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ENTREVISTA BERNARDA MARTINS “A INDÚSTRIA TRANSFORMADORA DEVE ASSENTAR ESSENCIALMENTE NA ACTIVIDADE PRIVADA” IN DÚSTRIA REVISTA MINISTÉRIO DA INDÚSTRIA N.º 01 Julho/Setembro 2014 JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS ESTADO E SECTOR PRIVADO ESTÃO A CRIAR DINÂMICA DE CRESCIMENTO ALAVANCA PARA A MELHORIA DA QUALIDADE DE VIDA NOS MUNICÍPIOS

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ENTREVISTABERNARDA MARTINS

“A INDÚSTRIA TRANSFORMADORA DEVE ASSENTAR ESSENCIALMENTE NA ACTIVIDADE PRIVADA”

INDÚSTRIA REVISTAMINISTÉRIO

DA INDÚSTRIA

N.º 01Julho/Setembro 2014

JOSÉ EDUARDO DOS SANTOS

ESTADOE SECTOR PRIVADOESTÃO A CRIARDINÂMICADE CRESCIMENTO

ALAVANCAPARA A MELHORIA DA QUALIDADEDE VIDA NOS MUNICÍPIOS

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Revista da Indústria 1

“A nossa economia tem de ser competitiva”

“Os nossos programas provinciais de desenvolvimento não devem perder de vista essa perspectiva. Isto é, aumentar a poupança interna e mobilizar o investimento privado para financiarmos os nossos empreendimentos”

Ao terminarmos a visita dos empreendimentos que inauguramos esta manhã,

constatamos que Benguela está efectivamente na via do progresso. Há muitas

iniciativas do Estado e do sector privado que estão a criar uma impressionante

dinâmica de crescimento e revelam a vitalidade e criatividade dos agentes

económicos e sociais desta Província.

A abertura da linha internacional do caminho-de-ferro de Benguela vai reforçar

essa tendência, criar novas oportunidades de negócios para os empresários

angolanos e investidores estrangeiros e gerar também novos postos de trabalho.

O desafio que se coloca agora diante de nós é como sustentar esse crescimento.

Sabemos que o dinheiro proveniente da produção e exportação do petróleo já

não é suficiente para financiar tudo. Temos assim de ser criativos para tentar

criar outras fontes de receita do Estado, diversificando a produção, substituindo

as importações e aumentando as exportações de outros produtos.

Para se alcançar isso, a nossa economia tem de ser competitiva em relação

às de outros países, sobretudo os da nossa região. Temos de produzir bens de

boa qualidade a preços mais baixos; devemos ter boas vias de comunicação,

água, energia, boas telecomunicações, mais força de trabalho qualificada e isso

associado a uma adequada política cambial e fiscal.

Na realidade, estamos a trabalhar neste sentido. Assim, os nossos programas

provinciais de desenvolvimento não devem perder de vista essa perspectiva.

Isto é, aumentar a poupança interna e mobilizar o investimento privado para

financiarmos os nossos empreendimentos e estabelecer correctamente as

prioridades.

Agradeço a recepção calorosa que nos foi reservada, em meu nome pessoal e em

nome da delegação que me acompanhou de Luanda para cá. Desejo boas festas

aos habitantes do Lobito e muita saúde e felicidades.

(Discurso do Presidente da República, José Eduardo dos Santos,

proferido no Lobito no dia 21 de Agosto de 2014)

A PALAVRA DO PRESIDENTE

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14Indústriamais robustaem 2014

A promoção da competitividade e o desenvolvimento sustentável dos vários sectores da actividade económica, bem como a coordenação entre os investimentos públicos e privados são algumas das prioridades eleitas pelo Ministério da Indústria para este ano.

24Ministra da Indústriana primeira pessoa “O meu sonho é ver todo o povo feliz”

34CABINDANos últimos anos, a indústria transformadora na Província tem mostrado uma tendência de crescimento, apesar de algumas debilidades estruturais.

SUMÁRIO

2 Revista da Indústria

4 Organigrama do Ministério da Indústria

5 Breves

16 A importância do MIND

18 Índice de Produção Nacional

20 Censo em marcha

32 Em Foco: PROFIR

40 Investir em Angola

44 Boas práticas

45 Nossa Gente: Isabel Machado

46 Lazer

48 Página Final

PROPRIEDADEMinistério da Indústria do Governo de AngolaRua Cerqueira Lukoki, nº25 1°andarTel: +244 (222) 392 705/ tel: 92435219 [email protected]

DIRECTORA EXECUTIVADra. Albertina Rita GomesChefe do CDI - Centro de Documentação e Informação do Ministério da Indústria de AngolaTel: 931 716 514/948 572 149

EDITOR EXECUTIVOJoão Carlos

REDACÇÃOAdriano de Sousa, Celso Malavoloneke, Tânia Mendes, Vânia Buca, Silvia Patricia

PRODUÇÃO E SUPERVISÃOMovimento – Comunicação IntegradaRua Frederico Welwitsch, nº 82Bairro MaculussoTel: 924608420 / [email protected]@gmail.comLuanda – Angola

PROJETO GRÁFICO E PAGINAÇÃODigiscript, [email protected]

IMPRESSÃODamer Gráficas S.A.Edifício Damer GráficasSector de Talatona CS8-GU15Município da SambaBenfica | Luanda – AngolaTelef: [email protected] TIRAGEM1000 EXEMPLARES

Distribuição Gratuita

Os artigos assinados refletem a opinião dos autores e não necessariamente da revista. Toda a transcrição, parcial ou total, é autorizada, desde que citada a fonte. A correspondência deve ser dirigida à Movimento – Comunicação Integrada, Rua Frederico Welwitsch, nº 82, Bairro do Maculusso, Luanda – Angola.

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Revista da Indústria 3

Com imenso prazer, o Ministério da Indústria apresenta a primeira edição da

Revista Indústria.

Pretendemos, deste modo, interagir com o leitor, dando-lhe a conhecer as

actividades que o nosso Ministério desenvolve e os desafios que o processo de

desenvolvimento nos coloca na esfera da promoção e implementação de políticas

e medidas relativas ao sector da indústria transformadora, face aos desígnios do

Programa do Governo e do Plano Nacional de Desenvolvimento 2103-2017.

Após um período de organização interna e de definição dos instrumentos

de trabalho, estamos hoje em condições da dar continuidade, com o devido

enquadramento institucional e técnico e maior vigor, à implementação dos

programas e medidas consignadas ao nosso sector.

Neste contexto, procedemos à definição da estrutura orgânica do Ministério

da Indústria, reformamos os seus órgãos, em especial os Institutos, prosseguimos

com a melhoria do enquadramento da problemática da qualidade, da

normalização e da acreditação, a definição do modelo de gestão dos pólos de

desenvolvimento industrial, a articulação das necessidades das empresas com a

formação profissional, a inovação e tecnologias industriais, com as universidades

e outras instituições de relevância.

No mesmo sentido, demos início ao recenseamento das unidades indústrias

nacionais (CIANG), melhoramos os processos de licenciamento e de recolha de

dados sobra a produção industrial, elaborámos o Programa de Industrialização de

Angola para o período 2013-2017, o Programa de Fomento da Pequena Indústria

Rural (PROFIR), a Estratégia de Formação Profissional, etc.. Os respectivos

Programas Executivos apresentam as medidas e as acções preconizadas.

No domínio das iniciativas relacionadas com a Governação Electrónica e

dando seguimento às orientações do Plano Estratégico (PEGE), o Ministério da

Indústria vem desenvolvendo um conjunto de acções relevantes. Decorrem

intervenções a nível das infraestruturas de comunicações para ligação à

rede privativa do Governo, a melhoria da rede interna para garantir melhor

conectividade, a disponibilização de um conjunto de serviços e aplicações, como

o correio electrónico institucional e a gestão documental, bem como a necessária

capacitação dos recursos humanos.

Com o quadro estabelecido e os instrumentos definidos, estamos hoje em

condições de implementar os programas e projectos à luz das orientações

superiormente estabelecidas. A hora é de implementação.

Vamos, pois, à medida da concretização desta nova fase, apresentando nesta

revista os seus momentos mais significativos. Nesse sentido, esta edição conta

com temas que vão da apresentação do organigrama do Ministério à descrição

de projectos industriais.

Bernarda Gonçalves Martins, Ministra da Indústria

É hora de implementar medidas

“Estamos hoje em condições de implementar os programas e projectos à luz das orientações superiormente estabelecidas. A hora é de implementação”

MENSAGEM DA MINISTRA

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4 Revista da Indústria

OrganigramaMinistério da Indústria

Ministro

Gabinete do Ministro

Secretáriode Estado

ConselhoExecutivo

Gabinete Est. Plan.Estatística

Gabinete de

Inspecção

Gabinete de Intercâmbio

Gabinete Jurídico

Gabinete de Tecnologias e Informação

Departamentode Acomp. à

Industrialização

Departamentode Cad.

Industrial

Dep. de Est.e Polit.

Industrial

Dep.de Lic.

Industrial

Departamento de Inovação

Industrial

Departamento de Apoio

e Controlo

Departamentode Orç. e Admin. do Património

Departamentode Estudos e Estatística

Departamentode Inspecção

DepartamentoFormação e

Aval.de Desempenho

Departamentode

Planeamento

Departamento de EstudosProgramase Análise

Dep.de Arquiv.

Regist. e Gest. Dados

Centro de Doc.e Informação

Secçãode

Informação

Dep.de Monit. e Control

Secçãode Rel. Públ.

e Protoc.

Secçãode

Expedien.

Departamento de Relações Públicas

e Expediente

Gabinete do Secretário

do Estado

Conselhoda Direcção

ServiçosExecutivos Directos

Serviçosde ApoioTécnico

Gabinete Téc.de Promoçãodo Ambiente eSeg. na Indústr.

SecretariaGeral

Gabinete de Rec.

Humanos

Dep. de Gest.Compet. e Desenv.

de Carreira

Secção de Gestão do

Orçamento

Secção de Administr. ePatrimónio

ÓrgãosTutelados

IDIA IANORQIDAPI

Secçãode

Document.

Direcção Naci. de Cad. e Lic.

Industrial

Direcção Naci. de

Industrialização

MINISTÉRIO

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As obras do futuro Pólo Industrial de Futila,

localizadas a 20 quilómetros da norte da cidade de

Cabinda, decorrem a bom ritmo, estando prevista

a sua entrega no mês de Dezembro deste ano. A unidade,

que está a ser erguida numa área de 2345 hectares, vai

comportar actividades ligadas à indústria ligeira, petrolífera

e petroquímica, bem como infraestruturas administrativas.

“No final de Dezembro teremos a obra completa e

começaremos a instalar algumas indústrias, prontas a operar,

com condições de energia, água e saneamento”, assegurou

a Ministra da Indústria de Angola, Bernarda Gonçalves

Martins, quando visitou o local a 17 de Julho do ano corrente,

acompanhada de altos funcionários do seu Ministério.

A primeira fase, que corresponde à fase A, comporta a

urbanização, infraestruturação e instalação já de algumas

indústrias. Na fase B está prevista a instalação das indústrias

químicas e petroquímicas, bem como da zona residencial. Na

fase C prevê-se a transformação do pólo numa zona franca,

conforme fez saber João Martins, empreiteiro da obra.

No mesmo dia, a Ministra da Indústria visitou as obras

de construção de uma moageira, que se ocupará do

processamento de farinha de trigo. Na localidade de Alzira

Pólo Industrial do Futila concluído no final do ano

INDÚSTRIA EM BREVES

da Fonseca, em Buco-Zau, esteve numa fábrica de óleo de

palma e de amendoim. Nesta última, a obra se encontra a

70% de execução física. Os equipamentos já se encontram

no local. A mesma comporta quatro naves para produção

e área administrativa, que comporta escritórios, refeitórios

e balneários e zona residencial. Terá a capacidade de

transformar mensalmente 37 mil quilogramas de matéria-

prima em óleo de palma, 70 mil quilogramas em óleo de

coconote e 37 mil quilogramas em óleo de amendoim.

No final da visita, Bernarda Gonçalves Martins mostrou-se

satisfeita com o andamento dos trabalhos no Pólo Industrial

de Fútila e com a construção das duas outras unidades

fabris. “Cabinda é uma província onde, em termos de

industrialização, ainda temos muito a fazer”, sublinhou.

“Existem algumas iniciativas e são essas que estivemos a

visitar. Estivemos numa moageira e em Buco-Zau numa

fábrica de óleo de palma e óleo de amendoim. Observamos

que quer um projecto quer o outro registam algumas

dificuldades, os promotores têm dificuldades de recursos.

É neste sentido que estamos a desenvolver alguns projectos

para, em certa medida, apoiarmos o investidor privado”,

revelou Bernarda Martins.

Revista da Indústria 5

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Director Executivo Regional da ONUDI para África em Angola

Mohamed Eisa sublinhou, em Luanda, a

necessidade da industrialização ser adoptada

pela Organização das Nações Unidas (ONU)

como uma das metas dos Objectivos de

Desenvolvimento do Milénio (ODM). O

Director Executivo Regional da ONU para o

Desenvolvimento Industrial (ONUDI) abordou o

assunto durante a sua visita a Angola, em Abril

deste ano, no âmbito das conversações que

entabolou com a Ministra da Indústria de Angola.

Bernarda Gonçalves Martins e Mohamed

Eisa falaram, entre outros pontos, sobre a Agenda de Desenvolvimento das Nações

Unidas para o período pós-2015 e o actual programa de cooperação entre a ONUDI e

o Ministério da Indústria de Angola. Nesta quadro, debateram igualmente formas da

referida organização contribuir com medidas e programas de formação visando a

capacitação de quadros em acções a se desenvolver no País.

Também participaram no encontro o Secretário de Estado da Indústria, a Directora

para os Assuntos Multilaterais do Ministério das Relações Exteriores, vários Directores

Nacionais do Ministério da Indústria, bem como o Director do Gabinete da Ministra e a

Directora de Intercâmbios do Ministério.

Kiala Gabriel em MalanjeKiala Gabriel, Secretário de Estado da Indústria, realizou nos dias 16 e 17 de

Junho, uma visita de trabalho a Malanje, no âmbito da Comissão Nacional para a

Apreciação dos locais destinados à construção de aterros, coordenada pela Ministra

do Ambiente.

Embora não fosse esse o seu principal objectivo, o governante visitou

na oportunidade os equipamentos destinados à construção da fábrica de

descaroçamento e fiação do algodão, e também a reserva fundiária destinada à

construção do Pólo de Desenvolvimento de Malanje.

Para além de outras entidades, o Secretário de Estado encontrou-se com o

Governador Provincial de Malanje, Norberto dos Santos “Kwata Kanawa”, com

quem abordou assuntos ligados à comissão na qual esteve integrado.

INDÚSTRIA EM BREVES

6 Revista da Indústria

Ministérioda Indústria conta com novaComissão SindicalMembros da Comissão

Eleitoral, representante da

Comissão Sindical de Luanda e

trabalhadores do Ministério da

Indústria estiveram presentes,

no passado dia 8 de Agosto, na

cerimónia de empossamento da

nova Comissão Sindical, eleita

no dia 25 de Julho de 2014. Na

ocasião foram empossados Tiago

Ndala para o cargo de primeiro

Secretário-geral, enquanto que

Bruno Makonde Lito exercerá o

cargo de segundo Secretário-geral

para Administração, Finança e

Estatística. Maria da Purificação

Barros cuidará da área da

Promoção da Mulher e Moisés

Afonso assumirá a Organização e

Estatística.

O primeiro Secretário-Geral

cessante, Garcia Bongo, salientou

que “um dos problemas da

Comissão Sindical prende-se com

a mobilização dos trabalhadores

para a importância de pertencer

à Comissão Sindical”. Por sua

vez o novo primeiro Secretário-

geral, Tiago Ndala, referiu que “a

colaboração de todos os colegas, e

não apenas da Comissão Sindical.

será muito importante para o

progresso da organização”.

