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INDÚSTRIAS DE CERÂMICA VERMELHA DA REGIÃO CENTRAL DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL - CARACTERÍSTICAS R. R. Tomazetti; J. M. D. Soares; E. Correa; I. S. Tavares Rua Honório Magno, 441 - Santa Maria - RS - CEP 97070-450 e-mail: [email protected] - fone 0**55-2208313 Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) - CT - Santa Maria - RS RESUMO Este trabalho apresenta os resultados finais de um estudo que analisou a produção de cerâmica vermelha da Região Central do Estado do Rio Grande do Sul. Foram avaliadas 81 indústrias cerâmicas, através da aplicação de questionário, visitas e documentação fotográfica. A análise dos resultados mostra que: 78% das indústrias são de pequeno porte, com estrutura familiar e tempo médio de atividade de 22 anos; a produção total é de aproximadamente 9,2 milhões de peças/mês (tijolos maciços - 29,2%, blocos – 52,3%, telhas – 12,7%, tavelas – 5,8%); a maioria das jazidas são de várzea, próprias e com extração mecanizada; 53% das olarias realizam sazonamento; 87% utilizam fornos intermitentes e 13% fornos contínuos; os combustíveis mais utilizados são: lenha (55%), cavaco de lenha (14%), serragem (14%) e casca de arroz (14%); 11% das olarias realizam freqüentemente ensaios de resistência, 35% ensaios dimensionais; 9% absorção; os principais compradores são pessoas individuais (48%). Palavras-chave: setor cerâmico, questionário, produção, cerâmica vermelha INTRODUÇÃO O setor de cerâmica vermelha no Brasil é constituído por milhares de empresas espalhadas em todas as regiões do país. Estas empresas utilizam em geral tecnologias desenvolvidas a mais de 30 anos, sendo em sua grande maioria de pequeno e médio porte, com pequena escala de produção e baixa rentabilidade (1) . No Estado do Rio Grande do Sul existem aproximadamente 1200 indústrias cerâmicas, sendo a grande maioria de pequeno porte, produzindo de forma Anais do 48º Congresso Brasileiro de Cerâmica Proceedings of the 48 th Annual Meeting of the Brazilian Ceramic Society 28 de junho a 1º de julho de 2004 – Curitiba-PR 1

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INDÚSTRIAS DE CERÂMICA VERMELHA DA REGIÃO CENTRAL DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL - CARACTERÍSTICAS

R. R. Tomazetti; J. M. D. Soares; E. Correa; I. S. Tavares Rua Honório Magno, 441 - Santa Maria - RS - CEP 97070-450

e-mail: [email protected] - fone 0**55-2208313 Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) - CT - Santa Maria - RS

RESUMO

Este trabalho apresenta os resultados finais de um estudo que analisou a

produção de cerâmica vermelha da Região Central do Estado do Rio Grande do Sul.

Foram avaliadas 81 indústrias cerâmicas, através da aplicação de questionário,

visitas e documentação fotográfica. A análise dos resultados mostra que: 78% das

indústrias são de pequeno porte, com estrutura familiar e tempo médio de atividade

de 22 anos; a produção total é de aproximadamente 9,2 milhões de peças/mês

(tijolos maciços - 29,2%, blocos – 52,3%, telhas – 12,7%, tavelas – 5,8%); a maioria

das jazidas são de várzea, próprias e com extração mecanizada; 53% das olarias

realizam sazonamento; 87% utilizam fornos intermitentes e 13% fornos contínuos; os

combustíveis mais utilizados são: lenha (55%), cavaco de lenha (14%), serragem

(14%) e casca de arroz (14%); 11% das olarias realizam freqüentemente ensaios de

resistência, 35% ensaios dimensionais; 9% absorção; os principais compradores são

pessoas individuais (48%).

Palavras-chave: setor cerâmico, questionário, produção, cerâmica vermelha INTRODUÇÃO

O setor de cerâmica vermelha no Brasil é constituído por milhares de empresas

espalhadas em todas as regiões do país. Estas empresas utilizam em geral

tecnologias desenvolvidas a mais de 30 anos, sendo em sua grande maioria de

pequeno e médio porte, com pequena escala de produção e baixa rentabilidade (1).

