INCLUSÃO SOCIAL ATRAVÉS DO VESTUÁRIO PARA PORTADORES DE...

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CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC - SP Faculdade de Moda - Santo Amaro - Campus Programa de Pós Graduação em Moda, Cultura e Arte ONEIDE DE ALMEIDA CARVALHO INCLUSÃO SOCIAL ATRAVÉS DO VESTUÁRIO PARA PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS: Uma proposta de intervenção São Paulo 2007

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CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC - SP Faculdade de Moda - Santo Amaro - Campus

Programa de Pós Graduação em Moda, Cultura e Arte

ONEIDE DE ALMEIDA CARVALHO

INCLUSÃO SOCIAL ATRAVÉS DO VESTUÁRIO PARA PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS:

Uma proposta de intervenção

São Paulo

2007

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ONEIDE DE ALMEIDA CARVALHO

INCLUSÃO SOCIAL ATRAVÉS DO VESTUÁRIO PARA PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS:

Uma proposta de intervenção

Dissertação de mestrado apresentada em cumprimento às exigências do programa de Pós-graduação em Moda, Cultura e Arte, para obtenção do grau de mestre. Orientadora: Profa. Dra. Ana Lúcia Castro.

São Paulo 2007

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Carvalho, Oneide de Almeida

Inclusão social através do vestuário para portadores de necessidades especiais: uma proposta de intervenção / Oneide de Almeida Carvalho. – São Paulo, 2007. 88 f. Orientadora: Profa. Dra. Ana Lúcia Castro

Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós Graduação em Moda, Cultura e Arte, Faculdade de Moda Santo Amaro, Centro Universitário Senac. São Paulo, 2006. 1. Exclusão social; Deficientes físicos; Moda; Modelagem; Corpo e moda; Design social universal. Título I.

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RESUMO

O estudo pretende levantar subsídios para uma reflexão teórico-prática com intuito

de contribuir com os portadores de necessidades especiais, partindo da análise acerca do

embate entre identidade e alteridade, enfatizando e problematizando o estranhamento a que os

mesmos são submetidos quando julgados pela aparência. Como resultado deste projeto,

apresentam-se formas de inclusão social pelo vestuário com trajes desenvolvidos com

características de design universal social (que atenda a todos de forma igualitária). Foram

estudados a possibilidade de adaptações na estrutura dos trajes e os cuidados com a estética,

na tentativa de amenizar o impacto causado pelo olhar do outro, que tantas vezes contribui

para a exclusão social a qual são submetidos os deficientes físicos. Vale salientar que esta

pesquisa comporta uma dimensão essencialmente prática, uma vez que os dados levantados

serão analisados com vistas à produção de subsídios que deverão fundamentar as

modificações no suporte técnico da modelagem convencional aplicado na indústria do

vestuário.

Palavras-chave: Exclusão social; Deficientes físicos; Moda; Modelagem; Corpo e moda;

Design social universal

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ABSTRACT

The study intends to increase subsidies for a theoretical-practical reflection with

the purpose to contribute to the special needs carriers, beginning with the analysis of the

shock between identity and alterity, emphasizing an discussing the strangeness they are

submitted to when judged by appearance. As a result of this project, forms of social inclusion

by clothing with dresses developed using Universal Social Design characteristics (that serves

everybody equally) are presented. The possibilities of adaptations in the structure of the

dresses and aesthetics cares were studied in an attempt to reduce the impact caused by the

look of the other, which contributes many times to the lack of social inclusion in which the

physically disabled are submitted. It is worth to emphasize that this search supports an

essentially practical dimension, once the obtained data will be analyzed with the objective of

producing subsidies that must give grounds for the modifications on the technical support of

conventional modeling applied in the clothing industry.

Key-words: Social Exclusion; Physically Disabled; Fashion; Modeling; Body and fashion;

Universal design.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 09 CAPÍTULO I EXCLUSÃO E CORPO ..................................................................... 12 1.1 Moda e sociedade .......................................................................................................... 12 1.2 Histórico das amputações e das próteses do membro inferior ...................................... 19 1.3 Demonstração de colocação e remoção de prótese por Kaic Loran Martins ................ 25 CAPÍTULO II A QUESTÃO DA ACESSIBILIDADE ............................................. 28 2.1 Idéias preliminares ........................................................................................................ 28 2.2 A deficiência e o contemporâneo: transformações recentes na vida do deficiente ....... 31 2.3 Moda e modelagem ....................................................................................................... 39 CAPÍTULO III A TRAJETÓRIA PRÁTICA .............................................................. 45 3.1 Introdução explicativa ................................................................................................... 45 3.2 Pesquisa de campo ........................................................................................................ 58

3.2.1 Autorização para uso de imagem ......................................................................... 59 3.2.2 Formulário de entrevista aplicado ao curso de fisioterapia .................................. 60 3.2.3 Resultado das entrevistas ..................................................................................... 62 3.2.4 Levantamento dos dados ...................................................................................... 63 3.2.5 Estudo de caso: referência infantil: Kaic Lorran Martins .................................... 64

3.3 Modelagem adaptada .................................................................................................... 68 CONCLUSÃO .................................................................................................................... 84 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................... 85 ANEXOS ........................................................................................................................... 88

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Vestido debruado com seda e ornado com renda. Trajes com cintura marcada pelo espartilho

Figura 2 – Um Cartum de La Vie Parisiense, de junho de 1924, mostra uma mulher ao ter o espartilho amarrado. Sátira ao sacrifício que as mulheres eram submetidas.

Figura 3 – Menino com prótese de madeira para amputação tibial – fragmento de um vaso de origem sul italiana, hoje no Museu de Louvre – Paris (século IV a.C.).

Figura 4 – Prótese tibial de um caçador mouro: sistema para andar ajoelhado. Mosaico do século XII, Catedral de Lescar (1141).

Figura 5 – Paciente com coto curto.

Figura 6 – Pelão tibial para andar sobre o joelho. Peregrinagem de Montsoviat. Pintura de 1782 – Igraja de St. Jacques à Houndon, Yvelives – França.

Figura 7 – Pelão tibial Prótese dos Pobres, de Ambroise Paré, General Daumosnel, 1809, França. Prótese para andar sobre o joelho.

Figura 8 – Prótese para amputação femural, origem alemã. Final do século XIX.

Figura 9 – Formão: molde usado para tirar medidas do coto.

Figura 10 – Prótese com ajuste regulável na altura do joelho.

Figura 11 – Kaic coloca a meia que serve de proteção para o coto junto à prótese.

Figura 12 – Kaic Faz demonstração da falta de articulação do pé da prótese.

Figura 13 – Kaic demonstra modelo de borracha que encaixa no coto.

Figura 14 – Vestido de casamento da rainha Sofia Madalena da Suécia, 1766.

Figura 15 – Traje feminino egípcio.

Figura 16 – Anquinhas, espartilho e máscara, meados do século XVIII.

Figura 17 – Boneco de um site como forma de inclusão.

Figura 18 – Estudantes de moda criam coleção especial para portadores de deficiência física.

Figura 19 – Inclusão social por meio da moda para portadores de deficiência física.

Figura 20 – Ficha de sugestões.

Figura 21 – Ficha para cadastro.

Figuras 22 e 23 – Fichas de produtos.

Figura 24 – Ficha com a forma de pagamento.

Figura 25 – Ficha técnica do site a ser implantado.

Figura 26 – Modelo de blusa com ajustes na lateral de um lado da cintura, possibilitando que a peça fique numa posição assimétrica junto ao corpo. Calça com adaptação de prega na altura do joelho (costas), facilitando a mobilidade ao deslocar a perna.

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Figura 27 – Modelo com ajuste nas mangas da blusa, na altura do cotovelo, deslocando a sobra de tecido para a parte superior, facilitando o movimento dos braços.

Figura 28 – Modelo com ajuste de zíper acima do joelho, possibilitando a remoção da parte inferior da calça e facilitando o uso duplo da peça. Reforço no joelho com adaptação de almofada no joelho para proteção de atritos. Adaptação de almofada removível, presa no cós traseiro, facilitando o uso para cadeirantes.

Figura 29 – Modelo de camisa, com reforço removível nos ombros, com objetivo de igualar as diferenças de ombro caído.

Figura 30 – Modelo desenvolvido para adaptação na alça do vestido, com possibilidades de regular conforme a necessidade da deficiência. Bolero desenvolvido com adaptação na cava, facilitando a mobilidade.

Figura 31 – Modelo de calça com zíper de encaixe na parte frontal, aumentando a largura da perna, para facilitar o ajuste junto às próteses.

Figura 32 – Modelo de camiseta e bermuda com bolsos externos no estilo canguru, como facilitador para as deficiências de braço e mão.

Figura 33 – Modelo adaptado na calça, com regulador, possibilitando o ajuste no comprimento conforme a prótese. Camiseta com reforço de espuma para aumentar o ombro desnivelado pela deficiência.

Figura 34 – Visita a Batatais (ABADEF) – 23/09/2005.

Figura 35 – Kaic com um ano e dois meses, em recuperação após amputação.

Figura 36 – Kaic com um ano e dois meses, após a amputação, usando roupa inadequada que compromete os movimentos e a estética.

Figura 37 – Kaic aos oito anos com dificuldade de vestir-se, calça justa no cós, mesmo sendo de elástico na cintura.

Figura 38 – Calça comprida com numeração maior, com cós. Dobras excessivas na barra devido à numeração maior. Joelhos com perfurações feitas pela prótese devido às articulações dos joelhos.

Figura 39 – Dificuldade ao descer as escadas, a roupa não oferece mobilidade e prende na articulação da prótese na altura do joelho.

Figura 40 – Kaic com dificuldade ao tentar entrar no carro, a bermuda prende os movimentos na altura do joelho, e o estímulo da família para não deixá-lo desanimar.

Figuras 41 e 42 – Boneco de um site – Modelagem: inclusão social através da moda para portadores de deficiência física.

Figura 43 – Testes realizados com peça piloto: modelagem adaptada para produto com design universal social.

Figura 44 – Sobra de tecido nas pernas compromete o desenvolvimento da criança.

Figuras 45 e 46 – Dificuldade ao vestir a calça com numeração duas vezes maior. Cintura apertada, boca da calça estreita dificulta o vestir.

Figuras 47 e 48 – Dificuldade ao tentar encaixar o sapato na largura da boca da calça. Calça perfurada na altura do joelho devido aos ferros da prótese.

Figura 49 – Prótese tibial de um caçador mouro, sistema para andar ajoelhado. Mosaico do século XII. Catedral de Lescar (1141).

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Figura 50 – Menino com prótese de madeira para amputação tibial – fragmento de um vaso de origem sul italiano hoje no Museu de Louvre – Paris (4 séculos a.C.).

Figura 51 – Sugestão de modelo adaptado.

Figura 52 – Calça com ajuste regulador na cintura.

Figura 53 – Calça com franzido nas pernas.

Figura 54 – Solução na modelagem e resultados.

Figura 55 – Kaic veste a calça feita sob medida.

Figura 56 – Kaic ajusta a calça ao corpo.

Figura 57 – Kaic demonstra a calça modelada.

Figura 58 – Kaic tenta dar alguns passos.

Figura 59 – Kaic explora os bolsos da calça.

Figura 60 – Kaic ajusta a barra da calça.

Figura 61 – Kaic movimenta-se com a calça.

Figura 62 – Kaic acerta a barra da calça.

Figura 63 – Kaic tira a calça.

Figura 64 – Pesquisa de campo da Abadef.

Figura 65 – Necessidades de Denise Russo.

Figura 66 – Solução na modelagem da peça de Denise Russo.

Figura 67 – Desenvolvimento de peça de Denise Russo, com resultado satisfatório.

Figura 68 – Dificuldades de Marco Princes.

Figura 69 – Solução na modelagem da peça de Marco Princes.

Figura 70 – Desenvolvimento da peça e análise das necessidades de Marco Princes.

Figura 71 – Necessidades de Rosana.

Figura 72 – Solução na modelagem da peça de Rosana.

Figura 73 – Imagens realizadas no ateliê de Moda da UNIFRAN.

Figura 74 – Ficha técnica da pesquisa.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Mapa social das pessoas com deficiência.

Tabela 2 – Distribuição da população por cor ou raça, segundo a existência de deficiência.

Tabela 3 – Distribuição da população por faixa etária, segundo a existência de deficiência.

Tabela 4 – Distribuição da população por sexo, segundo a existência de deficiência.

Tabela 5 – Distribuição da população por anos de estudo, segundo a existência de deficiência.

Tabela 6 – Distribuição da população por posição na ocupação, segundo a existência de deficiência.

Tabela 7 – Distribuição da população por posição na família, segundo a existência de deficiência.

Tabela 8 – Distribuição da população por contribuição para previdência, segundo a existência de deficiência.

Tabela 9 – Prevalência de deficiências no Brasil – 1989.

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INTRODUÇÃO

Analisa-se, neste trabalho, o problema da exclusão social a que são submetidos os

portadores de deficiência física no Brasil, à luz das ciências sociais. Trata-se, aqui, de

demonstrar alguns contrapontos entre os direitos garantidos por leis, as dificuldades

encontradas para implantá-las no tocante ao acesso a lugares públicos, ao trabalho, ao lazer, e

até mesmo a inexistência de produtos do vestuário adequados às necessidades do vestir-se.

Procura-se analisar as conseqüências que a falta de estrutura desses setores, como

espaço físico e vestuário adequados, trouxe para a vida dessas pessoas e, com base nos

resultados dessas informações pesquisadas, propõe-se contribuições para a inclusão social em

todos os níveis, o que acarretará transformações significativas para o portador de deficiência

física, na sociedade.

Os resultados alcançados dão suporte às propostas e ações inovadoras, na tentativa

de contribuir para a inclusão social, fazendo com que o portador de deficiência física procure

conduzir sua vida de forma mais participativa e atuante. Para tal presume-se que haverá

procura maior por diversas atividades do cotidiano.

Sendo assim, a moda deverá ter, como princípio, cuidados estruturais com os

trajes, devendo ser adaptados de acordo com as necessidades especiais levantadas nas

pesquisas, projetando-os para a funcionalidade sem descuidar da praticidade, conforto e

estética do vestuário, contribuindo para a inclusão social pela aparência física e diminuindo os

níveis de discriminação.