A cerimónia teve como

convidado o Secretário de Estado,

Kiala Gabriel, em representação

da Ministra da Indústria Bernarda

Gonçalves Martins. A Comissão

Sindical do Ministério da Indústria

foi criada em 2001 e actualmente

é composta por 78 membros,

pertencentes ao Ministério e dos

seus três centros de formação,

nomeadamente CBA, CFTM e

CEFIA, bem como os Institutos

Públicos IDIA, IAPI e IANORQ.

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O projecto do Pólo de Desenvolvimento Industrial do

Cuanza Sul, lançado na localidade de Calele, município de

Porto Amboim, foi apresentado pela Ministra da Indústria

de Angola, , no passado mês de Junho. Bernarda Gonçalves

Martins garantiu na ocasião que as características do

espaço identificado são favoráveis para a implantação de

um pólo industrial com a dimensão que se propõe, mas

considerou que há um trabalho aturado pela frente para a

materialização do projecto.

“É evidente que o País não tem condições de infra-

estruturação na dimensão do projecto, mas a nível ministerial

vamos encetar contactos para absorver investidores que

reúnam as capacidades técnicas que respondam à demanda”,

revelou. Bernarda Gonçalves Martins disse ainda que o

projecto deve incluir um estudo de impacto ambiental.

“Temos consciência que o projecto deve obedecer aos critérios

de mitigação do impacto ambiental”, observou.

Sobre a viabilidade técnica do projecto, a Ministra

garantiu que o Plano de Desenvolvimento Industrial,

elaborado pelo Executivo, preconiza a facilitação dos

investidores estrangeiros que queiram investir na indústria.

Por sua vez, o governador do Cuanza Sul, Eusébio

de Brito Teixeira, disse que a escolha do local para a

implantação do pólo de desenvolvimento industrial deve-

se a factores positivos que concorrem para o projecto se

tornar exequível. “A escolha da localidade de Calele baseou-

se nas potencialidades que possui, desde a sua localização

geográfica, a proximidade dos serviços essenciais como

água, energia eléctrica, acessibilidade rodoviária, portuária

e, acima de tudo, facilidade para a expansão da sua acção

através do corredor do Lobito”, explicou.

De acordo com o governador, a efectivação do projecto cria

condições para a elevação dos patamares de desenvolvimento

do município de Porto Amboim, cujo impacto poderá

beneficiar outras regiões da Província, através da

transportação marítima de matérias-primas, para além de

servir de suporte para a agro-indústria e pescas.

O governador provincial referiu ainda que o projecto vai

fazer do porto local uma alavanca para o desenvolvimento,

responsável pela fixação, na Província, de agentes

económicos de várias origens e pelo aumento da produção

local e arrecadação de mais receitas para o Estado. “Estamos

convictos que o projecto vai trazer muitos benefícios, desde

o surgimento de novos serviços à criação de capacidades

para concorrer economicamente com o resto do País e do

mundo, bem como na geração de empregos”, assegurou,

sublinhando que o pólo vai permitir a implantação de

indústrias transformadoras nos domínios das pescas e agro-

alimentar.

Eusébio de Brito Teixeira informou que o Plano de

Desenvolvimento de Médio Prazo do Cuanza Sul, aprovado

pelo Conselho de Ministros, prevê a criação de dois pólos

de desenvolvimento, o da indústria no Porto Amboim,

e o da agro-indústria, em Waku Kungo, município da Cela.

Porto Amboim tem pólo industrial

Revista da Indústria 7

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Obras de infraestruturação do Pólo Industrial do Uíge arrancam em 2015A Ministra da Indústria, Bernarda Gonçalves Martins,

anunciou, no mês de Maio, o arranque em 2015 das obras de

infraestruturação do primeiro Pólo Industrial da Província

do Uíge. A infraestrutura irá albergar as primeiras unidades

industriais na região.

Em declarações à imprensa durante a visita que efectuou

à Província do Uige, a governante disse existir, neste

momento, dados avançados para que se concretize, em

2015, o arranque das primeiras infraestruturas do referido

Pólo Industrial, a ser instalado no município de Negage,

num espaço de mil e 500 hectares. A Ministra disse ainda

haver muitos empreendedores interessados em investir

na Província do Uíge, mas, por falta de infraestruturas,

sobretudo energética, não tem sido possível a concretização

dos projectos.

Bernarda Gonçalves Martins fez saber que, no âmbito

do Plano Nacional de Desenvolvimento, está prevista a

criação, naquela Província, de condições específicas que

proporcionem um ambiente favorável ao desenvolvimento

das indústrias. Porém, admitiu não existir ainda na

Província indústria com grande expressão, mas, ainda assim,

acredita que o parque industrial da região começará a ter

expressão com o arranque de pequenas e médias unidades

de produção.

Durante a sua estada na Província do Uíge, a Ministra

da Indústria, que se fez acompanhar do governador Paulo

Pombolo, visitou as fábricas de água mineral “Cesse”, de

colchões, de cerâmica, no bairro Caquengue, o espaço onde

será erguido o Pólo de Desenvolvimento Industrial, assim

como a reserva fundiária para a instalação de unidades

industriais de promotores privados.

Fábrica de plástico e tinta ajuda a criar riqueza e emprego O Secretário de Estado da Indústria afirmou que a fábrica

de plástico e tinta ANGO RAYAN GROUP INTERNATIONAL

(ARGI) oferece boa qualidade de produção. Kiala Gabriel

sublinhou que a unidade, localizada no Grafanil, município

de Viana, em Luanda, «tem vindo a concorrer para os

grandes desafios do País», contribuindo para o crescimento

da economia nacional, nomeadamente no que diz respeito

“à poupança de divisas e criação de riqueza e emprego”.

O governante fez esta constatação ao visitar a fábrica

no dia 24 de Junho, com o objectivo de se inteirar do seu

funcionamento. Por sua vez, o director adjunto da ARGI ,

Ali Aidibi, deu a conhecer que a fábrica possui uma

superfície que ronda os 25 mil metros quadrados, tem 98%

da mão-de-obra angolana e produz cerca de 30 toneladas

por dia de material plástico, entre mesas, cadeiras, bancos,

baldes, tintas de várias cores e outros.

8 Revista da Indústria

INDÚSTRIA EM BREVES

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Revista da Indústria 9

O director executivo regional da Organização das Nações

Unidas para o Desenvolvimento Industrial (ONUDI),

Mohamed Eisa, disse, em Luanda, que o sector da indústria

em Angola pode tornar-se referência em África, sobretudo

na região Austral do continente.

Em declarações à imprensa, após audiência concedida

pela Ministra da Indústria, Bernarda Gonçalves Martins,

o responsável das Nações Unidas sublinhou o crescimento

económico do País e considerou-o fundamental para

alcançar uma posição de mérito no quadro do sector em

África.

“Angola está a observar um crescimento económico

importante. As políticas são muito claras, assim como

o é também o ambiente de negócio. Esperemos que

isso favoreça ainda mais o desenvolvimento do sector

industrial”, disse.

Relativamente ao teor da conversa que manteve com a

responsável angolana, Mohamed Eisa enfatizou as políticas

de desenvolvimento das pequenas e médias empresas. “Deu-

se também atenção ao desenvolvimento rural e à criação de

emprego”, enfatizou.

“A Ministra falou de um conjunto de políticas criadas

pelo Executivo angolano para desenvolver o sector da

indústria, particularmente das ligadas ao desenvolvimento

de pequenas e médias empresas”, afirmou. Mohamed Eisa

fez igualmente referência ao Plano de Industrialização de

Angola, que, segundo ele, estará concluído nos próximos

três meses. De acordo com o mesmo plano, o sector têxtil,

o agroindustrial e a indústria farmacêutica constituem

prioridades.

“Estas áreas representam progressos substanciais na

promoção de infraestruturas industriais. Isto é um passo

importante na adopção de medidas para diminuir o nível de

importação de matéria-prima”, referiu.

Questionado sobre a importância destes sectores no

quadro das necessidades do País, disse que os mesmos foram

eleitos após estudo minucioso e que cabe às Nações Unidas

atribuir apoio técnico a estas escolhas.

“Estes sectores foram seleccionados soberanamente

por Angola e o nosso papel é o de apoiante no processo de

implementação destas acções. Contudo, consideramos estes

sectores importantes e relevantes”, argumentou.

O encontro entre a Ministra da Indústria e o director

executivo regional da Organização das Nações Unidas para o

Desenvolvimento Industrial serviu igualmente para analisar

a Agenda de Desenvolvimento Pós-2015, bem como a

necessidade da adopção do sector industrial como uma meta

dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio.

Durante o encontro, os dois responsáveis analisaram

igualmente as medidas a adoptar para que a ONUDI

disponibilize medidas e programas de formação e

capacitação a desenvolver em Angola.

Sector industrial angolanopode tornar-se referência em África

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INDÚSTRIA EM BREVES

10 Revista da Indústria

Combate à pobrezapassa pela reabilitaçãodo parque industrial

O caminho para o combate à fome e à pobreza passa pela

reabilitação do parque industrial, dos vales agrícolas do

Cavaco, Dombe-Grande, Catumbela, Bocoio, Balombo

e Cubal, afirmou em Julho, em Benguela, o governador

provincial, Isaac dos Anjos.

O governador, que falava na abertura do fórum provincial de

auscultação à mulher rural, apontou ainda o aproveitamento

dos recursos hidrícos e a revitalização da barragem do Dungo,

desassoreamento dos principais rios e implementação de

mecanismos eficazes de escoamento de produto, como outras

vias a seguir. Estas foram as preocupações mais solicitadas

durante as jornadas das mulheres rurais na Província.

Isaac dos Anjos salientou ainda que o Executivo já deu

alguns passos no sentido de reanimar grandes indústrias,

com destaque para a reabilitação da Africa Têxtil e a

instalação, no Cubal, do pólo agrícola que vai catapultar

a produção de cereais. Referiu que está também em

curso a construção de uma unidade de processamento e

transformação do ananás e tomate nos municípios de Monte

Belo (Bocoio) e Dombe Grande (Baía Farta).

Com a reabilitação do Vale do Cavaco, prosseguiu o

governante, pensa-se, a curto prazo, retomar a produção de

algodão, café arábica e inserção de cultura de uva de mesa

em estufas ligeiras com qualidade para o mercado. “Pensa-

se que estas são a alavanca para promoção, valorização

e fortalecimento económico da família, que vai apoiar a

geração de rendimento de sustentabilidade”, disse.

O responsável realçou também as acções de micro-

finanças e empreendedorismo, apoio às organizações,

associações e cooperativas, bem como a promoção do

conselho de qualidade de vida nas comunidades, através

da capacitação de chefes de famílias, promoção de

desenvolvimento comunitário e local.

Na ocasião, Isaac dos Anjos exortou as mulheres a

se empenharem na construção de pequenos modelos

empresarias, pois, só assim, o País alcançará as metas

desejadas no combate à fome e à pobreza.

Segundo o governador, a Província é a principal

plataforma logística do centro, sul e leste de Angola, por

beneficiar na sua origem do Caminho-de-Ferro de Benguela

(CFB). Isto faz aumentar o seu potencial, de tal modo que

há responsabilidade acrescida nos resgates das tradicionais

potencialidades agropecuária.

Por outro lado, considerou a realização do fórum

provincial de auscultação às mulheres rurais, um

testemunho dos esforços do Executivo no combate à fome

e à pobreza, através da busca de medidas conducentes ao

fortalecimento do seu papel social. As mulheres constituem

mais de 50 porcento da população rural activa e da força de

trabalho agrícola.

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Revista da Indústria 11

Sector industrial regista crescimento exponencial O parque industrial da Província de Cabinda teve um

crescimento exponencial, nos últimos 12 anos de paz,

contando actualmente com cerca de 127 unidades fabris,

declarou em Março último o secretário provincial da

Indústria, Geraldo Ndubo Paulo.

Em entrevista à Angop, a propósito dos ganhos da paz

no sector da indústria em Cabinda, Geraldo Ndubo Paulo

disse, sem precisar números, que até 4 de Abril de 2002 o

parque industrial local circunscrevia-se a pequenas unidades

panificadoras e transformadoras de madeira, algumas oficinas

mecânicas, serralharias e carpintaria, uma fábrica inoperante

de Água, em Subando, e outra de sabão no Fútila.

“Quase todos os esforços do Executivo angolano

visando insuflar o sector, com realce para a indústria de

confecções como a Impex e a Sociborda, bem como para

fomentar a indústria de material de construção na região,

confrontavam-se com os efeitos negativos da instabilidade

político-militar então reinante”, afirmou o interlocutor.

Com o alcance da paz, prosseguiu Geraldo Ndubo Paulo,

o sector entrou numa fase de franco crescimento. Surgiram

novas unidades industriais públicas e privadas, com

destaque para a indústria panificadora que passou de 12

para 57 unidades. A entrada em funcionamento das fábricas

de Água Tchowa, Cerbab, de Tubos PVC, indústria de ferro e

aço, de oxigénio e acetileno, dentre outras, constitui ganhos

visíveis da paz.

O pólo industrial de Cabinda, cujas obras das

infraestruturas básicas tiveram início em Setembro de 2013,

é na região um dos expoentes máximos dos ganhos de paz

no domínio da indústria. Trata-se de um empreendimento

que garantirá cerca de dois mil empregos directos e

indirectos, principalmente à juventude.

Orçado em cerca de três biliões e 600 milhões de kwanzas,

o pólo industrial de Fútila vai estender-se numa área de 112

hectares, albergando, numa primeira fase, 56 empresas.

Ndubo Paulo referiu-se também à construção das fábricas

de óleo de palma e de sabão e sabonete, no município de

Buco Zau, como sendo prova dos benefícios da paz que o

País desfruta há 12 anos.

Estratégia sobre a Industrialização da Actividade Agrícola defendida no UígeO Ministro da Economia de Angola defendeu, na Província

do Uíge, a Estratégia da Industrialização Agrícola. Abrahão

Gourgel, que falava durante o Fórum Provincial de

Oportunidades de Negócios e Investimentos, realizado a 3

de Julho, considerou que os recursos da Província permitem

desenvolver indústrias, como a de produção de conservas

de frutas e hortícolas, de café, derivados lácteos e de bebidas

não alcoólicas.

Por outro lado, afirmou que o Uíge deve passar da

agricultura camponesa de subsistência para a produção

extensiva, de modo a abastecer suficientemente o mercado.

Foram defendidos neste fórum vários temas, dentre

os quais as Estratégias da Industrialização do Uíge e as

medidas para a sua implementação, que teve como orador o

Secretário de Estado da Indústria, Kiala Gabriel.

O IV Fórum Provincial de Oportunidades de Negócios e

Investimentos foi realizado no âmbito do 97º aniversário

daquela Província e contou com a participação de

empresários nacionais e estrangeiros, administradores

municipais, representantes de partidos políticos e entidades

regionais.

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INDÚSTRIA EM BREVES

FILDA 2014Empresários satisfeitos com visita de Bernarda MartinsA Ministra da Indústria, Bernarda Martins, procedeu a

uma visita de algumas horas à Feira Internacional de

Luanda (FILDA), que se realizou de 22 a 27 de Julho nas

instalações da FIL, em Luanda. Acompanhada pelo PCA da

FIL, Matos Cardoso, Bernarda Martins esteve nos pavilhões

1, 2 e 3, os mais voltados para a indústria transformadora e

empreendedorismo.

O momento serviu para inteirar-se das propostas que

os investidores estrangeiros têm para Angola e conhecer

as preocupações dos empresários nacionais, bem como as

novidades por eles apresentadas no certame. Guilherme

Machado, analista de negócios internacionais da Apex

Brasil, a agência do governo brasileiro para a promoção de

exportações e investimentos, valorizou a visita da Ministra

e garantiu que esta iniciativa é um bom sinal do Governo

angolano. “Para nós é uma honra ter essa visita. Esse

interesse dos governantes angolanos pelos produtos feitos no

Brasil também prestigia os empresários”, revelou Guilherme

Machado.

