Incidência de Sintomas de Dores e Desconforto Osteomusculares Em Motoristas de Ônibus Urbano de...

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INCIDÊNCIA DE SINTOMAS DE DORES E DESCONFORTO OSTEOMUSCULARES EM MOTORISTAS DE ÔNIBUS URBANO DE UMA EMPRESA DE TRANSPORTE COLETIVO DA CIDADE DE CURITIBA. RESUMO: O transporte coletivo, especificamente o ônibus, é um meio de transporte muito utilizado por uma grande parcela da população no Brasil, principalmente para realização de atividades necessárias à vida cotidiana, e para as viagens ao trabalho. A atividade de dirigir é desgastante, e sua eficácia está relacionada principalmente a fatores ambientais do local de trabalho e à forma como os motoristas desenvolvem estratégias de enfrentamento para lidar com estes fatores. Para que os motoristas de ônibus possam realizar suas atividades em condições favoráveis de conforto e segurança é necessário que os veículos apresentem condições adequadas, também do ponto de vista da osteomuscular. O presente artigo tem como objetivo traçar o perfil da dor osteomuscular dos motoristas de ônibus urbano da cidade de Curitiba PR. Palavras-Chave: Dor, Osteomuscular, Motorista ABSTRACT: Public transportation, specifically buses, is a widely used means of transport for a large portion of the population in Brazil, mainly for the activities necessary for everyday life, and for journeys to work. The activity of driving is stressful and its efficacy is mainly related to environmental factors in the workplace and the way the drivers develop coping strategies to deal with these factors. For the bus drivers carry out their activities in conditions of comfort and security is necessary that vehicles have proper conditions, also from the standpoint of musculoskeletal. This article aims to outline the profile of musculoskeletal pain of bus drivers of the citty of Curitiba PR. Keywords: Pain, Musculoskeletal, bus driver

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Incidência de sintomas de dores e desconforto osteomusculares em motoristas de onibus

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  • INCIDNCIA DE SINTOMAS DE DORES E DESCONFORTO OSTEOMUSCULARES EM MOTORISTAS DE NIBUS URBANO DE UMA

    EMPRESA DE TRANSPORTE COLETIVO DA CIDADE DE CURITIBA.

    RESUMO: O transporte coletivo, especificamente o nibus, um meio de transporte muito utilizado por uma grande parcela da populao no Brasil, principalmente para realizao de atividades necessrias vida cotidiana, e para as viagens ao trabalho. A atividade de dirigir desgastante, e sua eficcia est relacionada principalmente a fatores ambientais do local de trabalho e forma como os motoristas desenvolvem estratgias de enfrentamento para lidar com estes fatores.

    Para que os motoristas de nibus possam realizar suas atividades em condies favorveis de conforto e segurana necessrio que os veculos apresentem condies adequadas, tambm do ponto de vista da osteomuscular.

    O presente artigo tem como objetivo traar o perfil da dor osteomuscular dos motoristas de nibus urbano da cidade de Curitiba PR.

    Palavras-Chave: Dor, Osteomuscular, Motorista

    ABSTRACT: Public transportation, specifically buses, is a widely used means of transport for a large portion of the population in Brazil, mainly for the activities necessary for everyday life, and for journeys to work. The activity of driving is stressful and its efficacy is mainly related to environmental factors in the workplace and the way the drivers develop coping strategies to deal with these factors.

    For the bus drivers carry out their activities in conditions of comfort and security is necessary that vehicles have proper conditions, also from the standpoint of musculoskeletal.

    This article aims to outline the profile of musculoskeletal pain of bus drivers of the citty of Curitiba PR.

    Keywords: Pain, Musculoskeletal, bus driver

  • INTRODUO

    crescente a preocupao com o desconforto osteomuscular que o ser humano

    est sujeito em qualquer atividade laborativa. O trabalho repetitivo e suas consequncias

    crescem dia-a-dia. Segundo Monteiro (1997), o objetivo principal de toda interveno

    ergonmica a proposio de melhorias nas condies de trabalho; visando o conforto

    e o bem estar do trabalhador, a partir da anlise das atividades.

    muito importante que toda organizao preserve uma boa sade, razo pela

    qual a necessidade do uso de equipamentos adequados para o trabalho. Esses elementos

    so fundamentais para a qualidade de vida do trabalhador.