Neste trabalho, o vestuário passou por estudos que favoreceram as modificações

propostas pela moda por meio do sistema de modelagem plana industrial, o qual proporcionou

diversas formas de análise para as adaptações necessárias dos trajes que resultaram em peças

com mais conforto, mobilidade, agilidade. Conseqüentemente, houve mais harmonia do

conjunto dos resultados, os quais proporcionaram trajes com estética, fazendo com que o

deficiente físico que use prótese sinta-se com liberdade de movimentos para que ele mesmo

possa cuidar de si na hora de vestir-se, tendo liberdade e autonomia, o que contribui com a

realização pessoal e melhora sua auto-estima.

A pesquisa, porém, teve como prioridade propor uma reflexão comportamental,

referenciada nas ciências sociais e no conceito de design social universal. Tendo em vista o

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pressuposto de que é necessário à indústria pautar-se no princípio democrático da eqüidade, o

conceito de design social universal diz respeito ao desenvolvimento de teoria, princípio e

soluções aplicáveis aos produtos que visam a universalizar o seu uso. Produtos mais versáteis

e adaptáveis podem vir a ser produzidos com base neste princípio. No caso do estudo aqui

desenvolvido, trata-se de buscar soluções na confecção de peças do vestuário que os tornem

mais versáteis e que permitam o seu uso por diferentes corpos. Neste sentido, a mesma peça

vestiria um corpo de um portador de necessidades especiais ou um de um não portador.

Com isto, o portador de necessidades especiais pode ter acesso a peças que não

limitem sua movimentação e potencialidades, ampliando a possibilidade de exercício de

sociabilidade.

Os resultados deste trabalho, portanto, possibilitam à indústria do vestuário

cumprir seu papel social, fabricando produtos em série com custo acessível ao consumidor

final, atingindo um número maior de usuários e tendo sempre como meta a inclusão social.

Quanto aos procedimentos, a pesquisa contou com:

• levantamento bibliográfico nas áreas de sociologia, antropologia, filosofia,

história, psicologia, pertinentes à discussão do corpo e sua relação com a sociedade por meio

da moda como forma de distinção social;

• aplicação de formulário a profissionais das áreas da saúde envolvidos na

reabilitação do portador de necessidades especiais, como fisioterapia, psicologia, terapia

ocupacional, serviço social;

• realização de entrevistas com base em roteiro pré estruturado, com o objetivo

de levantar dados sobre os portadores de necessidades especiais;

• estudo de caso envolvendo o garoto Kaic Loran Martins, realizado na cidade de

São José do Rio Preto. Esse caso foi a referência inicial deste projeto;

• entrevistas com representantes da Associação Batataense de Deficientes

Físicos: ABADEF, Sr Marcos Serafin, presidente da entidade, e Sônia da Silva, assistente

social, visando a identificar os tipos de patologias de cada um e as necessidades dos

portadores de necessidades especiais em relação ao vestuário;

• seleção de um grupo de alunos dos cursos de Moda, Fisioterapia e Ciência da

Computação da Universidade de Franca (Unifran), interessados no desenvolvimento de

pesquisa junto à iniciação científica. Esses alunos contribuíram com suporte técnico na

aplicação do questionário, no desenvolvimento da modelagem adaptada e na produção desse

vestuário;

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• estudo de modelagem plana para o segmento do vestuário e possíveis

adaptações e transformações de acordo com os resultados das pesquisas acima;

• desenvolvimento de um protótipo de site, no qual seja possível a inclusão dos

portadores de necessidades especiais na aquisição do produto de moda (vestuário).

Após o percurso de leitura das bibliografias propostas nas áreas de ciências sociais,

as quais deram subsídios para entender a relação corpo e sociedade, o projeto seguiu seu curso

contando com a colaboração de profissionais da área da saúde, a qual possibilitou enriquecer a

pesquisa de campo. Com um roteiro de entrevistas, que abordou as reais necessidades dos portadores

de necessidades especiais, norteou-se a condução desta pesquisa de campo com onze pessoas,

sendo uma na cidade de São José do Rio Preto e dez em Batatais, procurando identificar as

dificuldades no cotidiano desse grupo em relação ao contexto social em que vivem, a falta de

adequação dos trajes em relação ao corpo, estética e suas conseqüências. Essa atividade só foi

possível com a contribuição de instituição acadêmica, por meio de um grupo de alunos que

possibilitou realizar os levantamentos necessários para o desenvolvimento de modelagem

adaptada e de protótipos que atendessem às solicitações dos entrevistados.

Diante da proposta de uma moda inclusiva para portadores de necessidades

especiais, colocou-se em andamento o protótipo do site que possibilita o acesso e a aquisição

dos produtos para todas as pessoas.

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CAPÍTULO I

EXCLUSÃO E CORPO

1.1 Moda e sociedade

Neste capítulo, apresenta-se como a moda foi e é capaz de provocar a

discriminação de pessoas que não se enquadram em padrões estabelecidos, consideradas

muitas vezes excêntricas, causando sentimentos de aversão e conseqüentemente induzindo-as

ao isolamento. Tem-se como exemplo Carlota Joaquina, esposa de Dom João VI, conhecida

pelo seu estilo bizarro.

A moda sempre se ocupou em reparar imperfeições corporais, assim acentuou

ainda mais as discriminações e preconceitos, por meio da valorização da estética padronizada,

muitas vezes estimulada pela mídia e consumo que cultuam o corpo, garantindo aos

indivíduos o sentimento de pertencimento a um grupo social. Segundo Castro (2003, p. 82),

“por ser moda, o culto ao corpo é aceito socialmente, aliviando os indivíduos de uma

autocrítica exacerbada por se submeterem a sofrimentos físicos em nome da manutenção de

um padrão estético”.

Nesse sentido, reflete-se sobre as conseqüências advindas dos atos e efeitos das

variadas formas de exclusão social, partindo do pressuposto de que cada organização

(sociedade) categoriza seus membros e seus atributos partindo do olhar macro social. Giddens

(1994, p. 29), por sua vez, diz que “as mudanças nos aspectos íntimos da vida pessoal, por

outras palavras, estão diretamente ligadas ao estabelecimento de conexões sociais de âmbito

muito largo”.

Considera-se, ainda, comum e natural para um grupo, toda forma prevista de

comportamentos que permitam uma relação social, pois o indivíduo desperta nos outros

reações diversas, se ele não se enquadrar em padrões estabelecidos em seu contexto, torna-se,

então, diferente e, portanto, estigmatizado

O comportamento humano, em sua situação social do modo como aparece aos

outros, é citado por Goffman (1975, p. 62): “Quando um indivíduo se apresenta diante de

outros, consciente ou não, projeta uma definição da situação da qual uma parte importante é o

conceito de si mesmo”.

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A cultura errônea de percepção quanto à condição do portador de deficiência física

em relação à sociedade induz o conceito de deficiente ao estigma de incapacidade, remetendo

para um todo o pensamento de que o indivíduo amputado não produz, portanto não é

aproveitado no contexto em que está inserido, resultando com isso preconceitos que, somados

aos traumas psicológicos que sofrem causados pela amputação, remetem o portador de

deficiência física a uma inércia que prejudica ainda mais essa situação.

A definição da palavra estigma, segundo Goffman (1978), provém da civilização

grega e foi criada pelos médicos ao referir-se aos sinais corporais com os quais se procurava

evidenciar algo de extraordinário ou de mau sobre o status moral de quem os apresentava.

Mas a noção de moralidade tem origem na abordagem médica ou nas organizações

de estado observadas pela humanidade, tratando como iguais sob certos aspectos todas as

pessoas, e as que enfrentam alguma imperfeição eram citadas como deficientes, termo que se

opõe ao adjetivo eficiente. (AMARAL; COELHO, 2005).

Há três tipos de estigmas que podem ser analisados, partindo-se das seguintes

situações:

a) Consideram-se as variadas deformidades físicas interpretadas pelo grupo como

abominações do corpo, levando a acreditar que o estigmatizado não é completamente humano

e como conseqüência há o surgimento de diversos tipos de discriminação e a redução das

oportunidades de vida para o indivíduo. Partindo desse conceito é que se procurará levantar

questionamentos e reflexões que possam contribuir para melhorar a vida de pessoas

portadoras de necessidades especiais;

b) O status moral que o estigmatizado carrega em seu caráter, tal como: vontade

fraca, paixões tirânicas, crenças falsas e rígidas, desonestidade e culpa, é inferido como

distúrbio mental, prisão, vício, alcoolismo, homossexualismo, desemprego, suicídio e

comportamento político radical;

c) Os estigmas transmitidos por linhagem tribal de raça, nação e religião são

passados para os membros da família, submetendo-os a rituais de extremo sacrifício em nome

da aceitação e mantendo viva a tradição dos grupos.

A própria mitologia grega analisa o mito de Prometeu, um dos titãs (raça

gigantesca) que habitaram a Terra antes do homem, e junto com seu irmão Eripimeteu

recebeu a incumbência de criar o homem e os animais, assegurando-lhes todas as faculdades

necessárias à sua preservação.

Ao lançar mão de um pouco de terra e água, Prometeu fez uma mistura, criando o

homem à semelhança dos deuses. Prometeu, com ajuda de Minerva, subiu ao céu e acendeu

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sua tocha no carro do Sol, trazendo o fogo para o homem, dando-lhe supremacia para que ele,

no desenrolar da história, subjugasse a sua raça. Prometeu foi castigado pela desobediência ao

custo da depreciação de Júpiter, o rei dos deuses. Este manda acorrentar Prometeu em um

rochedo no Cáucaso, onde um abutre lhe arrancava o fígado que ia se renovando à medida que

era devorado. Se ele se resignasse, essa tortura terminaria. Como ele não a aceitou, tornou-se

estigmatizado por sua resistência e opressão.

Assim, o mito de Prometeu enquadra-se na definição de estigma por status moral

quando ele foi apontado pela sua desobediência, carregando para a eternidade a culpa pela

conduta do homem em relação à humanidade.

O ser humano subjugará o outro, por meio do poder, durante sua trajetória no

convívio social, a estigmas que excluirão de forma definitiva alguns grupos que não se

enquadram em padrões estabelecidos.

A necessidade de organização da sociedade, no final do século XVIII, gerou um

sistema unificado de poder urbano de modo coerente e homogêneo. Segundo Foucault (1979,

p. 86): “O desenvolvimento das cidades e o aparecimento de uma população operária pobre

que vai tornar-se, no século XIX, o proletariado, aumentarão as tensões políticas no interior

das cidades”.

É no século XIX, contudo, que a sociedade passa a ter um corpo social que se

torna o novo princípio, materializado pelo poder exercido sobre o corpo do indivíduo, ou seja,

o resultado do corpo e do poder proporcionou a conscientização do corpo físico, buscando

variadas formas de exaltação do belo por meio da ginástica, do desenvolvimento muscular e

da nudez que leva o indivíduo ao desejo de seu próprio corpo, garantindo-lhe o sentimento de

pertencimento a um grupo social.

Na luta constante entre corpo e poder, a sociedade deixa de exercer o papel de

controle, estimulando, através da exploração econômica, a erotização, desde os produtos para

bronzear até os filmes pornôs. Ao discorrer sobre duas perspectivas analíticas na produção

sociológica, quanto à cultura de consumo, Castro (2003, p. 79) afirma:

Para alguns, tal fato é visto com otimismo, pois resultaria em democratização do acesso ao consumo e aumento da liberdade individual; para outros, é visto como estimulador da manipulação ideológica e controle sedutor da sociedade, dificultando a organização e mobilização social.

Esta mesma sociedade, em nome de uma proteção quase médica, dará lugar a

aplicações de receitas terapêuticas como a eliminação dos doentes, o controle dos contagiosos

e a exclusão dos delinqüentes, substituindo a eliminação pelo suplício dos métodos de

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assepsia: a criminologia, a eugenia e a exclusão dos degenerados.

A humanidade, em evolução e transformação advindas das constantes influências,

busca estabelecer relações sociais com o meio em que vive, acarretando diversas conseqüências em

que também a moda enquanto vestuário contribui por meio das formas e funções dos trajes,

influenciando e ditando comportamentos muitas vezes discriminatórios.

Figura 1– Vestido debruado com seda e adornado com renda. Trajes com cintura marcada pelo espartilho.

Fonte: LAWER, 1989.

Figura 2 – Um cartum de La Vie Parisiense, de junho de 1924, mostra uma mulher ao ter o espartilho amarrado. Sátira ao sacrifício que as mulheres eram submetidas.

Fonte: KOHLER, 2001.

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Quando as diferenças e as discriminações seguem seu curso, vê-se que na história

das famílias cujo regime patriarcal era dominante, os homens eram respeitados pelo seu falo,

e em diversas culturas esse comportamento trazia muita opressão às mulheres, pois algumas

eram violentadas, como forma de auto-afirmação masculina, e outras eram queimadas nas

fogueiras por se acreditar que elas eram sexualmente insaciáveis e que copulavam com o

demônio.

Também a homossexualidade sofreu preconceito, carregando o estigma de pecado

nefando, amor grego, amor viril, terceiro sexo e, no decorrer dos séculos, hermafroditas,

pederastas e homossexuais.

Na trajetória de discriminação e exclusão, a moda vestuário contribui com um lado

negativo, quando estabelece padrões de beleza em nome da inclusão social de grupos

privilegiados por descendências e poder financeiro, gerando distâncias entre classes sociais e

tendo como conseqüência a marginalidade daqueles que não se enquadravam nesses padrões,

como os velhos, os obesos, os aleijados, os cegos e os afeminados.

No Brasil, mais precisamente em São Paulo, até os anos 20, a situação não era

diferente. A cidade passava por um grande período de crescimento urbano em conseqüência

da explosão demográfica que representou a cultura do café com a imigração massiva dos

estrangeiros que, ao chegarem no Brasil, eram automaticamente naturalizados, elevando a

população em mais de 300%, perdendo apenas para a cidade do Rio de Janeiro, que era a

capital do país. Houve uma aceleração urbana sem planificação, cujo fato aumentou as

diferenças sociais entre ricos e pobres, já existentes.

A cultura do café trouxe a elite para as metrópoles, organizando-se em grupos

fechados, dos quais só fazia parte quem possuía influência financeira ou de descendência

renomada, agravando a situação dos menos favorecidos, pois as benfeitorias urbanas

favoreciam muito mais à elite.

Com a modernização e a emancipação feminina, as mulheres começavam a se

expor com mais freqüência, surgindo então novos interesses como, por exemplo, a prática

esportiva que, por outro lado, provocava reações por parte de corrente contrária à saúde, que

alegava fragilidade, delicadeza e o comprometimento da estrutura feminina, estabelecendo

regras para os tipos de exercícios e esporte a serem praticados. O fato revela assim atitude

insegura por parte dos homens que se sentiam ameaçados com a liberdade que as mulheres

vinham conquistando.

