influência do clima sobre os estádios fenológicos da videira

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO SECRETARIA DA EDUCAÇÃO TÉCNICA E TECNOLÓGICA CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM VITICULTURA E ENOLOGIA Tatiana Sellmer Nilson INFLUÊNCIA DO CLIMA SOBRE OS ESTÁDIOS FENOLÓGICOS DA VIDEIRA E SOBRE A QUALIDADE E QUANTIDADE DA PRODUÇÃO BENTO GONÇALVES 2010

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

SECRETARIA DA EDUCAÇÃO TÉCNICA E TECNOLÓGICA

CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM VITICULTURA E ENOLO GIA

Tatiana Sellmer Nilson

INFLUÊNCIA DO CLIMA SOBRE OS ESTÁDIOS FENOLÓGICOS D A VIDEIRA E

SOBRE A QUALIDADE E QUANTIDADE DA PRODUÇÃO

BENTO GONÇALVES

2010

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Tatiana Sellmer Nilson

INFLUÊNCIA DO CLIMA SOBRE OS ESTÁDIOS FENOLÓGICOS D A VIDEIRA E

SOBRE A QUALIDADE E QUANTIDADE DA PRODUÇÃO

Trabalho de conclusão de Curso Superior

apresentado ao Instituto Federal de Educação, Ciência e

Tecnologia do Rio Grande do Sul – Campus Bento

Gonçalves, como requisito para a obtenção do grau de

Tecnólogo em Viticultura e Enologia.

Orientador: Eduardo Giovannini

BENTO GONÇALVES

2010

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AGRADECIMENTOS

A Deus, pela presença constante em minha vida. Obrigada pela graça de chegar

até aqui.

A todos os professores, principalmente Luciano Manfroi, Rodrigo Monteiro e

Eduardo Giovaninni, meu orientador, que além de ensinar sempre com dedicação, paciência e

carinho, sempre foi um amigão. "O Giova é um bom companheiro."

Aos meus pais, Selma e Nilson, que sempre me ampararam, que me agüentaram

nos momentos difíceis e de estresse, principalmente nesta última etapa, na elaboração deste

trabalho. Muitas vezes pensei que não iria conseguir, mas seus desejos me impulsionaram e a

confiança de vocês me sustentou. Agradeço a vocês que se doaram por inteiro e muitas vezes

renunciaram seus sonhos em função dos meus. Obrigada por tudo.

A minha maninha, Tamiris, que foi minha colega nestes anos de faculdade,

minha dupla nos trabalhos, minha cúmplice, melhor colega e acima de tudo minha melhor

amiga.

Aos meus tios, tia Tila e tio Sérgio pelo apoio e torcida durante essa caminhada.

“Um abraço aos familiares.” (risos)

Ao K, meu grande companheiro, o maior responsável por eu ter conseguido

chegar até o fim.

A minha turma, mais que colegas, amigos, vocês nunca saberão o quanto foram

importantes para mim.

Ao Marcos Fiorin, funcionário de uma empresa vinícola da cidade, que me ajudou

com algumas informações.

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DEDICATÓRIA

A Deus por tudo que me proporciona na vida.

À mainha linda e painho lindo, que tanto amo, pelo exemplo de vida e família.

À minha mana, pela parceria sempre.

E ao K, que acreditou que eu era capaz.

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EPÍGRAFE

Se enxerguei longe, foi porque me apoiei em

ombros de gigantes.

Issac Newton

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SUMÁRIO

LISTA DE TABELAS ..............................................................................................................7

LISTA DE FIGURAS ...............................................................................................................8

RESUMO.................................................................................................................................10

ABSTRACT .............................................................................................................................11

INTRODUÇÃO .......................................................................................................................12

1. O CICLO DA VIDEIRA ....................................................................................................13

2. PRINCIPAIS ESTÁDIOS FENOLÓGICOS DA VIDEIRA E A I NFLÊNCIA DO

CLIMA .....................................................................................................................................14

2.1 Repouso vegetativo................................................................................................14

2.1.1 Temperatura do ar.....................................................................................14

2.1.2 Precipitação..............................................................................................16

2.2 Brotação.................................................................................................................16

2.2.1 Temperatura do ar.....................................................................................17

2.2.2 Precipitação..............................................................................................18

2.3 Floração - frutificação...........................................................................................18

2.3.1 Temperatura do ar.....................................................................................18

2.3.2 Insolação/Radiação solar..........................................................................19

2.3.3 Precipitação..............................................................................................20

2.3.4 Velocidade do Vento................................................................................20

2.3.5 Umidade relativa do ar.............................................................................20

2.4 Maturação e colheita.............................................................................................21

2.4.1 Temperatura do ar.....................................................................................21

2.4.2 Precipitação..............................................................................................21

2.4.3 Insolação/Radiação solar..........................................................................22

3. ELEMENTOS METEOROLÓGICOS E A INFLUÊNCIA SOBRE A QUALIDADE

E QUANTIDADE DE UVA PRODUZIDA ..........................................................................23

3.1 Temperatura do ar................................................................................................23

Page 7: influência do clima sobre os estádios fenológicos da videira

3.1.1 Coloração das bagas.................................................................................23

3.1.2 Relação açúcar / acidez............................................................................24

3.1.3 Aroma.......................................................................................................24

3.1.4 Quantidade da produção...........................................................................24

3.2 Insolação/Radiação solar......................................................................................24

3.2.1 Relação açúcar / acidez............................................................................25

3.2.2 Coloração das bagas.................................................................................25

3.2.3 Tamanho das bagas..................................................................................26

3.2.4 Teor de ácidos e pH..................................................................................26

3.2.5 Teor de minerais.......................................................................................26

3.2.6 Aroma.......................................................................................................27

3.3 Precipitação............................................................................................................27

3.3.1 Aroma.......................................................................................................28

3.3.2 Sanidade...................................................................................................28

3.3.3 Relação açúcar / acidez............................................................................29

3.3.4 Quantidade de produção...........................................................................29

3.3.5 Coloração das bagas.................................................................................30

3.4 Velocidade do Vento..............................................................................................30

3.4.1 Quantidade de produção...........................................................................30

3.4.2 Sanidade...................................................................................................31

3.5 Umidade relativa do ar.........................................................................................31

3.5.1 Sanidade...................................................................................................31

4. MATERIAIS E MÉTODOS ..............................................................................................32

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES......................................................................................36

6.CONCLUSÃO......................................................................................................................48

BIBLIOGRAFIA .....................................................................................................................49

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Normal climatológica - Dados médios do período de 1961 a

1990...........................................................................................................................................33

Tabela 2 Dados meteorológicos da Serra Gaúcha do período de

2009/2010..................................................................................................................................34

Tabela 3 Dados meteorológicos da Serra Gaúcha do período de 2004/2005...........................35

Tabela 4. Produção de uvas (kg) safra 2005 e 2010.................................................................46

Tabela 5. Média da graduação (°Babo) safra 2005 e 2010.......................................................47

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Comportamento meteorológico (temperatura média) na safra de 2010 em relação à

normal climatológica (1961/1990) Bento Gonçalves – RS......................................................37

Figura 2 Comportamento meteorológico (temperatura máxima) na safra de 2010 em relação à

normal climatológica (1961/1990) Bento Gonçalves – RS......................................................38

Figura 3 Comportamento meteorológico (temperatura mínima) na safra de 2010 em relação à

normal climatológica (1961/1990) Bento Gonçalves – RS......................................................38

Figura 4 Comportamento meteorológico (precipitação - mm) na safra de 2010 em relação à

normal climatológica (1961/1990) Bento Gonçalves – RS......................................................39

