INCÊNDIOS FLORESTAIS

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4 Coletânea de Manuais Técnicos de Bombeiros COMBATE A INCÊNDIOS FLORESTAIS

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    Coletnea de Manuais Tcnicos de Bombeiros

    COMBATE A INCNDIOS FLORESTAIS

  • COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS

    MANUAL DE COMBATE A INCNDIOS FLORESTAIS

    1 Edio 2006

    Volume 4

    MCIF

    PMESP CCB

    Os direitos autorais da presente obra pertencem ao Corpo de Bombeiros da Polcia Militar do Estado de So Paulo. Permitida a reproduo parcial ou total desde que citada a fonte.

  • COMISSO

    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS

    Comandante do Corpo de Bombeiros

    Cel PM Antonio dos Santos Antonio

    Subcomandante do Corpo de Bombeiros

    Cel PM Manoel Antnio da Silva Arajo

    Chefe do Departamento de Operaes

    Ten Cel PM Marcos Monteiro de Farias

    Comisso coordenadora dos Manuais Tcnicos de Bombeiros

    Ten Cel Res PM Silvio Bento da Silva

    Ten Cel PM Marcos Monteiro de Farias

    Maj PM Omar Lima Leal

    Cap PM Jos Luiz Ferreira Borges

    1 Ten PM Marco Antonio Basso

    Comisso de elaborao do Manual

    Maj PM Adilson Jos Gutierrez

    Cap PM Antonio Valdir Gonalves Filho

    1 Ten PM Miguel ngelo de Campos

    1 Ten PM Eduardo Rangel Marcondes

    1 Ten PM Alan Muniz de Andrade

    2 Ten PM Roberto dos Anjos Queiroz

    1 Sgt PM Joo Carlos Sandin Poli

    3 Sgt PM Jos Arnaldo Lemes de Souza

    Cb PM Ghoren Vedovelli

    Sd PM Allan Batista

    Comisso de Reviso de Portugus

    1 Ten PM Fauzi Salim Katibe

    1 Sgt PM Nelson Nascimento Filho

    2 Sgt PM Davi Cndido Borja e Silva

    Cb PM Fbio Roberto Bueno

    Cb PM Carlos Alberto Oliveira

    Sd PM Vitanei Jesus dos Santos

  • PREFCIO - MTB

    No incio do sculo XXI, adentrando por um novo milnio, o Corpo de Bombeiros

    da Polcia Militar do Estado de So Paulo vem confirmar sua vocao de bem servir, por

    meio da busca incessante do conhecimento e das tcnicas mais modernas e atualizadas

    empregadas nos servios de bombeiros nos vrios pases do mundo.

    As atividades de bombeiros sempre se notabilizaram por oferecer uma

    diversificada gama de variveis, tanto no que diz respeito natureza singular de cada uma

    das ocorrncias que desafiam diariamente a habilidade e competncia dos nossos

    profissionais, como relativamente aos avanos dos equipamentos e materiais especializados

    empregados nos atendimentos.

    Nosso Corpo de Bombeiros, bem por isso, jamais descuidou de contemplar a

    preocupao com um dos elementos bsicos e fundamentais para a existncia dos servios,

    qual seja: o homem preparado, instrudo e treinado.

    Objetivando consolidar os conhecimentos tcnicos de bombeiros, reunindo, dessa

    forma, um espectro bastante amplo de informaes que se encontravam esparsas, o

    Comando do Corpo de Bombeiros determinou ao Departamento de Operaes, a tarefa de

    gerenciar o desenvolvimento e a elaborao dos novos Manuais Tcnicos de Bombeiros.

    Assim, todos os antigos manuais foram atualizados, novos temas foram

    pesquisados e desenvolvidos. Mais de 400 Oficiais e Praas do Corpo de Bombeiros,

    distribudos e organizados em comisses, trabalharam na elaborao dos novos Manuais

    Tcnicos de Bombeiros - MTB e deram sua contribuio dentro das respectivas

    especialidades, o que resultou em 48 ttulos, todos ricos em informaes e com excelente

    qualidade de sistematizao das matrias abordadas.

    Na verdade, os Manuais Tcnicos de Bombeiros passaram a ser contemplados na

    continuao de outro exaustivo mister que foi a elaborao e compilao das Normas do

    Sistema Operacional de Bombeiros (NORSOB), num grande esforo no sentido de evitar a

    perpetuao da transmisso da cultura operacional apenas pela forma verbal, registrando e

    consolidando esse conhecimento em compndios atualizados, de fcil acesso e consulta, de

    forma a permitir e facilitar a padronizao e aperfeioamento dos procedimentos.

  • O Corpo de Bombeiros continua a escrever brilhantes linhas no livro de sua

    histria. Desta feita fica consignado mais uma vez o esprito de profissionalismo e

    dedicao causa pblica, manifesto no valor dos que de forma abnegada desenvolveram e

    contriburam para a concretizao de mais essa realizao de nossa Organizao.

    Os novos Manuais Tcnicos de Bombeiros - MTB so ferramentas

    importantssimas que vm juntar-se ao acervo de cada um dos Policiais Militares que

    servem no Corpo de Bombeiros.

    Estudados e aplicados aos treinamentos, podero proporcionar inestimvel

    ganho de qualidade nos servios prestados populao, permitindo o emprego das

    melhores tcnicas, com menor risco para vtimas e para os prprios Bombeiros, alcanando

    a excelncia em todas as atividades desenvolvidas e o cumprimento da nossa misso de

    proteo vida, ao meio ambiente e ao patrimnio.

    Parabns ao Corpo de Bombeiros e a todos os seus integrantes pelos seus novos

    Manuais Tcnicos e, porque no dizer, populao de So Paulo, que poder continuar

    contando com seus Bombeiros cada vez mais especializados e preparados.

    So Paulo, 02 de Julho de 2006.

    Coronel PM ANTONIO DOS SANTOS ANTONIO

    Comandante do Corpo de Bombeiros da Polcia Militar do Estado de So Paulo

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    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS

    SUMRIO

    Captulo I Introduo...............................................................................................05 1.1 Conceito de incndio florestal .............................................................................05 1.2 Proteo florestal .................................................................................................05 1.3 Causas de incndio florestal ...............................................................................05 1.4 Tipos de vegetao .............................................................................................06 1.5 Definio dos tipos de vegetao........................................................................08 1.6 Comportamento do fogo ......................................................................................09 1.7 Fatores da propagao do incndio florestal ......................................................10 1.7.1 - Condies atmosfricas ....................................................................................10 1.7.2 - Topografia..........................................................................................................11 1.8 Probabilidade de incndio ...................................................................................11 1.9 - Classificao de incndios florestais....................................................................11 1.9.1 Classificao quanto proporo ....................................................................11 1.9.2 Classificao quanto ao tipo / propagao.......................................................12 1.10 Aceiros ...............................................................................................................13 1.10.1 Tipos de aceiros .............................................................................................13 1.10.2 Construo de aceiros....................................................................................14 1.10.3 Dimenses dos aceiros ..................................................................................14 1.10.4 Noes prticas para construo de aceiros ................................................15 Captulo II Preveno de incndio florestal .........................................................16 2.1 Meios preventivos................................................................................................16 2.2 Eliminao de cauda de incndio........................................................................17 2.3 Planejamento preventivo .....................................................................................17 Captulo III Combate a incndio florestal ..............................................................18 3.1 Combate a incndios florestais............................................................................18 3.2 Pessoal de combate ............................................................................................19 3.3 Material de combate ............................................................................................20 3.4 Viaturas................................................................................................................22 3.5 Viaturas especiais................................................................................................24 3.6 Fases de combate ...............................................................................................25 Captulo IV Equipamentos de proteo individual e coletiva .............................27 4.1 Equipamentos de proteo individual..................................................................27 4.2 Equipamentos de proteo coletiva ....................................................................27 4.3 Regras bsicas para segurana .........................................................................28 Captulo V Primeiros socorros no incndio florestal...........................................30 5.1 Acidentes mais comuns em incndios florestais .................................................30 5.2 Leses mais comuns em incndios em mata......................................................30 5.3 Condutas de emergncia num incndio florestal para casos de: .......................30 5.3.1 Queimaduras ....................................................................................................30 5.3.2 Intoxicao por monxido de carbono..............................................................31 5.3.3 Fraturas.............................................................................................................31 5.3.4 Ferimentos........................................................................................................31 5.3.5 Estancamento de hemorragia...........................................................................32 5.3.6 Picadas por animais peonhentos....................................................................32 Captulo VI Percia de incndio ..............................................................................33 6.1 Determinao da origem do incndio..................................................................33 6.2 Princpios da propagao de incndio ................................................................33

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    6.3 Indicadores do sentido do deslocamento do fogo...............................................34 6.4 Materiais necessrios para se levar ao local do incndio ...................................34 6.5 Determinao da causa de incndio ...................................................................36 6.6 Relatrios periciais ..............................................................................................36 Bibliografia ..................................................................................................................38

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    CAPTULO I Introduo

    Diante da problemtica dos inmeros incndios florestais no Estado de So Paulo, registrados nos

    ltimos anos, este manual tem por objetivo orientar as equipes de combate a incndio na ao efetiva

    de combate, estabelecer e propor medidas preventivas para reduzir esse tipo de ocorrncia, por meio

    das aes operacionais e educativas.

    1.1. - Conceitos de Incndio Florestal:

    Para os fins deste Manual, entende-se como Incndio Florestal, toda destruio total ou parcial da

    vegetao, em reas florestais, ocasionada pelo fogo, sem o controle do homem ou qualquer que

    seja sua origem.

    1.2 - Proteo Florestal:

    o conjunto de medidas que visam preservao das espcies vegetais.

