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INCÊNDIO E RECONSTRUÇÃO EM OURO PRETO: LACUNA E REVITALIZAÇÃO DO ORGULHO Resumo Um espaço apresenta sua própria linguagem, através da qual ele se expõe aos seus ocupantes, promove a interação, propicia a investigação, e por vezes, surpreende o olhar. Ouro Preto, no estado de Minas Gerais é um desses lugares. Reconhecido como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO (The United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization), a cidade tem em seus casarios e monumentos fragmentos de sua história e por conseqüência, relações memoriais e signos que identificam os fatos e os povos. Por essa razão, o acervo está impregnado de um valor que pode ser entendido como Genius Loci, ou “Espírito do Lugar” e a preservação consiste em postergar a perda iminente deste espírito. O presente artigo, portanto, propõe investigar a relação do incêndio que destruiu o antigo Hotel Pilão, e da lacuna criada na Praça Tiradentes, na cidade supracitada, com os moradores e turistas e entender se a reconstrução da edificação que foi quase totalmente destruída pelo fogo, está atrelada à sua representação perante estas pessoas. Palavras-chave: Ouro Preto; Genius Loci; Preservação; Hotel Pilão; Turismo. Abstract A space has its own language, through which it exposes its occupants, promotes interaction, provides research, and sometimes surprising the expert eye. Ouro Preto, in Minas Gerais, is one of those places. Recognized as a World Heritage Site by UNESCO (The United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization), the city has in its monuments and houses, fragments of its history , consequently has relationships of memories and signs that identify the events and the people. For this reason, the collection is infused with a value that can be understood as Genius Loci, or "Spirit of Place" and the preservation of postponing the imminent loss of this spirit. Therefore, this paper proposes to investigate the relationship of the fire that destroyed the old Hotel Pilão, and the gap

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INCÊNDIO E RECONSTRUÇÃO EM OURO PRETO: LACUNA E REVITALIZAÇÃO DO ORGULHO

Resumo

Um espaço apresenta sua própria linguagem, através da qual ele se expõe aos seus ocupantes, promove a interação, propicia a investigação, e por vezes, surpreende o olhar. Ouro Preto, no estado de Minas Gerais é um desses lugares. Reconhecido como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO (The United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization), a cidade tem em seus casarios e monumentos fragmentos de sua história e por conseqüência, relações memoriais e signos que identificam os fatos e os povos. Por essa razão, o acervo está impregnado de um valor que pode ser entendido como Genius Loci, ou “Espírito do Lugar” e a preservação consiste em postergar a perda iminente deste espírito. O presente artigo, portanto, propõe investigar a relação do incêndio que destruiu o antigo Hotel Pilão, e da lacuna criada na Praça Tiradentes, na cidade supracitada, com os moradores e turistas e entender se a reconstrução da edificação que foi quase totalmente destruída pelo fogo, está atrelada à sua representação perante estas pessoas.

Palavras-chave: Ouro Preto; Genius Loci; Preservação; Hotel Pilão; Turismo.

Abstract

A space has its own language, through which it exposes its occupants, promotes interaction, provides research, and sometimes surprising the expert eye. Ouro Preto, in Minas Gerais, is one of those places. Recognized as a World Heritage Site by UNESCO (The United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization), the city has in its monuments and houses, fragments of its history , consequently has relationships of memories and signs that identify the events and the people. For this reason, the collection is infused with a value that can be understood as Genius Loci, or "Spirit of Place" and the preservation of postponing the imminent loss of this spirit. Therefore, this paper proposes to investigate the relationship of the fire that destroyed the old Hotel Pilão, and the gap

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created in Tiradentes Square, in Ouro Preto, with local habitants and tourists, and understands if the reconstruction of the building that was completely destroyed by fire, is linked to its representation in these people.

Keywords: Ouro Preto; Genius Loci; Preservation; Hotel Pilão; Tourism

A trajetória histórica de Ouro Preto Localizada na porção centro-meridional do estado de

Minas Gerais, Ouro Preto é uma cidade de desenho urbano estreito e alongado, com topografia acidentada de vales e morros. Originalmente denominada Vila Rica, foi um arraial fundado por Antonio Dias em 1698, pois se caracterizava ali uma região identificada para a exploração de ouro, principal motivo para a instalação da Coroa Portuguesa.

