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IMPACTOS DA CRIAÇÃO DO ARRANJO PRODUTIVO LOCAL (APL) DE PETRÓLEO, GÁS E ENERGIA NO PROCESSO DE INSERÇÃO DAS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS DE DUQUE DE CAXIAS (RJ) Rafael Travassos Dutra (Unigranrio) Fernando Filardi (Unigranrio) Angilberto Freitas (Unigranrio) Resumo Os Arranjos Produtivos Locais (APL) tem sido considerados importantes mecanismos de agregação de esforços, especialmente no Âmbito das micro e pequenas empresas. Neste contexto, o presente artigo tem como objetivo analisar os impactos da criação do APL de Petróleo e Gás e Energia no município de Duque de Caxias e o processo de inserção das micro e pequenas empresas nesse APL, identificando o perfil das empresas e as principais dificuldades encontradas pelas por empresas participantes e não participantes do APL. Ficou evidenciado que o fluxo de informações sobre o segmento dessas empresas advindo do APL não é eficaz e ficam muito restritas as quatro linhas da sala do SEBRAE. Além do mais, o principal fator de impacto do APL nas empresa é o aumento da rentabilidade financeira, melhorando, assim, o nível de renda local. Palavras-chaves: Arranjo Produtivo Local, Micro-pequenas empresas, Petróleo e Gás, energia 12 e 13 de agosto de 2011 ISSN 1984-9354

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IMPACTOS DA CRIAÇÃO DO ARRANJO

PRODUTIVO LOCAL (APL) DE

PETRÓLEO, GÁS E ENERGIA NO

PROCESSO DE INSERÇÃO DAS MICRO

E PEQUENAS EMPRESAS DE DUQUE DE

CAXIAS (RJ)

Rafael Travassos Dutra

(Unigranrio)

Fernando Filardi

(Unigranrio)

Angilberto Freitas

(Unigranrio)

Resumo Os Arranjos Produtivos Locais (APL) tem sido considerados

importantes mecanismos de agregação de esforços, especialmente no

Âmbito das micro e pequenas empresas. Neste contexto, o presente

artigo tem como objetivo analisar os impactos da criação do APL de

Petróleo e Gás e Energia no município de Duque de Caxias e o

processo de inserção das micro e pequenas empresas nesse APL,

identificando o perfil das empresas e as principais dificuldades

encontradas pelas por empresas participantes e não participantes do

APL. Ficou evidenciado que o fluxo de informações sobre o segmento

dessas empresas advindo do APL não é eficaz e ficam muito restritas

as quatro linhas da sala do SEBRAE. Além do mais, o principal fator

de impacto do APL nas empresa é o aumento da rentabilidade

financeira, melhorando, assim, o nível de renda local.

Palavras-chaves: Arranjo Produtivo Local, Micro-pequenas empresas,

Petróleo e Gás, energia

12 e 13 de agosto de 2011

ISSN 1984-9354

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1. INTRODUÇÃO

A atuação em conjunto das micro e pequenas empresas - MPEs pode proporcionar certas

vantagens. Kushima e Bulgacov (2006) afirmam que a cooperação entre empresas pode ser

vista como recurso para busca de uma condição competitiva de baixo custo, além de

proporcionar desenvolvimento tecnológico e maior acesso aos mercados.

Desta forma, os arranjos produtivos locais - APLs surgem como uma alternativa eficaz

para gerenciar a cooperação entre diversas empresas com interesses comuns e com as mesmas

dificuldades de penetração e expansão de mercado. Segundo Albagli e Brito (2003), esse

movimento facilita e estimula a participação nos processos de decisão locais junto aos

diferentes agentes interessados e a coordenação das diferentes atividades, podendo

proporcionar uma tomada de decisão descentralizada, sem a dominação de um único agente

sobre os outros, notadamente em situações em que existe o poder de uma grande empresa.

De acordo com o SEBRAE, no ano de 2004 foi realizada uma análise na cadeia

produtiva de petróleo, gás e energia (P,G&E) de na região de Duque de Caxias no Rio de

Janeiro, identificando que, embora o setor apresentasse oportunidades para as micro e

pequenas empresas, estas não atuavam de forma efetiva e representativa. Em função da

natureza das operações e do padrão de competitividade que as grandes empresas do pólo

petroquímico operavam, com elevadas exigências com relação à qualidade, meio ambiente,

segurança no trabalho, custo e prazo, ficou constatado que grande parte das compras era

realizada em empresas de fora da região, pois as empresas locais não possuíam as

capacitações e competências demandadas.

Por conta disto foi implantado o APL de Petróleo, Gás & Energia na região em que a

Petrobrás atua, na qual o município de Duque de Caxias se insere, com a finalidade de induzir

a criação de um ambiente favorável à inserção das MPE’s através de processos estruturados e

orientados para resultados. Assim sendo, ao potencializar, principalmente, as micro e

pequenas empresas de comércio e de serviços da região para que se qualifiquem de acordo

com os níveis de exigências das políticas de compras das empresas do pólo, aumenta-se a

probabilidade para que as compras sejam realizadas com as empresas dos referidos

municípios (Santos et al, 2007).

