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Implementação do Gerenciamento da Configuração aliado a conceitos da Qualidade Leandro Lepesteur (LATEC / UFF) Resumo: A evolução tecnológica vem provocando a necessidade da indústria no desenvolvimento de métodos de controle e verificação cada vez mais rígidos e eficazes. Neste âmbito é reapresentado o conceito de gerenciamento da configuração de um projeto com uma nova visão adaptada para o novo século. Portanto, a razão para o estudo deste tema reside no fato de que o controle e análise da configuração incidirão diretamente nas características especificadas pelo cliente as quais foram definidas no momento de conquista do mesmo. Deste modo, este trabalho tem por objetivo no definir e recontextualizar as características do gerenciamento da configuração adaptando o mesmo para os modelos atuais de gerenciamento utilizados (Capítulo 2) e propor uma metodologia para a implementação do gerenciamento da configuração em um projeto aliando este a requisitos e conceitos de qualidade. Palavras-chaves: Gerenciamento da Configuração, Gerenciamento de Projetos, Qualidade. ISSN 1984-9354

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Implementação do Gerenciamento da

Configuração aliado a conceitos da Qualidade

Leandro Lepesteur

(LATEC / UFF)

Resumo: A evolução tecnológica vem provocando a necessidade da indústria no desenvolvimento

de métodos de controle e verificação cada vez mais rígidos e eficazes. Neste âmbito é

reapresentado o conceito de gerenciamento da configuração de um projeto com uma nova visão

adaptada para o novo século. Portanto, a razão para o estudo deste tema reside no fato de que o

controle e análise da configuração incidirão diretamente nas características especificadas pelo

cliente as quais foram definidas no momento de conquista do mesmo. Deste modo, este trabalho

tem por objetivo no definir e recontextualizar as características do gerenciamento da configuração

adaptando o mesmo para os modelos atuais de gerenciamento utilizados (Capítulo 2) e propor uma

metodologia para a implementação do gerenciamento da configuração em um projeto aliando este

a requisitos e conceitos de qualidade.

Palavras-chaves: Gerenciamento da Configuração, Gerenciamento de

Projetos, Qualidade.

ISSN 1984-9354

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1. FORMULAÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA

A evolução tecnológica da era atual bem como o crescimento de uma nova rede de

consumidores / clientes cada vez mais exigentes quanto à customização e aos serviços exclusivos

ofertados vem impactando diretamente na maneira como os projetos vem sendo gerenciados. Este

gerenciamento vem se tornando sendo cada vez mais rígido quanto ao controle necessário a ser

realizado, em virtude da criticidade (grau de exigência a ser atendido) e a complexidade dos

produtos exigidos pelo cliente. Neste âmbito é apresentado o Gerenciamento da Configuração, que

será um fator integrante e necessário para o Gerenciamento eficaz do Projeto.

O controle e/ou gerenciamento da configuração é portanto uma variável que se faz

necessária para o cuidado sobre quais incertezas do projeto devem ser controladas, desde os

momentos de venda até a entrega do produto ao cliente, pois cada alteração que vier a ocorrer no

projeto ocasionará em uma gama de combinações que implicarão em alterações das características

básicas do projeto. De uma maneira mais direta um produto exigido pelo cliente deve ser igual ao

projetado o que consequentemente deve ser igual ao produzido, permitindo assim garantir a

repetibilidade dos processos de fabricação / montagem / manutenção.

Além disso, em todo projeto existirão determinados itens / equipamentos mais críticos que

devem ser rastreados pelo fato destes definirem características exclusivas do produto almejado,

enquanto que outras partes menos “nobres” não exigirão tamanha rigorosidade para verificação

devido a não afetarem a performance e a qualidade do produto. Em resumo, o gerenciamento da

configuração deve ser iniciado determinando em um plano de configuração quais os itens relativos

a um determinado projeto / item que devem ser acompanhados em suas diferentes versões, sendo

cada configuração considerado um diferente projeto.

