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UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE – UNIVALE FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – FACS. CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PRÓTESE DENTÁRIA Michelle Freitas Guerra INDICAÇÕES DO CIMENTO RESINOSO DUAL EM RESTAURAÇÕES DE PORCELANA Governador Valadares 2009

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UNIVERSIDADE VALE DO RIO DOCE – UNIVALE

FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – FACS.

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM PRÓTESE DENTÁRIA

Michelle Freitas Guerra

INDICAÇÕES DO CIMENTO RESINOSO DUAL EM RESTAURAÇÕES

DE PORCELANA

Governador Valadares

2009

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MICHELLE FREITAS GUERRA

INDICAÇÕES DO CIMENTO RESINOSO DUAL EM RESTAURAÇÕES

DE PORCELANA

Monografia para obtenção do grau de Especialista em Prótese Dentária apresentada à Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade Vale do Rio Doce, como requisito para obtenção do grau de especialista em prótese dentária. Orientador: Prof. Ms. Cândido dos Reis Badaró Filho

Governador Valadares

2009

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MICHELLE FREITAS GUERRA

INDICAÇÕES DO CIMENTO RESINOSO DUAL EM RESTAURAÇÕES

DE PORCELANA

Monografia submetida ao curso de Especialização em Prótese Dentária da Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade Vale do Rio Doce, como requisito para obtenção do título em especialista em Prótese Dentária

Governador Valadares,___de __________________de 2009.

Banca Examinadora

__________________________________________ Prof. Ms. Cândido dos Reis Badaró Filho

Universidade Vale do Rio Doce

__________________________________________ Prof. convidado

Universidade Vale do Rio Doce

__________________________________________ Prof. convidado

Universidade Vale do Rio Doce

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Dedico aos meus pais, Imaculada e Oicilef (in

memoriam) pelo amor incondicional; e isso

não há nada que pague. Essa vitória também

lhes pertence. Amo vocês eternamente!!!

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente gostaria de agradecer a Deus, pelo Dom da vida e alegria deste momento;

A minha mãe Imaculada, por todo amor, renúncia e incentivo; e ao meu pai Oicilef (in

memoriam) por toda estrutura de vida deixada e ensinada. É a vocês, mãe e pai, que quero

agradecer infinitivamente por tudo. Por terem me ensinado que vale a pena lutar pelos meus

sonhos. Obrigada, vocês merecem muito mais que um simples agradecimento, diante da

grandeza que fizeram por mim;

Aos meus familiares pelo carinho;

Aos meus colegas do curso de pós-graduação em prótese dentária, pelas amizades

conquistadas, experiências compartilhadas e momentos que irão deixar saudades;

Ao professor Rômulo Hissa, pela dedicação e conhecimentos transmitidos; e a todos os

professores; de forma muito especial ao meu orientador prof. Ms. Cândido dos Reis Badaró

Filho, por sua amizade, compreensão e paciência;

A todos que contribuíram direta ou indiretamente, possibilitando a concretização deste sonho,

que hoje se realiza!!!

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“Os sonhos não determinam o lugar em que você vai estar, mas

produzem a força necessária para tirá-lo do lugar em que está.”

Cury, A.

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RESUMO

Este trabalho revisou a literatura sobre os cimentos resinosos dual em restaurações de porcelana, procurando ressaltar suas indicações para obter êxito dentro dos procedimentos restauradores indiretos. Observou-se que os cimentos resinosos estão em constante desenvolvimento e, na atualidade, são a escolha para as cimentações estéticas, uma vez que outros tipos de cimentos não fornecem propriedades semelhantes às propriedades destes. Os cimentos resinosos quanto a sua ativação se divide: ativação química, dual e fotoativada. O cimento dual apresenta uma característica que o diferencia dos outros, que seria em relação ao seu tempo de trabalho quando comparados aos demais e possuem a propriedade de interferir no estresse da contração de polimerização, graças ao fato desta permanecer ainda em atividade durante um período de até 24 horas. A indicação de cimento resinoso dual é ideal para as restaurações em porcelana, uma vez que compensam a baixa resistência à deflexão destas, distribuindo de forma eficaz, os esforços da porcelana para o dente. Palavras- chave: Restauradores indiretos. Cimento resinoso. Indicações.

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ABSTRACT

This study reviewed the literature on the dual resin cements on porcelain restorations, trying to highlight his statements to succeed within the indirect restorative procedures. It was observed that the resin cements are in constant development and, currently, are the choice for cementations aesthetic, since other types of cements do not provide similar properties to those properties. The resin cements and its activation is divided: chemical activation, dual and light-cured. The cement has a dual feature that sets it apart from others, which is in relation to their working hours increased in relation to others and have the property that interact with the stress of polymerization shrinkage, due to the fact that still remain active for a period up to 24 hours. The indications of dual-cured cement is ideal for the restoration of porcelain, as compensating for the low resistance to deflection of these, distributing effectively the efforts of the porcelain to the tooth. Keywords: indirect restorative. Resinous cement. Indications.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................................ 09

2 REVISÃO DA LITERATURA....................................................................................... 12

3 DISCUSSÃO..................................................................................................................... 19

4 CONCLUSÃO................................................................................................................... 24

REFERÊNCIAS................................................................................................................... 25

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1 INTRODUÇÃO

O conceito de adesão dos materiais odontológicos ao substrato dental é baseado na

criação de uma interface ácido resistente que suporte as situações adversas da cavidade bucal,

mimetizando assim o dente natural íntegro (ANDRADE et al., 2008).