No Estado do Rio Grande do Sul existem aproximadamente 1200 indústrias

cerâmicas, sendo a grande maioria de pequeno porte, produzindo de forma

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artesanal, com restrito conhecimento técnico, escasso controle de qualidade e com

mão de obra pouco especializada.

Na região central do Estado do Rio Grande do Sul, atuam hoje no setor de

produção de cerâmica vermelha 84 indústrias, em sua maioria de pequeno porte,

com estrutura simples e familiar, pequena a média produção e com escasso controle

tecnológico dos produtos.

Este trabalho é resultado de duas dissertações de mestrado que estudaram as

características e condições de funcionamento das indústrias de cerâmica vermelha

da Região Central do Estado do Rio Grande do Sul: Tavares (2002) (2) que avaliou

as matérias-primas e indústrias cerâmicas da cidade de Santa Maria-RS e Tomazetti

(2003) (3) que analisou os produtos cerâmicos e indústrias cerâmicas de 34

municípios da Região Central do Estado do Rio Grande do Sul.

FIGURA 1 – Mapa esquemático indicando o local de estudo

MATERIAIS E MÉTODOS

O levantamento das indústrias de cerâmica vermelha existentes na região, foi

realizado junto aos cadastros das Prefeituras Municipais, Sindicato das Indústrias de

Olaria e de Cerâmica para Construção no Estado do Rio Grande do Sul -

SIOCERGS e através de informações obtidas nas próprias empresas.

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Com a definição do universo de indústrias cerâmicas, foi enviado, via Correio,

às empresas um questionário, no qual foram levantados os principais aspectos que

pudessem mostrar a realidade do setor produtivo de cerâmica vermelha da Região.

Além disso, foram realizadas visitas à algumas empresas visando, através do

contato direto e documentação fotográfica, uma melhor caracterização das mesmas.

As indústrias cerâmicas identificadas na região correspondem a um total de 84

empresas, sendo 19 delas relativas a Santa Maria (2) e 65 referentes aos outros 34

municípios (3) que fazem parte da região de estudo. Desse total, foi possível aplicar o

questionário em 81 indústrias (96%).

RESULTADOS

Perfil das indústrias

Nas 81 indústrias cerâmicas analisadas predominam empresas de pequeno

porte, com estrutura familiar, baixa rentabilidade, pequena escala de produção e

tempo médio de atividade de 22 anos. A Figura 2 mostra em percentual a

quantidade de empresas por porte, em função da produção mensal.

78%

16%6%

Pequeno Porte (Até 100 mil peças)

Médio Porte (De 100 a 300 mil peças)

Grande Porte (Acima de 300 mil peças)

FIGURA 2 - Quantidade de empresas por porte

A produção total de cerâmica vermelha da região é de aproximadamente 9,2

milhões de peças/mês, com destaque para a fabricação de blocos de vedação com

furos na horizontal e tijolos maciços, muito usados pela indústria da construção civil

local. A Figura 3 mostra em percentual os produtos mais fabricados, onde FV

significa furo na vertical e FH furo na horizontal.

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29,19%

50,43%

0,68%

1,24%

12,67%

5,79%

Tijolos maciços

Blocos de vedação - FH

Blocos de vedação - FV

Bloco estrutural

Telhas

Tavelas

FIGURA 3 – Percentual da produção cerâmica

O setor de cerâmica vermelha da região, gera aproximadamente 750 empregos

diretos, com média de 9 empregados por empresa. A Figura 4 mostra a quantidade

de funcionários por empresa.

58%

7%

7%

28%

Até 20

20 a 40

40 a 60

Acima de 60

Empresas

FIGURA 4 - Número de funcionários por empresa

A Figura 5 mostra a relação produção x empregos diretos nas empresas, onde

podemos ver que as indústrias de grande porte, mais produtivas devido a

automatização, têm a menor taxa de emprego e as indústrias de médio porte são

responsáveis pela maioria dos empregos gerados. Embora sejam apenas 6% das

empresas da região, as indústrias de grande porte são responsáveis por quase

metade da produção de cerâmica vermelha.

25,68%

27,43%

46,89%8,78%

53,22%

38,00%Pequeno Porte

Médio Porte

Grande Porte

EmpregosProdução

FIGURA 5 – Produção x empregos diretos

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Processo Produtivo

s exploradas pelas indústrias cerâmicas são de várzea,

send

A maioria das jazida

o poucas as jazidas de morro, como mostra a Figura 6. Grande parte das

jazidas são próprias (70%), porém existem algumas indústrias que arrendam a jazida

ou compram a argila, conforme mostra a Figura 7.