Este artigo tem como objetivos apresentar um revisão de literatura a respeito do tema e

propor uma metodologia para a implementação em uma indústria do conceito de “Gerenciamento

da Configuração” baseada em uma visão voltada para os requisitos e políticas da qualidade.

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2. REVISÃO DA LITERATURA

Segundo Feller (1969) o gerenciamento da configuração tem como escopo identificar todas

as etapas do projeto desde o menor processo no intuito de assegurar a repetibilidade, a

performance, a qualidade e a confiabilidade do processo definindo sistemas e equipamentos e

individuais, no intuito de identificar, controlar e registrar todas as mudanças e variações do

produto.

Para Juran e Gryna (1992) controlar a configuração em um projeto se refere a garantir as

características físicas e funcionais de um produto específico até o momento de sua entrega, se

dividindo em três etapas específicas:

i. Identificação da configuração – nesta etapa é definida uma baseline que será a

aplicada a produção / construção do produto específico, ou seja, se trata de uma

linha de referência a qual deve ser seguida para a realização do projeto. Esta ainda,

pode ser subdividida em outros três tipos de baseline:

Baseline funcional – utilizada quando a linha de referência a ser utilizada se

refere a aplicabilidade daquele produto;

Baseline básica distribuída – utilizada quando as características do produto

são parte resultantes de um todo, ou seja, quando a linha de referência é

dividida em itens de elevada importância que serão parte de uma linha de

referência maior global;

Baseline do produto – utilizada quando a linha de referência se baseia em

requisitos específicos do produto.

ii. Controle da Configuração – neste momento o projeto original precisa ser reavaliado

para a admissão de alguma mudança. Os autores neste ponto apresentam dois

possíveis métodos de administração diferente quanto a responsabilidade da decisão

das alterações, estas são:

A decisão da alteração depende da parte responsável pelo projeto e ao

controle de configuração depende unicamente a necessidade de adequação

da documentação com os produtos alterados;

A decisão de alteração depende da parte responsável pelo projeto e do

controle de configuração, neste cenário ambos carregam a responsabilidade

de garantir o produto final conforme os requisitos do cliente. Para os

autores, este tipo de administração é o mais indicado e exercido atualmente,

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pois nos projetos atuais qualquer mudança na execução de projeto é

multiplicada quanto maior for a sua complexidade. Deste modo, se torna

possível aumentar o nível de proteção para com o projeto.

iii. Contabilização da Configuração – É o momento final onde após a decisão de

alteração todos os registros impactados são alterados, e um histórico destas

evoluções são mantidos. Este registro tem por meio informar ao cliente do produto

e de suas diversas necessidades de alterações que variam desde a erros de projeto a

requisições específicas e complexas do cliente que devem ser contabilizadas no

final do projeto. Os autores também apresentam o histórico como sendo uma fonte

de consulta para procedimentos futuros de utilização e manutenção do produto.

Jonassen Hass (2003, p. 5) apresenta uma sequência de atividades para um determinado

item ter sua configuração gerenciadas passando por ciclos de análises; o primeiro ciclo ou inicial

passaria pela parte relativa ao planejamento necessário para o item configurando os seus requisitos

especificados inicialmente conforme Figura 1, este item será identificado, produzido, estocado e

utilizado terminando assim a configuração “versão 1” do produto. Em caso, de detectada alguma

alteração necessária a ser aplicada a este item, se iniciará então o ciclo 2, o qual tem como início o

registro de todas alterações necessárias (a exemplo dos registros tem-se as datas, as razões das

alterações e de onde foram oriundas), então o produto tem reiniciado a sua “vida útil de

configuração”, conforme Figura 2.

Figura 1 – Classe dos itens relacionados a suas diferentes especificações e revisões Jonassen Hass

(2003, p. 6).

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Figura 2 – Linha de “vida útil”de um produto Jonassen Hass (2003, p. 6).

