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ÍNDICES EXPORTAÇÃO DO AGRONEGÓCIO 2018

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As exportações brasileiras de produtos agropecuários atingiram novo recorde, em volume e valor, em 2018. Com exce-

ção de setembro, em todos os outros meses do ano os embarques se mantiveram acima dos vo-lumes mensais observados em 2017. A boa sa-fra desse ano, que foi a segunda maior colheita de grãos da história do País, foi fator importante para que o setor atingisse esse novo recorde. Cálculos do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, mostram que o volume exportado pelo se-tor agrícola (IVE-Agro/Cepea) cresceu 4,7% no ano. Em dezembro de 2017 comparativamente ao mês de dezembro de 2018, houve forte cres-cimento de 29% das exportações da soja em grão. No ano, os embarques da soja em grão deram um salto de 23%, enquanto os do milho recuaram. As vendas externas das três princi-pais carnes (bovina, suína e de frango) cresce-ram em dezembro de 2018 comparativamente a dezembro de 2017; porém, no acumulado do ano, apenas a carne bovina conseguiu sustentar esse aumento, que foi de 12%. O setor florestal, por sua vez, também teve um bom ano, com crescimento de 9% em 2018 frente a 2017. Os preços médios em dólares rece-bidos pelos exportadores do setor agrope-cuário se mantiveram praticamente estáveis em 2018. A média anual recuou 0,60% na comparação com 2017. Durante todo o ano de 2018 o IPE-Agro/Cepea oscilou, mas, no acumulado do ano, se manteve bem próxi-mo da média de 2017. Esse comportamento deve-se à confirmação da boa oferta mun-dial e, principalmente, da brasileira (Figura 1).

A taxa de câmbio efetiva real do agronegócio (IC-Agro/Cepea), calculada com base nas exportações brasileiras para os 10 principais parceiros comerciais, apresentou elevação durante todo o ano, devido às dis-putas eleitorais no País. O Real se desvalo-rizou em 2018; com isso, a taxa de câmbio efetiva acumulou alta de 7,5% em 2018. Na comparação entre dezembro/18 e dezem-bro/17, a moeda nacional se desvalorizou 4%. Como os preços externos se man-tiveram estáveis em 2018, a desvalorização do Real na média do ano puxou a atrativida-de dos produtos do agronegócio. Assim, o Índice de Atratividade do Agronegócio (IA-T-Agro/Cepea) acumulou altas de 7,3% em 12 meses e de 4,3% em dezembro/18 na comparação com dezembro/17 (Figura (1). Com o crescimento das vendas (em volume) a preços estáveis, na média do ano, o fatu-ramento em dólar do setor cresceu 6% em 2018, fechando em US$ 101 bilhões. Em Re-ais, a alta foi mais forte, de quase 13%, de-vido à desvalorização da moeda nacional. A Figura 2 mostra o comportamento dos ín-dices calculados pelo Cepea ao longo dos úl-timos 19 anos (de 2000 a 2018). Nesse perí-odo, o volume exportado pelo agronegócio brasileiro (IVE-Agro/Cepea) apresentou forte crescimento (328%), os preços médios em dólar (IPE-Agro/Cepea) subiram 67%, apesar das quedas a partir de 2011, e o Real (IC-A-gro/Cepea) se valorizou 48%. Como resultado, nesses 19 anos, a atratividade das exporta-ções agro (IAT-Agro/Cepea) caiu quase 13%, ficando mais estável nos últimos três anos.

Agronegócio registra mais um recorde de

vendas externas em 2018

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Figura 1 - IPE-Agro, IVE-Agro, IAT-Agro e IC-Agro. Dados mensais de janeiro de 2017 a dezembro de 2018 (índice: jan/17=100)

Fonte: Cepea/Esalq/USP; com base em dados do MDIC.

Figura 2 - IPE-Agro/Cepea, IVE-Agro/Cepea, IAT-Agro/Cepea e IC-Agro/Cepea. Dados anualizados (Índice: 2000=100)

Fonte: Cepea/Esalq/USP; com base em dados do MDIC.