    Este artigo traz como tema central o desconforto osteomuscular em motoristas

    de nibus urbano de uma empresa de transporte coletivo da cidade de Curitiba. Tais

    desconfortos podem, em seu estado mais constrangedor, impedir o colaborador no s

    de desempenhar suas funes no ambiente de trabalho, mas tambm, de realizar suas

    atividades de vida diria. Uma vez afastado o nus financeiro incide sobre as empresas:

    a recolocao do colaborador afastado, despesas mdicas e contratao de funcionrios

    substitutos. Os trabalhadores se encontram recuados, no podendo fazer suas escolhas e,

    como resultado, aumentam e agravam o afastamento por doenas e acidentes. Neste

    perfil, inclumos os motoristas de transporte coletivo de Curitiba, que diariamente

    enfrentam fatores de risco como trnsito pesado; instalaes inadequadas; excesso de

    rudos; baixa temperatura; longa jornada de trabalho; e violncia; a nveis que

    ultrapassam sua capacidade e tolerncia fsica e psquica.

    Segundo estudo da Organizao Mundial da Sade OMS,1 a dor uma das

    razes mais comuns e um determinante para o constrangimento musculoesqueltico em

    trabalhadores do transporte coletivo urbano, a saber, motoristas e cobradores (GUREJE

    et al., 1999).

    Fatores como posturas estticas de tronco mantidas por longo perodo de

    trabalho, sedestao, sobrecarga muscular da coluna em funo de movimentos bruscos

    e a vibrao dos veculos ao constrangimento dos ombros, veculos que necessitem de

    1 Texto disponvel em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/ler_dort.pdf

  • troca de marchas. Desta forma, os motoristas de nibus ficam propensos a dores e

    desconfortos de ordem musculoesqueltica. Alm das caractersticas inerentes ao

    trabalho destes, observa-se ainda, em determinados casos, nibus concebidos sem levar

    em considerao aspectos ergonmicos. Considerando todas as informaes acerca da

    atividade laborativa dos motoristas, ntida a necessidade de monitoramento constante

    acerca da presena de dores e/ou desconfortos osteomusculares.

    A profisso de motorista de nibus urbano encontra-se entre as mais estressantes

    e, parte dos problemas de sade, devido alta demanda e a exigncia do dia-a-dia de

    trabalho.

    Um dos sistemas afetados na profisso o distrbio osteomuscular. A m-

    postura adquirida ao dirigir e a sobrecarga muscular facilitam ndices importantes dos

    sintomas na regio cervical, cintura escapular, coluna dorsolombar, joelhos e pernas.

    O presente estudo teve como objetivos, Traar o perfil epidemiolgico da dor

    osteomuscular dos motoristas de nibus; correlacionar prevalncia de dor com a

    funo desempenhada (motorista), determinar a regio do corpo de maior acometimento

    da dor.

    Para essa verificao, utilizou-se o questionrio de Corlett (1995),2 adaptado

    pelo autor deste Artigo. A execuo do projeto foi realizada em etapas, sendo: atravs da

    verificao do questionrio e, a anlise das informaes obtidas, verificando os

    sintomas dos distrbios osteomuscular nas regies corporais da coluna cervical

    (pescoo), cotovelos, antebraos e punho/mos, bem como da cintura escapular e coluna

    cervical.

    A escassez de estudos no estado do Paran e na cidade de Curitiba investigando

    as queixas de desconforto osteomusculares de motoristas de nibus urbano, do norte a

    abordagem deste artigo. Entretanto, tal informao no justifica por si s a elaborao

    do mesmo, que visa indicar os principais constrangimentos fsicos presentes em tal

    categoria, permitindo posteriormente a elaborao de aes de ordem prevencionista

    que venham a favorecer tal categoria de trabalhadores. Desta maneira, o artigo busca

    contribuir com uma viso estatstica, acerca dos sintomas osteomusculares que

    2 Corlett, E. Nigel. Evaluation of human work A pratical ergonomics mothodology. Taylor & Francis: Londres, 1995

  • acometem os motoristas de uma empresa de transporte coletivo urbano da cidade de

    Curitiba.

