INCIDENTE EM ANTARES

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INCIDENTE EM ANTARES

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INCIDENTE EM ANTARES. INCIDENTE EM ANTARES • AUTOR: ÉRICO VERÍSSIMO • ESCOLA LITERÁRIA: MODERNISMO – 2ª GERAÇÃO • ANO DE PUBLICAÇÃO: 1971 • GÊNERO: ROMANCE • TEMAS: POLÍTICA, CRÍTICA À SOCIEDADE, INJUSTIÇA, MISÉRIA, MEDIOCRIDADE • DIVISÃO DA OBRA: 2 PARTES - PowerPoint PPT Presentation

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INCIDENTE EM ANTARES• AUTOR: ÉRICO VERÍSSIMO• ESCOLA LITERÁRIA: MODERNISMO – 2ª GERAÇÃO• ANO DE PUBLICAÇÃO: 1971• GÊNERO: ROMANCE• TEMAS: POLÍTICA, CRÍTICA À SOCIEDADE,INJUSTIÇA, MISÉRIA, MEDIOCRIDADE• DIVISÃO DA OBRA: 2 PARTES• LOCAL: RIO GRANDE DO SUL e RIO DE JANEIRO• NARRAÇÃO: 3ª PESSOA – NARRADOR ONISCIENTE E ONIPRESENTE – ruptura narratológica

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ÉRICO VERÍSSIMO• Nasceu em Cruz Alta, RS, em 1905 emorreu em Porto Alegre, em 1975.• Autor de “O tempo e o vento”• Sua obra é dividida em 3 fases:– Romance urbano– Romance histórico– Romance político (“Incidente em Antares”)

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CARACTERÍSTICAS DAOBRA• Romance político• Denúncia da realidade brasileira• Temas históricos: Era Vargas, O EstadoNovo, Fim do Estado Novo, Governo JK, Jânio Quadros 1961, João Goulart 1961-64, O Golpe Militar de 1964 – Ditadura;

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OS PERSONAGENSVacarianos• Francisco Vacariano (pioneiro) – rival deAnacleto Campolargo• Antão Vacariano – rival de Benjamim Campolargo• Xisto Vacariano - rival de Benjamim Campolargo• Romualdo Vacariano (caçula) – estuprado /violentado a mando de Benjamim Campolargo• Tibério Vacariano – casado com D. Briolanja

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Campolargos• Anacleto Campolargo (pioneiro) – rival deFrancisco Vacariano• Benjamim Campolargo - rival de Antão e XistoVacariano• Terézio Campolargo (caçula) – violentado / mortopor Xisto Vacariano• Zózimo Campolargo – casado com D. Quitéria

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Os sete defuntos• D. Quitéria Campolargo – matriarca da família Campolargo• Dr. Cícero Branco – advogado corrupto que tenta seregenerar depois de morto• João Paz – homem que foi torturado pela polícia do lugar• Erotildes – velha prostituta• Pudim de Cachaça – bêbado que fora envenenado pelamulher• Maestro Menandro – homem solitário que se suicida por nãoconseguir tocar Appassionata, de Beethoven• Barcelona – o anarco-sindicalista, sapateiro do lugar

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Os PróceresOs Próceres

Pe. Gerôncio – conservador; Pe. Pedro Pe. Gerôncio – conservador; Pe. Pedro Paulo – moderno, humanista;Paulo – moderno, humanista;

Major Vivaldino Brazão – Prefeito; Dr. Major Vivaldino Brazão – Prefeito; Dr. Quintiliano – magistrado; Prof. Quintiliano – magistrado; Prof. Libindo Olivares –intelectual; Libindo Olivares –intelectual; Drs.Lázaro e Falkenburg; Mirabeau Drs.Lázaro e Falkenburg; Mirabeau da Silva – promotor; Inocêncio da Silva – promotor; Inocêncio Pigarço – delegado; Lucas Faia – Pigarço – delegado; Lucas Faia – jornalista; Presidentes Assoc. jornalista; Presidentes Assoc. Comercial, Rotary e Lyons;Comercial, Rotary e Lyons;

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            PERSONAGENS PERSONAGENS

                        1) Representando a ordem social tradicional, marcadamente conservadora 1) Representando a ordem social tradicional, marcadamente conservadora

e aristocrática, os dois clãs rivais (Vacarianos e Campolargos) dominam a e aristocrática, os dois clãs rivais (Vacarianos e Campolargos) dominam a cidade. cidade.