Burgess et al. (2005) desenvolveram uma revisão de literatura e registraram em uma

tabela, Figura 3, uma grande abismo nas pesquisas entre o gerenciamento da qualidade e o

gerenciamento da configuração. Os autores sugerem que as bases do gerenciamento de

configuração (CM) são as mesmas definidas a 10 e 20 anos atrás, mas que os “abismos”

detectados na pesquisa da Figura 3 se devem a uma incorreta e ineficaz implementação do CM o

qual tem de ser adaptado a uma nova realidade atual de trabalho nas novas empresas. Os autores

concluíram que as organizações devem reconhecer e proporcionar estímulos ao estudo profissional

a profissionais da área de gerenciamento da configuração, o qual deve ser tratado na organização

com uma política similar a de gestão pela qualidade total (TQM) onde a integração das áreas da

empresa elimina as funções interindependentes.

Figura 3 – Pesquisa realizada para o assunto “Configuration Management Burgess et al. (2005).

Para Wasson (2007) o gerenciamento da configuração é restrito em quatro etapas básicas, a

qual é resumida no esquemático apresentado na Figura 4:

Identificação – elemento crítico da configuração. Se baseia na identificação de

todos os itens do projeto, definindo o seu nível de criticidade quanto ao mesmo (os

mais críticos classificar-se-ão em itens de configuração – IC) e qual será a relação

entre estes;

Alteração de Configuração – nesta etapa as responsabilidades serão dividas entre os

seguintes responsáveis; 1) Responsável pelo controle – este deverá imputar e

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controlar os dados referentes a vida útil do projeto registrando todas as alterações e

linkado estas aos produtos especificados, 2) Responsável pela verificação – este

deverá analisar todas as alterações indicando e validando as mesmas quanto aos

resquisitos especificados pelo cliente e quanto ao nível de impacto destas

alterações, ou seja, se impactam em performance, segurança, design . . .;

Contabilização e consulta a Configuração – se trata do processo de consulta e

disponibilização da Configuração a ser aplicada, bem como do meio a ser

relacionada as variáveis respectivas de projeto;

Auditorias de Configuração – tem o objetivo de garantir que todos os requisitos

foram corretamente especificados para cada status da Configuração em utilização.

As auditorias deverão ser documentais e físicas contemplando as diferentes

baselines de referência, aplicável e aplicada.

Figura 4 –Definição de Wassom (2007) para o método de Configuração de um produto.

Xu et al. definem que em virtude da globalização e competitivo cenário global, as

organizações necessitam cada vez mais integrar determinadas áreas do projeto e da qualidade de

modo a se obter uma vantagem e rapidez perante as mudanças e controle das mesmas necessárias.

Para este cenário então, os autores apresentam o modelo de “CMII – Configuration Manegement

II” para uma determinação organização aeroespacial, conforme a Figura 5 a seguir:

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Figura 5 –Definição esquemática de Xu et al. (2013) para o modelo de “CMII”.

Xu et al. (2013) apontam que o processo de gerenciamento da configuração não deve

apenas abordar o projeto e a produção de um produto, e sim determinadas variáveis

administrativas que interferem diretamente nos processo que garantem a configuração de uma

determinada obra, analisando e gerindo os desvios impactantes que sejam deletérios a

conformidade de um produto.

3. ESTUDO DE CASO

O estudo a seguir irá propor um modelo a ser seguido para a implementação do

gerenciamento da configuração com ênfase para uma organização de projeto e construção naval, a

qual se encontra em elevado “renascimento” depois das últimas duas décadas. O tema principal

será apresentar e relacionar os conceitos de Gerenciamento, de Configuração e de Qualidade, de

modo a definir um método prático para controlar e gerenciar um projeto.

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A análise será subdividida em três momentos diferentes do projeto, que serão

diferenciados conforme a Configuração utilizada, são estas:

Configuração de Referência;

Configuração Aplicável;

Configuração Aplicada.