Figura 5 Comportamento meteorológico (precipitação - dias) na safra de 2010 em relação à

normal climatológica (1961/1990) Bento Gonçalves – RS......................................................39

Figura 6 Comportamento meteorológico (umidade - %) na safra de 2010 em relação à normal

climatológica (1961/1990) Bento Gonçalves – RS...................................................................40

Figura 7 Comportamento meteorológico (insolação - horas) na safra de 2010 em relação à

normal climatológica (1961/1990) Bento Gonçalves – RS......................................................40

Figura 8 Comportamento meteorológico (velocidade média do vento) na safra de 2010 em

relação à normal climatológica (1961/1990) Bento Gonçalves –

RS..............................................................................................................................................41

Figura 9 Comportamento meteorológico (média/ total anual) na safra de 2010 em relação à

normal climatológica (1961/1990) Bento Gonçalves – RS......................................................41

Figura 10 Comportamento meteorológico (temperatura média) das safras de 2004/2005 e

2009/2010. Bento Gonçalves,RS..............................................................................................42

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Figura 11 Comportamento meteorológico (temperatura máxima) das safras de 2004/2005 e

2009/2010. Bento Gonçalves,RS..............................................................................................42

Figura 12 Comportamento meteorológico (temperatura mínima) das safras de 2004/2005 e

2009/2010. Bento Gonçalves,RS..............................................................................................43

Figura 13 Comportamento meteorológico (precipitação - mm) das safras de 2004/2005 e

2009/2010. Bento Gonçalves,RS..............................................................................................43

Figura 14 Comportamento meteorológico (precipitação – dias) das safras de 2004/2005 e

2009/2010. Bento Gonçalves,RS..............................................................................................44

Figura 15 Comportamento meteorológico (umidade - %) das safras de 2004/2005 e

2009/2010. Bento Gonçalves,RS..............................................................................................44

Figura 16 Comportamento meteorológico (insolação - horas) das safras de 2004/2005 e

2009/2010. Bento Gonçalves,RS..............................................................................................45

Figura 17 Comportamento meteorológico (velocidade do vento – m/s) das safras de

2004/2005 e 2009/2010. Bento Gonçalves,RS.........................................................................45

Figura 18 Comportamento meteorológico (média/total anual) das safras de 2004/2005 e

2009/2010. Bento Gonçalves, RS.............................................................................................46

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RESUMO

A videira é influenciada por diversos elementos meteorológicos do clima, dentre eles

temperatura, precipitação, insolação, velocidade do vento e umidade do ar, estes elementos

apresentam diferentes efeitos sobre a videira, variáveis em função das fases do ciclo da planta.

Estes fatores influenciam na produção da uva, sobre a quantidade e qualidade. Água, luz e

calor, são, portanto, os três fatores climáticos que, dependendo da época e da quantidade,

determinam as condições para o sucesso da viticultura, porém, os fatores de qualidade da uva

não é função só do clima, mas do solo, da cultivar e das técnicas de cultivo empregadas,

porém, o clima possui forte influência sobre a videira, sendo importante na definição das

potencialidades das regiões para a cultura. A temperatura é o fator mais importante, limitando

a qualidade e quantidade de produção da videira, a riqueza em açúcar da uva está relacionada

diretamente com a insolação, quer dizer, a intensidade e a duração das radiações luminosas

sobre o cacho, o excesso de umidade do ar cria condições favoráveis ao desenvolvimento de

enfermidades, afetando a quantidade da produção dentre outras conseqüências, assim sendo,

temos como objetivo conhecer os diferentes pontos de vista de alguns especialistas sobre a

influência dos fatores climáticos sobre as fases da videira e consequente influência sobre a

qualidade e quantidade de uva produzida, principalmente sobre a safra de 2010, através de

uma pesquisa bibliográfica, coletando informações de livros, textos, materiais xerocopiados,

elaborados por profissionais da área, para isso foram utilizados dados meteorológicos da safra

de 2010 e comparados com os dados da normal climatológica de 1961/1990 da estação da

Embrapa Uva e Vinho de Bento Gonçalves, RS. Além da comparação com a safra de 2005,

destaque dos últimos anos, dos valores de quantidade de produção e graduação média para

algumas variedades, de uma empresa da cidade. A safra de 2010 apresentou uma queda de

1,6% no volume da produção e na qualidade, com graduação glucométrica em torno de 14,16°

Babo, devido principalmente ao excesso de chuva, a alta umidade e a baixa insolação no

período de floração, frutificação e maturação.

Palavras-chave: clima, videira, qualidade e quantidade.

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ABSTRACT

The grapevine is influenced by several meteorological elements of the climate, among them

temperature, precipitation, sunshine, wind speed and humidity, these factors have different

effects on the vine, which vary according to the phases of the plant. These factors influence

the production of grapes, about the quantity and quality. Water, light and heat are therefore

the three climatic factors, depending on the time and quantity, determine the conditions for

successful viticulture, however, the quality factors of the grape is not a function only of the

weather, but soil , cultivar and cultivation techniques employed, however, the climate has a

strong influence on the vine, being important in defining the regions' potential for culture.

Temperature is the most important factor limiting the quality and quantity of production Vine,

the richness of the grape sugar is linked directly with solar radiation, ie, the intensity and

duration of light radiation on the bunch, excess moisture air creates favorable conditions for

the development of diseases affecting the production quantity among other consequences,

therefore, we aim to know the different views of some experts on the influence of climatic

factors on the stages of the vine and the consequent influence on the quality and quantity of

grapes produced, mainly on the harvest of 2010 through a literature search, collecting

information from books, texts, materials xerocopiados prepared by professionals, for it was

used meteorological data from the crop of 2010 and compared with data the normal

climatology for the 1961/1990 season Embrapa Uva e Vinho Bento Gonçalves, RS. Besides

the comparison with the 2005 crop, especially in recent years, the values of production

quantity and graduation average for some varieties, a company town. The harvest of 2010 was

down 1.6% in production volume and quality, with graduation glucométrica around 14.16 °

Babo, mainly due to excessive rain, high humidity and low insolation during flowering,

fruiting and ripening.

Keywords: climate, vine, quality and quantity

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INTRODUÇÃO

A radiação solar, a temperatura do ar, a precipitação, seja ela pluviométrica,

geada ou granizo e a umidade relativa do ar são os elementos meteorológicos de maior

influência sobre o desenvolvimento, produção e qualidade da uva.

Essa influência ocorre em todos os estádios fenológicos da videira, ou seja,

desde o repouso vegetativo (inverno), brotação, floração, frutificação, crescimento das bagas

(primavera), maturação (verão) até a queda das folhas (outono) (MANDELLI, 2009).

Cada estádio fenológico necessita de uma quantidade adequada de luz, água e

calor para que a videira possa se desenvolver e produzir uvas de qualidade, pois a uva é uma

cultura que sofre muita influência dos fatores climáticos, porém pode se adaptar a diferentes

tipos de clima. No Brasil, por exemplo, é cultivada desde o extremo sul até a região nordeste

variando logicamente as técnicas produtivas aplicadas em cada localidade.

O Brasil apresenta diversos tipos de clima, devido sua grande extensão. O

clima do Brasil para a vitivinicultura é bastante particular, distinto daqueles encontrados na

maioria dos países produtores de uva e interagindo com os demais componentes do meio

natural, em particular com o solo, assim como com a cultivar e com as técnicas agronômicas

utilizadas, confere aos produtos um conjunto de características e uma tipicidade própria, além

do que, os fatores climáticos indicam que cada região encontrará melhores condições para a

produção de certas variedades, pois uma uva de um mesmo vinhedo pode resultar em um

fruto de diferentes qualidades. Da mesma forma, a mesma uva pode originar, ainda que

cultivada em continentes diferentes, uvas de qualidades semelhantes.

