência

que produzem a lesão fatal38.

O Atestado Médico da Declaração de Óbito, que vem sendo utilizado desde

1950, é constituído de duas partes: na parte I temos quatro linhas designadas

como a, b, c e d de cima para baixo. Nas linhas a, b e c está escrita a frase

“devido ou consequência de”. De um modo correto, o médico deve declarar a

causa básica na linha d e nas linhas acima as causas intervenientes ou

complicações.

Critérios de exclusão: não foram analisados dados cujos registros

estivessem incompletos no período estudado.

3.6 ANÁLISE DOS DADOS

As unidades de análise foram os estados, pois dados ecológicos confiáveis

estão disponíveis para o período da análise proposta, e há uma menor flutuação

na taxa de mortalidade e no tamanho da população do que haveria caso a

unidade de análise fosse menor. A utilização do estado como nível de agregação

30

pode também atenuar possíveis efeitos de contaminação encontrados quando

unidades de análise menores são utilizadas para avaliar mortalidade.

Os dados foram estratificados de acordo com as regiões brasileiras, as quais

são uma divisão com caráter legal, proposta pelo Instituto Brasileiro de Geografia

e Estatística (IBGE), tendo sido utilizado o censo do IBGE de 2010.

Os estados brasileiros estão agrupados em cinco regiões, conforme abaixo:

Região Norte: Acre (AC), Amapá (AP), Pará (PA), Roraima (RR), Tocantins

(TO), Rondônia (RO), Amazonas (AM).

Região Nordeste: Bahia (BA), Sergipe (SE), Alagoas (AL), Pernambuco

(PE), Paraíba (PB), Rio Grande do Norte (RN), Ceará (CE), Piauí (PI), Maranhão

(MA).

Região Sudeste: Espírito Santo (ES), Minas Gerais (MG), Rio de Janeiro

(RJ), São Paulo (SP).

Região Centro-Oeste: Mato Grosso (MT), Mato Grosso do Sul (MS), Goiás

(GO), Distrito Federal (DF).

Região Sul: Rio Grande do Sul (RS), Paraná (PR), Santa Catarina (SC).

3.7 ASPECTOS ÉTICOS

O projeto de pesquisa foi submetido à avaliação do Comitê de Ética em

Pesquisa da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre e

aprovado sob número de protocolo 1430/11 (anexo 1). O referido projeto seguiu

os preceitos básicos de que não haverá identificação dos pacientes nas análises

e divulgações que possam resultar desta pesquisa.

31

4 APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS E ANÁLISE ESTATÍSTICA

Inicialmente foi realizada uma análise descritiva das principais causas de

mortalidade no Brasil no período de 2001 a 2009.

Na sequência são descritos os dados de internação hospitalar e suas

principais causas no período de 2001 a 2010. A seguir são apresentados testes

de associação para verificar a existência de diferença estatisticamente

significativa entre as variáveis independentes estudadas (sexo e idade) e o

desfecho em questão (internação hospitalar). Os resultados da taxa de internação

hospitalar também são estratificados por região conforme mencionado na

metodologia.

A mesma análise descritiva e bivariada é feita para os dados de

mortalidade. Para testar a possível associação entre as variáveis dicotômicas é

feito teste qui-quadrado.

32

5 RESULTADOS

5.1 MORTALIDADE GERAL NO BRASIL

No período de 2001 a 2009 ocorreram 9.237.149 óbitos no Brasil. A tabela

1 demonstra as dez principais causas de óbito de acordo com o DATASUS, no

período do estudo.

Tabela 1. Distribuição das dez principais causas de óbito no Brasil de acordo com o capítulo do CID10. Período 2001 a 2009.

Ranking Capítulo Número absoluto de mortes

Percentual %

1 Doenças do aparelho circulatório 2.623.605 28,40 2 Neoplasias (tumores) 1.335.400 14,46 3 Causas externas de morbidade e mortalidade 1.163.317 12,59 4 Sintomas, sinais e achados anormais de exames

clínicos e de laboratório, não classificados em outra parte

958.695 10,38

5 Doenças do aparelho respiratório 909.155 9,84 6 Doenças endócrinas nutricionais e metabólicas 507.708

5,50

7 Doenças do aparelho digestivo 452.964 4,90 8 Algumas doenças infecciosas e parasitárias 416.193 4,51 9 Algumas afecções originadas no período perinatal 266.941 2,89 10 Doenças do aparelho geniturinário 158.835 1,72

Total 8.792.813 95,19

Como podemos observar, de acordo com dados do DATASUS, as doenças

do aparelho circulatório, as neoplasias (tumores) e as causas externas de

morbidade e mortalidade lideram o ranking de mortalidade no Brasil quando

consideramos os capítulos do CID-10. As doenças do aparelho digestivo ocupam

o sétimo lugar no ranking das principais causas de óbito. Se considerarmos que

as doenças hepáticas acarretaram 308.290 óbitos no período do estudo, o que

corresponde a 68% das doenças do aparelho digestivo, podemos inferir que as

33

hepatopatias, por si só, são a oitava causa de morte no Brasil, uma vez que

quando agrupadas, as doenças infecciosas e parasitárias, são em maior número.

5.2 INTERNAÇÕES HOSPITALARES

No período de 2001 a 2010 ocorreram 117.979.343 internações

hospitalares no Brasil. Destas, 853.571 foram decorrentes de doenças hepáticas,

o que corresponde a 0,72%.

Do total das hospitalizações por hepatopatias, 573.293 (67,16%) foram de

indivíduos do sexo masculino e 280.275 (32,83%) do sexo feminino (p<0,001). Em

três situações a variável sexo foi ignorada, quais sejam: um caso de

hepatoblastoma, um caso de cirrose hepática alcoólica e um caso de insuficiência

hepática sem outra especificação.

A média de idade de internação hospitalar por hepatopatias encontrada no

presente estudo foi de 48,05 anos.

O Quadro abaixo contém a descrição em número absoluto do número de

internações hospitalares por doenças hepáticas no período de 2001 a 2010 no

país. A fim de facilitar a visualização da tendência desses valores ao longo dos

últimos dez anos, os mesmos estão apresentados no Gráfico 1.

34

Quadro 2. Número absoluto de internações hospitalares por doenças hepáticas no Brasil no período de 2001 a 2010.

Ano Número de internações hospitalares por doença hepática

2001 87.411

2002 80.938

2003 80.045

2004 80.135

2005 82.904

2006 78.963

2007 80.597

2008 87.961

2009 95.678

2010 98.939

Gráfico 1: Evolução histórica do número absoluto de internações hospitalares por doença hepática no Brasil no período de 2001 a 2010.

Como pode ser visto no gráfico, houve uma evolução no número absoluto

de internações hospitalares por doenças hepáticas no Brasil, especialmente após

o ano de 2007 (p<0,001).

O Quadro 3 apresenta as dez principais causas de hospitalização por

hepatopatias encontradas no Brasil no período de 2001 a 2010 e o respectivo

Código Internacional de Doenças (CID) de cada uma. Essas dez causas foram

35

responsáveis por quase 66% do total de internações hospitalares por doença

hepática no período estudado.

Quadro 3. Principais causas de hospitalização por doenças hepáticas no Brasil no período de 2001 a 2010.