Em 1708, os atritos entre bandeirantes paulistas e os chamados 'forasteiros', portugueses e imigrantes de outras regiões do país, atinge o ponto alto no distrito de Cachoeira do Campo. Este conflito ficou conhecido como Guerra dos Emboabas.

A fim de normatizar a retirada do minério da região e obter sua porcentagem sobre a extração, a Coroa chega a Minas Gerais determinando uma legislação para controlar a atividade mineradora e coibir possíveis conflitos e perdas de recursos. Nesse processo, em 1711, é fundada Vila Rica a partir da união dos arraiais espalhados pela região. Esse ajuntamento ficou conhecido como o processo de aglutinação do Caminho Tronco ou Velho no qual define uma morfologia linear e orgânica e facilitadora para as vigílias e cobranças. A mineração, portanto, transformou Vila Rica em um centro urbano, com o desenvolvimento de vida social e econômica, porem sem tantos benefícios reais para a população. Entretanto, esse processo não se deu de forma pacífica.

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Em junho de 1720, surgiu um movimento de insurreição que teve como motivação principal o anúncio feito pelo governador Pedro de Almeida, Conde de Assumar, da implantação do sistema das casas de fundição a partir de 1721, alem do aumento do valor da cobrança do quinto real, de 25 arrobas para 30 arrobas de ouro anuais. Os homens livres da Capitania rebelaram-se e ocuparam a vila, no que ficou conhecido por Revolta de Felipe dos Santos, devido a este ter tomado a liderança das ações. Contudo, os revoltosos não obtiveram sucesso e acabaram sendo presos. Ainda em 1720 a Vila se torna capital da Capitania de Minas Gerais, e pouco depois é implantado o sistema das casas de fundição.

Na segunda metade do século XVIII, a cobrança do quinto já estava em cem arrobas anuais. No entanto, com o progressivo desaparecimento das regiões auríferas, aumentou a dificuldade no pagamento deste tributo. Portugal inconformado com a diminuição dos lucros resolveu empreender um novo imposto, a derrama, que confiscava bens e propriedades como forma de complementar o pagamento de dívidas para com a Coroa. Em 1789, Neste clima de insatisfação geral, e influenciados por ideais republicanos, um grupo liderado pelo alferes Joaquim José da Silva Xavier, conhecido por Tiradentes, tramou tomar o controle de Minas Gerais declarando sua independência. A rebelião conhecida por Inconfidência Mineira foi delatada e o grupo preso, porem, por influências políticas e sociais das famílias dos inconfidentes, somente Tiradentes foi morto por enforcamento, e esquartejado para servir de exemplo, se tornando assim o mártir da Inconfidência.

Em 1823, Vila Rica se torna a Imperial Cidade de Ouro Preto, título concedido por D. Pedro I assim que foi proclamada a Independência do Brasil em reconhecimento pelo seu engajamento neste intento. A cidade, que já possuía o título de capital ainda como Vila, permanece como capital da província e depois, do estado até 1897, quando perde o título para a planejada cidade de Belo Horizonte.

Depois da diminuição da mineração aurífera, e como conseqüência desta, a cidade foi se esvaziando, e seu casario colonial foi sofrendo a influência do padrão artístico neoclássico, adquirido com a vinda da família Real.

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Entretanto, esse “esquecimento” da cidade, com o esvaziamento de famílias tradicionais e algumas histórias arraigadas a elas foi de suma importância para a preservação dos monumentos arquitetônicos, ao passo que não havia muitas pessoas interessadas naquele sítio histórico.

Foram-se as pessoas e quase todo o ouro, mas o que restou foi o suficiente para que Ouro Preto ainda permanecesse viva, e capaz suficiente de engendrar nas páginas do Brasil sua importância. Ficou para a cidade a historicidade impregnada nos casarios, fontes, ruelas e igrejas e isso foi mais que o suficiente para gerar a sua identidade. Em 1916 que Alceu Amoroso Lima, no artigo “Pelo Passado Nacional”, publicado na Revista do Brasil, relatou a cidade como uma relíquia nacional.

Nos anos 20 acontecia o movimento modernista, cujo objetivo era justamente o de resgatar memórias do Brasil, a fim de descobrir uma identidade que caracterizasse as pessoas do país. Na viagem a Ouro Preto em abril de 1924, os modernistas Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral e Mário de Andrade em 1924, reconheceram na cidade raízes fortes da cultura brasileira e a adotaram como referência nacional.