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Balança comercial

Em 2018, o setor agrícola brasileiro teve mais uma vez um bom desempenho no comércio com o resto do mundo. A boa

oferta agrícola desse ano, de aproximadamente 230 milhões de toneladas de grãos, segundo a Conab, foi suficiente para atender com folga a demanda brasileira por alimentos, fibras e ener-gia. Além disso, essa oferta gerou excedentes para que as exportações atingissem patamares recordes. Desse modo, além de influenciar na queda dos índices de inflação, que ficaram abai-xo da meta estabelecida pelo governo federal, foi fundamental também para a estabilidade do câmbio, visto que resultou em expressivo superávit nas relações comerciais com o res-to do mundo, gerando significativa entrada de divisas, que compensaram o déficit comercial

de outros setores produtivos. Enquanto o sal-do comercial dos outros setores ficou negativo em quase US$ 29 bilhões em 2018, o superávit gerado pelo agronegócio foi superior a US$ 87 bilhões no ano, mais que compensando toda a saída de moeda estrangeira (dólar) do País. Nes-se cenário, a balança comercial brasileira fechou 2018 com superávit superior a US$ 58 bilhões. A participação do agronegócio nas ex-portações totais do País foi de 42% e ficou um pouco abaixo da participação do ano anterior. No acumulado dos últimos 19 anos (de 2000 a 2018), o saldo comercial do agronegócio bra-sileiro (receitas das exportações menos gastos com importações em dólares) aumentou quase seis vezes, com crescimento de 469% (Figura 3).

Figura 3 - Evolução do saldo comercial do agronegócio brasileiro (índice:2000=100)

Fonte: Cepea/Esalq/USP; com base em dados do MDIC.

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Em 2018, os produtos do complexo da soja foram os que mais contribuíram para o crescimen-to das exportações (volume) do agronegócio bra-sileiro (IVE Agro/Cepea). Em relação a 2017, os embarques da soja em grão cresceram 23%; do farelo de soja, 19% e os do óleo, 5%. Outros pro-dutos que também apresentaram aumento foram o etanol (19,7%), o suco de laranja (14,5%), a

carne bovina (11,8%), a madeira (10,3%), o café (10,1%) e o algodão em pluma (9,7%). Por outro lado, recuaram as vendas das frutas (-1,6%), das carnes de aves (5%), da carne suína (-7,4%), do milho (-18,4%) e do açúcar (-25,4%) em rela-ção aos volumes exportados em 2017 (Figura 4).

Figura 4 - Volume das Exportações para Produtos Específicos (IVE-Agro/Cepea) – variações percentuais referentes às exportações de 2018 em comparação com 2017

Fonte: Cepea/Esalq/USP; com base em dados do MDIC.

Exportações dos principais produtos

O preço em dólar (IPE-Agro/Cepea) caiu para a maioria dos principais produtos exporta-dos pelo agronegócio brasileiro em 2018 frente ao ano anterior. Nesse período, apresentaram queda os valores em dólar da carne bovina (-2%), do suco de laranja (-3,8%), das carnes de aves (-5,3%), do óleo de soja (-5,6%), do

etanol (-6,8%), do café (-14,9%), da carne suí-na (-20%) e do açúcar (-23,1%). Porém, os va-lores se mantiveram em alta para os produtos do setor florestal - madeira (15,2%) e celulose (15%) - para farelo de soja (13,2%) e soja em grão (5,2%); milho (10%), algodão em plu-ma (6,5%) e para as frutas (3,1%) (Figura 5).

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Figura 6 - Índices de Atratividade da Exportação de Produtos Específicos (IAT/Cepea) – variações percentuais referentes a 2018 em comparação com 2017

Fonte: Cepea/Esalq/USP; com base em dados do MDIC.

A desvalorização do Real em 2018 afe-tou positivamente a atratividade das expor-tações do agronegócio. Desse modo, os pre-ços internalizados em Reais (IAT-Agro/Cepea) cresceram para a grande maioria dos produtos

exportados pelo setor. As vendas para o merca-do internacional só não ficaram mais atrativas para o café (-8,5%), a carne suína (-13,7) e o açúcar (-17,3%) entre 2017 e 2018 (Figura 6).

Figura 5 - Preços de Exportação para Produtos Específicos (IPE/Cepea) – variações percentuais referentes a 2018 em compa-ração com 2017

Fonte: Cepea/Esalq/USP; com base em dados do MDIC.

