Infeccoes Sistema Nervoso Central
Transcript of Infeccoes Sistema Nervoso Central
MENINGITES
Microbiologia ClínicaDepto Patologia
Universidade Federal Fluminense
Profa. Cláudia de Mendonça SouzaMestranda Laís Lisboa
DOENÇAS DO SNC
Crânio
Coluna Vertebr
alMeninges
Leptomeninges
Vias de invasão
• Principal: hematogênica
• Outras:• Sistema nervoso periférico (característica das
infecções virais por herpes simples, varicela zoster e raiva). • A partir de estruturas adjacentes: infecções de ouvido
ou dos seios paranasais, e trato olfativo.• Implantação direta de micro-organismos: lesão
traumática, defeitos congênitos.
DOENÇAS DO SNC
DOENÇAS DO SNC
Abscessos cerebrais• Causado por várias bactérias, em geral de origem orofaríngea,
particularmente anaeróbios
Tétano & Botulismo• Causados por toxinas produzidas pelo C. botulinum e C. tetani
Meningites
Encefalites• São inflamações agudas do parênquima cerebral, comumente
causadas por uma infecção viral, mas podendo apresentar outra
etiologia
Meningoencefalites• Infecção crônica das meninges e/ou encéfalo por: M. tuberculosis,
Borrelia e T. pallidum
MENINGITES
A meningite piogênica aguda é uma infecção mais grave
que a meningite aguda viral
Possui etiologia diversa:
Evidências clínicas de irritação meníngea e prejuízo neurológico
• Cefaléia
• Fotofobia
• Febre
• Irritabilidade
•Alteração da consciência
• Rigidez da nuca
MENINGITE BACTERIANA
Meningite piogênica aguda bacteriana: risco de vida tratamento específico urgente!
Mais graves e menos comuns do que a viral
Causada por vários agentes bacterianos
Até 1990 – Haemophilus influenzae tipo b (Hib)
Streptococcus pneumoniae e Neisseria meningitidis
Introdução da vacina*
* Inserida no esquema nacional de vacinação do Brasil em 1999.
Principais agentes etiológicos bacterianos
Microrganismo Faixa Etária
Escherichia coli, Streptococcus agalactiae, Listeria
monocytogenes
Recém-nascido
S. agalactiae, L. monocytogenes, E. coli < 2 meses
S. pneumoniae, Haemophilus influenzae, Neisseria
meningitidis
< 10 anos
N. meningitidis (surtos) Adulto jovem
S. pneumoniae, N. meningitidis Adulto
S. pneumoniae, L. monocytogenes,
bacilos Gram-negativos, H. influenzae
Idoso
MENINGITE MENINGOCÓCICA
Causada pela Neisseria meningitidis
Diplococos Gram-negativos, semelhantes a N.
gonorrhoeae, mas com uma cápsula adicional de
polissacarídeo que é antigênica.
Colonização nasofaringe – 5-15% da população
• Adesão as células da nasofaringe por fímbrias
• A taxa de portadores pode chegar a 60-80% nos
surtos
Transmissão: pessoa-a-pessoa, por gotículas de
saliva (contagiosa)
Sorotipos específicos associados à infecção
•Variação geográfica
• B, C e Y – países mais desenvolvidos
• A e W-135 – regiões menos desenvolvidas
Vacinas: têm como alvos os sorotipos A, C, Y e W-135
Quadro clínico
• Período de incubação de 3 dias. Início súbito• Irritação na garganta, cefaléia, sonolência e sinais de meningite• Frequentemente erupção cutânea hemorrágica com petéquias –
septicemia•35% dos pacientes apresentam septicemia fulminante, choque e insuficiência renal
• 100% de mortalidade quando não tratada•7 a 10% de mortalidade mesmo se tratada, podendo ocorrer sequelas graves
A MENINGITE BACTERIANA É UMA URGÊNCIA MÉDICA!
Suspeita nos diagnóstico Antibioticoterapia
• Apesar de dificultar a recuperação de MO’s nas amostras, o tratamento precoce salva vidas
• Penicilina ou Amplicilina (já existem relato de cepas com resistência intermediária)
Contato familiar – rifampicina por 2 dias.
Aos pacientes deve ser administrada a rifampicina para
eliminar a condição de portador.
Meningococos são comumente resistentes às
sulfonamidas.
MENINGITE POR Haemophilus influenzae
Cocobacilos Gram-negativos – 6 tipos (a, b, c, d, e, f)
• Cepas não encapsuladas: são comuns e presentes
na orofaringe em 20-50% das pessoas saudáveis.
• Cepas encapsuladas (tipo b): mais virulentas
(invasivas) – 3-5% de colonização. Ocasionalmente
causam bacteremias e atingem as meninges.