Para Constantinescu (1967), o conhecimento do ecossistema vitícola é

indispensável na identificação do potencial vitícola e aperfeiçoamento do sistema de

produção, visando a melhoria da qualidade e especialização da produção. Sabendo disso,

neste trabalho será abordado a influência dos aspectos climáticos sobre as fases da videira e

sobre a qualidade e quantidade de uva produzida.

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1. O CICLO DA VIDEIRA

Para Santos (2003), a videira passa por várias fases de crescimento, seu ciclo pode

ser dividido pelas quatro estações do ano.

Durante o inverno, se dá a fase de repouso vegetativo ou invernal; a planta já sem

folhas, caídas durante o outono, repousa. Os nutrientes que seriam usados pelas folhas se

acumulam e dessa reserva, assim estocada, dependem o equilíbrio fisiológico da planta e sua

longevidade. Na primavera inicia-se a germinação, os brotos desenvolvem e surgem as folhas.

As flores fecundadas se transformam em frutos que crescem e começam a mudar de cor, a

amadurecer no verão e por fim, no outono as folhas mudam de cor, caem e dá-se início a um

novo ciclo.

Page 15: influência do clima sobre os estádios fenológicos da videira

2. PRINCIPAIS ESTÁDIOS FENOLÓGICOS DA VIDEIRA E A

INFLUÊNCIA DO CLIMA

2.1 Repouso vegetativo

O repouso da videira ocorre no final do outono e início do inverno, geralmente se

dá durante metade de junho, julho e início de agosto.

2.1.1 Temperatura do ar

As baixas temperaturas que ocorrem nesse período são fundamentais para a

videira, pois quanto mais frio melhor será o repouso.

A videira permanece em repouso vegetativo até que a temperatura média atinja a

sua temperatura de base. Para as condições médias esta temperatura é considerada os 10°C.

Este valor, no entanto, é variável, sendo menor (próximo a 8°C) em regiões frias, e maior em

regiões quentes.

Em condições de pouco frio invernal, que podem ocorrer nos climas subtropicais,

torna-se necessário a adoção de tratamentos e práticas culturais adequados visando garantir

uma porcentagem satisfatória de brotação das videiras.

Nos climas tropicais o período de dormência é alcançado através do manejo de água durante o

período de repouso, sendo possível obter-se produções em qualquer período do ano. Observa-

se, porém, uma queda de rendimento nas safras iniciadas nos meses mais frios (TEIXEIRA,

2004).

Para que se obtenha produção com regularidade, longevidade da planta e frutos de

composição equilibrada é necessário que a videira tenha esse período de dormência anual.

As fases de dormência foram caracterizadas da seguinte forma: a dormência é

antecipada por um estádio de pré-dormência, correspondendo a um período de inibição das

Page 16: influência do clima sobre os estádios fenológicos da videira

gemas. A instalação da dormência ocorre após a maturação dos sarmentos (POUGET, 1963;

NIGOND, 1967).

A videira é bastante resistente às baixas temperaturas na estação do inverno,

quando se encontra em período de repouso vegetativo. As cultivares americanas e híbridas são

mais resistentes ao frio, podendo resistir à temperatura entre -20°C e -30° C, conforme

Tonietto e Mandelli (2003), já para Giovannini (1999), as espécies americanas suportam,

quando estão em dormência, temperaturas mais baixas que as européias, respectivamente,

-25°C e -15°C.

O frio invernal é importante para a quebra de dormência das gemas, no sentido de

assegurar uma brotação adequada para a videira.

Segundo Zuluaga et. al., (1971), para instalação da dormência são necessárias

temperaturas mínimas entre 12°C e 18°C e conforme o zoneamento climático para o estado do

Rio Grande do Sul (1994), as cultivares americanas necessitam de mais de 100 horas de frio

(abaixo de 7,2°C) para superação da dormência (Bento Gonçalves – 358 horas).

O frio no período de dormência mantém as gemas dormentes, evitando a

antecipação da brotação, o que aumentaria o risco de dano por geada nesta fase (GOBBATO,

1922; POUGET, 1963; HUGLIN, 1958, 1986).

É necessária a continuidade do período de frio durante a pós-dormência (pré-

brotação), pois evita a reversibilidade das gemas a dormência.

Já a falta de frio constante e o calor antecipado durante o inverno fazem com que

as parreiras precoces, que precisam em geral de menos horas de frio brotem antecipadamente,

e esses brotos que já nasceram, são danificados pelo frio que pode voltar a fazer e

possivelmente não irão produzir uvas.

Gobbatto (1922, 1940), alertou para o perigo de invernos quentes que podem

ocasionar a antecipação da brotação da parreira, expondo as plantas a um período de maior

risco, caso ocorram posteriormente períodos com temperaturas baixas.

Já nas variedades tardia, a pouca quantidade de frio poderá fazer com que elas não

estejam preparadas para brotar. Entretanto, a ausência de frio poderá comprometer as

brotações quando a primavera chegar.

Calo & Costacurta (1974) e Bernstein (1984), demonstram o efeito favorável das

temperaturas baixas durante o período de pós-dormência e pré-brotação sobre a fertilidade das

gemas. Em contrapartida, Pouget (1981) encontrou um aumento no número de inflorescências

quando a temperatura em pré e pós brotação era de 25°C, em relação a 12°C. No entanto, na

temperatura mais alta havia uma redução no número de flores.

Page 17: influência do clima sobre os estádios fenológicos da videira

O efeito de temperaturas elevadas durante o período de pós-dormência e pré-

brotação atua desfavoravelmente por reverter a quebra de dormência e antecipar a brotação.

No primeiro caso, pode determinar a inibição de gemas e o atraso na brotação. A antecipação

da brotação para algumas cultivares pode acarretar grandes prejuízos se ocorrerem geadas

fortes após a brotação (GOBBATO, 1922; BRANAS ET. AL., 1946; ZULUAGA et. al.,

1971; HUGLIN, 1986).

2.1.2 Precipitação

As chuvas de inverno são importantes para as reservas hídricas do solo,

necessárias para o início do ciclo vegetativo da videira. E conforme Giovannini, as chuvas no

inverno favorecem uma boa brotação e crescimento dos ramos.

Para Pouget (1963), a quebra de dormência pode ocorrer em condições naturais,

pela falta de chuva.

Os excessos hídricos concentram-se nos subperíodos fenológicos da queda das

folhas e repouso invernal. Em função do consumo mínimo de água da videira nesses estádios,

a quase totalidade da água da chuva é computada como excesso. Esse excesso, apesar de

favorecer a ocorrência de doenças, em solos bem drenados e em terrenos acidentados, não

restringe o cultivo de viníferas. No entanto, preocupa pelos danos provocados pela erosão.

Segundo Giovannini (1999), a ocorrência de um tipo de precipitação, a geada,

durante o período de repouso da videira não causa dano.

2.2 Brotação

As videiras começam a brotar no final do inverno e início da primavera, ou seja,

final de agosto até outubro.

Page 18: influência do clima sobre os estádios fenológicos da videira

2.2.1 Temperatura do ar

O Programa de Investimentos Integrados para o Setor Agropecuário (Rio Grande

do Sul, 1975) considera adequada uma variação da temperatura no período ativo de

crescimento entre 10°C e 23°C, e que acima de 39,5°C as temperaturas tornam-se limitantes.

O início do crescimento da videira é marcado pelo estádio de brotação das gemas,

que ocorre a partir de uma temperatura base de 10°C (BRANAS et. al., 1946; WINKER,

1962; CONSTANTINESCU, 1967; HIDALGO, 1980).

De forma genérica considera-se a temperatura de 10°C como mínima para que

possa haver desenvolvimento vegetativo; do final do inverno ao início da primavera, quando

ocorre a brotação das videiras.