            2) As personagens femininas, com exceção de D. Quitéria, a matriarca dos 2) As personagens femininas, com exceção de D. Quitéria, a matriarca dos Campolargos, vivem à sombra dos seus maridos, submissas e alienadas, Campolargos, vivem à sombra dos seus maridos, submissas e alienadas, aceitando passivamente a ordem estabelecida. Uma exceção a essa aceitando passivamente a ordem estabelecida. Uma exceção a essa passividade e alienação é Valentina, mulher do Dr. Quintiliano. (pantera passividade e alienação é Valentina, mulher do Dr. Quintiliano. (pantera açaimada)açaimada)

            3) As personagens esquerdistas, taxadas de comunistas naquela 3) As personagens esquerdistas, taxadas de comunistas naquela sociedade conservadora, defendem o socialismo e lutam por um ordem social sociedade conservadora, defendem o socialismo e lutam por um ordem social mais justa e um mundo melhor. Destacam-se aqui o Pe. Pedro-Paulo, o Prof. mais justa e um mundo melhor. Destacam-se aqui o Pe. Pedro-Paulo, o Prof. Martim, Joãozinho Paz com sua mulher (Ritinha), Geminiano ramos, Martim, Joãozinho Paz com sua mulher (Ritinha), Geminiano ramos, Barcelona, o anarco-sindicalista, e mesmo Xisto, neto do Cel. Tibério. Barcelona, o anarco-sindicalista, e mesmo Xisto, neto do Cel. Tibério.

            4) Entre os humildes, constituindo a ralé da sociedade antarense, está o 4) Entre os humildes, constituindo a ralé da sociedade antarense, está o submundo da favela Babilônia. Nessa linha, incluem-se a prostituta Erotildes submundo da favela Babilônia. Nessa linha, incluem-se a prostituta Erotildes e o bêbado Pudim da Cachaça. (Rosinha e Alambique). e o bêbado Pudim da Cachaça. (Rosinha e Alambique).

            5) Mais ou menos marginalizados, enclausurados, nos seus dramas 5) Mais ou menos marginalizados, enclausurados, nos seus dramas pessoais e nos seus traumas, destacam-se o maestro Menandro, o neonazista pessoais e nos seus traumas, destacam-se o maestro Menandro, o neonazista Egon Sturm e certamente o subserviente secretário do Prefeito (o Mendes). Egon Sturm e certamente o subserviente secretário do Prefeito (o Mendes). Nessa lista, em falta de outro lugar, talvez possa entrar aqui também o Nessa lista, em falta de outro lugar, talvez possa entrar aqui também o fotógrafo checo Yaroslav. fotógrafo checo Yaroslav.

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            ESTILO DA ÉPOCAESTILO DA ÉPOCA           ModernismoModernismo

            A fundamentação na cultura nacional revela bem uma A fundamentação na cultura nacional revela bem uma das tendências do Modernismo:das tendências do Modernismo: a valorização de elementos a valorização de elementos folclóricos e tradicionais, bem como de costumes regionais; folclóricos e tradicionais, bem como de costumes regionais; nacionalismo aparente, esconde dramas existenciais que têm nacionalismo aparente, esconde dramas existenciais que têm dimensão universaldimensão universal. No livro de Érico Veríssimo, Antares é, sem . No livro de Érico Veríssimo, Antares é, sem dúvida, um símbolo de um universo maior. Aliás, essa idéia dúvida, um símbolo de um universo maior. Aliás, essa idéia aparece, numa conotação política, pichada nos muros da cidade: aparece, numa conotação política, pichada nos muros da cidade: “A sociedade de Antares está podre. Antares é o símbolo da “A sociedade de Antares está podre. Antares é o símbolo da burguesia capitalista decadente” (p. 459). burguesia capitalista decadente” (p. 459).