Opinião igual tem Catino Chipanga, empreendedor de

Moçambique, que trabalha há 15 anos numa linha de salão de

beleza virado para o tratamento de cabelo natural. Também

desenvolve equipamentos para salão de cabeleireiro a partir

de matéria-prima local em madeira. A empresa transforma

alguidar e pilau em encalhas para lavagem do cabelo. O nosso

interlocutor pretende exportar para Angola, não só o conceito

mas também os equipamentos produzidos por ele. “Como

dirigente é importante ela ver e ouvir o que nós fazemos. Ela

foi paciente e demonstrou interesse. Isso para nós serve de

estímulo e incentivo”, destacou.

Angola no primeiro fórum sobre desenvolvimento indústrial sustentável e inclusivo

Mais de 300 participantes, incluindo ministros e funcionários

de governos, representantes de Estados-Membros da Agência

das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial

(UNIDO) e especialistas na área marcaram presença no

primeiro Fórum sobre Estratégias e Instrumentos para

alcançar o Desenvolvimento Industrial Sustentável e

Inclusivo, que decorreu em Junho, em Viena, Áustria.

Angola esteve representada por uma delegação

encabeçada pela Ministra da Indústria, Bernarda Gonçalves

Martins, que apresentou as estratégias e instrumentos

adoptados pelo nosso País para o desenvolvimento de

uma industrial sustentável. Durante vivos debates, os

participantes do Fórum concordaram que os governos têm

um papel vital a desempenhar no apoio ao desenvolvimento

industrial.

Os oradores apresentaram exemplos concretos de

rápida industrialização, bem como lições, tanto positivas

quanto negativas. A sessão de abertura contou com um

painel de discussão que incluía Celestin Monga, do Banco

Mundial, Robert H. Wade, professor de Economia Política e

Desenvolvimento da “London School of Economics”, Justin

Yifu Lin, da Universidade de Pequim e LI Yong, Director

Geral da UNIDO.

12 Revista da Indústria

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Atrasos no processode arranque das obras de infraestruturação do Pólo Industrial do Lucala leva Ministra da Indústria ao terreno

Preocupada com alguns constrangimentos que estavam a

atrasar o arranque do Pólo Industrial do Lucala, Cuanza

Norte, a Ministra da Indústria de Angola deslocou-se

ao local para constatar in loco o estado do processo.

Acompanhada por altos funcionários do Ministério que

dirige e membros do governo local, a Eng.ª Bernarda

Martins auscultou os problemas, traçou estratégias e

deixou orientações. “Nós viemos ao Cuanza Norte para

desbloquear algumas situações que se prendem com

constrangimentos que se estavam a verificar para o

arranque da obra do Pólo Industrial de Lucala”, explicou a

Ministra no final dos trabalhos.

“Inicialmente a implementação do pólo ocorria num

terreno que, a posteriori, mostrou-se inadequado. O terreno

era mau. Além de íngreme também era argiloso.

Foi necessário identificarmos outro terreno, o que já

ocorreu”, assegurou.

Entretanto, o novo local carece ainda de remoção

de explosivos não detonados, bem como de levantamento

topográfico. “Foi assim que iniciamos a desminagem do

terreno. Ainda na desminagem houve pouco entendimento

entre a equipa que estava desminar e a equipa da

tipografia do terreno”, acrescentou Bernarda Martins.

“Neste momento conseguimos desbloquear essa situação.

Em dois meses havemos de ter mais de 50 hectares

desminados e a obra está em condições de arrancar, pelo

menos com os edifícios”, detalhou

à imprensa à saída da reunião de concertação que teve

lugar na sala de reuniões do Governo Provincial, na

presença do Vice Governador do Cuanza Norte para a

Área Técnica. No encontro participaram todos ao actores,

nomeadamente os responsáveis pela gestão do Pólo, das

equipas de desminagem e das duas empresas responsáveis

pelo levantamento topográfico e pela construção das

infraestruturas.

Revista da Indústria 13

Angola e Vietname cooperam no domínio da indústriaO Secretário de Estado da Indústria, Kiala Ngone Gabriel,

manteve no dia 22 de Julho de 2014 um encontro com o Vice-

Ministro do Comércio e Indústria da República Socialista

do Vietname, Tran Quoc Khanh, com vista ao reforço da

cooperação bilateral entre os dois países.

Tran Quoc Khanh, que visitou Angola pela primeira vez,

encabeçou uma delegação composta por sete membros do

seu Ministério e 20 empresários com “especial interesse”

em investir no nosso País nas áreas de produção de chapas,

montagem de motorizadas, bicicletas, fábricas electrónicas,

refrigeração e produção de bebidas.

Kiala Gabriel apresentou os desafios do sector e referiu

que “a principal preocupação do País é a diversificação da

economia e que a grande aposta do sector neste momento

está no Programa de Fomento da Pequena Indústria Rural

denominado (PROFIR)”.

A delegação do Vietname participou ainda no Fórum de

Negócios que decorreu de 21 a 24 de Julho na FILDA.

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A promoção da competitividade e o desenvolvimento sustentável dos vários sectores da actividade económica, bem como o asseguramento da coordenação entre os investimentos públicos e privados são alguns dos temas eleitos pelo Ministério da Indústria como prioritários para 2014. O facto tornou-se

conhecido no seu primeiro Conselho Consultivo realizado, em Março, na cidade de Caxito, Província do Bengo, durante o qual foram também analisados e aprovados o Programa de Industrialização 2013-2017 e o Programa de Fomento da Pequena Indústria Rural (PROFIR).

Além do Programa de Industrialização e do PROFIR, o Ministério da Indústria está empenhado na criação de centros tecnológicos e de formação e de centros de inovação e competências para as indústrias alimentar e agro-industrial, têxteis e confecções, materiais de construção, madeiras e mobiliário. O apoio ao desenvolvimento do segmento industrial têxtil também está inscrito no Plano de Actividade do Ministério da Indústria para o ano em curso.

De acordo com a Ministra da Indústria, Bernarda Gonçalves Martins, que discursava na sessão de abertura dos trabalhos, estas e outras iniciativas fazem parte de um conjunto de acções que “têm como objectivo tornar o sector industrial mais atraente para quem se encontra na actividade industrial e para quem pretende enveredar para a mesma”. “Naturalmente, essas acções e medidas em nenhum momento deverão dificultar ainda mais a situação actual vivida pela indústria angolana, pelo contrário, deverão vir no sentido de eliminar ou reduzir substancialmente as dificuldades existentes no sector”, concluiu.

Também fez parte do Conselho Consultivo um workshop subordinado ao tema “Projecto-piloto de Cluster Agro-industrial de Caxito”. O workshop serviu para apresentar aos participantes o conceito de clusters, que, em resumo, corresponde

Indústria mais robusta em 2014O Ministério da Indústria tem no seu plano de acção tornar o sector industrial mais atraente. A criação de centros tecnológicos e de formação e de centros de inovação e competências está entre as prioridades.

14 Revista da Indústria

O DEPARTAMENTO EM DESTAQUE

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a um agrupamento de empresas de uma dada cadeia produtiva que, de forma estruturada, cooperam entre si. “No essencial, essa nova metodologia de trabalho visa potenciar e tirar partido, por todos os actores, das vantagens de se trabalhar em rede e em cooperação”, disse Carlos Lopes, um dos prelectores. É o que se propõe fazer na Província do Bengo com a implementação, em breve, do Projecto-piloto de Cluster Agro-industrial de Caxito.

O primeiro Conselho Consultivo do Ministério da Indústria serviu igualmente para validar as propostas da primeira Conferência Nacional da Indústria, onde se destacou uma melhor coordenação dos investimentos públicos através de um instrumento de planeamento estratégico a instituir. Os participantes à referida conferência defenderam como fulcral o desenvolvimento de clusters estratégicos, potenciar a economia angolana no período de vigência do Plano Nacional de Desenvolvimento, nomeadamente nos sectores de agro-negócio, geologia e minas, petróleo e gás e hotelaria.

A conferência, que teve três painéis e oito temas abordados por diferentes prelectores, nacionais e estrangeiros, apontou três condições estruturantes da industrialização de Angola: vontade política, aposta nas pessoas e sua formação e existência de recursos financeiros.

Pretendeu-se, com a realização da Iª Conferência Nacional da Indústria, exercitar o diálogo entre o sector da indústria e as demais entidades interessadas, abordando com actualidade, objectividade e oportunidade temas industriais, e não só, de interesse do Executivo, mas também para os parceiros sociais da indústria. A conferência registou a participação de 597 pessoas entre as quais Ministros, Governadores provinciais, Vice-governadores para o sector económico e empresários.

Os participantes defenderam o desenvolvimento de clusters estratégicos para potenciar a economia angolana no período de vigência do Plano Nacional de Desenvolvimento

Revista da Indústria 15

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16 Revista da Indústria

Simplesmente indispensável

Mesmo que quiséssemos, não seria possível manter discrição, sobretudo pelo papel que é chamado a desempenhar no quadro do Programa Nacional de Desenvolvimento.

O departamento em destaqueO DEPARTAMENTO EM DESTAQUE

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Revista da Indústria 17

O Gabinete de Estudos, Planeamento e Estatística (GEPE) do Ministério da Indústria (MIND) tem-se

revelado cada vez mais imprescindível para aquele departamento ministerial e, numa escala maior, para o Executivo no que diz respeito à elaboração das políticas do sector. A denominação é bastante clara, mas desengana-se quem pensa que as suas atribuições se esgotam nas estatísticas e planificações. Segundo fez saber Ivan do Prado, Director Nacional do Gabinete de Estudos, Planeamento e Estatística, o GEPE é um órgão transversal que atende todas as áreas do Ministério e tem como missão a elaboração e coordenação do Plano Nacional de Desenvolvimento do sector (PND), com a contribuição das outras áreas. Este gabinete também tem a missão de fazer o acompanhamento desse plano nacional, quer nas políticas, quer naquelas questões de carácter de investimento público. Todavia, as principais funções do GEPE são a preparação de medidas e políticas, estratégias do Ministério, estudos, análise sobre a execução geral de actividades e serviços, bem como a orientação e coordenação da actividade de estatística do sector.

É no GEPE que são realizados estudos que contribuam para a formulação de estratégias e políticas para o sector industrial. Esses estudos, em regra, são incorporados no Plano Nacional de Desenvolvimento.

“Temos que analisar a evolução da actividade económica no âmbito da actuação do Ministério e avaliar os resultados da implementação das medidas constantes no PND”, afirmou Ivan do Prado. “Temos também que elaborar, em colaboração com os demais órgãos do Ministério, os projectos anuais de investimentos públicos e acompanhar a sua execução, fazer o balanço do programa de investimento

público trimestralmente e apresentar ao Ministério do Planeamento”, acrescentou.

Competências do GEPE

Os estudos feitos pelo GEPE são sectoriais. Por exemplo, neste momento decorre estudos sobre a problemática da sucata, estudo da reparação naval e alguns estudos de projectos executivos de construção de polos de desenvolvimento industriais, nomeadamente os da Caala, Bom Jesus, Catumbela e Soyo.

A partir deste ano ficará também sob a alçada do GEPE a elaboração do Orçamento Geral do Estado do sector. “Até então esta era uma atribuição da Secretaria-geral em colaboração com o GEPE, agora inverteu-se o quadro. Hoje, por orientação do Ministério das Finanças, que é o órgão que superintende essa área no Executivo Angolano, deve ser o Gabinete de Estudo Planeamento e Estatística a elaborar o Orçamento Geral do Estado com apoio da Secretaria-geral e demais órgãos do Ministério, para que todos os intervenientes se revejam neste importante documento”, explicou Ivan do Prado.

“Uma vez que é o Gabinete de Estudos e Planeamento e Estatísticas dos sectores e os Governos Provinciais que elaboram e acompanham o Plano Nacional de Desenvolvimento, faz mais sentido que sejam também estes órgãos a fazerem a planificação orçamental, considerando que têm conhecimento de todos os projectos que o sector apresenta. O apoio de todos é imprescindível”, ajuntou.

Quanto ao aparato técnico e humano necessário para o cumprimento dessas tarefas, Ivan do Prado admitiu ser necessário qualificar mais os técnicos e racionalizar de forma eficiente os recursos que já são escassos. Para isso, considerou que é necessário mais acções de formação e enfatizou que o plano de capacitação de quadros promovido pelo Executivo, através do Ministério da Administração Pública, Emprego e Segurança Social (MAPESS).

MAPESS é um instrumento fundamental para atingir-se esse desiderato.

Ivan do Prado informou ainda que, contando apenas com a capacidade humana do Ministério, seria impossível elaborar alguns estudos específicos. “Internamente não existe ainda capacidade humana e técnica para elaborar esses estudos. Nós nos socorremos de consultorias, até porque são estudos bastante específicos e têm de ser elaborados por pessoas com formação bem direccionada e especializada. Por exemplo, os termos de referência que elaboramos para a contratação de consultores nesse âmbito foram bem claros. Têm que ter, por exemplo para a construção naval, experiência de pelo menos 10 anos nessa área”, detalhou.

Como foi antes referido, o trabalho não termina depois de concluídos os estudos. Se tivéssemos que fazer um “passo-a-passo”, o procedimento seria o seguinte: depois de elaborado os estudos e o projecto executivo de um projecto, tem-se em observância o volume de investimento para a implementação do mesmo. “Se for um valor superior, em Kwanzas, ao equivalente a 10 milhões de dólares, o Ministério da Indústria submete esse estudo à consideração superior, uma vez que os titulares dos Departamentos Ministeriais só têm competência para aprovação de projectos de investimentos para a sua inclusão no programa de investimentos públicos até este limite, de acordo com o Decreto Presidencial 31/10 de 12 de Abril”, explicou Ivan do Prado.

Depois de aprovado superiormente, inclui-se no programa de investimentos públicos do ano seguinte. Feito isso, é responsabilidade do GEPE, acompanhar a execução físico-financeira deste projecto, lançar o concurso público para início da empreitada e acompanhar a sua execução com relatórios a serem apresentados ao Ministério do Planeamento, que é o órgão que tutela os investimentos públicos no seu todo.

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Outra incumbência do GEPE é a apresentação mensal do Índice de Produção Nacional, a nível industrial, à Comissão para

Economia Real do Conselho de Ministros, que é presidida pelo Vice-Presidente da República, Manuel Domingos Vicente. Entretanto, o sucesso dessa tarefa depende grandemente da fiabilidade e da disponibilidade das informações que são fornecidas pelas unidades industriais. Este tem sido, de resto, o calcanhar de Aquiles. Porém, não é caso perdido.

“Só com informação fiável e credível é que conseguimos propor medidas de políticas para o desenvolvimento do sector industrial ao mais alto nível de decisão do nosso País», afirmou Ivan do Prado. “As dificuldades a que me refiro não estão do nosso lado. É que dependemos das unidades industriais que nos apresentam essas informações

O que se produz em análise

Comissão para Economia Real do Conselho de Ministros. Por isso, internamente tivemos que tomar algumas medidas: As indústrias, principalmente aquelas que têm colaboradores estrangeiros, precisam da obtenção de visto de trabalho para os mesmos permanecerem cá. Para isso necessitam do parecer do Ministério para que possam obter o respectivo visto. Se não prestam infirmação estatísticas no período que precisamos, isto é, mensalmente, nós condicionamos a anuência a esse parecer para a obtenção de visto de trabalho”, detalhou Ivan do Prado.

Essa estratégia tem funcionado, de modo que permitiu com que a quantidade de empresas que fornecem os dados estatísticos da sua produção crescesse de 30 para 273 e às vezes um pouco mais. “A par disso, estamos também a sensibilizar as indústrias. Os nossos colegas têm entrado em contacto

ÍNDICE DE PRODUÇÃO NACIONAL

estatísticas. Sem esses dados não conseguimos prestar uma informação correcta ao Executivo», acrescentou. «Posso aqui afirmar que, nos últimos meses, temos tido já bastante sucesso na recolha da informação, mas não é ainda suficiente, a batalha ainda é longa”, admitiu.

