Importancia Da Fru Tic

112
INTRODUÇÃO À FRUTICULTURA HISTÓRICO Profa. Adriana Graciela Desiré Zecca A vida humana seria impossível se não existissem as árvores. As plantas, especificamente as árvores, fornecem ao homem lazer, abrigo, perfume, remédio, comida, combustível, tinta, além de permitir a confecção de instrumentos para as mais distintas utilidades. Segundo alguns historiadores, a fruticultura tem sido praticada há milhões de anos e dentre as espécies mais antigas, são citadas a Macieira, Videira, Cítricos, Figueira e Pereira. A dispersão das frutíferas ocorreu com os vários deslocamentos do homem, seja por guerras, ou por novas conquistas. Há registros muito antigos citando as frutas, demonstrando sua importância. A Bíblia é um exemplo, mencionando em alguns trechos, frutos como o figo, a uva, o romã, entre outros. Embora sejam encontrados tais registros com certa freqüência, os estudos das frutíferas somente foram iniciados em um passado mais recente. Trabalhos mais concretos sobre as frutíferas não são registrados nas fontes mais comuns. Contribuição satisfatória e marcante para elucidar a origem e dispersão das espécies cultivadas foi dada por Nikolai Ivanovith Vavilov. Esse brilhante cientista russo, nascido em 1887, foi 1

Transcript of Importancia Da Fru Tic

Page 1: Importancia Da Fru Tic

INTRODUÇÃO À FRUTICULTURA

HISTÓRICO

Profa. Adriana Graciela Desiré Zecca

A vida humana seria impossível se não existissem as árvores. As plantas,

especificamente as árvores, fornecem ao homem lazer, abrigo, perfume,

remédio, comida, combustível, tinta, além de permitir a confecção de

instrumentos para as mais distintas utilidades.

Segundo alguns historiadores, a fruticultura tem sido praticada há milhões

de anos e dentre as espécies mais antigas, são citadas a Macieira, Videira,

Cítricos, Figueira e Pereira. A dispersão das frutíferas ocorreu com os

vários deslocamentos do homem, seja por guerras, ou por novas

conquistas.

Há registros muito antigos citando as frutas, demonstrando sua importância.

A Bíblia é um exemplo, mencionando em alguns trechos, frutos como o figo,

a uva, o romã, entre outros.

Embora sejam encontrados tais registros com certa freqüência, os estudos

das frutíferas somente foram iniciados em um passado mais recente.

Trabalhos mais concretos sobre as frutíferas não são registrados nas fontes

mais comuns. Contribuição satisfatória e marcante para elucidar a origem e

dispersão das espécies cultivadas foi dada por Nikolai Ivanovith Vavilov.

Esse brilhante cientista russo, nascido em 1887, foi professor titular da

Universidade de Moscou, lecionando Agricultura, Botânica e Genética.

Durante o período de 1921 a 1934, estabeleceu e dirigiu mais de 400

Instituições de Pesquisa e Estações Experimentais com um total de 20.000

pessoas envolvidas. Realizou expedições ao Afeganistão, Abissínia

(Etiópia), China, América Central e América do Sul, com a finalidade de

coletar e estudar plantas de expressão econômica. A partir desse trabalho,

estabeleceu-se diretrizes para estudos compreensíveis sobre as coleções

mundiais de plantas e seu uso nos programas de melhoramento. Morreu

provavelmente em 1942. Em seus estudos, propôs os vários centros de

origem das espécies cultivadas. De acordo com seu trabalho e de várias

1

Page 2: Importancia Da Fru Tic

outras evidências, pode-se sugerir que a origem da fruticultura comercial

coincidiu com os vários centros por ele propostos.

O trabalho de Vavilov é louvável, pois apesar de vários pesquisadores

estudarem os centros geográficos das plantas cultivadas, somente seu

trabalho mereceu maiores atenções por parte da comunidade científica.

Vavilov, após reunir suas experiências e de muitos colaboradores, concluiu

que existem oito centros geográficos de origem ou de formação de plantas

cultivadas. Segundo sua afirmação, nesses centros estão concentradas as

maiores diversidades de formas e genes das espécies cultivadas. Propôs

também em sua obra a denominação de Centros Secundários de Origem,

onde através de mutações e hibridações naturais podem surgir formas de

grande interesse para a humanidade, especificamente para o

melhoramento. Um exemplo que chama a atenção, citado por Vavilov, é a

mutação da laranja 'Baía', descoberta nos arredores de Salvador em torno

de 1760 a partir da laranja 'Seleta'. Assim como esta outras formas valiosas

podem surgir fora dos centros de origem ou de diversidade, pois no caso

anterior o centro de origem principal da laranja corresponde ao Sudeste da

Ásia. Os oito centros primários de origem, segundo Vavilov, são os

seguintes: Centro Chinês (I), Indiano (II), Indo-Malaio (II a), considerado

como complemento do Indo-Malaio, Asiático Central (III), Oriente Próximo

(IV), Mediterrâneo (V), Abissínio (VI), Mexicano do Sul e Centro-Americano

(VII), Sul-Americano (VIII), Chiloé (VIII a), Secundário do Chiloé e Brasileiro-

Paraguaio (VIII b), Subcentro do Brasileiro Paraguaio.

Na Figura estão distribuídos os diversos centros de origem com suas

respectivas culturas, enfatizando as espécies frutíferas.

2

Page 3: Importancia Da Fru Tic

I. Centro de Origem Chinês: é o mais antigo e maior centro que se conhece.

Compreende as regiões montanhosas da China Central e Ocidental,

envolvendo também as regiões planas adjacentes. É também considerado

o mais rico em número de espécies.

Culturas:

• Pêra-Chinesa - Pyrus serotina Rehd.

• Pera-Ussurian - Pyrus ussuriensis Maxim

• Maçã-Chinesa - Malus asiatica Nakai

• Pêssego - Prunus persica L

• Damasco - Prunus armeniaca L.

• Apricot Japonês - Prunus mume Sieb. e Zucc

• Ameixa Japonesa - Prunus simonii Carr

• Cereja Chinesa - Prunus tomentosa Thunb.

• Cereja - Prunus pseudocerasus Lindc.

• Marmelo-chinês - Chaenomeles lagenaria Koidz.

• Marmelo-Japonês-Anão - Chaenomeles sinensis Koehne.

• Noz - Juglans sinensis Dode

• Noz - Carya cathayensis Sarg (maioria em formas selvagens)

• Avelã - Corylus meterophylla Fisch.

• Castanha - Castanea crenata Sieb e Zucc.

• Laranja - Citrus sinensis Osb. A China é considerada centro

secundário)

3

Page 4: Importancia Da Fru Tic

• Tangerina - Citrus nobilis Lour. (Provável centro secundário) e

Citrus ponki Tan. (Endêmica na China)

• Cunquat Oval - Fortunella margarita Swingle.

• Cunquat Redondo - Fortunella japonica Swingle.

• Limão trifoliado - Poncirus trifoliata Raf.

• Caqui - Diospyros kaki L

• Nespera - Eriobotrya japonica Lindl.

• Lichia - Litchi chinensis Sonn.

II. Centro de Origem Indiano: é o segundo em importância e pode ser chamado de

centro hindustânico. Não inclui o Noroeste da Índia, Punjab e a Fronteira

Noroeste, mas inclui as regiões de Assam e Burma.

Culturas:

• Manga - Mangifera indica L.

• Laranja - Citrus sinensis Osb.

• Tangerina - Citrus nobilis Lour.

• Limão - Citrus limonia Osb.

• Limão verdadeiro - Citrus limon Burm.

• Cidra - Citrus medica L.

• Laranja azeda - Citrus aurantium L.

• Laranja doce - Citrus aurantifolia (L.) Swingle

• Tâmara - Phoenix silvestris Roxb.

• Jambo - Eugenia jambolana Lam.

• Jaca - Artocarpus integra (Thumb). Merr. e Artocarpus integrifolia

L.

• Carambola - Averrhoa carambola L.

• Tamarindo - Tamarindus indica L.

• Calamondin - Citrus microcarpa Bge.

• Toranja - Citrus grandis Osb.

• Lichia - Nephelium mutabile Bl.

• Banana - Musa cavendishii Lamb., Musa paradisiaca L. e Musa

4

Page 5: Importancia Da Fru Tic

sapientum L.

• Jambo vermelho - Eugenia malaccencis L.

• Mangostão - Garcinia mangostana L.

• Amora vermelha - Rubus rosaefolius Smith.

• Fruta pão - Artocarpus communis Forst. e Artocarpus champeden

Lour

II a. Centro Indo-Malaio: é considerado complemento do Centro Indiano e inclui

todo arquipélago Malaio e Indochina.

Culturas:

• Banana - Espécies de Musa

• Coco - Cocos nucifera (L.)

III. Centro de Origem Asiático Central: corresponde ao Noroeste da Índia

(Punjab, fronteiras do Noroeste, Cashemira), todo o Afeganistão, as Repúblicas

Soviéticas Tadjikistão e Uzbekistão, e o Oeste de Tian-Shan.

Culturas:

• Pistache - Pistacia vera L.

• Damasco - Prunus armeniaca L.

• Pera - Pyrus communis L. (e espécies selvagens desse gênero)

• Amêndoa - Amygdalus communis L.

• Uva - Vitis vinifera L. (Selvagem e em cultivo)

• Noz - Juglans regia L.

• Avelã - Corylus columa L.

• Maçã - Malus pumila Mill.

IV. Centro de Origem do Oriente Próximo: este centro compreende o

Oriente Próximo, incluindo a Ásia Menor, toda a Transcaucásia, Irã e também

as montanhas do Turkemenistão. Envolve um território relativamente pequeno.

Culturas:

• Figo - Ficus carica L.

5

Page 6: Importancia Da Fru Tic

• Romã - Punica granatum L.

• Maçã - Malus pumila Mill.

• Pera - Pyrus communis L.

• Marmelo - Cydonia oblonga Mill.

• Cereja - Prunus divaricata Led. e Prunus cerasus L.

• Cereja-preta - Cerasus avium (L.) Monch.

• Amêndoa - Amygdalus communis L.

• Noz - Juglans regia L.

• Avelã - Corylus avellana L.

• Castanha - Castanea sativa Mill.

• Uva - Vitis vinifera L.

• Damasco - Prunus armeniaca L.

• Pistache - Pistacia vera L.

VII. Centro de Origem do Sul do México e da América Central (estão

incluídas as Antilhas).

Culturas:

• Fruta-do-Conde - Anona squamosa L.

• Graviola - Anona muricata L.

• Sapoti - Sapota achras Miller e Sapota sapotilla Coville

• Mamão - Carica papaya L.

• Abacate - Persea americana Mill.

• Goiaba - Psidium guajava L.

• Cajá vermelho - Spondias purpurea L.

• Cajú - Anacardium occidentale L.

VIII. Centro de Origem Sul-Americano (Peruano - Equatoriano -

Boliviano). Compreende as áreas montanhosas da Bolívia, Peru e parte do

Equador.

Culturas:

• Maracujá - Passiflora ligularis Juss.

6

Page 7: Importancia Da Fru Tic

• Mamão - Carica candicans A. Gray. e Carica candamarcensis Hook.

• Goiaba - Psidium guajava L.

• Ingá - Inga feevillei DC.

• Cajú - Anacardium occidentale L.

• Maracujá - Passiflora edulis Sims.

• Castanha-do-Pará - Bertholletia excelsa Humb. & Bonpl.

VIII b. Centro de Origem Brasileiro - Paraguaio: Considerado subcentro do Sul

Americano, abrange do território brasileiro.

Culturas:

• Uvaia - Eugenia uvalha Cambess.

• Pitanga - Eugenia uniflora L.

• Grumixama - Eugenia dombeyi Skeels.

• Jabuticaba - Myrciaria jaboticaba Berg. e Myrciaria cauliflora Berg.

• Abacaxi - Ananas commosus (L.) Merr.

• Castanha-do-Pará - Bertholletia excelsa Humb. e Bonpl.

• Cajú - Anacardium occidentale L.

• Feijoa - Feijoa sellowiana Berg.

• Maracujá roxo - Passiflora edulis Sims.

A partir dos centros de origem, as plantas foram disseminadas em todo o

mundo, primeiramente, através de pequenas viagens realizadas pelo

homem e pela necessidade de utilização para os vários objetivos,

destacando a alimentação. No início, as plantas frutíferas, quando levadas

aos locais fora dos centros, sofreram algumas mudanças, pois sua

adaptação foi progressiva. Daí, devido às alterações no seu 'habitat', várias

mudanças podem ter surgido, repercutindo muitas vezes em variações

genéticas, através de mutações espontâneas e hibridações naturais. O

homem, então, com seu espírito de selecionar as espécies de interesse, foi

através dos tempos escolhendo aquelas espécies ou variedades que

7

Page 8: Importancia Da Fru Tic

apresentavam características superiores. Sabe-se que inúmeras variedades

e cultivares hoje existentes são, na sua maioria provenientes de mutações e

hibridações naturais. A disseminação das espécies e variedades, na

verdade, ocorreu primeiramente no velho mundo e daí para o novo mundo e

o canal foi a ansiedade dos povos mais antigos em descobrir novos

horizontes. Através dessas aventuras, a tripulação inicialmente em

caravelas e posteriormente com meios de transporte mais adequados,

levavam material genético, principalmente em forma de sementes, além de

frutos e até mudas, que deixavam nos locais como forma de registrar a sua

presença ou de dominância nos novos locais, bem como o objetivo de

produzir frutos destinados ao uso na alimentação, visando as próximas

viagens.

Conhecendo-se o histórico de cada espécie cultivada hoje, verifica-se que a

narrativa, na maioria dos casos coincide com o descrito acima. Inúmeros

exemplos comprovam essas hipóteses, como o caso da macieira e pereira.

De acordo com a literatura, existem evidências que essas duas culturas são

as mais antigas cultivadas. O centro de origem dessas pomáceas é citado

como sendo a região entre o Cáucaso e o leste da China, sendo que sua

evolução deve ter iniciado há mais ou menos 25 milhões de anos.

Especulações são feitas quanto ao desenvolvimento das espécies atuais;

presume-se que tenha acontecido a partir da última era glacial, portanto, há

20.000 anos. Mais tarde, no Império Romano, a cultura da macieira já era

bastante difundida (200 antes de Cristo). No Brasil a pomicultura se iniciou,

provavelmente no município de Valinhos, no Estado de São Paulo, pelo

fruticultor Batista Bigneti, em 1926, com a cultivar Ohio Beauty. Em 1927

foram vendidas mudas enxertadas dessa cultivar, produzidas por José

Trombetta, sendo o seu primeiro propagador. Daí se expandiu para o

município de Bom Jardim da Serra, no Estado de Santa Catarina, em 1940,

feito por J. Amaral.

O Estado do Rio Grande do Sul em 1948 já possuía lotes com a cultivar

Valinhense e outros no pomar de José Brugger, na granja Tirol, em Caxias

8

Page 9: Importancia Da Fru Tic

do Sul. Em Santa Catarina, na Estação Experimental de Videira, a primeira

coleção foi instalada em 1958, com as cultivares Rainha Catarina, Ohio

Beauty, Rome Beauty, Red Delicious, dentre outras.

Das frutíferas mais cultivadas e uma das mais conhecidas no mundo talvez

seja a laranjeira. A história dessa frutífera pode ter iniciado por volta de

2200 antes de Cristo, de acordo com escritos chineses. Seu centro de

origem é fonte de muitas controvérsias. Segundo alguns pesquisadores, os

cítricos teriam surgido no leste asiático; hoje essa região pertence à

Malásia, Birmânia, Índia, China e Butão. Daí se dispersou para o Norte da

África, Europa e posteriormente para as Américas. No Brasil, esse fruto de

ouro, segundo alguns trabalhos, surgiu na época do descobrimento, pois

em 1540 já se tinha conhecimento do seu cultivo nos arredores de

Salvador. Dessa época em diante o cultivo de cítricos foi aumentando,

tendo grande impulso quando em torno de 1760 surgiu uma nova variedade

de laranja nas imediações de Salvador, provavelmente por mutação da

Laranja "Seleta" e denominada de 'Baía', homenageando assim o Estado.