    1. DISTRBIOS OSTEOMUSCULARES RELACIONADOS AO TRABALHO

    DOS MOTORISTAS DE NIBUS.

    Para que possamos falar sobre os distrbios osteomusculares que afeta a

    qualidade de vida dos motoristas de nibus, necessrio tecer consideraes

    relacionadas com seu trabalho humano, suas implicaes e consequncias relacionadas

    com LER (Leses por esforos repetitivos), e DORT (Distrbios Osteomusculares

    Relacionados ao Trabalho).3

    Fatores de riscos ocupacionais associados ao aparecimento de LER/ DORT podem estar relacionados ao ambiente fsico, equipamento e mobilirio do posto de trabalho (fatores biomecnicos), forma de organizao do trabalho (fatores organizacionais) e ao ambiente psquico, social e de relaes no trabalho (fatores psicossociais). (Ferreira 1999, p. 62)

    Segundo a autora esses fatores de risco interagem entre si e sobre o indivduo de

    forma a determinar a carga osteomuscular esttica, a carga osteomuscular dinmica, e a

    carga mental e psicoafetiva do trabalho, que podem estar associadas s reaes de

    estresse. O aparecimento de LER/ DORT resulta, em geral, de um desequilbrio entre os

    trs fatores mencionados.

    Nem todas as manipulaes manuais podem ser assumidas por mquinas. Sendo

    assim, os esforos repetitivos, ficam a cargo de mos humanas. Segundo Gomes Filho

    (2003):

    Considera-se que o trabalho toda atividade produtiva do homem em que ele aplica energia fsica e mental na produo de bens econmicos

    3 Texto Disponvel em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Les%C3%A3o_por_esfor%C3%A7o_repetitivo > Acesso em 30/02/2010

  • e servios. atravs do trabalho que os homens asseguram sua existncia desenvolvendo vrias atividades (p.10).

    De acordo com a Organizao Mundial de Sade4, os distrbios de sade ou

    doenas relacionadas ao trabalho dividem-se em duas categorias: doenas profissionais

    e doenas do trabalho ou relacionadas ao trabalho.

    As doenas do trabalho podem ser parcialmente causadas por condies de trabalho adversas; podem ser agravadas, aceleradas, ou exacerbadas por exposies nos locais de trabalho; podem diminuir a capacidade laboral. (Organizao Mundial de Sade; rea tcnica de sade do trabalhador 2001)

    A grande maioria do trabalhador obrigado a conviver com fatores de risco que

    ameaam sua integridade fsica e a vida. E a convivncia dos trabalhadores com esses

    fatores acarreta, evidentemente, um cotidiano repleto de tenses e medos. Contexto esse

    que mais ameaador medida que os trabalhadores tenham poucas informaes ou

    informaes equivocadas sobre o risco com os quais se deparam no trabalho. A

    percepo de que se est adoecendo, e de que esse adoecimento se relaciona com

    atividade laboral, porm sem o conhecimento das reais causas desse processo, traz

    interpretaes que, muitas vezes no contribuem para mudanas efetivas na organizao

    do trabalho. Mesmo considerando tais aspectos, os indivduos se submetem a essas

    condies de trabalho, pois o mesmo tem um papel central em nossa sociedade;

    permitindo aos indivduos que adquiram as mnimas condies necessrias para

    sobreviver e fazer parte da sociedade. Com seus direitos e deveres.

    O medo de perder o emprego num pas que enfrenta o desemprego estrutural,

    que vai alm de crises econmicas, um fator importante a ser considerado quando

    pensamos nessas questes. Alm das consequncias econmicas da situao de

    desemprego, o trabalhador desempregado teme a marginalizao social enfrentada pelos

    desprovidos de ocupao remunerada. A necessidade de manter o emprego a qualquer

    custo traz, ento, um cotidiano de trabalho muitas vezes repleto de resignaes e

    impossibilidade de mudanas do que gera incmodo no contexto laboral, fazendo com

    que o trabalhador se submeta a condies de trabalho muitas vezes incompatveis a

    sade.