Segundo Ivan do Prado, a situação está a melhorar, mas isso deve-se, grandemente, à estratégia adoptada pelo Ministério para persuadir os empresários industriais a fornecerem os dados estatísticos relacionados com a sua produção. “Por lei, elas são obrigadas a fornecer esses dados ao sector”, avisou. “De acordo com o sistema nacional de estatística, os industriais devem prestar esse tipo de informações ao Instituto Nacional de Estatística trimestralmente. Mas nós temos que apresentar o nosso painel de indicadores mensalmente à

blocos de cimento+3765,6%

cimento+56,2%

clínquer+3765,6%

18 Revista da Indústria

O DEPARTAMENTO EM DESTAQUE

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“Se o executivo não sabe qual o volume de produção de um determinado produto, não podemos propor o agravamento das taxas de importação ou limitar essa importação por quotas, porque não sabemos se o País já produz o suficiente para a sua população”

com as mesmas, via correio electrónico e por telefone, alertando para a importância da prestação da informação estatística. Também realizamos visitas pontuais, porque infelizmente ainda não temos os meios humanos e materiais para ter uma cobertura perto dos 100% do território nacional. É um sonho que achamos ser possível concretizar”, acrescentou.

O nosso interlocutor salientou que é com essa informação que o titular do poder Executivo toma medidas para a proteção da indústria nacional. “Por exemplo, se o executivo não sabe qual o volume de produção de um determinado produto, vamos dar o exemplo da água, e se esta produção nacional for capaz de estar próximo da procura total deste mesmo bem precioso, não podemos propor o agravamento das taxas de importação ou limitar essa importação por quotas, porque

não sabemos se o País já produz água suficiente para a sua população”, defendeu.

Para exemplificar, o GEPE apresentou à Comissão para Economia Real do Conselho de Ministros, no mês de Maio, um painel de indicadores de 80 produtos distribuídos por 15 indústrias. Os dados indicavam que, em relação ao mês de Abril, 42 indicadores registaram uma evolução positiva na sua estatística de produção, 7 indicadores apresentam algum nível de estabilidade, enquanto os restantes 31 apresentaram uma tendência de produção negativa.

Na Indústria de Materiais de Construção foram verificados aumentos na produção dos seguintes produtos: Cimento (+56,2%), Clínquer (+3765,6%), Blocos de Cimento (+ 29,4%), Lancis (+100%), Vidro em Obra (+48,1%) e Vidro em Embalagem (+15,6%). Por outro lado, verificou-se a redução na produção de Tijolos (-0,9%).

vidro em embalagem+15,6%

lancis+100%

vidro em obra+48,1%

Revista da Indústria 19

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CENSO EM MARCHA

O recenseamento da indústria em Angola contemplará, não só, as pequenas e médias unidades, mas também as micro e as empresas de maior dimensão. Pretende-se, inclusivamente, conhecer e identificar as indústrias que estão paralisadas ou semi-paralisadas e avaliar as potencialidades do País nesta área.

20 Revista da Indústria

Na forjao Directório Nacionalda Indústria

O DEPARTAMENTO EM DESTAQUE

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Revista da Indústria 21

Decorre em todo o País, até Outubro do corrente ano, o Censo da Indústria de

Angola (CIANG). Este é o primeiro recenseamento da actividade industrial, através do qual se procura conhecer melhor o tecido industrial angolano (empresas, matérias-primas e produtos), a sua distribuição em território nacional, bem como nas zonas económicas e pólos de desenvolvimento ndustrial em funcionamento. Com os dados recolhidos será possível iniciar-se a produção de índices industriais sustentados, comparando os dados deste Censo com as suas futuras actualizações. Igualmente fica o Ministério da Indústria (MIND) em condições de constituir um Directório Nacional da Indústria, precioso auxiliar para os investidores no sector.Todo este trabalho está a ser coordenado pelo Ministério da Indústria em obediência ao Despacho Presidencial nº 67/13 de 2 de Setembro, do Presidente da República de Angola. Até a bem pouco tempo acreditava-se que havia no País cerca de 3200 indústrias. Entretanto, os relatórios preliminares mensais produzidos pelo CIANG têm mostrado que, afinal, há muito mais, de acordo com Ivan do Prado, Director Nacional do Gabinete de Estudos, Planeamento e Estatística. Anteriormente a estimativa mais próxima da realidade para se auferir o total de indústrias existentes era

feita tendo como base os registros da Direcção Nacional de Licenciamento e Cadastro Industrial. Acontece, porém, que algumas empresas licenciavam-se para a actividade industrial, mas nem sequer chegaram a conhecer a luz do dia. “Infelizmente nós não temos mecanismos para acompanhar esses processos do licenciamento. Nas estatísticas, essas indústrias aparecem, mas na realidade não existem fisicamente”, explicou Ivan do Prado. “Pelos relatórios que temos recebido mensalmente leva-nos a crer que existem muito mais indústrias”, adiantou, admitindo que possa haver muitas indústrias no sector informal, tais como padarias, moageiras e não só.

VALOR ACRESCENTADOO CIANG tem a missão de fazer o recenseamento de todas as Unidades Industriais do País, independentemente da sua dimensão e situação actual. “Queremos com isto dizer que contemplaremos, não só as pequenas e médias unidades, mas também as micro e, obviamente, as de maior dimensão”, revelou António Barbio, Consultor do Ministério da Indústria. “Pretende-se, inclusivamente, conhecer e identificar as indústrias que estão paralisadas ou semi-paralisadas, as razões desta situação e avaliar as potencialidades que o País tem com vista à, mais que imperativa, substituição dos produtos importados

por produtos nacionais”, precisou o Consultor. “O CIANG procederá também à inventariação das nossas matérias-primas, que deverão ser transformadas localmente, acrescentando-se-lhes o maior valor possível, em vez de serem exportadas e irem criar empregos noutros países, quando tanto necessitamos deles em Angola”, acrescentou.Mais do que ter o somatório das empresas a operarem, ou não, no sector industrial, o CIANG é orientado para o levantamento, caracterização da situação das unidades industriais e distribuição das respectivas produções, de forma a fornecer dados exactos e actuais da indústria transformadora de Angola. “Mais concretamente, pretende-se obter informação que, pela sua qualidade, possa servir de fundamento às decisões do Executivo no planeamento das acções futuras relacionadas não só com a implantação das novas Unidades Industriais, mas, igualmente, poder determinar o que é necessário, possível e útil ao País, em termos industriais”, detalhou António Barbio. Outrossim, a utilização de novas tecnologias, como a geo-referenciação de cada unidade, a medição automática da área ocupada e a sua implantação visual, tudo isto a ser disponibilizado em plataforma Web, tornam o CIANG num instrumento indispensável aos órgãos de decisão.

“Só com uma informação permanente e real será possível ao Executivo criar as condições para que o empresariado industrial seja acarinhado”

Na forjao Directório Nacionalda Indústria

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Sensibilizar e inquirirUm pouco antes do seu arranque, o que veio a acontecer oficialmente em Outubro do ano passado, já se falava sobre o Censo da Indústria (CIANG) com vista à sensibilização da sociedade. As campanhas não terminaram com o arranque dos trabalhos. Ainda durante o ano passado o secretário de Estado da Indústria, Kiala Ngone Gabriel, percorreu várias Províncias do País presidindo workshops cujo objectivo foi justamente a sensibilização e o esclarecimento de algumas dúvidas sobre o CIANG.

Uma das Províncias foi o Bié, onde cerca de 70 individualidades, entre administradores municipais, quadros seniores do Ministério da Indústria, empresários locais e convidados,

22 Revista da Indústria

abordaram temas relacionados com o Censo Industrial de Angola, assim como a apresentação da Pesquisa da Produção Industrial Mensal (PPIAM) no País. Na sua oratória, Kiala Ngone Gabriel destacou a importância do censo para o conhecimento das indústrias e da produção nacional com vista à melhoria das condições de vida das populações.

Em actividade semelhante decorrida na Província do Uíge, o secretário de Estado da Indústria disse que esse processo passa necessariamente pelo conhecimento total da transformação dos produtos. Só assim se pode melhor elaborar programas de incentivos e dar facilidades aos investidores para cooperarem com os bancos.

O DEPARTAMENTO EM DESTAQUE

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Revista da Indústria 23

Que informações são recolhidas?Em contacto com os empresários, os técnicos do CIANG não apresentam um questionário longo, detalhado e complexo. Para além da identificação das Unidades Industriais, unicamente procuram-se obter informações relacionadas com as condições em que elas laboram, nomeadamente as infraestruturas (estradas, energia, água, etc.), com as matérias-primas e suas fontes, com os produtos e sua distribuição, com o pessoal ao serviço e, obviamente, com a saúde financeira das Unidades. “São informações básicas que contribuirão para definir políticas e traçar objectivos, mas sustentados em informação concreta e, esperemos, verdadeira. Quem mais ganhará com ela são os industriais”, precisou António Barbio.

De acordo com a nossa fonte, até Julho – altura em que abordámos o assunto – já tinham sido entrevistadas mais de 3.700 Unidades Industriais em todo o País. Os trabalhos concentravam-se nas Províncias do Bengo, Benguela, Bié, Cabinda, Cunene, Huambo, Huíla, Kwanzas Norte e Sul, Luanda, Malanje, Namibe e Uíge. Segundo aquele Consultor, no mesmo mês arrancariam os trabalhos nas restantes Províncias “que, como se reconhecerá, têm um número de Unidades Industriais mais reduzido, mas, obviamente, não menos importante”.

“O Ministério da Indústria conta, acima de tudo, com a colaboração dos outros Ministérios que detêm a tutela de unidades de indústria transformadora. Depois deles, o apoio dos Governos Provinciais tem sido imprescindível e efectivo, através das Direcções da Indústria”, acrescentou António Barbio lembrando que as Administrações Municipais e suas repartições que tratam dos assuntos do Sector se têm mostrado muito úteis.

Todavia, junto com o Censo da Indústria, o MIND realiza a PPIAM – Pesquisa de Produção Industrial de Angola – Mensal. Trata-se de um sub-sistema de recolha e tratamento permanente de informação estatística necessária ao acompanhamento da actividade industrial de forma rigorosa e em tempo útil. António Barbio destacou a sua importância referindo que só com uma informação permanente e real será possível ao Executivo criar as condições para que o empresariado industrial seja acarinhado e se sinta motivado em produzir cada vez mais e com melhor qualidade. “Estamos ainda longe de receber a informação desejável, mas, neste segundo semestre, o Ministério da Indústria prepara já uma série de acções a fim de motivar os industriais, acções essas que passam, inclusivamente, por grandes penalizações aos incumpridores”, concluiu.

Entretanto, o CIANG e a PPIAM fazem parte do SIMIND - Sistema de Informação Integrada do Ministério da Indústria, que alberga igualmente o SILAI – Sistema de Licenciamento Industrial. Estes instrumentos visam a automatização e aumento da eficiência do processo de licenciamento industrial (emissão de alvarás) que está já em fase de testes, incluindo o ACADI – Actualização do Cadastro da Indústria, sua reorganização, actualização e modernização.

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Para começar, Senhora Ministra,

fale-nos um pouco de si.

Vou falar de forma muito sintética

porque não há muito para dizer sobre

a minha pessoa. Já sabem que sou de

Malanje, fiquei em Malanje até mais

ou menos o que se chamava naquele

tempo o secundário. Até o sétimo ano.

Depois vim estudar em Luanda, onde

fiz a universidade, mas sempre me

mantive ligada à minha terra natal.

Sou uma pessoa “muito da terra”.

É malanjina que paga renda

ou que constrói?

Que constrói. Felizmente sempre tive

casa. Inicialmente as dos meus pais e

depois a minha própria (risos).

E em que bairro de Malanje vivia?

Eu sou da Maxinde, da nossa cidade

capital.

É interessante porque a última

entrevista que fizemos, eu e o meu

colega, também foi com um malanjino

que cresceu em Maxinde...

Posso saber quem é?

O cardeal Alexandre do Nascimento.

É de uma família muito conhecida.

Dom Alexandre do Nascimento teve

uma relação próxima com a minha

falecida mãe. Chamava-a mana

António. Ele seria mais novo que a

minha mãe, dois anos, não mais.

GRANDE ENTREVISTA

24 Revista da Indústria

Ministra da Indústria, na primeira pessoa

“O meu sonhoé ver a nossa Angola

com todo o povo feliz”

MALANJINA DO BAIRRO DA

MAXINDE, BERNARDA GONÇALVES

MARTINS ABRIU AS PORTAS

DO SEU GABINETE PARA UMA

CONVERSA DESCONTRAÍDA COM

A REVISTA DO MINISTÉRIO.

ALEGRE E MUITO BEM DISPOSTA,

A GOVERNANTE, DE 64 ANOS,

FALOU UM POUCO DA SUA

JUVENTUDE, PARTILHOU

LEMBRANÇAS E, CLARO,

APRESENTOU O SEU OLHAR

SOBRE O SECTOR INDUSTRIAL.

NO QUE SE REFERE AO SEU

PELOURO, FICAMOS A SABER

DOS VÁRIOS PROJECTOS EM

CURSO NO PAÍS COM VISTA

À SUA INDUSTRIALIZAÇÃO.

O ESTATUTO DOS PÓLOS DE

DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL,

A RECUPERAÇÃO DA INDÚSTRIA

TÊXTIL E DA CONSTRUÇÃO NAVAL,

OS CLUSTERS E AINDA

A ESTRATÉGIA DE CAPACITAÇÃO

DE QUADROS SÃO ALGUNS DOS

TEMAS QUE ELA ABORDA NESTA

ENTREVISTA.

Depois já cá em Luanda...

Fiz cá a universidade, com a guerra,

mas sempre com vontade de regressar

e trabalhar para Malanje. Mas, sabe

como é a vida.

Mas viaja para Malanje?

Muito. Desde que a paz se estabeleceu

tenho procurado ir à terra e tenho

procurado fazer alguma coisa lá e

pelos meus.

Imagino que a Senhora Ministra

tem pouco tempo. O que gosta

de fazer no pouco tempo livre

que consegue arranjar?

Essa questão dos tempos livres vai se

modificando de acordo com o tempo

que a pessoa tem, com a idade, enfim.

Tudo se vai modificando. Desde muito

nova os meus tempos livres eram

para leitura. E também a leitura se foi

modificando de acordo com o tipo de

livros. A gente quando é mais nova

começa com revistas, depois passa

pelos livros policiais...

Fotonovelas...

Fotonovelas eram do nosso tempo.

Lembro que a minha mãe se irritava,

ficava aborrecidíssima connosco, eu

e as minhas irmãs, porque sempre

que tivéssemos um tempo livre

fechávamos no quarto para ler as

fotonovelas. A verdade é que depois

os gostos vão se modificando, mas a

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Revista da Indústria 25

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leitura é das minhas ocupações nos

tempos livres. Sou uma mulher do

desporto também. Sempre gostei

e pratiquei desporto, fui jogadora

de basquete. Consegui ser melhor

marcadora no provincial, na altura,

hoje nacional, num campeonato que se

realizou no Uíge. Isso foi nos fins dos

anos 60.

Outro meu hobby é a jardinagem.

Não posso dizer agricultura porque

não sou uma agricultora, embora seja

neta de um grande agricultor, o meu

avô, que já morreu há um bom par

de anos. A minha costela de

jardinagem é forte. Tenho algumas

ambições de ter uma fazenda ou uma

quinta mas não passam de ambições

porque não temos tempo nem

disponibilidade.

E falando em agricultura e

jardinagem, gosta de cozinhar?

Qual é o seu prato preferido?

É como lhe digo, essa questão da

cozinha também vai se modificando.

Sempre gostei de cozinhar, já tive

aquela época em que cozinhava todos

os fins-de-semana. Hoje já nem tanto.

O que mais gosta deste nosso País

e da sua gente?