           Outro aspecto do livro que configura o Modernismo é o Outro aspecto do livro que configura o Modernismo é o fantásticofantástico, que se manifesta em , que se manifesta em Incidente em AntaresIncidente em Antares através através dos sete defuntos insepultos. (Machado de Assis em Memórias dos sete defuntos insepultos. (Machado de Assis em Memórias Póstumas por exemplo); esse truque evidentemente tem o seu Póstumas por exemplo); esse truque evidentemente tem o seu sentido: é através do morto (fora, portanto, do palco da vida) que sentido: é através do morto (fora, portanto, do palco da vida) que se vê melhor. Ficando fora do círculo da vida, desataviado da se vê melhor. Ficando fora do círculo da vida, desataviado da máscara e convenções sociais, é possível ver com maior nitidez e máscara e convenções sociais, é possível ver com maior nitidez e mais objetividade. mais objetividade.

            A invasão dos ratos, sem dúvida é outro elemento bem ao A invasão dos ratos, sem dúvida é outro elemento bem ao gosto da literatura fantástica. gosto da literatura fantástica.

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          LinguagemLinguagem,, são constantes os registros da são constantes os registros da fala fala coloquialcoloquial, como é comum no Modernismo. Isso, sem , como é comum no Modernismo. Isso, sem dúvida, confere maior autenticidade à personagem. dúvida, confere maior autenticidade à personagem.

            ““- Me prenda, coronel, me rebaixe de posto, mas uma - Me prenda, coronel, me rebaixe de posto, mas uma coisa dessas eu não façocoisa dessas eu não faço (p. 20). (p. 20).

            - Ele vai acabar levando o Brasil pro lado de Moscou- Ele vai acabar levando o Brasil pro lado de Moscou (p. (p. 73). 73).

            - Uma das meninas me telefonou ind’agorinha- Uma das meninas me telefonou ind’agorinha (p. 203). (p. 203).          Fiel a esse registro da linguagem coloquial, Fiel a esse registro da linguagem coloquial,

muitas vezes aparece palavrão e pronúncias muitas vezes aparece palavrão e pronúncias típicas do Rio Grande, além de regionalismos.típicas do Rio Grande, além de regionalismos.

            - Não hai bem que sempre dure nem mal que nunca se - Não hai bem que sempre dure nem mal que nunca se acabe. acabe. (p. 287). (p. 287).

            - Desculpe lê tirar da cama a esta hora, governador- Desculpe lê tirar da cama a esta hora, governador (p. (p. 192) 192)

            -Se algum filho da pota me fizer qualquer provocação, -Se algum filho da pota me fizer qualquer provocação, traço-lhe bala traço-lhe bala (p. 123). (p. 123).

Alguns estrangeirismos; Alguns estrangeirismos; well, monsieur, mister...well, monsieur, mister...

O Narrador, porém, usa a variedade padrão da O Narrador, porém, usa a variedade padrão da língua;língua;

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NarraçãoNarração Narrador Onisciente, onipresente, por Narrador Onisciente, onipresente, por

vezes, prismático (perspectiva de vários vezes, prismático (perspectiva de vários personagens)personagens)

Ruptura narratológica: narração em 1 Ruptura narratológica: narração em 1 pessoa: Gaston Gondran d’Auberville - pessoa: Gaston Gondran d’Auberville - origem; Pe. Juan Bautista Otero – origem; Pe. Juan Bautista Otero – miscigenação; Prof. Martim Francisco Terra miscigenação; Prof. Martim Francisco Terra – diário, descrição dos personagens; Lucas – diário, descrição dos personagens; Lucas Faia – artigos jornalísticos; Pe. Pedro Paulo – Faia – artigos jornalísticos; Pe. Pedro Paulo – diário, relatos, travessia Ritinha, encontro diário, relatos, travessia Ritinha, encontro Mendes, Dr. Lázaro; e outros...Mendes, Dr. Lázaro; e outros...

Verossimilhança, dinamicidade, Verossimilhança, dinamicidade, originalidade, estilo;originalidade, estilo;

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PRIMEIRA PARTE - ANTARES• Antares é uma pequena cidade IMAGINÁRIA doRio Grande do Sul que faz fronteira com aArgentina.• A origem do nome “Antares” teria vindo a partirde um estudioso francês, Gaston Gondran Gauberville, que mostrara a estrelade Antares a Chico Vacariano.• Chico gostou do nome e trocou o que era,“Povinho da Caveira” para “Antares”, em 1853,elevando-a à categoria de vila.• O povo achava que antares significava “lugardas antas”.