    4 Ibid - http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/ler_dort.pdf

  • O motorista trabalha na postura sentada, o que por si s coloca a coluna

    vertebral em uma posio anormal, reduzindo a curvatura lombar, comprimindo os

    discos intervertebrais. Segundo Knoplich (1986):

    Quem mantm uma postura sentada incorreta, por um tempo prolongado faz com que haja tenses musculares, e diminuio da circulao de oxignio, resultando em dor, sensao de cansao muscular e o aparecimento de patologias como fibromialgia. (1986, p. 61)

    Um equilbrio entre postura e ergonomia de fundamental importncia para

    qualidade de vida do motorista de nibus urbano. O desacordo entre esses equilbrios

    produz quadros lgicos de grande relevncia e esmera total cuidado. A adequada

    avaliao, controle e alvio da dor, alm do aspecto humanitrio, visam contribuir para a

    manuteno de funes fisiolgicas bsicas e evita os efeitos colaterais nocivos

    advindos da permanncia. Os estudos epidemiolgicos da dor so de grande

    importncia, pois possibilitam a anlise dos fatores que causam sua ocorrncia na

    populao, contribuem para definir o incio, durao, recorrncia e complicaes das

    doenas, determinam modificaes no comportamento dos agentes causais. De acordo

    com ANTUNES (2002), as caractersticas recomendadas da poltrona do motorista de

    nibus, segundo regulamento de inspeo dos veculos :

    A poltrona do motorista deve ser anatmica, regulvel, acolchoada com suspenso e amortecimento hidrulico ou similar;

    A poltrona deve ser posicionada tendo como referncia o volante de direo, pedais, painis e pra-brisa,

    O assento da poltrona do motorista deve ter sua largura compreendida entre 0,40 e 0,50 metros, enquanto que sua profundidade deve estar entre 0,38 e 0,45 metro;

    A distncia entre o encosto e o centro do volante deve estar entre 54 cm e 70 cm.

    A m adequao ergonmica, a jornada de trabalho diferenciada em comparao

    a outro setor, contribui para surgimento de quadros lgicos, principalmente os

    relacionados a aspectos posturais, vem constituindo-se em uma condio constante

    atual.

    Os trabalhos que solicitam do homem a ao de grupos osteomusculares por

    meses ou anos constituem um campo propcio a leses. O primeiro sinal de leso a

  • dor, que pode progredir para retraes musculares, rigidez articular e instalao de

    posturas inadequadas, ou seja, a dor o primeiro sinal de desconforto.

    2. Levantamento Estatstico das Caractersticas Ergonmicas.

    ` Para esta pesquisa foram entrevistados 94 motoristas de nibus de uma empresa de transporte pblico que operam no sistema convencional coletivo na cidade de

    Curitiba, atravs de questionrio (auto aplicado). O mesmo apresenta uma figura

    humana vista de costas dividida entre os seguimentos corporais (coluna cervical,

    ombros, coluna torcica, cotovelos, punho/mos, quadril/coxas, joelhos e tornozelos) o

    questionrio continha, para cada seguimento, quatro respostas possveis para a seguinte

    pergunta:

    1) Para cada uma das partes do corpo descritas nas caixas abaixo, indique com que

    freqncia voc sente dor ou desconforto durante o trabalho.

    As possveis respostas variavam entre nunca, ocasional, frequente e sempre,

    sendo que a graduao era de livre interpretao por parte do colaborador.

    As respostas foram de livre interpretao dos colaboradores, cada um avaliou a

    frequencia com que as dores/desconfortos os acometiam. No tendo o avaliador

    interferido em nada que pudesse tendenciar as respostas.

    O questionrio permitiu que as respostas obtidas pudessem ser expressas sob

    forma percentual e assim indicar na supracitada populao as regies corporais que

    apresentaram uma incidncia maior de queixas osteomusculares.

    Figura 1 - Apresenta os resultados obtidos para o questionrio aplicado aos

    motoristas de nibus e contemplam as regies corporais da coluna cervical (pescoo),

    cotovelos, antebraos e punho/mos, bem como a frequncia com que as regies so

    apontadas como reas de desconforto osteomuscular. A mesma apresenta um percentual

    importante de colaboradores que se queixam de algum tipo de desconforto na regio da

    coluna cervical (pescoo) onde 43% referem sintomas ocasionais, 10% frequentes e 7%

    afirmam sempre dor e/ou desconforto na regio cervical.