Causa CID Número absoluto

Percentual (%)

1 Outras formas de cirrose hepática

K74.6 196.148 22,98%

2 Cirrose hepática alcoólica

K70.3 101.859 11,93%

3 Insuficiência hepática aguda e subaguda

K72.0 73.384 8,59%

4 Hepatite viral NE sem coma

B19.9 46.904 5,49%

5 Cirrose biliar SOE K74.5 42.906 5,02%

6 Abscesso hepático

K75.0 27.988 3,27%

7 Hepatite A sem coma hepático

B15.9 22.518 2,63%

8 Neoplasia maligna do fígado NE

C22.9 16.994 1,99%

9 Insuficiência hepática alcoólica

K70.4 16.148 1,89%

10 Insuficiência hepática SOE

K72.9 15.166 1,77%

Total 560.015 65,60%

Observa-se que, das principais causas de internação hospitalar por

hepatopatia, mais de 1/3 do total das internações foi devido à cirrose hepática,

representada pelos CID K74.6 e CID K70.3. A média anual de hospitalizações por

cirrose hepática foi de 29.800 internações.

Chama atenção o elevado número de hospitalizações por hepatite viral NE

sem coma, representado pelo CID B19.9. Análises complementares evidenciaram

que essa é a causa de internação hospitalar por doença hepática mais

frequentemente encontrada no estado do Pará, com 7.627 casos. A região norte

36

foi responsável pelo maior número de casos absolutos de internações

hospitalares por hepatite viral NE sem coma, somando 15.505 hospitalizações.

Das internações hospitalares por hepatopatias no Brasil, a cirrose biliar

SOE foi a quinta causa no período do estudo, sendo responsável por cerca de 5%

das internações.

O abscesso hepático foi responsável por 27.988 casos de internações

hospitalares por doença hepática, tendo ficado em sexto lugar no ranking das

causas de internação. Na análise estratificada por região, observamos que a

região nordeste contribuiu com 8.535 casos, sendo o estado de Pernambuco

responsável pelo maior número de casos, com 2.647 internações.

Das 22.518 internações hospitalares por hepatite A sem coma hepático, a

maioria ocorreu no estado do Pará, totalizando 3.104 casos, e esta foi a sétima

causa de internação hospitalar por doença hepática no SUS, no período de 2001

a 2010.

A região sudeste foi responsável pelo maior número de casos absolutos de

internações por neoplasia maligna do fígado NE, insuficiência hepática alcoólica e

insuficiência hepática SOE, sendo a maioria no estado de São Paulo, com 5.245,

5.482 e 5.920 casos, respectivamente.

O Quadro 4 mostra a distribuição das dez principais causas de internação

hospitalar por doença hepática representada pelo CID-10 no Brasil em cada um

dos anos, no período de 2001 a 2010.

37

Quadro 4. Distribuição das dez principais causas de internação hospitalar por doença hepática representada pelo CID-10 no Brasil em cada um dos anos, no período de 2001 a 2010.

2001 CID(n)

2002 CID(n)

2003 CID (n)

2004 CID(n)

2005 CID (n)

2006 CID(n)

2007 CID(n)

2008 CID(n)

2009 CID (n)

2010 CID(n)

1 K74.6(20.919) K74.6(21.356) K74.6(1.114) K74.6(21.146) K74.6(22.754) K74.6(22.385) K74.6(22.642) K74.6(14.660) K74.6(14.774) K74.6(14.398)

2 K74.5(10.444) K70.3(11.389) K70.3(11.848) K70.3(10.833) K70.3 (9.872) K72.0 (8.817) K70.3 (9.504) K70.3(10.091) K70.3(10.771) K70.3 (11.716)

3 B19.9 (9.902) K72.0 (8.866) K72.0 (9.349) K72.0 (9.577) K72.0 (9.347) K70.3 (8.776) K72.0 (8.964) K75.0 (3.983) K75.0 (3.598) K76.8 (3.706)

4 K72.0 (8.280) K74.5 (6.637) K74.5 (4.205) B19.9 (4.317) B19.9 (4.575) B19.9 (4.511) B19.9 (3.634) K72.0 (3.912) B16.9 (3.412) K72.9 (3.621)

5 K70.3 (7.059) B19.9 (5.823) B19.9 (4.175) K74.5 (3.811) K74.5 (4.018) B15.9 (3.231) K74.5 (3.151) B19.9 (3.470) K72.0 (3.377) K75.0 (3.379)

6 K75.0 (2.286) B15.9 (2.446) K75.0 (2.507) B15.9 (2.508) B15.9 (3.090) K74.5 (3.227) B15.9 (3.081) K74.5 (2.773) K72.9 (3.290) B19.9 (3.085)

7 K72.9 (2.204) K75.0 (2.286) B15.9 (2.378) K75.0 (2.306) K75.0 (2.484) K75.0 (2.554) K75.0 (2.474) B16.9 (2.551) K76.8 (3.133) K76.9 (3.039)

8 B17.8 (2.004) K70.4 (1.940) K70.4 (2.105) K70.4 (1.989) K70.4 (1.957) K70.1 (1.935) K70.1 (2.188) K72.9 (2.305) K74.5 (2.390) K72.0 (2.895)

9 B15.9 (1.403) B17.8 (1.613) B16.9 (2.012) B16.9 (1.665) K70.1 (1.915) C22.9 (1.768) K70.4 (1.726) K76.8 (2.027) K76.9 (2.256) C22.9 (2.306)

10 K76.8 (1.312) C22.9 (1.338) K70.1 (1.580) C22.9 (1.594) C22.9 (1.621) K70.4 (1.674) C22.9 (1.694) C22.9 (1.625) C22.9 (2.234) K74.5 (2.250)

CID B15.9: Hepatite A sem coma hepático; B16.9: Hepatite B aguda sem agente Delta sem coma hepático; B17.8: Outras hepatites virais agudas específicas; B19.9: Hepatite viral NE sem coma; C22.9: Neoplasia maligna do fígado NE; K70.1: Hepatite alcoólica; K70.3: Cirrose hepática alcoólica; K70.4: Insuficiência hepática alcoólica; K72.0: Insuficiência hepática aguda e subaguda; K72.9: Insuficiência hepática SOE; K74.5: Cirrose biliar SOE; K74.6: Outras formas de cirrose hepática; K75.0: Abscesso hepático; K76.8: Outras doenças específicas do fígado.

38

Observamos no Quadro 4 que a doença representada pelo CID K74.6

(outras formas de cirrose hepática), foi a principal causa de internação hospitalar

por hepatopatia em todos os anos, durante o período de 2001 a 2010; que a

doença representada pelo CID K70.3 (cirrose hepática alcoólica) foi a segunda

causa de hospitalização por doenças hepáticas em oito dos dez anos avaliados

no estudo e que a doença representada pelo CID K72.0 (insuficiência hepática

aguda e subaguda) ocupou o terceiro lugar no ranking em cinco dos dez anos

analisados no estudo, tendo sido no ano de 2006 a segunda colocada no que se

refere às causas de hospitalizações por doenças hepáticas no Brasil.

Quando avaliamos as internações hospitalares por hepatites virais,

verificamos uma redução de 13.309 casos em 2001 para 3.085 em 2010.

O Quadro 5 apresenta a distribuição das principais doenças hepáticas que

acarretam hospitalização no Brasil estratificadas por sexo.

Quadro 5. Distribuição das dez principais causas de hospitalizações por hepatopatias no Brasil no período de 2001 a 2010 de acordo com o sexo.