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As exportações dos produtos do agrone-gócio brasileiro continuam tendo a China como principal destino. Em 2018, a disputa comercial desse país com os Estados Unidos favoreceu o Brasil, principalmente quanto aos embarques do complexo soja. A participação chinesa no total das exportações brasileiras do agronegó-cio foi de 35,1% em 2018, acima do registrado em 2017, que tinha sido de 28% (Figura 7). A soja em grão continua sendo o principal pro-duto enviado ao país, que adquiriu 83% do to-tal da oleaginosa exportada pelo Brasil nesse ano. A China também é o principal destino das carnes bovina (30%) e suína (29%) e o segun-do principal destino das carnes de aves (14%). A Europa também é um destino im-portante para os produtos brasileiros, ficando

na segunda posição (Figura 7). Os países da Zona do Euro adquiriram 13% do volume to-tal exportado pelo agronegócio brasileiro em 2018, percentual que continua se reduzin-do ano a ano, cedendo espaço para a China. Os Estados Unidos são o terceiro destino das exportações do agronegócio bra-sileiro e têm mantido sua participação pró-xima de 6% nos últimos anos (Figura 7). Outros países asiáticos que têm eleva-do sua participação são: Hong Kong, Irã, Japão, Coreia do Sul, Arábia Saudita. A participação do grupo dos “demais países” caiu um pouco em re-lação a 2017 e ficou em 26,4% do total em 2018 – esse grupo engloba 189 países com pequena participação individual, mas, que, juntos, tiveram a segunda maior relevância em 2018 (Figura7).

Figura 7 - Principais destinos das exportações do agronegócio brasileiro em 2018, de acordo com participação no fatura-mento em dólar

Fonte: Cepea/Esalq/USP; com base em dados do MDIC.

Principais destinos

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Principais setores

O forte crescimento dos embarques da soja em grão contribuiu para o bom desempe-nho do complexo da oleaginosa em 2018.

Assim, o valor das vendas externas brasileiras do grupo cereais/leguminosas/oleaginosas repre-sentou 44% do total nacional. Cana e sacaríde-os (7,4%), produtos florestais (13,7%), bovíde-os (9%), suínos e aves (6%), café e estimulantes (5%) e frutas (3,5%) aparecem em seguida. O

setor de carnes (bovina, de aves e de suínos) obteve participação de quase 17% no total das exportações agro do Brasil. Chama a atenção o complexo da soja, que teve aumento na partici-pação de quase 8 pontos percentuais (p.p) em relação a 2017, devido ao forte crescimento dos embarques nesse ano. Já os outros setores (su-croalcooleiro, carnes, madeira etc) tiveram a par-ticipação reduzida em relação à 2017 (Figura 8).

Em relação aos destinos dos principais produtos do agronegócio, o Irã foi responsável por demandar 31% do total de milho exportado pelo Brasil, seguido por Espanha (11%) e Egito (10%). Os principais destinos dos embarques do etanol foram majoritariamente os Estados Uni-dos, com 57% das exportações brasileiras do pro-duto, Coreia do Sul, com 29% e Japão, com 6%. No caso do mercado do farelo de soja, os destaques em termos de destino das expor-

tações nacionais foram os Países Baixos, que compraram 19% do produto, a Tailândia, que adquiriu 15%, Indonésia, com 11% e Coreia do Sul, 11%. A Índia tem sido o destino mais importante para o óleo de soja, demandando 52% desse derivado brasileiro, e a China apa-rece em segundo lugar, com 16% do total. Em relação ao açúcar, os países mais relevan-tes foram Argélia (10%), Índia (8%), Bangla-desh (8%) e os Emirados Árabes Unidos (7%).

Foto: Mauro Osaki/Cepea

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Figura 8 - Exportações brasileiras por grupo de produto, em 2017 e 2018

Fonte: Cepea/Esalq/USP; com base em dados do MDIC.