10% 85%

5%

De várzeaDe morroAmbas

8%21%

70%

1%

PrópriaArrendadaArgila é compradaTodas

FIGURA 6 – Origem das jazidas FIGURA 7 – Condição da jazida

Jazidas de várzea: encontra-se em ambiente reduzido, nas margens de rios e

várze

encostas e sopés de morros, em geral são

solos

-

as, onde predominam solos sedimentares escuros, saturados e com elevados

teores de matéria orgânica (Figura 8).

- Jazidas de morro: ocorrem em

mais drenados, com teor reduzido de matéria orgânica, possuindo colorações

diversas: marrom-claro, amarelo rosa, cinza e ou variegada (Figura 9).

FIGURA 8 – Jazida de várzea FIGURA 9 – Jazida de morro

O processo de extração das argilas, é realizado pelas empresas da região de

forma manual em 31% dos casos ou de forma mecânica, com o uso de

retroescavadeiras, em 69% dos casos.

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O transporte das argilas da jazida até a olaria é feito principalmente por

caminhões (51%), seguido de trator/reboque (29%) e veículo de tração animal

(20%). A distância de transporte da matéria-prima é pequena na maioria das

empresas, sendo que distâncias superiores a 10 km ocorrem em apenas 5% das

olarias, conforme mostra a Figura 10 .

5%2%

14%

79%

Até 1 kmDe 1 a 5 kmDe 5 a 10 kmMais de 10 km

FIGURA 10 – Distância de transporte

Após o transporte, as argilas devem ser estocadas a céu aberto em períodos

de tempo que variam d o material extra do às

intempéries provoca a lavagem de sais solúveis, o alívio de tensões nos blocos de

argila

e 6 meses a 2 anos. A exposição d í

s, melhoram sua plasticidade e homogeneizam a distribuição da umidade (4). O

sazonamento (estocagem da argila) é realizado em 53% das indústrias pesquisadas

com descanso médio de 122 dias e máximo de 720 dias. As Figuras 11 e 12

mostram, respectivamente, exemplos de estocagem de argila ao ar e em galpão.

FIGURA 11 – Estocagem ao ar FIGURA 12 – Estocagem em galpão

A mistura de duas ou mais argilas ocorre quando uma única argila não é

próp utos ce

ropriedades físico-químicas. A maior parte das indústrias da região adota a mistura

de du

ria para a fabricação de prod râmicos, devido a sua granulometria e

p

as argilas em seu processo produtivo, como mostra a Figura 13. A dosagem da

mistura tem pouca precisão, ocorrendo geralmente pela contagem do número de

“conchas” de pás-carregadeiras,.

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2,4%17,1% 23,2%

57,3%

1 argila2 argilas3 argilasMais de 3 argilas

FIGURA 13 – Número de argilas utilizadas pelas olarias da região

As indústrias cerâmicas utilizam vários equipamentos no processo produtivo,

os quais rodutiva

das empresas. Entre os equipamentos utilizados para conformação da massa temos

extru

estão relacionados ao tipo de produto fabricado e à capacidade p

soras (com e sem vácuo) e prensas. A Figura 14 mostra os percentuais de

extrusoras e prensas utilizadas pelas olarias da região.

50%

53%

47%

50%Prensas (tijolos maciços)

Prensas (telhas)

Extrusoras sem vácuo

Extrusoras com vácuo

FIGURA 14 – Percentual de prensas e extrusoras utilizados na moldagem. Os equipamentos utilizados pelas empresas são em 26% dos casos novos,

18% seminovos e 55% usados. O que mostra que as olarias de pequena escala

produ des

produ

tiva adquirem equipamentos que já não atendem mais as necessida

tivas das olarias com média escala de produção. As Figuras 15 e 16 mostram,

respectivamente, tipos de extrusoras sem vácuo e com vácuo, utilizadas pelas

olarias da região.