    A importncia da Proteo Contra Incndios Florestais bastante clara ao relacionarmos os prejuzos

    causados por esses incndios, tais como:

    1) rebaixamento de lenol fretico;

    2) reduo da umidade do ar;

    3) reduo da mdia pluviomtrica;

    4) reduo ou extino de cursos dgua;

    5) aumento da temperatura mdia;

    6) aumento da eroso do solo;

    7) alteraes da fauna, com extino de algumas espcies e emigrao de outras;

    8) diminuio da taxa de oxignio na atmosfera;

    9) destruio de micro organismos do solo tornando-o estril e imprprio para qualquer cultivo;

    10) destruio de reservas madeireiras;

    11) eventuais perdas de moradias, instalaes, plantaes, etc;

    12) aumento na poluio ambiental;

    13) problemas na sade pblica;

    14) acidentes diversos.

    1.3 Causas dos incndios florestais:

    podemos classificar as causas dos incndios florestais, sobre dois aspectos distintos:

    1) quanto a natureza da causa, o incndio florestal pode ser de:

    a) natureza qumica - so os incndios que tm origem em uma reao qumica qualquer;

    b) natureza fsica - so os incndios que tm origem por meio de um efeito fsico qualquer;

    c) natureza biolgica - so os incndios que tm origem em reaes provocadas por bactrias,

    fermentaes, etc.

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    2) quanto natureza do agente, o incndio florestal pode ser:

    a) agente humano - so os incndios cuja origem foi provocada pelo ser humano, de forma dolosa ou

    acidentalmente. Ex.: ponta de cigarro acesa;

    b) agente natural - so os incndios cuja origem foi provocada pelos elementos da natureza, sem

    interferncia da vontade ou erro humano.

    1.4 - Tipos de vegetao:

    Existem vrios tipos de vegetao, bem como diferentes combinaes entre si, conforme segue:

    1) campo ou campo limpo - a forma ou apenas um andar de cobertura vegetal, onde raramente

    ocorrem formas arbustivas ou arbreas;

    2) campo sujo ou campo cerrado - a formao de Campos Limpos, entremeados de arbustos

    esparsos e raras formas arbreas, onde a rea de vegetao rasteira sempre dominante;

    3) cerrado - constitudo por dois nveis, o primeiro de vegetao rasteira e o segundo de arbustos e

    formas arbreas que raramente ultrapassam 06 (seis) metros de altura;

    4) cerrado - constitudo por trs nveis, sendo os dois primeiros iguais aos dois do Cerrado e um

    terceiro formado de rvores que podem atingir de 18 a 20 metros de altura;

    5) floresta - constituda por rvores de grande porte em uma rea relativamente extensa e,

    dependendo de sua origem, podemos ter:

    a) floresta natural - que surgiu em determinada rea, sem interferncia do homem;

    b) floresta artificial - que aquela, plantada pelo homem, tambm conhecida como Reflorestamento,

    geralmente constituda por poucas espcies vegetais.

    1.5 Definio dos tipos de vegetao de acordo com sua origem:

    1.5.1 - floresta natural:

    1) mata atlntica: formao vegetal com grande riqueza de espcies, geralmente apresentando trs

    extratos: superior, com espcies arbreas de altura entre 15 e 40 metros; intermedirio, com alta

    densidade de espcies, constitudo por arbustos, arbreos e rvores de pequeno porte, entre trs e

    dez metros e um terceiro, composto por grande variedade de ervas rasteiras, cips, trepadeiras, alm

    de palmeiras e samambaias. A Mata Atlntica abriga grande variedade de espcies da fauna

    brasileira, como: ona, sagi de tufo preto, paca, cotia, tucano de bico verde, caxinguel, mono-

    carvoeiro, entre outras. Essa vegetao atualmente recobre principalmente o litoral e Serra do Mar,

    estendendo-se para o interior do Estado, onde adquire caractersticas tpicas de clima mais seco com

    perda de folhas, florao e frutificao em perodos bem determinados.

    Entre a formao vegetal da Mata Atlntica encontra-se o pau-jacar, bromlia, palmeira, guapuruvu

    e a imbaba;

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    Mata Atlntica

    2) campo: unidade de vegetao caracterizada pela predominncia da cobertura graminide e

    herbcea. Pode ser classificada em dois subtipos: campos de altitude ou serranos encontrados na

    Serra da Mantiqueira com sua vegetao assentada sobre solos rochosos e campos propriamente

    ditos, tambm denominados campos limpos, caracterizados por grandes extenses planas com

    rvores ou arbustos esparsos, condicionados s caractersticas climticas ou do solo;

    Campo

    3) cerrado: formao vegetal constituda por dois extratos: superior, com arbustos e rvores que

    raramente ultrapassam seis metros de altura, recobertos de espessas cascas, com folhas coriceas e

    apresentando caules tortuosos; e inferior, com vegetao rasteira (herbcea arbustiva). Os cerrados

    abrigam grande variedade de espcies da fauna brasileira, inclusive algumas ameaadas de

    extino, como: lobo-guar, tamandu-bandeira, tatu-canastra, inhambu-carap, entre outras;

    Cerrado

    4) campo cerrado: vegetao campestre, com predomnio de gramneas pequenas, rvores e

    arbustos bastante esparsos entre si. Pode tratar-se de fase de transio entre campo e demais tipos

    de vegetao ou s vezes resultante da degradao do cerrado. Esse tipo de formao se ressente

    com a estao seca e acaba sendo alvo de incndios anuais, at mesmo, espontneos;

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    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS

    Campo Cerrado

    5) cerrado: formao vegetal constituda de trs extratos: superior, com rvores esparsas, de altura

    entre 6 e 12 metros; intermedirio, com rvores e arbustos de troncos e galhos retorcidos, e inferior,

    arbustiva. Formao florestal que ocorre no Centro-Oeste do Estado, onde o relevo plano, com

    solos de baixa fertilidade e as estaes climticas bem definidas. So tpicos do cerrado: lixeira,

    pequi, pau-terra, pau-santo, copaba, angico, capoto, faveiro e aroeira;

    Cerrado

    6) campo de vrzea: so constitudas de vegetao de porte baixo, estruturas bastante variveis, cuja

    caracterstica suportar inundaes peridicas por estar situada nas baixadas que margeiam os rios.

    Essas inundaes provocadas pelas estaes chuvosas depositam grande quantidade de material

    orgnico nas margens dos rios, aumentando a fertilidade de seus solos, que aliados topografia

    plana, tornam estas reas muito procuradas pela agricultura intensiva. As vrzeas menos alteradas

    podem possuir vegetao arbrea, neste caso, podendo ser chamada de Floresta de Vrzea. A

    vegetao caracterstica de campo de vrzea a taboa;

    Campo de Vrzea

    7) mangue: formao tpica de litoral, sob ao direta das mars, em solos com limosidade de regies

    estuarinas. Constitu-se de nico estrato de porte arbreo e diversidade muito restrita. Neste

    ambiente salobro desenvolvendo-se espcies adaptadas a essas condies, ora denominada por

    gramneo o que lhe confere uma fisionomia herbcea; ora denominadas por espcies arbreas. O

    mangue abriga grande variedade de espcies da fauna brasileira, como tapicuru, guar, crustceos,

    sapos, insetos, gara, entre outros. O mangue devido ao acmulo de material orgnico, caracterstica

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    importante desse ambiente, garante alimento e proteo para a reproduo de inmeras espcies

    marinhas e terrestres;

    Mangue

    8) restinga: vegetao que recebe influncias marinhas, presentes ao longo do litoral brasileiro, que

    depende mais da natureza do solo, do que do clima. Ocorre em mosaico e encontra-se em praias,

    cordes arenosos, dunas e depresses, apresentando de acordo com o estgio de desenvolvimento,

    estratos herbceos, arbustivos e arbreos, este ltimo mais interiorizado.

    Restinga

    1.5.2 - floresta artificial:

    1) reflorestamento: so vegetaes plantadas, normalmente de forma homognea quanto s

    espcies, cultivada em macios para suprimentos industriais, comerciais e para consumo local, tais

    como: lenha (energia), madeira e outros usos. Normalmente apresentam limites regulares e

    carreados definidos, sendo as espcies principais, eucaliptos e pinus;

    Reflorestamento

    2) canavial: plantao de cana-de-acar;

    3) pastagem: terreno em que h gramnea, capim ou erva (pasto) para alimento de eqino, bovino,

    caprino e/ou ovino.

    1.6. - Comportamento do fogo:

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    Conceitualmente corresponde ao conjunto de efeitos, principalmente de carter fsico-mecnico que

    se observa no ambiente. a situao do fogo de um Incndio Florestal ou queima controlada, ou

    seja, como se comporta o fogo no terreno que est sendo afetado, sua forma de propagao,

    velocidade de avano nas diferentes frentes, o dinamismo da coluna convectiva e a quantidade de

    energia calrica que se transfere ao ambiente.

    O comportamento do fogo depende das caractersticas da rea respectiva, representada pelos

    fatores: topografia, condies atmosfricas e tipos de vegetao. H de se observar que para acontecer um incndio florestal trs fatores devem ocorrer

    simultaneamente, o que pode ser chamado de tringulo do incndio florestal: Topografia, Clima e Combustvel, onde temos os seguintes aspectos:

    Topografia o Declividade - altitude o Forma do terreno o Tipo de terreno

    Clima (condies atmosfricas) o Temperatura; horrios crticos: das 12 s 16 h - Umidade relativa do ar: crtica -

    abaixo de 20%

    o Presso atmosfrica; quanto menor, mais facilita a expanso dos gases. o Direo e velocidade do vento

    Combustvel (vegetao) o Leve e pesado o Umidade interna da vegetao o Fase de pr-aquecimento; o calor elimina o vapor dgua e continua aquecendo o

    combustvel at a temperatura mxima imediatamente anterior ao ponto de ignio

    (260 a 400c)

    o Fase da destilao ou combusto dos gases; 1250C o Fase da incandescncia ou do consumo do carvo

    Se for feita uma correta avaliao desses fatores, possvel prognosticar o que pode suceder quando

    se desenvolve um incndio.