Iniciando com o apoio da REDUC, foram e continuam sendo implementadas diversas

ações para promover a melhoria da competitividade de micro e pequenas empresas

localizadas no município de Duque de Caxias e municípios vizinhos com a intenção de inseri-

las, de forma competitiva e sustentada, na cadeia produtiva de petróleo, gás e energia.

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Portanto, o presente trabalho tem como objetivo analisar os impactos da criação do

APL de petróleo, gás e energia no processo de inserção das micro e pequenas empresas de

Duque de Caxias, identificando o perfil e as principais dificuldades encontradas pelas MPEs

participantes e não participantes do APL, buscando compreender a percepção dos micro e

pequenos empresários a respeito do processo.

Na organização deste artigo, a parte introdutória aborda o assunto mostrando a

relevância do tema e as origens do estudo. Em seguida é apresentada uma revisão da literatura

sobre arranjos produtivos locais e sua contextualização em Duque de Caxias. No seção

seguinte, descreve-se a metodologia, em que, na seção posterior revelam-se e discutem-se os

resultados e, por fim, são apresentadas as conclusões e considerações finais

2. ARRANJOS PRODUTIVOS LOCAIS

2.1 - No Brasil

No Brasil o debate sobre essa forma específica de atividade econômica e arranjo social teve

como marco inicial a criação da REDESIST 1, com sede na Universidade Federal do Rio de

Janeiro. Esse organização constituiu-se de uma rede de instituições de pesquisa e ensino, que

tinha como objetivo a pesquisa sobre Sistemas Inovativos e Produtivos Locais. Coube aos

pesquisadores desse grupo desenvolver o termo em português que traduz o conceito de

clusters.

O termo Arranjo Produtivo Local (APL) é definido como sendo uma aglomeração territorial

de agentes econômicos, políticos e sociais com foco em um conjunto específico de atividades

econômicas que apresentam vínculos, mesmo que incipientes (Lastres & Cassiolato, 2003).

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC, 2010)

os avanços referentes aos agrupamentos ou clusters regionais tem se tornado cada vez mais

presente nos dias atuais e foi a partir do ano de 2003 que o governo federal começou a

implantar e organizar os arranjos produtivos locais instalando o Grupo de Trabalho

Permanente (GTP) para arranjos produtivos locais, através da portaria ministerial n° 200, de

03 de Agosto de 2004. Vale ressaltar que na última análise realizada pelo governo federal em

2010 sobre os arranjos produtivos locais foram encontrados 957 arranjos no âmbito nacional,

possibilitando um mapeamento e elaboração de estratégias de ampliação da atuação do GTP

APL (MDIC, 2010)

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E como resultados desta análise observa-se que o ambiente do referido arranjo se faz

presente em uma grande quantidade de MPE’s em busca de oportunidades e através de

parcerias entre o estado, o município e as empresas privadas novas oportunidades de negócios

e geração de renda em prol de um único objetivo, que é o crescimento ordenado e sustentável.

Para esse trabalho, ambiente é definido como um território aberto para o exterior, o

qual integra conhecimentos, regras e um capital relacional, ligado a uma coletividade de

atores e de recursos humanos e materiais (Maillat, 1995). O ambiente torna-se inovador

quando é um lugar de processos de transformações e evoluções permanentes. Esses processos

são acionados por uma lógica de interação entre atores e agentes e a sua dinâmica de

aprendizagem. Já cadeia produtiva engloba todos os processos produtivos e serviços

envolvidos, desde a matéria-prima para a produção de um determinado tipo de produto final

até a sua comercialização.

De acordo com estudos feitos sobre arranjos produtivos locais no Brasil, pode-se

destacar o caso do estado do Paraná, onde houve fomento da inserção produtiva de cal,

calcário, móveis e confecções (CIANORTE). No caso desse APL houve a identificação dos

projetos estratégicos a partir das proposições levantadas pelo grupo de empresários locais,

priorizando as reais necessidades e aspirações dos setores envolvidos através de uma demanda

coletiva, buscando apoios e parcerias estratégicas visando competitividade, conquista de

novos mercados, desenvolvimento tecnológico e absorção de conhecimento (Ipardes, 2003)

Além de cooperação entre empresas, um outro elemento que cria o dinamismo de

APLs de alto desempenho no cenário nacional é a colaboração entre empresas e instituições

de suporte, como por exemplo o SEBRAE, que atua como ponte entre os micro e pequenos

empreendedores e as empresas âncoras que prestam serviço á Petrobras.

No que se refere as nova tecnologias os arranjos produtivos locais também estão

presentes, como no caso do APL de biotecnologia de Belo Horizonte, onde sua política visa

potencializar o desenvolvimento de produção de medicamentos e mecanismos de aprendizado

e inovação, pois, num ambiente mutável, a sobrevivência de empresas que operam na

fronteira do desenvolvimento tecnológico, especialmente no caso das micro e pequenas

empresas, é extremamente difícil (Instituto Euvaldo Lodi, 2004).