3.1 CONFIGURAÇÃO DE REFERÊNCIA

A primeira etapa de todo projeto reside em uma organização identificar as necessidades de

um cliente e atribuir a si mesmo a capacidade de sonhar o mesmo sonho, deste modo estabeler-se-

á uma relação de parceria e confiança entre ambos. E nesta parceria, são firmados os contratos

para a realização do produto apresentado pelo cliente, com a exposição dos seus desejos, definindo

assim todas as características individuais a serem executadas que definirão e configurarão o

projeto.

Neste ponto, é estabelecida a Configuração de Referência a qual será a primeira configuração do

projeto a ser seguida, de acordo com a representação esquemática da Figura 6.

Figura 6 – Representação esquemática da elaboração da configuração de referência.

Com base nesta configuração se torna possível pelo responsável do projeto a elaboração,

por meio da análise dos itens necessários e requisitados pelo cliente, de um checklist contendo a

sequência de atividades envolvidas e que devem ser realizadas pela organização. Neste

mapeamento de atividades ficará definido por meio do método 5W / 2H qual o projeto, quem será

o responsável, como será feito, por que será feito, quando será feito, onde será feito e quais os

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custos envolvidos, e através de uma matriz SWOT, representado na Figura 7, (strenght, weakness,

opportunities e threats) o gerente do projeto deve definir as bases para o desenvolvimento do

projeto.

Figura 7 – Representação esquemática de uma matriz de análise SWOT (FOFA).

Chega o momento ao qual o gerente e responsável pelo projeto deve decidir como será

tratado o tema de gerenciamento da configuração, o qual poderá ser classificado conforme dois

níveis diferentes:

Gerenciamento da Configuração Passivo – a equipe de configuração não interferirá

nas características de projeto, sua principal função será a de atuar como um sistema

interligando todos os dados relacionados a um produto, de modo a fornecer ao

cliente a rastreabilidade necessária para garantir a perfeita entrega do mesmo. Esse

modelo de Gerenciamento da Configuração é mais indicado para obras em que

existem poucas variáveis críticas que possam impactar em uma alteração. Como

um possível exemplo de organização com esse modelo de configuração teríamos

uma construtora civil, a qual possui poucas variáveis críticas que causariam

alteração (em comparação a demais projetos) e na qual a importância reside na

entrega ao proprietário final um produto conforme requisitado;

Gerenciamento da Configuração Ativo – neste modelo a equipe estará preocupada

com todas as variáveis de projeto variando desde o detalhamento e escolha de

material até mesmo ao treinamento necessário para conferir a garantia dos

entregáveis, pois uma mudança em qualquer uma delas tenderá a desencadear será

exponencializada de acordo com a criticidade do projeto. A exemplo, teríamos uma

empresa projetista e construtora de aeronaves, onde qualquer mudança necessita ser

verificada e acompanhada.

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Para a análise de nossa organização que compreende desde o projeto e a construção,

utilizaremos o modelo de Gerenciamento da Configuração Ativo no intuito de rastrear todas as

alterações de projeto e construção que impactam no produto final. Todas as decisões a seguir a

serem deliberadas devem obrigatoriamente ser registradas na forma de um Procedimento de

Configuração do Projeto, podendo ser resumidas pelo método de análise 5W 2H conforme

explicitado na Tabela 1, se obtendo assim as seguintes descrições:

Projeto? Verificar, controlar e fornecer variáveis com relação aos produtos

especificados pelo cliente

Responsável? Gerente da Configuração do Projeto

Onde? Organização Contratada

Quando? Ao longo de toda vida útil do projeto, variando desde o momento da

conquista até a fase de satisfação do cliente

Por quê? Para verificar e rastrear todo o processo de projeto e construção de um

determinado produto

Como? Verificando e controlando todas as sete variáveis necessárias que

configuram um produto

Quanto custará? Função direta do nível de criticidade do projeto

Tabela 1 – Análise 5W 2H dos itens a serem propostos para a implementação do Gerenciamento

da Configuração em um projeto.