A constante exposição das mulheres em lugares públicos contribuiu para o

surgimento de um novo padrão de beleza, de discurso, do corpo e rosto, reforçado pela moda,

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cosméticos e imprensa local, promovendo os critérios de juventude e esbelteza como

fundamentais, em que as mulheres exploravam a sedução, estabelecendo por meio da

sexualização formas de aceitação e relegando à exclusão, ao mesmo tempo, todos os que não

se enquadravam nesse padrão de beleza preestabelecido, como os descendentes de negros, os

velhos, os obesos ou qualquer outra forma física dita inadequada.

Com o trauma da segunda guerra mundial e a necessidade de elevação da auto

estima, buscou-se um período de renovação na Europa, no qual se valorizou o conceito de

juventude, e o Brasil, que não sofreu conseqüências diretas com a guerra, lança slogan de um

futuro promissor, um país jovem e em ascensão.

Contava com o crescimento da industrialização, da expansão da malha ferroviária

com a máquina a vapor e assim com a distribuição e democratização de produtos de moda,

cosméticos e outros, o que favorecia algumas classes sociais, contribuindo para a eclosão de

novos conflitos entre os gêneros e os marginalizados inclusive esteticamente.

Os espaços urbanos são reestruturados com vistas a maior lucro, limitando e

impondo horários, locais e definições de regras morais para a presença das mulheres,

enquanto, para os homens da elite, esses locais eram usados como identidade coletiva com

objetivo de sociabilidade masculina.

O progresso, entre outros aspectos, conduziu as mulheres à adesão em massa do

padrão de beleza, usando a moda como inclusão social na busca de status. A história dos

trajes mostra, com requinte de detalhes, a contribuição que a modelagem proporcionou à

indumentária, favorecendo ou não os corpos funcionais ao seguir à risca modelos e medidas

previamente estabelecidos e vindos da Europa. Mas, por outro lado, essa forma do vestir

começou também trazer malefícios à saúde da mulher, como foi o caso dos espartilhos que,

muito ajustados ao corpo, comprimiam os pulmões e as costelas em direção aos órgãos

internos, muitas vezes, perfurando-os.

A riqueza dos tecidos, o corte, as cores e a modelagem contribuíram para

fortalecer a proposta da moda vigente, mas também proporcionaram formas de leitura do

corpo como status, sentimentos, desejos etc.

A busca pela distinção social fez com que as mulheres muitas vezes usassem seu

corpo como vitrine. Tais fatos começaram a gerar muitas críticas, segundo Weblen (apud

RAINHO, 2002, p. 23):

A moda é uma das formas nocivas de consumismo e que suas constantes mudanças se explicam pelo desejo eternamente de dependência financeira e ao ócio. Mas por

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outro lado, torna-se um aspecto importante para a inclusão de seus maridos na sociedade através da reputação financeira.

O autor refere-se aos trajes caros das mulheres da elite que pareciam vitrines,

citando como exemplo, vestidos muito justos que dificultavam os passos, chapéus enormes

que obstruíam a visibilidade, saltos muito altos que reduziam a mobilidade.

Lipovetsky (1989) cita que a moda vive o presente, acentuando as diferenças

individuais por meio do domínio da produção dos objetos e da cultura, sob o jugo da sedução

e do uso transitório das diferenças marginalizadas. Diz ele: “Vivemos nos programas curtos,

na mudança perpétua das normas, na estimulação para viver imediatamente: o presente erigiu-

se em lixo maior da duração social". (LIPOVETSKY, 1989, p. 265).

Vê-se que no passar do tempo a história relata que a vestimenta masculina não

tinha o mesmo significado que a feminina. A roupa masculina estava cada vez mais despojada

e simples, sofrendo muitas mudanças, como era o caso da cartola que se derivou do crasb-

belmont do caçador, peça que todo homem de bem, respeitado pela burguesia, usava.

Escreve Souza (1987), referindo-se às diferenças entre os gêneros, atenuadas em

decorrência da emancipação feminina (pós guerra), que as mulheres passaram a realizar todo

tipo de tarefa, influindo definitivamente no conjunto da vida social. Acentuou-se então esse

antagonismo, definindo o século XIX como um divisor de águas, uma vez que a roupa

feminina até então constituiu-se como princípio de sedução e atração, considerando relevantes os

padrões de beleza estabelecidos.

Diante de toda essa situação referente à moda, os portadores de deficiência

encontram-se em desvantagem, não só pelas incapacidades derivadas das suas limitações, mas

também pelos preconceitos do imaginário coletivo que associa a deficiência à incompetência,

situação que se arrasta há séculos. A história da humanidade relata as várias formas de

entendimento sobre a deficiência no cotidiano das pessoas e como foi tratada durante um

período longo de exclusão e preconceitos, identificada por três tendências de desvalorização

do portador de necessidades especiais:

a) Biológica, rejeita os organismos danificados;

b) Psicossocial, na dinâmica das relações sociais nas quais as diferenças marcantes

são menos toleradas;

c) Político-econômica, na qual o ônus para o sistema social prejudica a dinâmica

de funcionamento das famílias, da comunidade ou da sociedade mais ampla. (CORRER,

2003, p. 24).

A discriminação das pessoas portadoras de deficiência (PPD) iniciou-se na Idade

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Antiga, quando por razões de sobrevivência dos grupos privilegiados eram exterminados ao

nascerem ou durante suas vidas, e os que muitas vezes se tornavam PPD em decorrência de

guerras, eram deixados em barracas, sendo sustentados por um determinado período pelos

demais.

1.2 Histórico das amputações e das próteses do membro inferior Em Paris, no museu do Louvre, estão em exposição dois vasos que mostram essa

história: um de origem italiana que data do IV século a.C. e outro de origem grega que data do

século XII, com imagem de prótese tibial de um caçador mouro. (KOHLER, 2001;

BOCCOLINI, 2000).

Figura 3 – Menino com prótese de madeira para amputação tibial – fragmento

de um vaso de origem sul italiana hoje no Museu de Louvre – Paris (Séc. IV a.C.).

Fonte: KUHN, 1997

Figura 4 – Prótese tibial de um caçador mouro: sistema para andar ajoelhado. Mosaico do século XII, Catedral de Lescar (1141). Fonte: KUHN, 1997.

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As amputações de membros inferiores são tão antigas quanto a própria

humanidade. Ao longo da história, fatos descritos por Heródoto entre os séculos IV e V a.C.

narram as proezas de Hegistratos, em 484 a.C, que foi preso e condenado à morte, mas

conseguiu escapar, cortando seu próprio pé na região do tarso, das correntes que o envolviam.

(BOCOLINI, 2000). Quando houve a cicatrização, ele mesmo fez pé de madeira e se

reabilitou voltando ao exército persa, onde teria seu valor reconhecido. Observam-se vários

documentos que oferecem condições de análise de próteses utilizadas na substituição dos

membros inferiores.

Na Idade Média, o problema das hemorragias não tinha solução, procurou-se

solucioná-lo fazendo-se um tipo de cauterização, ou seja, queimava-se o local com ferro ou

óleo quente; técnica desenvolvida pelo cirurgião doutor Apre, por volta do século XVI.

Solucionado o problema da hemorragia, surgiu a questão da retração muscular1, deixando na

extremidade do coto uma saliência óssea que impedia o uso da prótese, sendo necessário

cortá-lo. A parte óssea na Idade Média era secionada por meio de um sistema de guilhotina.

Figura 5 – Paciente com coto curto Fonte: KUHN, 1997

1 Os músculos ficavam soltos e com o tempo se retraiam.

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f

Figura 8 – Próteses para amputação femural origem

alemã. Final do século XIX Fonte: KUHN, 1997

De fato, somente no século XIX um cirurgião (sem registro do nome) começou a

moldar a parte óssea com um formão (peça de madeira que servia de molde) (KUHN, 1997).

Figura 6 – Pelão tibial para andar sobre o joelho. Peregrinagem de Montsoviat. Pintura de 1782 – Igreja de St. Jacques à Houndon, Yvelives - França Fonte: KUHN, 1997

Figura 7– Pelão tibial Prótese dos Pobres, de Ambroise Paré, General Daumosnel 1809, França. Prótese para andar sobre o joelho Fonte: KUHN, 1997

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Figura 9 – Formão: molde usado para tirar medidas do coto Fonte: BOCCOLINI, 2000

No século XVII, as partes moles dos cotos também começaram a receber mais

atenção dos cirurgiões, para ter melhor aparência. Assim, as primeiras desarticulações

começaram a ser praticadas a partir do século XVIII, por volta do ano de 1771.

Mas, somente no século XIX um cirurgião (sem registro do nome) começou a

moldar a parte óssea com um formão (peça de madeira que servia de molde) (KUHN, 1997).

A descoberta da anestesia, no ano de 1850, um marco histórico nas cirurgias,

ajudou a evolução das amputações.

Por outro lado, o grande problema, na época, foram as próteses. Como não havia

componentes propícios para as desarticulações de joelho, a solução, por muitas décadas, foi o

uso das próteses com articulações externas.

Dessa forma, é interessante notar que o primeiro joelho pré-fabricado para

desarticulação do joelho no sistema modular, apareceu cerca de 200 anos depois da primeira

desarticulação, que ocorreu no século XVIII, no ano de 1771. Até que, antes do início do

século XX, as pessoas com amputações mais distais2 tiveram maiores chances de

sobrevivência, ou seja, quanto mais altas as amputações maiores eram os riscos de vida. Dessa

feita, a tecnologia de então era fechar a cavidade do osso com um tampo de osso e uma

saudável pele por cima.

2 Diz-se do ponto em que uma estrutura ou um órgão fica afastado de seu centro ou até de sua origem.

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Fazia-se de tudo para conseguir um bom resultado com massagens e progressiva

terapia de carga, até conseguir uma pele mais resistente. É sabido, hoje, que estas tentativas

não poderiam chegar a um resultado satisfatório, porque há muitas opções para uma melhor

adaptação do coto com prótese, graças aos avanços tecnológicos, como os aparelhos para

faixas elásticas que servem para formar um bom coto.

Em algum momento no século passado, os especialistas tinham a noção de

importância do apoio distal. Hoje, sabe-se o grande valor de um bom coto (parte que resta de

um membro amputado), que permite um contato distal, um coto com plástica muscular

(mioplastia). Todavia as primeiras mioplastias foram feitas durante a segunda guerra mundial.

As técnicas foram aprimoradas nas décadas seguintes até chegar à tecnologia atual. No início

do século XX, os cirurgiões começaram a se preocupar com valores de cada nível de

amputação.

No fundo, a busca pela qualificação dos diversos níveis de amputações foi

perseguida pelos especialistas por muito tempo. Certamente esse fato custou a vida de muita

gente, especialmente em casos de acidentes e principalmente nas guerras. Durante a segunda

guerra mundial, voltou-se aos conceitos de 200 anos atrás, que previa a amputação, cujo

objetivo era salvar vidas, não sendo prioridade no momento a preparação de um bom coto

com nível para receber mais tarde uma prótese. Isso significa que o conceito de se colocar a

prótese o mais rápido possível não é tão novo assim e já havia sido utilizado desde o século

XVIII.

Já no fim do século XIX, o cirurgião alemão Bier prescreveu a vantagem de uma

prótese rápida, que amenizava a exclusão dos amputados na sociedade. Somente setenta anos

mais tarde, no final do século XIX, o professor Weiss começou a desenvolver a técnica da

prótese imediata, que logo foi aceita e praticada em todo mundo.

Certamente essa curta retrospectiva não descreve uma evolução contínua na

história da evolução tecnológica das amputações, mas assinala algumas tentativas de amenizar

o problema para as pessoas que sofreram amputações. Teorias e técnicas novas foram

desenvolvidas. Os avanços no século passado foram muito maiores e significantes em

comparação com as evoluções cirúrgicas em outras áreas. Mas em relação à evolução

tecnológica das próteses, essa sim, evoluiu muito mais; sem dúvida, foi no século XX que se

teve o maior avanço tecnológico na área de componentes ortopédicos para próteses do

membro inferior. Todavia, a condição de guerra fez com que aumentasse o número de amputados e

forçou estudo maior para os componentes ortopédicos. Até então, tudo era feito dentro de

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oficinas: o pé, o joelho etc. Mas foi após a segunda guerra mundial que se começou a fabricar

componentes pré-fabricados. Isso facilitou tremendamente e agilizou a confecção de uma

prótese, pois, podia-se comprar pés e joelhos já prontos. Foi aí que surgiram indústrias que até

hoje atuam preocupando-se somente em fabricar componentes, podendo aprimorar as

adaptações das próteses aos pacientes, obtendo uma evolução muito grande no que se refere a

encaixes.

A madeira, o aço e o alumínio ainda hoje são usados na fabricação de próteses e

dentro de alguns anos farão parte do passado. Graças às indústrias de componentes

ortopédicos que estão em constante evolução, o futuro na área de componentes não é difícil de

se prever. Sem dúvida, a tendência, como já estamos vendo, é a substituição dos materiais

hoje usados por materiais plásticos ou fibras (KUHN, 1997).

Figura 10 – Prótese com ajuste regulável na altura do joelho

Fonte: OTTO BOCK COMPANY GROUP, 2005

Independente do nível e tipo de amputação, existem normas fundamentais e específicas

para adultos e crianças, usadas para se obter sucesso e não causar problemas que por não se adotar

certas regras podem acontecer. A protetização infantil deve ocorrer quando a criança atingir a

idade de andar, por volta de um ano e meio.

Nos encaixes, deve-se ter uma margem de segurança para quando a criança crescer

poder aumentar a prótese sem problemas. Com relação ao aumento da massa muscular por

meio do crescimento, deve-se fazer encaixes que permitam regulagem, podendo criar mais

espaço interno e acomodar o coto.

Com relação ao aumento, é sempre bom deixar a prótese com 0,5cm a 1,0cm mais

alta e no outro lado compensar, pois no primeiro crescimento, com o uso da prótese, deve-se

apenas tirar o calço de compensação da outra perna.

