Impressão em gráfica (II) – a ausência de ISBN em livros da SMCT - Ben-Hur Demeneck - Diário...

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"Esse artigo amplia o “caso ISBN”, isto é, o debate sobre a falta de normatização de livros postos em circulação pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (SMCT), fato em choque com as determinações da lei federal 10.753/2003. A circunstância recai sobre a execução de editais públicos que têm estimulado a produção literária em Ponta Grossa via concursos e publicações" (PRIMEIRO PARÁGRAFO)

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DEMENECK, Ben-Hur. Impressão em gráfica (II). Diário dos Campos, Ponta Grossa

(Paraná), 14 jun. 2011. Primeiro caderno, seção Ensaio, p. 2.

Palavras-Chave:

ISBN, política cultural, literatura, setor editorial, Ponta Grossa, Secretaria Municipal de Cultura e

Turismo (SMCT).

Impressão em gráfica (II)

Ben-Hur Demeneck é jornalista (@demeneck)

Esse artigo amplia o “caso ISBN”, isto é, o debate sobre a falta de

normatização de livros postos em circulação pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (SMCT), fato em choque com as determinações da lei federal 10.753/2003. A circunstância recai sobre a execução de editais públicos que têm estimulado a produção literária em Ponta Grossa via concursos e publicações.

Nenhum dos livros lançados pelo Município durante a 25ª Semana Bruno e Maria Enei está cadastrado junto à Fundação Biblioteca Nacional (FBN), apesar de esse registro ser obrigatório para que um produto editorial seja oficializado como livro. Nos últimos dois anos, mais de dez obras foram publicadas por essa pasta especializada em questões culturais.

Segundo a Agência Brasileira do ISBN (sigla de “International Standard Book Number”), o investimento para obter a certificação é de R$ 12,00 por título. Após a entrada da documentação, espera-se até três dias úteis. Devido a essa facilidade nos procedimentos, entre 2009 e 2010, foram atribuídos no Brasil mais de 130 mil números ISBN. Cada sequência identifica o livro segundo o título, o autor, o país, a editora e, inclusive, a edição.

Na opinião de Rodrigo Kwiatkowski Silva (então delegado do Conselho Municipal de Cultura, na cadeira de Literatura), a falta de insistência da SMCT em obter o registro caracteriza “uma busca

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excessiva [da pasta de Cultura] por fazer o trabalho da forma menos burocratizada possível, num ambiente que já é repleto de burocracia e relatórios por fazer”. Conselheiro até abril passado, ele teve o seu trabalho “Rádio Getúlio AM” publicado numa das antologias ausentes da normatização.

Nessa altura do texto, permito ao leitor ir até a estante consultar seu livro predileto. Ao chegar lá, abra no verso da folha de rosto ou, se preferir, bata os olhos nas costas do livro (na “quarta capa”) e localize uma numeração. Você irá encontrar o ISBN. Depois retorne ao periódico neste quinto parágrafo. Continuando - aquele livro (que você adora) só chegou a suas mãos por conta do código. Senão, poderia estar encalhado na casa de quem o escreveu ou na empresa do editor.

Para Luísa Cristina dos Santos Fontes, autora que ocupa a cadeira de número cinco da Academia de Letras dos Campos Gerais (ALCG), o ISBN é um passaporte. Ele possibilita à obra chegar às mãos de qualquer leitor em qualquer país do mundo. Luísa Cristina, que foi durante sete anos supervisora editorial da Editora UEPG, arremata: “querer que um livro, efetivamente, fique limitado às paredes locais demonstra, no mínimo, haver muita insegurança ou levar a sério demais aquilo que se produz e se publica”.

A fim de equilibrar as opiniões desses artigos, a SMCT foi acionada. No entanto, ela preferiu se silenciar diante do debate. Solicitou-se que o órgão expusesse seu ponto de vista a respeito da movimentação cultural promovida pelas impressões dos livros e que apresentasse as definições que tomará para contornar seu déficit técnico quanto ao ISBN. Como visto, não houve retorno às perguntas enviadas às caixas postais de Alfredo Mourão (quatro contatos) e de Elisabeth Schimidt (dois contatos) a partir de 19 de Maio. Os destinos das mensagens são de uso regular da mala direta do Conselho Municipal de Cultura (caso do responsável pela Divisão de Teatro e Literatura) e um deles está disponível na página virtual da Associação dos Municípios dos Campos Gerais, a AMCG (caso da Secretária de Cultura e Turismo).

Para concluir, os títulos impressos pela SMCT valorizam os autores da cidade pela criação de visibilidade regional. Porém, a falta de registro nacional e internacional das obras as prejudica no ponto mais interessante ao autor: ser lido onde quer que seu talento o leve. “Profissionalizar a cultura” e “promover intercâmbios” são expressões pronunciadas correntemente por sugerirem alternativas ao que resta de provinciano nas políticas culturais. O caso ISBN exemplifica que uma mudança de mentalidade pode começar pelo que é simples e barato.