Em regiões quentes ou em invernos quentes, podem ocorrer limitações na brotação

das gemas, permanecendo algumas delas sem brotar (MIELE et al., 1982; BERNSTEIN,

1984).

Segundo Bernstein (1984), a brotação é mais rápida á medida que a temperatura se

eleva. Em geral, em climas mais amenos, a duração é de 21 a 26 dias, porém Pouget (1967)

considera que a velocidade de brotação é função da temperatura e das características genéticas

de cada cultivar.

As videiras brotam no final do inverno – início da primavera, à medida que ocorre

aumento da temperatura. As precoces começam a brotar geralmente no final de agosto – início

de setembro, devido às temperaturas de inverno mais elevadas, enquanto que as tardias podem

iniciar a brotação no final de setembro – início de outubro.

Gobbatto (1922, 1940), relata que quando a temperatura for menor que 0°C

durante a brotação, ocorre a queima da brotação primária eliminando a possibilidade de

produção, pois a brotação das gemas secundárias que ocorre após o dano é praticamente

infrutífera ou nula.

Butrose & Hale (1973), verificaram o encurtamento do subperíodo brotação –

floração com o aumento do termoperíodo diário (diferença de temperatura entre noite/dia).

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2.2.2 Precipitação

Do final do inverno ao início da primavera, quando ocorre a brotação das videiras,

temperaturas baixas podem ocasionar geadas tardias que causam a destruição dos órgãos

herbáceos da planta.

É importante que os solos apresentem disponibilidade hídrica adequada no período

de brotação das plantas.

Chuvas bem distribuídas no período de brotação favorecem uma boa brotação e

crescimento dos ramos (GIOVANNINI, 1999).

2.3 Floração – frutificação

As videiras iniciam a floração em meados de novembro e seguem em dezembro

com a frutificação.

2.3.1 Temperatura do ar

Gobbato (1922, 1940), observou limitações no processo de floração em

temperaturas médias entre 10°C e 24°C, e considerou como ótima a temperatura de 15°C.

Stoev et. al. (1971) também consideram 15°C uma temperatura ótima para floração, para eles,

com esta temperatura, a floração ocorrerá de forma lenta, de forma regular à temperatura entre

18°C e 20°C e de forma rápida e menos regular com temperaturas entre 20°C e 25°C. Pouget

(1981) encontrou um aumento no número de inflorescências quando a temperatura, em pré e

pós-brotação, passa de 12°C para 25°C, porém, com temperaturas mais elevadas ocorre uma

redução no número de flores nas cultivares Cabernet e Merlot. Butrose (1970) verificou um

Page 20: influência do clima sobre os estádios fenológicos da videira

efeito positivo de temperaturas entre 25°C e 35°C e de dias longos na fertilidade das gemas no

ano seguinte.

Temperaturas elevadas prejudiciais são observadas a partir de valores máximos

acima de 32°C, podendo estas causar o desavinho (acidente fisiológico em que não ocorre a

transformação das flores em fruto). A 45°C a temperatura é considerada crítica

(ALEXANDER, 1965).

Temperaturas baixas causam o lento desenvolvimento do tubo polínico, que em

alguns casos poderá não atingir o óvulo, e conseqüentemente, não haver fecundação.

2.3.2 Insolação/Radiação solar

A videira é uma planta exigente em luz, requerendo elevada insolação durante o

período vegetativo, fator importante no processo da fotossíntese, bem como na definição da

composição química da uva. O manejo do dossel vegetativo do vinhedo deve proporcionar

uma boa exposição foliar à radiação solar.

Para Nemeth (1972), normalmente as videiras necessitam de dias claros e

ensolarados no período de crescimento (primavera e verão), segundo ele, são necessárias de

1200 a 1400 horas de sol no período ativo de crescimento, Giovannini (1999), concorda e

salienta que essas horas de luminosidade são alcançadas em todo o país, sendo assim, a

radiação solar não seria um fator que limitaria o cultivo da videira.

Valores mais elevados de insolação durante o período de primavera-verão

favorecem a formação de gemas e a maturação (HIDALGO, 1980).

Page 21: influência do clima sobre os estádios fenológicos da videira

2.3.3 Precipitação

Durante a primavera, as chuvas são importantes para o desenvolvimento da planta,

porém, quando em excesso, favorecem a ocorrência de algumas doenças fúngicas da parte

aérea.

A demanda máxima de água ocorre em novembro-dezembro no período

fenológico de floração-frutificação (Mériaux et al., 1979; Becker & Zimmermann, 1984;

Huglin, 1986), porém durante a primavera, as chuvas podem afetar a floração e a frutificação,

causando baixo vingamento de frutos e desavinho, pois chuvas neste período causam diluição

do fluído estigmático, bem como, prejudica a fecundação pela lavagem que causam nas flores

carregando o pólen antes que atinjam o estigma, assim é conveniente que ocorram poucas

precipitações para que o pólen possa exercer convenientemente sua função de polinizar.

2.3.4 Velocidade do vento

O vento forte apresenta-se como um grande problema para o cultivo de uvas de

mesa, pois provocam danos físicos em parreirais em formação, causando a quebra dos ramos

novos (TEIXEIRA, 2004).

Na floração uma brisa ligeira é favorável à disseminação do pólen.

2.3.5 Umidade relativa do ar

Valores mais elevados proporcionam o desenvolvimento de ramos mais vigorosos,

aceleram a emissão das folhas e favorecem uma maior longevidade (TEIXEIRA, 2004).

Page 22: influência do clima sobre os estádios fenológicos da videira

2.4 Maturação e colheita

A maturação ocorre durante o verão e outono, ou seja, a partir de dezembro.

2.4.1 Temperatura do ar

A maturação do fruto depende basicamente das condições climáticas. Nos verões

secos e quentes, o ponto de maturação se antecipa. Nos verões úmidos, em conseqüência, bem

mais frescos, a maturação é tardia e incompleta.

Neste período final a videira exige temperaturas próximas aos 30°C para que a

acidez dos frutos não seja muito elevada.

A temperatura do ar interfere na atividade fotossintética das plantas. As reações da

fotossíntese são menos intensas em temperaturas inferiores a 20ºC, crescem com aumento

desse parâmetro climático, atingindo o máximo entre 25 e 30ºC, voltando a cair quando

aproxima-se de 45ºC. Os limites de resistência situam-se entre 38 e 50º C. A faixa de

temperatura média considerada ideal para a produção de uvas de mesa situa-se entre 20 e

30ºC (TEIXEIRA, 2004).

Na estação de verão, a qual via-de-regra coincide com o período de maturação das

uvas, temperaturas diurnas amenas - possibilitam um período de maturação mais lento,

favoráveis à qualidade.

2.4.2 Precipitação

No amadurecimento das bagas, o excesso de chuva prejudica a maturação

(GOBBATO, 1922).

Page 23: influência do clima sobre os estádios fenológicos da videira

Em períodos chuvosos durante a fase de maturação das uvas, verifica-se com

freqüência a colheita antecipada das uvas, em relação ao ponto ótimo de colheita.

Para uma melhor e mais completa maturação, seria ideal que o verão fosse seco,

sem chuvas, porém, as chuvas garantem um adequado suprimento hídrico e consequente

absorção de nutrientes, não limitando a fotossíntese e proporcionando um adequado

crescimento dos ramos, folhas e frutos, resultando em colheitas abundantes (GOBBATO,

1922, 1940; WESTPHALEN, 1977).

O excesso de água no solo, devido muitas chuvas, durante a maturação da uva,

além de desequilibrar o mosto por diluição, pode provocar ruptura da película. Os solos muito

úmidos retardam a maturação e os solos suficientemente drenados a antecipam.