3.2 CONFIGURAÇÃO APLICÁVEL

Com base no que foi definido, se iniciará agora o segundo momento do ciclo de projeto e

detalhamento, o qual neste momento se sucederá o controle das revisões e documentação a serem

utilizadas, deste modo teremos na Figura 8 a representação esquemático do início da fase de

análise da configuração aplicável em um determinado processo:

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Figura 8 – Definição das necessidades de projeto especificadas pelo cliente.

Na fase de elaboração do projeto se iniciará o momento de verificação das sete

necessidades que devem ser controladas de modo a se manter a configuração de um produto:

Requisitos do cliente - itens de configuração;

Disponibilidade de material;

Equipamento necessário para a fabricação;

Mão-de-obra e treinamento necessário para o mesmo;

Normas e documentos aplicáveis;

Prazo;

Custo.

Estas variáveis iniciais a serem registradas definirão a primeira parte de realização do

produto para o cliente durante a etapa de detalhamento e devem ser controladas pelo

gerenciamento da configuração conforme a Figura 9 a seguir:

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Figura 9 – Representação esquemática dos sete itens que configuram um projeto.

Neste ponto, a Gestão de Configuração deverá coletar esses dados e relacioná-los por meio

da criação de um banco de dados específico, onde serão cruzados dados posteriores referentes a

fabricação / construção do projeto de modo a rastrear a gravidade de que múltiplos pequenos erros

possam desencadear em um prejuízo maior no futuro. Por meio de uma matriz GUT, evidenciada

na Tabela 2 (gravidade, urgência e tendência), esses itens supracitados serão enumerados e de

modo a terem esses fatores críticos quantificados. Abaixo é apresentado um exemplo para uma

empresa de construção naval, onde os pesos são de cada etapa são definidos e relacionados, onde o

1 equivale ao item de menor criticidade e o 5 o de maior.

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ITEM GRAVIDADE URGÊNCIA TENDÊNCIA

Prazo 2 2 2

Custo 2 2 2

Qualificação 4 3 3

Equipamentos 4 3 3

Itens de Configuração 5 5 4

Material 5 4 4

Normas aplicáveis 4 4 3

Tabela 2 – Matriz GUT dos itens que definem um projeto na visão da configuração.

Detalhando a quantificação acima temos que:

Prazo – tem baixa influência em alguma mudança característica do projeto, visto

que o cliente estará diretamente ligado a esta variável, ou seja, é acompanhada de

perto por este e sendo qualquer mudança característica será por ele conhecida;

Custo – também estará diretamente ligado assim como a variável Prazo com o

cliente. Enfatiza-se que quanto mais detalhada e elaborada forem as etapas de

análise do projeto pelo seu responsável, mais confiável e consequentemente menor

serão os valores desses itens;

Qualificação – uma vez definido o projeto, que no caso se necessita definir quais as

competências necessárias e quais devem ser desenvolvidas por meio de

treinamentos para a performance correta do projeto, a exemplo teríamos o caso de

um soldador mais qualificado que os demais, este consequentemente a sua

experiência e treino entregará um produto, um cordão de solda, com melhores

características de acabamento final;

Equipamentos – este item é diretamente referente as características, a manutenção e

a calibração dos equipamentos que serão utilizados.

a) Características – estas definem a conformidade de um produto final, ou

seja, um produto que foi realizado com determinada máquina com

específicos tipos de consumíveis;

b) Manutenção – a correta utilização e aplicação do plano de manutenção

garantirá neste caso cumprir o prazo pré-estabelecido para o cliente;

c) Calibração – um equipamento calibrado é o que garante a repetibilidade

de processo e que o produto esteja dentro de padrões pré-estabelecidos.