    1.7. - Fatores da propagao do incndio florestal:

    1.7.1. - condies atmosfricas:

    As condies climticas e de tempo interferem diretamente na propagao do incndio florestal, entre

    vrios fatores citamos:

    1) vento - quanto maior for a velocidade do vento, maior ser a propagao do fogo, pois alm do

    vento trazer uma quantidade maior de oxignio, ele leva o calor ao combustvel frente, aquecendo-o

    e diminuindo a sua umidade, deixando-o propcio a queima, mesmo a certa distncia, originando

    novos pontos de fogo;

    2) umidade relativa do ar essas variaes podem ser notadas na diferena entre a propagao

    diurna e a noturna, onde durante o dia, o ar seco retira umidade da vegetao, aumentando a

    velocidade do incndio e noite, o ar mido cede umidade, tornando a propagao mais lenta;

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    3) temperatura - a temperatura do ar influi diretamente na temperatura do combustvel, e, portanto,

    quanto mais alta for, mais fcil ser a propagao do fogo. Esse fator influi tambm no movimento de

    correntes de ar que facilitam a oxigenao do fogo. A temperatura elevada causa tambm maior

    cansao nos integrantes das guarnies de combate ao fogo.

    1.7.2. - topografia:

    Tendo em vista o fato de que o ar quente tende a subir, quando se tem um incndio em um aclive, o

    ar quente vai aquecendo os combustveis que esto num plano mais alto, fazendo com que seja

    aumentada sobremaneira velocidade de propagao do fogo. tambm importante saber que

    normalmente o vento sopra no aclive durante o dia, e no declive durante a noite. Influem ainda na

    propagao, as condies de topografia, no fato de que declives muito acentuados podem fazer com

    que combustveis inflamados possam rolar e propagar o fogo.

    1.8. Probabilidade de incndio:

    Todos os fatores que foram vistos influem na anlise da probabilidade de Incndio, entretanto, dois

    deles so de vital importncia para se determinar qual a probabilidade do surgimento ou no do

    incndio florestal, em um dado momento, so eles: a umidade e a temperatura. Muitas frmulas j

    foram elaboradas para se determinar a maior ou menor probabilidade de Incndio em todos os cantos

    do mundo, dentre as frmulas existentes, uma que pode ser usada a Frmula de Angstron, dada

    pela seguinte expresso:

    B = 5 x H 0,1 (T - 27C)

    Onde temos que:

    H = fator relativo umidade relativa do ar (expressa como proporo). Exemplos: 1) H = 40% = 40 = 4 ou 2) H = 100% = 100 = 10 T = a temperatura no local em anlise (por volta das 13 horas).

    Quanto maior for o valor de B, menor a probabilidade de incndio. Quando esse valor aproxima-se

    de 2,5 cresce o risco de incndio, quando B for igual a 2,5 tem-se probabilidade de Incndio, e quanto

    menor for o valor de B, maior ser essa probabilidade;

    Essas condies que determinam o grau de probabilidade de Incndio so de fundamental

    importncia na propagao do fogo, pois quanto maior a probabilidade de incndio, tambm mais

    propcias s condies para a propagao do fogo.

    1.9. - Classificao dos Incndios Florestais:

    A classificao dos Incndios Florestais pode ser feita sob vrios aspectos e, portanto, ter-se- uma

    infinidade de classes dependendo de qual desses aspectos seriam observados. Este manual cuidar

    desse ponto sob dois ngulos:

    1.9.1. - classificao quanto proporo:

    1) incndio pequeno - um princpio de incndio onde um nico homem tem condies de extingu-

    lo;

    2) incndio mdio aquele onde necessitamos de uma guarnio de combate a incndio florestal

    para extingui-lo;

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    3) incndio grande aquele onde uma s guarnio no tem condies de extingui-lo, necessitando

    para isso, de apoio de efetivo e de veculos, tratores, mquinas, podendo inclusive utilizar avies

    adaptados para esse fim.

    1.9.2. - classificao quanto ao tipo e propagao:

    a classificao baseada no desenvolvimento do fogo e pode ser de quatro tipos:

    1) incndio de solo ou incndio subterrneo e turfa - aquele que ocorre junto ao solo, queimando

    restos vegetais, turfas, folhas secas, galhos e gramneas, que formam o "piso" do terreno;

    Incndio de solo ou incndio subterrneo e turfa

    2) incndio superficial ou incndio rasteiro - aquele que o fogo queima vegetao baixa, como

    capim, arbustos e pequenas rvores;

    Incndio superficial ou incndio rasteiro

    3) incndio de copa / areo - aquele que atinge e se propaga nas copas das rvores, tornando-se

    os mais difceis de serem combatidos;

    Incndio de copa e areo

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    4) incndio total - aquele que ocorre concomitantemente entre as trs classificaes anteriores

    (incndio solo e subterrneo, incndio superficial/rasteiro e incndio de copa e areo);

    Incndio total

    Os quatro tipos de incndio podem ocorrer isoladamente, mas tambm podem vir combinados entre

    si.

    1.10. - Aceiros:

    Os aceiros so reas raspadas, onde retirada toda a vegetao, ficando o terreno sem combustvel

    (vegetao) e, portanto sem condies de incio ou de propagao de fogo, pois proporciona uma

    separao de reas de vegetao. Este tpico a respeito de aceiro feito nesta parte introdutria,

    pois interessa tanto Preveno quanto ao combate ao incndio florestal.

    1.10.1. Os aceiros podem ser classificados em trs tipos:

    1) aceiros preventivos: aquele realizado antes e durante as operaes de preveno de fogo em

    mato. Por meio de ferramentas ou tratores, raspa-se uma rea da vegetao de forma que fique uma

    rea de isolamento entre as vegetaes, evitando a passagem do fogo. As distncias variam de

    acordo com a altura da vegetao que se quer separar, normalmente, se obedece a proporo de

    quatro vezes a altura da vegetao;

    Aceiros preventivos

    2) aceiros emergenciais: aquele realizado durante uma operao de combate a incndio florestal.

    Neste tipo de aceiro, as distncias de separao vo variar de acordo com o maquinrio ou

    ferramentas disponveis, buscando sempre a proporo de 4:1, conforme o aceiro preventivo;

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    Aceiros emergenciais

    3) aceiros de segurana: aquele realizado aps a ocorrncia de uma queimada, evitando a

    reignio.

    Aceiros de segurana

    1.10.2. Os aceiros podem ser construdos por intermdio de:

    1) tratores - a maneira mais prtica e rpida para construo de aceiros, por meio do emprego de

    tratores providos de lminas para terraplanagem ou mesmo com grades ou discos para tombamento

    de terra;

    2) ferramentas manuais - um processo mais demorado, porm o que mais ocorre tendo em vista

    que nem sempre se tem trator disponvel. O trabalho dessa forma pode desenvolver-se por dois

    processos:

    a) por rea - ou seja, verificada a rea total a ser aceirada, a mesma dividida pelo pessoal

    disponvel e cada homem fica encarregado de limpar sua rea at ficar isenta de combustvel;

    b) progressivamente - aps definio da rea do aceiro, todos os homens, em fila indiana, vo

    caminhando e com suas ferramentas construindo o aceiro. O primeiro homem vai com uma foice,

    cortando a vegetao mais alta (arbustos) e os seguintes vo com as enxadas limpando o solo e

    alargando o aceiro em medida adequada, o ltimo homem vem com um rastelo e acaba de limpar

    deixando a terra nua.

    3) tombamento de rvores - no caso de florestas, com rvores altas, necessrio dispor de uma

    equipe de tombamento, com moto serra, para possibilitar a retirada das rvores que porventura

    restem na rea aceirada.

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    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS

    1.10.3. - dimenso dos aceiros:

    As medidas dos aceiros podem variar em:

    1) comprimento - o comprimento do aceiro deve ser aquele que tenha condies de circunscrever

    totalmente a rea que est queimando ou a rea a ser protegida;

    2) largura - a largura bastante variada, pois pode ser de 50 (cinqenta) centmetros quando se trata

    de incndio de solo e de dezenas de metros, quando se trata de florestas com incndio de copa.

    1.10.4. - noes prticas para construo de um aceiro:

    importante, na construo do aceiro, que a largura seja suficiente para conter o fogo, mas no mais

    larga que o necessrio, pois se pode gastar mo de obra e tempo que faltar para cercar o fogo em

    toda sua extenso.

    Deve-se tomar muito cuidado com a vegetao mais alta, pois pode ocorrer de ser feito um aceiro

    bem limpo no solo e o fogo passar com facilidade na parte mais alta.

    Normalmente, necessrio que o aceiro seja mais largo, diante do fogo, ou seja, o sentido do vento,

    sendo menor nos flancos e menor ainda na retaguarda, onde a propagao ser contra o vento.

    importante que o aceiro fique bem limpo, ou seja, a terra no deve conter vegetao, nem qualquer

    outro material combustvel.

    Caso exista material queimado na rea do aceiro, o mesmo deve ser jogado para a rea de onde vem

    o fogo ou rea queimada.

    O material intacto deve ser jogado para a rea a ser protegida, para que se diminua o volume de

    combustvel, nas proximidades do aceiro.

    importante para a rapidez da construo de aceiros que se utilizem o aceiro natural, como rios,

    lagos, estradas, ou mesmo formaes rochosas que bloqueiam naturalmente o avano do fogo.

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    CAPTULO II Preveno de Incndio Florestal

    o conjunto de medidas e aes realizadas e tendentes a evitar o surgimento do incndio, detectar e

    informar sua posio, facilitando as aes de combate e salvamento e diminuindo as condies de

    propagao.

    Neste conceito destacamos alguns aspectos importantes, que so: aes educativas, preparo de

    aceiros preventivos, montagem de sistema preventivo de vigilncia, preparao do pessoal de

    combate, disponibilizao dos materiais para aes de deteco e combate ao incndio.