Em 1926 Gustavo Barroso, reconhecido por sua defesa em prol da preservação do patrimônio, fez sua primeira viagem a Ouro Preto, e ficou impressionado com o abandono do casario. Com empenho pessoal conseguiu em 1928 verbas para restauração de monumentos na cidade, atuando pessoalmente na fiscalização deste processo.

Portanto, as primeiras restaurações e os primeiros projetos de conservação do patrimônio surgem na década de 20 e nos anos de 1931 e 1932. Pela promulgação de dois decretos municipais, os moradores da cidade passam a ser obrigados a manterem as fachadas coloniais, e também adotá-las em novas construções. Em 12 de julho de 1933, com o decreto nº. 22.928, Ouro Preto é declarado pelo Governo Federal oficialmente como monumento nacional, consolidando assim o título de cidade histórica. Quando da criação, em 1937 do SPHAN, Ouro Preto passa a ficar então sob a tutela de um órgão federal especializado em preservar os patrimônios históricos brasileiros.

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Em 1979, Aloísio Magalhães, diretor-geral do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN promoveu o primeiro Seminário do órgão na cidade, cujo objetivo era fomentar iniciativas de ação comunitária. Como resultado deste empenho e de outras ações, Ouro Preto foi o primeiro bem cultural brasileiro inscrito na Lista do Patrimônio Mundial Cultural, em 1980. Este título foi concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura – UNESCO, e todos os casarios e monumentos que faziam parte do perímetro tombado se encontraram protegidos.

A saber, sua inscrição no Livro de Tombo do Iphan data, a primeira de 20/01/1938 e a segunda de 15/09/1986. (Livro de Tombo: Iscr. 39 fl.08, LH inscr. 512fl. 98; LAEP inscr.98 fl. 47- Proc. 070-T-38)1

Figura 1 – Mapa do perímetro tombado da cidade de Ouro Preto, MG.

Fonte: http://www.ouropreto.mg.gov.br/. Acesso em 10/08/2011.

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O Hotel Pilão O casarão conhecido como Hotel Pilão, sofreu no ano de

2003 um incêndio que o destruiu quase na totalidade. Sua reconstrução o tornou um ponto simbólico no recente processo de preservação do conjunto arquitetônico da cidade.

Ele foi construído no século XIX, aproximadamente em 1812, e originalmente era composto de três casas, que em 1868 se transformaram em duas, e em 1894 em uma única residência, conforme revelado por escavações posteriores ao incêndio. De acordo com De Grammont2, o casarão pertencia a Ana de Menezes, que o repassou ao seu neto, Padre José Joaquim Viegas de Menezes, que o herdou a fim de manter as obras de caridade da avó que consistiam na assistência a jovens. Outra hipótese revela que a edificação seria do século XVIII, reestruturada no século XIX, tendo em vista sua fundação em alvenaria de pedra dos séculos XVIII e XIX. 3

No início do século XIX, deram então lugar ao casarão, aonde funcionaria o Hotel Pilão, grande ícone do desenvolvimento urbano e turístico do município4. Entretanto, em abril de 2003 um incêndio destruiu boa parte do monumento deixando, além de dúvidas quanto à causa – foram levantadas hipóteses de vazamento de gás, curto circuito ou incêndio criminoso – uma grande lacuna física, histórica e memorial no coração da cidade de Ouro Preto.

De acordo com De Grammont5 em Ouro Preto os riscos de incêndio são muito grandes devido à maioria das casas serem geminadas e construídas de pau-a-pique, material muito inflamável. Além disso, os equipamentos de combate a incêndio são caracterizados pela precariedade técnica, dificuldade de locomoção pelas ruas estreitas e íngremes e ausência de uma rede de hidrantes, mostrando insuficiência não somente no caso supracitado, mas em outros casos anteriores. Une-se a isso o déficit no número de bombeiros e brigadas de incêndio.

Findo o incêndio, a discussão girou em torno de se fazer ou não a reconstrução do edifício. Tendo como base que Ouro Preto é parte de um cenário colonial declarado Monumento Nacional e Patrimônio Cultural da Humanidade, opta-se pela reconstrução do

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prédio nos moldes do anterior, deixando claras as interferências e evidenciando a lacuna ocasionada pela destruição.

