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IMPACTOS DA CRIAÇÃO DO ARRANJO
PRODUTIVO LOCAL (APL) DE
PETRÓLEO, GÁS E ENERGIA NO
PROCESSO DE INSERÇÃO DAS MICRO
E PEQUENAS EMPRESAS DE DUQUE DE
CAXIAS (RJ)
Rafael Travassos Dutra
(Unigranrio)
Fernando Filardi
(Unigranrio)
Angilberto Freitas
(Unigranrio)
Resumo Os Arranjos Produtivos Locais (APL) tem sido considerados
importantes mecanismos de agregação de esforços, especialmente no
Âmbito das micro e pequenas empresas. Neste contexto, o presente
artigo tem como objetivo analisar os impactos da criação do APL de
Petróleo e Gás e Energia no município de Duque de Caxias e o
processo de inserção das micro e pequenas empresas nesse APL,
identificando o perfil das empresas e as principais dificuldades
encontradas pelas por empresas participantes e não participantes do
APL. Ficou evidenciado que o fluxo de informações sobre o segmento
dessas empresas advindo do APL não é eficaz e ficam muito restritas
as quatro linhas da sala do SEBRAE. Além do mais, o principal fator
de impacto do APL nas empresa é o aumento da rentabilidade
financeira, melhorando, assim, o nível de renda local.
Palavras-chaves: Arranjo Produtivo Local, Micro-pequenas empresas,
Petróleo e Gás, energia
12 e 13 de agosto de 2011
ISSN 1984-9354
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1. INTRODUÇÃO
A atuação em conjunto das micro e pequenas empresas - MPEs pode proporcionar certas
vantagens. Kushima e Bulgacov (2006) afirmam que a cooperação entre empresas pode ser
vista como recurso para busca de uma condição competitiva de baixo custo, além de
proporcionar desenvolvimento tecnológico e maior acesso aos mercados.
Desta forma, os arranjos produtivos locais - APLs surgem como uma alternativa eficaz
para gerenciar a cooperação entre diversas empresas com interesses comuns e com as mesmas
dificuldades de penetração e expansão de mercado. Segundo Albagli e Brito (2003), esse
movimento facilita e estimula a participação nos processos de decisão locais junto aos
diferentes agentes interessados e a coordenação das diferentes atividades, podendo
proporcionar uma tomada de decisão descentralizada, sem a dominação de um único agente
sobre os outros, notadamente em situações em que existe o poder de uma grande empresa.
De acordo com o SEBRAE, no ano de 2004 foi realizada uma análise na cadeia
produtiva de petróleo, gás e energia (P,G&E) de na região de Duque de Caxias no Rio de
Janeiro, identificando que, embora o setor apresentasse oportunidades para as micro e
pequenas empresas, estas não atuavam de forma efetiva e representativa. Em função da
natureza das operações e do padrão de competitividade que as grandes empresas do pólo
petroquímico operavam, com elevadas exigências com relação à qualidade, meio ambiente,
segurança no trabalho, custo e prazo, ficou constatado que grande parte das compras era
realizada em empresas de fora da região, pois as empresas locais não possuíam as
capacitações e competências demandadas.
Por conta disto foi implantado o APL de Petróleo, Gás & Energia na região em que a
Petrobrás atua, na qual o município de Duque de Caxias se insere, com a finalidade de induzir
a criação de um ambiente favorável à inserção das MPE’s através de processos estruturados e
orientados para resultados. Assim sendo, ao potencializar, principalmente, as micro e
pequenas empresas de comércio e de serviços da região para que se qualifiquem de acordo
com os níveis de exigências das políticas de compras das empresas do pólo, aumenta-se a
probabilidade para que as compras sejam realizadas com as empresas dos referidos
municípios (Santos et al, 2007).
Iniciando com o apoio da REDUC, foram e continuam sendo implementadas diversas
ações para promover a melhoria da competitividade de micro e pequenas empresas
localizadas no município de Duque de Caxias e municípios vizinhos com a intenção de inseri-
las, de forma competitiva e sustentada, na cadeia produtiva de petróleo, gás e energia.
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Portanto, o presente trabalho tem como objetivo analisar os impactos da criação do
APL de petróleo, gás e energia no processo de inserção das micro e pequenas empresas de
Duque de Caxias, identificando o perfil e as principais dificuldades encontradas pelas MPEs
participantes e não participantes do APL, buscando compreender a percepção dos micro e
pequenos empresários a respeito do processo.
Na organização deste artigo, a parte introdutória aborda o assunto mostrando a
relevância do tema e as origens do estudo. Em seguida é apresentada uma revisão da literatura
sobre arranjos produtivos locais e sua contextualização em Duque de Caxias. No seção
seguinte, descreve-se a metodologia, em que, na seção posterior revelam-se e discutem-se os
resultados e, por fim, são apresentadas as conclusões e considerações finais
2. ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS
2.1 - No Brasil
No Brasil o debate sobre essa forma específica de atividade econômica e arranjo social teve
como marco inicial a criação da REDESIST 1, com sede na Universidade Federal do Rio de
Janeiro. Esse organização constituiu-se de uma rede de instituições de pesquisa e ensino, que
tinha como objetivo a pesquisa sobre Sistemas Inovativos e Produtivos Locais. Coube aos
pesquisadores desse grupo desenvolver o termo em português que traduz o conceito de
clusters.
