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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES CURSO TÉCNICO EM QUÍMICA IMPLANTAÇÃO DO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM UMA INDÚSTRIA DE CALÇADOS Carmem Regina Schmitz Lajeado, Novembro de 2016

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES

CURSO TÉCNICO EM QUÍMICA

IMPLANTAÇÃO DO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM UMA

INDÚSTRIA DE CALÇADOS

Carmem Regina Schmitz

Lajeado, Novembro de 2016

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Carmem Regina Schmitz

IMPLANTAÇÃO DO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM

UMA INDÚSTRIA DE CALÇADOS

Artigo apresentado na disciplina de Estagio,

na linha de formação especifica em Técnico

em Química, do Centro Universitário

Univates, como parte da exigência parcial

para obtenção do título de Técnico em

Química.

Orientadora: Daniela Luísa Scheibel

Lajeado, Novembro de 2016

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IMPLANTAÇÃO DO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM

UMA INDÚSTRIA DE CALÇADOS

Carmem Regina Schmitz1

Daniela Luísa Scheibel2

Resumo: Este artigo apresenta a implantação do plano de gerenciamento de resíduos sólidos em uma empresa

do ramo calçadista de Bom Retiro do Sul – RS. Descreve um pouco da história do calçado no Brasil, do mercado

calçadista atual e as dificuldades encontradas no setor. Conceitua os resíduos, e classifica-os quanto à

periculosidade e quanto à origem. Apresenta uma breve definição de resíduos industriais e introduz quanto à

Política Nacional dos Resíduos Sólidos. Descreve os motivos que levam as empresas a produzirem se

preocupando com as questões ambientais, minimizando a geração, reutilizando o que é possível, e reduzindo

despesas. A direção percorrida para atingir a implantação permeou a auditoria in loco, elaboração de inventário,

qualificação e quantificação de coletores, adequação do ambiente de armazenamento, treinamento dos

colaboradores, auditoria para comprovação dos resultados. Os resultados foram demonstrados com tabelas e

imagens que comprovam a mudança ocorrida após a implantação. Pode-se observar que mesmo com pouco

tempo de adaptação, houve preocupação por parte da direção e dos colaboradores em fazer a correta separação, e

que com mais algum tempo para adaptação os resultados poderão ser de total separação no ambiente da empresa.

Palavras chave: Resíduos sólidos. Calçados. Inventário. Gestão.

1 INTRODUÇÃO

No século XIX alemães chegaram ao Brasil e trouxeram consigo a tradição das

técnicas europeias de sapateiros, essa técnica se desenvolveu e hoje o Brasil é um dos grandes

produtores mundiais de sapato com aproximadamente oito mil empresas instaladas

(BOZANO; OLIVEIRA, 2011).

Os resíduos estão presentes em todos os estágios das atividades humanas, e variam em

termos de composição e volume. As consequências que estes podem ter sobre a saúde do

homem e sobre o meio ambiente são as principais preocupações que se deve ter no manejo do

mesmo (RIBEIRO, 2009).

__________________________

1Aluna do curso Técnico em Química do Centro Universitário UNIVATES – Lajeado/RS.

[email protected]

2Bacharel em Química Industrial, Professora do curso técnico em Química do Centro Universitário UNIVATES

– Lajeado/RS. [email protected]

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Os resíduos do ramo coureiro calçadista são compostos principalmente de: aparas de

couro, aparas de tecidos sintéticos, aparas de borracha, papelão, plástico, papel, restos de

metais, estopas contaminadas com produtos químicos, aparas de espumas de látex, PU e

EVA, aparas de tecidos, aparas de contrafortes e couraças, restos de linhas e adesivos, pregos

taxas e pincéis sujos (VIEGAS; FRACASSO, 1998).

O presente estudo aborda a implantação de um plano de gerenciamento de resíduos em

uma indústria calçadista. O objetivo é implantar a correta separação dos resíduos gerados no

ambiente industrial, com o intuito de haver redução de volume de depósito destes resíduos em

aterro industrial, bem como encaminhar o máximo de material passível de reciclagem para

empresas que processem os mesmos, visa, também, a redução de custos para o gerador.