De acordo com Brandi uma lacuna representa uma interrupção indevida e dolorosa. Deve-se, portanto, reduzir esta lacuna em relação à efetiva figura que se apresenta, mas deixando bastante evidente que ali houve uma interferência. Logo, a reconstrução do prédio se deu para cobrir uma lacuna existente no centro histórico, a fim de refazer uma obra de arte num conjunto linear.

(...) na arquitetura a espacialidade própria do monumento é coexistente ao espaço ambiente em que o monumento foi construído. Se então, em uma obra de arquitetura como interior, a salvaguarda da dimensão exterior-interior é assegurada só pela conservação do interior, em uma obra de arquitetura como exterior, a dimensão interior-exterior exige a conservação do espaço ambiente em que o monumento foi construído. 6

Ainda de acordo com o autor, quando em casos excepcionais se opte pela reconstrução, é necessário ter atenção para que a obra não se torne falsa, ou seja, não haja reprodução do objeto com intento de levar os outros ao engano a respeito da época, da consistência material ou do autor.

Dada à reconstrução, novos usos foram sendo adaptados ao meio, transformando o prédio no atual Centro Cultural e Turístico da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, FIEMG e no Instituto Estrada Real.

O espaço a ser preservado

Um espaço apresenta sua própria linguagem, através da qual ele se expõe aos seus ocupantes, promove a interação, propicia a investigação, e por vezes, surpreende o olhar. A visão singular das formas, volumes e vazios transmite sensações e significados. O espaço não é um conjunto de objetos vazios de referências e significados, pelo contrário, são compostos de elementos diversos, principalmente arquitetônicos, que interagem entre si. Através de uma linguagem própria se relacionam com seus

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ocupantes, criando uma percepção que se instala na memória, determinando uma leitura particular do indivíduo ou do coletivo deste espaço. Gaston Bachelard em “A poética do Espaço” se refere ao caminho percorrido na vida, as imagens e referências registradas, e a identificação no espaço, proporcionando uma interação rica de valores, onde a mente constrói este espaço através de sua leitura e referências adquiridas: “O espaço convida a ação, e antes da ação a imaginação trabalha” 7

Outro aspecto espacial gira em torno de sua percepção e esta supõe a existência de uma referência passada. Esta identificação inserida nas imagens, nas edificações e no entorno se baseia nas percepções que temos dentro de nós e foi denominada por Merleau-Ponty como verdade perceptiva, ou seja, uma identificação baseada em uma ancoragem na referência estabelecida. Esta seria responsável para que o espaço não perdesse a força proveniente da identificação pré-estabelecida exercida pelo individuo ou pelo coletivo, caracterizando a força narrativa do espaço arquitetônico.

Estes espaços, promovidos na edificação ou contexto urbano, se determinam antes das demais incidências, utilizando volumes, espaços vazios e soluções estruturais. Assim, ele se apresenta como espaço de fruição. De acordo com Vittorio Gregotti8 a fruição da obra arquitetônica pode ser apresentada de duas formas: vinculada à destinação prática do conjunto de signos que constituem determinada arquitetura e, no que concerne a dimensão semântica da obra, vinculada ao significado de sua proposta. Temos o conjunto estabelecido para a interação com seu ocupante, promovendo sua influência na resposta comportamental, individual ou do grupo, através da sua presença nas associações estabelecidas mentalmente por seus ocupantes. Em algumas destas é comum à complexidade da estrutura ser proveniente da superposição de idéias, ou de um desenvolvimento baseado na multiplicidade da idéia básica, apresentada com coerência na identificação do espaço.

Com base nestas percepções espaciais, observando a existência de referências passadas auxiliada por uma ancoragem sensorial da obra através do peso especifico do local e da vivência de seus ocupantes, podemos determinar o espaço passível de

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preservação. A identificação de pontos referenciais é importante para que possamos dialogar através de épocas distintas com o espaço preservado.

Se o valor de autenticidade da construção material é sem duvida um dos pilares da preservação, em contrapartida, é correto afirmar que a história do homem está ligada a construção de sua memória. Devemos então ter especial atenção ao chamado de Genius Loci, ou “Espírito do Lugar”. Baseado nos pensamentos de Maurice Merleau-Ponty e Bachelard é composto de elementos materiais e não materiais, que juntos determinam o espaço endossado pela dimensão semântica da obra, que ajuda a produzir com mais veracidade os meios para construção da identidade e tradução do conjunto preservado.