A criança não fornece muitos dados sobre a prótese, por isso cabe aos pais um

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controle rigoroso, verificando se a prótese machuca, se está apertada, se ficou baixa etc. Somente haverá necessidade de troca por outras próteses conforme avaliação médica, devendo ter durabilidade de no mínimo até dois anos, ou até o final do crescimento da criança, quando então, a partir daí, a prótese não necessitar mais de nenhuma modificação. A indicação correta da prótese para qualquer paciente deverá ter como critério vários fatores, principalmente os que se referem ao estado geral do coto. Mas, não se deve esquecer de outros fatores que somados são fundamentais. São eles: estado geral do paciente em relação à saúde; idade; profissão; atividade física; prática de esportes; sexo; problemas arquitetônicos no trabalho e moradia; condição sócio-econômica; Q. I. Tudo isso faz com que se possa indicar uma prótese correta, pois sabe-se que ela deve ser leve, segura, convencional, modular etc. Mas nunca se deve esquecer de que a melhor prótese para um determinado paciente não é sempre a mais moderna e onerosa. Com uma boa amputação, um bom nível, um encaixe e um alinhamento perfeito, o paciente se reabilitará até mesmo com componentes mais baratos e não tão modernos, segundo Kuhn (1997, p. 13):

Hoje sabe-se o grande valor de um bom coto (parte que resta de um membro amputado), não basta apenas um bom nível de amputação e uma boa preparação fisioterápica mas também a importância da mioplastia (operação plástica realizada em músculo, em que para tratamento de deformidades se utilizam músculos parcialmente desinceridos) que traz como vantagem uma boa vascularização, evitando-se uma retratação muscular permitindo um contato parcial da região distal do coto na prótese.

1.3 Demonstração de colocação e remoção de prótese por kaic Loran Martins

Figura 11 – Kaic coloca a meia que serve de proteção para o coto junto à prótese

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Figura 12 – Kaic faz demonstração da falta de articulação do pé da prótese

Com o coto em flexão de + 45º colocar o soft socket (cartucho interno);

Colocar apenas uma meia sobre o soft-socket para facilitar a entrada e saída

deste na prótese;

Com o mesmo grau de flexão, colocar o coto dentro da prótese ajudar com

pressão de uma das mãos sobre o joelho.

Figura 13 – Kaic demonstra modelo de borracha que encaixa no coto

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Para remover a prótese é necessário:

a) Sentar e manter a prótese fletida (dobrada ou curvada) em 45º;

b) Segurar com uma das mãos a parte da canela da prótese e com a outra mão

puxar apenas as meias para cima, o coto sairá junto com soft-socket (molde) (BOCCOLINI,

2000).

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CAPÍTULO II

A QUESTÃO DA ACESSIBILIDADE

2.1 Idéias preliminares

Este capítulo demonstra as transformações sociais no mundo contemporâneo que

beneficiam os deficientes. Para tanto, apresenta os dados que registram a proporção da população

social que se encontra em situação de deficiência física, segundo estatísticas do Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2006).

O recurso de colocação de prótese está ligado à preocupação com a acessibilidade.

O termo “acessibilidade” refere-se às facilidades que as pessoas deveriam ter quanto à

aproximação, à obtenção ou ao trato com algo ou alguma coisa. A palavra acessível no

dicionário tem como significado: o acesso fácil aonde se pode chegar, obter ou possuir

(FERREIRA, 1986). Acessibilidade também significa a possibilidade do portador de

necessidade especial ter acesso ao seu desenvolvimento pessoal, de sua personalidade,

garantindo sua dignidade humana; desse modo deveria ficar garantido por lei um tratamento

igualitário.

A Lei n 10.098, de 19 de dezembro de 2000, em seu artigo 2º, estabelece as

seguintes definições:

I – Acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos transportes e dos sistemas e meios de comunicação, por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida; II – Barreiras: qualquer entrave ou obstáculo que limite ou impeça o acesso. A liberdade de movimento e a circulação com segurança das pessoas, classificadas em: a) barreiras arquitetônicas urbanísticas: as existentes nas vias públicas e nos espaços de uso público; b) barreiras arquitetônicas na edificação: as existentes no interior dos edifícios públicos e privados; c) barreiras arquitetônicas nos transportes: as existentes nos meios de transportes; d) barreiras nas comunicações: qualquer entrave ou obstáculo que dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens por intermédio dos meios ou sistema de comunicação, sejam ou não de massa; III – Pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida: a que temporária ou permanentemente tem limitada sua capacidade de relacionar-se com o meio e de utilizá-lo; IV – Elemento da urbanização: qualquer componente das obras de urbanização, tais como os referentes a pavimentação, saneamento, encanamentos para esgotos,

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distribuição de energia elétrica, iluminação pública, abastecimento e distribuição de água, paisagismo e os que materializam as indicações do planejamento urbanístico; V – Mobiliário urbano: conjunto de objetos existentes nas vias e espaços públicos, superpostos ou adicionados aos elementos da urbanização ou da edificação, de forma que sua modificação ou translado não provoque alterações substanciais nesses elementos, tais como semáforos, postes de sinalização e similares, cabines telefônicas, fontes públicas, lixeiras, toldos, marquise, quiosques e quaisquer outros de natureza análoga; VI – Ajuda técnica: qualquer elemento que facilite a autonomia pessoal ou possibilite o acesso e o uso de meio físico.

Porém, uma pessoa, seja qual for a seqüela de sua deficiência, não é hábil diante

de obstáculos variados, isso resulta em uma incapacidade, deixando-o sempre em

desvantagem em relação a outras pessoas. A psicóloga e publicitária Mara Cristina Gabrilli

que é tetraplégica, luta por acessibilidade e melhores condições de vida para pessoas com

deficiência e diz: “As calçadas são ruins, o transporte e os banheiros também. Por isso temos

milhões de pessoas deficientes no Brasil e você não vê essas pessoas na rua”.(GABRILLI

apud BOCCHINI, 2005, p. 36).

O Arquiteto José Almeida Lopes Filho, professor universitário da disciplina

Acessibilidade para todos, diz que mesmo quando o obstáculo é apenas um degrau, falta ao

portador de deficiência destreza na hora de sua locomoção, e alerta para o significado de

liberdade quando o incômodo é removido. (LOPES FILHO; SILVA, 2003).

Um portador de cadeira de rodas, por exemplo, que se locomove com segurança

em relação a espaço físico terá mais autonomia sentindo-se confortável ao realizar tarefas do

dia a dia eliminando as desvantagens em que se encontrava anteriormente.

Atente-se para todas as pessoas, portadoras ou não de deficiência física, as quais

têm suas habilidades, potencialidades, direitos e deveres que por inúmeros motivos e

situações, muitas vezes de espaço físico mal estruturado, impõem barreiras de toda ordem.

Alerta para a barreira, talvez as mais cruéis que pessoas de necessidades especiais

possam enfrentar em suas vidas, as barreiras atitudinais provindas das mais variadas formas

de expressar do ser humano, quando se materializam, seja por meio de um degrau ou de tantos

outros obstáculos, criam muralhas invisíveis, mas de realidade, com conseqüências

desastrosas para os portadores de deficiência física.

A explicação para tais atitudes, possivelmente esteja em fatos históricos, culturais

e sociais da humanidade, que em sua trajetória relegou as pessoas diferentes, ou seja, as que

não se enquadravam nos padrões estabelecidos pela sociedade vigente, a um olhar de

desconhecimento, de descaso, que incutidos nas pessoas culminaram com a escolha de um

degrau e não uma rampa.

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O arquiteto fala em arquitetura inclusiva, que tem por objetivo colocar as pessoas

em contato umas com as outras, compartilhando o mesmo espaço, o que resultará em inclusão

social, referindo-se também às crianças, aos idosos, às pessoas com mobilidade reduzida, que

estejam empurrando um carrinho, uma mala. Chama atenção para as edificações que têm

degraus na fachada e constrói a rampa na lateral gerando condições diferentes, separando as

pessoas ao entrar e sair do local, deixando de oferecer aos usuários locais comuns, acessíveis

a todos.

A preocupação da consultora Andréias Schwarz, portadora de deficiência física

(cadeirante), e seu marido Jaques Marcos Haber norteia o mesmo olhar para o problema de

exclusão apontando a falta de informação como vilã. (SCHWARZ; HABER, 2001).

Então desenvolveram o guia São Paulo Adaptada, o qual informa mais de mil

lugares, desde repartições públicas até motéis, que têm o problema de acessibilidade

solucionada, na cidade de São Paulo.

Partindo de sua realidade de vida, o casal percebeu que a cidade de São Paulo é

deficiente, porque muitas dificuldades encontradas no dia-a-dia por um portador de

deficiência física estão relacionadas diretamente à falta de informação sobre reais

necessidades dessas pessoas, que se traduzem, muitas vezes, em adaptações errôneas, como é

o caso dos banheiros públicos mal adaptados; transportes públicos em péssimas condições;

mobiliário urbano em locais desapropriados; calçadas esburacadas e desniveladas; guias que

não estão rebaixadas; prédios, escolas e estabelecimentos sem acessibilidade interna e

externa.

Com a idéia de informar e a pretensão de fazer as pessoas refletirem e mudarem de

comportamento com relação ao olhar para o portador de deficiência física, foi que os autores

desse guia criaram algo diferente e inédito que contribuísse para provocar transformação na

imagem que se tem dos deficientes.

Fatos relevantes citados aqui contribuem para afastar o deficiente do trabalho,

lazer e cultura, fatores fundamentais na formação do indivíduo que busca como qualquer

outro cidadão uma boa qualidade de vida.

Infelizmente, segundo Schwarz e Haber (2001), a sociedade ainda não procurou

mudar a imagem que faz dos deficientes, muitas vezes preconceituosa, outras, um coitadinho

digno de pena. Mas se se observar bem, o deficiente tenta levar uma vida normal, diverte-se,

namora, sai para balada, dá risadas, visita museus, teatro, compra carro, roupas etc., portanto

são pessoas com talento, capacidade, sonhos, direitos e deveres como os de qualquer outra

pessoa.

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Ao prestar esse serviço, elaborando um guia inovador, tiveram a intenção de

concentrar um grande número de pessoas em um único lugar o Guia São Paulo Adaptada,

afinal são 10% da população deficiente no Brasil (ONU).

Chama-se a atenção, portanto, para o momento de conscientização dos direitos e

deveres e dos movimentos em prol desse assunto, o que poderá resultar em mudança de

comportamento de uma sociedade adormecida em relação aos portadores de necessidades

especiais.

2.2 A deficiência e o contemporâneo: transformações recentes na vida do deficiente

Nas últimas décadas, houve uma transformação radical quanto à identidade dos

portadores de deficiência, sobre dois aspectos:

a) O modo como são vistos pela sociedade, hoje, resulta nas diversas formas das

quais os serviços serão prestados a eles;

b) A própria visão que o portador de deficiência tem de si afeta seu

comportamento e o do seu grupo em relação a suas necessidades. A realidade em relação ao

número de pessoas portadoras de deficiência pressupõe que seja maior do que as que se

autodenominam dessa forma. Os motivos são inúmeros, por se entender que as desvantagens

são muitas, entre elas a discriminação, os fatores sociais e econômicos e até por se ter

adquirido a deficiência num estágio avançado da vida, quando já havia categorizado a

deficiência como fator negativo. Mas independente de como as pessoas definem a si mesmas

é importante ressaltar que elas têm o direito de fazer suas próprias escolhas, não devendo

insistir em enquadrá-las.

Ao analisar a situação vê-se que, até recentemente, suas deficiências eram vistas

como merecedoras de benevolência e piedade, causando em seu contexto diferenças na forma

pela qual a sociedade oferecia os serviços e acessos, igualando-os em relação ao outro.

Em contrapartida, era esperado que o beneficiado mostrasse gratidão e satisfação

por tais atitudes prestadas. Mas elas não surtiam os efeitos desejados, despertando o

sentimento de culpa por não contribuir de alguma forma.

Contudo, só em 1981, com a instituição do Ano Internacional dos Portadores de

Deficiências, as mudanças começaram a acontecer, tendo como referência as estatísticas que

comprovavam a necessidade de implantação de novas políticas que resultaram em campanhas

de conscientização da sociedade e principalmente dos portadores de deficiência.

Na tentativa de igualar a forma de tratamento entre as pessoas com ou sem

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deficiência, procurando não fazer nenhuma distinção em relação aos acessos a museus,

bibliotecas e arquivos, enfatizando a não discriminação em nome do que era justo para todos,

surgiram mais dificuldades, porque o atendimento passou a ter um custo altíssimo, com

características discriminatórias, sendo que uns eram tratados menos iguais do que os outros.

Durante os anos que antecederam 1995, procurou-se então desenvolver uma nova

visão, tendo como referência os EUA, que passavam a enxergar o deficiente como pessoas

com algo a contribuir para a sociedade, portanto com direitos a receber algo dela.

Tal comportamento influenciou importantes movimentos das associações dos

deficientes, as quais contribuíram intensamente com sugestões gerando mudanças

significativas, principalmente na implantação da lei sobre discriminação contra portadores de

deficiência.

Tabela 1: Mapa social das pessoas com deficiência

Fonte: NÉRI, 2003, p. 74

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O mundo abriga hoje 500 milhões de pessoas com deficiências, das quais 80% vivem em países em desenvolvimento. No Brasil, os dados do IBGE, no censo do ano de 2000, informa que 24,5 milhões de brasileiros possuem algum tipo de deficiência, o que corresponde a 14,5% da população. Diante desse expressivo e significativo contingente populacional, justificou-se a necessidade de promover um diagnóstico bem detalhado deste segmento da população brasileira, com objetivo de contribuir para o mapeamento resultando em implementações de ações de inclusão social.