No elemento dental o esmalte e a dentina, duas estruturas de características físicas

diferentes, se interagem entre si para formar uma estrutura única que suporta ao longo de sua

vida útil as mais adversas situações desde estresse físico a variações térmicas. O esmalte

extremamente rígido, sem o suporte da dentina, pode fraturar-se. Com isso uma estrutura com

resiliência maior, que se deforma com maior facilidade, como a dentina, pode absorver o

estresse evitando a fratura do dente. Seguindo esta linha de pensamento e com a evolução dos

procedimentos adesivos, a literatura tem mostrado a capacidade que certos materiais têm em

substituir o esmalte e a dentina (MAGNE e DOUGLAS, 1999). Dessa forma, analisando

materiais odontológicos que tenham adesão à superfície dental e características físicas

semelhantes às estruturas que compõem o elemento dental, pode-se indicar os mesmos para a

substituição da estrutura perdida. Por analogia, estruturas que mimetizem a estrutura dental

em características físicas e tenham união efetiva entre elas, podem funcionar como substitutos

da dentina e do esmalte (URABE et al., 2000).

O sucesso clínico dos trabalhos de prótese depende de diversos fatores. Dentre eles,

tem grande importância a capacidade de retenção do trabalho protético à estrutura suporte

remanescente. Sendo assim, é necessária uma correta cimentação (SANTOS et al., 2009).

Para Cruz (1999), tem sido incessante a procura por um material ideal para

cimentação. Esse material deve apresentar união tanto aos tecidos dentais como ao trabalho

protético, ser insolúvel em saliva, possuir manipulação simples, ter tempo de trabalho

controlado, possuir uma fina linha de cimentação, ser radiopaco e compatível biologicamente

com o órgão pulpar. É desejável que o agente cimentante sele com uma espessura mínima a

solução de continuidade existente entre o material restaurador e o dente.

As qualidades intrínsecas de retenção e a estabilidade da peça protética são garantidas

através da uma correta cimentação. Os objetivos da cimentação de acordo com Santos et al.

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(2009) são: vedar a diminuta área existente entre a prótese e a estrutura dental e; proteger esta

última de elementos irritantes de natureza química, física e bacteriana, impedindo a recidiva

da cárie.

Quanto menor for a espessura do cimento, melhor será a sua ação como agente

cimentante. A retenção mecânica também está na dependência das alterações dimensionais

que ocorrem durante a presa do cimento, decorrentes do ganho ou da perda de água ou em

função da diferença entre os coeficientes de expansão térmica do dente, da peça a ser

cimentada e do próprio cimento (PHILLIPS, 1991).

Nas restaurações de porcelana, segundo Eduardo et al. (1998), havia a necessidade de

um novo produto que pudesse se interpor entre esta e o dente de forma a atribuir, à

restauração final, uma maior resistência às forças de tração, de compressão e de cisalhamento

bem como a estética necessária. Segundo Sheet e Jensen (1988), as porcelanas eram

inicialmente cimentadas com o cimento de fosfato de zinco e, logo depois, com os cimentos

ionoméricos, porém, ficou comprovado que tais agentes eram deficientes quando se tratava da

cimentação dessas peças, pois ocasionava inúmeros insucessos tais como deslocamento,

infiltração marginal ou problemas estéticos. Com o desenvolvimento das resinas compostas e

dos sistemas adesivos, à partir da década de 60, um novo cimento passou a ser desenvolvido.

Para Garone Netto e Burger (1996), este novo cimento nada mais era do que uma resina

composta modificada de modo que fosse fluído o suficiente para escoar durante o ato da

cimentação. Assim surgia o cimento resinoso e a cimentação adesiva.

A tendência atual para a cimentação de prótese e outras aplicações é a de se usar a

tecnologia adesiva. A cimentação adesiva envolve a colocação de um terceiro material, com

frequência chamado de agente de cimentação, que escoa por entre as superfícies rugosas e

toma presa para formar um sólido dentro de alguns minutos, promovendo o selamento do

espaço e melhorando a retenção (ANUSAVICE, 2005).

Os cimentos resinosos são praticamente insolúveis e compatíveis com os sistemas

adesivos. Esta associação tornou possível para todas as indicações, e, além de contar com uma

fina espessura de película, reduz drasticamente à microinfiltração. O surgimento dos cimentos

adesivos reduz a necessidade de retenções mecânicas nos preparos dentais e produzem um

completo selamento marginal (UCHIYAMA, 1986).