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• Durante mais de dez anos Francisco Vacarianofoi a autoridade suprema e inconteste na vila.• Até que chegou um certo Anacleto Campolargo, criador de gado e homem de posses, natural de Uruguaiana.

• O ódio das 2 famílias perdurou por quase 70anos.

• 1878: Antares foi separada de São Borja eelevada à categoria de cidade e sede demunicípio (graças a Anacleto Campolargo).

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• Guerra com o Paraguai: Benjamim Campolargoperdeu um olho, e Antão Vacariano, a mãoesquerda.• Após a morte dos pais, estes dois tomaram seuslugares, e a luta entre as famílias tornou-seainda mais acirrada.• Benjamim manda matar Antão Vacariano.• Tempos depois, Xisto Vacariano, das forçasfederalistas, prende Terézio Campolargo (ocaçula).

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• “Xisto mandou amarrar o prisioneiro pelaspernas e pendurá-lo no galho duma árvore, coma cabeça a poucos centímetros do solo. Depoisacercou-se de sua vítima, empunhando umgrande funil de lata, cujo longo bico lhe enfiouàs cegas no ânus, profundamente.• Depois mandou buscar uma chaleira com águaquente e derramou-a pelo funil. TerézioCampolargo soltou um urro e começou aestrebuchar.”

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• Tempos depois, Benjamim Campolargo sevingou e fez de Romualdo Vacariano seu refém.

• Benjamim mandou que amarrassem Romualdo em uma árvore, tirassem-lhe as calças e ordenou que um de seus homens o estuprassem. Consumado o ato, gritou: “Agorasoltem a moça!”.

• O rapaz correu para o rio e se matou.

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• Início do século XX: progresso• Xisto e Benjamim começam a perder ahegemonia.• As novas gerações reclamam da situação• 1925: Getúlio Vargas, deputado federal foi aAntares para restituir a paz entre as famílias. ECONSEGUIU!!!Nova geração:• Zózimo Campolargo - Quitéria (D. Quita) eTibério Vacariano - D. Briolanja (D. Lanja).

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• Rivalidade (amena):D. Quitéria x Tibério Vacariano• Em 1926, Getúlio Vargas se torna Ministro daFazenda e, tempos depois, foi eleito presidentede seu próprio Estado.• Tibério Vacariano decide tirar proveito do amigo político, compra uma casa no Rio de Janeiro e começa a fazer negócios lícitos e ilícitos.• 1945: Getúlio é forçado pelo Exército arenunciar. – Tibério lhe vira as costas.

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• Com o fim do Estado Novo e a queda de Vargas,Tibério volta para Antares e começa a alargar seupoder na cidade.• Tem um caso com uma menina de 17 anos –Cléo – sua “teúda e manteúda”. Blau Nunes• Getúlio volta novamente com força total à política;sabendo disso, Tibério quer voltar à amizade comGetúlio, mas este o expulsa.• 1950: Getúlio vence as eleições para Presidente.

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• 1954: Getúlio se suicida.• A leitura de sua carta-testamento elevou-o àglória:• "Lutei contra a espoliação do Brasil. Lutei contraa espoliação do povo. Tenho lutado de peitoaberto. O ódio, as infâmias, a calúnia nãoabateram o meu ânimo. Eu vos dei a minhavida. Agora ofereço a minha morte. Nada receio.Serenamente dou o primeiro passo nacaminhada da eternidade e saio da vida paraentrar na História".

Page 22: INCIDENTE EM ANTARES

• 1955: Juscelino Kubitschek é eleito Presidenteda República e João Goulart, Vice-Presidente.• 1960: Inauguração de Brasília, por Juscelino.• 1960: Zózimo Campolargo morre de leucemianum hospital do Rio de Janeiro.• 1960: Jânio Quadros visita Antares.• 1961: Jânio é eleito Presidente do Brasil• 1961: Jânio renuncia ao cargo.(Tibério fica indignado, pois o vice, João Goularttinha tendências “socialistas”.