Tabela 2: Distribuição da população por cor ou raça, segundo a existência de deficiência

Portadores de deficiência Não portadores de deficiência Cor Nº % Nº % Total % Branca 12.579.886 51,14 78.718.156 54,19 91.298.042 53,75 Preta 1.844.303 7,50 8.710.033 6,00 10.554.336 6,21 Amarela 106.065 0,43 655.518 0,45 761.583 0,45 Parda 9.805.273 39,86 55.512.819 38,21 65.318.092 38,45 Indígena 125.254 0,51 608.873 0,42 734.127 0,43 Outras 139.475 0,56 1.067.200 0,73 1.206.675 0,71 Total 24.600.256 100,00 145.272.599 100,00 169.872.855 100,00

Fonte: CPS/FGV. Dados do Censo demográfico 2000/IBGE. In: NERI, 2003, p. 16-17. Obs.: A categoria portadores de deficiência inclui deficiência mental, patologia ou falta de membros, pelo menos alguma ou grande dificuldade de enxergar, ouvir ou subir escada e pelo menos uma incapacidade de enxergar, ouvir ou ler. Tabela 3: Distribuição da população por faixa etária, segundo a existência de deficiência

Portadores de deficiência Não portadores de deficiência Faixa etária Nº % Nº % Total % 0 a 4 370.531 1,51 16.015.708 11,02 16.386.239 9,64 5 a 9 707.763 2,88 15.868.496 10,92 16.576.259 9,75 10 a 14 1.083.039 4,40 16.270.644 11,20 17.353.683 10,21 15 a 19 1.165.780 4,74 16.783.509 11,55 17.949.289 10,58 20 a 24 1.206.254 4,90 14.936.681 10,28 16.142.935 9,50 25 a 29 1.233.150 5,01 12.614.349 8,68 13.847.499 8,15 30 a 34 1.363.273 5,54 11.665.828 8,03 13.029.101 7,67 35 a 39 1.586.339 6,45 10.674.481 7,35 12.260.820 7,22 40 a 44 2.123.044 8,63 8.424.215 5,80 10.547.259 6,21 45 a 49 2.370.108 9,63 6.356.045 4,38 8.726.153 5,14 50 a 54 2.221.532 9,03 4.831.601 3,33 7.053.133 4,15 55 a 59 1.952.232 7,94 3.509.267 2,42 5.461.499 3,22 60 ou mais 7.217.211 29,34 7.321.776 5,04 14.538.987 8,56 Total 24.600.256 100,00 145.272.600 100,00 169.872.856 100,00

Fonte: CPS/FGV. Dados do Censo demográfico 2000/IBGE. In: NERI, 2003, p. 16-17. Obs.: A categoria portadores de deficiência inclui deficiência mental, patologia ou falta de membros, pelo menos alguma ou grande dificuldade de enxergar, ouvir ou subir escada e pelo menos uma incapacidade de enxergar, ouvir ou ler.

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Tabela 4: Distribuição da população por sexo, segundo a existência de deficiência

Portadores de deficiência Não portadores de deficiência Sexo Nº % Nº % Total % Masculino 11.420.545 46,42 72.181.772 49,69 83.602.317 49,21 Feminino 13.179.712 53,58 73.090.827 50,31 86.270.539 50,79 Total 24.600.257 100,00 145.272.599 100,00 169.872.856 100,00

Fonte: CPS/FGV. Dados do Censo demográfico 2000/IBGE. In: NERI, 2003, p. 16-17. Obs.: A categoria portadores de deficiência inclui deficiência mental, patologia ou falta de membros, pelo menos alguma ou grande dificuldade de enxergar, ouvir ou subir escada e pelo menos uma incapacidade de enxergar, ouvir ou ler. Tabela 5: Distribuição da população por anos de estudo, segundo a existência de deficiência

Portadores de deficiência Não portadores de deficiência Anos de estudo Nº % Nº % Total % Sem instrução ou menos de 1 ano 6.792.491 27,61 35.718.682 24,59 42.511.173 25,03 1 a 3 5.818.049 23,65 25.439.286 17,51 31.257.335 18,40 4 a 7 6.744.822 27,42 40.234.325 27,69 46.979.147 27,65 8 a 11 4.034.478 16,40 34.439.662 23,71 38.474.140 22,65 12 ou mais 382.280 1,55 1.551.832 1,07 1.934.112 1,14 Ignorado 828.135 3,37 7.888.813 5,43 8.716.948 5,13 Total 24.600.255 100,00 145.272.600 100,00 169.872.855 100,00

Fonte: CPS/FGV. Dados do Censo demográfico 2000/IBGE. In: NERI, 2003, p. 16-17. Obs.: A categoria portadores de deficiência inclui deficiência mental, patologia ou falta de membros, pelo menos alguma ou grande dificuldade de enxergar, ouvir ou subir escada e pelo menos uma incapacidade de enxergar, ouvir ou ler.

Tabela 6: Distribuição da população por posição na ocupação, segundo a existência de deficiência

Portadores de deficiência Não portadores de deficiência Posição na ocupação Nº % Nº % Total % Desempregado 1.532.390 6,23 10.305.191 7,09 11.837.581 6,97 Inativo 12.905.364 52,46 46.537.520 32,03 59.442.884 34,99 Funcionário Público 481.967 1,96 3.211.195 2,21 3.693.162 2,17 Empregado com carteira 2.564.448 10,42 21.364.985 14,71 23.929.433 14,09 Empregado sem carteira 2.139.843 8,70 13.931.691 9,59 16.071.534 9,46 Conta-própria 2.757.557 11,21 12.638.690 8,70 15.396.247 9,06 Empregador 227.819 0,93 1.670.023 1,15 1.897.842 1,12 Não-remunerado 358.332 1,46 2.250.201 1,55 2.608.533 1,54 Próprio consumo 554.241 2,25 1.478.900 1,02 2.033.141 1,20 Ignorado 1.078.294 4,38 31.884.204 21,95 3.296.2498 19,40 Total 24.600.255 100,00 145.272.600 100,00 16.9872.855 100,00

Fonte: CPS/FGV. Dados do Censo demográfico 2000/IBGE. In: NERI, 2003, p. 16-17. Obs.: A categoria portadores de deficiência inclui deficiência mental, patologia ou falta de membros, pelo menos alguma ou grande dificuldade de enxergar, ouvir ou subir escada e pelo menos uma incapacidade de enxergar, ouvir ou ler.

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Tabela 7: Distribuição da população por posição na família, segundo a existência de deficiência

Portadores de deficiência Não portadores de deficiência Posição na família Nº % Nº % Total % Chefe 11.745.183 47,74 36.567.073 25,17 48.312.256 28,44 Cônjuge 6.092.720 24,77 27.487.603 18,92 33.580.323 19,77 Filho(a) 4.621.630 18,79 70.977.031 48,86 75.598.661 44,50 Pai, mãe, sogro(a) 855.842 3,48 757.521 0,52 1.613.363 0,95 Neto(a) 233.672 0,95 4.114.413 2,83 4.348.085 2,56 Irmão, irmã 362.157 1,47 1.577.373 1,08 1.939.530 1,14 Outro parente 390.945 1,59 2.407.434 1,66 2.798.379 1,65 Agregado 97.232 0,40 593.842 0,41 691.074 0,41 Pensionista 15.516 0,06 139.368 0,10 154.884 0,09 Empregado(a) doméstico(a) 31.420 0,13 361.840 0,25 393.260 0,23 Parente do emprega-do(a) doméstico(a) 426 0,00 7.997 0,01 8.423 0,00 Individual em domicílio coletivo 153.515 0,62 281.102 0,19 434.617 0,26

Total 24.600.258 100,00 145.272.597 100,00 169.872.855 100,00

Fonte: CPS/FGV. Dados do Censo demográfico 2000/IBGE. In: NERI, 2003, p. 16-17. Obs.: A categoria portadores de deficiência inclui deficiência mental, patologia ou falta de membros, pelo menos alguma ou grande dificuldade de enxergar, ouvir ou subir escada e pelo menos uma incapacidade de enxergar, ouvir ou ler. Tabela 8: Distribuição da população por contribuição para previdência, segundo a existência de deficiência

Portadores de deficiência Não portadores de deficiência Contribuição para previdência Nº % Nº % Total %

Contribui 895.244 3,64 5.303.611 3,65 6.198.855 3,65 Não contribui 4.201.339 17,08 22.679.122 15,61 26.880.461 15,82 Ignorado 19.503.673 79,28 117.289.866 80,74 136.793.539 80,53 Total 24.600.256 100,00 145.272.599 100,00 169.872.855 100,00

Fonte: CPS/FGV. Dados do Censo demográfico 2000/IBGE. In: NERI, 2003, p. 16-17. Obs.: A categoria portadores de deficiência inclui deficiência mental, patologia ou falta de membros, pelo menos alguma ou grande dificuldade de enxergar, ouvir ou subir escada e pelo menos uma incapacidade de enxergar, ouvir ou ler.

Na classificação da população por faixa etária, as de PPDS com mais de 60 anos é

a parcela maior desse universo (29,34%) enquanto os não deficientes são (5,04%) liderados

pelos jovens de 0 a 24 anos (embora possam adquirir deficiência ao lado de suas vidas).

Gênero: Mulheres PPDS - Representam 53,58%, o que reforça esse quadro é o fato

delas apresentarem uma expectativa de vida mais longa, portanto estão vulneráveis a doenças

e deficiências características da idade avançada. Mulheres sem deficiência (50,3%).

Conforme descrito na tabela, o percentual de pessoas sem escolaridade, dentre os portadores de deficiência, é similar ao verificado dentre os que não possuem nenhuma deficiência. De acordo com a PCV/SEADE (Pesquisa da Condição de Vida da Cidade de São

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Paulo) (NÉRI, 2003, p. 12), para 1988, 6% da população sem nenhum grau de instrução de São Paulo são PPDS, ao passo que esse percentual na população de mais de 12 anos de estudo chega a 1%. Em geral, observa-se que, à medida que os indivíduos acumulam anos de estudo, a proporção de pessoas portadoras de deficiência diminui, surgindo então uma nova conscientização que proporcionará uma série de ações por meio de assistência social. A estimativa utilizada pelo Brasil nessa área tem como referência a Organização Mundial Da Saúde OMS/ONU - 1989 de que 10% da população de países desenvolvidos ou em desenvolvimento possuem uma ou mais deficiências de ordem sensorial, física ou mental, conforme tabela e gráfico abaixo.

Gráfico 1: Perfil de pessoas portadoras de deficiência x não portadoras

Fonte: NÉRI, 2003, p. 11

Aproximadamente 15 milhões de pessoas portam algum tipo de deficiência

classificada em leve, moderada, severa ou profunda, que oscila entre 2,8% a 9,6%,

aproximando dos dados fornecidos pela OMS/ONU. -

Tabela 9: Prevalência de deficiências no Brasil -1989

Tipos de deficiências no Brasil Percentuais

Mental Física Auditiva Múltiplas Visual População total dos deficientes

5,0 2,0 1,5 1,0 0,5 10,0

População total dos deficientes 10,0

Fonte: CARVALHO, 1998, p. 15.

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A situação atual do deficiente vem mudando a passos curtos, mas está distante de

uma realidade mais confortável que aponte para a igualdade. Segundo Bavcar (apud

NOVAES, 2003, p. 177), “se o corpo não pode dizer o que é, já está do lado dos vencidos do

progresso, de todos aqueles que não participam de pleno direito do trabalho da história e que,

em conseqüência, não podem escrevê-la”. O autor, vítima do poder bélico e insano de guerra,

como portador de deficiência visual, primeiro aos doze anos perdendo uma vista e aos 18 anos

a outra, quando atingido por estilhaços, com propriedade de quem já sentiu o peso da exclusão

social, cita o exemplo de Adão e Eva, como arquétipo bíblico, portanto deficientes da

existência eterna.

“A forma como os deficientes são vistos na sociedade está ligada diretamente ao

conceito de deficiência, partindo dos modelos social e médico”. (GOFFMAN, 1978, p. 75).

O modelo médico, considerado ultrapassado, identifica a deficiência como uma

doença ou condição que afeta exclusivamente o indivíduo, delegando culpa e

responsabilidade, deixando que o mesmo solucione seus problemas.

Já o modelo social, aplicado atualmente com mais freqüência, procura identificar

os obstáculos geradores de barreiras para os portadores de deficiência física, o exemplo de

uma escada para o deficiente físico com cadeira de rodas ou determinados tipos de próteses

que impedem o acesso ao local desejado. Partindo desse novo modelo procura-se dar solução

para a escada, facilitando a acessibilidade dos deficientes.

Esse conceito tem favorecido a inclusão social no trabalho, no lazer e na relação

com a sociedade, pois sabe-se que, antes, com tantas dificuldades, a falta de propostas

acarretava oportunidades de trabalho desperdiçadas. É importante lembrar que o princípio de

integração, utilizado até então, prega a possibilidade e o direito dos portadores de

necessidades especiais viverem integrados à sociedade.

Os tratamentos deverão ser analisados conforme o caso, porque as reações

psicológicas e de comportamento que se manifestam em cada um são diferentes, de acordo

com a maturidade emocional dos indivíduos e seus diferentes estágios.

A contribuição do modelo social é de fundamental relevância, porque não será

aceita qualquer forma de tratamento diferenciado para segregar ou super proteger e não será

permitido que conseqüências de retração do indivíduo em relação à macro sociedade, baixa

renda e dependência de benefícios sociais prejudiquem essas pessoas e onerem o poder

público.

Algumas mudanças inovadoras adotadas pelo Estado vêm mostrando resultados

satisfatórios, como, por exemplo, a Pinacoteca do Estado de São Paulo, por meio de projeto e

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coordenação da museóloga Amanda Tojal, que instalou também o programa Igual Diferente

aplicado no (MAM -SP) e o programa educativo Públicos Especiais da Pinacoteca, que têm

como objetivo proporcionar o acesso de forma permanente aos seus serviços de atendimento e

espaços físicos, observando a diversidade dos usuários.

O Museuns & Galleries Commission, no Reino Unido, constituído no ano de 2000,

incorporou a antiga comissão de museus e tem como missão universalizar o acesso aos

acervos, desempenhando liderança e estratégia ao defender os interesses das entidades sob sua

jurisdição, aplicando as estratégias de fortalecimento, as promoções das inovações e as mudanças das

instituições. Vale destacar o lançamento de mais um módulo da série Rosource: The Council

for Museums, Archives and Libraries Acessibilidade, que vem alcançando resultados

positivos ao estabelecer parcerias internacionais e estimular os estudos comparativos das

ações que satisfazem as necessidades sociais, independentemente de espaços geográficos e

contextos socioculturais, com a finalidade de inclusão social, abrindo pois espaços de forma

igualitária para toda a população.

Analisando-se a situação do amputado, vê-se que a realidade a que os remete o

significado da palavra portadores causa temor, terror, derrota, quando pensam na mutilação,

porque traz sempre a realidade da incapacidade, impossibilidade de trabalhar e a tão cruel

discriminação. Ao sofrer a mutilação, o ser humano traz como conseqüências o medo terrível

quanto ao seu futuro, constituindo em sua mente uma monstruosidade, que o aleija, aniquila,

imaginando que sua vida foi varrida por uma avalanche que desabou sobre ele.