Essa nova variedade não possuía sementes e apresentava boa aparência e

por isso chegou a ser exportada. Sua redenção ocorreu quando foi levada

para os Estados Unidos em 1873, melhorada e novamente rebatizada com

o nome de "Washington Navel", chegando hoje a ser a segunda copa mais

cultivada mundialmente, sendo superada somente pela "Valência". De lá

para cá, grandes avanços têm sido alcançados, colocando o Brasil na

posição privilegiada de maior produtor de frutos frescos e maior exportador

de suco de laranja concentrado congelado. Em termos gerais, o Brasil, com

seu potencial para produção, ainda está aquém de sua capacidade.

Entretanto, o que se tem observado é um grande incremento na produção

de frutos, tanto para consumo como fruta fresca, quanto para

industrialização.

Quase todos, senão todos os Estados exploram a fruticultura; algumas

regiões se destacam, a exemplo de São Paulo, que é o maior produtor de

cítricos e manga, com aproximadamente um milhão de hectares de cítricos;

9

Page 10: Importancia Da Fru Tic

ocupando a segunda posição, vem Sergipe com mais ou menos 50.000

hectares. Santa Catarina mostra sua potencialidade, sendo o maior

produtor de maçã. Abacaxi, sendo a Paraíba seu maior produtor. A Bahia

se destaca na posição de primeiro lugar na produção de banana e segundo

de mamão. O maior produtor de goiaba é o estado de Pernambuco com um

volume registrado em 1991 de 106.820 toneladas produzidas. O Espírito

Santo ocupa a primeira posição em produção de mamão. O Rio Grande do

Sul ocupa a primeira posição na produção de uva, principalmente para a

produção de vinhos, enquanto que Minas Gerais ocupa a quinta colocação

do total, entretanto, com ênfase para produção de uvas para mesa.

Em Minas Gerais, as regiões que mais têm-se destacado na produção de

frutas são: Zona da Mata, Triângulo Mineiro, Vale do São Francisco, Sul e

Campo das Vertentes. Muitos outros municípios têm procurado incentivar

essa atividade, a exemplo de Lavras, com a implantação do programa

FRUTILAVRAS I, iniciado pela UFLA, EPAMIG, EMATER, Sindicato Rural,

Prefeitura Municipal, SEBRAE e produtores rurais, cujo objetivo é a

capacitação e profissionalização dos produtores do município para

produzirem frutas, como uma alternativa ao binômio café-leite.

DISTRIBUIÇÃO DA FRUTICULTURA

A fruticultura, assim como outras atividades da agricultura, encontra um

enorme potencial de produção nas diferentes áreas geográficas do globo terrestre.

Particularmente a fruticultura, pela sua grande diversidade de espécies, apresenta

ampla adaptação em todo o planeta. De maneira geral, encontram-se frutíferas

vegetando e produzindo nas diferentes regiões, desde regiões de clima frio (em

boa parte do ano), até aquelas localidades com temperaturas muito altas.

Observando-se a distribuição das espécies, verifica-se que inicialmente as

espécies selvagens se concentravam principalmente nos centros de origem ou de

diversidade. A evolução para o cultivo comercial se iniciou nesses centros de

10

Page 11: Importancia Da Fru Tic

origem. Contudo, são inúmeros os fatores que determinam o grau de

adaptabilidade de uma dada espécie; dentre esses, com maior ênfase, pode-se

destacar o solo e o clima. Especificamente o clima é que praticamente define a

distribuição das espécies no globo terrestre. De acordo com a literatura, a

distribuição e evolução da fruticultura coincidem com aquelas regiões que foram

denominadas por Vavilov como centros de diversidade ou centros de origem.

DISTRIBUIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO

De acordo com alguns pesquisadores, didaticamente pode-se definir as

espécies, geográfica e didaticamente, de acordo com as condições climáticas,

tomando-se por base as latitudes, a partir da linha do Equador. Assim sendo,

pode-se definir as frutíferas em três grandes grupos: frutíferas de clima tropical,

subtropical e temperado.

11

Page 12: Importancia Da Fru Tic

As frutíferas de clima tropical são aquelas que encontram boas condições

para desenvolvimento e produção em clima quente, exigindo, de preferência,

pluviosidade regular e temperatura média anual superior a 22oC; sua distribuição

geográfica corresponde às latitudes de 0 a 20 N e 20 S.

São denominadas de tropicais porque se situam na faixa entre os trópicos

de câncer e capricórnio.

Nesta faixa, não há muita variação nas estações do ano, chegando a

temperatura mínima de 15oC, em média. Frutíferas que apresentam crescimento

quase que contínuo. Dentre as inúmeras espécies cultivadas nessa faixa, pode-se

citar: abacaxizeiro, bananeira, cajueiro, coqueiro, goiabeira, gravioleira, jaqueira,

mamoeiro, mangueira, maracujazeiro, sapotizeiro e tamareira.

DISTRIBUIÇÃO NO BRASIL

O Brasil, por ser um país de dimensões continentais, possui uma

diversidade climática muito grande. Há regiões que chegam à temperaturas

12

Page 13: Importancia Da Fru Tic

inferiores a 0oC no período de inverno, como a serra gaúcha, propícia para

a fruticultura de clima temperado. No nordeste do país, encontram-se

regiões semi-áridas com precipitações médias anuais abaixo de 400 mm e

com temperaturas médias ao redor dos 30oC, regiões que, bem manejadas,

poderão produzir frutos tropicais de ótima qualidade, além de permitir a

adaptação de espécies de clima temperado como a videira.

Por ser um extenso território fica difícil determinar regiões bem definidas

para esta ou aquela cultura. Existem, nas diversas regiões, microclimas que

dão condições ao estabelecimento de frutíferas que pelas suas exigências

climáticas, não se adaptariam. No Sul do país, Santa Catarina mais

especificamente, onde se produz maçãs de alta qualidade, também já se

cultiva banana com muito sucesso na região do Vale do Rio Itajaí, graças

às condições locais de clima aliadas ao trabalho dos pesquisadores da

EPAGRI (Empresa de Pesquisa Agropecuária e Difusão de Tecnologia de

Santa Catarina).

Fig. Maçã

Assim como em Santa Catarina, no vale do Rio São Francisco, região de

clima quente, o cultivo da videira, considerada por muito tempo como típica

de clima frio, está sendo explorada de maneira intensiva com resultados

econômicos significativos.

13

Page 14: Importancia Da Fru Tic

Fig. Uva de vinho

Fig. Uva de mesa

Tendo em vista que nas diversas regiões ocorrem variações climáticas

características, pode-se, a partir desse conhecimento, definir de um modo

geral as grandes regiões produtoras de frutos no Brasil. Como mencionado

no item anterior, a distribuição das frutíferas segue basicamente a

distribuição do clima.

As regiões Norte e Nordeste do Brasil são propícias para o cultivo de

algumas frutíferas, a exemplo da manga, acerola, mamão, citros, cajueiro,

graviola, principalmente nos perímetros irrigados, em que o clima seco faz

com que a incidência de doenças causadas por fungos seja reduzida. A

baixa pluviosidade faz com que a utilização da irrigação seja fator de

sucesso ou fracasso da atividade, e pelo manejo adequado da água tem-se

colheitas abundantes, especialmente em período do ano em que a oferta

tanto no mercado interno como externo esteja baixa, remunerando melhor a

14

Page 15: Importancia Da Fru Tic

atividade.

Fig. Abacaxi

Fig. Caju

Fig. Citros

15

Page 16: Importancia Da Fru Tic

Fig. Coco

Fig. Manga

Fig. Mamão

16

Page 17: Importancia Da Fru Tic

Fig. Maracujá

Na região Centro-oeste, típica da exploração extensiva de gado de corte,

observa-se alguns pomares já instalados, principalmente de manga. Esta

região possui um potencial imenso para o cultivo de espécies exóticas

como a própria manga e citros, mas principalmente para a exploração de

espécies nativas, como a cagaita, araçá, gravatá, mangaba, entre outras.

A região Sudeste tem nos cítricos a maior fonte de divisas, sendo que o

Estado de São Paulo responde pela maior produção de frutos, tanto para a

indústria como para consumo 'in natura'. Além dos cítricos, São Paulo

explora outras culturas, como videira na região de Jundiaí e São Miguel

Arcanjo; o pêssego e figo na região de Valinhos e Campinas; abacate na

região de Sorocaba, entre outras. O Espírito Santo é grande produtor de

mamão, principalmente nas regiões litorâneas objetivando o mercado

interno. Minas Gerais cultiva diversas frutíferas desde tropicais como

banana, abacaxi e manga, até temperadas como o pêssego, videira e

figueira.

17

Page 18: Importancia Da Fru Tic

Fig. Limão

Fig. Banana

No Sul do país, pelos fatores mencionados, com grande potencial, produz

frutos de clima temperado como a maçã em Santa Catarina representada

por Fraiburgo (que é a capital dessa pomácea) e São Joaquim. O pêssego

se destaca no Rio Grande do Sul, na região de Porto Alegre (frutos para

consumo 'in natura'), e de Pelotas (frutos para indústria), enquanto a uva

vem sendo cultivada há muito tempo em Bento Gonçalves e Garibaldi. O

cultivo de videiras encontra-se expandido para outras regiões, sendo que a

região Sudoeste do Rio Grande do Sul tem destaque no cultivo de uvas

viníferas. O Estado do Paraná, grande produtor de grãos, tem hoje nos

citros uma das culturas com maior potencial de rentabilidade, haja visto que

diversas regiões desse Estado que estavam proibidas para o plantio, devido

ao cancro cítrico, foram liberadas.

18

Page 19: Importancia Da Fru Tic

Fig. Pêssego

3.1. IMPORTÂNCIA DA FRUTICULTURA

A fruticultura é uma das atividades mais importantes do setor primário, em

praticamente todo mundo. A relevância do setor frutícola em cada região é

variável, mas pode-se afirmar que a potencialidade para uma ou mais espécies

frutíferas ocorre em cada região. No Brasil, mais especificamente, há condições

adequadas para cultivo de um grande número de espécies, desde plantas

frutíferas de clima tropical (muitas das quais tem seu centro de origem no próprio

Brasil) até de espécies de clima temperado, cuja adaptação de um grande número

de cultivares é bastante satisfatória, tornando viável o seu cultivo comercial.

19

Page 20: Importancia Da Fru Tic

Com base nesta potencialidade, a corrida para a fruticultura no Brasil e a

tradição do cultivo de espécies frutíferas são realidade. Cada vez mais o setor

frutícola tem aumentado sua significância, na medida em que cresce a

consciência: a) do valor alimentar das frutas e da necessidade de sua inclusão na

dieta; b) da importância das espécies frutíferas em sistemas de diversificação na

propriedade; c) da necessidade da capitalização do produtor rural utilizando a

fruticultura; d) da relevância da fruticultura como geradora de empregos; e) da

importância das frutas como componentes da balança comercial e na geração de

divisas; f) do aumento do interesse de produtores tanto em nível doméstico quanto

em nível empresarial. Na verdade, a fruticultura é uma das grandes geradoras de

recursos, pois as frutas possuem alto valor agregado, ou seja, possuem alto valor

por unidade colhida, permitindo a obtenção de uma receita elevada em uma

pequena área.

Observa-se que, de um modo geral, a receita por unidade colhida para

frutas é superior à alcançada em culturas anuais. O valor agregado torna-se tanto

maior em espécies destinadas ao consumo ‘in natura’ das frutas, como é o caso

de maçã, pêssego de mesa, ameixa e tangerina e é menor em produtos

provenientes de frutas após processamento, como é o caso do suco de laranja e

de conservas de pêssego.

20

Page 21: Importancia Da Fru Tic

Além do que já foi mencionado, o interesse do consumidor em adquirir

frutas consideradas exóticas é um dos fatores que têm estimulado a produção

frutícola.

3.2. VALOR ALIMENTAR

As frutas têm grande importância na composição da dieta. Regiões

subdesenvolvidas ou em desenvolvimento, principalmente a Ásia, África e

Américas Central e Sul apresentam clima favorável ao cultivo de uma diversidade

muito grande de espécies, dentre as quais as espécies frutíferas. O quadro de

desnutrição, entretanto, é freqüentemente alarmante, denotando uma alimentação

carente e/ou inadequada. Esse panorama contraditório se estabelece tanto por

falta de cultivo dos alimentos dentre os quais as frutas, quanto ao alto custo dos

mesmos. As frutas, muitas vezes são oferecidas a preços incompatíveis com o

baixo poder aquisitivo da maioria da população. A melhoria do estado nutricional

nestas e outras regiões passa obrigatoriamente pelo aumento da oferta de frutas,

bem como pela sua inclusão na dieta cotidiana.

Mesmo em países desenvolvidos ou outras regiões tradicionalmente

consumidoras de frutas, o consumo das mesmas deve ser incrementado. Na

verdade, isso já vem ocorrendo. O perfil do consumidor vem se alterando, ciente

de que as frutas têm equilibrada distribuição de nutrientes e podem complementar

uma boa alimentação.

Freqüentemente, o consumo de frutas é motivado apenas pelo sabor,

aroma e aparência das mesmas e não pelo seu valor nutritivo. Daí a importância

do estudo e divulgação do valor alimentar das frutas. Neste sentido, dois aspectos

são fundamentais: o teor de nutrientes e a quantidade de produto consumido.

As frutas como componentes na alimentação não podem ser a única forma

de fornecimento desses elementos, mas devem ser utilizados para complementar

a dieta do dia-a-dia. Uma nutrição baseada no consumo de frutas como

componentes de uma boa alimentação é essencial, pois, de modo geral, as frutas

21

Page 22: Importancia Da Fru Tic

contêm, de forma equilibrada, muitos elementos fundamentais para uma boa

alimentação.

O consumo variado de frutos é importante não apenas para quebrar a

monitoria alimentar, mas também para permitir que sejam aproveitados em maior

quantidade em alguns frutos do que em outros.

No que se refere ao conteúdo de água, as frutas podem ser classificadas

em: frescas, que apresentam entre 60 e 90% de água, e secas (2 a 10%). As

frutas secas apresentam cerca de 3 a 25% de carboidratos, fração composta

basicamente de açúcares simples, pectina, amido e celulose (fibra). O elevado

teor de água na maioria das frutas é importante para prevenir a desidratação,

fornecendo água ao organismo.

Em segundo lugar, de modo geral, situam-se as substâncias energéticas,

dadas em calorias. A maioria dos frutos não são bons fornecedores de calorias

(carboidratos, açúcares e gorduras), exceto os frutos mais ricos tais como

abacate, castanha de caju, côco e outros. Substâncias energéticas são

importantes para o metabolismo basal, síntese de tecidos, atividade física, etc. As

frutas, aliadas ao seu baixo valor calórico, de grande importância em dietas de

emagrecimento, são importantes fontes de ácidos graxos tais como o linoleico e o

linolênico, essenciais para o organismo humano. Os ácidos graxos poliinsaturados

“Omega 3" são importantes na prevenção da obstrução de artérias e na inibição

de tumores cancerígenos. Abacate, framboesa e morango, crus, apresentam

cerca de 0,1 g/100 g de porção comestível de ”Omega 3".

As proteínas são encontradas em maiores quantidades em frutos como a

castanha-do-Pará, fruta-do-conde, abacate, banana, figo, goiaba, jaca, côco e

maracujá. O valor biológico de uma proteína expressa a sua eficiência em ser

absorvida pelo organismo. Embora na maioria das frutas o teor de proteínas seja

proporcionalmente baixo, muitas delas são de alto valor biológico.