Grupo de produtos2017 % do total

exportado2018 % do total

exportado%

Valor (US$ bi) Valor (US$ bi)

Texteis 2.018439475 2.1% 2.209336985 2.2% 9.46%

Bovídeos 8.646677642 9.0% 9.070774078 8.9% 4.90%

Pescado 0.247992081 0.3% 0.252804615 0.2% 1.94%

Café e esterídeos 5.722297149 6.0% 5.397023699 5.3% -5.68%

Cana e Sacarídeas 12.25960433 12.8% 7.49068113 7.4% -38.90%

Frutas 3.337171825 3.5% 3.580514724 3.5% 7.29%

Olerícolas 0.374977144 0.4% 0.351237774 0.3% -6.33%

Flores e ornamentais 0.026005861 0.0% 0.022136793 0.0% -14.88%

Cereais/leguminosas/Oleaginosas 36.02106397 37.6% 44.8673167 44.1% 24.56%

Gorduras Vegetais 1.425691893 1.5% 1.390893092 1.4% -2.44%

Grãos p/ consumo direto 0.342195528 0.4% 0.583844415 0.6% 70.62%

Produtos Florestais 11.3194058 11.8% 13.92169771 13.7% 22.99%

Suínos e aves 8.847546874 9.2% 7.747415536 7.6% -12.43%

Fumo 2.092163076 2.2% 1.987866351 2.0% -4.99%

Agronegócios Especiais 1.681828038 1.8% 1.516516787 1.5% -9.83%

Nichos produção Vegetal 1.329256952 1.4% 1.276924055 1.3% -3.94%

Total 95.69231764 100.0% 101.6669844 100.0% 6.24%

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COORDENAÇÃO GERAL: Geraldo Sant’Ana de Camargo Barros, Ph.D, Pesquisador Chefe/Coordenador Científico do Cepea-Esalq/USP PESQUISADORA DO CEPEA: Andréia Cristina de Oliveira Adami, Dra. EQUIPE TÉCNICA: Victor Suursoo de Souza, graduando em Ciências Econômicas CONTATOS: (19) 3429-8836/37 • [email protected] INFORMAÇÃO: www.cepea.esalq.usp.br

EXPEDIENTE

CONCLUSÕES

Em 2018, mais uma vez, o setor exportador do agronegócio brasileiro teve desempe-nho recorde. O faturamento em dólar cres-

ceu 6%, puxado pelo aumento de quase 5% dos embarques, visto que os preços se mantive-ram praticamente estáveis. A colheita brasileira de grãos, segunda maior da história, favoreceu o crescimento do volume exportado, enquanto a inflação doméstica se manteve comportada. Além disso, o Real se desvalorizou por conta dos turbulências internas. Com isso, a taxa de câmbio efetiva real aumentou 7,5%, contri-buindo para um crescimento de aproximada-mente 12% do faturamento em Reais em 2018. A disputa comercial entre a China e os Estados Unidos favoreceu o Brasil. Dian-te do imbróglio entre os dois países, as ven-das brasileiras para o país asiático cresceram significativamente e a participação da China nas exportações totais do setor foi de 35%. A soja foi a estrela do ano e, considerando ain-da o óleo e o farelo, o crescimento dos produ-tos do complexo como um todo foi de 29%. A carne bovina também teve bom de-sempenho, mesmo em ano crítico para o se-tor. Já as carnes de frango e suína, apesar da recuperação dos embarques em dezembro, não conseguiram fechar o ano com cresci-mento nas vendas ao mercado internacional.

Enquanto a participação da China cresce, outros destinos, como Zona do Euro, Estados Unidos, Rússia e Japão, reduzem a participação nas vendas externas dos produtos do agronegócio brasileiro. Em 2018, Argenti-na e Tailândia também se destacaram como importantes parceiros comerciais do Brasil. Para 2019, há expectativa de que a produção agropecuária brasileira fique um pouco abaixo da obtida em 2018, segundo a Conab, por conta de eventos climáticos que já afetaram a produção agrícola em impor-tantes estados produtores neste início de ano. Internamente ainda há muita incer-teza sobre as reformas prometidas pelo se-tor público e os rumos da economia brasilei-ra em 2019, o que pode afetar o câmbio. Se tudo correr bem, o Real deve se valorizar, o que pode não favorecer exportadores. Ainda há riscos de restrições ao comércio por parte de importantes parceiros comerciais do País, o que é um grande desafio, principalmen-te para os exportadores de carne de frango. No front externo, a safra america-na e os desdobramentos da disputa com a China também podem trazer novidades. Desse modo, qualquer previsão para 2019 num ambiente de tantas incertezas tem que considerar um elevado grau de risco.