Outro caso, o de Franca-SP, o APL exemplifica bem como os sistemas ou arranjos

produtivos locais podem nascer e se consolidar. Em meados do século 19, a cidade era um

ponto de parada dos tropeiros que se dirigiam de São Paulo para Minas Gerais. Aos poucos,

algumas pessoas que trabalhavam com o couro, fazendo reparo em arreios, ou mesmo

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confeccionando sapatos rústicos, foram se concentrando no município, atraídas pela presença

dos potenciais fregueses. A atividade evoluiu e, na década de 1920, surgiu a primeira fábrica

de sapatos de couro, seguida mais tarde por dezenas de outras.

Atualmente, Franca abriga toda uma cadeia produtiva em torno do sapato, o que

envolve desde a presença de curtumes, que beneficiam o couro, até dos fabricantes de

calçados, passando pelos fornecedores de componentes, adesivos (cola) e máquinas,

alavancando assim os dados sócios econômicos da região (UNICAMP, 2004)

Os outros aglomerados que podem ser citados são o de cerâmica em Santa Catarina.

Composto de empresas nacionais, reagiu positivamente às reformas estruturais, iniciando um

processo de colaboração entre as empresas que culminou com a criação de um centro

tecnológico comum, aumentando o nível técnico de seu pessoal ao estabelecer cursos na área

de cerâmica. Assim, aprofundou o processo de industrialização local mediante a atração de

empresas estrangeiras para a produção de insumos na região. E como resultado, em termos de

desempenho, a produção e exportação das principais empresas do aglomerado aumentaram ao

longo dos anos 90 (Campos et al, 1999).

A figura 1 demonstra de modo claro a correlação e a dinâmica de relacionamento com

uma visão global entre as diferentes categorias que serão analisadas junto às micro e pequenas

empresas da cadeia produtiva de petróleo, gás e energia.

Figura 1: Visão geral da cadeia produtiva de petróleo gás e energia Fonte: Programa da cadeia produtiva de P,G&E. SEBRAE. IMPE’s. Indicadores de Micro e Pequenas Empresas no

Estado do Rio de Janeiro. Resultados de maio. 2010.

2.2 – Arranjos produtivos locais no Rio de Janeiro

De acordo com os avanços da tecnologia e da informação obtidos na cidade de Rio de Janeiro,

percebe-se um aumento considerável na promoção e efetivação de programas relacionados a

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arranjos produtivos locais, onde o SEBRAE juntamente com o Governo do estado fomentam

o empreendedorismo e a inserção de micro e pequenas empresas no cenário nacional.

Estudos feitos em APL’s na cidade do Rio de Janeiro apontam que a flexibilidade,

interdisciplinaridade e fertilização cruzada de idéias ao nível administrativo e laboratorial são

importantes elementos no sucesso competitivo das empresas. Como exemplo, pode-se citar o

caso da APL de moda na região de Friburgo, que constitui o principal núcleo de um sistema

que abrange municípios como Bom Jardim, Duas Barras e Cantagalo (SEBRAE, 2010)

No que se refere à cidade do Rio de Janeiro, obteve-se em torno de 40 APL’s, em que

variam, desde aglomerados de empresas em turismo, rochas ornamentais até têxtil-vestuário

entre outros (SEBRAE, 2010)

Tabela 1: Resultados de APL’s no Rio de Janeiro

Especialização do APL ou Concentração - Região / Município Identificada(o)

APL de Fruticultura Campos dos Goytacazes

APL de Petróleo Macaé

Extração de petróleo e gás natural Macaé

APL de Moda Íntima Nova Friburgo

APL Têxtil-Vestuário Petrópolis

Confecção de outras peças do vestuário Petrópolis

APL de Rochas Ornamentais Santo Antônio de Pádua

APL de Cerâmica Vermelha Campos dos Goytacazes

APL Petroquímico, Químico e Plástico Duque de Caxias, Belford Roxo e São João de Meriti

Refino de petróleo Duque de Caxias

Fabricação de aditivos de uso industrial Belford Roxo

Fabricação de embalagem de plástico São João de Meriti

APL de Siderurgia Vale do Paraíba

Produção de laminados planos de aço Volta Redonda

Fabricação de peças fundidas de ferro e aço Barra do Piraí

Produção de laminados não-planos de aço Barra Mansa

APL Automotivo Resende e Porto Real

Fabricação de caminhões e ônibus Resende

Fabricação de automóveis Porto Real

APL da Indústria Naval Niterói

APL de Informática Rio de Janeiro

Processamento de dados Rio de Janeiro

APL de Turismo Rio de Janeiro

APL de Turismo Região dos Lagos

APL de Turismo Costa Verde

APL de Turismo Itatiaia e Resende

APL de Telecomunicações Rio de Janeiro

Fonte: SEBRAE. Perfil das concentrações e atividades econômicas no estado do Rio de Janeiro. Disponível em:

www.sebraerj.com.br.

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O setor de petróleo e gás possui como exemplos de ações de inclusão de Micro e

pequenas empresas no SEBRAE/RJ e em parceria com a ONIP ações conjuntas como

cadastros e rodadas de negócios. De acordo com os resultados obtidos, os impactos são

positivos, ocasionando uma grande escala de melhoria. (ONIP, 2010).