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• 1955: Juscelino Kubitschek é eleito Presidenteda República e João Goulart, Vice-Presidente.• 1960: Inauguração de Brasília, por Juscelino.• 1960: Zózimo Campolargo morre de leucemianum hospital do Rio de Janeiro.• 1960: Jânio Quadros visita Antares.• 1961: Jânio é eleito Presidente do Brasil• 1961: Jânio renuncia ao cargo.(Tibério fica indignado, pois o vice, João Goularttinha tendências “socialistas”.

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• 1963: Jango havia sido derrubado – militares nopoder.• 1963: Ano do lançamento do livro "Anatomiaduma cidade gaúcha de fronteira“ – desastretotal!!! – ele falava das podridões de Antares, domau gosto e do povo arcaico. Fala também deÉrico Veríssimo: “Quem vê a cara séria dessehomem não é capaz de imaginar as sujeiras edespautérios que ele bota nos livros dele.” – umcomunista!

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SEGUNDA PARTE –O INCIDENTE• 11 de dezembro de 1963: GREVE GERAL em Antares.

● Empresas multinacionais: Cia Franco Brasileira de Lãs – Jean François Dupleiss; Companhia de Óleos Comestíveis Sol do Pampa – Chang Ling; Frigorífico Pan Americano – Jeferson Monroe III; Usina Termoelétrica do Município;

• A cidade se agita.

• Notícia: D. Quitéria morre.

• O médico diz a Tibério que mais 6 pessoashaviam morrido:

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• oProf. Menandro, que se suicidou, cortando os pulsos;• o anarco-sindicalista José Ruiz, vulgo Barcelona;• Dr. Cícero Branco (derrame cerebral), advogado dasfalcatruas do Cel. Tibério e do Prefeito Vivaldino;• o "subversivo" João Paz, torturado pelo delegadoInocêncio;• o bêbado Pudim de Cachaça, envenenado pela mulher;• a prostituta Erotildes, que morreu vitimada pelatuberculose

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• Os coveiros, em greve, recusaram-se a enterraros corpos.• Confusão total.• Deixaram os mortos no cemitério, sob vigília dosgrevistas.• Sexta-feira, 13 de agosto de 1963:• Os mortos saem dos caixões e vão paracidade. Combinam de se encontrar no coreto dapraça às 12h.

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• D. Quitéria vai para casa e vê a família brigandopor causa da herança – ela joga todas as jóiaspelo bacio.• Dr. Cícero vi para casa e encontra a mulher comum amante na cama. Depois, vai para o cartórioautenticar uns documentos com data de 3 diasantes.• Barcelona foi a sua casa e a sua sapataria.Depois vai à delegacia dizer “poucas e boas” aodelegado.

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• Menandro Olinda, o pianista, vai para sua casae toca a Appassionata, de Beethoven, em “umconcerto especial para Deus”.• Erotildes vai ao seu barraco rever a amigaRosinha.• Pudim de Cachaça vai procurar o amigoAlambique para ter certeza de que fora suamulher que o envenenara.• Joãozinho vai procurar o padre, pedindo-lhepara que preparasse o espírito de Ritinha pararecebê-lo, pois ela estava grávida.

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• A cidade entra em pânico.• As autoridades se reúnem sem saber o quefazer.• Meio-dia, soa o sino da igreja; os defuntos vãopara o coreto; o povo está todo na praça; asautoridades vão para lá.• O prefeito tenta mandar os defuntos voltarem,mas eles ficam imóveis.• O promotor intervém, mas o povo grita de cimadas árvores: “fres-co, fres-co”.

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• Dr. Cícero toma a palavra:• “— Hipócritas! Impostores! Simuladores! Eis oque sois... Vista deste coreto, do meu ângulo dedefunto, a vida mais que nunca me parece umbaile de máscaras. Ninguém usa (nem mesmoconhece direito) a sua face natural. Tendes umdisfarce para cada ocasião. Cada um de vósselecionou sua fantasia para a Grande Festa.”• E começa a falar as falcatruas de cadaautoridade da cidade...