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Anusavice (2005) relatou que a composição da maioria dos cimentos resinosos é

semelhante à de resinas compostas para restauração (matriz resinosa com cargas inorgânicas

tratadas com silano). Entretanto, diferem dos mesmos, sobretudo, pelo menor conteúdo de

excipiente e pela viscosidade (CRUZ, 1999; MOTTA et al., 2001). Os monômeros com

grupos funcionais que têm sido usados para induzir adesão à dentina são incorporados a estes

cimentos. Eles incluem os sistemas organofosfonatos, hidroximetilmetacrilato, e do 4-

metacrietil trimetílico anidrido (4- META).

As principais vantagens destes cimentos são: adesão às estruturas metálicas, resinosas

e de porcelana, solubilidade muito baixa, grande resistência a tensões e possibilidade de

seleção da cor do agente cimentante. A estabilidade de cor dos cimentos resinosos é outro

fator importante e, por esta razão, muitos profissionais preferem o uso dos sistemas de

cimentação fotopolimerizáveis para facetas laminadas e coroas puras em dentes anteriores,

pois esses apresentam maior estabilidade de cor (LIVADITIS, 1986). No entanto, apresentam

alto custo, técnica de manipulação crítica, necessidade de isolamento absoluto durante a

cimentação e dificuldade de remoção dos excessos, principalmente nas áreas proximais

(PEGORARO e BARRACK, 1987). O cimento resinoso apresenta uma tão técnica sensível

que o cimento endodôntico à base de óxido de zinco e eugenol interfere nas suas propriedades

adesivas (TANAKA et al., 1988).

Os cimentos resinosos são indicados para cimentação final de próteses unitárias e

parciais fixas com ou sem estrutura metálica, próteses parciais fixas adesivas indiretas e

retentores intra-radiculares (CRUZ, 1999).

De acordo com Conceição (2000), os cimentos resinosos apresentam propriedades

superiores aos cimentos odontológicos, como o fosfato de zinco e ionômero de vidro. E

através da associação com os sistemas adesivos pode contribuir para aumentar a resistência à

fratura do dente restaurado e minimizar a ocorrência de microinfiltração.

Com a evolução nos procedimentos adesivos e da relevância da etapa de cimentação

nos tratamentos protéticos, este trabalho revisa a literatura sobre o cimento resinoso,

procurando ressaltar suas indicações e contra indicações para o êxito dentro dos

procedimentos restauradores indiretos.

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2 REVISÃO DA LITERATURA

As restaurações adesivas indiretas necessitam de adequada cimentação, através da

utilização de cimentos resinosos, associadas com sistemas adesivos. A odontologia adesiva

teve início com Buonocore (1955) que conseguiu pela primeira vez a ligação das resinas

acrílicas com o esmalte. Realizou a técnica de condicionamento ácido no esmalte, que

contribuiu para melhoria no selamento marginal das restaurações e possibilitou uma

diminuição da infiltração marginal. Com os avanços de novas técnicas e materiais nas décadas

seguintes, foi possível correlacionar os adesivos com a estrutura do esmalte e da dentina.

Atualmente, novos cimentos resinosos, proporcionam um aumento significativo da força de

adesão à estrutura dental.

Sheet e Jensen (1988), compararam o comportamento clínico de restaurações indiretas

em porcelana com cimentos ionoméricos e com cimentos resinosos. Chegaram à conclusão de

que, apesar dos cimentos de ionômero de vidro serem conhecidos pela sua adesividade às

estruturas dentárias e por liberar flúor, apresentam um tempo de presa muito longo,

solubilidade elevada nos momentos iniciais da presa e falta de adesão às porcelanas. Os

autores esclarecem que, as restaurações inlay/onlay de porcelana apresentaram uma fenda

superior às demais restaurações indireta. Desta forma, necessita-se de um cimento resinoso

com maior quantidade de carga (híbridos) e de menor fluidez (viscosidade média ou pesada).

Banks (1990), afirmou que toda cimentação adesiva deve receber cuidados quanto ao

uso do isolamento absoluto, já que o controle da umidade durante todo o processo é

fundamental para que não ocorra perda da longevidade da peça cimentada.

Para Lambrechts et al. (1991), os cimentos resinosos nada mais são do que resinas

compostas cuja fase orgânica é à base de bisfenol glicidil metacrilato (BISGMA), ou uretano

di-metacrilato (UDMA) e a fase inorgânica tem uma menor quantidade de carga visando o

aumento da fluidez necessária para cimentação. Estes autores classificaram esses cimentos

quanto ao tipo de carga (macropartículas, micropartículas e híbridos), viscosidade (pesado,

médio e leve), sistemas de ativação (químico, foto ou dual) e quanto à presença de

monômeros adesivos na sua composição. Os cimentos resinosos possuem baixa viscosidade,

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pequena quantidade de partículas (31-66% em volume), partículas entre 0,5-15µm de

tamanho e melhores propriedades de escoamento.