A queda do granizo, na época do período final da maturação é muito grave. O grão

se rompe facilmente, perdendo mosto e invadido por bactérias, mofos e leveduras que

ocasionam a destruição parcial de seus constituintes, especialmente os açúcares, com

formação de substâncias de sabor e odor desagradável (ácido acético, etc).

Para Gobbato (1922, 1940) o granizo é mais prejudicial quando atinge as bagas

próximas á maturação, favorecendo a proliferação de podridões e prejudicando a vinificação.

2.4.3 Insolação/Radiação solar

Conforme Teixeira (2004), a radiação solar atua nos processos de fotoenergia

(fotossíntese) e nos processos de fotoestímulos (processos de movimento e de formação), este

fator interfere no ciclo vegetativo da videira e no período de desenvolvimento do fruto. Uma

maior intensidade de radiação solar incidente promove maiores teores de açúcares nos frutos.

A radiação solar é a maior fonte de energia para o processo de evapotranspiração. O potencial

de radiação que incide no parreiral é determinado pela localização e época do ano.

Page 24: influência do clima sobre os estádios fenológicos da videira

3. ELEMENTOS METEOROLÓGICOS E A INFLUÊNCIA SOBRE A

QUALIDADE E QUANTIDADE DE UVA PRODUZIDA

Além da influência do clima na adaptabilidade da videira a diferentes regiões,

também exerce influência no crescimento, desenvolvimento, fitossanidade, qualidade dos

frutos e produtividade da videira.

3.1 Temperatura do ar

O calor é um fator externo que exerce uma ação preponderante sobre o rendimento

e a qualidade das uvas.

3.1.1 Coloração das bagas

A temperatura afeta a completa maturação da uva e a variação de temperatura do

dia para a noite afeta a deposição de pigmentos em uvas tintas. Quanto maior for a diferença

de temperatura do dia para a noite, melhor a coloração da uva.

Uma temperatura diurna de 35°C inibe a formação de antocianas. É importante ter

em consideração as temperaturas noturnas: para uma temperatura constante durante o dia de

25°C, a uva adquire tanto mais cor quanto mais baixa é a temperatura noturna.

A ocorrência de noites relativamente frias favorece o acumulo de polifenóis,

especialmente as antocianas nas cultivares tintas

Page 25: influência do clima sobre os estádios fenológicos da videira

3.1.2 Relação açúcar / acidez

Nos verões secos e quentes o ponto de maturação se antecipa, obtendo-se cachos

ricos em açúcares e pobres em acidez, nos verões úmidos, em conseqüência, bem mais

frescos, a maturação é tardia e incompleta, conseguindo-se frutos mais ricos em ácidos e

pobres em açúcares.

3.1.3 Aroma

Noites frias auxiliam na intensidade dos aromas nas cultivares brancas.

3.1.4 Quantidade de produção

Em regiões onde a temperatura é mais baixa, o ciclo de produção,

conseqüentemente, é menor, permitindo apenas uma safra por ano. Já em regiões com

temperaturas mais elevadas, há possibilidade de se ter duas safras/ano, como é o caso do norte

do estado de Minas Gerais e o nordeste do país.

3.2 Insolação/Radiação solar

Para Giovannini (1999), quanto maior a luminosidade, melhor a qualidade da uva.

Page 26: influência do clima sobre os estádios fenológicos da videira

Quanto mais altos forem os valores de radiação solar, maior será a possibilidade de

obterem-se altos rendimentos, melhor qualidade das uvas e sanidade do vinhedo

(Caracterização da Serra do Nordeste e Planalto do Estado do Rio Grande do Sul, Sérgio L.

Westphalen e Jaime R. T. Maluf – Embrapa Uva e Vinho, 2000).

3.2.1 Relação açúcar / acidez

A alta luminosidade favorece a formação de uva com elevado teor de açúcar. Em

geral, quanto maior a luminosidade, melhor será a qualidade da uva.

Os anos de maior insolação produzem uvas com bons teores de açúcares e com

acidez adequada. De uma maneira geral, elevada insolação, quando aliada ao excesso de

calor, é prejudicial à qualidade dos produtos para a agroindústria, resultando em mostos pouco

equilibrados, com baixa acidez.

Teores mais baixos de açúcar nos frutos sombreados ou em vinhedos com dosséis

densos (pouca luz dentro dos mesmos) estão associados ao aumento no tamanho das bagas (e

consequente diluição dos açúcares). A exposição ao sol apressa o processo de maturação

como um todo, especialmente o acúmulo de açúcares (JACKSON, 2000).

3.2.2 Coloração das bagas

Para as cultivares tinta de coloração fraca é extremamente importante a exposição

do cacho à luz solar. As cultivares que normalmente têm teores altos de pigmentos têm menor

ou nenhuma necessidade de exposição à radiação direta (JACKSON, 2000). Quanto mais

elevada é a luminosidade, mais intensa é a cor da uva.

Page 27: influência do clima sobre os estádios fenológicos da videira

3.2.3 Tamanho das bagas

Dosséis densos ou cachos sombreados tendem a produzir bagas de maior tamanho,

diferenças que são atribuídas a modificações na atividade respiratória das mesmas em

condições de sombra.

3.2.4 Teor de ácidos e pH

Frutos expostos ao sol tendem a ter maior acidez titulável e maior concentração de

ácido tartárico do que frutos à sombra (SMITH et al., 1988). Esse aumento pode ou não estar

relacionado a uma diminuição de pH e acúmulo de K. Os menores teores de ácido málico nos

frutos expostos ao sol se devem a um incremento na atividade da enzima málica.

Com relação à composição química da uva, não havendo excesso de precipitação

pluvial, quanto mais elevada for a temperatura da região de cultivo, dentro dos limites críticos

menor a concentração de ácido málico nos frutos.

3.2.5 Teor de minerais

Frutos à sombra tendem a acumular mais Ca e MG (SMART et al., 1988).

Page 28: influência do clima sobre os estádios fenológicos da videira

3.2.6 Aroma

Frutos expostos ao sol têm menos aromas herbáceos, devido ao aumento na síntese

de monoterpenos que mascaram os aromas herbáceos originados pelas metoxipirazinas. A

concentração de metoxipirazinas em Cabernet Sauvignon pode chegar, nos cachos

sombreados a 2,5 vezes o valor encontrado em cachos ao sol (ALLEN, 1993). Esses efeitos

podem ser alterados por práticas de manejo do vinhedo como desfolhas ao redor dos cachos,

desde que executadas antes do início da fase de “viragem” (início da maturação).

3.3 Precipitação

A precipitação pluviométrica é um dos elementos mais importantes do clima em

viticultura. A videira é uma cultura bastante resistente à seca graças a seu sistema radicular

que é capaz de atingir grandes profundidades (TONIETTO, MANDELLI, 2003; TEIXEIRA,

2004).

Para a videira interfere não somente a quantidade de chuvas, mas sua intensidade e

o número de dias ou de horas em que ela ocorre. Ainda, deve-se ter em conta eventuais perdas

por escorrimento superficial ou por percolação (passagem lenta de um líquido através de um

meio filtrante).

A avaliação dos recursos hídricos disponíveis em uma área vitícola repousa no

conhecimento do volume e distribuição da chuva, sendo que essas indicações não permitem

avaliar com precisão as exigências de água da videira (HUGLIN, 1986).

É importante destacar que não somente a quantidade da precipitação, mas também

a sua intensidade, distribuição e o número de dias de chuva devem ser considerados, uma vez

que chuvas de maior intensidade, intercaladas pela sequência de dias ensolarados, são menos

prejudiciais à qualidade das uvas do que a sequência de alguns dias nublados e/ou de menor

volume de precipitação.