O termo Arranjo Produtivo Local (APL) é definido como sendo uma aglomeração territorial
de agentes econômicos, políticos e sociais com foco em um conjunto específico de atividades
econômicas que apresentam vínculos, mesmo que incipientes (Lastres & Cassiolato, 2003).
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC, 2010)
os avanços referentes aos agrupamentos ou clusters regionais tem se tornado cada vez mais
presente nos dias atuais e foi a partir do ano de 2003 que o governo federal começou a
implantar e organizar os arranjos produtivos locais instalando o Grupo de Trabalho
Permanente (GTP) para arranjos produtivos locais, através da portaria ministerial n° 200, de
03 de Agosto de 2004. Vale ressaltar que na última análise realizada pelo governo federal em
2010 sobre os arranjos produtivos locais foram encontrados 957 arranjos no âmbito nacional,
possibilitando um mapeamento e elaboração de estratégias de ampliação da atuação do GTP
APL (MDIC, 2010)
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E como resultados desta análise observa-se que o ambiente do referido arranjo se faz
presente em uma grande quantidade de MPE’s em busca de oportunidades e através de
parcerias entre o estado, o município e as empresas privadas novas oportunidades de negócios
e geração de renda em prol de um único objetivo, que é o crescimento ordenado e sustentável.
Para esse trabalho, ambiente é definido como um território aberto para o exterior, o
qual integra conhecimentos, regras e um capital relacional, ligado a uma coletividade de
atores e de recursos humanos e materiais (Maillat, 1995). O ambiente torna-se inovador
quando é um lugar de processos de transformações e evoluções permanentes. Esses processos
são acionados por uma lógica de interação entre atores e agentes e a sua dinâmica de
aprendizagem. Já cadeia produtiva engloba todos os processos produtivos e serviços
envolvidos, desde a matéria-prima para a produção de um determinado tipo de produto final
até a sua comercialização.
De acordo com estudos feitos sobre arranjos produtivos locais no Brasil, pode-se
destacar o caso do estado do Paraná, onde houve fomento da inserção produtiva de cal,
calcário, móveis e confecções (CIANORTE). No caso desse APL houve a identificação dos
projetos estratégicos a partir das proposições levantadas pelo grupo de empresários locais,
priorizando as reais necessidades e aspirações dos setores envolvidos através de uma demanda
coletiva, buscando apoios e parcerias estratégicas visando competitividade, conquista de
novos mercados, desenvolvimento tecnológico e absorção de conhecimento (Ipardes, 2003)
Além de cooperação entre empresas, um outro elemento que cria o dinamismo de
APLs de alto desempenho no cenário nacional é a colaboração entre empresas e instituições
de suporte, como por exemplo o SEBRAE, que atua como ponte entre os micro e pequenos
empreendedores e as empresas âncoras que prestam serviço á Petrobras.
No que se refere as nova tecnologias os arranjos produtivos locais também estão
presentes, como no caso do APL de biotecnologia de Belo Horizonte, onde sua política visa
potencializar o desenvolvimento de produção de medicamentos e mecanismos de aprendizado
e inovação, pois, num ambiente mutável, a sobrevivência de empresas que operam na
fronteira do desenvolvimento tecnológico, especialmente no caso das micro e pequenas
empresas, é extremamente difícil (Instituto Euvaldo Lodi, 2004).
Outro caso, o de Franca-SP, o APL exemplifica bem como os sistemas ou arranjos
produtivos locais podem nascer e se consolidar. Em meados do século 19, a cidade era um
ponto de parada dos tropeiros que se dirigiam de São Paulo para Minas Gerais. Aos poucos,
algumas pessoas que trabalhavam com o couro, fazendo reparo em arreios, ou mesmo
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confeccionando sapatos rústicos, foram se concentrando no município, atraídas pela presença
dos potenciais fregueses. A atividade evoluiu e, na década de 1920, surgiu a primeira fábrica
de sapatos de couro, seguida mais tarde por dezenas de outras.
Atualmente, Franca abriga toda uma cadeia produtiva em torno do sapato, o que
envolve desde a presença de curtumes, que beneficiam o couro, até dos fabricantes de
calçados, passando pelos fornecedores de componentes, adesivos (cola) e máquinas,
alavancando assim os dados sócios econômicos da região (UNICAMP, 2004)
Os outros aglomerados que podem ser citados são o de cerâmica em Santa Catarina.