Segundo Christensen (1991), os cimentos resinosos sofrem contração de

polimerização podendo ocasionar o rompimento da união entre a restauração indireta e o

dente preparado ou então proporcionar a infiltração de fluídos orais, bactérias e demais

substâncias que podem levar à sensibilidade pós-operatória. Os cimentos resinosos são

materiais de uso obrigatório no caso de restaurações em porcelana por apresentarem, quando

comparados com outros cimentos, biocompatibilidade, resistência mecânica, fácil

manipulação, adesão ao dente e à restauração indireta, baixa solubilidade e, principalmente,

estética.

Jacobsen e Ress (1992), descreveram os cimentos resinosos duais como agentes

cimentantes cujo processo de polimerização se dá por dois meios: físico através da ação da luz

do fotopolimerizador sobre os fotoiniciadores (canforoquinona); e químico através da reação

do peróxido de benzoíla com as aminas terciárias.

Jacobsen e Rees (1992), em análise dos cimentos resinosos, chegaram à conclusão que

toda restauração, quer seja de porcelana ou resina composta, deve ser avaliada rigorosamente

quanto à adaptação marginal, pois, falhas nesta adaptação não deverão ser consertadas com os

cimentos resinosos. A explicação está no fato de que tais cimentos sofrem uma contração de

polimerização por apresentarem pequena quantidade de carga ao mesmo tempo que, apesar de

serem mencionados como agentes insolúveis, os cimentos resinosos sofrem uma certa

degradação quando expostos ao meio bucal.

Swift et al. (1992), preconizaram após o jateamento da face interna de restaurações

indiretas em resina composta, uma intensa lavagem e secagem seguida da aplicação de ácido

fluorídrico entre 9 e 10% por 30 segundos com a finalidade de reforçar a ação do jateamento

mediante a criação de um padrão de irregularidades que auxilia na adesividade e conseqüente

retenção da peça ao dente preparado. Ao analisarem a ação desse ácido sobre as resinas

compostas chegaram à conclusão que tal substância age melhor em resinas compostas macro

particuladas quando comparadas às resinas compostas micro particuladas.

Bertolotti (1992), recomendava o ataque ácido da superfície dentinária para a

cimentação com cimentos resinosos uma vez que este, além de remover o smear layer

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promovia um aumento da permeabilidade dentinária e um aumento da superfície disponível

para adesão. Com o aumento da permeabilidade dentinária, o cimento resinoso promovia um

selamento dentinário prevenindo a sensibilidade pós-operatória e a infiltração bacteriana

enquanto que, com o aumento da superfície disponível para adesão, havia uma possibilidade

de êxito na cimentação pela exposição do colágeno dentinário, favorecendo a reação de

adesividade.

Van Meerbeek et al. (1992) investigaram a interface existente entre a superfície tratada

e o sistema adesivo. Vários sistemas adesivos foram utilizados de acordo com as

recomendações dos respectivos fabricantes e restaurados através de uma resina composta de

baixa viscosidade. Os corpos de prova foram analisados no microscópio eletrônico de

varredura, e foi observada que a adesão da resina à dentina foi micromecânica pela

desmineralização promovida pelo ácido e entrelaçamento do adesivo às fibras colágenas

expostas, formando a camada híbrida.

Farah e Powers (1993), indicaram, para incrustações em porcelana, a utilização de

cimentos resinosos com uma certa quantidade de carga (híbrido), pois, se a espessura do

cimento for grande, pode ocorrer contração de polimerização ocasionando fendas e possível

infiltrações. Além disso, é indicada a utilização de cimentos resinosos com viscosidade média

para que haja um correto assentamento da peça sobre o dente preparado

El-Mowafy et al. (1994), explicaram que todo cimento resinoso deve apresentar uma

radiopacidade igual ou maior que o esmalte com o intuito de se verificar excessos proximais

não detectáveis clinicamente.

Segundo Scherrer et al. (1994), a associação entre cimentos resinosos e os

procedimentos atuais de preparo do dente e da porcelana aumentaram, em cerca de 69%, a

resistência à fratura da restauração quando comparada à cimentação com cimento de fosfato

de zinco.

Latta e Barkmeier (1994) avaliaram a resistência adesiva ao cisalhamento dos

cimentos resinosos na cimentação de inlay de resina composta, variando o tipo de tratamento

deste compósito: 1) ácido hidrofluorídrico por 60 s, 2) amônio bifluorídrico por 60 s, 3) resina

adesiva, 4) microjateamento com 50 microns com óxido de alumínio, e 5) microjateamento

com 50 microns com óxido de alumínio e resina adesiva. O cimento resinoso foi aderido ao

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esmalte humano. Foram avaliados os efeitos dos tratamentos das superfícies através do

microscópio eletrônico de varredura (MEV). Os resultados indicaram que o microjateamento

de inlay de resinas compostas aumentou a adesão dos cimentos resinosos. As superfícies

analisadas ao MEV indicaram superfícies internas irregulares, criadas através do

microjateamento com óxido de alumínio.