Doença hepática (CID) Masculino (%)

Feminino (%)

Ignorado Total

1 Outras formas de cirrose hepática (K74.6) 141.494 (72,14%)

54.654 (27,86%)

0 196.148

2 Cirrose hepática alcoólica (K70.3) 82.744 (81,24%)

19.114 (18,76%)

1 101.859

3 Insuficiência hepática aguda e subaguda (K72.0)

48.258 (65,76%)

25.126 (34,24%)

0 73.384

4 Hepatite viral NE sem coma (B19.9) 26.786 (57,11%)

20.118 (42,89%)

0 46.904

5 Cirrose biliar SOE (K74.5) 31.807 (74,13%)

11.099 (25,87%)

0 42.906

6 Abscesso hepático (K75.0) 16.283 (58,18%)

11.705 (41,82)

0 27.988

7 Hepatite A sem coma hepático (B15.9) 12.524 (55,62%)

9.994 (44,38)

0 22.518

8 Neoplasia maligna do fígado NE (C22.9) 8.470 (49,84)

8.524 (50,16%)

0 16.994

9 Insuficiência hepática alcoólica (K70.4) 12.859 (79,63%)

3.289 (20,37)

0 16.148

10 Insuficiência hepática SOE (K72.9) 9.948 (65,60%)

5.217 (34,40%)

1 15.166

39

Considerando que a razão de sexos da população brasileira é de 96,9

homens para cada 100 mulheres, há diferença significativa (p<0,001) na

distribuição das doenças hepáticas, as quais são mais frequentes no sexo

masculino, à exceção de hepatite viral NE sem coma e de neoplasia maligna do

fígado NE, onde há paridade entre os dois sexos.

Quando se avaliam as principais doenças hepáticas que acarretam

hospitalização no Brasil e se estratifica por idade, tem-se a seguinte distribuição,

conforme o Quadro 6:

Quadro 6. Distribuição das dez principais causas de hospitalizações por hepatopatias no Brasil no período de 2001 a 2010 de acordo com a idade.

Causa (CID) Idade em anos (%)

<20 21-39 40-59 60-79 >80 Total

1 Outras formas de cirrose hepática (K74.6)

5.056 (2,58%)

32.130 (16,38%)

99.517 (50,74%)

53.377 (27,21%)

6.068 (3,09%)

196.148

2 Cirrose hepática alcoólica (K70.3)

880 (0,86%) 18.709

(18,37%) 57.395

(56,35%) 22.946

(22,53%) 1.929

(1,89%) 101.859

3 Insuficiência hepática aguda e subaguda (K72.0)

2.679 (3,65%) 15.239

(20,77%) 32.591

(44,41%) 19.611

(26,72%) 3.264

(4,45%) 73.384

4 Hepatite viral NE sem coma (B19.9)

22.878 (48,78%)

11.716 (24,98%)

7.931 (16,90%)

3.681 (7,85%)

698 (1,49%)

46.904

5 Cirrose biliar SOE (K74.5)

1.106 (2,58%) 8.078

(18,83) 21.757

(50,71%) 10.680

(24,89%) 1.285

(2,99%) 42.906

6 Abscesso hepático (K75.0)

4.040 (14,43%)

6.419 (22,93%)

10.192 (36,42%)

6.473 (23,13%)

864 (3,09%)

27.988

7 Hepatite A sem coma hepático (B15.9)

12.190 (54,13%)

5.339 (23,71%)

3.135 (13,92%)

1.543 (6,85%)

311 (1,38%)

22.518

8 Neoplasia maligna do fígado NE (C22.9)

901 (5,30%) 2.237

(13,16%) 6.114

(35,98%) 6.729

(39,60%) 1.013

(5,96%) 16.994

9 Insuficiência hepática alcoólica (K70.4)

171 (1,06%) 3.678

(22,78%) 8.560

(53,00%) 3.402

(21,07%) 337

(2,09%) 16.148

10 Insuficiência hepática SOE (K72.9)

1.771 (11,68%)

2.304 (15,19%)

6.809 (44,90%)

3.849 (25,38%)

433 (2,85%)

15.166

Como podemos observar, as três principais causas de internação

hospitalar (outras formas de cirrose hepática, cirrose hepática alcoólica e

insuficiência hepática aguda e subaguda) são mais frequentes em pacientes com

idade entre 40 e 59 anos, assim como cirrose biliar SOE e abscesso hepático.

40

Hepatite viral NE sem coma e hepatite A sem coma hepático são causas

de internação hospitalar mais frequentemente em pacientes com menos de 20

anos de idade.

A neoplasia maligna do fígado NE acarreta hospitalização de maneira mais

frequente em pacientes com idade entre 40 e 79 anos.

Chama atenção o fato de terem sido encontrados 1051 pacientes com

menos de 20 anos de idade que foram hospitalizados por insuficiência hepática

alcoólica e cirrose hepática alcoólica.

O Quadro 7 apresenta o número absoluto de internação hospitalar por

hepatopatia no período de 2001 a 2010, nas cinco macrorregiões do país.

Quadro 7. Número absoluto de internação hospitalar por hepatopatia nas cinco macrorregiões brasileiras. Período 2001 a 2010.

Macrorregião População total

Número hospitalizações por hepatopatias

Percentual

Norte 15.864.454 69.289 0,43%

Nordeste 53.081.959 203.396 0,38%

Sudeste 80.364.410 376.843 0,47%

Centro-oeste 14.048.094 51.504 0,36%

Sul 27.386.891 152.539 0,55%

Ao realizarmos análise de variância observamos uma diferença

estatisticamente significativa (p<0,001). A maior diferença encontrada foi entre as

regiões centro-oeste e sul.

5.3 MORTALIDADE

São apresentados os resultados de mortalidade para o período de 2001 a

2009, uma vez que os dados referentes ao ano de 2010 não foram

disponibilizados pelo DATASUS quando da realização do estudo.

41

No período de 2001 a 2009 ocorreram 9.237.149 mortes no Brasil. Destas,

308.290 foram decorrentes de doenças hepáticas, o que corresponde a 3,34%.

Do total das mortes decorrentes de hepatopatia, 220.255 (71,44%)

aconteceram entre indivíduos do sexo masculino e 87.993 (28,54%) entre

indivíduos do sexo feminino (p<0,001). Em 42 situações, a variável sexo foi

ignorada, quais sejam: 11 casos de outras formas de cirrose hepática, dez casos

de insuficiência hepática sem outra especificação, oito casos de cirrose hepática

alcoólica, cinco casos de neoplasia maligna do fígado não especificada, dois

casos de insuficiência hepática alcoólica, dois casos de doença alcoólica do

fígado sem outra especificação, dois casos de doença hepática sem outra

especificação, um caso de hepatite viral crônica C e um caso de hepatite aguda

C.

A média de idade de mortalidade por hepatopatias encontrada no presente

estudo foi de 58,10 anos.

O Quadro 8 contém a descrição em número absoluto de óbitos por

doenças hepáticas no período de 2001 a 2009. A fim de facilitar a visualização da

tendência desses valores ao longo dos últimos nove anos, os mesmos estão

apresentados no Gráfico 2.

Quadro 8. Número absoluto de óbitos por doenças hepáticas no Brasil no período de 2001 a 2009.

Ano Número de óbitos por doença hepática

2001 30.113

2002 31.243

2003 31.997

2004 33.366

2005 34.070

2006 35.459

2007 36.666

2008 37.410

2009 37.966

42

Gráfico 2: Evolução histórica do número absoluto de mortes por doença hepática no Brasil no período de 2001 a 2009.

Como se pode visualizar no Gráfico 2, há um aumento na mortalidade por

doenças hepáticas ao longo dos anos (p<0,001).