A nossa determinação e a nossa

capacidade de, sobretudo em

momentos difíceis, unirmo-nos e

vencermos com determinação. Isso é

o que mais me admira e gosto mais no

nosso povo.

Todos nós temos um sonho secreto.

Se pedíssemos para partilhar

o seu sonho que guarda

para esta nossa Angola, qual seria?

O meu sonho até nem é secreto porque

é um sonho perseguido pelo nosso

camarada Presidente José Eduardo

dos Santos. É ver a nossa Angola rural

com todo o nosso povo feliz. Para

isso, temos que levar o conhecimento,

temos que levar a formação, o apoio

a essas populações, colaborarmos nos

programas de combate à pobreza.

É Ministra num sector em que

a mulher ainda não tem aquela

participação que se deseja. Aliás,

a própria Senhora Ministra tem-

se revelado uma militante neste

sentido. Como é que se revê nesta

missão?

Digamos que me sinto bem. Não sinto

dificuldade pelo facto de não termos

muitas mulheres no sector industrial.

O sector da indústria começa no

campo, desde o meio rural, digamos,

e vai subindo. Se tivéssemos um

País desenvolvido industrialmente

nós teríamos muitas mulheres a

trabalhar naquelas actividades, como

por exemplo, na industrial têxtil, que

emprega muitas mulheres. Ainda

vamos ver essas mulheres a trabalhar.

Mas na generalidade, e de acordo

com o que nós preconizamos, estamos

a desenvolver projectos específicos

que vão favorecer as mulheres. Nós

estamos a desenvolver um programa

para a industrialização do meio rural,

o fomento da pequena indústria rural,

e aí temos consciência que o nosso

esforço vai canalizar-se também para

as mulheres. Não é específico para

mulheres, mas também vai beneficiar

as mulheres.

Eu iria perguntar-lhe mais adiante,

mas já que fez menção a isso, temos

conhecimento que está a preparar

uma gala de homenagem à mulher

industrializada. Será que isso se

enquadra nos seus esforços para

aumentar a participação da mulher

no sector industrial?

Na realidade não é minha a iniciativa.

Essa iniciativa veio da parte da

Senhora Dra. Florbela Araújo,

Secretária do Presidente da República

para a área jurídica. Ela faz parte de

uma associação de mulheres, a Mona

Kasi Muene. O desafio de homenagear

mulheres na indústria foi-nos

apresentado por ela. Conhecemos

muitas mulheres que já deram muito

do seu contributo a este País na

área da indústria. Então, estamos

a desenvolver esforços. Não temos

dinheiro, não temos meios, mas vamos

conseguí-los. Vamos chamar aquelas

mulheres que nós conhecemos e que

contribuíram tanto para a indústria e

vamos fazer essa gala.

O que nos leva a uma pergunta

óbvia. Do seu ponto de vista como

encara o sector industrial?

O nosso tecido industrial, como sabe,

depois desses longos anos de guerra,

ficou completamente destruído.

Tem sido muito difícil o arranque e

o estabelecimento de uma indústria,

o que leva o seu tempo. Porque com

as infraestruturas completamente

destruídas, com poucos quadros

técnicos que têm um conhecimento

[real] do que é a indústria

propriamente dita, o sector sente

algumas dificuldades. Embora o Estado

tenha feito bastante esforço para a

recuperação das infraestruturas, a

reabilitação das estradas, os caminhos-

de-ferro, aeroportos, enfim, alguma

recuperação do sector da energia,

ainda temos muitos problemas para a

instalação das indústrias.

As indústrias só se podem

estabelecer se tivermos um ambiente

favorável para o efeito e isso passa

“O Ministério tem em desenvolvimento um relatório, um levantamento, sobre as necessidades que o País tem em quadros e meios humanos focados para a industrialização”

GRANDE ENTREVISTA

26 Revista da Indústria

Page 29: INDÚSTRIA - polodeviana.com · aos habitantes do Lobito e muita saúde e felicidades. (Discurso do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, proferido no Lobito no dia

necessariamente pela colocação à

disposição de infraestruturas. Alguns

passos estão a ser dados, existem já

algumas indústrias a instalarem-se

e acho que isso é um fenómeno que

se dá em qualquer do mundo. A

indústria ligeira é a primeira que

arranca com pequenas indústrias.

O Estado fez um esforço grande na

recuperação do sector têxtil. Temos

indústrias doutro tipo também de

grande dimensão, fruto do esforço do

nosso Governo e não só. De iniciativa

privada, por exemplo, hoje temos uma

grande siderurgia a nascer com uma

produção anual de 500 mil toneladas.

É um projecto grande. Fica aqui no

Dande. É uma indústria que antes do

final do ano estará em condições de ser

inaugurada. Já me referi à indústria

têxtil, é um grande esforço feito pelo

Estado. Podemos concluir sobre a

indústria têxtil ou se quiser falar mais

à frente...

Podemos concluir...

No passado colonial havia três grandes

indústrias têxteis, uma já a funcionar

e outras duas em vias de entrar em

funcionamento, mas com os efeitos da

guerra elas paralisaram por completo.

O Estado, com grande esforço,

reabilitou a Testang II aqui em Luanda,

que está pronta a arrancar dentro

de pouco tempo. O Estado continua

a desenvolver esforços no sentido de

conseguir as matérias-primas. Como

sabe, somos um País potencialmente

produtor de algodão, mas a produção

ainda está um bocado atrasada e o

Ministério da Agricultura está a fazer

um esforço para o seu arranque.

Nesta primeira fase vamos viver de

matéria-prima importada. A África

Têxtil, em Benguela, está com 80%

da sua reabilitação concluída. Ainda

temos a Satec, no Dondo, onde também

voltaram os trabalhos de reabilitação.

A primeira vai ocupar-se da produção

de telas para a produção de tecidos e

as outras ocupar-se-ão da produção de

tecidos propriamente dito.

O Estado prossegue os seus esforços,

especificamente na criação desse

ambiente favorável, que não passa

só pela criação de infraestruturas.

A esse respeito, o Ministério da

Indústria tem em desenvolvimento os

pólos de desenvolvimento industrial.

Vai criar uma rede de pólos de

desenvolvimento industrial por todo

o País. Aliás, é um projecto que já

vem de 1989, mas condicionalismos

diversos não permitiram que se

desenvolvesse como devia ser. Agora

estamos em condições de avançar. A

nível de todo o País estão previstos 20

pólos que vão ser infraestruturados

paulatinamente. Dividimos inclusive

essa infraestruturação em etapas

com áreas nas quais, de acordo com

a capacidade da Província de atrair

investimentos, se possam instalar as

Revista da Indústria 27

Page 30: INDÚSTRIA - polodeviana.com · aos habitantes do Lobito e muita saúde e felicidades. (Discurso do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, proferido no Lobito no dia

primeiras indústrias. Naturalmente

numa Província como Luanda será

necessária uma área maior para

começar e aí continuarmos.

Outro factor que não gostaria deixar

de referir, as próprias condições

financeiras para a importação de

commodities, têm que ser importadas

as matérias-primas, sem contarmos

com as matérias-primas locais,

agricultura, minerais, que o nosso País

felizmente tem condição de possuir e

não em pouca quantidade. Daí que a

articulação do Ministério da Indústria

com os ministérios da Agricultura, das

Minas, Energia e Águas e Comércio é

muito importante.

E como fica o sector privado?

O Executivo estabeleceu no seu Plano

de Desenvolvimento 2013/2017, de

curto/médio prazo, e na sua estratégia

de mais longo prazo, 2020/2025, um

Ministério da Indústria que tem muitas

responsabilidades na diversificação da

economia e na sua grande distribuição

para reduzir a dependência do

petróleo. A indústria transformadora

deve assentar essencialmente na

actividade privada. São os privados

com quem nós contamos, com quem o

Executivo conta, que vão desenvolver

a indústria transformadora.

Entretanto, o Estado continuará

a intervir naquelas indústrias

estratégicas em que a diversificação da

economia se dá com maior velocidade,

em que os investimentos são muitos

avultados e a recuperação do capital

leva longos anos. Mas o sector privado

tem uma grande contribuição a dar

e estamos a contar com ele para a

diversificação da economia.

Estamos a falar, obviamente, do

sector privado nacional, o que nos

leva a pensar no factor humano.

Está satisfeita com a quantidade e

qualidade dos quadros que estão ao

dispor do sector?

Não se trata de estar satisfeito ou

não. Trata-se, fundamentalmente,

de conseguirmos ter um quadro de

pessoal com conhecimento suficiente

e necessário para levar-se a bom

porto esse esforço de industrializar

o País. Neste momento é evidente

que a força de trabalho necessária

com o devido conhecimento para a

industrialização do País ainda é fraca.

O Ministério tem em desenvolvimento

um relatório, um levantamento, sobre

as necessidades que o País tem em

quadros e meios humanos focados

para a industrialização. De qualquer

modo, gostava de referir que temos

trabalhado em colaboração com o

Ministério da Administração Pública,

Emprego e Segurança Social, na pessoa

do Senhor Ministro. Já fizemos mais de

uma reunião e temos obtido o concurso

dos quatros do MAPESS. E porque é

que que temos perseguido este apoio?

Porque o sector está muito desprovido

de quadros. O Ministério da Indústria

até detém alguns centros de formação

mas estão completamente degradados e

sem capacidade técnica para poderem

operar. Com o apoio do MAPESS nós

fizemos um levantamento do sector

e estamos a propor a reabilitação dos

mesmos e a sua qualificação, quer

em meios materiais, quer em meios

humanos. O sector também não dispõe

de uma estrutura, de uma instituição

que se preocupe com a inovação, com

a investigação científica e com as

tecnologias industriais. A esse respeito

nós estamos a desenvolver um projecto

para a criação de uma instituição, de

um centro de inovação e tecnologias

industriais.

Quando olhamos para o conjunto

de cursos que são oferecidos pelos

institutos médios e universidades

fica-se com a impressão que existe

um défice quanto a estas questões

que apresenta. Antes existiam as

escolas industriais e parece que não

há nada que os tenha substituído.

Como é que a Senhora Ministra vê

esse cenário?

Esses são programas específicos,

quer do Ministério da Educação, quer

do Ministério do Ensino Superior.

A nós, sector industrial e todos os

outros sectores da economia, compete

preocuparmo-nos com aquelas

profissões focalizadas para as nossas

indústrias. Temos que nos preocupar

com acções de curta duração,

acções de formação profissional,

de especialização. Agora, quanto

ao que os outros sectores estão a

fazer especificamente, tenho certeza

e consideração que aquelas áreas

que ainda não estão cobertas vão

ser necessariamente. Nós estamos a

delinear aquelas áreas específicas,

como as soldaduras para a construção

e reparação naval, técnicos para a

indústria têxtil, madeira e mobiliário.

Estamos a trabalhar neste sentido.

Senhora Ministra, ultimamente

fala-se muito em cluster, é um termo

novo e acho que as pessoas estão

curiosas. Nós gostaríamos de saber

o que é isso exactamente e como se

enquadra na política industrial?

Como sabe, o programa de

diversificação da economia estava

sob a responsabilidade do Ministério

da Economia e esse programa

assenta sobre sete cluster, que foram

estabelecidos. O da alimentação, agro-

indústria, da actividade extractiva,

da cadeia produtiva do petróleo e gás

“As zonas económicas especiais nasceram para suporte, fundamentalmente, das exportações, que é uma das grandes componentes e orientações do nosso PND”

GRANDE ENTREVISTA

28 Revista da Indústria

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natural, da habitação, serviços, água

e energia, transportes e logística. Nós,

indústria, como há de convir, temos

grandes responsabilidades no cluster

de agro-indústria e alimentação.

O que é que o nosso programa de

desenvolvimento, PND, 2013/2017,

quis dizer com essa questão de

cluster? Fundamentalmente para o

desenvolvimento de determinada

actividade de uma cadeia; por

exemplo, refira-se o da alimentação,

concorrem para isso uma série de

factores. Deve haver uma grande

interligação entre muitos sectores.

Não vamos conseguir estabelecer

uma indústria alimentar só porque,

por exemplo, há excedente de um

determinado produto agrícola. Aí está

o Ministério da Agricultura.

Quando o Ministério da Indústria,

por ter conhecimento que há

excedentes de produção agrícola numa

determinada região, resolve promover

a instalação de uma indústria, tem

que ter em consideração que esse

produto excedentário é suficiente e

tem qualidade para ser transformado.

Em segundo lugar, tem que haver

energia e água. Neste caso, envolve

o Ministério da Energia e Água.

Tem que haver comercialização,

bases logísticas, transformação do

produto, estamos a falar do Ministério

do Comércio, do Ministério dos

Transportes. Estamos a falar também

do Ministério da Construção para a

recuperação das vias. Então, tudo isso

em cadeia podemos considerar que

sejam a constituição do cluster. Não só

os organismos institucionais que referi

mas também o próprio empresariado.

Quando me refiro à indústria

alimentar, que se calhar conseguiu

o produto agrícola em quantidade e

qualidade para a sua transformação,

também vai contar com as pequenas

actividades em seu redor. Ele vai dar

trabalho às actividades comerciais,

estou a falar em termos dos

promotores, dos próprios produtores.

Vão dar trabalho a quem tem camiões

(questões logísticas). É toda esta

interligação de esforços que acabam

de constituir os clusters.

Daí a palavra que em inglês significa

conjunto...

Exacto. Nós, Ministério da Indústria,

estamos a fazer um programa-piloto

em Caxito para ver se já se consegue

ter um cluster alí. Existe alguma

actividade agrícola em dispersão,

existem algumas indústrias a

estabelecerem-se, os esforços com

a irrigação estão a ser feitos, assim

como para a reabilitação das estradas

secundárias e terciárias. Por aí talvez

já se consiga desenhar um cluster.

Revista da Indústria 29

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E as zonas económicas especiais

vieram dar algum impulso a todo

este processo?

Infelizmente ainda não. Não podemos

dizer que sim. As zonas económicas

especiais nasceram para suporte,

fundamentalmente, das exportações,

que é uma das grandes componentes

e orientações do nosso PND. As

empresas estabelecidas nas nossas

zonas económicas especiais têm

legislação própria, estando sob tutela

do Ministério da Economia. Estamos

em crer que com a legislação própria

estaremos em condições de ter as zonas

económicas especiais a trabalharem de

uma forma mais eficiente.

E volta outra questão que o cidadão

comum quererá saber. O que são

exactamente as zonas económicas

especiais?

As zonas económicas especiais

estabelecem (é intenção que assim seja)

– e a legislação que está a ser preparada

é nesse sentido –, que as indústrias

que nelas operam ou venham a operar

sejam viradas para exportação. Daí

que vão ter um estatuto próprio, com

incentivos próprios. Por exemplo, uma

indústria que se estabeleça numa zona

económica especial e tenha produção,

não só para exportação mas também

para venda local, aqueles benefícios

“Também gostaríamos de beneficiar muitos sectores da vida nacional, como é o caso dos ex-militares. Queremos criar micro-empresas para dar emprego aos ex-militares”

GRANDE ENTREVISTA

30 Revista da Indústria

Page 33: INDÚSTRIA - polodeviana.com · aos habitantes do Lobito e muita saúde e felicidades. (Discurso do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, proferido no Lobito no dia

que concorrem para que o produto seja

exportado ao vender localmente, terá

de ser compensado.

Isso nos leva a questionar sobre o

investimento estrangeiro. O país

está a receber um conjunto de

investimentos. Isso também está a se

reflectir no sector industrial?

Está, de certa forma. Temos algumas

actividades aprovadas em termos

de investimento estrangeiro, até

porque nós próprios, enquanto

Ministério da Indústria, pertencemos

a uma comissão criada pela Agência

Nacional de Investimento Privado

(ANIP). A ANIP tem desenvolvido

muitos esforços no sentido de captar

investimento estrangeiro. No domínio

industrial podemos referir que um dos

projectos aprovados pela ANIP tem a

ver com a produção de embalagem.