2 SETOR CALÇADISTA

No início do século XIX, com a chegada dos imigrantes alemães ao Sul do Brasil, deu-

se início a história do calçado no país. Os imigrantes alemães se instalaram no Vale dos Sinos,

e como possuíam forte tradição no artesanato de couro, no curtimento de peles e dominavam

as técnicas europeias de sapateiros, faziam sapatos tirando medidas dos pés dos clientes,

adaptavam a forma, faziam o modelo e o vendiam (BOZANO; OLIVEIRA, 2011).

Entre 1864 e 1870, a Guerra do Paraguai impulsionou a produção artesanal de arreios,

com seu término, a produção de arreios e calçados excedeu consumo próprio originando a

primeira fábrica de sapatos do Brasil (BOZANO; OLIVEIRA, 2011).

Atualmente, segundo a Abicalcalçados (texto digital, 2016), o Brasil produz

diariamente cerca de 900 milhões de calçados por ano, exportou em 2014, 129 milhões de

pares para 150 países, sendo que o principal importador é os Estados Unidos, seguido da

Argentina, França e Paraguai, o que gera um montante de 1,06 bilhões de dólares em

exportações. O parque calçadista brasileiro é formado por mais de oito mil empresas que

empregam diretamente 340 mil pessoas.

O Brasil tem perdido espaço no mercado mundial de calçados, isto devido à

penetração de países asiáticos, principalmente chineses, em segmentos do mercado. Estes

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países atuam no segmento de mercado de preços mais baixo e grandes volumes de produção,

o que força a indústria brasileira a encontrar formas de competir, para manter seu espaço no

mercado mundial (PLENTZ; TOCCHETTO, 2014).

Esta mudança no cenário mundial fez com que as indústrias brasileiras perdessem

mercado, levando-as a buscar competitividade, incorporando conceitos de progresso técnico

que levem em consideração as preocupações com o meio ambiente, através de técnicas de

racionalização no uso de matérias primas, reaproveitamento e reciclagem de resíduos

(VIEGAS; FRACASSO, 1998).

Para Viegas e Fracasso (1998), novas possibilidades de crescimento se dão com o

resgate da responsabilidade implícita à aplicação de soluções que contenham crescente

diferenciação tecnológica, no desafio da preservação ambiental. A adoção de normas e

dispositivos que permitem a implantação de sistemas de gestão ambiental tende a melhorar a

imagem das empresas para o exterior.

Nas indústrias de calçados, a geração de resíduos esta diretamente relacionada com a

quantidade de produção e tipo de calçado produzido, outro fato relevante é que a busca por

alternativas de materiais com melhores preços, aumenta o leque de tipos de resíduo existentes,

é importante ressaltar também que este tipo de indústria acompanha o mercado da moda,

então a cada estação há variações nos tipos de resíduos gerados (VIEGAS; FRACASSO,

1998).

3 RESÍDUOS

Os resíduos estão presentes em todos os estágios das atividades humanas, desde os

restos de animais mortos até baterias de celulares de última geração, e variam em termos de

composição e volume, em função das práticas de consumo e dos métodos de produção. As

consequências que estes podem ter sobre a saúde do homem e sobre o meio ambiente são as

principais preocupações que se deve ter no manejo do mesmo (RIBEIRO, 2009).

O aumento da geração de grandes volumes de resíduos sólidos se dá com o

crescimento das populações urbanas, a forte industrialização, a melhoria no poder aquisitivo

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dos povos de forma geral. Até pouco tempo atrás, os não reutilizáveis eram chamados de lixo,

no Brasil atribuiu-se ao lixo a denominação de Resíduo Sólido, resíduu, do latim, significa o

que sobra de determinada substância, e sólido, é incorporado para diferenciá-lo de líquidos e

gases (BIDONE; POVINELLI, 1999).

Há várias definições de resíduo sólido na literatura, a norma da ABNT NBR 10004:

2004 conceitua resíduo sólido como:

Resíduos nos estados sólido e semi-sólido, que resultam de atividades de origem

industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de varrição.

Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de

água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem

como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o seu

lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso

soluções técnicas e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia

disponível.