Quanto à expectativa de geração de negócios, essa supera os R$ 45 milhões, devido à

sinergia ocorrida entre as ofertas e as demandas das empresas, O relatório da ONIP apontou

para um índice de 63% de expectativa de geração de negócios com o total das empresas

inscritas, e 79% dessas poderiam ser convidadas para cotações nos próximos 12 meses a

contar das datas dos encontros (ONIP, 2010).

O reconhecimento de que inovação e conhecimento (ao invés de serem considerados

como fenômenos marginais) colocam-se cada vez mais visivelmente como elementos centrais

da dinâmica e do crescimento de nações, regiões, setores, organizações e instituições.

Observa-se crescente importância de fatores que não apenas preços na concorrência entre as

empresas. A concorrência está cada vez mais baseada em conhecimento e na organização dos

processos de aprendizado. As capacitações das empresas, em termos de produção e uso do

conhecimento, têm cada vez mais um papel central em sua competitividade (Lastres &

Cassiolato, 2003).

2.3 – Contexto de Duque de Caxias

Duque de Caxias compõe uma região estratégica e representativa para o Rio de Janeiro, sendo

um município de grande porte populacional (cerca de 800 mil habitantes) na área

metropolitana da capital. Tem apresentado nos últimos anos mudanças substantivas que

introduzem tensões entre crescimento e demandas sociais. O município possui um dos

parques produtivos mais dinâmicos do estado, embora seus indicadores sociais de

desenvolvimento humano sejam baixos, prevalecendo um reduzido IDH que lhe dá a 52º

posição entre os 92 municípios do estado e a posição de 1786º entre os municípios do país

(Barbosa & Azeredo, 2007).

Algumas políticas públicas e empresariais vêm sendo dirigidas à região, visando

fortalecer a infra-estrutura urbana, de pesquisa e inovação. Isso favorece a ampliação da

malha produtiva e confirma o fenômeno do alargamento da mancha urbana do núcleo da

capital para a região metropolitana periférica e dentro do próprio município que vê alastrada a

urbanização para 99% do território.

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Através da pesquisa ficou evidente que Duque de Caxias, compondo o núcleo urbano-

industrial da Baixada Fluminense, cresce e diversifica sua produção no mesmo período em

que a capital vive sua reestruturação produtiva, demonstrando a contemporaneidade do

fenômeno e a relevância da experiência para os estudos sobre o trabalho no Rio de Janeiro.

Até anos recentes, o município era considerado uma região-dormitório de apoio à

capital, sem muitas vantagens econômicas internas. Emancipado em 1943, recebeu

significativo investimento industrial com a criação pelo governo federal da Fábrica Nacional

de Motores, que existiu até os anos 1980. Embora abrigasse a plataforma da indústria

automobilística brasileira, Duque de Caxias teve sua região efetivamente dinamizada a partir

dos negócios do petróleo com a criação da Reduc (Refinaria de Petróleo de Duque de Caxias)

nos anos 60 e da ampliação dos poços de petróleo na Bacia de Campos, nos anos 1970-1980.

Possui hoje a segunda refinaria de petróleo do país, liderando o parque industrial que se

estabeleceu ao seu entorno, produzindo o 10º maior Produto Interno Bruto do país. Esse fluxo

de investimento faz com que o município tenha um parque industrial constituído pela refinaria

e indústrias baseadas no processamento de derivados do petróleo, formando o Pólo Gás-

Químico com matéria-prima da Rio Polímeros. A potencialidade do pólo é tamanha que o

poder público local atesta a criação de 20 indústrias nesse setor nos dois últimos anos

(SEBRAE, 2009)

O parque industrial é bem robusto para a região, concentrando-se principalmente na

cadeia produtiva do petróleo e seus derivados. Além de abrigar a refinaria, distribuem-se ao

seu entorno cerca de 800 empresas, segundo cadastro FIRJAN e SEBRAE. A refinaria,

mesmo em termos de emprego, tem pouco impacto pelas características de seu processo de

trabalho e organização produtiva. Entretanto, ao redor espalham-se unidades produtivas

voltadas para lhe oferecer logística industrial e serviços. A proximidade dos insumos

produzidos pela Reduc, as isenções fiscais e a posição estratégica na geografia rodoviária

torna a região vantajosa para redução de custos produtivos e acesso rápido aos mercados.

O complexo industrial se insere num campo de vantagens pela posição privilegiada,

próxima à importantes rodovias como Linha Vermelha, Linha Amarela, Rodovia Presidente

Dutra, Rodovia Washington Luiz e Avenida Brasil, bem como o Aeroporto Internacional Tom

Jobim. Além disso, chega-se ao centro do Rio de Janeiro atravessando-se somente 16 Km

onde se interage com importantes agentes econômicos e portos. Esses condicionantes tornam

possível o fácil acesso a centros consumidores como São Paulo, Minas Gerais e região sul do

país.