Quando falei dos esforços que o

País tem feito para a recuperação

das grandes indústrias não me

referi à indústria de bebidas que

foi recuperada com muito êxito.

Com base na grande produção de

bebidas, a indústria de embalagens

também tem-se desenvolvido.

Então, a produção de embalagem,

produção de máquinas, equipamentos,

ferramentas, acessórios, reciclagem

de materiais ferrosos, a produção de

têxtil, vestuário e calçado são alguns

dos projectos que têm passado pela

ANIP, relativos ao sector da indústria

transformadora. De incluir também a

transformação de madeira e derivados

e até mesmo materiais de construção.

Outro projecto de grande dimensão

“Já estivemos duas vezes no Brasil e consideramos que aquele país tem áreas que nos podem ser úteis”

que não referi, igualmente uma grande

recuperação do sector, foi a indústria

dos materiais de construção, no que

se refere ao cimento. Hoje a produção

de cimento já cobre as necessidades

do País. É evidente que tudo isso

vai levar-nos a ter o nosso próprio

modelo de industrialização, porque

se passaram 40 anos. Houve grandes

evoluções em todo o mundo e com o

alavancar da indústria transformadora

o nosso País vai perseguir o seu

próprio modelo de industrialização.

Angola é um dos países com

mais sucatas. Para quando o

reaproveitamento do ferro velho?

Tal como disse, está a surgir uma

grande siderurgia com capacidade de

500 mil toneladas/ano. Nós temos a

antiga siderúrgica, que ainda funciona,

com uma capacidade de mil toneladas/

ano. Para além disso, existem por

todo o País pequenas fundições, de

tamanhos razoáveis, outros menores e

até micros. O sector está a desenvolver

um estudo sobre a problemática da

sucata, de modo a regular a actividade

de recolha e tratamento. Nós vamos

fazer o levantamento e vamos propor

legislação específica. Acontece, porém,

que, para além disso, temos outros

programas.

De acordo com a sua pergunta,

queria adiantar que essas grandes

siderurgias vivem da sucata do País,

mas isso tem sido feito sem nenhuma

regulamentação. Por outro lado,

também gostaríamos de beneficiar

muitos sectores da vida nacional, como

é o caso dos ex-militares. Estamos a

desenvolver um programa de recolha

e tratamento de sucatas com o apoio

de algumas empresas já de alguma

dimensão e que operam no País.

Queremos criar micro-empresas para

dar emprego aos ex-militres. Este

programa está em curso e vai ser

lançado logo a seguir à sua aprovação.

Temos reparado que nas últimas

semanas tem vindo ao Ministério

individualidades estrangeiras,

embaixadores, estou lembrado da

Ministra sul-africana. O Ministério

da Indústria tem alguns países

eleitos como parceiros estratégicos

nesse esforço de industrialização do

País?

Não ainda eleitos, mas nós estamos

com foco nalguns países onde

consideramos que a industrialização

tenha tido um carácter exitoso.

É o caso do Brasil. Neste nosso

mandato já estivemos duas vezes no

Brasil e consideramos que aquele país

tem áreas que nos podem ser úteis.

É evidente que nós temos de

ter o nosso próprio modelo de

industrialização, mas porque não ir

buscar as experiências dos outros para

que nos ajudem na implementação do

nosso programa. O Brasil é um país

que tem, e muito bem desenvolvido,

as questões do empresariado, das

associações empresariais, da formação

profissional, da questão da qualidade

e certificação do produto. São estas

questões que nós temos ido à procura.

O Brasil é um dos nossos focos, mas

não quer dizer que não haja outros.

Estamos já no segundo semestre,

sabemos que a última comunicação

aos trabalhadores do sector foi no

fim do ano. Agora que passaram

mais de seis meses talvez a Senhora

Ministra queira dirigir uma

mensagem.

Gostava de dizer o seguinte: no

primeiro ano em que estivemos à

frente do sector foi período para

nos organizarmos. Deligenciámos

no sentido de estabelecer algumas

prioridades, prioridades estas

que estão estabelecidas no Plano

Nacional de Desenvolvimento e

nas orientações específicas de Sua

Excelência o Presidente da República.

Este segundo ano está reservado à

concretização desses programas e o

início da sua implementação. De todos

os meus colegas do sector eu espero

colaboração, como até agora tive.

Esperamos que continuem a colaborar

connosco porque agora vamos ter

a parte da implementação desses

programas e outros que surgirão.

Revista da Indústria 31

Page 34: INDÚSTRIA - polodeviana.com · aos habitantes do Lobito e muita saúde e felicidades. (Discurso do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, proferido no Lobito no dia

O PROFIR tem como objectivo estimular os empresários, camponeses e pequenos agricultores a criar pequenas indústrias. Trata-se de uma importante alavanca de diversificação das oportunidades de emprego e melhoria da qualidade de vida nos municípios, podendo gerar rendimento para as comunidades no meio rural e dinamizar a economia local.

O Executivo angolano, através do Ministério da Indústria, lançou no mês de Agosto o Programa de Fomento da Pequena

Indústria Rural (PROFIR), que vai até 2017. Numa primeira fase, abrange nove municípios divididos em três Províncias, nomeadamente Cangandala, Massango e Quela, em Malanje; Amboim, Cela e Quibala, no Cuanza Sul; e Caluquembe, Humpata e Matala, na Huíla.

«O Programa vai decorrer de forma faseada até 2017, altura em que cobriremos três municípios rurais nas 18 Províncias do País»,

Programa de Industrializaçãodas Áreas Ruraisarrancou em Agosto

32 Revista da Indústria

EM FOCO

afirmou em declarações à Imprensa a Ministra da Indústria, Bernarda Gonçalves Martins, no dia 12 de Julho de 2014, à saída da reunião da Comissão para a Economia Real do Conselho de Ministros que apreciou o programa e o encaminhou para aprovação da plenária. «Começámos com nove municípios, distribuídos em três Províncias e, brevemente, devemos evoluir para outras regiões», acrescentou.

O PROFIR tem como objectivo estimular os empresários, camponeses e pequenos agricultores a criar pequenas indústrias enquanto importante

Page 35: INDÚSTRIA - polodeviana.com · aos habitantes do Lobito e muita saúde e felicidades. (Discurso do Presidente da República, José Eduardo dos Santos, proferido no Lobito no dia

O Programa vai financiar unidades industriais, abarcando a agro-indústria, a produção e reparação de ferramentas, alfaias agrícolas, fundição de ferro, produção e reparação de equipamentos. Também fomentará unidades de prestação de serviços que vão desde a alfaiataria, oficina e similares e indústria alimentar.

Por isso, ele estará estreitamente articulado com outros programas de luta contra a fome e a pobreza, nomeadamente o Programa Municipal Integrado de Desenvolvimento Rural, coordenado pelos Administradores Municipais, e o PROPAG do Ministério do Comércio. Também buscará uma articulação com o Programa de Auscultação da Mulher Rural, de cujos resultados beneficiará.

Para além disso, e objectivando um acompanhamento o mais próximo possível das actividades e seus resultados, o Ministério da Indústria prevê recorrer aos serviços de empresas consultoras com provada experiência em intervenções nas áreas rurais. Prevê-se uma destas empresas em cada uma das Províncias, reportando directamente a um estado-maior que coordenará a campanha no seu todo.

O Executivo pretende dar um maior impulso ao combate à fome e à pobreza nas áreas rurais do País

Revista da Indústria 33

alavanca de diversificação das oportunidades de emprego e a melhoria da qualidade de vida nos municípios, bem como gerar rendimento das comunidades no meio rural e dinamizar a economia local.

Com essa estratégia, o Executivo pretende, por um lado, dar um maior impulso ao combate à fome e à pobreza nas áreas rurais do País. Por outro lado, preconiza assegurar a absorção do excedente da produção, agrícola e não só, das populações camponesas.

Nessa senda, o Programa prevê identificar e mobilizar os empresários locais, sedeados nos municípios e comunas abrangidas e capacitá-los para poderem elaborar um projecto e plano de negócios viáveis. Isto não só no que respeita à identificação da área de intervenção de cada empresário, como o aumento da capacidade de gestão que garanta o sucesso do projecto industrial proposto. Para além disso, os empresários serão também capacitados no que respeita aos procedimentos para identificar e aceder aos financiamentos que o PROFIR porá à sua disposição.

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34 Revista da Indústria

Com uma extensão de 7.200 quilómetros

quadrados (km2), Cabinda apresenta-se

com bastante potencial a nível industrial,

a julgar pela enorme quantidade e variedade de

matéria-prima disponível. Entre os recursos do

enclave destaca-se o florestal.

É em Cabinda que se encontra a floresta do

Maiombe, com cerca de 250.000 hectares, que

possuí importantes reservas de espécies da

fauna e flora. Estas reservas, em particular,

caminha na senda da industrialização

muito contribuem para o sustento da indústria

madeireira e seus derivados. Entretanto, há

ainda potencialidades geo-mineiras como é

o caso dos Hidrocarbonetos, Ouro, Fosfatos,

Potássio, Calcário, Granito, Manganês, Xistos,

Gesso, Argila e Inertes (burgau, areia, laterites e

solos vermelhos).

Contrariamente ao que ocorreu nalgumas

Províncias do nosso País, Cabinda não herdou

da administração colonial um parque industrial

CONTRARIAMENTE A ALGUMAS PROVÍNCIAS

DE ANGOLA, CABINDA NÃO HERDOU DA

ADMINISTRAÇÃO COLONIAL UM PARQUE

INDUSTRIAL EXPRESSIVO. NOS ÚLTIMOS

ANOS, A INDÚSTRIA TRANSFORMADORA

NA PROVÍNCIA TEM MOSTRADO UMA

TENDÊNCIA DE CRESCIMENTO, APESAR DE

ALGUMAS DEBILIDADES ESTRUTURAIS.

CabindaEM FOCO

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Revista da Indústria 35

Alguns dos recursosque a Província possuiGEO-MINEIROS:Hidrocarbonetos; Ouro; Fosfatos; Potássio; Calcário; Granito; Manganês; Xistos; Gesso; Argila; Inertes (burgau, areia, laterites e solos vermelhos).

AGRO-PECUÁRIOS: AgrícolaHortícolas; Feijão manteiga; Café; Ginguba; Mandioca 266.178 Ton; Milho 887,45 Ton; Banana 146.428,5 Ton; Amendoim 924,17 Ton; Batata inhame 7.660,8 Ton; Batata doce 1.602 Ton; Batata taro 8.231,2 Ton; Batata-rena; Feijão macoba 12 Ton; Feijão macundi 228,57 Ton; Abacaxi 9.621 Ton; Citrinos 39.980 Ton

PalmarOcupa uma área de 411 hectares e emprega cerca de 4.014 camponeses.

Pecuária Está em curso um importante programa de repovoamento pecuário com: Bovinos – 5.000 cabeças Caprinos – 104.000 cabeças Suínos – 34.000 cabeças Aves – cerca de 42.000 cabeças

PISCATÓRIOS Vários recursos de pesca são capturados sendo: Pesca continental Pesca marítima

FLORESTAIS Tem de igual modo recursos florestais do Maiombe com cerca de 250.000 hectares, possui importantes reservas de espécies da fauna e flora que contribuem para o sustento da indústria madeireira e seus derivados.

HÍDRICOS Possui também recursos hídricos (rios, lagoas, águas minerais, etc).

ENERGIA E ÁGUAS Energia – Vão ser produzidos cerca de 110 megawats (Malembo, Chibodo e Santa Catarina), além de outras fontes alternativas; Águas – 400 m3/hora, mas com a ampliação da ETA, espera-se alcançar os 1.520 m3/hora;

expressivo. Neste caso, o que se fez desde a

independência foi praticamente a partir do

zero.

Na época colonial existiam apenas 18

unidades de transformação, com maior

incidência em serrações, metalomecânica,

panificadoras, refrigerantes e cerâmicas. Quase

todas eram propriedade de uma única empresa,

que se chamava “Companhia de Cabinda”. De

forma global, empregavam 209 trabalhadores.

Contudo, notava-se a pretenção de alavancar

este sector, e de toda a economia, com a

construção do porto e do aeroporto no enclave.

Até ao fim da era colonial, Cabinda produzia

contingentes importantes de madeira e café, e

mais reduzidos de cacau e óleo de palma.

Todavia, nos últimos anos, a indústria

transformadora na Província tem mostrado

uma tendência de crescimento, embora se

continue a registar algumas debilidades

estruturais ligadas fundamentalmente aos

baixos índices de competitividade. Assim, este

sector está a ser alavancado no âmbito do

Programa de Desenvolvimento da Província

liderado por Aldina da Lomba Catembo,

Governadora da Província.

Tal programa assenta na estratégia de

implementação do projecto do Pólo Industrial

do Fútila, conclusão dos projectos no âmbito de

parcerias público-privadas, na transformação

do excedente agro-pecuário, no recurso à fileira

da madeira e seus derivados, no relançamento

da indústria de materiais de construção, bem

como no aproveitamento dos grandes clusters

alimentares.

Porém, já há alguma indústria em

funcionamento pleno. Em Novembro do

ano passado, o Vice-Presidente da República

inaugurou, na comuna de Malembo, uma

fábrica de detergentes e outra de tubos hídricos

em PVC. Esta última, com uma área de 2.200

metros quadrados, arrancou a funcionar com

84 trabalhadores, produz tubos para água

potável, saneamento, para instalação eléctrica e

sistemas de irrigação agrícola.

Por outro lado, a fábrica de detergentes,

produz sabão em barra, sabonetes, sabão

glicerinado, detergente em pó e em líquido.

Tem 55 trabalhadores e capacidade instalada

para produzir, num turno de oito horas, 32

mil barras de sabão, 40 mil sabonetes e 1.333

garrafas de 750 ml de detergente em pó.Fonte: Secretaria Provincial da Indústria, Geologia e Minas

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É do nosso conhecimento que

o Executivo tem incentivado a

industrialização da Província

por meio de várias iniciativas

e programas, como é o caso do

relançamento da produção da

madeira. Como essas iniciativas

funcionam exactamente?

Na Província, Sua Excia. a Senhora

Governadora, a Dra. Aldina Matilde

Barros da Lomba Catembo, tem

estado a orientar e a aconselhar a

classe empresarial local a participar

directamente como parceiro no

programa do desenvolvimento da

Geraldo Ndubo Paulo, Secretário Províncial da Indústria, Geologia e Minas

“Nunca mais haverá filas para aquisição de pão em Cabinda”

Província. Assim, tem sido notório

o surgimento de algumas unidades

industriais, quer no âmbito privado

quer na base de parcerias público-

privadas que começam a desenhar

um tecido industrial na Província

nos mais variados domínios, com

destaque para as estruturas de apoio

à construção civil, sector madeireiro,

panificadoras, etc. Também, Sua

Excia. a Senhora Governadora tem

proporcionado o surgimento de

feiras de promoção em parceria

com a FIL, para além das vantagens

oferecidas pelos regimes aduaneiros

e portuários especiais para a

Província de Cabinda

Fala-se também em parcerias

público-privadas?

O estabelecimento de parcerias

público-privadas realiza-se em prol

do desenvolvimento da Província e

em conformidade com as normas

vigentes na República de Angola sobre

essa matéria. Precisamos de crescer,

diversificando a nossa economia por

forma a que surjam mais empresas, de

modo a garantir o bem estar social ao

povo angolano.

GERALDO NDUBO PAULO EXERCE

ACTUALMENTE AS FUNÇÕES DE

SECRETÁRIO PROVÍNCIAL DA

INDÚSTRIA, GEOLOGIA E MINAS

DE CABINDA, DEPOIS DE TER

SIDO DIRECTOR PROVINCIAL DA

INDÚSTRIA, COMÉRCIO, HOTELARIA

E TURISMO. ECONOMISTA DE

FORMAÇÃO, O NOSSO INTERLOCUTOR

CONHECE COMO POUCOS O TECIDO

INDUSTRIAL DA PROVÍNCIA. DE

FORMA DESCONTRAÍDA, GERALDO

PAULO FALA-NOS DOS PLANOS

PARA TORNAR CABINDA, NÃO SÓ

AUTO-SUFICIENTE, MAS TAMBÉM

EXPORTADOR DE ALGUNS PRODUTOS.