As frutas são excelentes fontes de vitaminas, sendo a(s) vitamina(s)

predominante(s) variáveis com a espécie. Assim, predomina a vitamina A (mais

precisamente), a pró-vitamina A (caroteno), principalmente em frutas de polpa

amarela. Aproximadamente 90% do requerimento de vitamina C (ácido ascórbico)

22

Page 23: Importancia Da Fru Tic

é oriundo de frutas e hortaliças, embora esta vitamina seja apenas um dos

componentes comumente encontrados neste tipo de alimento. Na Figura 3.2.1, é

encontrada uma representação dos teores de vitaminas supridos por frutas e

hortaliças.

O abacate (100 g de polpa) pode fornecer até metade de vitamina A

necessária para um dia, enquanto a banana pode fornecer cerca de 5 a 10% do

necessário e outras frutas, como mamão, goiaba e suco de maracujá, de 50 a

100%. Frutos ricos em vitaminas C, como a acerola, a goiaba, o abacaxi e os

frutos cítricos podem fornecer toda a quantidade necessária. Outras vitaminas

como B1 e B3 são fornecidas em cerca de 5 a 20% do necessário pela maioria das

frutas.

Os minerais estão presentes nos frutos em maior ou menor quantidade.

Nozes, limão e caqui são fontes de cálcio, ao passo que o ferro é encontrado em

espécies como o figo, abacate e maracujá. O total de minerais em geral

corresponde a 0,5 a 1% das frutas. O potássio, cálcio, magnésio e ferro são

encontrados com mais freqüência e em qualidades razoáveis. Nas frutas secas, os

compostos ficam mais concentrados, de forma que o teor de nutrientes é mais

elevado.

23

Page 24: Importancia Da Fru Tic

A quantidade de fibras na maioria das frutas é bastante significativa e

importante para o consumo humano. A fibra é um componente não absorvido pelo

organismo humano que auxilia nos movimentos peristálticos para eliminação do

bolo fecal. A dieta do homem moderno é freqüentemente pobre em fibras e o

consumo de frutas pode contribuir para o incremento dessa fração na alimentação,

útil na prevenção de diversas doenças da atualidade.

Na Tabela 3.2.1, é descrita a composição nutricional de diversas frutas. Há

uma grande variabilidade sobre este tipo de informação na literatura, além do que

a composição nutricional é variável conforme a cultivar, as condições ambientais e

o manejo da cultura.

A melhor forma de consumir uma fruta, considerando seu valor nutricional é

na forma ‘in natura’. Toda e qualquer forma de processamento acarreta

modificações na sua composição, por mínima que seja. Sucos de frutas extraídos

pouco tempo antes de seu consumo, têm praticamente todos os componentes de

frutos, exceto a celulose. Com o tempo após o preparo, reações de

fotodegradação e oxidação reduzem significativamente o seu valor nutricional.

Toda vez que há uso de aquecimento da fruta, há perdas principalmente de

vitaminas, como C que é altamente termoinstável (degrada-se com o aumento de

temperatura). Em frutas enlatadas, por exemplo, a perda de vitaminas é em torno

de 50% de pró-vitamina A e vitamina B, sendo maior em vitamina C.

Na Tabela 3.2.2 são apresentados os teores de alguns nutrientes em frutas

antes e após o processamento.

24

Page 25: Importancia Da Fru Tic

IMPORTÂNCIA SOCIAL

O cultivo de espécies frutíferas tem como principal característica a elevada

exigência de mão-de-obra. Isso porque não apenas são necessários cuidados na

condução do pomar, como também na colheita e manejo dos frutos. Assim,

compreende-se porque a fruticultura tem um importante papel social, como fonte

geradora de empregos. A complexidade da fruticultura faz com que sejam exigidos

tratos culturais especiais e para isso, deve-se dispor de mão-de-obra

especializada em grande quantidade. Em comparação, uma cultura anual exige,

para condução de um hectare, uma quantidade de mão-de-obra relativamente

baixa, inclusive porque a mecanização é altamente adotada, ao contrário da

fruticultura. Por outro lado, são necessárias muitas pessoas (mão-de-obra familiar

e concentrada) para realização de tarefas tais como podas, raleio de frutos,

colheita e apenas para citar alguns exemplos. Ainda no que se refere à mão-de-

25

Page 26: Importancia Da Fru Tic

obra, a fruticultura é uma fonte geradora de empregos não apenas diretamente no

pomar, mas também indiretamente, no processamento dos frutos e manejo de

produtos industrializados. Estima-se que, para cada hectare cultivado com

frutíferas, são criados 3 a 5 novos postos de trabalho.

Face ao elevado rendimento por área e ao alto valor agregado de frutos,

como citados anteriormente, a fruticultura pode atuar, uma vez otimizando o

sistema de produção, como um agente de capitalização do produtor,

especialmente se a fruticultura estiver dentro de um plano de diversificação de

cultura da propriedade. Dessa forma a fruticultura é um importante fator de fixação

do homem à terra, pois possibilita a exploração intensiva e lucrativa das áreas

produtivas.

IMPORTÂNCIA ECONÔMICA

As frutas apresentam alto valor agregado, proporcionando um volume de

recursos alocados e gerados para as atividades muito significativas.

Para entender-se a importância econômica da fruticultura, deve-se

compreender três fases:

a) Antes da produção - por ser uma atividade de exploração intensiva, o

custo de implantação de pomares é elevado, envolvendo desde preparo de solo;

aquisição de mudas e a mão-de-obra do plantio. Estes recursos, de forma indireta,

beneficiam os setores que podem ser incluídos na jusante do volume de recursos

(Figura 3.4.1).

26

Page 27: Importancia Da Fru Tic

b) Durante a produção - os custos de manutenção de um pomar e os

recursos alocados pelo produtor beneficiam os setores de fertilizantes, defensivos,

maquinários e a própria mão-de-obra concentrada.

c) Após a produção - nesta fase, os custos estão representados

basicamente pela mão-de-obra para a colheita, além dos setores de embalagens,

transportes e sistemas de beneficiamento, refrigeração e processamento.

Isto ocorre porque a fruticultura exige tecnologia de alto custo e mão de

obra intensiva e especializada. Na Tabela 3.4.1, é apresentada a quantidade

média de insumos para manutenção de pomares de algumas espécies frutíferas,

utilizando-se como exemplo o estado de Minas Gerais.

27

Page 28: Importancia Da Fru Tic

Até agora, entretanto, estas considerações econômicas apenas

computaram as despesas. As receitas geradas por um pomar eficiente e com a

adoção de tecnologia são significativas, especialmente após encerrado o período

improdutivo, quando inicia-se a fase de estabilização da produção e amortização

dos recursos.

O volume de recursos gerados pela fruticultura, apenas considerando a

comercialização dos frutos frescos é muito significativo.

Uma consideração econômica a ser feita ainda é quanto à exportação de

frutos, uma atividade crescente no Brasil, especialmente em frutas tropicais. Isto

favorece o equilíbrio ou mesmo o superávit de balança comercial. As perspectivas

28

Page 29: Importancia Da Fru Tic

para a exportação são promissoras, uma vez que o Brasil atinja patamares de

qualidade aceitável e compatível com a exigência dos importadores.

SITUAÇÃO ATUAL

Apesar de ser um setor fundamentado em plantas perenes, a

fruticultura é uma atividade muito dinâmica, com constantes alterações nas áreas

de produção, volumes produzidos, comercializados e industrializados, espécies,

regiões de produção, entre outros.

Pode-se afirmar que, tanto em nível mundial quanto nacional, a

fruticultura está aumentando de importância, principalmente visando o mercado de

frutas frescas. O hábito do consumidor vem sendo modificado no sentido de incluir

mais frutas em sua dieta. Este fenômeno acarreta o crescimento de toda a cadeia

produtiva de frutas.

PANORAMA MUNDIAL

Em termos mundiais, a fruticultura é uma atividade muito importante,

movimentando mercados, gerando grandes montantes em divisas e

proporcionando o desenvolvimento de muitos países. O Brasil aparece como o 1o

produtor mundial de mamão e laranja, o 2o de banana, e o 4o de abacate e

abacaxi. Isso qualifica o Brasil como um grande produtor e impõe um grande

desafio para a expansão da fruticultura.

PANORAMA NACIONAL

Atualmente, o Brasil é o maior produtor mundial de frutas. A

produção brasileira de apenas 14 espécies frutíferas no período de 1990-96 foi,

em média, de 30 milhões de toneladas, em uma área colhida de 2,2 milhões de

ha. Deste total, destacam-se: laranja (18,2 milhões de t), banana (7,4 milhões de

29

Page 30: Importancia Da Fru Tic

t), abacaxi (1,7 milhões de t), coco (1,5 milhões de t) e uva (0,8 milhões de t). Na

Tabela 4.3.1 são apresentadas as produções das principais frutas brasileiras no

período 1990-96.

O Brasil responde por 7,5% da produção mundial de frutas. Isso é reflexo

de aspectos positivos para o cultivo de frutas, tais como água, extensão territorial,

sol e diversidade climática, os quais podem, em alguns casos, proporcionar várias

safras por ano. De toda a área destinada à agricultura no Brasil (55 milhões de

hectares), apenas 4% (2,2 milhões de hectares) são usados para a fruticultura.

A grande parte da produção brasileira de frutas é destinada ao mercado

interno. Embora o Brasil seja o maior produtor, somente cerca de 1% da produção

é exportada na forma de fruta fresca. O mercado para exportação, entretanto,

pode ser triplicado, uma vez solucionados alguns problemas de qualidade, canais

de distribuição, infra-estrutura e barreiras não-tarifárias. O aumento da produção

para exportação, aliado ao incremento do mercado interno pode se traduzir em um

desenvolvimento muito grande da fruticultura nacional.

As importações mundiais de frutas giram em torno de 25 bilhões de dólares

e o Brasil exporta anualmente cerca de 82 milhões de dólares, ao passo que o

Chile exporta US$ 1 bilhão e Israel U$S 1,5 bilhão.

As condições edafoclimáticas muito variáveis de região para região

permitem o cultivo de diversas espécies. Entretanto, alguns problemas em comum

são observados: deficiência em qualidade da produção, o que dificulta

especialmente a exportação, perdas da ordem de 15 a 40%, grande utilização de

pesticidas, provocando problemas de resíduos na fruta, carência de tecnologia e

deficiência na transferência da mesma, problemas de adaptação de cultivares,

entre outros.

30

Page 31: Importancia Da Fru Tic

Embora as estatísticas oficiais (IBGE) sejam complementadas por

levantamentos feitos por entidades (associações ou empresas), estas ainda são

as principais fontes de informação sobre a situação atual da fruticultura. A principal

limitação dos dados colhidos e compilados pelo IBGE diz respeito ao fato de que a

produção é apresentada em forma de número de frutas, o que torna os dados

pouco práticos para utilização.

As regiões Nordeste, Sudeste e Sul são as responsáveis por grande parte

da produção nacional de frutas. A região Norte tem relevância em algumas

espécies, porém em menor escala. Já a região Centro-Oeste é a que apresenta

menor importância. Esta distribuição geográfica da importância é fruto de dois

fatores: a) a tendência de localização das áreas de produção próximas aos

maiores centros de consumo e b) a mais recente exploração agrícola das regiões

Norte e Centro-Oeste.

A região Nordeste apresenta grande importância no cultivo da maioria das

espécies tropicais, figurando entre as principais regiões produtoras de abacaxi,

abacate, banana, caju, coco, goiaba, laranja, mamão, manga, maracujá e uva,

além de outras espécies como acerola e espécies nativas. Segundo dados obtidos

em 1990, a região Nordeste responde por 29% da produção nacional. A uva é

uma das culturas de implantação mais recente e de maior sucesso, principalmente

para produção de uvas de mesa para exportação, onde têm sido obtidas até 2,5

safras/ano de frutas de excelente qualidade, graças ao manejo adequado da

cultura, especialmente no que se refere à irrigação e ao uso de alta tecnologia. A

região Nordeste apresenta algumas vantagens quando comparada a outras

regiões: a) ecologia adequada para produção de frutas com coloração e sabor

capazes de atenderem à exigências dos mercados externo e interno. A região de

maior potencial para expansão é a do Sertão Semi-árido, a qual apresenta

temperatura média de 23-27oC, radiação solar de 2800 horas/ano, umidade

relativa do ar próxima a 50%, pluviosidade entre 400 a 800 mm/ano, concentrados

em 3 a 5 meses e evaporação média de 2000 mm/ano; b) extensa área disponível

para irrigação (5,5 milhões de hectares); c) acervo razoável de infraestrutura e

tecnologia e d) proximidade dos países importadores. Entre as limitações, podem

31

Page 32: Importancia Da Fru Tic

ser citadas as distâncias percorridas até os portos (500 a 1000 km) e o sistema

portuário deficiente.

A região Norte, principalmente os Estados do Pará, Amazonas e Rondônia

são produtores de diversas frutas tropicais tais como o mamão, côco, banana e

maracujá. Além disso, a biodiversidade da região amazônica possibilita ser

encontrado um grande número de espécies nativas que já têm importância

comercial, além de outras que apresentam boas perspectivas, tais como o

cupuaçu, graviola, pinha, camu-camu e outras. A pesquisa é de importância

fundamental na viabilização da exploração econômica destas e outras espécies

frutíferas, visto que boa parte desta produção deverá estar incluída em um plano

de manejo de sistemas agroflorestais. Outras espécies como cítricos, goiaba,

manga e outras poderão ser cultivadas com um manejo adaptado especialmente

para a região. Uma das grandes limitações da fruticultura nesta região é a grande

distância dos principais centros consumidores, bem como a precária infra-

estrutura portuária no que se refere ao manejo de frutas, principalmente para

exportação. Por exemplo, a região de Castanhal (PA), produz mamões papaya,

porém o transporte por via rodoviária leva 72 horas para chegar a São Paulo. O

transporte aéreo, necessário para que a fruta chegue em perfeitas condições na

Europa e Canadá, é oneroso (US$ 1,25 /kg), diminuindo-se a capacidade de

competição com outros produtores.

A região Centro-Oeste tem tido uma expansão da agricultura e, junto com

ela, da fruticultura, no que se refere a abacaxi, manga, etc. Entretanto, apesar do

seu imenso potencial, a região não se apresenta como uma das principais

produtoras de frutas. Exceção é feita para o marmelo em Goiás, que é citado pelo

IBGE como o terceiro produtor nacional. De modo semelhante à região Norte, o

Centro-Oeste possui diversas espécies frutíferas nativas com perspectivas e/ou

importância comercial, especialmente porque o cerrado apresenta uma grande

diversidade de espécies. Como exemplos, podem ser citados a mangaba, a

cabeludinha, a cagaita, o araçá e o gravatá.

32

Page 33: Importancia Da Fru Tic

Esta exploração vem sendo pesquisada pelo CPAC/EMBRAPA (Centro de

Pesquisa Agropecuária do Cerrado), viabilizando a implantação de pomares e

também desenvolvendo técnicas de processamento desses frutos.