3.1 Classificação dos resíduos

Os resíduos sólidos podem ser classificados quanto à periculosidade, à origem. De

acordo com a NRB 10004: 2004 os resíduos sólidos podem ser classificados quanto à

periculosidade como:

a) Resíduos Classe I - perigosos: são aqueles que, em função de suas características de

inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxicidade ou patogenicidade, apresentam

riscos à saúde ou ao meio ambiente;

b) Resíduos Classe II - não perigosos:

i. II A – não inertes: são aqueles que podem apresentar características de

combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade, sem se enquadrarem na

classe I;

ii. II B – inertes: são aqueles que por suas características intrínsecas, não

oferecem riscos à saúde que não apresentam constituintes solúveis em água em

concentrações superiores aos padrões de potabilidade.

A classificação dos resíduos envolve a identificação do processo ou a atividade que

lhes deu origem e de seus constituintes com listagem de resíduos ou substâncias cujo impacto

à saúde e ao meio ambiente é conhecido (RIBEIRO; MORELLI, 2009).

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Os resíduos sólidos são classificados quanto à origem, conforme Ribeiro e Morelli

(2009):

a) Resíduos sólidos urbanos (RSU): podem ser domiciliares, comerciais, e serviços

públicos;

b) Resíduos sólidos industriais (RSI): originado nas diversas atividades industriais como

o químico, petroleiro, papelaria, alimentícia, entram nesta classificação também, os

resíduos gerados na construção civil, mineração, atividades agrícolas;

c) Resíduo de serviços de saúde (RSS): descartado por hospitais, farmácias, clinicas

veterinária.

4 RESÍDUOS INDUSTRIAIS

Barros (2012) salienta que existe uma grande diversidade de geração de resíduos

sólidos na indústria, e que variáveis: como processo produtivo, matérias primas, pureza das

matérias primas, eficiência do processo, produto final, influenciam na classificação dos

resíduos gerados.

Para Coimbra e Oliveira (2005) o gerenciamento de resíduos poderá significar a

eliminação de desperdícios, além de outros ganhos para a empresa. O mau gerenciamento de

resíduos sólidos significa prejuízo para empresa, pois o armazenamento, transporte e

disposição final tem altos custos.

Alguns fatores motivam as empresas a produzirem se preocupando com questões

ambientais, tais como: exigência do mercado, pressão da sociedade, e pressão por parte do

governo. A intervenção do governo é um fator importante, que pode mudar a consciência da

empresa através da obrigação de se adequar as leis ambientais para evitar possíveis penas ou

interferência na licença de funcionamento, e a pressão da sociedade, principalmente de grupos

de ambientalistas, também força as empresas a se preocuparem com seus resíduos sólidos

(COIMBRA; OLIVEIRA, 2005).

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Existem normas na legislação brasileira, mas especificamente na ABNT, são descritos

procedimentos que indicam formas de lidar com os resíduos gerados no processo industrial.

A resolução do CONAMA nº 313:2002, Art. 4º, Incisos I ao IX, orienta a apresentação de

informações sobre geração, características, armazenamento, transporte e destinação de

resíduos do setor de preparação de couros, fabricação de artefatos de couro, artigos de viagem

e calçados.

Depois de realizada a classificação dos resíduos gerados na indústria, é possível o

estabelecimento de diretrizes internas que irão orientar os trabalhadores da empresa o correto

descarte do resíduo gerado no setor, o acondicionamento deverá ser feito primeiramente no

local de geração, para depois ser transportado para área de armazenagem (BIDONE;

POVINELLI, 1999).

O resíduo sólido industrial (RSI) deve ser coletado logo após a sua geração na linha de

produção, em locais previamente definidos e separados conforme a sua composição. A área de

armazenagem interna pode consistir em uma edificação coberta, ao abrigo do tempo, e

impermeabilizada, podem ser contêineres, ou bombonas de acondicionamento de resíduos,

existe a necessidade de separar os resíduos pelas classes (BARROS, 2012).

Segundo Barros (2012), o transporte até o local de disposição final deve observar

procedimentos como:

a) Utilizar embalagens adequadas;

b) Procedimentos de etiquetagem e sinalização de resíduos perigosos;

c) Providenciar Manifesto de transporte de resíduos (MTR), documento que possibilita o

rastreamento da movimentação dos mesmos.

Segundo Viegas e Fracasso (1998), os principais resíduos gerados na produção do

calçados são: aparas de couro curtido ao cromo, tanino e outros curtentes, aparas de tecidos

sintéticos, aparas de borracha, papelão, plástico, papel, restos de metais, estopas contaminadas

com produtos químicos, aparas de espumas de látex, PU e EVA, aparas de tecidos, aparas de

contrafortes e couraças, restos de linhas e adesivos, pregos, taxas e pincéis sujos.