FIGURA 15 – Extrusora sem vácuo FIGURA 16 - Extrusora com vácuo

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Os proprietários informam conhecer a vida útil dos equipamentos em 54% dos

casos, e a sua manutenção é realizada geralmente na própria olaria (50%) ou em

oficinas especializadas e na olaria (50%). O transporte dos produtos dentro das

indústrias, é realizado principalmente por carros-de-mão, com utilização de carros

sobre trilhos nas empresas de maior porte.

Após a moldagem, os produtos são encaminhados à etapa de secagem, a qual

pode ser feita em galpão ou estufa. Nessa etapa ocorre a eliminação da água

utilizada na conformação das peças, ev do assim perdas durante o processo de

queim r a

mani

e 3%. As Figuras 17 e 18 mostram,

respe

itan

a. Após a secagem o produto deve ter resistência suficiente para possibilita

pulação que o acabamento e o transporte até a queima do corpo cerâmico

exige (5).

A secagem em galpão é a mais utilizada pelas olarias, estando presente em

93% das empresas. O percentual de perdas durante o processo de secagem

verificado nas 81 olarias, é da ordem d

ctivamente, a secagem em galpão e estufa.

FIGURA 17 – Secagem em galpão FIGURA 18 – Secagem em estufa

A queima é uma das fases mais importante do processo cerâmico, pois é nela

que o material adquire as propriedades adequadas a seu uso, como dureza,

resistência mecânica, resistência à água, às intempéries e agentes químicos.

A finalidade da queima é aglomerar as partículas formando uma massa

coerente pela sinterização, que traz como conseqüência ao produto cerâmico a

redução de sua área específica total, redução no volume aparente total e aumento

da resistência mecânica (6).

Os fornos utiliza reg

com pouca utilização deste último, conforme mostra a Figura 19. A ampla utilização

dos pelas empresas da ião são o intermitente e o contínuo,

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do forno intermitente está relacionada ao predomínio de empresas de pequeno porte

na região.

13%

87%

ContínuosIntermitentes

FIGURA 19 – Tipos de fornos usados

Nas Figuras 20 e 21 pode-se ver, respectivamente, um forno intermitente e um

forno contínuo tipo túnel.

FIGURA 20 – Forno intermitente FIGURA 21 - Forno túnel

Os combustíveis utilizados pelas empresas são de vários tipos, com

predominância de uso de lenha e destaque para a utilização de resíduo de outras

indústrias, como mostra a Figura 22.

14%1%14% 3%

55%

14%

Cavaco de LenhaLenhaMaravalha (serragem)GLP (Gás)Casca de ArrozÓleo

FIGURA 22 – Combustíveis utilizados

mos ver que as indústrias de grande porte têm

A relação mil peças produzidas x consumo de combustível em m³ é

apresentada na Figura 23, onde pode

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um melhor aproveitamento da energia. Isto se deve principalmente a utilização de

fornos contínuos, que possuem maior eficiência energética em relação aos fornos

intermitentes utilizados pelas empresas de menor porte.

1,2

1,5Porte

8,7

Pequeno Porte

Médio

Grande Porte

te a etapa de queima seja

fundamental para reduzir as perdas e obter um produto final de qualidade, poucas

empresas o realizam, conforme mostra a Figura 24.

FIGURA 23 – Relação mil peças produzidas x consumo de combustíveis em m³

A perda média durante a etapa de queima verificada nas indústrias analisadas

município, é da ordem de 4%. Embora o controle duran

23%

22%

22%

19%Manutenção da temp. máx.

15%

Veloc. de aquec.

Unif. da temp.

Temp. máx. de queima

Veloc. de esfriamento

FIGURA 24 – Controle durante a queima

Controle tecnológico dos produtos

Após o término do processo produtivo, os produtos devem ser verificados

quanto à resistência mecânica, absorção de água, dimensões e cor. Esta verificação

possibilita saber se os produtos estão de acordo com as exigências das normas

técnicas. A Tabela I apresenta os controles e sua freqüência de realização.

TABELA I - Controles realizados nos produtos e freqüência de realização

Uma vez Freqüente Anual Nunca Verificação dimensional 7% 35% 1% 57% Ensaios de resistência 20% 11% 1% 68% Absorção de água 11% 9% - 80% Coloração e/ou caracterização 5% 1% - 94%

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Somente 17% dos responsáveis pelas indústrias informaram ter conhecimento

das normas da ABNT para análise de produtos cerâmicos e apenas 11% têm

conhecimento da Portaria Nº 152 (08/12/98) do INMETRO, que trata das condições

mercadológicas de comercialização e da verificação da conformidade metrológica.