Segundo Garone Netto (1996), a associação dos cimentos resinosos com os sistemas

adesivos tornou possível a criação da cimentação adesiva, havendo uma redução drástica na

micro infiltração marginal. Porém, são cimentos caros e com técnica extremamente crítica,

sujeitos à falha por imperícia, além da difícil remoção dos excessos no ato da cimentação.

Como vantagens, os autores citam o fato desses cimentos serem capazes de se aderir ao dente,

resina composta e porcelanas, além da cimentação adesiva ser uma técnica indicada para

todos os casos em que a técnica tradicional com cimento de fosfato de zinco falha.

De acordo com Uchiyama (1986), os cimentos resinosos fotoativados têm como

desvantagem a deficiência de polimerização em peças protéticas espessas e opacas, não

permitindo a formação de cimento mecanicamente resistente e com boa adesão. Já os

cimentos quimicamente ativados não apresentam controle sobre o tempo de trabalho e a

polimerização. Assim, os agentes cimentantes mais utilizados são aqueles que apresentam

presa dual ou de dupla cura, pois apresentam: uma resina com alta fluidez, bom percentual de

carga, controle no tempo de trabalho e polimerização, bom escoamento, fina película de

cimentação, variedades de cores e opacidades e segurança de polimerização em áreas de

difícil acesso à luz halógena.

Eduardo et al. (1998), indicaram os cimentos resinosos duais para a cimentação de

restaurações indiretas em porcelana pois, mesmo que a luz do fotopolimerizador não atravesse

totalmente a camada opaca da porcelana, a polimerização estará garantida nas porções mais

profundas graças à polimerização química. Por outro lado, contra-indicaram os cimentos

resinosos fotoativados para a cimentação dessas restaurações, pois a luz não consegue

ultrapassar a camada opaca presente impedindo sua completa polimerização.

A pesquisa de Motta et al. (2001) tiveram como objetivos avaliar o desajuste marginal

de coroas totais cimentadas com três tipos de cimentos (fostato de zinco, ionômero de vidro e

resinoso) em umidade de 100% e verificar a correlação entre o desajuste com o grau de micro

infiltração marginal. Nesse estudo, imediatamente após a cimentação, a região cervical das

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coroas foi envolvida com algodão embebido em saliva artificial. Os resultados não mostraram

diferenças estatisticamente significantes entre os resultados de desajuste e a infiltração

marginal, além de não encontrar correlação entre a quantidade de desajuste e o grau de

infiltração marginal para os três cimentos.

Prakki e Carvalho (2001), em estudos sobre os cimentos resinosos duais, chegaram às

seguintes conclusões: estes cimentos levam vantagem quanto aos cimentos de polimerização

química no que diz respeito ao tempo de trabalho (que é maior); que há conversão completa

do cimento quando o mesmo é submetido à fotopolimerização, ocorrendo o contrário quando

o mesmo não é fotopolimerizado, podendo gerar problemas pulpares; que há um melhor

relaxamento do estresse causado pelos efeitos da contração de polimerização; que materiais

para selamento ou cimentações provisórias à base de eugenol devem ser evitados previamente

à cimentação com cimentos resinosos; que o preparo do dente e da peça indireta é de

fundamental importância para uma boa resistência adesiva da mesma; que tais cimentos, bem

como os de polimerização química, sofrem um “período de maturação” onde, após ter sido

cimentada, a peça tem sua resistência adesiva sendo aumentada progressivamente, em um

período de 24 horas, em função da polimerização do sistema químico.

Padilha et al. (2003) revisaram a literatura sobre os cimentos resinosos. Constataram

que a união entre o sistema adesivo e o cimento resinoso possibilita a realização de uma

cimentação adesiva que proporciona um aumento da resistência à fratura do dente restaurado

e minimiza a ocorrência de micro infiltração, além da opção de cores, que auxilia na obtenção

de um resultado estético mais favorável, em particular nos laminados de porcelana.

O estudo de Rossetti (2003) objetivou avaliar in vitro as mensurações e possíveis

correlações entre discrepância de assentamento, abertura marginal e padrão de micro

infiltração, em coroas metalocerâmicas com três tipos de agentes cimentantes: fosfato de

zinco, ionômero de vidro e resinoso dual. Os resultados de discrepância de assentamento

foram maiores para cimento de fosfato de zinco, seguido do cimento de ionômero de vidro e

resinoso, sem diferença estatística; entretanto, para infiltração, o cimento fosfato de zinco

apresentou a maior infiltração, seguida do ionômero de vidro e o resinoso, com diferenças

estatisticamente significantes. A análise do microscópio eletrônico de varredura detectou

melhor qualidade de união na interface dente-cimento para o cimento resinoso, seguida do

ionômero de vidro e do cimento fosfato de zinco.

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Francischone et al. (2004) concluíram que, para os cimentos resinosos a forma de

polimerização dupla parece ser mais recomendada, garantindo melhores propriedades

mecânicas. No entanto, a fotoativação é imprescindível, pois a fase química não garante

completa e dureza satisfatória.