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4.1 Política Nacional dos resíduos sólidos (PNRS)

A Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS), expressa pela lei 12.305 (2010),

em seu art. 9º menciona que: “na gestão e no gerenciamento de resíduos sólidos, deve ser

observada a seguinte ordem de prioridade: não geração, redução, reutilização, reciclagem,

tratamento de resíduos sólidos e disposição final ambientalmente adequada dos rejeitos”.

Na visão de Rupphental (2015), a publicação da Lei 12.305/2010 é um marco

regulatório para a questão dos resíduos sólidos no Brasil. A Política Nacional dos Resíduos

Sólidos (PNRS), reconhece o resíduo sólido reutilizável e reciclável como um bem econômico

e de valor social, gerador de trabalho e renda e promotor de cidadania.

A PNRS tem como meta a redução do uso de recursos naturais nos processos

produtivos, intensificação de ações de educação ambiental aumento da reciclagem e

promoção da inclusão social, para isto, a prioridade é a não geração, redução, reutilização, e o

tratamento dos resíduos sólidos (RUPPHENTAL, 2015).

4.1.1 Diagnóstico ambiental

Diagnóstico ambiental é uma ferramenta de avaliação do estado da organização em

relação aos aspectos ambientais, a partir da qual pode-se definir objetivo e metas para

implantação do plano de gerenciamento de resíduos sólidos (NAIME, 2004).

4.2 Métodos de disposição final adequada

4.2.1 Aterro

Aterros são locais de disposição de lixo provenientes de diversas atividades humanas,

porém são classificados pelo tipo de lixo ou resíduos que pode receber, conforme o nível de

periculosidade (BRASIL; SANTOS, 2007).

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4.2.2 Reuso e reciclagem

Segundo Freitas e Jabbour (2014), existem variações quanto ao tipo de

reprocessamento que os resíduos podem sofrer, dependendo do estado em que se encontram.

Reutilizar: este tipo de recuperação envolve produtos que não recebem reparo ou

restauração, mas são limpos e levados de modo que podem ser reutilizados diretamente,

exemplos são os paletes, garrafas, vicones de linha (FREITAS; JABBOUR, 2014).

Reciclar: neste tipo de recuperação o produto não mantém sua funcionalidade. O

objetivo é usar alguns ou todos os materiais do resíduo, o material recuperado pode ser

utilizado no processo de produção do produto original, ou ser insumo de outras indústrias

(LEITE, 2012).

4.2.3 Logística reversa

A logística reversa planeja, opera e controla o fluxo físico e de informações do retorno

de bens do pós-venda e pós-consumo. Do ponto de vista logístico, a vida do produto não

termina com a sua entrega ao cliente, e sim com seu retorno ao ponto de origem, para ser

adequadamente descartado, reparado, ou reaproveitado (LEITE, 2012).

5 METODOLOGIA DE PESQUISA

Com a finalidade de alcançar os objetivos propostos inicialmente, foi necessário fazer

a avaliação da situação atual da empresa, estrutura, funcionários, processos, capacidade

produtiva e matéria prima empregada.

5.1 Histórico da empresa

A empresa Calce Calçados LTDA está situada na cidade de Bom Retiro do Sul, conta

com 102 colaboradores, e tem sua produção voltada para fabricação de calçados, sua

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capacidade produtiva é de 500 pares diários. A maior parte dos calçados produzidos possui

cabedal em couro curtido ao cromo, mas também são produzidos calçados com cabedais

sintéticos e de tecidos.

5.2 Etapas do diagnóstico e implantação do Plano de Gerenciamento de resíduos sólidos

(PGRS)

A empresa Calce Calçados LTDA não possui um profissional atuando diretamente na

área de tratamento dos resíduos gerados, por este motivo a empresa Massima Engenharia

Química, Meio Ambiente e Segurança do Trabalho, foi contratada para prestar assessoria na

elaboração e implantação no PGRS, sendo que a implantação deste plano é o objetivo deste

projeto.

A sensibilização da direção da empresa veio por meio da necessidade de implantar o

PGRS para ter a licença de operação da FEPAM, desta forma a direção da empresa já estava

ciente da necessidade de implantação do mesmo.