    Todo cidado responsvel pela preveno de incndio e, em especial, os componentes dos

    servios de bombeiros que j tem esse mister por determinao legal. Cabe ressaltar que devido

    constante preocupao com a defesa do meio ambiente, vrios outros rgos atuam na preveno,

    onde podemos destacar: a Polcia Ambiental, a Defesa Civil, as Prefeituras, os rgos de

    reflorestamento e os rgos de fiscalizao e preservao, como o IBAMA.

    2.1. - Meios preventivos:

    So todos os recursos disponveis para que se tenha a maior segurana possvel na preservao da

    flora contra o fogo. Podendo ser:

    1) campanhas educativas - aquelas que visam conscientizar a populao, tanto urbana quanto rural,

    do perigo que representam os incndios florestais, bem como dos procedimentos que devem ser

    tomados para evit-los e ainda as tcnicas adequadas para combat-lo o mais rpido possvel. Essas

    campanhas podem ser feitas atravs de palestras, panfletos, boletins, cartazes, avisos em reas de

    maior perigo etc;

    2) aceiros para isolamento de reas de risco, evitando a propagao do fogo;

    3) vigilncia florestal - um dos mais importantes meios preventivos, pois por intermdio dele pode

    ser detectado com rapidez o incio do incndio, bem como ser observado os seus agentes

    causadores, dos quais o principal o homem, de modo a orient-lo ou impedi-lo de prticas perigosas

    coercitivamente. Pode ser fixa (por meio de torres de observao) ou mvel (por meio de observao

    com aeronaves, veculos, motos, quadriciclos, a cavalo ou mesmo a p, dependendo da dimenso da

    rea e da topografia local).

    4) retardantes qumicos - so substncias qumicas que tem a propriedade de dificultar tanto o

    surgimento do incndio como a sua propagao e agem atravs de uma pelcula qumica sobre a

    vegetao. Existem vrios compostos qumicos que possuem essa propriedade e os mais eficientes

    so o Sulfato de Amnia (NH4)2SO4 em soluo a 20% e o Diamnio Fosfato (NH4)2HPO4 a 18%,

    que devem ser pulverizados na vegetao a ser protegida;

    5) cortinas de segurana - as espcies vegetais apresentam reaes diferentes ao do fogo.

    Basicamente essa cortina a plantao de certas espcies mais resistentes ao do fogo,

  • MCIF COMBATE A INCNDIOS FLORESTAIS 17

    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS

    retardando sua propagao, para proteo de outras espcies que queimam com muita facilidade.

    Ex: plantar eucalipto em um reflorestamento de Pinus.

    2.2 Principais medidas para evitar as causas de incndios:

    1) apagar as pontas de cigarros e coloc-las no cinzeiro;

    2) fumar somente em reas seguras;

    3) fazer acampamentos em locais apropriados;

    4) no acumular lixo em lugares imprprios;

    5) fazer queima de lixo em rea limpa aceirada;

    6) quebrar o palito de fsforo antes de jog-lo;

    7) tomar cuidado com qualquer fogo;

    8) ao deixar um acampamento, apague o fogo totalmente com gua ou terra;

    9) lembrar-se sempre que o homem o principal causador de incndios florestais;

    10) construir aceiros de segurana em rea de risco elevado;

    11) capinar os terrenos, fazendo o corte preventivo e remoo do mato, impedindo as queimadas.

    2.3. - Planejamento preventivo: Devem ser estudadas as circunstncias favorveis e desfavorveis que circundam o problema

    (anlise de situao), analisando-se todos os aspectos da rea florestal a ser protegida, sejam pelos

    tipos de vegetao, acessos, aceiros naturais, freqncia de pblico, pocas mais perigosas etc,

    elaborando um PPI (plano particular de interveno);

    Nesse PPI, dentre outros aspectos, deve-se observar o seguinte:

    1) grupos de apoio ou integrantes de plano de auxlio mtuo (PAM) ou integrante da Defesa Civil -

    tudo deve ser feito para que toda a comunidade torne um somatrio de foras para a preveno do

    incndio. Porm como primeiro escalo, nessa fora, existem em cada municpio ou pelo menos em

    cada regio, postos de bombeiros, pelotes de polcia ambiental, organizaes de defesa civil,

    cooperativas agrcolas, sindicatos rurais, foras armadas, etc;

    2) disponibilizar meios para cumprir da melhor maneira a preveno de incndios florestais, devem

    ser alocados todos os meios possveis, tanto para execuo de obras preventivas, como uso dos

    meios necessrios para divulgao de campanhas e avisos de esclarecimento ao pblico.

    3) conscientizar a comunidade do perigo do incndio florestal para que aprendam e apliquem as

    medidas preventivas com naturalidade e ainda reforcem tais medidas nos perodos de maior risco.

    Inicialmente devem ser elaborados panfletos, cartazes, cronograma de cursos e palestras

    preventivas, manuais de instruo etc. Nesse contexto, devem ser ativados todos os setores do poder

    pblico e entidades sociais, clubes de servio para cooperarem no plano de preveno, utilizando

    inclusive os veculos de comunicao (imprensa) para divulgar as campanhas preventivas

    elaboradas.

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    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS MTB 04

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    CAPTULO III Combate a Incndio Florestal

    O Combate a incndios florestais o conjunto de medidas tomadas no sentido de eliminar o incndio florestal,

    por intermdio de sua completa extino ou de se impedir sua propagao.

    3.1. - Mtodos de combate:

    1) mtodo direto: aquele pelo qual permite a aproximao suficiente do pessoal ao fogo para o combate

    direto s chamas, onde so usados os seguintes materiais: gua (por meio de AB, AT, mochilas dgua, bomba

    costal, etc), terra (utilizando ps ou enxadas) ou ainda por meio de abafadores, galhos de rvores, sacos

    molhados etc. um mtodo que tem bom efeito em vegetao rasteira.

    mtodo direto

    2) mtodo indireto: aplicado em incndios de grande proporo, quando a intensidade do fogo muito grande

    e no h possibilidade de aproximao, podendo ser aplicado de duas maneiras:

    a) atravs de abertura de aceiros - o fogo eliminado ao atingir o aceiro, que impedem a sua propagao.

    b) fogo de encontro - o mtodo indireto pelo qual colocado fogo controlado, a partir de um aceiro natural ou

    construdo, no sentido contrrio propagao do fogo e em direo frente principal. Como a propagao

    normal do incndio no sentido do vento, o fogo de encontro colocado no sentido contra o vento, e quando

    os dois se encontram, provoca-se a sua extino, pois em ambos os sentidos no haver combustvel para a

    propagao. uma tcnica eficiente que deve ser aplicada por pessoal experiente, porm perigosa, caso no

    se tenha pleno controle da situao.

    mtodo indireto

    3) mtodo paralelo: quando o calor desenvolvido pelo fogo permite certa aproximao, mas no o suficiente

    para o ataque direto, usa-se esse mtodo, que consiste em:

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    a) fazer rapidamente um pequeno aceiro de 0,30 m a 1, 00 m de largura, paralelo linha do fogo. Ao chegar ao

    aceiro, o fogo diminuir a intensidade e poder ser atacado diretamente; e

    b) fazer a construo de uma linha fria com o uso de gua por meio de viaturas ou bombas costais de forma a

    criar-se um obstculo mido frente do fogo e, havendo possibilidade, envolvendo o seu permetro, para ser

    atacado diretamente.

    mtodo paralelo

    4) Mtodo areo: efetuado em reas ou locais de difcil acesso pelo pessoal de combate aos incndios. Este

    mtodo usado em incndios de copa ou incndios areos de grande intensidade, utilizando-se avies e

    helicpteros adaptados ou construdos especialmente para debelar esses incndios.

    mtodo areo

    3.2. - Pessoal de combate (guarnio de combate a incndio florestal - GCIF): Uma guarnio de incndios florestais difere bastante das guarnies urbanas, principalmente, porque

    dificilmente sero empregadas viaturas tipo Auto-Bomba (AB) ou Auto-Tanque (AT) nesses incndios, dado

    dificuldade de acesso para esse tipo de veculo.

    A GCIF pode variar numericamente dependendo das necessidades e disponibilidade, no entanto, costuma ser

    formada por sete combatentes e quando agrupadas, formam prontides de incndio florestal;

    3.2.1. - uma GCIF bsica composta por um Sargento, dois Cabos e quatro Soldados, com as seguintes

    funes e equipamentos:

    1) lder (usa faco, bssola /GPS, rdio comunicador, binculo, pinga-fogo, cartas topogrficas da regio de

    combate ao fogo);

    2) nmeros 02 e 03 (utilizam equipamentos de corte tipo forcado ou foice);

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    3) nmeros 04 e 05 (utilizam equipamentos tipo enxada e ps);

    6) nmero 06 e 07 (utilizam equipamentos gadanho e bomba costal);

    Todos, exceto o lder, levam abafadores para ataque direto.

    Devido complexidade desse tipo de combate, no muito rgida a estrutura das guarnies, podendo ser

    adaptada a cada caso, dependendo das condies de segurana, capacidade de combate, acessibilidade, etc.

    3.2.2. - Guarnio de apoio:

    Alm da formao das GCIF, o efetivo disponvel pode ser dividido em vrias guarnies para apoio:

    1) guarnio de queima (GQ) - a guarnio que atua com tochas ou lana chamas, principalmente na

    colocao do fogo de encontro;

    2) guarnio de tombamento (GT) - a que constri o aceiro, quando h necessidade de eliminao de

    rvores ou troncos, usando machado, serra, moto-serra etc;

    3) guarnio de comunicao (GC) a encarregada das comunicaes entre as vrias guarnies e com as

    autoridades externas ao evento para eventuais reforos;

    4) guarnio de servios mdicos (GSM) a que est encarregada do pronto atendimento mdico;

    5) guarnio de provises gerais (GPG) a encarregada do apoio logstico (provises de gua potvel,

    alimentao, reposio do material de combate). Essa guarnio normalmente empregada em ocorrncias

    de vulto, onde a quantidade de pessoas empregadas grande e o tempo de combate prossegue por vrios

    dias;

    6) guarnio de bomba ou tanque (GBT) - quando houver vias de acesso, atua no apoio para abastecimento

    das bombas costais ou combate ao incndio.