A região Sul do Brasil é uma tradicional produtora de frutas, muitas delas

trazidas junto com os imigrantes europeus que a colonizaram. Pelas suas

condições climáticas favoráveis, a região apresenta a liderança nas principais

espécies de clima temperado, tais como maçã, uva, pêssego, nectarina, figo,

caqui, etc. A fruticultura desempenha, em muitas regiões, uma grande importância

econômica. Muitas frutas são destinadas à exportação, bem como outras para o

processamento. O pêssego, embora tenha passado por uma condição de

diminuição da área em função, principalmente, de problemas com a indústria

processadora, é hoje ainda uma boa alternativa. Um grande número de cultivares

foram lançadas pelo CPACT/EMBRAPA (Pelotas, RS), abrangendo um longo

período de maturação e cultivares com excelentes características, tanto para o

consumo ‘in natura’ como para o processamento ou ainda, com dupla finalidade. A

cultura da macieira é uma das mais tecnificadas, pois seu cultivo demanda alta

tecnologia para obtenção de frutos de boa qualidade - isso tem permitido que o

produto sul-brasileiro atinja o mercado internacional com boa aceitação. As

regiões de produção de Fraiburgo e São Joaquim (SC) e Vacaria (RS) têm tido

modificado o seu panorama econômico em função da cultura da macieira. A uva é

destinada predominantemente para a produção de vinhos. Embora a produção

esteja concentrada na região da serra gaúcha (Bento Gonçalves, Caxias do Sul),

melhores condições de clima e solo têm sido encontradas na fronteira oeste do

Rio Grande do Sul (Santana do Livramento), onde a produção de uvas viníferas

têm proporcionado a obtenção de vinhos de excelente padrão. Em Santa Catarina,

algumas regiões como Videira e outras de colonização italiana, principalmente, se

destacam na produção de vinhos. O Paraná, principalmente nas regiões de

Maringá e Londrina, tem destaque na produção de uvas de mesa.

Mesmo que na região Sul predomine a fruticultura de clima temperado,

espécies subtropicais como os citros, goiabeira e abacateiro são bastante

cultivadas. A temperatura amena e a amplitude térmica elevada entre o dia e a

33

Page 34: Importancia Da Fru Tic

noite favorecem a qualidade dos frutos cítricos para consumo ‘in natura’. As

regiões dos vales dos rios Caí e Taquari (RS) são tradicionais produtoras de frutos

cítricos para consumo ‘in natura’, ainda que parte da produção seja destinada ao

fabrico de sucos. Em Santa Catarina, a região oeste tem crescido em importância

na citricultura. O Paraná havia sofrido uma diminuição na área cultivada devido à

incidência do cancro cítrico, porém o cultivo de variedades mais tolerantes e um

adequado manejo tem tornado a cultura mais importante, chegando até mesmo a

serem implantadas indústrias esmagadoras. Com a instalação fábricas de suco de

laranja para produção de suco concentrado, o cultivo tem sido incrementado.

Espécies tropicais também são cultivadas na região Sul. Em Santa Catarina, mais

de 5000 produtores rurais têm na bananicultura sua principal fonte de renda. A

produção é destinada aos Estados do Sul do Brasil, porém os países do Mercosul

surgem com boas potencialidades para consumo. O mesmo ocorre com a cultura

no Rio Grande do Sul, na região Litoral Norte. Abacaxi, acerola, goiaba e manga

em breve estarão sendo cultivados no litoral de Santa Catarina, onde a amplitude

térmica favorece a obtenção de frutas com sabor atrativo e elevada qualidade. Em

alguns microclimas do Rio Grande do Sul estão sendo produzidas manga,

maracujá, abacaxi e mamão com boa qualidade.

A região Sudeste é a principal produtora de frutas do Brasil, respondendo

por 56% do total nacional, além de ser mencionada dentre os maiores produtores

das principais espécies frutíferas. Essa supremacia é devida à laranja, cultivada

em larga escala em São Paulo e destinada, principalmente, à produção de suco

de laranja concentrado e congelado. Além disso, a região inclui os principais

centros consumidores do país (São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte), o que

se traduz em uma enorme demanda de frutas. A citricultura é a principal atividade

agrícola na região. O município de Mogi-Guaçú, recordista brasileiro em produção

de citros, produz o correspondente a 10% da produção estadual, que totaliza

cerca de 10 milhões de toneladas anuais. No pico da colheita (junho a outubro), a

citricultura cria 3,5 mil novos empregos. Do total produzido, 90% é destinado à

indústria de suco (principalmente para Limeira e Bebedouro) e 10% para o

34

Page 35: Importancia Da Fru Tic

consumo ‘in natura’, sendo 7% para o mercado nacional e 3% para exportação. A

produtividade no município é de 3 caixas/planta.

No interior de São Paulo, estima-se que 140.000 famílias dependam

diretamente da citricultura, sendo 60.000 apanhadores de laranja e 80.000

empregados e pequenos produtores. A área cultivada é de 700.000 ha

distribuídos, principalmente, nos municípios de Ribeirão Preto, São José do Rio

Preto e Campinas. O Rio de Janeiro tem destaque na produção de limões e limas

ácidas, destinados tanto ao consumo ‘in natura’ quanto à industrialização. A

citricultura tem se expandido para outros locais como o Triângulo Mineiro e o Sul

de Minas Gerais. Em São Paulo, é observada ainda uma significativa fruticultura

de clima temperado, com um atuante trabalho do IAC em melhoramento genético.

Figo, ameixa, pêssego, uva e maçã são cultivados com sucesso, visando

essencialmente atender o mercado para consumo ‘in natura’. Em Jundiaí (SP),

produtores de uva para mesa vêm obtendo lucros líquidos de 35%, em média,

como conseqüência direta do plano Real, que incrementou o consumo e tornou a

moeda mais atraente que o dólar.

Em Louveira (SP), a uva vem cedendo lugar à acerola. No planalto

ocidental paulista, a cultura do maracujá vem se constituindo em alternativa de

diversificação do café, permitindo um uso intensivo da terra. Em Junqueirópolis

(SP), pequenos produtores vêm trabalhando com a diversificação através da

fruticultura envolvendo acerola, uva, goiaba, pinha, banana, limão e tangerina

Ponkan, além das uvas Itália, Rubi e Benitaka, produzidas, através de podas em

março e abril, em agosto a outubro, fora da época normal de safra. A macadâmia,

na divisa de São Paulo com Minas Gerais tem apresentado crescente importância.

O Espírito Santo responde por boa parte da produção nacional de mamão,

destacando-se como o segundo produtor nacional. Além das espécies

tradicionalmente cultivadas, outras como a acerola, maracujá, pinha e novas

cultivares de uva de mesa tem tido a sua importância aumentada nos últimos

anos.

O estado de Minas Gerais tem se destacado entre os produtores das

principais frutas. Dentro da área de abrangência da EMATER-MG, foi computada

35

Page 36: Importancia Da Fru Tic

em 1993, uma área cultivada com frutas de 122.000 hectares. O principal destino

das frutas produzidas em Minas Gerais são os mercados de São Paulo, Rio de

Janeiro e Distrito Federal, além das regiões Norte e Nordeste. Abacaxi e banana

são praticamente os únicos produtos de exportação, destinados basicamente à

Argentina. Embora Minas Gerais seja um grande produtor de frutas, importa

praticamente 75% do volume comercializado na CEASA-MG. A partir da década

de 70, a exploração comercial frutícola tomou impulso, através do apoio por

incentivos fiscais.

Basicamente toda a produção é destinada ao consumo ‘in natura’, pois,

com exceção de indústrias recentes e em implantação, as unidades de

processamento são pequenas, localizando-se principalmente nas regiões do

Triângulo Mineiro, Noroeste e Jequitinhonha (onde estão situadas as maiores

indústrias), além do Sul de Minas, Zona da Mata e Metalúrgica. O abacaxi, a

manga, o maracujá, o mamão e a acerola são as principais frutas processadas. Já

a laranja é processada nas indústrias de São Paulo. Pequenas indústrias

processam de forma caseira outros produtos.

POTENCIAL E PERSPECTIVAS

O Brasil possui regiões com enorme potencial para a produção de frutíferas.

Apesar de possuir vocação frutícola, são poucas as culturas que têm significativa

importância na balança comercial do país. Entre as culturas de grande importância

pode-se citar a manga, maçã e citros na forma, principalmente, de suco de laranja

concentrado congelado (SLCC).

Em diversas espécies, especialmente essências nativas, ainda que a

produção seja abundante, esta não é orientada para o mercado consumidor. Isto

porque a exploração ainda é feita em grande parte de forma extrativista, ou seja,

não se aplicam técnicas culturais de forma a garantir a qualidade e a produtividade

da cultura, apenas colhe-se o que a planta oferece naturalmente. Neste sentido, o

próprio padrão de qualidade não é implementado, seja pela falta de orientação

técnica, seja pela falta de exigência do consumidor brasileiro.

36

Page 37: Importancia Da Fru Tic

Entretanto, nos últimos anos tem-se verificado uma tendência de aumento

do consumo de frutas (processadas ou não), tanto no âmbito mundial como

nacional, visto que os aspectos relacionados à saúde estão sendo encarados com

mais seriedade, e as frutas de um modo geral são fornecedoras de vitaminas e

proteínas indispensáveis à dieta alimentar.

Motivado por estas e outras razões, vêm-se utilizando técnicas de manejo

adequadas à cada cultura, que em associação às introduções, seleção e

hibridações de variedades, estão possibilitando o aumento da oferta de produtos.

Aliada a este manejo, técnicas de conservação pós-colheita vêm assegurar a

maior vida útil do fruto mantendo suas características inalteradas.

A modernização do país e a globalização das atividades faz com que

questões como qualidade, competitividade, geração de empregos, qualidade de

vida e funções do Estado sejam discutidas. A agricultura representa, neste

contexto, um conjunto de setores que apresentam condições para auxiliar na

crescente modernização e competitividade da economia brasileira no mercado

mundial. Entretanto, o que se observa é uma desatenção por parte das

autoridades, no sentido de incentivar a fruticultura no Brasil. Países com áreas

muito menores têm maior expressão no contexto mundial, como o Chile que

exporta quase 1 bilhão de dólares em frutas frescas, ao passo que o Brasil exporta

150 milhões.

O Brasil sendo o maior produtor mundial de frutas, deve ordenar a

produção, voltando seus objetivos para a qualidade do produto ofertado. A partir

dessa conscientização, com certeza a potencialidade da fruticultura brasileira será

reconhecida e virá a ser uma das principais atividades econômicas do país.

Nos últimos anos, vem se observando, de uma maneira geral, um processo

de profissionalização da fruticultura como atividade econômica. De uma situação

em que o cultivo de frutas era algo caseiro e “de fundo de quintal”, com

predominância de pomares domésticos, passou-se para a exploração de áreas

mais extensas, com incremento de tecnologia, visando elevada produção e

qualidade dos frutos. Embora uma parte significativa da produção de frutas ocorra

em pomares de pequeno porte, muitas vezes envolvendo mão-de-obra familiar,

37

Page 38: Importancia Da Fru Tic

mesmo nestas situações o empirismo vêm cedendo lugar à tecnologia e o

amadorismo vem sendo substituído pela fruticultura vista como uma profissão,

conferindo cada vez mais um caráter empresarial à atividade. Além disso, para

diversas culturas, a exploração em grandes áreas é uma realidade.

A profissionalização da fruticultura é um fenômeno saudável, pois permite

que ela se consagre como atividade econômica viável, além de constituir-se em

uma excelente alternativa de diversificação na propriedade rural.

Historicamente, observa-se que a fruticultura, como outras áreas do setor

primário, passou (e periodicamente passa) por momentos de euforia para

determinadas culturas. É um comportamento cíclico, do qual podem ser citados

como exemplos a laranja em São Paulo e a maçã em Santa Catarina e Rio

Grande do Sul. Os primeiros momentos de euforia caracterizam-se por um

aumento abrupto da área cultivada, muitas vezes sem tecnologia apropriada e

sem maiores preocupações com o mercado, alardeado nesta fase como

abundante e lucrativo. Aos poucos, vai sendo verificado que nem todos os

produtores apresentam condições para manter a cultura com viabilidade de

produção, o que provoca a desistência e o abandono dos pomares. Após este

processo de ‘seleção natural’, os fruticultores que sobreviveram à crise buscam

profissionalizar-se, procurando uma maior racionalização no uso de recursos e

insumos.

38

Page 39: Importancia Da Fru Tic

Embora a fruticultura propicie um alto rendimento em relação ao

investimento, requer um aporte inicial de recursos bastante grande e o retorno só

acontece a médio prazo, de forma que linhas de crédito compatíveis em volume e

prazos são extremamente importantes.

As lições do passado têm feito com que este fenômeno cíclico venha

ocorrendo com menor freqüência, o que é benéfico ao produtor, que cada vez

mais procura atingir um bom nível de conhecimento técnico e econômico da

cultura antes de formar um pomar. Assim, a profissionalização torna-se algo cada

vez mais comum, necessária e cujo surgimento não é obrigatoriamente derivado

de uma crise anterior. O produtor deve considerar, além dos aspectos

agronômicos, os mercadológicos, devendo se assessorar com um exportador

habilitado, caso seja este o destino da fruta, para acompanhamento em marketing

e vendas, face às exigências da atividade e sua complexidade.

A busca por uma dieta mais saudável, crescente em uma sociedade cada

dia mais exigente tem aumentado a procura por frutas, tanto na forma ‘in natura’

quanto após o processamento, não apenas das chamadas ‘frutas tradicionais’,

mas também de frutas exóticas, até então desconhecidas. O aumento da

eficiência produtiva dos pomares tem permitido que as frutas sejam oferecidas a

preços mais compatíveis com o poder aquisitivo do consumidor.

Embora considerando a incerteza para o futuro, especialmente em nível

nacional, a fruticultura, como qualquer outra atividade humana, trabalha calcada

em perspectivas e projeções, fruto de estudos sobre os fenômenos passados e

sobre as tendências de consumo e produção. A tônica da organização do

processo produtivo tem sido a busca da elevada produtividade, associada ao

crescimento da qualidade do produto final. Estreitamente relacionadas com o

fenômeno da profissionalização da fruticultura, podem ser mencionadas as

seguintes tendências, tanto em nível nacional quanto internacional:

a) Redução de custos - esta tem sido uma das maiores preocupações, pois

afeta diretamente o produto final e a facilidade de venda do produto. Embora a

margem de lucro seja variável conforme a cultura, muitas vezes trabalha-se com

uma faixa estreita de lucro, em sistema de alto risco devido a fatores não-

39

Page 40: Importancia Da Fru Tic

previsíveis (chuva, granizo, ventos, doenças, pragas). Portanto, um dos maiores

desafios é a redução de custos de produção, sem que isso implique em redução

de tecnologia, mas sim pela otimização dos insumos. Os principais meios de

redução dos custos em fruticultura são os defensivos, a mão-de-obra e a redução

do período improdutivo.

b) Aumento da qualidade - a qualidade de um produto hortifrutícola inclui

características, atributos e propriedades que dão valor alimentício do mesmo ao

homem, de modo a satisfazer o consumidor ou um segmento que esteja

interessado no produto. A competitividade depende do custo mas, mais do que

tudo, depende diretamente da qualidade. A qualidade em frutos inclui redução de

pesticidas, ausência de resíduos, aspecto visual, aroma, sabor, sanidade,

maturação, tamanho, e outros, que se traduzem, em última análise, na satisfação

do consumidor. Os princípios da Qualidade Total, aplicados a muitas atividades,

podem e devem ser aplicados à fruticultura. Atualmente, trabalha-se com um

consumidor cada vez mais exigente em qualidade e cabe ao fruticultor fornecer

um produto compatível com esta exigência. Mas que parâmetros indicam a

qualidade em frutas e hortaliças? Na Tabela 4.4.1 são apresentados estes

atributos.

Frutas tropicais com qualidade e preço competitivo têm excelente mercado.

Além disso, quanto maior a qualidade dos frutos, maior o seu valor agregado.

Embora no Brasil, em relação ao mercado de frutas, o consumidor não esteja

habituado a exigir muita qualidade dos produtos que adquire, especialmente se

produtos de alta qualidade são comercializados a preços mais altos, a

necessidade de aumento da qualidade das frutas produzidas é necessária e

irreversível. Em alguns setores da fruticultura têm-se observado que, após um

incremento muito grande de áreas de cultivo de um produtor, este tende a diminuir

a área visando incrementar a qualidade das áreas restantes. Um levantamento foi

realizado entre consumidores norte-americanos visando verificar quais os itens

mais importantes quando da compra de frutas e hortaliças. Os resultados são

apresentados na Tabela 4.4.2. Embora possam haver diferenças nas preferências

do consumidor brasileiro, estes dados servem como referência.