Composto de empresas nacionais, reagiu positivamente às reformas estruturais, iniciando um
processo de colaboração entre as empresas que culminou com a criação de um centro
tecnológico comum, aumentando o nível técnico de seu pessoal ao estabelecer cursos na área
de cerâmica. Assim, aprofundou o processo de industrialização local mediante a atração de
empresas estrangeiras para a produção de insumos na região. E como resultado, em termos de
desempenho, a produção e exportação das principais empresas do aglomerado aumentaram ao
longo dos anos 90 (Campos et al, 1999).
A figura 1 demonstra de modo claro a correlação e a dinâmica de relacionamento com
uma visão global entre as diferentes categorias que serão analisadas junto às micro e pequenas
empresas da cadeia produtiva de petróleo, gás e energia.
Figura 1: Visão geral da cadeia produtiva de petróleo gás e energia Fonte: Programa da cadeia produtiva de P,G&E. SEBRAE. IMPE’s. Indicadores de Micro e Pequenas Empresas no
Estado do Rio de Janeiro. Resultados de maio. 2010.
2.2 – Arranjos produtivos locais no Rio de Janeiro
De acordo com os avanços da tecnologia e da informação obtidos na cidade de Rio de Janeiro,
percebe-se um aumento considerável na promoção e efetivação de programas relacionados a
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arranjos produtivos locais, onde o SEBRAE juntamente com o Governo do estado fomentam
o empreendedorismo e a inserção de micro e pequenas empresas no cenário nacional.
Estudos feitos em APL’s na cidade do Rio de Janeiro apontam que a flexibilidade,
interdisciplinaridade e fertilização cruzada de idéias ao nível administrativo e laboratorial são
importantes elementos no sucesso competitivo das empresas. Como exemplo, pode-se citar o
caso da APL de moda na região de Friburgo, que constitui o principal núcleo de um sistema
que abrange municípios como Bom Jardim, Duas Barras e Cantagalo (SEBRAE, 2010)
No que se refere à cidade do Rio de Janeiro, obteve-se em torno de 40 APL’s, em que
variam, desde aglomerados de empresas em turismo, rochas ornamentais até têxtil-vestuário
entre outros (SEBRAE, 2010)
Tabela 1: Resultados de APL’s no Rio de Janeiro
Especialização do APL ou Concentração - Região / Município Identificada(o)
APL de Fruticultura Campos dos Goytacazes
APL de Petróleo Macaé
Extração de petróleo e gás natural Macaé
APL de Moda Íntima Nova Friburgo
APL Têxtil-Vestuário Petrópolis
Confecção de outras peças do vestuário Petrópolis
APL de Rochas Ornamentais Santo Antônio de Pádua
APL de Cerâmica Vermelha Campos dos Goytacazes
APL Petroquímico, Químico e Plástico Duque de Caxias, Belford Roxo e São João de Meriti
Refino de petróleo Duque de Caxias
Fabricação de aditivos de uso industrial Belford Roxo
Fabricação de embalagem de plástico São João de Meriti
APL de Siderurgia Vale do Paraíba
Produção de laminados planos de aço Volta Redonda
Fabricação de peças fundidas de ferro e aço Barra do Piraí
Produção de laminados não-planos de aço Barra Mansa
APL Automotivo Resende e Porto Real
Fabricação de caminhões e ônibus Resende
Fabricação de automóveis Porto Real
APL da Indústria Naval Niterói
APL de Informática Rio de Janeiro
Processamento de dados Rio de Janeiro
APL de Turismo Rio de Janeiro
APL de Turismo Região dos Lagos
APL de Turismo Costa Verde
APL de Turismo Itatiaia e Resende
APL de Telecomunicações Rio de Janeiro
Fonte: SEBRAE. Perfil das concentrações e atividades econômicas no estado do Rio de Janeiro. Disponível em:
www.sebraerj.com.br.
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O setor de petróleo e gás possui como exemplos de ações de inclusão de Micro e
pequenas empresas no SEBRAE/RJ e em parceria com a ONIP ações conjuntas como
cadastros e rodadas de negócios. De acordo com os resultados obtidos, os impactos são
positivos, ocasionando uma grande escala de melhoria. (ONIP, 2010).
Quanto à expectativa de geração de negócios, essa supera os R$ 45 milhões, devido à
sinergia ocorrida entre as ofertas e as demandas das empresas, O relatório da ONIP apontou
para um índice de 63% de expectativa de geração de negócios com o total das empresas
inscritas, e 79% dessas poderiam ser convidadas para cotações nos próximos 12 meses a
contar das datas dos encontros (ONIP, 2010).
O reconhecimento de que inovação e conhecimento (ao invés de serem considerados
como fenômenos marginais) colocam-se cada vez mais visivelmente como elementos centrais
da dinâmica e do crescimento de nações, regiões, setores, organizações e instituições.
Observa-se crescente importância de fatores que não apenas preços na concorrência entre as
empresas. A concorrência está cada vez mais baseada em conhecimento e na organização dos
processos de aprendizado. As capacitações das empresas, em termos de produção e uso do
conhecimento, têm cada vez mais um papel central em sua competitividade (Lastres &
Cassiolato, 2003).
