Impressionismo

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Mulher com Sombrinha – 1857 – Claude Monet

O Impressionismo é um movimento artístico muito importante. Surgido no final do século 19, os artistas desse movimento provocaram uma mudança na arte que pode ser comparada com as revoluções promovidas por Giotto e Leonardo da Vinci. Depois desses artistas, a Arte nunca mais será a mesma, pois eles contestam todas as produções feitas anteriormente. Propõem uma arte aliada aos avanços no campo da ciência, especialmente da ótica, e assim trazem para a arte um realismo em suas telas muito próximo do que vemos, o que o nosso olho percebe como real. Foi um movimento que se destacou, sobretudo, na pintura e que levou o artista ao encontro de seu tema retratado. Por mais incrível que pareça, os artistas anteriores não pintavam olhando diretamente para a natureza. Anteriormente, os artistas faziam desenhos como estudo no local, mas pintavam dentro de seus ateliers. Já os pintores impressionistas colocavam seu material de pintura nas costas e iam pintar ao ar livre, na luz natural, procurando observar suas variações durante o dia. Os impressionistas marcaram a arte ocidental como um todo e irão influenciar várias gerações posteriores. O nome "Impressionismo" veio de um quadro do pintor Claude Monet, chamado “Impressão, ao Nascer do Sol”. À época, um crítico chamou esses artistas de impressionistas, acusando-os de apenas quererem chamar a atenção e não produzir uma arte de qualidade, “correta”. As pessoas levaram um bom tempo para aceitar e compreender as pinturas impressionistas. Um dos motivos é que o público estava habituado a ver as obras muito de perto, e muitas vezes quase com o nariz colado a elas para se observar os detalhes. Para perceber a qualidade de uma pintura

impressionista, é preciso afastar um pouco para perceber como as pinceladas puras colocadas no quadro formam uma imagem bastante realista. Com o tempo, e ainda com a maioria de seus artistas vivos, os impressionistas se consagraram como grandes gênios da pintura.

Princípios do Impressionismo

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Claude Monet realizava muitas pinturas no mesmo local e com o mesmo tema. A série “Montes de feno” acima exemplifica um princípio muito importante dos pintores impressionistas: a cor varia de acordo com a luz. Ou seja, a luz da manhã não é mesma do final da tarde, por exemplo. Logo, as cores irão variar de acordo com o horário. Existe então a cor pigmento, obtida através da tinta e a cor/luz que incide sobre os objetos e que está sempre variando. O pintor fez 86 pinturas observando o mesmo local, a famosa série de pinturas da ponte japonesa. Além de pintor, o artista era um entusiasta da jardinagem. Observe as variações das cores presentes nas pinturas.

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A Partida de Críquete – Édouard Manet

A linha não existe na natureza. Com essa concepção, percebemos que a linha que contorna as imagens é apenas uma abstração pois ela na realidade não existe. O que existe é diferença de tonalidades. Os impressionistas abandonam a linha e obtêm uma pintura mais viva em que as figuras parecem que irão se mover a cada instante, dado o grande movimento que é realizado na pintura.

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Detalhe da pintura Um Bar em Folies-Bergère – Edouard Manet

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Detalhe da Adoração dos Magos – Autorretrato Sandro Botticelli

Observe as diferenças de tratamento nas duas pinturas. Na pintura renascentista de Botticcelli, podemos observar as linhas que delimitam o contorno fazendo com que a figura fique mais rígida. Já na pintura impressionista de Manet, a pintura traduz mais a realidade ao abandonar o uso da linha. O desenho não é mais o elemento estrutural das pinturas, e sim as manchas traduzidas em cores. Quando vemos uma pintura barroca, como o exemplo abaixo, ficamos impressionados com a qualidade da pintura e com seus claro-escuros e sombras. Durante as pesquisas, os impressionistas descobriram que as sombras não são grandes manchas escuras, mas sim massas luminosas com cores diversas.

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A Educação da Virgem – Georges de La Tour

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Ponte Neuf – Pieere-Auguste Renoir

As duas pinturas são extremamente diferentes. O pintor impressionista se preocupa em pintar o mundo como ele o vê, imprimindo assim o máximo de realidade possível. Já os barrocos pretendem criar uma pintura que transmita um valor religioso e nesse sentido tudo na pintura se torna teatral e falso. Ampliando a imagem da pintura de Renoir, ou com uso de uma lupa, é possível perceber as variações de cor até mesmo nas sombras dos transeuntes. O preto jamais é usado em uma obra impressionista. A teoria da cor é o universo dos artistas impressionistas. Essa geração compreendia que as cores se influenciam reciprocamente, obedecendo assim a lei das cores complementares. A complementar de uma cor é outra cor que a torna mais pura, intensa e vibrante, quando justaposta ou aproximada. A complementar do vermelho é o verde e vice-versa. A complementar do amarelo é o violeta. A complementar do azul é o laranja. Normalmente, os impressionistas usavam complementares nas sombras em contraste com as partes iluminadas. Sendo assim, os impressionistas não podiam misturar as tintas na palheta antes de aplicar na tela. Eles pintavam utilizando as cores puras aplicadas com pequenas pinceladas uma ao lado da outra para que a mistura seja realizada no campo óptico. É o observador que, ao admirar a pintura, combina as várias cores, obtendo o resultado final.