  • Grfico 1 Resultados das respostas ao questionrio referentes s regies corporais pescoo, cotovelo, antebrao e punho/mo.

  • Figura 2 - Apresenta os dados convertidos mostrando as respostas dos

    colaboradores para as queixas dos mesmos em relao aos desconfortos

    osteomusculares para as seguintes regies: coxa (quadril), pernas, ombro e coluna

    dorsal.

    Grfico 2 Resultados das respostas ao questionrio referentes s regies corporais coxa, perna, ombro e coluna dorsal.

  • Figura 3 - Apresenta os resultados convertidos em percentual para as regies corporais

    da coluna lombar, quadril, joelhos e tornozelos/ps. Nela podemos observar que 62%

    dos motoristas que responderam ao questionrio queixaram-se de dor ou desconforto na

    coluna lombar. Das queixas, 35% dos motoristas afirmaram sentir dor ou desconforto

    ocasional, 15% frequente e 12% trabalham sempre com algum tipo de incmodo na

    regio da coluna dorsal. Tambm vale ressaltar a importante presena de desconforto e

    dores na regio dos joelhos perfazendo uma somatria de 49% dos colaboradores

    queixosos.

    Grfico 3 Resultados das respostas ao questionrio referentes s regies corporais coluna lombar, quadril, joelhos e tornozelo.

  • Resultado dos Dados - Os mais relevantes referem-se aos quesitos perna e ombro,

    ambos com mais de 50% dos colaboradores afirmando sentirem algum tipo de dor ou

    desconforto e coluna dorsal, com 48% de queixosos. ndices importantes de desconforto

    nas pernas tambm foram observados, onde, a somatria das informaes apontam para

    53% dos trabalhadores com algum tipo de dor ou desconforto na regio durante o

    desempenhar da funo.

    Consideraes Finais

    Um dos mtodos de avaliao das sensaes subjetivas de desconforto e dor

    osteomuscular mais utilizados na ergonomia a aplicao do diagrama de Corlett

    (1995). Apesar de ser um instrumento de anlise indireta, vem sendo bastante utilizado

    em investigaes em funo da sua fcil aplicao entre os participantes do estudo.

    Nas mais diversas atividades, a associao de movimentos repetitivos e

    sobrecarga muscular dinmica ou esttica, tem sido relacionados aos sintomas de

    desconforto osteomusculares. Os motoristas de nibus urbano esto sujeitos a tais

    sintomas. As contraes estticas, o aumento da presso intramuscular com

    consequente dificuldade de vascularizao e a compresso nervosa, so mecanismos

    que podem levar a alteraes musculares BRANDO (2005).

    Dentre as queixas referidas, a regio do pescoo revelou as seguintes

    informaes: 43% dos motoristas referiram dores/desconfortos ocasionais, 10%

    frequentes e 7% sempre. Somadas as respostas, temos tal regio com 60% de

    colaboradores queixosos. A regio dos ombros apresentou ndices semelhantes onde

    33% dos motoristas apresentaram dores/desconfortos ocasionais, 13% dores/

    desconforto frequentes e 10% relataram sempre estar com algum tipo de incmodo ao

    desempenhar a atividade laborativa.

    Por melhores que sejam os recursos ergonmicos e de conforto que os nibus de

    transporte coletivo urbano possuam hoje em dia, os motoristas apresentam sintomas de

    desconforto osteomuscular. O presente estudo demonstrou os principais sintomas de

    dores e desconforto osteomusculares em motoristas de nibus urbano de uma empresa

    de transporte coletivo da cidade de Curitiba no estado do Paran. Como pontos

  • relevantes observamos ndices importantes dos sintomas na regio cervical, cintura

    escapular, coluna dorsolombar, joelhos e pernas, que, apresentaram, neste estudo, dados

    semelhantes aos descobertos por estudos similares.