2.3 – Contexto de Duque de Caxias
Duque de Caxias compõe uma região estratégica e representativa para o Rio de Janeiro, sendo
um município de grande porte populacional (cerca de 800 mil habitantes) na área
metropolitana da capital. Tem apresentado nos últimos anos mudanças substantivas que
introduzem tensões entre crescimento e demandas sociais. O município possui um dos
parques produtivos mais dinâmicos do estado, embora seus indicadores sociais de
desenvolvimento humano sejam baixos, prevalecendo um reduzido IDH que lhe dá a 52º
posição entre os 92 municípios do estado e a posição de 1786º entre os municípios do país
(Barbosa & Azeredo, 2007).
Algumas políticas públicas e empresariais vêm sendo dirigidas à região, visando
fortalecer a infra-estrutura urbana, de pesquisa e inovação. Isso favorece a ampliação da
malha produtiva e confirma o fenômeno do alargamento da mancha urbana do núcleo da
capital para a região metropolitana periférica e dentro do próprio município que vê alastrada a
urbanização para 99% do território.
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Através da pesquisa ficou evidente que Duque de Caxias, compondo o núcleo urbano-
industrial da Baixada Fluminense, cresce e diversifica sua produção no mesmo período em
que a capital vive sua reestruturação produtiva, demonstrando a contemporaneidade do
fenômeno e a relevância da experiência para os estudos sobre o trabalho no Rio de Janeiro.
Até anos recentes, o município era considerado uma região-dormitório de apoio à
capital, sem muitas vantagens econômicas internas. Emancipado em 1943, recebeu
significativo investimento industrial com a criação pelo governo federal da Fábrica Nacional
de Motores, que existiu até os anos 1980. Embora abrigasse a plataforma da indústria
automobilística brasileira, Duque de Caxias teve sua região efetivamente dinamizada a partir
dos negócios do petróleo com a criação da Reduc (Refinaria de Petróleo de Duque de Caxias)
nos anos 60 e da ampliação dos poços de petróleo na Bacia de Campos, nos anos 1970-1980.
Possui hoje a segunda refinaria de petróleo do país, liderando o parque industrial que se
estabeleceu ao seu entorno, produzindo o 10º maior Produto Interno Bruto do país. Esse fluxo
de investimento faz com que o município tenha um parque industrial constituído pela refinaria
e indústrias baseadas no processamento de derivados do petróleo, formando o Pólo Gás-
Químico com matéria-prima da Rio Polímeros. A potencialidade do pólo é tamanha que o
poder público local atesta a criação de 20 indústrias nesse setor nos dois últimos anos
(SEBRAE, 2009)
O parque industrial é bem robusto para a região, concentrando-se principalmente na
cadeia produtiva do petróleo e seus derivados. Além de abrigar a refinaria, distribuem-se ao
seu entorno cerca de 800 empresas, segundo cadastro FIRJAN e SEBRAE. A refinaria,
mesmo em termos de emprego, tem pouco impacto pelas características de seu processo de
trabalho e organização produtiva. Entretanto, ao redor espalham-se unidades produtivas
voltadas para lhe oferecer logística industrial e serviços. A proximidade dos insumos
produzidos pela Reduc, as isenções fiscais e a posição estratégica na geografia rodoviária
torna a região vantajosa para redução de custos produtivos e acesso rápido aos mercados.
O complexo industrial se insere num campo de vantagens pela posição privilegiada,
próxima à importantes rodovias como Linha Vermelha, Linha Amarela, Rodovia Presidente
Dutra, Rodovia Washington Luiz e Avenida Brasil, bem como o Aeroporto Internacional Tom
Jobim. Além disso, chega-se ao centro do Rio de Janeiro atravessando-se somente 16 Km
onde se interage com importantes agentes econômicos e portos. Esses condicionantes tornam
possível o fácil acesso a centros consumidores como São Paulo, Minas Gerais e região sul do
país.
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Apesar desse pólo industrial, o que se verifica em relação a população é uma situação
de baixo desenvolvimento. Tendo como referência o Censo de 2010, a população residente
em Duque de Caxias era de 872.762. Segundo o Ministério do Trabalho, a População
Economicamente Ativa (PEA) do município comportava cerca de 346.130 habitantes, 45%
daquele total, sendo a maioria desse montante (60%) de trabalhadores do sexo masculino,
sendo que a desocupação da População Economicamente Ativa era da ordem de 22%, ou seja,
76.693 trabalhadores em números absolutos. Todavia, o número de trabalhadores informais
(empregado sem carteira e conta-própria) chega a 105.239, e, se somarmos esses números
com os relativos à desocupação – se referem aos que não possuem qualquer atividade
remunerada – verificaremos que a situação social do município é bastante penosa no sentido
de que não consegue atender as necessidades da sua população ativa para o trabalho, pois não
gera trabalho suficiente para todos e reserva para 30% da PEA relações de trabalho bastante
precárias. Basta constatar que 50% da PEA não possuem cobertura contratual de trabalho, o
que confirma a tendência a menor formalização do trabalho (IBGE, 2010).
Um ponto crítico e relevante são as condições de trabalho e a qualificação que no
município de Duque de Caxias são sempre mais baixas que o restante do mercado, de modo
que a ascensão dos números nessas atividades não agrega necessariamente maior renda à
camada assalariada dos trabalhadores. Além disso, tendem a realizar atividades de baixa
qualificação e a rotatividade é também acentuada. IBGE (2010). Nesse sentido, para a
pesquisa, Duque de Caxias é uma região estratégica para o capital dinâmico, entretanto, a
problemática do trabalho e da desigualdade social tem se imposto como dilema.
2.4 – Arranjo produtivo de petróleo, gás & energia
De acordo com o coordenador do APL de Duque de Caxias Uelington Macedo, consultor do
Sebrae, a cadeia produtiva de petróleo deve receber US$ 128 bilhões entre 2008 e 2012,
volume que representa quase o triplo do que foi aplicado nos últimos 50 anos. Mas para se
beneficiar deste cenário promissor é preciso que as micro e pequenas empresas alcancem um
padrão de qualidade tendo como foco estratégico a inteligência competitiva, na qual se faz
necessário um diagnóstico e mapeamento de oportunidades de negócios. Assim, é necessário,
além de busca de uma cultura de cooperação, que haja o desenvolvimento de fornecedores e
inovação com a capacitação e qualificação das micro e pequenas empresas, com a promoção
de negócios entre as grandes empresas e as micro empresas fornecedora (SEBRAE, 2009)
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Há hoje na região cerca de 800 empresas que compõem o APL, sendo que 300 delas já
estão mapeadas. Essas empresas representam os seguintes segmentos: Metal-mecânica;
Eletroeletrônica; Hidráulico; Pneumático; Manutenção industrial; Projeto de engenharia,
Construção e montagem; Refrigeração; Químicos e tratamento de água; Equipamento de
segurança; Pintura, Tecnologia de Informação; entre outros setores (SEBRAE, 2009)
Como fator de impacto, pode-se apontar o APL de petróleo e gás como o maior
responsável direto para o aumento da competitividade dessas organizações de pequeno porte,
com consequente desenvolvimento econômico e social das empresas envolvidas dentro do
cenário de inserção e prospecção de serviços e produtos na cadeia produtiva. Devido a criação
de um ambiente favorável para a sustentabilidade do processo de inserção das MPE’s, esse
processo cria benefícios, mobilizando atores locais e fomentando a alavancagem do comércio
da região, uma vez que, ao desenvolver e capacitar as micro e pequenas empresas
fornecedoras, incentivando a geração de tecnologias e inovação, propicia um cenário
favorável para o crescimento da cadeia produtiva.
3. METODOLOGIA
Este capítulo tem como objetivo principal apresentar os métodos utilizados no projeto de
pesquisa, tipo de pesquisa, o universo pesquisado e o tamanho da amostra, bem como a
maneira como foram coletados os dados e como foi realizada a análise dos dados.
3.1 Tipo de pesquisa
Levando-se em consideração os objetivos que se pretende alcançar, esta é uma pesquisa descritiva
e explicativa, visto que ambas se complementam no que se refere à explicação de fenômenos ou
variáveis ainda pouco observáveis ou analisadas sob outro enfoque (Vergara, 2009).
Nessa classificação têm-se dois grupos distintos de delineamento de pesquisa: Os que
estão pautados nas chamadas fontes de “papel” e os que se baseiam em dados fornecidos por
pessoas. O primeiro grupo compreende a pesquisa bibliográfica e documental e o segundo
grupo a pesquisa experimental, ex-post facto, de levantamento de dados e estudo de caso.
No intuito de observar o contexto do impacto do convênio Petrobrás/Sebrae sob a
perspectiva das MPE’s do município de Duque de Caxias em contraponto à literatura
existente, foi verificada a percepção do micro e pequeno empresário em relação aos diversos
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fatores de inserção na cadeia produtiva de petróleo, gás e energia e também os fatores de
entrave na cadeia de fornecedores da Petrobrás.
3.2 – Universo e amostra
Analisando o universo das micro e pequenas empresas no município de Duque de Caxias
através da FIRJAN e do SEBRAE foram identificados 800 micro e pequenas empresas ligadas
ao setor de petróleo, gás e energia em atividade. Para que a amostra seja confiável, foi
necessário considerar determinado percentual de margem de erro, também chamado de erro
amostral, bem como o split mais adequado a ser utilizado. O split serve para indicar o nível de
variação das respostas, sendo o split 50/50 usado para populações heterogêneas e o split 80/20
para populações mais homogêneas (MARTINS, 2005)
Como a pesquisa foi direcionada para micro e pequenos empresários, entende-se que o
split mais adequado foi o de 80/20, com margem de erro de aproximadamente 10%, conforme
pode ser visto na tabela 2. Tendo em vista a homogeneidade das fontes de informações, a
amostra considerada relevante foi de 58 micro e pequenos empresários que foram
entrevistados, sendo que desde total, 29 eram participantes do APL e outros 29 eram não
participantes do APL. O intuito era investigar as vantagens e desvantagens de participar ou
não do APL.