O Quadro 9 apresenta as dez principais causas de mortalidade por

hepatopatias encontradas no Brasil no período de 2001 a 2009 e seus respectivos

CID´s.

43

Quadro 9: Principais causas de mortalidade por doenças hepáticas no Brasil no período de 2001 a 2009.

Causa CID Número absoluto

Percentual (%)

1 Outras formas de cirrose hepática

K74.6 80.655 26,16%

2 Cirrose hepática alcoólica

K70.3 48.333 15,68%

3 Neoplasia maligna do fígado NE

C22.9 41.769 13,55%

4 Insuficiência hepática SOE

K72.9 20.688 6,71%

5 Doença hepática SOE

K76.9 12.472 4,04%

6 Carcinoma de células hepáticas

C22.0 10.791 3,50%

7 Insuficiência hepática alcoólica

K70.4 9.644 3,13%

8 Hepatite viral crônica C

B18.2 9.111 2,95%

9 Doença alcoólica do fígado SOE

K70.9 8.756 2,84%

10 Hepatite aguda C B17.1 3.853 1,25%

Total 246.072 79,81%

As dez principais causas acima listadas foram responsáveis por

aproximadamente 80% das mortes por doença hepática, sendo que as três

doenças que lideram a lista (outras formas de cirrose hepática, cirrose hepática

alcoólica e neoplasia maligna do fígado NE), se somadas, ultrapassam a metade

dos casos de óbitos por hepatopatia no período estudado.

A cirrose hepática, doença representada pelos CID K74.6 e K70.3, foi a

responsável pelo maior número de óbitos por hepatopatias no período estudado,

com uma média de 14.332 mortes/ano, ocupando a 12a posição no ranking de

mortalidade no Brasil.

A doença representada pelo CID K74.6 (outras formas de cirrose hepática)

foi a responsável pelo maior número de óbitos por hepatopatias no Brasil no

44

período estudado, sendo que mais da metade dos óbitos por esta causa ocorreu

na região sudeste. Na análise estratificada por estado, verificou-se que o estado

onde houve o maior número de óbitos por “outras formas de cirrose hepática” foi o

de São Paulo, com 23.173 casos registrados.

Chama a atenção o elevado número de óbitos, 3.853 casos, de hepatite C

aguda. Ao estratificarmos a análise por região, verificamos que a maioria dos

casos, 2.096, foi registrada na região sudeste.

O Quadro 10 mostra a distribuição das dez principais causas de

mortalidade por doença hepática representada pelo CID no Brasil em cada um

dos anos, no período de 2001 a 2009.

Quadro 10. Distribuição das dez principais causas de mortalidade por doença hepática representada pelo CID no Brasil em cada um dos anos, no período de 2001 a 2009.

2001 CID (n)

2002 CID (n)

2003 CID (n)

2004 CID (n)

2005 CID (n)

2006 CID (n)

2007 CID (n)

2008 CID (n)

2009 CID (n)

1 K74.6 (8.781)

K74.6 (8.841)

K74.6 (8.996)

K74.6 (9.056)

K74.6 (8.623)

K74.6 (8.875)

K74.6 (9.212)

K74.6 (9.081)

K74.6 (9.190)

2 K70.3 (4.536)

K70.3 (4.830)

K70.3 (4.757)

K70.3 (5.013)

K70.3 (5.370)

K70.3 (5.535)

K70.3 (5.789)

K70.3 (6.267)

K70.3 (6.236)

3 C22.9 (3.961)

C22.9 (4.135)

C22.9 (2.448)

C22.9 (4.408)

C22.9 (4.653)

C22.9 (4.874)

C22.9 (5.021)

C22.9 (5.098)

C22.9 (5.427)

4 K72.9 (2.295)

K72.9 (2.248)

K72.9 (2.176)

K72.9 (2.208)

K72.9 (2.283)

K72.9 (2.330)

K72.9 (2.400)

K72.9 (2.402)

K72.9 (2.346)

5 K76.9 (1.137)

K76.9 (1206)

K76.9 (1.318)

K76.9 (1.438)

K76.9 (1.488)

K76.9 (1.372)

K76.9 (1.477)

K76.9 (1.492)

K76.9 (1.544)

6 C22.0 (887)

C22.0 (995)

C22.0 (1053)

C22.0 (1.185)

B18.2 (1.226)

C22.0 (1.324)

K70.4 (1.419)

K70.4 (1.378)

C22.0 (1.506)

7 K70.9 (819)

K70.9 (947)

K70.9 (985)

K70.9 (1.094)

C22.0 (1.189)

K70.4 (1.307)

C22.0 (1.275)

C22.0 (1.377)

K70.4 (1.415)

8 K70.4 (771)

K70.4 (784)

K70.4 (826)

B18.2 (1.015)

K70.9 (1.103)

B18.2 (1.128)

B18.2 (1.107)

B18.2 (1.287)

B18.2 (1.303)

9 B18.2 (517)

B18.2 (716)

B18.2 (812)

K70.4 (837)

K70.4 (907)

K70.9 (920)

K70.9 (959)

K70.9 (966)

K70.9 (963)

10 K76.6 (383)

K76.6 (379)

K76.6 (375)

K76.6 (365)

K76.6 (332)

B17.1 (578)

B17.1 (693)

B17.1 (611)

B17.1 (577)

CID B17.1: Hepatite aguda C; B18.2: Hepatite viral crônica C; C22.0: Carcinoma de células hepáticas; C22.9: Neoplasia maligna do fígado NE; K70.3: Cirrose hepática alcoólica; K70.4: Insuficiência hepática alcoólica; K70.9: Doença alcoólica do fígado SOE; K72.9: Insuficiência hepática SOE; K74.6: Outras formas de cirrose hepática; K76.6: Hipertensão portal; K76.9: Doença hepática SOE;

45

Podemos observar que as cinco primeiras causas de mortalidade por

doenças hepáticas (outras formas de cirrose hepática, cirrose hepática alcoólica,

neoplasia maligna do fígado NE, insuficiência hepática SOE e doença hepática

SOE) permaneceram com igual distribuição ao longo do período do estudo, de

2001 a 2009.

O Quadro 11 apresenta a distribuição das principais causas de mortalidade

por hepatopatias no Brasil estratificadas por sexo.

Quadro 11. Distribuição das dez principais causas de mortalidade por hepatopatias no Brasil no período de 2001 a 2009 de acordo com o sexo.

Causa (CID)

Sexo Masculino

(%)

Sexo Feminino

(%) Ignorado Total

1 Outras formas de cirrose hepática (K74.6)

62.321 (77,27%)

18.323 (22,72%)

11 80.655

2 Cirrose hepática alcoólica (K70.3)

42.457 (87,84%)

5.868 (12,14%)

8 48.333

3 Neoplasia maligna do fígado NE (C22.9)

22.554 (54,00%)

19.210 (46,00%)

5 41.769

4 Insuficiência hepática SOE (K72.9)

14.051 (67,92%)

6.630 (32,05%)

7 20.688

5 Doença hepática SOE (K76.9)

8.695 (69,72%)

3.775 (30,27%)

2 12.472

6 Carcinoma de células hepáticas (C22.0)

7.093 (65,73%)

3.698 (34,27%)

0 10.791

7 Insuficiência hepática alcoólica (K70.4)

8.425 (87,36%)

1.217 (12,62%)

2 9.644

8 Hepatite viral crônica C (B18.2)

5.453 (59,85%)

3.657 (40,14%)

1 9.111

9 Doença alcoólica do fígado SOE (K70.9)

7.817 (89,28%)

937 (10,70%)

2 8.756

10

Hepatite aguda C (B17.1)

2.435 (63,20%)

1.417 (36,78%)

1 3.853

Conforme pode ser visualizado no Quadro 11, à exceção de “neoplasia

maligna do fígado NE”, na qual há certo equilíbrio em número absoluto quando se

avalia mortalidade entre os sexos, a mortalidade por hepatopatias é maior entre

indivíduos do sexo masculino (p<0,001).

46

Quando se avaliam as principais doenças hepáticas que acarretam

mortalidade no Brasil e se estratifica por idade, tem-se a seguinte distribuição,

conforme o Quadro 12:

Quadro 12. Distribuição das dez principais causas de óbito por hepatopatias no Brasil no período de 2001 a 2009

de acordo com a idade.

Causa (CID) Idade em anos (%)

<20 21-39 40-59 60-79 >80 Ignorado Total

1 Outras formas de cirrose hepática (K74.6)

430 (0,53%)

8.361 (10,37%)

38.112 (47,25%)

28.262 (35,04%)

5.033 (6,24%)

431 80.655

2 Cirrose hepática alcoólica (K70.3)

29 (0,06%)

8.355 (17,29%)

28.197 (58,33%)

10.759 (22,26%)

813 (1,68%)

180 48.333

3 Neoplasia maligna do fígado NE (C22.9)

233 (0,55%)

1.559 (3,73%)

11.277 (27,00%)

21.804 (52,20%)

6.869 (16,44%)

27 41.769

4

Insuficiência hepática SOE (K72.9)

729 (3,52%)

2.352 (11,37%)

8.092 (39,11%)

7.544 (36,46%)

1.912 (9,24%)

59 20.688

5 Doença hepática SOE (K76.9)

336 (2,69%)

1.308 (10,49%)

4.923 (39,47%)

4.670 (37,44%)

1.151 (9,23%)

84 12.472

6 Carcinoma de células hepáticas (C22.0)

101 (0,93%)

398 (3,69%)

3.475 (32,20%)

5.605 (51,94%)

1.207 (11,18%)

5 10.791

7 Insuficiência hepática alcoólica (K70.4)

13 (0,13%)

2.090 (21,67%)

5.439 (56,40%)

1.912 (19,82%)

148 (1,53%)

42 9.644

8 Hepatite viral crônica C (B18.2)

11 (0,12%)

398 (4,37%)

4.317 (47,38%)

3.903 (42,84%)

480 (5,27%)

2 9.111

9 Doença alcoólica do fígado SOE (K70.9)

11 (0,12%)

1.670 (18,33%)

4.815 (55,00%)

2.038 (23,27%)

189 (2,16%)

33 8.756

10 Hepatite aguda C (B17.1)

9 (0,23%)

265 (6,88%)

1.968 (51,08%)

1.431 (37,14%)

177 (4,59%)

3 3.853

A mortalidade por doenças hepáticas foi mais frequentemente evidenciada

em indivíduos entre 40 e 79 anos de idade, sendo a faixa etária daqueles com

menos de 20 anos de idade a com menor ocorrência de óbitos por hepatopatias.

Quando foram estratificadas as taxas de mortalidade por doenças

hepáticas nas cinco macrorregiões do país nos período de 2001 a 2009, observa-

se a seguinte configuração, conforme demonstrada no Quadro 13:

47

Quadro 13. Número absoluto de óbitos por hepatopatia nas cinco macrorregiões brasileiras. Período 2001 a 2009.

Macrorregião População total

Número de óbitos por hepatopatias Percentual

Norte 15.864.454 15.726 0,09%

Nordeste 53.081.959 77.308 0,14%

Sudeste 80.364.410 149.155 0,18%

Centro-oeste 14.048.094 17.649 0,12%

Sul 27.386.891 48.452 0,17%

Ao realizarmos análise de variância, observamos uma diferença

estatisticamente significativa (p<0,001). A maior diferença encontrada foi entre as

regiões norte e sudeste.

48

6 DISCUSSÃO

O presente estudo faz uma análise do impacto das doenças hepáticas no

Brasil em relação às internações hospitalares e à mortalidade, no período de 2001

a 2010, através do uso de uma base de dados nacional.

Os estudos ecológicos apresentam duas limitações que não podem deixar

de ser mencionadas: a questão do uso de dados secundários os quais estão

sujeitos a erro de registro e a falácia ecológica, ou seja, a extrapolação de um

achado populacional para nível individual. Portanto, as interpretações de

resultados de estudos ecológicos devem ser cautelosas.

Por outro lado, cabe ressaltar que esse delineamento é de grande valia

para geração de hipóteses que podem vir a ser confirmadas através de outros

estudos posteriormente. Ainda que os resultados apresentados sejam oriundos de

dados secundários, pelo menos no conhecimento dos autores, não existem na

literatura brasileira relatos dessa natureza. Outro ponto positivo a ser destacado é

que a base de dados consultada foi a maior base de dados disponível no país, o

DATASUS.

Só para termos uma ideia do crescimento das doenças hepáticas, no

mundo, atualmente, são cerca de 170 milhões de infectados pelo VHC10, a

doença hepática alcoólica é a principal causa de morte dentre as hepatopatias na

Europa15 e a doença hepática gordurosa não alcoólica é cada vez mais

reconhecida como uma causa comum de doença hepática crônica39. A

prevalência de cirrose pelo VHC e suas complicações continuará aumentando na

próxima década e, segundo Davis GL e cols.3, a proporção de pacientes com

cirrose pelo VHC atingirá 45% em 2030. O aumento na incidência de doença

49

hepática crônica onera os sistemas de saúde, diminui a qualidade de vida dos

indivíduos, podendo inclusive influenciar no período de vida produtivo40.

As taxas de mortalidade decorrentes de doenças hepáticas estão

aumentando no mundo41. De acordo com dados estatísticos do Reino Unido, a

doença hepática é a quinta causa mais comum de morte, depois de doenças

cardíacas, acidente vascular encefálico, doenças respiratórias e câncer42. Na

Ásia, as doenças hepáticas foram a oitava causa de morte em 200943. No Brasil,

de acordo com dados do DATASUS, as doenças hepáticas ocupam o oitavo lugar

no ranking da mortalidade, quando avaliamos os anos de 2001 a 2009.

Ressaltamos que, se consideradas as doenças do aparelho digestivo, o capítulo

como um todo ocupa a sétima posição entre as causas mais frequentes de

mortalidade.

No período de 2001 a 2010, houve 853.571 internações hospitalares em

decorrência de doenças hepáticas no Brasil, sendo que se observa claramente

uma evolução no número absoluto destas internações, especialmente após o ano

de 2007 (p<0,001). A média de idade de internação hospitalar por hepatopatias

encontrada no presente estudo foi de 48,05 anos. Na Inglaterra, Roberts SE e

cols.44 relataram que a média de idade de hospitalização por cirrose hepática foi

de 57,5 anos. Em seu estudo, Gidding HF e cols.21 observaram que as taxas de

hospitalizações por doença hepática não alcoólica e por CHC aumentaram

marcadamente com a idade, especialmente após os 40 anos. A maioria dos

pacientes hospitalizados por hepatopatias no Brasil era do sexo masculino, dado

que vai ao encontro da literatura americana45.