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Material – todo material utilizado na fabricação de um produto ou um lote deste,

deve obrigatoriamente ter sua origem rastreada para a determinação de possíveis

não-conformidades futuras;

Normas aplicáveis – no intuito do processo ser rastreável e repetitivo, todo e

qualquer documento utilizado na fabricação de um produto deve ser referenciado

tendo suas revisões bem definidas. No caso específico de uma empresa responsável

também pelo projeto, todos estes documentos devem ter, conforme a ISO

9001:2008, todos estes documentos deve além de terem suas revisões referentes

indicadas, terem um fluxo de verificação, aprovação e reavaliação / reaprovação

definidos;

Itens de configuração – estes são considerados de longe os itens mais críticos em

todo projeto, seja este envolvendo a fase de detalhamento ou iniciando apenas na

fase construtiva, existirão determinados itens que classificarão e definirão os

requisitos especificados pelo cliente, são estes os itens de configuração (IC). Cabe

ao gerente de projeto na fase de mobilização da organização estabelecer junto ao

responsáveis pelo detalhamento, produção, qualidade / comissionamento e

configuração um brainstorm para a definição de quais serão estes itens e quais

métodos devem ser exercidos e aplicados para que o líder e responsável pela

configuração possa coletar, aprovar (junto ao responsável da fase verificada) e

registrar toda e qualquer mudança no produto ou no processo que defina este.

Portanto, após esta definição o Gerente da Configuração deve elaborar um Plano de

Itens de Configuração, que defina quais serão estes itens e o por que da escolha de

cada um deles, como e em quais momentos serão feitas as suas verificações, como

se dará o processo de tratamento em caso de encontrada uma não-conformidade,

quais e como serão os registros e como será feito o envio destes entregáveis para o

cliente. Salienta-se que este Plano deve ser submetido para a avaliação e aceitação

do cliente, pois nele estarão definidos os requisitos básicos que definem o requisito

do cliente.

Com as variáveis de configuração definidas, deve ser iniciada a etapa de estabelecimento

de como estas serão interligadas e coletadas para posterior entrega ao cliente, e é neste momento

que definiremos não apenas os meios a serem utilizados no processo mas também como os fluxos

da organização estarão subdivididos e como estes devem “se falar”. Deste modo, o gerenciamento

da configuração também deve definir um meio, que em muitas vezes se tratará de um software

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único, a ser utilizado entre todas as etapas diretas que envolvem a elaboração / construção de um

produto. Este sistema terá por então o objetivo de proporcionar a interligação da organização em

um cadeia única, diminuindo a redundância de tarefas e agilizando o processo produtivo.

Com o sistema finalizada e em operação a Gestão de Configuração, iniciará o seu processo

de análise o qual terá início na etapa de verificação da documentação e do conteúdo utilizado no

projeto, garantindo a conformidade do mesmo conforme os requisitos especificados pelo cliente,

criando a partir das informações aprovadas do detalhamento uma base de dados fixa que prediga e

relacione todos os documentos com suas revisões a serem aplicados na fabricação / construção. Se

porventura alguma alteração ou desvio do projeto for detectada por qualquer setor responsável,

deverá ser realizada a análise desta necessidade de alteração pelo órgão técnico responsável pelo

Projeto / Detalhamento juntamente com a Gestão de Configuração detalhando as ações a serem

tomadas e os novos registros a serem controlados e submetidos ao controle.

Com o produto detalhado se iniciará a fase de aquisição do material pela gerência

responsável para posterior início da construção, neste momento todos os dados referentes ao

material adquirido em relação ao detalhamento devem ser verificados pelo gerenciamento da

configuração garantindo assim a conformidade dos produtos, ou seja, devem ser analisados se o

material corresponde com o especificado no projeto. Neste ponto cabe a observação que não cabe

ao responsável pela configuração auditar o fornecedor do material indicado nem verificar o

processo de compras realizada, estes residem diretamente ao setor responsável pelas compras e ao

sistema de gestão da qualidade da organização. Todos os registros referentes a estas etapas devem

ser mantidos relacionados a cada um dos produtos.

Como última etapa desta fase da configuração aplicável, reside o momento de

programação da obra para a produção, neste momento serão relacionados as variáveis de

equipamento e mão-de-obra necessários para a realização do processo produtivo. O gerenciamento

da configuração nesta etapa deve continuar acompanhando todos os produtos que forem

programados para a produção, e verificar se alguma alteração será ou está sendo realizada no

documento de referência até o momento do término de sua fabricação.