De acordo com Anusavice (2005) existe atualmente uma grande variedade de

cimentos resinosos disponíveis no mercado, que podem ser utilizados na fixação de brackets,

na cimentação de próteses adesivas e na cimentação de restaurações de cerâmica indiretas. A

polimerização pode ser pela indução peróxido-amina ou por fotoativação. Vários sistemas

utilizam os dois mecanismos e são chamados de dupla polimerização ou duais. Este tipo de

cimento é insolúvel aos fluidos bucais e o limite de fratura é maior quando comparado com os

outros cimentos. No entanto, como todo material resinoso, este cimento pode causar irritação

ao tecido pulpar.

Chieffi et al. (2006), relataram que o uso de cimentos temporários livres de eugenol

não causam nenhum efeito negativo sobre a adesão do cimento resinoso.

Neves et al. (2006) investigaram in vitro a micro infiltração marginal pelo corante azul

de metileno em “copings” de níquel-cromo cimentados em dentes pré-molar humanos com

cimento de ionômero de vidro modificado por resina, cimento de fosfato de zinco e cimento

resinoso submetidos à ação de Streptococcus mutans. Os resultados demonstraram que

nenhum dos cimentos utilizados impediu, de maneira eficaz, a infiltração do corante azul de

metileno a 0,5%, sendo que o cimento de fosfato de zinco demonstrou os piores resultados. O

cimento de ionômero de vidro modificado por resina e o cimento resinoso apresentaram

desempenho semelhante.

D’Arcangelo et al. (2007), avaliaram o efeito do tratamento de superfície das

restaurações indiretas com a aplicação de ácido fluorídrico e silano, microjateamento com

óxido de alumínio e a associação dos dois métodos citados anteriormente. A conclusão obtida

foi que o tratamento de superfície dos compósitos são importantes para a adesão das

restaurações indiretas e que ambos os métodos de tratamento mostraram resistência adicional

significante, em destaque ao microjateamento com óxido de alumínio responsável pelas

propriedades retentivas em restaurações indiretas.

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Badini et al. (2008), descreveram sobre a cimentação adesiva de restaurações indiretas

estéticas e livres de metal, em comparação com os demais agentes cimentantes. Com base nas

informações obtidas chegou-se à conclusão que, a cimentação adesiva é de fundamental

importância quando se trata de restaurações metal free. Os cimentos resinosos possuem

indicações e vantagens que nenhum outro cimento possui como a capacidade de fixar peças

em preparos muito expulsivos ou onde à coroa clínica é demasiadamente curta.

Santos et al. (2009) realizaram um estudo objetivando analisar qualitativamente a

colonização bacteriana superficial do cimento de fosfato de zinco e do cimento resinoso

submetidos ao ataque microbiano in vivo por 7, 14, 21 e 30 dias. A cimentação da prótese

parcial fixa ao dente preparado é um passo relevante, pois é através desta que se veda a

diminuta área existente entre o elemento artificial e a estrutura dental, protegendo esta última

de elementos irritantes de natureza química, física e bacteriana. Verificou-se que, com o

passar do tempo, o cimento de fosfato de zinco apresentou, em geral, uma quantidade maior

de microrganismos na sua superfície do que o cimento resinoso.

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3 DISCUSSÃO

Buonocore (1955) conseguiu pela primeira vez a ligação das resinas acrílicas com o

esmalte, o que levou a associação dos novos sistemas adesivos aos cimentos resinosos atuais,

proporcionando um aumento significativo da força de adesão à estrutura dental (PADILHA et

al, 2003),.

Já Lambrechts et al. (1991), definiram os cimentos resinosos como resinas compostas

cuja fase orgânica é à base de bisfenol glicidil metacrilato (BISGMA), ou uretano di-

metacrilato (UDMA) e a fase inorgânica tem uma menor quantidade de carga visando o

aumento da fluidez necessária para cimentação. Entretanto, Buonocore (1955), Farah e

Powers (1993), Garone Netto (1996), Eduardo et al. (1998), Francischone et al. (2004),

Anusavice (2005) enfatizaram as indicações e contra indicações do cimento resinoso.

Todavia, Buonocore, (1955), Sheet e Jensen (1988), Anusavice, (2005), enfatizaram a

indicação dos cimentos resinosos para as restaurações inlay/onlay de porcelana; utilizando

com certa quantidade de carga (híbrido) (FARAH e POWERS, 1993); todos os casos em que

a técnica tradicional com cimento de fosfato de zinco falha (GARONE NETTO, 1996).

Entretanto, Christensen (1991) descreveu as indicações e contra indicações dos

cimentos resinosos, mencionando que estes são materiais de uso obrigatório no caso de

restaurações em porcelana por apresentarem, quando comparados com outros cimentos,

biocompatibilidade, resistência mecânica, fácil manipulação, adesão ao dente e à restauração

indireta, baixa solubilidade e principalmente estética.

Mas de acordo com Prakki e Carvalho (2001), quanto aos cimentos resinosos duais,

estes cimentos levam vantagem quanto aos cimentos de polimerização química no que diz

respeito ao tempo de trabalho (que é maior); que há conversão completa do cimento quando o

mesmo é submetido à fotopolimerização, ocorrendo o contrário quando o mesmo não é

fotopolimerizado, podendo gerar problemas pulpares; que há um melhor relaxamento do

estresse causado pelos efeitos da contração de polimerização; que materiais para selamento ou

cimentações provisórias à base de eugenol devem ser evitados previamente à cimentação com

cimentos resinosos; que o preparo do dente e da peça indireta é de fundamental importância

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para uma boa resistência adesiva da mesma; que tais cimentos, bem como os de polimerização

química, sofrem um “período de maturação” onde, após ter sido cimentada, a peça tem sua

resistência adesiva sendo aumentada progressivamente, em um período de 24 horas, em

função da polimerização do sistema químico.

A associação dos cimentos resinosos com os sistemas adesivos tornou possível a

criação da cimentação adesiva, havendo uma redução drástica na microinfiltração marginal.

Garone Netto (1996) citou como desvantagens que os cimentos são caros, técnica

extremamente crítica, sujeitos à falha por imperícia, além da difícil remoção dos excessos no

ato da cimentação. Como vantagens esclareceu, que estes são capazes de se aderir ao dente,

resina composta e porcelanas.

Entretanto, para Uchiyama (1986) a desvantagem dos cimentos resinosos fotoativados

é a deficiência de polimerização em peças protéticas espessas e opacas, não permitindo a

formação de cimento mecanicamente resistente e com boa adesão. Quanto aos cimentos

quimicamente tratados, estes não apresentam controle sobre o tempo de trabalho e a

polimerização.

Eduardo et al. (1998), indicaram os cimentos resinosos duais para a cimentação de

restaurações indiretas em porcelana contra-indicaram os cimentos resinosos fotoativados para

a cimentação dessas restaurações.

De acordo com Uchiyama (1986), os agentes cimentantes mais utilizados são aqueles

que apresentam presa dual ou de dupla cura, pois apresentam: uma resina com alta fluidez,

bom percentual de carga, controle no tempo de trabalho e polimerização, bom escoamento,

fina película de cimentação, variedades de cores e opacidades e segurança de polimerização

em áreas de difícil acesso à luz halógena.

Já Francischone et al. (2004), Eduardo et al. (1998), Prakki & Carvalho (2001),

recomendaram utilização de cimentos resinosos na forma de polimerização dupla, garantindo

melhores propriedades mecânicas, no entanto, os autores esclarecem que a fotoativação é

imprescindível, pois a fase química não garante completa e dureza satisfatória. São utilizados

na fixação de brackets, na cimentação de próteses adesivas e na cimentação de restaurações de

cerâmica indiretas.

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Contudo, Farah e Powers (1993) esclareceram que se a espessura do cimento for

grande, poderia ocorrer a contração de polimerização ocasionando fendas e possível

infiltrações; e Eduardo et al. (1998), contra-indicaram os cimentos resinosos fotoativados para

a cimentação dessas restaurações, pois a luz não consegue ultrapassar a camada opaca

presente impedindo sua completa polimerização.

Mas, Anusavice (2005) concluiu que vários sistemas utilizam os dois mecanismos e

são chamados de dupla polimerização ou duais, são insolúveis aos fluidos bucais e o limite de

fratura é maior quando comparado com os outros cimentos. No entanto, como todo material

resinoso, este cimento pode causar irritação ao tecido pulpar.

Já para Banks (1990), a cimentação adesiva deve receber cuidados quanto controle da

umidade, (uso do isolamento absoluto) afirmando que o controle da umidade durante todo o

processo de cimentação adesiva é fundamental para que não ocorra perda da longevidade da

peça cimentada.

Os cimentos resinosos dual como agentes cimentantes foram observados por Jacobsen

e Ress (1992), que concluíram que o processo de polimerização se dá por dois meios: físico

através da ação da luz do fotopolimerizador sobre os fotoiniciadores (canforoquinona) e

químico através da reação do peróxido de benzoíla com as aminas terciárias. Citado ainda por

Swift et al. (1992), o jateamento da face interna de restaurações indiretas em resina composta

com ácido fluorídrico entre 9 e 10% por 30 segundos, leva a uma melhor ação em resinas

compostas macroparticuladas se comparadas às resinas compostas.

Porém, Bertolotti (1992), promoveu um selamento dentinário para prevenir a

sensibilidade pós-operatória e a infiltração bacteriana, consequentemente um incremento da

superfície disponível para adesão, aumentando a possibilidade de êxito na cimentação pela

exposição do colágeno dentinário, favorecendo a reação de adesividade.

Mas, Jacobsen e Rees (1992) destacaram que apesar de serem mencionados como

agentes insolúveis, os cimentos resinosos sofrem certa degradação quando expostos ao meio

bucal.

Todavia, Van Meerbeek et al. (1992) publicaram que quanto a interface existente entre

a superfície tratada e o sistema adesivo, a adesão da resina à dentina foi micromecânica pela

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desmineralização promovida pelo ácido e entrelaçamento do adesivo às fibras colágenas

expostas, formando a camada híbrida.