Mais difícil ainda é para os jovens, com futuro ainda não gozado, ter que conviver

com a nova realidade de limitações em suas atividades, vaidade ferida pelo comprometimento

da estética que desencadeia em sua personalidade, seriíssimas e marcantes alterações

profundas em suas reações psicológicas para com o meio em que vive e especialmente para

consigo mesmo. De acordo com Ismael (2005), “a deficiência causa seqüelas que podem

afetar o ser humano independente da idade em que o fato ocorra. Podemos então calcular que

as reações a esta agressão poderão acontecer de variadas formas.”

Necessária é a conscientização de que a realidade dessas pessoas não deve ser

considerada como o fim, e sim o princípio de uma nova fase. Se de um lado o corpo como

estética os remete à exclusão pelo olhar do outro ou deles mesmos, de outro lado eliminou-se

o perigo de morte amenizando o sofrimento intolerável causado pela dor, preparando-os para

um futuro relativamente melhor, dadas as circunstâncias que terão de enfrentar com a

reabilitação e com a prótese.

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2.3 Moda e modelagem

O corpo usou e ainda usa o traje, dentro de uma trajetória de épocas, por meio de

várias etapas de construção e produção, como a dos tecidos, modelagem, corte e confecção

propriamente dita, somado aos adornos decorativos como complemento, revelando por meio

deles particularidades, valores essenciais, conceitos, referências variáveis, cronologia, fixando

usos e costumes.

Assim, os estilistas recriam conjuntos de traços que definem a roupa como objeto

estético com capacidade de atrair a atenção receptiva de outro sujeito. Segundo Castro (2003,

p. 141): A relação entre corpo e moda é carregada de ambigüidades e tensões, na medida em que a moda atua na formação do corpo, ao valorizar determinadas zonas, aumentar ou reduzir volumes corporais, enquanto o corpo, por sua vez, limita a moda, impondo os parâmetros objetivos de proporção, volume e medidas para a criação do estilista.

Ao fundo, a modelagem e a costura fazem parte do método de construção

juntamente com o corte, estruturam e pontuam desenhos e formas de variadas proporções,

finalizando a reconstrução do corpo por meio da moda, definindo códigos que entre outros

incluem a posição sócio-econômico-cultural do indivíduo no seu grupo de origem, seu caráter

psicológico etc.

Vinculado ao consumo de produtos de moda, portanto, por meio da roupa retratada

aqui, em uma concepção ética e estética, o sujeito, ao se vestir, usa o corpo de várias

maneiras, que se manifestarão por códigos de beleza, do gosto, dos costumes e

comportamentos próprios a cada sociedade, afirma Castro (2003, p. 81): A segunda vertente explicativa para o papel do consumo no mundo contemporâneo entende que a satisfação propiciada pelo consumo deve-se ao fato de os bens proporcionarem prestígio social. As pessoas usam as mercadorias para criar vínculos ou para estabelecer distinções sociais, demarcando grupos e estilos de vida.

Com esses argumentos resta ao corpo com ausência dos membros conformar-se e

sujeitar-se a produtos do vestuário inadequados a suas necessidades, ficando totalmente

desenquadrado no que se diz respeito à estética e à funcionalidade desses trajes.

A indústria de moda, na verdade, para os variados segmentos, relega a segundo

plano o discurso dos trajes para os corpos com ausência dos membros, quando se observa nas

roupas a falta de pequenas modificações que supriria as necessidades nas articulações

transformando as formas vigentes na modelagem convencional, para maior durabilidade das

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peças etc.

Os trajes estabelecidos pela indústria, por exemplo, criam barreiras ao discurso do

corpo infantil com ausência de membros, que passa a sofrer entre tantos problemas as

conseqüências de uma linguagem estética discriminatória, afetando a parte psicológica e

causando insegurança em relação à aceitação pelo grupo social, dependência da família e a

baixa auto-estima.

Há a necessidade de sensibilização por parte desse setor e de toda a sociedade, em

perceber que o ser humano é um todo e não apenas uma parte que lhe foi tirada. Sendo assim,

esta pesquisa propõe modificações na modelagem infantil para que acompanhe as variações

de tamanhos e medidas das próteses, acrescentando a estas modelagens detalhes estéticos e

utilitários ao uso e a adequação a todas as necessidades possíveis dos corpos com ausência

dos membros, reintegrando-os à sociedade.

Na trajetória da história, durante séculos percebe-se como a moda vigente, por

meio dos trajes e modelagem, como ferramenta para o corpo excluído, usou requintes de

tortura do corpo, com detalhes que contribuíam com a estética do vestuário, utilizando a

modelagem como suporte para proporcionar resultados, que favorecia, em primeiro plano, a

estética do corpo funcional subjugado às exigências de status, e os que não se enquadravam

nesse padrão, a exclusão.

Ao se seguir à risca ditames da moda em nome do discurso do corpo esteticamente

perfeito como forma de inclusão e status, vê-se que a modelagem privilegiava os trajes com

medidas precisas, geometricamente detalhadas; contribuindo com estudos minuciosos do

corpo que resultavam em verdadeiras obras de arte, mas também verdadeiros objetos de

tortura. Juntamente com a exatidão dessas medidas, o corte, a riqueza dos tecidos e cores,

encontrados em algumas civilizações e em variados períodos históricos, as roupas

confeccionadas proporcionavam às pessoas forma ideal de corpo e estética que funcionava

como inclusão social.

A moda e a modelagem como ferramentas vieram agregar à estética do vestuário

possibilidades de analisar o comportamento dessas sociedades que ao se exporem

demonstravam valores de status, diferenças sociais e sentimentos que eram traduzidos para a

forma de se vestir, muitas vezes vilã para o corpo estético e funcional, contribuição essa nem

sempre benéfica.

Assim, por meio do discurso do corpo estético e funcional, com suas imposições

citadas acima, a moda e a modelagem submeteram o corpo a situações, no mínimo,

constrangedoras, analisando a interferência da modelagem, com adaptações muitas vezes

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agressivas ao corpo, em busca da estética perfeita e diferenciada. Em diferentes períodos

históricos, isso acontece com freqüência, sendo encarado com naturalidade e não importando

as críticas feitas pelas correntes contrárias da época e sim a obediência a padrões de beleza

pré-estabelecidos pela moda em vigor. Segundo Sant’Anna (In: BUENO; CASTRO, 2005, p.

124), “a própria moda se transforma num conjunto de regras laicas, relacionadas às noções de

civilidade, luxo e às inúmeras ‘novidades’, resultantes do desenvolvimento comercial junto às

regiões diversas do globo”.

Figura 14 – Vestido de casamento da rainha Sofia Madalena da Suécia, 1766 Fonte: KÖHLER, 2001

Na história das civilizações o traje foi um fenômeno social com diversas facetas,

que proporcionaram questionamentos que, quando fundamentados, demonstraram o quanto

afetaram, de diversas formas, a vida das pessoas.

Ao citar a indumentária egípcia, confeccionada por volta de 1000 a.C., observa-se

que o traje de nome Kalasires, uma túnica longa, usada por ambos os sexos e que se

diferenciava dos demais trajes pelo corte circular, era muito ajustado ao corpo, dificultando os

movimentos necessários para caminhar.

Figura 15 – Traje feminino egípcio Fonte: KÖHLER, 2001

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Outro fator relevante envolvendo a modelagem, data de meados do século XVIII,

quando as roupas femininas passaram por modificações muito maior do que as registradas no

século XVII, em que as anquinhas já estavam em desuso. Elas consistiam em uma estrutura

com armação de lâmina de bambu, barbatana ou aço, presas por tiras e correias, usadas

embaixo dos vestidos com o objetivo de armá-los.

Além disso, diferentemente das anquinhas usadas no século XVII, essas eram em

forma de sino e outras tinham estruturas em circunferência que variava de 5 a 6 metros como

a usada pela Rainha Sofia Madalena, da Suécia, no dia do seu casamento.

A figura 14 mostra como o traje era inconveniente. Conta a história que as

mulheres passavam por situações incômodas nas ruas, carruagens e ao atravessarem uma

porta.

Figura 16 – Anquinhas, espartilho e máscara, meados do século XVIII Fonte: KÖHLER, 2001

O século XIX foi favorecido, no relato dos trajes como história, por meio das

artes, diferentemente dos outros períodos, que sofreram reservas, levando-se em conta o efeito

do tempo apagando as cores, o temperamento dos artistas, as dificuldades de precisar as datas

etc. Já esse século ganha contribuições como as pranchas coloridas de moda que serviram de

referência à estrutura básica dos modelos por favorecer o trabalho dos costureiros, a

fotografia, que refletia porque o mesmo foi adotado, e o aspecto que assumia sobre o corpo.

Havia um panorama pouco escasso, mas contava-se com observações dos sociólogos, das

crônicas dos jornais, testemunho dos romancistas, que, com peculiar sensibilidade, captavam

nos meios elegantes a cumplicidade da matéria com a forma e o movimento que a mulher

usava, favorecendo a moda da época.

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As pessoas sofriam influências provindas da cultura, de ideais da época. A rigidez

das organizações de modas e das sociedades, somada aos anseios psíquicos e curiosidades

sexuais, fazia com que os desejos de prestígio se avolumassem e assim a moda, com seus

inúmeros recursos, conseguia por à tona por meio dos trajes todos estes anseios.

A propósito, o modelo feminino nessa época (século XIX) apresentava peça

importantíssima do vestuário feminino: o espartilho. Este seguia os padrões de beleza da

época, era uma peça que descendia do corpete do século XV, usado na parte superior do

corpo. Quando confeccionado era endurecido por dois pedaços de linho colados com objetivo

de comprimir o corpo, afinando a cintura.

Assim, o espartilho tomou formas ainda mais radicais em relação ao corpo

feminino, passando a ser feito de pedaços de barbatana de baleia e também com lâminas de

aço inseridas em sua modelagem como armação para que a peça de tecido ficasse com

contornos bem definidos afinando ainda mais a cintura. Muitos modelos passaram a ser

amarrados na frente ou atrás com muita firmeza comprimindo ainda mais o corpo.

Em 1900, os espartilhos com barbatanas foram substituídos por tecidos elásticos

que achatavam a cintura, necessitando novas alterações na modelagem para adaptá-los à

novidade de tecido e ao propósito da alteração que era não apertar demais a cintura.

Até que por volta de 1903-04, com as grandes variações de modelos, que foram se

adaptando às diferentes morfologias da época, os espartilhos chamavam a atenção para os

decotes com acabamentos em rendas caríssimas confeccionados em cetim e seda, ostentando

o papel da mulher na moda do século XIX, que era a grande arma na luta entre os sexos, e na

afirmação do indivíduo dentro do grupo.

Por volta de 1850, o espartilho já tinha sido assunto de grandes controvérsias,

pelos danos físicos que causava à saúde, visto que as roupas eram apertadas em excesso.

Apesar desses protestos, no final do século XIX, a produção dos espartilhos cresce e ganha

variações nos modelos sendo o comprimento ampliado até os quadris, continuando muito

apertado, projetavam o busto para frente deixando o corpo feminino em S.

Mas nesse mesmo período, o criador de moda Paul Poiret (costureiro francês,

nascido em 1879), provavelmente o primeiro a ter pensado na moda como arte, contribuiu

com a libertação do corpo feminino das torturas sofridas pelo espartilho, com objetivo de

renovar a moda do ponto de vista da estética, lançando mão da modelagem vigente na época e

criando roupas com formas desestruturadas, deixando o corpo feminino mais solto,

usufruindo de mais conforto.

Posto isso, esta pesquisa vem mostrar a relevância do assunto ao justificar e

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comprovar as necessidades de uma parcela da população que se sente excluída (os portadores

de deficiência física), devido à falta de adaptações em vários aspectos do seu cotidiano, como,

por exemplo, instalações públicas, dentre tantas outras falhas e ausências que insistem em

ignorar a sua condição de portador de necessidades especiais.

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CAPÍTULO III

A TRAJETÓRIA PRÁTICA

3.1 Introdução explicativa

Tendo em vista o pressuposto de que não há vestuários com estética que realizem a

inclusão dos que não têm o corpo dentro do padrão de beleza do mercado, este estudo

comporta uma proposta de intervenção prática, por meio de proposição de modelagem

geométrica, que consiste num método de traçar moldes para o vestuário, seguindo técnicas de

geometria e matemática, utilizando para seu desenvolvimento réguas, fita métrica, esquadros

e tabelas de medidas adaptadas para a industria ou peças sob medida.

Os resultados alcançados darão suporte informativo para a construção de um site

que dê visibilidade e viabilize o acesso ao produto concebido.

Figura 17 – Boneco de um site como forma de inclusão

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Figura 18 – Estudantes de moda criam coleção especial para portadores de deficiência física

Figura 19 – Inclusão social por meio da moda para portadores de deficiência física

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Figura 20 – Ficha de sugestões

Figura 21 – Ficha para cadastro

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Figuras 22 e 23 – Fichas de produtos

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Figura 24 – Ficha com a forma de pagamento

Figura 25 – Ficha técnica do site a ser implantado

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As peças confeccionadas durante a parte prática da pesquisa, variaram de blusas

com assimetria na lateral, sendo corrigida na linha de cintura, o que proporciona uma estética

assimétrica para a peça; calça com ajustes nos bolsos, reforço no joelho e largura maior,

correção de sobra de tecidos na perna da calça na altura do joelho na parte de trás; ombros

caídos, decotes, proporcionando funcionalidade e estética dos trajes, facilitando a inclusão dos

portadores de deficiência física.

Figura 26 – Modelo de blusa com ajustes na lateral de um lado da cintura, possibilitando que a peça fique numa posição assimétrica junto ao corpo. Calça com adaptação de prega na altura do joelho (costas), facilitando a mobilidade ao deslocar a perna.

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Figura 27 – Modelo com ajuste nas mangas da blusa, na altura do cotovelo, deslocando a sobra de tecido para a parte superior, facilitando os movimentos dos braços.

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Figura 28 – Modelo com ajuste de zíper acima do joelho, possibilitando a remoção da parte inferior da calça e facilitando o uso duplo da peça. Reforço no joelho com adaptação de almofada no joelho para proteção de atritos. Adaptação de almofada removível, presa no cós traseiro, facilitando o uso para cadeirantes.

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Figura 29 – Modelo de camisa, com reforço removível nos ombros, com objetivo de igualar as diferenças de ombro caído.

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Figura 30 – Modelo desenvolvido para adaptação na alça do vestido, com possibilidades de regular conforme a necessidade da deficiência. Bolero desenvolvido com adaptação na cava, facilitando a mobilidade.