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Cavalos de Corrida numa Paisagem – Edgard Degas

Nas pinturas impressionistas nem sempre todas as imagens são nítidas. Na pintura acima não conseguimos identificar o rosto das pessoas montadas no cavalo. Isso se deve ao fato de que, realmente, quando estamos observando algo de longe, não conseguimos observar todos os detalhes. Não é possível identificar a cor dos olhos ou formato do nariz quando vemos de longe. Diferentemente dos artistas clássicos, que colocavam detalhes mesmo a uma grande distância, os impressionistas queriam que suas pinturas fossem muito próximas da realidade. Dessa forma, as pinturas renascentistas parecem mais uma caricatura da realidade, e as pinturas impressionistas, quando observadas na distância correta, assemelham-se a uma fotografia.

Impressionismo no Brasil

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Moça no Trigal – Eliseu Visconti

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Pátio interno de igreja - Arthur Timótheo da Costa

O centro mundial da Arte, durante muitos séculos, foi a Itália devido ao grande mecenas da Arte, a Igreja Católica, irradiar sua cultura a partir desse ponto. Progressivamente, esse centro é transferido para a França e com a consagração dos pintores impressionistas isso se torna definitivo até o advento da Arte Contemporânea, onde esse centro se muda para os EUA. Sendo assim, durante muitos anos tudo o que era considerado de “bom tom” provinha da França. O impressionismo então é exportado para os outros países e mesmo no Brasil ele é desenvolvido.

Além de Eliseu Visconti, vários artistas tiveram sua fase impressionista. Um deles é um dos primeiros artistas de descendência africana a se destacar no século 20, Arthur Timótheo da Costa. Sua vida e obra continuam insuficientemente estudadas, como a da maioria dos artistas de sua geração. Esses artistas são aqueles que realizam a passagem entre a tradição acadêmica da Escola Nacional de Belas Artes e as primeiras correntes modernistas. Negro, de origem humilde como a maioria dos pintores de seu tempo, não faltaram obstáculos e adversidades a Arthur Timótheo durante a sua curta vida. O artista morreu com 41 anos sem poder desenvolver todo o seu potencial. Belmiro de Almeida, Almeida Junior e Antônio Parreiras, grandes pintores brasileiros, também tiveram sua fase impressionista.

O Escândalo Impressionista Vários estilos artísticos quando se apresentam são rejeitados, pois o público ainda está preso aos ideais do estilo anterior. O impressionismo é o primeiro de uma série de movimentos artísticos que irão chocar o público, pois não serão imediatamente compreendidos. Para muitas pessoas, o impressionismo é apenas um borrão de tinta. É preciso compreender que a atividade artística exige conhecimento técnico. O artista nunca tira a sua arte do nada, ela provém de algum lugar. Pintar, por exemplo, é antes de tudo uma atividade intelectual. Romanticamente, as pessoas acreditam que o “talento natural” é suficiente para se criar uma obra de arte e que a arte está a serviço das emoções e que, para isso, basta ser sensível. Ao estudarmos a História da Arte, vemos como os artistas estavam ligados às novidades da ciência assim como da política e da economia. A Arte exige um esforço do artista em compreender o mundo que o cerca, dominar a técnica, mesmo que seja para subvertê-la, e estar ligado às novidades para que sua arte não seja apenas uma reprodução do que já foi criado.

Assista ao documentário “O Escândalo Impressionista”: http://www.youtube.com/watch?v=cgTLafxxnrc

O vídeo mostra cenas raríssimas dos artistas trabalhando. O documentário contextualiza os artistas e mostra o cenário tumultuoso promovido por essa geração. Suas obras inicialmente chocaram a burguesia, quando expostos pela primeira vez nos salões de arte de Paris. Várias obras de arte já foram depredadas ou ameaçadas de destruição por pessoas conservadoras ou pessoas em sofrimento mental. Recentemente, um grupo de vândalos destruiu parcialmente uma instalação de arte que fazia alusão aos desaparecidos da ditadura militar (1964-1985): a obra "Penetrável Genet", de Celso Sim e Anna Ferrari, integrava a 10ª Bienal de Arquitetura de São Paulo. Ela foi montada dentro do cemitério do Araçá, na zona oeste de São Paulo. Como uma obra de arte pode causar tanta comoção que chega ao cúmulo de algumas pessoas a

atacarem?