40

Page 41: Importancia Da Fru Tic

c) Fortalecimento do consumo interno - o mercado interno mostra-se como

a grande fronteira comercial para a produção brasileira de frutas, especialmente

se associado com o crescimento e melhor distribuição da renda em uma economia

estabilizada. Se as experiências de exportação são importantes para modernizar

as bases produtivas de frutas, as compras internas serão ainda mais relevantes,

inclusive para sustentar uma escala maior de produção. Embora o Brasil seja tido

como o maior produtor mundial de frutas, o consumo ‘per capita’ da maior parte

das frutas pelo brasileiro é baixo (como por exemplo, maçã, 3,5 kg/habitante/ano)

em comparação a muitos países. O baixo poder aquisitivo da maior parte da

população e a falta de hábito de consumo deste tipo de alimento no dia-a-dia são

os principais fatores que restringem a demanda nacional de frutas. O Plano Real,

especialmente quando da sua implantação, permitiu um aumento do poder

aquisitivo, com reflexos positivos no consumo interno de frutas, demonstrando a

importância do primeiro fator no volume comercializado. Na verdade, frutas e

legumes tendem a ser os primeiros produtos a serem eliminados da lista de

compras quando de períodos inflacionários. O hábito de consumo é um

componente muito arraigado do comportamento humano, porém poderá ser

modificado na medida em que uma adequada estratégia de ‘marketing’ for

41

Page 42: Importancia Da Fru Tic

adotada. Para tanto, deve-se apontar os principais aspectos favoráveis do

consumo de frutas: valor nutritivo, importância medicinal e dietética, sabor, etc.

Freqüentemente, são encontradas algumas estimativas de que um pequeno

incremento no consumo ‘per capita’, aliado à grande população brasileira, seria

responsável por um grande aumento do volume de consumo, absorvendo não

apenas toda a produção nacional, como também exigindo o aumento da área

cultivada. Se o consumo atual de maçã (cerca de 3,5 kg/habitante/ano) fosse

incrementado em 15%, atingindo 4,0 kg/habitante/ano, considerando uma

produtividade de 20 t/ha e uma população de 150 milhões de habitantes, seria

necessário um acréscimo de 3750 ha à atual área cultivada. Há projeções para um

aumento significativo da demanda nacional para 2000 e anos seguintes para

abacaxi, mamão, manga, uva e limão.

d) Crescimento das exportações - a restrita demanda interna por frutas tem

feito com que o Brasil busque o mercado externo, atuando como exportador, tanto

de frutas para consumo ‘in natura’ como industrializadas. Há uma grande

demanda por frutas no mercado internacional e a remuneração é bastante

elevada, especialmente quando a produção brasileira é colocada no mercado em

períodos de entressafra dos países importadores. A comunidade econômica

européia e os Estados Unidos são grandes importadores dos produtos brasileiros.

Os denominados “tigres asiáticos” são alguns dos países com maior potencial

42

Page 43: Importancia Da Fru Tic

para importação de frutas brasileiras. Entretanto, medidas protecionistas internas

de cada país têm feito com que a entrada do produto seja mais difícil. Um dos

maiores desafios a serem enfrentados é o da qualidade, pois são crescentes as

exigências em padrões de qualidade (peso, tamanho, aparência) e fitossanitários

(ausência de pragas, especialmente quarentenárias), o que exigirá um esforço

cada vez maior dos fruticultores e exportadores. As principais barreiras não

tarifárias à exportação das frutas brasileiras estão relacionadas a aspectos

fitossanitários. EUA e Japão proíbem a importação de figo, goiaba e caqui e

impõem exigências especiais para a aquisição de manga e uva. Em alguns casos,

é dada preferência para aquisição de frutas de ex-colônias dos principais

importadores. As perspectivas para exportação de frutas são, de modo geral,

promissoras. Uma das estratégias a serem adotadas é a da formação de ‘pools’

de empresas produtoras, as quais, juntas, podem lançar o produto no mercado

internacional com padronização e garantia de qualidade.

e) Exploração de áreas marginais - ‘áreas marginais’ são aquelas cujas

condições edafoclimáticas são desfavoráveis à adaptação plena de cultivares de

uma certa espécie. Embora estas regiões dificilmente venham a competir com as

áreas preferenciais para cultivo, a exploração nestas condições pode permitir a

oferta de um fruto mais cedo ou mais tarde no mercado, a valores mais elevados.

A introdução com sucesso de uma espécie frutífera em áreas marginais depende

dos seguintes fatores: a) fatores sócio-econômicos, relacionados ao mercado, à

proximidade de centros consumidores e à disponibilidade de mão-de-obra; b)

disponibilidade de cultivares com capacidade de adaptação para áreas marginais,

incluindo resistência a baixas temperaturas, estresse hídrico e a doenças, baixa

exigência em frio hibernal para quebra da dormência, etc.; c) condições

edafoclimáticas que permitem a adaptação de algumas cultivares. Estas

condições edafoclimáticas podem ser encontradas tanto em áreas extensas

quanto em microclimas, localizados em vales de rios, montanhas, regiões

próximas a barreiras naturais, d) tecnologia de produção apropriada para estas

regiões, diferenciada das áreas mais tradicionais de cultivo. Assim, o incremento

do cultivo está associado a uma intensificação da pesquisa. Este fenômeno vem

43

Page 44: Importancia Da Fru Tic

sendo observado especialmente para espécies frutíferas de clima temperado,

devido ao seu curto período de produção, em Estados como Minas Gerais, São

Paulo, Espírito Santo, Rio de Janeiro e outros.

f) Diversificação da fruticultura - além das espécies frutíferas consideradas

como ‘tradicionais’, há uma tendência de ampliação do leque de espécies

cultivadas, tanto com espécies exóticas quanto nativas. A flora brasileira é muito

rica em espécies frutíferas nativas e muitas delas já se encontram em cultivo

comercial, além de outras tantas, que se encontram em fase de melhoramento e

desenvolvimento de tecnologia. Estas poderão vir a se tornar boas fontes de renda

para o produtor. Além disso, o mercado internacional é ávido por frutas ‘exóticas’,

dentre as quais se incluem estas espécies. Observa-se um aumento no interesse

por frutas com elevado teor de um ou outro componente da dieta humana, como a

vitamina C, caso da acerola, do camu-camu e de outras tantas espécies.

g) Redução do uso de insumos - a questão do meio ambiente está cada vez mais

presente na agricultura e produtos “ecologicamente corretos” são cada vez mais

procurados. Também como componente da qualidade, isto inclui a necessidade de

se buscar tecnologias capazes de associar um mínimo de insumos com a

obtenção de um fruto de bom padrão. Os insumos, neste caso, envolvem

especialmente inseticidas, acaricidas, fungicidas e adubos químicos (ou mesmo

orgânicos) capazes de deixarem resíduos nos frutos. A agricultura biológica prevê

a produção de frutos com um mínimo de custo, alto valor biológico e bom aspecto

comercial, com uso de tecnologia. Esta técnica é uma tendência mundial,

relacionada com o aumento da demanda de produtos isentos de resíduos, com o

seu maior valor de mercado e com uma boa estratégia de marketing e com a

conscientização de que os limites de resíduos de agrotóxicos são cada vez

menores.

PESQUISA EM FRUTICULTURA

A pesquisa em fruticultura no Brasil é realizada por um grande número de

instituições, dada a diversidade de espécies e climas. Basicamente, a pesquisa

44

Page 45: Importancia Da Fru Tic

em fruticultura é efetuada pelo sistema oficial, sendo que a participação da

iniciativa privada é mais restrita, referindo-se basicamente a poucas estações

experimentais e a convênios com as instituições oficiais.

É inegável a importância da pesquisa em qualquer setor da produção

agrícola. Particularmente a fruticultura, pela exigência e boa resposta ao uso de

tecnologia, é um grande exemplo. A maçã, em Santa Catarina e no Rio Grande do

Sul, era uma cultura que poucos acreditavam que poderia vir a se tornar viável nas

condições brasileiras. O esforço empreendido no passado e no presente tem

proporcionado a adaptação de cultivares, o desenvolvimento e transferência de

tecnologias adaptadas e o melhoramento genético. Dessa forma, a cultura

alcançou um patamar tecnológico suficiente para incluí-la como uma cultura de

primeiro mundo. A citricultura, na sua história, passou por momentos de extrema

dificuldade, quando problemas fitossanitários praticamente dizimaram os pomares.

Tecnologias desenvolvidas pela pesquisa, tais como os clones nucelares, porta-

enxertos resistentes, microenxertia e outras, tornaram possível que o Brasil

passasse a ser o maior produtor mundial de citros. A uva, no Nordeste brasileiro

pode ser também citada, visto que encontra-se viabilizada a produção de uvas de

excelente qualidade, devido à adaptação de tecnologia para o manejo das plantas.

Porém, muitos problemas são enfrentados pela pesquisa: falta de recursos,

depauperamento de estações experimentais, laboratórios e equipamentos, falta de

pessoal, instabilidade e descontinuidade de programas de pesquisa, distância

entre a pesquisa e a realidade do produtor, pouco envolvimento com a iniciativa

privada, entre outros. O apoio governamental é essencial.

45

Page 46: Importancia Da Fru Tic

Boa parte da pesquisa em fruticultura é realizada por instituições federais

ligadas ao sistema EMBRAPA. As instituições estaduais são vinculadas às

Secretarias de Agricultura ou a fundações autônomas. Além das instituições de

pesquisa, as universidades têm papel muito importante, tanto na execução de

projetos quanto em convênios com as instituições de pesquisa, treinamento de

recursos humanos e fornecimento de pessoal, tanto alunos de graduação quanto

de pós-graduação. Em um futuro breve, as relações entre instituições de pesquisa

e as universidades deverão se tornar ainda mais estreitas, com benefícios para

ambas as partes.

MERCADOS

O conhecimento do mercado de frutas é essencial para quem produz, bem

como para quem assessora tecnicamente o produtor e, obviamente, para quem

comercializa a produção. A falta de planejamento para colocação do produto final,

seja ele na forma de fruta fresca ou processada acarreta grandes dificuldades,

podendo até mesmo inviabilizar o empreendimento.

No Brasil, vários fatores contribuem para que o principal destino da

produção seja o mercado interno de frutas frescas. A importância do mercado

externo como consumidor da fruta brasileira está muito aquém do potencial do

País. O processamento das frutas é uma atividade bastante desenvolvida em

algumas espécies, como a laranja, pêssego e coco, porém necessita ser

incrementada como forma alternativa de absorver frutas em excesso ou mesmo de

baixo padrão para comercialização na forma de fruta fresca.

IMPORTAÇÃO

A fruticultura brasileira, apesar de ocupar a primeira posição mundial em

produção, ainda importa boa parte dos produtos aqui consumidos. A produção

brasileira de frutos está estimada em 35 milhões de toneladas por ano, valor esse

que corresponde a 10% da produção mundial, a qual equivale a um montante de

46

Page 47: Importancia Da Fru Tic

25 bilhões de dólares. De acordo com esses dados, era de se esperar que o Brasil

não tivesse necessidade de importação de frutos; entretanto, isso não se

concretiza. Segundo a Frupex (1994) o volume anual importado está estimado

entre 100.000 a 170.000 t/ano, distribuídos entre os vários frutos existentes.

As importações de frutas podem ser divididas em frutas frescas, frutas

secas (desidratadas) e de frutas de casca rija (castanhas, amêndoas e avelãs).

A importação de frutos é feita de acordo com necessidades de cada país,

entretanto, em alguns casos ela se realiza devido à acordos bilaterais de

cooperação entre países. De maneira geral, se observa que nossos maiores

fornecedores nesse setor são o Chile e a Argentina, que juntos respondem por

mais de 85% das importações brasileiras. Do Chile, o maior volume importado é

de Kiwi, que passou de 2.558 para 7.966 toneladas, de 1994 para 1995.

O valor médio dos produtos chilenos é menor que o dos produtos

argentinos. Estes últimos participam com mais de 70% do volume importado pelo

Brasil, enquanto respondem por 60% das importações brasileiras. Confirma que a

Argentina é a maior beneficiada no que se refere à importação pelo Brasil.

A maçã e a pêra frescas correspondem a valores que superam três quartos

do total importado da Argentina. Particularmente, a maçã fresca tem apresentado,

nos últimos anos, valores estáveis, isso devido ao grande incremento na produção

nacional. Entretanto, a pêra fresca poderá ter uma participação maior, pois na

Argentina, seus custos com transporte são menores que os chilenos e sua

qualidade e volume produzido são superiores aos brasileiros. Outro produto

importante é a uva, pois apesar de apresentar valores abaixo da maçã e pêra, seu

volume é significativo. Estima-se que esses valores serão menores ao longo dos

anos, devido ao aumento considerável que está ocorrendo nas produções e

plantio de novas áreas, principalmente para uvas de mesa, como é o caso do

Norte de Minas e Nordeste do Brasil.

De maneira geral, com o aumento de consumo devido à estabilidade da

moeda, aumento da renda, valorização cambial e redução de tarifas aduaneiras,

além da maior abertura de mercados, a tendência é de aumento nas importações

de diversas frutas. A falta de condições para suprir o mercado nacional e as

47

Page 48: Importancia Da Fru Tic

facilidades para liquidação de câmbio nas importações (de 180 a 360 dias)

favorecem este quadro. Outro fator importante dessa abertura é o acordo entre os

países do Mercosul, acarretando um incremento dos produtos que já são

importados e outros que os consumidos exigirão. Sabe-se que além dos países da

América do Sul, Central e Norte, outros da Europa, Ásia e África também são

grandes fornecedores de frutos para o Brasil. Algumas frutas que ainda são

consideradas como exóticas, vêm tendo um incremento significativo no volume de

importações. Dentre essas, pode-se destacar o kiwi, pêra, maçã, ameixa,

nectarina, framboesa, damasco, mangostão, algumas variedades de uvas sem

sementes e muitos outros que a população exige em decorrência do aumento do

poder de compra. Além das frutas frescas, produtos industrializados de inúmeras

formas são importados dos diferentes países e das diversas regiões do globo.

Alguns fatores podem ser abordados para explicar esta tendência de

aumento nas importações de frutas pelo Brasil:

a) Abertura do mercado brasileiro para as importações - enquanto há

alguns anos atrás, falar em produto importado era algo menos freqüente,

praticamente todos os supermercados de médio e grande porte, apresentam

seções de produtos importados, entre eles, produtos derivados de frutas.

b) O aumento do poder aquisitivo - com a implantação do plano Real,

houve um aumento do poder de compra por parte do consumidor brasileiro. Com

isso, aumentou a aquisição de frutas com valor mais elevado e melhor qualidade,

muitas vezes encontrado em produtos importados.

c) A desvalorização do dólar - é um dos fatores de grande

importância, pois com o dólar valendo menos que o Real, a facilidade de aquisição

de produtos importados foi bem maior.

d) Com o avanço da comunicação - o consumidor brasileiro toma,

mais facilmente, conhecimento das frutas e produtos derivados em outras partes

do mundo, passando a procurar mais por estes produtos.

e) O aumento do elenco de frutas e derivados vem aumentando,

muitos deles de origem exótica, fazendo com que a diversidade e o volume de

produtos importados seja incrementada.