Adriano de Sousa

36 Revista da Indústria

EM FOCO

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Revista da Indústria 37

Que outros inputs os investidores da

Província recebem?

No sector da indústria, os investidores

têm estado a buscar as vantagens

que a estrutura central coloca à

sua disposição, vantagens essas

amplamente divulgadas pela ANIP

e plasmadas na lei do investimento

privado, a Lei nº 20/11 de 20 de Maio,

bem como os produtos bancários

disponíveis através das instituições

vocacionadas para o efeito e mesmo no

âmbito do ANGOLA INVEST.

A nível local, quais são os sectores

eleitos como estratégicos?

Nós gostaríamos que nos estabelecesse

uma definição sobre sectores

estratégicos, mas no âmbito das

atribuições que são as nossas,

entendemos que a agricultura é a base

fundamental e a indústria aparece

como um factor decisivo, como disse

o saudoso Presidente Dr. António

Agostinho Neto. Afigura-se, porém, que

o programa para o desenvolvimento

da Província contempla aquilo que se

pretende atingir nos próximos anos,

fundamentalmente, como dissemos, no

ramo da agro-indústria, da construção

civil e da formação profissional.

A produção local já cobre o

mercado? Por exemplo, o sector

madeireiro e da panificação?

Na Província, nós contabilizamos 57

panificadoras que, por exemplo, no

mês de Maio deste ano produziram

210 toneladas de pão. Face à crescente

demanda de bens produzidos nessas

unidades, está em curso a montagem

de uma moageira de farinha de trigo

que certamente irá corresponder às

expectativas dos operadores nesse ramo.

Em relação ao sector madeireiro,

dispomos de seis unidades para a

serragem da madeira e 50 estruturas

micro e pequenas empresas que

transformam a madeira em bens

para utilidades diversas. Precisamos

de reforçar na Província unidades

capazes de conferir maior valor ao

sector madeireiro, fundamentalmente

unidades vocacionadas para a

produção em maior escala e qualidade

aceitáveis com vista a tornar mais

competitiva a produção local.

Reparamos que a indústria de

bebidas já está bem estabelecida aqui.

Se tivermos que estabelecer uma

comparação com a época colonial, em

que apenas tínhamos uma linha de

produção de refrigerantes denominada

Água de Subantando, hoje a aposta dos

investidores privados nesse segmento vai

dando sinais de crescimento, pois cada

vez mais registamos o interesse da classe

empresarial privada nesse domínio,

quer para a produção de água mineral,

refrigerantes e cerveja, quer para sumos.

Cabinda já é auto-suficiente nesse

aspecto?

Ainda não atingimos a auto-suficiência

nesse domínio, mas podemos afirmar

que a produção local atingiu níveis

que agradaram aos consumidores.

É de referir que, em Junho de 2014, a

produção de água mineral foi de mais

de um milhão de litros e de 17.500

hectolitros de cerveja no mesmo

período. Estamos a falar de um

mercado promissor tendo em conta

os níveis cada vez mais crescentes

da demanda e da consciência da

população que acredita cada vez mais

que é melhor consumir o produto local.

E em relação aos produtos de

exportação produzidos cá em

Cabinda, pode falar-nos também

disso?

Dissemos a pouco que o mercado

da Província é promissor e que a

produção local já é consumido além

fronteira. Refiro-me à cerveja e água

mineral. Nesta vertente, os operadores

económicos desenvolvem acções

para terem presentes nos mercados

dos países vizinhos bens produzidos

nas suas unidades e têm sido bem

sucedidos.

“Precisamos de crescer, diversificando a nossa economia por forma a que surjam mais empresas, de modo a garantir o bem estar social ao povo angolano

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Quanto ao empreendedor local

como vosso interlocutor, que

preocupações eles apresentam?

O empreendedor local tem ainda

dificuldades em aceder aos créditos

por falta de garantias, apesar de alguns

deles reunirem projectos mobilizáveis.

Importa realçar que é importante

a cultura do entrosamento com

aqueles que são detentores de algum

conhecimento nos mais variados

domínios, pois, montar e gerir uma

fábrica requer de facto habilidades,

não só técnicas como também

científicas e muita experiência.

A Província de Cabinda é conhecida

pela valorização dos trajes

africanos. Como, a nível provincial,

é visto a indústria têxtil e de

confecções?

No passado, nós tivemos algumas

unidades que apresentaram bons

trabalhos quando a economia estava

sobre total controlo do Estado.

Hoje o mercado é livre e o Estado

confere alguma latitude por forma

a ir buscar sinergias. Nessa senda,

temos a felicidade de ter aqui

algumas iniciativas de confecções

que também andam a braços com

problemas de financiamento com

vista à melhoria da qualidade. Neste

momento controlamos três empresas

de confecções que produzem em

proporções industriais. Existem outras

iniciativas menores.

Programa de industrialização

Um olhar sobre o que ainda se fará

No âmbito do Programa de industrialização da Província de Cabinda, existem vários projectos em perpectiva que prometem colocar o enclave em destaque no cenário nacional. São indústrias que vão desde a construção civil, agroindústria até as bebidas. Município a município, apresentamos em seguida os projectos.

MUNICÍPIO DE CABINDA• Fábrica de massa alimentar Avô Gracinda (um projecto

completo com estudo de viabilidade e impacto ambiental aguardando apenas por financiamento;

• Uma linha de produção de produtos de cerâmica e derivados com estudo de viabilidade e outras propostas remetidas ao Ministério através da Unidade Técnica de Projectos (UTEP).

• Linhas em curso de produção de cimento, cimento-cola, água mineral, produção de chapas de zinco, pregos, esponjas, tanques de plásticos, gases industriais (hidrogénio, acetileno e oxigénio), uma carpintaria industrial e uma linha de sumos naturais.

MUNICÍPIO DE CACONGO• Projecta-se uma unidade de transformação de milho, mandioca

e fertilizantes e uma linha de produção de artefactos de pesca.

MUNICÍPIO DE BUCO ZAU• Perspectiva-se uma unidade de produção de material de

higiene, recuperação de carpintaria industrial e uma unidade para torrefacção e descasque de café (requalificação).

MUNICÍPIO DE BELIZE• Pretende-se instalar no Alto Sundi uma unidade média de

serragem de madeira e de produção de mobiliário diverso, bem como uma fabriqueta de sumos.

38 Revista da Indústria

EM FOCO

“Precisamos de reforçar na Província unidades capazes de conferir maior valor ao sector madeireiro”

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Revista da Indústria 39

MOAGEIRA DE FARINHA DE TRIGOLocalização: Planície do Malembo Capacidade de Produção: 200 ton/dia de farinha do tipo T65. Matéria-prima: a serem importada numa primeira fase .Emprego: 70 trabalhadoresPrevisão da Conclusão da Obra: 2014 caso haja verbas para desalfandegamentos; Consumo de energia: 1500 Kw e água 4 m3/h

FÁBRICA DE SABÃO E SABONETE CASEIRO Localização: Planície do Malembo Capacidade de produção: 4 Ton/dia de Sabão e 4,8 Ton/dia de SaboneteMatéria-prima: Óleo de palma de origem provincial e países vizinhos, bem como outras importadas. Emprego: 30 trabalhadoresConsumo de energia: 500 Kw e água 5 m3/hPrevisões: 3.200 kg/dia de sabão e 3.500 kg/ dia de sabonete

FÁBRICA DE ÓLEO DE PALMA E AMENDOIM – BUCO ZAULocalização: Buco-Zau/Alzira da FonsecaCapacidade de produção: Cerca de 351 kg/hora de óleo de palma; 178 kg/hora óleo de coconote; 140 kg/hora óleo amendoim, 40 ton/dia de dendém e 900 ton/dia de amendoim. Matéria-prima: Local e países vizinhos: 5,6 ton/dia de dendém, e cerca de 9 Ton/dia de amendoimConsumo: 1500 Kw de energia e 4 m3/h de águaEmprego: 51 trabalhadores

FÁBRICA DE SALGA E SECA DE PEIXE SECO Localização: Tando-Pala/ Cacongo. Capacidade de produção: 2,8 Ton/dia de peixe Matéria-prima: Peixe proveniente de Tando-Pala e no sul do País. Consumo : 1500 Kw de energia e 7 m3/h de água. Emprego: 42 trabalhadores. Previsão: 1,8 Ton/dia.

Projectos industriais de iniciativa provincial

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40 Revista da Indústria

EM FOCO

Cresce apetênciapor Angola

Angola tornou-se recentemente

no quarto maior destino

de Investimento Directo

Estrangeiro (IDE) em África. Tal facto

deriva do forte crescimento anual da

economia do País, de acordo com um

estudo da consultora Ernst & Young

sobre a atractividade empresarial.

O estudo avança ainda que os

investimentos em curso ao nível das

infraestruturas, nomeadamente em

portos e aeroportos, bem como a

anunciada criação de um fundo de

investimento soberano e o lançamento

de uma bolsa em Luanda, são “sinais

da melhoria da atractividade” angolana

para investimentos privados.

Essa crescente apetência dos

investidores por Angola pode ser

ilustrada com os recentes acordos

assinados entre a Agência Nacional

para o Investimento Privado (ANIP)

e diferentes empresas com vista

à viabilização de investimentos

superiores a 5 biliões de Kwanzas. Os

acordos foram rubricados, em Julho

INVESTIMENTO PRIVADO

Os investimentos representam um acréscimo para a indústria angolana, disse Maria Luísa Abrantes, presidente do Conselho de Administração da Agência Nacional para o Investimento Privado (ANIP). A criação de um fundo de investimento soberano é um dos factores que tem contribuído para a melhoria da atractividade de Angola.

deste ano, pela presidente do Conselho

de Administração da ANIP, Maria Luísa

Abrantes, e membros das respectivas

empresas, a maioria das quais ligadas

aos sectores industriais, da saúde, do

comércio, prestação de serviços e da

agricultura.

Na ocasião, Maria Luísa Abrantes

disse que os investimentos representam

um acréscimo para a indústria. “Neste

momento, a indústria está a ombrear

com o comércio, apesar de ser um valor

modesto. Mas nós entendemos que

é importante porque já se começa a

investir na pequena e média indústria”,

disse.

De acordo com o último relatório da

ANIP, o investimento privado cresceu

em número no segundo trimestre de

2014 (67 projectos), o que representa

um aumento de 33% comparativamente

ao período homólogo de 2013. Estes 67

projectos de investimento representam

um valor superior a 200 milhões de

dólares americanos.

O referido relatório cita ainda o

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estudo publicado pela Ernst & Young

denominado “2014 Attractiveness

Survey”, no qual Luanda é referida no

top 15 das regiões africanas receptoras

de projectos, permanecendo no

sétimo lugar no período 2007-2013.

De acordo com o mesmo estudo, a

capital angolana só é ultrapassada

por Gauteng, Al-Qahirah, Casablanca,

Nairobi, Western Cape e Lagos State.

“No mesmo período, Luanda recebeu

3% do total de projectos de IDE e

obteve 1,7% da porção referente aos

postos de trabalho criados”, lê-se no

documento.

Entretanto, há muitos mais

motivos para se investir em Angola

do que as avançadas pelo relatório

da consultora Ernst & Young. Quem

conhece o País sabe que o mesmo

está a viver a melhor fase da sua

história com reconhecido crescimento

económico, estabilidade social, política

e segurança.

Ocorrem reformas importantes com

vista à diversificação da economia e

implementação de política de atracção

de investimentos estrangeiros.

Um exemplo disso é a Nova Lei do

Investimento Privado (NLIP) que foi

recentemente publicada através da Lei

n.º 20/11, de 20 de Maio. A NPIL revogou

a anterior Lei de Base do Investimento

Privado (Lei n.º 11/03, de 13 de Maio),

assim como as disposições da Lei sobre

os Incentivos Fiscais e Aduaneiros ao

Investimento Privado (Lei n.º 17/03,

de 25 de Julho) que não possam ser

compatibilizadas com a NLIP.

A NLIP aplica-se apenas aos

“investimentos privados qualificados”,

cujo montante seja igual ou superior

a um milhão de dólares americanos.

Investimentos de montante inferior a

um milhão de dólares, embora possam

ser realizados, não estarão sujeitos

à NLIP nem gozarão dos benefícios

e prerrogativas nela previstos, como

sejam o direito a repatriar lucros e/ou

dividendos e a possibilidade de serem

elegíveis para efeitos da atribuição de

incentivos fiscais e aduaneiros.

Os projectos de investimento

aprovados nos termos da antiga Lei

do Investimento Privado continuam

a ser regidos pela lei (e contrato,

caso exista) em vigor na data em

que foram aprovados. Contudo, os

incentivos fiscais e aduaneiros obtidos

por referência a esses projectos não

poderão ser prorrogados.

Por outro lado, o nosso País

estabeleceu acordos de protecção

recíproca de investimento com vários

países, destacando-se, em África, a

Namíbia, Cabo Verde e a Guiné Bissau.

Na Europa, essa parceria se estende à

França, Alemanha, Inglaterra, Itália,

Portugal, Holanda, Espanha, Suíça

e Rússia, enquanto que na América

Latina o acordo de protecção recíproca

de investimento limita-se à Cuba.

O investimento privado cresceu em número no segundo trimestre de 2014 (67 projectos), o que representa um aumento de 33% comparativamente ao período homólogo de 2013

Para todos os investidores oriundos

de qualquer ponto do globo, foram

criados muitos outros incentivos,

nomeadamente a protecção ao

investidor, acesso a tribunais e direito

à defesa, devolução monetária em caso

de expropriação, a garantia, por parte

da lei, de profissionalismo, privacidade

e confidencialidade.

De acordo com os dados

disponibilizados pela ANIP, os

investimentos privados não são

nacionalizados. Se por interesse vital

acontecer, o Governo assegura todos

os direitos dos investidores. Além de

tudo isso há também incentivos fiscais

que passam pela isenção e redução

tributária.

Revista da Indústria 41

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Vistos mais detalhadamente

Nesta edição da Revista Indústria apresentamos a caracterização de três sectores igualmente importantes:

TransportesEstratégia: Privatização. Construção de um sistema integrado de transportes e ligação do sistema de transportes angolano com o da SADC (Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral), bem como a criação de instituições qualificadas para fazer o pla-neamento urbano. É pretensão do executivo a criação de órgãos reguladores para cada tipo de meios de transporte, o desenvolvi-mento de três corredores que comecem nos portos e terminem nos caminhos-de-ferro. Para os sectores dos transportes a aten-ção concentra-se também na revitalização do transporte marítimo e sistema de distribuição para restabelecer a competitividade de empresas nacionais.

Entretanto, para alcançar tais desideratos são desejáveis investi-mentos nas áreas de transportes públicos urbanos, transporte in-terprovincial e intermunicipal de passageiros, meios de transporte de mercadorias e bens de médio e grande porte.

Áreas de Investimento:Estradas: transportes públicos urbanos, transporte interprovincial e intermunicipal de passageiros, meios de transporte de mercado-rias e bens de médio e grande porte.

Caminhos-de-ferro: O Estado é dono das companhias ferroviárias CFL, CFB e CFM.É uma área aberta a investimentos em todas as suas vertentes.

Portos: Aberto ao investimento (Privatização da Gestão).Porto que pode ser arrendado: Luanda.Portos em uso: Lobito, Namibe, Cabinda, Soyo e Porto Amboim

Transporte Marítimo: Tanto a navegação costeira e transporte marítimo internacional em Angola são actividades liberalizadas.

Aviação: Actividade liberalizada para transporte aéreo nacional.Transporte aéreo internacional é uma actividade condicionada pelo exercício de direitos de tráfego a ser negociado com a companhia aérea nacional. O investimento privado é possível no processo de remodelação de infraestrutura e prestação de serviço.