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Figura 31 – Modelo de calça com zíper de encaixe na parte frontal, aumentando a largura

da perna, para facilitar o ajuste junto às próteses.

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Figura 32 – Modelo de camiseta e bermuda com bolsos externos no estilo canguru, como facilitador para as deficiências de braço e mão.

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Figura 33 – Modelo adaptado na calça, com regulador, possibilitando o ajuste no comprimento conforme a prótese. Camiseta com reforço de espuma para aumentar o ombro desnivelado pela deficiência.

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3.2 Pesquisa de campo

A visita realizada à cidade de Batatais, no dia 23 de setembro de 2005, teve como

objetivo estabelecer um primeiro contato para conhecer o trabalho da Associação Batataense

para Deficiente Físico (ABADEF), que tem como presidente Marcos Serafim, portador de

deficiência física.

Figura 34 – Visita a Batatais (ABADEF) – 23/ 09/2005

Foram prestados esclarecimentos sobre o objetivo do trabalho científico, foi

elaborada uma autorização de uso de imagem dos participantes e depois foi dado início às

pesquisas de campo por onze alunos e duas docentes, num trabalho multidisciplinar que

envolveu os Cursos de Moda, Fisioterapia e Ciência da Computação da UNIFRAM

Universidade de Franca). São eles:

Alexa Lúcia Ribeiro de Lima (Moda)

Anelise Cristiane Stochi (Moda)

Aparecida Eurípides (Moda)

Dolores da Silva (Moda)

Gabriela Biska Jacinto (Moda)

Isabela Maria Geraldo Barbosa (Design - Fotografia)

Maria José de Magalhães Rabelo (Moda)

Melissa dos Santos Bachur Pedro (Fisioterapia)

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Michelle Cristine da Costa Cardoso (Design-Fotografia)

Paulo Henrique Vieira Ramos (Ciência da Computação)

Priscila Carolina da Silva (Moda)

Professora Gisele Silveira Valin Bertinato (Design-Fotografia)

Professora Patrícia Severi (Moda)

3.2.1 Autorização para uso de imagem

A autorização para o uso de imagem dos participantes foi elaborada nos seguintes

termos:

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3.2.2 Formulário de entrevista aplicado ao curso de fisioterapia

Instrumento aqui colocado na íntegra, quando realizada avaliação com os

portadores de necessidades especiais da Associação Batataense de Deficientes Físicos

(ABADEF) em Batatais. Foi aplicado um formulário utilizado no Curso de Fisioterapia que

possibilitou a identificação das patologias, das seqüelas em relação ao impacto social, as

conseqüências ao corpo físico quanto às deformidades, a redução da mobilidade e a falta de

trajes apropriados para o cotidiano.Com os resultados do formulário de entrevistas, foi gerado

um relatório que possibilitou a avaliação dos pacientes, pela fisioterapeuta Melissa dos Santos

Bachur Pedro, os quais serviram de referência para o andamento do trabalho.

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3.2.3 Resultado das entrevistas

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3.2.4 Levantamento dos dados

Estabelecido um cronograma de atividades durante os quatro meses que sucederam

a pesquisa de campo, foram realizados dois encontros por mês, alternando o local para

facilitar o andamento do trabalho, inserindo o garoto Kaic Loran Martins, de São José do Rio

Preto (referência inicial do projeto), ao grupo de Batatais, o que possibilitou maior integração

entre todos os envolvidos e acrescentou assim mais dados que puderam contribuir para a

análise da socialização dos envolvidos no projeto.

Os encontros passaram a ser em Franca, no laboratório de costura do curso de

Moda da Universidade de Franca, por ser um ambiente com equipamentos adequados e

espaço suficiente para desenvolver trabalho de qualidade.

Sempre com o intuito de não perder o foco da pesquisa, os trabalhos eram

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iniciados com base na proposta de ajudar por meio dos resultados, amenizando assim a

exclusão social e possibilitando a inclusão por meio do vestuário adaptado para: o corpo com

amputações e que usa próteses; pessoas que tenham mobilidade reduzida provinda de paralisia

cerebral que tenham alterado os movimentos de determinado lado do corpo, levando-as a

utilizar cadeira de roda; pessoas que tenham sofrido redução acentuada dos movimentos;

pessoas que por problemas genéticos necessitem de aparelho (órtese) para uso contínuo que

faça correções em partes do corpo.

Com os dados levantados, o grupo passou para a segunda fase, em que

desenvolveu modelagens do vestuário com correções e adaptações que se ajustasse às

próteses, órteses, cadeira de rodas e mobilidade reduzida do corpo, e que também pudesse ser

usado por outras pessoas que não sofressem de nenhum tipo de interferência no corpo físico.

Tal produto passa a ter conceito de design universal social.

A modelagem padrão praticada pela indústria e confeccionada em série, mas que

não tem um desenvolvimento específico para um corpo que tenha outras necessidades, serviu

como referência no estudo e modificação das peças que foram sugeridas de acordo com as

necessidades de cada um.

3.2.5 Estudo de caso - referência infantil: Kaic Lorran Martins

Como já foi dito anteriormente, a proposta da pesquisa de campo é tentar amenizar

a exclusão social do deficiente, possibilitando a inclusão por meio do vestuário adaptado às

suas necessidades.

O garoto Kaic Lorran Martins tornou-se o ponto de referência para o

desenvolvimento do presente trabalho, tendo em vista ser uma pessoa bastante conhecida da

autora.

Segue abaixo o depoimento de uma irmã de Kaic, Karine Martins:

O Kaic nasceu em 11 de junho de 1995, uma criança normal. Por volta de um ano de idade ele começou a andar, e em alguns dias ele começou a ter febre, e seus pais biológicos não perceberam, uma vizinha chegou a ‘casa’ que era construída de resto de papelão e outros materiais, e percebeu que o Kaic se apresentava febril e tendo convulsões, então esta vizinha chamou a ambulância e o Kaic foi levado ao Hospital de Base de São José do Rio Prêto -SP, de onde saiu com amputação de perna, mantendo a articulação do joelho, tendo como diagnóstico: Trombose Venosa Profunda e Vasculite; os médicos deram como justificativa para este diagnóstico que o Kaic possa ter ficado com a perna presa muito tempo em algum lugar ou até mesmo amarrada. O dia de sua amputação foi dia 18 de junho de 1996, com ano e um mês, chegou em nossa família por intermédio de minha irmã Luciene, que era estudante de

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Enfermagem na FAMERP, onde os estágios eram feitos no Hospital de Base (Hospital Escola) sendo a Luciene responsável pelos curativos pós-cirúrgico no ambulatório do HB, com algumas faltas do Kaic no ambulatório, descobriu-se que ele morava em uma favela próxima a minha casa, fomos até lá para ser realizado os curativos, quando chegamos vimos a situação ao qual o Kaic era exposto, a partir deste dia começamos a levar para nossa casa aos finais de semana, até que ele adquiriu sua oitava pneumonia, nós trouxemos para nossa casa e entramos com uma denúncia de maus tratos contra seus pais e também com o pedido de adoção, passado um ano de guarda- provisória conseguimos a adoção definitiva.

Figura 35 – Kaic com um ano e dois meses, em recuperação após amputação.

Figura 36 – Kaic com um ano e dois meses, após a amputação, usando roupa inadequada que compromete os movimentos e a estética.

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Figura 37 – Kaic aos oito anos com dificuldade de vestir-se,

calça justa no cós, mesmo sendo de elástico na cintura

Figura 38 – Calça comprida com numeração maior, com cós.

Dobras excessivas na barra devido à numeração maior. Joelhos com perfurações feitas pela prótese devido às articulações dos joelhos

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Figura 39 – Dificuldade ao descer as escadas, a roupa não oferece mobilidade e prende na articulação da prótese na altura do joelho.

Figura 40 – Kaic com dificuldade ao tentar entrar no carro, a bermuda prende os movimentos na altura do joelho, e o estímulo da família para não deixá-lo desanimar.

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3.3 Modelagem adaptada

O procedimento adotado foi o desenvolvimento da modelagem geométrica plana

(bidimensional), em que se utilizou medidas de tabela industrial adaptadas para os pacientes

mais os resultados do relatório aplicado na pesquisa de campo.

Foram dadas aos portadores de necessidades especiais a oportunidade de escolher

as peças que mais gostariam de usar, bem como algumas sugestões de tecidos, cores e

modelos, o que facilitou aos alunos o desenvolvimento dos desenhos de ilustração, ficha

técnica para o setor de produção e também a modelagem adaptada.

Os testes resultaram em peças que foram apresentadas à comunidade da cidade de

Batatais, no desfile de encerramento da 4ª Semana de Prevenções e Esclarecimentos Pessoa

Portadora de Deficiência Física.

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Figuras 41 e 42 – Boneco de um site – Modelagem: inclusão social através da moda para portadores de deficiência Física

Figura 43 – Testes realizados com peça piloto: modelagem adaptada para produto com design universal social

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Figura 44 – Sobra de tecido nas pernas: compromete o desenvolvimento da criança

Figuras 45 e 46 – Dificuldade ao vestir a calça com numeração duas vezes maior. Cintura apertada, boca da calça estreita dificulta o vestir

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Figuras 47 e 48 – Dificuldade ao tentar encaixar o sapato na largura da boca da calça. Calça perfurada na altura do Joelho devido aos ferros da prótese

Figura 49 – Prótese tibial de um caçador mouro Figura 50 – Menino com prótese de madeira para amputação sistema para andar ajoelhado. tibial – fragmento de um vaso de origem sul Mosaico do século XII. Catedral de italiana hoje no Museu de Louvre - Paris Lescar (1141) (4 séculos a.C.) Fonte: KUHN, 1997 Fonte: KUHN, 1997

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Figura 51 – Sugestão de modelo adaptado

Figura 52 – Calça com ajuste regulador na cintura

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Figura 53 – Calça com franzido nas pernas

Figura 54 – Solução na modelagem e resultados

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Figura 55 – Kaic veste a calça feita sob medida

Figura 56 – Kaic ajusta a calça ao corpo

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Figura 57 – Kaic demonstra a calça modelada

Figura 58 – Kaic tenta dar alguns passos

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Figura 59 – Kaic explora os bolsos da calça

Figura 60 – Kaic ajusta a barra da calça

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Figura 61 – Kaic movimenta-se com a calça

Figura 62 – Kaic acerta a barra da calça

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Figura 63 – Kaic tira a calça

Figura 64 – Pesquisa de campo da Abadef

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Figura 65 – Necessidades de Denise Russo

Figura 66 – Solução na modelagem da peça de Denise Russo

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Figura 67 – Desenvolvimento da peça de Denise Russo, com resultado satisfatório

Figura 68 – Dificuldades de Marco Princes

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Figura 69 – Solução na modelagem da peça de Marco Princês

Figura 70 – Desenvolvimento da peça e análise das necessidades de Marco Princes

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Figura 71 – Necessidades de Rosana

Figura 72 – Solução na modelagem da peça de Rosana

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Figura 73 – Imagens realizadas no ateliê de Moda da UNIFRAN

Figura 74 – Ficha técnica da pesquisa

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em relação à moda, acredita-se que, com o olhar voltado para as necessidades dos

portadores de deficiência física, deve-se responder à seguinte pergunta: como a moda poderá

incluir, por meio dos trajes, pessoas com necessidades especiais, diminuindo assim a exclusão

social a que essas pessoas são submetidas?

Ao se observar a modelagem convencional, verificou-se que o desenvolvimento de

produtos industrializados de moda pode contribuir no favorecimento da construção de novos

trajes para pessoas com necessidades especiais.

Por meio do estudo da modelagem para os diversos segmentos, sabe-se quais são

as possibilidades de modificações estruturais nas formas esteticamente pré-estabelecidas,

desenvolvidas em série, para que a mesma possa favorecer os corpos em questão, agregando

às roupas industrializadas modificações que favoreçam a estética e a praticidade do corpo,

facilitando sua funcionalidade, e ao portador de prótese o manuseio destas roupas no seu dia-

a-dia.

Ao desenvolver elementos facilitadores para o vestuário cria-se um novo conceito

de trajes que oferecerão as possibilidades do uso de roupas de fácil mobilidade para o

cotidiano do vestir-se, proporcionando liberdade de ação, para que os portadores de

deficiências não dependam tanto de ajuda externa, facilitando seus movimentos, sem

descuidar da estética agradável que deverá ter um traje.

O projeto desenvolvido com os portadores de deficiência de Batatais atingiu o

objetivo de reintegrar pessoas à sociedade, levantando sua auto-estima e preparando-as para a

vida, sem descuidar da aparência.

Com essas modificações, as pessoas que não são portadoras de necessidades

especiais terão a possibilidade de usar as mesmas roupas adaptadas, sendo favorecidas

também tanto na estética quanto na parte utilitária do vestuário, que poderão surgir com as

alterações realizadas na modelagem.

A indústria do vestuário, que cada vez mais vem se fortalecendo economicamente

por meio da moda, poderá agregar aos seus produtos adaptados valores também éticos através

de sua visão estratégica quanto à responsabilidade social de sua empresa.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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A N E X O S

(REPERCUSSÕES)

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ANEXO 1

Dentro das atividades da 4a Semana de Prevenção, realizada na cidade de Batatais,

no dia 02 de dezembro de 2005, aconteceu um desfile com o grupo de portadores de

necessidades especiais vestidos com peças adaptadas.

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Reportagem sobre o desfile realizado com as roupas adaptadas

Fonte: Jornal da Estância Turística de Batatais, Batatais, 10 dez. 2005, p. 3. Caderno light.

Fonte: Folha Ribeirão, Ribeirão Preto, 3 dez. 2005.

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ANEXO 2

VIDA SOBRE PRÓTESES

“O que acontece com um garoto de 15 anos que perde as duas pernas e um braço?

Se for Cameron Clapp, sai andando por aí – e ainda corre e nada. Como esta é uma história

real, ele também sofre, chora e se revolta. Não gosta de conversa sentimental sobre superar

obstáculos e outros clichês que afligem as vítimas de grandes devastações físicas, mas

entende de maneira quase inatingível para pessoas comuns o valor da motivação. Reciclado

para a vida pela confluência entre a força de vontade e a alta tecnologia, ele conta sua história

com realismo. E que história. Em 2001, quando aconteceu o fatídico 11 de Setembro,

Camerom tinha 15 anos e era um típico menino esportista de classe média da Califórnia:

gostava de surfe e skate e jogava beisebol, basquete e futebol americano na escola. Chocado

com o atentado que destruiu o World Trade Center, chamou amigos e vizinhos e construíram

atrás da sua casa, perto de uma ferrovia, um memorial. A partir daí, não se lembra de mais

nada – não sabe se desmaiou em cima dos trilhos da ferrovia, se dormiu, se caiu. Destroçado

por um trem, Camerom perdeu as duas pernas na altura do joelho, quase todo o braço direito e

ainda 80% do sangue do corpo. Passou três dias em coma e saiu, todo amputado, vinte dias

depois.