48

Page 49: Importancia Da Fru Tic

O aumento da importação acarreta alguns problemas. Em se tratando de

frutas sem similar nacional (ou com pequeno volume produzido no Brasil), não há

grandes dificuldades. Entretanto, considerando os frutos que também são

produzidos no Brasil, o fruticultor nacional geralmente é prejudicado, pois, muitas

vezes, a importação representa uma concorrência desleal com o produto

brasileiro. Freqüentemente, produtos nacionais e importados são colocados em

condições equivalentes de vendas (preço e exposição nas prateleiras), ou até

favoráveis ao produto estrangeiro, caso típico do pêssego enlatado importado da

Grécia. Porém, em diversos casos, isto ocorre porque a tributação sobre o produto

importado, o qual, induz a um menor custo de produção, compensa o transporte e

as tarifas alfandegárias acarreta um menos custo final. Segundo dados da ABPM,

o produtor nacional de maçã concorre em condições desleais com os seus

colegas do Mercosul e da Europa. “A maçã argentina, além de não ser taxada na

fronteira com o Brasil, recebe o reintegro (alíquota de 12% devolvida ao produtor)”.

Na Europa e na Argentina, o imposto é cobrado apenas na fase de venda. Além

disso, o prazo de pagamento aos importadores é muitas vezes, prolongado,

chegando a ser de 360 dias. O faturamento pelo concorrente é, muitas vezes,

maior com os frutos importados.

O aumento da importação de frutos e derivados tem reduzido o consumo do

produto nacional. De janeiro a julho de 1995, foram vendidos na CEAGESP 4,4%

a mais de produto nacional, em relação ao mesmo período de 1994. Tem-se

observado, também, que o aumento no consumo de vinhos importados, tem

prejudicado enormemente o consumo de vinhos nacionais, levando, até mesmo,

alguns produtores do Rio Grande do Sul erradicarem seus vinhedos, devido à

indústria vitícola não ter capacidade de absorver mais frutas para processamento.

A desvalorização do dólar, aliada à redução das alíquotas de importação,

se por um lado acarretam o aumento de importação, por outro, correspondem à

uma diminuição circunstancial nas exportações pelo Brasil.

Se por um lado, a importação traz problemas, por outro, impõe desafios ao

fruticultor. O maior deles é, sem dúvida, a necessidade de aumentar a qualidade

das frutas brasileiras, aliando-se a um mero custo de produção. Dessa forma, há

49

Page 50: Importancia Da Fru Tic

maior capacidade de competição frente aos produtos importados. Além disso,

convém incentivar a difusão, através de técnicas de marketing, da qualidade do

produto nacional e das suas demais propriedades, incentivando o consumidor a

adquirir, preferentemente, o produto brasileiro. Cabe aos fruticultores, ainda

batalhar para que a importação não seja substituta do produto nacional, mas sim,

complementar a ele, visando atender o mercado brasileiro com frutas sem similar

nacional e/ou em épocas de entressafra.

EXPORTAÇÃO

O Brasil é o maior produtor mundial de frutas. Porém, quando se refere a

exportações, os volumes e cifras brasileiras no setor frutícola são bastante

modestos. Nos últimos 10 (dez) anos, o volume de frutas exportadas pelo Brasil

não ultrapassou 300.000 t (menos de 1% da produção nacional). Dessa forma, o

Brasil figura como o 20o em volume de frutas exportadas. Algo semelhante pode

ser constatado na Tabela 5.3.1, onde o contraste entre os volumes mundiais e

brasileiros de frutas exportadas é apresentado.

50

Page 51: Importancia Da Fru Tic

As principais frutas exportadas são a laranja, manga, maçã, uva, abacaxi e

banana (vendida somente para a Argentina e Uruguai).

A expansão da população mundial e o aumento da demanda por alimentos,

daí decorrente, é uma realidade. A modificação do perfil do consumidor, cada vez

mais direcionado para uma alimentação saudável e equilibrada, ávido por

novidades (entre elas, frutas exóticas) e exigente quanto à qualidade do produto

que adquire, traduz-se na necessidade dos principais países consumidores de

frutas (em geral, os países mais desenvolvidos) importarem volumes bastante

expressivos. América Latina, África e Ásia constituem-se em reserva de terras, e

fontes para produção de frutas, não apenas para a sua subsistência, mas também

para a exportação. O Brasil enquadra-se nesta condição de “potencial exportador”.

Neste sentido, o estudo de assuntos relativos à exportação é extremamente

importante, pois as frutas apresentam alto valor agregado e a exportação pode ser

uma excelente fonte de divisas para o país.

Embora na década de 1930, o Brasil já exportasse volumes significativos de

frutas cítricas, principalmente, somente em 1982, as exportações tiveram maior

expressão, atingindo US$ 30 milhões em 1985 e US$ 103 milhões em 1992. Os

exportadores se organizaram, em 1978, em uma associação, a Hortinexa -

Associação Nacional dos Exportadores de Hortigranjeiros, dando impulso à

atividade. Nos últimos anos, o interesse pela exportação tem aumentado em

função do caráter empresarial que vários setores da fruticultura têm alcançado, da

possibilidade de alcançar mercados que podem absorver maiores qualidades de

frutas e da melhor remuneração pelo produto por parte do mercado externo. De

modo geral, descontados embalagem e frete, a remuneração ao produtor com

frutas exportadas, é cerca de 10% superior ao comércio interno. Além disso,

embora o poder aquisitivo do brasileiro venha aumentando, aspectos culturais e

econômicos fazem com que o consumo interno de frutas seja ainda incapaz de

absorver toda a produção nacional - dessa forma, a exportação é uma boa

alternativa para a comercialização.

Se em termos de volume exportado de frutas, a situação do Brasil é

modesta, a condição piora ao se tratar do valor em US$ FOB por tonelada. O valor

51

Page 52: Importancia Da Fru Tic

obtido pelos principais países exportadores é superior a US$ 600,00 / t, chegando

a ser, no caso do Chile, a US$ 900,00 / t. No Brasil, este valor é, em média de

US$ 300,00 / t. Isso é explicado basicamente pela pouca qualidade do produto

brasileiro, em muitos casos.

A significância e o maior volume de informações refere-se a exportações de

frutas frescas. Apesar disso, o Brasil é o principal exportador de SLCC (Suco de

Laranja Concentrado e Congelado), bem como exporta outros produtos derivados

de frutas. Falta atingir-se ainda um padrão de qualidade elevada, compatível com

as exigências dos principais importadores - este é o caso, por exemplo, do

pêssego enlatado, que ainda não atingiu os consumidores estrangeiros devido à

qualidade do produto.

Principais mercados

Atualmente, o Brasil exporta frutas principalmente para a Comunidade

Econômica Européia (CEE), o Mercosul (os quais juntos, perfazem 90% das

exportações), os Estados Unidos e o Japão. A CEE adquire 2/3 do total exportado

e o Mercosul, 1/4. Na Europa, devido às modernas facilidades do porto de

Rotterdam, as frutas chegam à Holanda, de onde são distribuídas para os demais

países do Continente.

Esta é uma relação que tem se mantido estável e num curto prazo, deverá

se manter assim. Entretanto, os EUA e o Japão apresentam restrições cada vez

maiores às frutas frescas importadas, devido, principalmente, à mosca-das-frutas

(Anastrepha spp e Ceratitis capitata). É de se prever um aumento de participação

pelos países da América do Norte e do Sudeste Asiático. Todos os importadores

têm exigências em qualidade, embora haja peculiaridade, para cada um deles. A

CEE tem grande preocupação com a mosca das frutas, especialmente

Anastrepha, já que Ceratitis capitata ocorre no continente. Com isto, impõem-se

uma série de restrições visando impedir a entrada de frutas com as larvas desta

mosca, principalmente na Espanha, devido à necessidade de proteger a

citricultura naquela região e ao clima favorável à proliferação da mosca. Grandes

52

Page 53: Importancia Da Fru Tic

exigências são impostas pelos EUA (e, em breve, pelo NAFTA) quanto à mosca

das frutas. Hoje, os EUA importam melão, manga, uva e maçã, com práticas de

quarentena. O Japão apresenta as maiores restrições para importação de frutos,

não acertando as frutas cítricas brasileiras devido ao cancro cítrico e a maçã,

devido à ocorrência de Cydia pomonella, em alguns pomares do Rio Grande do

Sul.

Na Tabela 5.3.2 são apresentados dados referentes ao volume exportado,

principais importadores e portos de exportação de frutas frescas brasileiras.

O surgimento de blocos econômicos, uma tendência mundial, afeta

diretamente o mercado para exportação, por reduzir as barreiras entre os países

componentes de cada bloco, dificultando, em alguns casos, a importação, bem

como impondo reservas de mercado por protecionismo. Por outro lado, pode

favorecer a uniformidade de exigências, a padronização do produto importado e o

aumento do volume importado de frutas.

Fatores determinantes

Alguns fatores podem ser apontados para explicar o pequeno volume

exportado:

53

Page 54: Importancia Da Fru Tic

a) Falta de qualidade do produto - embora haja tecnologia e condições, no

Brasil, para produção de frutas de excelente qualidade, ainda falta atingir

padrões mais elevados - isso porque a principal limitação para exportar

frutos é a falta de qualidade. A baixa qualidade, muitas vezes observada,

afeta o valor do produto, o prestígio do exportador e do país de origem e

a continuidade da exportação.

b) Falta ou pouca utilização de embalagens adequadas - a embalagem

também determina a qualidade do produto. Assim, ela deve permitir a

conservação das frutas, sem interferir em suas características básicas

(cor, sabor, textura e peso) durante o transporte e a comercialização.

Para o mercado de exportação, este é um fator ainda limitante.

c) Concorrência com outros países exportadores - o mercado de

exportação, assim como é visto como uma excelente perspectiva pelos

fruticultores brasileiros, é também muito visado por diversos outros

países. A qualidade e o preço do produto são determinantes para a

escolha de um ou outro país.

d) Aumento do protecionismo - é uma tendência mundial, agregada à

formação de blocos econômicos. Dificulta a exportação, pela imposição

de barreiras tarifárias e não tarifárias, pelos acordos bilaterais com outros

países e pela facilidade de intercâmbio de produtos entre os

componentes do bloco.

e) Desvalorização do dólar - este fator tornou o produto brasileiro

relativamente mais caro. Associado a isto, o plano de estabilização fez

com que se tornasse mais compensador o comércio interno do que a

exportação.

f) Pouca tradição no setor de exportação - embora a exportação já venha

sendo realizada há bastante tempo, só nos últimos anos é que ela tornou

maior impulso. A inflação, até pouco tempo, criava sérios empecilhos à

exportação. Por outro lado, pela falta de tradição, o setor ainda não se

encontra suficientemente consolidado e organizado a ponto de formar

grupos que, unidos, podem tornar a exportação de frutas mais eficiente.

54

Page 55: Importancia Da Fru Tic

g) Falta de infra-estrutura - inclui-se, neste item, as deficiências no sistema

portuário, as elevadas taxas portuárias, o alto custo do transporte aéreo

(US$ 1,25 / kg), a falta de normas para exportação, etc. Apenas a maçã

apresenta uma normatização adequada, ratificada pelo MAARA.

h) Pouco “Marketing” - falta, ao Brasil, um maior investimento para divulgar

e apontar as vantagens e qualidades da fruta brasileira frente aos

principais importadores. Porém, o investimento nesta área é modesto.

Dados da Hortinexa de 1987 apontam que, apenas em promoção e

publicidade do abacate, Israel gastou US$ 5 milhões e a Nova Zelândia

US$ 2 milhões, apenas para promover o kiwi.

i) Falta de apoio oficial - o apoio por parte do governo estende-se desde o

estabelecimento de normas, e a melhoria da infra-estrutura até o

subsídio para exportação, visando melhorar o poder de competição das

frutas brasileiras.

Ainda há um longo caminho a percorrer para explorar efetivamente o

potencial do Brasil para exportação de frutas. Mas o Brasil apresenta excelentes

perspectivas para este setor, destacando-se os seguintes aspectos:

a) Diversidade edafoclimática - os diferentes climas e tipos de solo

possibilitam o cultivo de uma gama muito variada de espécies frutíferas,

com excelente qualidade - isso se traduz em variedade de frutas para

exportação e facilidade de atingir-se mercados ávidos por frutos exóticos.

b) Estabilidade econômica - um dos requisitos para a produção visando a

exportação é o uso de tecnologia e o investimento a médio e a longo

prazo. Isto é facilitado em uma economia mais estável pois permite um

planejamento plurianual e um cálculo mais preciso da relação custo-

benefício.

c) Mercosul - com a agregação dos países do Mercosul, a participação

destes países no volume exportado de frutas tende a crescer, pois são

reduzidas as tarifas alfandegárias e as barreiras de fronteira. Entretanto,

55

Page 56: Importancia Da Fru Tic

podem ser gerados problemas com frutas produzidas em comum,

principalmente maçã e uva (Brasil e Argentina).

d) Produção em entressafra - pelo fato de que os principais exportadores

estão localizados no Hemisfério Norte, a época de safra no Brasil

corresponde à entressafra dos importadores, aumentando o valor do

produto.

Qualidade dos frutos

A qualidade é um requisito essencial para que o Brasil possa competir no

mercado internacional de frutas. Falta ao Brasil saber corresponder às exigências

em qualidade, que seguindo uma tendência mundial, aumentam a cada ano.

A qualidade de frutas para exportação refere-se aos atributos que

caracterizam o valor alimentar e valorizam o produto para aquisição pelo

consumidor. A qualidade deve ser adequada à finalidade, homogênea e constante,

de modo a conquistar o mercado e garantir prestígio ao produtor. Inclui ausência

de resíduos, fitossanidade, calibre, cor, tolerância a defeitos, maturação, sabor,

textura, embalagem e acondicionamento. A ISO-9000, certificado de qualidade

adotado largamente pela indústria, está apenas iniciando no setor agropecuário.

Apenas a maçã tem estabelecidas normas de qualidade no Brasil.

Um dos parâmetros mais importantes da qualidade é o aspecto

fitossanitário, pois pode dificultar, ou até mesmo impedir a importação por um

país.

Em Roma, em 1951, a FAO realizou a Convenção Internacional de

Proteção Fitossanitária, com o objetivo de normatizar o trânsito e a proteção dos

vegetais em nível mundial. Periodicamente, esta normatização é atualizada. Com

base nestas normas, no Brasil, o MAARA (Ministério da Agricultura,

Abastecimento e Reforma Agrária), através do Serviço de Sanidade Vegetal, emite

um Certificado Fitossanitário, atestando a qualidade fitossanitária do produto a ser

exportado. Este Certificado é obrigatório para que se processe a exportação.

Lotes com baixa qualidade são retidos (ver modelo de Certificado).

56

Page 57: Importancia Da Fru Tic

De todos os problemas de ordem fitossanitária, a mosca-das-frutas,

considerada “praga quarentenária”, é a mais importante. EUA e Japão impõem

sérias restrições a produtos que possam trazer larvas destas pragas. No Brasil,

são encontrados moscas de 2 gêneros: Anastepha e Ceratitis. Ao primeiro gênero,

pertencem 193 espécies, das quais 78 são encontradas no Brasil. Já no gênero

Ceratitis, há apenas uma espécie, Ceratitis capitata.

Quando há risco de que uma determinada fruta possa trazer pragas

denominadas “quarentenárias” ao país importador, estabelece-se tratamentos de

quarentena, os quais podem ser dos seguintes tipos: a) quarentena, propriamente

dita, em locais fechados; b) estabelecimento de áreas livres (como é o caso do

melão no Rio Grande do Norte, considerando área livre desta praga); e c)

tratamentos em pós-colheita, os quais podem ser químicos ou físicos (calor, frio e

radiação gama). Para manga, adota-se a imersão em água quente, em tempo

inversamente proporcional ao tamanho da fruta. Este tratamento consiste na

imersão a uma profundidade mínima de 12 cm em tanque com água a 46,1oC

durante 70 a 90 minutos. O tratamento com frio é adotado para uvas de mesa e

maçãs, podendo ser usado nas seguintes modalidades: a) 11 dias a 0oC; b) 13

dias a 0,55oC; c) 15 dias a 1,11oC ou d) 17 dias a 1,66oC.