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Apesar desse pólo industrial, o que se verifica em relação a população é uma situação

de baixo desenvolvimento. Tendo como referência o Censo de 2010, a população residente

em Duque de Caxias era de 872.762. Segundo o Ministério do Trabalho, a População

Economicamente Ativa (PEA) do município comportava cerca de 346.130 habitantes, 45%

daquele total, sendo a maioria desse montante (60%) de trabalhadores do sexo masculino,

sendo que a desocupação da População Economicamente Ativa era da ordem de 22%, ou seja,

76.693 trabalhadores em números absolutos. Todavia, o número de trabalhadores informais

(empregado sem carteira e conta-própria) chega a 105.239, e, se somarmos esses números

com os relativos à desocupação – se referem aos que não possuem qualquer atividade

remunerada – verificaremos que a situação social do município é bastante penosa no sentido

de que não consegue atender as necessidades da sua população ativa para o trabalho, pois não

gera trabalho suficiente para todos e reserva para 30% da PEA relações de trabalho bastante

precárias. Basta constatar que 50% da PEA não possuem cobertura contratual de trabalho, o

que confirma a tendência a menor formalização do trabalho (IBGE, 2010).

Um ponto crítico e relevante são as condições de trabalho e a qualificação que no

município de Duque de Caxias são sempre mais baixas que o restante do mercado, de modo

que a ascensão dos números nessas atividades não agrega necessariamente maior renda à

camada assalariada dos trabalhadores. Além disso, tendem a realizar atividades de baixa

qualificação e a rotatividade é também acentuada. IBGE (2010). Nesse sentido, para a

pesquisa, Duque de Caxias é uma região estratégica para o capital dinâmico, entretanto, a

problemática do trabalho e da desigualdade social tem se imposto como dilema.

2.4 – Arranjo produtivo de petróleo, gás & energia

De acordo com o coordenador do APL de Duque de Caxias Uelington Macedo, consultor do

Sebrae, a cadeia produtiva de petróleo deve receber US$ 128 bilhões entre 2008 e 2012,

volume que representa quase o triplo do que foi aplicado nos últimos 50 anos. Mas para se

beneficiar deste cenário promissor é preciso que as micro e pequenas empresas alcancem um

padrão de qualidade tendo como foco estratégico a inteligência competitiva, na qual se faz

necessário um diagnóstico e mapeamento de oportunidades de negócios. Assim, é necessário,

além de busca de uma cultura de cooperação, que haja o desenvolvimento de fornecedores e

inovação com a capacitação e qualificação das micro e pequenas empresas, com a promoção

de negócios entre as grandes empresas e as micro empresas fornecedora (SEBRAE, 2009)

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Há hoje na região cerca de 800 empresas que compõem o APL, sendo que 300 delas já

estão mapeadas. Essas empresas representam os seguintes segmentos: Metal-mecânica;

Eletroeletrônica; Hidráulico; Pneumático; Manutenção industrial; Projeto de engenharia,

Construção e montagem; Refrigeração; Químicos e tratamento de água; Equipamento de

segurança; Pintura, Tecnologia de Informação; entre outros setores (SEBRAE, 2009)

Como fator de impacto, pode-se apontar o APL de petróleo e gás como o maior

responsável direto para o aumento da competitividade dessas organizações de pequeno porte,

com consequente desenvolvimento econômico e social das empresas envolvidas dentro do

cenário de inserção e prospecção de serviços e produtos na cadeia produtiva. Devido a criação

de um ambiente favorável para a sustentabilidade do processo de inserção das MPE’s, esse

processo cria benefícios, mobilizando atores locais e fomentando a alavancagem do comércio

da região, uma vez que, ao desenvolver e capacitar as micro e pequenas empresas

fornecedoras, incentivando a geração de tecnologias e inovação, propicia um cenário

favorável para o crescimento da cadeia produtiva.

3. METODOLOGIA

Este capítulo tem como objetivo principal apresentar os métodos utilizados no projeto de

pesquisa, tipo de pesquisa, o universo pesquisado e o tamanho da amostra, bem como a

maneira como foram coletados os dados e como foi realizada a análise dos dados.

3.1 Tipo de pesquisa

Levando-se em consideração os objetivos que se pretende alcançar, esta é uma pesquisa descritiva

e explicativa, visto que ambas se complementam no que se refere à explicação de fenômenos ou

variáveis ainda pouco observáveis ou analisadas sob outro enfoque (Vergara, 2009).

Nessa classificação têm-se dois grupos distintos de delineamento de pesquisa: Os que

estão pautados nas chamadas fontes de “papel” e os que se baseiam em dados fornecidos por

pessoas. O primeiro grupo compreende a pesquisa bibliográfica e documental e o segundo

grupo a pesquisa experimental, ex-post facto, de levantamento de dados e estudo de caso.

No intuito de observar o contexto do impacto do convênio Petrobrás/Sebrae sob a

perspectiva das MPE’s do município de Duque de Caxias em contraponto à literatura

existente, foi verificada a percepção do micro e pequeno empresário em relação aos diversos

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fatores de inserção na cadeia produtiva de petróleo, gás e energia e também os fatores de

entrave na cadeia de fornecedores da Petrobrás.