    3.3. - Materiais de Combate:

    Basicamente todo material usado pelo bombeiro urbano pode ser usado pelo bombeiro florestal, que podem

    ser: viaturas, equipamentos, ferramentas ou material de comunicao, variando somente as condies de

    emprego.

    Destacam-se para o combate aos incndios florestais, os seguintes materiais e equipamentos:

    1) queimador (Pinga-Fogo) para incndios controlados - para construo de aceiros e colocao de fogo de

    encontro;

    queimador

    2) bomba costal e mochila antincndio com bico aerador - para aplicao de gua ou espuma para combate

    direto aos incndios, rescaldo e construo de aceiros midos;

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    bomba costal e mochila antincndio

    3) espumante (lquido gerador de espuma) - aumenta em at cinco vezes a eficincia da gua no combate aos

    incndios;

    Espumantes (lquido gerador de espuma)

    4) "Bambi-Bucket" bolsa para armazenagem de gua e combate a focos de incndio de mdia e alta

    intensidade, usadas em helicpteros;

    Combate a incndio com uso de helicptero utilizando bolsa bambi-bucket

    5) abafadores - para auxiliar no combate aos incndios de menor intensidade, no ataque direto e rescaldo.

    Abafadores

    6) extintor explosivo Beaextin - para o combate direto ao fogo, tanto na frente quanto nos flancos;

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    7) monitor de lanamento de gua "Sniper" - para combate distncia de focos de mdia e grande intensidade;

    8) tanque flexvel - para abastecer os "Bambi-Buckets" transportados por helicpteros e apoiar equipes

    terrestres de combate;

    9) equipamentos de proteo individual (EPI);

    10) mquinas e materiais de agricultura:

    Alm do material de bombeiro, na ocorrncia florestal emprega-se bastante o material existente na regio,

    principalmente trator, motoniveladoras, ps-carregadoras, caminhes, avies, helicpteros etc. dependendo da

    grandeza do evento.

    Nos incndios pequenos, os materiais mais usados so: foices, rastelos, ps, enxadas e faces.

    material da regio

    3.4. - Viaturas:

    O Incndio Florestal no possibilita, normalmente, o uso das viaturas comuns do bombeiro urbano no combate

    ao fogo, devido principalmente as condies de acesso; quando isso possvel, a operao fica facilitada.

    Por outro lado, devido as grandes distncias que se deve percorrer, so muito usadas viaturas leves ou de

    pequeno porte e at mesmos caminhes para o transporte de pessoal e ferramentas at a proximidade do

    incndio.

    Essas viaturas leves devem possuir as condies necessrias quanto segurana do pessoal transportado e,

    sempre que possvel, devem ter trao 4x4 para facilitar o deslocamento no terreno onde vai trafegar.

    Para esse tipo de atividade temos ainda o quadriciclo ou as motocicletas tipo off-road que facilitam o transporte

    nesses tipos de terrenos, tanto de material como de pessoal. No se pode esquecer que, dependendo do tipo

    de terreno, o helicptero excelente e rpido meio de transporte de pessoal.

    Veculo Quadriciclo e Moto para transporte de materiais e acesso fcil

    3.4.1. Os transportes para a atividade de combate a incndios florestais dividem-se em trs categorias:

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    1) de apoio: todos os veculos e aeronaves utilizados especificamente para transporte de pessoal, material,

    alimentao, combustveis, material de comunicao, etc.

    2) de ataque ou de combate: englobam os veculos do tipo caminhes, caminhonetes e outros que sero

    destinados ao combate propriamente dito, bem como as aeronaves (avies e helicpteros) que se prestam ao

    combate ao incndio florestal. As viaturas de combate a incndios urbanos podem ser ainda empregadas,

    desde que sejam suscetveis de aplicao, com boa margem de rendimento e segurana.

    3) misto: so aqueles que tanto prestam para o apoio como para o combate, e, neste caso, um bom exemplo

    so as aeronaves.

    3.4.2. - Requisitos bsicos de uma viatura de combate a incndios florestais

    Basicamente a viatura deve possuir: pouco peso, pequeno comprimento para facilitar manobras, boa

    capacidade da bomba de incndio, boa quantidade de gua e trao 4x4.

    3.4.3. As aeronaves no combate a incndios florestais

    3.4.3.1. O helicptero um meio de combate e observao comprovadamente adequado para tal atividade,

    sendo usado por diversos Departamentos de Proteo Ambiental pelo mundo afora.

    A principal caracterstica do helicptero poder voar verticalmente ou lentamente prximo ao solo com toda

    segurana, possibilitando grande controle da situao e facilidade de manobras, incidindo na sua capacidade

    de superar os obstculos naturais, sejam eles vales, rios, morros etc, ganhando-se tempo em deslocamentos e

    possibilitando uma viso ampla da rea, facilitando o planejamento da operao, o transporte de pessoas ou

    materiais, bem como o efetivo combate aos focos de difcil acesso.

    Os helicpteros devem atuar no combate, por meio do lanamento de gua direto nos focos de incndios ou

    colocando material combustvel na floresta para atuar de fogo de encontro.

    3.4.3.2. O avio uma segunda opo para o combate areo a incndios florestais, no entanto, devido as

    caractersticas fsicas (topografia, bacias hidrogrficas, rios, e mananciais), a localizao das reservas, o

    posicionamento e distribuio dos aeroportos, a dificuldade de reabastecimento de gua, as condies

    meteorolgicas e o custo elevado desse tipo especfico de aeronave, a utilizao do avio para uso exclusivo

    para combate a incndios florestais torna-se oneroso e restrito, pois alm das questes descritas, o avio

    permanece parado fora do perodo das queimadas, aumentando seu custo de manuteno, tornando-o

    ocioso, uma vez que esse modelo est vinculado ao uso especfico. O emprego do avio restrito algumas

    reas pr-determinadas que possuem condies favorveis ao seu uso.

    3.4.3.2. - Formas bsicas de combate a incndio com aeronaves

    Existem, tanto para helicptero como para avio, trs formas de lanamento de gua, independente do

    equipamento utilizado:

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    1) jato slido - lanamento com 0 a 20 Kt de velocidade, podendo considerar o lanamento em vo pairado.

    utilizado para pequenos focos de incndio, independentemente do tipo de vegetao. Apropriado para um

    lanamento com preciso.

    2) atomizada - lanamento com velocidade de 20 a 30 kt. Tipo de lanamento para reas de mdio foco de

    incndio. No to eficaz como o jato slido, porm abrange uma maior rea.

    3) neblina - velocidade entre 30 e 60 kt, utilizada para incndio em vegetao rasteira, pois abrange uma maior

    rea, ou para incndios em que as chamas atinjam acima das copas das rvores.

    Em todas as operaes com aeronaves, para uma melhor eficincia e eficcia no combate, a coordenao dos

    trabalhos fica a cargo do corpo de bombeiros, sendo que os componentes das aeronaves devero atuar de

    forma sincronizada, sob comando do oficial do Corpo de Bombeiros, comandante da operao.

    3.5. Viaturas Especiais:

    3.5.1. - A partir de um veiculo tipo camionete ou pequeno caminho (CAMU)

    Veculo adaptado para combate a incndios florestais, com caractersticas de pequeno porte, gil e para

    qualquer terreno. Trata-se de uma unidade compacta, com pequeno tanque de gua (1.000 litros), bomba

    porttil, mangueira e esguicho, embarcada na carroceria, cuja bomba deve ter alta presso e baixa vazo,

    excelente para o ataque de pequenos focos de incndios, resultando em uma viatura de baixo custo e alta

    performance.

    veculo tipo camionete

    3.5.2. - A partir de um veiculo encarroado

    veculo marca land rover

    Veculo especial para combate a incndios em reas urbanas e florestais, com vias de difcil acesso e terrenos

    acidentados. Compacto, gil, com excelente dirigibilidade e total estabilidade. tima capacidade de carga para

    sua categoria (1.750 kg). Trao permanente 4x4. Grande poder de extino do fogo, atravs da combinao

    gua/espuma.

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    3.5.3. - Carreta tanque (reboque) p/ incndio florestal

    Consiste numa carreta para transporte de reservatrio de gua fabricado em polietileno de alta resistncia,

    protegido com aditivos e estabilizadores da radiao ultravioleta, com capacidade para 1000 litros de gua;

    com moto bomba tipo horizontal e multiestgio, motor quatro tempos, refrigerado a ar; com no mnimo de 150

    cc, partida manual e retrtil; capacidade mnima de combustvel: 1,8 l, a gasolina; e equipamentos para

    combate a incndio florestal.

    carreta tanque

    3.6. - Fases do combate:

    Nas aes de combate importante que se conhea o desenvolvimento do fogo para que se obtenha

    resultados positivos. Por isso importante que se analise rapidamente antes de se iniciar o combate, os

    seguintes pontos (anlise da situao):

    1) o tipo de vegetao;

    2) os fatores que esto influindo na propagao;

    3) barreiras naturais;

    4) rea atingida;

    5) meios materiais: os disponveis e os necessrios;

    6) pessoal: o disponvel e o necessrio.

    Aps a anlise da situao, realizam-se inicialmente as atividades de salvamento, dentro das condies

    possveis em que se encontra a rea a ser protegida e a rea a ser combatida.