O uso de defensivos deve merecer grande atenção em se tratando da

produção de frutas para exportação, pois há grande preocupação com o teor de

resíduos destes produtos na fruta ao ser consumida. Os resíduos correspondem à

quantidade de princípio ativo remanescente na fruta após a colheita. Como os

resíduos em níveis aceitáveis pelos importadores são um componente da

qualidade, é necessária a adoção de outras formas de controle que não apenas o

uso de defensivos, dentro de um programa de manejo integrado de pragas e

doenças. O uso do receituário agrônomo é um excelente meio de evitar aplicações

em exagero e inadequadas, que acabam resultando em resíduos acima dos

limites mínimos, uma vez que regulariza o uso de defensivos, permite um

acompanhamento pelo agrônomo e faz com que sejam utilizados os defensivos

registrados para cada cultura. Na Tabela 5.3.3 são apresentados alguns exemplos

de limites de resíduos.

57

Page 58: Importancia Da Fru Tic

Técnicas de exportação

Antes de abordar a técnica da exportação, é importante uma breve análise

de algumas das frutas para exportação, de modo que o fruticultor tenha

informações básicas para optar por uma ou outra espécie, visando a exportação.

As informações a seguir são obtidas, principalmente, do Manual de Exportação de

Frutas (FRUPEX, 1994):

Abacaxi - tem passado por uma certa melhoria de qualidade, refletindo em

melhores preços de mercado. A partir de 1992, o Mercosul passou a absorver

praticamente todo o volume exportado e a CEE, diminuiu a importação,

beneficiando as ex-colônias, através de acordos comerciais.

Banana - o Mercosul é responsável por grande parte do volume exportado;

a comercialização por outros mercados está praticamente desativada. A abertura

de mercado com os vizinhos do Mercosul deverá incrementar as exportações.

Goiaba - a exportação de frutas frescas é muito pequena, principalmente

devido ao pouco conhecimento do produto e a fragilidade das frutas, de forma que

58

Page 59: Importancia Da Fru Tic

as melhores perspectivas para exportação são reservadas para produtos

(conserva enlatada e doce).

Laranja - apenas cerca de 0,5% da produção nacional é exportada na forma

de fruta fresca, devendo melhorar na medida em que problemas com variedades;

manejo pós-colheita e embalagens forem solucionados. A exportação de SLCC é

dominada pelo Brasil, que é responsável por 85% das exportações mundiais.

Lima ácida (Limão Tahiti) - embora o Brasil exporte uma pequena parte da

sua produção, mas tem crescido em quantidade e qualidade, com boas

perspectivas a médio prazo.

Maçã - de uma condição de importador, o Brasil passou a exportador. O

crescimento em qualidade e as cultivares privilegiadas no mercado internacional

(Gala e Fuji), fizeram com que em 1992, a exportação de maçãs representasse

um rendimento de US$ 21,1 milhões (1º lugar na pauta de exportações de frutas

frescas). A CEE absorve praticamente todo o volume exportado, embora EUA,

Canadá e Sudeste Asiático tenderão a aumentar em importância.

Mamão Papaya - permanece em situação estéril, porém com pouca

significância, principalmente devido à fragilidade em pós-colheita, exigindo o

transporte por via aérea e onerando o produto.

Manga - passou por um crescimento notável, principalmente devido à

superação de barreiras fitossanitárias nos EUA (tratamento em água quente) e ao

aumento por parte da CEE.

Tangerina - o Brasil exporta uma pequena quantidade, principalmente

devido à baixa qualidade do produto. Cerca de 1% da produção nacional é

exportada.

Uva - menos de 1% da produção nacional é exportado, porém há boas

perspectivas de crescimento, devido ao cultivo de uvas de melhor qualidade e de

cultivares sem sementes.

De um modo geral, pode-se dividir as frutas exportadas em “tradicionais”

(banana, laranja e abacaxi) e “dinâmicas” (manga, papaia, maçã e uva). As

primeiras apresentam-se em situação estéril e as demais apresentaram um

59

Page 60: Importancia Da Fru Tic

crescimento acelerado nos últimos anos e possuem as melhores perspectivas a

médio e longo prazos.

Uma vez decidido a exportar, o produtor deve buscar informações relativas

a vários aspectos, tais como:

a) Método de comercialização - direta, indireta, com “tradings”, agentes

externos, estrutura interna de comercialização

b) Custo da exportação e do produto no mercado externo, visando estimar a

capacidade de competição da fruta em um determinado mercado

c) Registro da marca no Brasil e no exterior

d) Modalidades de venda - direta, por contrato, por consignação

e) Época de exportação, visando atingir o mercado externo em períodos de

pouca oferta (Tabela 5.3.4)

f) Contratos de venda

g) Modalidades de pagamento - remessa antecipada, carta de crédito,

cobrança

h) Modalidade de transporte - rodoviário, aéreo, marítimo ou ferroviário.

Frutas mais perecíveis requerem transporte aéreo, o mais oneroso e rápido. Os

países do Mercosul podem, ao menos em parte, serem alcançados por via

rodoviária ou ferroviária

i) Exigências dos importadores quanto aos padrões de qualidade (exemplo -

Tabelas 5.3.5 e 5.3.6), embalagem, tratamentos de quarentena e aspectos

burocráticos de exportação

As principais informações relativas à exportação podem ser obtidas junto a

órgãos oficiais e associações de exportadores e produtores. O produtor ou o

comerciante normalmente fazem a exportação através de agentes ou empresas

No Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo encontra-se a

Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), órgão diretamente responsável pela

área de exportação. É a este órgão que se deve recorrer para busca do registro do

exportador. No MAARA, encontra-se vinculado o Programa de Apoio à Produção e

Exportação de Frutas, Hortaliças, Flores e Plantas Ornamentais (FRUPEX), que

60

Page 61: Importancia Da Fru Tic

atua em pesquisa, capacitação, divulgação de informações, conscientização,

articulação e motivação para a exportação. Em São Paulo, a Hortinexa

(Associação Nacional dos Exportadores de Hortigranjeiros) congrega os

exportadores de frutas e dá as informações necessárias.

Estes órgãos podem ser contactados através dos seguintes endereços:

HORTINEXA - (011) 883-0322 - São Paulo

FRUPEX - Esplanada dos Ministérios Bloco D - 9º andar - Sala 939 70043-900 -

Brasília-DF Fone: (061) 218-2523 / 2497 / 2156 FAX: (061) 225-2119.

BRASIL E MERCOSUL

O aumento da população mundial e a conseqüente necessidade do

aumento da produção de alimentos têm criado grandes desafios. Por outro lado,

facilidades no transporte e nas comunicações entre os países têm permitido o

aumento do intercâmbio político, social e econômico, caracterizando o mundo

como uma aldeia global.

Diante dessa perspectiva, pode-se acreditar que haverá uma tendência de

aumento das transações comerciais entre países, no tocante a produtos vegetais,

de uma forma cada vez mais intensa, a fim de atender a crescente demanda. Esse

aumento de troca fará com que as exigências quanto à quantidade, e

principalmente a qualidade, também sejam aumentadas.

Os chamados blocos econômicos marcam o início de um mundo cada vez

mais multipolar. Além do Mercosul e da já conhecida Comunidade Econômica

Européia (CEE), outros grandes blocos estão rapidamente se constituindo, como o

bloco dos países do Sudeste da Ásia, liderado pelo Japão, e o NAFTA, formado

pelos Estados Unidos, Canadá e México.

Criado pelo tratado de Assunção de 26 de março de 1991 - assinado pelos

governos da Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai - o MERCOSUL é um novo

"mercado comum", que acompanha a atual tendência de formação de megablocos

econômicos. Esta tendência parece sustentar a hipótese de que a região ganhará

com a formação de seu próprio bloco. Mais recentemente, Chile e Bolívia têm

61

Page 62: Importancia Da Fru Tic

estabelecido contatos no sentido de estreitar relações com os países-membros,

com perspectivas de uma integração maior neste Bloco.

Qualquer processo de integração, entretanto, tem tanto impactos positivos

como negativos e é o balanço destes efeitos que deve ser analisado. Além disso,

o processo envolve um grande número de ajustes e sacrifícios que devem

obrigatoriamente ser realizados pelos Estados participantes. A análise dos setores

que tendem a ganhar ou perder espaço com a criação do Mercosul passa pela

observação dos produtos que tem sido mais afetados nos últimos anos. Em

relação ao Brasil, o setor mais sensível à criação do Mercosul é o agrícola.

Especificamente no setor de fruticultura, os países do Mercosul absorvem boa

parte da produção de algumas frutas, como banana e abacaxi. Com relação às

frutas de clima temperado, há preocupação dos produtores brasileiros quanto à

competição com a Argentina e Uruguai. Além disso, a entrada de produtos

oriundos de outros países, mas que utilizam os países-membros como "ponte",

pelo qual os produtos chegam ao Brasil com valores inferiores aos praticados no

mercado interno também é motivo de preocupação. Existem, ainda, no setor

agrícola, preocupações com as desigualdades das estruturas produtivas

integrantes do Mercosul, que podem afetar profundamente as economias

regionais, gerando situações de conflito.

No Brasil, a economia vem passando por um processo de liberalização do

mercado, revisão do papel do Estado e ampla abertura comercial. Com a

integração do mercado comum do sul (MERCOSUL), envolvendo Brasil,

Argentina, Uruguai e Paraguai, as relações de troca entre esses países serão

muito intensificadas.

É importante frisar que o Mercosul constitui um processo irreversível,

surgindo daí a necessidade de que importantes ajustes, principalmente macro

econômicos, sejam realizados com urgência. À medida que o tempo passa, devem

começar a surgir os primeiros entraves em vários setores produtivos,

particularmente na agricultura. Duas diretrizes básicas devem nortear o produtor

brasileiro de frutas: produzir com eficiência (principalmente com baixo custo) e

62

Page 63: Importancia Da Fru Tic

qualidade. Isso irá conferir à fruticultura brasileira a necessária competitividade no

intercâmbio comercial com os demais países-membros.

Ao contrário da CEE ou do NAFTA, o comércio intra-regional no Mercosul é

muito reduzido, representando apenas 8,5% do intercâmbio total entre os

participantes. Na verdade, os grandes clientes e fornecedores dos países do

Mercosul ainda são a Europa e a América do Norte. Dessa forma, os países do

Mercosul exportam US$ 45 bilhões e importam US$ 24 bilhões, totalizando um

intercâmbio global de aproximadamente US$ 70 bilhões. O total de intercâmbio

intra-região é atualmente da ordem de US$ 6 bilhões. Vale salientar que o

intercâmbio total Brasil/Argentina representa US$ 3 bilhões (50%) e o

Brasil/Mercosul US$ 4,6 bilhões (75%).

Integrar estruturas diferentes implica proporcionar vantagens e

desvantagens aleatórias, fora do domínio dos setores envolvidos. Unir economias

sem estabilidade cambial, com políticas monetárias oscilantes e não previsíveis,

pode determinar efeitos desastrosos para qualquer um dos parceiros. Daí, a

necessidade de ações mais diretas, e alguns pontos são fundamentais para a

permanência ou entrada na fruticultura no Mercosul.

SITUAÇÃO E PERSPECTIVAS

Para o Brasil, o setor agrícola é sem dúvida o mais sensível na integração

ao Mercosul. A importância deste setor pode ser observada na composição

percentual das importações brasileiras provenientes dos três parceiros do

Mercosul: cerca de 60% das mercadorias importadas da região pelo Brasil, são de

origem agrícola. Em contrapartida, as exportações agroindustriais brasileiras para

os parceiros do Mercosul são bem menos importantes, representando apenas

10% da receita global das exportações brasileiras direcionadas àqueles países.

Na fruticultura, o domínio do Mercosul é total, com 93% das importações

brasileiras, equivalendo a pouco mais de US$ 100 milhões anuais. O maior

destaque é para a maçã argentina, além de outras frutas de clima temperadas

como a uva, a ameixa, a pêra, o pêssego, entre outros. Para outras frutíferas o

63

Page 64: Importancia Da Fru Tic

Brasil leva vantagens, principalmente as de clima subtropical e tropical devido às

condições de clima favorecer o desenvolvimento destas culturas (Figura 6.3.1).

64

Page 65: Importancia Da Fru Tic

Os produtores brasileiros de maçã alegam que a política fiscal acaba

prejudicando sua competitividade frente ao produto argentino, a exemplo do que

65

Page 66: Importancia Da Fru Tic

acontece com outros produtos. É interessante mencionar que o Brasil chegou a

responder por 90% das exportações argentinas de frutos em 1988 e 1989, caindo

para 70% em 1990, e atualmente o Brasil é auto suficiente, sendo inclusive

exportador, principalmente para a Europa.

A fruticultura, apesar de representar apenas cerca de 5% das áreas

cultivadas no país, é uma das atividades capazes de assegurar ao Brasil um

percentual significativo do volume global de produção, colocando-o em primeiro

lugar no “ranking” dos produtores de frutas “in natura”. Entretanto, apesar desta

colocação, o Brasil destina apenas 1% da sua produção de frutas frescas para o

mercado exterior, ocupando apenas o vigésimo lugar entre os países exportadores

de frutas.

Tanto a Argentina quanto o Chile têm pomares instalados em solos de

maior fertilidade natural do que os encontrados no Brasil, em áreas com

declividade amena e com irrigação sendo realizada de forma e explorar as

condições naturais do degelo das cordilheiras.

Outro fator que favorece a fruticultura desses países diz respeito a umidade

relativa. Durante o verão esta é muito baixa, ao contrário da brasileira, onde

ocorrem índices de 80% em média. Essa alta umidade estabelece condições

favoráveis a incidência de fungos danosos a produção, encarecendo o custo

devido a intensidade de tratamentos fitossanitários. Além disso, os pomares

brasileiros estão em regiões com variação climática maior que os parceiros do

Mercosul.

Um índice que pode-se utilizar para estimar o nível tecnológico de um país

é a produtividade média de sua agricultura. É óbvio que além do nível tecnológico

outras variáveis interferem, como as condições climáticas e a organização da

estrutura do setor.

A produtividade da fruticultura brasileira é prejudicada pela falta de adoção

de técnicas não apropriadas pela maioria dos produtores e pela existência de

pomares em áreas de adaptação climática apenas marginal, com produções sem

qualidade devido a pouca exigência dos mercados internos. Deve-se ressaltar

ainda que a produção brasileira sempre foi voltada para o mercado interno,

66

Page 67: Importancia Da Fru Tic

simplesmente para substituir as importações, sem maiores pretensões de alcançar

o mercado externo. A história mostra que o País passou a exportar frutos face ao

tipo de cultivares diferenciadas e a qualidade, como no caso da maçã brasileira, e

também pelos desastres climáticos ocorridos em outros países, como no caso dos

cítricos.

Alguns de nossos parceiros econômicos no Mercosul, produtores de frutas,

estão partindo atualmente para o processamento da produção e deixando a

exploração de frutos para o mercado “in natura”. Pelo aumento da concorrência

entre os diversos países produtores, subsidiados por parte de seus governos, o

mercado dá preferência para as melhores condições de negócio. Assim a

transformação da produção em sucos, passas, geléias, entre outros é a maneira

encontrada por países como a Argentina e o Chile, para concorrer com os demais

países.

Com a abertura do mercado ocorrendo mais rápido exatamente com países

como a Argentina, que conta com alta produtividade agrícola, o confronto com os

produtores brasileiros é desfavorável. Aliado a estes fatores a política tributária

surge como uma das principais peças desse quebra cabeça, visto as diferenças

nos tratamentos dados as unidades produtivas nos países do Mercosul. Em

mercados mais estruturados, como o da CEE, mesmo depois de anos de

negociação, ainda há diferenças entre impostos nos diversos países, sendo que

não é de se esperar já no início do Mercosul se consiga harmonizar a área fiscal.