3.2 – Universo e amostra

Analisando o universo das micro e pequenas empresas no município de Duque de Caxias

através da FIRJAN e do SEBRAE foram identificados 800 micro e pequenas empresas ligadas

ao setor de petróleo, gás e energia em atividade. Para que a amostra seja confiável, foi

necessário considerar determinado percentual de margem de erro, também chamado de erro

amostral, bem como o split mais adequado a ser utilizado. O split serve para indicar o nível de

variação das respostas, sendo o split 50/50 usado para populações heterogêneas e o split 80/20

para populações mais homogêneas (MARTINS, 2005)

Como a pesquisa foi direcionada para micro e pequenos empresários, entende-se que o

split mais adequado foi o de 80/20, com margem de erro de aproximadamente 10%, conforme

pode ser visto na tabela 2. Tendo em vista a homogeneidade das fontes de informações, a

amostra considerada relevante foi de 58 micro e pequenos empresários que foram

entrevistados, sendo que desde total, 29 eram participantes do APL e outros 29 eram não

participantes do APL. O intuito era investigar as vantagens e desvantagens de participar ou

não do APL.

Tabela 2 – Tabela determinante do tamanho da amostra

Nível de Confiança = 95%

População Erro amostral = + / - 3% Erro amostral = + / - 5% Erro amostral = + / - 10%

SPLIT

50/50

SPLIT

80/20

SPLIT

50/50

SPLIT

80/20

SPLIT

50/50

SPLIT

80/20 100 92 87 80 71 49 38

250 203 183 152 124 70 49

500 341 289 217 165 81 55

750 441 358 354 185 85 57

1000 516 406 378 198 88 58

2500 748 537 333 224 93 60

5000 880 601 357 234 94 61

10000 964 639 370 240 95 61

25000 1023 665 378 243 96 61

50000 1045 674 381 245 96 61

100000 1056 678 383 245 96 61

1000000 1066 678 383 245 96 61

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100000000 1067 683 384 246 96 61 Fonte: BUSSAB e MORETTIN (1986).

3.3 – Instrumentos e coletas de dados

O instrumento de coleta de dados foi construído levando-se em consideração os objetivos da

pesquisa, pois entendeu-se que o melhor instrumento para obtenção dos dados era a entrevista

semi-estruturada. A escolha desse instrumento teve por finalidade identificar diferentes

perspectivas a respeito da questão de pesquisa.

Foram utilizadas perguntas abertas e fechadas, de maneira a propiciar a melhor

adaptação à linguagem do entrevistado. A partir daí, as perguntas elaboradas foram

direcionadas a levantar os fatores relacionados às variáveis encontradas em estudos similares,

com a finalidade de agrupar os mesmo e estabelecer uma correlação a respeito do resultado do

impacto que o convênio Petrobrás/Sebrae gerou no processo de inserção das micro e pequenas

empresas no município de Duque de Caxias.

Através de solicitação na junta comercial do município de Duque de Caxias, com

auxilio do SEBRAE, que foi usado como fonte para base de dados sobre os respectivos

sujeitos para a pesquisa, entrevistas foram agendadas até que se obteve o número

representativo da amostra correspondente.

Para garantir a aleatoriedade da escolha da amostra, usou-se um processo de sorteio

sistemático, tomando por base a técnica citada pelos autores BUSSAB (1986), que consiste

em tomar o tamanho da população e dividi-la pelo tamanho da amostra (N/n = a,

aproximando-se para o inteiro mais próximo).

De acordo com os dados do SEBRAE o número de Micro e pequenas empresas

chegam ao número total de 800, sendo assim de acordo com o cálculo amostral foram

entrevistados e catalogados 58 micros e pequenas empresas ligadas ao setor de petróleo, gás e

energia no município de Duque de Caxias, sendo que várias tentativas foram feitas até atingir

a marca de 58 Micro e pequenas empresas entrevistadas, onde foram realizadas 386 tentativas

pois alguns não quiseram cooperar com a pesquisa, suspeitavam de concorrentes ou não

responderam aos meus telefonemas, e-mails ou agendamento pré determinado

Foi executado um rastreamento exaustivo junto às empresas e aos empresários

selecionados, por meio de várias tentativas, tais como: telefone residencial, comercial e

correio eletrônico atual dos sócios das empresas estudadas, sendo desconsideradas as

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empresas cujos sócios não foram localizados, não quiseram responder ou que não chegaram a

funcionar, que irão sendo substituídas por novas empresas preservando a seqüência até

alcançar o número de empresas da amostra calculada acima.

3.4 – Procedimentos para a análise de dados

Entende-se como a melhor ferramenta metodológica para atingir aos objetivos desta pesquisa

é a análise de conteúdo (Vergara, 2009). Esse método pode ser utilizado para analisar pontos

de vista subjetivos e se encaixa perfeitamente no estudo aqui proposto, que visa analisar o e

mensurar o impacto do convênio Petrobrás/Sebrae em relação ao aporte teórico e prático

existente sobre o tema. Dessa forma, após identificado um conjunto de fatores, foi utilizado

ferramentas estatísticas em que se pretendeu mapear as características e fatores que são

decisivos para a inserção das MPE’s de Duque de Caxias na cadeia produtiva de petróleo, gás

e energia.

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

De acordo com o roteiro das entrevista, foram explorados cinco aspectos sobre o tema: (1)

identificação do perfil do micro e pequeno empresário do município de Duque de Caxias; (2)

vantagens de participar do convênio Petrobrás/SEBRAE; (3) levantamento das maiores

dificuldades encontradas pelos micro e pequenos empresários para fazerem parte do APL e,

conseqüentemente, dificuldade em se integrar ao cadastro de fornecedores da Petrobras; (4)

investigar o que poderia ter sido feito pelo convênio Petrobrás/SEBRAE para facilitar a sua

inserção; e (5) qual foi o maior impacto do APL para as MPE’s de Duque de Caxias.