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• O povo vaia; os poderosos querem matar osdefuntos; as damas desmaiam...• Cícero mostra e prova a todos os antarenses acorrupção existente na cidade, principalmentepor parte do prefeito e do coronel Vacariano.• Enquanto isso, o urubus invadiam a cidade evoavam cada vez mais baixo, atraídos pelo forteodor exalado pelos defuntos.• E assim cada defunto tem a sua vez de falar, etodos relatam a podridão existente naquelacidade.

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• Após os depoimentos, o povo sai da praça.• Maridos espancam mulheres adúlteras, homenssão postos para fora de casa...• Uma multidão de ratos invade Antares.

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• “Afirma-se que os ratos, já dentro do coreto,comem os pés dos mortos. Um morador de uma das casas da Praça da República jura pela luz que o alumia que viu por uma fresta de suajanela uma ratazana roendo o rosto de D. Quitéria Campolargo. Os urubus entram numaluta encarniçada com os ratos, atacando-os abicadas, e diante dessa sangrenta disputa ossete mortos parecem manter-se impassíveis, namais rigorosa neutralidade.”

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• Vivaldino teve uma idéia: ordenou ao delegadoque mandasse uns oito ou dez de seus homensprotegidos por máscaras contra gasesaproximarem-se do coreto para atirar contra elebombas lacrimogêneas, a fim de afugentar tantoos ratos como os urubus.• Deu certo!!!• Boato: a água estava contaminada! Pânico geral• Pouca gente dormiu naquela noite em Antares.

Page 36: INCIDENTE EM ANTARES

• Tranqüilino arquitetou um plano: iria atacar osdefuntos.• Ao raiar do dia seguinte, Tranqüilino e seushomens tiraram dos sacos pedras, garrafasvazias e pedaços de madeira pesada ecomeçaram a arremessá-los como projéteiscontra os sete cadáveres.• Os defuntos se renderam e os sete mortos, namesma formação em que haviam descido aVoluntários da Pátria, subiram a mesma rua,rumo do cemitério.

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• Tranqüilino arquitetou um plano: iria atacar osdefuntos.• Ao raiar do dia seguinte, Tranqüilino e seushomens tiraram dos sacos pedras, garrafasvazias e pedaços de madeira pesada ecomeçaram a arremessá-los como projéteiscontra os sete cadáveres.• Os defuntos se renderam e os sete mortos, namesma formação em que haviam descido aVoluntários da Pátria, subiram a mesma rua,rumo do cemitério.

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• No cemitério, eles deitam-se em seus caixões efecham definitivamente os olhos.• Eram exatamente seis e vinte da manhã desábado, 14 de dezembro de 1963.• Aos poucos, a cidade ia voltando ao normal; aspessoas pareciam ter saído de uma guerra eabraçavam-se e beijavam-se.• À tarde chegaram uns jornalistas de PortoAlegre para entrevistar o povo e, acreditem,ninguém falou nada sobre o incidente.

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• Antares passou o domingo e a segunda-feiranum silêncio só. O povo estava acuado e acidade em uma tristeza profunda.• O prefeito decidiu marcar uma reunião com osmandantes de Antares, afinal, precisavamrecuperar a moral da cidade e de seus nobreshabitantes. Nessa reunião, Lucas Faia foiproibido de publicar um artigo que escreverasobre a “visita dos mortos”, sua grandedecepção.

Page 40: INCIDENTE EM ANTARES

• O Prof. Libindo dá uma sugestão parasolucionar o problema: Operação Borracha!• E tudo voltou ao normal em Antares: oscorruptos voltaram ao poder; riam do povo;roubavam cada vez mais...• Alguns estudantes tentavam protestar, maseram impedidos pela velha guarda.• As festas de fim-de-ano chegaram; o povo jáparecia ter esquecido o incidente.

Page 41: INCIDENTE EM ANTARES

• “A alta sociedade de Antares entrou nestesúltimos cinco anos numa espécie de crescentedelírio exibicionista e competitivo, em matéria deposição e virtudes mundanas.”• Sete anos após aquela terrível sexta-feira 13 dedezembro de 1963, pode-se afirmar, sem riscode exagero, que Antares esqueceu o seumacabro incidente. Ou então sabe fingir muitobem.● Li-ber…• E a repressão continuou em Antares...

FIM