    Aps essa primeira fase, inicia-se o isolamento da rea onde o incndio se alastrou, mediante a construo de

    aceiro, cuja localizao depende muito do critrio pessoal de cada comandante de guarnio, pois cabe a ele a

    determinao das medidas, que sero mais ou menos eficazes, dependendo da demarcao da linha de

    aceiro, que isolar o fogo.

    O comandante da guarnio dever, aps a anlise de situao, optar por qual mtodo far o combate e a

    extino. Dentre o que j foi visto, pode ser estabelecido o seguinte critrio para a aplicao dos mtodos:

    1) mtodo direto - este mtodo ser aplicado quando o comandante da guarnio tiver certeza que o material e

    o pessoal existente so suficientes para a completa extino. Por isso importante a anlise das informaes

    e a experincia de quem comanda as operaes, porque desde que foi optado pelo mtodo direto e a

  • MTB 04 COMBATE A INCNDIOS FLORESTAIS

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    guarnio no for eficaz no combate, a passagem para o ataque indireto, implicar graves problemas devido

    ao tempo perdido, ao provvel aumento da frente de fogo e ao cansao da guarnio. Aplica-se este mtodo

    quando: h meios adequados, a rea com fogo no grande, h a possibilidade do emprego de viatura AB ou

    AT ou moto-bomba e quando o fogo avana lentamente (pouco vento ou declive), dando a possibilidade do

    componente da guarnio aproximar-se para combat-lo com eficincia;

    2) mtodo indireto - h duas possibilidades de extino do incndio, atravs de aceiros ou atravs do mtodo

    fogo de encontro. No primeiro caso o fogo extinto por falta de combustvel, quando a frente do fogo atinge a

    rea aceirada. No segundo caso, tambm h extino por falta de material a queimar, a nica diferena que

    provoca-se um "fogo controlado" em sentido contrrio ao que vem queimando, quando se encontra com o

    incndio, ambos se extinguem, por falta de combustvel. Neste caso, o cuidado que se deve ter que o

    encontro se d distncia bem grande da vegetao que se vai preservar, pois o encontro gera grande

    quantidade de calor e, portanto a facilidade de propagao grande, principalmente em se tratando de

    incndio de copa.

    Aps a extino do incndio, o comandante da guarnio determinar a execuo da fase do rescaldo, a qual

    consiste na varredura da rea sinistrada, eliminando os pequenos focos que ainda persistem, evitando que

    possam provocar nova reignio.

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    CAPTULO IV Equipamentos de proteo individual e coletiva

    Os agentes fsicos, qumicos, biolgicos e mecnicos so capazes de provocar danos sade do bombeiro em

    funo de sua natureza ou intensidade e tempo de exposio, conforme exemplos abaixo:

    1) agentes fsicos: rudos, vibraes, temperaturas anormais, presses anormais, radiaes ionizantes,

    iluminao e umidade;

    2) agentes qumicos: nvoas, neblinas, poeiras, fumos, gases e vapores;

    3) agentes biolgicos: bactrias, fungos, vrus, protozorios;

    4) agentes mecnicos: mquinas, ferramentas, obstculos no caminho.

    Existem equipamentos que permitem a adaptao das condies psico-fisiolgicas dos bombeiros, de modo a

    proporcionar maior conforto, segurana e desempenho eficiente. Para tanto, relacionam-se as condies de

    trabalho aos aspectos de levantamento, transporte, descarga de materiais, mobilirio, equipamentos e

    condies ambientais do local de trabalho e da prpria organizao do trabalho.

    Conforme NR-17 (Norma Reguladora que trata da segurana do trabalho), para que se possa eliminar ou

    neutralizar os riscos acima tratados, necessrio desenvolver uma conscincia prevencionista. O bombeiro

    deve estar atento ao uso de equipamentos de proteo individual, equipamentos de proteo coletiva, bem

    como observar regras bsicas durante o atendimento das ocorrncias.

    4.1. - Principais equipamentos de proteo individual:

    1) capacete de proteo;

    2) bota de cano longo em couro;

    3) uniforme composto de cala e gandola (camisa) de mangas compridas;

    4) cantil;

    5) culos de proteo; protegem os olhos contra projeo das partculas incandescentes, impactos de galhos e

    gases.

    6) lanterna;

    7) faco com bainha;

    8) cabo da vida.

    9) mscara de proteo contra impurezas base de carvo ativado

    10) luvas de couro ou de raspa

    4.2. - Equipamentos de proteo coletiva:

    1) bssola;

    2) aparelho GPS;

    3) binculos;

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    4) maleta bsica de primeiros socorros;

    5) rdio porttil;

    6) colete refletivo tipo X (para uso noturno);

    7) apito, para localizao em caso de emergncia;

    8) mscara de proteo facial: em caso de emergncia em evacuao de zonas perigosas devido a gases

    irritantes;

    9) manta de proteo aluminizada (fire shelter): manta aluminizada refletiva de caloria, a qual protege o

    combatente que esteja ameaado pelo fogo na mata, o qual limpa uma pequena rea, abre a manta e deita-se

    coberto por ela. O combatente fica deitado de decbito ventral e a manta o cobre formando uma cabana;

    Manta aluminizada

    10) rdio porttil (comunicao via rdio);

    11) telefone celular;

    12) medicamentos para utilizao caso algum combatente seja picado por animais peonhentos;

    13) medicamentos anti-alrgicos em caso de sinistro com insetos (abelhas, etc.);

    4.3. - Regras bsicas para a segurana na atividade de combate:

    1) aproveite as barreiras naturais (estradas, crregos, estrada de ferro, caminhos de terra batida) para utiliz-

    los como aceiro, evitando perda de tempo e desgaste fsico;

    2) mantenha sua ferramenta afiada e em perfeito estado de conservao;

    3) mantenha-se vigilante contra rvores que possam cair, animais peonhentos, pedras que possam rolar;

    4) ao caminhar na mata, transporte ferramenta na mo, abaixo da linha de cintura;

    5) ao utilizar ferramentas de corte em vegetao, tome cuidados com lascas nos olhos e com os

    companheiros;

    6) moto serras, enxadas e outras ferramentas de corte que tenham cabo comprido, transporte com a parte do

    corte para frente se estiver descendo e vice-versa;

    7) no encoste ou sente, nem deite, frente, atrs ou debaixo de um trator, mesmo parado ou estacionado;

    8) cuidado ao deslocar na frente ou atrs de um trator trabalhando. No se utilize do trator para transporte de

    pessoas;

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    9) Nas grandes e mdias operaes sempre interessante manter um posto de comando (PC) com pessoal da

    rea de primeiros socorros e, se a operao for longa, manter um ambulatrio e soros antiofdicos, remdios e

    outros recursos. No PC tambm devero estar centralizadas as comunicaes com o grupo de combate e com

    o pessoal de recursos e de apoio que no esto envolvidos diretamente no combate, mas sim que esto no

    apoio operacional;

    10) Toda ordem e plano deve ser exarada pelo comandante operacional da operao definido no local entre os

    diversos rgos que participam da ocorrncia ou pelo comandante da operao do Corpo de Bombeiros que,

    em campo, deve ter o bom senso de comando e ouvir as opinies e colaboraes dos representantes de

    outros rgos envolvidos na operao. Toda a responsabilidade legal da ocorrncia de preveno, combate,

    proteo e extino de incndios de responsabilidade do comandante operacional da emergncia, ou seja,

    do representante e comandante do Corpo de Bombeiros da operao em sua graduao ou posto, conforme a

    ocorrncia e pessoal envolvido;

    11) Tendo em vista os vrios rgos e pessoal diversificado, que participaro dos trabalhos operacionais, de

    bom alvitre que todos os grupos formados pelos lderes tenham ao menos um policial militar, preferencialmente

    da rea de combate a incndio e salvamento ou da rea de policiamento ambiental, devidamente treinado e

    capacitado em operaes de incndio florestal;

    12) A prtica tem demonstrado que nessas horas existem vrias tentativas espordicas de iniciativa, dos vrios

    rgos e instituies envolvidas e que se no houver o firme propsito da coordenao operacional e

    concentrao dos esforos de todos a serem direcionados pelo comando da operao, o fracasso e o

    desinteresse ser geral;

    13) Deve tambm o comando operacional ter o controle correto de seus homens e ainda providenciar os

    recursos de bastidores para o sucesso da operao como, por exemplo: planejar almoo, jantar, lanche,

    rendio para que no haja atrasos e alimentao compatvel e rendio do pessoal de linha de frente, fatos

    que, se no respeitados, podem abalar a moral dos envolvidos na operao, afetando o rendimento e criando

    animosidades;

    14) Deve o chefe da operao manter um ou dois bombeiros como estafetas e tambm como redatores de

    dados, fatos, nomes, informes e alteraes que serviro para o relatrio operacional elaborado aps a

    ocorrncia.

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    CAPTULO V Primeiros Socorros no Incndio Florestal

    Neste Captulo, tratamos os acidentes e leses mais comuns que ocorrem numa atividade de combate a

    incndio florestal. Desta feita, as recomendaes abaixo tratam das aes de urgncia dentro da rea

    sinistrada, visando um cuidado rpido vtima, em local de difcil acesso, sem socorro e local especializado

    prximo, utilizando-se dos meios de fortuna existentes e dos materiais de primeiros socorros pertencentes a

    GCIF.

    Basicamente em todas as situaes deve-se adotar o protocolo de atendimento de resgate, no entanto, devido

    sua peculiaridade dos locais distantes, seguem algumas recomendaes bsicas para atendimento de

    urgncia no local onde est ocorrendo atividade de combate a incndio florestal.

    5.1. - Acidentes mais comuns em incndios florestais:

    1) queimaduras;

    2) quedas (buracos, troncos, barrancos, lagos);

    3) queda de galhos sobre o combatente;

    4) picadas de animais peonhentos;

    5) isolamento do combatente em meio ao fogo.