A relação do passado e do presente, a história vivida de um povo é à base da cadeia de identificações de sua verdade perceptiva. Se houver a ausência de referências, esta influência negativa prejudica a reconstrução referencial da própria história deturpando a base da personalidade da sociedade. A preservação destas referências é benéfica ao povo, alimenta sua saúde psíquica. O valor dos fatos ancorados pelo espaço que serve como ponto referencial promove a identificação do homem como povo e como história.

Os próprios critérios de preservação têm evoluído neste sentido. Há uma preocupação maior com o peso conceitual da obra, e a construção de sua identidade amparada nos diversos elementos que a compõem. A Declaração de Washington, de 1987, menciona que para a salvaguarda das cidades e bairros históricos ser eficaz, deve-se preservar, entre outros, o conjunto de elementos materiais e espirituais que determinam sua imagem como a forma urbana definida, e as relações entre edifícios e espaços livres.

A Carta de Cracóvia, de 26 de Outubro de 2000, que relata Princípios para a conservação e restauro do patrimônio edificado, determina que:

A reconstrução total de um edifício, que tenha sido destruído por um conflito armado ou por uma catástrofe natural, só é aceitável se existirem motivos sociais ou culturais excepcionais, que estejam relacionados com a

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própria identidade da comunidade local. (CARTA DE CRACÓVIA. In: CURY, 2004, p. 80)

A Carta do ICOMOS – Princípios para análise, conservação e restauração estrutural do patrimônio arquitetônico, ratificada pela 14ª Assembléia Geral do ICOMOS, no Zimbábue, em Outubro de 2003, define como critério que o valor e a autenticidade do patrimônio arquitetônico não podem se basear em critérios físicos, e que este deve ser considerado dentro do contexto cultural que pertence. Já a Declaração de Foz do Iguaçu, elaborada em 31 de maio de 2008 pelo ICOMOS Américas, relata a noção do “Espírito do Lugar”, vinculada aos componentes tangíveis e intangíveis do patrimônio. São considerados como aspectos essenciais para a preservação da identidade das comunidades, ligando esta noção diretamente aos espaços de relevância cultural e histórica, seus habitantes e seu entorno geográfico.

A Declaração de Québec, de 04 de outubro de 2008, realizada na ocasião da 16ª Assembléia Geral do ICOMOS, traz uma importante contribuição, pois enfatiza a necessidade de criação de mecanismos para proteger o “Espírito do Lugar”, definindo este como os elementos tangíveis e intangíveis, físicos e espirituais que dão sentido, emoção e mistério ao lugar. Embora sem enfatizar relações diretas sobre critérios de restauração, ela demonstra um claro caminho na inclusão da noção de preservação não só das edificações ou do espaço urbanos, mas principalmente do seu “Espírito”.

A relação deste valor de espaço, da sua percepção e do valor de preservação tanto dos elementos físicos, quanto do denominado “Espírito do Lugar”, se apresenta aqui através da importância do conjunto da cidade de Ouro Preto. São representativos tanto da riqueza arquitetônica de suas edificações, quanto das vivências, referências e da história presentes em suas casas e espaços públicos, orgulho de muitos que vivenciaram aqueles espaços, principalmente dos habitantes locais.

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O Incêndio e a população de Ouro Preto Perdas irreparáveis são infelizmente reincidentes no

patrimônio histórico brasileiro. Os sítios históricos e detentores de acervos patrimoniais de relevância para a história e construção da memória de uma nação vêm sofrendo reformulações em prol da modernidade vertical e imediatista. Um exemplo disso são os incêndios, que muitas vezes tem causas inexplicáveis e que destroem substancialmente um monumento. A cidade mineira de Mariana, a saber, teve a maior parte da Igreja de Nossa Senhora do Carmo, consumida pelo fogo em 20 de janeiro de 1999, justamente quando estavam sendo concluídos os trabalhos de restauração e conservação iniciados uma década antes. Quatro anos depois, na noite do dia 14 de abril de 2003, o descaso com o patrimônio, a ineficiência em se desenvolver e implantar uma política de conservação realmente eficiente teve como vitima o Hotel Pilão, na Praça Tiradentes, abrindo uma ferida na principal praça do centro de Ouro Preto.

Na noite do incêndio, a primeira visão de fogo surgiu na ultima janela da sobreloja da Rua do Ouvidor. Com a chegada dos bombeiros este primeiro foco de incêndio foi extinto. Porem novo foco voltou a surgir na grade do pavimento acima, que aparentemente teria também sido controlado pelos bombeiros, mas na realidade, no interior da edificação o fogo já era incontrolável. Logo o fogo tomou todo o casarão, atingiu o telhado, depois este ruiu e as paredes começaram a desintegrar-se. A perda já era irreparável.