Figura 1 – Fluxograma das etapas de implantação PGRS

Fonte: da Autora (2016).

Auditoria in loco Elaboração de inventário de

resíduos sólidos

Qualificação e quantificação

de coletores

Adequação do ambiente de

armazenamento dos resíduos

sólidos

Implantação de coletores Treinamento dos

colaboradores

Programa Implantado Auditoria in loco ,

comprovação de resultados

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Para a implantação do gerenciamento de resíduos sólidos, foram feitas observações in

loco nos pontos de geração e pesquisa bibliográfica. As etapas de implantação do plano de

gerenciamento de resíduos sólidos seguem conforme fluxograma apresentado na Figura 1

acima.

5.3 Etapas de implantação do Plano de Gerenciamento dos Resíduos sólidos (PGRS)

Os procedimentos de gerenciamento de resíduos sólidos da empresa Calce calçados

Ltda baseiam-se na legislação vigente. Segundo a NBR 10.004:2004 da ABNT a classificação

dos resíduos envolve a identificação dos processos ou atividades que lhes deu origem e de

seus constituintes e características e a comparação destes constituintes com listagens de

resíduos e substâncias cujo impacto à saúde e ao meio ambiente é conhecido.

A empresa é dividida em setores, cada setor compreende uma etapa do processo de

fabricação do calçado, os pontos de geração de resíduos identificados foram: setor

administrativo, setor de desenvolvimento de produtos, setor de compras de matéria prima,

setor almoxarifado, setor de preparação de amostras, setor produção corte, divisão e chanfro,

setor produção costura, setor produção montagem, setor laboratório, setor oficina, e áreas de

vivência, os resíduos gerados nestes setores são diferentes quanto à composição e

periculosidade.

A auditoria in loco foi à primeira ação do projeto, documentou-se através de fotos a

situação atual da empresa, coletou-se dados necessários para a elaboração do inventário de

resíduos. A partir dos dados levantados fez-se pesquisa bibliográfica para classificação dos

resíduos e montagem do inventário de resíduos da empresa.

Após a auditoria, levantou-se as formas de acondicionamento dos resíduos nos locais

de geração, observou-se as quantidades de resíduos gerados para determinar as melhores

formas de acondicionamento. Identificou-se os coletores seguindo a resolução do CONAMA

275/01, que orienta sobre as cores dos coletores.

Na etapa seguinte, organizou-se o local de armazenamento temporário dos resíduos,

identificou-se estes pontos conforme cada destinação, criou-se pontos diferentes para os

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resíduos que irão para logística reversa, os que serão encaminhados para reciclagem e os que

serão enviados para aterro.

A partir dai realizou-se os treinamentos com os colaboradores, o treinamento abrangeu

todos os colaboradores e a direção, e foi realizado por setores. No treinamento abordou-se

assuntos relacionados aos resíduos sólidos, conscientização ambiental, importância da não

geração, redução e gerenciamento de resíduos, e, também a forma que se dará o controle da

segregação dos resíduos no local de geração.

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

O Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS) constitui-se em um

documento que visa à administração dos resíduos por meio de um conjunto integrado de ações

referentes à sua geração, segregação, acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte,

tratamento e disposição final, de forma a atender os requisitos ambientais.

Na primeira etapa deste estudo realizou-se a auditoria in loco em todos os setores da

empresa, durante esta auditoria foi possível identificar várias possibilidades de melhorias e de

adequação à legislação, conforme será exposto a seguir.

A Figura 2 mostra coletores no setor de corte, estes estão sem identificação, os

resíduos encontram-se misturados, o setor de corte é o principal gerador de resíduos de

empresas do setor calçadista, pois neste setor o material chega como matéria prima, sofre

processo de corte e sai como cabedal de sapato cortado, desta forma gera muitos resíduos,

entre eles resíduos perigosos, provenientes do couro curtido ao cromo ou outros curtentes.

Outros resíduos que são gerados neste setor tem possibilidade de reciclagem, como é o caso

do papel kraft, e também há os casos de materiais que podem ser enviados para logística

reversa, que são os resíduos de contraforte e couraças, e os resíduos de borracha, provenientes

da sola. Outros resíduos, que seguem a classificação de classe II inertes ou não inertes como

nos casos das aparas de EVA e de látex.