    Estudos que apontem os motivos pelos quais, mesmo frente a avanos

    ergonmicos e de estrutura de trabalho, esses trabalhadores possuem tais ndices de

    desconforto osteomuscular so fundamentais para minorar e prevenir patologias que

    diminuam a qualidade de vida dos motoristas de nibus urbano na cidade de Curitiba.

    A atividade de dirigir desgastante, e sua eficcia est relacionada

    principalmente a fatores ambientais do local de trabalho e forma como os motoristas

    desenvolvem estratgias de enfrentamento para lidar com estes fatores.

    Indivduos com desconforto osteomuscular tm sua qualidade de vida afetada

    ficando direta ou indiretamente, diminuda. A importncia da avaliao da dor torna-se

    fundamental tanto para o controle da causa dolorosa, quanto para o controle da dor e do

    sofrimento.

    Salienta-se tambm a necessidade de programas educacionais e de

    conscientizao que levem at esses profissionais o ensino de tcnicas de alongamento e

    auto-correo postural, as conhecidas cinesioterapia laboral, e de pesquisas

    interdisciplinares onde possa reorganizao ergonmica do local de trabalho do

    motorista, podem tornar-se importantes fatores de dimensionamento de sua qualidade de

    vida no trabalho.

    O estudo aqui apresentado teve como base o nibus urbano, assim como

    qualquer produto ou servio oferecido aos motoristas, deve levar em considerao o

    conforto a segurana e a sade de quem os conduz.

    A ergonomia defende que a opinio do condutor no processo do

    desenvolvimento do produto (nibus), fundamental para o seu sucesso pois ningum

    melhor do que o prprio, para dizer quais as dificuldades enfrentadas por ele na

    utilizao dos mesmos.

    Atravs da pesquisa foi possvel conhecer melhor o perfil dos motoristas do

    nibus urbano da cidade de Curitiba e verificar que as opinies a respeito das

    caractersticas adequadas e inadequadas dos veculos independem de diferenas fsicas.

  • A pesquisa mostrou que os veculos analisados atendem plenamente as normas

    vigentes mas, que muitos itens no atendem as necessidades de conforto para os

    motoristas.

    Quantos aos aspectos fsicos dos nibus, que segundo a pesquisa no atendem as

    necessidades dos condutores, sugere-se a necessidade de uma reviso do layout

    baseando-se nos tipos fsicos dos condutores, assim como nas normas existentes para

    adequao do seu texto no que se refere construo e montagem dos nibus urbanos,

    incluindo o design interno.

    preciso ressaltar que as concluses obtidas nesta pesquisa referem-se aos

    nibus urbanos da cidade de Curitiba, podendo ser generalizada para outras cidades e

    utilizada para outros trabalhos direcionados para estudos similares como instrumento de

    apoio.

    Referncias Bibliogrficas.

    ANTUNES, Ricardo. Adeus ao trabalho? : ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho. 8. ed. Campinas: Cortez & Moraes, 2002

    BRANDO, A. G. et al. Sintomas de distrbios osteomusculares : prevalncia e fatores associados. Rev. Brs Epidemiol, v.08, n. 03, 2005

    _____________. Definio de LER e DOR. - Texto Disponvel em http://pt.wikipedia.org/wiki/Les%C3%A3o_por_esfor%C3%A7o_repetitivo > Acesso em: 30/fev/2010

    FERREIRA, M. Jr. Sade no Trabalho - Temas bsicos para o profissional que cuida da sade dos trabalhadores. Rio de Janeiro: Roca, 1999.

    GOMES FILHO, J. Ergonomia do Objeto: Sistema Tcnico de Leitura Ergonmica. So Paulo: Escrituras, 2003

    KNOPLICH, Jos. Enfermidades da coluna vertebral. 1986 / So Paulo: IBRASA

    ______________. Leses por Esforos Repetitivos Ministrio da Sade. Texto disponvel em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/ler_dort.pdf > Acesso em: 30/02/2010

    MONTEIRO, J. C. Leses por esforos repetitivos: um estudo sobre a vivncia do trabalhador portador de LER. Dissertao de Mestrado. Florianpolis: UFSC,1997.

  • Questionrio aplicado aos motoristas que participaram da pesquisa: