INDICADORES DA QUALIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL...

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO DE DISTÚRBIOS DO DESENVOLVIMENTO CAROLINE FAGUNDES SCHALCH MIRANDA INDICADORES DA QUALIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL RELACIONADOS À CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA São Paulo 2010

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO DE DISTÚRBIOS DO DESENVOLVIMENTO

CAROLINE FAGUNDES SCHALCH MIRANDA

INDICADORES DA QUALIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

RELACIONADOS À CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA

São Paulo

2010

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CAROLINE FAGUNDES SCHALCH MIRANDA

INDICADORES DA QUALIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

RELACIONADOS À CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA

Dissertação vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento, do Centro de Ciências Biológicas e Saúde da Universidade Presbiteriana Mackenzie para obtenção do Título de Mestre. Linha de Pesquisa: Políticas e Formas de Atendimentos: campos de atuação, programas, procedimentos, recursos, e intervenções especializadas abrangendo, prioritariamente, os campos da Educação, Saúde, Seguridade Social e Trabalho. Orientadora: Profª. Drª. Sueli Galego de Carvalho

São Paulo

2010

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M672i Miranda, Caroline Fagundes Schalch Indicadores da qualidade na educaçăo infantil relacionados à criança com deficiência / Caroline Fagundes Schalch Miranda – São Paulo, 2010 97 f. : il. ; 30 cm Dissertação (Mestrado em Distúrbio e Desenvolvimento) - Universidade Presbiteriana Mackenzie, 2010. Referências bibliográficas: f. 73-82.

1. Indicadores de qualidade. 2. Criança com deficiência. 3. Educação infantil. 4. Educação especial. I. Título

CDD 370.11

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CAROLINE FAGUNDES SCHALCH MIRANDA

INDICADORES DA QUALIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

RELACIONADOS À CRIANÇA COM DEFICIÊNCIA

Dissertação vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento, do Centro de Ciências Biológicas e Saúde da Universidade Presbiteriana Mackenzie para obtenção do Título de Mestre.

Aprovado: 10/08/2010.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________

Profª. Drª. Sueli Galego de Carvalho __________________________________________

Prof. Dr. Geraldo A. Fiamenghi Júnior

__________________________________________

Profª. Drª. Maria Helena Melhado Stroili

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Dedico a Meu Amado Marido Rogério,

pelo amor, apoio, carinho, dedicação

e companheirismo.

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AGRADECIMENTOS

Esta dissertação é o registro documental de uma parte de minha trajetória, percorrida

neste período, em um percurso mais curvilíneo que linear. Para que fosse descoberta e

percorrida, da maneira que foi, muitas foram as ajudas e, por isso, registro os agradecimentos a

todos neste momento.

Inicio agradecendo a Deus pela omnipresença, omnipotência e omniciência em minha

vida. Em seguida, a minha família, meu Marido Rogério, pelo amor, dedicação, companheirismo

e pela ajuda não só nos momentos difíceis como em todos os momentos de minha vida. A minha

Mãe Vera, por não desistir de insistir, para que eu fizesse o mestrado e por todo apoio e amor, a

meu Pai Ademar, por estar sempre pronto para ajudar de qualquer forma, e a meu amigo Luís

pela amizade e ajuda neste trabalho.

Às minhas eternas Mestras, Telma Vitoria e a Ana Maria Mello, que acreditaram em

mim, e apresentaram-me à Educação Infantil, da melhor maneira possível.

À Universidade Presbiteriana Mackenzie, e aos docentes do Programa de Pós-

Graduação em Distúrbios do Desenvolvimento, pelas aulas durante o curso, em especial, ao

Prof. Dr. Marcos José da Silveira Mazzotta, pelos ensinamentos, pela vontade de compartilhar

e discutir a respeito da Educação Brasileira, e ao Prof. Dr. Elizeu Coutinho de Macedo, pelo

empenho, ética e pelos exemplos práticos inigualáveis proporcionados em sala de aula.

Ao Prof. Dr. Geraldo A. Fiamenghi Júnior e à Profª. Drª. Maria Helena Melhado

Stroili que acolheram minhas ideias e ajudaram-me a dar um novo rumo a elas neste trabalho, e

pelas críticas construtivas, que foram fundamentais para tornar esta ideia possível.

Às Instituições e às suas Educadoras que possibilitaram a realização desta pesquisa.

À Profª Ms. Célia Regina Batista Serrão, que me proporcionou estagiar com ela em

suas aulas de Educação Infantil, como também por oportunizar minha participação em suas

bancas de TGI do Curso de Pedagogia do Mackenzie.

Agradeço à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES,

pela bolsa concedida como apoio ao logo do presente estudo.

Ao Fundo Mackenzie de Pesquisa – MACKPESQUISA, por ter financiado em parte este

trabalho.

E à minha adorada Orientadora Prof.ª Drª Sueli Galego de Carvalho, por acreditar em

mim, pela paciência, por debater incansavelmente os melhores caminhos para esta pesquisa,

por me corrigir e ensinar, por nunca me deixar só e sempre me guiar em prol de meu

crescimento. E sobretudo saber fazer tudo isto, da maneira mais delicada e amorosa que já vi.

Muito Obrigada, a todos por fazerem parte de mais esta etapa de minha vida!

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O presente trabalho foi realizado com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPESCAPESCAPESCAPES e do Fundo Mackenzie de Pesquisa - MACKPESQUISAMACKPESQUISAMACKPESQUISAMACKPESQUISA.

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“Ninguém é igual a ninguém.

Todo ser humano é um estranho ímpar.”

Carlos Drummond de Andrade

Fonte: TONUCCI (1997), p. 148.

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MIRANDA, C.F.S. Indicadores da Qualidade na Educação Infantil relacionados à

criança com deficiência. 98 f. Dissertação de Mestrado. Pós-Graduação em

Distúrbios do Desenvolvimento. São Paulo, Universidade Presbiteriana Mackenzie.

2010.

RESUMO

Nas últimas décadas, inúmeras são as mudanças, tanto em relação à

Educação Infantil como na modalidade da Educação Especial no Brasil. Tais

mudanças têm sido frutos de movimentos sociais em prol do direito à educação para

todos, desde seu nascimento em complemento àquela realizada pela família. As

transformações sofridas pela Educação congregaram-se na sistematização de novas

políticas públicas, como também pela busca da qualidade na Educação Infantil. O

objetivo do presente estudo foi de caracterizar a visão dos educadores em relação

aos Indicadores da Qualidade na Educação Infantil (MEC-2009), destacando-se os

aspectos relacionados à criança com deficiência. O método foi pautado em uma

abordagem qualitativa, de caráter exploratório, a partir da técnica de entrevista

semiestruturada com base nos Indicadores da Qualidade na Educação Infantil que

continham a expressão criança com deficiência. A pesquisa foi realizada com 16

educadoras, vinculadas a quatro diferentes instituições de Educação Infantil na

Cidade de São Paulo/SP. As entrevistas foram analisadas e seus resultados

apresentados e discutidos em quatro diferentes categorias: Participação/Interação,

Atendimento Especial, Acessibilidade e Orientações às Professoras. Com base na

análise das categorias, pôde-se evidenciar que as educadoras apontaram mais

dificultadores do que facilitadores em relação à compreensão da proposta dos

Indicadores. Também foi possível avaliar que o instrumento revelou-se um tanto

incipiente quanto às concepções em relação às questões direcionadas à criança

com deficiência.

Palavras - chave: Indicadores de Qualidade, Criança com Deficiência, Educação

Infantil, Educação Especial.

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MIRANDA, C.F.S. Indicadores da Qualidade na Educação Infantil relacionados à

criança com deficiência. 98 f. Master Dissertation. Pós-Graduação em Distúrbios

do Desenvolvimento. São Paulo, Universidade Presbiteriana Mackenzie. 2010.

ABSTRACT

There are numerous changes in recent decades, both in relation to early

childhood education as the modality of Special Education in Brazil. Such changes

have been the core of social movements for the right to education for all, from birth,

in addition to that undertaken by the family. Education has suffered by the

transformations caused by the systematization of new public policies, as well as by

the search for quality in early childhood education. The aim of this study is to

characterize the view of educators regarding the Quality Indicators in Early Childhood

Education (MEC-2009), highlighting the aspects related to children with disabilities.

The method was ruled by a qualitative, exploratory technique, using semi-structured

interview based on the Indicators of Quality in Early Childhood Education, which

contained the words children with disabilities. The research was conducted with 16

teachers, linked to four different educational institutions in the city of São Paulo / SP.

The interviews were analyzed and results presented and discussed in four different

categories: Participation / Interaction, Special Care, and Accessibility Guidelines for

Teachers. From the analysis of categories it became clear that the teachers indicated

more hindering than facilitators in relation to the understanding of the proposed

indicators. It was also possible to evaluate the instrument proves to be somewhat

inchoate as to conceptions in relation to questions directed to children with

disabilities.

Keywords: Quality Indicators, disabled child, Early Childhood Education, Special

Education.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Questões a Respeito da Criança com Deficiência - IQEI ......................... 41

Quadro 2: Caracterização das Quatro Instituições ................................................... 42

Quadro 3: Características da Amostra ...................................................................... 43

Quadro 4: Grupo de Categorias ............................................................................... 48

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LISTA DE SIGLAS

AACD: Associação de Assistência à Criança Defeituosa

AEE: Atendimento Educacional Especializado

ANPEd: Associação Nacional em Pesquisa em Educação

APAE: Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais

CDA: Child Development Associate

CECEI/CAASP: Centro de Cultura e Educação Infantil/ Caixa de Assistência dos Advogados de São Paulo

CENESP: Centro Nacional de Educação Especial

CF: Constituição Federal

CLT: Consolidação das Leis Trabalhistas

ECA: Estatuto da Criança e do Adolescente

ECERS: Early Childhood Environmet Ratins Scale

IQEI: Indicadores da Qualidade na Educação Infantil

ITERS: Infant/ Toddler Environment Rating Scale

LDB: Lei de Diretrizes e Bases da Educação

MEC: Ministério da Educação

NAYEC: National Association for Education of Young Children

PNQEI: Parâmetros Nacionais de Qualidade para Educação Infantil

RCNEI: Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil

SEB: Secretaria da Educação Básica

SVANI: Scala Per La Valutazione Dell’asilo Nido

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO..................................................................................................... 13

1 JUSTIFICATIVA ..................................................................................................... 14

2 OBJETIVO ............................................................................................................. 16

3 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 17

3.1 A Educação Especial e a Educação Infantil Brasileira ............................... 17

3.1.1 Breve Histórico da Educação Especial ...................................................... 19

3.1.2 Breve Histórico da Educação Infantil ......................................................... 25

3.2 Da Qualidade à Avaliação Institucional ....................................................... 29

3.3 Instrumento de Avaliação da Qualidade – Os Indicadadores da Qualidade na Educação Infantil ..................................................................... 38

4 MÉTODO ................................................................................................................ 42

4.1 Caracterização da Amostra ........................................................................... 42

4.2 Instrumento de Coleta de Dados .................................................................. 44

4.3 Procedimentos ............................................................................................... 45

4.3.1 Etapa de Coleta de Dados ......................................................................... 45

4.3.2 Análise dos Dados...................................................................................... 47

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................. 49

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 66

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 75

ANEXOS ................................................................................................................... 84

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APRESENTAÇÃO

A proposta do presente estudo nasceu de minha trajetória de 10 anos com a

Educação Infantil, que se iniciou no terceiro ano da Faculdade no curso de

Pedagogia, quando realizei meu estágio no Centro de Cultura e Educação Infantil da

Caixa de Assistência dos Advogados de São Paulo CECEI/CAASP, em 1999.

A proposta pedagógica do citado Centro tinha três principais objetivos:

ultrapassar concepções educacionais que não consideravam a criança de forma

integral e completa, incentivar a participação das famílias no dia a dia da creche e

dirigir a atenção ao processo de avaliação, considerando seus diferentes

participantes.

O Centro investia no processo de avaliação da qualidade. Os autores da

proposta pedagógica do CECEI, Vitoria e Kuhlmann Jr., ponderavam que um

instrumento de avaliação da qualidade deveria considerar o contexto e não se

caracterizar por um processo padronizado. Desta forma, a proposta do CECEI

promovia a construção de um instrumento de avaliação da qualidade, com o intuito

de auxiliar a prática da autoavaliação, tanto individual como coletiva da instituição.

No CECEI, percebi ser um grande desafio implementar essa cultura de

avaliação no cotidiano da creche, tanto pela resistência dos educadores quanto pelo

desconhecimento em como participar de um processo de avaliação institucional por

parte das famílias.

Ao longo desses anos, outro aspecto que me chamou a atenção, foi a

dificuldade dos educadores para trabalhar com crianças com deficiência na

Educação Infantil. A fim de me aprofundar a respeito das questões relacionadas às

deficiências, ingressei no curso de Pós-Graduação, Strito Senso em Distúrbios do

Desenvolvimento na Universidade Presbiteriana Mackenzie.

Das duas inquietações, a avaliação e o trabalho com a criança com

deficiência, decidi pesquisar a respeito do olhar dos educadores em relação à

aplicação de uma avaliação da qualidade na Educação Infantil, focando os aspectos

relacionados à criança com deficiência.

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1 JUSTIFICATIVA

Além das inquietações pessoais apresentadas que me impulsionaram na

escolha da temática a respeito do olhar dos educadores em relação à aplicação de

uma avaliação da qualidade na Educação Infantil envolvendo os aspectos

relacionados à criança com deficiência, outros três aspectos fizeram-se importantes

nesta escolha: 1) as pesquisas sobre a avaliação na Educação Infantil; 2) a

intersecção entre a Educação Especial e a Educação Infantil e 3) os Indicadores da

Qualidade na Educação Infantil (BRASIL, 2009).

Quanto ao primeiro aspecto relacionado às pesquisas relativas à avaliação

na Educação Infantil em comparação as outras etapas da educação, conforme

aponta Paz (2005), e o levantamento de artigos nacionais, realizado na base de

dados da Scielo, com os descritores: Educação Infantil e avaliação revelaram-se

escassos os números de artigos relacionados à avaliação na Educação Infantil.

Observou-se também que havia mais pesquisas relacionadas à avaliação do

desenvolvimento infantil do que da qualidade das instituições de Educação Infantil.

Assim, como ressaltam Lima e Bhering (2006); Campos e Haddad (2006), o

desenvolvimento de pesquisas sobre o processo de avaliação da qualidade na

Educação Infantil é importante.

O segundo aspecto, as pesquisas realizadas por Manzini et al. (2006) e

Marques et al. (2008), referem-se aos estudos desenvolvidos pelos Programas de

Pós-Graduação em Educação Especial, que não apontam pesquisas envolvendo a

Educação Infantil. Os estudos desenvolvidos pelos citados autores demonstram uma

lacuna nas produções acadêmicas em relação à intersecção entre a Educação

Infantil e a Educação Especial.

Finalmente, o terceiro aspecto apontado, os Indicadores da Qualidade na

Educação Infantil (BRASIL, 2009), trata-se de um instrumento de avaliação da

qualidade lançado pelo Ministério da Educação (MEC) no primeiro semestre de

2009. Campos e Machado (2007) ressaltam que os Indicadores significam

elementos concretos e medíveis que permitirão o monitoramento da qualidade na

Educação Infantil por seus atores.

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Ressaltando a importância do referido instrumento, Oliveira et al. (2003);

Souza e Campos-de-Carvalho (2005); Carvalho e Pereira (2008); Campos-de-

Carvalho e Souza (2008) discorrem que, até então, não havia nenhum instrumento

nacional que avaliasse a qualidade da Educação Infantil.

Desta forma, este trabalho propõe-se a contribuir com as pesquisas

relacionadas à Educação Infantil que, por vezes, ficam à margem dos estudos

científicos, conforme explicitado no levantamento em relação à avaliação e à

Educação Infantil. Como também, se destina a trazer dados para cooperar com as

discussões científicas, tanto com a Educação Especial ao tratar dos aspectos

relacionados à criança pequena, como à Educação Infantil ao investigar sobre a

criança com deficiência.

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2 OBJETIVO

O objetivo do presente estudo é caracterizar a visão dos educadores em

relação aos Indicadores da Qualidade na Educação Infantil (MEC-2009),

destacando-se os aspectos relacionados à criança com deficiência.

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3 REFERENCIAL TEÓRICO

O Referencial Teórico apresenta-se em três partes. Em sua primeira parte,

será exposta uma breve trajetória histórica da Educação Especial e da Educação

Infantil Brasileira. Elaborado com base no panorama sociopolítico da primeira etapa

da Educação Básica e da modalidade de Educação Especial.

A segunda parte, consta da discussão das questões sobre a qualidade e sua

relação com a Educação Infantil, e a terceira, finaliza o referencial teórico, contendo

o detalhamento do instrumento em que se pautará o presente estudo, os Indicadores

da Qualidade na Educação Infantil (MEC) (BRASIL, 2009).

3.1 A EDUCAÇÃO ESPECIAL E A EDUCAÇÃO INFANTIL BRASILEIRA

A etimologia da palavra educação origina-se do latim, "Duco” - conduzir,

levar, orientar, comandar e "E” - para fora, em seguida, conforme. Significando

conduzir para fora, extrair, direcionar a capacidade, desenvolver as potencialidades

da pessoa (QUEIROZ, 1958).

Pela primeira vez, a Educação fez parte, dos princípios e preceitos legais

que demarcam a estrutura política brasileira, na Constituição Federal (CF) de 1934.

O capítulo designado à Educação e à Cultura, definia Educação como “um direito de

todos a ser dada no lar e na escola” e, só, em 1969, como um dever do Estado

(NISKIER, 1995, p. 539; PILETTI, 2002).

No entanto, na atual CF de 1988, a Educação não é tida mais como só um

dever da família ou do Estado, mas, sim, como um direito de todos os cidadãos a ser

estimulado pela sociedade civil, com o objetivo de desenvolver a pessoa para o

exercício da cidadania, como também para o trabalho (NISKIER, 1995; PILETTI,

2002).

Corroborando com a CF de 1988, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação

Nacional (LDB) Nº. 9.394/96 define a Educação, como um conjunto de processos

que se formam no convívio familiar e social, nas escolas, no trabalho, nas

apresentações culturais, nos grupos e organizações da sociedade.

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Para Mazzotta (1993, p. 16), a Educação é “um trabalho racional que, por

uma diversidade de oportunidades, procura favorecer cada indivíduo para que venha

a ser uma pessoa, no mais alto significado que se possa atribuir ao termo”. Fruto de

situações, tanto informais como formais capazes ou que permitam a transformação

do indivíduo, pois, tais situações permitem o inter-relacionamento entre as pessoas,

sendo uma relação do educador e educando de influência recíproca, garantindo o

valor de cada um nessa relação.

Ainda, segundo o autor, as situações formais referem-se às presentes nas

instituições de ensino que, pela LDB Nº 9.394/96, são compreendidas pela educação

escolar, a qual deve ser realizada em instituições próprias, devendo vincular-se ao

trabalho e à prática social. De acordo com o art. 21 da LDB Nº 9.394/96, a educação

escolar é composta por dois níveis: 1) Educação Básica: Educação Infantil, Ensino

Fundamental e Ensino Médio; 2) Educação Superior. A educação escolar a ser

desenvolvida pelas instituições deve atender aos princípios de ensino prescritos no

artigo 206 da CF de 1988 e artigo terceiro da LDB Nº 9.394/96, que são: a)

igualdade de condição e acesso à escola; b) liberdade, pluralidade de ideias; c)

gratuidade; d) valorização dos profissionais; e) gestão democrática; f) padrão de

qualidade; e g) piso salarial dos professores de educação.

Para além dos princípios e níveis da educação escolar, Cury define a

educação escolar como:

(...) erigida em bem público, de caráter próprio, por ser ela em si cidadã. E por implicar a cidadania no seu exercício consciente, por qualificar para o mundo do trabalho, por ser gratuita e obrigatória no ensino fundamental, por ser gratuita e progressivamente obrigatória no ensino médio, por ser também a educação infantil um direito, a educação básica é dever do Estado (CURY, 2008, p. 296).

Transpassando por todos os níveis da educação, como determina o artigo

58 da LDB Nº 9.394/96, a modalidade de Educação Especial é “oferecida

preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de

necessidades especiais.” Nesta perspectiva, segue o breve histórico da Educação

Especial no Brasil.

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3.1.1 Breve Histórico da Educação Especial

A história da educação de pessoas com deficiência no Brasil teve três

grandes períodos: o primeiro, marcado de 1854 a 1956, tendo como destaque ações

de caráter privado distinto das políticas públicas; o segundo, de 1957 a 1993,

definido por ações oficiais e o terceiro inicia-se por volta do final da década de 1980,

início de 1990, seguindo pelo século XXI caracterizado pelos movimentos em prol da

inclusão (SASSAKI, 2002; MAZZOTTA, 2003).

O primeiro período foi marcado por ações de caráter privado com a abertura

de instituições, tais como: Instituto Benjamin Constant, Instituto Padre Chico, Lar-

Escola São Francisco, Associação de Assistência à Criança Defeituosa (AACD),

Instituto Pestalozzi, Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), entre

outros. O período foi marcado pelas especializações de atendimento às pessoas

com deficiência. Estas instituições proviam todo tipo de atendimento necessário, já

que a sociedade não aceitava recebê-los nos serviços existentes (SASSAKI, 2002;

MAZZOTTA, 2003).

O segundo período foi marcado pelas campanhas promovidas pelo governo

federal, tais como: Campanha para a Educação do Surdo-Brasileiro, Campanha

Nacional de Educação e Reabilitação de Deficientes da Visão, Campanha Nacional

de Educação de Cegos, Campanha Nacional de Educação e Reabilitação de

Deficientes Mentais (MAZZOTTA, 2003).

Meados da década de 1960, o movimento em prol da integração da pessoa

com deficiência inicia-se, a fim de integrá-la aos sistemas sociais. A LDB Nº

4.024/61 oficializa a educação dos excepcionais, dispondo no artigo 88 que a

educação devia, na medida do possível, integrar os excepcionais ao sistema regular

de ensino (NISKIER, 1995; SASSAKI, 2002).

A designação da pessoa com deficiência ao termo excepcional, segundo

Amaral (1996), teve origem no início do século passado e foi usado pela psicologia

como um termo neutro e científico, para designar, de forma genérica, as diversas

deficiências. Desta forma, para a autora, o uso do termo pressupunha a negação da

deficiência e dava-lhe um caráter subjetivo.

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No entanto, Bueno (2004) afirma que o termo excepcional pode ser

entendido baseado em duas vertentes: diminuição do caráter negativo aos que

estavam fora do padrão da normalidade e carga de maior precisão em relação a

termos utilizados anteriormente, como retardado ou diminuído.

Ainda segundo o autor, a mudança terminológica justificou a inclusão de um

grande número de crianças, tanto no conceito de excepcional como no atendimento

à Educação Especial. Entendia-se por excepcional, toda e qualquer criança que

apresentasse uma deficiência, como também outros problemas, abarcando neste

conceito as camadas mais populares com problemas de escolarização, oriundos das

próprias contradições produzidas pela sociedade capitalista moderna. Assim,

deixando de corresponder à realidade e reproduzindo o processo seletivo da escola

do que é excepcional, sendo não só uma questão terminológica ou conceitual, como

também política (BUENO, 2004).

De acordo com Sassaki (2002), a partir da década de 1970, a fim de integrar

cada vez mais a pessoa com deficiência na sociedade surgiram movimentos

pautados no princípio de “normalização”. Este princípio apoiava-se na criação de

ambientes para as pessoas atendidas em instituições, o mais próximo daqueles que

a população usufruía de maneira geral.

Em 1971, foi promulgada a LDB Nº 5.692/71, que instituiu o tratamento

especializado aos alunos que apresentassem deficiências físicas ou mentais,

superdotados ou com atraso na idade. Contudo, em 1972, o Conselho Federal de

Educação esclareceu que o tratamento especializado, descrito na LDB Nº 5.692/71,

de maneira alguma dispensava a integração do aluno excepcional no ensino regular.

Assim, destacando a política de integração na Educação Especial (NISKIER, 1995;

MAZZOTTA, 2003).

Avançando no propósito da integração do aluno com deficiência, nos

meados da década de 1980, na área da Educação Especial desenvolveu-se outro

princípio: o “Mainstreaming”, traduzido como “corrente principal”. Este princípio

consistia em levar o aluno o mais próximo possível da “corrente principal”, isto é,

integrar os alunos com deficiência aos serviços educacionais regulares, de acordo

com sua capacidade (MANTOAN, 1998; SASSAKI, 2002).

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Os alunos que acompanhavam o ritmo das classes regulares seguiam,

enquanto os alunos que não, eram designados às classes especiais que, na maioria

das vezes, de acordo com Mantoan (1998), permaneciam por vários anos.

Bueno (1999) ainda destaca que o processo de integração concentrava-se

na perspectiva da deficiência, como pressuposto para integrar o aluno ao ensino

regular. O processo de integração estava vinculado às condições do aluno e não da

escola para integrá-lo.

No final da década de 1980 surge o terceiro período, que se inicia com os

movimentos a favor da inclusão, destacando-se o envolvimento das pessoas com

deficiência nas lutas pelos seus direitos e pelo respeito às necessidades básicas de

convívio com as demais pessoas (MANTOAN, 1998; SASSAKI, 2002).

Em 1988, a CF estabelece, em seu artigo 208, como dever do Estado a

garantia do atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência,

sendo preferencialmente na rede regular de ensino, que foi subscrito, em 1990, no

art. 54 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Em 1989, foi estabelecido o Decreto-Lei N.º 7.853, que dispôs sobre o apoio

às pessoas portadoras de deficiência e sua integração social. A Lei destacou a

questão da matrícula compulsória das pessoas portadoras de deficiência, capazes

de se integrarem ao sistema regular de ensino, sendo reiterada, em 1999 pelo

Decreto-Lei Nº 3.298. A integração dos portadores de deficiência que

acompanhavam as atividades aos sistemas regulares de ensino também foi

reafirmada, em 1994, na primeira Política Nacional de Educação Especial.

Os documentos citados referem-se à pessoa com deficiência por “portador”

de deficiência. Mazzota (1996); Amaral (1996) e D’Antino (2001), descrevem que

portar significa carregar, levar e não se entendendo o desígnio desta para uma

pessoa, pois independente de sua necessidade, as deficiências não são passíveis

de serem carregadas.

Adotando uma nova perspectiva e terminologia para o portador de

deficiência, a Declaração de Salamanca – Sobre Princípios, Políticas e Práticas na

Área das Necessidades Educativas Especiais, congregou entre seus participantes, a

adoção da educação inclusiva da pessoa com deficiência nos sistemas regulares de

ensino, como princípio. E, ainda, considerou o atendimento em escola especializada

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para os casos que, por alguma razão, não pudessem ser incluídos (UNESCO,

1994).

De acordo com Mantoan (1998), a inclusão consiste em um processo de

inserção por completo e sistemático dos alunos no sistema de ensino regular. O

objetivo é incluir todos os alunos, criando uma nova perspectiva que visa a apoiar

todos os atores sociais para a obtenção de sucesso no processo educativo.

Para Mazzotta (2008, p. 1), o processo de inclusão define-se por uma

convivência respeitosa entre as pessoas, sendo fundamental que cada indivíduo

possa se constituir como pessoa. Assim, de acordo com o autor, não sendo

comparado a qualquer coisa ou objeto, pois, a partir do reconhecimento do valor de

cada um, pode-se agir em direção à igualdade de oportunidades. Considerando que

sua concretização verifica-se em situações específicas e historicamente

determinadas.

A Declaração de Salamanca define que, no processo de inclusão, sejam

incluídas todas as pessoas, independente da deficiência ou da dificuldade de

aprendizagem, caracterizando, assim, estas pessoas como todas as crianças e

jovens que possuem “necessidades educacionais especiais” (UNESCO, 1994, p. 3).

No entanto, Bueno (1999, p. 2) destaca que a abertura envolvida no conceito

das necessidades educativas especiais, proposta pela Declaração de Salamanca

(1994), perde o foco de quem são as pessoas caracterizadas pelo conceito,

podendo gerar a perpetuação de “uma divisão entre normalidade-anormalidade

baseada nas condições orgânicas da população escolar”.

Ainda de acordo com o autor, a perspectiva de integração das crianças com

deficiência no Brasil já se encontrava prevista nas orientações do Centro Nacional

de Educação Especial (CENESP/MEC) em 1974. Bueno (1999) ressalta que o

avanço contido na Declaração de Salamanca encontra-se não no processo de

inclusão, mas, sim, no reconhecimento de sua efetivação, mediante o

aprimoramento dos sistemas de ensino.

No que se refere ao aprimoramento do ensino, em 1996, com a promulgação

da nova LDB Nº 9.394/96, em consonância com a CF, entende por Educação

Especial a modalidade de educação escolar oferecida aos portadores de

necessidades especiais, preferencialmente, na rede regular de ensino, de acordo

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com as seguintes condições: 1º) quando necessário, haverá o apoio especializado

aos alunos portadores de necessidades especiais inseridos no ensino regular; 2º)

não havendo condições de integrar o aluno portador de necessidades especiais, em

função de suas condições peculiares, ao ensino regular, sua educação ocorrerá em

classes, escolas ou serviços especializados; 3º) a oferta educacional inicia-se na

Educação Infantil, como prevista na CF (BRASIL, 1988; BRASIL, 1996).

Em cumprimento às disposições previstas na CF, em 2001, foi publicado o

Plano Nacional de Educação que define como Educação Especial o atendimento às

pessoas com necessidades especiais oriundas de deficiências: visuais, auditivas,

mentais, físicas e múltiplas.

As Diretrizes Nacionais para Educação Especial na Educação Básica

(BRASIL, 2001) definem como necessidades educacionais especiais, os educandos

com dificuldades/limitações acentuadas de aprendizagem que dificultam o

acompanhamento de ensino e aprendizagem, provenientes, tanto de natureza não

orgânica específica como de causas ligadas às condições, disfunções ou

deficiências; dificuldade de comunicação e sinalização diferenciada; e de alta

habilidade /superdotação.

Para Mazzotta (1982, p.27), pessoas com necessidades educacionais

especiais são as que “por limitações intrínsecas ou extrínsecas, requerem algumas

modificações ou adaptações no programa escolar, a fim de atingirem seu potencial

máximo. Tais limitações podem decorrer de problemas visuais, auditivos, mentais ou

motores, como também de condições ambientais desfavoráveis”.

Tanto as Diretrizes como a Política Nacional de Educação Especial na

Perspectiva da Educação Inclusiva (2008a) dispõem sobre o dever da escola em

prever os serviços de atendimento educacional especializado aos educandos com

necessidades especiais incluídos no ensino regular. Este atendimento educacional

especializado é definido por um “conjunto de atividades, recursos de acessibilidade

e pedagógicos organizados institucionalmente, prestados de forma complementar ou

suplementar à formação dos alunos no ensino regular” (BRASIL, 2008, p.1).

Saviani (2009) ressalta que, embora a Educação Especial seja contemplada

na legislação vigente, a formação dos professores para nela atuarem encontra-se

insipiente. De acordo com o autor, o curso de Pedagogia poderia contemplar esta

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formação, no entanto, as diretrizes para o curso referem-se à Educação Especial de

maneira secundária, em apenas dois momentos, tais como: 1) apontando a questão

do respeito à diversidade; 2) tratando como atividade complementar opcional, as

atividades relativas à educação de pessoas com necessidades especiais.

A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação

Inclusiva (2008a) dispõe que a formação do professor de Educação Especial tem

como pressupostos sua formação inicial e continuada, bem como conhecimentos

gerais e específicos da área para o exercício da docência, para que o professor

tenha competência para atuar em atendimento educacional especializado, interativo

e interdisciplinar nas diferentes formas de atendimento.

Para garantir a formação do profissional em Educação Especial, Saviani

(2009, p. 153) aponta que deve ser garantido um espaço específico para esta

formação, pois, caso contrário, a área continuará limitada e “de nada adiantarão as

reiteradas proclamações referentes às virtudes da educação inclusiva que povoam

os documentos oficiais e boa parte da literatura educacional nos dias de hoje”.

Na Educação Infantil, a formação do profissional na perspectiva inclusiva

exigiu uma rearticulação entre os diferentes setores envolvidos na assistência da

infância. O ingresso cada vez mais cedo da criança na creche possibilitou o

diagnóstico que antes era realizado na fase escolar, para a etapa da Educação

Infantil (AMORIM; YAZLLE; ROSSETTI-FERREIRA, 1999).

A fim de proporcionar meios para o desenvolvimento da perspectiva

inclusiva na Educação Infantil, o MEC e a Secretaria de Educação Especial

publicaram, em 2001, o “Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil.

Estratégias e Orientações para a Educação de Crianças com Necessidades

Educacionais Especiais”. Atualmente, encontra-se disponível a quarta edição da

“Coleção Saberes e Práticas da Inclusão - Educação Infantil” (2006b), que apresenta

orientações pedagógicas e proposta para organização do serviço de atendimento

educacional especializado.

Considerando a perspectiva inclusiva, as pesquisas realizadas por Manzini

et al. (2006) e Marques et al. (2008), referentes à análise de dissertações e teses de

Programa de Pós-Graduação em Educação Especial, dentre o período de 1993 a

2004, não apontam pesquisas envolvendo a Educação Infantil. Na busca de mais

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artigos nacionais, em pesquisa na base de dados da Scielo, foram encontrados 82

artigos com base na palavra-chave Educação Especial, porém apenas um trabalho a

partir da inclusão da palavra-chave Educação Infantil. O referido artigo trata da

“Atuação de professores do ensino itinerante face à inclusão de crianças com baixa

visão na educação infantil” (DALL'ACQUA, 2007). Desta forma, apontando a

escassez de estudos envolvendo a intersecção da Educação Especial com a

Educação Infantil.

3.1.2 Breve Histórico da Educação Infantil

A história da creche está ligada às modificações do papel da mulher na

sociedade. As primeiras creches foram criadas em atendimento aos interesses das

elites brasileiras, para atender aos filhos das operárias, a fim de substituí-las nas

funções domésticas maternas, garantindo assim a produção. Estas creches eram

instaladas nos locais de trabalho, conforme os dispostos legais previstos na

Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT), em meados da década de 1930. Na

época, a política do Estado caracterizava-se pelas instituições educacionais

religiosas com predomínio higienista, de cunho assistencial-custodial, sendo espaço

proporcionado às crianças carentes (VIEIRA, 1988; OLIVEIRA et al., 1992;

CAMPOS, 1999; FARIA, 2005).

A Educação Infantil não estava vinculada aos sistemas de ensino nem era

obrigação do Estado a responsabilidade por essa etapa da educação. Só eram

deveres do Estado, em relação às creches: supervisão, subsídio ou similar. Assim,

reafirmando a ideia de que a creche era destinada aos menos favorecidos

socialmente. As instituições de Educação Infantil estavam submetidas aos

Ministérios da Saúde, Previdência e Assistência Social e à Justiça, porém, não eram

assumidas por nenhum deles (VIEIRA, 1988; MOTTA, 2009).

Com o aumento da demanda no mercado de trabalho e a integração cada

vez maior das mulheres, nas décadas de 1960 e 1970, o atendimento à criança

pequena começou a ser concebido pautado em uma nova concepção, “educação

compensatória”. Esta concepção consistia em proporcionar às crianças pequenas de

baixa renda a possibilidade de superar as deficiências a que estavam sujeitas, em

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função da privação cultural proporcionada por algumas famílias (OLIVEIRA et al.,

1992; CAMPOS, 1999; AMORIM; ROSSETTI-FERREIRA, 1999).

A LDB Nº 5.692/71 trouxe de forma incipiente e descompromissada, a

questão da Educação Infantil, dispondo que os Sistemas de Ensino cuidassem para

que as crianças menores de sete anos tivessem convenientemente educação em

escolas maternais, jardins de infância e instituições com os mesmos propósitos.

Como também estimulava as empresas a manterem serviços de atendimento às

crianças. Estas instruções não demarcavam as obrigações necessárias para o

atendimento em Educação Infantil (NISKIER, 1996; KUHLMANN JR., 2000; FARIA,

2005).

O atendimento à criança pequena não era um direito da população, e sim,

dádiva. A luta pela creche para todos nasce agregada à luta política, ao avanço da

industrialização, aos movimentos feministas e esquerdistas no País. As mulheres, a

partir dos anos de 1970, reivindicavam seus direitos de independência e a garantia

de seus filhos de frequentarem a creche (OLIVEIRA et al., 1992; OLIVEIRA, 2002a;

FARIA, 2005).

A vinculação da Educação Infantil aos sistemas de ensino começou a se

consolidar com a CF de 1988 que dispôs em seu artigo 6º como direitos sociais a

Educação e a Infância, e determina, como direito dos trabalhadores urbanos e

rurais, a assistência gratuita a seus filhos em creche e pré-escola (NISKIER, 1995).

Ainda a CF delimita, em seu artigo 208, o dever do Estado em garantir a educação

em creche e pré-escola às crianças de até cinco anos. Ressaltando a

responsabilidade do município para esta modalidade de educação. Além disto,

prevendo como dever da família, do Estado e da sociedade o direito da criança à

educação, e como opção da família a inserção da criança na Educação Infantil.

Desta maneira, deixando de ser uma alternativa às famílias mais carentes, tornando-

se uma instituição legitimada (BRASIL, 1988; BRASIL, 1996; KUHLMANN JR., 1998;

KUHLMANN JR., 2000).

A partir da legitimidade da Educação Infantil Brasileira, aflora a preocupação

com a qualidade do atendimento do serviço à criança pequena: em 1995, foi

publicado o documento “Critérios de atendimento de uma creche que respeita os

direitos fundamentais da criança”, tais critérios como: o direito à brincadeira; à

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atenção individual; a um ambiente aconchegante, seguro e estimulante; ao contato

com a natureza; à higiene e à saúde; a uma alimentação sadia; ao desenvolvimento

de sua curiosidade, imaginação e capacidade de expressão; ao movimento em

espaços amplos; à proteção, ao afeto e à amizade; à expressão de seus

sentimentos; a uma atenção especial durante seu período de adaptação à creche;

ao desenvolvimento de sua identidade cultural, racial e religiosa (CORRÊA, 2003;

CAMPOS; ROSEMBERG, 2009).

Em 1996, a nova LDB Nº 9.394/96 reconhece a Educação Infantil como

primeira etapa da Educação Básica e reitera a questão do ingresso e do acesso

previsto na CF. A Educação Infantil tem como finalidade o desenvolvimento integral

da criança e sua avaliação por meio de acompanhamento sem caráter promocional.

A CF de 1988; o ECA 1990 e a LDB Nº 9.394/96 congregam a criança

pequena, como sujeito de direito, assegurando-lhe a educação desde o nascimento

em complemento à realizada pela família. A formação para atuação na Educação

Infantil passou a vigorar em nível superior, aceitando temporariamente a formação

em ensino médio (OLIVEIRA, 2002; OLIVEIRA, 2002a).

Kulhmann Jr. (1998) atenta para a atribuição à história da Educação Infantil

uma evolução linear, quando considera a primeira etapa médica, depois assistencial

e, hoje, como educacional. Para o autor, estas concepções tinham propostas

educacionais específicas, mesmo quando tinham como objetivos a submissão e a

assistência. Segundo o autor, o reconhecimento na CF e na LDB caracterizou a

superação de uma etapa, contudo não sendo somente sua inserção nos

documentos legais que a tornaram educacionais.

Segundo Oliveira (2002) pautada no reconhecimento do direito da criança à

educação, para além da família e de sua comunidade, gera a necessidade de se

compartilhar a educação entre família e escola, sendo necessário reconhecer a

amplitude da relação e das necessidades, tanto das crianças como das famílias.

Para assim, a Educação Infantil assumir seu caráter multifuncional, reconhecendo

aspectos, tais como: a diversidade das famílias e seu direito de compartilhar a

flexibilidade em relação às demandas e necessidades das famílias, como também a

prática da comunicação, para que valores e atitudes sejam compartilhados com as

famílias (HADDAD, 2002).

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Na legitimidade da Educação Infantil, as mudanças denotaram a elaboração

de um projeto pedagógico a ser implementado e passível de avaliação pela

comunidade escolar; e a qualidade das instituições de Educação Infantil passou a

ser composta por critérios ligados à estrutura, higiene, organização e relacionados

às capacidades a serem desenvolvidas pelas crianças (OLIVEIRA, 2002a).

Para subsidiar a qualidade a respeito desses aspectos, o MEC publicou os

Subsídios para o Credenciamento e Funcionamento de Instituições de Educação

Infantil, como também o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil

(RCNEI), com o objetivo de auxiliar o trabalho dos educadores. Em 1999

estabeleceu as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil que

segundo Campos, Füllgraf e Wiggers (2006), são definições claras, norteadoras do

projeto pedagógico de caráter mandatório, diferente do caráter do RCNEI que

suscitou inúmeras críticas, como a ausência de orientação em relação à passagem

da Educação Infantil para o Ensino Fundamental, e a excessiva carga conteudista,

mesmo às crianças de zero a três anos de idade (BRASIL, 1998; BRASIL, 1998a;

BRASIL, 1999; OLIVEIRA, 2002).

Em atendimento ao Plano Nacional de Educação, em 2006, foram

publicados os Parâmetros Nacionais de Qualidade para Educação Infantil (PNQEI)

volumes 1 e 2, e os Parâmetros Básicos de Qualidade de Infraestrutura para

Instituições de Educação Infantil, que definem padrões necessários ao atendimento

à criança pequena em instituições de Educação Infantil. Para os PNQEI, a qualidade

define-se por uma construção social sujeita à reconstrução, envolvida no contexto,

baseada nas necessidades, conhecimentos, direitos e demandas (BRASIL, 2001a;

BRASIL, 2006; BRASIL, 2006a; CAMPOS; MACHADO, 2007).

Em consequência dos PNQEI, em 2009, o MEC e a Secretaria de Educação

Básica (SEB) publicaram os Indicadores da Qualidade na Educação Infantil (IQEI),

que é um instrumento de autoavaliação da qualidade para instituições de Educação

Infantil (BRASIL, 2009).

Os Indicadores (BRASIL, 2009) subscrevem a definição de qualidade

presente nos PNQEI, todavia destacam como fatores relevantes para a qualidade,

os direitos femininos assistidos na sociedade, além do fator relativo à

responsabilidade coletiva pela Educação Infantil.

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De acordo com Oliveira et al. (1992); Campos e Haddad (2006); Soares-

Silva, Mello, Pantoni e Rossetti-Ferreira (2009), a educação, nestes últimos 60 anos,

sofreu grandes transformações que proveram resultados, tais como: o acesso à

educação pelas camadas populares, o aumento do número de instituições de

Educação Infantil em decorrência do aumento da demanda, a construção de novas

perspectivas, a sistematização de novas políticas públicas, como também na busca

pela qualidade.

3.2 DA QUALIDADE À AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL

A busca pela qualidade ligada à educação, de acordo com Dahlberg, Moss e

Pence (2003), encontra-se ligada ao discurso de qualidade e ao conceito de

qualidade contido nele que incide na preocupação da qualidade do produto e na

constante produção de bons resultados. O discurso de qualidade constitui-se em um

padrão objetivo, conhecido, universal, descontextualizado, isento de valores e com o

objetivo de atingir resultados de acordo com as normas preestabelecidas, a fim de

eliminar aspectos subjetivos do processo de avaliação (PIOTTO et al., 1998;

ENGUITA, 2001; GENTILI, 2001; MOSS, 2002; MOSS, 2002a).

No Brasil, a influência do discurso de qualidade apareceu atrelada aos

acordos com as agências internacionais, realizados na década de 1990. As

mudanças nos sistemas de ensino priorizaram a avaliação de desempenho e a

descentralização da administração dos sistemas de ensino, a partir da influência da

gestão pautada na visão empresarial, chamada de “toyotismo”. Esta visão refletiu

diretamente na delegação de responsabilidade ao mesmo tempo em que centraliza

os sistemas de avaliação (CAMPOS; HADDAD, 2006).

Em contraposição a esta visão objetiva em relação à qualidade na

educação, Bairrão (1998, p. 46) define-a como critérios relacionados ao “bem-estar

físico, material e social das pessoas e também com os aspectos de natureza

subjetiva, como por exemplo, as representações que as pessoas têm acerca de

qualidade, isto é, o modo como as pessoas sentem e pensam a qualidade”.

Em concordância à natureza subjetiva da qualidade, Corrêa (2003) afirma

que esta na educação não se caracteriza por conceito único. Cada política e cada

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setor da sociedade podem entendê-lo e praticá-lo de modos completamente

diferentes.

Repensando a qualidade, com base nessa perspectiva, destaca-se o

documento produzido pela Rede Europeia de Atendimento à Educação Infantil,

Metas de Qualidade nos Serviços para Criança Pequena. Para a Rede, a qualidade

define-se por um conceito relativo, pautado em valores e crenças, sendo focado em

seu próprio processo, oportunizando discussões e reflexões sobre esses valores e

crenças (BALAGUER; MESTRES; PENN, 1992; MOSS, 2002).

Campos, Coelho e Cruz (2006) fazem certa ressalva ao conceito de

qualidade proposto pela Rede Europeia de Atendimento à Educação Infantil. As

autoras afirmam que, à realidade brasileira, a ausência de um padrão mínimo de

qualidade comum entre as instituições de Educação Infantil deve ser considerada,

pois esta ausência dificulta o equilíbrio entre a igualdade de condições e o respeito a

diversidade. Para trabalhar na perspectiva do respeito à diversidade, há de se

encontrar alternativas para superá-las, as autoras ainda propõem que o respeito à

diversidade seja também relativizado, à medida que não estejam sendo garantidos

os direitos mínimos à criança pequena.

Segundo o pesquisador espanhol Zabalza (1998), o conceito de qualidade

na educação vincula-se ao reconhecimento de três elementos: ao compromisso com

valores educativos que se pretende oferecer às crianças; aos resultados obtidos que

almejam os padrões de qualidade e à satisfação de seus integrantes demonstrada

nos resultados obtidos.

O autor considera qualidade como um processo dinâmico, sendo construído

no dia a dia pelos seus membros. “A qualidade, pelo menos no que se refere às

escolas, não é tanto um repertório de traços que se possui mas, sim, algo que vai

sendo alcançado” (p. 32). No entanto, Zabalza (1998) salvaguarda quanto aos

desafios a serem enfrentados em busca da qualidade pela Educação Infantil. Estes

desafios são relativos aos valores e crenças; à qualidade do projeto, dos processos,

dos resultados e sobre seu desenvolvimento operacional.

Para Dahlberg, Moss e Pence (2003) um atendimento de qualidade

necessita ser contextualizado temporal e espacialmente, devendo-se considerar os

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diferentes atores sociais no processo de definição de qualidade da Educação

Infantil.

Tendo em vista as afirmações de Dahlberg, Moss e Pence (2003), Souza e

Campos-de-Carvalho (2004), baseadas em seus estudos sobre a avaliação da

qualidade dos serviços da primeira infância, as autoras concluíram que qualquer

intervenção a fim de promover a qualidade do atendimento deve incluir aspectos,

tais como: políticas circunspectas de financiamento educacional; melhorias nos

salários; efetiva regulamentação e supervisão dos sistemas de ensino; formação

como pré-requisito, como também seu contínuo; troca de experiências entre as

instituições de ensino; participação da família e da comunidade no cotidiano da

instituição e processo de autoavaliação dos educadores.

Nesta mesma perspectiva Freitas (2007) ressalta que, para garantir uma

efetiva política de avaliação, se devem assegurar: a obrigatoriedade da avaliação do

projeto político-pedagógico nas instituições, sob o controle das redes de ensino, por

meio de avaliação participativa; o processo de avaliação dos profissionais das

instituições; a definição de verbas para realização das avaliações e a criação de

programa de apoio para o desenvolvimento das avaliações.

De acordo com Moss e, em crítica ao discurso de qualidade, descrito

anteriormente, o conceito de qualidade é um construto social, o qual “(...) não é

neutro nem isento de valores, é resultado de um modo específico de ver o mundo e

está permeado de valores e pressupostos. Trabalhar com o conceito de qualidade é

uma opção, não uma necessidade” (MOSS, 2002, p. 17).

Considerando os conceitos apresentados por Moss (2002) e Dahlberg, Moss

e Pence (2003) e em complemento ao disposto por Zabalza (1998); Bondioli (2004)

dispõe que a qualidade na primeira infância é um conjunto de itens próprios da

creche, responsáveis por avaliar como sendo ou não um ambiente qualificado.

Conforme discorre a autora, este ambiente configura-se como único, com o

objetivo de garantir condições de desenvolvimento às crianças. Como também,

fornecer às famílias a garantia de seu desenvolvimento. Bondioli ressalta que a

qualidade “não é um produto, não é um dado. A qualidade constroi-se. Fazer a

qualidade é um trabalho que se desenreda com o tempo que não se pode dizer

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nunca que esteja concluído que cresce em si mesmo com um movimento espiral”

(BONDIOLI, 2004, p.16).

A autora define a qualidade na educação da primeira infância baseada nas

discussões realizadas na Região da Emília-Romanha, norte da Itália, desencadeada

a partir de 1990. Tais discussões foram fruto de um processo de autoavaliação da

realidade das creches, e o processo contou com a participação dos atores sociais de

16 creches municipais que utilizaram a Svani, que é uma sigla italiana usada para

Scala Per La Valutazione Dell’asilo Nido.

A Svani é uma escala para avaliação de creche feita por um grupo de

pesquisadores americanos, chamada de Early Chilhood Environment Rating Scale

(ECERS). Este instrumento foi construído em conformidade com Criteria for Quality

Early Childhood Programs elaborado pelos órgãos governamentais norte-

americanos, National Association for Education of Young Children (NAYEC) e a

Child Development Associate (CDA).

A escala note-americana ECERS é para avaliação da qualidade de

atendimento às crianças de zero a seis anos, composta por 37 itens. No entanto,

para avaliação da qualidade de atendimento às crianças até os 30 meses de idade

há a Infant/ Toddler Environment Rating Scale (ITERS), composta por 35 itens

agrupados também em sete subescalas (OLIVEIRA et al., 2003).

O emprego das escalas de avaliação ECERS e ITERS e suas revisões vêm

sendo aplicados, tanto nos âmbitos nacional como internacional para avaliar a

qualidade das instituições de Educação Infantil. No Brasil, foram aplicadas em

diferentes estudos, tais como: Oliveira et al. (2003) que apuraram a precisão das

escalas na realidade brasileira, enquanto Souza; Campos-de-Carvalho (2005) e

Campos-de-Carvalho; Souza (2008) verificaram a pertinência da escala ITERS, que

se demonstrou pertinente à realidade brasileira, e também se constituiu, como um

recurso de promoção da qualidade por possibilitar a reflexão na formação da equipe.

Lima e Bhering (2006) avaliaram a qualidade, por meio da ITERS-R, de

cinco instituições de Educação Infantil em Santa Catarina, segundo as autoras, a

avaliação mesmo que fruto de um processo desencadeado por instrumento

estimulado, à medida que possibilita o desenvolvimento de seus envolvidos,

promove situações em busca de qualidade. Realizando o mesmo processo de

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avaliação, por meio das escalas, Carvalho e Pereira (2008) relatam que os

resultados obtidos são importantes para subsidiarem a implementação de melhorias

nos programas de Educação Infantil, e ainda, destacam como importante a

validação de instrumentos de avaliação da qualidade da Educação Infantil, pela

ausência de instrumentos nacionais com esta função.

No contexto internacional, Tietze et al. (1996) analisaram a aplicação da

escala em turmas de pré-escola na Áustria, Portugal, Espanha, Alemanha e Estados

Unidos da América para verificar sua capacidade de generalização, e Cryer et al.

(1999) em Portugal, Espanha, Alemanha e Estados Unidos da América. Van

Ijzendoorn et al. (1998) avaliaram a qualidade de 43 centros de atendimento para

crianças holandesas, por meio das escalas. Pessanha, Aguiar e Bairrão (2007)

avaliaram, por meio da ITERS, a qualidade de 30 salas de creches localizadas na

região do Porto, em Portugal.

Retornando, ao contexto italiano, a escala norte-americana, Svani foi

utilizada no processo de autoavaliação das creches que resultou nos Indicadores de

Qualidade da Região da Emília-Romanha (SOUZA; CAMPOS-DE-CARVALHO,

2004; BONDIOLI, 2004).

De acordo com Bondioli (2004), os indicadores são sinalizadores baseados

na experiência prática de seus atores, são significados partilhados entre a

comunidade para o reconhecimento de um espaço dedicado a primeira infância. Nos

indicadores, encontram-se as diferentes naturezas das quais a qualidade é formada,

que são: transacional, por tratar de um debate entre seus diferentes atores sociais;

participativa, por garantir o direito à democracia; autorreflexiva, pelo processo de

reflexão sobre a prática realizada por seus atores, gerando valores de modelo de

“boas práticas”; contextual e plural, por sua formação idiossincrática; processual, por

não ter um produto final, trata-se de um movimento em espiral que cresce em si

mesmo; transformadora, pelo processo que compartilha, participa, verifica, controla,

promove a construção de significados sobre a instituição, produzindo sua própria

transformação e formadora: pela troca e debate de ideias, garantindo o caráter

formador da qualidade.

Comungando da perspectiva a respeito da conceitualização de qualidade,

como um conceito relativo, construído no dia a dia, envolvendo seus diferentes

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atores em dado contexto, descritos por Zabalza (1998); Bairrão (1998); Moss (2002);

Dahlberg, Moss e Pence (2003) e Bondioli (2004), os autores brasileiros Piotto et al.

(1998); Corrêa (2003); Campos e Haddad (2006) e Campos, Coelho e Cruz (2006)

definem o conceito da qualidade na educação como uma construção social,

dependente de seu contexto, fundamentado em direitos, necessidades,

possibilidades, demandas e conhecimentos determinados historicamente.

Desse modo, considerando o conceito de qualidade, Dahlberg, Moss e

Pence (2003) propõem uma abordagem alternativa para avaliar o trabalho

pedagógico na Educação Infantil, por meio do que eles denominam de “criar

significado”, isto é, criar significado a partir do que acontece no cotidiano da creche e

da regularização de seus registros pedagógicos. Desta maneira, utilizando tais

registros como instrumentos de avaliação, promovendo a reflexão no processo de

avaliação do trabalho pedagógico (MOSS, 2006).

Katz (1998) centrada na problemática da qualidade da educação pré-

escolar, propõe cinco perspectivas sobre a avaliação da qualidade: 1) Perspectiva

orientada de cima para baixo - caracteriza-se por considerar aspectos como:

proporção adulto/criança; qualificação dos profissionais; relação adulto vs criança;

qualidade e quantidade dos equipamentos, materiais e espaços; aspectos das

condições de trabalho dos profissionais; cuidados de saúde e higiene, entre outros;

2) Perspectiva orientada de baixo para cima - caracteriza-se por querer identificar a

opinião da criança em relação àquele ambiente em que está inserida; 3) Perspectiva

orientada do exterior para o interior do programa - caracteriza-se pelas relações

entre pais e educadores; 4) Perspectiva orientada a partir do interior - caracteriza-se

pelas relações entre colegas, relações dos educadores com os pais, relações com a

instituição coordenadora e 5) Perspectiva societal - caracteriza-se pela opinião da

sociedade, em geral, sobre os serviços oferecidos.

Nesta perspectiva societal Rosemberg (2001) ressalta que um modelo de

avaliação que considera a participação dos pais/mães, profissionais e crianças,

como também as necessidades, as demandas e o provimento dos serviços, explicita

aos atores sociais envolvidos a complexidade das escolhas entre o custo e o

benefício. Desta forma a avaliação cumpre sua função pública, de instrumentalizar a

negociação das necessidades dos atores sociais.

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Para Bondioli (2004), o processo de avaliação tem caráter negociável, e

define-se por um debate entre indivíduos, a fim de se elaborar de maneira

compartilhada e participativa, com base na clareza de seus objetivos. Para a autora,

o processo de avaliação é um ato apoiado em juízo de valores, porém este processo

deve chegar a um compartilhamento de critérios que devem ser profundos em

relação à realidade, pois o processo de avaliação deve ser capaz de gerar um novo

repensar em seus participantes. No entanto, caso isto não aconteça, ele perderá seu

valor, tornando-se mera tarefa burocrática.

Em concordância com Bondioli (2004) no que tange à desmistificação da

neutralidade da avaliação, Hadji (1994); Ristoff (1995); Aguiar e Canen (2007) e

Zabalza (2009) compartilham que a avaliação constitui-se por juízo de valor. Além

disto, segundo Hadji e Meirieu (1994), a avaliação pressupõe, de um lado, as

características da instituição, situação ou objeto em si e, do outro lado, os critérios

traduzidos pelas expectativas a serem encontradas no processo de avaliação.

Sendo “uma operação de literatura orientada pela realidade” (HADJI, 2001, p. 130).

Compactuando com os mesmos preceitos apontados por Hadji e Meirieu

(1994), Aguiar e Canen (2007, p. 55) destacam que a avaliação institucional trata-se

de “um juízo de valor, a partir de critérios, para a tomada de decisões”. Este juízo de

valores encontra-se diante de dois paradigmas: 1º) critérios que pressupõem uma

qualidade universal para a avaliação; 2º) critérios construídos por meio da

negociação pelos atores sociais, considerando uma relativização dos critérios. O

desafio a ser enfrentado está em proporcionar o equilíbrio entre os dois paradigmas.

O avaliador tem como papel enfrentar este desafio, à medida que media o processo

de avaliação.

Desta forma, de acordo com Moss (2006), a avaliação incorpora diferentes

formas e momentos, sendo uma construção que necessita não tão somente de

pessoas capazes de trabalhar com a documentação, mas, de tempo e condições

para o desenvolvimento do processo de avaliação.

Conforme exposto por Pedrosa (2004, p. 626), a avaliação é entendida como

um processo de aprendizagem de caráter participativo e de responsabilidade

coletiva. Este processo de avaliação constituído por seus diferentes participantes

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tem como ponto de partida a “reflexão a respeito do como e para que avaliar”, para

assim atender a seu único propósito, que é promover a transformação.

Para Freitas (2005), cada escola deve construir seu próprio caminho,

pautada em sua realidade, tendo como mediadores os especialistas das redes

públicas e das universidades. Para assim, tornar a escola um espaço reflexivo e

participativo.

Em conformidade com o caráter participativo e promocional de

transformação, apontado por Pedrosa (2004) e Freitas (2005) para a avaliação,

Zabalza (2009) afirma que a avaliação e a melhoria da qualidade coexistem de

forma indissociável. A avaliação é parte substantiva de qualquer estrutura curricular,

sendo nela que adquire seu sentido. A função da avaliação está relacionada à

clarificação desse processo, na coleta de evidências e na apropriação de ajustes do

processo.

Para Velloso (2000); Bondioli (2004); Minayo (2005) e Zabalza (2009) o

processo de avaliação não acaba em si mesmo. Conforme Oliveira, Fonseca e

Amaral (2006), a avaliação deve promover a criação de uma cultura de avaliação

que seja capaz de possibilitar a tomada de decisões para melhoria da qualidade.

Considerando a visão dialética do processo de avaliação e a promoção a

uma cultura de avaliação, de acordo com Dias Sobrinho, este processo deve ser

promovido:

(...) como um processo de caráter essencialmente pedagógico. Não se trata apenas de conhecer o estado da arte, mas também de construir (...) reconhecer as formas e a qualidade das relações na instituição, constituir as articulações, integrar as ações em malhas mais amplas de sentido, relacionar as estruturas internas aos sistemas (...) (DIAS SOBRINHO,1995, p. 61).

Para Belloni et al. (1995) a avaliação institucional é um processo de

autoconhecimento da instituição que, de acordo com Velloso (2000, p. 63),

combinado à autoavaliação, possibilita à instituição reconhecer-se e conhecer suas

deficiências para assim ultrapassá-las. O papel da avaliação encontra-se em mediar

a superação dessas deficiências reconhecidas e conhecidas. O autor ainda ressalta

que “não há avaliação (...) que tenha efetivo e estável êxito sem que os atores

sociais envolvidos as considerem úteis e legítimas”.

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No que se refere à participação dos atores sociais envolvidos no processo

de avaliação, Sordi e Ludke (2009) atentam para a questão da participação dos

educadores no processo de avaliação, pois os docentes não só avaliam como

entram no processo de avaliação, transpondo de avaliadores para avaliados. Esta

transposição exige do docente um processo de maturação e incorporação de

saberes sobre a avaliação. Para isto, os educadores necessitam de um novo tipo de

formação, de cunho emancipador, para que tenham condições de perceber e

analisar seu trabalho, seu ambiente e sua comunidade de forma crítica.

Quanto à questão da formação, Campos, Coelho e Cruz (2006), em sua

“Consulta sobre Qualidade da Educação Infantil – o que pensam e querem os

sujeitos deste direito”, ressaltam como necessário o desenvolvimento de novas

competências na formação, tanto prévia como continuada dos professores. A

formação deve, além de abranger o desenvolvimento infantil e o trabalho em equipe,

abordar também a relação escola e família, abarcando a comunidade escolar de

forma integral.

Na opinião da comunidade escolar, este estudo ainda descreve os critérios

de qualidade para uma boa creche, tais como: a) um projeto pedagógico que

garanta a formação integral da criança e a aproximação com a família; b) um espaço

que garanta alimentação, cuidados de saúde, serviços médicos e apoio de

especialistas aos funcionários para o atendimento das crianças; c) condições

básicas de infraestrutura; d) boas professoras, isto é, profissionais que cuidem bem

das crianças, promovendo seu bem-estar; e e) profissionais qualificados (CAMPOS;

COELHO; CRUZ, 2006).

Os critérios apontados por Campos, Coelho e Cruz (2006) ainda encontram-

se distantes da realidade, pois Campos, Füllgraf e Wiggers (2006) revelam em seus

resultados de pesquisa que a qualidade da Educação Infantil Brasileira destaca-se

como: a) a persistência de concepções de cunho assistencialista; b) a adoção dos

preceitos legais que evocam a criança como sujeito de direito que ainda se encontra

em andamento e defronta-se com resistências; c) a dificuldade dos educadores de

creche em relação ao binômio educar e cuidar; d) as condições básicas de

infraestrutura variam, conforme as regiões, porém, mesmo garantidas, os

profissionais não as utilizam de forma adequada; e) a qualificação dos profissionais

não corresponde à demanda necessária para atuação na Educação Infantil e, por

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vezes, são encontradas incoerências nos próprios documentos oficiais nas

diferentes instâncias governamentais; e) destaca-se a dificuldade de relacionamento

entre escola e família em distintas pesquisas, evidenciando problemas na formação

dos profissionais.

No entanto, este distanciamento entre creche e família não é apontado

somente na pesquisa de Campos, Füllgraf e Wiggers (2006), sendo também referido

por Piotto et al. (1998); Bhering e De Nez (2002); Maranhão e Sarti (2008) e Silva e

Mendes (2008). Os autores atribuem esse destaque em função da postura

agradecida das famílias em relação à vaga da creche e à postura fechada dos

educadores em relação às famílias, por se julgarem superiores em relação à família,

ou ainda, por acharem a creche mais adequada que a casa.

Campos, Füllgraf e Wiggers (2006) ainda destacam com um aspecto

relevante em relação à Educação Infantil Brasileira, a resistência na aceitação de

instrumentos de autoavaliação que são pouco divulgados no Brasil.

3.3 INSTRUMENTO DE AVALIAÇÃO DA QUALIDADE – OS INDICADORES DA

QUALIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Os Indicadores da Qualidade na Educação Infantil (IQEI) é um instrumento

de autoavaliação da qualidade para instituições de Educação Infantil, realizados por

meio de um processo participativo, envolvendo a escola e a família (BRASIL, 2009).

Este instrumento é inovador para a Educação Brasileira, resultante de um

trabalho coletivo de diversos grupos, desenvolvido em todo o País. O Grupo Técnico

foi composto por diferentes entidades, tais como: Ação Educativa; Avante Educação

e Mobilização Social; Centros de estudos e Universidades de diferentes cidades;

Fundações: Abrinq, Carlos Chagas, Orsa, Victor Civita; Institutos: Avisalá, Girassol,

de Pesquisa Econômica Aplicada; Movimento Interfóruns de Educação Infantil do

Brasil; Organizações: OMEP e a UNESCO; Uniões Nacionais dos Conselhos e dos

Dirigentes Municipais de Educação; Todos pela Educação; Secretárias da Educação

Básica, Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, do MEC e Secretaria de

Educação Especial, do Ministério da Educação (Seesp/MEC).

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Neste instrumento, foram definidos sinalizadores que identificam aspectos

importantes para avaliação da qualidade na Educação Infantil. Seu desenvolvimento

foi realizado em sete oficinas. Os Indicadores foram testados em 22 instituições de

Educação Infantil, sendo estas públicas, filantrópicas, comunitárias e particulares,

em dez diferentes cidades, especificamente, em São Paulo, nas cidades de Bauru,

Bebedouro e Ribeirão Preto (BRASIL, 2009).

De acordo com Campos e Silva (2009, p. 9) autoras que apresentam os

Indicadores, esta ferramenta tem como objetivo auxiliar a comunidade escolar a

encontrar seu próprio caminho na busca “de práticas educativas que respeitem os

direitos fundamentais das crianças e ajudem a construir uma sociedade mais

democrática”.

No entanto, a utilização dos Indicadores é voluntária, por se tratar de um

processo de autoavaliação. O processo não visa à hierarquização das instituições de

Educação Infantil, e sim, seu autoconhecimento em busca da melhoria da qualidade

(BRASIL, 2009).

Os Indicadores é um instrumento flexível que podem ser aplicado de

diversas formas. O documento sugere que seja discutido por toda a comunidade

escolar, da seguinte forma: iniciando em pequenos grupos e finalizando em plenária.

Os IQEI, conforme apresentado no anexo A, constituem-se por um instrumento

composto por 26 indicadores divididos em sete dimensões:

1 Planejamento Institucional;

2 Multiplicidade de Experiências e Linguagens;

3 Interações;

4 Promoção da Saúde;

5 Espaços, Materiais e Mobiliários;

6 Formação e Condições de Trabalho das Professoras e demais

Profissionais;

7 Cooperação e Troca com Famílias e Participação na Rede de Proteção

Social.

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Cada dimensão contém uma parte explicativa sobre, o que trata a dimensão,

seguida da apresentação do indicador e de perguntas sobre o mesmo para sua

avaliação. As questões presentes nos Indicadores variam de duas, no mínimo; a

oito, no máximo. Os IQEI sugerem que as questões sejam avaliadas por meio da

atribuição de cores. As cores sugeridas são: verde, quando a condição for atendida

ou for boa; amarela, quando a condição for avaliada como mediana; e vermelha,

quando a condição não for atendida ou estiver ruim. Ao final da dimensão, encontra-

se um espaço para avaliação geral do indicador, como também para anotação dos

pontos importantes discutidos na avaliação (BRASIL, 2009).

Ao término da avaliação de cada dimensão, a sugestão dos Indicadores é

que as avaliações sejam compartilhadas em uma plenária. Nesta plenária, serão

apresentadas as avaliações das dimensões, como também suas discussões. Após

chegarem a uma visão comum em relação à qualidade da instituição, sugere-se que

seja estabelecido um plano de ação que consiste no estabelecimento de metas,

responsabilidades e prazos, após a detecção dos problemas apontados pela

avaliação (BRASIL, 2009).

Quanto ao uso dos Indicadores apesar de voluntário, é sugerido que:

seja utilizado a cada um ou dois anos, pois tão importante quanto a avaliação da qualidade da instituição de educação infantil pela comunidade é o processo de acompanhamento dos resultados, dos limites e das dificuldades encontradas na implementação do plano de ação. É importante que o uso dos indicadores seja visto como um processo pelo qual a instituição de educação infantil passa, e não como um evento que só ocorre nos dias de avaliação e planejamento. Para tanto, é importante que sejam definidos os responsáveis por esse acompanhamento (BRASIL, 2009, p.29).

Para o desenvolvimento do presente estudo, foi realizada uma adaptação do

instrumento apresentado, utilizando-se o critério de seleção similar ao aplicado na

pesquisa realizada por Menegasso (2005).

O referido trabalho trata da análise semântica e contextual dos termos

referentes a inclusão, na escala ITERS-R, detalhada anteriormente. O critério de

seleção utilizado pela pesquisadora foi com base nos termos relacionados à inclusão

de crianças com necessidades educacionais especiais. No estudo, dos 39 itens

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pertencentes à escala, 12 referiram-se à inclusão de crianças com necessidades

educacionais especiais.

O mesmo processo de seleção foi utilizado, com base nas expressões, tais

como: pessoas ou crianças com deficiência, pessoas ou crianças com necessidades

educacionais especiais, especializado e Educação Especial. Foram destacadas 15

questões, distribuídas nos 26 indicadores presentes no instrumento, conforme

destacado no anexo A.

A fim de especificar o foco do presente estudo, de acordo com a linha de

pesquisa do programa, à qual este trabalho vincula-se que se refere às Políticas e

Formas de Atendimentos: campos de atuação, programas, procedimentos, recursos,

e intervenções especializadas abrangendo, prioritariamente, os campos da

Educação, Saúde, Seguridade Social e Trabalho, foram selecionadas somente as

questões que se referiam à expressão “criança com deficiência”. Dentre as 15

questões, dez delas continham a expressão citada. Conforme é apresentado nos

dados do Quadro 1.

Quadro 1: Questões a Respeito da Criança com Deficiência – IQEI

1. As professoras promovem a participação das crianças com deficiência em todas as atividades do cotidiano?

2. As crianças com deficiência recebem atendimento educacional especializado – AEE quando necessitam?

3. As professoras organizam espaços, brincadeiras e materiais acessíveis de modo a favorecer a interação entre as crianças com deficiência e as demais crianças?

4. Os espaços e equipamentos são acessíveis para acolher as crianças com deficiência, de acordo com o Decreto-Lei nº 5.296/2004?

5. Há mobiliários e equipamentos acessíveis para crianças com deficiência?

6. Há livros e outros materiais de leitura, brinquedos, materiais pedagógicos e audiovisuais adequados às necessidades das crianças com deficiência?

7. As professoras são orientadas e apoiadas na inclusão de crianças com deficiência?

8. As professoras conhecem os livros acessíveis para crianças com deficiência?

9. Os familiares das crianças com deficiência são bem acolhidos e conhecem o direito de seus filhos à educação?

10. A instituição encaminha para a sala de recursos multifuncionais as crianças com deficiência que necessitam de atendimento educacional especializado?

Fonte: Indicadores da Qualidade na Educação Infantil (BRASIL, 2009).

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4 MÉTODO

Considerando-se o objetivo do presente estudo, o método possui uma

abordagem qualitativa, de caráter exploratório. Bogdan e Biklen (1994) descrevem

que a essência da pesquisa qualitativa tem cinco características: a) o ambiente

natural como fonte direta, tendo o investigador como seu principal instrumento de

busca de dados; b) o caráter descritivo dos dados recolhidos; c) o interesse do

investigador pelo processo em si, mais do que pelos resultados; d) a análise dos

dados por meio de forma indutiva; e) o interesse do investigador em tentar

compreender o significado que os participantes atribuem às suas experiências.

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

Na realização desta pesquisa, foram entrevistados 16 educadores,

vinculados a quatro diferentes instituições de Educação Infantil, com atendimento de

creche (zero a três anos) e pré-escola (três a cinco anos), localizadas na região

oeste e noroeste da Cidade de São Paulo/SP.

A seleção das instituições baseou-se no seguinte critério:

• Instituições que tinham, no período da pesquisa, matrículas de

crianças com deficiência;

Quadro 2: Caracterização das Quatro Instituições

Características Instituições

Identificação da Instituição AE BE CE DE

Categoria Administrativa

Privada – Conveniada com a

Prefeitura

Privada – Conveniada com a

Prefeitura

Privada - Conveniada com a

Prefeitura Pública

Tipo de Atendimento

Creche (0 a 3 anos)

Creche/Pré-escola (2 a 5 anos)

Creche (0 a 3 anos)

Creche/Pré-escola (0 a 5 anos)

Período de Atendimento Integral Integral Integral Integral e meio

Período

Nº de Matrículas 90 120 120 90

Quadro de Pessoal 17 17 23 48

Nº de Matrículas de Criança com Deficiência

1 1 1 4

Tipo de Deficiência Mielomeningoceli Deficiência física Sínd. de Down Sínd. de Down; Def. Múltiplas; TGD, Sind. de Edwards

Fonte: Arquivo da pesquisadora

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Dentre as quatro instituições dos participantes desta pesquisa, três são

classificadas na categoria administrativa privada, conforme prevê o artigo 19 da LDB

Nº 9.394/96. Estas instituições são administradas por instituições filantrópicas,

conveniadas com a Prefeitura da Cidade de São Paulo e nenhuma delas recebe

qualquer pagamento oriundo das famílias. A instituição pública encontra-se

vinculada a uma Universidade Estadual, diferindo-se das demais por estar

subordinada à Secretaria de Educação do Estado de São Paulo.

O tipo de atendimento oferecido nas quatro instituições caracteriza-se por

creche, e nas instituições B e D, também por pré-escola. O período de atendimento

integral é oferecido nas quatro instituições, sendo admitido apenas na instituição D,

a opção do meio período.

As quatro instituições, em média, atendem cerca de 105 crianças,

mantêm 26 funcionários e no mínimo uma criança com deficiência matriculada por

instituição, conforme demonstrado nos dados do Quadro 1:.

Em cada instituição, participaram da pesquisa quatro educadores,

totalizando 16 participantes, que são profissionais vinculados às instituições

escolares, tais como, diretores, professores e coordenadores, entendidos neste

estudo por educadores, por estarem envolvidos no processo de educar e cuidar na

instituição de Educação Infantil.

Os critérios de inclusão dos participantes foram a disponibilidade de cada

educador em participar da pesquisa, sua experiência com crianças com deficiência

na Educação Infantil e a disponibilidade de horário dentro da rotina por parte da

instituição. O grupo pesquisado apresenta as seguintes características, conforme os

dados do Quadro 3:

Quadro 3: Características da Amostra

Educadores Sexo Feminino 16 Acima de 25 anos de idade 13 Formação Superior 11 Experiência com crianças com deficiência 15 Diretores 3 Coordenadores 4 Professores 9

Fonte: Arquivo da pesquisadora

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Em sua maioria, as 16 entrevistadas possuem formação superior em

Pedagogia. Apenas, uma se “autointitulou” não ter experiência com criança com

deficiência, apesar de coordenar uma instituição que tem matrículas de crianças

com deficiência.

As educadoras participantes da pesquisa tiveram seu anonimato garantido e,

no presente estudo, serão identificadas da seguinte forma:

ü Instituições: A, B, C, D.

ü Educadoras: E1, E2, E3 e E4.

ü Instituições + Educadoras: AE1, AE2, AE3, AE4, BE1, BE2 e

assim sucessivamente.

4.2 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

A opção pela entrevista como estratégia de coleta de dados no presente

estudo baseou-se no pressuposto de Bogdan e Biklen (1994) de que a entrevista é

empregada com o intuito de reconhecer dados na linguagem do entrevistado, que

permitem o desenvolvimento intuitivo do investigador em relação à maneira, pela

qual o sujeito percebe alguns aspectos da realidade.

Segundo Richardson (1999, p. 208), o termo entrevista refere-se ao “ato de

perceber realizado entre duas pessoas”. Ainda, conforme o autor, como também

para Bogdan e Biklen (1994) as entrevistas variam quanto ao grau de estruturação,

desde entrevistas estruturadas a entrevistas não estruturadas.

No presente estudo, utilizou-se a técnica de entrevista semidirigida, com o

intuito de destacar o olhar dos participantes em relação aos IQEI, com base no

destaque das questões sobre a criança com deficiência. As entrevistas tiveram como

parte introdutória, conforme sugere Richardson (1999), uma etapa de identificação

das instituições, onde as entrevistadas trabalham que permitiram conhecer algumas

características sociodemográficas das participantes.

Visando a verificar a compreensão dos entrevistados em relação às questões

do roteiro de entrevistas, realizou-se um pré-teste com três diferentes educadores de

instituições de Educação Infantil distintas. Ainda, segundo Richardson (1999), o pré-

teste constitui-se na prévia da entrevista em um grupo com as mesmas

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características dos participantes, com o objetivo de testar o processo de coleta de

dados. Como também treinar e analisar os problemas apresentados nas entrevistas.

Com base no resultado do pré-teste, pode-se observar serem necessárias

as seguintes adequações:

ü Apresentação dos IQEI aos entrevistados que não os conheciam;

ü Espaço para expressão da visão dos entrevistados sobre os IQEI,

como também para os termos: criança com deficiência e atendimento

educacional especializado;

ü Constrangimento ao se solicitar a possibilidade de gravar as

entrevistas;

Desta forma, o roteiro de atuação da pesquisadora foi adaptado e revisado,

originando o Roteiro de Entrevista, que foi aplicado no presente estudo, conforme o

anexo B.

4.3 PROCEDIMENTOS

Como primeira providência, o projeto de pesquisa foi submetido ao Comitê

de Ética da Universidade Presbiteriana Mackenzie, que obteve aprovação de seus

procedimentos éticos, conforme o CAAE Nº 0028.0.272.000-10. A Carta de

Informação às Instituições (anexo C) e a Carta de Informação aos Sujeitos de

Pesquisa (anexo D) foram apresentadas e, após o consentimento de todos os

envolvidos, foi agendada a data para as entrevistas, como também foi ressaltado o

compromisso de realizar as devolutivas às Instituições dos participantes do presente

estudo.

4.3.1 Etapa de Coleta de Dados

A etapa de coleta de dados iniciou-se com o contato na Coordenadoria

Municipal de Educação da Cidade de São Paulo, responsável pela região central da

Cidade, para obtenção de possíveis indicações de instituições para realização das

entrevistas com os educadores. Em função tanto das demandas administrativas do

final do ano de 2009 como do início de 2010, não houve possibilidade para a

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46

realização de um trabalho em conjunto; desta forma, recorreu-se a outras fontes

para a definição das Instituições.

As indicações de professores universitários da área de Educação Infantil

foram procuradas, como também de educadores, coordenadores e mantenedores

vinculados às instituições com o tipo de atendimento em questão (creche e pré-

escola). Das seis instituições contatadas, apenas duas não demonstraram interesse

nem nos retornaram com a negativa em relação à pesquisa, as demais nos

atenderam prontamente.

Para a realização das 16 entrevistas, foram necessários, em média, quatro

encontros em cada instituição. O primeiro, para apresentação do projeto de pesquisa

à equipe de coordenação da instituição e os demais para realização das entrevistas.

Na primeira visita, foi entregue ao responsável a Carta de Informação da Instituição

e o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (anexo C).

Em três instituições, além da exposição para a equipe de coordenação, a

pesquisa foi apresentada nas Paradas Pedagógicas das instituições, nos meses de

março e abril. As Paradas Pedagógicas são reuniões de formação para as equipes

de trabalho das instituições de Educação Infantil. Estes encontros acontecem

mensalmente, tanto nas instituições públicas como nas privadas conveniadas com a

Prefeitura, com o intuito de trabalhar questões latentes do cotidiano e aprofundar

determinadas temáticas pertinentes à infância para aquela instituição. A

apresentação teve como objetivo expor à comunidade escolar, de forma detalhada,

o estudo que estava sendo realizado com os educadores daquela instituição.

No início de cada entrevista, os entrevistados recebiam da pesquisadora as

explicações sobre o objetivo da pesquisa e demais orientações. A partir do

consentimento verbal da participação, entregava-se a Carta de Informação ao

Sujeito da Pesquisa e o Termo de Consentimento Livre Esclarecido (anexo D), para

que cada entrevistado assinasse e, assim, consentisse formalmente sua

participação.

As entrevistas foram individuais, em espaços e horários reservados, de

acordo com a disponibilidade das instituições, iniciavam-se com a identificação do

participante e seguiam com a apresentação dos IQEI (anexo E), tanto aos

entrevistados que conheciam superficialmente os IQEI, como aos que não

conheciam. As entrevistas, apesar de lacônicas, duravam em média 40 minutos e

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eram todas registradas em papel e logo após a finalização de cada uma, a

pesquisadora inseria as observações e comentários que não foram anotados ao

longo dos diálogos.

4.3.2 Análise dos Dados

A técnica utilizada para a sistematização dos dados foi a análise de

conteúdo, conforme Bardin (2000), é um conjunto de técnicas de análise de

comunicação, que não têm uma forma única, e sim, uma construção de acordo com

cada contexto. Por sua natureza científica, tendo como princípios a eficácia,

exatidão e a clareza (RICHARDSON, 1999).

De acordo com o citado autor, a análise de conteúdo tem como

características metodológicas a objetividade, sistematização e a inferência,

iniciando-se com uma primeira leitura com objetivo de organizar as ideias, seguindo

pela análise dos elementos que as organizam e, para assim, extrair dos relatos os

aspectos mais relevantes.

Bardin (2000) estabelece as seguintes etapas para a análise de conteúdo:

pré-análise, exploração do material e discussões dos resultados. Obedecendo tal

sequência, neste estudo, após a realização das entrevistas, que foram reescritas e

impressas e, após algumas “leituras flutuantes”, procurou-se identificar as frases que

ocorreram com maior número de repetições ao longo dos relatos, como também

identificar a compreensão que as entrevistadas revelaram sobre os IQEI, implícitos

nos respectivos diálogos.

Ao considerarem os aspectos comuns reconhecidos nas entrevistas

realizadas e as sugestões propostas no exame de qualificação desta dissertação,

optou-se por agrupar as questões citadas em quatro categorias, conforme consta

nos dados do Quadro 4.

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Quadro 4: Grupos de Categorias

CATEGORIAS QUESTÕES

Participação/ Interação

1. As professoras promovem a participação das crianças com deficiência em todas as atividades do cotidiano?

3. As professoras organizam espaços, brincadeiras e materiais acessíveis de modo a favorecer a interação entre as crianças com deficiência e as demais crianças?

9. Os familiares das crianças com deficiência são bem acolhidos e conhecem o direito de seus filhos à educação?

Atendimento Especializado

2. As crianças com deficiência recebem atendimento educacional especializado – AEE quando necessitam?

6. Há livros e outros materiais de leitura, brinquedos, materiais pedagógicos e audiovisuais adequados às necessidades das crianças com deficiência?

10. A instituição encaminha para a sala de recursos multifuncionais as crianças com deficiência que necessitam de atendimento educacional especializado?

Acessibilidade 4. Os espaços e equipamentos são acessíveis para acolher as crianças com deficiência, de acordo com o Decreto-Lei nº 5.296/2004?

5. Há mobiliários e equipamentos acessíveis para crianças com deficiência?

Orientações às Educadoras

7. As professoras são orientadas e apoiadas na inclusão de crianças com deficiência?

8. As professoras conhecem os livros acessíveis para crianças com deficiência?

Fonte: Categorias elaboradas pela pesquisadora.

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na sequência, serão apresentadas cada uma das quatro categorias com as

respectivas ilustrações das “falas” das participantes.

1. Categoria - Participação / Interação

1. As professoras promovem a participação das crianças com deficiência em todas as

atividades do cotidiano?

2. As professoras organizam espaços, brincadeiras e materiais acessíveis de modo a

favorecer a interação entre as crianças com deficiência e as demais crianças?

3. Os familiares das crianças com deficiência são bem acolhidos e conhecem o direito

de seus filhos à educação?

Principais relatos:

1. Participação nas Atividades

AE1) Na medida do possível sim, porque nem todas as educadoras sabem

promover a participação. Mas, é muito importante que as crianças participem

para estimular as outras crianças, (...) as crianças com deficiência, ou melhor,

as PNE, Portadoras de Necessidades Especiais, são crianças com um certo tipo

de dificuldade, mas elas não são só isso. Elas são alegres e curiosas, como as

outras e têm muito que nos ensinar com sua história de vida. São crianças que

necessitam de um certo tipo de cuidado, mas temos que tentar incluí-las em

tudo! Sabe, elas são bem mais curiosas e acabam sendo mais felizes que as

outras, que apesar da dificuldade são alegres. E é muito difícil ver uma criança

assim chorona.

AE3) Sim, mas as atividades são trabalhadas em grupo para o melhor

desempenho da criança. Eu entendo que a criança com deficiência tem um grau

de aprendizagem diferente, mais sensível e requer mais cuidado, e a gente não

pode deixar ela à vontade, como os outros.

BE2) Ai, deficiência é muito pesado, pois a partir de qual parâmetro de

normalidade, nós vamos nos basear? Nós não somos médicos! Eu prefiro dizer

especial. Ah, mas sobre a participação das crianças, acho que nem todos os

educadores promovem... Principalmente, por não terem um curso específico. A

tendência acaba sendo superproteger a criança.

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BE3) A participação dos Portadores de Necessidade Especiais (PNE), todos

sabem que promovemos... Nosso trabalho é aberto, e isso permite que todos

percebam como acontecem as atividades. As portas estão abertas, assim como

agora, toda hora entra um ou entra outro na sala.

CE2) Sim, aqui no CEI tratamos todas iguais. Já tivemos criança com

deficiência e a mesma fazia atividades igual as outras. Porque dependendo da

deficiência a criança é igual as outras. Por exemplo, no caso do R. com

síndrome de down, eu acho ele até mais esperto do que os outros e age mais

rápido que os outros.

CE3) Sim, porque todas as crianças são iguais. Porque, dependendo da

deficiência, a criança é uma criança normal! Tem educador que faz o trabalho

com aquela criança e têm educadores que limitam as atividades das crianças

com deficiência.

DE2) Não gosto muito da palavra deficiência. Deficiência dá ideia de falta! Bem,

as crianças com necessidades especiais motoras, cognitivas ou neurológicas,

são crianças que têm uma peculiaridade ou uma particularidade em relação a

uma criança que não tem. Na participação, eu acho que sim, mas alguns

professores. A inclusão ainda é um “bicho de sete cabeças” para alguns.

DE4) Ai, difícil saber como as professoras lidam com a inclusão e com as

crianças com deficiência, né? Criança com deficiência já é um termo

complicado, porque se refere a uma padronização. A noção de deficiência gera

uma norma, complicado, pensar do ponto de vista orgânico quanto mais do

ponto de vista psíquico. Na minha visão, a deficiência é uma outra forma de

estar no mundo e não deficitária! Ah, sim, as professora promovem.

2. Organização do Ambiente

(Em função das repetições da mesma educadora em relação a diferentes

questões, a mesma será diferenciada pôr asterisco*)

AE4) Sim, sempre é pensado nas limitações das crianças com deficiência, nos

cabe promover a inclusão em todos os sentidos, mas nem todos percebem as

diferenças entre as necessidades das crianças.

BE3*) Todos percebem que existe a interação, nosso trabalho é aberto. No ano

passado, tinha uma criança com retardo mental e aprendeu muito aqui conosco

e todos acompanharam a evolução dela. Até no começo queriam que ela saísse,

por causa das mordidas. Com nosso trabalho, nossas atividades, todos foram

aceitando.

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BE4) (...) têm muitas educadoras que ficam com dó, e não percebem e não

sabem como fazer isto.

CE1) Sim! Sabe, independente da criança a creche deve favorecer a interação.

Assim, o destaque em relação às crianças com deficiência é desnecessário e só

complica.

CE2*) A mesma atividade ou brincadeira que as crianças fazem, a criança com

deficiência participa normal, a professora organiza os espaço antes e explica

para a criança, como será a atividade ou a brincadeira.

CE3*) Sim, porque as professoras planejam, tanto para as crianças deficientes

quanto para as demais.

CE4) Sim, pois acreditamos que todos se desenvolvem através do contato com

o outro.

DE3) As professoras organizam e conseguem favorecer. Todos vêm a interação

das crianças e, principalmente, em função dos nossos registros

espontaneistas. Registramos os momentos, valorizando o processo e não o

produto. Essas crianças necessitam de um olhar particular, ela não é diferente,

mas necessita de um olhar diferente.

3. Acolhimento e Direito

AE3) Sim! As famílias conhecem seus direitos (...)

BE2*) As famílias são bem acolhidas, mas por conta do preconceito e do pouco

caso, conhecem seus direitos e sabem exigir.

CE1*) Conhecem... elas muitas vezes acabam vindo “armadas” (em relação ao

direito à vaga). Infelizmente, só cinco por cento das matrículas são para criança

com deficiência, mas não há apoio para o atendimento especializado. E quando

tem criança deficiente, muitas vezes, diminuí um no grupo, em algumas

situações para podermos atender. Eles (as famílias) conhecem bem seus

direitos e chegam aqui falando que o Juiz ou a Secretaria de Educação que

mandou matricular.

DE3*) É de conhecimento de todas as famílias os direitos e, principalmente, o

direito à creche.

DE4*) São duas coisas completamente diferentes! Acolhimento e conhecimento

de direitos! Bem difícil saber... Esta questão escancara uma exclusão, quando

pergunta sobre o acolhimento das famílias das crianças com deficiência! Por

que não seriam bem acolhidas? Só porque são famílias de crianças com

deficiência?

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Por esta categoria envolver a primeira questão do Roteiro de Entrevista dos

IQEI, o primeiro ponto destacado em comum entre as educadoras, melhor

exemplificado pelas falas indicadas BE2, BE3 e DE2, foi a demonstração de

estranhamento em relação à expressão “criança com deficiência”, utilizada pelos

Indicadores. Os relatos demonstram que as educadoras recorrem ainda a termos

subjetivos utilizados anteriormente, como forma de amenizar a deficiência

(AMARAL, 1995; BUENO, 2004).

Os relatos das educadoras AE1 e BE3 não só apresentam um olhar crítico em

relação ao termo criança com deficiência, como designam as mesmas por meio da

sigla PNE, que se refere ao Portador de Necessidades Especiais. De acordo com

Mazzotta (1996), esta nomeação é uma tendência desta última década, uma forma

que acaba reificando a pessoa com deficiência, ainda presente nos documentos

oficiais, além de reiterar o uso do termo portador, criticado tanto pelo próprio autor

como também por Amaral (1996) e D’Antino (2001). As constantes mudanças das

expressões para designação da pessoa com deficiência, por vezes, tendem somente

a confundir a compreensão em relação às normas estabelecidas e restabelecidas e

de nada alteram os próprios significados dos termos.

Os relatos das educadoras AE1, AE3, CE4 e DE2 apontam que, apesar do

estranhamento em relação ao termo criança com deficiência, o mesmo é entendido

pelas educadoras, como certo tipo de dificuldade ou limitação de diferentes ordens,

tipos e intensidade que necessitam de um atendimento educacional especializado

para serem adequadamente atendidos (MAZZOTTA, 1982).

As educadoras AE1, BE4, CE1*, CE2 e CE3, embora percebam as

limitações das crianças com deficiência, demonstram um sentimento compensatório

em relação às mesmas. Este sentimento, conforme expõe Amaral (1995), está

presente de forma consciente ou inconsciente, mas, intensamente nas interações

entre as pessoas com deficiências e as sem deficiência, aqui representadas pela

educadora e a criança com deficiência. Os sentimentos são descritos pela autora,

como parte de um processo de mecanismo de defesa, ativado nessas

relações/interações, com uma forte carga emocional e com alto grau de sofrimento.

Ainda de acordo com Amaral (1995), em função da intensidade das

interações, os processos de mecanismos de defesa apresentam-se como uma fuga

em relação à deficiência que é demonstrada por palavras, atitudes como super-

proteção, ou ainda, pela própria negação demonstrada de forma concreta pela

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atenuação, compensação e simulação em relação à deficiência, percebidas nas

falas das educadoras AE1, BE2, CE1, CE2, CE2*, CE3, CE3* e DE4.

A autora ressalta que tais mecanismos de defesa permeiam as

relações/interações estabelecidas e, ainda a serem estabelecidas, entre seus

diferentes personagens. Percebe-se uma certa despreocupação quando as

educadoras afirmam que promovem a participação, conforme os relatos acima

indicados, mas não demonstram efetivamente se as professoras preparam os

ambientes para favorecer a interação. As educadoras apontam querer desvalorizar a

diferença, esta compreensão é mais evidente nos relatos das educadoras da

instituição C quando não demonstram como necessário se planejarem para

proporcionar oportunidades que garantam a interação entre as crianças com

deficiência e as demais.

A preocupação em relação à equidade de oportunidade para promover a

interação, somente aparece de forma mais clara nas falas das educadoras AE4,

BE3* e DE3, quando apontam a percepção em relação às especificidades das

crianças com deficiência que exigem do educador uma preocupação para

oportunizar, planejar e promover as atividades.

Com base nos relatos exemplificados anteriormente, das opiniões a respeito

da promoção da participação da criança com deficiência, e a atitude das professoras

em relação à organização do ambiente para favorecer a interação entre as crianças,

pôde-se perceber que há um hiato entre opinião e atitude. Conforme Amaral (1995),

as políticas e ações integrativas desenvolvem-se apoiadas nas construções

racionais, enquanto os comportamentos individuais partem do emocional, com isto a

autora pontua que razão e emoção não são dissociáveis, mas, por vezes, podem ter

diferentes caminhos.

Considerando ainda essas duas questões, participação e o favorecimento da

interação, as educadoras foram arredias e demonstraram-se inaptas a responder.

Confirmando, assim, o exposto tanto por Campos, Fullgraf e Wiggers (2006) como

por Sordi e Ludke (2009), ao afirmarem que os docentes precisam ter um tipo de

formação que lhes permita ter habilidade para olhar e analisar seu próprio trabalho e

seu ambiente de forma crítica.

Quando questionadas em relação às famílias, foram hábeis o suficiente para

pontuarem que estas conhecem seus direitos, conforme indicado pelas educadoras

AE3, BE2*, CE1* e DE3*. Nas falas, pôde-se perceber que o direito conhecido pelas

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famílias, restringe-se à questão do direito à vaga, conforme previsto na CF, no ECA

e na LDB Nº 9.394/96, como também na matrícula compulsória prevista tanto na Lei

Nº 7.853 como na Lei Nº 3.298. Mas, no que se refere ao direito em relação ao

atendimento educacional especializado presente na LDB Nº 9.394/96, e na Lei Nº

6.571 ainda se encontra desconhecido pelas famílias, como também pelas

educadoras.

Em relação ao acolhimento e ao conhecimento dos direitos, a educadora

DE4* criticou o envolvimento de dois assuntos distintos em uma mesma questão. As

demais educadoras, apesar de não criticarem, demonstraram dificuldade para

responder a respeito dos dois assuntos na mesma questão, sendo evidenciado por

apenas quatro relatos referirem-se aos dois assuntos, conforme exemplificado na

fala da educadora BE2*.

Ainda a educadora DE4* apontou como discriminatória a questão, por

questionar o acolhimento somente da família com criança com deficiência, como se

a mesma fosse diferente das demais. Tanto esta fala da educadora como seu outro

relato sobre a participação da criança com deficiência, identificada por DE4,

remetem a seu entendimento, em relação, à deficiência/desvio, como uma

diversidade, conforme descreve Amaral (1995). Por ser uma diversidade, necessita

do educador o reconhecimento das situações que realmente requerem um

atendimento educacional diferenciado, conforme discorre Mazzotta (2008). Assim, a

preocupação com o acolhimento à família compreende a especificidade para o

atendimento à criança com deficiência, não se configurando como um ato

discriminatório.

2. Categoria - Atendimento Especializado

1. As crianças com deficiência recebem atendimento educacional especializado - AEE

quando necessitam?

2. Há livros e outros materiais de leitura, brinquedos, materiais pedagógicos e

audiovisuais adequados às necessidades das crianças com deficiência?

3. A instituição encaminha para a sala de recursos multifuncionais as crianças com

deficiência que necessitam de atendimento educacional especializado?

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1. Atendimento Educacional Especializado

AE1) Eu não tenho conhecimento do que é AEE, acho que ninguém sabe o que é

isto..., não temos este tipo de atendimento.

AE2) Eu tenho muitas dúvidas... Para mim, o AEE é o professor com formação

especializada e recursos dentro da instituição... Eu acho mesmo que quem sabe

responder isto, são as professoras que têm maior contato com este tipo de

atendimento.

AE4) Sabe... quando se trabalha com deficiência, vai se percebendo as

dificuldades no dia a dia. Nós damos condições para as crianças com deficiência...

E acho que isto é o AEE.

CE1) Nós percebemos, quando a criança é deficiente e precisa de um tipo de

atendimento, assim! Por exemplo, um deficiente visual, com atividades de cores...

Não dá! Então, preparamos outros tipos de atividades com sensações, cheiros,

texturas...

CE2) Nem todos têm este tipo de atendimento que é em escola especializada para

deficientes, tipo a AACD e APAE.

BE1) Não consigo responder! Esse AEE não é de conhecimento de todos, (...)

BE4) Não, aqui as crianças não recebem este tipo de atendimento. Não temos

profissionais especializados.

CE4) Ninguém sabe, o que é o AEE... E agora a criança com deficiência é incluída,

mas, para isto, o professor precisa ter suporte. Como uma vez aconteceu aqui,

quando o pessoal do Laramara nos deram um curso para atender uma criança com

deficiência visual.

DE2) Nós (professores) não sabemos o que é o AEE, precisaria ser mais claro o

conceito do que é o AEE (...) Para mim, seria encaminhar para um profissional

especializado, não sei!

DE3) Este tipo de atendimento que proporciona aquisições de habilidades, que a

criança precisará desenvolver, como também estratégias e espaços. Como por

exemplo, T.O (terapia ocupacional) que engloba o educacional, fica a escolha da

família, por não estar ligado diretamente à creche. A nossa instituição busca

entendimento com as famílias e com especialista. E as informações são

compartilhadas com toda a equipe.

DE4) Não faço a menor ideia! Para responder, seria a partir do esclarecimento do

atendimento educacional especializado. Mas, acho que mesmo com o

esclarecimento ficaria difícil. (...) mas aqui a gente dá um atendimento educacional

especializado, à medida que reconhecemos as dificuldades das crianças e

propomos de forma alternativa, formas, para que ela possa acompanhar as outras

crianças. (...) existe um imaginário em relação aos especialistas (como fazedores

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de milagres!) e isso gera a própria autodesvalorização dos educadores. No

imaginário, sempre tem o questionamento em relação se não tem um melhor lugar,

ou melhor pessoal, especialista, para cuidar da criança. Isso gera um efeito, que é

de acreditar que todos necessitam deste tipo de atendimento especializado.

2. Livros e materiais acessíveis

(Em função das repetições da mesma educadora em relação a diferentes questões,

a mesma será diferenciada por asterisco*)

AE2*) Tem materiais pedagógicos que são usados para todas as crianças, mas

materiais específicos não temos.

BE1*) Há falta, isto sim! Nós, educadores, não temos conhecimento de que tipo de

material é este. E, muitas vezes, mesmo os materiais acessíveis os educadores

não sabem como usá-los.

CE3) Ah, com a D. e o R., nós usávamos fantoches, chocalhos (...) normais. Nós

não conhecemos esses outros materiais que são adequados.

DE4*) Eu não tenho condições de responder, mas acho que a partir de uma

discussão prévia com as educadoras, nós conseguiríamos saber (...).

3. Sala de Recursos Multifuncionais

(Em função das repetições da mesma educadora em relação a diferentes questões,

a mesma será diferenciada por asterisco duplo**)

AE2**) Tem aqui? Aonde? (risos) Essas salas de recursos deveriam existir, mas,

na verdade, elas não existem para o atendimento nas instituições.

AE3) Acho isso complicado..., pois se não há preocupação, não se conhece a

criança e não saberíamos a real necessidade da criança. Para encaminhar a

criança (para sala de recursos multifuncionais), necessitamos de um especialista

para nos auxiliar, para até poder avaliar a necessidade.

AE4) Difícil responder, porque precisamos de profissionais de cada área para

avaliar (...)

BE1**) Ainda, há falta de conhecimento a este respeito, pois a inclusão tá aí, mas

falta apoio para isto. Fica difícil de fazer e quebrar as resistências.

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CE1) Não sei responder, o que é sala de recursos multifuncionais. Ai, como estas

questões são bem complexas, elas necessitariam de um trabalho prévio para

responder.

DE1) (...) o problema é saber “quem precisa e quem não precisa” de atendimento

educacional especializado.

DE2) Nem sei que sala é essa! Para responder, precisaria discutir os conceitos,

para assim responder. Precisa haver clareza nos termos, como sala de recursos

multifuncionais, inclusão e atendimento educacional especializado. Porque sem

saber isso, temos cada um, uma ideia.

DE3) (...) a Educação Infantil lida com criança, para a Educação Especial precisa de

especialista e faz com que a instituição precise de mais especialistas.

Os relatos das educadoras, indicadas por AE2*, BE1*, CE3 e DE4*, apontam

a inexistência de materiais pedagógicos adequados para atender às especificidades

das crianças com deficiência em suas instituições, mas também demonstram

desconhecimento de quais e como são esses materiais. O desconhecimento

também é declarado em relação ao significado do termo atendimento educacional

especializado, presente nos IQEI, destacados nas falas das educadoras AE1, BE1 e

DE2, como também em relação à sala de recursos multifuncionais nas AE2**, BE1**,

CE1 e DE2. As mesmas indicam como alternativa para responder a essas questões,

um trabalho prévio na instituição para o entendimento dos novos termos.

Nos relatos das educadoras, observou-se um contínuo desconhecimento em

relação ao atendimento educacional especializado, quando tentavam responder à

questão, conjecturavam quanto a seu significado, como estratégias pedagógicas a

serem desenvolvidas nas instituições por especialistas ou por serviços

especializados, para promover a participação das crianças. Considerando suas

especificidades, as educadoras entendem que o atendimento educacional

especializado pode ser desenvolvido dentro das instituições, com base nos espaços

adequados (BRASIL, 2008; BRASIL, 2008a).

Os relatos das educadoras AE2, AE4, BE4, CE2, CE1, DE3 e DE4

demonstram a ausência de conhecimento em relação ao termo atendimento

educacional especializado, utilizado na questão, mas reconhecem o tipo de

atendimento a ser desenvolvido na Instituição. A fim de exemplificar a situação,

recorremos à parábola transcrita por Mazzotta (1982, p.9), que aparece, segundo o

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mesmo, em um texto de um diretor do Serviço de Educação Especial de Illinois nos

Estados Unidos da América, datado de 1961, que envolve um certo homem e o

diabo:

Passavam ambos por uma rua de movimentada cidade, quando viram um homem alcançar e agarrar no ar uma ideia bela e válida.

- Você viu? Não está com medo? Uma boa ideia pode crescer tanto e tornar-se tão poderosa a ponto de destruir você, disse o companheiro do diabo; ao que este respondeu:

- Não, não tenho medo. Eles primeiro darão um nome à nova ideia. Em seguida, irão organizá-la e promovê-la. Então, surgirão tantas ideias sobre a forma de utilizá-la que se estabelecerá a controvérsia e a confusão entre eles. A boa ideia, enfraquecida, será destruída por si mesma. Não, ela não me causa medo!

O autor arremata a história, ressaltando que a história da educação está farta

de boas ideias, como as desta parábola, que são enfraquecidas e depois

renomeadas. Neste estudo, assemelha-se à percepção das educadoras em relação

ao atendimento educacional especializado, que tem por objetivo atender às

necessidades educacionais dos alunos que precisam de recursos especiais

suplementares, o que nada mais é do que o próprio conceito de Educação Especial,

descrito por Mazzotta (1982).

De acordo, com a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da

Educação Inclusiva (BRASIL, 2008a), o atendimento educacional especializado para

Educação Infantil, especificamente em creche, exprimi-se por trabalhos de

estimulação precoce que têm como objetivo criar condições mais favoráveis para o

processo de desenvolvimento e aprendizagem das crianças, com interlocução com

os serviços de saúde e assistência social em um ambiente dotado de equipamentos,

mobiliários e materiais didáticos e pedagógicos, entendido pelo Decreto-Lei Nº

6.571/2008 por sala de recursos multifuncionais.

Para o desenvolvimento do atendimento educacional especializado, conforme

apontam os relatos AE3, AE4, DE1 e DE3, as educadoras admitem ser necessário

um especialista ou uma formação especializada para o desenvolvimento dessas

atividades em um espaço específico, como a sala de recursos multifuncionais. Mais

uma vez, as educadoras apontam desconhecimento em relação ao termo usado

atualmente, mas percebem que, para o desenvolvimento desse atendimento, são

necessários professores capacitados e especializados. Capacitados, definem-se por

professores com formação de nível médio ou superior que tiveram conteúdos

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relacionados à Educação Especial em sua formação, como especializados por

professores com formação superior ou com pós-graduação na área da Educação

Especial (BRASIL, 2001; MAZZOTTA, 2003a).

Os relatos das educadoras apresentados anteriormente demonstram a

inexistência de educadores, tanto capacitados como especializados em suas

instituições. De acordo com Saviani (2009), o curso de Pedagogia que deveria

proporcionar esta formação, não o faz, segundo o mesmo se não houver uma

formação efetiva para os professores, de nada adiantarão as novas leis, com novos

nomes e com mesmos conteúdos, sem o essencial que é a formação adequada para

o atendimento às crianças nas instituições. Corroborando com Campos, Fullgraf e

Wiggers (2006) quanto à inadequação em relação à qualificação dos profissionais e

à real demanda para atuação na Educação Infantil.

Quanto à formação adequada, Bueno (1999) afirma que não é possível haver

um processo de inclusão, propriamente dito, no ensino regular sem apoio

especializado que ofereça apoio e orientação aos professores, considerando a

própria realidade do trabalho pedagógico desenvolvida naquela instituição. Para isto,

o mesmo defende a presença de um professor especializado para acompanhar o

processo de inclusão, assim apoiando e orientando os demais. Isso possibilitará aos

professores uma troca de conhecimento e um processo de formação dentro da

própria instituição. Desta forma, possibilitando ao professor não especializado a

ampliação de sua visão em relação às especificidades das crianças com

necessidades educacionais especiais, como também dar oportunidade ao professor

especializado em ampliar sua visão em relação ao processo de inclusão.

Em conformidade com as análises de Campos, Coelho e Cruz (2006), a

necessidade de formação, acompanhamento e a valorização do especialista são

percebidos nos relatos das educadoras, AE2, BE4, CE4, DE2, DE3, e uma das

educadoras, a DE4, aponta a consequência em relação a uma visão separatista

entre professor especialista e generalista, já criticada por Bueno (1999).

A educadora descreve que, por vezes, há uma exagerada valorização em

relação ao especialista pelas educadoras que o consagram, como “fazedores de

milagres”, desvalorizando seu próprio trabalho, por imaginarem que aquela criança

poderia ter um melhor lugar ou uma melhor pessoa para acompanhá-la, não

acreditando serem capazes de atuarem para o desenvolvimento daquelas crianças.

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Por isto, Bueno (1999) aponta como alternativa a formação em conjunto e in

loco dos educadores. Amorim, Yazlle, Rossetti-Ferreira (1999) salientam a

necessidade de rearticulação entre diferentes áreas para a formação específica dos

educadores para atuarem na Educação Infantil, em função dessas novas demandas,

a fim de lhes possibilitar um olhar mais aguçado à perspectiva inclusiva.

3. Categoria - Acessibilidade

1. Os espaços e equipamentos são acessíveis para acolher as crianças com deficiência,

de acordo com o Decreto-Lei Nº 5.296/2004?

2. Há mobiliários e equipamentos acessíveis para as crianças com deficiência?

1. Acessibilidade, conforme o Decreto-Lei Nº5.296/2004

AE1) Fica difícil de responder pelo Decreto, não é todo mundo que tem acesso

(...).

AE3) Essa, a gente consegue responder por ser uma coisa concreta, e aqui tem

a rampa e elevador... mas, a questão do decreto não esclarece. Eu acho, na

verdade, que ninguém conhece esse Decreto.

BE2) Nós percebemos a dificuldade das escadas. Mas, o que diz a lei? A

presença da lei traz uma boa discussão (...).

CE2) Dependendo da deficiência, não estaria de acordo.

CE3) Difícil saber (...), por exemplo, não estaria no caso de um surdo.

CE4) O que fala este Decreto? Primeiro, precisamos discutir sobre ele para

depois responder (...).

DE1) O Decreto, eu acho que não é de conhecimento geral. Para esta discussão,

precisaríamos nos preparar e saber mais sobre o Decreto para responder (...).

DE3) O primeiro ponto é conhecer o Decreto. Como ele garante esse direito! A

primeira falha é não sermos alfabetizadas em relação aos nossos direitos, isto

nos faz um ser não cidadão. Aqui na creche, nós temos mecanismos de

facilitação que talvez não estejam, de acordo com o Decreto, mas fazemos de

tudo para possibilitar espaços e equipamentos acessíveis.

2. Mobiliários e equipamentos

(Em função das repetições da mesma educadora em relação a diferentes

questões, a mesma será diferenciada por asterisco*)

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AE2) Não sei direito... Acho que nós (educadoras) conhecemos os mobiliários e

os equipamentos acessíveis para responder (...).

BE1) Conhecendo quais e como são os mobiliários e equipamentos... a gente

iria descobrir, o que falta nos nossos espaços (...).

CE3*) (...) No caso de um material com libras, não!

DE4) Acho muito parecida com a anterior (Nº 04), esta pergunta! Não vejo

diferença, também está relacionada com questões concretas. Então, também

para respondê-la, temos que conhecer melhor... e a partir do entendimento,

todos teremos condições de avaliar.

Nos relatos, AE1, CE4, DE1, AE2, BE1, DE4, AE3, DE3 e BE2 apontam a

ausência do conhecimento específico em relação ao Decreto-Lei Nº 5.296/2004 e,

consequentemente, desconhecem os produtos, equipamentos ou tecnologias

adaptadas ou projetadas para melhorar a funcionalidade das pessoas com

deficiência ou com mobilidade reduzida, com o objetivo de favorecer sua autonomia

que são entendidos pelo Decreto por ajuda técnica. De acordo com as falas das

educadoras, esta ausência de conhecimento específico dificulta a avaliação dessas

questões, como também lhes traz a falsa impressão de que as duas questões

tratam-se da mesma especificidade.

Apesar desse desconhecimento em relação à promoção da acessibilidade,

conforme prevista na lei e por tratar-se de aspectos concretos, quantificáveis e

visíveis, conforme a perspectiva orientada de cima para baixo proposta por Katz

(1998). As educadoras AE3, DE3 e BE2, com base em sua visão oriunda do censo

comum, distinguem em seus ambientes aspectos tidos como facilitadores e

dificultadores à acessibilidade das crianças com deficiência em seus espaços.

As barreiras nas edificações de uso coletivo descritas pelas educadoras

limitam-se à largura das portas e às escadas, enquanto os facilitadores à presença

de rampas e elevadores, como também a própria preocupação delas com a

acessibilidade. Outra barreira, tão importante quanto as demais, prevista na lei que

envolve as edificações, não foi mencionada por nenhuma educadora que trata da

obrigatoriedade da acessibilidade dos sanitários das escolas.

Pode-se perceber que, apenas duas educadoras em suas falas identificadas

por CE2, CE3 e CE3* fizeram certa ressalva em relação à acessibilidade de suas

instituições em relação a toda e qualquer deficiência, apontando para outros tipos de

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barreiras presentes no referido Decreto-Lei, como comunicação e informação, as

quais não foram percebidas pelas demais em seus relatos.

O referido Decreto é fruto do terceiro período da história da educação da

pessoa com deficiência no Brasil, descrita por Mantoan (1998) e Sassaki (2002), o

qual tem como intuito impulsionar a inclusão educacional e social. Constituí-se como

obrigatório para o funcionamento dos sistemas de ensino, inclusive para a etapa da

Educação Infantil, contudo ainda se encontram insipientes esses conhecimentos às

educadoras participantes desta pesquisa, mesmo com a legitimidade da Educação

Infantil Brasileira (KUHLMANN, 2000; BRASIL, 2001; BRASIL, 2008; BRASIL,

2008a).

4. Orientações às Educadoras

1. As professoras são orientadas e apoiadas na inclusão de crianças com deficiência?

2. As professoras conhecem os livros acessíveis para crianças com deficiência?

1. Orientação e apoio à inclusão

AE1) As professoras são orientadas, de acordo com as informações obtidas

pelos pais ou quando pesquisamos o assunto para melhor entendimento e

trabalho.

AE4) Olha, os professores pesquisam mais sozinhos, não têm uma formação

continuada. Mas, nós apoiamos a inclusão! Quando recebemos uma criança

com deficiência, entregamos textos explicativos sobre a deficiência juntamente

com a ficha de saúde do aluno, para que a professora conheça as limitações e

possa planejar como trabalhar e dar iguais condições a esta criança.

BE1) Acho que somos apoiadas e orientadas, sim! Mas alguns educadores

acham que não, em função da resistência. Eu acho que, para inclusão, ainda

falta apoio, conhecimento e derrubar as resistências por parte de nós

(professoras) mesmas.

BE2) Todos recebem as orientações aos aspectos relacionados à inclusão, e o

apoio da instituição.

BE3) Aqui são e tanto a equipe como as famílias... E quando não conseguimos,

pedimos ajuda de fora. Aqui no caso da L. buscamos ajuda de psicólogos. Ela

não tinha uma síndrome definida, até no começo, as mães queriam que ela

saísse, porque ela mordia muito... Com o apoio e o trabalho, todos foram

aceitando e sabendo lidar com ela.

CE2) As professoras conhecem todas as orientações sobre o processo de

inclusão.

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CE4) Até são apoiadas! Muitas vezes, nós (professoras), nos sentimos

sozinhas. Para as famílias, a gente tenta não demonstrar, mas o apoio acontece

na medida do possível.

DE1) Ah, nossa instituição sim... Hoje, atendemos quatro crianças com

deficiência e temos duas estagiárias de psicologia para ajudar e dar suporte às

educadoras... elas permanecem durante todo o período... fazemos reuniões

semanais... e com as famílias também.

DE2) Quem conhece o trabalho da creche, sabe disso... e todos percebem, são

muitos jantares, almoços, reuniões, plantões que permitem o conhecimento do

trabalho na essência.

DE3) O grupo técnico dá apoio para construir um caminho e envolve a família.

DE4) Até é interessante localizar se as pessoas conhecem como a instituição

cuida desta questão! Eu, como trabalho diretamente como volante no

atendimento à criança com deficiência, sei que isto (apoio e orientação)

acontece, a gente discute muito... E olha só... R. (criança com transtorno global

do desenvolvimento) chegou, tenho que terminar agora.

2. Conhecimento em Relação aos Livros Acessíveis

(Em função das repetições da mesma educadora em relação a diferentes

questões, a mesma será diferenciada por asterisco*)

AE2) Acho que nem todas as educadoras conhecem os livros acessíveis para

as crianças com deficiência, nós (professoras) temos muitas dúvidas.

AE4*) Ih..., nós temos uns livros antigos aí... As professoras que trabalham com

deficiência, conhecem mais do que as outras.

BE1*) Infelizmente, os educadores não conhecem.

BE4) Sim (as professoras conhecem os livros acessíveis à criança com

deficiência), se elas são formadas para isto! Mas, às vezes, mesmo tendo o livro

sem formação, não tem valor, não tem continuidade. É como no caso deste livro

dos IQEI, chegou, mas eu não li, só recebi e distribuí. Muitas vezes, mandam

vários materiais, mas se não há suporte, como por exemplo, formadores, ou

como vc. fez aqui com a gente... (explicou)... Não adianta nada.

CE3) As educadoras não conhecem! Por exemplo, no caso de um material de

libras, aí sim!

DE2) Quais são esses livros? Acessíveis a quê?

DE3*) Embora a maioria dos educadores sejam formados em Pedagogia, e o

tema esteja em voga. Os educadores que não estão envolvidos diretamente,

não sabem responder.

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Nos relatos, as educadoras afirmam que são apoiadas e orientadas em

relação ao processo de inclusão, resultado de um discurso politicamente correto

quanto ao referido processo, mas, mesmo auxiliadas, fazem certas ressalvas em

relação ao apoio recebido por vezes, como incontínuo e insuficiente. A insuficiência

apontada nos relatos está exemplificada nas falas das educadoras, AE1, AE4, BE2,

BE1, CE2 e CE4 que são reafirmadas nos relatos indicados por AE2, AE4*, BE1*,

CE3 e DE2 à medida que as mesmas desconhecem os livros acessíveis às crianças

com deficiência; ou quando apontam ser somente de maior conhecimento das

educadoras mais envolvidas no processo de inclusão da instituição.

Ainda os relatos de BE4 e DE3* ressaltam a descrença da formação superior

em Pedagogia, como garantia de conhecimentos específicos, como em relação aos

livros acessíveis à criança com deficiência.

As educadoras demonstram estar despreparadas para o processo de

inclusão, completo e sistemático, das crianças ao sistema de ensino regular,

conforme descreve Mantoan (1998). Este despreparo apontado nos relatos

encontra-se, de acordo com Saviani (2009) atrelado à insipiência da formação dos

professores nos cursos superiores em Pedagogia, por tratarem a Educação Especial

de forma secundária. Conforme afirma o autor, faz-se necessário um espaço

específico para tratar dessa formação, para que não continue desguarnecido o

atendimento das crianças com necessidades educacionais especiais nesta

perspectiva inclusiva.

De acordo com Ferreira e Glat (2003), inúmeras são as produções, nesta

última década, em relação ao processo de inclusão e aos entraves enfrentados para

sua implementação, mas poucas com validade científica, envolvendo os facilitadores

desse processo. Fez-se notar que, em duas instituições, B e mais explícita na D,

com base nos relatos das educadoras, identificadas por BE3, DE1, DE2, DE3 e DE4,

apontam sinais de busca de mudança em suas práticas, como alternativa de

respaldar o processo de inclusão.

Nesses relatos, as educadoras ressaltaram a preocupação do processo de

inclusão com a busca de parceria com diferentes áreas, a fim de atender melhor à

criança com deficiência, como também ao compartilhamento do processo com a

família.

Este apoio vindo de fora da instituição e o compartilhamento com as famílias

demonstram uma atitude diferente em relação à família do que as descritas pelas

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pesquisas Piotto et al. (1998); Bhering e De Nez (2002); Campos, Fullgraf e Wiggers

(2006); Maranhão e Sarti (2008); Silva e Mendes (2008) em relação às posturas

fechadas da instituição e superior dos educadores por se acharem suficientemente

capazes em relação ao desenvolvimento da criança pequena.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

"Onde não há jardim, as flores nascem de um secreto investimento em formas improváveis."

Carlos Drumont de Andrade

O presente estudo teve origem na proposta de caracterização da visão das

educadoras a respeito dos IQEI, relacionados à criança com deficiência, com base

na realidade das participantes. Tendo como foco o objetivo do presente estudo e

considerando os resultados apresentados, obtidos apoiados no Roteiro de Entrevista

(anexo B) que indagava a opinião das educadoras sobre os facilitadores e

dificultadores para avaliação dessas questões em sua instituição, o primeiro aspecto

a ser ressaltado foi a existência de mais dificultadores do que facilitadores na

avaliação das questões dos Indicadores relacionadas à criança com deficiência.

Conforme descrito na categoria participação/interação, as educadoras

indicaram certo estranhamento em relação ao termo, criança com deficiência,

utilizado pelos IQEI, por ter uma nomenclatura diferente em relação aos documentos

oficiais, tais como: as Diretrizes Nacionais para Educação Especial na Educação

Básica (2001), os Parâmetros de Qualidade para Educação Infantil (2006a), e a

Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva (2008a). A

expressão usada nos Indicadores vem em sentido oposto à atual perspectiva de

inclusão, que adota o termo crianças/alunos com necessidades educacionais

especiais, tal termo amplia o atendimento às necessidades educacionais de alunos

com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas

habilidades/superdotação.

A discrepância entre o termo utilizado nos Indicadores e nos demais

documentos trouxe dúvidas às educadoras em como devem designar as crianças

com deficiência e, quem são elas em suas instituições. Desta forma, a expressão

criança com deficiência configurou-se, como um dificultador na aplicação dos

Indicadores.

Outro aspecto revelado na análise das entrevistas foi o desconhecimento das

especificidades em relação ao atendimento à criança com deficiência, evidenciado

na categoria participação/interação, quando as educadoras não conseguiram

explicitar se as professoras preparavam os ambientes para favorecer a interação

entre as crianças, como nas categorias atendimento especializado e orientações às

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educadoras, apesar de relatarem como inexistentes a presença de materiais

pedagógicos adequados e acessíveis às crianças com deficiência, as educadoras

demonstraram desconhecê-los.

Ainda, nesta última categoria, embora as educadoras, orientadas e apoiadas,

tivessem apontado ressalvas por não conhecerem um pouco mais a respeito das

deficiências das crianças. Desta forma, a ausência de conhecimento em relação ao

atendimento à criança com deficiência e seus materiais específicos, revelou-se pelas

educadoras como sendo um dificultador na aplicação dos IQEI.

O citado dificultador pode ser entendido, como fruto não só da formação

inadequada proporcionada pelos cursos de Pedagogia, como descreve Saviani

(2009), como também pela ausência de profissionais capacitados e especializados,

conforme discutem Bueno (1999); Mazzotta (2003a); Campos, Fullgraf e Wiggers

(2006).

Nesse momento, cabe-nos destacar que tanto a ausência de conhecimento

como de formação adequada e carência de profissionais preparados para atender à

demanda em nada influenciam o processo de matrículas das crianças com

deficiência nas Instituições das educadoras participantes do estudo. Embora, o

número de crianças com deficiência matriculadas seja menor que cinco por cento, as

matrículas obedecem a um sistema e não à conveniência das Instituições. Nas

Instituições A, B e C conveniadas com a Prefeitura de São Paulo, as matrículas são

decorrentes de um sistema integrado que disponibiliza automaticamente a vaga, e

na Instituição D obedecem ao sistema de fila de espera, atendendo à disponibilidade

de vaga e ao interesse por parte dos funcionários e estudantes da Universidade.

O Roteiro de Entrevista aqui trabalhado pressupõe que os participantes

tenham conhecimentos específicos em relação aos termos como, atendimento

educacional especializado e sala de recursos multifuncionais e ainda sobre o

Decreto-Lei Nº. 5.296/2004. O uso desses termos e da legislação no corpo da

questão dos IQEI, nos relatos das educadoras, foi identificado como dificultador,

evidenciado, tanto nas questões um e três da categoria atendimento especializado,

em função do desconhecimento em relação aos termos, como na questão um da

categoria acessibilidade por conta do Decreto-Lei Nº 5.296/2004.

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Conforme advertem Piotto et al. (1998), a legislação, por si só, não se

constitui na garantia de que os direitos serão respeitados, mas assegura sua

legitimidade e representam um primeiro passo para seu respeito.

Por isto, percebemos que a característica dos IQEI, em explicitar a Lei no

corpo da pergunta, como também quando se esclarecem e apontam as fontes de

informação/formação no final do documento, têm um caráter informativo aos

educadores quanto às políticas públicas relacionadas não só à Educação Infantil

como também aos direitos fundamentais do cidadão, a fim de tornar tais direitos

susceptíveis de discussão entre os membros da comunidade escolar. Nesta linha de

pensamento, ressaltam-se as observações de Bondioli (2004) e Campos; Silva

(2009) ao valorizarem a importância da natureza participativa e autorreflexiva do

processo de avaliação da qualidade.

O potencial informativo contido nos Indicadores mostrou-se como um

facilitador pelas educadoras, em todas as categorias por apontarem necessidades

de discussão e de conhecimento em relação às questões que envolvem a criança

com deficiência. As educadoras ressaltaram ser preciso um trabalho prévio, antes da

aplicação dos IQEI, o qual possibilitaria o entendimento dos termos e suas

especificidades presentes.

A necessidade de informação apontada nos relatos refere-se também aos

materiais pedagógicos (equipamentos, mobiliários e livros) acessíveis às crianças

com necessidades educacionais especiais. Para as educadoras, o fato de saber

como e quais são esses materiais pedagógicos acessíveis, seria um facilitador para

avaliarem as questões contidas nos IQEI, presentes nas categorias atendimento

especializado, acessibilidade e orientações às educadoras. Os materiais

pedagógicos acessíveis por se tratarem de aspectos concretos e quantificáveis, na

visão das educadoras seriam avaliados, como uma lista de checagem,

discriminando apenas se há ou não em sua instituição. Neste contexto, Bondiolli

(2004) pondera afirmando que se pode correr o risco de se tornar um processo de

avaliação meramente burocrático, por não ser capaz de gerar um novo repensar em

seus participantes e por se referirem a critérios superficiais à sua realidade.

Um aspecto apontado como dificultador, foi a presença de dois assuntos

demonstrados como distintos, pelas educadoras na terceira questão dos IQEI na

categoria participação/interação que são o acolhimento e o conhecimento das

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famílias em relação a seus direitos. Os relatos indicaram a dificuldade das

educadoras para responder tal questão, quando um número maior de educadoras

preocupou-se apenas em tratar do conhecimento dos direitos das famílias das

crianças com deficiência, não conseguindo referir-se ao acolhimento na citada

questão.

Outro dificultador identificado pelos relatos das educadoras foi a semelhança

entre as duas questões da categoria acessibilidade. As educadoras mostraram

dificuldade para distinguir a diferença entre as questões relativas à acessibilidade

dos espaços e equipamentos, conforme o Decreto-Lei Nº 5.296/2004 e a existência

de mobiliários e equipamentos acessíveis.

As educadoras identificaram, como um facilitador, o desenvolvimento de um

trabalho mais integrado com as famílias, para responderem a respeito dos aspectos

que envolvem a relação creche e família. Assim, esse facilitador pode ser percebido

na categoria participação/interação, à medida que apontou como parcial o

conhecimento dos direitos à educação pelas famílias de crianças com deficiência,

como também, na categoria orientações às educadoras, quando estas indicaram

como necessário para o processo de inclusão, o compartilhamento do educar e

cuidar das crianças com deficiência com as famílias.

Embora o desenvolvimento de um trabalho mais integrado com a família

tenha sido apontado como um facilitador para a aplicação dos IQEI, é considerado

nos Indicadores, como um critério fundamental para sua aplicação junto à

comunidade escolar.

Os dificultadores apontados resultam do desconhecimento das educadoras

entrevistadas em relação aos IQEI, pois dentre as 16 participantes das entrevistas,

apenas uma educadora conhecia de fato os Indicadores, e oito já haviam visto

circulando pela Instituição ou já haviam recebido um exemplar, e as outras sete

tinham total desconhecimento. As quatro instituições já haviam recebido do MEC o

impresso dos IQEI, em média, três exemplares por Instituição, contudo as oito

educadoras que já o conheciam somente o identificaram após a demonstração do

exemplar pela pesquisadora, sobretudo em função da cor laranja da capa.

As educadoras entrevistadas justificaram o desconhecimento em relação

aos Indicadores, por não receberem de sua Diretoria Regional de Educação -

Municipal, representada por suas Supervisoras, um acompanhamento pedagógico

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adequado. Segundo as educadoras, por vezes, sentem-se prejudicadas por ficarem

à mercê da disponibilidade de vagas pela Secretaria Municipal de Educação para

participarem de formações continuadas, como também para o recebimento de

material de apoio pedagógico ao professor.

As participantes, ao conhecerem a proposta dos Indicadores, com base na

apresentação da pesquisadora revelaram receptividade positiva, como também

apontaram ser uma forma eficaz para obtenção de um diagnóstico relativo ao

atendimento oferecido pela Instituição. As educadoras apontaram que os IQEI

poderão atuar, como uma forma de integração entre a Instituição e a família.

Destacaram como pré-requisitos para sua aplicação, aspectos como a pré-

disposição da Instituição em mudar, a necessidade de uma gestão democrática,

uma efetiva parceria com a família e uma visão compartilhada de qualidade entre

seus diferentes membros da comunidade escolar.

Os Indicadores concordam com os diferentes autores, Hadji e Meirieu

(1994); Ristoff (1995); Piotto et al. (1998), Velloso (2000); Corrêa (2003); Bondiolli

(2004); Campos; Haddad (2006); Aguiar; Canen (2007) e Zabalza (2009) que o

conceito de qualidade refere-se a uma construção social, dependente de seu

contexto, fundamentada em direitos, necessidades, possibilidades, demandas e

conhecimentos determinados historicamente, presentes em um processo de

avaliação, que se constitui por um ato baseado em juízo de valores, e incorporado

em um processo de autovaliação que possibilita à instituição reconhecer e conhecer

suas deficiências, para assim ultrapassá-las, baseadas no envolvimento de toda a

comunidade escolar.

Considerando-se as conceituações acima e os pré-requisitos apontados

pelas educadoras, a Instituição que demonstrou melhores condições para aplicação

dos IQEI, foi a D. Estas condições devem-se ao fato da Instituição desenvolver uma

gestão democrática, uma efetiva parceria com a família e um processo de avaliação

institucional. Conforme apontado em todas as categorias, as respectivas educadoras

mostraram-se dispostas à mudança, interessadas em discutir a respeito das

questões e referiram-se aos registros, como forma de acompanhamento e

compartilhamento do trabalho.

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A Instituição D demonstrou maior disponibilidade para aplicação dos IQEI,

no que se refere às questões relativas à criança com deficiência, embora as

respectivas educadoras tenham apontado os mesmos dificultadores e facilitadores

que as educadoras das Instituições A, B e C.

No que se refere às educadoras, entendidas nesta pesquisa por diretoras,

coordenadoras e professoras, a primeira questão da categoria orientações às

educadoras evidenciou a diferença entre a fala das diretoras e coordenadoras, com

as das professoras sobre o apoio e as orientações para o processo de inclusão em

suas Instituições. Nesta questão, as professoras diferenciaram-se apontando

ressalvas ao apoio e às orientações recebidas para o processo de inclusão das

crianças com deficiência na Instituição.

Quanto à visão integral das educadoras em relação aos IQEI, estas

reconheceram que os Indicadores podem vir a ser um instrumento eficaz de

autoconhecimento institucional e também como uma forma de integração entre a

instituição e a família, de acordo com suas realidades.

No entanto, em relação às questões envolvendo a criança com deficiência,

demonstraram mais dificultadores do que facilitadores, e uma delas verbalizou

dizendo: “Olha, tenho que dizer que estas questões me trouxeram um sentimento de

descrença, o quanto efetivamente estas questões trarão discussões construtivas em

relação ao processo de inclusão” DE4.

Esse sentimento foi demonstrado também pelas demais, tanto pelas frases

lacônicas como pelos gestos e, por vezes, pela vergonha ao responderem algumas

questões. O descontentamento demonstrado pelas educadoras, após terem

conhecimento das questões dos IQEI relativas à criança com deficiência, torna-se

um grande dificultador para sua aplicação, pois, corre-se o risco de não ser

reconhecido, como legítimo por seus membros. Velloso (2000, p.63) salienta “não há

avaliação [...] que tenha efetivo e estável êxito, sem que os atores sociais envolvidos

as considerem úteis e legítimas”.

Os resultados identificados nos conduzem a uma reflexão sobre a

possibilidade da aplicação dos IQEI como um instrumento de Avaliação Institucional,

e sua institucionalização significa um marco na história da Educação Infantil

brasileira, por ser o primeiro instrumento nacional para avaliação da qualidade da

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Educação Infantil, instituído pelo MEC. Fruto de um processo compartilhado com um

Grupo Técnico composto por diferentes entidades, universidades, especialistas,

inclusive, pela Secretaria de Educação Especial e debatido em diversos seminários

regionais, depois pré-testado em nove diferentes cidades.

De acordo com os aspectos apontados nesta pesquisa, a concepção dos

IQEI em relação à criança com deficiência, encontra-se um tanto incipiente, ora por

pressupor como incorporada à prática da Educação Especial na perspectiva

inclusiva, ora por sinalizar a Educação Especial, como atendimento à criança com

deficiência, como um serviço independente da instituição escolar.

A incorporação das práticas da Educação Especial na perspectiva inclusiva é

identificada à medida que os Indicadores pressupõem que as instituições e as

educadoras que o aplicarão, já tenham conhecimento suficiente, não sendo

necessário informá-las sobre as demais fontes de informação/formação, como fazem

em outras questões, tais como: brincadeiras, alimentação e remuneração de

professores. Esta pressuposição dos IQEI de que o processo de inclusão está

incorporado pela instituição, sendo passível de avaliação, é contradita pelas

educadoras entrevistadas, quando apontam mais dificultadores do que facilitares

para aplicação das questões dos IQEI.

Nos Indicadores, fica implícita a sinalização da Educação Especial, como um

atendimento independente, quando não aponta fontes de informação/formação

complementar às educadoras, para possibilitar-lhes suporte para a aplicação dos

IQEI ou quando esclarecem sobre, o que é o atendimento educacional

especializado, conforme o Decreto-Lei Nº 6.571/2008, em uma questão que trata de

serviços externos à instituição e não na questão de número um da categoria

atendimento especializado, que questiona se as crianças com deficiência recebem

atendimento educacional especializado - AEE quando necessitam. Desta maneira,

contribuindo com a desinformação e o distanciamento das educadoras em relação

às especificidades do atendimento à criança com deficiência.

Quanto ao atendimento educacional especializado, os Indicadores não

mencionam a fonte que melhor explicita esse atendimento (AEE) em creche, que é a

Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva Inclusiva (BRASIL, 2008a),

que a descreve como trabalhos de estimulação precoce, com o objetivo de criar

condições mais favoráveis para o processo de desenvolvimento e aprendizagem das

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crianças pequenas, com interlocução com os serviços, tanto de saúde como de

assistência social, a ser realizado nas salas de recursos multifuncionais. Ainda, não

indica a Coleção Saberes e Práticas da Inclusão – Educação Infantil do MEC

(BRASIL, 2006b), que apresenta orientações pedagógicas e propostas para

organização do serviço de atendimento educacional especializado nas instituições

de Educação Infantil.

Pelos dificultadores e facilitadores caracterizados na visão das educadoras

relacionados à criança com deficiência nos IQEI, como também pela incipiência

demonstrada no próprio instrumento, propomos com base nas reflexões de Souza,

Campos-de-Carvalho (2004); Pedrosa (2004); Freitas (2005) e (2007) que ele seja

apresentado à equipe de trabalho dentro das instituições e discutido sobre seus

conceitos, como também obtenha das Diretorias Regionais de Educação –

Municipais um apoio e supervisão para seu desenvolvimento, promovendo uma

formação continuada in loco, a partir da realidade das instituições, proporcionando

um programa de apoio para a realização do processo participativo de avaliação.

Apoiados nos relatos, sugerimos que a aplicação dos IQEI deve ser

desenvolvida em etapas, iniciando com os funcionários da instituição, depois

envolvendo uma comissão de pais, para depois abranger todas as famílias, fazendo

com que todos os envolvidos compartilhem o como e o porquê avaliar. Para que

assim, os IQEI não se tornem mais um documento ou mais um livro dentro das

instituições, sendo só identificados ou lembrados por sua capa laranja e não por seu

conteúdo.

A despeito da sugestão para a incorporação dos IQEI pelas instituições,

reconhecemos que esta pesquisa contou com um grupo limitado de educadoras

entrevistadas e contratadas de instituições de categoria administrativa, tanto pública

como privadas, contudo foram três conveniadas e apenas uma pública. Desta forma,

não foram garantidas as representatividades esperadas de duas públicas e duas

particulares, subordinadas à Secretaria Municipal de Educação.

Outra limitação apresentada nesta pesquisa foi a impossibilidade de se

aplicar o instrumento completo, nas instituições, tanto em função do tempo como

pela disponibilidade das Instituições. Quando o contato com as primeiras Instituições

foi iniciado, ainda durante a montagem do projeto, ao apresentar-se a ideia de se

aplicar o instrumento completo nas Instituições, a ideia foi descartada pelas mesmas

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por dois motivos: 1) a dificuldade de aceitar um debate sobre avaliação, e 2) o temor

em trabalhar este tema com as famílias e as educadoras em um curto espaço de

tempo. E estes motivos reestruturaram a presente pesquisa e, assim, reconhecemos

como um limitador, por não garantir mais dados para a discussão a respeito da

avaliação da qualidade nas instituições de Educação Infantil, a partir dos IQEI.

Assim, sugerimos para os próximos trabalhos de pesquisa, como

continuidade desta temática de Avaliação Institucional na Educação Infantil

Brasileira pesquisas que se aprofundem na relação entre a visão dos educadores

sobre a avaliação da qualidade na Educação Infantil e a avaliação propriamente dita

de suas instituições, como também a inter-relação entre a visão dos educadores

sobre a avaliação da qualidade na Educação Infantil, com a visão das famílias e

avaliação da qualidade propriamente dita em sua instituição.

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ANEXOS

ANEXO A

DIMENSÃO PLANEJAMENTO INSTITUCIONAL

INDICADOR 1.1. Proposta pedagógica consolidada

O 1.1.1. A instituição tem uma proposta pedagógica em forma de documento, conhecida por

todos?

O 1.1.2. A proposta pedagógica foi elaborada e é periodicamente atualizada com a

participação das professoras, demais profissionais e famílias, considerando os interesses

das crianças?

O 1.1.3. A proposta pedagógica estabelece diretrizes para valorizar as diferenças e

combater a discriminação entre brancos, negros e indígenas, homens e mulheres e

pessoas com deficiências?

INDICADOR 1.2. Planejamento, acompanhamento e avaliação

O 1.2.1. As professoras planejam e avaliam as atividades, selecionam materiais e

organizam os ambientes periodicamente?

O 1.2.2. As professoras organizam o tempo e as atividades de modo a permitir que as

crianças brinquem todos os dias, na maior parte do tempo, tanto nas áreas externas quanto

internas?

O 1.2.3. As professoras auxiliam as crianças na transição de uma atividade a outra de modo

que isso se dê de forma tranqüila?

O 1.2.4. A equipe da instituição conta com apoio da Secretaria Municipal de Educação para

supervisionar e avaliar o desempenho da instituição?

O 1.2.5. Na prática de planejamento e avaliação, criam-se condições para que as crianças

também possam manifestar suas opiniões?

INDICADOR 1.3. Registro da prática educativa

O 1.3.1. Cada professora faz registros sobre as brincadeiras, vivências, produções e

aprendizagens de cada criança e do grupo?

O 1.3.2. A instituição possui documentação organizada sobre as crianças, como ficha de

matrícula, cópia da certidão de nascimento, cartão de vacinação e histórico de saúde?

Explique a cor atribuída aos Indicadores da DIMENSÃO PLANEJAMENTO INSTITUCIONAL

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DIMENSÃO MULTIPLICIDADE DE EXPERIÊNCIAS E LINGUAGENS

INDICADOR 2.1. Crianças construindo sua autonomia

O 2.1.1. As professoras apóiam as crianças na conquista da autonomia para a realização

dos cuidados diários (segurar a mamadeira, alcançar objetos, tirar as sandálias, lavar as

mãos, usar o sanitário, etc.)?

O 2.1.2. As professoras incentivam as crianças a escolher brincadeiras, brinquedos e

materiais?

O 2.1.3. As professoras, na organização das atividades e do tempo, oferecem

simultaneamente um conjunto de atividades diferentes que podem ser escolhidas pela

criança de acordo com sua preferência?

INDICADOR 2.2. Crianças relacionando-se com o ambiente natural e social

O 2.2.1. As professoras cotidianamente destinam momentos, organizam o espaço e

disponibilizam materiais para que as crianças engatinhem, rolem, corram, sentem-se, subam

obstáculos, pulem, empurrem, agarrem objetos de diferentes formas e espessuras e assim

vivenciem desafios corporais?

O 2.2.2. As professoras possibilitam contato e brincadeiras das crianças com animais e com

elementos da natureza como água, areia, terra, pedras, argila, plantas, folhas e sementes?

O 2.2.3. A instituição leva as crianças a conhecer e a explorar, de forma planejada, os

diferentes espaços naturais, culturais e de lazer da sua localidade?

O 2.2.4. As professoras realizam atividades com as crianças nas quais os saberes das

famílias são considerados e valorizados?

O 2.2.5. As professoras criam oportunidades para que o contato das crianças com a

quantificação e a classificação das coisas e dos seres vivos seja feito por meio de jogos,

histórias, situações concretas e significativas?

INDICADOR 2.3. Crianças tendo experiências agradáveis e saudáveis com o próprio

corpo

O 2.3.1. As professoras ensinam as crianças a cuidar de si mesmas e do próprio corpo?

O 2.3.2. As professoras atendem de imediato as crianças em suas necessidades

fisiológicas, com aceitação e acolhimento?

Questão que se refere apenas a bebês e crianças pequenas

O 2.3.3. A instituição considera o ritmo da criança na retirada das fraldas e no aprendizado

do controle do xixi e do cocô?

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INDICADOR 2.4. Crianças expressando-se por meio de diferentes linguagens

plásticas, simbólicas, musicais e corporais

O 2.4.1. As professoras propõem às crianças brincadeiras com sons, ritmos e melodias com

a voz e oferecem instrumentos musicais e outros objetos sonoros?

O 2.4.2. As professoras possibilitam que as crianças ouçam e cantem diferentes tipos de

músicas?

O 2.4.3. As professoras incentivam as crianças a produzir pinturas, desenhos, esculturas,

com materiais diversos e adequados à faixa etária?

O 2.4.4. As professoras realizam com as crianças brincadeiras que exploram gestos,

canções, recitações de poemas, parlendas?

O 2.4.5. As professoras organizam espaços, materiais e atividades para as brincadeiras de

faz de conta?

O 2.4.6. As professoras promovem a participação das crianças com deficiência em todas

as atividades do cotidiano?

INDICADOR 2.5. Crianças tendo experiências agradáveis, variadas e estimulantes com

a linguagem oral e escrita

O 2.5.1. As professoras lêem livros diariamente, de diferentes gêneros, para as crianças?

O 2.5.2. As professoras contam histórias, diariamente, para as crianças?

O 2.5.3. As professoras incentivam as crianças a manusear livros, revistas e outros textos?

O 2.5.4. As professoras criam oportunidades prazerosas para o contato das crianças com a

palavra escrita?

O 2.5.5. As crianças são incentivadas a “produzir textos” mesmo sem saber ler e escrever?

Questão que se refere apenas a bebês e crianças pequenas

O 2.5.6. As professoras e demais profissionais adotam a prática de conversar com os bebês

e crianças pequenas mantendo-se no mesmo nível do olhar da criança, em diferentes

situações, inclusive nos momentos de cuidados diários?

Questão que se refere apenas a crianças de 4 até 6 anos

O 2.5.7. As professoras incentivam as crianças maiores, individualmente ou em grupos, a

contar e recontar histórias e a narrar situações?

INDICADOR 2.6. Crianças reconhecendo suas identidades e valorizando as diferenças

e a cooperação

O 2.6.1. A instituição disponibiliza materiais e oportunidades variadas (histórias orais,

brinquedos, móbiles, fotografias - inclusive das crianças, livros, revistas, cartazes, etc.) que

contemplam meninos e meninas, brancos, negros e indígenas e pessoas com

deficiências?

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O 2.6.2. A instituição combate o uso de apelidos e comentários pejorativos, discriminatórios

e preconceituosos, sejam eles empregados por adultos ou crianças?

O 2.6.3. As professoras utilizam situações cotidianas organizadas e inesperadas para que

as crianças se ajudem mutuamente e compartilhem responsabilidades e conhecimentos em

grupo (organizar brinquedos, guardar objetos, ajudar o colega a superar alguma dificuldade,

compartilhar brinquedos, etc.)?

Explique a cor atribuída aos Indicadores da DIMENSÃO MULTIPLICIDADE DE

EXPERIÊNCIAS E LINGUAGENS

DIMENSÃO INTERAÇÕES

INDICADOR 3.1. Respeito à dignidade das crianças

O 3.1.1. A instituição combate e intervém imediatamente quando ocorrem práticas dos

adultos que desrespeitam a integridade das crianças (castigos, beliscões, tapas, prática de

colocá-las no cantinho para “pensar”, gritos, comentários que humilham as crianças,

xingamentos ou manifestações de raiva devido a cocô e xixi, etc.)?

O 3.1.2. Quando há conflitos entre as crianças ou situações em que uma criança faz uso de

apelidos ou brincadeiras que humilham outra criança, as professoras e demais profissionais

intervêm?

INDICADOR 3.2. Respeito ao ritmo das crianças

O 3.2.1. As professoras organizam as atividades de modo que crianças não sejam forçadas

a longos períodos de espera?

O 3.2.2. As crianças podem dormir ou repousar, ir ao banheiro ou beber água quando

necessitam?

Questão que se refere apenas a bebês e crianças pequenas

O 3.2.3. Ao longo do dia, as professoras realizam atividades com os bebês e crianças

pequenas em diferentes lugares e ambientes?

INDICADOR 3.3. Respeito à identidade, desejos e interesses das crianças

O 3.3.1. As professoras e demais profissionais chamam as crianças pelos seus nomes?

O 3.3.2. A instituição observa e atende aos interesses e necessidades das crianças que são

recém-chegadas, estão mudando de grupo ou se desligando da instituição?

O 3.3.3. As professoras ajudam as crianças a manifestar os seus sentimentos (alegria,

tristeza, raiva, ciúme, decepção, etc.) e a perceber os sentimentos dos colegas e dos

adultos?

O 3.3.4. As crianças com deficiência recebem atendimento educacional especializado –

AEE quando necessitam?

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Questões que se referem apenas a bebês e crianças pequenas

O 3.3.5. As professoras e demais profissionais carregam os bebês e crianças pequenas no

colo ao longo do dia, propiciando interação, acolhimento e afetividade?

O 3.3.6. As professoras observam como os bebês e as crianças pequenas se comunicam

pelo olhar, pelo corpo, pelo choro e verbalizações, a fim de compreender seus interesses e

planejar o cotidiano?

INDICADOR 3.4. Respeito às idéias, conquistas e produções das crianças

O 3.4.1. As professoras e demais profissionais acolhem as propostas, invenções e

descobertas das crianças incorporando-as como parte da programação sempre que

possível?

O 3.4.2. As professoras reconhecem e elogiam as crianças diante de suas conquistas?

O 3.4.3. As produções infantis estão expostas nas salas de atividades e ambientes da

instituição?

O 3.4.4. As professoras organizam junto com as crianças exposições abertas aos familiares

e à comunidade?

INDICADOR 3.5. Interação entre crianças e crianças

O 3.5.1. As professoras organizam diariamente espaços, brincadeiras e materiais que

promovem oportunidades de interação entre as crianças da mesma faixa etária?

O 3.5.2. As professoras organizam periodicamente espaços, brincadeiras e materiais que

promovem oportunidades de interação entre crianças de faixas etárias diferentes?

O 3.5.3. As professoras organizam espaços, brincadeiras e materiais acessíveis de modo a

favorecer a interação entre as crianças com deficiência e as demais crianças?

Explique a cor atribuída aos Indicadores da DIMENSÃO INTERAÇÕES

DIMENSÃO PROMOÇÃO DA SAÚDE

INDICADOR 4.1. Responsabilidade pela alimentação saudável das crianças

O 4.1.1. A instituição dispõe de um cardápio nutricional variado e rico que atenda às

necessidades das crianças, inclusive daquelas que necessitam de dietas especiais?

Questões que se referem apenas a bebês e crianças pequenas

O 4.1.2. As professoras seguem um programa da instituição para a retirada da mamadeira e

a introdução de alimentos sólidos (frutas, verduras, etc.)?

O 4.1.3. A instituição possibilita o acesso ao leite materno?

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INDICADOR 4.2. Limpeza, salubridade e conforto

O 4.2.1. As salas de atividades e demais ambientes internos e externos são agradáveis,

limpos, ventilados e tranqüilos, com acústica que permite uma boa comunicação?

O 4.2.2. O lixo é retirado diariamente dos ambientes internos e externos?

O 4.2.3. São tomados os cuidados necessários com a limpeza e com a higiene nos

momentos de troca de fraldas e uso dos sanitários (lixeiras com pedal e tampa, retirada das

fraldas sujas do ambiente imediatamente após as trocas, higiene das mãos)?

INDICADOR 4.3. Segurança

O 4.3.1. As tomadas elétricas estão colocadas no alto das paredes e possuem tampas

protetoras seguras?

O 4.3.2. O botijão de gás atende às especificações de segurança e fica em ambiente

externo protegido?

O 4.3.3. Produtos de limpeza, medicamentos e substâncias tóxicas são devidamente

acondicionados e mantidos fora do alcance das crianças?

O 4.3.4. A instituição protege todos os pontos potencialmente perigosos do prédio para

garantir a circulação segura das crianças e evitar acidentes?

O 4.3.5. A instituição tem procedimentos, preestabelecidos e conhecidos por todos, que

devem ser tomados em caso de acidentes?

Explique a cor atribuída aos Indicadores da DIMENSÃO PROMOÇÃO DA SAÚDE

DIMENSÃO ESPAÇOS, MATERIAIS E MOBILIÁRIOS

INDICADOR 5.1. Espaços e mobiliários que favorecem as experiências das crianças

O 5.1.1. Há espaço organizado para a leitura, como biblioteca ou cantinho de leitura,

equipado com estantes, livros, revistas e outros materiais acessíveis às crianças e em

quantidade suficiente?

O 5.1.2. As janelas ficam numa altura que permita às crianças a visão do espaço externo?

O 5.1.3. Os espaços e equipamentos são acessíveis para acolher as crianças com

deficiência, de acordo com o Decreto-Lei nº 5.296/2004?

O 5.1.4. Há bebedouros, vasos sanitários, pias e chuveiros em número suficiente e

acessíveis às crianças?

O 5.1.5. A instituição disponibiliza nas salas espelhos seguros e na altura das crianças para

que possam brincar e observar a própria imagem diariamente?

O 5.1.6. Há mobiliários e equipamentos acessíveis para crianças com deficiência?

Questão que se refere apenas a bebês e crianças pequenas

O 5.1.7. A instituição prevê móveis firmes para que os bebês e crianças pequenas possam

se apoiar ao tentar ficar de pé sozinhos?

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INDICADOR 5.2. Materiais variados e acessíveis às crianças

O 5.2.1. Há diversos tipos de livros e outros materiais de leitura em quantidade suficiente?

O 5.2.2. Há brinquedos que respondam aos interesses das crianças em quantidade

suficiente e para diversos usos (de faz de conta, para o espaço externo, materiais não

estruturados, de encaixe, de abrir/fechar, de andar, de empurrar, etc.)?

O 5.2.3. Há instrumentos musicais em quantidade suficiente?

O 5.2.4. Há na instituição, ao longo de todo o ano e em quantidade suficiente, materiais

pedagógicos diversos para desenhar, pintar, modelar, construir objetos tridimensionais

(barro, argila, massinha), escrever, experimentar?

O 5.2.5. Há material individual de higiene, de qualidade e em quantidade suficiente,

guardado em locais adequados (sabonetes, fraldas, escovas de dentes e outros itens)?

O 5.2.6. Há brinquedos, móbiles, livros, materiais pedagógicos e audiovisuais que

incentivam o conhecimento e o respeito às diferenças entre brancos, negros, indígenas e

pessoas com deficiência?

O 5.2.7. Há livros e outros materiais de leitura, brinquedos, materiais pedagógicos e

audiovisuais adequados às necessidades das crianças com deficiência?

Questão que se refere apenas a bebês e crianças pequenas

O 5.2.8. Há objetos e brinquedos de diferentes materiais em quantidade suficiente e

adequados às necessidades dos bebês e crianças pequenas (explorar texturas, sons,

formas e pesos, morder, puxar, por e retirar, empilhar, abrir e fechar, ligar e desligar,

encaixar, empurrar, etc.)?

INDICADOR 5.3. Espaços, materiais e mobiliários para responder aos interesses e

necessidades dos adultos

O 5.3.1. Há espaço que permite o descanso e o trabalho individual ou coletivo da equipe

que seja confortável, silencioso, com mobiliário adequado para adultos e separado dos

espaços das crianças (para reuniões, estudos, momentos de formação e planejamento)?

O 5.3.2. Há banheiro de uso exclusivo dos profissionais, com chuveiro, pia e vaso sanitário?

O 5.3.3. Há espaços especialmente planejados para recepção e acolhimento dos familiares?

Questão que se refere apenas a bebês e crianças pequenas

O 5.3.4. Há fraldário/mesa/bancada na altura adequada ao adulto para troca de fraldas dos

bebês e crianças pequenas, com segurança?

Explique a cor atribuída aos Indicadores da DIMENSÃO ESPAÇOS, MATERIAIS E

MOBILIÁRIOS

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DIMENSÃO FORMAÇÃO E CONDIÇÕES DE TRABALHO DAS PROFESSORAS E

DEMAIS PROFISSIONAIS

INDICADOR 6.1. Formação inicial das professoras

O 6.1.1. As professoras têm, no mínimo, a habilitação em nível médio na modalidade

Normal?

O 6.1.2. As professoras são formadas em Pedagogia?

INDICADOR 6.2. Formação continuada

O 6.2.1. A instituição possui um programa de formação continuada que possibilita que as

professoras planejem, avaliem, aprimorem seus registros e reorientem suas práticas?

O 6.2.2. A formação continuada atualiza conhecimentos, promovendo a leitura e discussão

de pesquisas e estudos sobre a infância e sobre as práticas de educação infantil?

O 6.2.3. As professoras são orientadas e apoiadas na inclusão de crianças com

deficiência?

O 6.2.4. Os momentos formativos estão incluídos na jornada de trabalho remunerada dos

profissionais?

O 6.2.5. A formação continuada promove conhecimento e discussão sobre as diferenças

humanas?

O 6.2.6. As professoras conhecem os livros acessíveis para crianças com deficiência?

INDICADOR 6.3. Condições de trabalho adequadas

O 6.3.1. Há no mínimo uma professora para cada agrupamento de: - 6 a 8 crianças até 2

anos?

- 15 crianças até 3 anos?

- 20 crianças de 4 até 6 anos?

O 6.3.2. As professoras são remuneradas, no mínimo, de acordo com o piso salarial

nacional do magistério?

O 6.3.3. A instituição conhece e implementa procedimentos que visam prevenir problemas

de saúde das professoras e demais profissionais?

Explique a cor atribuída aos Indicadores da DIMENSÃO FORMAÇÃO E CONDIÇÕES DE

TRABALHO DAS PROFESSORAS E DEMAIS PROFISSIONAIS

DIMENSÃO COOPERAÇÃO E TROCA COM AS FAMÍLIAS E PARTICIPAÇÃO NA REDE

DE PROTEÇÃO SOCIAL

INDICADOR 7.1. Respeito e acolhimento

O 7.1.1. Os familiares sentem-se bem recebidos, acolhidos e tratados com respeito na

instituição, inclusive em seu contato inicial?

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O 7.1.2. As professoras e demais profissionais sentem-se respeitadas/os pelos familiares?

O 7.1.3. Reuniões e entrevistas com os familiares são realizadas em horários adequados à

participação das famílias?

O 7.1.4. O horário de funcionamento e o calendário da instituição atendem às necessidades

das famílias?

O 7.1.5. As professoras e demais profissionais conhecem os familiares das crianças (seus

nomes, onde trabalham, sua religião, onde moram, se as criança têm irmãos)?

O 7.1.6. Há critérios para matrícula das crianças, amplamente discutidos com a

comunidade?

O 7.1.7. Os familiares das crianças com deficiência são bem acolhidos e conhecem o

direito de seus filhos à educação?

INDICADOR 7.2. Garantia do direito das famílias de acompanhar as vivências e

produções das crianças

O 7.2.1. Há reuniões com os familiares pelo menos três vezes por ano para apresentar

planejamentos, discutir e avaliar as vivências e produções das crianças?

O 7.2.2. Os familiares recebem relatórios sobre as aprendizagens, vivências e produções

das crianças, pelo menos duas vezes ao ano?

O 7.2.3. Familiares de crianças novatas são auxiliados e encorajados a ficar na instituição

até que as mesmas se sintam seguras?

O 7.2.4. Em caso de atendimento à população do campo e ribeirinha, quilombolas,

indígenas, a instituição respeita a identidade dessas populações, seus saberes e suas

necessidades específicas?

INDICADOR 7.3. Participação da instituição na rede de proteção dos direitos das

crianças

O 7.3.1. A instituição acompanha a freqüência das crianças e investiga as razões das faltas?

O 7.3.2. A instituição encaminha ao Conselho Tutelar os casos de crianças com sinais de

negligência, violência doméstica, exploração sexual e trabalho infantil?

O 7.3.3. A instituição comunica os casos de doenças infecciosas às famílias e ao Sistema

de Saúde?

O 7.3.4. A instituição encaminha para a sala de recursos multifuncionais as crianças com

deficiência que necessitam de atendimento educacional especializado?

O 7.3.5. A Secretaria Municipal de Educação informa as instituições de educação infantil

sobre os serviços de educação especial existentes?

Explique a cor atribuída aos Indicadores da DIMENSÃO COOPERAÇÃO E TROCA COM

AS FAMÍLIAS E PARTICIPAÇÃO NA REDE DE PROTEÇÃO SOCIAL

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ANEXO B

ROTEIRO DE ENTREVISTA

Data: ___/___/___. Identificação do educador:___.

Você conhece os Indicadores da Qualidade na Educação Infantil? ( ) Sim ( ) Não, se não apresentar o Instrumento

QUESTÕES DOS IQEI

Gostaríamos que você opinasse apontando facilitadores e dificultadores para a avaliação

destas questões em sua instituição, de acordo com a proposta de avaliação dos IQEI.

1. As professoras promovem a participação das crianças com deficiência em todas as

atividades do cotidiano?

2. As crianças com deficiência recebem atendimento educacional especializado – AEE

quando necessitam?

3. As professoras organizam espaços, brincadeiras e materiais acessíveis de modo a

favorecer a interação entre as crianças com deficiência e as demais crianças?

4. Os espaços e equipamentos são acessíveis para acolher as crianças com deficiência,

de acordo com o Decreto-Lei nº 5.296/2004?

5. Há mobiliários e equipamentos acessíveis para crianças com deficiência?

6. Há livros e outros materiais de leitura, brinquedos, materiais pedagógicos e audiovisuais

adequados às necessidades das crianças com deficiência?

7. As professoras são orientadas e apoiadas na inclusão de crianças com deficiência?

8. As professoras conhecem os livros acessíveis para crianças com deficiência?

9. Os familiares das crianças com deficiência são bem acolhidos e conhecem o direito de

seus filhos à educação?

10. A instituição encaminha para a sala de recursos multifuncionais as crianças com

deficiência que necessitam de atendimento educacional especializado?

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ANEXO C

CARTA DE INFORMAÇÃO À INSTITUIÇÃO

O projeto de pesquisa “INDICADORES DA QUALIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL RELACIONADOS ÀS CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA” se propõe a caracterizar a visão dos educadores em relação aos Indicadores da Qualidade na Educação Infantil (MEC- 2009), destacando-se os aspectos relacionados à criança com deficiência. Para tal solicitamos sua autorização para que a instituição possa participar do estudo, que consistirá em um processo de entrevistas com os educadores.

Em qualquer etapa do estudo você terá acesso ao Pesquisador para o esclarecimento de eventuais dúvidas, no endereço abaixo. Caso você tenha alguma consideração ou dúvida sobre os aspectos éticos da pesquisa, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Presbiteriana Mackenzie - Rua da Consolação, 896 - Ed. João Calvino - Mezanino. Aos participantes e à Instituição cabe o direito de retirar-se do estudo a qualquer momento, sem prejuízo algum. As informações coletadas serão analisadas em conjunto com a de outros participantes e será garantido sigilo absoluto sobre as questões respondidas, sendo resguardado o nome dos participantes, bem como a identificação do local da coleta de dados.

Assim, considerando-se o exposto, solicitamos a autorização desta Instituição para o contato com os sujeitos de pesquisa. _________________________ ______________________________ Caroline F. S. Miranda Profª. Drª. Sueli Galego de Carvalho e-mail: [email protected] e-mail: [email protected] __________________________________________________________________________

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Pelo presente instrumento que atende às exigências legais, o(a) senhor (a) ____________________________________, representante da Instituição, após a leitura da CARTA DE INFORMAÇÃO À INSTITUIÇÃO, ciente dos procedimentos a serem realizados, seus desconfortos, riscos e garantias de confidencialidade e, não restando quaisquer dúvidas a respeito do lido e do explicado, firma seu CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO de concordância quanto à realização da pesquisa.

Fica claro que a Instituição, através de seu representante legal, pode, a qualquer momento, retirar seu CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO e deixar de participar da pesquisa e fica ciente que todo trabalho realizado torna-se informação confidencial, guardada por força do sigilo profissional. São Paulo,.......de........................... de 2010. _______________________________________ Assinatura do Representante Legal da Instituição

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ANEXO D

CARTA DE INFORMAÇÃO AO SUJEITO DE PESQUISA

O projeto de pesquisa “INDICADORES DA QUALIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL RELACIONADOS ÀS CRIANÇAS COM DEFICIÊNCIA” se propõe a caracterizar a visão dos educadores em relação aos Indicadores da Qualidade na Educação Infantil (MEC-2009), destacando-se os aspectos relacionados à criança com deficiência. Para tal solicitamos sua autorização para que a instituição possa participar do estudo, que consistirá em um processo de entrevistas com os educadores.

Em qualquer etapa do estudo você terá acesso ao Pesquisador para o esclarecimento de eventuais dúvidas, no endereço abaixo. Caso você tenha alguma consideração ou dúvida sobre os aspectos éticos da pesquisa, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Presbiteriana Mackenzie - Rua da Consolação, 896 - Ed. João Calvino - Mezanino.

Aos participantes cabe o direito de retirar-se do estudo a qualquer momento, sem prejuízo algum. As informações coletadas serão analisadas em conjunto com a de outros participantes e será garantido sigilo absoluto sobre as questões respondidas, sendo resguardado o nome dos participantes, bem como a identificação do local da coleta de dados.

Desde já agradecemos a sua colaboração. _________________________ ______________________________ Caroline F.S. Miranda Profª. Drª. Sueli Galego de Carvalho e-mail: [email protected] e-mail: [email protected] _________________________________________________________________________

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO Pelo presente instrumento, que atende às exigências legais, o(a) senhor(a) ________________________________, responsável pelo sujeito de pesquisa, após leitura da CARTA DE INFORMAÇÃO AOS RESPONSÁVEIS, ciente dos procedimentos a serem realizados, seus desconfortos, riscos e garantias de confidencialidade e, não restando quaisquer dúvidas a respeito do lido e do explicado, firma seu CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO de concordância em participar da pesquisa proposta.

Fica claro que o responsável pode, a qualquer momento, retirar seu CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO e deixar de participar da pesquisa, e fica ciente que todo trabalho realizado torna-se informação confidencial, guardada por força do sigilo profissional. São Paulo,.......de........................... de 2010. _______________________________________ Assinatura do Sujeito de Pesquisa

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ANEXO E

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