Além dos elementos meteorológicos referidos é importante salientar a importância

da reserva hídrica do solo. Ela é função da capacidade de retenção de água do solo, do aporte

Page 29: influência do clima sobre os estádios fenológicos da videira

de água pela chuva e irrigação, das perdas por escorrimento superficial e por percolação, e da

evapotranspiração do vinhedo, que inclui a transpiração da planta e a evaporação do solo. As

condições de disponibilidade hídrica do solo para a videira, nos diferentes estádios da planta

afetam o desenvolvimento e o vigor dos ramos, influenciando a qualidade da uva destinada à

agroindustrialização.

O granizo é causador de grandes prejuízos á produção vitícola (ou chuva de

pedra), pode causar danos variáveis conforme a densidade, área de precipitação, tamanho das

pedras e tipo de granizo.

Os danos por geadas dependem da intensidade do frio, da época de ocorrência e do

estádio fenológico da planta.

3.3.1 Aroma

Muita chuva dilui o aroma das uvas

3.3.2 Sanidade

A precipitação pluviométrica é um dos elementos meteorológicos mais

importantes na viticultura, sendo esta uma cultura bastante resistente à seca, graças a seu

sistema radicular que é capaz de atingir grandes profundidades, porém, em excesso, pode

favorecer o desenvolvimento de algumas doenças fúngicas da parte aérea, bem como afetar

fases importantes da videira, como a floração e a frutificação (TONIETTO, MANDELLI,

2003).

Após a colheita das uvas, a importância das chuvas diminui, podendo resultar em

crescimento da planta.

Nos locais onde o granizo bate, formam-se lesões onde se acumulam esporos de

fungos, que rompem as bagas e aumentam a incidência de moléstias fúngicas nestes pontos.

Page 30: influência do clima sobre os estádios fenológicos da videira

3.3.3 Relação açúcar / acidez

Com relação à composição química da uva, não havendo excesso de precipitação

pluvial, quanto mais elevada for a temperatura da região de cultivo, dentro dos limites

críticos, maior será a concentração de açúcar e conseqüente menor acidez.

As flutuações dos teores de açúcares e ácidos na fase de sobrematuração se devem

a fenômenos de diluição ou murcha das bagas, ocasionados por ocorrência de chuvas ou de

períodos de seca, respectivamente.

3.3.4 Quantidade de produção

Mériaux et al. (1979), em trabalhos de campo, verificaram que a deficiência de

chuva após o início da maturação tem pouco efeito no peso das bagas e no rendimento final de

Cabernet Sauvignon.

Muita chuva prejudica a fecundação, pois o pólen não exercerá sua função que é

de polinizar e provavelmente menor será a produção.

Em períodos chuvosos durante a fase de maturação das uvas, verifica-se com

freqüência a colheita antecipada das uvas, em relação ao ponto ótimo de colheita.

A ocorrência de granizo é prejudicial à videira, pois causa quebra de ramos,

rompimento de bagas e injúrias no lenho, reduzindo a produção.

Winkler (1962) afirma que o granizo pode causar sérios danos, diretos e indiretos,

desde a destruição quase total da planta até danos parciais, como a laceração e queda das

folhas, quebra de ramos e de órgãos reprodutivos, laceração e rompimento de frutos,

reduzindo o rendimento no ano e do ano seguinte e pela restrição imposta à formação de

gemas, inclusive prejudicando a sua fertilidade.

As videiras americanas, quando danificadas por geadas tardias no início da

brotação, podem apresentar brotação das gemas dormentes da base dos ramos, que são gemas

férteis, o que pode assegurar uma colheita, ainda rentável, mesmo que inferior à normal.

Page 31: influência do clima sobre os estádios fenológicos da videira

Os prejuízos por geadas outonais só ocorrem com temperaturas abaixo de -2,5°C,

assim mesmo, sem comprometer a produção, a maior preocupação passa a ser as geadas

tardias (final de inverno e primavera), quando a maioria das variedades viníferas iniciam a

brotação (GOBBATO, 1922, 1940; MANDELLI, 1984). Geadas durante o período de

crescimento herbáceo, comprometem a produção.

3.3.5 Coloração das bagas

Períodos excessivamente nublados e com chuva na maturação afetam a coloração

das bagas.

3.4 Velocidade do vento

As correntes de ar que trazem massas de ar com diferentes características

repercutem sobre as condições meteorológicas, com implicações sobre a temperatura e a

umidade, bem como sobre a evapotranspiração do vinhedo (TONIETTO, MANDELLI,

2003).

3.4.1 Quantidade de produção

Os ventos podem causar danos à vegetação, pois os ramos jovens rompem-se com

relativa facilidade, resultando na diminuição da produção. Na floração uma brisa ligeira é

favorável à disseminação do pólen.

Page 32: influência do clima sobre os estádios fenológicos da videira

3.4.2 Sanidade

No sul do Brasil os ventos do Sul (Minuano) e do Sudeste (Pampeiro) causam

grandes danos às videiras aumentando a intensidade dos ataques de antracnose.

Por outro lado, ventos secos podem ser benéficos ao reduzirem a umidade

atmosférica, e, por conseguinte, diminuírem a incidência de míldio e podridões. Ventos fortes

e/ou excessivamente secos podem causar danos ou desidratarem as uvas e, eventualmente até

as folhas.

O vento forte apresenta-se como um grande problema para o cultivo de uvas de

mesa, pois provocam danos físicos em parreirais em formação, causando a quebra dos ramos

novos, e naqueles em produção, causando injúrias mecânicas nos frutos.

3.5 Umidade relativa do ar

A umidade relativa do ar é importante para a viticultura. Climas mais áridos

possuem menor umidade relativa do ar e, climas mais úmidos, como o encontrado nas

condições sul-brasileiras, apresentam umidade mais elevada.

É indispensável para a vida da videira e para a assimilação dos elementos minerais

do solo, bem como a múltipla atividade enzimática e a elaboração dos glicídios nos órgãos da

videira.

3.5.1 Sanidade

O excesso de umidade cria condições favoráveis ao desenvolvimento de

enfermidades, doenças fúngicas, em particular o míldio, além de que o excesso de água no

solo pode provocar ruptura da película.

Page 33: influência do clima sobre os estádios fenológicos da videira

4. MATERIAIS E MÉTODOS

Para o estudo do clima da safra de 2010, foram utilizados os dados meteorológicos e

as normais climatológicas da estação da Embrapa Uva e Vinho, Bento Gonçalves, RS

(latitude 29º 09’44’’S; longitude: 51° 31’ 50’’W). Essa estação localiza-se na altitude de

640m e tem sido utilizada para caracterizar o comportamento da videira da Serra Gaúcha,

embora a videira seja cultivada, nessa região, em distintos topoclimas e altitudes que variam

de 200m a 900m.

Essa Normal Climatológica é o valor padrão reconhecido de um elemento

meteorológico, considerando a média de sua ocorrência em um determinado local, por um

número determinado de anos, ou seja, é o valor médio de dados referentes a qualquer

elemento meteorológico calculado para períodos padronizados de trinta anos, que serve como

um padrão para que valores de um dado ano possam ser comparados, a fim ser conhecido o

seu grau de afastamento da normal, e atualmente compreendem três momentos: 1901/1930 -

1ª normal climatológica, 1931/1960 - 2ª normal climatológica, 1961/1990 - 3ª normal

climatológica e 1991/2020 - 4ª normal climatológica (ainda em avaliação e registro.

Foram comparados os dados meteorológicos da safra 2010 com a normal

climatológica 1961/1990, nos principais estádios fenológicos da videira, e comparados

também valores de graduação e quantidade de uva da safra de 2005, destaque dos últimos

anos, com a safra de 2010, informações estas obtidas em uma empresa vinícola da cidade,

para melhor interpretação da influência do clima sobre a qualidade e quantidade de uva

produzida.