A reação da população local foi de um velório a céu aberto, a população muda, sentia a agressão ao olhar e a desolação com a perda. A solenidade de 21 de abril, uma semana após o incêndio, contou com a presença do então presidente da República Luis Inácio Lula da Silva, do governador Aécio Neves e da Prefeita Marisa Xavier. A manifestação de descontentamento apresentada foi geral, com representantes da Policia Militar, do Corpo de Bombeiros, de diversas representações políticas e culturais, e principalmente, do povo da cidade. Mais uma vez foram anunciadas verbas para a conservação e estímulos ao turismo local. Não nos cabe aqui analisar a atuação política ou a eficiência na gestão, mas

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sim enfatizar o descontentamento do povo local e ânsia por reais medidas na preservação da sua cidade.

Figura 2 – Incêndio no Hotel Pilão.

Fonte: http://www.ouropreto-ourtoworld.jor.br - Acesso em 20/08/2011

Figura 3 – Incêndio no Hotel Pilão.

Fonte: http://www.ouropreto-ourtoworld.jor.br - Acesso em 20/08/2011

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Figura 4 – Manhã seguinte ao Incêndio no Hotel Pilão.

Fonte: http://www.ouropreto-ourtoworld.jor.br - Acesso em 20/08/2011.

Figura 5 – Tapume reconstruindo simbolicamente o entorno.

Fonte: http://www.ouropreto-ourtoworld.jor.br - Acesso em 05/09/2011.

Considerando a importância da percepção do espaço para a construção da memória, e compreendendo que este espaço se apresenta ferido, como proceder a partir da lacuna deixada pelo

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incêndio. A reconstrução passou a ser encarada como uma solução aceitável e estimulada. Inicialmente prometida pelos proprietários, acabou sendo executada pela FIEMG, Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, com o aval do governo estadual.

Figura 6 – FIEMG – Interior da nova edificação.

Fonte: Fotografado pelo autor

Figura 7 – FIEMG – Interior – Partes das paredes originais do casarão.

Fonte: Fotografado pelo autor

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Figura 8 – Prédio FIEMG e a Praça Tiradentes (2011)

Fonte: Fotografado pelo autor

A forma como se desenvolveria o novo projeto teve várias argumentações e defesas, entre elas foi adotada a solução de promover a identificação do que seria novo, sem perder as características externas da edificação. Novos materiais foram criteriosamente usados para não caracterizarem uma falsificação, procurando manter os símbolos que identificavam a história do casarão.

Não se utilizou, por exemplo, uma nova estrutura de madeira na cobertura, utilizando-se a estrutura metálica, o que possibilitou a reconstrução do telhado, sem que a estrutura se acomodasse como em outras coberturas. Também nas novas paredes erguidas foram deixadas marcadas as partes existentes, como forma a distinguir claramente os materiais e técnicas originais substituídos. Internamente, a edificação foi reconstruída para servir à nova utilização, porem permaneceram revelados os restos do antigo casarão, na forma de exposição para identificar o que ali existia.

Voltando a importância do conjunto arquitetônico e da memória do povo, o conjunto da Praça Tiradentes sustentava identidade própria. O espaço da praça central não aceitaria sua divisão com outro espaço composto de ruínas, como também,

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embora próximos, os espaços da área frontal à Igreja de São Francisco e a área da Praça Tiradentes, não se complementariam. Suas atribuições sociais e políticas se distanciam no decorrer da história. Não se trata de preservar um bem que detenha uma valorização particular de alguma personalidade ou representação. Trata-se de um lugar comum, palco de inúmeros atos históricos e também cotidianos, ao passo que a tradição do uso com fins culturais e políticos do espaço da praça a diferencia de outros locais, e exatamente por este caráter ambíguo o seu valor simbólico é tão representativo da história.