Tabela 2 – Tabela determinante do tamanho da amostra
Nível de Confiança = 95%
População Erro amostral = + / - 3% Erro amostral = + / - 5% Erro amostral = + / - 10%
SPLIT
50/50
SPLIT
80/20
SPLIT
50/50
SPLIT
80/20
SPLIT
50/50
SPLIT
80/20 100 92 87 80 71 49 38
250 203 183 152 124 70 49
500 341 289 217 165 81 55
750 441 358 354 185 85 57
1000 516 406 378 198 88 58
2500 748 537 333 224 93 60
5000 880 601 357 234 94 61
10000 964 639 370 240 95 61
25000 1023 665 378 243 96 61
50000 1045 674 381 245 96 61
100000 1056 678 383 245 96 61
1000000 1066 678 383 245 96 61
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100000000 1067 683 384 246 96 61 Fonte: BUSSAB e MORETTIN (1986).
3.3 – Instrumentos e coletas de dados
O instrumento de coleta de dados foi construído levando-se em consideração os objetivos da
pesquisa, pois entendeu-se que o melhor instrumento para obtenção dos dados era a entrevista
semi-estruturada. A escolha desse instrumento teve por finalidade identificar diferentes
perspectivas a respeito da questão de pesquisa.
Foram utilizadas perguntas abertas e fechadas, de maneira a propiciar a melhor
adaptação à linguagem do entrevistado. A partir daí, as perguntas elaboradas foram
direcionadas a levantar os fatores relacionados às variáveis encontradas em estudos similares,
com a finalidade de agrupar os mesmo e estabelecer uma correlação a respeito do resultado do
impacto que o convênio Petrobrás/Sebrae gerou no processo de inserção das micro e pequenas
empresas no município de Duque de Caxias.
Através de solicitação na junta comercial do município de Duque de Caxias, com
auxilio do SEBRAE, que foi usado como fonte para base de dados sobre os respectivos
sujeitos para a pesquisa, entrevistas foram agendadas até que se obteve o número
representativo da amostra correspondente.
Para garantir a aleatoriedade da escolha da amostra, usou-se um processo de sorteio
sistemático, tomando por base a técnica citada pelos autores BUSSAB (1986), que consiste
em tomar o tamanho da população e dividi-la pelo tamanho da amostra (N/n = a,
aproximando-se para o inteiro mais próximo).
De acordo com os dados do SEBRAE o número de Micro e pequenas empresas
chegam ao número total de 800, sendo assim de acordo com o cálculo amostral foram
entrevistados e catalogados 58 micros e pequenas empresas ligadas ao setor de petróleo, gás e
energia no município de Duque de Caxias, sendo que várias tentativas foram feitas até atingir
a marca de 58 Micro e pequenas empresas entrevistadas, onde foram realizadas 386 tentativas
pois alguns não quiseram cooperar com a pesquisa, suspeitavam de concorrentes ou não
responderam aos meus telefonemas, e-mails ou agendamento pré determinado
Foi executado um rastreamento exaustivo junto às empresas e aos empresários
selecionados, por meio de várias tentativas, tais como: telefone residencial, comercial e
correio eletrônico atual dos sócios das empresas estudadas, sendo desconsideradas as
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empresas cujos sócios não foram localizados, não quiseram responder ou que não chegaram a
funcionar, que irão sendo substituídas por novas empresas preservando a seqüência até
alcançar o número de empresas da amostra calculada acima.
3.4 – Procedimentos para a análise de dados
Entende-se como a melhor ferramenta metodológica para atingir aos objetivos desta pesquisa
é a análise de conteúdo (Vergara, 2009). Esse método pode ser utilizado para analisar pontos
de vista subjetivos e se encaixa perfeitamente no estudo aqui proposto, que visa analisar o e
mensurar o impacto do convênio Petrobrás/Sebrae em relação ao aporte teórico e prático
existente sobre o tema. Dessa forma, após identificado um conjunto de fatores, foi utilizado
ferramentas estatísticas em que se pretendeu mapear as características e fatores que são
decisivos para a inserção das MPE’s de Duque de Caxias na cadeia produtiva de petróleo, gás
e energia.
4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
De acordo com o roteiro das entrevista, foram explorados cinco aspectos sobre o tema: (1)
identificação do perfil do micro e pequeno empresário do município de Duque de Caxias; (2)
vantagens de participar do convênio Petrobrás/SEBRAE; (3) levantamento das maiores
dificuldades encontradas pelos micro e pequenos empresários para fazerem parte do APL e,
conseqüentemente, dificuldade em se integrar ao cadastro de fornecedores da Petrobras; (4)
investigar o que poderia ter sido feito pelo convênio Petrobrás/SEBRAE para facilitar a sua
inserção; e (5) qual foi o maior impacto do APL para as MPE’s de Duque de Caxias.