As três principais causas de hospitalização por doenças hepáticas no

Brasil, se somadas, chegam próximo de 50% do total das causas de internação

50

por hepatopatias e, ao realizar a soma das duas principais causas de internações

hospitalares por doenças hepáticas, quais sejam “outras formas de cirrose

hepática e cirrose hepática alcoólica”, observamos que a cirrose hepática

independentemente da etiologia constitui a causa mais significativa de internação

hospitalar por doenças do fígado no Brasil, representando 35% das

hospitalizações por hepatopatias e uma média de 29.800 hospitalizações/ano.

A cirrose hepática é um problema de saúde mundial e há uma expectativa

de aumento de sua prevalência no mundo40. Nos Estados Unidos, Nguyen e

cols.46 encontraram uma taxa de hospitalização anual por cirrose de 50.000 casos

e Berman K e cols.47 verificaram que, daqueles pacientes que sobrevivem à

hospitalização, aproximadamente 20% foram readmitidos em 30 dias. Há,

portanto, marcada diferença nas taxas anuais de hospitalizações entre o Brasil e

os Estados Unidos, e uma das possíveis explicações é o fato de o sistema de

registro americano ser de melhor qualidade em relação ao brasileiro. Mina O.

Rakoski e cols.40, também nos Estados Unidos, relataram que indivíduos com

cirrose apresentam um número mais elevado de comorbidades, prejuízos severos

em seu estado cognitivo e requerem mais de duas vezes o serviço de saúde –

hospitalizações, cuidados de enfermagem e visitas médicas – quando comparado

a indivíduos sem cirrose.

Ao somarmos o número de pacientes hospitalizados por insuficiência

hepática no Brasil no período de 2001 a 2010, independentemente da etiologia,

obtivemos a cifra de 104.698 casos, tornando-se a segunda principal causa de

internação hospitalar por hepatopatias no período estudado, corroborando que as

consequências das doenças hepáticas são graves, acarretam gastos elevados

com internações e necessitam de intervenções de saúde preventivas40,48.

51

A hepatite viral NE sem coma foi a quarta maior causa de internação

hospitalar no Brasil por doenças hepáticas, ocorrendo mais frequentemente na

região norte, com um total de 15.505 casos durante todo o período estudado.

Uma das possíveis explicações para esse achado deve-se ao fato de a região

norte do país apresentar baixo índice de desenvolvimento humano (IDH) e

condições socioeconômicas e sanitárias inferiores em comparação a outras

regiões, por exemplo, às regiões sul e sudeste.

Apesar disso, observamos uma redução nas taxas de hospitalizações por

hepatites virais de 13.309 casos, em 2001, para 3.085, em 2010, provavelmente

devido a um controle mais adequado em relação às medidas de prevenção,

como, por exemplo, melhorias nas condições sanitárias e vacinação contra

hepatites A e B. Também deve ser considerado que ocorreu uma mudança no

sistema de atendimento no decorrer dos últimos anos no país e que a maioria dos

pacientes com hepatite viral são atendidos ambulatorialmente, ao passo que, em

outros anos, boa parte das vezes estes pacientes necessitavam ser

hospitalizados.

Outro achado relevante foi o aumento nas taxas de hospitalizações devido

à neoplasia maligna do fígado, a qual não faz parte das 10 principais causas de

internação no ano de 2001, mas gera 2.306 hospitalizações em 2010, ocupando o

nono lugar no ranking das internações hospitalares por doenças hepáticas. Este

resultado pode ser explicado pelo aumento na expectativa de vida dos pacientes,

que desenvolvem mais neoplasias e também pelo aumento de casos de cirrose e

suas consequências, como o carcinoma hepatocelular41,49.

Chama atenção o fato de terem sido encontrados 1.051 pacientes com

menos de 20 anos de idade que foram hospitalizados por insuficiência hepática

52

alcoólica e cirrose e, infelizmente, não dispomos de explicação coerente para tal.

Além de supor erro na classificação do CID ao preencher a AIH, podemos aventar

a possibilidade de que crianças sejam expostas ao uso de bebida alcoólica, por

exemplo, em regiões de colonização italiana onde essa prática eventualmente

possa ocorrer50.

Com exceção de hepatite viral NE sem coma e de neoplasia maligna do

fígado NE, onde há paridade entre os dois sexos, as internações hospitalares por

doenças hepáticas no Brasil são mais comuns em indivíduos do sexo masculino,

dado que vai ao encontro da literatura45.

A maior parte das hospitalizações no Brasil por cirrose e insuficiência

hepática ocorre em pacientes com idade entre 40 e 59 anos. No Reino Unido, a

maioria dos pacientes hospitalizados por cirrose hepática tem entre 45 e 74 anos

de idade44. O fato de hepatite viral NE (B19.9) e de hepatite A sem coma hepático

(B15.9) ocorrerem com maior frequência em pacientes com menos de 20 anos de

idade enfatiza a importância da vacinação universal, bem como a necessidade de

mais assistência no saneamento básico e em medidas que favoreçam a melhoria

das condições de higiene. A prática do uso de álcool na adolescência pode ser

observada pelo número de internações de pacientes com menos de 20 anos de

idade.

Quando estratificamos as hospitalizações por hepatopatias nas cinco

macrorregiões brasileiras, observamos que há diferença estatisticamente

significativa entre as regiões centro-oeste, local onde se registra as menores

taxas de hospitalizações e sul, região onde são encontradas as maiores taxas de

internações hospitalares por hepatopatias no Brasil. Provavelmente a diferença

encontrada seja decorrente da qualidade dos registros das informações.

53

Segundo o estudo de Rodrigues M e cols.51, acerca da qualidade de

registro das informações vitais em um Estado brasileiro, os municípios com 50 mil

habitantes ou mais têm informações de melhor qualidade quando comparados

aos com menos de 50 mil habitantes.

Mortalidade

No período estudado houve 308.290 registros de óbitos decorrentes de

hepatopatias no Brasil, observando-se uma evolução crescente e significativa no

decorrer dos anos. A média de idade de mortalidade por hepatopatias encontrada

no presente estudo foi de 58,10 anos e 71% dos óbitos relacionados às doenças

do fígado ocorreram em indivíduos do sexo masculino. De acordo com Sunmi Lee

e cols.48, o número de mortes por doenças hepáticas é mais elevado nos

indivíduos em idade economicamente ativa, provocando uma significativa redução

na produtividade em decorrência da mortalidade prematura. Na Escócia, segundo

McDonald SA e cols.52, a mortalidade por doenças hepáticas também está

aumentando e 62% dos óbitos relacionados às doenças hepáticas foram em

homens. No mesmo país, a mortalidade de pacientes com cirrose mais que

dobrou em homens e aumentou quase a metade entre as mulheres no período de

1997 a 200153.

A cirrose hepática, décima segunda causa de morte nos Estados Unidos

em 2007, acarreta um significativo impacto na economia, com custos estimados,

em 2008, entre 14 milhões de dólares e 2 bilhões de dólares, dependendo da

etiologia da doença, sendo que a expectativa é de crescimento desse impacto nos

próximos 20 anos, uma vez que o percentual de pacientes com cirrose

54

relacionada ao VHC irá aumentar54. Aproximadamente 26 mil pacientes com

cirrose nos Estados Unidos necessitam de cuidados intensivos por ano, sendo

que a mortalidade nesses casos é maior que 50%55. O presente estudo identificou

que a cirrose é a principal causa, não apenas de internação hospitalar, mas

também de mortalidade por doenças hepáticas no Brasil, responsável por 128.988

mortes no período avaliado, representando 42% dos óbitos por hepatopatias e

uma média de 14.332 mortes/ano, sendo a 13a causa de morte no Brasil no ano

de 2007, subindo para a 12a posição nos anos de 2008 e 2009.