4.1 Perfil do Empreendedor

No que diz respeito ao perfil da amostra, um resultado que de certa forma surpreendeu, foi de

que 59% (figura 2) dos empreendedores possuem nível superior e já estão no mercado há mais

de 6 anos, correspondendo no total a 95% (figura 3) das empresas entrevistadas, indicando,

assim, que existe uma maturidade empresarial no setor de petróleo, gás e energia de Duque de

Caxias, sugerindo que se isso possa se refletir no sucesso do negócio e alavancagem do setor.

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14

0%0%

40%

58%

2%1. Sem estudo

2. Fundamental

completo

3. Medio completo

4. Superior

completo

5. Pós graduação

completa

Figura 2: Perfil dos Empreendedores

Fonte: Dados da pesquisa (2011)

0

20

40

60

6 meses

á 1 ano

1 á 5

anos

6 anos ou

mais

Figura 3: Tempo de atividade das micro e pequenas empresas Fonte: Dados da pesquisa (2011)

As demandas sociais e as novas oportunidades de negócios geram ao município de

Duque de Caxias uma solidez neste setor bem como fortalece uma consolidação das

empresas, indicando, como mostra a figura 3, uma provisão positiva com relação a

longevidade das empresas, tendo como conseqüência um menor percentual de falência e

consequentemente maior tempo de vida organizacional.

4.2 Vantagens de participar do convênio Petrobrás/ SEBRAE

Com relação às vantagens de estar integrado ao convênio Petrobrás/ SEBRAE, a pesquisa

apurou que 63% dos entrevistados acreditam que o fator financeiro é a grande vantagem de

fazer parte do convênio e, assim, conseqüentemente, aumentarem seu lucro e nível de serviço

(Figura 4). 21% alegam que o fator mercadológico é o grande diferencial, devido ao ganho de

pedidos em relação à concorrência, levando a produzirem mais volume, resultando em maior

rentabilidade na produção de produtos e serviços. Por fim, 16% informaram que a certificação

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ajuda tanto na conquista de mais pedidos, quanto também no aumento da qualidade de seus

produtos ou serviços. Um aspecto que não apareceu na pesquisa é o fator legalização.

63%

21%

0%

16%

1- Fator financeiro

2 - Mercadológico

3 - Legalização

4 - Certificação

Figura 4: vantagem de participar do convênio Petrobrás/SEBRAE Fonte: Dados da pesquisa (2011)

4.3 Fatores de entrave na inserção das MPE’s no cadastro de fornecedores da Petrobrás

Os principais fatores negativos ou de entrave na inserção das micro e pequenas empresas

constatados foram: 53% apontaram a falta de certificação como o maior fator de dificuldade

na inserção de sua empresa no cadastro de fornecedores da Petrobrás. No entanto, através da

análise da junto aos empresários entrevistados, pode-se perceber que existe uma dissonância

entre as MPE e as grandes empresas, pois a cobrança tanto de impostos como de

padronizações são as mesmas, sendo essa a contestação dos empresários junto à Petrobrás.

26% alegaram falta de conhecimento das MPE’s sobre o APL, sendo necessário uma maior

divulgação, e até mesmo uma maior inferência do SEBRAE junto as MPE’s de Duque de

Caxias, saindo um pouco do ambiente físico para foca mais no cenário atual, buscando uma

maior interação com esse atores. E 21% alegaram que o principal fator da não inclusão de sua

empresa no convênio foi sua própria estrutura empresarial limitada. Um ponto que não

apareceu na pesquisa diz respeito a qualidade do produto ou serviço (Figura 5).

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16

Figura 5. Fatores de entrave na inserção das MPE’s no cadastro de fornecedores da Petrobrás Fonte: Dados da pesquisa (2011)

4.4 O que poderia ter sido feito pelo convênio Petrobrás/Sebrae para facilitar a inserção

das MPE’s no cadastro de fornecedores da Petrobrás

Segundo a análise dos dados, ficou evidenciado que em sua grande maioria, um dos principais

aspectos que poderia facilitar o processo de inserção das empresas é que deveria haver um

fluxo melhor de informações. 36% dos entrevistados alegaram que o fluxo de informações

sobre o segmento não é eficaz e ficam muito restritas as quatro linhas da sala do SEBRAE,

sendo necessária uma maior divulgação do APL e suas vantagens tanto para os empresários

quanto para a economia local de Duque de Caxias. Outro ponto importante, de acordo com

24% dos entrevistados, é a falta de auxílio na obtenção das certificações. Por fim, 21%

apontam falta de auxilio na infra estrutura das empresas e em 19% reclamam da treinamentos

que poderiam ser feitos pela parceria junto à Petrobrás (Figura 6).