    5.2. - Leses mais comuns em incndios florestais:

    1) queimaduras;

    2) desidratao;

    3) escoriaes;

    4) fraturas (crnio e membros);

    5) picadas e mordidas de animais;

    6) intoxicao por gases;

    7) asfixia;

    8) irritao dos olhos;

    9) parada cardiorespiratria.

    5.3. - Condutas de urgncia num incndio florestal para casos de:

    5.3.1. - queimaduras:

    1) se a vtima estiver com fogo nas vestes, role-a no cho ou a envolva com tecido em seu corpo a partir do

    pescoo no sentido de seus ps;

    2) retirar as vestes com delicadeza, sem arranc-las, cortando-as com tesoura. No arrancar o tecido se

    estiver aderido queimadura, apenas resfri-lo com soro fisiolgico ou com gua limpa, temperatura

    ambiente;

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    3) caso haja acometimento da face (queimadura de pele, cabelos ou pelos do nariz e das plpebras) ou

    possibilidade de que a vtima tenha inalado fumaa ou gases, dar especial ateno s vias areas e

    respirao. Cobrir os olhos da vtima com gaze umedecida em soro ou gua limpa;

    4) proteger as reas queimadas com plsticos de queimaduras estril ou gaze e bandagens limpas;

    5) se a rea afetada envolver mos ou ps, separar os dedos com pequenos rolos de gaze umedecida em soro

    fisiolgico antes de cobri-los;

    6) cobrir a vtima com lenol descartvel;

    7) transportar a vtima com as pernas elevadas, a fim de receber os devidos cuidados mdicos, em local

    apropriado.

    5.3.2. - intoxicao por monxido de carbono:

    1) retirar a vtima do local txico, levando-a para um local mais arejado;

    2) afrouxar as roupas;

    3) ministrar oxignio a 100%, se possvel;

    4) respirao artificial se necessrio;

    5) transportar imediatamente ao hospital.

    5.3.3. - fraturas:

    1) tratar primeiramente as leses que ameaam a vida, detectadas na anlise primria e incio da secundria;

    2) cortar a roupa e limpar a rea lesionada (assepsia);

    3) analisar a fratura e cobrir ferimentos com gaze, atadura ou bandagem, se for o caso;

    4) no tentar reintroduzir o osso exposto;

    5) avaliar o pulso distal, perfuso capilar, sensibilidade e mobilidade;

    6) tentar alinhar a fratura apenas uma vez, caso haja resistncia, imobilizar na posio em que se encontra;

    7) imobilizar escolhendo o material adequado para tal, visando abranger uma articulao acima e uma abaixo

    da poro fraturada;

    8) avaliar pulso distal, perfuso capilar aps a imobilizao;

    9) aps os primeiros cuidados, transportar imediatamente ao hospital.

    5.3.4. - ferimentos:

    1) identificar leses que ameaam a vida;

    2) verificar a localizao do ferimento, pois pode sugerir que houve leso interna de rgos, com ou sem

    hemorragia;

    3) expor o ferimento, retirando vestes;

    4) identificar se houve ruptura da integridade da pele;

    5) avaliar a funo neurovascular distal ao ferimento;

    6) se o ferimento for penetrante, no retirar objeto encravado, exceto quando este se encontrar na bochecha;

    7) fazer a assepsia da rea do ferimento com soro fisiolgico;

    8) cobrir o ferimento com gaze, atadura ou bandagem;

    9) na presena de sangramento fazer curativo compressivo e proceder s condutas especficas;

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    10) no caso de objetos encravados ou transfixados, estabilizar o objeto de movimentao, com auxlio de gaze,

    atadura ou bandagem.

    11) aps os primeiros cuidados, transportar imediatamente ao hospital.

    5.3.5. estancamento de hemorragias:

    1) compresso direta sobre o ferimento;

    2) elevao do membro ferido em nvel acima da linha do corao;

    3) pinamento dos vasos;

    4) compresso arterial;

    5) atentar para as recomendaes do protocolo de resgate;

    6) aps os primeiros cuidados, transportar imediatamente ao hospital.

    5.3.6. - picadas por animais peonhentos:

    1) identificar e capturar o animal que causou a leso;

    2) manter a vtima em repouso absoluto;

    2) remover anis, pulseiras, braceletes etc, devido ao possvel inchao;

    3) lavar o local da picada;

    4) proteger o local da leso com gaze seca e esparadrapo;

    6) transportar a vtima para o hospital que tenha soro especfico;

    7) deixar o local da picada em nvel mais baixo que a linha do corao;

    8) se ocorrer parada cardiorespiratria, iniciar manobras de reanimao cardiopulmonar;

    9) no garrotear ou fazer torniquete na tentativa de retardar o efeito do veneno;

    10) no furar em volta da picada, nem espremer ou sugar a ferida.

    Em todos os casos, havendo condies, o protocolo de resgate dever ser adotado inteiramente.

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    CAPTULO VI Percia de Incndio

    6.1. - Determinao da origem do incndio

    Na determinao da origem do incndio florestal, vrios fatores devem ser levados em considerao. Para

    tanto, inicialmente colher as informaes das pessoas que residem na rea ou daquelas que por ventura viram

    o incio do incndio.

    Caso o incndio tenha sido descoberto logo no incio, demarcar a rea com preciso. Essa descoberta

    imediata e a demarcao correta dar uma vantagem na determinao da causa do incndio.

    Entretanto, caso o incndio j esteja em grandes propores, quando da chegada do primeiro grupo de

    combate, a dificuldade ser aumentada para determinar o ponto exato da origem do incndio. Mesmo em

    grandes reas existe uma maneira cientfica de identificar o ponto exato de origem do incndio. Conhecimento

    sobre comportamento do fogo uma necessidade para a determinao do ponto de origem. Os incndios

    comeam pequenos. Eles existem em condies latentes. Movem-se lentamente, alastram-se, terminam e

    deixam marcas. O comportamento deles controlado pelas condies climticas, combustveis e topografia.

    medida que o fogo propaga-se por uma determinada rea, os carves deixados tero padres caractersticos

    que indicaro o sentido que o fogo passou. Os diversos padres de carvo, quando colocados juntos, levaro

    origem do incndio.

    6.2. - Princpios de propagao do incndio

    O fogo sempre queima para fora do seu ponto de origem e, se todas as condies forem iguais, ele queimar

    em crculo ou num padro oval. Prximo rea do incio do incndio o fogo geralmente pequeno, queima

    devagar e deixa grande quantidade de material no queimado no solo;

    Depois que o fogo atinge um determinado tamanho, ele no se mantem inaltervel e com igual intensidade.

    Devido velocidade do vento, declividade do terreno, quantidade de combustvel e barreiras, o fogo diminui ou

    aumenta sua velocidade e queima com maior ou menor intensidade. Essas mudanas geralmente so visveis

    no solo e ajudaro na descoberta da origem do incndio.

    O vento provavelmente possui o maior efeito sobre todos os elementos de propagao do fogo e de

    intensidade. O fogo que queima a favor do vento tem maior velocidade do que um fogo contra o vento. Voc

    poder observar a diferena nos tipos de carvo e na quantidade de combustvel consumido. Aps o fogo

    atingir determinado tamanho, ele eleva a temperatura e comea a criar o seu prprio vento e queima mais

    rpido do que no incio.

    O fogo normalmente libera fasca criando novos focos no sentido que o vento est soprando. Se um novo foco

    for detectado em sentido contrrio, deve ser checado.

    A declividade um fator que influencia a taxa de propagao do fogo. O fogo queima mais rapidamente morro

    acima do que morro abaixo, devido ao pr-aquecimento dos combustveis existentes em lugares altos. Um

    incndio morro abaixo se move mais lentamente;

    O mato seco tambm uma pea importante. O fogo queima mais depressa e completamente, quando os

    combustveis forem secos; com alta umidade ou orvalho os combustveis queimam mais devagar e deixa mais

    material no queimado ou sem queima;

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    As barreiras, tais como toras ou rochas podem diminuir a intensidade do fogo ou at mesmo extingu-lo. Quase

    todas as barreiras diminuem a intensidade do fogo medida que ele as ultrapasse. As barreiras geralmente

    causam turbilhes de ventos, que podem mudar o sentido de deslocamento do fogo pelo menos em distncias

    pequenas. No confunda efeito de uma mudana temporria de sentido do vento com o real sentido de onde o

    vento veio.

    6.3. - Indicadores do sentido de deslocamento do fogo

    1) indicadores nos talos de gramneas - medida que o fogo se aproxima de um talo de gramnea ele aquece e

    comea a carbonizar esse lado primeiro, o qual reduzido em tamanho e fora. O efeito quase o mesmo que

    um corte baixo em uma rvore. Conseqentemente o talo da gramnea tomba para o lado mais fraco. medida

    que o fogo avana em um determinado padro de vegetao, os talos cados indicam o sentido de onde o fogo

    veio. Entretanto, como acontece com todos os indicadores, voc deve obter o sentido correto a partir de

    diferentes fontes, pois determinados fatores, tais como vento ou o tempo, podem afetar o sentido para onde os

    talos dobram;

    2) indicadores de combustveis protetores - um incndio de queima vagarosa, em baixa temperatura, queima

    somente a vegetao no lado em que ela estiver virada para o fogo. Geralmente os combustveis que so

    protegidos no mostram qualquer sinal de terem sido queimado. Devido a esse fato, uma enorme rea que

    queima vagarosamente apresenta uma colorao mais clara devido s cinzas e uma combusto mais completa

    quando avistada longe do ponto de sua origem e mais escura quando se observa prxima sua origem. A

    parte da planta ou madeira atingida pelo fogo apresenta uma queima mais completa no sentido da

    aproximao do fogo, resultando numa mancha esbranquiada e carbonizada, enquanto o outro lado estar

    protegido e, conseqentemente, mostrar menos sinais de queimada;