É certo que cada habitante destinava a Praça Tiradentes e ao Hotel Pilão um significado próprio, assim como também o incêndio ocorrido, como demonstra a pesquisa relatada por Anna Maria de Grammont. Nela verificamos que a relação de maior afetividade com o local e de maior preocupação com o patrimônio histórico se mostraram proporcionais aos anos de moradia no local e a proximidade desta com o centro histórico. Outro ponto levantado, mas que apresentou várias exceções, é o fato de que moradores de menor escolaridade demonstraram menor relação com o patrimônio.9

A perda do casarão buscou associações positivas e negativas, de reconhecimento ou rejeição ao patrimônio. O caráter negativo esteve sempre atrelado ao ônus de ser um patrimônio histórico, com suas restrições e, segundo alguns moradores, a falta de apoio financeiro para se realizar o que é exigido pelos órgãos públicos, como o IPHAN. Porém as associações mais comuns, e que consideramos representativas do sentimento do povo local é o sentimento de vazio, de revolta e de incompreensão com o ocorrido. A menção da morte foi constante, a analogia com a vida do casarão, da cidade e da própria existência se demonstrou um forte sentimento. Esta preocupação vinha amparada com a história representada nas referências do espaço e o legado que este representa tanto para o coletivo como para o individual. O que as gerações futuras perderiam sem a percepção deste espaço. Podemos mencionar a frase de uma cidadã, Cristina de 24 anos, moradora de Ouro Preto: “Pior coisa do mundo... subir a Rua Direita sem o casarão, parece que você vai cair em um abismo”. 10

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Podemos tomar o abismo como o sentimento promovido pela falta do referencial. Na cadeia de imagens representativas daquele espaço, faltava um elo, que interferia na codificação, na fluência natural do pensamento e do sentimento. Também o ganho do medo foi várias vezes ressaltado. Se fora possível acontecer no principal espaço da cidade, próximo ao Museu da Inconfidência, poderia acontecer em qualquer lugar, ou pior, poderia se perder toda a história.

Alguns habitantes demonstraram forte associação da edificação e seu entorno com memórias de sua infância, histórias pessoais vivenciadas naquele espaço. A perda do casarão significava a perda do referencial, uma lacuna nesta história pessoal, que identificava o espaço urbano como uma parte de si, de sua vivência e de seu espírito. Ela significava uma perda própria, não somente do coletivo, uma agressão a sua individualidade. Podemos basear neste sentimento a afirmação recorrente de alguns moradores de estar “morrendo um pouco”. 11

Na pesquisa também foi observado que os habitantes percebem os fatos de diferentes formas, inclusive amparados na fantasia de alguns acontecimentos, como exemplo a menção de que foi em Ouro Preto o início da Independência do Brasil. Embora o fato de que a proclamação da Independência não tenha ocorrido na cidade, a sensação de pertencimento deste fato é real para muitos habitantes. E é justamente todo este sentimento real ou imaginário, que determina o caráter histórico da memória local. A reconstrução não pode recuperar a maior parte do valor material da edificação preservada, mas certamente contribuiu para recuperar o espírito existente naquela praça e a reconstruir lacunas criadas na memória coletiva do povo local.

O turismo Outro aspecto discutido com o incêndio do casarão foi o

turismo, pois o olhar externo se voltou para a cidade, reacendendo assim a discussão da representatividade daquele ícone para a atratividade do público visitante.

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O público que busca pela cidade de Ouro Preto assim como os que visitam um sítio histórico o fazem em prol de um conjunto. Estes visitantes estão à procura de história, de significados, de relatos memoriais que, embora existam em prédios isolados, melhor se traduzem no contexto que abarca todos estes fatores alem de vivenciar uma relação própria com os moradores do local. Atrelado a isso, a destruição de um ícone patrimonial poderá afetar o turismo, que antes das relações e trocas culturais, é uma atividade econômica que gera renda para as pessoas locais.

Segundo De Grammont, as pessoas entrevistadas em sua pesquisa relataram que com o incêndio do Hotel Pilão o turismo poderia ser afetado, em primeiro momento por ter sido o local um meio de hospedagem e em segundo pela sua representatividade junto ao patrimônio do local12.

Nos depoimentos – todos os entrevistados no momento eram moradores de Ouro Preto – a preocupação com o turismo primeiramente partia da questão econômica, já que a atividade é grande geradora de divisas para o município e em seguida, relatavam que a lacuna deixaria uma grande falha no Patrimônio, logo, na atratividade.