3.3 CONFIGURAÇÃO APLICADA

Este ponto se baseia na entrega dos dados do processo para o cliente, com base no que foi

especificado pelas áreas responsáveis ao longo do processo todos os dados referentes ao produto

devem ser coletados. Na Figura 10 é resumida todos estes responsáveis pelo processo que envolve

a cadeia produtiva de configuração de um processo.

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Figura 10 – Representação esquemática dos sete itens que configuram um projeto e de seus

respectivos responsáveis.

Nesta etapa o responsável pela Configuração do produto deve realizar as verificações dos

itens de configuração que caracterizam o projeto especificado pelo cliente. Esta verificação deve

seguir as normativas apontadas no Plano de Itens de Configuração especificados durante a etapa

de definição das variáveis, e nele estarão determinados os métodos para a análise (auditorias

periódicas ou acompanhamento diário) e como serão tratados os desvios encontrados.

Assim, será definida a configuração aplicada do projeto, na Figura 11 abaixo encontramos

um exemplo esquemático do ciclo de configuração de um projeto e construção de um produto

naval:

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Figura 11 – Ciclo de configuração de um projeto.

Assim, segundo o ciclo acima temos resumidamente o escopo a ser aplicado o

gerenciamento da configuração em um processo, que a partir de um orçamento previsto fechado

iniciará a cadeia de análises que serão planejadas de acordo com a elaboração de um cronograma

definindo a data de início e término de cada uma respectiva.

4. CONCLUSÃO

Podemos concluir que o gerenciamento da configuração deve ser encarado no projeto

como um processo utilizado para auxiliar a rastreabilidade e a conformidade de um produto, com

o intuito de interligar áreas e verificar a informação por estas fornecidas.

Este deverá ser utilizado como uma ferramenta de auxílio para o SGQ – sistema de gestão

da qualidade da organização, sendo por este último auditado diretamente no que se refere aos itens

de análise crítica (7.3.4.), verificação (7.3.5.) e controle de alterações de projeto (7.3.7.), e

GERENCIAME

NTO DA

CONFIGURAÇ

ÃO

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principalmente ao item 7.5.3. onde é conceituado o dever que toda organização tem de identificar

e monitorar todos os requisitos especificados a realização de um produto.

Enfatiza-se que durante anos o conceito de análise da configuração foi deixado de lado por

haver sido confundido como similar aos paradigmas utilizados pela qualidade, mas ambos são e

devem ser encarados como pensamentos ligados diretamente a momentos diferentes mas que irão

convergir para a entrega de um produto conforme ao cliente. Para tanto, os conceitos de qualidade

deverão atuar nas variáveis verificando e auditando os fluxos dos processos de uma organização

determinando a rastreabilidade destes, enquanto que a configuração irá atuar única e

exclusivamente como um “corpo de ligação” entre as áreas responsáveis e diretamente ligadas ao

processo produtivo, verificando e controlando cada uma dessas variáveis de acordo com os

requisitos especificados no momento da conquista do cliente pelo Gerente do Projeto.

Finalizando, toda organização que necessita de um controle eficaz dos “entregáveis” deve

fazer a utilização de uma área responsável pela configuração do produto, onde as sete variáveis

apresentadas serão e deverão sempre passar pela customização necessária e inerente a cada

projeto.

REFERÊNCIAS

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JURAN, J M; GRYNA, F M. Juran Controle da Qualidade Handbook, V.3 – Ciclo dos

Produtos do Projeto a Produção. Ed. Makron Books, 1992.

JONASSEN HASS, A M. Configuration Management Principles and Practice. V. 1 : 2003.

BURGESS, T F; MCKEE, D; KIDD, C. Configuration management in the aerospace

industry: a review of industry practice. International Journal of Operations & Production

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