Figura 6. Análise dos fatores facilitadores pelo convênio Petrobrás/Sebrae Fonte: Dados da pesquisa (2011)

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17

4.5 Principal impacto da criação do APL de Petróleo Gás e Energia para as

MPE’s de Duque de Caxias

No que diz respeito ao principal fator de impacto (figura 7) da criação do APL para o

município de Duque de Caxias, o que mais se destaca entre os principais é a rentabilidade

financeira (57%), devido à alavancagem de pedidos de produtos ou serviços advindas de

participar da rede. Como conseqüência, há aumento na margem de lucro empresarial. O

segundo fator apontado, com 26%, é o ganho de competitividade frente á concorrência devido

a fazer parte de um conglomerado de empresas que em parceria fazem negócios e aumentando

assim sua rentabilidade frente á concorrência. Em terceiro, com 14%, aparece a geração de

empregos, uma vez que essa aumentando cada vez mais devido ao maior número de geração

de negócios, resultando em uma maior profissionalização, especialização e aumento da renda

local. E com 2% cada aparecem a difusão do conhecimento e o fortalecimento do poder de

compra.

56%

14%

26%

2% 2%1- Geração e Difusão doconhecimento

2 - Rentabilidade Financeira

3 - Geração de Empregos

4 - Ganho decompetitividade

5 - Fortalecimento do poderde compra

6 - FornecedoresEspecializados

7 - Especialização daProdução

Figura 7. Principais impactos da criação do APL de P,G&E para as MPE’s de Duque de Caxias Fonte: Dados da pesquisa (2011)

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com o objetivo proposto deste artigo foram analisados os impactos do convênio

Petrobrás/ SEBRAE e sua relação com as MPE’s de Duque de Caxias, no sentido de perceber

como eles se inserem na dinâmica proposta pelo APL de P,G & E de Duque de Caxias. Dessa

forma buscou-se a contribuição deste artigo reside no fato de ampliar o conhecimento acerca

desse fenômeno.

Buscou-se compreender os fatores em jogo nos pólos de desenvolvimento para

agenciamento da dinâmica econômica que compõem os ativos mobilizadores de maior

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competitividade e produtividade. Ainda que esse modelo de desenvolvimento econômico se

desenrole sobre a decomposição da tradição nacional-desenvolvimentista, sugere a

possibilidade de imaginar espaços de ação dos sujeitos políticos, buscando flagrar as

características da interação socioregional quando territorializa a economia em rede

globalizada. Essa cooperação não se faz, senão, atravessada por relações de poder que

repartem econômica e politicamente a sociedade expressa e vivida localmente. O que faz com

que a concentração de interesses pela dinamização produtiva regional seja um campo de

forças, em razão desses diversos interesses em jogo conectados a uma dinâmica que é também

definida globalmente.

Outro aspecto é a compreensão de que a inovação constitui-se em processo de busca e

aprendizado, o qual, enquanto dependente de interações, é socialmente determinado e

fortemente influenciado por formatos institucionais e organizacionais específicos, buscando

aumentos no longo prazo de produtividade e queda dos preços, interagindo e inovando

sempre.

A pesquisa demonstrou que o APL de petróleo, gás e energia aumentou

significativamente a atividade empresarial de Duque de Caxias, acarretando maior geração de

empregos, rentabilidade financeira e consequentemente uma alavancagem na economia local.

Tal cenário aumenta a construção de redes de negócios na cadeia produtiva envolvendo as

empresas em ações mais efetivas no que diz respeito à melhoria da qualidade dos produtos e

ganho de pedidos, com uma conseqüente redução no nível de falências. O que significa

aproximar mais o sucesso organizacional para a economia local de Duque de Caxias.

Mesmo com muitos pontos positivos, de acordo com o que foi constatado na grande

maioria dos entrevistados, existe uma dissonância entre a política empregada pelo APL e a

realidade do cenário atual das micro e pequenas empresas do município de Duque de Caxias.

Ficou evidenciado que mesmo em escala de crescimento organizacional, eles alegam que o

mesmo tratamento e exigências são submetidos às grande e pequenas empresas, aumentado as

dificuldades dos pequenos empresários para se inserirem no arranjo produtivo local.

Outro ponto em destaque é que, de acordo com Ordoñes (2011), a ANP (Agência

Nacional do Petróleo), que centraliza o controle sobre as empresas petrolíferas no Brasil, está

investigando a Petrobrás por não cumprir o percentual de encomendas junto à indústria

nacional, fixados nos contratos de concessão, em que não foram cumpridos 70 contratos de

concessão referentes às 5° e 6° as rodadas de licitação da ANP nos anos de 2003 e 2004.

Desse total, 44 contratos são da Petrobrás e o valor da multa se aproxima de R$28 milhões. A

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afirmação infere diretamente aos princípios do APL, em que sua missão é evitar justamente

que fatos como esse ocorra e venha cada vez mais privilegiar a indústria e o comércio nas

regiões onde existem as concentrações de micro e pequenas empresas prestadoras de produtos

e serviços á Petrobrás.

Como sugestão para futuros trabalhos, outras pesquisas devem ser realizadas dentro

desse cenário de redes de negócios integradas e voltadas para a evolução contínua dos

processos, buscando a inovação e o crescimento local, pois pode-se observar que o trabalho

de manutenção do progresso deve ser cíclico e repetitivo.

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