É importante frisar que a maioria das entrevistas que relacionaram o Patrimônio Histórico ao turismo faz referência aos possíveis benefícios econômicos, sem manifestar relações de afeto para com os turistas. Entretanto, uma entrevistada destacou uma outra representação do patrimônio associada ao turismo ao relatar a falta que sentiu uma semana antes do incêndio, durante as festividades católicas, quando o casarão havia sido vendido e o hotel encerrado suas atividades. 13

O turismo, portanto, foi bastante mencionado pelos entrevistados, representando na maioria das respostas, um meio de melhoria da qualidade de vida destas pessoas.

Atualmente, a reconstrução do antigo Hotel Pilão é bastante representativa para a atividade turística. A nova edificação abriga atualmente o Centro Cultural e Turístico da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, FIEMG e o Instituto Estrada Real, responsável por informar o público visitante, bem como abrigá-los dada a construção de uma livraria-café e de um espaço para

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exposição, evidenciando assim que a reconstrução foi importante para o Patrimônio, assim como para incrementar a freqüência de turistas.

Conclusão A partir de um incêndio, foi possível perceber o quão

importante e representativa pode ser uma edificação para a população de um determinado local, principalmente se esta edificação e o conjunto arquitetônico do qual ela faz parte, auxiliam na preservação de memórias construídas ao longo de gerações.

O “Espírito do Lugar” está representado na história, nas memórias e nas referências, assim como nas edificações e no espaço urbano criado por estas. As pessoas compartilham do sentimento de pertencer a este espaço sejam elas turistas ou habitantes locais. Sendo assim, o antigo Hotel Pilão, atualmente um Centro Cultural e Turístico, pode ser considerado um exemplo de preservação que se ampara na reconstrução e denota uma significação, uma importância para aqueles que se apropriam deste espaço.

Determinado o caminho para uma questão que parecia irreparável, a lacuna física e emocional ocasionada pela perda de um bem e das referências contidas neste, a recuperação do antigo casarão têm uma atribuição de valor. Sem servir de aporte para a valorização da tragédia, ela transforma a edificação em documento, marcando de certa forma o fato histórico do incêndio sofrido. Reerguido em um espaço urbano impregnado de história, onde tensões políticas e sociais produziram um aspecto museal, o casarão ficou longe de se tornar cenário. Transformou-se a partir de sua reconstrução, na rematerialização de um valor cultural atrelado a um contexto histórico, amparando-se na representatividade da dimensão semântica da obra para possibilitar a preservação da identidade histórica, a tradução do conjunto preservado e a valorização do sentimento local de pertencimento e defesa do patrimônio e da sua própria história.

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1 Livro de Tombo. Disponível em: http://portal.iphan.gov.br/portal/montarDetalheConteudo.do?id=13192&sigla=Institucional&retorno=detalheInstitucional. Acesso em 06 de setembro de 2011. 2 MELO, Natália R; PIRES, Maria do Carmo. “Ação Educativa do IPHAN / FAOP / UFOP: Educação Patrimonial no projeto “Sentidos Urbanos: Patrimônio e Cidadania’”. Relatório Final de Iniciação Científica PIVIC. Ouro Preto: Universidade Federal de Ouro Preto, 2010.

3 DE GRAMMONT, Anna Maria. Hotel Pilão: um incêndio no coração de Ouro Preto. São Paulo: De Grammont, 2006. p. 145.

4 ANDRIOLO, Arley. Hospedagem na "cidade histórica": formação espacial e simbólica. Revista Eletrônica de Turismo Cultural, v. 2, p. 1-21, 2007. 5 DE GRAMMONT, Anna Maria - op. cit., p. 133 6 BRANDI, Cesare. Teoria da restauração. Trad. Beatriz M. Kuhl. São Paulo: Ateliê Editorial, 2004, p. 132. 7 BACHELARD, Gaston. A Poética do Espaço. São Paulo: Martins Fontes, 2008, p. 31. 8 GREGOTTI, Vittorio. Território da Arquitetura. São Paulo: Perspectiva, 2004, p. 177. 9 DE GRAMMONT, Anna Maria - op. cit., p. 218. 10 DE GRAMMONT, Anna Maria - op. cit., p. 161. 11 DE GRAMMONT, Anna Maria - op. cit., p. 158. 12 DE GRAMMONT, Anna Maria - op. cit., p. 203. 13 DE GRAMMONT, Anna Maria. Os significados do patrimônio histórico: uma reflexão em torno do Hotel Pilão de Ouro Preto. Originalmente apresentada como dissertação de mestrado. Universidade Estadual de Santa Cruz, Bahia, 2005, p. 173.