4.1 Perfil do Empreendedor
No que diz respeito ao perfil da amostra, um resultado que de certa forma surpreendeu, foi de
que 59% (figura 2) dos empreendedores possuem nível superior e já estão no mercado há mais
de 6 anos, correspondendo no total a 95% (figura 3) das empresas entrevistadas, indicando,
assim, que existe uma maturidade empresarial no setor de petróleo, gás e energia de Duque de
Caxias, sugerindo que se isso possa se refletir no sucesso do negócio e alavancagem do setor.
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14
0%0%
40%
58%
2%1. Sem estudo
2. Fundamental
completo
3. Medio completo
4. Superior
completo
5. Pós graduação
completa
Figura 2: Perfil dos Empreendedores
Fonte: Dados da pesquisa (2011)
0
20
40
60
6 meses
á 1 ano
1 á 5
anos
6 anos ou
mais
Figura 3: Tempo de atividade das micro e pequenas empresas Fonte: Dados da pesquisa (2011)
As demandas sociais e as novas oportunidades de negócios geram ao município de
Duque de Caxias uma solidez neste setor bem como fortalece uma consolidação das
empresas, indicando, como mostra a figura 3, uma provisão positiva com relação a
longevidade das empresas, tendo como conseqüência um menor percentual de falência e
consequentemente maior tempo de vida organizacional.
4.2 Vantagens de participar do convênio Petrobrás/ SEBRAE
Com relação às vantagens de estar integrado ao convênio Petrobrás/ SEBRAE, a pesquisa
apurou que 63% dos entrevistados acreditam que o fator financeiro é a grande vantagem de
fazer parte do convênio e, assim, conseqüentemente, aumentarem seu lucro e nível de serviço
(Figura 4). 21% alegam que o fator mercadológico é o grande diferencial, devido ao ganho de
pedidos em relação à concorrência, levando a produzirem mais volume, resultando em maior
rentabilidade na produção de produtos e serviços. Por fim, 16% informaram que a certificação
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ajuda tanto na conquista de mais pedidos, quanto também no aumento da qualidade de seus
produtos ou serviços. Um aspecto que não apareceu na pesquisa é o fator legalização.
63%
21%
0%
16%
1- Fator financeiro
2 - Mercadológico
3 - Legalização
4 - Certificação
Figura 4: vantagem de participar do convênio Petrobrás/SEBRAE Fonte: Dados da pesquisa (2011)
4.3 Fatores de entrave na inserção das MPE’s no cadastro de fornecedores da Petrobrás
Os principais fatores negativos ou de entrave na inserção das micro e pequenas empresas
constatados foram: 53% apontaram a falta de certificação como o maior fator de dificuldade
na inserção de sua empresa no cadastro de fornecedores da Petrobrás. No entanto, através da
análise da junto aos empresários entrevistados, pode-se perceber que existe uma dissonância
entre as MPE e as grandes empresas, pois a cobrança tanto de impostos como de
padronizações são as mesmas, sendo essa a contestação dos empresários junto à Petrobrás.
26% alegaram falta de conhecimento das MPE’s sobre o APL, sendo necessário uma maior
divulgação, e até mesmo uma maior inferência do SEBRAE junto as MPE’s de Duque de
Caxias, saindo um pouco do ambiente físico para foca mais no cenário atual, buscando uma
maior interação com esse atores. E 21% alegaram que o principal fator da não inclusão de sua
empresa no convênio foi sua própria estrutura empresarial limitada. Um ponto que não
apareceu na pesquisa diz respeito a qualidade do produto ou serviço (Figura 5).
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Figura 5. Fatores de entrave na inserção das MPE’s no cadastro de fornecedores da Petrobrás Fonte: Dados da pesquisa (2011)
4.4 O que poderia ter sido feito pelo convênio Petrobrás/Sebrae para facilitar a inserção
das MPE’s no cadastro de fornecedores da Petrobrás
Segundo a análise dos dados, ficou evidenciado que em sua grande maioria, um dos principais
aspectos que poderia facilitar o processo de inserção das empresas é que deveria haver um
fluxo melhor de informações. 36% dos entrevistados alegaram que o fluxo de informações
sobre o segmento não é eficaz e ficam muito restritas as quatro linhas da sala do SEBRAE,
sendo necessária uma maior divulgação do APL e suas vantagens tanto para os empresários
quanto para a economia local de Duque de Caxias. Outro ponto importante, de acordo com
24% dos entrevistados, é a falta de auxílio na obtenção das certificações. Por fim, 21%
apontam falta de auxilio na infra estrutura das empresas e em 19% reclamam da treinamentos
que poderiam ser feitos pela parceria junto à Petrobrás (Figura 6).