A Figura 3 mostra que no setor de costura os resíduos não estavam sendo separados. O

setor de costura gera resíduos como restos de linhas, restos de fitas, panos de limpeza

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contaminados com solventes, percebe-se que os resíduos perigosos classe I estão sendo

misturados com resíduos não perigosos, inertes e não inertes.

Figura 2 – Disposição de coletores no setor de corte

Fonte: da Autora (2016).

Figura 3 – Coletores do setor costura.

Fonte: da Autora (2016).

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A Figura 4 mostra que o contêiner que a empresa utilizava para armazenar os resíduos

esta adequado perante a legislação, encontra-se em local coberto, com base impermeabilizada,

porém neste contêiner são armazenados todos os resíduos gerados na empresa, com exceção

dos materiais recicláveis, sem discriminação quanto sua classificação, este tipo de

procedimento causa prejuízo ao meio ambiente, pois serão dispostos em aterro de resíduos

perigosos itens que poderiam ser destinados a outros fins, causando prejuízo à empresa, pois

irá pagar para dispor como resíduo perigoso itens que não se enquadram nesta classificação.

Figura 4 – Container de armazenamento de resíduos

Fonte: da Autora (2016).

Diante dos problemas encontrados, a melhor forma de adequar os setores é

implantando e gerenciando os resíduos gerados. Durante a auditoria realizada no primeiro

momento, levantaram-se dados para elaboração do inventário de resíduos gerados na empresa.

Abaixo, no Quadro 1, estão representados e classificados os resíduos que hoje são gerados

pela empresa.

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Quadro 1 – Demonstrativo de resíduos Gerados, Ponto de geração e Classificação.

RESÍDUOS GERADOS SETORES ONDE OCORRE A

GERAÇÃO

CLASSIFICAÇÃO

NBR 10004

Papel/plástico reciclável Desenvolvimento, compras,

almoxarifado, administrativo,

II

Lâmpadas fluorescentes Todos os setores I

Resíduos eletrônicos Desenvolvimento, compras,

administrativo

I/II

Retalhos/partículas de couro ao cromo, tecidos

sintéticos e borracha, fitas de carimbar

Preparação de amostras, corte, divisão e

chanfro,

I

Retalhos de cartolina e papel Kraft Preparação de amostras, corte II

Vicone (carretel de linha vazio), restos de

linhas de costura,

Preparação de amostra, costura II

Têxteis, panos e estopas contaminados com

substâncias inflamáveis

Preparação de amostras, montagem,

laboratório, oficina e manutenção

I

EPI’s não contaminados Preparação de amostras, corte, divisão e

chanfro, costura, montagem, laboratório,

oficina e manutenção

II

Caixas de papelão Almoxarifado, preparação de amostras, II

Aparas de borracha, aparas de couro

reaproveitável, aparas de espuma PU, látex e

EVA

Corte I

Metais (quebrados e/ou sobras) agulhas

quebradas, pregos, taxas, rebites, puxadores

Costura II

Escovas de cabelo de lustrar usadas Montagem I

Água de lavagem de frascarias contaminadas

com anilinas, corantes, ceras e cremes e

solventes contaminados

Laboratório I

Embalagem metálica não contaminada (latas

vazias, bombonas plásticas de produtos

químicos não perigosos

Laboratório II

Cavaco de metais Oficina e manutenção II

Papel/ plástico não reciclável Áreas de vivência II

Resíduos de sanitários Áreas de vivência II

Efluentes dos sanitários Áreas de vivência N.A

Lodo de fossa séptica Áreas de vivência I

Fonte: da Autora (2016)

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Vista a deficiência nos coletores existentes, procedeu-se a quantificação e a

qualificação destes, de acordo com a resolução do CONAMA 275/01, utilizou-se as cores

para facilitar a associação e a separação com o tipo de resíduo. Para que os gastos fossem

baixos, utilizou-se coletores e bombonas existentes na empresa e para identificação utilizou-se

cartolinas coloridas. Além das respectivas classificações, exemplificou-se na etiqueta o que o

coletor poderá receber.

Quadro 2 – Demonstrativo da quantidade e qualidade de coletores.