Uma vez que pacientes com cirrose apresentam um número mais elevado

de comorbidades, utilizam mais os serviços de saúde (hospitalizações, consultas

médicas e cuidados de enfermagem), quando comparados com indivíduos não

cirróticos, acarretam um custo anual aproximado de 4.700 dólares por indivíduo,

quase o dobro em relação aos indivíduos sem cirrose40. Assim, é de suma

importância o adequado manejo não só na prevenção de pacientes

potencialmente de risco para o desenvolvimento de hepatopatia crônica, mas

também dos indivíduos que já se apresentam com fibrose hepática avançada e

cirrose.

Nos Estados Unidos, 44% de todas as mortes por doenças hepáticas foram

atribuídas ao álcool56. Cerca de 4% de todas as mortes no mundo foram

atribuídas ao álcool, 6,2% em homens e 1,1% nas mulheres, sendo a doença

hepática alcoólica a principal causa de morte relacionada ao fígado na Europa57.

Em 2008, um estudo realizado na Dinamarca indicou que a mortalidade de

pacientes hospitalizados por hepatite alcoólica foi 15%58. A doença hepática

alcoólica é a causa mais comum de cirrose nos Estados Unidos e é responsável

por 12 a 13 mil mortes por ano45. No presente estudo, ao somar as doenças

55

hepáticas relacionadas ao álcool, sem incluir o CID K 74.6 “outras formas de

cirrose hepática”, no qual, provavelmente, possa haver casos de cirrose alcoólica,

obtivemos 66.733, o que corresponderia a 7.414 mortes por doenças hepáticas

relacionadas ao álcool/ano no Brasil.

A incidência de neoplasia hepática maligna vem crescendo no mundo41.

Embora seja a sexta causa mais comum de neoplasia no mundo, o carcinoma

hepatocelular, pelo fato de seu prognóstico ruim, é a terceira causa de morte

relacionada por câncer no mundo, responsável por aproximadamente 600 mil

mortes anualmente26.

O aumento nas taxas de obesidade e diabetes também está contribuindo

para o crescimento na incidência de CHC no Canadá, nos Estados Unidos e em

parte da Europa, além de o impacto do carcinoma hepatocelular também estar

crescendo na América Latina, onde anteriormente as taxas de CHC eram

baixas49. No México, por exemplo, a mortalidade por CHC aumentou de

4.1/100.000, em 2000, para 4.7/100.000 habitantes, em 2006, sendo que no

futuro a expectativa é de crescimento do impacto do CHC na morbimortalidade36.

No Brasil, o carcinoma de células hepáticas – CID C 22.0 –, é a sexta

causa de morte por doenças hepáticas, sendo responsável por 10.791 óbitos

quando se considera o período estudado. Observamos que houve um progressivo

aumento no número de óbitos decorrente dessa afecção ao longo dos anos,

quase duplicando quando avaliamos os anos de 2001 e 2009.

Se somarmos os óbitos decorrentes das doenças classificadas sob o CID C

22.0 (carcinoma de células hepáticas) e C 22.9 (neoplasia maligna do fígado NE),

notamos que a neoplasia hepática fica em segundo lugar no ranking de

mortalidade por hepatopatias no Brasil com 52.560 óbitos, com a ressalva de que

56

possa haver erros no adequado preenchimento dos atestados de óbitos, já que no

caso de neoplasias que acometem o fígado, como na maioria das vezes não há

comprovações anátomo-patológicas, pode haver receio por parte dos médicos ao

atestar a causa do óbito, o que pode subestimar a prevalência de CHC no Brasil.

Deve ser lembrado que pode haver casos incluídos no CID C 22.9 que sejam, por

exemplo, neoplasia metastática para o fígado e não exatamente neoplasia

maligna primária do fígado.

Nos últimos 15 anos tem se observado um significativo aumento na

contribuição da infecção pelo VHC na mortalidade de doenças hepáticas52,59,

sendo que, no ano de 2007, o VHC superou o HIV como causa de morte nos

Estados Unidos59.

Boa parte dos registros de óbitos relacionados a doenças hepáticas

associadas ao VHC não menciona o diagnóstico de hepatite C como causa

contribuinte ao óbito. Esse fato gera fortes implicações em decisões de saúde

pública, subestimando a epidemia de VHC. Tais subnotificações nos atestados de

óbito ocorrem não só no Brasil, mas também em países como Inglaterra e

Estados Unidos60.

É estimado que a mortalidade por doenças relacionadas à hepatite C

crônica aumentará de 2,1%, em 2005, para 3,1%, em 202161. No estudo de Davis

GL e cols.3, foi estimado que o número de casos de cirrose relacionada ao VHC

aumentará em 24% e que o número de casos cirrose descompensada aumentará

em 50%.

Na análise das principais etiologias de óbitos por hepatopatias, verificou-se,

no estudo em foco, que a hepatite C aguda é décima causa, representando cerca

de 1% das mortes por doenças hepáticas no Brasil. Esse dado não vai ao

57

encontro da literatura internacional62,63 e uma possível explicação para o fato seria

a informação incorreta no preenchimento do atestado de óbito. Embora tenhamos

observado redução na incidência de hepatite C aguda, ainda há casos novos

sendo registrados. Um estudo brasileiro apontou um total de 170 casos de

hepatite C aguda diagnosticados no período entre 2000 e 200864.

A hepatite C crônica é uma das principais causas de cirrose hepática não

relacionada ao álcool. No presente estudo foram evidenciados 12.964 casos de

mortes diretamente relacionadas à hepatite C. Provavelmente essa estatística

esteja subestimada, uma vez que existem 80.655 mortes incluídas no CID K 74.6

“outras formas de cirrose hepática” e deve haver muitos casos, senão a maioria,

de cirrose devido à hepatite C crônica; esse fato também se deve, em nossa

opinião, ao preenchimento inadequado dos atestados de óbitos e à falta de

códigos específicos na classificação das doenças não havendo, por exemplo, CID

para cirrose hepática pelo VHC.

É evidente que mais dados de estimativas e projeções do VHC são

necessários a fim de que possam ser efetivadas estratégias de prevenção e

manejo dessa epidemia no mundo.

A mortalidade por doenças hepáticas no Brasil é mais comum em

indivíduos do sexo masculino. Não foi evidenciada diferença entre os sexos na

análise da doença classificada sob o CID C22.9 (neoplasia maligna do fígado NE)

pois, provavelmente, estejam incluídos casos de neoplasia metastática.

O presente estudo avaliou que os óbitos por doenças hepáticas são mais

comuns em indivíduos entre 40 e 79 anos de idade. Em seu trabalho, McDonald

SA e cols.52, evidenciou um aumento na mortalidade relacionada às doenças

hepáticas em indivíduos entre 35 e 54 anos de idade. No estudo americano

58

capitaneado por Kathleen Ly, aproximadamente 75% das mortes relacionadas ao

HCV ocorreram em pacientes com idade entre 45 e 64 anos59.

Quando estratificamos as taxas de mortalidade por hepatopatias nas cinco

macrorregiões brasileiras, observamos que há diferença estatisticamente

significativa entre as regiões norte, local onde se registra as menores taxas de

óbitos e sudeste, região onde são encontradas as maiores taxas de mortalidade

por hepatopatias no Brasil. Provavelmente a diferença encontrada exista em

função da qualidade dos registros das informações. Conforme estudo brasileiro

recentemente publicado que trata da qualidade de registro das informações vitais,

essencialmente nascidos vivos e mortalidade, à medida que os municípios se

distanciam da capital do Estado, menor é a qualidade dos registros,

provavelmente devido à insuficiência de serviços de saúde e de profissionais

habilitados para promover assistência adequada em tempo oportuno e à

necessidade de ajustes na consolidação das informações vitais51. Entendemos

que estes fatores são mais frequentes na região norte do país.