‘Desde o inicio eu odiava ver as pessoas me ajudando. Não queria depender de

ninguém’, disse Camerom a VEJA. Em quatro anos, ele reaprendeu a andar, correr e a

manipular objetos com a ajuda de próteses de alta tecnologia. O aprendizado foi duro, e ainda

requer um esforço fenomenal. ‘Tenho de conviver com isso cada minuto que passo acordado

na vida. Não é fácil’, desabafa. Vive com a mãe, o padrasto e quatro irmãos, sendo um gêmeo.

Camerom passou por várias ondas de choque. ‘Sentia frustração e raiva. Queria andar de

skate, sair com garotas, ir a festas. Eu sempre tive tudo e, de repente, me sobrou só um braço.’

Durante um ano, o adolescente mutilado viveu em cadeira de rodas, reaprendendo tudo, até

que a família chegou, via internet, à Hanger Orthopedic Group, empresa de Maryland que

desenvolve tecnologia para próteses. Contou a história, a Hanger se interessou, o plano de

saúde cobriu as despesas (uma prótese chega a custar 40.000 dólares) e Camerom virou uma

espécie de piloto de teste do que há de mais moderno no setor.

‘Desenvolvemos produtos especialmente para ele, com amortecimentos e

possibilidade de expansão muscular adequados para um jovem que pratica esportes’, diz

Kevin Carroll, vice presidente da Hanger. ‘Além disso, ele testa todas as nossas novidades,

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produtos que ainda vão demorar um ou dois anos para chegar ao mercado’. Final feliz? Nada

disso.

A fase de adaptação às próteses foi terrível. ‘Eu tentava ficar de pé e não

conseguia, tentava andar e caía. Caí muito. Tive um ataque de choro de ficar totalmente

descontrolado’, lembra. No início, usou próteses pequenas para fortalecer os músculos

inativos. Depois trocou por aparelhos com chips que calculam o movimento da perna e

ajustam hidraulicamente os joelhos para combinarem com seu passo e o piso. Para correr, tem

uma versão levíssima, com extremidades de fibra de carbono, para nadar, pernas e braço

mecânicos mais curtos, ambos acoplados a nadadeiras.

‘Demorei alguns meses para entender que precisava ter objetivos na vida.

Estabeleci como prioridade que tinha de voltar e ficar de pé’, conta Cameron, que atualmente

nada quatro dias por semana, corre dois – faz 100 metros em onze segundos – e participa de

competições para deficientes físicos. Vai à faculdade (quer trabalhar no desenvolvimento de

próteses) dirigindo o próprio carro e, mais recentemente, passou a viajar – sozinho – pelos

Estados Unidos, pago pela Hanger, para falar sobre tecnologia de próteses e como superar

limitações. Aprecia as viagens (‘O maior problema é na hora da revista no aeroporto’, brinca)

e ganhou desenvoltura em público.

‘Eu me acostumei com a idéia de ser o garoto com três membros amputados.

Tenho um corpo diferente. É normal, tudo bem que me olhem assim’, diz.

Não bebe mais (‘Não acho graça’) e seu único ‘vício’ é a tomada: o braço e as

perna biônicas têm de ser recarregados todos os dias. Analisa com realismo o tamanho de suas

dificuldades e se permite até uma dose de otimismo: ‘Estou limitado a atividades robóticas e

gasto três vezes mais energia que um corpo normal para me movimentar. Mas a tecnologia

está evoluindo e minha vida só vai melhorar’”.

Fonte: MING, 2005, p. 86-87.

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Fonte: MING, 2005, p. 86.

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ANEXO 3

AQUI TODO MUNDO PODE VOAR

“Os 83 funcionários com necessidades especiais que você verá nas instalações da

Gol por todo o Brasil a partir deste mês são um marco na história da companhia aérea. A

iniciativa mostra que bom atendimento e solidariedade podem voar de mão dadas. Mas isso é

só o começo. Em cumprimento à lei federal que determina que empresas com mais de mil

empregados devem ter uma cota de 5% de trabalhadores com deficiência, a Gol alcançará a

meta de 200 contratados ainda este ano, sendo a primeira companhia aérea brasileira a tomar

essa iniciativa.

‘Não criamos nenhum cargo novo, e sim identificamos, dentre as funções

exercidas no aeroporto, quais eram as mais adequadas’, diz Marco Antonio Piller, diretor de

RH da Gol. ‘Como a empresa não para de crescer e sempre respeitaremos os 5%, logo novos

portadores de necessidades especiais serão contratados’, completa. ‘O segundo passo será a

adequação das nossas instalações nos aeroportos e a capacitação dos funcionários para atender

cada vez melhor os clientes com necessidades especiais’, revela a gerente de marketing da

companhia, Silvia Camargo.

Rosangela Manfredini, gerente de recursos humanos da Gol, explica o

recrutamento: ‘Contratamos entidades de todo o país através dos departamentos de RH de

cada Estado’, explica. A primeira leva de funcionários foi treinada em São Paulo em julho,

sob a batuta de Andréa Shwarz, diretora da I – Social, consultoria que atua em empresas

como a Toyota – montadora que mais vende carros para deficientes – e Pão de Açúcar, e pela

equipe de treinamento e desenvolvimento da Gol que, através dos departamentos de RH de

cada Estado, contatou entidades e colaboradores em todo o país. ‘Essas pessoas não tinham

direito ao trabalho nem ao consumo, o que é um absurdo, são 24 milhões de pessoas com

deficiência no Brasil’, afirma Andréa. No Pão de Açúcar a consultora está à frente de um

programa que já contratou 350 funcionários com as mais variadas deficiências, e que hoje

trabalham em funções como caixa, repositores e empacotadores.

Ativa, bonita e decidida, Andréa escreveu, ao lado do marido, o Guia São Paulo

Adaptada, que reuniu mais de mil lugares da cidade – de repartições publicas a motéis -,

avaliados de acordo com a acessibilidade e com o preparo dos funcionários para receber

pessoas que, como ela, usam cadeira de rodas ou têm alguma outra necessidade especial.

A consultora cuidará também do trabalho com os atuais funcionários da Gol.

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‘Faremos workshops vivenciais, eles vão sentar numa cadeira de rodas, outros serão

vendados. Assim entenderão a necessidade do seu colega de trabalho e também do cliente’,

explica. Paciente, uma das poucas coisas que irritam Andréa é quando duvidam da capacidade

das pessoas. ‘Já ouvi empresário falando assim: ‘Tenho que contratar menor aprendiz,

contratar deficiente e então quem vai trabalhar na minha empresa?’. É demais, né?’

Os candidatos selecionados pela Gol são pessoas capacitadas e com muita garra e

vontade de trabalhar. Que o diga Roberto Maciel, portador de nanismo desempregado há

cinco anos, agora trabalhando no aeroporto de Fortaleza: ‘Entregava currículos em todo canto,

mas nunca recebia um retorno. Agora estou feliz’. Já em Vitória, os passageiros encontrarão

Maria da Consolação, jovem cheia de vida de 27 anos, vítima de talidomida. Professora de

português, Maria decidiu respirar novos ares. ‘As pessoas têm que parar de olhar o deficiente

com pena’, ensina. ‘Fiquei apaixonada pela idéia de trabalhar em uma empresa grande, aqui a

gente pode crescer’. Uma das mais animadas das aulas de capacitação era Maria Colonheze de

Macias, 51 anos e 95 centímetros.

Portadora de nanismo e com a menor estatura entre as 83 pessoas com deficiência

que entraram na Gol, Maria não ganhou apenas respeito. Pela primeira vez na vida terá um

emprego com carteira assinada. ‘Quando uma empresa como a Gol emprega tanta gente com

deficiência, mostra para todos que é um caminho possível’ afirma o campeão olímpico Lars

Grael – que perdeu a perna quando seu veleiro foi atingido por uma lancha. ‘E olha que é uma

empresa que lida com alta tecnologia. É uma decisão exemplar’, conta o atual secretário

estadual da Juventude, Esportes e Lazer de São Paulo.

Já o surfista e tri-atleta Pauê, que perdeu as duas pernas ao ser atropelado por uma

locomotiva, sempre voou pela Gol. ‘Você percebe que é uma empresa mais preparada para

atender o deficiente, até nos detalhes’, conta. ‘Outro dia fui ao Rio com um amigo, também

deficiente. Ele cismou de ver a cabine e pôde ir, sem problema algum’.

Em um ponto, todos concordam: capacitação é mesmo a palavra-chave, ainda mais

em um mundo cada vez mais competitivo. ‘O mercado exige um perfil muito qualificado, e

isso não é fácil de conseguir’, afirma a psicóloga Maria Critis, supervisora do setor de

recrutamento, seleção e treinamento da Avape (Associação para a Valorização e Promoção de

Excepcionais). Mesmo assim, sua entidade já acomodou cerca de 5 mil pessoas em empresas

desde que começou a funcionar, em 1982. Só no primeiro semestre de 2005, foram 124

empregados, mostrando que há um caminho a ser trilhado”. Fonte: (BOCCHINI, 2005).

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ANEXO 4

DEFICIENTES RECEBEM PRÓTESE

“Através de mandatos judiciais contra a DIR-22 (Direção Regional de Saúde) o

Núcleo de Reabilitação de Rio Preto realizou ontem a entrega de seis próteses

endoesqueléticas e uma cadeira especial para pacientes cadastrados no núcleo. Ainda restam

cerca de 20 ações individuais que pleiteiam próteses e órteses que deverão ser julgadas, sendo

que foram encaminhadas no dia 28 de março deste ano ao Fórum.

As ações são propostas pelo corpo jurídico do Gada em parceria com o Núcleo de

Reabilitação devido o impasse entre o Ministério da Saúde e a Secretaria do Estado da Saúde

para credenciar Rio Preto a receber os equipamentos.

De acordo com o presidente do CMS (Conselho Municipal de Saúde), Julio Cesar

Caetano, há cerca de 80 pacientes na fila de espera para receber o material. ‘As ações são

necessárias porque existe o descaso público que deixa até mesmo de atender leis estaduais e

estatutos. Desde que o SUS (Sistema Único De Saúde) deixou de fornecer as próteses em

meados de 98 seria responsabilidade do Ministério da Saúde atender os deficientes, mas ainda

não tomou as medidas para viabilizar e regulamentar o fornecimento do material’, afirmou

Caetano.

O advogado Neimar Leonardo dos Santos entrou com uma ação no Ministério

Público em novembro do ano passado para que o município fosse credenciado ao Ministério

da Saúde, para que as próteses possam ser enviadas de acordo com a demanda, mas ainda a

situação não foi atendida.

Deficientes ganham nova vida com as próteses

Para garantirem seus direitos os deficientes chegaram até a realizar uma passeata

em frente ao Fórum de Rio Preto e ontem alguns destes receberam as próteses que garantem

mais dignidade. A emoção tomou conta de quem sabe quanta diferença faz poder andar.

‘Faz mais de um ano que estou com a perna amputada e espero desde então poder

andar de novo. Esta prótese significa para mim ganhar nova vida, acabei de colocá-la e já

sinto outra disposição. Para conquistar meus direitos até participei da passeata em frente ao

Fórum’, lembra João Rodrigues Maranhão, 64 anos.

O garoto Kaic Lorran Martins, 10 anos, teve as duas pernas amputadas com 1 ano

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de idade e desde os três anos precisa das próteses para andar e as suas já tinham passado da

hora de serem trocadas. ‘O par de próteses custa cerca de R$ 6 mil, não temos condições de

comprar e a anterior estava quebrada e pequena’, diz a mãe de Kaic, Tereza Gonçalves.

Atendimento às necessidades

As próteses e orteses são pedidas de acordo com a necessidade de cada paciente e

o Núcleo de Reabilitação é preciso ao solicitar os materiais. ‘A grande preocupação é

conseguir atender a todos os pacientes, então não pedimos as prótese e órteses que têm preços

exorbitantes o que excedem as necessidades dos pacientes. A nossa gratificação é colaborar

com cada paciente que necessita’, diz o ortopedista Wilson Rejaili, responsável pelo programa

de reabilitação, que acompanhou a colocação das próteses.

Atendimento para toda microrregião

O Núcleo de Reabilitação realiza atendimento a pacientes de toda a microrregião,

sendo 101 municípios atendidos. A instituição oferece serviços de fisioterapia, hidroterapia

em piscina aquecida, hipoterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, psicologia,

nutricionista, acupuntura, ortopedia e reumatologia.

Há também programas como o Saúde em Movimento, o Melhora de Vida, o de

Prevenção de Incapacidades aos Portadores de Hanseníase, de Prótese e Ortese. Estão à

disposição dos usuários também os serviços de assistência social, enfermeira e duas salas de

ensino fundamental, uma de estimulação e outra de alfabetização, sendo que em 2004 houve a

inclusão de alunos na rede pública.

Atualmente, o Núcleo atende a 1,2 mil pacientes, sendo que em abril completou

um ano de funcionamento sob o comando da Secretaria de Saúde de Rio Preto. A instituição

fica na rua Paulo Menezello, 495, Jardim Maracanã.

Alunos fazem roupa para deficiente

Por meio de pesquisa e entrevista, eles buscaram uma modelagem que facilite o

encaixe da roupa junto à prótese e ao corpo, permitindo conforto, boa aparência e maior vida

útil da peça.

‘Perguntamos para eles o que atrapalhava mais, dava mais vergonha. Produzimos,

então, as peças dentro da tendência, padronagem, clima e situação de cada um’, explicou a

professora Oneide de Almeida Carvalho, coordenadora da pesquisa, que também é seu projeto

de mestrado.

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Em cadeirantes, o principal problema – de formação de feridas nas nádegas – pode

ser resolvido com a adaptação de uma espécie de almofada na parte de trás da calça, feito em

tecido leve para o calor. ‘É uma forma de inclusão’, afirmou a pesquisadora”. (Ana Ligia

Vasconcelos).

Fonte: Jornal Hoje, 2005.

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