TIPO DE COLETOR CAPACIDADE

(Litros) IDENTIFICAÇÃO COR QUANTIDADE

Lixeira plástica 10 Metais Amarelo 4

Lixeira plástica 10 Papel Azul 10

Caixa plástica 150 Papel Azul 1

Lixeira plástica 10 Não reciclável Cinza 10

Lixeira plástica 10 Perigoso Laranja 8

Bombona plástica 200 Perigoso Laranja 6

Caixa plástica 150 Perigoso Laranja 1

Contentor 1000 Perigoso Laranja 1

Bombona com tampa 20 Perigoso Laranja 1

Lixeira plástica 10 Plástico Vermelha 14

Fonte: da Autora (2016).

Para o armazenamento temporário, observou-se que deve haver espaço suficiente para

acumulo até volume suficiente para coleta. Já existia na empresa uma central para armazenar

os resíduos recicláveis, papel e plástico, este espaço é utilizado somente com esta finalidade, e

os recicláveis são armazenados em bags. O restante dos resíduos era disposto em um

contêiner com capacidade de 30 m3, a partir do PGRS abriu-se espaços para armazenamento

dos resíduos de borracha, contrafortes e couraça, que serão encaminhados para logística

reversa, também foram disponibilizados coletores para armazenar os panos e estopas, que

seguirão para co-processamento. Os resíduos eletrônicos serão dispostos em bombonas

plásticas, e serão encaminhados para desmonte e reciclagem. O Quadro 3 demonstra como

serão armazenados estes resíduos e a destinação final.

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Quadro 3 – Armazenamento temporário x destinação final

RESÍDUOS GERADOS ARMAZENAMENTO DESTINAÇÃO FINAL

Papel/plástico reciclável Bags Reciclagem

Lâmpadas fluorescentes Embalagem original Descontaminação/reciclagem

Resíduos eletrônicos Bombona plástica 20L Desmontagem/reciclagem

Retalhos/partículas de couro ao cromo Container 30m2 Aterro de resíduos sólidos industriais

classe I

Retalhos/partículas de tecidos sintéticos e

borracha, fitas de carimbar Container 30m2

Aterro de resíduos sólidos industriais

classe I

Retalhos de cartolina e papel Kraft Bags Reciclagem

Vicone (carretel de linha vazio), restos de

linhas de costura Sacos plásticos Reaproveitamento interno

Têxteis, panos e estopas contaminados com

substâncias inflamáveis

Tambor/bombona

plástica 20L Co-processamento

EPI's não contaminados Tambor/bombona

plástica20L

Aterro de resíduos sólidos industriais

classe II ou co-processamento

Caixas de papelão Bags Reciclagem

Aparas de couro reaproveitável Sacos plásticos Reaproveitamento interno

Aparas de borracha Sacos plásticos Logística reversa

Aparas de espuma pu, látex e eva Container 30m2 Aterro de resíduos sólidos industriais

classe I

Metais (quebrados e/ou sobras) agulhas

quebradas, pregos, taxas, rebites, puxadores Bombona 20L Logística reversa

Escovas de cabelo de lustrar usadas Container 30m2 Aterro de resíduos sólidos industriais

classe I

Água de lavagem de frascarias

contaminadas com anilinas, corantes, ceras

e cremes e solventes contaminados

Contentor 1000L Tratamento de efluente

Embalagem metálica não contaminada

(latas vazias, bombonas plásticas de

produtos químicos não perigosos

Granel Reciclagem

Cavaco de metais Bombona 20L Reciclagem

Papel/ plástico não reciclável Sacos plásticos Coleta municipal de RSU – aterro

sanitário

Resíduos de sanitários Sacos plásticos Coleta municipal de RSU – aterro

sanitário

Efluentes dos sanitários - Sumidouro

Lodo de fossa séptica - Estação de tratamento de esgoto

sanitário

Fonte: da Autora (2016).

Page 19: IMPLANTAÇÃO DO GERENCIAMENTO DE … resultados foram demonstrados com tabelas e imagens que comprovam a mudança ocorrida após a implantação. Pode-se observar que mesmo com pouco

O treinamento com os colaboradores foi realizado por meio de reuniões nos setores,

abrangendo todos os colaboradores e a direção.

No treinamento foram abordadas a definição de resíduos sólidos, conscientização

ambiental, importância da não geração, redução e gerenciamento de resíduos, e a forma de

controle da segregação no local de geração.