Mercado consumidor:

umidor é loca ra da ção cerâmica

onstrução a regiã o princi onsum

soas in ais. As guras 25 e 26 mostram,

r

O mercado onsc l, com g nde parte produ

absorvida pela indústria da c civil d o, e pal c idor dos

produtos cerâmicos são pes dividu Fi

espectivamente, as distâncias de comercialização dos produtos e o mercado

consumidor.

36%48%31%23%

17%46%

Até 10 KmDe 10 a 50 KmAcima de 50 Km

ConstrutorasTerceirosLojas de materiais de construção

FIGURA 25 – Distâncias de comercialização FIGURA 26 – Mercado consumidor

CONCLUSÕES

Das 81 indústrias analisadas 78% são de pequeno porte, com estrutura familiar,

pequeno volume de produção, equipamentos obsoletos e mão de obra pouco

especializada.

Existe uma grande heterogeneidade entre as indústrias de cerâmica vermelha da

região, com volumes de produção que variam de 5 mil a 1,5 milhões de

peças/mês.

s

maiores indústrias, sendo responsável por 55% da produção de cerâmica

resas utilizam resíduos de outras indústrias (casca de arroz e

maravalha), principalmente no processo de queima, objetivando reduzir custos.

O município de Santa Maria possui: o maior número de empresas (19) e as trê

vermelha da região.

A grande maioria das olarias opera com restrito conhecimento técnico, com

pouco controle do processo produtivo e tecnológico dos produtos.

35% das emp

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As empresas de maior porte têm investido em melhores equipamentos e controle

tecnológico da matéria-prima e produtos, devido à fabricação de produtos

específicos como blocos de alvenaria estrutural e telhas, que exigem maior

1. Brasileiro de

.

4. tecnologia cerâmica, IPT/JICA, São Paulo, 1991. 20 p.

nkian,

. L. H. Van Vlack, Propriedades do Materiais Cerâmicos, Editora Edgard Blucher, 73. 318p

This paper presents the final results of a research that analyze the production of red

ind

ave 22 years; the approximate overall production is 9,2 million

12,7%, and roof taile - 5,8%); most layers are from wetlands and their extraction is mechanized; 53% of the potteries make use of stock (break); 87% use intermittent oven and 13% continuous oven; the most used type of fuel are wood (55%), splinter of wood (14%), sawdust (14%), and rice usk (14%); 11% of the potteries conduct

of absorption; the main bu

tecnologia e certificação.

Está havendo uma redução no número de indústrias cerâmicas na região.

REFERÊNCIAS

J. Duailibi Filho, O. O. Carvalho, Cerâmica Vermelha, AnuárioCerâmica 2002, ABC, São Paulo, 2002, p. 74.

2. I. S. Tavares. Estudo das Matérias-Primas Utilizadas na Produção de Cerâmica Vermelha em Santa Maria - RS. Dissertação de Mestrado. CPGEC/UFSM. 2002198p.

3. R. R. Tomazetti. Análise da Produção de Cerâmica Vermelha da Região Central do Estado do Rio Grande do Sul. Dissertação de Mestrado. CPGEC/UFSM. 2003. 190p. A. R. Zandonadi, E. Ioshimoto, Cerâmica vermelha - Curso internacional de treinamento em grupo em

5. C. F. Gomes, Argilas o que são e para que servem, Fundação Cal GulbeLisboa, 1988. 457 p.

6São Paulo, 19

INDUSTRIES OF RED CERAMIC FROM CENTRAL REGION OF RIO GRANDE DO SUL STATE - CARACTERISTICS

ABSTRACT

ceramic in the central region of the state of Rio Grande do Sul. The study evaluate 81 ustries, though questionnaires, in-site visits, and photographic documentation. The

results show that 78% of the potteries are small family owned businesses with rage activity time of

pieces/month (solid bricks - 29,2%, structural ceramics – 52,3%, roofing tiles –

htests of mechanic behavior, 35% conduct tests of dimensions and 9% conduct tests

yers are individuals (48%).

Key-words: ceramic sector, questionnaires, production, red ceramic

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28 de junho a 1º de julho de 2004 – Curitiba-PR

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