Com relação às perspectivas, alguns pontos fundamentais devem ser

observados para melhor estruturar a fruticultura brasileira. A utilização de

cultivares adaptadas as condições climáticas e adequadas ao mercado, com bom

tamanho, coloração, sabor e conservação pós colheita além da disponibilidade de

instalações de beneficiamento, armazenagem e comercialização é de suma

importância

Técnicas de manejo, desenvolvidas pela pesquisa devem estar

rapidamente disponíveis ao fruticultor, além dos padrões de qualidade que devem

ser atingidos. No caso das normas e padrões de qualidade, o Brasil carece, ainda

de tradição. Enquanto os setores industriais vêm adotando, de forma cada vez

67

Page 68: Importancia Da Fru Tic

mais generalizadas, normas e procedimentos de qualidade, principalmente o

conjunto de normas da série ISO-9000, o setor agrícola apenas se inicia nestas

práticas. Assim é que, no caso das frutas, existe apenas uma norma de qualidade

brasileira elaborada pelos produtores e exportadores de maçã e oficializada pelo

Ministério da Agricultura, do Abastecimento e Reforma Agrária.

Os investimentos de infra-estrutura devem ser incrementados no sentido de

facilitar o escoamento da produção. O transporte rodoviário, além de ser precário,

encarece o produto final. O armazenamento das frutas nos entrepostos e nos

portos deve ser ágil e eficiente, a fim de diminuir perdas e danos aos produtos.

Fatores esses que associados puderam levar a fruticultura brasileira a um lugar de

destaque no cenário Sul Americano, e também mundial.

68

Page 69: Importancia Da Fru Tic

69

Page 70: Importancia Da Fru Tic

70

Page 71: Importancia Da Fru Tic

71

Page 72: Importancia Da Fru Tic

AUTORES:

SUPERVISÃO GERAL:

Prof. José Darlan Ramos, D.Sc.

Professor Adjunto IV – Fruticultura / Citricultura / DAG – UFLA

COORDENAÇÃO:

Prof. Carlos Ramirez de Rezende e Silva, M.Sc.

Professor Titular – Fruticultura Tropical / DAG – UFLA;

72

Page 73: Importancia Da Fru Tic

Prof. Moacir Pasqual, D.Sc.

Professor Titular – Cultura de Tecidos / Fruticultura / DAG – UFLA;

Prof. Nilton Nagib Jorge Chalfun, D.Sc.

Professor Titular – Fruticultura / Clima Temperado / DAG – UFLA;

Prof. Márcio Ribeiro do Vale, M.Sc.

Professor Assistente – Fruicultura / Propagação / DAG – UFLA;

COLABORADORES:

Alexandre Hoffmann, D.Sc.

Pesquisador Embrapa / Fruticultura de Clima Temperado;

Luís Eduardo Corrêa Antunes, D.Sc.

Pesquisador Epamig / Fruticultura de Clima Temperado;

Prof. Antônio João Reis, M.Sc.

Professor Titular / Comercialização / DAE – UFLA;

Prof. José Mário P. Ramalho, M.Sc.

Professor Titular / Gerenciamento / DAE – UFLA;

Paulo Sérgio Nascimento Lopes, M.Sc.

Doutorando / Fruticultura / DAG – UFLA;

Humberto Umbelino de Sousa, M.Sc.

Pesquisador Embrapa / Cpamn / Fruticultura Tropical

Doutorando em Fitotecnia / Fruticultura / UFLA

73

Page 74: Importancia Da Fru Tic

Waldemir Martins Júnior, M.Sc.

Pesquisador da Universidade Federal do Ceará;

Myriane Stella Scalco, M.Sc.

Doutoranda / Agricultura Irrigada / DAG - UFLA

Prof. Luiz Carlos de Oliveira Lima, D.Sc.

Professor Adjunto / Pós-Colheita / UFLA

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMORIM, G. Laranjas podem financiar projeto social. O Estado de São Paulo -

Suplemento Agrícola, São Paulo, n.2013, p.G14-G15, 1995.

ANDERSEN, O. Produção de mudas de goiabeira e jabuticabeira. Informe

Agropecuário. Belo Horizonte, v.9, n.102, p.28-29, 1983.

ANUÁRIO ESTATÍSTICO DO BRASIL / FUNDAÇÃO INSTITUTO BRASILEIRO

DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Rio de Janeiro: IBGE, v.54, 1994.

BRIDI, M. Cultivo de macadâmia com café traz lucro dobrado no sudeste. O

Estado de São Paulo - Suplemento Agrícola, São Paulo, n.2051, p.G12-G13,

1995.

BRIDI, M. Mogi-Guaçu bate recorde de colheita. O Estado de São Paulo -

Suplemento Agrícola, São Paulo, n.2020, p.G3, 1994.

CAMPINAS. Instituto de Tecnologia de Alimentos. Abacate: cultura, matéria-prima,

processamento e aspectos econômicos. Campinas, 1992. 250p. (Frutos

Tropicais, 8).

74

Page 75: Importancia Da Fru Tic

CAMPINAS. Instituto de Tecnologia de Alimentos. Goiaba: cultura, matéria-prima,

processamento e aspectos econômicos. 2 ed. rev. ampl. Campinas, 1988. 224p.

(Frutos Tropicais, 6).

CARNEIRO, D. Mercosul: Passo a Passo a Integração. Brasília, 46p. 1993.

CARNEIRO, D. Reconversão Agrícola e Agroindustrial no Mercosul. Brasília. 16p.

1993.

CHITARRA, M.I.F. Colheita e qualidade pós-colheita de frutos. Informe

Agropecuário, Belo Horizonte, v.17, n.179, p.8-18, 1994.

CIRCUITO AGRÍCOLA. São Paulo: Editora Enepress (Edição Nacional).

CONTRIBUIÇÃO À BIBLIOGRAFIA NACIONAL DE FRUTICULTURA (1970-

1987). SBF, Campinas, 485p. 1989.

CONTRIBUIÇÃO À BIBLIOGRAFIA NACIONAL DE FRUTICULTURA (1988-

1990). SBF, Campinas, 110p. 1991.

CUNHA, G.A.P. da. Aspectos da fruticultura. Instituto de Pesquisa Agropecuária

do Leste, Cruz das Almas, 118p. 1973.

DONADIO, L.C. A situação atual e potencial da fruticultura brasileira. In:

Congresso Brasileiro de Fruticultura, 8, Brasília, 1986. Anais... Brasília,

EMBRAPA/DDT/CNPq, v.2, p.501-511, 1986.

DONADIO, L.C. Frutas tropicais ganham espaço e valor na Bahia. O Estado de

São Paulo - Suplemento Agrícola, São Paulo, n.2075, p.G12, 1995.

75

Page 76: Importancia Da Fru Tic

DONADIO, L.C. Noções práticas de fruticultura. Campinas, Fundação Cargill, 74p.

1993.

DURÃES, J. Importância das hortaliças e frutas na alimentação e saúde humana.

XXXV Congresso Brasileiro de Olericultura / VII Congresso Latino-Americano

de Horticultura. Anais... Curitiba, 1995, p.24-25.

FACHINELLO, J.C.; HOFFMANN, A.; NACHTIGAL, J.C.; KERSTEN, E.; FORTES,

G.R.L. Propagação de plantas frutíferas de clima temperado. 2. ed. Pelotas:

Editora e Gráfica Universitária, 178p. 1995.

FELICIANO, A.; FORTES, J.F. A calda sulfocálcica. Informativo SBF, Itajaí, v.4,

n.2, p.23-24, 1970.

FOLHA DA LARANJA. Matão: Agrofito (Informativo Agrofito).

FRANCO, G. Tabela de composição química dos alimentos. 8 ed. Rio de Janeiro:

Atheneu, 230p. 1992.

GARCIA, A. Os novos rumos da citricultura. Agrofolha/A Folha de São Paulo, São

Paulo, 11 de julho de 1995, p.4.

HENTSCHKE, R. Maçã: estudo de situação catarinense frente ao Mercosul.

Florianópolis: Epagri, 1993. 70p. (EPAGRI. Documentos, 148).

HIGA, A. Plantar bananeira dá dinheiro em Novo Horizonte. O Estado de São

Paulo - Suplemento Agrícola, São Paulo, n.2018, p.G10-G11, 1994.

HOFFMANN, S.M.B.; FACHINELLO, J.C. Uso de porta-enxertos em fruticultura.

Agros, Pelotas, v.15, n.1, p.21-38, 1980.

76

Page 77: Importancia Da Fru Tic

IBRAF ACONTECE. São Paulo: IBRAF.

INFORMATIVO SBF. Campinas: Sociedade Brasileira de Fruticultura.

JABOTICABAL UNESP EM NOTÍCIAS. Jaboticabal: UNESP.

JORNAL AGAPOMI. Governador conhece a situação da fruticultura. Jornal da

Agapomi, Vacaria, n.98, p.3, 1995.

JORNAL AGAPOMI. Os riscos da maioridade. Jornal da Agapomi, Vacaria, n.98,

p.8, 1995.

JORNAL AGAPOMI. Seminário Técnico Mercadológico Ciba Agro chegou a

Vacaria. Jornal da Agapomi, Vacaria, n.99, p.8-9, 1995.

JORNAL DA FRUTA. Vacaria: Artes Gráficas.

KREUS, C.L.; BENDER, R.J.; BLEICHER, J. História e importância econômica da

macieira. In: Empresa Catarinense de Pesquisa Agropecuária. Manual da

Cultura da Macieira. Florianópolis: EMPASC, p.13-25, 1986.

LARANJA & CIA. Matão: Citrosuco (Informativo Citrosuco).

LOPES, L.C. Junqueirópolis evita o êxodo no campo. O Estado de São Paulo -

Suplemento Agrícola, São Paulo, n.2062, p.G14-G15, 1995.

MANICA, I.; FRANCISCONI, A.H.D.; BARRADAS, C.I.N. et al. Fruticultura em

pomar doméstico - planejamento, formação e cuidados. Porto Alegre: Rigel,

143p. 1993.

77

Page 78: Importancia Da Fru Tic

MANICA, I. Fruticultura tropical: 1. Maracujá. São Paulo, Ceres, 1981. 151p.

(Ceres, 26).

MARANCA, G. Fruticultura comercial: mamão, goiaba e abacaxi. São Paulo,

Nobel, 1978. 121p.

MINAS GERAIS. Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Cenário Futuro do Negócio Agrícola de Minas Gerais - Cadeia Produtiva de

Frutas. Belo Horizonte, v.10, 53p. 1995.

MOREIRA, J.A. Fazendas de lichia se unem para exportar. O Estado de São

Paulo - Suplemento Agrícola, São Paulo, n.1992, p.G3, 1994.

NOGUEIRA, D.J.P. Os porta-enxertos na fruticultura. Informe Agropecuário. Belo

Horizonte, v.9, n.101, p.23-41. 1983.

NOGUEIRA, D.J.P. Poda e condução das fruteiras. Informe Agropecuário. Belo

Horizonte, v.11, n.124, p.33-55. 1985.

O ESTADO DE SÃO PAULO - SUPLEMENTO AGRÍCOLA. Acerola rende mais

que uva em Louveira. O Estado de São Paulo - Suplemento Agrícola, São

Paulo, n.2053, p.G4, 1995.

O ESTADO DE SÃO PAULO - SUPLEMENTO AGRÍCOLA. Contratos de

participação deram renda ao citricultor. O Estado de São Paulo - Suplemento

Agrícola, São Paulo, n.2037, p.G9, 1994.

O ESTADO DE SÃO PAULO - SUPLEMENTO AGRÍCOLA. IEA pesquisa a

modernização da bananicultura. O Estado de São Paulo - Suplemento Agrícola.

São Paulo, n.2050, p.G14, 1995.

78

Page 79: Importancia Da Fru Tic

O ESTADO DE SÃO PAULO - SUPLEMENTO AGRÍCOLA. Maracujá. O Estado

de São Paulo - Suplemento Agrícola, São Paulo, n.2052, p.G11, 1995.

O ESTADO DE SÃO PAULO - SUPLEMENTO AGRÍCOLA. Safra de laranja. O

Estado de São Paulo - Suplemento Agrícola, São Paulo, n.2070, p.G10, 1995.

PENTEADO, S. Maçã pode ter aumento de área em São Paulo. O Estado de São

Paulo - Suplemento Agrícola, São Paulo, n.2060, p.G15, 1995.

PINTO, A.C. de Q. A formação de pomares: seleção de mudas e abertura de

covas. Planaltina, EMBRAPA-CPAC, 1984. 4p. (Comunicado Técnico, 39).

RAMOS, J.D. Cultura do maracujazeiro. Aracajú, SUDAP, COPEA, EEB, 1986.

16P. (Circular Técnica, 2).

RAMOS, V.H.V. Propagação e implantação do pomar de abacateiro. Informe

Agropecuário, Belo Horizonte, v.8, n.86, p.63-66, 1982.

RAMOS, V.H.V. Produção de mudas de abacateiro. Informe Agropecuário. Belo

Horizonte, v.9, n.102, p.18-20, 1983.

RASEIRA, M.C.B.; CAMPOS, A.D. Pêssego é uma boa alternativa. Informativo

SBF, Pelotas, Jan-Mar. 1994, p.4.

REVISTA BRASILEIRA DE FRUTICULTURA. Cruz das Almas: EMBRAPA -

CNPMF. (Publicação da Sociedade Brasileira de Fruticultura).

REVISTA GLOBO RURAL. Rio de Janeiro: Editora Globo.

RODRIGUES, O.; VIEGAS, F.; POMPEU JÚNIOR, J.; AMARO, A.A. eds.

Citricultura Brasileira. 2 ed. Campinas, Fundação Cargill, v.1 e 2. 492p. 1991.

79

Page 80: Importancia Da Fru Tic

ROSTELATO, C. Fraiburgo colhe safra recorde de maçãs. O Estado de São Paulo

- Suplemento Agrícola, São Paulo, n.2049, p.G6-G7, 1995.

RUGGIERO, C. (ed.) Maracujá. Ribeirão Preto. Legis Summa, UNESP, 1987.

246p.

SALIBE, A.A. Aspectos do melhoramento de plantas frutíferas no Brasil. Ciência e

Cultura, São Paulo, v.23, n.6, p.688-691. 1971.

SALUNKE, D.K; BOLIN, H.R.; REDDY, N.R. Storage, processy and nutritional

quality of fruits and vegetables. 2 nd edition, v.1 - Flesh Fruits and Vegetables.

Boca Raton: CRC, 1991, 323p.

SIMÃO, S. Manual de fruticultura. São Paulo, Ceres, 530p. 1971.

SOUZA, J.S.I. de. Poda das plantas frutíferas. 8ª ed. São Paulo, Nobel, 224p.

1979.

SOUZA, M. de. Nutrição e adubação para produzir mudas frutíferas. Informe

Agropecuário, Belo Horizonte, v.9, n.102, p.40-43, 1983.

SOZO, J. A surpresa da safra 95. Jornal da Agapomi, Vacaria, n.99, p.6, 1995.

TOMAZELA, J.M. São Paulo transforma-se em grande pólo produtor de frutas. O

Estado de São Paulo - Suplemento Agrícola, São Paulo, n.1998, p.G10-G11,

1994.

TOMAZELA, J.M. Uva alcança o melhor preço dos últimos dez anos. O Estado de

São Paulo - Suplemento Agrícola, São Paulo, n.2049, p.G14, 1995.

80

Page 81: Importancia Da Fru Tic

TROCCOLI, I.R. Suco de laranja: exportações menores em 1994/95. Agroanalysis,

Rio de Janeiro, v.14, n.2, p.19-20, out. 1994.

VIGLIO, E.C.B. Acerola: setor agroindustrial impulsiona a produção. Agroanalysis,

Rio de Janeiro, v.14, n.4, p.51-52, dez.1994.

81