    3) indicadores de queima em forma de cava - normalmente ocorrem no sentido do vento, tanto no tronco

    quanto nos gramneos. Este o lado exposto ao vento mais forte e, portanto, espera-se que queime

    profundamente, enquanto o outro lado permanece mais frio e protegido pelos restos do lado queimado. Esse

    efeito ocorre at mesmo em gramneas e pode ser examinada de perto se friccionando a costa do punho. Esse

    movimento, quando feito no sentido contrrio sensao ser de algo spero, voc dever fazer esse

    movimento em todas as direes at encontrar o sentido que proporcione a sensao mais aveludada e a mais

    spera;

    4) padro de carbonizao - um incndio queimando morro acima ou com o vento a favor, cria um tipo

    especfico de carbonizao. O carvo inclinar num ngulo maior do que o declive do solo. Isso um padro

    normal nas rvores e permanecer por muitos anos aps o incndio. Isso causado por um vcuo no lado de

    trs da rvore que atrai as chamas em uma contracorrente naquele lado. As chamas so, portanto, puxadas

    para cima da rvore por um movimento de calor. Uma "cara de gato" ou o acmulo de combustvel na subida

    ou no sentido do vento ter um pequeno efeito no tipo de carvo;

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    5) "forma de jacar" - uma forma de carbonizao e normalmente so encontradas em objetos tais como

    cercas de estacas, quadros, estruturas, placas de sinalizao etc. Pode ser grande ou pequena, assim como

    lustrosa ou opaca. A expresso "escalas largas e lustrosas" significa que a queima resultou de um fogo quente

    e rpido, enquanto que a expresso "escalas pequenas e opacas" significa que a queima resultou de fogo lento

    e no muito quente. A profundidade da carbonizao um bom indicador de trajetria do fogo;

    6) "congelamento" dos galhos das rvores - quando as folhas e pequenos galhos recebem muito calor, tendem

    a ficar macio e facilmente se curvam no sentido da corrente do vento. Quando o incndio debelado e eles se

    resfriam, geralmente ficam apontados no mesmo sentido;

    7) manchas - rochas e outros objetos no inflamveis que estejam expostos ao fogo ficam manchados pelos

    combustveis vaporizveis e minsculas partculas carregadas pelo fogo. Os objetos tais como latas de cerveja,

    pedaos de fragmentos de metal, torres de terra suja e vegetao que no foi atingida pelo fogo apresentam

    manchas de queima;

    8) fuligem - ser depositada no lado das cercas no sentido da origem do incndio e pode ser notada pela

    frico das mos na superfcie das cercas. Em objetos maiores, quando conferido uma cerca de arame coberta

    pela fuligem, verifique os arames localizados na parte mais baixa da cerca, uma vez que eles mostraro mais

    evidncia de fuligem do que os arames localizados na parte mais alta da cerca.

    Para localizar o foco do incndio, seguir as normas simples abaixo:

    a) o tamanho do indicador diminui medida que voc se aproxima da origem do incndio;

    b) siga a maioria dos indicadores quando estiver determinando qual o caminho do fogo.

    6.4. - Materiais necessrios para se levar ao local do incndio

    Existem algumas ferramentas bsicas e simples para auxiliar na investigao da causa de um incndio

    florestal.

    Segue abaixo uma relao mnima para realizar um trabalho eficiente na percia do incndio florestal:

    1) objetos demarcadores - servem para demarcar e resguardar a rea de origem do incndio e ajudam a dividir

    a rea de investigao em seguimentos para uma averiguao mais detalhada;

    2) rgua - ajuda a treinar os olhos em pontos de pouca visibilidade, enquanto estiver realizando o exame de

    rea de origem do incndio;

    3) im - um im (num saco plstico, para ajudar na limpeza) ajuda a localizar partculas magnticas tais como

    fragmentos de metal existentes em sapatos, que so muito pequenos para serem vistos a olho nu. A atrao

    do im deve ser de, pelo menos, 50 libras;

    4) mquina fotogrfica para registrar e confirmar visualmente qualquer evidncia encontrada na rea de

    origem do incndio;

    5) materiais de escritrio - fichrio, contendo papel grfico pautado, lpis e borracha so necessrios tanto

    para tomar notas como fazer esboos da rea de origem do incndio;

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    6) trena de ao - fita mtrica de metal para confirmar as distncias exatas para a localizao das evidncias,

    conforme relatadas nos marcos permanentes;

    7) bssola - deve ser utilizada para orientar os esboos para os quatro pontos cardeais.

    6.5. - Determinao da causa do incndio

    Trabalhando sobre os indicadores de sentido para chegar origem do incndio, a causa da ignio pode estar

    aparente. Se o incndio foi acidental, a causa da ignio pode estar ainda no local, mas, se o incndio foi

    intencional, a fonte de ignio pode ter sido removida ou destruda pelo fogo. Em qualquer dessas hipteses,

    deve-se vasculhar a rea do foco inicial, visando encontrar a fonte de ignio que identifique a causa do

    incndio. Essa procura deve continuar at se ter certeza de que a fonte de ignio foi removida ou destruda.

    6.5.1. - Categorias de causas de incndio

    O resultado final da causa determinante do incndio a localizao da causa do incndio em uma das nove

    categorias gerais acordadas abaixo em conformidade com as agncias e organizaes de preveno aos

    incndios. So elas:

    1) relmpago: auto-explicativas;

    2) fogueira de acampamento: um incndio florestal resultante de um foco iniciado por cozimento, aquecimento

    ou produzido por luz ou calor moderado;

    3) fumantes: incndios causados pelos fumantes, atravs de fsforo, isqueiros, tabaco ou outro material de

    fumo (excluir as crianas que brincam com fogo);

    4) queimada para limpeza: a propagao de um incndio proveniente da limpeza do solo, galhos cortados,

    entulhos, pastagens, toras, estradas de terra, servio de corte de madeira ou outras queimadas prescritas;

    5) incendirio: um incndio causado propositalmente por algum para queimar ou exterminar a vegetao ou

    propriamente que no pertena a ele e sem o consentimento do proprietrio ou procurador. Excluem-se os

    incndios causados por negligncias quando da queima para limpeza;

    6) uso de equipamentos: incndios causados por equipamentos mecnicos, alm daquelas operaes de

    ferrovias;

    7) estrada de ferro: incndios causados por todas as operaes das estradas de ferro, incluindo queimadas em

    estradas/atalhos de terra e pontas de cigarro jogadas pelos empregados;

    8) crianas: incndios causados por crianas menores de 12 anos de idade;

    9) diversos: incndios que no podem ser corretamente classificados em nenhuma das causas anteriores.

    6.5.2. - Eliminao das causas de incndio florestal

    Uma vez definida a rea de origem do incndio, a causa dele pode estar aparente. Mesmo que a fonte de

    ignio no esteja aparente, possvel eliminar o que no o causou;

    Atravs do processo de eliminao das categorias de causas de incndio, pode-se concentrar melhor na busca

    da fonte de ignio.

    6.6. - Relatrios periciais

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    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS MTB 04

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    As anotaes de campo e os fatos que o investigador obteve devem ser postos em ordem lgica. O relatrio

    deve ser auto-explicativo, deve ser claro, em linguagem e formato simples, os fatos apresentados devem

    seguir seqncia lgica, na maioria das vezes em ordem cronolgica, incluindo todos os fatos disponveis e

    relacionados, no retendo informaes, mesmo que no dem apoio teoria.

    O relatrio deve ter respostas para as seis perguntas bsicas:

    1) quem?

    2) o que?

    3) quando?

    4) onde?

    5) por que?

    6) como?

    As anotaes de campo iniciais no devem ser destrudas, devem ficar arquivadas, pois fazem parte do

    registro oficial da investigao.

  • MTB 04 COMBATE A INCNDIOS FLORESTAIS

    COLETNEA DE MANUAIS TCNICOS DE BOMBEIROS MTB 04

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    BIBLIOGRAFIA Plano de Preveno e Combate a Incndios Florestais, Operao Mata Fogo: Polcia Ambiental do Estado de

    So Paulo, 1997.

    Manual de Operaes de Preveno e Combate aos Incndios Florestais - IBAMA.

    Manual de Preveno e Combate aos Incndios Florestais, Comportamento do Fogo: IBAMA - Braslia, 2000.

    Apostila de Noes de Preveno e Combate a Incndios Florestais: Batalho Florestal - Governo do Paran,

    2002.

    Apostila I Treinamento de Preveno e Combate a Incndios Florestais: Secretaria do Meio Ambiente do

    Estado de So Paulo, 2000.

    Catlogo de Equipamentos para Combate Contra Incndios: Wild Fire, 2004.

    Catlogo de Equipamentos de combate a incndio florestal: Empresa Guarany Equipamentos Itu/SP, 2005.

    Norma Reguladora 09 (NR 09)

    Norma Reguladora 17 (NR 17)

    POP GRPAE - Apoio ao Corpo de Bombeiros em Incndios Florestais

    Monografias:

    Combate a incndios florestais - criao de um manual e fonte de consulta para combatentes de incndios

    florestais que no so profissionais - Cap PM Joo Osrio Gimenez Germano - CAO

    Combate a incndio florestal com uso de aeronaves - Cap PM Luiz Humberto Savioli - CAO

    Combate a incndios florestais - Cap PM Adilson Jos Gutierrez - CAO

  • O CONTEDO DESTE MANUAL TCNICO ENCONTRA-SE SUJEITO REVISO, DEVENDO SER DADO AMPLO

    CONHECIMENTO A TODOS OS INTEGRANTES DO CORPO DE BOMBEIROS, PARA APRESENTAO DE

    SUGESTES POR MEIO DO ENDEREO ELETRNICO [email protected]

    Capa.pdfContra Capa.pdfComisso de elaborao.pdfPREFCIO _1_.pdfMTB 04 Verso Final 19mai06.pdfcapa final.pdf