O Brasil não possui um sistema de registro de dados confiável, de fácil

acesso, e isso se torna um problema ao se tentar realizar avaliações como esta,

uma vez que erros podem ser cometidos. Há uma heterogeneidade entre os

médicos que preenchem tanto as AIH´s quanto os atestados de óbito, gerando

inadequada alimentação do sistema e, por consequência, um déficit na qualidade

da informação a ser encontrada.

Os Sistemas de Informação em Saúde (SIS) brasileiros são uma

ferramenta estratégica para a gestão do sistema de saúde. Os indicadores de

morbimortalidade mais comumente calculados no país têm seus numeradores

provenientes de dois SIS: o SIM e o SIH-SUS. O SIM provê a maior parte dos

59

dados utilizados para a elaboração de diagnósticos sobre a situação de saúde no

país. A despeito desse sistema já se encontrar estabelecido há um longo período,

do consenso a respeito de sua importância como instrumento de vigilância e

gestão em saúde e da alta adesão dos serviços e profissionais de saúde ao seu

preenchimento, há uma estimativa oficial de 17,7% de sub-registro do total de

óbitos ocorridos anualmente no país, além dos problemas de preenchimento

incompleto das informações, especialmente no que se refere à causa básica de

morte65.

As limitações de análises de dados secundários e de atestados de óbitos

incluem o preenchimento incompleto dos dados, subnotificações e não

contemplação de causas relevantes relacionadas ao óbito.

Se houvesse códigos mais específicos de determinadas doenças, talvez as

análises secundárias incorressem em menos erros, como, por exemplo, quando

um paciente com cirrose por VHC que desenvolve hemorragia digestiva alta por

varizes esofágicas vai a óbito, boa parte das vezes nem sequer são mencionados

tais diagnósticos no atestado de óbito, o que prejudica este tipo de estudo.

Finalmente, o estudo em foco demonstrou a relevância das doenças

hepáticas no cenário brasileiro, observando progressivos aumentos nas taxas de

hospitalizações e de mortalidade. Uma vez que as doenças hepáticas estão

acarretando cada vez mais consequências negativas para os indivíduos e para a

sociedade, avaliamos que somente esforços governamentais de políticas de

saúde, agências de saúde e os cuidados profissionais em todos os níveis podem

reverter essa tendência de aumento de doenças hepáticas crônicas no mundo.

Entendemos que a prevenção e o tratamento precoce das doenças hepáticas

crônicas (como infecção pelo VHB, infecção pelo VHC, doença hepática alcoólica

60

e doença hepática gordurosa não alcoólica), reduzindo as comorbidades, as

complicações associadas à cirrose e a necessidade de transplante hepático,

também reduzirão o impacto econômico dessas doenças.

61

7 CONCLUSÕES

O presente estudo demonstrou a relevância das doenças hepáticas no

cenário brasileiro, observando progressivos aumentos nas taxas de

hospitalizações e de mortalidade no âmbito do SUS e que o impacto

dessas doenças é não apenas significativo, mas crescente e evolutivo.

Foram registradas 853.571 hospitalizações e 308.290 óbitos por

doenças hepáticas no período avaliado, sendo que as doenças

hepáticas ocupam o oitavo lugar no ranking de mortalidade no Brasil.

A prevalência de internação hospitalar decorrente de doenças hepáticas

no SUS é de 0,72% e apresenta evolução significativa, especialmente a

partir do ano de 2007 (p<0,001).

A taxa de mortalidade por doenças hepáticas no Brasil no âmbito do

SUS é de 3,34% e, a exemplo das hospitalizações por hepatopatias,

apresenta caráter evolutivo no decorrer dos anos, sendo que, no ano de

2009, houve quase 38 mil mortes relacionadas às doenças hepáticas.

As principais causas de hospitalização por doenças hepáticas no Brasil

são cirrose hepática, independentemente da etiologia, e insuficiência

hepática aguda e subaguda.

As principais causas de óbito por doenças hepáticas no Brasil são

cirrose hepática, independente da etiologia, e neoplasia maligna do

fígado.

A média de idade dos pacientes nas internações hospitalares por

hepatopatias no Brasil é de 48,05 anos e a média de idade quando da

mortalidade por doenças hepáticas é de 58,10 anos. Tanto as

62

internações hospitalares quanto a mortalidade por doenças hepáticas no

Brasil ocorrem mais comumente em pacientes do sexo masculino.

Ao estratificarmos as taxas de internações hospitalares por hepatopatias

nas cinco macrorregiões brasileiras, observamos que há diferença

estatisticamente significativa entre as regiões centro-oeste, local onde se

registra as menores taxas de hospitalizações, e sul, região onde são

encontradas as maiores taxas de internações por doenças hepáticas no

Brasil. Quando estratificamos as taxas mortalidade por hepatopatias nas

cinco macrorregiões brasileiras, observamos que há diferença

estatisticamente significativa entre as regiões norte, local onde se

registra as menores taxas de óbitos, e sudeste, região onde são

encontradas as maiores taxas de mortalidade por hepatopatias no Brasil.

63

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ANEXO 1 - Parecer Consubstanciado de Projeto de Pesquisa

Título do Projeto: Impacto das doenças hepáticas no Brasil no período de 2001 a 2009.

Pesquisador Responsável Ângelo Alves de Mattos Parecer 1430/11

Data da Versão 22/08/2011 Cadastro 797/11 Data do Parecer 15/09/2011

Grupo e Área Temática III - Projeto fora das áreas temáticas especiais

Objetivos do Projeto

Adequados.

Sumário do Projeto

Adequado.

Itens Metodológicos e Éticos Situação

Título Adequado

Autores Adequados

Local de Origem na Instituição Adequado

Projeto elaborado por patrocinador Não

Aprovação no país de origem Não necessita

Local de Realização Própria instituição

Outras instituições envolvidas Não

Condições para realização Adequadas

Comentários sobre os itens de Identificação

Introdução Adequada

Comentários sobre a Introdução

Objetivos Adequados

Comentários sobre os Objetivos

Pacientes e Métodos

Delineamento Adequado

Tamanho de amostra Total Local

Cálculo do tamanho da amostra Adequado

Participantes pertencentes a grupos especiais Não

Seleção eqüitativa dos indivíduos participantes Não se aplica

Critérios de inclusão e exclusão Adequados

Relação risco- benefício Não se aplica

Uso de placebo Não utiliza

70

Período de suspensão de uso de drogas (wash out) Nâo utiliza

Monitoramento da segurança e dados Adequado

Avaliação dos dados Adequada - quantitativa

Privacidade e confidencialidade Adequada

Termo de Consentimento Não necessário

Adequação às Normas e Diretrizes Sim

Comentários sobre os itens de Pacientes e Métodos

Cronograma Comentário

Data de início prevista 09/2011

Data de término prevista 03/2012

Orçamento Ausente

Fonte de financiamento externa Não

Comentários sobre o Cronograma e o Orçamento

Referências Bibliográficas Adequadas

Comentários sobre as Referências Bibliográficas

Recomendação

Aprovar

Comentários Gerais sobre o Projeto

Projeto adequado às solicitações realizadas. Aprovar.