MENINGITE POR Haemophilus influenzae
Comumente complicada por graves sequelas
neurológicas
•Período de incubação de 5-6 dias, início mais
insidioso
•Menos fatal que a meningocócica – taxa de
mortalidade de 5% dos casos tratados
•Surdez, atraso no desenvolvimento da fala,
retardo mental e crises convulsivas em 9% dos
casos tratados
Anticorpos maternos – proteção nos primeiros
meses de vida; janela de susceptibilidade: 2-3 anos de
idade
Tratamento é feito com ampicilina, ceftriaxona ou
cefotaxima
Contatos próximos devem ser tratados com
rifampicina (contagiosa)
Haemophilus influenzae
Haemophilus influenzae
MENINGITE PNEUMOCÓCICA
Causada pela Streptococcus pneumoniae
Coco Gram-positivo, encapsulado, encontrado na
orofaringe de muitos indivíduos saudáveis
A susceptibilidade à infecção está associada aos baixos
níveis de anticorpos contra antígenos da cápsula
polissacarídica
Proteção dos anticorpos é tipo-específica: > 90 tipos
diferentes de antígenos capsulares
Quadro clínico
• Pior do que com N. meningitidis e H. influenzae
(não contagiosa)
• Manifestação aguda pode vir após pneumonia
e/ou septicemia em idosos
• Irritação na garganta
• 20 a 30% de mortalidade mesmo se tratada
• 15-20% de sequelas em casos tratados
Tratamento é feito com penicilina/cefalosporinas 3a
• A resistência deve ser devidamente avaliada
Streptococcus pneumoniae
Prevenção: tratamento imediato de otite média e
infecções respiratórias e vacina polissacarídica
23 valente para crianças acima de 5 anos de idade
Anos 2000: Vacinas conjugadas (proteína + ag
capsulares) -- mais eficaz em crianças < 2 anos
Streptococcus pneumoniae
Fatores de virulência dos principais patógenos
Fator de virulência Patógeno Bacteriano
N. meningitidis H. Influenzae S. pneumoniae
Cápsula + + +
Protease de IgA + + +
Pili + + -
Endotoxina + + -
Proteínas da membrana externa
+ + -
MENINGITE POR Listeria monocytogenes
Cocobacilo Gram-positivo, catalase +
- hemolítico; crescimento a
temperaturas de refrigeração
Transmissão: ingestão de alimentos contaminados
Meningite em adultos imunocomprometidos; infecções intra-
uterinas recém-nascidos (atravessa a placenta)
Menos susceptível a penicilina que o S. pneumoniae
• Tratamento: penicilina ou ampicilina + gentamicina
MENINGITE NEONATAL
Taxas de mortalidade estão caindo em países desenvolvidos,
mas o problema ainda é grave
Causada por uma ampla variedade de bactérias
• Estreptococos β-hemolíticos do grupo B (S. agalactiae) e E. coli
• Infecção hospitalar e mães colonizadas e/ou infectadas
(transmissão pelo canal do parto)
Em muitos casos, causa sequelas neurológicas permanentes• Paralisia cerebral ou de nervos cranianos, epilepsia, retardo mental
ou hidrocefalia
Diagnóstico clínico difícil• Sinais inespecíficos: febre, recusa alimentar, vômitos, desconforto
respiratório e diarréia
• Antibioticoterapia “às cegas” – tratamento não ideal
MENINGITE TUBERCULOSA
Em mais de 50% dos casos está associada a tuberculose miliar
Áreas de alta prevalência – comum em crianças de 0-4 anos
(vacina BCG previne meningite tuberculosa e miliar)
Áreas de menor frequencia – acomete mais os adultos
Se apresenta com um início gradual durantes algumas semanas
• Inicialmente mal-estar, apatia e anorexia, evoluindo, em
algumas semanas, para fotofobia, rigidez de nuca e
comprometimento da consciência
RESPOSTA DO ORGANISMO
Leucócitos PMN e proteínas
LCR visivelmente turvo
Bactérias induzem eventos inflamatórios mais dramáticos,
que limitam a propagação local, de modo que a infecção é
localizada e forma abscessos
A inflamação e o edema podem ser de alto risco
Aspecto histológico só volta ao normal várias semanas após
a cura clínica
DIAGNÓSTICO LABOTARORIAL
Material clínico: LCR
• Amostra colhida em tubo estéril e encaminhada com
urgência
• Não refrigerar!
• Amostras refrigeradas podem inibir e até impedir o
crescimento de MO’s, no entanto essas amostras servem
para a pesquisa de antígenos
• Volume mínimo de 1mL para bactérias
Geralmente, a concentração dos MO’s no líquor é baixa
(< 103 UFC/mL): centrifugar a amostra para concentrá-los
Devido à gravidade dessas infecções, o laboratório deve estar
preparado para realizar o diagnóstico de modo rápido e preciso
Parâmetros que auxiliam na interpretação da cultura de líquor
Diagnóstico laboratorial
Leucócito/mm3
Células predominantes
Proteínas Glicose
Normal 0-4Nenhuma ou
linfomonicitária
15-40mg/dl (adulto)
Até 120mg/dl (recém-nascido)
2/3 da glicemia
ProvávelEtiologia
viral
0-500 Mononucleares Normais ou um pouco
aumentadas
(50-100mg/dl)
Normal
Provável infecção
bacteriana>500 PMN >100mg/dl Diminuíd
a
Provável tuberculose ou infecção
fúngica
Até 500 Perfil misto >50mg/dl Normal ou
diminuída
Parâmetros que auxiliam na interpretação da
cultura de líquor
Lactato:
Normal em meningites de etiologia VIRAL.
Aumentado nas de etiologia BACTERIANA.
Centrifugar a amostra 4.500 – 5.000 rpm/ 15min
Semear em AS, CHOC e MacConkey
Gram do sedimento
Incubar a 35°C em estufa com 5% de CO2 por 24h Placas (+)
Identificação e TSA
Placas (-) Incubar por 24h
Placas (-)
Emitir resultado
parcial negativo
Emitir resultado negativo
Liberação do
resultado final
DETECÇÃO DE ANTÍGENOS BACTERIANOS NOS ESPÉCIMES CLÍNICOS
Teste de aglutinação pelo látex
“Kit” para a pesquisa de antígenos no líquor de:
• Neisseria meningitidis
• Streptococcus pneumoniae
• Haemophilus influenzae
• Streptococcus agalactiae
• Escherichia coli
(+)(-)
Recomenda-se não utilizar como método único de
diagnóstico, mas realizar também Gram e Cultura