Figura 6. Análise dos fatores facilitadores pelo convênio Petrobrás/Sebrae Fonte: Dados da pesquisa (2011)
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4.5 Principal impacto da criação do APL de Petróleo Gás e Energia para as
MPE’s de Duque de Caxias
No que diz respeito ao principal fator de impacto (figura 7) da criação do APL para o
município de Duque de Caxias, o que mais se destaca entre os principais é a rentabilidade
financeira (57%), devido à alavancagem de pedidos de produtos ou serviços advindas de
participar da rede. Como conseqüência, há aumento na margem de lucro empresarial. O
segundo fator apontado, com 26%, é o ganho de competitividade frente á concorrência devido
a fazer parte de um conglomerado de empresas que em parceria fazem negócios e aumentando
assim sua rentabilidade frente á concorrência. Em terceiro, com 14%, aparece a geração de
empregos, uma vez que essa aumentando cada vez mais devido ao maior número de geração
de negócios, resultando em uma maior profissionalização, especialização e aumento da renda
local. E com 2% cada aparecem a difusão do conhecimento e o fortalecimento do poder de
compra.
56%
14%
26%
2% 2%1- Geração e Difusão doconhecimento
2 - Rentabilidade Financeira
3 - Geração de Empregos
4 - Ganho decompetitividade
5 - Fortalecimento do poderde compra
6 - FornecedoresEspecializados
7 - Especialização daProdução
Figura 7. Principais impactos da criação do APL de P,G&E para as MPE’s de Duque de Caxias Fonte: Dados da pesquisa (2011)
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com o objetivo proposto deste artigo foram analisados os impactos do convênio
Petrobrás/ SEBRAE e sua relação com as MPE’s de Duque de Caxias, no sentido de perceber
como eles se inserem na dinâmica proposta pelo APL de P,G & E de Duque de Caxias. Dessa
forma buscou-se a contribuição deste artigo reside no fato de ampliar o conhecimento acerca
desse fenômeno.
Buscou-se compreender os fatores em jogo nos pólos de desenvolvimento para
agenciamento da dinâmica econômica que compõem os ativos mobilizadores de maior
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competitividade e produtividade. Ainda que esse modelo de desenvolvimento econômico se
desenrole sobre a decomposição da tradição nacional-desenvolvimentista, sugere a
possibilidade de imaginar espaços de ação dos sujeitos políticos, buscando flagrar as
características da interação socioregional quando territorializa a economia em rede
globalizada. Essa cooperação não se faz, senão, atravessada por relações de poder que
repartem econômica e politicamente a sociedade expressa e vivida localmente. O que faz com
que a concentração de interesses pela dinamização produtiva regional seja um campo de
forças, em razão desses diversos interesses em jogo conectados a uma dinâmica que é também
definida globalmente.
Outro aspecto é a compreensão de que a inovação constitui-se em processo de busca e
aprendizado, o qual, enquanto dependente de interações, é socialmente determinado e
fortemente influenciado por formatos institucionais e organizacionais específicos, buscando
aumentos no longo prazo de produtividade e queda dos preços, interagindo e inovando
sempre.
A pesquisa demonstrou que o APL de petróleo, gás e energia aumentou
significativamente a atividade empresarial de Duque de Caxias, acarretando maior geração de
empregos, rentabilidade financeira e consequentemente uma alavancagem na economia local.
Tal cenário aumenta a construção de redes de negócios na cadeia produtiva envolvendo as
empresas em ações mais efetivas no que diz respeito à melhoria da qualidade dos produtos e
ganho de pedidos, com uma conseqüente redução no nível de falências. O que significa
aproximar mais o sucesso organizacional para a economia local de Duque de Caxias.
Mesmo com muitos pontos positivos, de acordo com o que foi constatado na grande
maioria dos entrevistados, existe uma dissonância entre a política empregada pelo APL e a
realidade do cenário atual das micro e pequenas empresas do município de Duque de Caxias.
Ficou evidenciado que mesmo em escala de crescimento organizacional, eles alegam que o
mesmo tratamento e exigências são submetidos às grande e pequenas empresas, aumentado as
dificuldades dos pequenos empresários para se inserirem no arranjo produtivo local.
Outro ponto em destaque é que, de acordo com Ordoñes (2011), a ANP (Agência
Nacional do Petróleo), que centraliza o controle sobre as empresas petrolíferas no Brasil, está
investigando a Petrobrás por não cumprir o percentual de encomendas junto à indústria
nacional, fixados nos contratos de concessão, em que não foram cumpridos 70 contratos de
concessão referentes às 5° e 6° as rodadas de licitação da ANP nos anos de 2003 e 2004.
Desse total, 44 contratos são da Petrobrás e o valor da multa se aproxima de R$28 milhões. A
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afirmação infere diretamente aos princípios do APL, em que sua missão é evitar justamente
que fatos como esse ocorra e venha cada vez mais privilegiar a indústria e o comércio nas
regiões onde existem as concentrações de micro e pequenas empresas prestadoras de produtos
e serviços á Petrobrás.
Como sugestão para futuros trabalhos, outras pesquisas devem ser realizadas dentro
desse cenário de redes de negócios integradas e voltadas para a evolução contínua dos
processos, buscando a inovação e o crescimento local, pois pode-se observar que o trabalho
de manutenção do progresso deve ser cíclico e repetitivo.
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