Page 34: influência do clima sobre os estádios fenológicos da videira

Estação Agroclimática da Embrapa Uva e Vinho, Bento Gonçalves, RS

Tabela 1 Normal climatológica - Dados médios do período de 1961 a 1990

TEMPERATURA DO AR (º C)

MÊS

Média Máxima Mínima

PRECIPITAÇÃO (mm)

DIAS COM PRECIPITAÇÃO

(nº)

UMIDADE (%)

INSOLAÇÃO VELOCIDADE MÉDIA

VENTO (m/s) JANEIRO 21,8 27,8 17,3 140 12 75 231 1,5

FEVEREIRO 21,7 27,5 17,3 139 11 77 199 1,5

MARÇO 20,3 26,0 16,1 128 10 78 208 1,5

ABRIL 17,5 22,9 13,3 114 9 78 173 1,5

MAIO 14,5 20,0 10,4 107 9 79 162 1,5

JUNHO 12,8 17,9 8,6 157 10 79 142 1,6

JULHO 12,9 18,2 9,1 161 11 78 154 1,8

AGOSTO 13,6 19,2 9,3 165 11 76 159 1,8

SETEMBRO 14,9 20,4 10,6 185 12 76 162 1,9

OUTUBRO 17,0 22,8 12,3 156 11 74 192 1,8

NOVEMBRO 18,9 24,8 14,2 140 10 73 219 1,7

DEZEMBRO 20,7 26,7 16,0 144 10 72 239 1,6

Média / Total Anual

17,2 22,9 12,9 145 11 76 187 1,6

Fonte: http://www.cnpuv.embrapa.br/servicos/meteorologia/bento-normais.html

Page 35: influência do clima sobre os estádios fenológicos da videira

Coordenadas Geográficas da Estação:

Latitude: 29°09'44" S Longitude: 51°31'50" W Altitude: 640m

Tabela 2 Dados meteorológicos da Serra Gaúcha do período de 2009/2010

MÊS TEMPERATURA DO AR (º C)

2009 Média Máxima Mínima

PRECIPITAÇÃO (mm)

DIAS COM PRECIPITAÇÃO

(nº)

UMIDADE (%)

INSOLAÇÃO (horas)

VELOCIDADE MÉDIA

VENTO (m/s) MAIO 15,6 20,8 11,1 134,7 8 79 162,3 1,9

JUNHO 11,2 15,9 7,5 82,9 9 80 155,4 1,9

JULHO 10,2 15,1 6,3 97,8 11 78 144,9 1,9

AGOSTO 15,2 20,8 10,3 257,9 13 78 183,0 2,1

SETEMBRO 14,6 19,2 10,2 411,7 18 84 134,4 2,1

OUTUBRO 16,7 22,6 12,0 145,1 14 75 194,1 2,2

NOVEMBRO 21,6 26,7 17,6 359,5 16 83 141,1 1,9

DEZEMBRO 21,2 26,4 17,0 232,6 13 80 224,3 1,9

2010

JANEIRO 22,0 26,8 18,1 296,4 17 83 189,2 1,9

FEVEREIRO 23,0 28,4 19,1 167,1 14 79 205,3 2,0

MARÇO 20,7 25,6 16,8 57,2 15 81 192,5 1,9

ABRIL 17,5 22,4 13,4 142,1 12 79 180,1 1,9

Média / Total Anual

17,5 22,6 13,3 198,8 13 80 175,6 2,0

Fonte: http://www.cnpuv.embrapa.br/prodserv/meteorologia/bento-mensais.html - Aumentou comparado com a Normal Climatológica - Diminui comparado com a Normal Climatológica

Page 36: influência do clima sobre os estádios fenológicos da videira

Tabela 3 Dados meteorológicos da Serra Gaúcha do período de 2004/2005

MÊS TEMPERATURA

DO AR (º C) 2004 Média Máxima Mínima

PRECIPITAÇÃO (mm)

DIAS COM PRECIPITAÇÃO

(nº)

UMIDADE (%)

INSOLAÇÃO (horas)

VELOCIDADE MÉDIA

VENTO (m/s) MAIO 13,1 17,2 9,8 171,7 15 86 121,0 1,4

JUNHO 14,4 19,3 10,4 76 10 80 162,9 1,7

JULHO 11,8 16,8 7,7 189,9 11 76 170,8 2,0

AGOSTO 14,2 20,0 9,4 41,9 8 72 193,2 1,7

SETEMBRO 17,2 22,7 13,0 167,6 16 77 145,2 1,9

OUTUBRO 16,6 22,7 11,6 164,7 10 71 245,8 2,0

NOVEMBRO 18,4 23,8 13,8 144,4 11 75 207,6 2,0

DEZEMBRO 20,5 26,3 15,7 53,6 8 70 249,9 2,0

2005 JANEIRO 23,1 29,6 17,8 51,9 7 66 281,2 1,8

FEVEREIRO 22,1 28,8 17,4 54,5 7 69 221,7 2,1

MARÇO 21,5 27,4 17,0 125,3 7 71 235,6 1,8

ABRIL 17,6 22,3 13,9 181 15 84 127,1 1,7

Média / Total Anual

17,5 23,1 13,1 118,5 10 75 196,8 1,8

Fonte: http://www.cnpuv.embrapa.br/prodserv/meteorologia/bento-mensais.html - Aumentou comparado com a safra 2009/2010 - Diminuiu comparado com a safra 2009/2010

Page 37: influência do clima sobre os estádios fenológicos da videira

5. RESULTADOS E DISCUSSÕES

As análises apresentadas referem-se às condições climáticas, que podem

apresentar grande influência em uma safra, mas quando se trata da qualidade das uvas e dos

vinhos devem-se levar em consideração, também, as condições de solo, manejo e produção

dos vinhedos e tecnologia de vinificação.

Quanto ao repouso vegetativo as baixas temperaturas que ocorrem em junho, julho

e agosto são fundamentais para a videira da Serra Gaúcha, o inverno de 2009, comparado com

a normal, apresentou temperaturas mais baixas (Figuras 1, 2 e 3), nos meses de junho e julho

ocorreram menos chuvas (Figura 4) apesar dos dias com precipitação permanecerem

constantes, assim como a umidade, já as horas de sol (Figura 7) e os ventos aumentaram

(Figura 8).

As videiras brotam no final do inverno – início da primavera, à medida que ocorre

aumento da temperatura, em 2009 isso ocorreu em meados do início de outubro, sendo que

em setembro, as temperaturas se apresentaram mais baixas em relação à normal e em

novembro, tiveram significante aumento, com isso, à medida que ocorre o aumento da

temperatura as videiras começam a brotar no caso, as precoces começaram a brotar no final de

setembro – início de outubro, enquanto as tardias iniciaram a brotação no final de outubro –

início de novembro (Figuras 1, 2 e 3).

A precipitação pluviométrica (Figura 4) foi bem superior à normal em setembro e

inferior em outubro, onde ambos os meses apresentaram maior número de dias com chuvas

(Figura 5).

A floração e frutificação é um dos períodos mais críticos para a videira, pois define

em grande parte, a quantidade de uva a ser colhida na safra. Este período não apresentou

muita diferença com relação à temperatura, porém os dias de precipitação e conseqüentemente

as chuvas aumentaram (Figuras 4 e 5), assim como a umidade (Figura 6) e a velocidade média

do vento (Figura 8).