As Figuras 5 e 6 demostram como foram identificados os coletores para setores de

corte e costura, respectivamente.

Figura 5 – Coletores do setor de corte identificados.

Fonte: da Autora (2016).

Figura 6 – Coletores identificados no setor de costura.

Fonte: da Autora (2016).

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A Figura 7 mostra a central de resíduos recicláveis, onde se armazena papel e plástico

até o momento que tenha volume suficiente para destinar à reciclagem. Os papeis e plástico

são armazenados em bags, caixas de papelão são abertas e conservadas empilhadas. Estes

resíduos são vendidos para empresas que tem Licença de Operação (LO) para processamento

de resíduos sólidos, estas empresas se se responsabilizam pela coleta e transporte dos

resíduos, para seja realizado de acordo com a legislação.

Figura 7 – Central de Resíduos Recicláveis

Fonte: da Autora (2016).

A Figura 8 mostra o espaço criado para armazenamento de resíduos destinados à

logística reversa. Através de parcerias firmadas com as empresas fornecedoras de sola de

borracha e de contraforte e couraça, os resíduos antes enviados para aterro são separados em

sacos plásticos e armazenados até constituir volume suficiente para coleta. As empresas

propriamente providenciam o recolhimento, e estes materiais são incorporados novamente no

processo. As empresas exigem que os materiais estejam embalados devidamente e, no caso

dos resíduos de sola, estejam separados por cor.

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Figura 8 – Armazenagem de resíduos logística reversa.

Fonte: da Autora (2016).

As lâmpadas fluorescentes que são geradas na empresa são armazenadas em suas

embalagens originais no setor de oficina e manutenção e ficarão armazenadas até que tenha

volume suficiente para encaminhar para descontaminação. Os resíduos eletrônicos gerados na

empresa são um volume muito pequeno, foi providenciado um coletor para armazenar este

tipo resíduo quando for gerado.

Para as aparas de couro ao cromo e outros curtentes buscou-se outras possibilidades de

destinação, encontrou-se uma empresa que produz adubos nitrogenados para uso em

agricultura sendo que o resíduo de couro é a principal matéria prima para o produto, está

sendo estudada esta possibilidade, porém os custos para enviar material para esta empresa se

tornam maiores, e há também a necessidade de colocar outro contêiner para armazenar estes

resíduos, o que dificulta esta adaptação, pois não há espaço coberto e com piso impermeável

para instalação deste contêiner. A direção da empresa está estudando a possibilidade, pois

seria uma forma de eliminar o passivo ambiental gerado pelos resíduos de couro, que é o

resíduo gerado em maior quantidade na empresa.

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A realização da implantação do Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos

(PGRS) na indústria de calçados mostrou-se eficiente, devido à diversidade de resíduos

gerados e a inexistência anterior de um adequado gerenciamento dos mesmos. A etapa inicial

de auditoria e coleta de dados na legislação foi necessária para auxiliar nas etapas seguintes da

implantação.

A direção da empresa demonstrou interesse na adequação do sistema de segregação

nos locais de geração, e também na armazenagem, processos estes que foram adequados.

Mostrou-se interessada em providenciar os meios para separação de todos os resíduos de

couro para destinação à empresa de produção de adubos nitrogenados. E mostrou-se satisfeita

com os resíduos que estão sendo destinados à logística reversa e reciclagem.

O treinamento com os colaboradores mostrou-se importante, pois muitas pessoas

saíram interessadas em fazer a correta segregação, porém será necessário manter auditorias

semanais ou quinzenais, para amadurecer a percepção do gerenciamento de resíduos e para

que todos colaborem para o contínuo melhoramento do mesmo.

Por fim, depois de todo o trabalho realizado na empresa com a efetiva implantação do

PGRS, percebe-se a importância da gestão ambiental para minimização dos impactos

ambientais gerados pelas empresas, observa-se que é possível exercer atividade econômica

com preocupação com o meio ambiente, e que atitudes simples, porém bem planejadas

contribuem para preservação do mesmo.

Para que o PGRS tenha uma melhoria continuada, recomenda-se que a empresa dê

continuidade neste processo, que iniciou com a implantação do gerenciamento dos resíduos

sólidos, que continue buscando alternativas para destinar resíduos para fins de reciclagem e

reutilização, que não sejam o depósito em aterros industriais.

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