Por isso, Farah e Powers (1993), recomendaram a utilização de cimentos resinosos

com viscosidade média para que haja um correto assentamento da peça sobre o dente

preparado

Já El-Mowafy e Benmergui (1994), destacaram que o cimento resinoso deve

apresentar uma radiopacidade igual ou maior que o esmalte com o intuito de se verificar

excessos proximais não detectáveis clinicamente; e Scherrer et al. (1994), concluíram que a

associação entre cimentos resinosos e os procedimentos atuais de preparo do dente e da

porcelana aumentaram resistência à fratura da restauração quando comparada à cimentação

com cimento de fosfato de zinco.

Latta e Barkmeier (1994) avaliaram a resistência adesiva ao cisalhamento dos

cimentos resinosos na cimentação de inlay de resina composta. Concluíram que o

microjateamento de inlay de resinas compostas aumentou a adesão dos cimentos resinosos.

Motta et al. (2001) compararam os tipos de cimentos (fostato de zinco, ionômero de

vidro e resinoso) para verificar a correlação entre o desajuste com o grau de microinfiltração

marginal. Os resultados não mostraram diferenças estatisticamente significante entre os

resultados de desajuste e a infiltração marginal, além de não encontrar correlação entre a

quantidade de desajuste e o grau de infiltração marginal para os três cimentos.

A união entre o sistema adesivo e o cimento resinoso, de acordo com Padilha et al.

(2003), possibilita a realização de uma cimentação adesiva que proporciona um aumento da

resistência à fratura do dente restaurado e minimiza a ocorrência de microinfiltração, além da

opção de cores, que auxilia na obtenção de um resultado estético mais favorável, em

particular nos laminados de porcelana.

Contudo, ao avaliar in vitro as mensurações e possíveis correlações entre discrepância

de assentamento, abertura marginal e padrão de microinfiltração, em coroas metalocerâmicas

com três tipos de agentes cimentantes: fosfato de zinco, ionômero de vidro e resinoso dual

Rosseti (2003), constatou melhor qualidade de união na interface dente-cimento para o

cimento resinoso, seguida do ionômero de vidro e do cimento fosfato de zinco.

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Já Anusavice (2005) destacou a variedade de cimentos resinosos disponíveis no

mercado. Quanto aos cimentos resinosos a forma de polimerização dupla, Francischone et al.

(2004) concluíram que a fotoativação é imprescindível, pois a fase química não garante

completa e dureza satisfatória. De acordo com Chieffi et al. (2006), o uso de cimentos

temporários livres de eugenol, não causam nenhum efeito negativo sobre a adesão do cimento

resinoso.

Quanto ao cimento de fosfato de zinco e cimento resinoso submetidos à ação de

Streptococcus mutans, Neves et al. (2006) concluíram que nenhum dos cimentos utilizados

impediu, de maneira eficaz, a infiltração do corante azul de metileno a 0,5%, sendo que o

cimento de fosfato de zinco demonstrou os piores resultados. O cimento de ionômero de vidro

modificado por resina e o cimento resinoso apresentaram desempenho semelhantes.

Para D’Arcangelo et al. (2007), o tratamento de superfície dos compósitos, são

importantes para a adesão das restaurações indiretas e que ambos os métodos de tratamento

mostraram resistência adicional significante, em destaque ao microjateamento com óxido de

alumínio responsável pelas propriedades retentivas em restaurações indiretas.

Porém, a cimentação adesiva é de fundamental importância quando se trata de

restaurações metal free. Badini et al. (2008), concluíram que os cimentos resinosos possuem

indicações e vantagens que nenhum outro cimento possui como a capacidade de fixar peças

em preparos muito expulsivos ou onde à coroa clínica é demasiadamente curta.

Embora para Santos et al. (2009) o cimento de fosfato de zinco apresentou, em geral,

uma quantidade maior de microrganismos na sua superfície do que o cimento resinoso, diante

da colonização bacteriana superficial quando estes cimentos foram submetidos ao ataque

microbiano in vivo por 7, 14, 21 e 30 dias.

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4 CONCLUSÃO

• Na atualidade os cimentos resinosos são a melhor escolha para a cimentação

estética, por possuírem propriedades superiores aos outros cimentos

convencionais, como o fosfato de zinco e ionômero de vidro;

• O cimento dual é o mais utilizado, por ter ativação química e física;

• São eleitos para cimentação de restaurações estéticas;

• O cimento resinoso dual é o eleito para a cimentação das restaurações indiretas,

em especial as estéticas. Esta eleição é devido ao fato destas coroas permitirem a

passagem da luz, mesmo que esta não atravesse totalmente a restauração. A

polimerização estará garantida pela reação química que se processa dentro de

um tempo de até 24 horas, possibilitando um melhor tempo de trabalho quando

comparado ao de polimerização química.

• Estes cimentos são ideais para as restaurações metal free em porcelana, pois

compensam a baixa resistência à deflexão destas, distribuindo de forma eficaz,

os esforços da porcelana para o dente.

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