A maturação é o subperíodo que mais define a qualidade de uma safra. No

subperíodo de maturação, dias ensolarados e com reduzida precipitação são fundamentais

para a obtenção de uvas sadias e com equilibrada relação açúcar/acidez Em fevereiro, ocorreu

aumento em todos os dados meteorológicos, sendo importante destacar que foi nesse mês que

o vento apresentou o maior aumento comparado com a normal (Figura 8). E em março, a

Page 38: influência do clima sobre os estádios fenológicos da videira

quantidade de chuva (Figura 4) caiu menos da metade mesmo apresentando mais dias com

precipitação (Figura 5).

Já na safra de 2005, comparada com a safra de 2010, apresentou a precipitação

pluviométrica menor e a insolação maior (Figura 13 e 16), além do que em 2005 estes fatores

estiveram muito próximas da normal, tanto em setembro como em outubro, propiciando assim

boas condições para a brotação da videira, floração e frutificação, o oposto se comparado com

a safra de 2010, que apresentou maior precipitação pluviométrica e menor insolação. De um

modo geral, as uvas da safra de 2005 foram colhidas não em função do estado sanitário, mas

sim pelo grau de maturação das uvas. Assim, as condições climáticas, aliadas ao correto

manejo das videiras, possibilitaram que as uvas permanecessem por mais tempo no vinhedo e

atingissem a maturação desejada.

Resumindo, as condições meteorológicas da vindima de 2005 foram excepcionais,

comparada à normal e à 2010, com maior quantidade de horas de brilho solar (Figura 16),

menor precipitação pluviométrica (Figura 13) e menor número de dias de chuva (Figura 14) ,

tudo isso permitiu o prolongamento da maturação das uvas o que possibilitou às bagas

sintetizar e acumular mais açúcares, pigmentos, taninos, substâncias aromáticas e seus

precursores, assim, o clima, aliado as adequadas técnicas de cultivo e ao elevado grau de

sanidade e de maturação obtidos destacam esta safra como uma das melhores safras da Serra

Gaúcha.

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Figura 1 Comportamento meteorológico (temperatura média) na safra de 2010 em relação á normal climatológica (1961/1990) Bento Gonçalves,RS. Fonte: Embrapa Uva e Vinho

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Figura 2 Comportamento meteorológico (temperatura máxima) na safra de 2010 em relação á normal climatológica (1961/1990) Bento Gonçalves,RS. Fonte: Embrapa Uva e Vinho

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Figura 3 Comportamento meteorológico (temperatura mínima) na safra de 2010 em relação á normal climatológica (1961/1990). Bento Gonçalves,RS. Fonte: Embrapa Uva e Vinho

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Figura 4 Comportamento meteorológico (Precipitação-mm) na safra de 2010 em relação á normal climatológica (1961/1990). Bento Gonçalves,RS. Fonte: Embrapa Uva e Vinho

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Normal Ocorrida

Figura 5 Comportamento meteorológico (Precipitação-dias) na safra de 2010 em relação á normal climatológica (1961/1990). Bento Gonçalves,RS. Fonte: Embrapa Uva e Vinho.

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Figura 6 Comportamento meteorológico (umidade -%) na safra de 2010 em relação á normal climatológica (1961/1990). Bento Gonçalves,RS. Fonte: Embrapa Uva e Vinho.

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Figura 7 Comportamento meteorológico (insolação - horas) na safra de 2010 em relação á normal

climatológica (1961/1990). Bento Gonçalves,RS. Fonte: Embrapa Uva e Vinho.

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Normal Ocorrida

Figura 8 Comportamento meteorológico (velocidade média do vento – m/s) na safra de 2010 em relação á normal climatológica (1961/1990). Bento Gonçalves, RS. Fonte: Embrapa Uva e Vinho.

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Figura 9 Comportamento meteorológico (média/total anual) na safra de 2010 em relação á normal

climatológica (1961/1990). Bento Gonçalves,RS. Fonte: Embrapa Uva e Vinho.

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Figura 10 Comportamento meteorológico (temperatura média) das safras de 2004/2005 e 2009/2010. Bento Gonçalves,RS. Fonte: Embrapa Uva e Vinho.

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Figura 11 Comportamento meteorológico (temperatura máxima) das safras de 2004/2005 e 2009/2010. Bento Gonçalves,RS. Fonte: Embrapa Uva e Vinho.

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Figura 12 Comportamento meteorológico (temperatura mínima) das safras de 2004/2005 e 2009/2010. Bento Gonçalves,RS. Fonte: Embrapa Uva e Vinho.

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Figura 13 Comportamento meteorológico (precipitação - mm) das safras de 2004/2005 e 2009/2010. Bento

Gonçalves,RS. Fonte: Embrapa Uva e Vinho.

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Figura 14 Comportamento meteorológico (precipitação – dias) das safras de 2004/2005 e 2009/2010. Bento

Gonçalves,RS. Fonte: Embrapa Uva e Vinho.

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Figura 15 Comportamento meteorológico (umidade - %) das safras de 2004/2005 e 2009/2010. Bento Gonçalves,RS. Fonte: Embrapa Uva e Vinho.

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Figura 16 Comportamento meteorológico (insolação - horas) das safras de 2004/2005 e 2009/2010. Bento

Gonçalves,RS. Fonte: Embrapa Uva e Vinho.

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Figura 17 Comportamento meteorológico (velocidade do vento – m/s) das safras de 2004/2005 e 2009/2010. Bento Gonçalves,RS. Fonte: Embrapa Uva e Vinho.

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Figura 18 Comportamento meteorológico (média/total anual) das safras de 2004/2005 e 2009/2010. Bento

Gonçalves, RS. Fonte: Embrapa Uva e Vinho.

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Tabela 4. Produção de uvas (kg) safra 2005 e 2010

PRODUÇÃO DE UVAS (kg)

Produtos/Anos 2005 2010

Cabernet Sauvignon 1.609,010 1.268,040

Merlot 2.709,397 1.730,620

Pinot Noir 38.920 182.900

Chardonnay 834.790 470.550

TOTAL 878.028,407 656.448,66

Fonte: Vinícola da cidade de Bento Gonçalves-RS.

Tabela 5. Média da graduação (°Babo) safra 2005 e 2010

MÉDIA DA GRADUAÇÃO (°BABO)

Produtos/Anos 2005 2010

Cabernet Sauvignon 17,81 15,27

Merlot 17,51 15,08

Pinot Noir 16,29 13,73

Chardonnay 17,06 13,98

MÉDIA TOTAL 17,17 14,51

Fonte: Vinícola da cidade de Bento Gonçalves-RS.

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6. CONCLUSÃO

No geral, a safra de 2010 apresentou uma queda de 1,6% em todo o estado em

relação ao ano passado, conforme IBRAVIN.

Comparada com a safra de 2005, as condições climáticas na safra de 2010 não

foram benéficas, tanto a quantidade como a qualidade diminuíram.

A baixa graduação desta safra, média de 14,16º Babo, deve-se ao excesso de chuva

que provocou a brotação em demasia dos parreirais (folhagens) e impediu a penetração do sol,

fenômeno importante para a qualidade da produção.

A alta precipitação e umidade relativa do ar propiciaram condições para o

desenvolvimento de doenças fúngicas, assim afetaram também a sanidade e

consequentemente a quantidade de uva produzida.

Porém é importante destacar que tais prejuízos foram mais significativos para as

variedades tintas, pois para as brancas a colheita é mais precoce e não necessita de tanto sol

para maturar, e assim preserva acidez, tão desejada, principalmente para os espumantes.

Enfim, pode-se concluir e atribuir ao excesso de chuva, a alta umidade relativa do

ar e a baixa insolação no período de floração, frutificação e maturação como os fatores

primordiais que levaram a baixa qualidade desta safra.

Page 50: influência do clima sobre os estádios fenológicos da videira

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