Telecomunicações: Para este sector é imperioso que se observe as delimitações impostas pela Lei nº 5/02 de 16 de Abril de 2002.Reserva absoluta de Estado: rede básica de telecomunicações.Reserva relativa de Estado: serviços de telecomunicações de uso público e as actividades económicas susceptíveis de serem contra-tados por entidades não pertencentes ao sector público, por meio de um contrato de concessão.

42 Revista da Indústria

EM FOCO

Sectores prioritáriosDe acordo com a ANIP, os sectores da agricultura e pecuária, bem como a indústria transformadora foram eleitos pelo Estado angolano como prioritários. Por exemplo, são muito bem vistos investimentos em produção de embalagens, produção de máquinas, equipamentos, ferramentas e acessórios, reciclagem de materiais ferrosos e não ferrosos, produção têxtil, vestuário e calçado, transformação de madeira e seus derivados, produção de bens alimentares e materiais de construção.

Contudo, há bastante interesse também em tecnologias de informação, infraestruturas ferroviárias, rodoviárias, portuárias e aeroportuárias, indústria de pesca e derivados (incluindo a construção de embarcações e redes). A lista ainda inclui energia e águas, habitação social, hotelaria e turismo.

Todavia, é de relevante importância para os investidores conhecerem os sectores que são reserva absoluta do Estado. A produção ou distribuição de material bélico, o Banco Nacional de Angola (BNA) e moeda, portos e aeroportos assim como as infraestruturas básicas para redes de telecomunicação são os de reserva absoluta do Estado. O sistema básico de telecomunicações e os serviços postais são considerados de reserva relativa do Estado.

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Desafios do sector: aumentar a concorrência no mercado de tele-fonia; melhorar os serviços de Internet e universalizá-lo, melhorar a oferta de segmento corporativo, regular duopólio da televisão paga.

Legislação Vigente:Lei básica de telecomunicações (Lei nº 8/01 do 11 Maio, 2001).Regulamentos que regem o acesso à actividade de prestação de serviços de telecomunicações de uso público, inicialmente (Decre-to nº 18/97, de 27 de Março de 1997 e atualizado pelo Decreto nº 44/02 de 6 de Setembro de 2002).Regulamentos que regem os serviços de telecomunicações de uso público (Decreto n º 45/02, de 10 de Setembro de 2002).Normas que regulamentam os preços dos serviços de telecomuni-cações de uso público (Decreto nº 04/03 de 09 de Janeiro de 2004).Normas gerais que regem a interligação (Decreto n º 13/04, de 12 de Março de 2004).Plano Nacional de Numeração.Plano Nacional de Frequências (Decreto nº 10/03, de 07 de Março de 2003).Constituição da INACOM (Decreto n º 115/08, de 07 de Outubro de 2008).Estrangeiros, pessoas individuais ou colectivas, não podem ser acio-nistas maioritários no capital dos operadores de serviço público de telecomunicações (artigo 18 da Lei nº 8/01, de 11 Maio de 2001).A participação directa ou indirecta de um operador de telecomuni-cações no capital de outra para prestar o mesmo serviço não pode exceder 10% (artigo 17, da mesma lei). Agricultura e GadoPara quem pretende investir nesta área as vantagens são imensas, começando pelo vasto potencial que oferece o mercado interno. Há também mais de três milhões de hectares de solo arável dispo-níveis no País. Outras vantagens são: condições climáticas favoráveis; biodiversi-dade e ambiente sem solos, água ou atmosfera poluídos; existência abundante de água. Zonas mais irrigadas: Bengo, Cabinda, Luanda e Huíla.Principais plantações: tubérculos, cereais e frutas.Consta do programa do Governo a promoção do agro-negócio, agroindústrias, exploração sustentável dos recursos florestais, regu-lamentos veterinários e sanitários, construção e reabilitação de in-fraestruturas de áreas irrigadas, armazéns e silos, pesquisa e desen-volvimento, capacitação e treinamento e promoção do crédito rural.

Fonte: ANIP

A ANIP

A Agência Nacional para o Investimento Privado foi constituída a 01 de Abril de 1989 e tem a categoria de Instituto Público dotado de personalidade jurídica e de autonomia administrativa, financeira e patrimonial. É também uma entidade orçamental que recebe dotações do Orçamento Geral do Estado (O.G.E) e tem a sua sede em Luanda na Rua Cerqueira Lukoki, nº 25, Edifício do Ministério da Indústria, 9º andar.

A ANIP tem as seguintes atribuições:

• Promover as condições propícias e fornecer os apoios necessários à realização do investimento no território nacional quer estes sejam de origem nacional ou estrangeira;

• Assegurar a recepção e o acompanhamento de todos os projectos de investimento;

• Registar e acompanhar em coordenação com o Banco Nacional de Angola (BNA) nos termos da legislação cambial e demais legislação complementar em vigor e que vier a ser aprovada.

Revista da Indústria 43

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Nossa gente

44 Revista da Indústria

Como montar uma pequena indústriade produção de derivados de milho

BOAS PRÁTICAS

Produtos Finais TradicionaisFarinhaSêmolaMaçaroca verdeBebidas alcoólicas fermentadas

Linhas Ruralizadas Pequena DimensãoLimpeza, debulha do milho e embalamento em sacos de 50 Kg;Limpeza, debulha e produção de farinha/sêmola rústica com embalamento manual

Linhas de Média DimensãoRecepção de Milho/Secagem e farinação com separação de tipos de farinha;Extracção de Óleo Alimentar;

Milho seco em grão

Fuba de milhoembalada

RECEPÇÃO

ARMAGENAGEM

DEGERMINAÇÃO

MOAGEM

ENCHIMENTO EM SACOS

Fluxograma da transformação do milho

em fuba

COMO MONTAR UMA PEQUENA INDÚSTRIA DEPRODUÇÃO DE DERIVADOS DE MILHO

Produtos Finais Tradicionais

Produtos Finais Não Tradicionais

Linhas Ruralizadas Pequena Dimensão

Linhas de Média Dimensão

Usado na cozinha tradicional, tanto em fresco como em fuba, nomeadamente nos seguintes pratos e bebidas: Kapuka (Cachipembe); Máhime; Pirão; Oloseke; Canjica; Quissangua eChimbombo.Este produto para além da importância na culinária tradicional revela uma aptidão enorme para a produção em massa. A estabilidade do milho em grão é elevada durante o tempo desde que o armazenamento se desenrole em condições simples de assegurar (lugar seco,arejado e limpo).

FarinhaSêmolaMaçaroca verdeBebidas alcoólicas fermentadas

Forragem animalExtracção de amidoÓleo alimentarXarope de milho (substituto do açúcar)

Limpeza, debulha do milho e embalamento em sacos de 50 Kg;Limpeza, debulha e produção de farinha/sêmola rustica com embalamento manual

Recepção de Milho/Secagem e farinação com separação de tipos de farinha;Extracção de Óleo Alimentar;

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··

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Recepção

Fluxograma da transformaçãodo milho em fuba

O milho é usado na cozinha tradicional, tanto em fresco como em fuba, nomeadamente nos seguintes pratos e bebidas: Kapuka (Cachipembe), Máhime, Pirão, Oloseke, Canjica, Quissangua e Chimbombo.

Este produto, para além da sua importância na culinária tradicional, revela uma aptidão enorme para a produção em massa.

A estabilidade do milho em grão é elevada ao longo do tempo desde que o armazenamento se desenrole em condições simples que assegure a sua durabilidade (lugar seco, arejado e limpo).

Armazenagem

Degerminação

Moagem

Enchimento dos sacos

Produtos Finais Não TradicionaisForragem animalExtracção de amidoÓleo alimentarXarope de milho (substituto do açúcar)

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Natural de Luanda, residente no bairro Cazenga, Isabel Machado ingressou nos quadros

do Ministério no longínquo ano de 1986, tendo sido enquadrada na área administrativa como escriturária dactilógrafo. Daí, como alguns cursos, qualificou-se para outros desafios e actualmente ostenta a categoria de técnica média de contabilidade no Departamento de Administração e Gestão, sector de Finanças.

Ainda na década de 1990 Isabel Machado concluiu com distinção o curso pré-universitário. Também frequentou alguns cursos no Centro Básico de Administração do Ministério da Indústria (CBA), entre outros que fez em Lisboa, capital portuguesa, todos ligados à contabilidade pública.

ISABEL MACHADO

Conhecida por ser amorosa e carinhosaFoi no Departamento de Ministração e Gestão da Secretaria Geral, sector de Finanças, que encontrámos a nossa interlocutora. Dentre as muitas qualidades, Isabel Pereira da Silva Machado é uma pessoa humildade. Mas também é conhecida por ser amorosa e carinhosa.

Sobre o labor, revela que são raros os dias de calmaria. “Nós trabalhamos directamente com o Ministério das Finanças. Por isso que é um pouquinho agitado. Temos que cumprir rigorosamente com os prazos mas não tenho tido problemas porque domino a área há bastante tempo”, explica. Ao longo dos 29 anos que está no Ministério da Indústria, Dona Isabel, como também é conhecida, fez muitas amizades que até se confundem com familiares. “Nessa área de contabilidade tem que se ter bom relacionamento com os colegas, não podes ter inimigos”, disse em jeito de brincadeira.

No que se refere às condições de trabalho disse não haver muito que dizer. “Por acaso já temos algumas regalias, mas gostaria que essas mesmas

A figura:Data de Nascimento: 27 de Outubro 1965Filhos: 4Prato preferido: Funge de CalulúBebida: ChampanheDesporto: Futebol

regalias, principalmente as relacionadas com a saúde, abrangessem os restantes membros dos nossos familiares; inclusive os nossos pais que já são idosos e não sabemos como tratar deles”, apelou.

Fora do MIND, a maior parte do tempo é dedicada aos filhos (quatro no total, dois casais). Também dedica largas horas à religião. Aos finais de semana gosta de visitar mais as irmãs, dançar e ouvir música. Neste caso particular, não dispensa um bom semba ou kizomba, de Puto Português de preferência, embora diga que não tem cantor favorito.

Revista da Indústria 45

NOSSA GENTE

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46 Revista da Indústria

LAZER

Receitas

Camarão Cozidocom Vinho Espumante

Ingredientes:

• 1 kg de camarão

• 5 dentes de alhos

• 2 Colheres de azeite

• Piri-piri q.b

• 1 Folha de louro

• 1 taça de vinho Espumante

• Sal q.b

• Limão a gosto

Preparação:

Cozer o camarão em água com sal e a folha de

louro. Escorrer e temperar com o limão. Num

tacho, colocar alhos picados e azeite e levar ao

lume a alourar. De seguida colocar o camarão e

mexer até os mesmos ficarem como se estivessem

fritos. Por fim colocar o resto de limão, o vinho

espumante e o piri-piri. O segredo deste simples

prato de camarão cozido é a combinação do limão

com o espumante.

Bom apetite!

Bolo de MandiocaIngredientes:

• 150g de leite de côco ou duas

chávenas de leite com um pacote

pequeno de côco ralado

• 6 chávenas de mandioca crua

ralada

• 4 colheres de sopa de margarina

• 6 ovos batidos

• 4 copos de açúcar

• 2 colheres de chá de sal

Preparação:

Colocam-se num liquidificador os ovos

juntamente com o açúcar.

Acrescenta-se depois a margarina,

o sal, o leite de côco e por fim a

mandioca.

Depois, coloca-se o preparado

numa forma previamente untada

e polvilhada com farinha de trigo e

coloca-se no forno a uma temperatura

média de 180º durante cerca de 30

minutos.

Bom apetite!

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Revista da Indústria 47

Palavras cruzadas

Horizontal:2) Além das pirâmides, qual o outro local destinado ao sepultamento de

faraós e membros da nobreza?4) Das três pirâmides de Gizé, qual é a segunda em tamanho? 5) Tumúlos funerários utilizados pela nobreza do Egipto Antigo. 9) Quem ocupava a classe social mais inferior no Egipto Antigo? 11) Quem era venerado como um Deus no Egipto Antigo? 14) Característica dos egípcios que traduz a crença em vários deuses. 15) Em que continente o Egipto está localizado?16) Nome do mar onde o Rio Nilo desagua. Vertical:1) Deus egípcio responsável por julgar os mortos, sendo considerado um

dos mais populares deuses do Egipto Antigo. 3) Instrumento utilizado pelos egípcios para tirar água do Rio Nilo. 6) Nome da escrita utilizada pelos escribas para fazer a contabilidade dos

armazéns reais e dos templos. 7) Qual é o nome do faraó que detém o título de “Faraó Menino”?8) Que historiador imortalizou a frase: “O Egipto é uma dádiva do Rio Nilo”? 10) Elemento responsável pela fertilização do solo às das margens do Rio

Nilo depois do término da inundação.12) Planta aquática do Rio Nilo. Dela se produz uma espécie de papel. 13) Das três pirâmides de Gizé, qual é a maior?

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2 - Vale dos Reis4 - Quéfren5 - Mastabas9 - Escravos11 - Faraó14 - Mediterrâneo15 - Politeísmo16 - Africano

1 - Osíris3 - Shaduf6 - Demótica7 - Heródoto8 - Tutancâmon 10 - Humo12 - Papiro13 - Quéops

Respostas

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PÁGINA FINAL

Prezados Colegas,

Depois de um tempo mais ou menos longo, retorna às vossas mãos este

exemplar da nossa revista INDÚSTRIA, fruto do trabalho abnegado de toda

esta equipa que tenho a honra e o prazer de dirigir. Acreditem, a principal

ambição desta equipa, e minha também, já agora, é trazer cada três meses

um produto cada vez com mais qualidade.

É por isso que começo por endereçar um convite a cada um de vós

para fazer parte dela. Só com o envolvimento de todos e de cada um,

conseguiremos fazer desta revista uma das melhores do mercado

institucional. E como podem vocês contribuir para isso? Disponibilizando-

se para as entrevistas, fornecendo informações sobre as actividades nos

vossos departamentos e direcções e até trazendo histórias pessoais e

artigos de opinião para aqueles que tenham jeito para isso. Anedotas,

contos, poemas, fotos, enfim, tudo isso será muito útil para fazer

da nossa revista um produto versátil, atraente e, por isso mesmo,

bonito e agradável. Estes materiais podem ser enviados ao Centro de

Documentação e Informação (CDI) situado na sede do Ministério, na Rua

Cerqueira Lukoki, 1º Andar, ou ainda para os emails: cdi.mind@hotmail.

com, [email protected] e [email protected]. Todas

as contribuições são bem-vindas.

Finalmente, gostaria de agradecer a todos aqueles que tornaram possível

o ressurgimento da nossa querida revista. Foram muitas as pessoas que,

ainda que apenas com as suas palavras, nos deram coragem naqueles

momentos de desânimo. Mas não podemos deixar de citar

S. Excia. a Sr.ª Ministra que, não apenas deu as orientações pertinentes e

cedeu parte do seu tempo para conceder-nos uma extensa entrevista, como

envolveu-se na pauta, elaborou e corrigiu textos e deu sugestões que foram

em grande medida responsáveis pela qualidade que, modéstia à parte, a

nossa revista já traz neste primeiro número. E como estamos conscientes

que devemos sempre buscar cada vez mais perfeição no nosso trabalho,

gostaria de dizer à Sr.ª Ministra que continuamos a contar com ela.

Bem-haja pelo seu apoio!

Desejamos boa leitura. Da mesma maneira as contribuições são muito

bem-vindas, assim também como o são as críticas e sugestões.

Muito obrigada a todos e até o próximo número em Novembro que,

prometemos, será ainda melhor que este.

Drª Albertina Rita Gomes, Directora do CDI do Ministério da Indústria

48 Revista da Indústria

“Foram muitas as pessoas que, ainda que apenas com as suas palavras, nos deram coragem naqueles momentos de desânimo”

“Vamos fazer da nossa revista um produto versátil”

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